entre imagens e palavras: discursos de prevenção ao crack (dênis petuco)

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ENTRE IMAGENS E PALAVRAS Discursos de prevenção ao crack Nunca houve uma só cultura em que não se verificasse o uso de drogas. Por trás da ideia de “uso de drogas”, escondem-se diferentes usos de diferentes substâncias com objetivos diversos e sentidos variados (ESCOHOTADO, 1996; VARGAS, 2008; CARNEIRO, 2008). No Brasil, somente no século XX o debate público em torno do tema ganha importância. Na injunção de saberes sanitários e jurídicos, engendrou-se toda uma série de dispositivos de criminalização da produção, circulação, comércio, porte e consumo de uma série de substâncias psicoativas qualificadas como ilícitas. Os primeiros indícios de uma política proibicionista sistematizada (CARVALHO, 2007, p. 8) em torno da cadeia produtiva de substâncias tornadas ilícitas irão aparecer apenas na década de 1940. Para a lei de drogas do Estado Novo, a “toxicomania” é uma “doença de notificação compulsória”, para a qual é obrigatória a internação em “hospital para psicopatas” ou estabelecimentos privados. O comércio e o uso eram penalizados da mesma forma (Lei 891/1938). Com a Ditadura Militar, o Brasil ingressa no cenário internacional de combate às drogas (CARVALHO, 2007, p. 14). É dever de todos “[...] colaborar na prevenção e repressão”, e quem se recusa é considerado “colaborador” (Lei 6.368/1976). Ganham força os binômios dependência–tratamento e tráfico-repressão, reforçando as noções de consumidor-doente e traficante-delinquente (CARVALHO, 2007, p. 23). Ao mesmo tempo em que diversos países da América do Sul eram submetidos a governos ditatoriais articulados (GUAZZELLI, 2004), o mundo ocidental vivia o desmoronamento do Estado de Bem Estar Social e o avanço avassalador do ideário neoliberal, com ênfase na flexibilização e precarização das relações de trabalho (CASTEL, 2003), e na diminuição das atribuições assistenciais do Estado, articulada à ampliação dos investimentos em repressão (WACQUANT, 2001). Trocar a mão acolhedora das políticas assistenciais pelo braço forte da repressão é coerente não apenas com o Consenso de Washington, mas também com as diretrizes globais que surgem a partir da Convenção Única de Entorpecentes de 1961 (UNODC, 1961). A meta era erradicar o ópio em 15 anos, cocaína e maconha em 25; não obstante, a produção e o consumo não apenas não diminuíram como aumentaram muito, sem falar no surgimento de novas drogas (JELSMA, 2008).

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Artigo crítico sobre o modelo hegemônico de prevenção ao uso de drogas, a partir do estudo de caso de uma destas campanhas.

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ENTRE IMAGENS E PALAVRAS Discursos de prevenção ao crack

Nunca houve uma só cultura em que não se verificasse o uso de drogas. Por trás

da ideia de “uso de drogas”, escondem-se diferentes usos de diferentes substâncias com

objetivos diversos e sentidos variados (ESCOHOTADO, 1996; VARGAS, 2008;

CARNEIRO, 2008). No Brasil, somente no século XX o debate público em torno do

tema ganha importância. Na injunção de saberes sanitários e jurídicos, engendrou-se

toda uma série de dispositivos de criminalização da produção, circulação, comércio,

porte e consumo de uma série de substâncias psicoativas qualificadas como ilícitas.

Os primeiros indícios de uma política proibicionista sistematizada

(CARVALHO, 2007, p. 8) em torno da cadeia produtiva de substâncias tornadas ilícitas

irão aparecer apenas na década de 1940. Para a lei de drogas do Estado Novo, a

“toxicomania” é uma “doença de notificação compulsória”, para a qual é obrigatória a

internação em “hospital para psicopatas” ou estabelecimentos privados. O comércio e o

uso eram penalizados da mesma forma (Lei 891/1938).

Com a Ditadura Militar, o Brasil ingressa no cenário internacional de combate

às drogas (CARVALHO, 2007, p. 14). É dever de todos “[...] colaborar na prevenção e

repressão”, e quem se recusa é considerado “colaborador” (Lei 6.368/1976). Ganham

força os binômios dependência–tratamento e tráfico-repressão, reforçando as noções de

consumidor-doente e traficante-delinquente (CARVALHO, 2007, p. 23).

Ao mesmo tempo em que diversos países da América do Sul eram submetidos a

governos ditatoriais articulados (GUAZZELLI, 2004), o mundo ocidental vivia o

desmoronamento do Estado de Bem Estar Social e o avanço avassalador do ideário

neoliberal, com ênfase na flexibilização e precarização das relações de trabalho

(CASTEL, 2003), e na diminuição das atribuições assistenciais do Estado, articulada à

ampliação dos investimentos em repressão (WACQUANT, 2001).

Trocar a mão acolhedora das políticas assistenciais pelo braço forte da

repressão é coerente não apenas com o Consenso de Washington, mas também com as

diretrizes globais que surgem a partir da Convenção Única de Entorpecentes de 1961

(UNODC, 1961). A meta era erradicar o ópio em 15 anos, cocaína e maconha em 25;

não obstante, a produção e o consumo não apenas não diminuíram como aumentaram

muito, sem falar no surgimento de novas drogas (JELSMA, 2008).

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Neste contexto, o crack surge como alternativa à política de controle dos

precursores químicos necessários ao refino de cocaína (notadamente éter e acetona),

planejada pelo governo dos Estados Unidos, e endossada pelas Nações Unidas

(ESCOHOTADO, 1996, p. 182). A pedra tornou a cocaína acessível às classes menos

favorecidas, diminuindo custos de fabricação e transporte.

Em meio ao triunfo neoliberal, com milhões de pessoas “[...] excluidas de modo

permanente” (BAUMAN, 2009, p. 22), o crack é “[...] capaz de rascar el bolsillo de los

indigentes con la misma eficacia que [la cocaína] arañaba el de los ricos”

(ESCOHOTADO, 1996, p. 182). Neste contexto, que tipos de educação sobre drogas

vêm sendo produzidas, por quem, para quem, e quais seus efeitos?

2. TEMA, OBJETO E MÉTODO DA PESQUISA

Importa à Educação uma campanha de prevenção? Existiriam contribuições ao

campo político-reflexivo das drogas, a partir deste estudo? Estaria ajudando a construir

alternativas aos problemas relacionados, tanto ao uso problemático de drogas, quanto à

inadequação de muitas das estratégias desenvolvidas para o enfrentamento da questão.

Ao campo político-reflexivo das drogas, que contribuições podem emergir?

Não são poucos os autores a dizer que a educação não se faz apenas na sala de

aula. Faz-se na própria história (FREIRE & GUIMARÃES, 2000); nas lutas e manhas

do povo (FREIRE, 2000; 2008); no trabalho social (FREIRE, 1979); no encontro com o

outro, no mundo (FREIRE, 1996); nas raras e preciosas conquistas (FREIRE, 1992).

Muñoz (2004) nos fala em “pedagogia da vida cotidiana”, e muitos autores falam de

uma “educação pelo trabalho” (FREINET, 1998). É na vida que aprendemos. E também

no contato que estabelecemos com os produtos da atividade humana. É possível

perceber implicações de uma “cultura da mídia” nos processos de produção de

subjetividades na contemporaneidade. Estamos imersos em um verdadeiro oceano de

estímulos sensoriais. Imagens que exercem poder sobre nós, em meio às quais

navegamos sem guardarmos a necessária lucidez:

Somos cercados por diversos tipos de imagens: fotografias, desenhos, pinturas, outdoor, escultura, charges, estampas, computador, televisão, filmes e outros. Na maioria das vezes, não nos damos conta das mensagens que elas nos transmitem: valores sociais, políticos, econômicos e culturais, o que requer uma leitura crítica. (SILVA, 2008, p. 57)

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Erenildo João Carlos (2008, p. 15) lembra Paulo Freire em “A importância do

ato ler”, com respeito à importância que há em ler o mundo que nos cerca, para além da

leitura da palavra. Para o autor, tal compreensão deveria nos levar à busca de uma

educação que tornasse mais crítico o olhar (CARLOS, 2008, p. 33).

Cartazes em uma campanha de prevenção são dispositivos pedagógicos,

passíveis de serem tomados como objeto de estudo no campo da Educação. É muito

importante, pois, que estudemos os dispositivos de prevenção que vem sendo

construídos para lidar com os usos de drogas. Será que eles produzem efeitos? Que

efeitos são estes? A simples boa intenção é o bastante?

É importante avaliar não apenas o quanto estes processos de educação sobre

drogas têm surtido efeito, mas também que efeitos são estes. No campo da Saúde, o

conceito de iatrogenia designa situações em que ocorrem agravos à saúde individual ou

coletiva, decorrentes de intervenções cujos objetivos eram o de melhorar a saúde. Uma

prática iatrogênica é uma prática que tem como objetivo a promoção de saúde, mas que

termina por trazer consequências piores que o problema que buscava dirimir.

O estudo aqui apresentado consiste da análise do discurso em uma campanha de

prevenção ao uso de crack, veiculada por um grande grupo de comunicação da região

sul do Brasil. Para tanto, optei por tomar os cartazes, e uma peça audiovisual. Esta

campanha teve duração de dois anos, do início de 2009 ao final de 2010, e foi dividida

em duas etapas, das quais, para efeitos deste artigo, tomo a primeira. Os cartazes foram

analisados a partir de uma caixa de ferramentas teórico-metodológicas amparada na

perspectiva da análise arqueológica do discurso de Michel Foucault (2005).

Ferramenta por excelência, a escrita. Com ela percorro a superfície de inscrição

dos enunciados, descrevendo-os em sua objetividade, e nas articulações entre múltiplos

elementos enunciativos expressos na campanha de prevenção descrita nesta pesquisa.

Uma escrita com estas características não aceita resumir-se a mero elemento de

descrição das descobertas decorrentes da pesquisa, mas é, ela mesma, instrumento de

pesquisa, de produção de conhecimento:

Como escrever senão sobre aquilo que não se sabe ou que se sabe mal? É necessariamente neste ponto que imaginamos ter algo a dizer. Só escrevemos na extremidade de nosso próprio saber, nesta ponta extrema que separa nosso saber de nossa ignorância e que transforma um no outro. (DELEUZE, 2006, p. 18)

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3. IMAGENS DA CAMPANHA

Im. 01 Im. 02

Im. 03 Im. 04

Começo pela imagem de uma mulher, nariz e olhos machucados, cabelos

desgrenhados, maquiagem borrada. Veste jeans e tênis rasgados, sujos e envelhecidos.

Está sentada sobre pedaços de papelão e tecido, suas costas encostadas numa parede de

concreto. Por trás dela veem-se caixas de madeira e pedaços de concreto. Ao fundo, um

ponto de iluminação pública esclarece que a imagem se situa em ambiente externo, e a

luminosidade, que a cena se desenrola no amanhecer. Ao lado direito, o texto: “Vender

o corpo por uma pedra de crack. Não experimente esta sensação”.

“Vender o corpo” remete à prostituição. Mas o texto no cartaz não nos fala em

“prostituição”. As prostitutas costumam ser representadas por mulheres maquiadas,

roupas sensuais, em seu trottoir noturno. Não é esta a imagem que temos, tampouco é

de prostituição que se fala. Fala-se de “vender o corpo por uma pedra de crack”, e o que

vemos é uma mulher atirada sobre trapos de tecido, escorada em uma parede que parece

o pilar de um viaduto. Quando articulo a imagem desta mulher ao escrito sobre vender o

corpo, eu penso em uma mulher que foi usada e descartada.

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A segunda imagem traz um homem, também atirado ao chão. Suas costas

escoram-se em uma espécie de muro. Há feridas no supercílio e nas mãos, e manchas de

sangue no seu pescoço. À semelhança da imagem anterior, aqui também a rua é o lugar

da ação. Indica-o não a iluminação pública, mas os faróis dos carros que passam ao

fundo e abaixo do local onde está o homem. Embaixo, os carros apressados, no vai e

vem da vida cotidiana; em cima, atirado junto aos chicletes velhos na calçada, o homem

negro também parece colado ao chão. Seu corpo parece pesar no chão, em comparação

aos automóveis que flutuam na avenida, dos quais só se veem os faróis acesos, pintando

listras coloridas na penumbra da noite.

No texto, a frase: “perder todos os amigos. Não experimente esta sensação”. A

ideia de “sensação” remete a algo vivido no limite entre o instinto e a racionalidade. O

uso de drogas produz diferentes sensações, a depender do tipo de droga, do contexto, da

pessoa que faz a experiência. Mas, o efeito da droga pode ser comparado ao abandono?

Pode-se dizer que a perda dos amigos é uma “sensação”?

Por que este homem está só? Por que perdeu os amigos? A resposta não precisa

ser buscada nas entrelinhas, em uma interpretação externa ao enunciado: este homem

encontra-se nesta situação, porque “o crack é uma droga tão poderosa que pode viciar

logo na primeira vez”. Eis que me é permitido ver algo que explica toda a imagem.

Assim como nas imagens anteriores, a escuridão é moldura para a terceira cena.

De dentro dela surge uma escada de concreto, e os restos do que poderia ser a murada

desta escadaria. Posso ver três degraus, e para além deles, novamente as sombras. Sobre

estes, um jovem: cotovelo direito sobre o degrau de baixo, o esquerdo no de cima,

cabeça no degrau do meio. Sua pele é cinza. Seus olhos estão entreabertos. Há feridas

em seu rosto, lábios e pescoço.

Ele não parece estar simplesmente dormindo. Parece desacordado, ou morto.

Por entre suas pálpebras semicerradas, um tênue brilho em seu olho esquerdo, e no

direito, apenas uma cor branca, opaca. Há também algo de vermelho – de sanguíneo –

em seus olhos, contrastando com o azul de sua íris. Seu olho direito, este parece mais

uma mancha borrada, sem definição ou brilho.

Se eu já disse que a escadaria está suja, eu pouco falei sobre da sujeira em si.

Bem próximo à cabeça do rapaz, há pedaços de concreto e muita poeira. Tudo conspira

para que se veja não um tipo qualquer de escadaria, mas uma escadaria suja e

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abandonada, destruída, em ruínas. Há manchas que lembram urina descendo escada

abaixo, e outras que parecem cuspe na poeira. Ali jaz o rapaz, junto ao catarro e à urina.

A frase que compõe o enunciado é: “Perder todos os amigos”. Abaixo dela, em

letras douradas, a não mais inédita “Não experimente esta sensação”, seguida da

igualmente conhecida “O crack é uma droga tão devastadora que pode viciar logo na

primeira vez”. Quando olho este jovem no chão, na parte de baixo do cartaz, e vejo a

frase que denuncia a perda da dignidade, vejo reforçar a associação da perda da

dignidade com a metáfora de estar por baixo, no chão, na base de uma escadaria, aos

pés do observador. Na sarjeta. Sua degradação é pública: todos podem vê-lo nos

degraus de uma escadaria pública, misturado à imundície que o cerca.

A última das quatro peças traz a frase “Bater na própria mãe. Não experimente

esta sensação. O crack é uma droga tão devastadora que pode viciar logo na primeira

vez”. “Bater na própria mãe” configura-se como uma “sensação” relacionada ao uso do

crack. Ao lado, das sombras, emerge uma senhora com o rosto bastante machucado.

Quando articulo esta imagem ao dístico inscrito no lado esquerdo do cartaz, percebo de

pronto que se trata da representação da mãe referida anteriormente. Há uma luz que

ilumina seu rosto retirando-o das sombras, permitindo a visão de uma expressão de dor,

de tristeza. Há uma lágrima abaixo do seu olho direito. Há ferimentos em diversas

partes de seu rosto, e sua mão direita, também machucada, acaricia a própria face.

Por detrás do rosto desta mulher, há uma escadaria deserta, iluminada pela luz

da lua ou de uma fraca iluminação pública, a indicar a noite como tempo em que a cena

se desdobra. É deste lugar que vem a mãe, rosto machucado. Seria possível dizer que

acabou de ser agredida, justamente nas escadas ao fundo. É de lá que ela vem; o filho ou

a filha segue nas sombras. Talvez dormindo num degrau desta escada, ou jogado numa

calçada; talvez siga sentada entre trapos, debaixo de um viaduto.

4. O DISCURSO EM SUA DISPERSÃO

Antes de tudo, as sombras. É delas que emanam todas as cenas analisadas. Eis

um mote comum, não apenas a esta, mas a diversas outras campanhas preventivas

preocupadas com o uso de álcool e outras drogas. Visitar campanhas de prevenção é

como percorrer vastos territórios escuros, sombrios, trevosos. Como se os enunciados

encontrassem na escuridão uma regularidade de origem, em que tudo parte das sombras,

para lá retornar; como uma janela ao mundo de sombras das drogas.

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Im. 05

Im. 06

Mais um exemplo, que assim como a campanha analisada neste estudo, também

foi organizada por um grupo de comunicação, desta vez na Paraíba. Identificada pelo

dístico “crack jamais”, os aspectos visuais guardam grandes semelhanças com os da

campanha gaúcha. O fundo é composto por este mesmo preto, por esta mesma

obscuridade que se dispersa na superfície do discurso preventivo sobre o crack. Detalhe

para a caveira fantasmagórica na extremidade direita, e para o usuário de crack a utilizar

um cachimbo improvisado em uma espécie de garrafa de vidro - esta sim, uma

referência pouco comum no Brasil, onde predominam as imagens de latas de cerveja ou

refrigerante.

No material elaborado pelo

Governo Federal sobre o tema “ál-

cool e direção”, em 2009, duas

mãos emergem das sombras, por

entre as grades de uma cela. As

grades da cela mostram que a

pessoa pode ser presa caso misture

álcool e direção; a outra possibili-

dade é a morte.

Há outra campanha de prevenção

do Governo Federal. No Natal de 2009,

apareceu uma mídia televisiva sobre

crack. Uma voz acompanhava um texto

na tela; dizia não ser aquela a melhor

época para se tocar naquele assunto.

Concluía afirmando que o crack “[...]

causa dependência e mata”. Mais uma

vez o fundo preto; um fundo ativo, que

invadia as cores das palavras.

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Im. 07

Há também a peça de prevenção ao uso de crack elaborada pela Associação

Parceria Contra as Drogas (APCD), que se dedica a criação de peças preventivas sobre

drogas já há alguns anos. Interessa aqui a peça sobre crack, que alcançou sucesso à sua

época (agosto de 2007). “Muito prazer, meu nome é crack”, diz uma mulher de vestido

longo vermelho, maquiagem abundante. Mas, no momento em que começa a falar dos

efeitos, todo o glamour desaparece, e a mulher aparece suja, assustada, roupas rasgadas,

agachada em um canto. Novamente, as sombras.

Im. 08

5. ARTICULANDO ACHADOS ARQUEOLÓGICOS

5.1 Território vivido

As sombras estão presentes em todos os conjuntos analisados, constituindo

macabra moldura. Não se trata de moldura geometricamente calculada, um passepartout

que protege uma imagem, mas de uma margem difusa, nebulosa, que ameaça a imagem.

É destas sombras que os personagens emergem, é para lá que retornarão, assim que o

instantâneo nas imagens preventivas desapareça. Produz-se o efeito de captura de um

momento, antes e depois do qual tudo persiste.

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As sombras produzem efeitos de regularidade. Em todos os cartazes, as cenas

ocorrem à noite. Uma inscrição de tempo, uma determinada temporalidade, permeando

todas as peças. É nesta fatia de tempo entre ocaso e alvorada que se situa o risco. Ali,

uma jovem vende seu corpo, um rapaz negro perde os amigos, um branco, a dignidade,

uma mãe apanha do próprio filho. Tudo por causa do crack.

À dimensão temporal da escuridão, soma-se a dimensão simbólica das sombras.

Diz-se sombrio daquilo que é triste, taciturno. É comum dizer que a coisa está preta

diante de dificuldades. Para além das metáforas, a escuridão designa ausência de luz. É

escuro o objeto de cor preta (ou cuja cor seja uma variação em suas nuances mais

próximas do preto), mas é obscuro o que não queda claro, que não é dito de modo claro.

Pode-se, portanto, opor claro e obscuro, para além da óbvia oposição entre claro e

escuro: enquanto a primeira fala das diferenças de cor ou de luz, a segunda fala das

diferenças de transparência, de visibilidade ou mesmo de compreensão. Penso também

em práticas, processos ou períodos que podem ser pensados a partir da noção de

obscurantismo. A Idade Média, por exemplo, é designada por muitos como a noite de

mil anos, principalmente por causa das lutas por meio das quais a Igreja Católica buscou

submeter toda uma multiplicidade de discursividades no período medieval. Além disto,

lembro também da metáfora noturna nas canções de protesto do período ditatorial

brasileiro, em que a noite era sempre associada aos militares no poder, ao passo que a

manhã era a metáfora para a democracia. Assim, vemos as sombras como adversárias

das luzes, naquilo que possuem de representativo do período iluminista, com sua

racionalidade característica, ou da manhã democrática, no caso brasileiro.

Há a noite, pedaço de tempo objetivo entre o fim da tarde e o início do

amanhecer, e há a noite como tempo simbólico, metafórico, que empresta à escuridão

traços de obscuridade; um tempo aonde as coisas não são claras, e carecem de certa

racionalidade (cartesiana?). Tempo de obscurantismo, portanto de perigo. Um tempo

durante o qual seria mais adequado proteger-se, esperando pelo tempo das luzes, pelo

alvorecer, pelo fim desta noite perigosa.

Neste ponto, observo uma segunda regularidade inscrita nas unidades

enunciativas analisadas. O espaço. Todas as cenas ocorrem na materialidade da

espacialidade urbana, em sua concretude, delineada na materialidade concreta do

discurso. É sempre na exterioridade do espaço público urbano que as cenas são

representadas: a mãe que teve seu rosto marcado pela violência do filho; os rapazes que

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perdem amigos e dignidade; a jovem que troca seu corpo por crack: todos eles vivem

estas “sensações” na rua.

Que mais dizer desta rua. Primeiro, é preciso dizer que esta rua não designa a via

urbana pela qual transitam automóveis, e onde se situam casas e edifícios que podem ser

encontradas por meio de uma numeração que indica o endereço das pessoas que ali

moram ou convivem; esta rua designa o oposto a casa, na acepção estruturalista de

Roberto da Matta (1985), em “A casa e a rua”. Além do mais, não se trata do contrário

da “casa” apenas pelo fato das cenas não estarem ambientadas sob um teto e entre

paredes, mas por ocorrerem no espaço público. Por fim, não se trata de qualquer espaço

público, incluindo praças e outros logradouros, mas de ambientes caracteristicamente

urbanos. Trata-se, como já dito acima, da exterioridade do espaço público urbano.

Não é preciso reconhecer a paisagem que compõe as unidades enunciativas em

questão, ainda que isto seja fácil a qualquer portoalegrense1. Uma rápida espiadela nos

cenários onde ocorrem as cenas inscritas nos cartazes é o bastante para remeter qualquer

pessoa à ideia de espaços urbanos cor de cinza, sujos, degradados, típicos de certas

áreas centrais das grandes capitais brasileiras. Regiões de intenso trânsito diurno de

pedestres, que quedam quase abandonadas durante a noite.

Esta junção entre temporalidade e espacialidade me instiga a uma reflexão

sobre o conceito de território, conforme experimentada no âmbito da geografia, ou

mesmo na antropologia. Para além de uma mera região ou área, o território possui

dimensões que estão para muito além da mera concretude da terra, da espacialidade

terrestre. Discutir território implica reflexões éticas, estéticas, políticas, subjetivas,

culturais. Que o digam os trabalhadores sociais que realizam atividades extramuros,

junto das pessoas nos locais onde vivem e/ou convivem, como agentes comunitários de

saúde, redutores de danos2, policiais, acompanhantes terapêuticos...

Entre estas territorialidades espacial e temporal, existiria uma territorialidade

dos afetos? Uma territorialidade em que se afetam, ambas? O que vejo nas injunções

1 O lugar que pode ser visto nos cartazes da campanha é o Viaduto da Avenida Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre. Patrimônio da cidade, o viaduto é uma das primeiras grandes obras de urbanização da capital gaúcha. Suas largas escadarias, suas calçadas no nível inferior e sua estreita passarela superior, na Rua Duque de Caxias, abrigam intenso trânsito de pedestres durante o dia, e intensa movimentação de moradores de rua, à noite. 2 Os redutores de danos são trabalhadores ou voluntários que executam ações de educação em saúde diretamente nos locais em que se reúnem pessoas que usam drogas (e também dentro de serviços de saúde). Seu objetivo é problematizar a relação das pessoas com as drogas, mesmo que estas não consigam ou não queiram deixar o uso (DOMANICO, 2006; RIGONI, 2006; PETUCO, 2007).

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entre espaço e tempo, quando observo as articulações entre a representação da noite e a

representação do espaço urbano nos cartazes desta campanha de prevenção? Neste

ponto, creio que as reflexões de Félix Guattari a respeito das noções de territorialidade,

desterritorialização e reterritorialização podem indicar caminhos:

O território pode ser relativo tanto a um espaço vivido, quanto a um sistema percebido no seio do qual o sujeito se sente “em casa”. O território é sinônimo de apropriação, de subjetivação fechada sobre si mesma. Ele é o conjunto dos projetos e das representações nos quais vai desembocar, pragmaticamente, toda uma série de comportamentos, de investimentos, nos tempos e nos espaços sociais, culturais e mentais [grifo nosso]. (GUATTARRI & ROLNIK, 2007, p. 388)

Tempo e espaço. A noção de território está para muito além da frieza do espaço

e do tempo em suas materialidades concretas. Neste sentido, uma praça que se apresenta

como território de artesanato ao longo do dia, pode transformar-se em território de putas

e moradores de rua durante a noite. Quando falo de território, portanto, é a um

determinado lugar situado no tempo e no espaço que eu me refiro.

Esta junção entre um território temporal e um território espacial produz um

terceiro território, ao qual chamarei, juntamente com Lucenira Kessler (2004), de

território vivido. Neste território se está exposto a “sensações” distintas de quem vive a

noite dentro de uma casa, ou de quem vive a rua durante o dia. Há algo que só pode ser

vivido nesta junção, neste encontro, nesta justaposição entre a noite e a rua. Igualmente,

há o que se pode viver numa outra injunção, dada entre o “dia” e a “casa”.

Segundo a campanha, é neste território sombrio e obscuro que medra o crack. Os

cartazes dizem - naquilo que silenciam - que a rua só oferece segurança durante o dia, e

que a noite só deixa de ser perigosa dentro de casa. Há, pois, um território de proteção, e

um território de exposição. Eis o discurso preventivo inscrito, não nas entrelinhas, mas

na transversalidade dos enunciados.

5.2 As cinzas

Há mais. Captura minha atenção as pessoas e cenas impregnadas de cinza, como

se pessoas e lugares estivessem cobertos por fuligem. As separações entre sujeito e

paisagem estão borradas. É como se a territorialidade mencionada anteriormente

impregnasse às pessoas que ali permanecem, e como se estas pessoas, por sua vez,

impregnassem também o cenário. Há uma diluição de qualquer nexo de causalidade,

que faz com o território ao mesmo tempo contamine e seja contaminado, que faz com

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que as pessoas ao mesmo tempo degradem e sejam degradadas. É como se as pessoas

fizessem parte desta paisagem, e como se a paisagem fizesse parte das pessoas,

cobrindo seus corpos com sua materialidade poeirenta e fuliginosa.

Para o uso de crack, utilizam-se cinzas de cigarro. Toma-se um pedaço de crack,

que é colocado sob um montinho de cinzas de cigarro, que por sua vez está sobre o

fornilho do “cachimbo” (seja este cachimbo uma lata amassada de alumínio, ou

qualquer outro instrumento de uso). Este “fornilho” assemelha-se ao fornilho de um

cachimbo tradicional, apenas pelo fato de que a substância a ser consumida é colocada

neste mesmo local. Mais ou menos como nas imagens abaixo, colhidas após uma rápida

busca na internet:

Im. 09 Im. 10 Im. 11

Diferentes tipos de cachimbos, elemento silenciado nas peças da campanha, ao

contrário das cinzas, onipresentes. Em todas as imagens dos cartazes da campanha

analisada, o mesmo gradiente de tonalidades cor de cinza. As cinzas, elemento sempre

presente no uso do crack, e também comum aos ambientes que compõem os cenários

desta campanha de prevenção. As cinzas que posso ver sobre a pele das pessoas nos

cartazes, numa espécie de fuligem grudenta e gordurosa, impregnando a todos os

personagens desta campanha. As cinzas, que tornam precárias as divisões entre

personagens e cenários da campanha.

5.3 Os ferimentos

Vejo ainda as marcas de ferimentos em todas as pessoas que aparecem nos

cartazes. São marcas nas mãos, no rosto, nos braços... São hematomas, são feridas

(cicatrizadas ou não). Há manchas de sangue, e há lábios rachados. Em todas as

imagens, posso ver as marcas da dor, da violência. Vejo marcas de agressões, e outras

que poderiam ser causadas por descuido, por quedas, por pequenos acidentes. Pela

fragilidade da pele em contato com a dureza da vida.

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Que dizem estes ferimentos? Uma pessoa com muitos ferimentos passou por

uma situação complicada (um acidente, uma briga...), ou se envolve frequentemente em

atividades com algum nível de risco de pancadas ou escoriações (um skatista ou um

alpinista, por exemplo). Obviamente, não é da prática de esportes radicais que se fala

nestes cartazes. Neles vejo justamente este contato com um território perigoso, do qual

já falamos anteriormente. Mas penso em outra regularidade da qual ainda não falei.

Penso na concretude que se faz presente em todas as imagens desta campanha de

prevenção. É da aspereza do concreto e da pedra que se fala aqui. De matéria dura

constituem-se os cenários que ambientam os cartazes da campanha. Da aspereza da já

referida exterioridade do espaço púbico urbano. São feitos de escadarias a céu aberto,

de calçadas, de viadutos e passarelas de pedestres, os cenários destas peças. De dureza,

são feitos; não há grama, relva, areia ou barro. Nada de orgânico. A sujeira que cobre os

personagens da campanha não é feita de poeira ou barro, mas de fuligem e cinzas.

Ferimentos resultantes da fricção entre a delicadeza da pele humana e a aspereza

da pedra, do concreto. Mesmo recoberta (protegida?) pela fuligem, a pele humana segue

sendo frágil e vulnerável, e neste contato tão intenso – nesta quase amálgama entre

sujeito e ambiente – é impossível que não se machuque. O machucado, por seu turno,

amplia ainda mais a zona de contato dos sujeitos com o cenário, abrindo uma ponte de

contato entre a exterioridade do ambiente e a visceralidade do ser. Penso na Ode

Triunfal de Fernando Pessoa: corpo triturado pela ação maquínica, trespassado por

engrenagens, queimado e penetrado pelo fogo e pelo ferro. Corpo futurista,

entusiasmado com os anos de ouro do capitalismo europeu, embriagado da modernidade

em sua juventude. Corpo que anseia viver até mesmo a degradação, posto ser esta

também um dos símbolos de uma urbanidade nascente, da qual o poeta deseja

embebedar-se. À qual o poeta deseja fundir-se:

[...]

Eu podia morrer triturado por um motor

Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.

Atirem-me para dentro das fornalhas!

Metam-me debaixo dos comboios!

[...]

Deixai-me partir a cabeça de encontro às vossas esquinas

E ser levado da rua cheio de sangue

Sem ninguém saber quem eu sou!

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(Fernando Pessoa – Ode Triunfal)

Na campanha analisada, o sonho pessoano se transforma em pesadelo. O corpo é

atingido por distintas expressões da contemporaneidade: espacialidade urbana, uso de

drogas, solidão, violência. O corpo frágil, que se machuca no contato direto das carnes

com a concretude do território, expresso em sua materialidade espacial, incide no modo

como percebo a materialidade temporal deste território vivido. A dureza como oposição

não ao macio, ao mole, mas àquilo que é delicado. A noite como o território da

brutalidade, da dureza; como território do qual a delicadeza se ausentou.Viver este

território da noite e da rua – este território vivido -, implica expor-se à dureza e à

brutalidade. Implica em expor o corpo não apenas ao contato, mas à possibilidade de

fusão com este ambiente. Possibilidade esta manifesta com toda clareza se volto ao

ponto de que parti: a margem de escuridão que envolve todas as cenas, como as sombras

afastadas pelo efeito de um flash fotográfico. Como já dito antes: assim que a claridade

do flash desaparecer – assim que cessem os efeitos do “dispositivo luz” – as sombras

voltarão a cobrir toda a superfície da imagem. Tudo ali inscrito retornará à mesma

obscuridade de onde tudo emergiu. Das sombras, às sombras.

6. REFERÊNCIAS

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