e n t r e v i s t a

O MUNICIPAL N.º 357 - Outubro/2010

ASSOCIAÇÃO

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MUNICIPAIS

“O Municipal” - O que é o “Apoio

ao Movimento Escolar” criado pela

autarquia local?

Dr.ª Isabel Soares - Este é um programa

desenvolvido pela CMS, que congrega

três projectos, realizados com o apoio

dos agrupamentos escolares e que

são já uma referência na comunidade

escolar do concelho. A saber: Programa

de Adaptação ao Meio Aquático (PAMA

- Projecto desenvolvido ao longo do ano,

no qual participam alunos das Escolas do

1º Ciclo do Concelho e através do qual as

crianças das diversas escolas usufruem

de aulas nas piscinas municipais); Jogos

Desportivos Escolares - Troféu Espírito

Desportivo (Projecto que visa colaborar

com as escolas, por forma a promover uma

maior intervenção da população escolar na participação activa

em actividades desportivas e que termina com a atribuição dos

troféus Espírito Desportivo aos vencedores); Dia D’Aventura (Ao

conceber este projecto para todos os estudantes que frequentam

“O Municipal” - Em termos do sistema

educativo e desportivo, considera que

o Município de Silves oferece aos jovens

condições e infra-estruturas em proporção

à procura?

Dr.ª Isabel Soares - A autarquia procura

disponibilizar aos munícipes as melhores

condições no que toca á educação, que

é uma das suas prioridades. Tem feito um

investimento considerável no que toca

aos estabelecimentos do 1º ciclo e pré-

primário, tendo edificado, de raiz, 10 novas

escolas desde 1998, altura em que a actual

presidente da CMS tomou posse. Continua a

trabalhar em prol da população e está para

breve a construção de uma nova escola,

em S. Bartolomeu de Messines. Todavia,

há sempre sonhos a cumprir e desejos que

se pretendem implementar, mais ainda, considerando que

a população em idade escolar aumentou grandemente nos

últimos anos, em consequência do número crescente de famílias

imigrantes a residir no concelho.

Dr.ª MarIa ISabel FernanDeS SIlva SoareSPreSIDente Da CâMara MunICIPal De SIlveS

SIlveS

Localizado no distrito de Faro, o concelho de Silves tem uma área total de 679 km2, composto por 8 freguesias, sendo o

segundo maior do Algarve.

A presença humana na região de Silves remonta aos tempos pré-históricos, comprovados através da existência de monumentos

megalíticos, tais como os menires do Monte Roma e da Vilarinha.

Também os vestígios da conquista romana são visíveis no actual núcleo urbano de Silves, sendo que a ocupação muçulmana,

bem como a prolongada permanência dos povos árabes, deixaram marcas profundas na história e urbanismo da cidade.

O concelho de Silves apresenta uma grande riqueza natural e paisagística, permitindo apreciar distintos ambientes e

ecossistemas, pois na área que integra o seu território podem observar-se três características distintas entre si: a Serra, o

Barrocal e o Litoral.

A flora algarvia tem características marcadamente mediterrânicas, embora diferentes em diversas zonas, sendo a alfarrobeira

uma das espécies mais significativas e o Barrocal a zona que apresenta maior diversidade de flora.

Para nos dar a conhecer um pouco mais de Silves, reproduz-se a entrevista da Presidente da Câmara Municipal, Dr.ª Isabel

Soares.Fonte: http://www.cm-silves.pt

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desta iniciativa? Têm sido atingidos os objectivos

propostos na promoção do concelho?

Dr.ª Isabel Soares - O grande propósito deste evento

é proporcionar a crianças, idosos, jovens e demais

população que visite a cidade uma visão do que ela

terá sido outrora e da sua importância incontornável

na história do Al-Gharb, para além de potenciar

o turismo cultural e a promoção do concelho,

apresentando-o como uma zona chave numa região

onde o tipo de Turismo instalado é o de Sol e Praia.

Em cada edição da Feira tentamos enfocar um

período específico, mais ou menos lato, da história da

região, que se materializa na realização de pequenos

apontamentos cénicos, com lugar em distintos locais

da área ocupada pelo evento. Este ano as atenções

recairam sobre o período de dominação muçulmana,

cerca de cinco séculos de crescimento urbano, desenvolvimento

sócio-económico, esplendor cultural e tolerância religiosa.

Os nossos objectivos têm sido plenamente atingidos, sendo a

cidade de Silves visitada por mais de 200 mil pessoas durante

o período da feira e conhecida, em todo o país e estrangeiro

(por exemplo, na Andaluzia este evento é do conhecimento

geral) por ele e pelos seus monumentos e património. Esta é,

igualmente, uma forma de consciencializar os habitantes para

a necessidade de investir na preservação desta memória e de

a dar a conhecer.

“O Municipal” - O Município de Silves integra a Associação de

Municípios Portugueses do Vinho e a Associação Internacional

das Cittás Slow, sendo os “Vinhos de Silves” um dos produtos

a Escola Secundária de Silves, a Câmara Municipal de Silves e

este estabelecimento de ensino procuram promover a prática

desportiva e incentivar os jovens a uma vida mais saudável. O

Prémio Dia D’Aventura é concedido anualmente à turma que,

durante esse período e na sequência da sua participação num

conjunto de actividades desportivas, obtiver o maior número

de pontos).

“O Municipal” - O meio ambiente e a sua preservação são

uma preocupação e uma responsabilidade de todos nós. Nesse

sentido, a Câmara Municipal de Silves criou o programa “Faz-te

à vida”. Em que consiste?

Dr.ª Isabel Soares - O Programa “Faz-te à vida” não tem nada

a ver com o meio ambiente e a sua preservação e,

sim, com o estímulo à prática desportiva e à melhoria

da condição física dos munícipes, bem como para os

benefícios que esta origina na sua saúde. Pretende

despertar a população para uma mudança de atitude no

seu dia-a-dia, adoptando um estilo de vida mais saudável,

gerador de uma comunidade mais viva e activa, através

da criação regular de acções que proporcionem aos

munícipes oportunidades de participação desportiva e

de informações úteis, incentivando-os a criarem as suas

estratégias de treino. Por isso, temos várias acções que

nele se enquadram: férias desportivas de verão; folhetos

toca a nadar, toca a pedalar e toca a andar; todas as

acções desportivas promovidas pela autarquia.

“O Municipal” - Teve lugar, de 7 a 15 de Agosto

de 2010, a sétima edição da “Feira Medieval de

Silves”. Quais as razões que levaram à criação

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tradicionais do concelho. Qual a sua projecção, a nível nacional

e internacional?

Dr.ª Isabel Soares - A marca “Vinhos de Silves” serve de

“chapéu-de-chuva” para todas as marcas dos produtores do

concelho. Digamos que é uma marca associada aos produtores

do concelho. Sugiro que possa ir ao portal da autarquia e ver

a brochura que ali se encontra sobre este tema (http://www.

cm-silves.pt/portal_autarquico/silves/v_pt-PT/menu_turista/

concelho/vinhos_silves/).

Estes produtores do concelho de Silves têm os seus produtos na

mais alta conta a nível nacional e internacional, atendendo aos

inúmeros prémios que lhes foram atribuídos, nomeadamente

no salão internacional de Bruxelas, o mais importante do

género no mundo. São mencionados em publicações nacionais e

estrangeiras e referidos, pelos enólogos de referencia no país,

como o Aníbal Coutinho, como tendo grande qualidade.

“O Municipal” - Sabendo-se que Silves é um concelho rico em

vestígios arqueológicos, quer romanos, quer árabes, quais as

áreas de intervenção da autarquia local em vista da preservação

de tão relevantes testemunhos históricos? Em termos turísticos,

quais as ofertas do Município de Silves para quem o visita?

Dr.ª Isabel Soares - Há mesmo vestígios fenícios e de outras

civilizações, para não falar do passado medieval cristão, judaico

e muçulmano…

O Município está a realizar a segunda fase da recuperação do

centro histórico da cidade, acção que muito nos honra e que

pretende preservar o ambiente da cidade, mas também dar a

conhecer os achados que nela forem feitos.

Nesse sentido, tem desenvolvido esforços

na organização de eventos e na delimitação

de espaços relacionados com a arqueologia,

de que a recuperação do castelo (com apoio

do POLIS Silves) é, talvez, o mais visível.

Podemos, igualmente, referir os encontros

de arqueologia do algarve, organizados em

parceria com o IGESPAR e com a UALG, que

têm uma dimensão internacional; a edição

da revista Xelb; a integração na rede de

museus do Algarve; a organização e edição

de diversos percursos, que os visitantes

poderão fazer autonomamente, entre

outras iniciativas neste campo.

Para visitar, há muito: o castelo, o museu

de arqueologia, a biblioteca municipal, a

casa da cultura islâmica e mediterrânica

(http://www.cm-silves.pt/portal_autarquico/silves/v_pt-PT/

pagina_inicial/destaques/gharb+ao+algarve.htm), o centro de

interpretação islâmico, várias igrejas, capelas e locais ligados

à religiosidade cristã, os percursos que permitem ver menires

e outras estruturas pré-históricas, a casa museu João de Deus,

entre muitas outras coisas interessantes, ligadas ao património

e história.

“O Municipal” - Dos diversos serviços municipais constam o

Gabinete de Inserção Profissional (GIP) e o Gabinete de Apoio

ao Empresário (GAE). Em que consistem? Os resultados obtidos

têm sido positivos?

Dr.ª Isabel Soares - O GAE procura dar resposta às

necessidades dos empresários locais e potenciais investidores,

designadamente:

- Na procura de informação dentro e fora do município e no

fornecimento desta (em tempo útil) aos empresários;

- No acompanhamento, elaboração e posterior implementação

de Projectos Estratégicos para o Desenvolvimento;

- Junto das instituições Internacionais, Regionais e Locais de

apoio à actividade económica, na promoção de interesses dos

empresários;

Tem como grandes Objectivos:

1. Assumir-se como interlocutor e como rosto da Autarquia nas

relações desta com os empresários e potenciais investidores;

2. Prestar informação sobre legislação, formalidades, apoios e

contactos a estabelecer;

3. Apoiar o relacionamento do empresário com diversas entidades

públicas e privadas, assumindo um papel não só de interlocutor

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mas igualmente de parceiro nas relações interinstitucionais;

4. Promover o desenvolvimento económico e social do concelho

e da região de forma activa e participativa, estreitando

pontes entre Público – Privado e criar sinergias entre os vários

stakeholders.

As suas competências prendem-se com:

- A Criação de um cadastro empresarial do concelho e respectiva

georeferenciação;

- Informar e apoiar os empresários locais e potenciais

investidores;

- A Organização de seminários e outros meios de formação/

informação do tecido empresarial local;

- A Promoção da articulação com as associações locais e

regionais de representação de empresários;

O GIP visa apoiar os cidadãos na procura activa de emprego,

trabalhando junto das entidades locais, no sentido de poder

criar uma bolsa de potenciais empregadores. Prevê-se que esta

entidade, coordenada pela autarquia, identifique ofertas de

emprego, divulgando-as através do site da Câmara Municipal

de Silves – CMS, bem como através de um placard colocado no

Gabinete de Atendimento Social da CMS (Piscinas Municipais).

Prevê-se, ainda, que possam vir a ser realizadas sessões colectivas

para divulgação de ofertas de emprego e encaminhamento

de candidatos, assim como sessões de esclarecimento para

os participantes, sobre algumas medidas existentes de apoio

ao emprego, qualificação e empreendedorismo. Estas sessões

dirigem-se aos desempregados do concelho e empresários,

que se queiram informar sobre estas questões e aderir às

iniciativas relacionadas com o Programa Emprego 2009.

É uma estrutura de apoio ao emprego que, em estreita

cooperação com o Centro de Emprego de Portimão, presta

apoio a jovens e adultos desempregados para a definição ou

desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no

mercado de trabalho.

Actividades a desenvolver: Identificação de oportunidades de

emprego, através da captação de ofertas de emprego junto

de entidades potencialmente empregadoras; Divulgação de

ofertas de emprego e actividades de colocação; Divulgação

e encaminhamento para medidas de apoio ao emprego,

qualificação e empreendedorismo.

“O Municipal” - Tem sido divulgado pelos órgãos de comunicação

social o pedido de vários eleitos locais para o adiamento das

portagens na Via do Infante, até se concluírem as obras de

requalificação da EN125. Qual a sua posição?

Dr.ª Isabel Soares - Embora o meu partido tenha defendido a

posição de que todos os utilizadores devem ser pagadores, eu

acredito que no Algarve a EN 125 não é alternativa viável á via

do infante, pelo que não deveria estar sujeita ao pagamento

de portagens.

“O Municipal” - Com a limitação dos mandatos, entrou

naquele que será o seu último mandato como Presidente da

Câmara Municipal de Silves. Ao longo destes anos, à frente

dos destinos da autarquia local, pode

salientar algumas das iniciativas que

lhe tenham dado especial prazer e

orgulho em realizar? Que projectos

gostava de ver concluídos até ao final

do mandato?

Dr.ª Isabel Soares - É muito difícil

destacar apenas um projecto, ou

mesmo alguns, pois tudo o que foi

feito foi pensado no sentido, honesto

e sincero, de poder contribuir para

o desenvolvimento da minha terra

e das pessoas que nela vivem. Creio

que fizemos muitas infra-estruturas

importantes e que permanecerão,

como é o caso da requalificação da

frente de mar de A. Pêra, ou das

escolas, ou das piscinas municipais,

ou da requalificação do castelo, ou

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da frente ribeirinha, ou do museu do

traje, mas também dotamos o concelho

de rede de águas e esgotos, coisa que

anteriormente não existia e de muitas

estradas e caminhos, bem como de jardins

e espaços verdes. Tanto foi feito.

Continuo a desejar poder alcançar novos

sonhos, como a requalificação do centro

histórico de S. B. Messines, a conclusão da

nova escola, entre tantos outros.

“O Municipal” - Que análise faz da

evolução das competências e atribuições

das autarquias locais?

Dr.ª Isabel Soares - Tal como tem vindo a

ser debatido na ANMP, cada vez é maior a

lista de competências dos municípios, que

assumem grande parte do investimento e

obras públicas no nosso país (muito mais

do que o Estado Central), por oposição aos

seus orçamentos, facto que me desgosta. A evolução deveria

ser equilibrada nos dois sentidos.

“O Municipal” - A propósito da reorganização da rede de

escolas do 1.º ciclo do ensino básico, que comentário faz sobre

o encerramento de algumas e a concentração dos alunos em

estabelecimentos de maior dimensão?

Dr.ª Isabel Soares - Enquanto mãe e professora acho que faz

todo o sentido ter as crianças em ambientes onde o processo de

aprendizagem pode ser potenciado por uma melhor socialização;

enquanto autarca, vejo que há problemas, já que as escolas são

pólos dinamizadores das comunidades, mas, por isso mesmo, a

autarquia tem procurado implementar outros recursos, como os

Pólos de Educação ao Longo da Vida, que se destinam a todas

as pessoas da comunidade e permitem introduzir medidas de

educação não formal e de acompanhamento e dinamização das

populações. Aqui fazem-se actividades tais como: sensibilização

para a informática, recolha de tradições, bricolage e outros

trabalhos manuais, recolha de tradições gastronómicas,

encontros Intergeracionais, entre muitas outras.

“O Municipal - O que acha da Proposta de Lei n.º 25/XII, que

altera o regime jurídico da tutela administrativa em vigor? Qual

é a sua opinião sobre a perda de mandato por não avaliação dos

trabalhadores?

Dr.ª Isabel Soares - Creio que os autarcas têm de ser responsáveis,

bem como todos aqueles que fazem parte

das cadeias hierárquicas dentro de um

município e têm a responsabilidade de

avaliar. Não me choca.

“O Municipal” - A respeito da Lei n.º

12-A/2010, de 30 de Junho, que aprova

um conjunto de medidas adicionais de

consolidação orçamental que visam

reforçar e acelerar a redução de défice

excessivo e o controlo do crescimento

da dívida pública previstos no Programa

de Estabilidade e Crescimento (PEC),

que comentário faz ao controlo do

recrutamento de trabalhadores na

Administração Local e à forma como este

deve ser efectuado?

Dr.ª Isabel Soares - As autarquias terão

grandes dificuldades para a efectuação de

novas contratações, mas atendendo à conjuntura económico-

financeira actual, acredito que temos de racionalizar despesas

e ponderar, com grande cuidado todas as decisões, quer ao

nível da contratação, quer ao nível financeiro.

“O Municipal” - Qual é sua opinião sobre a redução do

vencimento dos titulares de cargos políticos, gestores públicos

e equiparados?

Dr.ª Isabel Soares - Concordo que todos os detentores de

cargos políticos devem dar o exemplo, sendo solidários com os

demais trabalhadores.

“O Municipal” - Perante a redução das transferências para as

autarquias locais - mas também para as regiões autónomas -,

e a proibição de novos empréstimos, como encara o futuro da

gestão autárquica, com estas restrições?

Dr.ª Isabel Soares - Com grande apreensão, que, tal como

mencionei anteriormente, partilho com todos os colegas da

ANMP, que já propuseram a realização de um novo congresso,

no qual debateremos esta e outras questões que afectam as

autarquias. Creio que cada vez mais estamos “espartilhados”

no que toca a transferências e cada vez mais o Estado Central

transfere competências, sem atender às necessidades de finan-

ciamento para execução das mesmas, o que torna a nossa

missão deveras impossível.