entrevistas sociolinguísticas como fontes para os estudos culturais

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Anais - Seminário de Estudos Culturais

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  • SEMINRIO DE ESTUDOS CULTURAIS, IDENTIDADES E RELAES INTERTNICAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

    SO CRISTVO, DIAS 05, 06 E 07 DE AGOSTO DE 2009

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    ENTREVISTAS SOCIOLINGSTICAS COMO FONTES PARA OS ESTUDOS CULTURAIS

    Raquel Meister Ko Freitag1 Universidade Federal de Sergipe

    1. INTRODUO Neste texto, apresentamos o Banco de Dados do Grupo de Estudos em Linguagem,

    Interao e Sociedade GELINS, ressaltando suas possibilidades de contribuio para o campo dos Estudos Culturais. Embora sua finalidade seja subsidiar as linhas de pesquisa do GELINS no que concerne aos estudos lingsticos, dada a metodologia de sua constituio, o Banco de Dados tambm pode servir a pesquisas interdisciplinares que necessitem de relatos orais e escritos coletados dentro de uma metodologia de base etnogrfica, tais como a Histria Oral e os Estudos Culturais, na medida em que estas reas tambm lidam com a noo de comunidades de prtica (ECKERT, 2000).

    Criado em 2007, o GELINS um grupo de pesquisa emergente que busca instituir e consolidar a prtica de pesquisa lingstica no Agreste Central Sergipano, regio onde est instalado o Campus Universitrio Prof. Alberto Carvalho da Universidade Federal de Sergipe (Itabaiana/SE). As aes do grupo esto voltadas para: (i) a investigao dos fenmenos da linguagem; (ii) a formao de recursos humanos; e (iii) a constituio de banco de dados lingsticos. As linhas de pesquisa vinculadas ao grupo so: (i) Anlise do Discurso; (ii) Estudos da Oralidade: Fala, Escrita e Ensino de Lngua Materna; (iii) Pragmtica dos Atos de Fala; e (iv) Representaes (scio)lingsticas no Agreste Central Sergipano. Para subsidiar as pesquisas desenvolvidas, e considerando o foco na relao entre linguagem e sociedade, fez-se necessrio iniciar a constituio de um Banco de Dados seguindo uma metodologia apropriada para captar os matizes desta relao. Assim, neste primeiro momento, o GELINS disponibiliza dois tipos de amostra Entrevistas Sociolingsticas e Fala&Escrita as quais so apresentadas detalhadamente a seguir. Inicialmente, preciso contextualizar a Sociolingstica, apresentando o seu mtodo peculiar que a caracteriza dentro dos estudos lingsticos. 1 Ncleo de Letras, Campus Itabaiana/Universidade Federal de Sergipe. E-mail: [email protected].

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    2. A SOCIOLINGSTICA: DADOS E MTODOS A relao entre linguagem e sociedade tem papel significativo nos estudos

    lingsticos, no campo da Sociolingstica. Seja de orientao focada para a abordagem sociolgica (sociolingstica variacionista) ou para a abordagem mais antropolgica (etnografia da comunicao, sociolingstica interacional), a Sociolingstica faz uso de dados lingsticos reais, verdicos, produzidos em contextos igualmente reais e verdicos. Para tanto, a Sociolingstica incorporou a metodologia etnogrfica, a qual se destina anlise descritiva das sociedades humanas, principalmente as tradicionais e de pequena escala, com o procedimento das entrevistas sociolingsticas, caracterizadas pela peculiaridade do mtodo, que visa diminuir/evitar o que Labov (1972) chama de paradoxo do observador. O interesse da sociolingstica analisar o vernculo de uma comunidade de fala, ou seja, o estilo em que o mnimo de ateno dado ao monitoramento da fala (LABOV, 1972, p. 208). O vernculo de uma comunidade de fala a lngua com que se conversa com os amigos ou se conta uma piada, ou seja, o uso lingstico espontneo, ou com o menor monitoramento possvel.

    Para realizar a entrevista, necessria a presena de um elemento estranho comunidade, o pesquisador, em uma situao dialgica tambm estranha (a presena de um microfone e um gravador), gerando o paradoxo do observador: o pesquisador precisa estar presente para coletar uma quantidade de amostra do vernculo adequada e dirigida aos seus estudos, mas como fazer com que o falante fale espontaneamente o seu vernculo diante de um pesquisador que o est tomando como material de anlise?

    Estratgias para tentar minimizar os efeitos do paradoxo do observador costumam ser aplicadas, como o treinamento de um membro da comunidade para a coleta dos dados e a elaborao de um roteiro de entrevista dirigida para determinados temas com os quais o falante se envolva e esquea-se de que est sendo gravado, como situaes de risco de morte, fatos da infncia, etc., alm de questes dissertativas sobre assunto especfico (economia, esporte, poltica, religio) e questes procedurais (receita, como chegar em...?). Ao falar sobre experincias com as quais se envolveu afetivamente, o falante envolve-se com o tema discorrido e se esquece de monitorar a fala. esse o contexto de anlise que interessa sociolingstica laboviana: o contexto em que o falante fala o seu vernculo. As entrevistas sociolingsticas seguem um roteiro previamente estabelecido,

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    que foi montado com vistas a obter o vernculo dos entrevistados. Falar sobre fatos da infncia, sobre situaes familiares complexas, sobre como era a vida na cidade, sobre uma situao de risco de morte, so alguns dos pontos abordados nas entrevistas. Na seo a seguir, so apresentadas as duas amostras que compem o Banco de Dados do GELINS: Entrevistas Sociolingsticas e Fala&Escrita.

    3. BANCOS DE DADOS DO GRUPO DE ESTUDOS EM LINGUAGEM, INTERAO E SOCIEDADE

    3.1 Amostra Entrevistas Sociolingsticas A amostra Entrevistas Sociolingsticas est focada no vernculo de uma

    comunidade de fala. A constituio da amostra Entrevistas Sociolingstica considera, em sua fase inicial, as variveis sexo/gnero e faixa etria. Quando finalizada a primeira etapa do projeto, o banco de dados contar com 24 entrevistas sociolingsticas, com pessoas selecionadas em funo de seu perfil social adequado metodologia sociolingstica (morador da cidade, nascido na cidade, com pais nascidos na cidade), estratificados em 12 clulas sociais (fig. 1).

    Primrio Colegial Masculi

    no Feminin

    o Masculi

    no Femini

    no 15 a 21 anos 2 2 2 2 25 a 49 anos 2 2 2 2 Mais de 50 anos

    2 2 2 2

    Total 24 Figura 1. Estratificao social da amostra

    Nesta etapa de desenvolvimento do projeto, o banco de dados conta com 10 entrevistas, com pessoas selecionadas em funo de seu perfil social adequado metodologia sociolingstica. No mtodo sociolingstico, inicialmente, so mapeados falantes que possuam as seguintes caractersticas: a) preferencialmente deve ter nascido na localidade; b) ter morado na cidade a maior parte de sua vida; c) deve ser uma pessoa que no cause estranheza a outros moradores da regio. Em seguida, os falantes so

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    classificados quanto rede de comunicao (rede fechada, pessoas fechadas, que no lidam com o pblico, no se comunicam com facilidade, e rede aberta, pessoas comunicativas, que trabalham para a comunidade, lidam com o pblico), escolaridade e faixa etria. Identificado o falante com perfil compatvel, o entrevistador se apresenta identificando-se como estudante universitrio e solicita a sua colaborao para um trabalho acadmico que precisa fazer sobre como vive, o que pensa, o que faz, como se diverte, em que acredita o verdadeiro morador da cidade. Com a concordncia do falante, realiza-se uma entrevista de checagem, com durao de 5 a 20 minutos, que subsidia a elaborao do roteiro da entrevista que constar no banco de dados. Os temas da entrevista de checagem so a histria residencial; a histria familiar; a histria escolar; a histria ocupacional;os hbitos de leitura, TV, rdio, esportes, festas, lazer; e o contato com falantes de outras lnguas e/ou outros dialetos do portugus. A gravao da entrevista deve ser agendada com o falante previamente e ser realizada, de preferncia, em sua prpria casa ou em outro local em que ele se sinta o menos tenso possvel, apesar da interferncia do entrevistador e do gravador. A entrevista deve ser orientada por um roteiro produzido a partir dos dados da entrevista de checagem, com assuntos que permitam que o entrevistado fique vontade para falar a maior parte do tempo e produza um discurso lingisticamente variado em termos de vocabulrio, estruturas, tempos e modos verbais, pronominalizaes, etc. A entrevista pode contar com a participao de uma terceira pessoa, o rotulado interveniente que pode ser tanto um acompanhante do entrevistador quanto um membro da famlia do entrevistado.

    Aps a gravao, deve-se proceder audio da entrevista, necessariamente por outro pesquisador que no o entrevistador. Devem ser observados rudos que possam atrapalhar a transcrio. possvel submeter a gravao ao programa computacional Sound Forge, o qual elimina rudos e torna mais ntida a gravao. Caso a gravao tenha rudos que no podem ser eliminados por meio da manipulao computacional, a entrevista deve ser refeita, preferencialmente com outro informante da mesma clula social. Aps a transcrio, faz-se necessrio passar a gravao pelo processo de reviso da transcrio, o qual deve ser realizado por pesquisador diferente do transcritor. Finalizado o processo de gravao, transcrio e reviso, procede-se checagem final da entrevista, com a conferncia de informaes, elaborao da ficha social que ficar disponvel no banco de dados, impresso da transcrio e disponibilizao no banco de dados.

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    3.2 Amostra Fala&Escrita Tambm faz parte do Banco de dados do GELINS a amostra Fala&Escrita,

    constituda nos moldes do banco de dados do projeto Discurso & Gramtica (FURTADO DA CUNHA, 1998). Esta amostra composta por 5 textos na modalidade oral e escrita produzidos por 20 falantes. Os cuidados para evitar os efeitos do paradoxo do observador, j descritos anteriormente na amostra Entrevistas Sociolingsticas, tambm so observados. Primeiramente, devem ser identificados 10 indivduos para servirem de informantes para a investigao. Cada indivduo dever produzir cinco tipos distintos de textos orais e, a partir destes, cinco textos escritos, para assim garantir a comparabilidade entre a modalidade falada e escrita, o que totaliza 100 registros. Os tipos de textos so: (i) narrativa de experincia pessoal; (ii) narrativa recontada; (iii) descrio de local; (iv) relato de procedimento; e (v) relato de opinio. Os falantes tambm so estratificados quanto faixa etria e escolarizao.

    4. COMUNIDADES DE PRTICA Assumindo a perspectiva de que a Sociolingstica o campo dos estudos

    lingsticos que busca estabelecer as relaes entre lngua e sociedade, fenmenos lingsticos variveis podem funcionar como uma espcie de ndice de pertencimento lingstico em uma dada comunidade. Na perspectiva laboviana (LABOV, 1972; 1982), a concepo de que a comunidade de fala no de grupo de falantes que utiliza as mesmas formas lingsticas, mas a de grupo que compartilha dos mesmos valores associados aos usos da lngua, o que pode ser observado pelos julgamentos de valor (positivo ou negativo) atribudos conscientemente pelos falantes aos usos lingsticos. Eckert (2000) prope o estudo da variao centrada nas comunidades de prtica, nas quais os indivduos, ao escolherem pertencer a esta ou quela comunidade, compartilham repertrios de prticas, dentre os quais as lingsticas. Nessas comunidades, as variantes lingsticas assumiriam significado social, havendo relao direta entre lngua e significado. O estudo da variao lingstica como prtica social requer, alm da realizao da anlise quantitativa, a observao do comportamento dos falantes em comunidades de prtica. Nesse modelo de anlise, a entrevista sociolingstica mostra-se instrumento relevante no s para coletar

    dados de fala, mas tambm para proceder a um primeiro diagnstico dos grupos ou

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    comunidades formadas em torno de um empreendimento comum. As narrativas de experincia pessoal, favorecidas nas entrevistas sociolingsticas, fornecem pistas sobre a relao em rede (social) dos indivduos e sobre os grupos que constituem as personae ou identidades sociais (ECKERT, 2005) reconhecidas em uma localidade.

    Em sua teoria da variao tida como prtica social, Eckert (2000) olha para os falantes como sujeitos que, ao se inserirem em prticas sociais, constituem categorias sociais e constroem (e respondem a) o significado social da variao. Com isso, inerente ao fenmeno de variao/mudana lingstica o processo de constituio da identidade dos indivduos, pois nesse processo (que envolve tambm a constituio do gnero) que as variveis lingsticas assumem valor social (ECKERT, 2000).

    O estudo da variao lingstica como prtica social (ECKERT, 2000) requer, alm da realizao de anlise quantitativa, a observao dos falantes em comunidades de prtica. Nesse modelo de anlise, a entrevista sociolingstica mostra-se instrumento relevante no apenas para coletar dados de fala, mas tambm para proceder a um primeiro diagnstico dos grupos ou comunidades formadas em torno de um empreendimento comum. As narrativas de experincia pessoal favorecidas nas entrevistas sociolingsticas fornecem pistas sobre a relao em rede (social) dos indivduos e sobre os grupos em que se constituem as personae ou identidades sociais (ECKERT, 2005) reconhecidas em uma localidade.

    Nas comunidades de prtica, a liderana, por exemplo, pode dar ao lder o poder de propor inovaes, at mesmo lingsticas, j que o grupo de liderados o legitima e segue, aderindo aos comportamentos por ele adotados. tambm nas comunidades de prtica que se pode observar, atravs do estudo etnogrfico, como as relaes entre uso da linguagem, estilo e construo de identidade se do para cada indivduo. Assim, o uso de bancos de dados constitudos nos moldes da sociolingstica pode colaborar com os Estudos Culturais, na medida em que investigaes desta natureza podem mostrar que existem razes sociais para a escolha de formas sociolingsticas, procurando evidenciar as variveis lingsticas podem veicular significados sociais localmente fundamentados (LABOV, 1972; ECKERT, 2000). Vejamos dois exemplos.

    4.1 Receitas culinrias

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    Arajo, Barreto e Carvalho (2008) analisaram os tipos de texto relatos de procedimento da amostra Fala&Escrita, focando o gnero receita culinria, o qual associado vida e aos costumes alimentares de uma sociedade, em que a vida cotidiana, a cultura material, as mentalidades e a famlia influenciam no gosto por determinados alimentos. A investigao engendrada visava elencar as receitas culinrias tpicas de uma identidade itabaianense, j que a cultura culinria de uma sociedade pode ser representada por seus hbitos alimentares, pelas escolhas de produtos culinrios e pela relao existente entre a comida e a identidade cultural da sociedade na qual est inserida, mostrando que o gnero textual receita culinria, portanto, de grande valia para identificar uma determinada sociedade tanto nos hbitos alimentares como no seu modo de vida em sociedade, pois o alimento visto como produto, mas representa muito mais do que isso, nossas atitudes em relao alimentao so regidas por fatores como classe social, idade, sade, entre outros.

    4.2 Esteretipos itabaianenses A constituio e a representao de esteretipos lingsticos na comunidade de

    Itabaiana/SE tambm podem ser evidenciadas por meio de anlise das amostras do Banco de Dados GELINS, como revelam os estudos de Freitag (2008) e Freitag, Santos e Santos (2009). Esteretipos so um dos trs tipos de traos identificados por Labov, nas variveis sociolingsticas, associados avaliao social atribuda s variantes e, em certos casos, entre os elementos que o autor rotula como marcadores (LABOV, 1972, p. 314). Labov contrape os esteretipos (traos socialmente marcados de forma consciente) aos marcadores (traos lingsticos social e estilisticamente estratificados, que produzem respostas regulares em testes de reao subjetiva) e aos indicadores (traos socialmente estratificados, mas no sujeitos variao estilstica, com pouca fora avaliativa) os dois ltimos tidos como decorrentes de julgamentos sociais inconscientes. Dessa forma, num contnuo de avaliao social, temos, do mais ao menos marcado socialmente: esteretipo > marcador > indicador. Vale destacar que a avaliao das formas variantes um dos cinco problemas centrais no estudo da mudana (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968) e consiste basicamente em responder questo: como os membros de uma comunidade de fala avaliam uma dada mudana, e qual o efeito desta avaliao sobre a mudana? (LABOV, 1982, p. 28).

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    Figura 2. O jeito tpico do itabaianense (amostra Fala&Escrita, texto 26)

    Figura 3. Fio do cano como marca itabaianense (Amostra Fala&Escrita, texto 17)

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    A anlise de textos da amostra Fala&Escrita revela, por exemplo, quais caractersticas que o falante (neste caso, aluno da 5 srie) elenca como componentes do jeito tpico itabaianense: o uso de nomes como cano, cabrunco e peste (FREITAG; SANTOS; SANTOS, 2009), associados a traos pejorativos, considerados como palavro e xingamento.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Neste texto, mostramos que um banco de dados que inicialmente fora constitudo com fins de subsidiar estudos de natureza lingstica pode, tambm, servir a investigao em outras reas, tais como os Estudos Culturais e a Histria Oral. Esta possibilidade deve-se ao fato de o Banco de Dados do Grupo de Estudos em Linguagem, Interao e Sociedade ter sido constitudo sob a orientao metodolgica da Sociolingstica, a qual trava forte relaes com o mtodo etnogrfico. Aps a descrio das caractersticas e dos detalhes da constituio das amostras que compem o Banco de Dados do GELINS Entrevistas Sociolingsticas e Fala&Escrita , foram apresentados alguns estudos interdisciplinares que se valeram das amostras. Por fim, convm dizer que o banco de dados do GELINS est disponvel e aberto comunidade acadmica. Cada entrevista consta com a verso transcrita impressa, mdia gravada em udio e em arquivo formato *.txt. O uso do banco de dados tem como contraparte a citao da fonte e doao de um exemplar da publicao decorrente da pesquisa.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARAJO, Andria Silva; BARRETO, Eccia Alcia; CARVALHO, Eliana dos Santos Silva de. Receitas culinrias na constituio de uma identidade itabaianense. In: Anais do II Frum Identidades e Alteridades: Prticas e discursos em mltiplos espaos, 2008, Itabaiana. So Cristvo: Editora da UFS, 2008. p. 1-10.

    ECKERT, Penelope. Linguistic variation as social practice. Oxford: Blackwell, 2000.

    ECKERT, Penelope. Variation, convention and social meaning. Paper Presented at the Annual Meeting of the Linguistic Society of America. Oakland, 2005. Disponvel em http://www.stanford.edu/~eckert/EckertLSA2005.pdf

    FREITAG, Raquel Meister Ko. Esteretipos lingsticos itabaianenses. In: Anais do II Frum Identidades e Alteridades: Prticas e discursos em mltiplos espaos, 2008, Itabaiana. So Cristvo: Editora da UFS, 2008. p. 1-10.

    FREITAG, Raquel Meister Ko., SANTOS, Juliana Carla dos, SANTOS, Solange dos. Fio do cano: marca lingstica identitria do itabaianense. InterSciencePlace, v. 5, p. 1-13, 2009.

    FURTADO DA CUNHA, M. Anglica. Corpus Discurso & Gramtica: a lngua falada e escrita na cidade de Natal. Natal: EDUFRN, 1998.

    LABOV, William [1972]. Padres sociolingsticos. So Paulo: Parbola, 2008.

    LABOV, William. Building on empirical foundations. In: Winfred Lehmann; Yakov Malkiel (orgs.). Perspectives on historical linguistics. Amsterdam/ Philadelphia: John Benjamins Publishing, 1982.

    WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG; Marvin [1968]. Fundamentos empricos para uma teoria da mudana lingstica. So Paulo: Parbola, 2006.