entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

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UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO JULIANA KARINA DE LIMA SANTOS MOREIRA ENTRINCHEIRAMENTO NA CARREIRA PROFISSIONAL DE EMPREGADOS EM UM SUPERMERCADO CEARENSE NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE POTIGUAR

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

JULIANA KARINA DE LIMA SANTOS MOREIRA

ENTRINCHEIRAMENTO NA CARREIRA PROFISSIONAL DE EMPREGADOS

EM UM SUPERMERCADO CEARENSE

NATAL/RN

2015

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JULIANA KARINA DE LIMA SANTOS MOREIRA

ENTRINCHEIRAMENTO NA CARREIRA PROFISSIONAL DE EMPREGADOS EM

UM SUPERMERCADO CEARENSE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Estratégia e Competitividade, linha de pesquisa Gestão estratégica de pessoas, área temática: Gestão do conhecimento.

Orientadora: Dra. Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone.

.

NATAL/RN

2015

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3

JULIANA KARINA DE LIMA SANTOS MOREIRA

ENTRINCHEIRAMENTO NA CARREIRA PROFISSIONAL DE EMPREGADOS EM

UM SUPERMERCADO CEARENSE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Estratégia e Competitividade, linha de pesquisa Gestão estratégica de pessoas, área temática: Gestão do conhecimento.

Orientadora: Dra. Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone.

Aprovado em:_____/ _____/_____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________ Prof.ª Dr.ª Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone

Orientadora Universidade Potiguar - UNP

_____________________________________ Prof.ª Dr.ª Laís Karla da Silva Barreto

Membro Examinador Universidade Potiguar - UNP

_____________________________________ Prof.ª Dr.ª Luciane Albuquerque Sá de Souza

Membro Examinador Externo Instituto de Educação Superior da Paraíba – IESP

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4

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, que é inteligência suprema causa

primária de todas as coisas.

Aos meus pais Jair e Jane, que sempre estiveram do meu lado

incondicionalmente, e são responsáveis pelo que sou hoje.

Ao meu marido Clenio, pelo companheirismo, dedicação e parceria

nessa caminhada onde esteve sempre presente nos momentos mais difíceis

dessa jornada, segurando sempre minha mão para eu não cair.

Ao meu trabalho, IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Ceará, pelo apoio financeiro e pela minha liberação na fase das

aulas.

A minha orientadora e professora Dra. Nilda Leone, pelos ensinamentos

e atenção nas minhas angústias acadêmicas.

Ao meu amigo Luciano Santana, de longas estradas, literalmente!

Professor dedicado que sempre me deu força para continuar seguindo.

As minhas amigas de estudo Nadja, Marlla e Martins, “amigo” que

compartilharam comigo todas as dúvidas do futuro que estava por vir, e enfim

chegou o momento tão esperado e desejado, a apresentação.

A mais simpática e desenrolada secretária do programa do mestrado,

Glícia Xavier meu muito obrigado pela atenção e presteza.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para

realização deste estudo, em especial ao gerente do supermercado pesquisado

Saulo Pinheiro e Elayne Costa, Gerente de DH.

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5

RESUMO

Essa pesquisa aborda um tema recente no Brasil que vem sendo pesquisado na administração: o entrincheiramento organizacional. O entrincheiramento na carreira foi introduzido por Carson et al. (1995), que o definem como a tendência de um indivíduo a permanecer em sua profissão devido aos investimentos feitos, aos custos emocionais ligados à mudança e à percepção de poucas alternativas fora de seu campo de atuação. A Escala das 3 fatores foi adaptada e validada para o Brasil por Magalhães (2008). O estudo tem como objetivo principal identificar as dimensões (investimentos na carreira, delimitações nas alternativas e custos emocionais) que determinam o Entrincheiramento organizacional da carreira dos empregados de um supermercado, localizado no estado do Ceará. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Foram pesquisados no total 83 empregados. Os dados foram obtidos por meio de dois questionário: um deles elaborado pelo pesquisador identificando as variáveis sociodemograficas e ocupacionais: gênero, faixa etária, estado civil, renda, dependentes, escolaridade, nível de atuação na organização e tempo de experiência no supermercado. o outro questionário tratava da Escala de Entrincheiramento na Carreira Profissional, com 12 itens organizados em três fatores com quatro itens, a saber: investimentos de Carreira Profissional, custos emocionais e delimitações nas alternativas de carreiras. O resultado do questionário sociodemográfico mostrou: quanto ao gênero o masculno foi a maioria dos empregadoses do supermercado que possuem faixa etária etre 18 e 23 anos, onde o estado civil dessa maioria foi solteiro com renda de R$ 679,00-1.000,00 reais. No que se refere aos dependentes, “nenhum filho” foi o resultado mais expressivo com a escolaridade e o nível de atuação na organização no Ensino médio. A dimensão que apresentou o menor entrincheiramento foi “Investimentos na carreira.” A dimensão “Delimitações nas alternativas de carreiras” apresentou a maior média e desvio padrão das dimensões investigadas. Ao relacionar o perfil sociodemográfico e o entrincheiramento na carreira, a dimensão de maior destaque nas médias foi a “Delimitações nas alternativas de carreiras”, que permaneceu sempre em primeiro lugar, com médias maiores diante das outras dimensões. O gênero feminino pontuou a maior média nas três dimensões pesquisadas. Conclui-se que os empregados da empresa estão entrincheirados em sua carreira profissional pela dimensão “delimitações nas alternativas de carreira”. Este estudo contribuiu para a ampliação do entendimento da temática do Entrincheiramento Organizacional como teoria, e na prática sugere que o gestor tenha conhecimento de um resultado empírico para traçar metas adequadas para a empresa. Para futuras pesquisas, sugere-se investigar qualitativamente o supermercado da rede na região metropolitana, onde há mais oportunidades de emprego teoricamente para os empregados, onde a premissa da dimensão “Delimitações nas alternativas de carreira” poderá ser comprovada em pesquisas do entrincheiramento nesse determinado contexto. Esse resultado é preocupante, na medida em que a cidade for crescendo e os futuros estabelecimentos forem se instalando, pode haver uma migração dos empregados do supermercado com alvo em melhores condições de trabalho e remuneração.

Palavras-chave: Entrincheiramento. Carreira. Comprometimento.

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6

ABSTRACT

This research addresses a recent issue in Brazil that has been researched in

the administration: the organizational entrenchment. The entrenchment career

was introduced by Carson et al. (1995), which define it as the tendency of an

individual to remain in their profession due to the investments made, the

emotional costs of change and the perception of few alternatives outside of their

field. The scale of the 3 factors was adapted and validated to Brazil by

Magalhães (2008). The study aims to identify the dimensions (investment

career, outlines the alternatives and emotional costs) determining organizational

Career Entrenchment of the employees of a supermarket, located in the state of

Ceará. This is a descriptive study with a quantitative approach. Were

investigated in total 83 employees. Data were collected through two

questionnaires: one prepared by the researcher to the sociodemographic and

occupational variables: gender, age, marital status, income, dependents,

education, level of activity in the organization and length of experience in the

supermarket. the other questionnaire dealt with the Entrenchment Scale of

Professional Career, with 12 items organized in three factors wit items, namely:

Careers investments, costs and emotional boundaries in the careers of

alternatives. The result of sociodemographic questionnaire showed: the gender

man was the most supermarket empregadoses that have age etre 18:23 years

where the marital status of that majority was single with an income of £ 679.00

to 1000.00 real . With regard to dependents, "no child" was the most significant

result with schooling and the level of activity in the organization in high school.

The dimension with the lowest entrenchment was "Investments Career." The

dimension "Boundaries in the careers of alternatives" had the highest average

and standard deviation of the dimensions investigated. The relationship

between the sociodemographic characteristics and the entrenchment career,

the size higher profile in the medium was "Boundaries in the careers of

alternatives," which has always remained in first place with higher means on the

other dimensions. Females scored the highest average in the three studied

dimensions. It is concluded that the company's employees are entrenched in his

professional career by dimension "boundaries in career alternatives." This study

contributed to increasing the understanding of the theme of Organizational

Entrenchment as theory and practice suggests that the manager is aware of an

empirical result to draw appropriate targets for the company. For future

research, it is suggested qualitatively investigate the supermarket network in the

metropolitan area, where there are more job opportunities for employees

theoretically, where the premise of dimension "Boundaries in career

alternatives" may be proved in entrenchment of research in this specific context

. This result is alarming, in that the city is growing and future facilities are being

installed, there may be a migration of supermarket employees targeted to better

working conditions and pay.

Keywords: Entrenchment. Career. Commitment.

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7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................... 9

1.2 PROBLEMÁTICA .......................................................................................................... 10

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 11

1.3.1 Geral .......................................................................................................................... 11

1.3.2 Específicos ................................................................................................................ 11

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 11

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 13

2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL .............................................................. 13

2.1.1 Comprometimento Afetivo ....................................................................................... 16

2.1.2 Comprometimento Instrumental: ............................................................................. 17

2.1.3 Comprometimento Normativo .................................................................................. 17

2.2 ENTRINCHEIRAMENTO ORGANIZACIONAL ........................................................... 19

2.2.1 Investimentos na carreira ......................................................................................... 20

2.2.2 Custos emocionais ................................................................................................... 21

2.2.3 Limitação das alternativas ....................................................................................... 22

2.2.4 Estudos Recentes Sobre o Tema ............................................................................. 26

3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ............................................................................. 33

3.1 TIPO DE PESQUISA .................................................................................................... 33

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ............................................................................................. 33

3.3 O TERRENO DA PESQUISA........................................................................................ 35

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ......................................................... 38

3.4.1 Instrumentos de pesquisa ........................................................................................ 39

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS ............................................................................................. 40

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................................................... 41

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS: .................................................... 43

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ESTUDADA ........................................................ 43

Page 8: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

8

4.2 PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DOS RESPONDENTES ........................................... 44

4.3 VALIDAÇÃO DA ESCALA DE ENTRINCHEIRAMENTO .............................................. 52

4.4 DIMENSÃO DO ENTRINCHEIRAMENTO DE CARREIRA ........................................... 54

4.5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTRATOS ............................................................... 56

4.6 RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ENTRINCHEIRAMENTO

NA CARREIRA. ................................................................................................................... 59

4.7 ALCANCE DO OBJETIVO GERAL ............................................................................... 70

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 73

ANEXO ................................................................................................................................ 80

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9

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Há, aproximadamente, cinquenta anos construtos sobre o

comprometimento organizacional, começaram a ser estudados com o intuito

maior de esclarecer o vínculo entre os indivíduos na organização. Logo após,

na década de 1980, as análises impulsionaram pesquisadores a dar mais

ênfase às teorias organizacionais no Brasil. Foi explorada a existência de

diferentes naturezas do comprometimento organizacional denominada “bases

do comprometimento” que relacionava fatores como identificação com a

organização, compartilhamento de crenças e valores, sentimento de obrigação,

desejo de permanecer e obter recompensas, Meyer e Allen (1997).

As pesquisas quantitativas na área da Administração têm desconsiderado

as mudanças ocorridas na política, economia e relações de trabalho nesses

últimos cinquenta anos. Tal distanciamento ocasionou não apenas lacunas

conceituais, a exemplo da noção de permanência e instrumentalidade, diante

das dimensões do comprometimento até o entrincheiramento , como também

uma possível defasagem em relação a certos aspectos tradicionalmente

estudados. Essa dimensão caracterizava-se por ser um fator de

descomprometimento reforçando o conceito novo de Entrincheiramento, que

surge há apenas uma década no Brasil e vem sendo pesquisado por vários

autores, (BAIOCCHI; MAGALHÃES, 2004; CARSON; BEDEIAN, 1994,

MAGALHÃES; GOMES, 2005; MAGALHÃES; GOMES, 2007). Mais de 150

estudos baseados no modelo tridimensional foram reunidos na meta-análise

conduzida por Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky (2002), excluídos

aqueles que não pertenciam à mesma natureza da pesquisa.

No Brasil, o primeiro estudo publicado sobre o entrincheiramento na

carreira foi desenvolvido por Baiocchi e Magalhães (2004). Os autores

buscaram investigar as relações entre o comprometimento organizacional com

a carreira. Os pesquisadores Carson e Bedeian (1994), estudaram sobre o

entrincheiramento na carreira e motivação vital. O entrincheiramento constitui

um processo de imobilidade na carreira em que o sujeito não apresenta

aspectos de adaptabilidade ou motivação para fazer mudanças ocupacionais e

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10

inclui alguns aspectos como: o desejo de evitar o estigma social associado com

mudanças na carreira; a busca de preservação da identidade pessoal e

profissional; o sentimento de que a idade e a especificidade da formação

limitam novas opções; a dificuldade para abdicar do status associado com

determinada posição ocupacional a fim de evitar perdas financeiras e de

investimentos em educação associados com transições de carreira.

Observa-se que o conceito de entrincheiramento surgiu para dar uma

resposta a perguntas sobre as razões de empregados, que não se identificam

com suas atividades de trabalho e estão estagnados sem perspectivas de

mudarem sua situação. Os estudos sobre 'Entrincheiramento na Carreira'

surgem como uma justificativa para as mudanças que acontecem no contexto

do trabalho e geram significativos impactos nas organizações, diante da

importância deste processo para o desenvolvimento integral dos sujeitos que nela

estão envolvidos.

Como os empregados de uma empresa na maioria das vezes são

responsáveis pelo desenvolvimento de uma força de trabalho capaz e

comprometida, sua atuação torna-se de fundamental importância no âmbito da

organização. No Brasil ainda há poucos estudos sobre entrincheiramento, e

essa pesquisa trará uma contribuição não só em números para a academia,

mas fornecerá informações fundamentais para contribuição empírica acerca do

assunto.

1.2 PROBLEMÁTICA

Como consequência do pouco tempo que o construto do

entrincheiramento vem sendo estudado o tema, no Brasil não apresenta uma

vasta bibliografia. Em presença dessa realidade faz-se necessário um estudo

empírico nesse contexto do Entrincheiramento, uma vez que são escassas as

pesquisas focadas com empregados de baixo grau de escolaridade: que é a

grande parte dos empregados do supermercado pesquisado. O estudo trouxe

resultados que somarão discussões mais amplas perante o tema e premissas

já existentes. Diante do exposto, torna-se necessário um estudo mais

aprofundado com os empregados do supermercado pesquisado para obtenção

de resultados na questão do comprometimento e entrincheiramento na carreira

Page 11: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

11

destes empregados. Fica portanto, a questão que norteia e precisa ser

respondida diante da pesquisa:

Quais as dimensões determinantes do entrincheiramento de carreira dos

empregados do Supermercado pesquisado?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Identificar as dimensões que determinam o Entrincheiramento na Carreira

dos empregados de um supermercado cearense.

1.3.2 Específicos

a) Traçar o perfil sociodemográfico dos empregados;

b) Investigar as dimensões investimentos na carreira, delimitações nas

alternativas e custos emocionais;

c) Verificar a relação entre o perfil sociodemográfico dos empregados e o

entrincheiramento.

1.4 JUSTIFICATIVA

No campo científico, a mensuração das dimensões de entrincheiramento

traz uma contribuição com resultados apresentados pelos empregados do

supermercado para disseminação e desenvolvimento das pesquisas sobre o

tema, uma vez que não se encontra bibliografia de entrincheiramento com

empregados de baixo grau de escolaridade. No campo acadêmico, o estudo foi

importante porque trouxe conhecimento para contribuição das pesquisas

empíricas sobre entrincheiramento.

Foi uma pesquisa inovadora e teve importância para a sociedade, com

objetivo de abordar a seriedade do tema, diante de situações e dimensões que

existe e quase nunca há uma reflexão para esse viés, “Entrincheiramento” que

muitas pessoas estão inseridas e nunca ouviram falar no tema. Foi uma soma

Page 12: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

12

de conhecimento e, principalmente, desenvolvimento diante das dimensões e

resultados apresentados.

Para a empresa pesquisada, o resultado da pesquisa mostra aos gestores

um diagnóstico concreto dos seus empregados diante da questão do

entrincheiramento, de acordo com cada dimensão que foi respondida através

dos questionários validados no Brasil.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Os elementos textuais dessa pesquisa estão estruturados da seguinte

forma: introdução, composta pela contextualização do tema, problemática,

objetivo geral e específico e por fim a justificativa. A seguir, o referencial

teórico, abordando os conceitos de comprometimento e entrincheiramento, a

evolução de suas teorias e o modelo de Entrincheiramento validado por Carson

e Bedeian (1994). Logo após, a metodologia da pesquisa, contendo a sua

tipologia, universo e amostra, os procedimentos e instrumentos de coleta de

dados, as variáveis analíticas, o tratamento dos dados e a caracterização do

campo de pesquisa. Por fim, a apresentação e análise dos resultados, com a

caracterização da amostra estudada, análise descritiva e comparativa dos

estratos, relação entre o perfil sociodemográfico e entrincheiramento,

completando ainda a conclusão.

Page 13: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

13

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta uma análise conceitual do Comprometimento e

Entrincheiramento, através das abordagens desenvolvidas por diversos

autores, que se dedicaram a estudá-la. Além disso, ao mesmo tempo tem

como finalidade revisar os escritos dos principais autores (BEDEIAN 1994,

BORGES 2006, RODRIGUES, CARSON E CARSON 1997, ROWE E

BASTOS 2007, MEYER E ALLEN 1991). Os quais permeiam a temática do

Comprometimento ao Entrincheiramento, através dos caminhos das teorias

apresentadas cujas obras serão analisadas. Além disso, esse capítulo também

serviu como ponto de partida para capacitar a pesquisadora em termos de

avaliação de seus próprios esforços de pesquisa, comparando-os com os

resultados de fundamentações escritas por outros autores, enriquecendo e

tornando a pesquisa mais complexa.

2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

As pesquisas sobre comprometimento organizacional possuem uma

premissa em comum de que o comprometimento sozinho não garante o

sucesso da empresa, mas que um elevado grau de comprometimento com a

organização contribui para que as empresas alcancem seus objetivos.

Segundo Bastos (1998), comprometer-se significa sentir-se vinculado a algo e

ter desejo de permanecer naquele curso de ação. De acordo com Senge (1998,

p.246), o comprometimento pressupõe “um sentimento total de

responsabilidade na transformação das metas e objetivos em realidade”.

Uma revisão abrangente da literatura sobre comprometimento mostra a

emergência de diferentes perspectivas: visões unidimensionais (BECKER

1960, MOWDAY 1982) e multidimensionais (ETZIONI 1974, KANTER 1968,

MEDEIROS 1999, MEYER E ALLEN 1991, CHATMAN 1986 e REGO 2003).

atitudinais MOWDAY, (1982) e comportamentais Staw, (1974); sob naturezas

distintas Becker, (1960); Porter, Steers e Mowday, (1974) e Wiener, (1982);

com foco em diferentes instâncias, como organização, trabalho, equipe,

carreira e sindicato (BASTOS, 1994; FINK, 1992; REICHERS, 1986). Entre os

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14

teóricos citados não há um consenso entre a relação da origem dos estudos do

comprometimento organizacional.

Segundo Moraes (1995), o comprometimento é mais que uma simples

lealdade à organização, é um processo através do qual os empregados

expressam sua preocupação com o bem-estar e o sucesso da organização em

que trabalham. O comprometimento, para Davenport (2001), refere-se ao elo

entre as pessoas e a organização, de base emocional ou intelectual, e é

dividido por ele em três categorias:

a) Atitudinal: pessoas que se identificam e se envolvem com a

organização e gostam de fazer parte dela. Comungam dos mesmos interesses

da empresa, o que os motiva a trabalhar por ela.

b) Programático: pessoas que fazem parte da empresa somente porque

os custos de deixá-la são muito altos. Preferem não se arriscar, embora

insatisfeitas, continuam na empresa, mas não investem efetivamente seu

capital humano.

c) Baseado na lealdade: pessoas que se sentem amarradas à

organização por um senso de obrigação; esses empregados desejam fazer

aquilo que crêem ser o certo para a organização. Mesmo que de forma mais

modesta da que ocorre no comprometimento atitudinal, produz dedicação e

absorção dos objetivos organizacionais por parte do trabalhador (DAVENPORT

2001, p.38).

Bastos (1994) conceitua que, na linguagem científica, comprometimento

pode ser entendido como engajamento em um curso de ação. A noção de um

comprometimento genérico, portanto segundo Barbosa e Faria (2000), tende a

ser teórica e empiricamente inconsistente, na medida em que é mais fácil o

sujeito estar comprometido com os objetivos e metas de seu departamento ou

setor, com determinados trabalhos, atividades ou tarefas que deve realizar e

pelas quais será avaliado objetiva e subjetivamente, do que com a organização

como um todo.

Para Borges (2006), dentre os diversos modelos de conceituação do

comprometimento, o modelo de maior aceitação entre os pesquisadores é o

modelo de três dimensões, estabelecido por Meyer e Allen (1991). Eles

apresentam um modelo baseado nas proposições de que o

comprometimento é uma força que liga um indivíduo ao curso de ações de

Page 15: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

15

relevância para um objetivo e pode ser acompanhado por diferentes

opiniões que têm a função de dimensionar o comportamento. O modelo dos

autores Meyer e Allen (1991), é internacionalmente aceito, tendo sido

validado em várias países como Brasil, França, Espanha entre outros.

O comprometimento no trabalho parece ter influência sobre o bem estar

dos empregados e, assim, sobre a eficácia das organizações, embora possa

assumir diversas formas. Meyer e Herscovitch (2002) e Morrow (1993)

explicam esta diversidade, apontando cinco focos de comprometimento: o

trabalho como valor ético; a carreira ou profissão; a organização; o

envolvimento na execução do trabalho; o sindicato. Alguns pesquisadores

focam que o comprometimento dos trabalhadores pode estar mudando das

organizações para a carreira por variados fatores: entrada de minorias e das

mulheres no mercado de maneira mais efetiva, maior expectativa de vida,

globalização, e outras questões econômicas (BLAU, 2003). Além disso os

profissionais que possuem melhores níveis de educação têm aumentado seu

comprometimento com suas carreiras (CARSON E BEDEIAN, 1994). Os

autores conceituam o comprometimento organizacional em três dimensões:

Affective Commitment, ou Comprometimento Afetivo, Continuance

Commitment, que a literatura trata como Instrumental, e Normative

Commitment, ou Comprometimento Normativo. Segue o quadro 1:

Quadro 1- Modelo de três componentes, de Meyer e Allen (1997).

COMPONENTES CARACTERIZAÇÃO RAZÕES DA

PERMANÊNCIA

ESTADO

PSICOLÓGICO

Afetivo Grau em que o indivíduo se sente

emocionalmente ligado, identificado e

envolvido com a organização.

O indivíduo sente que

quer permanecer.

Desejo.

Instrumental Grau em que o indivíduo se mantém ligado

à organização devido ao reconhecimento

dos custos associados com a sua saída da

empresa. Este reconhecimento pode advir

da ausência de alternativas de emprego ou

do sentimento de que os sacrifícios

pessoais gerados pela saída serão

elevados.

O indivíduo sente que

tem necessidade de

permanecer.

Necessidade.

Normativo Grau em que o indivíduo possui um sentido

de obrigação ou dever moral de

permanecer na organização.

O indivíduo sente que

deve permanecer.

Obrigação.

Fonte: Adaptado de Rego e Souto (2002, p.6).

Page 16: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

16

O quadro 1, mostra os conceitos dos três componentes do

comprometimento que os autores Meyer e Allen (1997) definem como

caracterização, razões de permanência e estado psicológico dos

componentes, adaptado por Rego e Souto (2002).

A seguir, serão apresentados alguns conceitos de diversos autores e

afirmações para embasamento do estudo.

2.1.1 Comprometimento Afetivo

Os indivíduos com vínculos afetivos com a organização normalmente são

motivados e apresentam alto desempenho. Pode-se esperar que estes

indivíduos faltem menos ao trabalho e contribuam de forma mais significativa

no sentido dos objetivos da organização do que aqueles que não possuem

vínculos dessa natureza. Meyer e Allen (1997) grifam a caracterização do

comprometimento afetivo, grau em que o indivíduo se sente

emocionalmente ligado, identificado e envolvido com a organização.

Segundo a abordagem de Rowe e Bastos (2007), pode-se afirmar que o

comprometimento afetivo resulta de um vínculo afetivo em relação à

organização, com o sujeito identificando-se e envolvendo-se com ela e

permanecendo na organização porque quer.

O comprometimento afetivo é como um envolvimento, onde ocorre

identificação com os objetivos e valores da organização. Representa algo além

da simples lealdade passiva, envolvendo uma relação ativa, na qual o indivíduo

deseja dar algo de si para contribuir com o bem-estar da organização. Segundo

Meyer e Allen (1997, p.58) “Empregados com um forte comprometimento

afetivo permanecem na organização porque eles querem [...]”; Segundo

Antunes e Pinheiro (1999), como resultado de uma pesquisa feita por eles,

conclui-se que o aspecto afetivo tem sido considerado a forma mais desejável

de comprometimento por parte das organizações.

Page 17: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

17

2.1.2 Comprometimento Instrumental

Segundo Bastos, Brandão e Pinho (1997), o comprometimento visto pela

base instrumental indica uma forma de apego psicológico, que reflete o grau

em que o indivíduo se sente prisioneiro de um lugar pelos altos custos

associados a sua saída. O conceito se apóia na teoria dos side-bets de Becker

(1960), que consiste numa troca ou seja, o trabalhador se sente recompensado

com o que lhe é oferecido pela organização e o seu desligamento implicaria

sacrifícios significativos — econômicos, sociais ou psicológicos. Em outras

palavras, é o comprometimento percebido como altos custos associados a

deixar a organização. Para os autores Brandão e Pinho (1997), os empregados

com comprometimento instrumental permanecem porque eles precisam.

O comprometimento instrumental parece ser uma antítese do

comprometimento, e refere-se ao conhecimento e julgamento das implicações,

ou “preço a pagar” pelo rompimento das relações com o foco. De acordo com

Meyer e Allen (1997), o comprometimento instrumental diz respeito à

permanência do indivíduo na organização devido aos custos associados a sua

saída. O comprometimento desses vai até o limite do necessário para mantê-

los vinculados à organização, ou seja, não fazem mais do que lhes é exigido.

De acordo com os Meyer e Allen (1995), espera-se que o comprometimento

instrumental de um indivíduo seja relacionado negativamente, ou mesmo não

relacionado, ao seu desempenho, exceto quando este desempenho está

atrelado à manutenção do emprego.

2.1.3 Comprometimento Normativo

Segundo Weiner (1982, pag.54) o comprometimento normativo é definido

como “um conjunto de pressões normativas internalizadas pelo indivíduo para

que seu comportamento seja compatível com os objetivos e interesses da

organização”. Segundo este conceito, as pressões normativas predispõem o

indivíduo para se comportar de acordo com os padrões internalizados.

Comprometimento, em outras palavras é como uma obrigação em permanecer

na organização. Segundo Moraes e Costa (1995), as pressões normativas

induzem o indivíduo a se comportarem conforme os padrões que o mesmo

Page 18: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

18

internaliza. Esse tipo de comprometimento implica na existência de um

sentimento de dívida ou obrigação do empregado para com a empresa.

Essa dívida pode ser resultado de favores recebidos da empresa, como por

exemplo, o pagamento dos estudos do indivíduo, o que o leva a acreditar

que tem uma dívida com a organização e por isso se compromete mais

com ela.

Meyer, Allen e Smith (1993) citam que o indivíduo permanece na

organização por obrigação moral ou lealdade em função do investimento

realizado ou da confiança depositada sobre ele pela organização. Já os

empregados com forte comprometimento normativo agem de forma correta

para com a organização. Eles sentem uma obrigação ou responsabilidade

moral com a organização. Meyer e Allen (1995) ressaltam que este

componente de comprometimento está relacionado positivamente ao

desempenho no trabalho, assiduidade e cidadania organizacional.

Barbosa e Faria (2000) afirmam que a dimensão normativa do

comprometimento organizacional ocorre quando o vínculo entre o

indivíduo e a organização decorre da internalização das normas, valores

e padrões estabelecidos, fazendo com que seja criada uma concordância

moral com os objetivos e os valores da organização.

Os autores também apontam que os estudos sobre o comprometimento

não devem ser pautados somente a partir da perspectiva dos custos de

rotatividade do pessoal, mas, principalmente, pela qualidade do trabalho que

estes indivíduos desenvolvem nas empresas. No Quadro 2, estão compilados

os modelos multidimensionais desenvolvidos por diferentes autores para o

comprometimento organizacional.

Page 19: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

19

Quadro 2 – Dimensões propostas para o comprometimento organizacional

Bases Referências

Moral, Calculativo, Alienativo. Etzioni (1961/1974)

Continuação, Coesão e Controle. Kanter (1968)

Identificação, Envolvimento, Lealdade. Buchanan (1974)

Consentimento, Identificação, Internalização. O' Reilly e Chantman (1986)

Afetivo, Normativo, Continuação. Meyer e Allen (1991); Siqueira (2001)

Afetivo, Continuação, Moral. Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993)

Adesão, Oportunidade.

Thévenet (1992), citado por Sá e Lemoine

(1999)

Afiliativa, Afetiva, Normativa, Instrumental. Medeiros et al. (1999)

Afetiva, Futuro comum, Normativa, de Sacrifícios

avultados, Escassez de alternativas, Ausência

psicológica.

Rego (2003)

Internalização de valores e objetivos organizacionais,

Sentimento de obrigação em permanecer na

organização, Sentimento de fazer parte, Sentimento

de falta de recompensas e oportunidades, Linha

consistente de atividade, Escassez de alternativas.

Medeiros, Albuquerque, Marques e Siqueira

(2003)

Fonte: Rodrigues (2009).

Podem ser observados no quadro 2 várias dimensões propostas sobre o

Comprometimento organizacional, relacionados a múltiplos autores. O

construto das dimensões possui diversas bases que motivam muitas pesquisas

diante desse tema, que foi o ponto de partida para se chegar ao estudo

realizado sobre Entrincheiramento Organizacional com empregados do

supermercado cearense.

2.2 ENTRINCHEIRAMENTO ORGANIZACIONAL

É um conceito relativamente novo, possui menos de uma década e se

faz necessário transcorrer pela origem, com estudos mais elaborados do

comprometimento no que permeia a dimensão instrumental, que enfatiza um

envolvimento descomprometido, permanecendo várias lacunas a serem

descobertas.

Page 20: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

20

Pela primeira vez, o conceito de entrincheiramento na carreira foi

trazido por Carson et al. (1995) que o definiram como a tendência de um

indivíduo a permanecer em sua profissão devido aos investimentos feitos,

aos custos emocionais ligados à mudança e à percepção de poucas

alternativas fora de seu campo de atuação. Sua dinâmica é explicada a

partir da escolha da profissão, feita com base nas preferências individuais e

na estimativa de oportunidades de carreira, e de sua avaliação como

instrumento de alcance das metas e necessidades pessoais, segundo

Carson e Carson (1997).

A escala de entrincheiramento na carreira tem sido utilizada em

amostras brasileiras e tem revelado associações teoricamente relevantes

com outras variáveis, tais como o comprometimento organizacional, o

comprometimento com a carreira, motivação vital, generatividade e

interesses vocacionais (BAIOCCHI; MAGALHÃES, 2004; MAGALHÃES;

GOMES, 2005; MAGALHÃES; GOMES, 2007). Portanto, sugere ser um

instrumento adequado à realidade brasileira e recomenda-se o seu uso em

pesquisas que relacionem o construto a outros fatores e processos de

interesse.

Desse modo, à medida que o profissional faz investimentos em sua

carreira, ele a avalia como instrumento de alcance de seus objetivos. Tal

avaliação pode levar a reinvestimentos, à tentativa de preservação

psicológica à busca de uma nova carreira, que poderá ser inviabilizada pela

percepção de poucas alternativas.

O conceito de entrincheiramento é construído com base, principalmente,

na noção de investimentos e persistência em um curso de ação (no caso,

permanecer na carreira), aspectos abordados por Becker (1960), em sua teoria

sobre os side bets. Carson et al. (1995) , propuseram três dimensões para o

construto: investimentos na carreira, custos emocionais e limitação de

alternativas, cujos detalhamentos serão apresentados a seguir.

2.2.1 Investimentos na carreira

Diz respeito aos investimentos acumulados, como dinheiro, esforço,

tempo dedicado a treinamentos e ao alcance de uma melhor posição, entre

Page 21: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

21

outros que poderiam ser perdidos na busca de alternativas. Baseado nos

estudos de Becker (1960), os investimentos, neste contexto, referem-se a:

tempo investido; dinheiro e/ou esforço relativo à capacitação profissional, bem

como cargo e salário. Tendem a ser mais altos em carreiras que demandam

mais conhecimentos específicos, portanto, níveis educacionais ou técnicos

mais altos. Segundo Carson et al. (1995), denota a percepção do sujeito

referente aos seus investimentos financeiros, de tempo e conhecimentos

específicos à sua carreira, que seriam perdidos no caso de uma mudança de

carreira.

A passagem do tempo traz consigo uma dimensão de investimentos

passivos, que se acumulam, pois as habilidades são desenvolvidas e

aperfeiçoadas no exercício diário da função. Tudo isso tende a fazer com que

os indivíduos realmente ponderem os investimentos já realizados em sua

carreira, ao analisar uma possível mudança de carreira. Considerando-se o

processo de entrincheiramento descrito por Carson e Carson (1997), o

processo de investimento na carreira sucede à escolha de carreira e pode dar

início ao entrincheiramento, pois no início da carreira, o indivíduo realiza

investimentos financeiros e sustenta esforços para adquirir sucesso

profissional.

Na opinião de Baiocchi e Magalhães (2004), os investimentos na carreira

associam-se aos aspectos financeiros e de tempo, relacionados ao

aprimoramento profissional e dedicação ao trabalho que a pessoa imagina

estar perdendo em caso de mudança na carreira profissional. Esses

investimentos continuam, quando a avaliação da congruência é positiva. Se

estes investimentos forem altos, o indivíduo pode acreditar ter investido demais

para mudar e, então, poderá racionalizar a permanência na carreira e se

manter nela: pode tornar-se entrincheirado, caso não perceba novas

alternativas de carreira.

2.2.2 Custos emocionais

Referem-se aos custos associados à mudança, como interrupção de

relacionamentos interpessoais, ocasionada pelo afastamento dos colegas,

redução de contatos no campo de atuação e perda de reconhecimento social,

Page 22: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

22

devido à renúncia do papel e status profissional alcançado. Torna-se tão

decisivo lançar mão destes, além de considerar como custos emocionais o

impacto ou a instabilidade ocasionada por uma mudança de carreira, podendo

gerar transtornos na vida pessoal e familiar.

De acordo com Becker (1960), envolve questões sociais e psicológicas

associadas à ruptura de relações interpessoais que uma mudança de carreira

traria, como: perda da convivência com os colegas, quebra de vínculos

profissionais, desconexão da área de atuação. Além disto, a escolha por uma

carreira é um compromisso assumido publicamente. Portanto, sair deste

compromisso pode custar emocionalmente, inclusive em termos de

reconhecimento social. Segundo Baiocchi e Magalhães (2004), os custos

emocionais compreendem a perda da rede de relacionamentos interpessoais

atrelados ao trabalho, além do impacto que a mudança na carreira profissional

pode causas na vida pessoal e familiar.

É interessante notar que segundo Blau (2003), diversas questões são

levantadas em relação ao instrumento proposto por Carson et al. (1995). A

mais relevante diz respeito aos custos emocionais. Segundo o pesquisador,

apesar do forte nível de confiabilidade, a sub escala não especifica os tipos de

custos emocionais (por exemplo: rompimento da rede de relacionamentos,

medo em relação à uma nova ocupação, etc), como foi feito na sub escala de

investimentos, e isso ajudaria a criar um melhor entendimento desta dimensão.

2.2.3 Limitação das alternativas

Conforme Carson et al. (1995), tal percepção também faria o indivíduo

sentir-se entrincheirado na organização em que se encontra, por não visualizar

outras oportunidades, seja por perceber restrições de mercado, seja por

entender que seu perfil profissional não seria aceito por outras organizações,

devido a limitações de idade, conhecimento, entre outros.

Percepção de poucas oportunidades fora da carreira, devido,

principalmente, à especificidade dos conhecimentos desenvolvidos e à idade

do profissional. É possível que, ao ingressar na carreira, o trabalhador

desloque seu foco para o seu campo de atuação, o que pode causar, com o

tempo, a sensação de restrição de oportunidades. Os investimentos realizados

Page 23: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

23

e a visibilidade dos custos emocionais fazem com que não seja dada atenção

suficiente às oportunidades de mudança de carreira. Com o passar do tempo,

passa a existir um leque mais restrito destas alternativas, pois o conhecimento

necessário para exercer a carreira torna-se mais específico, tanto no contexto

de empresa, como no contexto do trabalho em si. Idade, por exemplo, pode ser

um fator de redução.

Baiocchi e Magalhães (2004), no fator de limitação de alternativas na

carreira profissional refere-se à percepção da pessoa em relação ao seu

potencial de empregabilidade. As pesquisas sobre carreira têm percorrido

novos caminhos em busca de resoluções para a base de continuação incluindo

o estudo dos limites teóricos e empíricos entre essa base e o entrincheiramento

na carreira, pode-se citar alguns autores como Blau (2003), Scheible, Bastos e

Rodrigues (2007), que enfatizam o construto de “entrincheiramento na

organização”.

Trazendo uma abordagem multidimensional de comprometimento com a

carreira, Bastos e Scheible (2006) apresentam exploração do conceito de

entrincheiramento na carreira através da aplicação da escala usada na

pesquisa por Carson et al.(1995). Diante do embasamento teórico, a Figura 1 a

seguir, propõe um modelo esquemático do entrincheiramento na organização.

Page 24: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

24

Figura 1 - Modelo de entrincheiramento na organização.

Fonte: Adaptado do modelo de entrincheiramento na carreira (CARSON; CARSON, 1997).

Na figura 1, observa-se o modelo de entrincheiramento na organização

desde a entrada na organização, passando pelo período de adaptação que

remete aos ajustamentos individuais a posições sociais, os arranjos

burocráticos ligando aos custos associados à saída, que logo após mostra a

limitação de alternativas, que vai indicar se o indivíduo está ou não

entrincheirado. Modelo adaptado por Carson e Carson (1997).

No Brasil, Bastos e Rowe (2007) publicaram trabalhos sobre análise dos

vínculos de comprometimento e de entrincheiramento com a carreira, trazendo

como resultados um modelo com melhor ajuste.

A Figura 2 abaixo, mostra síntese da matriz de entrincheiramento e

satisfação na carreira, no resultado do estudo teórico e empírico que Carson et

al. (1996) realizaram acerca da relação do entrincheiramento com a satisfação

Page 25: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

25

na carreira, que resultou em quatro categorias de trabalhadores: o satisfeito

imóvel, o aprisionado, o carreira voluntária e o trocar de carreira.

Figura 2 - Matriz de Entrincheiramento na Carreira e Satisfação na Carreira.

Fonte: Adaptado de Carson, K. D., Carson, P.P., Roe, C. W., & Phillips, J. S. (1996).

O satisfeito imóvel (entrincheirado) e o voluntário (não entrincheirado),

ambos satisfeitos com a carreira, apresentam o mais alto nível de

comprometimento com a carreira, o mais alto nível de comprometimento

organizacional afetivo, o mais alto nível de satisfação no trabalho, mais tempo

de carreira e mais experiência educacional do que as outras duas categorias,

que não são satisfeitos com a carreira (aprisionado e trocar de carreira). O

satisfeito imóvel (entrincheirado e satisfeito com a carreira) apresenta o nível

mais alto de comprometimento com a carreira e mais baixo nível de intenção

de deixar a carreira do que as outras três categorias (aprisionado, mudança de

carreira e carreira voluntária).

O satisfeito imóvel e o aprisionado (ambos entrincheirados) mostram

níveis mais elevados de compromisso organizacional instrumental (por causa

de suas similaridades, ou seja, ambos são vínculos pelos side-bets), intenção

mais baixa de deixar a carreira, e tempo no cargo/carreira mais longo do que

aqueles com mais baixo entrincheiramento na carreira. O trocar de carreira

(não entrincheirado e não satisfeito com a carreira) apresenta o mais alto nível

Page 26: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

26

de intenção de deixar a carreira; o nível mais baixo de comprometimento com a

carreira; o menor tempo na carreira e a menor experiência educacional.

Pesquisas nacionais focadas nas relações entre processos de

comprometimento, entrincheiramento e motivação vital em carreiras

profissionais, de acordo com Baiocchi e Magalhães (2004), trazem como

resultados construtos de entrincheiramento e comprometimento possuindo

aspectos tanto compartilhados quanto distintos. De acordo com Magalhães

(2005), em sua tese de doutorado, incluiu entre as variáveis investigadas o

comprometimento com a carreira, o entrincheiramento e a generatividade

(envolvimento do indivíduo com o bem-estar das próximas gerações e desejo

de ser lembrado pelas atividades desenvolvidas). As análises conduzidas

indicaram que o entrincheiramento se relacionou negativamente com a

generatividade, enquanto que o comprometimento apresentou relação positiva

com essa variável. Resultados semelhantes foram reportados por Magalhães e

Gomes (2005).

Com objetivos de propor conceito e escala de entrincheiramento

organizacional, Rodrigues (2009) traz uma contribuição importante ao construto

trazendo como resultados o comprometimento de continuação que representa

o mesmo fenômeno psicossocial. Não obstante de ter sido desenvolvido um

modelo tridimensional, Blau (2003) sugere que o entrincheiramento na carreira

seja mais bem representado como um construto bidimensional, uma vez que a

dimensão “custos emocionais” é composta por aspectos que se aproximam da

dimensão “investimentos na carreira” (relacionamento interpessoal e

reconhecimento social), além de estarem ambas pautadas na teoria dos side

bets de Becker (1960).

2.2.4 Estudos Recentes Sobre o Tema

A seguir é apresentada uma compilação dos estudos mais recentes sobre

o tema para uma melhor comparação e compreensão dos resultados.

O estudo mais antigo identificado nesta pesquisa foi o de Baiocch e

Magalhães (2004), com o tema: Relações entre Processos de

Comprometimento, Entrincheiramento e Motivação Vital em Carreiras

Profissionais, através de uma Revista Brasileira de Orientação Profissional. A

Page 27: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

27

pesquisa investigou relações entre comprometimento com a carreira,

entrincheiramento de carreira e motivação vital. Participaram do estudo,

profissionais graduados em áreas diversas, empregados em instituição de

ensino superior. Os sujeitos (58 homens e 54 mulheres) responderam a uma

medida de comprometimento de carreira composta de três fatores: identidade,

planejamento e resiliência; a uma medida de entrincheiramento de carreira

composta de três fatores: custos emocionais, investimentos de carreira e

percepção de alternativas; e a uma medida de motivação vital (PIL-test)

Estudar o mercado de trabalho contemporâneo e delinear conceitos

como comprometimento, entrincheiramento e motivação vital foi o objetivo geral

pois estes são constituintes na carreira de um indivíduo e o meio em que este

encontra para se identificar com o mundo do trabalho. Os resultados dessa

pesquisa sugeriram que os construtos de entrincheiramento e

comprometimento possuem aspectos tanto compartilhados quanto distintos.

Estudo semelhante ao de Baiocch e Magalhães (2004) foi realizado por

Scheible e Bastos (2006) e apresentados no ENANPAD com o título:

Comprometimento com a Carreira: Explorando o Conceito de

Entrincheiramento. O aspecto chave deste artigo é a exploração do conceito de

entrincheiramento na carreira, através da aplicação da escala criada por

Carson et al.(1995) a 217 profissionais de tecnologia da informação. O

entrincheiramento reporta-se à persistência na mesma linha de ação

profissional por falta de outras opções de carreira, pela sensação de perda dos

investimentos já realizados, ou pela percepção de um preço emocional muito

alto a ser pago em caso de mudança.

As relações do entrincheiramento (e seus componentes) com variáveis

demográficas e funcionais da Investigação de Comprometimento com a

carreira após teste confiabilidade das escalas utilizadas foi realizada análise

fatorial da escala de entrincheiramento e concluiu-se que ela se ajusta melhor a

três dimensões nesta amostra. Os resultados obtidos abriram várias

perspectivas de estudos complementares, que fortaleceram a abordagem

multidimensional do comprometimento com a carreira.

No outro ano, os mesmos autores Scheible, Bastos e Rodrigues (2007)

publicaram: Comprometimento e Entrincheiramento - Integrar ou Reconstruir?

Uma Exploração das Relações entre estes Construtos à luz do Desempenho. O

Page 28: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

28

estudo também publicado no ENANPAD apresentou um aprofundamento da

exploração do construto comprometimento com a carreira, através de uma

análise de suas relações com o conceito de entrincheiramento, e da

comparação dos relacionamentos de ambos com desempenho no trabalho.

O estudo foi realizado em uma empresa de tecnologia da informação e

dele participaram 217 pessoas. Constatou-se redundância conceitual entre

duas dimensões do entrincheiramento e comprometimento instrumental e

normativo na amostra. Objetivando contribuir para o desenvolvimento de

pesquisas sobre o comprometimento com a carreira sob uma abordagem

multidimensional, a pesquisa buscou explorar as relações entre

comprometimento com a carreira e desempenho, respondendo às

preocupações de que a pesquisa do comprometimento no trabalho tem focado

mais em consequentes de cunho negativo, como “turnover” ou intenção de

saída, e colaborando para o entendimento de como o comprometimento pode

ser utilizado para prever comportamento nas organizações.

Os resultados obtidos sugerem que o entrincheiramento é dado

preponderantemente pela delimitações nas alternativas de carreiras. Seria esta

a quarta dimensão do comprometimento com a carreira? A exemplo do

comprometimento instrumental, o entrincheiramento na carreira relaciona-se

negativamente com desempenho. Seria o entrincheiramento a “antítese do

comprometimento”? O comprometimento instrumental deveria ser a ele

integrado? Mais do que apresentar respostas, aqueles autores buscaram

questionar o “mainstream” da pesquisa do comprometimento com a carreira e

fomentar a reflexão sobre as fronteiras e dimensões do construto.

O autor Callas (2008) no Brasil, pesquisou em sua dissertação sobre:

entrincheiramento ou alinhamento de interesses? Análise da Oferta Hostil da

Sadia pelo Controle da Perdigão à Luz da Teoria de Agência. Este trabalho

consistiu em um estudo de caso de um evento único no mercado de capitais

brasileiro, qual seja a oferta hostil pelo controle da Perdigão, lançada pela

Sadia em julho de 2006. Recentes reformas legais e institucionais viabilizaram

o surgimento de empresas com capital pulverizado, através do Novo Mercado,

tornando possível o expediente da oferta hostil. Utilizando-se como base a

Teoria de Agência formularam-se hipóteses que pudessem explicar a recusa à

oferta por parte dos acionistas da Perdigão.

Page 29: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

29

Documentos públicos e trabalhos acadêmicos foram utilizados como

fontes de dados com intuito de elaborar um estudo de caso explicativo, definido

como pesquisa documental e bibliográfica. As hipóteses de entrincheiramento e

alinhamento de interesses são contrapostas como forma de análise das

decisões tomadas pelos controladores da Perdigão. Ao longo do trabalho foram

buscadas evidências históricas e declarações públicas que podiam fornecer

respostas às questões de pesquisa propostas.

A pesquisa teve como objetivo, Identificar os controladores que

rejeitaram a proposta por interesses outros que não o dos acionistas

atomizados. Os executivos integrantes do board da Perdigão, dado o efeito

entrincheiramento, podem ter coordenado um acordo de votos formal e informal

entre os representantes legais das empresas detentoras de 55% do capital da

Perdigão. Ainda que existisse a possibilidade de entrincheiramento em

algumas decisões dos membros do Conselho de Administração (Sr. Eggon

João da Silva) e presidência (Sr. Nidelmar Secches) da Perdigão, as

evidências encontradas levam a considerar que houve alinhamento de

interesses.

Outro estudo interessante é dos autores Rowe e Bastos (2008), que

publicaram sobre o tema Entrincheiramento. A pesquisa focou o vínculo do

profissional com a sua carreira envolvendo dois construtos – o de

comprometimento e o de entrincheiramento, cujas relações, conceituais e

empíricas, ainda estão por ser mais exploradas. Analisar as relações entre

estes dois vínculos foi o objetivo central do estudo que tornou o docente de

ensino superior como categoria profissional do estudo Intitulado:

Comprometimento ou Entrincheiramento na Carreira? Um Estudo Entre

Docentes do Ensino Superior, publicado no ENANPAD do referido ano.

Nos resultados encontrados, o comprometimento supera os níveis de

entrincheiramento, confirmando expectativas de que a escolha da docência é,

ainda em grande medida, guiada por uma forte identificação com a profissão. A

ausência de diferenças significativas em ambos os vínculos quando se

comparam os contextos da educação pública e privada, fortalece o

entendimento de que o vínculo com a carreira é independente do vínculo com a

organização. Igualmente, o fato de se verificar que níveis mais elevados de

titulação levam a maior entrincheiramento na carreira fortalece uma importante

Page 30: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

30

vertente de investigação sobre os vínculos no trabalho, que destaca a

importância dos investimentos feitos para a manutenção de um determinado

curso de ação.

Com este mesmo foco os autores Rowe, Bastos e Pinho (2011),

publicaram no ENANPAD Comprometimento e Entrincheiramento na Carreira:

um Estudo de suas Influências no Esforço Instrucional do Docente do Ensino

Superior. Buscaram mais precisamente, identificar as relações desses vínculos

com o esforço instrucional, definido como o empenho em qualificar a atividade

de ensino e potenciar os resultados positivos dos discentes. Como resultados,

o modelo com melhor ajuste revelou que a identidade (dimensão do

comprometimento com a carreira) exerce impacto sobre o esforço instrucional

em todas as suas dimensões. Foram encontradas também diferenças

significativas entre IES públicas e privadas.

A autora Rodrigues (2009), na sua pesquisa de dissertação contribuiu

para a redução dos problemas conceituais e empíricos do comprometimento

com a organização. A proposição do conceito de entrincheiramento

organizacional foi pautada na revisão teórica do entrincheiramento na carreira,

no trabalho de Mowday et al. (1982) , e na teoria dos side bets de Becker

(1960). Três dimensões foram propostas, e o entrincheiramento organizacional

foi definido como a tendência do indivíduo a permanecer devido a possíveis

perdas associadas à sua saída - ajustamentos à posição social (APS).

O objetivo foi propor o conceito e a escala de entrincheiramento

organizacional, avaliar suas propriedades psicométricas e sua possível

sobreposição com a base de continuação. Os resultados obtidos deixam em

aberto a primeira hipótese, referente à dimensionalidade do entrincheiramento

organizacional, mas confirmam a segunda hipótese, de que esse construto e o

comprometimento de continuação representam o mesmo fenômeno

psicossocial.

Com o objetivo de Analisar a pertinência do modelo tridimensional e,

particularmente, da permanência da base de continuação no construto do

comprometimento organizaciona,l os autores Carvalho, Alves, Peixoto e Bastos

(2011), da Universidade Federal da Bahia em Salvador, pesquisaram sobre o

comprometimento afetivo, de continuação e entrincheiramento organizacional:

estabelecendo limites conceituais e empíricos. Os autores fazem uma análise à

Page 31: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

31

pertinência do modelo tridimensional e, particularmente da permanência da

base de continuação no construto.

Procedeu‑se às análises de correlação entre os construtos de

entrincheiramento organizacional e comprometimento organizacional e destes

com diferentes antecedentes e consequentes numa amostra de 721

empregados, visando conhecer em que medida as bases afetivas e de

continuação do comprometimento organizacional se assemelham ou diferem

do entrincheiramento organizacional. Os resultados apontaram para

divergência da base de continuação em comparação à base afetiva, sugerindo

tratar-se de vínculos distintos. Por sua vez, a similaridade entre o

entrincheiramento organizacional e a base de continuação sugere que se trata

do mesmo fenômeno.

O autor Costa (2008), em sua dissertação estudou a relação entre o

fenômeno do “entrincheiramento” da gestão e a ocorrência de práticas de

manipulação dos resultados contabilísticos (“earnings management”). Ele

aponta a Evidência empírica de que existe uma relação inversa e significativa

entre “entrincheiramento” e manipulação de resultados, sobretudo, em

situações de elevado nível de “entrincheiramento”.

Recorrendo a uma amostra de dados com mais de 15.500 observações

(empresas-ano) relativas à realidade norte-americana, para os anos de 1990 a

2004, obteve-se divergência da base de continuação. Os resultados apontam

para comparação à base afetiva, sugerindo tratar-se de vínculos distintos. Por

sua vez, a similaridade entre o entrincheiramento organizacional e a base de

continuação sugere que se trata do mesmo fenômeno.

Os resultados obtidos, mesmo quando sujeitos a testes de robustez,

evidenciam uma relação inversa entre elevado grau de “entrincheiramento” e a

ocorrência de práticas de manipulação de resultados. Os resultados empíricos

deste estudo sugerem que o estado de “entrincheiramento” da gestão, visto

como a situação em que a mesma se encontra imune aos mecanismos de

controle e de “governance” dada a existência de fatores limitativos do poder e

do controle direto por parte dos acionistas, não é, ao invés do que “a priori” se

esperava potenciador de práticas de manipulação de resultados.

Dentre as pesquisas mencionadas, observa-se que aos poucos esse

tema vai tomando proporção mais ampla, um estudo que chamou atenção

Page 32: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

32

também foi com os Profissionais de Relações Públicas no Mercado de

Trabalho. As autoras Tonin e Fossa (2013) realizaram uma análise teórica

sobre o comprometimento e o entrincheiramento na carreira dos profissionais

de relações públicas; a partir de uma análise do contexto das Relações

Públicas e sua relação com os vínculos apresentados, foi sugerido um

aprofundamento quantitativo da pesquisa.

Como resultado, considerou-se que o estudo dos vínculos com a

carreira, podem relacionar-se com o bem-estar dos relações públicas, uma vez

que a carreira escolhida concretiza as escolhas profissionais de um indivíduo,

com efeitos diretos no seu senso de realização e identidade pessoal. Ainda em

2013, outro estudo sobre os vínculos com a carreira dos militantes do MST:

Entrincheiramento em análise de Freire e Silva (2013), teve como resultado

níveis de entrincheiramento maiores entre: assalariados, com relação aos

voluntários; mulheres, com relação aos homens; e público das regiões Sul e

Sudeste devido às questões históricas ligadas a Terra.

Face ao exposto, pode-se apontar que pesquisas sobre

Entrincheiramento são escassas, não existe um grande número de publicações

no Brasil, é um número ainda pequeno, porém novas pesquisas encontram-se

em aplicação e, certamente, em alguns anos teremos uma vasta bibliografia e

estudos nesse campo a ser explorado com mais contribuições baseado na

experiência para a academia.

Page 33: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

33

3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Nesse capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos

utilizados para atingir os objetivos propostos para esse estudo, serão

estruturados em sete seções que expõem o tipo de pesquisa, universo e

amostra, procedimentos de coleta de dados, instrumento de coleta de dados,

variáveis analíticas, tratamento dos dados e caracterização do campo de

pesquisa.

3.1 TIPO DE PESQUISA

É uma pesquisa descritiva, de acordo com o objetivo. A pesquisa

descritiva tem como característica básica descobrir e observar fenômenos,

estabelecendo correlações entre variáveis, para depois descrevê-los, classificá-

los e interpretá-los (GIL, 2007; RUDIO, 2002; VERGARA, 2006). Quanto aos

meios de investigação, trata-se um estudo de caso e de campo, porque

descreve o comportamento dos indivíduos, fenômeno dos níveis do

entrincheiramento organizacional.

A pesquisa é ainda quantitativa, porque foca na mensuração do fenômeno

através da aplicação de um questionário à população foco da investigação. O

estudo de caso foi o mais adequado para o tipo de pesquisa analisada. Em

geral, o estudo de caso é apropriado à fase exploratória, pois normalmente

refere-se a situações empíricas que investigam um fenômeno dentro de um

contexto real e contemporâneo. Uma das vantagens da utilização do estudo de

caso é a possibilidade de se estudar as pessoas em seu ambiente natural,

diferente de outras metodologias, como a do experimento, que é conduzido em

ambiente artificial e controlado.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O objeto de estudo é o Entrincheiramento dos empregados de um

supermercado localizado no Estado do Ceará, de ambos os sexos, em início e

fim de carreira. O supermercado possui uma população de 132 empregados

ativos, divididos entre os setores e funções diferentes: Gerentes, Fiscais de

caixa, Operador de vendas, Atendimento frente de loja, Salão, Frios, Frigorífico,

Page 34: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

34

Padaria, Hortis, Área de apoio, Prevenção de perdas, Auxiliar administrativo,

Aprendizes e Limpeza, como mostra a Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Estratos, Universo e quantidade amostrada de cada estrato.

Estratos População Quantidade Amostrada

Gerente 4 2

Fiscais de Caixa 5 3

Operador de vendas 38 24

Atendimento frente de loja 14 9

Salão 8 5

Frios 8 5

Frigorífico 9 6

Padaria 10 7

Hortis 5 3

Área de Apoio 5 3

Prevenção de perdas 8 5

Auxiliar administrativo 4 2

Aprendizes 8 5

Limpeza 6 4

Total 132 83 Fonte: Elaborado pela autora (2015).

No desenvolvimento da amostragem estratificada foram considerados os

seguintes aspectos: o número de elementos da população, o formato da

distribuição da população (comparando com a distribuição normal), a dimensão

da amostra se for utilizada uma amostra simples.Segundo Gil (2008), a

população é separada através da criação de grupos para os elementos com

características semelhantes, designados estratos, que satisfazem três regras:

cada elemento pertence a um e apenas um estrato, existe uma diferença

específica que define e distingue cada estrato, o número de elementos de cada

estrato é conhecido.

A técnica de amostragem é a mais utilizada e a amostra aleatória simples

é realizada para cada grupo podem ser adotadas para dimensionar o tamanho

da amostra por estrato. Normalmente ela corresponde ao produto do universo

desse estrato pelo percentual que esse estrato ocupa no total. Nessa

pesquisa, em função do grande número de estratos e o universo de cada

Page 35: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

35

estrato ter pequena quantidade de empregados, optou-se por usar

aproximadamente 1/3 de todos os empregados para resultar assim uma

quantidade significativa de respondentes (Tabela 1).

3.3 O TERRENO DA PESQUISA

O Supermercado, objeto dessa pesquisa, começou a funcionar como uma

pequena Mercearia União que foi fundada em 1979, pela iniciativa dos irmãos

Bosco e Honório Pinheiro para que seus pais tivessem um pequeno negócio.

Desta forma, iniciou sob a administração do patriarca Joaquim Honório Alves.

Um estabelecimento modesto, mas que já abrigava o espírito de qualidade e

simpatia na vizinhança do Pan Americano, bairro de Fortaleza. Em 1988 a

Mercearia foi reestruturada, teve seu espaço físico ampliado e a venda saiu do

balcão da mercearia para o auto-serviço do Mercadinho União. Nessa mesma

época, os senhores João Bosco e Honório Pinheiro começaram a assumir

pouco a pouco o Mercadinho e a colaborar com a administração da loja.

Os dois irmãos, sempre com espírito empreendedor, inovaram e

investiram na excelência do atendimento, na variedade e na qualidade dos

produtos oferecidos - fatores estes que fizeram a diferença na conquista dos

clientes, posto que, naquela época, não havia estabelecimentos com essa

postura situados em bairros periféricos. Um ano depois, foi inaugurada a

segunda - ainda nos moldes de mercadinho - O Mercantil União - na Vila

Manoel Sátiro, posteriormente transferida para a cidade de Itapipoca (CE) no

ano de 2004, onde funciona hoje com uma área ampliada e totalmente

modernizada, além de estar logisticamente adequada a estrutura atual da

empresa.O Mercantil União cresceu e em 1991 já estava suficientemente

consolidado. A verticalização da empresa trouxe, para sua administração

direta, o Sr. Honório Pinheiro com a inauguração da terceira loja, na

Maraponga – (Fortaleza-CE) que passa a ser modelo para a excelência

pretendida por sua direção.

A empresa passa a ter o nome de Casas Pinheiro e a ser denominada

como supermercado devido ao incremento da infra-estrutura e da área de

perecíveis da empresa. Em 1992 inicia com a entrada direta do segundo sócio

e irmão - Bosco Pinheiro - que assume definitivamente, juntamente com

Page 36: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

36

Honório Pinheiro, a administração das lojas e da recém-inaugurada COABEL -

Comercial de Alimentos e Bebidas. A partir de então, com os dois empresários

à frente dos negócios. Em 1994 a loja da Maraponga, estrategicamente

localizada, supera todas as expectativas e logo se faz necessário ampliá-la.

Sua área de venda é duplicada e passa a ser oferecido um amplo

estacionamento, além disso, foi criado um centro comercial para agregar mais

serviço ao supermercado. A empresa passa, assim, a dar oportunidade aos

pequenos empresários um dos fatores pelos quais, em 1995, recebe o slogan

de O Bom Vizinho. Em 1997 é inaugurada mais uma loja, desta vez no

Mondubim, bairro vizinho a Maraponga. O desejo de melhoria contínua sempre

foi uma constante e, desta forma, em 1998, a loja do Pan Americano passa por

reforma e ampliação. Pensando na capacitação dos seus empregadoes, em

1999 a empresa fundou o seu primeiro Centro de Treinamento - que leva o

nome da professora Gracinda Pinheiro, genitora dos dois empreendedores.

Empresários de visão, os irmãos Bosco e Honório Pinheiro iniciaram o

plano de interiorização do negócio em 2000, instalando um novo ponto de

venda em Quixadá - CE esta loja agrega um novo diferencial, visto trabalhar no

sistema de "atacarejo" - Atacado e Varejo. A empresa segue seu plano de

expansão e em 2001, quando o Supermercado completou dez anos como auto-

serviço, a loja de Messejana entrou em funcionamento. A experiência do

interior resultou um sucesso e assim nasce um novo desafio - inaugurar em

Sobral a maior loja do grupo - fato concretizado em 2002. O Supermercado de

Sobral-CE tem 1.500 metros quadrados de área de venda dedicada ao

supermercado que foi estruturado com equipamentos de última geração e

moderno design, garantindo mais uma vez o propósito de ser uma empresa

voltada para a satisfação do cliente. Junto a ela foi construído o Centro

Comercial que agrega 14 lojas de serviço, dentre elas, o Pino's Ristorante e o

Cinema Renato Aragão, - que conta com duas salas com capacidade para 237

lugares. Este arrojado empreendimento comercial totaliza 5000 metros

quadrados.

Ainda em 2002, o Supermercado desenvolveu um programa de Garantia

de Qualidade sendo o primeiro supermercado, no Brasil, a obter a ISO 9000 -

Qualidade Total em Serviços. Passou por quatro auditorias internas e uma Pré-

Auditoria e a Auditorias de Certificação. Permaneceu certificado até Dezembro

Page 37: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

37

de 2005 através da empresa certificadora BVQI, de origem inglesa. Depois

disso, passou a desenvolver suas auditorias internas trimestrais de forma

autônoma, dando sequência a um programa próprio de qualidade.

O sétimo ponto de venda foi inaugurado no município de Itapipoca-CE,

também no modelo "Atacarejo”. Agrega o parque infantil Mundo do Pinheirinho

no seu Centro Comercial. Dos princípios de qualidade buscados com esforço e

muito trabalho desde a primeira raiz da empresa, colhem os merecidos frutos.

No ano de 2010 é inaugurada a loja do Supermercado em Limoeiro do Norte, o

oitavo empreendimento. A mesma possui 1.820 metros quadrados de área de

venda, 15.000 itens em comercialização e gera 175 empregos diretos e 700

indiretos. Também segue a linha de “Atacarejo”. Adjacente a ela está o Centro

Comercial, com 7 lojas, dentre elas Cinema Francisco Lucena, Mundo

Pinheirinho e Pino’s Ristorante. O empreendimento atende uma população de

285 mil cearenses, localizada na região do Vale do Jaguaribe. Ainda em 2010 o

nono empreendimento foi inaugurado, a loja de Messejana-CE, com 1.800

metros quadrados de área de venda,15.900 itens, gerando 142 empregos

diretos e mais de 400 indiretos. Acompanhando a vertente progressiva do

varejo, em 2011, O Bom Vizinho dá início ao seu décimo empreendimento,

situado em uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza a Washington

Soares, abrange um espaço 1.500 metros quadrados e gera 112 empregos

diretos.

O ano de 2013 foi marcado pela inauguração da segunda loja de Sobral

localizada no Centro, sendo o décimo primeiro empreendimento da rede, que

leva o conceito de loja Premium, com um layout inovador, equipamentos de

alta tecnologia e um mix de produtos diferenciados. O Diretor presidente

Senhor Honório Pinheiro, também é presidente da FCDL - Federação das

CDLs do Estado e diretor da ACESU – Associação Cearense de

Supermercados, e já presidiu com extremo êxito a CDL - Câmara de Dirigentes

Lojistas. A empresa faz parte da Associação de compras dos Supermercados

do Ceará – Super Rede – Maior central de negociação supermercadista. Tudo

isso garante ao bom vizinho praticar preços extremamente competitivos. Os

padrões de excelência são aprimorados constantemente. Para garantir essa

Qualidade foi que a empresa desenvolveu, entre outras ações, um programa

de endomarketing intitulado Encontro de Parceiros, e desde 1995 realiza

Page 38: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

38

encontros ao ar-livre com a totalidade de a sua equipe a fim de levantar

anualmente o diagnóstico organizacional a partir do ponto de vista de seus

empregados.

Hoje a empresa já está na sua terceira geração e conta com o apoio

direto dos sucessores: Alexandre Pinheiro, na área comercial e Xênia Pinheiro,

na área Administrativa- Financeira. Para potencializar a equipe gestora, o

grupo de staff executivo, bastante antigo na organização, atua em suas

respectivas áreas de captação de informações e execuções de tarefas

buscando a sustentação e ampliação organizacional. Para fortalecer o time,

também é costumeiro ver dentro das lojas a figura de outros dois sucessores,

em formação, Tadeu Pinheiro e João Bosco Pinheiro Jr., desenvolvendo seus

talentos na supervisão de lojas e área de logística. A empresa entende como

fundamental o tripé de parcerias entre: clientes-fornecedores e empregados.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Uma das características da pesquisa descritiva é trabalhar com dados

ou fatos coletados da própria realidade. Para isso, foram utilizados

instrumentos como questionário, que ajudam na consecução dos objetivos da

pesquisa (CERVO, BERVIAN, SILVA, 2007). Os instrumentos de pesquisa

servem como guias importantes para direcionar o processo de coleta, análise e

interpretação dos dados, de forma lógica e sistemática.

A técnica de pesquisa utilizada foi à documentação direta e os dados

foram obtidos por meio de questionários (Apêndice, questionário A e Anexo B).

Na coleta de dados, para alcançar os objetivos desta pesquisa e o universo a

ser pesquisado, foi escolhido um instrumento validado e elaborado pelos

autores Carson, Bedeian e Carson (1995) e adaptada e validada para o Brasil

por Magalhães (2008).

A coleta de dados aconteceu no próprio supermercado, no qual foram

passadas todas as considerações para o gerente que reproduziu para os

empregados de acordo com os intervalos de cada setor. Para a seleção da

amostra, todo cuidado foi tomado garantindo uma representatividade em

relação ao quadro de pessoal do supermercado e a equitatividade de gênero,

portanto, a amostragem foi estratificada tendo como estrato principal os cargos

Page 39: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

39

ocupados. Foram entregues 88 questionários lacrados dentro de envelopes

garantindo o sigilo total das identidades por razões éticas e proporcionando a

não exposição da integridade dos empregados. Após responderem o

instrumento de pesquisa, cada participante colocou dentro do envelope, lacrou

e posteriormente foi recolhido pela gerencia local.

3.4.1 Instrumentos de pesquisa

Foram utilizados dois instrumentos para coleta de dados:

Questionário sociodemográfico, que tratou sobre características

socioeconômicas e ocupacionais: gênero, faixa etária, estado civil, renda,

dependentes, escolaridade, nível de atuação na organização e tempo de

experiência no supermercado.

Questionário sobre escala de Entrincheiramento na Carreira Profissional,

com 12 itens organizados em três fatores com quatro itens cada, a saber:

investimentos de Carreira Profissional (itens de 1 a 4), custos emocionais (itens

5 a 8) e delimitações nas alternativas de carreiras (itens de 9 a 12). Escala

desenvolvida por Carson, Bedeian e Carson (1994) e adaptada e validada para

o Brasil por Magalhães (2008).

Os itens são frases que afirmam experiências relacionadas à Carreira

Profissional. As respostas foram assinaladas numa escala de Likert de cinco

pontos, indicando diferentes graus de concordância com as afirmações.

Magalhães (2008) ressalta que o instrumento original é em inglês e foi

traduzido para o português onde não mostraram muitas diferenças quando

comparadas.

No Quadro 3 a seguir, podem ser observados os 12 itens do questionário

sobre escala de Entrincheiramento na Carreira Profissional:

Page 40: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

40

Quadro 3 – Questionário sobre escala de Entrincheiramento na Carreira Profissional.

Dimensão Investimentos na carreira

Q01. Se eu ingressasse em outra linha de trabalho/campo de carreira, iria perder muito investimento em educação e treinamento.

Q02. Eu tenho muito tempo investido em minha linha de trabalho/campo de carreira, ficando difícil mudar agora.

Q03. Mudar de linha de trabalho/campo de carreira seria muito dispendioso para mim.

Q04. Eu já tenho muito dinheiro investido em minha linha de trabalho/campo de carreira atual, ficando difícil mudar agora.

Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras

Q05. Eu teria várias opções se decidisse por mudar de linha de trabalho/campo de carreira

Q06. Com a minha experiência e histórico profissional, existem alternativas atraentes e disponíveis para mim em outras linhas de trabalho/campos de carreira.

Q07. Se eu deixar esta linha de trabalho/campo de carreira, eu me sentirei sem opções razoáveis para a minha vida profissional.

Q08. Eu percebo alternativas para o meu desenvolvimento profissional se eu quiser fazer mudanças na minha carreira.

Dimensão Custos emocionais

Q09. Haveria um grande custo emocional envolvido em mudar de linha de trabalho/campo de carreira.

Q10. Deixar a minha linha de trabalho/campo de carreira causaria pouco trauma emocional em minha vida.

Q11. Seria emocionalmente difícil mudar minha linha de trabalho/campo de carreira

Q12. Mudar de linha de trabalho/campo de carreira seria fácil do ponto de vista emocional. Fonte: Escala desenvolvida por Carson, Bedeian e Carson (1994) e adaptada e validada para o

Brasil por Magalhães (2008);

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Este estudo contemplou as seguintes variáveis analíticas:

a) Variáveis sociodemográficas (ou independentes) e ocupacionais: gênero,

idade, escolaridade, estado civil, cargo ocupado, número de dependente,

tempo de serviço na organização, e faixa salarial.

b) Variáveis das dimensões do Entrincheiramento (ou dependentes):

investimentos de Carreira Profissional, custos emocionais e delimitações

nas alternativas de carreiras.

Page 41: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

41

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

De acordo com Vergara (2004), o tratamento dos dados refere-se aquela

seção que explica ao leitor como os dados da pesquisa foram tratados,

justificando a sua adequação aos objetivos traçados. Os dados desse trabalho

foram coletados através dos questionários incorporados (Apêndice A, Anexo

B), e tiveram um tratamento quantitativo, através de uma análise estatística

descritiva e inferencial (Quadro 4).

A análise estatística foi conduzida tentando responder aos seguintes

questionamentos: Os empregados do supermercado estão entrincheirados? E

quais dimensões de entrincheiramentos se encontram? Portanto, para a

análise do universo de empregados foram divididos em estratos, onde cada um

correspondeu à função que desempenha no supermercado.

Para a descrição do perfil foram realizadas distribuições de frequências,

médias, desvios padrões e teste análises de variância (ANOVA). Para a

validação das escalas referente à amostra dos empregadoses do

supermercado foram utilizadas a Análise Fatorial e Análise da Consistência

interna (Alfa de Cronbach). O software SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences) for Windows na versão 20.0 foi utilizado para as análises.

Page 42: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

42 Quadro 4 – Quadro Síntese da Pesquisa

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

INSTRUMENTO DE PESQUISA

TÉCNICA ESTATÍSTICA

AUTORES REFERENCIADOS

Traçar o perfil sociodemográfico dos

participantes

Questionário Sociodemográfico

Estatística descritiva BASTOS, A.,SCHEIBLE, A. (2006) SCHEIBLE, A.(2004) PASSOS, E.O. ( 2012) Freire, D. A. L., Silva, L. V.(2013)

Freire, D. A. L., Silva, L. V.( 2013)

RODRIGUES, ANA CAROLINA DE AGUIAR,( 2009) PASSOS, E.O.(2012)

Investigar a dimensão investimentos na

carreira

Segunda parte do questionário: itens

1 a 4

Estatística descritiva, cruzamento de dados

e análise fatorial.

Investigar a dimensão custos emocionais;

Segunda parte do questionário: itens

05 a 08

Estatística descritiva, cruzamento de dados

e análise fatorial.

Investigar a delimitações nas

alternativas de carreira

Segunda parte do questionário: itens

09 a 12

Estatística descritiva, cruzamento de dados

e análise fatorial.

Verificar a relação entre o perfil

sociodemográfico dos empregados e o

entrincheiramento

Relacionar a primeira parte do questionário, com a segunda parte.

Estatística descritiva e cruzamento de dados e análise de variância

(ANOVA)

PASSOS, E.O.( 2012)

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

42

Page 43: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

43

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS:

Neste capítulo são mostrados os resultados das análises dos dados

conforme apresentado no método com a aplicação da escala de

Entrincheiramento na Carreira Profissional.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ESTUDADA

No gráfico 1, pode ser observado o tamanho da amostra e a proporção

(%) que todos os estratos ocupam. Dos 88 questionários inicialmente

distribuídos, 5 não foram respondidos resultando em uma amostra menor (N =

83), mesmo assim, correspondeu a 62,87% da população de empregados do

supermercado podendo ser considerado bem representativa com níveis de

significância de 5%.

Gráfico 1 – Proporção dos estratos na amostragem.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Page 44: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

44

As proporções dos 14 estratos na amostra são: gerência (2,4%), fiscais

de caixa (3,6%), operador de vendas (28,9%), atendente de frente de loja

(10,8%), salão (6,0%), frios (6,0%), frigorífico (7,2%), padaria (8,4%), hortis

(3,6%), área de apoio (3,6%), prevenção de perdas (6,0%), auxiliar

administrativo (2,4%), aprendizes (6,0%) e limpeza (4,8%).

4.2 PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DOS RESPONDENTES

Uma das principais informações da primeira parte do questionário é

relacionada ao gênero dos empregados do supermercado, como mostra a

Figura 3, onde pode ser observado um comparativo quanto à distribuição por

gênero. Do total de pesquisados, pode ser observada uma divisão proporcional

com uma leve superioridade dos empregados que pertencem ao gênero

masculino (53%) em relação ao gênero feminino (47%). Pode ser percebido

que as mulheres estão ganhando força no mercado, isso corrobora com o

pensamento de Goldenberg (2003).

Figura 3 – Gênero

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Desde então, muita coisa mudou. As mulheres vêm ganhando espaço

no ensino universitário, no topo da hierarquia das empresas e na política. Esse

resultado do gênero também foi encontrado na pesquisa do Scheible e Bastos

Page 45: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

45

(2006), onde o sexo masculino teve 75,6% de predominância do sexo feminino,

os autores pesquisaram sobre o entrincheiramento em uma empresa na Bahia.

De acordo com o Gráfico 2 abaixo, a idade predominante da população

pesquisada do supermercado é relativamente jovem com 44,6% do total, ou

seja, são pessoas de 18 a 23 anos que, geralmente, estão entrando no

mercado de trabalho. Uma porcentagem bem representativa está na faixa

etária de 24 a 29 anos que pode ser considerado jovem. Essa faixa etária

correspondeu a 31,3% dos pesquisados, estando esse grupo em atividade

plena.

Gráfico 2 – Faixa etária.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Portanto, pode-se afirmar que os empregados do supermercado são

relativamente jovens considerando que mais de 75% do total estão nas duas

faixas etárias iniciais. Pode ainda ser observado que os empregados das faixas

etárias 30 – 35, 36 – 41 e acima de 42 anos, apresentaram percentuais de

15,7%, 3,6 e 4,8%, respectivamente.

Page 46: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

46

O terceiro ponto do questionário sociodemográfico, refere-se ao estado

civil dos empregados pesquisados, que em sua maioria são solteiros, com um

total de 72,3% (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Estado Civil.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

É interessante notar que essa variável pode estar relacionada com a

faixa etária, uma vez que a população é bastante jovem, motivando esse

fenômeno. Ainda pode ser ressaltado que 25,3% estão no estado civil casado e

apenas 2,4% divorciado.

Page 47: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

47

De acordo com o Gráfico 4, pode ser identificada a renda dos

empregados do supermercado, que em sua maioria está entre R$ 679,00 a

1.000,00 reais, o que corresponde a 75,9% da amostra. Apenas 14,5% dos

participantes ganham menos que R$ 678,00 reais, correspondendo ao salário

mínimo com descontos dos impostos.

Gráfico 4 – Renda.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Com números menos expressivos, os empregados que ganham de R$

1.001,00 à 1.500,00 e de R$ 1.501,00 à 2.000,00 reais correspondem a 6,0% e

3,6%, respectivamente, concluindo que a mão-de-obra dos indivíduos da

amostra é remunerada com aproximadamente um salário mínimo.

Page 48: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

48

Quanto ao número de dependentes, a distribuição foi descrita da

seguinte forma (Gráfico 5): 67,5% dos entrevistados não possuem nenhum

dependente, podendo associar relação direta com faixa etária; para um

dependente 18,1%; dois dependentes 9,6% e três dependentes 4,8% dos

empregadoses do supermercado pesquisado.

Gráfico 5 – Número de Dependentes.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Esse fenômeno pode ser um reflexo do custo de vida alto nas cidades,

tornando o planejamento familiar de suma importância para formação de uma

família equilibrada nos dias de hoje.

Page 49: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

49

Para o nível de escolaridade, foram registrados que 67,5% dos

entrevistados tem o ensino médio (Gráfico 6), possuindo relação direta também

com a faixa etária, uma vez que em sua maioria, esses jovens conseguem o

seu primeiro emprego depois que terminam o ensino médio. Com 12,0% segue

os empregados com ensino fundamental, 9,6% dos empregados pesquisados

com ensino técnico e 8,4% do ensino superior.

Gráfico 6 – Escolaridade.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Esses resultados corroboram com pesquisa do CINE-IDT do comercio

do Ceará (2011), que aponta o nível de escolaridade dos comerciantes

cearenses, o ensino médio foi o que mais se destacou na pesquisa com 53,6%

do total.

Page 50: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

50

A maioria dos empregados está no nível médio de atuação no

supermercado, totalizando 89,2% como pode ser observado no Gráfico 7,

abaixo.

Gráfico 7 – Nível de atuação na organização.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Nesse caso, pode justificar o comportamento do salário com maior parte

concentrada próximo ao salário mínimo. Com 7,2% estão os cargos de ensino

fundamental ocupado no supermercado e com 3,6% os cargos de ensino

técnico.

A última variável do questionário sociodemográfico estudada foi acerca

do tempo de experiência no supermercado, mostrado no Gráfico 8 a seguir.

Nele, pode-se observar que as três primeiras classes foram equilibradas, onde

34,9% tem experiência entre 3 a 5 anos, empregados que possuem até 1 ano

totalizam 33,7% e de 1 a 3 anos 30,1%.

Page 51: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

51

Gráfico 8 – Tempo de experiência no supermercado.

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Fica evidente a existência de 3 grupos com distintos tempos de atuação

não ultrapassando 5 anos de experiência, fato que pode ser justificado pelo

tempo de criação da empresa. Conclui-se assim a primeira parte do

questionário.

A tabela 2 abaixo, mostra a síntese do perfil sociodemográfico dos

participantes da pesquisa.

Tabela 02: Síntese do Perfil Sóciodemográfico dos participantes

Gênero Masculino

Faixa etária 18-23

Estado Civil Solteiro

Renda R$ 679,00-1.000,00

Dependentes Nenhum

Escolaridade Ensino médio

Nível de atuação na organização Ensino médio Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Quanto ao gênero o masculno foi a maioria dos empregadoses do

supermercado que possuem faixa etária etre 18 e 23 anos, onde o estado civil

dessa maioria foi solteiro com renda de R$ 679,00-1.000,00 reais. No que se

Page 52: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

52

refere aos dependentes, nenhum foi o resultado mais espressivo com a

escolaridade e o nível de atuação na organização no Ensino médio.

4.3 VALIDAÇÃO DA ESCALA DE ENTRINCHEIRAMENTO

O objetivo é verificar a estrutura interna da escala de entrincheiramento

na carreira profissional, ou seja, verificar se a sequência das 4 perguntas para

cada dimensão se mantém como foi colocada no questionário.

Inicialmente, foi feita a análise fatorial exploratória com a extração dos

componentes principais sendo demonstrada que as matrizes analisadas

apresentam os três fatores (dimensões estudadas) pelo critério de eigenvalues

(auto-valores) maiores que 1 e análise do scree plot. Em seguida, procedeu-se

a análise confirmatória pelo método Principal Axis Factoring (PAF) com rotação

oblíqua (Oblimin), utilizando como critério os três fatores e a porcentagem de

variância explicada no mínimo 5%.

A escala entrincheiramento na carreira profissional mostrou boa

adequação da amostra para a análise de fatores, conforme demonstrado pelo

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy (KMO) de 0,856 e o teste

de Esfericidade de Bartlett aplicado à amostra dos empregados foi significativo,

com p-value < 0,000 e o qui-quadrado aproximado de 463,65. Os dados

levaram à aceitação de uma solução de três fatores com eigenvalues 5,335,

1,723 e 1,096 e com um percentual de 66,81% da variância acumulada

mostrado na Tabela 3 a seguir:

Page 53: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

53

Tabela 3 - Escala de entrincheiramento na carreira dos empregados do supermercado.

Itens Inicial Fator

investimento na carreira

Fator Delimitações

nas alternativas de carreiras

Fator Custos emocionais

2 – Eu tenho muito tempo investido em minha linha de trabalho/campo de carreira, ficando difícil mudar agora.

1,000 0,784

3 – Mudar de linha de trabalho/campo de carreira seria muito dispendioso para mim.

1,000 0,697

1 – Se eu ingressasse em outra linha de trabalho/campo de carreira, iria perder muito investimento em educação e treinamento.

1,000 0,678

4 – Eu já tenho muito dinheiro investido em minha linha de trabalho/campo de carreira atual, ficando difícil mudar agora.

1,000 0,532

5 – Eu teria várias opções se decidisse por mudar de linha de trabalho/campo de carreira.

1,000

0,679

6 – Com a minha experiência e histórico profissional, existem alternativas atraentes e disponíveis para mim em outras linhas de trabalho/campos de carreira.

1,000

0,662

7 – Se eu deixar esta linha de trabalho/campo de carreira, eu me sentirei sem opções razoáveis para a minha vida profissional.

1,000

0,544

8 – Eu percebo alternativas para o meu desenvolvimento profissional se eu quiser fazer mudanças na minha carreira.

1,000

0,520

12 – Mudar de linha de trabalho/campo de carreira seria fácil do ponto de vista emocional.

1,000

0,828

9 – Haveria um grande custo emocional envolvido em mudar de linha de trabalho/campo de carreira.

1,000

0,771

10 – Deixar a minha linha de trabalho/campo de carreira causaria pouco trauma emocional em minha vida.

1,000

0,676

11 – Seria emocionalmente difícil mudar minha linha de trabalho/campo de carreira.

1,000

0,646

Eigenvalue 5,335 1,723 1,096

%S2 44,456 14,357 7,999

%S2 total 66,814

Alfa de Cronbach 0,835 0,801 0,793

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

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54

Os fatores validados foram: Investimento na carreira, Delimitações nas

alternativas de carreira e Custos emocionais, com quatro itens cada. O

ordenamento para os itens na Tabela 3 segue as cargas fatoriais que indicam

quais questões são mais relevantes para caracterizar o entrincheiramento por

fator.

O fator Investimento na carreira apresenta cargas fatoriais variando

entre 0,532 e 0,784, com alfa de Cronbach de 0,835 e explicou 44,456 % da

variância.

O fator Delimitações nas alternativas de carreiras apresenta cargas

fatoriais variando entre 0,520 e 0,679, com alfa de Cronbach de 0,801 e

explicou 14,357 % da variância.

O fator Custos emocionais apresenta cargas fatoriais variando entre

0,646 e 0,828, com alfa de Cronbach de 0,793 e explicou 7,999% da variância.

4.4 DIMENSÃO DO ENTRINCHEIRAMENTO DE CARREIRA

De acordo com um dos objetivos que é o de Investigar a dimensão

investimentos na carreira, a tabela 4 apresenta o resultado:

Tabela 4 - Média e desvio padrão dos fatores de escala de entrincheiramento na dimensão Investimentos na carreira.

Fatores de escala (dimensões) Média Desvio Padrão

Dimensão Investimentos na carreira

2,32 0,57

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

A Tabela 4 mostra à média e desvio padrão dos fatores de Escala

(dimensões) de Entrincheiramento na Carreira Profissional. A média da

dimensão Investimentos na carreira foi 2,32 sendo a menor das três

dimensões, porém também deve ser considerado o menor desvio padrão.

Nesse caso, a menor dispersão dessa dimensão significa que os empregados

do supermercado são semelhantes quanto ao entrincheiramento nessa

dimensão. Esse fenômeno sinaliza que os empregados do supermercado não

investiram muito tempo na carreira, indo de encontro a primeira parte do

questionário que aponta para o fato de a maioria ser muito jovens para possuir

Page 55: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

55

grandes investimentos na carreira. Trabalhos com o mesmo objetivo, a

pesquisadora Passos (2012), encontrou o resultado com médias 3,18 nessa

dimensão de empregados do judiciário de Brasília. Nesse contexto Rowe,

Bastos e Pinho (2011), em sua pesquisa sobre Comprometimento e

Entrincheiramento na Carreira, com universidades de ensino superior

obtiveram médias 3,72 para universidades privadas e 3,95 para universidades

públicas nessa mesma dimensão.

Investigar as delimitações nas alternativas de carreira, é mais um dos

objetivos, e a tabela 5 expõe o resultado:

Tabela 5 - Média e desvio padrão dos fatores de escala de entrincheiramento na dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras.

Fatores de escala (dimensões) Média Desvio Padrão

Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras 3,20 1,13

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Já a dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras apresentou a

maior média e desvio padrão das dimensões investigadas, com valores iguais a

3,20 e 1,13 respectivamente. Essa dimensão pode ser apontada como o

principal eixo de entrincheiramento dos empregados do supermercado. Esse

fenômeno corrobora as características da cidade por não ter muitas opções de

empregabilidade, uma vez que não existem indústrias de grande porte e o setor

terciário (serviços) ser a maior atividade econômica. Também merece destaque

a questão de ser o maior supermercado da região, onde estão atrelados nome,

grande empresa, valores intangíveis e certo status perante outros

estabelecimentos. Foram encontradas médias parecidas no estudo de Freire,

Silva, Muritiba e Santos (2013), com militantes do MST que participaram do

estudo, com médias 3,91 sendo a maior média entre as dimensões analisadas,

o que legitima com resultados da pesquisa analisada com maior média

encontrada entre as dimensões.

Logo se observa a investigação da dimensão custos emocionais como

apresentado abaixo na tabela 6:

Tabela 6 - Média e desvio padrão dos fatores de escala de entrincheiramento na dimensão Custos emocionais.

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56

Fatores de escala (dimensões) Média Desvio Padrão

Dimensão Custos emocionais 3,02 0,85

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Custos emocionais apresentaram média 3,02 e desvio padrão 0,85,

sendo caracterizado como a dimensão intermediária no entrincheiramento,

esse resultado possui uma representatividade bastante singular na pesquisa.

Percebe-se que uma parte dos pesquisados sente-se entrincheirados por essa

dimensão, já que apresenta o conjunto de fatores que a caracteriza. Por

exemplo, custos associados à mudança, interrupção de relacionamentos

interpessoais ocasionados pelo afastamento dos colegas, redução de contatos

no campo de atuação e perda de reconhecimento social devido à renúncia do

papel e status profissional.

4.5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTRATOS

A dimensão que apresentou o menor entrincheiramento foi

Investimentos na carreira. Pode ser observado na Tabela 4 que auxiliar

administrativo e empregadoses da limpeza têm os menores entrincheiramentos

com médias 1,63 e 1,69, respectivamente. Em contraponto, Hortis e Fiscais de

caixa são os mais entrincheirados quanto a essa dimensão com médias 3,25 e

3,17, respectivamente. Suspeita-se que esses últimos estratos devam ter

recebido mais treinamentos em relação aos demais. Apesar disso, não houve

diferenças estatísticas (5% e 1%) entre os estratos para entrincheiramento

nessa dimensão.

As médias dos estratos na dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras foram bem diferentes da dimensão analisada anteriormente (Tabela

5), uma vez que a maioria teve valor acima de 3,0 sendo, a possível resposta

para uma das perguntas propostas pela presente pesquisa: em qual dimensão

os empregados do supermercado encontram-se mais Entrincheirados? O

comportamento geral do entrincheiramento nessa dimensão revela que

Gerência e Limpeza com médias 2,37 e 2,75, respectivamente, são os estratos

menos entrincheirados; já Frios e Hortis com médias 3,60 e 3,50,

respectivamente são os mais entrincheirados. Ainda assim, também não houve

Page 57: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

57

diferenças estatísticas (5% e 1%) entre os estratos para entrincheiramento

nessa dimensão.

Apesar dos empregados estarem entrincheirados em todos os estratos e

nas três dimensões, pode-se verificar que mais de 80% das médias dessa

dimensão são superiores às demais, confirmando que o maior

entrincheiramento do grupo está na dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras.

Page 58: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

58

Tabela 7 – Estratos e dimensões de entrincheiramento.

Dimensão Investimentos na carreira Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras Dimensão Custos emocionais

Estratos Médias

(Desvio Padrão) Estratos

Médias (Desvio Padrão)

Estratos Médias

(Desvio Padrão)

AUX. DMINISTRATIVO 1,63 (0,90) GERÊNCIA 2,37 (0,17) AUX. ADMINISTRATIVO 2,37 (0,53)

LIMPEZA 1,69 (0,94) LIMPEZA 2,75 (1,17) PREVENÇÃO DE PERDAS 2,80 (1,26)

GERÊNCIA 1,87 (0,17) ÁREA DE APOIO 2,83 (0,76) APRENDIZES 2,80 (1,22)

ATEND. FRENTE LOJA 1,88 (0,87) APRENDIZES 3,05 (0,37) LIMPEZA 2,81 (1,16)

PREV. DE PERDAS 2,00 (1,07) ATEND. FRENTE LOJA 3,11 (1,26) ATEND. FRENTE DE LOJA 2,89 (1,25)

ÁREA DE APOIO 2,17 (1,04) FRIGORÍFICO 3,12 (1,21) PADARIA 2,89 (1,19)

PADARIA 2,18 (1,11) SALÃO 3,15 (0,70) ÁREA DE APOIO 2,92 (1,77)

OPERADOR DE VENDAS 2,23 (1,14) PADARIA 3,25 (1,01) OPERADOR DE VENDAS 3,00 (0,84)

FRIOS 2,35 (1,18) AUX. ADMINISTRATIVO 3,25 (0,70) SALÃO 3,00 (0,88)

SALÃO 2,4 (1,09) PREV. DE PERDAS 3,35 (1,00) HORTIS 3,00 (1,75)

FRIGORÍFICO 2,95 (1,04) OPERADOR DE VENDAS 3,37 (0,46) FRIOS 3,25 (1,33)

APRENDIZES 3,00 (1,28) FISCAIS DE CAIXA 3,50 (0,43) FISCAIS DE CAIXA 3,33 (0,94)

FISCAIS DE CAIXA 3,17 (0,80) HORTIS 3,50 (1,50) FRIGORÍFICO 3,45 (0,88)

HORTIS 3,25 (0,90) FRIOS 3,60 (1,30) GERÊNCIA 3,62 (0,17)

F (p-valor) 1,006 (0,456) 0,474 (0,932) 0,271 (0,994)

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Page 59: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

Os estratos Auxiliar Administrativo e Prevenção de perdas foram os que

apresentaram menor entrincheiramento na dimensão Custos emocionais com

médias 2,37 e 2,80, respectivamente (Tabela 7). Em contrapeso os estratos

Frigorífico e Gerência, com médias 3,45 e 3,62 foram as mais entrincheiradas nessa

dimensão. Assim como nos demais, também não houve diferenças estatísticas (5%

e 1%) entre os estratos para entrincheiramento nessa dimensão.

Com média bastante alta, totalizando nas três dimensões, podemos citar os

estratos dos aprendizes, que pode-se concluir esse fenômeno a questão do primeiro

emprego, uma vez que esses empregados estão começando a se inserir no

mercado de trabalho, procurando dar sempre o melhor de si para se manter.

De todas as dimensões e estratos analisados, a maior média foi do estrato

gerência. Os vínculos com a carreira têm se tornado crescente face às mudanças do

mundo do trabalho. A reestruturação organizacional, o aumento da percepção do

trabalhador a respeito da insegurança do trabalho e o crescimento da força de

trabalho são os principais motivos para um maior entrincheiramento da chefia na

organização. Com isso surgem às incertezas e inseguranças que marcam as

transições no mundo do trabalho e que termina se constituindo um obstáculo para

investimento numa nova carreira. O medo da mudança é sempre presente nessa

situação.

4.6 RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E

ENTRINCHEIRAMENTO NA CARREIRA.

Analisando as dimensões do entrincheiramento em relação ao gênero,

percebe-se que as mulheres possuem maior média nas três dimensões. Dessa

forma podemos concluir que elas se preocupam mais com a manutenção do

emprego e a delimitações nas alternativas de carreira, ou seja é o que mais motiva

esse fenômeno como mostra a Tabela 8 a seguir. Com a média 3,52 acompanhada

do menor desvio padrão, isso reafirma que foi a dimensão mais consensual entre as

mulheres. Quanto aos homens, foi bem parecido com as mulheres diferenciando as

médias, que foram proporcionalmente menores atingindo 2,96 como a máxima

também na dimensão delimitações nas alternativas de carreiras. Fica evidente entre

os gêneros que o que os deixam mais entrincheirados é a delimitações nas

59

Page 60: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

60

alternativas de carreira. Diante dessa situação, vem a atitude estática e defensiva

adotada pelo trabalhador face às incertezas e inseguranças que marcam as

transições no mundo do trabalho e que termina se constituindo em um obstáculo

para investimento numa nova carreira.

Houve diferenças significantes (α = 0,05) entre o sexo para o

entrincheiramento nas três dimensões; nesse caso, os colaborados do sexo feminino

são mais entrincheirados do que os do sexo masculino.

Tabela 8 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com Sexo.

Fatores Sexo Média Desv, Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na carreira

Masculino 2,05 0,94 5,68 0,019*

Feminino 2,59 1,15

Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras

Masculino 2,96 0,97 9,76 0,002**

Feminino 3,52 0,60

Dimensão Custos emocionais

Masculino 2,72 1,08 7,54 0,007**

Feminino 3,31 0,88

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Diante da tabela 9, podemos observar que a média de entrincheiramento nas

dimensões está intensamente relacionada com a idade, nas três dimensões a idade

entre 24 e 29 anos, as médias foram parecidas. Entre 30 e 35 anos, as médias

foram iguais nas dimensões delimitações nas alternativas de carreiras e Custos

emocionais, com o valor 3,56 , mostrando que as duas dimensões ressaltam sempre

na pesquisa os maiores índices e principais motivos do entrincheiramento.

Page 61: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

61

Tabela 9 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com Faixa etária.

Fatores Faixa Etária Média Desv, Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Entre 18 e 23 anos 1,90 0,89

3,43 0,012*

Entre 24 e 29 anos 2,55 1,16

Entre 30 e 35 anos 2,75 0,98

Entre 36 e 41 anos 2,33 1,70

Acima de 42 anos 3,31 0,55

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Entre 18 e 23 anos 2,95 0,79

3,05 0,020*

Entre 24 e 29 anos 3,28 0,84

Entre 30 e 35 anos 3,56 0,87

Entre 36 e 41 anos 3,83 1,04

Acima de 42 anos 4,06 0,55

Dimensão Custos emocionais

Entre 18 e 23 anos 2,59 0,94

4,80 0,000**

Entre 24 e 29 anos 3,10 1,07

Entre 30 e 35 anos 3,56 0,75

Entre 36 e 41 anos 4,08 0,76

Acima de 42 anos 3,88 0,48

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

É interessante notar que as médias nas duas dimensões analisadas sobem

progressivamente diante da faixa etária. Esse fenômeno mostra que quanto mais

velho, maior é a média do entrincheiramento, uma vez que são menos propensos a

mudanças e recomeços, diante de outras responsabilidades como família, sociedade

e mercado.Houve diferenças significativa (α = 0,05) entre a faixa etária para o

entrincheiramento nas três dimensões.

De acordo com a pesquisa, no que se refere ao entrincheiramento e estado

civil, os resultados mostraram as três opções com diferentes médias (Tabela 10).

Percebe-se que os empregadoses solteiros obtiveram médias abaixo dos casados e

divorciados. Esse comportamento é mais esperado diante da faixa etária dos

solteiros, onde a maioria tem o supermercado como o primeiro emprego e não

possuírem dependentes. Logo, a média dos casados foram as maiores quase nas

três dimensões, ficando bem evidente o comprometimento e entrincheiramento

dessa população da pesquisa. Conclui-se que os empregados casados são mais

entrincheirados por possuírem mais responsabilidades na administração doméstica

e orçamentos do dia a dia, inclusive dos filhos que dependem dos pais.

Page 62: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

62

Tabela 10 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com Estado civil.

Fatores Estado civil Média Desv. Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Solteiro 1,98 0,97

16,18 0,000** Casado 3,33 0,73

Divorciado 2,25 1,06

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Solteiro 2,95 0,74

17,93 0,000** Casado 4,05 0,66

Divorciado 3,62 0,18

Dimensão Custos emocionais

Solteiro 2,68 0,97

15,35 0,000** Casado 3,87 0,56

Divorciado 4,12 0,53

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Prontamente os divorciados obtiveram maiores índices nas dimensões

delimitações nas alternativas de carreiras e ainda maior nos custos emocionais com

média 4,12 certamente está associado muitos valores intangíveis e

responsabilidades diante do emprego.

Analisando a renda dos empregados do supermercado com as dimensões do

entrincheiramento, podemos observar na Tabela 11 que as menores médias estão

nas duas faixas de salários de até 678,00 reais e 679,00 e 1.000,00

respectivamente. Quando os valores de renda 1.001,00 e 1.500,00 as médias nas

duas das três dimensões são maiores que 4 concluindo que os empregados que tem

esses rendimentos estão satisfeitos, porém imóveis, ou seja, entrincheirados. O

mesmo fenômeno observou nas faixas salariais de 1.501,00 e 2.000,00 com médias

altas, mas os maiores valores nas duas dimensões que mais se destacaram em

quase totalidade da pesquisa: Delimitações nas alternativas de carreiras e Custos

emocionais.

Page 63: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

63

Tabela 11 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com renda.

Fatores Renda Média Desv. Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Até R$ 678,00 2,00 1,08

5,68 0,001** R$ 679, 00 e 1.000,00 2,21 0,99

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 3,95 0,65

R$ 1.501,00 e 2.000,00 3,00 1,09

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Até R$ 678,00 2,70 0,73

4,15 0,009** R$ 679, 00 e 1.000,00 3,26 0,82

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 4,05 0,65

R$ 1.501,00 e 2.000,00 3,75 1,32

Dimensão Custos emocionais

Até R$ 678,00 2,43 0,88

6,61 0,000** R$ 679, 00 e 1.000,00 2,97 0,99

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 4,40 0,29

R$ 1.501,00 e 2.000,00 4,00 0,50

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

A Tabela 12 a seguir, trata-se do entrincheiramento com relação ao número

de dependentes dos empregados do supermercado, observa-se que, na primeira

dimensão, Investimentos na Carreira, as médias não estão tão desiguais, uma vez

que a proporção se mantém em relação ao número de dependentes.

Tabela 12 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com o n° de dependentes.

Fatores N° de dependentes Média Desv. Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Nenhum 1,97 0,93

9,13 0,000** 1 dependente 2,73 1,00

2 dependentes 3,41 0,90

3 dependentes 3,50 1,02

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Nenhum 3,08 0,83

2,57 0,060 1 dependente 3,38 0,93

2 dependentes 3,59 0,48

3 dependentes 4,06 1,07

Dimensão Custos emocionais

Nenhum 2,69 0,99

8,14 0,000** 1 dependente 3,38 0,85

2 dependentes 3,97 0,43

3 dependentes 4,19 0,31

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Page 64: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

64

Diferente da dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras que as

médias foram bastante altas e expressivas com índices maiores que 3, nota-se que

essa dimensão foi a que melhor traduziu essa tabela diante da população alvo da

pesquisa.

É Importante relatar que, na dimensão Custos emocionais, os maiores índices

foram os empregados do supermercado que possuem 2 ou 3 dependentes. Mas

com os parâmetros bem parecidos nos demais indicadores. Nesse caso para a

dimensão delimitações nas alternativas de carreiras não há diferenças estatística

quanto aos dependentes.

Na análise da Tabela 13, podemos observar que os entrincheirados do

supermercado, quanto ao nível de escolaridade, apontaram como médias

relativamente parecidas nas dimensões assinaladas. Alguns itens permaneceram na

mesma média mesmo em dimensões diferente de entrincheiramento, do nível médio

a especialização os empregados apresentaram uma média além dos entrincheirados

das outras análises aqui descritas. Certamente sentem que os cargos correspondem

ao seu nível de escolaridade e habilidades, encontram-se em um comportamento

estático e defensivo.

Tabela 13 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com escolaridade.

Fatores Escolaridade Média Desv.

Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Ensino fundamental 2,28 1,03

4,62 0,002**

Ensino médio 2,86 1,06

Ensino Técnico 3,33 1,13

Ensino Superior 3,50 1,00

Especialização 2,31

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Ensino fundamental 2,33 0,74

5,92 0,000**

Ensino médio 3,25 0,79

Ensino Técnico 3,89 0,56

Ensino Superior 3,50 0,85

Especialização 4,75

Dimensão Custos emocionais

Ensino fundamental 2,08 0,78

4,04 0,005**

Ensino médio 3,02 0,98

Ensino Técnico 3,50 0,87

Ensino Superior 3,50 1,14

Especialização 4,75

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Page 65: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

65

As três dimensões apontam diferenças estatísticas (α = 0,01) entre os níveis

de escolaridade.

Podemos ressaltar o fator da escolaridade, como observado na tabela 14 a

seguir, do ensino fundamental ao nível técnico é a maioria dos empregados do

supermercado. Essa é a principal característica da pesquisa, uma vez que não foi

encontrada nenhuma bibliografia nesse nível no que se refere a questão de

entrincheiramento.Tudo isso também está relacionado ao salário e cargo que

desempenham dentro do supermercado. A dimensão Delimitações nas alternativas

de carreira foi a que recebeu as maiores médias, com menor desvio padrão,

corroborando as demais análises feitas nessa pesquisa com os empregados do

supermercado.

Tabela 14 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com o nível de atuação no supermercado.

Fatores Nível de atuação Média Desv.

Padrão F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Ensino fundamental 1,64 0,69

3,23 0,045* Ensino médio 2,31 1,09

Ensino Técnico 3,20 0,60

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Ensino fundamental 2,39 0,97

6,39 0,003** Ensino médio 3,25 0,80

Ensino Técnico 4,05 0,54

Dimensão Custos emocionais

Ensino fundamental 2,68 0,99

2,60 0,80 Ensino médio 2,97 1,03

Ensino Técnico 3,95 0,62

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Os resultados apontam que as maiores médias no nível de atuação na

empresa estão no nível técnico, chegando a 4,05 e os menores são os que atuam

no ensino fundamental (Tabela 15). A questão da escolaridade mais uma vez fica

evidente diante dos empregados, o que implica um nível baixo do grau de instrução.

Com esse resultado da pesquisa, concretiza uma das questões mais significantes.

Os empregados entrincheirados são de baixa escolaridade, trazendo novos

resultados para bibliografias de entrincheiramento na carreira. Nesse caso, para a

dimensão custos emocionais não há diferenças estatística quanto aos dependentes.

Page 66: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

66

Tabela 15 - Análise de variância para comparar os fatores de escala de entrincheiramento com o

tempo de experiência no supermercado.

Fatores TEMPO DE

EXPERIÊNCIA Média

Desv. Padrão

F p-value

Dimensão Investimentos na

carreira

Até 1 ano 1,89 1,12

4,79 0,004** Entre 1 e 3 anos 2,15 0,83

Entre 3 e 5 anos 2,84 1,02

Entre 5 e 8 anos 3,00

Dimensão Delimitações nas alternativas de

carreiras

Até 1 ano 2,73 0,81

8,39 0,000** Entre 1 e 3 anos 3,22 0,62

Entre 3 e 5 anos 3,70 0,81

Entre 5 e 8 anos 4,25

Dimensão Custos emocionais

Até 1 ano 2,47 1,07

6,43 0,001** Entre 1 e 3 anos 2,99 0,71

Entre 3 e 5 anos 3,52 0,96

Entre 5 e 8 anos 4,00

*p<0,05 e ** p<0,01

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

No comparativo das dimensões de entrincheiramento com o tempo de

experiência no supermercado, é interessante notar o quanto as médias aumentam

de acordo com o tempo de serviço em todas as dimensões, indicado na Tabela 15.

Nota-se que quanto mais tempo na organização, mais entrincheirados os

colaborados ficam, a maioria cria vínculos emocionais, sociais e rotinas de trabalho

que o envolvem corpo e alma. As maiores médias encontram-se entre 3 e 5 anos e 5

e 8 anos. Esses resultados corroboram a pesquisa de Passos (2012) que encontrou

resultados parecidos de acordo com o tempo de trabalho dos empregados da

justiça, com médias crescentes de acordo com o tempo de serviço.

A dimensão de maior destaque nas médias foi a Delimitações nas alternativas

de carreiras, que permaneceu todos sempre em primeiro lugar diante das outras

dimensões.

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67

Quadro 5 - Síntese da Dimensão Investimentos na carreira.

VARIÁVEIS

CLASSE COM MENOR E MAIOR MÉDIA

Gênero Masculino 2,05

Feminino 2,59

Faixa etária Entre 18 e 23 anos 1,90

Acima de 42 anos 3,31

Estado civil Solteiro 1,98

Casado 3,33

Renda Até R$ 678,00 2,00

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 3,95

N° de Dependentes Nenhum 1,97

3 dependentes 3,50

Escolaridade Ensino fundamental 2,28

Ensino Superior 3,50

Nível de atuação no supermercado Ensino fundamental 1,64

Ensino Técnico 3,20

Tempo de experiência no supermercado Até 1 ano 1,89

Entre 5 e 8 anos 3,00

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Fazendo a correlação do questionário sociodemográfico com a dimensão

Investimentos na carreira, observa-se no quadro 5 acima, que o sexo feminino

obteve a maior média seguido da faixa etária acima de 42 anos, com o estado civil

casado e renda de R$ 1.001,00 e 1.500,00 reais. A maior média foi a de três

números de dependentes, e o nível superior também foi elencado com média maior,

com ênfase no ensino técnico no nível de atuação no supermercado com tempo de

experiência entre 5 e 8 anos.

Page 68: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

68

Quadro 6 - Síntese da Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras.

VARIÁVEIS

CLASSE COM MENOR E MAIOR MÉDIA

Gênero Masculino 2,96

Feminino 3,52

Faixa etária Entre 18 e 23 anos 2,95

Acima de 42 anos 4,06

Estado civil Solteiro 2,95

Casado 4,05

Renda Até R$ 678,00 2,70

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 4,05

N° de Dependentes Nenhum 3,08

3 dependentes 4,06

Escolaridade Ensino fundamental 2,33

Especialização 4,75

Nível de atuação no supermercado Ensino fundamental 2,39

Ensino Técnico 4,05

Tempo de experiência no supermercado Até 1 ano 2,73

Entre 5 e 8 anos 4,25

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Ainda correlacionando o questionário sociodemográfico à dimensão

Delimitações nas alternativas de carreiras, observa-se que o sexo feminino obteve

novamente a maior média seguido da faixa etária acima de 42 anos, com o estado

civil casado e renda de R$ 1.001,00 e 1.500,00 reais. A maior média de 3 números

de dependentes, e o nível de escolaridade especialização também foi elencado com

média maior, com ênfase no ensino técnico no nível de atuação no supermercado e

tempo de experiência entre 5 e 8 anos.

A dimensão que entrincheira os empregados do supermercado foi a

“delimitações nas alternativas de carreiras”, observada com a maior média. E

relacionando com a principal característica da pesquisa que é a baixa escolaridade,

onde podemos observar e dar ênfase no nível de atuação dos empregados que

obteve a maior média de 4,05 o nível técnico no supermercado. Em suma, pode-se

observar que os empregados do supermercado possuem baixo grau de

escolaridade, o que podemos concluir uma baixa renda, como mostrado no quadro 6

apresentado na página anterior.

Page 69: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

69

Quadro 07: Síntese da Dimensão Custos emocionais.

VARIÁVEIS CLASSE COM MENOR E MAIOR MÉDIA

Gênero Masculino 2,72

Feminino 3,31

Faixa etária Entre 18 e 23 anos 2,59

Entre 36 e 41 anos 4,08

Estado civil Solteiro 2,68

Divorciado 4,12

Renda Até R$ 678,00 2,43

R$ 1.001, 00 e 1.500,00 4,40

N° de Dependentes Nenhum 2,69

3 dependentes 4,19

Escolaridade Ensino fundamental 2,08

Especialização 4,75

Nível de atuação no supermercado Ensino fundamental 2,68

Ensino Técnico 3,95

Tempo de experiência no supermercado Até 1 ano 2,47

Entre 5 e 8 anos 4,00

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Na correlação entre o questionário sociodemográfico e a dimensão Custos

emocionais, observa-se que o sexo feminino foi novamente o que maior média

obteve, com maior média da faixa etária entre 36 a 41 anos, com a maior média no

estado civil divorciado e renda de R$ 1.001,00 e 1.500,00 reais. A maior média de 3

números de dependentes e o nível de escolaridade especialização foi elencado com

média maior, com ênfase no ensino técnico no nível de atuação no supermercado e

tempo entre 5 e 8 anos de experiência, conforme mostrado no quadro 7 acima.

Page 70: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

70

4.7 ALCANCE DO OBJETIVO GERAL

A tabela 16 abaixo mostra os fatores de escala divididos nas três dimensões

do Entrincheiramento na Careira.

Tabela 16 - fatores de escala divididos nas três dimensões do Entrincheiramento na Careira.

Fatores de escala (dimensões) Média

Dimensão Investimentos na carreira

2,32

Fatores de escala (dimensões) Média

Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras 3,20

Fatores de escala (dimensões) Média

Dimensão Custos emocionais

3,02

Fonte : Dados da pesquisa (2015).

Como pode ser observada na tabela 16, de acordo com a maior média, a

dimensão que determinou o Entrincheiramento da carreira dos empregados do

supermercado pesquisado foi a “Delimitações nas alternativas de carreira”.

Esse resultado indica que os gestores devem observar esse fenômeno com

certa preocupação, uma vez que outros estabelecimentos podem se instalar na

cidade e os trabalhadores migrarem a fim de melhores condições de trabalho e

oportunidade de crescimento profissional. A evidência da falta de alternativas admite

uma oportunidade futura que se espera de uma provável demissão, por parte dos

empregados do supermercado.

Page 71: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

71

5 CONCLUSÃO

O objetivo geral dessa pesquisa foi Identificar as dimensões de

Entrincheiramento Organizacional da carreira dos empregados do supermercado

cearense. O modelo proposto nessa investigação dos autores Carson, Bedeian e

Carson (1995) e adaptado e validado para o Brasil por Magalhães (2008), uma

escala de Entrincheiramento na Carreira Profissional com três dimensões:

investimentos de Carreira Profissional, delimitações nas alternativas de carreiras e

custos emocionais.Foram pesquisados 83 empregados.

O perfil sociodemográfico dos empregados foi assim apresentado: quanto ao

gênero, observou-se que a maioria é do gênero masculino. Foram divididos em 14

estratos, referente as funções sendo: gerência, fiscais de caixa, operador de vendas,

atendente de frente de loja , salão, frios, frigorífico , padaria, hortis , área de apoio,

prevenção de perdas, auxiliar administrativo, aprendizes e limpeza. No tocante a

idade, predominante entre os pesquisados, são pessoas de 18 a 23 anos. O estado

civil dos empregados pesquisados é, em sua maioria solteiro. Quanto à renda dos

empregados, a maioria recebe entre R$ 679,00-1.000,00 reais mensais. No que se

refere aos dependentes, “nenhum” foi o resultado mais expressivo . Quanto a

escolaridade e o nível de atuação na organização, o nível Ensino médio foi

predominante.

Investigada a dimensão investimentos na carreira, a média foi 2,32 sendo a

menor das três dimensões, porém também deve ser considerado o menor desvio

padrão. Já a dimensão delimitações nas alternativas de carreira, foi investigada e foi

a que apresentou a maior média e desvio padrão das dimensões investigadas, com

valores iguais a 3,20 e 1,13 respectivamente. Essa dimensão pode ser apontada

como o principal eixo de entrincheiramento dos empregados do supermercado. Na

terceira dimensão, foi investigada o custos emocionais, a média foi 3,02 e desvio

padrão 0,85 sendo caracterizado como a dimensão intermediária no

entrincheiramento.

Completando-se com o terceiro e último objetivo, relacionar o perfil

sociodemográfico e o entrincheiramento, pode analisar as dimensões do

entrincheiramento em relação ao gênero. Percebeu-se que as mulheres possuem

maior média nas três dimensões, os homens ficaram com médias proporcionalmente

menores. Delimitações nas alternativas de carreiras foi a dimensão de maior média

Page 72: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

72

nos dois gêneros. Em relação com a faixa etária, nas três dimensões a idade entre

24 e 29 anos as médias foram parecidas.

Entre 30 e 35 anos as médias foram iguais nas dimensões delimitações nas

alternativas de carreiras e Custos emocionais com o valor 3,56 mostrando que as

duas dimensões ressaltam sempre na pesquisa os maiores índices e principais

motivos do entrincheiramento. Quanto ao estado civil a média dos empregados

casados, foram as maiores quase nas três dimensões, ficando bem evidente o

comprometimento e entrincheiramento dessa população alvo da pesquisa. No que

se refere ao entrincheiramento e a faixa salarial, as menores médias estão nas duas

faixas de salários de até 678,00 reais e 679,00-1.000,00 respectivamente.

O número de dependentes com o entrincheiramento na primeira dimensão

Investimentos na Carreira, as médias se mantém parecidas, na dimensão custos

emocionais, os maiores índices foram os empregados do supermercado que

possuem 2 e 3 dependentes, já na dimensão delimitações nas alternativas de

carreiras não há diferenças estatística quanto aos dependentes. Os resultados

relacionados ao nível de escolaridade e entrincheiramento apontaram que as três

dimensões não possuem diferenças estatísticas entre os níveis. As médias do nível

de atuação no supermercado, apontam que as maiores médias estão no nível

técnico, chegando a 4,05 e os menores no ensino fundamental com 1,64.

A dimensão Delimitações nas alternativas de carreira foi a que recebeu as

maiores médias, que assim permaneceu praticamente em toda pesquisa.

Relacionando as dimensões de entrincheiramento com o tempo de experiência no

supermercado, é interessante pontuar o quanto as médias aumentam de acordo

com o tempo de serviço em todas as dimensões. Foi percebido que quanto mais

tempo na organização, mais entrincheirados os empregados permanecem.

Este estudo contribuiu para a ampliação do entendimento da temática do

Entrincheiramento como teoria, e na prática sugere que o gestor tenha

conhecimento de um resultado empírico para traçar metas adequadas para a

empresa. Para futuras pesquisas, sugere-se investigar qualitativamente o

supermercado da rede na região metropolitana, onde há mais oportunidades de

emprego teoricamente para os empregadoss, onde a premissa da dimensão

“Delimitações nas alternativas de carreira” poderá ser comprovada em pesquisas do

entrincheiramento nesse determinado contexto.

Page 73: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

73

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________________Gestão de Pessoas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Page 77: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

77

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Page 78: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

78

APÊNDICE

Pesquisa de entrincheiramento na carreira

Questionário A: Perfil Sociodemográfico

Objetivo específico 1: Traçar o perfil sociodemográfico dos participantes.

1. Gênero ( ) feminino ( ) masculino

2. Faixa etária

( ) Entre 18 e 23 anos ( ) entre 24 e 29 anos

( ) Entre 30 e 35 anos ( ) Entre 36 e 41 anos

( ) Acima de 42 anos

3. Estado civil ( ) solteiro ( ) casado

( ) divorciado ( ) viúvo

4. Renda

( ) Até R$ 678,00

( ) Entre R$ 679, 00 e 1.000,00

( ) Entre R$ 1.001, 00 e 1.500,00

( ) Entre 1.501,00 e R$ 2.000,00

( ) Entre 2.001,00 e R$ 2.500,00

( ) Acima de R$ 2.500,00

5. Dependentes

( ) Nenhum ( ) 1 dependente

( ) 2 dependentes ( ) 3 dependentes

( ) Mais de 3 dependentes

6. Escolaridade:

( ) Ensino fundamental

( ) Ensino médio

( ) Ensino Técnico

( ) Ensino Superior

( ) Especialização

( ) Mestrado

Page 79: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

79

7. Nível de atuação

na organização:

( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio

( ) Ensino Técnico ( ) Cursinho

8. Tempo de experiência no supermercado

( ) Até 1 ano ( ) Entre 1 e 3 anos

( ) Entre 3 e 5 anos ( ) Entre 5 e 8 anos

( ) Entre 8 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos

Page 80: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

80

ANEXO

Questionário B: Escala de Entrincheiramento (EEC)

Dimensão Investimentos na carreira

Objetivo específico 2: Investigar a dimensão de investimentos na carreira,

delimitações nas alternativas de carreiras e custos emocionais.

1 – Se eu ingressasse em outra linha

de trabalho/campo de carreira, iria

perder muito investimento em

educação e treinamento.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

2 – Eu tenho muito tempo investido em

minha linha de trabalho/campo de

carreira, ficando difícil mudar agora.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

3 – Mudar de linha de trabalho/campo

de carreira seria muito dispendioso

para mim.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

4 – Eu já tenho muito dinheiro investido

em minha linha de trabalho/campo de

1 = discordo plenamente desta afirmação

Page 81: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

81

carreira atual, ficando difícil mudar

agora.

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

Dimensão Delimitações nas alternativas de carreiras

5 – Eu teria várias opções se decidisse

por mudar de linha de trabalho/campo

de carreira.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

6 – Com a minha experiência e

histórico profissional, existem

alternativas atraentes e disponíveis

para mim em outras linhas de

trabalho/campos de carreira.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

7 – Se eu deixar esta linha de

trabalho/campo de carreira, eu me

sentirei sem opções razoáveis para a

minha vida profissional.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

Page 82: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

82

8 – Eu percebo alternativas para o meu

desenvolvimento profissional se eu

quiser fazer mudanças na minha

carreira.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

Dimensão Custos emocionais

9 – Haveria um grande custo emocional

envolvido em mudar de linha de

trabalho/campo de carreira.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

10 – Deixar a minha linha de

trabalho/campo de carreira causaria

pouco trauma emocional em minha

vida.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

11 – Seria emocionalmente difícil

mudar minha linha de trabalho/campo

de carreira.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

Page 83: entrincheiramento na carreira profissional de empregados em um

83

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

12 – Mudar de linha de trabalho/campo

de carreira seria fácil do ponto de vista

emocional.

1 = discordo plenamente desta afirmação

2 = discordo parcialmente desta afirmação

3 = nem concordo nem discordo desta

afirmação

4 = concordo parcialmente com esta

afirmação

5 = concordo totalmente com esta afirmação

Objetivo específico 3: Correlacionar o perfil dos empregados com cada

dimensão de entrincheiramento.