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Entrelaçados

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Entrelaçados

REVISÃO: Os próprios Autores

DIAGRAMAÇÃO: PerSe Editora

DESIGN DA CAPA: Donnefar Skedar

Donnefar Skedar, atua como autor e capista sendo o responsável por boa parte das capas de seus livros, capas de outros autores e pratica-mente todas as capas da coletânea “A Arte do Terror”. Seu mais re-cente trabalho como autor é o livro “Déjà-vu” publicado em 2016.

http://www.fb.com/donnefarskedar

Projeto Apparere

Entrelaçados

PRIMEIRA EDIÇÃO

SÃO PAULO

2017

Copyright by Autores(as) Todos os direitos reservados aos(às) Autores(as). Proibida a repro-dução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especial-mente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográfi-cos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou que ve-nham a ser inventados. A violação dos direitos autorais é passível de punição como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, Lei n° 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão, e indenizações diversas (artigos 122 a 124 e 126 da Lei 11° 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Índices para Catálogo Sistemático 1. Poesia : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9108 1. Contos : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9308

2. Crônicas : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9308004

Projeto Apparere Coletânea Entrelaçados – 1. ed – São Paulo : PerSe,

2017.

Vários autores. ISBN 978-85-464-0472-8

1. Poesia brasileiras – Coletâneas 2. Contos bra-sileiros – Coletâneas 3. Crônicas brasileiras – Coletâ-neas I. Projeto Apparere

CDD – 869.9108 CDD – 869.9308 CDD – 869.9308004

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ____________________________________ 11

RIBEIRÃO GRANDE ___________________________________ 13

ADNELSON CAMPOS

TEU CORPO AO DORMIR _______________________________ 24

ADRIANO LOBÃO ARAGÃO

NAMORADOS! ____________________________________ 25

ALMIR ZARFEG

CATARSE _________________________________________ 26

ANA WÜRDIG RIBEIRO

VENDE-SE VESTIDO DE NOIVA. NUNCA USADO. ________________ 28

BEATRIZ CERQUEIRA DE CASTRO

AMOR SECRETO ____________________________________ 32

CARLA CINTIA CONTEIRO

DESESPERO DE UMA ALMA _____________________________ 34

CARMEN GLORIA FERNANDES CABRAL

CORPO DE MULHER __________________________________ 35

CLAUDEMIR LIMA

ENCONTRO _______________________________________ 36

CREUSA CARLAS DE SOUSA

SERENIDADE _______________________________________ 37

EDLA ANGELIM

DUAS ALMAS NO PARAÍSO _____________________________ 41

ELIEL RAMOS

UM DIA EM SETEMBRO ________________________________ 42

ELSON CARVALHO ALVES

SUMÁRIO

DE CORPO E DE ALMA ________________________________ 44

EREMITA

TRISTEZA _________________________________________ 45

FABIANA LOPES

CORDEL DOS ENAMORADOS ____________________________ 46

FÁTIMA MARTINS

A LOGÍSTICA DO AMOR _______________________________ 47

FERNANDO ROLLIM

MARCAS _________________________________________ 51

FLOR AIDA PEREGRINO DA SILVA

ESTA MULHER _____________________________________ 52

GABRIELA BRAZ PIMENTA

DORES DO MUNDO __________________________________ 55

GEENA WEISMAN

O TEMPO DA CRIAÇÃO ________________________________ 57

GLEIANDERSON SANTOS

CORTE DA PAIXÃO E DO AMOR __________________________ 58

GUILHERME MAPELLI VENTURI

DESEJOS _________________________________________ 59

IVANILDE MONARI TOLEDO

O QUE É O AMOR, MENINA? ____________________________ 60

JANAINA CAIXETA

OS ECOS DA CASA RESSOAM EM PÚRPURAS HORAS ______________ 62

JARDIM

ANSEIO __________________________________________ 63

JOAN SAULO DO MONTE

SUMÁRIO

SOMOS __________________________________________ 64

JOÃO PAULO BRASILEIRO

DE AMORES _______________________________________ 66

JOÃO XIMENES

AMOR PLATÔNICO ___________________________________ 67

JOSÉ AIRTON MELLEGA

O PRAZER DE TUA BOCA _______________________________ 68

JULLY

FALTA DE AR ______________________________________ 69

LEONARDO COLUCCI

UM POEMA INACABADO! ______________________________ 71

LÍVIA ANTUNES

SÓ PRA TER VOCÊ ___________________________________ 72

LUCIMAR ESPINDOLA EUDOCIAK

NÃO SINTA _______________________________________ 73

LUHANA ANDREOLI

BREVÍSSIMA HISTÓRIA DE UM AMOR INESPERADO* _____________ 74

MARCOS GIMENES SALUN

ME ATRAI ________________________________________ 77

MARIANO P. SOUSA

ROSA PÁLIDA ______________________________________ 78

MARILU F. QUEIROZ

NETOS __________________________________________ 79

MARINA IRENE BEATRIZ POLONIO

SUMÁRIO

HOJE É DIA ________________________________________ 80

MICHELE SOUSA

RELACIONAMENTO __________________________________ 81

NESTOR PINHEIRO

LUZ DA JUDÉIA _____________________________________ 83

PAULO SIUVES

CAPÍTULOS DA VIDA - ROBERTA E O HOMEM MISTERIOSO _________ 84

PRISCILLA DE CARVALHO

O BEIJO _________________________________________ 86

RAFAELLA SOUZA

ALMAS GÊMEAS ____________________________________ 88

ROSEMARI DUNCK

BODAS DE PRATA ___________________________________ 94

RUBENS ALVES FIGUEIREDO

A IMPORTÂNCIA DE UM NOME __________________________ 95

RUBENS JARDIM

A PEDRA E A BORBOLETA ______________________________ 97

SAMIR S. SOUZA

ROMÂNTICO LUNÁTICO ______________________________ 100

SEBASTIÃO GILBERTO

O QUE CHAMO FELICIDADE ____________________________ 102

SELIANE VENTURA

SIMPLESMENTE AMOR _______________________________ 103

SERGIO AUGUSTO MAZZA

SILENCIOSAMENTE _________________________________ 104

SILVIO PERSIVO

SUMÁRIO

TÃO DISTANTE ____________________________________ 106

SOPHIA CLAIR

ATÉ O FIM _______________________________________ 112

SYS

DIÁRIO DO AMOR __________________________________ 113

TANIA PEREIRA

MINI ROSA ______________________________________ 116

ULISSES ANDRADE

TRAPAÇAS DO AMOR ________________________________ 117

VALÉRIA REIS GRAVINO

FUGIR __________________________________________ 122

VERÔNICA VINCENZA

DONA INÊS ______________________________________ 123

VILMONDES CÂNDIDO ROSA

HISTÓRIA DE AMOR SEM FIM ___________________________ 128

WASHINGTON LUIS LANFREDI DIAS DOS SANTOS

SOBRE OS(AS) AUTORES(AS) ___________________________ 130

Entrelaçados

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APRESENTAÇÃO

Esta é a Coletânea Entrelaçados e seu objetivo inicial era ser um tributo ao amor em todas as suas faces, formas e intensidades; e é isso que você encontrará aqui. Paixões avassaladoras, paixões pla-tônicas, amores impossíveis, amores possíveis, relações conturba-das, relações tranquilas, flertes e amizade... o fio condutor de todas essas obras é sempre o Amor. Tudo isso você encontrará nessa Cole-tânea com 58 Obras selecionadas.

Assim o Projeto Apparere1 de Coletâneas entrega, com muito orgulho, sua segunda Coletânea e a primeira Coletânea Temá-tica. Nesse livro você encontrará as 58 melhores Obras (na visão dos julgadores) dentre 152 que se inscreveram. Esse livro traz ainda outra inovação, um concurso para a seleção de sua Capa. A Capa desta obra é a capa escolhida pela maioria dos 152 Autores que se inscreveram para esta coletânea, dentre 5 que se inscreveram para participar desta seleção. Com isso temos uma Obra com a participação demo-crática não só de Escritores, mas também de Designers.

Essa política de se buscar o maior envolvimento de Autores, Designers e Leitores sempre será a tônica do Projeto Apparere, e para as próximas Coletâneas escolhemos temas sugeridos pelas pes-soas em geral. Assim, deixamos aqui um convite a você leitor, entre em nosso site (www.apparere.com.br) e faça Sugestões de Temas que gostaria de ver em nossas próximas Coletâneas.

Muito obrigado e até a próxima.

Equipe Apparere

1 Apparere em latim significa aparecer; sair à luz; vir a lume; publicar-se ... e o objetivo do projeto é justamente este, o de revelar novos talentos da literatura.

Projeto Apparere

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Entrelaçados

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RIBEIRÃO GRANDE ADNELSON CAMPOS

Quando cheguei o sol se punha, enchendo de tons verme-lhos o horizonte, acentuando o contorno das colinas e das araucárias que sobreviveram ao tempo e a cobiça dos homens. Na minha infân-cia eram elas que determinavam tais contornos, um mar de pinheiros e grandes árvores. Agora aparecem lindas, porém isoladas em meio a vegetação baixa e as áreas de agricultura. Me sinto feliz, pois co-meçaram a ressurgir depois de um longo tempo. Pena que não reco-meçamos antes, não preservamos um pouco mais.

Saí da autoestrada e busquei um caminho alternativo pela área rural. Abri a janela do carro e deixei a brisa entrar. O cheiro da mata é uma coisa incrível! Comecei a espirrar, não me importei. O pólen das plantas irritou o meu nariz, castigado pela poluição da cidade grande. Porém sentir o pólen é reconfortante, pois é sinal de renovação.

Me surpreendi quando passei pela velha encruzilhada. Lá es-tava a mesma bodega, construída em tábuas largas de imbuia, sem pintura e com a fraca lâmpada incandescente pendurada num bocal de porcelana. Será que o velho Chico ainda vive? Estaria beirando os noventa anos. Estacionei e entrei. Atrás do balcão, um homem com aproximadamente quarenta anos passava um café num coador de pano. O aroma era inebriante, eu já podia sentir o sabor, o gosto da infância.

- Boa noite!

- Boa noite! Em que posso ajudar o amigo? – respondeu o su-jeito.

- O Chico ainda anda por aí?

- Qual deles, o neto, o pai ou o avô? Se for o neto, sou eu mesmo.

- Aquele que procuro fazia um sanduíche de queijo quente com linguiça que a dona Maria mesmo produzia a partir do leite das vaquinhas e da porcada que criava nos fundos de casa.

- Pois olhe, moço, a Dona Maria, que Deus a tenha, não está mais por aqui. Mas os netos dela continuam cuidando da bicharada. Ainda precisamos diferenciar qual dos Chicos o senhor procura.

Projeto Apparere

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- Meu caro, pelas manchas que ganhei em minha mão, dever ser o mais velho.

- Chiquinho! Vai lá atrás ver onde seu bisavô está! – Gritou o Chico do balcão para um garotinho de uns doze anos que segurava uma velha bola nas mãos e tinha o pé todo sujo da terra preta da região.

- Pelo jeito o campo do Pé-sujo ainda existe! – Sugeri.

- Claro! É a tradição.

- E o time do Pé-sujo, ainda se chama Vasco da Gama?

- Não me diga que o senhor jogava pelo Grêmio?

- Eu era lateral esquerdo e pela lógica, marcava o seu pai. Só nunca soube que ele se chamava Chico também. Eu o conhecia como Tatú.

- Isso mesmo, Chico Tatú.

- Deveria ser Chico Preá, ele era muito rápido.

- Era, hoje o joelho mal deixa ele caminhar.

- O mesmo faz a minha barriga comigo.

- Dá para perceber, mal entrou e já pediu comida!

Não tive outra reação a ser dar uma gargalhada.

- E o Tatú, está?

- Não, viajando. Foi conhecer o mar. Era o sonho dele. Quer mesmo o sanduíche? Se quer vou esquentar a chapa.

- Claro que quero! Faça logo dois e me adiante um copo com um pouco deste café.

Me debrucei na janela sem vidros, empurrei as folhas dela para melhorar a amplitude da visão. Caminhando lentamente vinha o velho Chico. Parecia ter a metade do tamanho de quando o vi pela última vez. Chapéu de palha na cabeça, chinelo de couro nos pés. O neto o puxava pela mão e ele freava o menino.

- Boa noite!

- Boa noite, Seu Chico!

- Eu conheço o senhor?

- Talvez não lembre, faz tempo que não nos vemos. Eu sou o José Carlos, filho do Antônio da farmácia.

Entrelaçados

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- Juquinha! Você cresceu, para os lados. Acho que você do-brou de tamanho! Me lembro que você não podia sair de casa em dia de ventania - gargalhou o velho senhor.

- Pois é, Seu Chico, o tempo muda as pessoas.

- Não só as pessoas, meu filho. Olhe em volta. Temos um ou outro pinheiro. Você lembra do dia em que seu pai conseguiu um ca-minhão emprestado e fomos catar pinhão?

- Lembro. Nunca vi tanta pinha na minha vida. O caminhão vinha espalhando pinhão pela estrada de tão cheio. Distribuímos para muita gente do bairro.

- Pois, hoje em dia, mal temos pinhão para uma sapecada. As gralhas, coitadas, são poucas e assim mesmo não há o suficiente para elas.

- É realmente uma pena. E o senhor ainda pesca?

- Está difícil para enxergar o anzol. Mas assim mesmo é mais fácil do que achar peixes no rio. Está todo assoreado e poluído. Só vou para a barranca para lembrar dos bons tempos. Sei que você e os outros meninos conheciam a minha ceva e me “roubavam” alguns peixinhos.

- Coisa de garoto, Seu Chico. Também me lembro que foi o senhor que nos ensinou a pescar.

- Tudo mudou muito. Só tem um lugar aqui que parece ter parado no tempo e ainda preserva os pinheirais e uma água corrente limpa e cheia de peixes. Você lembra da Laurinha?

- Sim, me lembro.

- Pois ela preservou o sítio do pai. Cuida dele como ninguém.

- Mas o marido dela era um sujeito que não gostava muito da vida no campo.

- Ela cuida sozinha, o tal sujeito sumiu no mundo.

A conversa foi interrompida pelo Chico do balcão que me trouxe o sanduíche e pelo cachorro que passou correndo em meio as pernas do velho Chico, quase o derrubando. Segurei-o pelo braço.

- Vejo que o vô reconheceu o senhor.

- Estamos relembrando o passado, os meus tempos de me-nino. Não é Seu Chico?