entre a morte do autor e o jogo do texto

9
ENTRE A MORTE DO AUTOR E O JOGO DO TEXTO: COMENTÁRIOS SOBRE ROLAND BARTHES E ISER WOLFGANG

Upload: washington-carneiro

Post on 19-Feb-2016

38 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Debate sobre a teoria da morte do autor em Barthes e do jogo do texto em Wolfgang

TRANSCRIPT

Page 1: Entre a morte do autor e o jogo do texto

ENTRE A MORTE DO AUTOR E O JOGO DO TEXTO: COMENTÁRIOS SOBRE ROLAND BARTHES E ISER

WOLFGANG

Page 2: Entre a morte do autor e o jogo do texto

1 INTRODUÇÃOO artigo procura observar em breves comentários a ideia da morte do autor na semiologia proposta por Roland Barthes em comparação com a ideia de “jogo do texto” presente na estética da recepção de Iser Wolfgang.

A ideia de autor, como construção moderna, é subsumida pela própria criação no ato da escrita na medida em que o autor se apropria do universo de significações simbólicas que o cerca em Barthes. Dentro de uma lógica comparativa, procura-se discutir tal ideia com a visão de jogo presente no texto na lógica do jogo textual entre autor-texto-leitor de Wolfgang.

Page 3: Entre a morte do autor e o jogo do texto

2 ENTRE A MORTE DO AUTOR E O JOGO DO TEXTO

No texto A morte do autor de Roland Barthes (2004), em termos semiológicos, destaca o universo da produção literária como um ambiente cercado por um campo (sistema) de signos e significados que são apropriados pelo autor no momento da produção literária. O autor, construção da modernidade, é subsumido pela própria criação no ato da escrita na medida em que se apropria do universo de significações simbólicas que o cerca.

Page 4: Entre a morte do autor e o jogo do texto
Page 5: Entre a morte do autor e o jogo do texto

O texto não é composto de um sentido único, teológico, como mensagem de um “Autor-Deus”, “mas um espaço de dimensões múltiplas, onde se casam e constroem escritas variadas, nenhuma das quais é original: o texto é um tecido de citações, saídas dos mil focos da cultura” (2004, p. 4). Para Barthes, um texto é feito de escritas múltiplas, saídas de várias culturas e em diálogo com outras, em paródia, em contestação. Dessa forma, o lugar em que essa multiplicidade se reúne não é o autor, mas o leitor, que é o espaço em que se inscrevem “todas as citações de que uma escrita é feita”. A unidade de um texto está no seu destino, o leitor, que é “um homem sem história, sem biografia, sem psicologia; é apenas esse alguém que tem reunidos num mesmo campo todos os traços que constituem o escrito” (p. 5).

Page 6: Entre a morte do autor e o jogo do texto
Page 7: Entre a morte do autor e o jogo do texto

De outro lado, o alemão Iser Wolfgang (2002) trabalha o texto O jogo do texto dentro da perspectiva teórica da estética da recepção, abordando a lógica do autor-texto-leitor. O espaço entre eles é descrito em três níveis: o estrutural, o funcional e o interpretativo (WOLFGANG, 2002, p. 105-106). O primeiro, aspecto evoca um contramovimento como traço do jogo; o segundo evoca um universo a priori produzido pelo significante fraturado, que perde sua função designante para o aspecto figurativo; o terceiro aspecto é aberto pelo esquema como produto do empenho interpretativo entre acomodação e assimilação, seguindo a teoria piagetiana. Nesse movimento, tais esquemas sujeitam-se à desfiguração e à modelagem do jogo livre por meio da oscilação. O jogo do texto é um processo-acontecimento onde o ser (leitor) é protagonista da criação encenada, é uma performance, é a realização ilusória consciente de seu papel no cenário que se apresenta no texto (WOLFGANG, 2002, p. 115-116).

Page 8: Entre a morte do autor e o jogo do texto

3 CONCLUSÃO Os estudos semiológicos assim como a estética da recepção permitem dialogar com a produção literária de forma muito profícua no campo teórico da linguagem literária em relação às narrativas construídas a partir da modernidade (BENJAMIN, 1994).

Talvez se possa supor que o eterno retorno do autor no jogo do texto é uma questão de ponto de vista estético sobre o foco narrativo na perspectiva da produção literária (ADORNO, 2003).

Page 9: Entre a morte do autor e o jogo do texto

4 REFERÊNCIASADORNO, T. Posição do Narrador no Romance Contemporâneo. In: Notas de Literatura I. Notas de literatura I. São Paulo: Duas Cidades/ Editora 34, 2003. p. 55-63.

BARTHES, Roland. A morte do autor. In: O Rumor da Língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004. BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221.

FRIEDMAN, Norman L. O ponto de vista na ficção. O desenvolvimento de um conceito crítico. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/53/15-norman-2.pdf>; Acesso em: 30/10/2015. Publicado originalmente em: FRIEDMAN, Norman L. The point of view in fiction In: STEVICK, P. (Org.). The theory of the novel. New York, Free Press, 1967. GENETTE, Gérard. Discurso da narrativa, 3ª ed. Tradução de Fernando Cabral Martins. Lisboa: Vega, 1995.

POUILLON, Jean. O tempo no romance. São Paulo, Cultrix/Edusp, 1974.

WOLFGANG, Iser. O jogo do texto. In: LIMA, Luiz Costa. A Literatura e o leitor. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002, p. 105-118.