entrevista em profundidade como técnica de pesquisa qualitativa
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Saúde Coletiva
ISSN: 1806-3365
Editorial Bolina
Brasil
DA SILVA, ANA LÚCIA
Ensaios em Saúde Coletiva: Entrevista em Profundidade como Técnica de Pesquisa Qualitativa em
Saúde Coletiva
Saúde Coletiva, vol. 2, núm. 7, 2005, p. 71
Editorial Bolina
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84220794001
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Silva AL Entrevista em Profundidade como Técnica de Pesquisa Qualitativa em Saúde Coletiva
Saúde Coletiva 2005;02(7):71 71
Ensaio em saúde coletiva
ANA LÚCIA DA SILVA
Doutora em EnfermagemInstituto da Saúde
Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Coordenadoria do Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo
Ensaios em Saúde Coletiva:Entrevista em Profundidade
como Técnica de Pesquisa Qualitativa em Saúde Coletiva
As pesquisas em Saúde Coletiva também podem ser pautadas utilizando-se como técnica para
coleta de dados, a entrevista individual em profun-didade e não diretiva que é uma forma de apreen-der os sentidos/significados nos discursos dos su-jeitos. Esta técnica busca expressividade no grupo a ser estudado.
A técnica de entrevista em profundidade deve ser iniciada com perguntas de caráter mais concre-to, fatuais e relacionadas às experiências cotidianas dos sujeitos, para gradativamente passar a pergun-tas que envolvam reflexões mais abstratas e julga-mentos. As perguntas são formuladas exatamente para irem além da espontaneidade em direção ao que, por várias razões, não é comumente dito. Com freqüência, o não dito, por exemplo, uma premissa implícita que se omite, pode ser o conteúdo prin-cipal relacionado ao objeto de pesquisa. Os con-teúdos implícitos só podem ser captados após al-gum tempo de diálogo com o entrevistado porque nos minutos iniciais, há uma inibição da espon-taneidade prevalecendo conteúdos do superego em relação ao ego e os conteúdos afloram apenas após um período de relaxamento, onde as defesas conscientes são “quebradas” quando, então, pode-
se apreender o implícito na narrativa discursiva. Não se pode induzir perguntas. É importante que ocorra o “discurso livre”. A intervenção do pesqui-sador deverá ocorrer somente para aprofundar a compreensão de conteúdos relativos ao fenômeno que está sob foco. Entrevistas pautadas sob esta ótica podem ter duração prolongada, chegando à duração de uma hora ou mais.
Neste tipo de entrevista, a arte do investigador consiste em não condicionar respostas, mas per-mitir ao entrevistado falar livremente e com isto, descobrir as tendências espontâneas em lugar de canalizá-las. Nessa forma de abordagem não se pode trabalhar ao mesmo tempo com um grande número de pessoas. Se se desejar trabalhar, por exemplo, com grupos, a abordagem necessaria-mente terá que ser outra, por exemplo, o grupo focal, que é largamente utilizado nas pesquisas em Saúde Coletiva.
Finalizando, três exemplos de questionamentos para entrevista em profundidade: “Como é para você trabalhar no Programa de Saú-de da Família? Fale um pouco...”“Conte-me o que quiser sobre sua última gravidez.”“O que é para você ter saúde? E o que é estar doente?”
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