entomobrasilis volume 7, número 1

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Publicado pelo projeto Entomologistas do Brasil Volume 7 . Número 1 . Janeiro - Abril de 2014 EntomoBrasilis Periódico Online v. 7, n. 1 eISSN 1983-0572 doi:10.12741 2014 Foto: William Costa Rodrigues

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Volume 7, número 1 (jan. - abr. 2013), da EntomoBrasilis - Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil - DOI: http://dx.doi.org.br/10.12741/ebrasilis.v7i1

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Publicado pelo projeto Entomologistas do BrasilVolume 7 . Número 1 . Janeiro - Abril de 2014

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eISSN 1983-0572doi:10.12741

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Produzida no Brasil

Periodicidade: QuadrimestralDireitos Autorais: Copyright © 2008-2014, Entomologistas do BrasilIsenção de Responsabilidade Legal: As opiniões técnico/científicas e mesmo pessoais, constantes nos artigos e/ou comunicações científicas publicados no EntomoBrasilis são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

Projeto Gráfico (Editoração): William Costa RodriguesCapa: Borboleta Estaladeira (Hamadryas sp.). Local: Vassouras, Rio de Janeiro, Brasil. Foto: William Costa Rodrigues (Nikon D5100 f5,6; 1/125s; ISO 250 df 82mm).Revisão do Português/Inglês/Espanhol: Corpo de ConsultoresComposição: Fonte: Georgia, variando de 8 a 26pt, em estilo normal, itálico, negrito, sublinhado, podendo haver contorno e clorocação preta ou verde (texto), azul (links)

Site: www.periodico.ebras.bio.bre-mail: [email protected]

Distribuído e licenciado segundo a Creative Commons Licencehttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br

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IndexaçãoLatindex, SEER/IBICT, Scientific Commons, Dialnet, Harvester2, Agrobase - Literatura Agrícola, Sumários de Revistas Brasileiras, DOAJ, Qualis CAPES,

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Page 3: EntomoBrasilis volume 7, número 1

iii

O períodico online EntomoBrasilis fundado em 2008 pelo projeto Entomologistas do Brasil, tem como objetivo de publicar artigos originais, de forma rápida, das mais diversas áreas da Entomologia Brasileira

e Mundial, tais como: Bionomia; Comportamento; Ecologia; Entomologia Forense; Entomologia Geral; Fisiologia; Modelos Ecológicos Aplicados à Entomologia; Morfologia; Revisões; Saúde Pública; Taxonomia e Sistemática e demais áreas afins à Entomologia Brasileira e Mundial.

Expediente

Editor ChEfEWilliam Costa Rodrigues

Entomologistas do Brasil/ UniFOA - Centro Universitário de Volta Redonda / Methodos Consultoria Ambiental Ltda

EditorEs AdjuntosEvaldo Martins Pires - Universidade Federal de Mato Grosso

Jeronimo Augusto Fonseca Alencar - Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

Editores Científicos

Alexandre Ururahy Rodrigues, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Brasil

Arlindo Serpa Filho, Instituto Oswaldo Cruz, BrasilCleber Galvão, Instituto Oswaldo Cruz, BrasilEduardo José Ely Silva, Universidade Federal de

Pelotas, BrasilEvaldo Martins Pires, Universidade Federal do Mato

Grosso - Campus SINOP, BrasilGisele Luziane de Almeida, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Museu Nacional, BrasilHerbet Tadeu de Almeida Andrade, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, BrasilMaria Christina de Almeida, Universidade Federal do

Paraná, BrasilMaria José do Nascimento Lopes, Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia, BrasilMarliton Rocha Barreto, Universidade Federal do

Mato Grosso - Campus SINOP, BrasilNataly Araújo de Souza, Fundação Oswaldo Cruz,

Instituto Oswaldo Cruz, Departamento de Entomologia, Brasil

Nicolas Dégallier, Institut de Recherche pour le Développement, França

Ricardo Andreazze, Universidade Federal do Rio Grande de Norte, Brasil

Roney Rodrigues-Guimarães, Universidade Iguaçu / Universidade Estácio de Sá, Brasil

Rubens Pinto de Mello, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Brasil

Ruberval Leone Azevedo, Casa Civil -Governo do Estado de Sergipe, Brasil

Tatiana Chrysostomo Santos, Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Victor Py-Daniel, Universidade de Brasília, BrasilWedson Desidério Fernandes, Universidade Federal

da Grande Dourados, Brasil **********

Consultores Adhoc deste NúmeroAgno Nonato Serrão Acioli, Instituto de Natureza e Cultura/

Universidade Federal do Amazonas, BrasilAlessandra Marieli Vacari, Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho, BrasilAnderson Gonçalves da Silva, Universidade Federal Rural da

Amazônia, BrasilÂngela Alves Almeida, UNIABEU Centro Universitário, BrasilBruno Henrique Sardinha de Souza, Faculdade de Ciências Agrárias

e Veterinárias /UNESP, BrasilCarla Cristina Dutra, Universidade Federal da Grande Dourados,

BrasilCleber Barreto Espindola, Universidade Severino Sombra, BrasilEvaldo Martins Pires, Universidade Federal de Mato Grosso, BrasilFlávio Roberto Mello Garcia, Universidade Federal de Pelotas,

BrasilFrancisco Fernandes Pereira, Universidade Federal de Rondônia,

BrasilHélida Ferreira da Cunha, Universidade Estadual de Goiás, BrasilIara Sordi Joachim-Bravo, Universidade Federal da Bahia, BrasilIvan Carlos Fernandes Martins, Universidade Federal Rural da

Amazônia, BrasilIvana de Freitas Barbola, Universidade Estadual de Ponta Grossa,

BrasilJeronimo Augusto Fonseca Alencar, Instituto Oswaldo Cruz –

FIOCRUZ, BrasilJoão Antonio Zequi, Centro Universitário Filadélfia, BrasilJúlia dos Santos Silva, Fundação Oswaldo Cruz, BrasilLuan Alberto Odorizzi Santos, Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias, /UNESP, BrasilMargareth Maria de Carvalho Queiroz, Instituto Oswaldo Cruz -

IOC/FIOCRUZ, BrasilMarise Maleck, Universidade Severino Sombra, BrasilPatrik Luiz Pastori, Universidade Federal do Ceará, BrasilRicardo Andreazze, Universidade Federal do Rio Grande de Norte,

BrasilRoberto de Xerez, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

Brasil.Ronaldo Pavarini, Universidade Estadual Paulista, BrasilRoney Rodrigues-Guimarães, Universidade Estácio de Sá/Centro

Universitário de Barra Mansa, BrasilRuberval Leone Azevedo, Casa Civil - Governo do Estado de Sergipe,

BrasilWagner de Souza Tavares, Universidade Federal de Viçosa, BrasilWilliam Costa Rodrigues, Centro Universitário de Volta Redonda/

Methodos Consultoria Ambiental, Brasil**********

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Sumário

EcologiaEfeito do Envelhecimento de Isca na Captura de Moscas (Diptera: Brachycera) em Área de Caatinga. Effect of Aging Bait for Catching Flies (Diptera: Brachycera) in a Caatinga Area. Eduardo Nascimento, Bianca Giuliano Ambrogi, Leandro Sousa-Souto, Marcelo Vilas-Bôas & Manoel Uchôa. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.327 ...............................................................................01-04

Dinâmica Populacional de Mosca-Branca Bemisia tabaci (Genn.) Biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em Feijoeiro. Population Dynamics of the Whitefly Bemisia tabaci (Genn.) Biotype B (Hemiptera: Aleyrodidae) on Bean Plants. Anderson Gonçalves da Silva, Arlindo Leal Boiça Junior, Paulo Roberto Silva Farias, Bruno Henrique Sardinha de Souza, Nara Elisa Lobato Rodrigues & Flávio Gonçalves de Jesus. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.334 ........................................................................................05-11

Entomologia ForenseFirst Medicolegal Forensic Entomology Case of Central Amazon: A Suicide by Hanging with Incomplete Suspension. Primeiro Caso de Entomologia Médico-legal da Amazônia Central: Um Suicídio por Enforcamento com Suspensão Incompleta. Eduardo Rodrigues de Souza, José Albertino Rafael, Francisco Felipe Xavier Filho, Juliana Oliveira Da-Silva-Freitas, Janyra Oliveira-Costa & Alexandre Ururahy-Rodrigues. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.375 .........................................................................12-15

Entomologia GeralAtividade de Voo de Rhodnius robustus Larrousse em Laboratório (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae). Flight Activity of Rhodnius robustus Larrousse in Laboratory (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae). Dayse da Silva Rocha, José Jurberg & Cleber Galvão. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.293. ..............................................................................................................16-19

Coleoptera (Arthropoda, Insecta) Associados às Copas de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de Poconé, Mato Grosso, Brasil. Coleoptera (Arthropoda, Insecta) Associated with the Canopies of Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) in the Pantanal of Poconé, Mato Grosso, Brazil. Leandro Dênis Battirola, Geane Brizzola dos Santos, Germano Henrique Rosado-Neto & Marinêz Isaac Marques. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.316. .................................................................................................. 20-28

Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) para controle de Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae). Isolates of Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) for the control of Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae). Eduardo Kenji Hayashida, Samir Oliveira Kassab, Elisângela de Souza Loureiro, Camila Rossoni, Rogério Hidalgo Barbosa, Antônio de Souza Silva & Daniele Perassa Costa. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.323. ....................................................................................................29-32

Lista de Espécies de Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea) de uma Área de Semiárido na Região Nordeste do Brasil. List of Butterflies Species (Lepidoptera: Hesperioidea and Papilionoidea) in a Northeastern Brazilian Semiarid Area. José Nicássio Rocha Lima & Thamara Zacca. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.351. ................................................................. 33-40

Análise Econômica da Produção de Trichogramma pretiosum Riley em Diferentes Escalas. Economic Analysis of Trichogramma pretiosum Riley Production at Different Scales. Alfredo de Gouvea, Valdemir José Gnoatto, Everton Ricardi Lozano Silva & Michele Potrich. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.379. ............................................................................................................................. 41-47

Saúde PúblicaAumento da Sobrevivência de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus), em Condições de Laboratório, pela Ingestão de Néctar Extrafloral de Euphorbia milii Des Moul. (Euphorbiaceae). Increases Survival of Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus) Under Laboratory Condition by the Ingestion Extrafloral Nectar of Euphorbia milii Des Moul. (Euphorbiaceae). Nathalia Cavichiolli de Oliveira & Antonio Pancracio de Souza. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.305. ...............................................48-51

Ovitrampas para Avaliação da Presença de Aedes aegypti (Linnaeus) e Aedes albopictus (Skuse) no Município de Vassouras, Estado do Rio de Janeiro. Ovitramps for evaluating the presence of Aedes aegypti (Linnaeus) and Aedes albopictus (Skuse) in Vassouras City, State of Rio de Janeiro. Alexandre de Araujo Oliveira & Marise Maleck. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.369. . .............................................................................................................................................................................................................52-57

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Comunicação CientíficaFirst Record of Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) (Isoptera: Syntermitinae) Associated with Rat Carrion in Brasília, Brazil. Primeiro Registro de Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) (Isoptera: Syntermitinae) Associado à Carcaça de Rato em Brasília, Brasil. Anna Carolina Prestes, Karla Pessôa Tepedino, Cecília Kosmann & José Roberto Pujol-Luz. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.353. ........................................................................................................................................................58-61

Coleus barbatus Benth and Ocimum basilicum L. (Lamiaceae), New Host Plants to Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) in Sinop, State of Mato Grosso, Brazil. Coleus barbatus Benth e Ocimum basilicum L. (Lamiaceae): Novas Plantas Hospedeiras para Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) em Sinop, Estado de Mato Grosso, Brasil. Evaldo Martins Pires, Clovis Luiz de Moraes Manica, Roberta Martins Nogueira, Jeandson da Silva Carneiro, William Costa Rodrigues & Marcus Alvarenga Soares. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.363. .............................................................62-64

Biologia de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Algodoeiro de Fibra Colorida Tratado com Silício. Biology of Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) in Colored Cotton Treated with Silicon. Alex Antônio Silva, Roberta Alvarenga, Jair Campos Moraes & Eliana Alcantra. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.365. .................65-68.

Registro de Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) en Eucalyptus sp. (Myrtaceae) en Sorriso, Mato Grosso y su depredación por Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) (Hemiptera: Reduviidae: Harpactorinae). Registration of Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) in Eucalyptus sp. (Myrtaceae) in Sorriso, Mato Grosso and its predation by Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) (Hemiptera: Reduviidae: Harpactorinae). Marliton Rocha Barreto & Pastor Amador Mojena. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.371. ............................................................................................... 69-71

Ataque e Caracterização de Danos de Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) em Brachiaria decumbens Stapf e Panicum maximum Jacq.. Attack and Damage Characterization of Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) in Brachiaria decumbens Stapf and Panicum maximum Jacq.. Silma da Silva Camilo, Márcia Vitória Santos, Marcus Alvarenga Soares & Evaldo Martins Pires. doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.388..................................................................................72-74

Volume 7, número 1 - Jan. - Abr. 2014*************

ISSN 1983-0572doi:10.12741/ebrasilis.v7i1

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www.periodico.ebras.bio.br

e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Efeito do Envelhecimento de Isca na Captura de Moscas (Diptera: Brachycera) em Área de Caatinga

Eduardo Nascimento¹, Bianca Giuliano Ambrogi¹, Leandro Sousa-Souto¹, Marcelo Vilas-Bôas¹ & Manoel Uchôa²

1. Universidade Federal de Sergipe, e-mail: [email protected], [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected]. 2. Universidade Federal da Grande Dourados, e-mail: [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 01-04 (2014)

Eco

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Resumo. Espécies de Diptera, principalmente as moscas, tem se mostrado como potenciais bioindicadores para mudanças ambientais. Para captura destes animais, há diferentes métodos, incluindo as armadilhas com atrativos alimentares. Neste estudo, para avaliar a eficiência de armadilhas na captura de moscas usando isca de melaço de cana-de-açúcar, foram avaliados os parâmetros ecológicos: abundância, riqueza e composição de espécies de moscas, comparando diferentes períodos de exposição das armadilhas em campo: 24, 48, 72 e 96h. A riqueza e abundância apresentaram mudança significativa em relação ao tempo de exposição da isca, tendo se estabilizado após 48h, e a composição diferiu entre o primeiro dia (24h) e os demais (48, 72, 96h).

Palavras-chave: Anastrepha sororcula; Atrativo alimentar; composição; dinâmica populacional; diversidade de espécies.

Effect of Aging Bait for Catching Flies (Diptera: Brachycera) in a Caatinga Area

Abstract. Diptera species, especially flies, has shown potential as bioindicators for environmental changes. There are different methods to capture these animals, including traps with food baits. In this study, we assess the efficiency of traps for catching flies using bait of cane sugar molasses, analyzing the ecological parameters: abundance, species richness and species composition of flies during different periods of exposure of the traps in the field: 24, 48, 72 and 96h. Species richness and abundance showed significant change with respect to exposure time in the field, with stabilization after 48h, and species composition differed between the first and the other days.

Keywords: Anastrepha sororcula, Attractive feed; composition; population dynamics; species diversity.

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urante muito tempo a caatinga foi considerada um ambiente pobre em espécies, endemismos e com baixa biodiversidade (LeaL et al. 2003). No entanto, estudos

recentes têm demonstrado que a caatinga possui na verdade um importante patrimônio biológico, abrigando um número considerável de espécies de animais e plantas endêmicas (LeaL et al. 2003). A heterogeneidade ambiental da caatinga e a particularidade de seus ambientes permitem inferir que a fauna de invertebrados desse bioma seja riquíssima, com a ocorrência de várias espécies endêmicas. Entretanto, o aspecto que mais se destaca na análise dos dados sobre os invertebrados da caatinga é o conhecimento insuficiente que se tem das espécies deste táxon (SiLva et al. 2003).

Nos últimos anos, há tendência a dar um maior enfoque ao estudo de insetos em trabalhos sobre a biodiversidade, devido a sua importância ecológica e econômica imediata, como a polinização de espécies vegetais de interesse agronômico, a produção de mel, cera e derivados ou aos danos provocados por aquelas espécies consideradas pragas. Entretanto, alguns insetos passam despercebidos, apesar da sua importância como indicadores de qualidade ambiental, bem como para monitoramento da biodiversidade (SiLva et al. 2003).

Os insetos da ordem Diptera, mais especificamente as moscas, são apontadas como bioindicadores em potencial para a avaliação de impacto e monitoramento da recuperação florestal, pela sua representatividade numérica, sendo a segunda ordem mais biodiversa da Classe Insecta, com mais de 150.000 espécies

descritas, grande variedade de nichos ocupados e por estarem presentes em interações em diversos níveis tróficos (CarvaLho et al. 2012).

As moscas, ao lado de outros invertebrados, fungos e bactérias, desempenham o papel de decompositores de resíduos orgânicos e fazem parte da ciclagem de matéria orgânica. Além de decompositoras, há espécies de moscas (Syrphidae e outros grupos) que atuam também como polinizadoras (ProCtor et al. 1996). No entanto, moscas também podem carregar microorganismos causadores de doenças, como vírus, fungos, bactérias, platelmintos, nematoides etc., e são responsabilizadas por grande parte dos danos econômicos causados por insetos na fruticultura brasileira (Duarte & MaLavaSi 2000; UChôa 2012). De modo geral, percebe-se então a necessidade de se desenvolver metodologias compatíveis com os hábitos das espécies deste grupo para que possam ser realizados estudos mais aprofundados, seja com o objetivo de monitoramento, detecção ou controle populacional.

Armadilhas e atrativos aparecem como meios importantes para maior precisão na captura destes insetos. Existem vários tipos de atrativos para moscas, variando o tipo usado em função da espécie da mosca, do local, entre outros fatores, sendo que a maioria provém de compostos naturais (SaLLeS 1999; GaLLo

Agências de Financiamento: CNPq, FAPITEC

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.327

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2Efeito do Envelhecimento de Isca na Captura de Moscas… Nascimento et al.

e-ISSN 1983-0572

et al. 2002). Os atrativos alimentares podem ser elementos nutritivos de plantas ou elementos secundários, tais como glicosídeos, fenóis, alcalóides, entre outros compostos. Alguns atrativos alimentares comumente utilizados são o melaço, proteína hidrolisada e sucos de frutas (SaLLeS 1999; GaLLo et al. 2002). Estudos apontam evidências de que a amônia liberada na decomposição de substâncias orgânicas, como sucos de frutas, influencia positivamente na atração olfativa de algumas moscas (BateMan & Morton 1981). Porém, embora se saiba da eficiência do uso de armadilhas e iscas na atração de moscas, faltam informações sobre como o envelhecimento e a decomposição de atrativos alimentares afetam a captura destes insetos. Supõe-se que, com o tempo, a isca vai sofrendo alterações em sua composição, alterando, portanto seu poder atrativo, podendo atrair diferentes espécies em determinados tempos. É possível inferir também que a partir de determinado momento, a isca pode atingir um eficiência ótima, quando consegue capturar o maior número de espécies alvo ou que depois de algum tempo, produza substâncias repelentes que vão diminuir o número de indivíduos coletados.

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de armadilhas atrativas para coletar moscas, verificando como a abundância, riqueza e composição de moscas se modificam diante do efeito do envelhecimento da isca nelas presentes.

MATERIAL E MéTODOS

Área de estudo. A área escolhida para o estudo foi um fragmento de mata ciliar de caatinga, situado dentro do Monumento Natural Grota do Angico, município de Poço Redondo-Sergipe (9º 41’S e 38º 31’W). A área possui aproximadamente 2.183 ha e situa-se na Depressão Sertaneja Meridional, com altitude variando de 10 a 200 m. O clima característico da região é o Tropical Semi-Árido Quente, com precipitação anual média de 500 mm (oLiveira et al. 2013; SiLva et al. 2013).

Captura das moscas. O estudo foi realizado no final do período chuvoso (agosto de 2011). Para a atração das moscas, foram utilizadas 10 armadilhas artesanais feitas de garrafa PET (polietileno-tereftalato), dispostas a uma distância de 20m uma da outra, e a uma altura média de 2 m do solo conforme descrito por aguiar-MenezeS et al. 2006. As armadilhas continham 300 mL da solução de melaço de cana-de-açúcar diluído em água e concentração de 7%, preparado e guardado em recipiente fechado sete dias anteriores à exposição. O período de sete dias antes da exposição da isca foi necessário para ocorrer fermentação das substâncias orgânicas e liberação dos odores responsáveis pela atratividade das moscas (roBaCker 1991; MaLo 1992; heat et al. 1993).

Desenho experimental. As armadilhas foram dispostas em dois transectos paralelos distando 20 m entre si (Figura 1).

Para que se pudesse conhecer o efeito do envelhecimento do melaço na riqueza, abundância e composição das amostras foram efetuadas coletas em 24, 48, 72 e 96 h após a disposição das iscas, da seguinte forma: ao final de cada período de coleta,

cada armadilha foi retirada, os insetos capturados no melaço foram recolhidos e depositados em pote identificado. Após isso, o melaço retornava à armadilha e esta era disposta no seu lugar original. Em laboratório, os insetos capturados foram triados e as moscas, contabilizadas e inventariadas.

Análises estatísticas. O efeito do tempo de envelhecimento da isca (variável explicativa) sobre a riqueza e abundância de dípteros (variáveis resposta) foi submetido à análise de variância (One-Way ANOVA), seguida de teste de Tukey (p < 0,05), utilizando-se o software R (CrawLey 2007). Antes da ANOVA foi realizada a análise de normalidade dos dados, confirmando a adequabilidade desta análise paramétrica.

Diferenças na composição das espécies entre os quatro períodos de exposição da armadilha foram testadas por meio de análise de escalonamento multidimensional não-métrico NMDS. A ordenação utilizada seguiu o índice de Bray-Curtis, uma vez que a abundância dos indivíduos foi a variável considerada (MatoS et al. 2013). Adicionalmente, foi realizada uma análise de similaridade (ANOSIM; CLarke 1993), para detecção de possíveis diferenças entre dois ou mais grupos de unidades amostrais (períodos de exposição). Essas últimas análises foram conduzidas utilizando-se o software PAST (haMMer et al. 2001).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Foi possível distinguir 14 morfotipos de moscas dentro dos 7.594 indivíduos amostrados, sendo detectada diferença significativa na riqueza (F = 7,06; p < 0,001) e na abundância (F = 4,63; p = 0,007) após as primeiras 24 horas de exposição das iscas (Figura 2 e Figura 3). Não houve diferença significativa na riqueza e abundância de moscas após 48h de exposição, indicando que esse período de tempo é suficiente para coleta de dípteros utilizando-se a metodologia proposta neste estudo.

Dentre os dípteros coletados detectou-se a presença da espécie de mosca-das-frutas: Anastrepha sororcula Zucchi (Diptera: Tephritidae), sendo o primeiro registro de ocorrência de indivíduos dessa família para o estado de Sergipe.

Os índices de captura de moscas atingiram seus níveis ótimos (em termos de abundância) nas amostras coletadas 48h após a exposição das iscas, mantendo-se constantes nas amostras seguintes, tais resultados contrastam com um estudo anterior realizado no Rio Grande do Sul, em pomar de pêssego (SaLLeS 1999). Nesse estudo, o autor constatou uma maior abundância de indivíduos capturados nas armadilhas expostas por um intervalo de tempo superior a 48 horas.

Assim como observado para a riqueza e abundância, a comparação entre a composição das espécies mostra uma diferença significativa das amostras coletadas nas primeiras 24 h em relação às demais (ANOSIM; p< 0,05) (Figura 4 e Tabela 1).

Essa diferença sugere que estudos com foco na composição de espécies ou morfotipos em áreas de Caatinga podem ser efetuados de maneira efetiva em amostras com tempo de permanência de até 48h, não se fazendo necessária a espera da decomposição da amostra por grandes períodos.

Figura 1. Esquema da disposição dos pontos amostrais para a captura de moscas com armadilhas iscadas com melaço de cana-de-açúcar em ecossistema de Caatinga.

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Janeiro - Abril 2014 - www.periodico.ebras.bio.br EntomoBrasilis 7 (1)

e-ISSN 1983-0572

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Os resultados do presente estudo permitem inferir que há alterações na abundância, riqueza e composição de moscas capturadas em armadilhas com o atrativo alimentar melaço de cana-de-açúcar em relação ao envelhecimento desta isca durante o período chuvoso (Agosto 2011) no fragmento de Caatinga analisado. Essas alterações podem auxiliar no desenho experimental de projetos futuros, pois poderá ser necessário adaptar a metodologia dependendo do objeto de estudo em foco.

O tempo ideal para capturar a maior riqueza e maior abundância de moscas na região de Caatinga estudada é 48h. Nas primeiras 24h as variáveis estudadas apresentam os menores valores e diferem significativamente do resto da amostragem.

O envelhecimento e a decomposição do atrativo alimentar é um fator positivo para maior eficiência de captura de mosca das frutas, aumentando a sua atratividade após 48 horas de exposição.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação - UFS pela oportunidade de realizar esse trabalho, ao CNPq e FAPITEC pelas bolsas de Mestrado concedidas, a SEMARH pelo apoio logístico e a CAPES (PROAP/UFS) pelo financiamento das coletas.

Figura 2. Variação da riqueza de moscas (Diptera: Brachycera) amostradas em ecossistema de Caatinga (Poço Redondo, Sergipe) com armadilhas iscadas com melaço de cana-de-açúcar, em relação ao tempo de exposição da isca. Letras diferentes indicam diferença significativa (α < 0,05) pelo teste de Tukey.

Figura 3. Variação da abundância de moscas (Diptera: Brachycera) amostradas em ecossistema de Caatinga com armadilhas iscadas com melaço de cana-de-açúcar, em relação ao tempo de exposição da isca Letras diferentes indicam diferença significativa (α < 0,05) pelo teste de Tukey.

Figura 4. Análise multi-variada da composição de moscas (Diptera: Brachycera) capturadas em armadilhas com diferentes tempos de exposição da isca (melaço de cana-de-açúcar) em ecossistema de Caatinga.

Tabela 1. Análise de Similaridade (ANOSIM) da composição de moscas (Diptera: Brachycera) capturadas em armadilhas com diferentes tempos de exposição da isca (melaço de cana-de-açúcar) em ecossistema de Caatinga (Poço Redondo-Sergipe). Números em negrito e itálico indicam diferença significativa entre os pares analisados.

24h 48h 72h 96h

24h - 0,09 0,01 0,02

48h 0,09 - 1 1

72h 0,01 1 - 1

96h 0,02 1 1 -

REFERêNCIAS

Aguiar-Menezes, E.L., J.F. De Souza, S.A.S. Souza, M.R. Leal, J.R. Costa & E.B. Menezes, 2006. Armadilha PET para captura de adultos de moscas-das-frutas em pomares comerciais e domésticos. Rio de Janeiro, Seropédica: Embrapa Agrobiologia (Circular Técnica, 16), 8p.

Bateman, M.A. & T.C. Morton, 1981. The importance of ammonia in proteinaceous attractants for fruit flies (Family: Tephritidae). Australian Journal of Agricultural Research, 32: 883-903.

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Recebido em: 06/03/2013Aceito em: 20/11/2013

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Como citar este artigo:

Nascimento, E., B.G. Ambrogi, L. Sousa-Souto, M. Vilas-Bôas & M. Uchôa, 2014. Efeito do Envelhecimento de Isca na Captura de Moscas (Diptera: Brachycera) em Área de Caatinga. EntomoBrasilis, 7 (1): 01-04. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.327

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www.periodico.ebras.bio.br

e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

www.ebras.bio.brDistribuído através da Creative Commons Licence v3.0 (BY-NC-ND)

Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Dinâmica Populacional de Mosca-Branca Bemisia tabaci (Genn.) Biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae)

em FeijoeiroAnderson Gonçalves da Silva¹, Arlindo Leal Boiça Junior², Paulo Roberto Silva Farias¹,

Bruno Henrique Sardinha de Souza², Nara Elisa Lobato Rodrigues² & Flávio Gonçalves de Jesus³

1. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected]. 2. Universidade Estadual Paulista, FCAV/UNESP, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected]. 3. Instituto Federal Goiano - IFGO, e-mail: [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 05-11 (2014)

Eco

logi

a

Resumo. O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência dos fatores abióticos na dinâmica populacional da mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.,) (Hemiptera: Aleyrodidae) em três épocas de semeadura de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Os ensaios foram instalados de junho de 2010 a abril de 2012, todos conduzidos no Departamento de Fitossanidade da FCAV/UNESP – Campus de Jaboticabal, SP. Os estudos de dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B, foram obtidos através da avaliação semanal da infestação de ovos, ninfas e adultos de mosca-branca por 18 avaliações, sendo seis para cada época de semeadura: “de inverno”, “das águas” e “da seca”, respectivamente, além da influência dos fatores abióticos, temperatura e umidade relativa (mínima, média e máxima) semanal e precipitação pluviométrica acumulada, sendo essas variáveis correlacionadas com o número total de ovos, ninfas e adultos de mosca-branca através de uma análise do tipo correlação linear de Pearson (r). Dentre os resultados obtidos, destaca-se que os picos populacionais de B. tabaci biótipo B ocorreram na semeadura “das águas”, seguido pelas semeaduras “de inverno” e “da seca” e que os fatores abióticos temperatura e umidade relativa influenciaram negativamente na dinâmica populacional de mosca-branca.

Palavras-Chave: Infestação; Fatores abióticos; Phaseolus vulgaris.

Population Dynamics of the Whitefly Bemisia tabaci (Genn.) Biotype B (Hemiptera: Aleyrodidae) on Bean Plants

Abstract. This study aimed to evaluate the influence of abiotic factors on the population dynamics of the whitefly Bemisia tabaci (Genn.,) (Hemiptera: Aleyrodidae) in three sowing seasons on bean plants (Phaseolus vulgaris L.). The assays were set up from June 2010 to April 2012 and conducted in the Departamento de Fitossanidade at FCAV/UNESP – Campus of Jaboticabal, SP. The studies of the population dynamics of B. tabaci biotype B were performed weekly through infestation assessments of eggs, nymphs and adults of the whitefly on 18 samplings, six for each sowing season: “winter”, “water” and “dry”, in addition to the influence of the abiotic factors weekly temperature and relative humidity (minimum, average and maximum) and accumulated rainfall. These variables were correlated to the total number of eggs, nymphs and adults of the whitefly through Pearson’s linear correlation analysis. Among the obtained results, the population peaks of B. tabaci biotype B occurred at the “water” season, followed by “winter” and “dry” seasons, and the abiotic factors temperature and relative humidity influenced negatively the population dynamics of the whitefly.

Keywords: Abiotic factors; Infestation; Phaseolus vulgaris

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studos de dinâmica populacional são importantes, pois fornecem informações úteis para o desenvolvimento de modelos que envolvam o manejo de pragas (giLBert et al.

1976), pois é possível obter uma imagem da população ao longo de determinado período de tempo (oduM 1988). Tais estudos podem indicar a distribuição e abundância de insetos, além de elucidarem interações ecológicas de pragas e inimigos naturais (SiLveira neto et al. 1976), bem como de fatores abióticos (importantes meios de mortalidade natural) (trnkaa et al. 2007; BataLden et al. 2007); permitindo prever a ocorrência de surtos e, principalmente, a adoção correta de medidas de controle.

O conhecimento da dinâmica populacional de um inseto praga pode ser empregado com sucesso em programas de manejo. Todavia, ainda existem muitas dúvidas a respeito dos fatores que regulam as populações de insetos em agroecossistemas (SiLveira neto et al. 1976).

Para a mosca-branca, Bemisia tabaci (Genn.) (Hemiptera: Aleyrodidae), principal praga do feijoeiro, sabe-se que seu desenvolvimento biológico e sua densidade populacional em um ambiente são extremamente dependentes de variáveis

climáticas, sendo baixa com a semeadura durante “das águas”; já “na seca”, o nível populacional desse inseto aumenta, devido às altas temperaturas (Faria 1988). O ciclo biológico da mosca-branca varia de acordo com a temperatura e a planta hospedeira, variando de 13 a 20 dias no verão e próximo de 72 dias no inverno, com até 15 gerações por ano (Faria 1988), quando as condições estão favoráveis ao seu desenvolvimento.

Estudos de BeeBe & PaStor-CorraLeS (1991) e Paiva & gouLart (1995), citam que a população da mosca-branca é maior no final da estação quente, quando as chuvas não são muito fortes ou quando ocorre a colheita de certas culturas, que favorece a migração do inseto; mas tende a diminuir após longos períodos frios.

Quanto a dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B, ao longo das épocas de semeadura, o que se observa é que essa é maior em plantios de semeadura “da seca”, principalmente favorecida pela baixa precipitação e temperaturas elevadas, posteriormente

Agências de Financiamento: CAPES e CNPq

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.334

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6Dinâmica Populacional de Mosca-Branca Bemisia tabaci … Silva et al..

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vem o plantio que corresponde a semeadura “das águas” e para o plantio referente a semeadura “de inverno”, são observadas infestações mais reduzidas de mosca-branca, principalmente por conta das condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento da praga, principalmente relacionadas a baixas temperaturas (toMaSo 1993; JeSuS 2007; JeSuS et al. 2010).

Diante da importância que a cultura do feijão apresenta para a população brasileira e dada a importância de entender melhor sobre influência de fatores abióticos na dinâmica populacional de mosca-branca, objetivou-se na presente pesquisa avaliar a influência dos fatores abióticos (precipitação pluviométrica, umidade relativa e temperatura) na dinâmica populacional da praga, em três épocas de semeadura, em condições de campo, no município de Jaboticabal, SP, Brasil.

MATERIAL E MéTODOS

Localização da área. Os experimentos a campo foram instalados de junho de 2010 a abril de 2011, correspondendo aos plantios de feijoeiro das semeaduras “de inverno” (efetuado em 06/07/2010, colheita em 14/10/2010), “das águas” (efetuado em 07/12/2010, colheita em 12/03/2011) e “da seca” (efetuado em 20/04/2011, colheita em 10/08/2011), conduzidos de forma alternada em duas áreas experimentais pertencentes ao Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/ UNESP, Campus de Jaboticabal, São Paulo, Brasil (Figura 1). Localizada entre as coordenadas geográficas 21º15’22” de latitude sul (S) e 48º15’58” de longitude oeste (W), com altitude de 595 m.

O clima predominante na região enquadra-se no tipo CWA (Clima Temperado Mesotérmico), conforme a classificação de Köppen, que se caracteriza por apresentar temperatura média de 28 °C, com verão chuvoso e inverno seco (köPPen & geiger 1928). O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho Escuro, segundo critérios estabelecidos pelo SiBCS (eMBraPa 2006). Este foi preparado convencionalmente, para as três épocas de semeadura, com a correção da fertilidade do solo sendo feita de acordo com as exigências da cultura (MaLavoLta 2006).

Avaliação da infestação de B. tabaci biótipo B, em três épocas de semeadura. Para os experimentos, adotou-se o espaçamento de 0,50 m na entre linha, plantando-se 15 sementes por metro linear, onde após dez dias foi realizado o desbaste e deixado 12 plantas por metro linear. Cada parcela foi constituída de quatro linhas de quatro metros de comprimento, totalizando 8,0 m2 de área e 4,0 m2 de área útil, com área total do experimento

de 608 m2.

Na adubação de plantio se utilizou 430 kg por hectare da fórmula 04-14-08. Foi realizado o tratamento das sementes com fungicida de ingrediente ativo, tetrametilthiuram disulfide (Thiram®), de ação protetora na dosagem de 200 a 300 g do produto comercial por 100 kg de sementes. Produto recomendado para o tratamento de sementes na cultura do feijão, disponível na base de dados da AGROFIT, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MaPa). Para o controle das plantas daninhas utilizou-se herbicida seletivo e de ação sistêmica, dos grupos químicos Ácido ariloxifenoxipropiônico e difenil éter (Robust®), também recomendado para a cultura, na dosagem de 0,8 L/ha.

Para a área não se utilizou qualquer produto fitossanitário para o controle de pragas, sendo o experimento irrigado quando necessário.

As áreas experimentais continham 19 cultivares de feijoeiro (tratamentos), utilizados no presente estudo, esses foram: IAC-Formoso, IAC-Diplomata, IAC-Una, IAC-Alvorada, IAC-Harmonia, IAC-Galante, IAC-Carioca-Eté, IAC-Centauro, IAC-Carioca-Tybatã, BRS-Supremo, BRS-Requinte, BRS-Pontal, BRS-Cometa, IAPAR-81, IPR-Siriri, IPR-Eldorado, Guará, IPR-139 e Pérola. As sementes das cultivares de feijoeiro comum foram fornecidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Para o experimento referente a semeadura “de inverno” utilizou-se 18 cultivares, pois a cultivar IAC-Harmonia, após a germinação, apresentou número insuficiente de plantas.

Dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B e Influência dos fatores abióticos. Os estudos de dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B, foram obtidos pela avaliação semanal da infestação natural de ovos, ninfas e adultos de mosca-branca por 18 avaliações, sendo seis (6) para cada época de semeadura: “de inverno”, “das águas” e “da seca”. Além da influência dos fatores abióticos, temperatura e umidade relativa (mínima, média e máxima) semanal e precipitação pluviométrica acumulada, essas foram correlacionadas com o número total de ovos, ninfas e adultos de mosca-branca pela análise de correlação linear de Pearson (r). Quanto a avaliação das épocas de semeadura, os dados obtidos foram transformados em (x + 0,5)1/2, para normalização dos mesmos e submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo teste F (Fisher), sendo as médias, quando diferiram significativamente entre si, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Estas foram realizadas com auxílio do programa estatístico SAS (SaS inStitute 1994).

Figura 1. Localização das áreas experimentais 1 e 2, pertencentes ao Departamento de Fitossanidade, FCAV/UNESP. Imagem: Google Maps.

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Os dados meteorológicos referentes as datas das avaliações nas três épocas de semeaduras foram obtidos da estação meteorológica do Departamento de Ciências Exatas da Faculdade de Ciências Agrárias, Campus de Jaboticabal. Os valores de infestação de ovos, ninfas e adultos de mosca-branca, bem como os de fatores abióticos encontram-se na Tabela 1.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B nas três épocas de semeadura e influência dos fatores abióticos. Observou-se a incidência de ovos e ninfas de B. tabaci biótipo B em todas as avaliações, com exceção das duas últimas onde não se verificou a presença de ovos, com infestações da praga variando de 0,0 a 233,3 para ovos; 0,2 a 149 para ninfas, além de 0,0 a 41,8 para adultos, como pode ser observado através da Tabela 1 e Figura 2.

Os maiores picos de infestação foram registrados nas avaliações referentes às datas de amostragens 10/01 e 17/01 para adultos, ovos e ninfas de mosca-branca, além das avaliações referentes aos dias 24/01 para ovos e 07/02 para ninfas. Apresentando redução drástica para todos os estágios da praga para as avaliações a partir da data de 23/05, que se configura no plantio de semeadura “da seca” (Figura 2).

Destaque para o plantio referente à semeadura “das águas”, apresentando as maiores infestações, tanto para ovos como para ninfas de mosca-branca. Resultados contrários foram obtidos por toMaSo (1993) e JeSuS (2010), também em trabalho com feijoeiro em Jaboticabal - SP, onde verificaram a incidência de mosca-branca em todo o período de avaliação, porém, diferente do presente estudo, com a presença mais acentuada no final da semeadura “das águas” até meados da época de semeadura “da seca”.

Foram observadas diferenças significativas entre as épocas de semeadura para a infestação de ovos, ninfas e adultos de B. tabaci biótipo, com os respectivos coeficientes de variação e teste F: Adulto (CV% = 31,13; F = 7,6*), ovo (CV% = 27,59; F = 8,3*) e ninfa (CV% = 29,56; F = 75,7*) (Figura 3).

Para a infestação de adultos, o plantio de semeadura “das águas” apresentou maior infestação (12,9), diferindo significativamente do plantio de semeadura “de inverno” (18) e da semeadura “da seca” (1,3) (Figura 3).

Apesar de ter apresentado menor número de adultos comparado a semeadura “de inverno”, o plantio de semeadura “das águas”, diferiu significativamente, apresentando maior número de ovos (101,7), apontando que neste período há um favorecimento para a viabilidade de ovos e também de ninfas, já que esta época de semeadura, “das águas”, também apresentou maior número de ninfas, diferindo significativamente das demais épocas de semeadura (Tabela 1).

Estes resultados podem ser explicados pela ocorrência nesse período de temperaturas mais elevadas (Tabela 1), que favorecem o desenvolvimento de mosca-branca, enquanto que as baixas temperaturas observadas na semeadura “de inverno” tendem a alongar ou mesmo inviabilizar o ciclo da praga. Fato este, observado em estudos de Paiva & gouLart (1995), que afirmam que a população da mosca-branca é maior no final da estação quente, quando as chuvas não são muito fortes ou quando ocorre a colheita de certas culturas, que favorecem a migração do inseto; mas tende a diminuir após longos períodos frios.

Ressalta-se que para o presente trabalho, foram encontrados resultados de infestação atípica dos comumente encontrados na literatura, principalmente para o plantio com semeadura “da seca” que é considerado o mais favorável para o desenvolvimento

Tabela 1. Infestação de ovos, ninfas e adultos de Bemisia tabaci biótipo B em cultivares de feijoeiro e as variáveis climáticas temperaturas mínima, média e máxima (0C), umidade relativa mínima, média e máxima (%) e precipitação pluviométrica acumulada semanal (mm), observadas durante a condução dos experimentos em semeaduras “de inverno”, “das águas” e “da seca”. Jaboticabal - SP, 2010/2011.

Datas de Amostragem (%) Infestação Temperatura (oC) Umidade Relativa (%) Precipitação

(mm)Ovo Ninfa Adulto Mínima Média Máxima Mínima Média Máxima

Semeadura “de Inverno”

03/08/2010 46,8 2,34 25,2 14,6 21,7 29,8 23,9 50,3 77,6 0,0

11/08/2010 66,6 10,9 23,4 11,5 19,4 28,5 23,7 54,2 83,9 0,0

18/08/2010 29,7 11,5 14,4 11,6 18,7 26,9 22,7 50,1 78,5 0,0

25/08/2010 34,9 6,3 14,4 12,2 20,9 29,9 14,5 34,2 63,8 0,0

01/09/2010 76,1 3,4 18,0 15,9 24,4 33,2 14,5 33,0 56,5 0,0

08/09/2010 45,0 6,5 12,6 16,1 23,2 31,0 26,8 48,2 70,6 7,7

Semeadura “das águas”

10/01/2011 172,5 141,4 28,5 20,4 23,5 29,6 52,9 82,8 94,9 49,7

17/01/2011 233,3 85,3 41,8 20,7 23,6 29,1 58,3 84,7 94,5 101,5

24/01/2011 168,9 78,8 3,8 20,6 25,0 31,3 50,8 76,2 92,6 0,7

31/01/2011 10,1 88,9 1,9 20,6 25,8 32,7 37,8 68,1 90,1 7,0

07/02/2011 9,7 149,8 0,0 19,9 24,1 31,9 44,6 76,6 93,3 74,9

14/02/2011 15,8 49,8 1,9 20,3 24,7 31,5 43,8 74,0 92,4 4,9

Semeadura “da Seca”

23/05/2011 3,2 1,1 1,9 12,1 18,0 25,8 32,8 65,6 88,9 0,0

30/05/2011 3,4 0,2 0,0 12,2 18,4 26,2 33,1 62,6 86,4 0,0

06/06/2011 2,5 0,2 1,9 11,9 18,6 26,2 33,1 59,1 83,7 0,0

13/06/2011 0,6 0,6 1,9 11,9 16,9 24,8 41,9 73,1 92,9 29,4

20/06/2011 0,0 0,4 0,0 11,5 18,2 25,9 31,7 61,0 88,2 0,0

27/06/2011 0,0 0,4 1,9 13,0 19,1 26,5 34,8 65,2 88,3 0,0

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Figura 2. Dinâmica populacional de Bemisia tabaci biótipo B, temperatura (oC) (mínima, média e máxima), umidade relativa (%)(mínima, média e máxima) e precipitação pluviométrica acumulada semanal (mm) na área experimental, Jaboticabal - SP, 2010/2011.

da praga, logo, onde se esperava as maiores infestações de mosca-branca para o presente estudo. Como pode ser observado em trabalhos de Faria (1988) e JeSuS et al. (2010), além de outros disponíveis na literatura.

Uma das prováveis explicações para uma menor infestação de mosca-branca na semeadura “da seca” pode ser conferida as condições climáticas atípicas observadas para esse período de semeadura, que foi realizado entre abril e julho de 2011. Principalmente quanto a temperatura que se apresentaram baixas para o período, ficando em torno de 18 oC (média para o período) (Tabela 1 e Figura 3), mesmo as temperaturas máximas, que apresentaram médias de 26 oC, estão abaixo da temperatura ótima para o desenvolvimento de B. tabaci biótipo B que de acordo com LaCaSa et al. (1996) e gaLLo et al. (2002), necessitam como condições ótimas para o seu desenvolvimentotemperaturas médias entre 28 e 33 oC.

Verificou-se também a influência de fatores abióticos na dinâmica populacional de B. tabaci biótipo B, pois os mesmos, são de extrema importância para o desenvolvimento dos insetos, como relatados em estudos de BataLden et al. (2007) e trnka et al. (2007). Para a mosca-branca, é conhecido que seu desenvolvimento biológico e sua densidade populacional em um ambiente são dependentes de variáveis climáticas, sendo baixa com o plantio durante a semeadura “das águas”, devido a mortalidade elevada provocada pela precipitação, principalmente para o estágio adulto; já na semeadura “da seca”, o nível populacional desse inseto aumenta, devido às altas temperaturas, o que confere um favorecimento do seu desenvolvimento (Faria 1988).

Foram observadas correlações significativas entre os estágios de desenvolvimento de B. tabaci biótipo B e alguns parâmetros avaliados, apresentando significância a 5% de probabilidade (Tabela 2). Resultados corroborados por toMaSo (1993)

Figura 3. Infestação de Bemisia tabaci biótipo B nas três épocas de semeadura, Jaboticabal - SP, 2010/11. Adulto (CV% = 31,13; F = 7,6*), ovo (CV% = 27,59; F = 8,3*) e ninfa (CV% = 29,56; F = 75,7*). Médias seguidas de letra diferente na coluna diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para análise os dados foram transformados em (x + 0,5)1/2.

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estudando a flutuação populacional de mosca-branca, na região de Jaboticabal-SP, onde observou que as variáveis climáticas apresentam influência significativa no desenvolvimento da praga.

Através da Tabela 2, podemos observar ás correlações entre as variáveis climáticas e os estágios de desenvolvimento de B. tabaci biótipo B. Correlações significativas positivas foram observadas somente para a infestação de adultos versus precipitação pluviométrica semanal, mostrando assim, que esse fator abiótico atuou no desenvolvimento da mosca-branca (Tabela 2).

Fator abiótico importante, a precipitação pluviométrica atua como agente de regulação natural de Aleirodídeos (MedeiroS et al. 2009; SiLva et al. 2011a; SiLva et al. 2011b), exercendo ação principalmente na mortalidade de adultos através da ação mecânica da gota, além de favorecer um micro-clima propício para ação de predadores, parasitóides e entomopatógenos. Para o presente trabalho os índices pluviométricos foram considerados baixos ao logo das datas de amostragens (Tabela 1). Com precipitação de apenas 7,7 mm para as seis primeiras avaliações (semeadura de “inverno”) e 29,4 mm para ás seis últimas (semeadura “da seca”) (Tabela 1).

Precipitações mais elevadas foram observadas para o período de semeadura “das águas”, variando de 0,7 a 101,5 mm. Porém, não interferindo na infestação de B. tabaci biótipo B já que tivemos para esse período as maiores infestações da praga na área experimental (Figura 2).

SiLva (2006), ao avaliar a dinâmica populacional de B. tabaci, em cultivos olerícolas, diferentemente dos resultados encontrados no presente estudo, relatou que a precipitação foi o principal fator meteorológico que atuou sobre a densidade populacional dos estádios ninfais e dos adultos. No entanto, Leite et al. (2002) verificaram que as temperaturas mais elevadas favoreceram as populações de mosca-branca, não se detectando o efeito da chuva

sobre este aleirodídeo, trabalhando em jiloeiro.

Em estudos com “cassava” (espécie de mandioca) dengeL (1981), comenta que, no início da estação chuvosa, a população de mosca-branca é pequena, mas pode aumentar bruscamente, pois durante o período chuvoso haveria uma fuga do inseto para a parte abaxial da folha; entretanto, como as folhas jovens são preferíveis como alimento, os insetos poderiam voltar nos dias menos chuvosos. LeMoS et al. (2003) também constaram que a infestação da mosca-branca na semeadura “das águas” foi reduzida quando comparada à época de semeadura “da seca”, em feijoeiro.

Para o presente estudo, não foram observadas a influência da precipitação na infestação de ovos e ninfas. Já para a avaliação da influência da umidade relativa na infestação de mosca-branca, foram observadas correlações significativas para ovo versus umidade relativa mínima e para adulto versus umidade relativa mínima (Tabela 2), sendo importante, principalmente para o plantio de semeadura “das águas”.

A temperatura apresentou correlações significativas para os parâmetros: ninfa versus temperatura mínima, ninfa versus temperatura média e para adulto versus temperatura máxima (Tabela 2).

De modo geral, observou-se que os fatores abióticos atuaram negativamente no desenvolvimento da mosca-branca B. tabaci biótipo B, principalmente para os estágios de ninfa e adulto. Isso pode ter contribuído para a baixa infestação da praga, principalmente para semeadura “de inverno” e “da seca”.

Os picos populacionais de B. tabaci biótipo B ocorrem na semeadura “das águas”, seguido pelas semeaduras “de inverno” e “da seca”. Assim como, os fatores abióticos temperatura e umidade relativa influenciam negativamente na dinâmica populacional de mosca-branca.

Tabela 2: Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre número de ovos, ninfas e adultos de Bemisia tabaci biótipo B e as variáveis climáticas temperatura (ºC) (mínima, média e máxima), umidade reativa (%) (mínima, média e máxima) e precipitação pluviométrica semanal (mm) em semeadura de feijoeiro, Jaboticabal - SP, 2010/2011. (n=18).

Correlações de Infestação de B. tabaci biótipo B x variáveis climáticas

Coeficientes de Correlação (r)

Valor de (r) Valores de P

Ovo x Temperatura Mínima 0,1407ns 0,5777

Ovo x Temperatura Média -0,1239ns 0,6240

Ovo x Temperatura Máxima -0,3644ns 0,1370

Ovo x Umidade Relativa Mínima 0,6755* <.0001

Ovo x Umidade Relativa Média 0,381ns 0,1187

Ovo x Umidade Relativa Máxima 0,0643ns 0,7998

Ovo x Precipitação Pluviométrica 0,3929ns 0,1068

Ninfa x Temperatura Mínima 0,6214* <.0001

Ninfa x Temperatura Média 0,6527* <.0001

Ninfa x Temperatura Máxima 0,2508ns 0,4001

Ninfa x Umidade Relativa Mínima 0,0934ns 0,7123

Ninfa x Umidade Relativa Média 0,1986ns 0,4296

Ninfa x Umidade Relativa Máxima 0,1219ns 0,6300

Ninfa x Precipitação Pluviométrica 0,4891ns 0,0394

Adulto x Temperatura Mínima 0,0377ns 0,8818

Adulto x Temperatura Média -0,2830ns 0,2551

Adulto x Temperatura Máxima 0,6214* <,0001

Adulto x Umidade Relativa Mínima 0,6464* <.0001

Adulto x Umidade Relativa Média 0,5050ns 0,0326

Adulto x Umidade Relativa Máxima 0,2323ns 0,3536

Adulto x Precipitação Pluviométrica 0,6280* <0,0001

nsnão significativo (p >= 0,05). *significativo ao nível de 5% de probabilidade. Utilizaram-se os resíduos das variáveis após análise de variância.

Page 15: EntomoBrasilis volume 7, número 1

10Dinâmica Populacional de Mosca-Branca Bemisia tabaci … Silva et al..

e-ISSN 1983-0572

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas de Produtividade de Pesquisa ao segundo, terceiro autores. Ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Pesquisadores Alisson Fernando Chiorato e Sérgio Augusto Morais Carbonell, pelo fornecimento das sementes das cultivares de feijoeiro e ao Prof. Dr. Gener Tadeu Pereira do Departamento de Ciências Exatas da FCAV/UNESP, pelo auxílio nas análises estatísticas.

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Recebido em: 19/03/2013Aceito em: 02/01/2014

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Como citar este artigo:

Silva, A.G., A.L. Boiça-Junior, P.R.S. Farias, B.H.S. Souza, N.E.L. Rodrigues & F.G. Jesus, 2014. Dinâmica Populacional de Mosca-Branca Bemisia tabaci (Genn.) Biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em Feijoeiro. EntomoBrasilis, 7 (1): 05-11. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.334

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

First Medicolegal Forensic Entomology Case of Central Amazon: A Suicide by Hanging with Incomplete

SuspensionEduardo Rodrigues de Souza¹, José Albertino Rafael², Francisco Felipe Xavier Filho²,

Juliana Oliveira Da-Silva-Freitas², Janyra Oliveira-Costa³ & Alexandre Ururahy-Rodrigues²

1. Instituto de Criminalística, Polícia Civil do Amazonas, e-mail: [email protected]. 2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] (Autor para correspondência). 3. Instituto de Criminalística Carlos Éboli, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, e-mail: [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 12-15 (2014)

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Abstract. This report describes the first medicolegal forensic entomology case of Central Amazon. A suicide by hanging took place in a “terra firme” primary forest on an upland plateau. The postmortem interval estimation was calculated on the basis of the biology of the blow fly Hemilucilia segmentaria (Fabricius) and also on the ecological succession pattern of the silphid beetle Oxelytrum cayennense (Sturm). This is the first case where the ecological information of a beetle was used as a forensic indicator in Brazil. Preliminary studies in the urban area of the city of Manaus, state of Amazonas, and in similar habitats of primary forest in the Reserva Florestal Adolpho Ducke, close to where the case occurred, were instrumental in helping the postmortem interval estimation.

Keywords: Central Amazonia; Forensic Entomology; Postmortem interval.

Primeiro Caso de Entomologia Médico-legal da Amazônia Central: Um Suicídio por Enforcamento com Suspensão Incompleta

Resumo. Este relato descreve o primeiro caso de entomologia forense médico-legal na Amazônia Central. Um suicídio por enforcamento ocorrido em um platô de “terra firme” em floresta primária. A estimativa de intervalo pós-morte foi calculada com base na biologia da mosca varejeira Hemilucilia segmentaria (Fabricius) e também pelo padrão de sucessão ecológica do besouro silfídeo Oxelytrum cayennense (Sturm). Este é o primeiro caso onde as informações ecológicas de um besouro foram usadas como indicador forense no Brasil. Estudos preliminares realizados em área urbana na cidade de Manaus e em hábitat semelhante em floresta primária, na Reserva Florestal Adolpho Ducke, próximo do local onde o caso ocorreu, foram fundamentais para ajudar para a estimativa do intervalo pós-morte .

Palavras-chave: Amazônia Central; Entomologia Forense; Intervalo Pós-morte.

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n July 23rd, 2012, the body of a 38 year old male Brazilian Indian, in the decay stage, was found in incomplete suspension (partially hanged) by the neck, in a “terra

firme” area of dense rainforest 2°54’37.2”S 59°59’38.1”W, (Figure 1) near the AM-010 highway. The deceased was last seen alive in July 15th, 2012. The neck was tied up by a liana that was naturally hanging from one of the trees. The skeletonized head was tilted opposed to the knot (Figure 2). Forensic examination found no evidence of struggle or defensive wounds on the body, and death was attributed to suicide by hanging.

This is the first case report in Central Amazon with the postmortem interval (PMI) furnished by entomological data. This medicine legal forensic entomology case is very significant because there is little scientific information available in the literature that allows for the application of PMI. One of the only known studies was done by ShaLaBy et al. (2000) in Hawaii (USA), but it was based on pig carcasses totally suspended by the neck.

MATERIAL AND METHODS IN THE FIELD AND IN THE LABORATORY

On July 24th, 2012, The INPA forensic entomologists were able to process the place where the corpse was found. Five soil samples

were collected in the decomposition island and its surroundings. The entomological evidence was analyzed in the Laboratório de Entomlogia Sistemática, Urbana e Forense (LESUF-INPA): 300 third instar (L3) larvae of Diptera, 287 belonging to the family Calliphoridae and 13 to the family Sarcophagidae. From the former, 179 were killed in hot water (in locus and counted in the laboratory) and fixed in 80% ethanol, and the remaining 108 were placed in rearing cages for adult emergence. From the latter, 9 were killed and 4 were reared. The larvae were fed with rotten beef, and vermiculite was used as a substrate for pupation. These cages were maintained at a temperature of 27.5°C (±1°C of variation, close to the average local temperature according to the “Instituto Nacional de Meteorologia - IMMET) and relative humidity of 75% in a TECNAL BOD.

In addition, 7 adults and 10 larvae (8 probably L2 and L3) of Oxelytrum cayennense (Sturm) (Silphidae, Coleoptera) (Figure 3) were also collected and the larvae killed in hot water. The emerging adult flies were identified with the key of MeLLo (2003). The adult Silphidae were identified with the key of aLMeida & MiSe

Funding Agencies: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq), processes 102028/2011-7 (AUR) and 560987/2010 (JAR)

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.375

Warning: This Article has Pictures of Corpse

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13First Medicolegal Forensic Entomology Case of Central… Souza et al.

e-ISSN 1983-0572

(2009). All insects were deposited as vouchers in the Invertebrate Collection of INPA.

Figure 1. Satellite view of the site with plotted coordinates (Google Maps-12/08/2004, 4 1.4Km altitude).

Figure 2. Corpse in the site.

Figure 3. Adult of Oxelytrum cayennense collected on July 24th, 2012.

Figure 4. Adult of Hemilucilia segmentaria collected as a third instar larva on July 24th, 2012 and reared at LESUF-INPA.

RESULTS AND DISCUSSION

Of the 108 reared third instar larvae, only 20 emerged and were identified as Hemilucilia segmentaria (Fabricius) (Figure 4). The biology of this species was described by thySSen (2005) in the laboratory and by BarroS-de-Souza et al. (2012) under natural conditions in Central Amazon. The temporal distribution of this species, and other blow flies of forensic importance, was studied by ururahy-rodrigueS et al. (2013). The biology of O. cayennense was not described yet, but its possible ecological succession pattern was described by ururahy-rodrigueS et al. (2010). These studies developed in Central Amazon were used for PMI estimation. The accumulated degree days (ADD) and the period of insect activity (PIA) were calculated for H. segmentaria (aMendt et al. 2007), and the PIA for O. cayennense was estimated based on the ecological succession pattern of its larvae.

Twenty H. segmentaria specimens emerged as adults and the first was considered the oldest (sampled). They were collected on July 24th, 2012, the pupation occurred on July 26th, 2012, and the adults emerged on August 1st, 2012, eight days after sample collection (Table 1). According to BarroS-de-Souza et al. (2012) the developmental time from egg to adult for this species can be almost 11 days (10.7 if considering a temperature of 28.03 ± 1.60°C, the closest possible temperature to the case in question for Central Amazon). This suggests a PIA of three days beginning on July 21st, 2012 (Table 1).

In addition, a 60.45 ADD (degree days for July 21st-22nd, 2012, were calculated based on data from IMMET, mean environmental temperature of 27.5°C and minimal threshold temperature of 10°C; and for the 23rd-24th a constant of 32°C was used based on maggot mass aggregated in the soil) suggests the same period: 3 days before the collection of soil samples. However, the ecological succession pattern of O. cayennense suggests that death occurred on July 18th-19th, 2012, at least five to six days before collection. According to ururahy-rodrigueS et al. (2010), in a study using pig models, this has to be the minimum time after death since there were active L1 silphid larvae on the carcass on July 24th, 2012 (Table 1).

The presence of L2-L3 (probably) larvae (Table 1), and not only L1, of O. cayennense suggests that the colonization by silphids could have occurred before July 18th-19th, 2012. It is in accordance with the information yielded by the investigation that the deceased was last seen alive on July 15th, 2012 (Maximum PMI). The difference between the maximum and minimum PMI could be due to the time lapse from the moment in which the beetles reach the corpse and lay eggs to the development of L3 (probably) larvae. It is possible that the L3 larva of H. segmentaria in the soil sample was not the oldest insect present on the site. This fact may be explained by: a) pupae were not present in the

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soil samples; b) the absence of pupae of H. segmentaria may be related to the incomplete suspension of the corpse, since the larvae can fall down from the body and, due to competition or lack of resources in the new microenvironment (‘drip zone’), have their survival and pupation processes negatively affected (ShaLaBy et al. 2000); c) the fly’s larvae could have been preyed on by adults of O. cayennense, as observed in this case (Figure 5) and also by ururahy-rodrigueS et al. (2010) on experiments with pig carcasses in similar habitat.

Table 1. Period of Insect Activity estimative (PIA). Columns from left to right: Date, Hemilucilia segmentaria development rearing in LESUF, (PIA), Oxelytrum cayennense date of material sampled, (PIA). Cells marked with # indicate the date when the insect was sampled, and those marked with * indicate the estimated dates for the insect colonization of the corpse. L1: First instar larvae; L3: Third instar larvae.

Date Hemilucilia segmentaria PIA Oxelytrum

cayennense PIA

15/07/2012

16/07/2012

17/07/2012

18/07/2012* 6*

19/07/2012* 5*

20/07/2012 4

21/07/2012* 11* 3

22/07/2012 10 2

23/07/2012 9 1

24/07/2012# L3# 8 L1-L3#

25/07/2012 7

26/07/2012 Pupae 6

27/07/2012 5

28/07/2012 4

29/07/2012 3

30/07/2012 2

31/07/2012 1

01/08/2012 Adult

02/08/2012

Figure 5. Arrow indicating an adult of Oxelytrum cayennense preying on a Diptera larva on the corpse.

Finally, after all the considerations discussed above, there is a possibility that the victim was dead in the day after his disappearance.

ACKOWLEDGMENTS

To “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq), processes 102028/2011-7 (AUR) and 560987/2010 (JAR); to “Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia” (INPA), for academic support; to Dra. Marina Vianna Braga of the “Laboratório de Transmissores de Leishmanioses, Setor de Entomologia Médica e Forense, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz” for her revision of an initial version of the manuscrip; to “Instituto de Criminalística e Instituto de Medicina Legal da Polícia Civil” of the Amazonas State, Manaus, for recognizing forensic entomology as an important tool in legal investigations.

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Recebido em: 22/07/2013Aceito em: 04/01/2014

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Como citar este artigo:

Souza, E.R., J.A. Rafael, F.F. Xavier Filho, J.O. Da-Silva-Freitas, J. Oliveira-Costa & A. Ururahy-Rodrigues, 2014. First Medicolegal Forensic Entomology Case of Central Amazon: A Suicide by Hanging with Incomplete Suspension. EntomoBrasilis, 7 (1): 12-15. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.375

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Atividade de Voo de Rhodnius robustus Larrousse em Laboratório (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae)

Dayse da Silva Rocha, José Jurberg & Cleber Galvão

Instituto Oswaldo Cruz, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected]._____________________________________

EntomoBrasilis 7 (1): 16-18 (2014)

En

tom

olog

ia G

era

l Resumo. Rhodnius robustus Larrousse, é uma espécie silvestre encontrada na região Norte do Brasil (Acre, Amazonas e Pará), Guiana Francesa, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Essa espécie tem sido encontrada em domicílios e peridomicílios e já foi observada naturalmente infectada por Trypanossoma cruzi Chagas, Trypanossoma rangeli Tejera e com infecção mista. A partir de observações realizadas em laboratório, foi avaliada a capacidade de voo, correlacionando essa atividade com a quantidade de sangue ingerido, sexo e período de jejum. Apesar da temperatura elevada (33º C), 26% dos insetos não voaram sugerindo a influência de fatores intrínsecos na capacidade de voo de R. robustus.

Palavras-Chave: Doença de Chagas; domiciliada; Triatominae.

Flight Activity of Rhodnius robustus Larrousse in Laboratory (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae)

Abstract. Rhodnius robustus Larrousse, is a sylvatic species found in northern Brazil (Acre, Amazonas and Pará), Guyana, Bolivia, Colombia, Ecuador, Peru and Venezuela. This species has been found in and around the dwellings, have been data collection of this species naturally infected with Trypanossoma cruzi Chagas, Trypanossoma rangeli Tejera and mixed infections. From observations made in the laboratory, we evaluated the ability of flight, correlating this activity with the amount of ingested blood, sex and fasting period. Despite the high temperature (33º C), 26% of the insects flew suggesting the influence of intrinsic factors in flight capacity of R. robustus.

Keywords: Chagas disease; domiciled; Triatominae.

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hodnius robustus Larrousse é uma espécie silvestre distribuída na região norte do Brasil nos estados do Acre (Município de Plácido de Castro), Amazonas (Lago Acari

e Rio Madeira) e Pará (Belém), sendo registrada também na Guiana Francesa, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, entre as latitudes 18 ºS e 20 ºN (Lent & wygodzinSky 1979; roCha et al. 2001; gaLvão et al. 2003).

A espécie R. robustus tem sido observada em domicílios e peridomicílios por vários autores desde a década de 80 do século XX (Barata et al. 1988; CaStro et al. 2010; Coura et al. 1995; MaSCarenhaS & MeLLo 1986-1987). Em seus estudos tonn et al. (1976) encontraram essa espécie naturalmente infectada por Trypanosoma cruzi Chagas, Trypanosoma rangeli Tejera e com infecção mista com essas duas espécies. A associação entre uma ampla distribuição, altos índices de infecção por tripanosomas e o achado de espécimes no domicílio tornam essa espécie importante na cadeia de transmissão silvestre de T. cruzi. A mesma espécie, R. robustus foi o vetor responsável pelo primeiro caso humano autóctone registrado de tripanossomíase americana no Estado do Acre (Barata et al.1988).

Com os avanços da utilização de técnicas moleculares na identificação das espécies de triatomíneos, R. robustus tem sido caracterizado como um complexo de espécies crípticas (Monteiro et al 2003; MárqueS et al 2011). O estudo do comportamento de voo das populações poderá ajudar a esclarecer se as diferenças genéticas são refletidas no seu potencial dispersivo.

Ao longo da última década é crescente o aumento de interesse

pela doença de Chagas na região Amazônica. Novos trabalhos vêm sendo realizados para atualizar os conhecimentos sobre as espécies com distribuição assinalada nessa região (Coura et al. 1994, 2002, 2007; vaLente 1999; aguiLar et al. 2007). Até o momento foi registrada a ocorrência de um quadro peculiar de enzootia em toda Amazônia, com significativa dispersão de vetores silvestres e de T. cruzi (diaS et al. 2001). Com relação aos vetores observa-se ampla dispersão de espécies nativas (dezoito observadas até o momento), principalmente pertencentes ao gênero Rhodnius (Rhodnius amazonicus Almeida, Santos & Sposina, Rhodnius brethesi Matta, Rhodnius montenegrensis Da Rosa, Rhodnius paraensis Sherlock, Guitton & Miles, Rhodnius pictipes Stal, Rhodnius prolixus Stal e R. robustus Larrousse). A região da Amazônia brasileira, que abrange os Estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, apresentando características enzoóticas, sem domiciliação dos vetores. Entretanto essa situação pode sofrer alterações, caso continuem ocorrendo degradações no ambiente silvestre, aliadas às migrações de populações oriundas de outras regiões, com consequente deslocamento das espécies nativas por dispersão ativa.

O relatório publicado em 2005 quando da Reunião Internacional sobre a vigilância e prevenção da doença de Chagas na Amazônia (roJaS et al. 2005), alerta sobre a potencial capacidade de R. robustus e R. picitipes, que invadem esporadicamente

Agências de Financiamento: CNPq e IOC

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.293

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17Atividade de Voo de Rhodnius robustus Larrousse em… Rocha et al.

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domicílios sem colonizá-los, quanto a transmissão dessa zoonose. Nesse relatório foi mencionada a ocorrência de surtos focais, provavelmente associados com a transmissão via oral da tripanossomíase, especialmente com suco de açaí (Euterpe catinga Wallace). Os triatomíneos infectados contaminaram alguma fase entre o processamento e o consumo do final do açaí (Nóbrega et al. 2009). Desde 1998 descreveram-se 17 episódios envolvendo 85 casos, ocorridos principalmente no Estado do Pará e outros, no Amapá, Acre e Amazonas (nóBrega et al. 2009, roJaS et al. 2005).

O início da atividade de voo dos triatomíneos pode ser induzido por fatores ambientais, como elevação da temperatura ou por necessidades nutricionais, segundo CarBaJaL de La Fuente et al. (2007), GaLvão et al. (2001) e Lehane et al. (1992).

Do ponto de vista epidemiológico, a dispersão dos triatomíneos tem grande importância na disseminação da doença de Chagas, principalmente em áreas tratadas previamente que podem sofrer posterior recolonização por meio de dispersão passiva, ativa ou por ambas. Existem vários registros de espécies silvestres de triatomíneos capturadas no interior de residências, no período noturno, provavelmente atraídos pela luz (CaStro et al. 2010; MinoLi & Lazzari 2006). Algumas espécies parecem estar progressivamente adaptando-se ao ambiente doméstico oriundas do meio silvestre, sendo registrado nos últimos anos o encontro de espécies até então consideradas estritamente silvestres com a constatação de colônias estabelecidas no domicílio, como: Belminus herreri Lent & Wygodzinsky (SandovaL et al. 2004) na Colômbia; Panstrongylus lutzi (Neiva & Pinto) em Sobral estado do Ceará (garCia et al. 2005) e Triatoma vitticeps (Stål) no estado do Rio de Janeiro (LoroSa et al. 2008).

A partir de observações realizadas em laboratório, avaliamos a capacidade de voo de R. robustus, correlacionando essa atividade a quantidade de sangue ingerido, sexo e período de jejum.

MATERIAL E MéTODOS

Após a muda imaginal (25 machos e 29 fêmeas) foram pesados (antes e após a alimentação para verificação da quantidade de sangue ingerida) e marcados individualmente com tinta guache no pronoto e escutelo, utilizando o código de cores proposto por MaC Cord et al. (1983). Após a marcação, os mesmos foram colocados no interior do equipamento idealizado por gaLvão et al. (2001).

Os insetos foram observados diariamente até a morte espontânea, com registro diário dos voos dos espécimes voadores. Todo o experimento foi realizado em câmara climatizada a 33o ± 5 ºC

de temperatura e 70 ± 5% de umidade. Insetos sem asas foram utilizados como grupo controle. Os insetos foram alimentados em pombos (Columba livia Gmelin), devidamente imobilizados e anestesiados conforme protocolo aprovado pela CEUA-Fiocruz sob número 0014-00. Foi realizada uma única alimentação durante as observações, para que fosse possível avaliar a relação entre o estado nutricional dos insetos (perda de peso) e atividade de voo. Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando-se o teste Mann-Whitney.

RESULTADOS

Foram observados 25 machos e 29 fêmeas de R. robustus, na fase adulta. O período médio de sobrevida dos machos foi de 25,4, com período máximo e mínimo, igual a 41 e 40, respectivamente e desvio padrão de 7,735 para as fêmeas, a sobrevida de 26,4 dias, com máxima e mínimo de 11 e 9 dias, respectivamente e de desvio padrão de 8,768. O início da atividade de voo não apresentou diferenças significativas entre machos e fêmeas (teste Mann-Whitney), que começaram a voar em média entre o oitavo (fêmeas) e décimo (machos) dia após a muda, respectivamente. Do total de 54 insetos observados, 74% realizaram no mínimo um voo durante o período de sobrevida na fase adulta, não ocorrendo diferença significativa entre os voos de machos e fêmeas, tendo ambos realizados em média três voos. Não foram observadas correlações entre a quantidade de sangue ingerida x número de voos realizados e a quantidade de sangue ingerida x início da atividade de voo. As fêmeas apresentaram um comportamento mais homogêneo, 50% dos voos foram consecutivos até a morte, e 50% apresentaram um período de voo, seguidos de um período de pausa antes da morte, divergindo do perfil dos machos que apresentaram voos consecutivos e alternados, não ocorreu um período de pausa no voo dos machos. Dentre as avaliações realizadas apenas a quantidade de sangue ingerida apresentou diferença significativa p<0,05 (Tabelas 1 e 2).

DISCUSSãO

O período médio de sobrevida na fase adulta foi de 25,4 (machos) e 26,4 (fêmeas) dias com períodos máximos e mínimos de 11 e 41 dias (machos) e 9 e 40 dias (fêmeas) desvio padrão 59,833 (machos) e 76,894 (fêmeas), valores muito inferiores aos observados por tonn et al. (1976), que foram de 51,5 para machos e 57,5 para fêmeas (insetos mantidos a 26 ºC e 75% U.R.). Valor também inferior ao observado por SiLva & SiLva (1988) que registraram médias de 45,2 para machos e 38,9 para fêmeas quando submetidos a temperatura de 30 ºC e 70 ± 5% de U.R. As diferenças provavelmente estão relacionadas às condições de temperatura a que os insetos foram submetidos. No presente

Tabela 1. Período de vida e jejum (em dias) de Rhodnius robustus em laboratório.

Min Max Média s s²

Período jejum (dias) (m)(f)

0403

3533

19,219,8

7,9008,331

62,41669,408

Período vida (dias) (m)(f)

1109

4140

25,426,4

7,7358,768

59,83376,894

(m) = machos; (f ) = fêmeas; s= desvio padrão; s²= variância

Tabela 2. Atividade de voo de Rhodnius robustus em laboratório

Min Max Média s s²

Período de vida (dias) (m)(f)

1109

4140

25,426,4

7,7358,768

59,83376,894

No de voos (m)(f)

0102

1013

3,63,0

3,1583,369

9,97611,352

Quant. sangue ingerida (mg) (m)(f)

0,00050,0004

0,12860,1468

0,06930,0863

0,0340,036

0,0010,001

Início voo após repasto (dias) (m)(f)

0105

2421

9,66614,1

6,7254,935

45,24524,363

(m) = machos; (f ) = fêmeas; s= desvio padrão; s²= variância

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trabalho os adultos foram mantidos a temperatura de 33 ± 1 ºC, condição que, da mesma forma, encurtou o período ninfal dessa espécie, conforme observaram roCha et al. (2001).

As observações mostraram que 74% dos insetos apresentaram capacidade de voo em condições experimentais. Esse elevado percentual vem ao encontro das frequentes observações de captura de R. robustus dentro e fora de habitações na região Amazônica, onde vem sendo estudado (Coura et al. 1993; DiaS et al. 2002; RoJaS et al. 2005).

Para iniciar a atividade de voo, a maioria dos insetos necessitou de oito dias em média após a muda imaginal, os valores mínimo e máximo foram de 0 e 29 e 0 e 30 dias com desvio padrão de 9,31866 e 7,67637 para fêmeas e machos respectivamente. Ao relacionar atividade de voo e repasto observaram-se espécimes que voaram no mesmo dia da alimentação, o que surpreende uma vez que alguns autores atribuem o início da atividade ao baixo estado nutricional, como condição primaria, e ao aumento médio de temperatura como secundária (Lehane et al. 1992; SoareS & Santoro 2000; noireau & duJardin 2001; gaLvão et al. 2001; CanavoSo et al. 2003). A presença de uma fonte luminosa é um fator que pode contribuir para orientação do voo dos triatomíneos, que têm sido capturados com frequência em fontes de luz (armadilhas), na região amazônica (vaLente et al. 2009). Estudos recentes de CaStro et al. (2010) demonstraram que várias espécies de triatomíneos são comumente atraídas por fontes luminosas artificiais na região da Amazônia central, o que pode importar em grande risco para as famílias que vivem próximas a áreas de floresta .

Machos e fêmeas de Triatoma infestans Klug e R. prolixus são igualmente atraídos em direção a fontes luminosas, conforme demonstrou MinoLi & Lazzari (2006), em ensaios de laboratório. A chegada desses triatomíneos às casas como resposta a fontes de luz pode facilitar o estabelecimento de novas colônias domésticas.

Apesar da utilização de temperatura mais elevada, observou-se que 26% dos insetos não voaram sob nenhuma condição (19% fêmeas e 7% machos), o que sugere a existência de características individuais que influenciam também o comportamento de voo dos triatomíneos, conforme observaram SoareS & Santoro (2000).

Alguns trabalhos têm demonstrado que cada espécie apresenta um perfil próprio, e sua caracterização pode ajudar na identificação das espécies que possuem maior capacidade de dispersão ativa. gurevitz et al. (2006) observaram que aproximadamente metade dos adultos de T. infestans que nunca voaram, não tinham músculos alares. No presente trabalho, os machos de R. robustus voaram em média 0,68% mais que as fêmeas, enquanto em T. infestans a ausência dos músculos do voo foi de 2,4 vezes mais frequente nos machos (gurevitz et al. 2006). Trabalho experimental realizado por CaStro et al. (2010), em que os insetos foram coletados em armadilhas luminosas em floresta primária da Amazônia, mostrou que os machos foram capturados com frequência durante todos os meses do ano com exceção de maio quando não ocorreram capturas. A coleta dos insetos de ambos os sexos são mais produtivas nos últimos meses do ano que coincidem com a estação de seca da região, segundo CaStro et al. 2010 aproximadamente 75% das capturas são realizadas entre julho e dezembro com precipitação média de 95 mm. A média de precipitação de 280 mm entre janeiro com pico em maio pode justificar a ausência de capturas no ultimo mês. O mesmo ocorreu com os machos também capturados em armadilhas luminosas por noireau & duJardin (2001) e zeLedón et al. (2001).

A vigilância vetorial deve ser tratada como importante ferramenta na prevenção da doença de Chagas, no momento em que se detectam casos humanos agudos e crônicos crescentes na Amazônia. Os estudos realizados em laboratório indicam que a

utilização de armadilhas luminosas pode ser relevante para os programas de controle da doença de Chagas, pois, propiciam a captura de adultos em habitações próximas às regiões de mata, como parte do monitoramento de orientação desses insetos durante o voo (CaStro et al. 2010). Recentemente Meneguetti et al. (2010) publicaram o primeiro relato de infecção de triatomíneos por T. cruzi no Município de Ouro Preto do Oeste, Rondônia. Ressalte-se que todos os triatomíneos coletados nesse trabalho eram da espécie R. robustus, de 36 espécimes, 32 foram analisados apresentando 43,75% de positividade

O comportamento de voo dos triatomíneos ainda não está totalmente compreendido. Uma das possíveis explicações para bom desempenho de R. robustus pode ser devido a seu habito exclusivamente silvestre, o que o tornaria mais apto as ações dispersivas.

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Recebido em: 01/11/2012Aceito em: 11/10/2013

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Como citar este artigo:

Rocha, D.S., J. Jurberg & C. Galvão, 2014. Atividade de Voo de Rhodnius robustus Larrousse em Laboratório (Hemiptera: Reduviidae). EntomoBrasilis, 7 (1): 16-19. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.293

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Coleoptera (Arthropoda, Insecta) Associados às Copas de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de

Poconé, Mato Grosso, BrasilLeandro Dênis Battirola¹, Geane Brizzola dos Santos¹, Germano Henrique Rosado-Neto² &

Marinêz Isaac Marques¹

1. Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected]. 2. Universidade Federal do Paraná, e-mail: [email protected].

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ia G

era

l Resumo. As palmeiras correspondem a um importante elemento nos ecossistemas tropicais, servindo como fonte alimentar e habitat para uma grande variedade de organismos invertebrados e vertebrados. Considerando o papel destas plantas como hospedeiras de diferentes espécies este estudo objetivou avaliar de maneira descritiva a composição, distribuição em guildas tróficas e a biomassa da comunidade de Coleoptera associada às copas de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de Poconé, Mato Grosso. Ao todo foram amostrados seis indivíduos desta palmeira em fevereiro 2001, empregando-se a metodologia de termonebulização de copas. Obtiveram-se 7.670 indivíduos (77,5 ind./m²), sendo 5.044 adultos (65,7%; 50,9 ind./m²) e 2.626 larvas (34,3%; 26,5 ind./m²). Os adultos foram distribuídos em 43 famílias e 467 morfoespécies. As famílias mais representativas foram Endomychidae, Nitidulidae, Tenebrionidae, Staphylinidae e Curculionidae, correspondendo a 66,9% do total coletado. Dentre as guildas tróficas, saprófagos, fungívoros e herbívoros predominaram sobre predadores. A maior riqueza de espécies foi observada em Staphylinidae, Curculionidae, Tenebrionidae e Chrysomelidae. A maior biomassa foi registrada para Scarabaeidae e Tenebrionidae, seguidos por Nitidulidae e Curculionidae. Esses resultados indicam que a copa de A. phalerata é habitat para uma grande diversidade de Coleoptera, bem como local de reprodução, fato evidenciado pelo elevado número de larvas amostradas neste estudo.

Palavras-chave: Áreas inundáveis; besouros; palmeiras; pulso de inundação.

Coleoptera (Arthropoda, Insecta) Associated with the Canopies of Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) in the Pantanal of Poconé, Mato Grosso, Brazil

Abstract. The palm trees correspond to an important element in tropical ecosystems, serving as food source and habitat for a wide variety of invertebrates and vertebrates. Considering the role of these plants as hosts of different species, this study evaluated descriptively the composition, trophic guilds and biomass of the community of Coleoptera associated with canopies Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) in the Pantanal of Poconé, Mato Grosso. Six palm trees were sampled during the high water season of the Pantanal of Mato Grosso (February 2001), by canopy fogging. A total of 7,670 specimens were collected (77.5 ind./m²), 5,044 adults (65.7%; 50.9 ind./m²) and 2,626 larvae (34.3%; 26.5 ind./m²). Adults (65.7%) represented 43 families and 467 morphospecies. The dominant families were Endomychidae, Nitidulidae, Tenebrionidae, Staphylinidae and Curculionidae, representing 66.9% of the total catch. Saprophages, fungivores and herbivores prevailed over predators. Highest richness of species was found for Staphylinidae, Curculionidae, Tenebrionidae and Chrysomelidae. Highest biomass was found in Scarabaeidae and Tenebrionidae followed by Nitidulidae and Curculionidae. These results indicate that the canopy of A. phalerata is habitat for a wide variety of Coleoptera, as well a reproduction site, as evidenced by the high number of larvae sampled in this study.

Keywords: Beetles; flood pulse; palms; wetlands.

_____________________________________

s ecossistemas tropicais, devido à elevada diversidade biológica, caracterizam-se pela complexidade de suas relações ecológicas. Nestas áreas, as palmeiras

representam importantes elementos da paisagem, que além de servirem como hospedeiras para inúmeros grupos de artrópodes constituem confiável fonte de recursos alimentares aos mesmos, em diferentes estágios de sua fenologia (howard 2001; SantoS et al. 2003; BattiroLa et al. 2004a, 2005, 2007; gurgeL-gonçaLveS et al. 2006).

Dentre os táxons que possuem íntima associação com estas plantas, destacam-se os Coleoptera, pois atuam como polinizadores de diversas espécies, predadores de espécies praga, consumidores de frutos ou as utilizam como hospedeira (giBLin-daviS 2001; Moore 2001; CySne et al. 2013). Tais associações são possíveis já que os coleópteros atuam em diferentes níveis tróficos em virtude de seus múltiplos hábitos alimentares, participando de diferentes processos ecológicos nos ecossistemas naturais (erwin & SCott 1980; Stork 1987; endreSS 1994).

Dentre os estudos ecológicos desenvolvidos com Coleoptera, a investigação sobre as formas de utilização, distribuição e preferência de habitat em diferentes estratos florestais tem sido conduzida (davieS et al. 1997; wagner 1997; CharLeS & BaSSet 2005; gonçaLveS & Louzada 2005). Diversos grupos dentre os Coleoptera podem utilizar diferentes habitats ao longo do ciclo de vida, demonstrando, portanto, hábitos alimentares variados entre as fases larval e adulta como Chrysomelidae e Curculionidae que possuem espécies com desenvolvimento larval no solo, alimentando-se, principalmente, de raízes ou matéria em decomposição, e durante a fase adulta vivem, geralmente, associados à espécies vegetais (adiS 1988), com ou não especificidade hospedeira (BaSSet et al. 1996; BaSSet & SaMueLSon 1996; novotny et al. 1999, 2002a, 2002b; Pokon et al. 2005).

Agências de Financiamento: Instituto Max-Planck para Limnologia, Bundesministerium für Bildung, Wissenschaft Forschung und Technologie (BMBF) e CNPq.

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.316

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e-ISSN 1983-0572

Inúmeros são os estudos em copas de árvores que objetivaram conhecer a composição das comunidades de Coleoptera (adiS et al. 1984; haMMond et al. 1997; FLoren & LinSenMair 1998a; MarqueS et al. 2001, 2006, 2007; wagner 2000, 2003; SantoS et al. 2003; ∅degaard 2003). Além da composição das comunidades, diversos aspectos ecológicos referentes aos Coleoptera foram analisados como diversidade e similaridade da fauna entre locais e hospedeiros (davieS et al. 1997), especificidade hospedeira e especialização efetiva (erwin & SCott 1980; MawdSLey & Stork 1997), determinantes da riqueza de espécies (aLLiSon et al. 1997; kitChing et al. 1997), diversidade e padrões de recolonização (FLoren & LinSenMair 1997, 1998b), comparação entre diferentes tipos de florestas e espécies de árvores (erwin 1983; Barone 2000; adiS et al. 2011), relação entre tamanho do corpo e riqueza de espécies (BaSSet et al. 1994; BaSSet 1997) e tamanho do corpo e biomassa (Stork & BLaCkBurn 1993).

Especificamente, no Brasil, as pesquisas sobre Coleoptera em copas foram realizadas, principalmente, na Amazônia (adiS 1982, 1997; erwin & adiS 1982; erwin 1983; adiS et al. 2011) e em áreas de vegetação monodominante no Pantanal mato-grossense (MarqueS et al. 2001, 2006, 2007; SantoS et al. 2003). Considerando a importância destes insetos na estruturação das comunidades de artrópodes associadas ao dossel de florestas, este estudo objetivou analisar de maneira descritiva a composição, distribuição em guildas tróficas e biomassa da comunidade de Coleoptera adultos associada à copa de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) em áreas que esta palmeira forma adensamentos monodominantes, no Pantanal de Poconé, Mato Grosso, contribuindo para o conhecimento da diversidade regional.

MATERIAL E MéTODOS

Área de estudo. Esse estudo foi realizado no Pantanal de Cuiabá-Bento Gomes-Paraguaizinho, denominado Pantanal de Poconé, na localidade de Pirizal (16o15’ e 17o54’ S, 56o36’ e 57o56’ W) município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. Esta região caracteriza-se por apresentar estações bem definidas, com o período chuvoso entre outubro e abril, e as inundações periódicas entre dezembro e março (0,6-1,5 m de altura), com quatro períodos sazonais distintos (cheia, vazante, seca e enchente) (heCkMan 1998). Este estudo foi conduzido em áreas em que A. phalerata forma adensamentos monodominantes denominados, regionalmente, como acurizais, geralmente, associados a áreas arenosas que não sofrem inundações, apesar de se localizarem as margens destas áreas. Embora as coletas tenham ocorrido durante o período de cheia na região norte do Pantanal de Mato Grosso (fevereiro de 2001), o acurizal estudado não foi atingido pela inundação.

Metodologia. Seis indivíduos de A. phalerata foram nebulizados empregando-se o método de termonebulização de copas (“canopy fogging”) em fevereiro de 2001, utilizando-se piretróide sintético, Lambdacialotrina a 0,5%. Para a seleção das palmeiras seguiram-se os critérios propostos por adiS et al. (1998), e para os procedimentos de nebulização e coletas BattiroLa et al. (2004a). Para a coleta todas as palmeiras tiveram seu diâmetro na base circundado por 16-17 funis de nylon (1 m de diâmetro cada), de acordo com a abrangência da copa. Ao todo foram analisados 99 m² de área de copas.

Os indivíduos adultos de Coleoptera foram identificados ao nível taxonômico de família, seguindo a classificação proposta por LawrenCe et al. (2000) e, posteriormente, morfoespeciados e agrupados em guildas tróficas de acordo com arnett (1963), erwin (1983) e haMMond et al. (1996), com ênfase em erwin (1983) por ser específica para este tipo de habitat. As larvas foram apenas quantificadas em nível de Ordem. Os Curculionidae foram identificados conforme aLonSo-zarazaga & LyaL (1999) e MarvaLdi & Lanteri (2005) e a morfoespeciação foi efetuada com base na Coleção de Referência do Laboratório de Ecologia e Taxonomia de Artrópodes (LETA) do Instituto de Biociências – Universidade

Federal de Mato Grosso, específica para o Pantanal, e confirmada por taxonomistas.

A riqueza de espécies foi avaliada empregando-se os estimadores Jackknife 1 e Bootstrap, calculados pelo programa EstimateS, versão 6.0 b1 (CoLweLL 2000). As amostras das palmeiras I, IV e V foram sorteadas para a avaliação da biomassa da comunidade e a sua distribuição dentre os diferentes grupos tróficos de Coleoptera. Os indivíduos foram analisados por palmeira amostrada e secos a 60º C em estufa, até que o peso se estabilizasse, e em seguida pesados em balança analítica de precisão de 0,01 mg (Kern 410), e preservados em álcool a 92%. A distribuição da biomassa dentre os níveis tróficos foi avaliada pela análise de variância (α = 0,5), através do Programa SPSS versão 12.0 (2006).

RESULTADOS

Um total de 7.670 indivíduos de Coleoptera (77,5 ind./m²), 5.044 adultos (50,9 ind./m²; 65,7%) e 2.626 larvas (26,5 ind./m²; 34,3%) foi obtido em copas de seis indivíduos de A. phalerata. Os 5.044 indivíduos adultos estão distribuídos em 43 famílias e 467 morfoespécies. Endomychidae (11,7 ind./m²; 22,9%), Nitidulidae (8,1 ind./m²; 15,8%), Tenebrionidae (6,0 ind./m²; 11,7%), Staphylinidae (3,6 ind./m²; 9,4%) e Curculionidae (3,6 ind./m²; 7,1%) foram os táxons mais representativos na amostragem geral de Coleoptera, correspondendo a 66,9% do total de indivíduos coletados (Tabela 1).

Com relação à riqueza de espécies, Staphylinidae (102 spp.; 21,8%), Curculionidae (81 spp.; 17,3%), Tenebrionidae (33 spp.; 7,0%) e Chrysomelidae (29 spp.; 6,2%) representaram 52,3% da riqueza total. Apesar de Endomychidae e Nitidulidae serem dominantes em número de indivíduos possuem apenas 10 e 14 morfoespécies, respectivamente, demonstrando uma baixa riqueza neste habitat. Dentre as 43 famílias identificadas, apenas 16 (37,2%) foram amostradas em todas as copas, 16 apareceram com frequências intermediárias, ocorrendo entre três e cinco palmeiras, e 11 ocorreram em menos de três palmeiras (Tabela 1).

Os Curculionidae corresponderam a 7,1% do total de Coleoptera adultos capturados (358 indivíduos; 3,6 ind./m²) (Tabela 2) e estão representados por 81 espécies em 13 subfamílias, sendo Scolytinae a mais representativa (178 ind.; 49,7%). Andranthobius sp.2 (Curculioninae, Derelomini) foi a morfoespécie mais abundante (58 ind.; 16,2%), seguida por Derelomini sp.10 (11 ind.; 3,1%) e Derelomini sp.21 (8 ind.; 2,2%). Scolytinae também apresentou a maior riqueza de espécies (22 spp.), seguida por Curculioninae (19 spp.) e Baridinae (9 spp.) (Tabela 2).

Com relação à riqueza de espécies, o estimador Bootstrap demonstrou que 82,3% das espécies foram amostradas, sendo 567 espécies esperadas ao contrário das 467 obtidas. Já o estimador Jackknife 1, apontou que 66,6% das espécies foram obtidas, sendo 234 espécies esperadas a mais na amostragem (Figura 1). Dentre as 467 morfoespécies identificadas, 208 (44,5%) são espécies raras “singletons”, com um único indivíduo amostrado, e 68 (14,5%) são “doubletons”, com apenas dois indivíduos amostrados. A grande quantidade de indivíduos pouco abundantes é visível na curva de abundância das espécies (Figura 2). Staphylinidae (54 espécies), Curculionidae (45 espécies) e Chrysomelidae (22 espécies) contribuíram com o maior número de espécies “singletons”.

Quatro guildas tróficas foram definidas para a comunidade de Coleoptera conforme a classificação de erwin (1983) e, com base na abundância de indivíduos, verifica-se a predominância de saprófagos (28,5%), fungívoros (27,6%) e herbívoros (26,7%) sobre predadores (17,2%) (Tabela 1, Figura 3A). Os saprófagos dominantes foram Nitidulidae (797 ind.; 8,1 ind./m²) e Tenebrionidae (510 ind.; 6,0 ind./m2) que representaram 91,1% da abundância total desta guilda. Endomychidae (1.156 ind.; 11,7 ind./m²) foi predominante dentre os fungívoros, correspondendo

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Tabela 1. Número de indivíduos coletados (adultos e larvas) (N), abundância relativa (%), frequência de ocorrência por palmeira (%), riqueza (S) e guildas tróficas das famílias de Coleoptera (adultos) obtidas em seis copas de A. phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de Poconé, Mato Grosso. *P = predadores, H = herbívoros, S = saprófagos, F = fungívoros, D = decompositores e X = xilófagos, ( ) = Hábito de nutrição considerado secundário.

Família Palmeiras Total AbundânciaRelativa (%)

Frequência Riqueza Guilda

I II III IV V VI (N) (%) (S) Trófica*

Anobiidae 32 20 22 79 97 14 264 5,2 100,0 10 H

Anthicidae 2 - - 4 1 5 12 0,2 66,6 4 S

Biphyllidae 10 - - 2 - 2 14 0,3 50,0 2 F

Bostrichidae - - - 1 - - 1 <0,1 16,6 1 S

Bothrideridae 1 - - 1 - - 2 <0,1 33,3 1 P

Brentidae (Apioninae) 1 1 - - 1 - 3 0,1 50,0 2 H

Buprestidae 1 - - - - 1 2 <0,1 33,3 2 H

Carabidae 22 2 4 22 19 29 98 1,9 100,0 15 P

Cerambycidae - 5 3 1 4 3 16 0,3 83,3 9 H

Chrysomelidae 6 4 2 5 13 25 55 1,1 100,0 29 H

(Bruchinae) (1) - - - (5) (11) (17) (0,3) (50,0) (2) H

Ciidae 1 - 1 6 1 6 15 0,3 83,3 5 F

Cleridae - 1 - 3 2 2 8 0,2 66,6 6 P

Coccinellidae 49 30 16 17 9 5 126 2,5 100,0 9 P

Colydiidae 4 1 - 8 2 18 33 0,7 100,0 6 P(F)

Corylophidae 16 7 7 16 8 30 84 1,7 100,0 15 P

Cucujidae - 5 - 5 1 2 13 0,3 66,6 4 P(F)

Curculionidae 41 22 14 130 36 115 358 7,1 100,0 81 H

(Platypodinae) - - - - (1) (3) (4) (0,1) (33,3) (3) F

(Scolytinae) (20) (13) (12) (35) (22) (76) (178) (3,5) (100,0) (22) H(F)

Dytiscidae - 1 - - - - 1 <0,1 16,6 1 P

Elateridae 5 - 1 1 5 15 27 0,5 83,3 11 H(P)

Endomychidae 196 34 50 314 109 453 1156 22,9 100,0 10 F

Histeridae 8 - 1 4 1 3 17 0,3 83,3 7 P

Hydraenidae 2 1 - - - 1 4 0,1 50,0 3 P

Lampyridae - - - 1 6 - 7 0,1 33,3 3 P

Lathridiidae 45 6 3 14 34 50 152 3,0 100,0 5 F

Leiodidae - - - - - 2 2 <0,1 16,6 1 S

Limnichidae - 1 3 - 1 - 5 0,1 50,0 2 ?

Limulodidae 1 - - - 1 - 2 <0,1 33,3 2 S

Meloidae 15 10 1 6 13 7 52 1,0 100,0 11 H

Monommidae 1 4 - 3 4 10 22 0,4 83,3 4 H

Mordellidae 2 - - - - - 2 <0,1 83,3 1 H

Nitidulidae 5 4 16 708 12 52 797 15,8 100,0 14 H

Phalacridae 67 59 7 26 7 123 289 5,7 100,0 15 H

Ptiliidae 22 10 11 39 10 18 110 2,2 100,0 18 S(F)

Ptilodactylidae 2 - - - 2 2 6 0,1 50,0 2 H

Rhizophagidae - - - 5 - 2 7 0,1 33,3 1 P

Scaphidiidae 1 - - 4 2 1 8 0,2 66,6 2 F

Scarabaeidae 37 13 7 16 51 48 172 3,4 100,0 8 H(S)

Scydmaenidae 5 - 1 2 16 6 30 0,6 83,3 7 P

Silvanidae - - - - 1 1 2 <0,1 33,3 1 F

Staphylinidae 99 31 46 97 96 107 476 9,5 100,0 102 P(S,F)

(Pselaphinae) (7) (3) (1) (10) (7) (11) (39) (0,8) (100,0) 13 F

Tenebrionidae 87 76 23 78 161 167 592 11,7 100,0 33 S(F)

(Alleculinae) (11) (5) (1) (17) (21) (27) (82) (1,6) (100,0) (4) H

Throscidae - - - - 1 - 1 <0,1 16,6 1 H

Trogossitidae 1 - - - - - 1 <0,1 16,6 1 P(S)

Total adultos 787 348 239 1.618 727 1.325 5.044 100 - 467 -

Total larvas 401 188 56 1.510 113 358 2.626 - - - -

Total geral 1.188 536 295 3.128 840 1.683 7.670 100 - 467 -

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a 83,2% do total deste agrupamento. Os herbívoros não apresentaram um único táxon dominante, sendo Curculionidae, excluindo-se Platypodinae (354 ind.; 3,6 ind./m²), Phalacridae (289 ind.; 2,9 ind./m²) e Anobiidae (264 ind.; 2,7 ind./m²) os que mais se destacaram, compreendendo 67,4% do total desta guilda (Tabela 1).

Com relação à riqueza de espécies observou-se que herbívoros (183 spp.; 39,3%) e predadores (168 spp.; 36,0%) predominaram sobre saprófagos (73 spp.; 15,7%) e fungívoros (41 spp.; 9,0%) (Tabela 1, Figura 3B). Verifica-se que os grupos tróficos mais abundantes (saprófagos e fungívoros) possuem baixa riqueza quando comparados aos grupos tróficos menos abundantes, herbívoros e predadores que são mais ricos em espécies, demonstrando que a comunidade é estruturada por um número reduzido de espécies com elevada densidade populacional.

Os herbívoros que contribuíram com o maior número de espécies foram Curculionidae (78 spp.; 42,6%), Chrysomelidae (29 spp.; 15,8%) e Phalacridae (15 spp.; 8,2%), que juntos corresponderam a 66,6% do total de morfoespécies para essa guilda. Staphylinidae (89 spp.; 53,0%; excluindo-se Pselaphinae), Carabidae (15 spp.; 8,9%), Corylophidae (15 spp.; 8,9%) e Coccinellidae (9 spp.; 5,4%) foram os táxons mais representativos para os predadores com 76,2% do total de morfoespécies (Tabela 1). Tenebrionidae (33 spp.; 45,2%), Ptiliidae (18 spp.; 24,6%), Nitidulidae (14 spp.; 19,2%) e Anthicidae (4 spp.; 5,5%), corresponderam a 94,5% do total de espécies dentre os saprófagos, enquanto Pselaphinae (13 spp.; 31,7%), Endomychidae (10 spp.; 24,4%), Ciidae e

Lathridiidae, ambos com cinco morfoespécies (12,2% cada), compreenderam 80,5% do total dentre os fungívoros (Tabela 1).

Os 3.132 coleópteros adultos obtidos nas palmeiras I, IV e V, sorteados para o estudo da biomassa, tiveram um peso seco total de 3,8088 g correspondendo a uma biomassa de 0,0762 g/m². Scarabaeidae (45,9%; 0,0349 g/m2), Tenebrionidae (41,2%; 0,0314 g/m²), Nitidulidae (1,8%; 0,0014 g/m2) e Curculionidae (1,7%; 0,0032 g/m²) compreenderam as famílias com maior biomassa. Das 43 famílias avaliadas, 16 aparecem com valores abaixo de 0,1%. Através da análise das guildas tróficas das famílias de Coleoptera em relação à biomassa (g/m²), verificou-se a dominância de herbívoros (51,3%; 0,0391 g/m²) sobre saprófagos (43,2%; 0,0329 g/m²), predadores (4,3%; 0,0033 g/m²) e fungívoros (1,1%; 0,0009 g/m²). A análise de variância evidenciou que a distribuição da biomassa nas três palmeiras avaliadas dentro de cada agrupamento trófico possui diferenças significativas somente para herbívoros (f = 8400; p = 0,001) e saprófagos (f = 3604; p = 0,035).

Dentre os herbívoros destacaram-se Scarabaeidae (84,3%; 0,0349 g/m²) e Curculionidae (7,5%; 0,0032 g/m²), enquanto Tenebrionidae (95,3%; 0,0314 g/m²) predominou dentre os saprófagos. Os predadores, segundo maior agrupamento em número de espécies, foram representados acentuadamente por Carabidae (31,3%; 0,0010 g/m²), Lampyridae (29,5%; 0,0009 g/m²) e Staphylinidae (21,9%; 0,0007 g/m²). Dentre os fungívoros, houve predomínio de Endomychidae (65,6%; 0,0006 g/m²) e Lathridiidae (17,2%; 0,0001 g/m²).

Figura 3. Guildas tróficas das famílias de Coleoptera (adultos) obtidas em copas de A. phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de Poconé, Mato Grosso, utilizando como parâmetro de comparação o número de indivíduos (A) e espécies coletadas (B).

Figura 1. Comparação entre a riqueza de espécies obtida e a riqueza estimada, Bootstrap e Jacknife 1, para a comunidade de Coleoptera (adultos) associada a copa de A. phalerata Mart. (Arecaceae), durante a fase aquática do Pantanal de Mato Grosso.

Figura 2. Riqueza de espécies (“Whittaker rank-abundance plot”) para a comunidade de Coleoptera (adultos) em copas de A. phalerata Mart. (Arecaceae), durante a fase aquática no Pantanal de Mato Grosso.

A B

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DISCUSSãO

Estudos abordando as interações entre palmeiras e invertebrados objetivam avaliar, principalmente, espécies-praga (giBLin-daviS 2001; howard 2001; Moore 2001; deLgado 2002; CySne et al. 2013), atividade de polinizadores (kahn & de granviLLe 1995; küChMeiSter et al. 1998; LiStaBarth 1999; duLMen 2001; quiroga-CaStro & roLdán 2001), espécies ou comunidades específicas (CoSta et al. 1992; vaSConCeLoS 1990; SantoS et al. 2003; BattiroLa et al. 2004a, 2004b, 2005, 2007; gurgeL-gonçaLveS et al. 2006).

SantoS et al. (2003) analisaram a composição da comunidade de Coleoptera associada à copa de A. phalerata nesta mesma região durante o período seca e obtiveram 4.715 coleópteros adultos (65,5 ind./m²) distribuídos em 43 famílias e 326 morfoespécies. As famílias mais abundantes, Tenebrionidae, Curculionidae, incluindo Scolytinae e Platypodinae, Carabidae e Staphylinidae representaram juntas, 66,7% do total coletado. Curculionidae, Staphylinidae e Chrysomelidae corresponderam às de maior número de morfoespécies durante este período sazonal. Esta comparação permite avaliar a variação temporal da composição da comunidade de Coleoptera associada à copa desta palmeira. Para a riqueza da comunidade observa-se um aumento de 43,2%

no número de espécies do período de seca (326 spp.) para a cheia (467 spp.). Quando se comparam as morfoespécies constata-se que apenas 112 são comuns aos dois períodos, 214 restritas à seca, e 355 à cheia.

Ainda nesta mesma região estudos com nebulização de copas foram desenvolvidos com Vochysia divergens Pohl. (Vochysiaceae) (Marques et al. 2001, 2006) e Calophyllum brasiliense Cambess. (Guttiferae) (MarqueS et al. 2007) evidenciando que a composição das comunidades arborícolas é variável entre os hospedeiros vegetais em uma mesma região, pois, dentre os táxons obtidos nestes estudos, destaca-se o predomínio de Meloidae e Dryopidae sobre V. divergens e de Nitidulidae, Curculionidae e Staphylinidae em copas de C. brasiliense.

Estudos realizados com comunidades arborícolas em diferentes regiões tropicais e diferentes hospedeiros vegetais mostram que as famílias dominantes neste habitat demonstram similaridades, pois, grupos como Curculionidae, Chrysomelidae, Staphylinidae e Tenebrionidae são recorrentes na dominância destas comunidades. davieS et al. (1997) amostraram seis espécies vegetais na Venezuela obtendo 65 famílias e 978 morfoespécies de Coleoptera. Destas, Curculionidae, Staphylinidae, Anobiidae e Coccinellidae foram dominantes em número de espécies,

Subfamílias/Tribos/Gênero/Espécie N %Baridinae, Baridini, Coelonertina Coelonertina sp. 18 1 0,3 Baridini sp.08 2 0,6 Baridini sp.11 1 0,3 Baridini sp.12 2 0,6 Baridini sp.18 4 1,1Baridinae, Madarini Notesiaspis hystrix Casey, 1922 1 0,3 Madarini sp.01 1 0,3 Madarini sp.06 1 0,3 Madarini sp.28 4 1,1Ceutorhynchinae Ceutorhynchinae sp.01 6 1,7 Ceutorhynchinae sp.02 5 1,4Conoderinae, Lechriopini Lechriopini sp.17 1 0,3Cossoninae Cossoninae sp.01 1 0,3 Cossoninae sp.03 3 0,8 Cossoninae sp.04 1 0,3 Cossoninae sp.05 1 0,3Cryptorhynchinae Cryptorhynchinae sp.15 3 0,8 Cryptorhynchinae sp.30 1 0,3Curculioninae, Derelomini Andranthobius sp.01 4 1,1 Andranthobius sp.02 58 16,2 Andranthobius sp.04 1 0,3 Andranthobius sp.06 1 0,3 Celetes sp.01 1 0,3 Derelomini sp.02 1 0,3 Derelomini sp.03 6 1,7 Derelomini sp.04 1 0,3 Derelomini sp.10 11 3,1 Derelomini sp.15 2 0,6 Derelomini sp.16 1 0,3 Derelomini sp.18 1 0,3 Derelomini sp.19 2 0,6 Derelomini sp.20 1 0,3 Derelomini sp.21 8 2,2 Derelomini sp.22 3 0,8

Subfamílias/Tribos/Gênero/Espécie N %Curculioninae, Tychiini Tychiini sp.06 1 0,3 Tychiini sp.10 2 0,6 Tychiini sp.11 1 0,3Dryophthorinae1

Rhynchophorini sp.01 1 0,3Entiminae, Naupactini Naupactini sp.03 2 0,6 Naupactini sp.08 1 0,3 Naupactini sp.09 1 0,3Erirhininae2, Stenopelmini Cyrtobagous singularis Hustache 1 0,3 Stenopelmini sp.02 1 0,3 Stenopelmini sp.12 1 0,3 Stenopelmini sp.14 1 0,3 Stenopelmini sp.33 6 1,7 Stenopelmini sp.42 1 0,3Molytinae Molytinae sp.05 1 0,3 Molytinae sp.22 1 0,3 Molytinae sp.31 2 0,6Molytinae, Conotrachelini Conotrachelus sp.26 4 1,1Platypodinae Platypodinae sp.01 1 0,3 Platypodinae sp.04 2 0,6 Platypodinae sp.08 1 0,3Rhythirrininae3, Listroderini Listroderina sp.08 1 0,3Scolytinae (22 morfoespécies) 178 49,7Outros Curculionidae sp.04 2 0,6 Curculionidae sp.07 1 0,3 Curculionidae sp.08 1 0,3 Curculionidae sp.09 2 0,6Total 358 100,0

1, 2, 3 Subfamílias conforme proposto por MarvaLdi & Lanteri (2005).

Tabela 2. Número de indivíduos (N), proporção (%) de Curculionidae (adultos) obtidos em copas de A. phalerata no Pantanal de Poconé, Mato Grosso, segundo a classificação de aLonSo-zarazaga & LyaL (1999), incluindo-se Scolytinae e Platypodinae.

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enquanto Chrysomelidae: Bruchinae (14,7%) predominou com relação ao número de indivíduos. Ainda na Venezuela, kirMSe et al. (2003) observaram a maior abundância e riqueza distribuída entre Curculionidae, Cerambycidae, Chrysomelidae e Elateridae. No Panamá, Ødegaard (2003) obteve Curculionidae e Chrysomelidae como predominantes, tanto em riqueza de espécies, quanto em abundância de indivíduos.

Nos estudos de wagner (2000) realizados na África, Staphylinidae, Curculionidae e Chrysomelidae corresponderam aos táxons com maior riqueza de espécies, e as famílias mais abundantes foram Lathridiidae, Chrysomelidae, excluindo-se Bruchinae, e Staphylinidae. Staphylinidae, Chrysomelidae e Curculionidae também representaram as famílias mais ricas em amostras efetuadas em Nova Guiné e Papua Nova Guiné (aLLiSon et al. 1993, 1997). Resultados similares foram obtidos na Amazônia (erwin 1983), em Borneo (Stork 1991) e na Malásia (FLoren & LinSenMair 1998a). Curculionidae e Staphylinidae destacaram-se também devido a riqueza de espécies em florestas úmidas de Sulawesi, juntamente com Anthribidae, Aderidae e Corylophidae (haMMond et al. 1997).

Os curculionídeos (exceto Platypodinae) representam um importante grupo de besouros herbívoros, geralmente citados como dominantes em abundância e diversidade em copas de árvores de florestas tropicais. Para os Derelomini, grupo representativo em copas de A. phalerata (Tabela 2), presume-se a função de polinizadores para os adultos, pois, segundo küChMeiSter et al. (1998) estão, geralmente, associados às inflorescências das palmeiras, local utilizado para o seu desenvolvimento larval. Porém, em algumas espécies o empupamento, aparentemente, ocorre no solo, em lugares sombreados debaixo da planta hospedeira.

Vários Cossoninae, Cryptorrhynchinae e Dryophthorinae estão associados com monocotiledôneas, os primeiros utilizando tecidos vegetais mortos, e o último com suas larvas alimentando-se em seus caules e raízes (LawrenCe et al. 2000). Tychiini (Curculioninae) também utiliza as estruturas florais para o desenvolvimento larval, porém, a fase pupal pode ocorrer no solo, caso as flores e os frutos caiam antes de sua emergência. Naupactini (Entiminae) passa a fase de larva e pupa no solo, e quando adulto sobre os hospedeiros vegetais, ao contrário de Baridinae, que em sua maioria, possui todo o seu desenvolvimento sobre as plantas, sem contato algum com o solo. Grupos associados às flores e sementes como Baridinae e Molytinae (Anthonomini), possuem um grande número de espécies. Porém, os Baridinae são dificilmente coletados através de nebulização, pois, podem ficar presos aos troncos, galhos e folhas devido aos espinhos existentes em suas tíbias e cavidades ventrais, contribuindo para que a riqueza desta subfamília seja subestimada em amostragens em áreas tropicais (Ødegaard 2003).

Os Erirhininae (Stenopelmini) possuem espécies aquáticas e subaquáticas. Nas áreas inundáveis do Pantanal devido à grande abundância de macrófitas aquáticas, é provavel que estes curculionídeos desloquem-se para outros hospedeiros vegetais (LawrenCe et al. 2000). Outro grupo que pode ser associado troficamente às plantas aquáticas são os Ceutorrhynchinae, tendo sido amostrados como visitantes ocasionais em palmeiras (Tabela 2), influenciando a composição da comunidade neste habitat.

Segundo FarreL & erwin (1988), a arquitetura da copa é um dado a ser considerado em relação à comunidade associada, pois influencia fortemente a riqueza e abundância de alguns grupos como Staphylinidae. Estes autores salientaram ainda que a classificação da arquitetura da copa é um fator determinante à diversidade de Staphylinidae e de outros grupos de predadores, exercendo mais influência que a composição florística de determinada área.

Outra variável citada como determinante para os padrões de diversidade de artrópodes, dentre estes os Coleoptera, é a relação existente entre a fauna de solo e copa (PaarMann & Stork 1987; adiS 1997), bem como a associação desses organismos com a matéria orgânica acumulada sobre as copas (Longino & nadkarni 1990; SantoS et al. 2003; BattiroLa et al. 2004a, 2004b, 2005, 2007; MarqueS et al. 2009). Estudos realizados na Amazônia por adiS (1997) indicaram que alguns grupos como Curculionidae e Chrysomelidae, em sua fase larval, alimentam-se no solo sobre raízes e migram, posteriormente, para as copas na fase adulta, ou migram do solo para copa em áreas sujeitas a inundações.

A disponibilidade de recursos tanto no solo, quanto na copa, também exerce papel determinante para a estruturação das comunidades de insetos. Exemplo disto é a dominância de Endomychidae obtida nesta pesquisa. Os Endomychidae são fungívoros que encontram recursos alimentares em abundância nas copas de A. phalerata, pois, a alta temperatura associada à umidade constante favorece a proliferação dos fungos neste habitat. Tal fato é possível devido à disponibilidade de matéria orgânica acumulada nas bainhas remanescentes das folhas de A. phalerata, que propiciam um habitat favorável, oferecendo alimento e abrigo, conforme discutido por MarqueS et al. (2009). Esta mesma matéria orgânica pode ser responsável pela elevada densidade de larvas de Coleoptera (34,3%, da captura total de coleópteros) obtida neste estudo.

Com relação à distribuição da comunidade em guildas tróficas em que se observou a predominância de saprófagos, fungívoros e herbívoros sobre predadores observam-se resultados diferenciados dos obtidos por SantoS et al. (2003) durante o período de seca sobre esta mesma palmeira em que herbívoros e predadores predominaram sobre fungívoros e saprófagos. Essa diferença na estrutura da comunidade pode estar associada à disponibilidade de recursos em cada uma das fases hidrológicas típicas dessa região, embora os grupos dominantes em cada guilda trófica sejam basicamente os mesmos.

MarqueS et al. (2001), analisando a copa de um indivíduo de V. divergens durante a fase terrestre, também no Pantanal mato-grossense, obtiveram dominância de herbívoros sobre xilófagos, saprófagos, predadores e fungívoros. Em estudo posterior, em três copas desta mesma espécie arbórea nas fases terrestre e aquática, MarqueS et al. (2006) encontraram predominância de herbívoros e predadores, sobre saprófagos e fungívoros. Estudos conduzidos em outras áreas e formações vegetacionais como na Venezuela obtiveram também a predominância de herbívoros, porém, seguidos por fungívoros (davieS et al. 1997). O mesmo ocorreu em Ruanda, em que os herbívoros e fungívoros predominaram sobre outros grupos (wagner 1997).

Diferentemente de todos os resultados acima citados, haMMond (1990) e haMMond et al. (1996) verificaram em suas amostragens em copas de árvores na Austrália e Sulawesi, respectivamente, a dominância de predadores, principalmente, Staphylinidae e Melyridae, sobre outros grupos tróficos. O predomínio de algumas famílias dentro de seu agrupamento trófico como Tenebrionidae dentre os saprófagos foi constatado por erwin (1983) em diferentes tipos de florestas na Amazônia. O mesmo ocorreu para Endomychidae e Anthribidae entre os fungívoros, Coccinellidae e Staphylinidae entre os predadores, além de Curculionidae e Chrysomelidae entre os herbívoros, demonstrando similaridade com os padrões observados neste estudo em copas de A. phalerata.

A riqueza de herbívoros obtida em copas A. phalerata pode estar associada à teoria de concentração de recursos (Southwood 1961; root 1973), em que se prevê que plantas com alta densidade são facilmente encontradas por insetos herbívoros, que, consequentemente, permanecem por um maior período de tempo sobre as mesmas, como pode ocorrer em formações monodominantes como os acurizais (adensamentos de A.

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phalerata) no Pantanal de Mato Grosso. Esta situação pode favorecer o aumento dessas populações, e, por sua vez, reduzir as de outros grupos, ocasionando a diminuição da riqueza de espécies na comunidade (MarqueS et al. 2000).

Quando comparados os resultados da biomassa e riqueza de espécies verifica-se que os predadores possuem uma baixa biomassa (0,0033 g/m²) associada a uma elevada riqueza (126 espécies), enquanto os saprófagos, uma considerável biomassa (0,0329 g/m²) com um baixo número de espécies (60 spp.). Isso demonstra que a distribuição da biomassa é bastante heterogênea na comunidade sendo a maior parte restrita a poucos grupos dentro de cada agrupamento trófico. No caso dos herbívoros e fungívoros, os valores de biomassa acompanham a riqueza de espécies, possuindo os primeiros, elevados valores para ambos, e o segundo, reduzidos valores.

A comunidade de Coleoptera associada à copa de A. phalerata é rica e diversificada tanto em relação ao número de famílias, quanto à riqueza de espécies. Os agrupamentos em guildas tróficas demonstraram predomínio de saprófagos, fungívoros e herbívoros sobre predadores. A dominância de saprófagos e fungívoros pode estar associada ao acúmulo de matéria orgânica nas bainhas de A. phalerata, local propício para desenvolvimento dessas populações, influenciando a constituição e estrutura dessa comunidade. Esses resultados indicam que A. phalerata pode ser considerada uma espécie-chave nos ecossistemas inundáveis do Pantanal mato-grossense por desempenhar importante papel nos processos ecológicos destas áreas como local de refúgio e reprodução para diversos grupos de artrópodes, dentre eles os Coleoptera.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Max-Planck para Limnologia, Plön, Alemanha e a Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá, Programa SHIFT (Studies of Human Impact on Forests and Floodplains in the Tropics), financiado pelo Bundesministerium für Bildung, Wissenschaft Forschung und Technologie (BMBF), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade do Instituto de Biociências da UFMT.

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Recebido em: 29/01/2013Aceito em: 02/12/2013

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Como citar este artigo:

Battirola, L.D., G.B. dos Santos, G.H. Rosado-Neto & M.I. Marques, 2014. Coleoptera (Arthropoda, Insecta) Associados às Copas de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae) no Pantanal de Mato Grosso, Brasil. EntomoBrasilis, 7 (1): 20-28. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.316

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e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff)Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) para controle de Diatraea saccharalis Fabricius

(Lepidoptera: Crambidae) Eduardo Kenji Hayashida¹, Samir Oliveira Kassab², Elisângela de Souza Loureiro³, Camila Rossoni²,

Rogério Hidalgo Barbosa², Antônio de Souza Silva² & Daniele Perassa Costa²

1. Sem vínculo institucional, e-mail: [email protected]. 2. Universidade Federal da Grande Dourados, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. 3. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e-mail: [email protected]

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EntomoBrasilis 7 (1): 20-23 (2014)

En

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Resumo. A seleção de fungos entomopatogênicos é necessária para que se conheça a eficiência de diferentes isolados e se possa eleger o mais adequado para sua utilização em programas de controle biológico. Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência dos isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (UFGD 03, UFGD 05, UFGD 07 e UFGD 22), obtidos em Mato Grosso do Sul, em Diatraea saccharalis Fabricius. O ensaio experimental foi composto por um delineamento inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 10 repetições, com 5 lagartas padronizadas por tamanho em cada repetição. De maneira geral, M. anisopliae afetou o ciclo biológico de D. saccharalis e o desenvolvimento desta praga é afetado pelo fungo. A percentagem de lagartas que empuparam variou de 64,00% a 88,60%. O tratamento com o isolado UFGD 03 apresentou maior percentagem de pupas mortas (68,00%) em relação aos demais isolados testados e quando comparado ao valor da testemunha (11,00%). A emergência dos adultos de D. saccharalis foi de 87,02% na testemunha. Nos tratamentos com o fungo, houve variação de 35,20%, 38,00%, 40,00%, 52,80% proporcionada pelos isolados UFGD 22, UFGD 03, UFGD 05 e UFGD 07, respectivamente.

Palavras-Chave: Controle biológico; cana-de-açúcar; fungos entomopatogênicos.

Isolates of Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) for the control of Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae)

Abstract. The selection of entomopathogenic fungus that is a necessary to know the efficiency of different isolates and one can choose the most suitable for use in biological control programs. This study aimed to evaluate the efficiency of the isolates of Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (UFGD 03, UFGD 05, UFGD UFGD 07 and UFGD 22), obtained in Mato Grosso do Sul on the Diatraea saccharalis Fabricius. The experimental trial consisted of a completely randomized design with five treatments and 10 repetitions with 5 caterpillars standardized size in each repetition. In general, M. anisopliae affects the life cycle of D. saccharalis and development of this pest is affected by the fungus. The percentage of caterpillars that pupae ranged from 64.00% to 88.60%. Treatment with isolated UFGD 03 had a higher percentage of dead pupae (68.00%) compared to other isolates tested and compared to the control value (11.00%). The adult emergence of D. saccharalis was 87.02% in the control. In the treatments with the fungus, there was a variation of 35.20%, 38.00%, 40.00%, 52.80% provided by isolates UFGD 22, UFGD 03, UFGD 05 and UFGD 07, respectively.

Keywords: Biological control; entomopathogenic fungus; sugarcane.

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área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil é de oito milhões de hectares e na safra 2010/2011, a indústria canavieira, beneficiou 625 milhões de toneladas de cana

para a produção de açúcar e etanol (ConaB 2012). O Estado de Mato Grosso do Sul destaca-se como o quinto produtor no ranking nacional e atualmente 571 mil ha são destinados ao cultivo de cana-de-açúcar (CanaSat 2012).

Apesar da importância da cultura, diversos insetos se alimentam da cana-de-açúcar e quando suas populações aumentam de maneira desordenada, que pode ser devido ao favorecimento, por condições climáticas e ausência de inimigos naturais esses causam prejuízos econômicos sendo denominados pragas (Segato et al. 2006).

Dentre os problemas fitossanitários encontrados na cultura, destaca-se a Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae) que é uma das principais pragas da cana-de-açúcar (dinardo-Miranda et al. 2012). As injúrias causadas pelas fases imaturas, dessa espécie, promovem prejuízos direitos por meio

da abertura de galerias no caule e indiretos devido às infecções de microrganismos, resultando em perdas na produção de açúcar e álcool.

A utilização de inseticidas químicos é pouco eficiente no controle da D. saccharalis, pois lagartas de 3º instar habitam galerias no colmo da cana-de-açúcar (Pinto 2009). Assim há necessidade de alternativas biológicas para o controle desta praga e o interesse pela utilização de parasitoides, predadores e entomopatógenos tem aumentado.

Atualmente, o método de controle mais eficiente de D. saccharalis têm sido realizado por meio do endoparasitoide larval Cotesia flavipes Cameron (Hymenoptera: Braconidae) (SiLva et al. 2012). Pesquisas também foram desenvolvidas com parasitoide de ovos da espécie Trichogramma galloi Zucchi (Hymenoptera: Trichogrammatidae) (Pereira-BarroS et al. 2005). Outra alternativa para o controle de D. saccharalis pode ser a utilização dos fungos entomopatogênicos.

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.323

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30Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin … Hayashida et al.

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A broca D. saccharalis é suscetível aos fungos entomopatogênicos e os testes realizados em campo, com a espécie Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillemin (Ascomycetes: Clavicipitaceae) causou mortalidade média de 44% e 89 para as concentrações de 1013 conídios.ha-1 e 5 x 108 conídio.mL-1, respectivamente

(aLveS 1998; wenzeL et al. 2006). Em outros trabalhos, o uso de suspensões fúngicas de B. bassiana e Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae), em doses subletais, comprometeu as características biológicas de D. saccharalis, tais como longevidade, fecundidade e viabilidade de ovos (oLiveira et al. 2008).

Dessa forma, é primordial o incremento e aperfeiçoamento de pesquisas direcionadas a avaliação do potencial e seleção dos fungos entomopatogênicos para que se conheça a eficiência de diferentes isolados e se possa eleger o mais adequado no combate a praga e implementar a sua utilização em programas de controle biológico da D. saccharalis.

Este trabalho objetivou avaliar a eficiência dos isolados de M. anisopliae (UFGD 03, UFGD 05, UFGD 07 e UFGD 22), obtidos em Mato Grosso do Sul, Brasil sobre lagartas de D. saccharalis.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi conduzido no laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados, Mato Grosso do Sul, com as etapas:

Criação de D. saccharalis. As lagartas utilizadas na pesquisa foram provenientes da criação do laboratório Biossoluções, município de Dourados (MS). Criadas seguindo a metodologia adaptada de Parra (2007), onde ovos de D. saccharalis foram colocados em frascos de vidro (8,5 cm de diâmetro e 13 cm de altura) contendo dieta artificial para alimentação das lagartas recém eclodidas, onde permaneceram até o último instar. Essas lagartas foram transferidas para placas de Petri descartáveis (6,5 cm de diâmetro e 2,5 cm de altura) com dieta de realimentação até a formação das pupas. As pupas foram recolhidas, selecionadas por características morfológicas e acondicionadas em potes plásticos telados, permanecendo até a fase adulta. Os adultos foram separados em casais com 20 machos e 30 fêmeas, e colocados em gaiolas de tubos de PVC (10 cm de diâmetro e 22 de altura). As gaiolas foram fechadas com papel sulfite e elástico, revestidas internamente com folhas de papel sulfite como substrato para oviposição sendo os ovos coletados diariamente, lavados e armazenados em câmara climatiza à temperatura de 25 ± 2º C, umidade relativa de 70 ± 10% umidade relativa (U.R.) e fotofase de 14 h para a continuidade da criação.

Obtenção e produção de M. anisopliae. Os isolados de M. anisopliae utilizados na pesquisa foram provenientes da Coleção de Microrganismos Entomopatogênicos do laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) (Tabela 1).

Tabela 1. Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) utilizados no experimento.

Espécie Isolado Hospedeiro Procedência

Metarhizium anisopliae

UFGD 03

Mahanarva fimbriolata(Hemiptera: Cercopidae)

Dourados, Mato Grosso do Sul

UFGD 05

UFGD 07

UFGD 22

Os fungos entomopatogênicos foram repicados em meio de cultura BDA (batata-dextrose-ágar) e incubados em câmara climatizada tipo BOD a 25 ± 2° C e fotofase de 12 h e 70 ± 10% (U.R) (aLveS 1998). Ressalta-se ainda que os fungos entomopatogênicos utilizados nesta pesquisa apresentaram germinação dos conídios acima de 97% no momento da realização dos bioensaios.

Desenvolvimento Experimental. As suspensões fúngicas utilizadas no bioensaio foram obtidas a partir dos isolados, raspando-se a superfície do meio de cultura com o auxilio de uma alça de níquel-cromo. Os conídios do fungo M. anisopliae foram transferidos para tubos de ensaio contendo 10 mL de água destilada esterilizada e 0,1 mL de Tween 80® a 0,1%. Para a montagem do experimento foi preparada uma suspensão com concentração de 109 conídios.mL-1 quantificada em câmara de Neubauer® com o auxílio de um microscópio óptico (aLveS 1998).

O ensaio experimental foi composto por um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e 10 repetições. Cada repetição composta por cinco lagartas de D. saccharalis padronizadas por tamanho em cada repetição. Para a infecção do patógeno, cada lagarta foi tratada com 0,5 mL de suspensão fúngica (inoculação tópica). Cada placa de Petri descartável (6 cm de diâmetro) contendo um quadrado (4 cm x 4 cm) de dieta artificial recebeu cinco lagartas de D. saccharalis, perfazendo um total de 10 placas (repetição) por tratamento, ou seja, 50 insetos. Posteriormente os tratamentos foram acondicionados em sala climatizada à temperatura de 25 ± 2º C e 70 ± 10% (U.R) e fotoperíodo de 12 h.

As avaliações foram realizadas no intervalo de três dias por um período de 15 dias. Cada inseto morto foi transferido para novas placas de Petri com algodão hidrófilo levemente umedecido com água destilada esterilizada, acondicionadas em BOD (25 ± 2º C e 70 ± 10% (U.R) e fotoperíodo de 12 h) para verificação do crescimento do patógeno.

As características avaliadas foram: mortalidade de lagartas e pupas, pupação e emergência de adultos de D. saccharalis. Os dados obtidos nos tratamentos foram calculados com a fórmula de aBBott (1925) e submetidos à análise de variância (teste F) e quando significativos comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSãO

De maneira geral, M. anisopliae afeta o ciclo biológico de D. saccharalis. Isto é importante, pois, a interferência dos fungos entomopatogênicos nos diferentes estádios desta praga pode auxiliar no manejo fitossanitário de D. saccharalis (Figura 1). A eficiência dos isolados UFGD 03, UFGD 05, UFGD 07 e UFGD 22 sobre lagartas de D. saccharalis foi de 36,00%, 30,80%, 17,60% e 21,80% respectivamente (Tabela 2).

A porcentagem de lagartas ao estádio de pupas variou de 64,00% a 88,60%. O isolado UFGD 07 apresentou a maior porcentagem de pupas viáveis (82,40%). O tratamento com o isolado UFGD 03 apresentou maior porcentagem de pupas mortas (68,00%) em relação aos demais isolados testados e quando comparado ao valor da testemunha (11,00%) (Tabela 2). A emergência dos adultos de D. saccharalis foi de 87,02% na testemunha. Nos tratamentos com o fungo, houve variação de 35,20%, 38,00%, 40,00%, 52,80% proporcionada pelos isolados UFGD 22, UFGD 03, UFGD 05 e UFGD 07, respectivamente (Tabela 2).

Dezoito lagartas de D. saccharalis foram mortas no tratamento com o isolado 03. Nos demais tratamentos o número de lagartas mortas foi de 15,4; 10,9 e 8,8 para os isolados UFGD 05, UFGD 22 e UFGD 07, respectivamente. A porcentagem de pupas com emergência da praga para os isolados UGFD 03, UFGD22, UFGD 05, UFGD 07, foi de 12,16%, 13,76%, 13, 84% e 21,75, respectivamente.

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M. anisopliae interfere no ciclo biológico de D. saccharalis e o desenvolvimento biológico desta praga é afetado pelo fungo. Pode-se constatar que a infecção com as os isolados foi capaz de alterar parte do ciclo de vida (lagarta-adulto) da broca da cana-de-açúcar.

O efeito obtido pelos isolados de M. anisopliae (UFGD 03, UFGD 05, UFGD 07, UFGD 22) pode ser considerado promissor. Este fato é importante, pois o modo de ação dos fungos entomopatogênicos difere dos inseticidas. Os fungos entomopatogênicos apresentam capacidade de aumento da densidade do patógeno pela transmissão horizontal dos conídios na cultura e há repetições do ciclo da doença na população hospedeira (praga) (haJek & St. Leger 1994). Este aumento da doença controla naturalmente a ressurgência da praga e diminui as infestações das populações dos insetos prejudiciais na cultura.

Os isolados na concentração de 109 causaram mortalidade de lagartas e pupas de D. saccharalis próxima a obtida nos estudos conduzidos com o isolado IBCB 66 (B. bassiana) que proporcionou eficiência de 89,00% na concentração de 5 x 108 em condições de campo (wenzeL et al. 2006). Isto é importante, pois, alguns autores consideram que os entomopatógenos são eficazes quando apresentam valores de mortalidade acima de 40% para as pragas estudadas (aLveS et al. 1998).

Os fungos B. bassiana e M. anisopliae apresentaram atividade patogênica a espécie D. saccharalis em condições de campo e laboratório, sendo sugerida a utilização deste entomopatógeno em cana-de-açúcar, contribuindo com o controle desta praga em ambientes com ocorrência natural do inseto (deStéFano et al. 2004; oLiveira et al. 2008). Nos estudos, os autores concluíram nos tratamentos com fungo houve redução do número de danos produzidos pelo lepidóptero praga.

Ressalta-se ainda que as condições climáticas de Mato Grosso do Sul são propícias ao desenvolvimento dos fungos entomopatogênicos e isto aumenta possibilidade de controle desta praga. Neste contexto, nos tratamentos com a espécie M. anisopliae observa-se que os isolados podem ser utilizados para o controle de D. saccharalis sendo o isolado UFGD 03 o mais indicado para contribuir com o Manejo integrado da broca da cana-de-açúcar para as condições do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.

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Tabela 2. Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) sobre o desenvolvimento (lagarta-adulto) de Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae). Temperatura 25±2°C, fotofase de 12 h e 70±10% de umidade relativa, mantidas constantes. Dourados, MS, 2012.

TratamentosCaracterísticas avaliadas

Mortalidade de lagartas (%) Pupação (%) Mortalidade de pupas (%)

Emergência de adultos (%)

Testemunha (não tratada) 11,80±0,26 b 88,60±0,10 a 11,00±0,30 b 87,02±0,43 a

UFGD 03 (1x109 con.mL-1) 36,00±0,76 a 64,00±0,57 b 68,00±1,04 a 38,00±0,75 b

UFGD 05 (1x109 con.mL-1) 30,80±1,32 ab 69,20±0,88 ab 66,40±0,66 a 40,00±0,70 b

UFGD 07 (1x109 con.mL-1) 17,60±1,18 ab 82,40±0,54 ab 61,00±0,71 a 52,80±0,58 b

UFGD 22 (1x109 con.mL-1) 21,80±0,83 ab 78,20±0,44 ab 62,80±0,84 a 35,20±0,66 b

CV (%) 45,5 13,8 24,92 27,11

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.Conídios. mL-1 = con.mL-1

Figura 1. Lagartas mortas, pupas viáveis e com emergência de adultos de Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae) em função dos tratamentos com Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae). Temperatura 25±2°C, fotofase de 12 h e 70±10% de umidade relativa, mantidas constantes. Dourados-MS, 2012.

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Recebido em: 05/04/2013Aceito em: 30/09/2013

**********

Como citar este artigo:

Hayashida, E.K., S.O. Kassab, E.S. Loureiro, C. Rossoni, R.H. Barbosa, A.S. Silva & D.P. Costa, 2014. Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) para Controle de Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera: Crambidae), 7 (1): 20-23. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.323

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e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Lista de Espécies de Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea) de uma Área de

Semiárido na Região Nordeste do BrasilJosé Nicássio Rocha Lima¹ & Thamara Zacca²

1. Universidade do Estado da Bahia, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência). 2. Universidade Federal do Paraná, e-mail: [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 33-40 (2014)

En

tom

olog

ia G

era

l Resumo. O Semiárido brasileiro corresponde, praticamente, aos limites do bioma Caatinga, sendo uma das regiões com menor número de unidades de conservação e com maior deficiência em estudos da biodiversidade de borboletas. Sendo assim, inventários visando contribuir para o conhecimento da diversidade local são extremamente necessários e urgentes. No presente estudo, uma lista das espécies de borboletas da Serra da Fumaça (Pindobaçu, Bahia, Brasil), foi elaborada baseada em amostragens mensais realizadas no período de Abril a Outubro de 2011, com duração de dois dias. Foram utilizadas rede entomológica e armadilhas com iscas de banana fermentada em caldo-de-cana. Em um total de 1.295 horas de amostragem (97 horas de captura com rede entomológica e 1.198 horas com armadilhas) foram registrados 756 indivíduos de 121 espécies, das quais dezessete são novos registros para o Semiárido e quatro, exclusivamente, para o estado da Bahia.

Palavras-chave: Bahia; Biodiversidade; Caatinga; Insecta; Inventário.

List of Butterflies Species (Lepidoptera: Hesperioidea and Papilionoidea) in a Northeastern Brazilian Semiarid Area

Abstract. The Brazilian Semiarid region practically corresponds to the Caatinga biome boundary, being one of the regions with lowest number of conservations unities and greater deficiency in butterflies’ biodiversity studies. Therefore, inventories in order to contribute to knowledge of local diversity are extremely necessary and urgent. In the present study, a list of butterflies’ species from Serra da Fumaça (municipality of Pindobaçu, state of Bahia, Brazil) was developed based on monthly sampling carried out from April to October 2011, lasting two days. The methods used were active capture with entomological nets and traps baited of fermented banana with juice sugar cane. In a total of 1,295 hours of sampling (97 hours of capture with entomological nets and 1,198 hours with traps) were registered 756 individuals of 121 species, of which seventeen are new records for the Semiarid region and four, exclusively, to state of Bahia.

Keywords: Bahia; Biodiversity; Caatinga; Insecta; Inventory.

_____________________________________

s poucas unidades de conservação existentes no Semiárido brasileiro e o fato destas apresentarem áreas bastante reduzidas são um desafio quanto à proteção

dos ecossistemas regionais (MendeS 1994). Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no bioma Caatinga foram estabelecidas durante o Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga (veLLoSo et al. 2002), mas a falta de inventários e dados taxonômicos confiáveis ainda é um dos grandes fatores que dificulta a criação de novas unidades de conservação (PPBio 2011). Neste contexto, estudos que visam contribuir para o conhecimento da biodiversidade no Semiárido são extremamente necessários e urgentes.

De acordo com SantoS et al. (2008), o Semiárido representa uma das grandes lacunas no conhecimento da biodiversidade de borboletas, reflexo do baixo número de especialistas trabalhando nesta região. O primeiro inventário foi realizado por noBre et al. (2008), no Parque Nacional do Catimbau, Pernambuco, com registro de 121 espécies. Em seguida, zaCCa (2009) lista as espécies depositadas no museu da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, destacando registros novos para o Semiárido. Em um estudo realizado por PaLuCh et al. (2011) no Parque Ecológico João Vasconcelos Sobrinho, Pernambuco, foram registradas 197 espécies de borboletas, sendo a segunda maior lista para a região. Uma lista é apresentada por zaCCa et

al. (2011), com registro de 140 espécies em uma área de ecótono no Semiárido baiano. Um estudo sobre as borboletas frugívoras do Parque Nacional do Catimbau foi realizado por noBre et al. (2012), complementando o trabalho anterior. Posteriormente, zaCCa & Bravo (2012) realizaram inventários algumas localidades consideradas prioritárias para a conservação da fauna e flora pelo MMA (2007), situadas na porção norte da Chapada Diamantina, com ocorrência de 169 espécies e vários novos registros para o estado.

No presente trabalho é apresentada uma lista das espécies de borboletas da Serra da Fumaça, município de Pindobaçu, Bahia, com objetivo de gerar informações básicas para eventuais planos de conservação e manejo local, bem como contribuir para o conhecimento da diversidade de borboletas no Semiárido brasileiro e no estado da Bahia.

MATERIAL E MéTODOS

A Serra de Jacobina é um complexo montanhoso localizado na meso-região centro-oeste do estado da Bahia, com 220 km de extensão no sentido norte-sul, variando de 6 a 10 km no sentido leste-oeste (veLLoSo et al. 2002; vaLe 2005). Constitui-se de escarpas abruptas, vales profundos, “canyons” cortados por rios, córregos e riachos, que originam quedas d’águas e

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.351

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34Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea)… Lima & Zacca

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cachoeiras (vaLe 2005). Apesar de inclusa no bioma Caatinga, estudo realizado por raMaLho (2008) indica que o domínio da Serra de Jacobina possui um clima tipicamente sub-úmido, com temperatura média anual de 24° C, pluviosidade variando entre 477,6 e 1.129,3 mm/ano (vaLe 2005) e períodos secos e chuvosos bem definidos, de maio a setembro e de outubro a abril, respectivamente (veLLoSo et al. 2002). A Serra de Jacobina está inserida na área de Senhor do Bonfim, sendo de importância extremamente alta para conservação, devido à grande diversidade fisionômica, além de conter espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção e endêmicas (veLLoSo et al. 2002; MMa 2007; PPBio 2011).

Dentre as cadeias montanhosas deste complexo, destaca-se a Serra da Fumaça (10°39’S 40°22’W), localizada entre os municípios de Antônio Gonçalves, Senhor do Bonfim e Pindobaçu, este último, onde as amostragens foram realizadas. Possui 4.000 hectares, com ascensões variando entre 400 m e 1.020 m de altitude, nos quais podem ser encontradas formações vegetais bem diversificadas como Floresta Estacional Semidecidual (Figura 1A), Matas de Grotões, Cerrado, Campo Sujo e Campo Rupestre (Figura 1B), predominante na localidade.

As amostragens foram realizadas entre abril e outubro de 2011, com duração de dois dias em cada mês. Um transecto de aproximadamente 4 km foi estabelecido, sendo percorrido

uma vez por dia de coleta, iniciando-se na base da serra, em uma área de Floresta Estacional Semidecidual, e terminando no topo (Figura 2). A captura dos indivíduos foi realizada com rede entomológica, por um único coletor, e nove armadilhas com isca de banana fermentada com caldo de cana, dispostas em pontos predeterminados, com altura variando entre 1-2 m em relação ao solo, com distância mínima de 300 m entre cada. A instalação das armadilhas foi realizada à medida que o transecto era percorrido no primeiro dia de cada coleta e, sua remoção e dos exemplares capturados, no dia seguinte. Para determinação do tempo de amostragem, cada armadilha foi considerada como uma unidade amostral, sendo efetuada a soma dos períodos que cada uma ficou ativa durante as sete coletas.

O material coletado encontra-se depositado nas coleções entomológicas da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e Prof. Johann Becker do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (MZUEFS). A identificação taxonômica segue a classificação proposta por LaMaS (2004).

Para elaboração da curva de acumulação de espécies foi utilizado o programa EstimateS v. 8.2 (CoweLL 2006), com os estimadores de riqueza não paramétricos Jackknife 1 e Bootstrap. A confirmação de novos registros de borboletas para o Semiárido, bem como para o estado da Bahia foi realizada por meio de consulta aos seguintes trabalhos: May (1924); noBre

Figura 1. Fitofisionomias da Serra da Fumaça: (A) Floresta Estacional Semidecidual; (B) Campo Rupestre.

Figura 2. Mapa representando a delimitação do Semiárido brasileiro (área em cinza) e localização da Serra da Fumaça (ponto vermelho), com ênfase na distribuição de suas principais fitofisionomias, trilhas e transecto percorrido. (Modificado de Rangel B. Carvalho).

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et al. (2008); vaSConCeLoS et al. (2009); zaCCa (2009); PaLuCh et al. (2011); zaCCa et al. (2011); noBre et al. (2012) e zaCCa & Bravo (2012). Comentários acerca da distribuição geográfica das espécies basearam-se em literatura disponível e no exame do material depositado na coleção entomológica Pe. Jesus Santiago Moure do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (DZUP).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Em um total de 1295 horas de amostragem (97 horas de captura com rede entomológica e 1198 horas com armadilhas), foram registrados 756 indivíduos de 121 espécies (Tabela 1), dos quais 40,5% dos indivíduos foram capturados com rede (102 espécies) e 59,5% em armadilhas (24 espécies), sendo apenas cinco espécies comuns às duas metodologias. Nymphalidae apresentou maior diversidade quando somada as duas metodologias, com 54 espécies e 599 indivíduos, seguida de Hesperiidae (37 spp./ 95 ind.), Riodinidae (13 spp./ 27 ind.), Pieridae (9 spp./ 31 ind.), Lycaenidae (6 spp./ 13 ind.) e Papilionidae (2 spp./3 ind.).

Captura com armadilhas. Foram registradas cinco subfamílias de Nymphalidae. Biblidinae foi a mais representativa em termos de riqueza e abundância (11 espécies e 194 indivíduos), seguida por Satyrinae (6 spp. e 149 ind.), Charaxinae (4 spp. e 109 ind.), Nymphalinae (2 spp. e 4 ind.) e Morphinae (1 sp. e 1 ind.). De acordo com uehara-Prado et al. (2007), as espécies de Biblidinae são favorecidas pela fragmentação ambiental, o que elucida o elevado número de espécies e indivíduos encontrados na área de Floresta Estacional limítrofe com a área antrópica da Serra da Fumaça.

As únicas publicações encontradas que apresentaram dados para captura com armadilhas atrativas, tanto no estado da Bahia quanto para o Semiárido, foram os de vaSConCeLoS et al. (2009); noBre et al. (2012) e zaCCa & Bravo (2012). No entanto, este último apresenta dados permutados à metodologia de captura com rede entomológica. vaSConCeLoS et al. (2009) apresenta um esforço amostral de 180 horas (estimativa ignora cada armadilha como unidade amostral, não havendo somatório de horas por armadilha, mas por coleta), em que foi possível observar uma riqueza similar a encontrada na Serra da Fumaça. Contudo, a abundância em ambos os estudos foi bem menor que a registrada no presente trabalho. Das espécies registradas por noBre et al. (2012), apenas nove foram comuns à Serra da Fumaça, a citar: Biblis hyperia nectanabis (Frühstorfer), Callicore sorana sorana (Godart), Eunica tatila bellaria Frühstorfer, Hamadryas februa februa (Hübner), Hamadryas feronia feronia (Linnaeus), Fountainea halice moretta (Druce), Hypna clytemnestra forbesi (Godman & Salvin), Melinaea ethra (Godart) e Taygetis laches (Fabricius).

Comparando os dados obtidos no presente estudo com os inventários realizados por uehara-Prado et al. (2007); vaSConCeLoS et al. (2009); roMan et al. (2010) e noBre et al. (2012), pode-se afirmar que a riqueza obtida foi satisfatória em relação ao tempo de amostragem. Contudo, é importante destacar que a amostragem com armadilhas atrativas restringiu-se a área de sub-bosque (altura máxima de 2 m em relação ao solo), privilegiando espécies que ocorrem neste ambiente. Estudos que visaram analisar a estratificação vertical de borboletas frugívoras (devrieS et al. 1997; devrieS & waLLa 2001; roMan et al. 2010) indicam variação quanto a riqueza de espécies entre ambientes de sub-bosque e dossel. Sendo assim, presume-se que a realização de amostragens no dossel possibilitaria um acréscimo da riqueza de borboletas frugívoras na Serra da Fumaça.

Captura com rede entomológica. Hesperiidae e Nymphalidae apresentaram maior número de espécies (37 spp. e 35 spp., respectivamente), seguida de Riodinidae (13 spp.), Pieridae (9 spp.), Lycaenidae (6 spp.) e Papilionidae (2 spp.). Quanto ao número de indivíduos registrados, Nymphalidae apresentou maior abundância com 142 indivíduos, seguida por Hesperiidae (95), Riodinidae (27), Pieridae (31), Lycaenidae (13) e Papilionidae (3).

O número pouco expressivo de Papilionidae na Serra da Fumaça e em demais localidades do Semiárido [ver noBre et al. (2008) = 3 espécies; vaSConCeLoS et al. 2009 = 3 spp.; PaLuCh et al. (2011) = 4 spp.; zaCCa et al. (2011) = 3 spp.; zaCCa & Bravo (2012) = 4 spp.], provavelmente está relacionado às reduzidas áreas de mata e carência de recursos hídricos nesta região já que, segundo Brown Jr. & FreitaS (1999), as espécies desta família geralmente são encontradas em ambientes de matas preservadas e com abundância de recursos hídricos.

Inventários de borboletas realizados na região do Semiárido (noBre et al. 2008; vaSConCeLoS et al. 2009; PaLuCh et al. 2011; zaCCa et al. 2011; zaCCa & Bravo 2012), obtiveram uma proporção diferenciada da riqueza encontrada no presente estudo e nos inventários em ambientes de Floresta Estacional (MieLke & CaSagrande 1997; deSSuy & MoraiS 2007), apontando Nymphalidae com maior número de espécies, seguida de Hesperiidae. Isto talvez se deva ao fato de Hesperiidae, juntamente com Lycaenidae e Riodinidae, serem consideradas de difícil amostragem e identificação (Brown Jr. & FreitaS 1999; FreitaS et al. 2003).

A curva acumulativa total de espécies (Figura 3) evidencia que a riqueza local de borboletas encontra-se subestimada e que, provavelmente, poderia aumentar com um maior esforço de amostragem. Os maiores valores de riqueza e abundância foram registrados no mês de Junho (Tabela 1), o que provavelmente está relacionado à expressiva disponibilidade de recursos florais,

Figura 3. Curva de estimativa total de espécies de borboletas registradas para a Serra da Fumaça.

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Tabela 1. Lista das espécies de borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea) da Serra da Fumaça, Pindobaçu, Bahia, Brasil, registradas no período de Abril a Outubro de 2011, com número de indivíduos por coleta, método de captura empregado (MC) e tipos de fitofisionomias amostradas (TFA): Campo Rupestre (CR), Floresta Estacional de baixa altitude (FEB) e Floresta Estacional de altitudes elevadas (FEA). Espécies registradas para o estado da Bahia por: “a” May (1924); “b” vaSConCeLoS et al. (2009); “c” zaCCa (2009); “d” zaCCa et al. (2011); “e” zaCCa & Bravo (2012). ● Novos registros para o Semiárido; * Novos registros para o estado da Bahia. R = rede entomológica; A = armadilha.

Táxon TFAIndivíduos capturados por coleta

MCAbr Mai Jun Jul Ago Set Out

Hesperidae

Hesperiinae

Cobalopsis nero (Herrich-Schäffer) d CR 2 - - - - - - R

Copaeodes jean favor Evans* CR 2 - - - - - - R

Cumbre belli eberti Evans e CR - - 1 1 - - - R

Cymaenes tripunctus theogenis (Capronnier) d CR - 3 - 1 - - - R

Gesta gesta (Herrich-Schäffer) d CR - - - 1 - - - R

Hylephila phyleus phyleus (Drury) b d CR - - 1 - - - - R

Niconiades xanthaphes Hübner, e FEA - - 1 - - - - R

Orses cynisca (Swainson,) ●* CR - - - - 1 1 - R

Panoquina l. lucas (Fabricius) d e CR - - 2 - - - - R

Panoquina peraea (Hewitson) ●* CR - - 3 - - 1 - R

Pompeius pompeius (Latreille) b e CR/FEA - - 4 - 1 - 1 R

Saliana longirostris (Sepp)* CR - - 3 1 - - - R

Vettius lafrenaye lafrenaye (Latreille) d e FEA - - - 1 - - - R

Pyrginae

Aguna asander asander (Hewitson) d FEB/CR - 1 3 - 1 1 - R

Anastrus sempiternus simplicior (Möschler) d FEA - - - 1 - - - R

Astraptes fulgerator fulgerator (Walch) ●* FEA - 1 - - - - - R

Autochton integrifascia (Mabille)●* CR - 1 - - - - - R

Chioides catillus (Cramer)* FEA/CR 1 - 4 - - 1 1 R

Chiomara georgina georgina (Reakirt) ●* CR - - 2 - - - - R

Cogia calchas (Herrich-Schäffer) c FEA - - - - 1 - - R

Epargyreus socus (Hübner)* CR/FEA - 2 - - 1 - 1 R

Gorgythion plautia (Möschler) d e CR - - - 1 - - - R

Gorgythion sp. CR - 1 - - - - - R

Heliopetes arsalte arsalte (Linnaeus) b c d e CR - - 1 - - - - R

Heliopetes alana (Reakirt) d CR - - - - 1 - - R

Narcosius parisi parisi (Williams)●* CR - - - - 1 - - R

Pyrgus orcus (Stoll) d e CR - - - - - - 1 R

Staphylus sp. CR 5 1 1 - - - - R

Udranomia spitzi (Hayward) ●* CR 1 - - - - - - R

Urbanus chalco (Hübner) d e FEA - 1 - 1 - - - R

Urbanus dorantes dorantes (Stoll) d e FEB/CR 1 1 3 3 3 - - R

Urbanus procne (Plötz) e FEB/CR - 4 1 1 1 - - R

Urbanus proteus proteus (Linnaeus) d e CR - 1 1 - - - - R

Urbanus simplicius (Stoll) b d CR 1 - - - - - - R

Urbanus teleus (Hübner) b d CR - - - - 1 - - R

Urbanus virescens (Mabille) d FEB - - - - 1 - - R

Xenophanes tryxus (Stoll) ● CR - - - 1 - - - R

Papilionidae

Papilioninae

Battus polydamas polydamas (Linnaeus) b c d e CR - - 2 - - - - RHeraclides thoas brasiliensis (Rotschild & Jordan) b c d e

CR - - 1 - - - - R

Pieridae

Coliadinae

Anteos clorinde (Godart) b c d e CR - - 4 - 2 1 - R

Eurema albula albula (Cramer) c d e FEB - - - - 5 - - R

Eurema elathea flavescens (Chavannes) b c d e CR/FEA 1 2 2 1 1 - - R

Rhabdodryas trite trite (Linnaeus) b ● FEA - - - 1 - - - R

Continua...

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e-ISSN 1983-0572

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Táxon TFAIndivíduos capturados por coleta

MCAbr Mai Jun Jul Ago Set Out

Coliadinae

Phoebis philea philea (Linnaeus) c d CR - - 1 - - - - R

Phoebis sennae marcellina (Cramer) b c d e CR 1 - 1 - 1 - - R

Pyrisitia leuce leuce (Boiduval) d e CR/FEA - - 1 1 - - 1 R

Pyrisitia nise tenella (Boisduval) d e CR 1 1 - - - - 1 R

Pierinae Ascia monuste orseis (Godart) b c d e CR - - - - - 1 - R

Lycaenidae

Polyommatinae Leptotes cassius cassius (Cramer) b c d e CR - - 1 - - - 1 R

Theclinae

Pseudolycaena marsyas (Linnaeus) b c e FEA - - 1 1 - - - R

Strymon bubastus bubastus (Stoll) d e CR - - 1 - - - - R

Strymon rufofusca (Hewitson) c d e CR/FEA - 1 1 - - - - R

Strymon crambusa (Hewitson)* CR - - - - 1 - - R

Theritas hemon (Cramer) d e FEA - 1 1 - - 3 - R

Riodinidae

Euselasiinae Euselasea thucydides thucydides (Fabricius) e CR 2 - - - - - - R

Riodininae

Aricoris sp. CR 1 - - - - - - R

Echydna chaseba (Hewitson) d e FEB - - - 2 - - - R

Emesis fatimella fatimella Westwood●* FEB 1 - - - - - - R

Ionotus alector (Geyer)* CR/FEA - 2 - - - - - R

Isapis agyrtus (Cramer)* CR - - - - - 1 - R

Juditha molpe (Hübner) d FEA 1 - - 1 - - - R

Leucochimona icare matatha (Hewitson) d e FEB/FEA - 1 - 1 1 1 - R

Melanis xenia xenia (Hewitson) c e FEB/CR - 2 - 1 - 1 - R

Nymphidium azanoides Butler e FEA - - 1 - - - - R

Nymphidium lisimon attenuatum Stichel●* CR 1 - - - - - - R

Synargis galena (Bates) ●* CR 3 - 2 1 - - - R

Nymphalidae

Biblidinae

Biblis hyperia nectanabis (Fruhstorfer) b c d e CR/FEA - - 1 1 - 2 - R/A

Callicore sorana sorana (Godart) c e CR - - - - - 1 1 A

Eunica macris macris (Godart) e FEB/FEA/CR 3 12 6 1 - 3 12 R/A

Eunica tatila bellaria Fruhstofer b c e FEB/CR - - 1 - - 2 - A

Eunica eurota dolores (Prittwitz)●* FEA - - - 1 - - - RHamadryas amphinome amphinome (Linnaeus) b c d e

FEB 1 - - - - - 1 A

Hamadryas arete (Doubleday) c e FEB 6 - - - - - - AHamadryas arinome obnubila (Fruhstorfer)

●*FEB/FEA 6 10 - - - 12 4 A

Hamadryas epinome (C. Felder & R. Felder) e FEB/FEA 13 4 4 - - 1 - A

Hamadryas februa februa (Hübner) c e FEB/CR/FEA 1 7 17 9 4 5 11 A

Hamadryas feronia feronia (Linnaeus) b c e FEB/CR/FEA - - 8 3 11 4 8 A

Hamadryas iphthime iphthime (Bates) c e FEB/CR - 1 1 - 2 - - A

Marpesia chiron marius (Cramer) c d FEB - - - 1 - - - R

Mestra hersilia hypermnestra Hübner c d CR/FEA - 1 - 1 - - - R

Charaxinae

Fountainea glycerium cratais (Hewitson) c e FEB/CR/FEA 3 15 13 11 16 21 13 R/A

Fountainea halice moretta (Druce) c e FEB/CR - - - - - 2 - AHypna clytemnesta forbesi Godman & Salvin

c e

FEB/CR/FEA - 2 1 3 1 3 5 A

Siderone galanthis galanthis (Cramer) ● CR - 1 - - - - - A

Danainae

Danaus erippus (Cramer) c CR/FEA - - 3 - - - - R

Danaus gilippus gilippus (Cramer) c e CR - - 2 - - - - R

Lycorea halia discreta Haensch c d e FEB/FEA 1 - - 1 - - - R

Heliconiinae

Actinote genitrix genitrix D’Almeida●* CR - - - - - 4 - R

Agraulis vanilae maculosa (Stichel) b c d e CR - - 2 - - - - R

Eueides isabella dianasa (Stoll) a b c d e FEB - - - - 2 1 - RContinua...

Tabela 1. Continuação...

Page 43: EntomoBrasilis volume 7, número 1

38Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea)… Lima & Zacca

e-ISSN 1983-0572

Táxon TFAIndivíduos capturados por coleta

MCAbr Mai Jun Jul Ago Set Out

Heliconiinae

Euptoieta hegesia hegesia (Cramer) c d CR - - 2 - - - - R

Heliconius erato phyllis (Fabricius) b c d e FEB/CR/FEA 1 2 - 2 3 1 1 R

Heliconius ethilla narcaea (Godart) b c d e FEB/FEA 1 2 3 2 4 1 3 R

Ithomiinae

Dircenna dero rhoeo C. Felder & R. Felder a c e FEA - - - - - 2 2 R

Episcada hymenaea hymenaea (Prittwitz) c d e FEB/FEA 2 - 2 5 2 1 4 R

Hypothyris euclea laphria (Doubleday) c e FEB - - 3 1 1 - - R

Melinaea ethra (Godart) e FEB/FEA - - - 1 1 2 - R

Methona singularis (Staudinger) c FEB/FEA - - - 1 3 1 1 R

Pseudoscada erruca (Hewitson) FEA 2 - - 1 - 1 - R

Scada reckia reckia (Hübner) c d e FEB - - 1 1 - - - RThyridia psidii cetoides (Rosenberg & Talbot)

cFEB 1 - - - 1 - - R

Libytheinae Libytheana carinenta carinenta (Cramer) c d FEB/CR/FEA - 2 2 3 - - 1 R

LimenitidinaeAdelpha plesaure plesaure Hübner d e FEA - 1 - 1 - 1 - R

Adelpha serpa serpa (Boisduval) ●* FEA - - - 1 - - - R

MorphinaeOpsiphanes cassiae crameri C. Felder & R. Felder b c

CR - 1 - - - - - A

Nymphalinae

Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus) a b c d e CR - - - 2 - - - R

Colobura dirce dirce (Linnaeus) b c e FEB/FEA - 1 1 - - - 1 A

Eresia lansdorfi (Godart) e FEA - - - - - - 1 R

Historis odius odius (Fabricius) b c e CR - - - - - - 1 A

Junonia evarete evarete (Cramer) b c d e CR - 1 4 - 1 1 - RSiproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer) b

c d eFEB/FEA - - 1 2 2 1 - R

Tegosa claudina (Eschscholtz) d e CR - - - - - 1 - R

Satyrinae

Euptychoides castrensis (Schaus) d CR 1 - - - 1 7 16 R/A

Hermeuptychia hermes (Fabricius) b d e CR - - - - - 6 4 APareuptychia ocirrhoe interjecta (d’Almeida)

c d eFEB - 1 - - - - - A

Magneuptychia libye (Linaeus) b FEB/FEA - - 1 1 1 - - R

Taygetis laches (Fabricius) d e FEB/FEA - - - - 8 2 20 A

Taygetis tripunctata Weymer e FEB - 9 5 3 10 2 - A

Yphthimoides affinis (Butler) e FEA 1 - - - - - - R

Yphthimoides renata (Stoll) d e FEB/CR/FEA 6 10 6 7 14 11 11 R/A

TOTAL 74 110 141 89 110 114 118

Tabela 1. Continuação...

principalmente nas áreas de Campo Rupestre, proveniente da ocorrência de chuva poucos dias antes da coleta. O oposto pode-se afirmar com relação à baixa riqueza no mês de Outubro em que, devido às condições climáticas desfavoráveis, quase não se observou a presença de recursos florais. Este dado é contrário ao apontado por noBre et al. (2008) e zaCCa & Bravo (2012), que indicam uma maior diversidade de borboletas na Caatinga durante o período chuvoso (outubro a abril). Contudo, com os dados disponíveis até o momento, ainda não é possível afirmar qual ou quais fatores abióticos estariam influenciando nos padrões de riqueza e abundância das borboletas no Semiárido, sendo necessários mais estudos com este foco.

De acordo com duarte Jr. & SChLindwein (2005) e FreitaS & Marini-FiLho (2011), flutuações sazonais de disponibilidade de recursos podem acentuar a instabilidade de certas populações de lepidópteros na Caatinga. Entretanto, durante o período amostral, quatro espécies foram registradas em todos os meses de coleta: H. februa februa, Fountainea glycerium cratais (Hewitson), Heliconius ethilla narcaea (Godart) e Yphthimoides renata (Stoll). Por outro lado, 39 “singletons” (32% do total) foram registrados, dos quais 19 pertencem à Hesperiidae (Tabela 1). Valores percentuais semelhantes de “singletons” também

foram registrados por deSSuy & MoraiS (2007) e giovenardi et al. (2008). De acordo com novotny & BaSSet (2000), vários fatores podem ocasionar a ocorrência de “singletons” nas amostragens, dentre eles o tamanho e sazonalidade das espécies difíceis de serem coletadas (Brown Jr. & FreitaS 1999).

A composição de espécies de borboletas se mostrou diferenciada ao longo do transecto percorrido, com 51 espécies (42,1%) exclusivas de Campo Rupestre (com predominância de pierídeos e hesperídeos) e 43 (35,5%) exclusivas de Floresta Estacional (Tabela 1). No entanto, as seguintes espécies foram comuns a ambas fitofisionomias: H. februa februa, H. feronia feronia, F. glycerium cratais, Heliconius erato phyllis (Fabricius), Libytheana carinenta (Cramer), Yphthimoides renata (Stoll) e Urbanus dorantes dorantes (Stoll). Também é possível notar diferenças na riqueza de espécies nos dois fragmentos de Floresta Estacional formados pela presença de uma escarpa (Figura 2), sendo 13 espécies exclusivas de baixas altitudes e 17 espécies exclusivas de elevadas altitudes (Tabela 1). Estes valores indicam que a fitofisionomia e a altitude podem ser fatores determinantes na distribuição das populações de borboletas e na complexidade dos nichos ecológicos de cada espécie, contudo são necessários mais estudos para maiores conclusões.

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Janeiro - Abril 2014 - www.periodico.ebras.bio.br EntomoBrasilis 7 (1)

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Novos registros para o Semiárido e estado da Bahia. Até o presente momento, 391 espécies de borboletas eram conhecidas para a região do Semiárido brasileiro (noBre et al. 2008; zaCCa 2009; zaCCa et al. 2011; PaLuCh et al. 2011; noBre et al. 2012; zaCCa & Bravo et al. 2012). A partir dos dados obtidos no presente estudo, mais 16 espécies foram incrementadas para o Semiárido (Tabela 1), correspondentes às famílias Hesperiidae (7 spp.), Nymphalidae (4 spp.), Riodinidae (3 spp.) e Pieridae (1 spp.).

Dos novos registros de Hesperiidae, destaca-se Panoquina peraea (Hewitson) conhecida apenas para o estado do Rio de Janeiro (MieLke & CaSagrande 2002), que teve a sua distribuição geográfica ampliada mais ao norte, sendo registrada pela primeira vez tanto para o Semiárido quanto para a Bahia. Apesar de ser considerada endêmica do Cerrado por BäChtoLd (2010), Udranomia spitzi (Hayward) ocorre em áreas de campos das regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil (DZUP), com seu primeiro registro para o Semiárido e Bahia. Narcosius parisi parisi (Williams) era conhecida para as regiões norte (estado de Rondônia e Pará), nordeste (Paraíba e Alagoas), centro-oeste (Mato Grosso) e sul (estados do Paraná e Santa Catarina) do Brasil (DZUP), tendo seu registro ampliado para o Semiárido e Bahia. Apesar de possuírem uma ampla distribuição geográfica no Brasil (DZUP), Orses cynisca (Swainson), Astraptes fulgerator fulgerator (Walch), Autochton integrifascia (Mabille) e Chiomara georgina georgina (Reakirt) são registradas pela primeira vez para o Semiárido e Bahia.

Quatro espécies de Nymphalidae são novos registros para o Semiárido e Bahia, Eunica eurota dolores (Prittwitz), conhecida apenas nas regiões sudeste e sul do Brasil (DZUP), Adelpha serpa serpa (Boisduval) e Actinote genitrix genitrix d’Almeida, com ocorrência nas regiões centro-oeste (Minas Gerais), sudeste e sul do Brasil (DZUP, FranCini & Penz 2006) e Hamadryas arinome obnubila (Fruhstorfer), conhecida para os estados de Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina (DZUP).

As espécies Emesis fatimella fatimella Westwood, Synargis galena (Bates) e Nymphidium lisimon attenuatum Stichel são novos registros tanto para o Semiárido quanto para a Bahia. S. galena era conhecida apenas para a região amazônica (DZUP, Penz & devrieS 1999), enquanto que N. lisimon attenuatum apenas para os estados de Goiás, Espírito Santo e São Paulo (DZUP). O pierídeo Rhabdodryas trite trite (Linnaeus) é um novo registro para o Semiárido, porém apresenta uma ampla distribuição no Brasil (DZUP).

Dos inventários (May 1924; vaSConCeLoS et al. 2009; zaCCa & Bravo 2012) e listagens (zaCCa 2009; zaCCa et al. 2011) realizados na Bahia, o que registrou maior número de espécies e similaridade faunística com a Serra da Fumaça foi o de zaCCa & Bravo (2012), com 67 espécies em comum (Tabelas 1 e 2). Destaca-se que a própria Serra da Fumaça foi um dos pontos de amostragem no estudo de zaCCa & Bravo (2012), onde capturaram 82 espécies, das quais 47 foram igualmente registradas no presente trabalho. Subtraindo as espécies em comum, obtém-se um total de 157 espécies para a região, das quais três são novos registros para a Bahia: Saliana longirostris (Sepp), Chioides catillus (Cramer), Epargyreus socus (Hübner).

O baixo número de espécies de borboletas registradas para a Semiárido, bem como para o estado da Bahia, indicam a necessidade de mais estudos a longo prazo nestas áreas, para obtenção de resultados satisfatórios quanto a diversidade de borboletas e realização de maiores inferências biológicas, já que fatores como distribuição horizontal, vertical e temporal podem influenciar na detecção das espécies (devrieS et al. 1997; devrieS & waLLa 2001). Além de amostragens exaustivas, sugere-se a utilização de uma maior quantidade de armadilhas, dispostas em vários extratos da vegetação para uma melhor avaliação da diversidade local de borboletas, em futuros estudos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Dr. André Victor Lucci Freitas (UNICAMP) pelo fornecimento de bibliografia especializada; Dr. Robert K. Robbins (National Museum of Natural History, Smithsonian Institution, Washington, D. C., USA) e Dr. Curtis J. Callaghan (Bogotá, Colombia) pelo auxílio com a identificação dos Nymphalidae, Lycaenidae e Riodinidae, respectivamente, ao MSc. Diego R. Dolibaina (UFPR) pela identificação dos Hesperiidae. Ao Dr. Eduardo Carneiro (UFPR) e aos dois referis anônimos da Entomobrasilis pela revisão do manuscrito, bem como as valiosas sugestões e comentários. Á Rangel Batista de Carvalho pela disponibilização do mapa da trilha da Serra da Fumaça.

REFERêNCIAS

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Tabela 2. Riqueza de borboletas para o estado da Bahia.

Pesquisas realizadas no estado da Bahia Nº de espécies registradas Nº de espécies igualmente

registradas na Serra da Fumaça

May (1924) Não indica número exato 3

vaSConCeLoS et al. (2009) 70 32

zaCCa (2009) 107 55

zaCCa et al. (2011) 140 60

zaCCa & Bravo (2012) 169 67

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Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea)… Lima & Zacca

e-ISSN 1983-0572

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Recebido em: 10/05/2013Aceito em: 26/09/2013

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Como citar este artigo:

Lima, J.N.R. & T. Zacca, 2014. Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea) de uma Área de Semiárido na Região Nordeste do Brasil. EntomoBrasilis, 7 (1): 33-40. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.351

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Análise Econômica da Produção de Trichogramma pretiosum Riley em Diferentes Escalas

Alfredo de Gouvea, Valdemir José Gnoatto, Everton Ricardi Lozano Silva & Michele Potrich

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected], [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 41-47 (2014)

En

tom

olog

ia G

era

l Resumo. O presente trabalho teve como objetivo analisar a viabilidade econômica da produção de Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) nas escalas de produção de 4.500 (A), 9.000 (B) e 13.500 (C) cartelas com 100.000 ovos por ano. Foram utilizados como critérios o valor presente líquido (VPL) e taxa interna de retorno (TIR). Os dados de custo de produção de cada sistema tecnológico foram levantados junto ao comércio local de Dois Vizinhos-PR, à empresas especializadas e laboratórios de controle biológico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus de Dois Vizinhos e da Universidade Estadual Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido Rondon, entre julho e dezembro de 2011. Os fatores que mais influenciaram nos custos de produção foram os insumos e a mão-de-obra utilizada. A análise de viabilidade econômica apresentou os respectivos valores de VPL e TIR para as escalas A, B e C: R$ 279.662,13 e 50,04%; R$ 919.566,09 e 130,39%; e R$ 1.544.602,37 e 164,76%. As três escalas de produção são viáveis economicamente, sendo que a escala C apresentou o melhor desempenho econômico.

Palavras-Chave: Controle Biológico; Custos; Economia Agrícola; Produção Massal.

Economic Analysis of Trichogramma pretiosum Riley Production at Different Scales

Abstract. The present study aimed to assess the economic feasibility of Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) production on the scales production of 4,500, 9,000 and 13,500 cards with 100,000 eggs per year. The criteria of present liquid value (PLV) and internal rate return (IRR) were used. Data from costs production of each technology system were surveyed in the local markets in Dois Vizinhos, specialized companies and biological control laboratories from Universidade Tecnológica do Paraná – Campus Dois Vizinhos, and from Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Marechal Candido Rondon, between July and December 2011. The factors which most affected the production costs were the inputs and labor. The economic feasibility provided the following values for PLV and IRR for the scales A, B and C: R$ 279,662.13 and 50.04%; R$ 919,566.09 and 130.39%; R$ 1,544,602.37 and 164.76%. The three productions scales are economically feasible, and scale C had the best economic performance.

Keywords: Agricultural Economics; Biological Control; Costs; Mass Production.

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controle de doenças, pragas e plantas daninhas é um dos principais problemas da agricultura sustentável. Os agrotóxicos fazem parte do conjunto de tecnologias

associadas ao processo de modernização da agricultura que ocorreu a partir da década de 60, com o objetivo de aumentar a produtividade na agricultura e para atender aos desafios da demanda crescente de alimentos (CaMPanhoLa & BettioL 2003). No entanto, com o uso generalizado dos agrotóxicos nas mais diferentes condições ambientais, muitos problemas começaram a ser percebidos e diagnosticados, tais como a ocorrência de patógenos, pragas e plantas daninhas resistentes a esses produtos, seu efeito indesejável sobre organismos não alvo, levando ao desequilíbrio do agroecossistema, surgimento de doenças iatrogênicas e à possibilidade de alguns destes produtos químicos causarem câncer e mutações genéticas (Carneiro et al. 2012).

A crescente conscientização sobre o risco do uso de agrotóxicos tem levado a mobilização da sociedade resultando em avanços na legislação de seu registro, o estabelecimento de políticas públicas visando à redução de seu uso e a valorização de alimentos produzidos sem a aplicação dos mesmos, o que tem levado agricultores e pesquisadores a buscarem formas alternativas de controle (CaMPanhoLa & BettioL 2003).

O Controle Biológico é um dos métodos alternativos de controle que mais tem se desenvolvido nos últimos anos, sendo difundido em todo o mundo pela importante função nos programas de manejo de pragas e doenças. O Controle Biológico apresentou um grande avanço a partir da década de 1960, quando se iniciou a criação de insetos de forma intensiva. No Brasil, o Controle Biológico teve avanço nos anos 1970, com o início de cursos de especialização de entomologistas brasileiros no exterior. Assim, estes especialistas passaram a difundir os programas de controle biológico aplicados, com resultados comparáveis aos melhores do mundo em cultivos de cana-de-açúcar, soja, tomate e nos plantios florestais (PratiSSoLi et al. 2005).

Dentre os agentes biológicos que naturalmente controlam as populações de insetos pragas, destaca-se os parasitoides Trichogramma spp. (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Devido a sua associação com espécies de pragas e sua fácil criação massal em laboratório, esse gênero tornou-se o grupo de insetos entomófagos mais utilizados em programas de controle biológico no mundo inteiro. No Brasil, entre cinco e 10 bilhões de vespas de Trichogramma, são produzidos anualmente e liberados em 60.000 ha de milho e de 1.000 a 1.200 ha de tomate e brássicas, com uma perspectiva de aumento significativo pelo grande potencial em larga escala em culturas importantes como soja,

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.379

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Análise Econômica da Produção de Trichogramma … Gouvea et al.

e-ISSN 1983-0572

cana-de-açúcar, algodão, entre outras (Parra & zuCChi 2004).

No entanto, atualmente em vários países do mundo e principalmente no Brasil, a utilização dessas técnicas deixa muito a desejar e seu potencial ainda precisa ser muito explorado. São vários os fatores que limitam a utilização desse método de controle, como a falta de incentivo, ausência de técnicos qualificados na área e ainda a indisponibilidade dos agentes de controle aos produtores. Dentre as ações necessárias para o avanço do controle alternativo no Brasil, está a divulgação de seus benefícios aos diversos setores da agricultura, especialização e conscientização de lideranças, técnicos e agricultores, além da estrutura para a produção de produtos alternativos de controle, sobretudo de agentes de Controle Biológico (gouvêa et al. 2007; vaSConCeLoS 2012).

Um possível marco histórico pode ter sido implantado no Brasil com a divulgação de que a Bug Agentes Biológicos, uma empresa criada há 11 anos em Piracicaba, no interior paulista, especializada na produção massal de Trichogramma para uso no controle biológico de pragas, foi considerada uma das 50 companhias mais inovadoras do mundo e terceira colocada no “top 10” do setor de biotecnologia em 2012, segundo ranking elaborado pela revista norte-americana de tecnologia Fast Company (vaSConCeLoS 2012).

Uma importante contribuição aos empreendimentos de criação de Trichogramma foi dada com a publicação de tavareS (2010), onde são apresentados os custos envolvidos na produção do parasitoide. Os investimentos em novos empreendimentos para a exploração da produção massal de Trichogramma com fins comerciais, no entanto, é limitado pela falta de parâmetros econômicos. Assim, o objetivo o presente trabalho foi avaliar a viabilidade econômica da produção de 4.500, 9.000 e 13.500 cartelas com 100.000 ovos parasitados por ano por Trichogamma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) com a infraestrutura necessária de uma biofábrica, nas três escalas e verificar qual dos sistemas tecnológicos é mais viável economicamente.

MATERIAL E MéTODOS

Os dados para o estudo da viabilidade econômica da implantação de uma biofábrica para a produção de T. pretiosum com fins comerciais foram obtidos junto ao comércio local, empresas ligadas à atividade e nos laboratório de produção do parasitoide da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos, e da Universidade Estadual Oeste do Paraná, Campus Marechal Candido Rondon, no segundo semestre de 2011.

A unidade de produto são cartelas com aproximadamente 100.000 ovos parasitados com T. pretiosum e a unidade monetária, o real (R$). A análise econômica foi realizada considerando-se uma biofábrica para a produção nas escalas de 4.500 cartelas (A), 9.000 cartelas (B) e 13.500 cartelas (C), com 100.000 de ovos parasitados por ano.

Os fatores analisados para o projeto fundamentado, contemplando a produção de ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella (Zeller) parasitados com T. pretiosum, e as estruturas necessárias foram dimensionadas considerando-se em geral os seguintes aspectos: estrutura física, equipamentos, utensílios, instalações e mão-de-obra treinada.

A análise econômica foi realizada considerando um horizonte de projeto (período de tempo entre o início e o fim) de 20 anos. Nesta definição, foi levada em consideração a vida útil da estrutura e equipamentos, bem como informações técnicas fornecidas pelos fabricantes, vendedores e técnicos da área. As principais considerações para determinar o horizonte do projeto foram: vida útil dos equipamentos do laboratório, estruturas de produção e benfeitorias. É importante observar que algumas partes da estrutura e equipamentos têm vida útil superior ao horizonte do projeto, o que gera um valor residual no final do projeto entrando

no fluxo de caixa como receita no final do projeto.

A partir das informações coletadas, os dados foram tabulados visando obter o custo de produção de T. pretiosum. A partir destes custos foi elaborado o fluxo de caixa para calcular o Valor Presente Liquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto.

O Custo Variável foi calculado com base na equação 1:

CVT = I + Cr Equação 1

Onde: CVT é o custo variável total em real (R$), I é o custo com os insumos (R$), e Cr é o custo com conservação e reparos (R$).

São vários os insumos utilizados na produção do T. pretiosum, tais como: materiais de laboratório, materiais de consumo, dieta para o hospedeiro alternativo, embalagens, energia elétrica, telefone, mão-de-obra temporária e permanente, imposto, taxas e administração. O cálculo desses componentes foi determinado através da equação 2:

I = qi # pui

i= i

n

/ Equação 2

Onde: I é o custo com os insumos (R$); qi é a quantidade do i-ésimo item de insumo utilizado (unidade); pui é o preço do i-ésimo item insumo utilizado (R$), e n é o número de itens de insumo utilizado no sistema produtivo (unidade). O valor dos insumos foi considerado igual à média dos valores encontrados na região de estudo.

Para a conservação e reparos de equipamentos, levou-se em consideração uma taxa de 5% ao ano sobre o valor do equipamento novo. Para a conservação e reparos das benfeitorias, levou-se em consideração uma taxa de 2% ao ano sobre o valor desta nova. O cálculo foi realizado através da equação 3:

Cr = Vni # tii= 1

n

/ Equação 3

Onde: Cr é o custo para a conservação e reparos dos equipamentos/benfeitorias (real), Vni é o valor inicial do i-ésimo equipamento/benfeitoria (R$); ti é a taxa anual necessária para fazer a conservação e reparo do i-ésimo equipamento/benfeitoria, n é o número de equipamentos/benfeitorias utilizados no sistema produtivo (unidade).

A estimativa dos custos fixos foi realizada considerando os seguintes componentes: depreciação, juros sobre o capital fixo, custo alternativo da terra (juro sobre o valor da terra), seguro sobre o capital fixo, taxas e impostos fixos, mão-de-obra fixa e remuneração do produtor. O cálculo foi realizado através da equação 4:

CFT = Dp + Co + Cat + Sf + ITR +Mo Equação 4

Onde: CFT é o custo fixo total (R$), Dp é a depreciação (R$), Co é o juro sobre o capital fixo (R$), Cat é o custo alternativo da terra (R$), Sf é o seguro sobre o capital fixo (R$), ITR são as taxas e impostos fixos (R$), e Mo é o custo da mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (R$).

Para o cálculo da depreciação utilizou-se o método linear (Equação 5). Nos cálculos, foram considerados possuindo valor residual itens como barracão, equipamentos e outros itens que apresentem durabilidade superior ao horizonte dos projetos e que possam ser reutilizados ou vendidos. Para os itens que tem vida útil igual ou inferior ao horizonte do projeto o valor residual foi desconsiderado.

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Dp = Vui

Vni - Vri

i= 1

n

/ Equação 5

Onde: Dp é a depreciação (R$), Vni é o valor inicial do i-ésimo item equipamento/benfeitoria a ser depreciado (real); Vri é o valor residual do i-ésimo item a ser depreciado (R$); Vui é a vida útil do i-ésimo item a ser depreciado (R$), e n é o número de itens a ser depreciado (unidade).

A estimativa do juro sobre o capital fixo foi realizada baseando-se na taxa de remuneração da caderneta de poupança (6% ao ano ou 0,5% ao mês), com uso da Equação 6. Considerou-se que esta seria a taxa de retorno que o capital empregado na produção de T. pretiosum obteria em um investimento alternativo.

Co = Cfi # ti= 1

n

/ Equação 6

Onde: Co é o custo de oportunidade do capital fixo (R$); Cfi é o capital fixo do i-ésimo item que participa do sistema de produção (R$), t é a taxa de remuneração do capital, n é o número de itens que participam com capital fixo na produção de T. pretiosum.

Levando-se em consideração a remuneração do fator terra, o custo de oportunidade do capital investido na terra foi estimado de acordo com o quanto esse capital renderia se fosse aplicado no mercado financeiro, sobre taxa de juros com ganhos reais de capital. O cálculo foi realizado através da equação 7:

Cat = Vat # S # i Equação 7

Onde: Cat é o custo alternativo da terra (R$), Vat é o valor atual do hectare de terra na região (R$/ha), S é a superfície ocupada com a atividade (ha), e i é o taxa de juros de mercado pago ao ano (considerado igual a 6%).

Foi utilizada a taxa anual de seguro de 0,75% para equipamentos e 0,35% para benfeitorias. O seguro sobre o capital fixo foi utilizado considerando-se a necessidade de formar um fundo que permita pagar danos imprevistos, parciais ou totais, como incêndio, roubo, tempestades, chuva de granizo, entre outros. A equação 8 foi utilizada no cálculo:

Sf = 2Vni + VriQ V# ti

i= 1

n

/ Equação 8

Onde: Sf é o seguro sobre o capital fixo (R$), Vni é o valor inicial do i-ésimo item equipamento/benfeitoria a ser assegurado (R$); Vri é o valor residual do i-ésimo item equipamento/benfeitoria a ser assegurado (R$), ti é a taxa anual de seguro aplicado sobre o i-ésimo item equipamento/benfeitoria, e n é o número de itens a ser assegurado (unidade).

Foram consideradas as taxas de licença Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e Imposto Territorial Rural (ITR), definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), como sendo de 0,2% e para o cálculo das taxas e impostos fixos, utilizando-se a Equação 9.

ITR = Vat # S # i Equação 9

Onde: ITR é o valor das taxas e impostos fixos (real), Vat é o valor atual do hectare de terra na região considerado (R$/ha), S é a superfície ocupada com a atividade em (ha), e i é o taxa de imposto pago ao ano (considerado igual a 0,2% ao ano).

Na análise, foi considerada mão-de-obra fixa as despesas efetuadas para pagamentos dos trabalhadores permanentes, incluindo encargos sociais. No caso de mão-de-obra familiar, foi considerada uma remuneração equivalente ao salário que esta receberia em um emprego alternativo. A remuneração atribuída ao produtor levou em consideração apenas o tempo em que este dedica à atividade. A equação 10 foi utilizada nos cálculos:

Mo = Vmoi

i= 1

n

/ Equação 10

Onde: Mo é a despesa total com mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (R$), Vmoi é o valor da i-ésima despesa efetuada no pagamento de salários e encargos sociais para a mão-de-obra fixa e remuneração do empreendedor (R$), n é o número de itens de mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (unidade).

O custo total (CT) resulta do somatório dos custos fixo total (CFT) e variável total (CVT) e foi calculado pela equação 11:

CT = CFT+ CVT Equação 11O custo total médio é definido como o custo por unidade de produto, e foram obtidos através das equações 12, 13 e 14:

CTMe = QpCT Equação 12

CFMe = QpCFT Equação 13

CVMe = QpCVT Equação 14

Onde: CTMe é o custo total médio (R$/unidade), CFMe é o custo fixo médio (R$/unidade), CVMe é o custo variável médio (real/unidade), Qp é a quantidade de cartelas de Trichogramma produzidas (unidade).

O Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) foram os critérios utilizados para avaliar viabilidade econômica da biofábrica com produção de ovos parasitados com T. pretiosum. Para a realização da análise seguiu-se a recomendação de noronha (1987). As equações 15 e 16 foram utilizadas para o cálculo do VPL e TIR, respectivamente.

VLP =1 - tQ Vi

Li

i= 0

n

/ Equação 15

TIR =1 - t *Q Vi

Li = 0i= 0

n

/ Equação 16

Onde: VPL é o valor presente líquido (R$), TIR = t* é a taxa de juros que torna nulo o valor presente líquido do projeto, Li é o saldo (benefício menos o custo) do i-ésimo ano de um projeto de horizonte n, t é a taxa de juros, n é o horizonte do projeto (anos), e i é o i-esimo ano de um projeto de horizonte n (anos).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Os insumos necessários para o processo de produção de T. pretiosum em biofábricas nas escalas de produção de 4.500 cartelas, 9.000 cartelas e 13.500 cartelas com ovos parasitados com o parasitoide, obtidos no levantamento de campo e considerados na análise econômica estão apresentados na Tabela 1.

Os resultados dos parâmetros dos custos para as três escalas de produção estudadas estão apresentados na Tabela 2, que relaciona o Custo Variável Total (CVT), Custo Fixo Total (CFT), Custo Total (CT), Custo Variável Médio (CVMe), Margem Líquida/bandejas (ML), Margem Liquida em percentagem (ML%).

De acordo com os dados apresentados na Tabela 2, o CVT oscilou nas escalas A, B e C, sendo de R$ 16.032,199, R$ 29.110,06 e R$ 41.591,90, respectivamente. O aumento do CVT com o aumento da escala de produção está relacionado, sobretudo, ao aumento da demanda de insumos nas maiores escalas de produção.

O CFT teve a menor variação em função das necessidades próximas na implantação das instalações e equipamentos para manter a biofábrica em funcionamento nas diversas escalas de

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Análise Econômica da Produção de Trichogramma … Gouvea et al.

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produção. O CT foi maior na escala C, obviamente em função do maior impacto dos custos variáveis, com insumos nesta maior escala produção, e ainda, pela utilização da maioria da infraestrutura e demais componentes dos custos fixos. A RT foi proporcional ao aumento da produção, porém, a diferença foi significativa quando se comparam os custos de produção, custos estes fixos e variáveis. Quanto maior a escala, maior foi a renda, e consequentemente maior foi o lucro, ou seja, lucro foi maior em função da Economia de Escala.

O detalhamento dos Custos Variáveis e Fixos também pode ser encontrado na Tabela 2. Os valores anuais dos gastos para a produção de T. pretiosum nas escalas A, B e C, compreendem as entradas através de receitas e saídas de valores monetários compreendendo os custos operacionais, necessários para o desenvolvimento dos projetos, formando o fluxo de caixa anual, conforme pode ser visto na Tabela 3. As despesas e receitas, sem levar em consideração o desembolso com materiais de reposição, que fazem necessárias ao longo do horizonte dos projetos estão apresentados na Tabela 3.

Conforme os dados obtidos com os fluxos de caixa da produção de T. pretiosum nas diferentes escalas, apresentados na Tabela 4, observa-se que no início da atividade (ano zero), o saldo é negativo para as três escalas, sendo este o valor necessário para o

início, ou seja, investimento ou capital necessário para o início da atividade, invertendo a partir do primeiro ano, não apresentando problema para análise do VPL, que é líquido, porque leva em conta o saldo do fluxo que já é a diferença entre as receitas e despesas e, também já é o balanço entre as receitas futuras e o investimento.

De acordo com os resultados obtidos para a produção na escala A, 4.500 cartelas de ovos parasitados por ano (Tabela 4), é necessário R$ 59.768,17 de capital inicial, enquanto que na escala B, 9.000 cartelas de ovos parasitados por ano, precisa-se de R$ 67.318,87 e para a produção de 13.500 cartelas de ovos parasitados por ano, escala C, é necessário um investimento de R$ 87.369,57. Tal diferença de valores investidos está relacionada à necessidade de adequação da estrutura às três escalas. Observa-se, contudo, uma otimização da estrutura na maior escala de produção.

No final do horizonte de cada projeto, o fluxo de caixa líquido aumentou com a receita obtida do valor residual das estruturas e equipamentos utilizados em cada sistema, retornou como receita R$ 37.687,97 (escala A), R$ 39.793,21 (escala B) e R$ 47.046,68 (escala C), sendo que as diferenças entre elas, as receitas obtidas com o valor residual está relacionado com o valor e a vida útil das estruturas e equipamentos utilizado em cada escala.

Tabela 1. Insumos utilizados na produção de Trichogramma pretiosum em três escalas de produção: 4.500 (A), 9.000 (B) e 13.500 (C) cartelas com 100.000 de ovos parasitados por ano.

Insumos GeraisEscala

Insumos GeraisEscala

A B C A B C

Balde plástico de 50 litros X X X Goma arábica albion X X X

Peneira de 0,5mm X X X Mel X X X

Peneira de 1,0mm X X X Papel alumínio (rolo) X X X

Peneira de 2,0mm X X X Fita adesiva X X X

Becker de plástico de 1litro X X X Pincel X X X

Organza (tecido) X X X Funil de plástico pequeno X X X

Óculos para proteção X X X Filme PVC (Rolopak-1,6m) X X X

Tela nylon largura 1 metro X X X Abafador de ruído X X X

Prato grande de plástico X X X Lápis X X X

Bandeja de alumínio X X X Tesoura X X X

Pinça X X X Milho triturado X X X

Saco lixo 50 litros (10 unidades) X X X Trigo triturado X X X

Máscaras descartáveis X X X Levedo de cerveja X X X

Algodão X X X Energia elétrica X X X

Copos plásticos 50 ml (100 unidades) X X X Telefone X X X

Cartolina branca X X X

Tabela 2. Custos de produção de Trichogramma pretiosum em três escalas de produção: 4.500 (A), 9.000 (B) e 13.500 (C) cartelas com 100.000 de ovos parasitados por ano (valores em Reais).

Custos Escala A Escala B Escala C

Custo variável total (CVT) 16.320,19 29.110,06 41.591,90

Custo fixo total (CFT) 24.491,45 26.178,96 28.655,84

Custo total (CT) 40.811,64 55.289,02 70.247,74

Receita total (RT) 67.500,00 135.000,00 202.500,00

Custo variável médio (CVMe) 3,63 3,23 3,08

Custo fixo médio (CFMe) 5,44 2,91 2,12

Custo total médio (CTMe) 9,07 6,14 5,20

Receita liquida (RL)/cartela 5,93 8,86 9,80

ML (%) 39,54 59,05 65,31

Saldo líquido anual do projeto 26.688,36 79.710,98 132.252,26

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Para calcular o VPL das três escalas de produção de T. pretiosum foi considerada a taxa de desconto de 6% ao ano e a TIR. Os valores estão expressos na Tabela 5. Os valores do VPL e TIR compreendem os valores obtidos ao longo do horizonte, 20 anos, nas escalas de produção de T. pretiosum.

O VPL expressa o lucro do projeto já descontado o custo ponderado do capital (CMPC). Se o VPL resultante for positivo, o projeto é viável à taxa de desconto considerada, e se o VPL for negativo, o projeto é inviável. Um VPL igual a zero indica que o projeto proporciona lucro igual ao que seria obtido em um investimento alternativo considerando a mesma taxa de desconto. Já a TIR é o valor de taxa de juros que torna o VPL igual a zero. A TIR expressa a lucratividade percentual do projeto sobre o capital empatado durante sua vida útil. É importante observar, que dependendo da característica do fluxo líquido de caixa, a TIR pode ser indeterminada. Se TIR > CMPC%, o projeto é viável; se TIR < CMPC%, o projeto é inviável; se TIR = CMPC%, o projeto é indiferente (noronha 1987).

A escala A apresenta VPL positivo de R$ 279.662,13, demonstrando menor rentabilidade em relação às escalas B e C. A escala B apresenta VPL positivo de R$ 919.566,09, enquanto a escala C apresenta VPL positivo de R$ 1.544.602,37, demonstrando maior rentabilidade entre as três escalas. Podem considerar que as três escalas são viáveis economicamente.

Os valores líquidos obtidos nas escalas A, B e C (Tabela 5), a uma taxa de desconto de 6% ao ano durante o horizonte de 20 anos indicam que a escala C é melhor opção para se investir o capital na produção, onde será mais bem remunerado que aplicado em poupança a uma taxa líquida de 6% ao ano. Contudo, as escalas A e B também apresentam remuneração superior à poupança.

Se a TIR obtida tivesse sido igual a zero, considerando a taxa de atratividade, poder-se-ia investir tanto na atividade quanto aplicar em poupança. Quando o VPL obtido for maior que zero, o projeto que apresenta maior valor é a opção mais rentável, considerando-se a taxa de atratividade estabelecida.

Os valores da TIR (Tabela 4) obtida para os três sistemas de produção demonstram o rendimento do conjunto dos projetos com base nos fluxos de entrada e saídas de caixa e indica ampla diferença entre as escalas, onde a escala A obteve 50,04%, B, 130,39% e C, 164,76%, sobretudo entre as escalas A e B. Porém a escala C apresenta uma taxa de atratividade bem significativa em relação às escalas B e A. A taxa TIR obtida não deve ser interpretada como uma taxa de retorno sobre o investimento

inicial, mas sim sobre o saldo de capital aplicado no projeto. Considerando a taxa de atratividade estabelecida em 6% ao ano no cálculo do VPL, a TIR obtida é a taxa que torna o valor presente líquido zero. Assim, as três escalas mostram-se viáveis economicamente para o VPL e TIR.

O resultado da análise econômica realizada no presente trabalho indica a segurança no investimento na produção de parasitoides e o alto potencial de rentabilidade da atividade. Outros trabalhos poderiam contribuir para a maior segurança para novos empreendimentos na área de produção de agentes de controle biológico, como a realização de estudos da viabilidade econômica de biofábricas em diferentes escalas, maiores e menores das estudadas no presente trabalho. Além disso, a realização de estudos com outros agentes de controle biológico, tais como parasitoides, predadores e entomopatógenos, tendo em vista a produção de agentes em biofábricas de forma complementar no tempo e no espaço.

Além de análises econômicas, de acordo com Parra (2012), para vencer os desafios para a produção e comercialização de agentes de controle biológico de pragas no Brasil, falta difundir a cultura do Controle Biológico; a realização de estudos básicos da praga e inimigos naturais, incluindo análises de impacto ambiental; o aumento do número de laboratórios que trabalham com técnicas de criação de insetos para evitar que surjam empresas de baixa qualidade; melhorar a relação empresa x universidade, de modo que empreendimentos possam ter origem no meio científico-acadêmico; análise do mercado e definição de prioridades; comercialização de produtos que já tenham sido pesquisados todos seus parâmetros bionômicos e eficiência de controle, ou seja, com garantia de resultados; estabelecimento de um controle de qualidade dos produtos oferecidos, realizados por universidades ou institutos de pesquisas, conferindo assim credibilidade ao produto; treinamento do usuário, incluindo a criação de campos de demonstração; ajuste da escala de produção e logística de distribuição e transporte.

As três escalas de produção são viáveis economicamente, sendo que a escala C com produção de 13.500 cartelas com 100.000 ovos parasitados com T. pretiosum apresentou o melhor desempenho econômico.

Tabela 3. Composição do Fluxo de Caixa para produção de Trichogramma pretiosum em três escalas: 4.500 (A), 9.000 (B) e 13.500 (C) cartelas com 100.000 ovos parasitados por ano (valores em Reais).

Descrição Escala A Escala B Escala C

Entradas

Receita da produção 67.500,00 135.000,00 202.500,00

Saídas (custos operacionais)

Insumos 12.975,09 20.589,39 28.934,27

Serviços de reparo e conservação equipamentos 670,73 972,75 1.274,78

Mão-de-obra temporária 1.750,00 3.250,00 5.000,00

Conservação e reparos de benfeitorias 500,00 500,00 750,00

Juros sobre capital fixo 1.538,78 1.772,38 2.493,29

Assistência técnica 282,92 441,24 619,18

Despesas gerais 141,46 251,67 356,17

Impostos e taxas fixas 536,00 536,00 536,00

Mão-de-obra fixa familiar 18.000,00 18.000,00 18.000,00

Seguro sobre capital fixo 127,35 156,54 214,14

Fluxo Liquida (entradas – saídas) 30.977,67 88.530,03 144.322,17

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Receitas

Valor residual

Investimentos

Custo operacional

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Valor residual

Investimentos

Custo operacional

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Fluxo líquido

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Investimentos

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Tabela 5. Valor Presente Líquido (VPL), em (R$), e Taxa Interna de Retorno (TIR) para a produção de Trichogramma pretiosum em três escalas: 4.500 (A), 9.000 (B) e 13.500 (C) cartelas com 100.000 ovos parasitados por ano (valores em Reais).

Critérios Escala A(4.500 cartelas)

Escala B(9.000 cartelas)

Escala C(13.500 cartelas)

Valor Presente Líquido (VPL) R$ 279.662,13 R$ 919.566,09 R$ 1.544.602,37

Taxa Interna de Retorno (TIR) 50,04% 130,39% 164,76%

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Recebido em: 27/07/2013Aceito em: 23/10/2013

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Como citar este artigo:

Alfredo de Gouvea, V.J. Gnoatto, E.R.L. Silva & M. Potrich, 2014. Análise Econômica da Produção de Trichogramma pretiosum Riley em Diferentes Escalas. EntomoBrasilis, 7 (1): 41-47. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.379

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e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Aumento da Sobrevivência de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus), em Condições de Laboratório, pela Ingestão de Néctar Extrafloral de Euphorbia milii Des

Moul. (Euphorbiaceae) Nathalia Cavichiolli de Oliveira & Antonio Pancracio de Souza

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected]._____________________________________

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Resumo. O objetivo deste estudo foi determinar em laboratório se Aedes (Stegomyia) aegypti (L.), importante vetor da dengue e febre amarela, alimenta-se do néctar de Euphorbia milii Des Moul (Euphorbiaceae) , planta comumente utilizada nos domicílios como cerca viva, e avaliar o efeito desta alimentação em sua sobrevivência. O tempo de vida de ambos os sexos foi acompanhado diariamente e um teste de detecção de frutose foi utilizado para a comprovação da ingestão de açúcar pelos mosquitos. O acesso diário ao néctar conferiu um aumento significativo no tempo de vida de machos e fêmeas (12,8 e 18,4 dias, respectivamente), em relação aos mosquitos mantidos somente com água (6,4 e 7,4 dias, respectivamente). Plantas em ambientes domésticos, produtoras de néctar e adequadas à alimentação do mesmo pelos mosquitos, assim como E. milii, possuem o potencial de desempenhar um significativo papel no orçamento energético de mosquitos. Um aumento na sobrevivência de fêmeas pode significar um aumento na probabilidade de infecção e transmissão de agentes patogênicos e nos machos um aumento na probabilidade de inseminação das fêmeas. Ainda que frequentemente desconsiderada em pesquisas ou táticas de controle, a propensão do mosquito Ae. aegypti em ingerir açúcares pode ser uma variável que confira vantagens a este vetor.

Palavras-chave: Mosquito; Ecologia de vetores; Néctar.

Increases Survival of Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus) Under Laboratory Condition by the Ingestion Extrafloral Nectar of Euphorbia milii Des Moul. (Euphorbiaceae)

Abstract. The objective this study was to determine if in laboratory, Aedes (Stegomyia) aegypti (L.), an important vector of dengue and yellow fever, feeds on the nectar of Euphorbia milii Des Moul (Euphorbiaceae) , plant commonly used in homes as a hedge, and evaluate the effect of feeding on survival. The lifetime of both sexes was checked daily and a test for fructose was used for verification of sugar intake by mosquitoes. The daily access to the nectar gave a significant increase in the lifetime of males and females (12.8 and 18.4 days, respectively) in relation to mosquitoes maintained only with water (6.4 and 7.4 days, respectively). Plants in domestic environments, producing nectar and suitable for feeding by mosquitoes of the same, as well as E. milii, have the potential to play a significant role in the energy budget of mosquitoes. An increase in the survival of females can mean an increased likelihood of infection and disease transmission in males and an increased likelihood of insemination of females. Although often overlooked in research and control tactics, the propensity of the mosquito Ae. aegypti ingesting sugars can be a variable that confers advantages to this vector.

Keywords: Mosquito; Nectar; Vector ecology.

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achos e fêmeas de mosquitos podem suprir suas necessidades energéticas e assim aumentar seu tempo de vida alimentando-se de líquidos açucarados

excretados por insetos esternorrincos, néctar floral e extrafloral (FoSter 1995; gary & FoSter 2004; MüLLer et al. 2011). Essa alimentação pode ser modulada pela disponibilidade de fontes de açúcar adequadas ao consumo dos mosquitos (Martinez-iBarra et al. 1997; SPenCer et al. 2005; MüLLer et al. 2011). A identificação destas fontes além de ampliar o conhecimento da biologia destes insetos, mais especificamente de seus hábitos alimentares, pode colaborar em projetos de paisagismo urbano, evitando o uso de plantas que possam beneficiar a sobrevivência de mosquitos, principalmente de espécies vetores de doenças. Além de contribuir em intervenções de controle, utilizando estas fontes como base para a elaboração de atrativos sintéticos tóxicos a mosquitos (SChLein & MüLLer 2008), ou como iscas, pulverizadas com inseticidas orais (MüLLer & SChLein 2006; MuLLer & SChLein 2008).

Certos tipos florais podem proporcionar vantagens para alimentação de mosquitos, devido a sua arquitetura. Flores com

nectários, pequenas, aglomeradas e de estrutura aberta criam uma área de pouso que facilita a visibilidade e a alimentação, sendo, portanto mais susceptíveis a serem utilizadas pelos mosquitos como fontes de açúcar (FoSter 1995). Euphorbia milii Des Moul. (Euphorbiaceae), popularmente conhecida como coroa de cristo, espinheiro ou bem-casados se adéqua aos padrões descritos. Sua Inflorescência é do tipo ciátio, de estrutura semelhante à de uma só flor com quatro nectários evidentes. Esta espécie pode ser frequentemente encontrada no peridomicilio, sendo utilizada como cerca viva (Souza & Lorenzi 2008).

Identificações diretas de espécies vegetais fontes de açúcar e seus efeitos sobre espécies de mosquitos vetores, já foram descritos anteriormente em outras localidades principalmente para Anopheles gambiae Giles (iMPoinviL et al. 2004; Manda et al. 2007; gouagna et al. 2010). Para Aedes (Stegomyia) aegypti (L.), vetor da dengue e febre amarela, Martinez-iBarra et al. (1997) e SPenCer et al. (2005) realizaram estudos indiretos por meio de mosquitos

Agências de Financiamento: FUNDECT e CNPq

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.305

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Euphorbia milii Des Moul. (Euphorbiaceae) pode Beneficiar a … Oliveira & Souza

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coletados em campo para posterior verificação de frutose. Em seus estudos sugeriram possíveis espécies fontes, sendo o gênero Euphorbia citado entre as plantas floridas identificadas na área avaliada. O presente estudo buscou, portanto, verificar em laboratório se Ae. aegypti utiliza-se do néctar de E. milii como alimento e avaliar o efeito desta alimentação na sobrevivência deste importante vetor.

MATERIAL E MéTODOS

Criação dos mosquitos. Os ovos de Ae. aegypti, foram obtidos em uma criação mantida no Laboratório de Bioquímica na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul desde 2009, sendo renovada periodicamente por ovos coletados em campo. Os adultos da colônia são mantidos em uma dieta de sacarose a 10%, água e periódicas refeições de sangue por meio de hamsters (Mesocricetus auratus) (Protocolo n°236/2009 , aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais/CEUA/UFMS). Para o experimento foram criadas 200 larvas no mesmo estágio, por bandeja de plástico (40 x 27 x 8 cm), contendo aproximadamente 1 L de água. Para a alimentação foi fornecida ração para peixes ornamentais (Alcon®) trituradas até atingirem o estágio de pupa. Logo após puparem, foram transferidas para cada gaiola de acrílico (30 x 30 x 30 cm), 15 pupas macho e 15 pupas fêmeas, seguindo o método de sexagem descrito por ConSoLi & Lourenço-de-oLiveira (1994). A sala de criação foi mantida com temperatura e umidade ambiente (28,5 ± 1,7°C e 66,6 ± 13,1%) e fotoperíodo de 12 horas (Claro: Escuro)

Tratamento e controle. Para o fornecimento de néctar foram coletados diariamente ramos de inflorescências nos horários de maior incidência solar, período de maior produção de néctar em E. milii, sendo posteriormente ensacados para que houvesse acumulo de néctar. A seguir, os ramos foram colocados dentro de copos plásticos com água, para maior durabilidade destes. A quantidade de inflorescências em cada gaiola foi estimada com base no número de indivíduos presentes na gaiola, de modo a suprir todos os mosquitos. Além das inflorescências no grupo tratamento, fora fornecido um recipiente contendo água. Este fornecimento reduziu a probabilidade dos mosquitos ingerirem o néctar para a obtenção de água. Já no grupo controle, foi oferecido somente um recipiente com água.

Teste de Antrona. Para a comprovação da capacidade dos mosquitos em se alimentar do néctar em E. milii, foram preparadas paralelamente duas gaiolas com 40 mosquitos (20 machos e 20 fêmeas) cada. No terceiro dia após o aparecimento dos adultos, em uma das gaiolas foi oferecido água e na outra, néctar durante quatro horas. Após este período, 10 fêmeas e 10 machos de cada gaiola foram coletados e congelados para posterior teste de antrona (van handeL 1972). Este teste detecta frutose, que é encontrada em plantas e produtos vegetais. O reagente foi preparado despejando 190 mL de ácido sulfúrico concentrado (98%) em 75 mL de água destilada (solução diluída de ácido sulfúrico) e misturada com 75 mg de antrona com 50 mL de ácido sulfúrico diluído (reagente de frutose). Os mosquitos foram esmagados individualmente em tubos de ensaio contendo 1 mL de reagente de antrona e incubadas em temperatura ambiente durante 60 minutos. A mudança da cor amarelada para azul escuro durante a incubação foi o indício da presença de açúcares vegetais não digeridos.

Análises estatísticas. A sobrevivência foi registrada pela contagem diária de Ae. aegypti vivos e mortos, sendo os últimos removidos. Os dados foram analisados separadamente por sexo e de acordo com a dieta oferecida. Os experimentos foram replicados seis vezes e limitados ao período de 30 dias, porque mais de 90% dos mosquitos analisados haviam morrido até o termino deste período. Os resultados de todas as réplicas do tratamento e controle foram agrupados e analisados como dois conjuntos de dados. As análises de sobrevivência foram feitas através do teste Kaplan-Meier para obtenção de curvas de

sobrevivência e estas comparadas através do teste Log-Rank. Os mosquitos que acidentalmente escaparam das gaiolas, morreram afogados ou esmagados, foram descartados. As análises foram realizadas pelo software PAST versão 2.10® (haMMer et al.2001) e pelo Microsoft Excel®.

Resultados

O resultado do teste para frutose foi considerado positivo tanto para machos como para as fêmeas. As soluções que continham mosquitos mantidos com acesso ao néctar tornaram-se azuladas em menos de 60 minutos, diferindo do controle que permaneceu com coloração inalterada.

Fêmeas alimentadas com néctar obtiveram maior sobrevivência comparando-se as fêmeas com acesso somente à água (p<0,001) (Tabela 1). O fornecimento de néctar também propiciou um aumento no tempo de vida dos machos (p<0,001), porém estes valores foram significativamente menores do que o tempo de vida das fêmeas nas duas dietas oferecidas. As curvas de sobrevivência de machos e fêmeas mantidos somente com água ou com água e néctar mostraram um comportamento similar (Figura 1).

Tabela 1 Tempo médio (dias) de sobrevivência dos adultos de Aedes aegypti, conforme a dieta e o sexo, em laboratório.

DietaFêmeas Machos

Média Mediana ±DP Média Mediana ±DP

Néctar 18,4 19 ±7,7 12,8 10 ±5,8

Água 7,4 8 ±1,3 6,4 6 ±0,6

*±DP= Desvio Padrão

Figura 1. Curvas de sobrevivência de machos e fêmeas com acesso somente à água (controle) e néctar mais água (tratamento), em laboratório.

DISCUSSãO

Machos e fêmeas de Ae. aegypti alimentaram-se do néctar secretado por E. milii e em ambos houve aumento na longevidade. Apesar de esta verificação ter sido feita em laboratório, é evidente o potencial que esta planta tem em conferir vantagens a este mosquito. O Ae. aegypti assim como E. milii, estão altamente associados aos seres humanos, vivendo nas proximidades de suas habitações. É possível que estes mosquitos obtenham açúcar a partir desta espécie vegetal e assim aumentem o seu tempo de vida. Nos machos, este aumento poderia significar maior probabilidade de inseminação das fêmeas e consequentemente maior número de descendentes (FoSter & eiSChen 1987; StraiF & Beier 1996). Para as fêmeas, haveria um aumento no tempo de vida enquanto estas aguardam oportunidade de contato com humanos para refeições de sangue. O que elevaria assim o risco de infecção e transmissão de agentes patogênicos (Jahangir et al. 2008).

A eficácia do néctar de E. milii em manter a colônia de Ae. aegypti, a fácil visibilidade da presença ou ausência desta secreção e a associação desta espécie vegetal às cidades, ensejam a que se

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utilize esta planta em outros experimentos. Principalmente naqueles que tem por objetivo analisar os efeitos da alimentação de açúcar de origem natural sobre a biologia desse mosquito. No mesmo sentido está a grande maioria dos estudos que avaliaram os efeitos dessa alimentação sobre o Ae. aegypti, os quais foram levados a efeito com soluções açucaradas preparadas em laboratório (BriegeL et al. 2001; harrington et al. 2001; StriCkMan 2006).

Na ausência de fontes disponíveis e adequadas ao consumo de líquidos açucarados, as fêmeas podem obter energia para suas necessidades vitais aumentando a frequência de seus repastos sanguíneos e consequentemente o contato com humanos (FoSter & eiSChen 1987). Já os machos, que desempenham um papel essencial na manutenção da espécie, não possuem alternativa de alimento e tornam-se, portanto mais vulneráveis à disponibilidade de açúcar. Conforme demonstrado no presente trabalho, a ausência de açúcar pode acarretar desvantagens, sendo maior a mortalidade nos machos sem acesso ao néctar. gary et al .(2009) sugeriu para An. gambiae, espécie com semelhanças ecológicas a Ae. aegypti, que o desempenho masculino está intimamente ligado às comunidades de plantas, pois em experimentos feitos em condições semi-naturais, sem açúcar, a capacidade de inseminação do sexo masculino era praticamente inexistente e Stone et al. (2009) semelhantemente demonstrou que na ausência de açúcar houve uma redução na sobrevivência e na capacidade de acasalamento, a ponto de levar o declínio da população.

Tendo em vista o comportamento alimentar de néctar e as vantagens por ele conferidas a machos e fêmeas de Ae. aegypti, era de se esperar um maior número de estudos que investiguem fontes de açúcares e suas relações com este importante vetor. Estratégias de controle poderão se beneficiar com o conhecimento dos diversos aspectos de sua biologia. O comportamento do Ae. aegypti em obter energia a partir de açúcares, pode ser uma variável, a qual mesmo não tendo sido muito considerada em pesquisas ou táticas de controle, pode estar influenciando na sua sobrevivência. Há uma infinidade de espécies vegetais e outras fontes de açúcares fornecidas até mesmo inconscientemente pelo próprio homem que necessitam ser investigadas como possíveis fontes alimentares de Ae. aegypti.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Deus primeiramente, a FUNDECT/MS (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo financiamento da pesquisa.

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e-ISSN 1983-0572

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Recebido em: 16/01/2013Aceito em: 21/01/2014

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Como citar este artigo:

Oliveira, N.C. & A.P. Souza, 2014. Aumento da Sobrevivência de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus), em Condições de Laboratório, pela Ingestão de Néctar Extrafloral de Euphorbia milii Des Moul. EntomoBrasilis, 7 (1): 48-51. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.305

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Ovitrampas para Avaliação da Presença de Aedes aegypti (Linnaeus) e Aedes albopictus (Skuse) no Município de Vassouras, Estado do Rio de Janeiro

Alexandre de Araujo Oliveira & Marise Maleck

Universidade Severino Sombra, e-mail: [email protected], [email protected] (Autor para correspondência) _____________________________________

EntomoBrasilis 7 (1): 52-57 (2014)

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Resumo. Aedes aegypti (Linnaeus) e Aedes albopictus (Skuse) são vetores de diversas arboviroses entre elas a febre amarela urbana e a dengue, sendo a última um dos maiores problemas no mundo em cidades que possuem clima quente e úmido. Diante dos consecutivos casos de dengue em Vassouras-RJ foi importante averiguar a presença e comportamento do vetor nas diversas épocas do ano e sua predominância no município. Neste estudo observou-se a presença de Ae. aegypti em 10,44% e Ae. albopictus em 89,56% dos 364 ovos que se tornaram viáveis, e sendo o bairro Matadouro, ponto 4, local com maior presença destes culicídeos. Estes dados mostraram que Ae. albopictus está cada vez mais presente na área urbana.

Palavras-Chave: Culicidae; Ovitrampas; Levantamento populacional.

Ovitramps for evaluating the presence of Aedes aegypti (Linnaeus) and Aedes albopictus (Skuse) in Vassouras City, State of Rio de Janeiro

Abstract. Aedes aegypti (Linnaeus) and Aedes albopictus (Skuse) are vectors of many arboviruses including urban yellow fever and dengue, the latter being one of the biggest problems in the world in cities that have hot and humid climate. Having the consecutive cases of dengue in Vassouras, RJ it was important to ascertain the presence and behavior of the vector in different seasons of year and their predominance in the city. In this study we observed the presence of 10.44% Ae. aegypti and 89.56% Ae. albopictus of the 364 viable eggs and being the Matadouro neighborhood (point 4), the local with the largest presence of these culicids. These data showed that Ae. albopictus is ever more present in urban areas.

Keywords: Culicidae; Ovitramps; Populational researches.

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s mosquitos do gênero Aedes são considerados vetores de diversas arboviroses como a febre amarela urbana e a dengue, em cidades que possuem clima úmido e quente

se tornaram grandes problemas de saúde (torreS 2005).

O Aedes aegypti (Linnaeus) é um mosquito cosmopolita com ocorrência em climas quentes e úmidos situados entre os paralelos 35ºN e 35ºS e sua distribuição também está restrita pela altitude com relevância de ocorrência abaixo de 1.000 metros, entretanto em condições específicas foram encontradas espécimes em altitude de 2.200 metros acima do nível do mar na Colômbia e Índia (WHO 2009). Este culicídeo possui estreita relação com o ser humano, sendo essencialmente urbano, embora encontrado em algumas regiões como zonas rurais afastadas, mas provavelmente introduzidas pelo homem, e acredita-se que o Ae. aegypti seja uma espécie originária da África que chegou a Europa e em seguida à América no inicio das explorações e da colonização do continente (tauiL 2001). Sua estreita relação com os seres humanos tornou-o altamente adaptável ao ambiente urbano, vindo a ter sua presença com predominância em domicílios e nos abrigos peridomiciliares, possuindo picos de atividades nas primeiras horas do dia e no início do crepúsculo (Souza 2008). No Brasil, o Ae. aegypti foi provavelmente introduzido no período colonial em conjunto com o tráfego de escravos africanos, amplamente intensificado nos séculos XVIII e XIX, e hoje está presente em locais com maior concentração humana e raramente em ambientes semi-silvestres e silvestres (Souza 2008).

Sua importância como vetor da febre amarela no início do século passado o tornou alvo de uma campanha de erradicação com o incentivo da Fundação Rockefeller, essa campanha ocorrida entre os anos de 1923 e 1940 nas cidades litorâneas do nordeste praticamente eliminou o Ae. aegypti, assim como vinha sendo executadas em outros países. Em 1955 o Ae. aegypti foi considerado erradicado, entretanto a campanha perdeu força nos anos posteriores e o Ae. aegypti reapareceu no final da década de 60 (Braga & vaLe 2007).

Nos países subdesenvolvidos a migração da população para as cidades a partir da década de 60, aliada a políticas públicas ineficientes e a grande produção de recipientes descartáveis elevaram consideradamente o número de potenciais criadouros para o mosquito (tauiL 2001). Historicamente, este fato e o início do crescimento desordenado das cidades brasileiras nesta época, coincidem com o reaparecimento da espécie em diversos municípios brasileiros. Desde então o número de municípios com infestação por Ae. aegypti é crescente (Barreto et al. 2011).

O Aedes albopictus (Skuse) possui uma história mais recente, foi encontrado pela primeira vez no continente sul-americano, mais especificamente identificado no Brasil em 1986. Por ser de origem asiática, aparentemente sua presença em território nacional foi influenciada pelo comércio com países do sudeste asiático

Agência de Financiamento: FAPERJ (PIBIC) e USS (PIBIC)

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.369

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(Forattini 1986). Diferente do Ae. aegypti, o Ae. albopictus não depende de grandes concentrações humanas, embora se aproveitem dos mesmos criadouros. Nas Américas embora alguns estudos tenham encontrado Ae. albopictus naturalmente infectados, eles não foram apontados como vetor da dengue (SChatzMayr 2000).

O Ae. albopictus possui uma maior resistência ao frio que o Ae. aegypti, podendo atingir regiões do planeta, que vão de 45°N a 40°S, ocorrendo naturalmente em regiões de clima temperado e tropical. Sendo muito menos doméstico que o Ae. aegypti ficou mais adaptado aos ambientes rurais, suburbanos e urbanos, o Ae. albopictus possui uma maior dispersão pelo voo, e fazem uso de criadouros naturais o que o torna independente em relação às grandes concentrações humanas, além de também utilizarem recipientes artificiais comumente utilizados pelos Ae. aegypti (ConSoLi & Lourenço-de-oLiveira 1994).

Diante dos consecutivos casos de dengue no município de Vassouras, ocorridos principalmente no período de maior incidência pluviométrica, tornou-se importante verificar em campo a dinâmica populacional do vetor em diversas épocas do ano e principalmente sua correlação com a espécie silvestre, Ae. albopictus, que é um importante vetor dos ciclos naturais de arboviroses (Lourenço-de-oLiveira et al. 2003).

MATERIAL E MéTODOS

As coletas foram realizadas em quatro pontos (Figura 1) da cidade de Vassouras – RJ (23°24’14”S, 43°39’45”W) durante o período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012. Estes pontos foram indicados por estudos anteriores realizados com o levantamento de larvas de Ae. aegypti e Ae. albopictus como pontos críticos para a presença de larvas dos culicídeos e confirmados pela vigilância sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, pela sua relevância na incidência de casos de dengue.

O ponto 1 de coleta está situado no centro da cidade e serviu como referencial para os demais pontos de coleta. O ponto 2 está

localizado a um bairro próximo ao centro, bairro Residência, e que possui uma maior concentração de domicílios. O ponto 3 refere-se ao cemitério municipal e que está localizado no bairro Campo Limpo. Este local possui uma menor concentração de residências quando comparado ao bairro Residência citado anteriormente. O ponto 4 é o local de coleta mais afastado do centro da cidade, bairro Matadouro, e o menos habitado.

As coletas foram realizadas através do uso de armadilhas do tipo “ovitrampas”. Estas armadilhas consistiram em um vaso de plástico para plantas de 10 x 7,5 cm, e este revestido com papel do tipo craft como suporte de depósito de ovos dos mosquitos, e preenchidas por três quartos de água da torneira, sem qualquer atrativo em especial para o mosquito. As armadilhas foram instaladas a altura entre 1,00 e 1,50 m do solo.

As coletas foram realizadas semanalmente, e os suportes de papel e água substituídos. A temperatura e umidade ambiente foram registradas a cada troca do material da armadilha, com o auxílio de termômetro digital (Termo-Higrômetro 7666.02) previamente estabilizado ao ambiente por 5 min.

Os suportes de papel com ovos coletados foram levados ao Laboratório de Insetos Vetores da Universidade Severino Sombra, identificados e armazenados em recipientes plásticos à temperatura ambiente. E, assim preservados até sua utilização e estudo. Os ovos foram cuidadosamente analisados, e contados com a utilização de um contador de colônias (Fenix, CP602).

Para a eclosão dos ovos, os suportes de papel previamente armazenados foram colocados em recipientes contendo 500 mL de água sem cloro até próximo a superfície, e posteriormente colocados em incubadora (BOD - CP 703) a 28°C ±1.

Cada recipiente contendo ovos para eclodir permaneceu vedado com tecido fino a fim de manter a oxigenação da água, proteger contra a entrada de invasores e não permitir a liberação do inseto caso ocorresse a emergência (Figura 2), o descarte foi feito imergindo o suporte de papel em álcool etílico a 92,8% por um

Figura 1. Pontos de coleta de ovos dos mosquitos no município de Vassouras, RJ. Mapa adaptado de Google Maps em Julho/2012.

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período de 1 hora, a fim de inviabilizar os ovos não eclodidos.

Os recipientes foram analisados a cada dois dias após o inicio da eclosão por um período de 2 semanas. Quando da presença de larvas no terceiro estágio (L3), estas foram separadas com o auxílio de pipeta e colocadas em placas de Petri contendo álcool etílico a 70% para sua mortalidade. As larvas mortas (L3) foram preparadas em lâminas e identificadas ao microscópio óptico (Coleman XSZ107BN) objetiva em 10X. Para avaliar a presença de ovos associados à umidade relativa do ar foram utilizadas correlações não paramétricas de Spearman (rs) utilizando o programa BioEstat 5.0, no teste foi utilizado α = 0,05.

RESULTADOS

Os resultados mostraram de janeiro de 2011 a dezembro de 2012 um percentual de 15,60% (364) de ovos viáveis dos 2333 coletados, com 89,56% (326) de presença de Ae. albopictus e de 10,44% (38) de Ae. aegypti (Figura 3) e o número mensal de ovos coletados nos 4 pontos distribuídos no município, a quantidade de larvas eclodidas a partir destes ovos, a média da temperatura e da umidade relativa do ar registradas no momento da coleta (Tabela 1).

Quanto aos locais de coleta, a soma da quantidade de ovos encontrada nos pontos 1, 2 e 3 foi menor que o total encontrado apenas no ponto 4, ponto de coleta mais distante em relação ao

centro da cidade. Neste local o número de ovos coletados foi de 1.333 perfazendo um total de (57%) ovos de mosquitos (Figura 4), e destes 18,98% tornaram-se viáveis, sendo 1,43% (19) de Ae. aegypti e 17,55% (234) de Ae. albopictus.

Quanto à distribuição dos ovos no período e correlacionada à temperatura e umidade média registrada no decorrer dos meses, observou-se que o maior número de ovos coletados ocorreu nos meses de janeiro e março de 2011 e abril de 2012, meses estes com o maior índice de umidade (Figura 5).

Quando os números absolutos de eclosão de cada espécie em cada mês de coleta foram analisados, observou-se que Ae. aegypti esteve mais presente nos meses de janeiro e abril de 2011 com umidade compreendida entre 45-60% e Ae. albopictus nos meses abril e junho de 2012 com umidade acima de 50% (Figura 6).

Os meses de janeiro e abril de 2011 houve um índice relevante de 14 e 15 ovos eclodidos respectivamente da espécie Ae. aegypti, e nos meses de abril e junho de 2012 presença de 114 e 81 ovos eclodidos respectivamente da espécie Ae. albopictus (Figura 7).

Os dados das associações de fatores como temperatura e umidade foram significantes para os ovos coletados em relação à umidade (p=0,04) e em relação à temperatura (p=0,03). A espécie Ae. albopictus obteve o valor de associação mais alto e expressivamente relevante quando comparado com a umidade

Figura 2. Metodologia utilizada para eclosão de ovos de Aedes em laboratório utilizando a incubadora.

Figura 3. Frequência das espécies Ae. aegypti e Ae. albopictus encontradas em ovos viáveis.

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relativa do ar (p=0,0007 e rs=0,7244). Entretanto para a espécie Ae. aegypti não foi detectada valor expressivo comparando-a com as médias de umidade do ar e temperatura ambiente.

DISCUSSãO

Os resultados mostraram uma acentuada presença da espécie Ae. albopictus em relação ao Ae. aegypti na cidade de Vassouras – RJ, e demonstraram a afinidade da espécie por ambientes suburbanos com ampla cobertura vegetal e recipientes artificiais hawLey (1988). Conforme descrito por SoareS et al. (2008) e

BarBoSa et al. (2010) essas características são típicas da maioria das cidades do interior do Estado do Rio de Janeiro em específico na região Centro Sul Fluminense, onde a distância entre o bairro central do município e a periferia ou zona rural acaba não sendo tão longa.

A presença de Ae. aegypti foi no bairro com maior número de residências (ponto 2) com 4,85% dos ovos eclodidos, porém ainda menor que a presença da espécie Ae. albopictus com 7,46% dos ovos eclodidos, mesmo sendo este o ponto com menor quantidade

Tabela 1. Número de ovos de Ae. aegypti e Ae. albopictus no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012 encontrados nos quatro pontos de coleta, no município de Vassouras, RJ.

Mês Ovos Ae. aegypti Ae. albopictus Temp. Media (°C) Umid. Média (%)

Jan/11 512 14 40 32,8 58,7

Fev/11 62 0 2 30,2 37,0

Mar/11 281 0 33 27,3 52,3

Abr/11 146 15 22 27,2 42,7

Mai/11 34 1 9 23,1 45,1

Jun/11 44 0 0 23,2 48,9

Jul/11 35 0 0 23,1 36,4

Ago/11 22 0 0 28,5 25,8

Set/11 42 0 0 25,8 25,7

Out/11 21 0 0 25,4 37,2

Nov/11 73 0 0 26,1 38,2

Dez/11 69 1 0 26,1 40,8

Jan/12 38 0 0 26,4 47,3

Fev/12 109 0 0 28,3 37,8

Mar/12 90 0 4 25,8 57,3

Abr/12 372 4 114 26,1 53,3

Mai/12 16 0 3 21,8 56,3

Jun/12 128 0 81 24,1 63,1

Jul/12 19 1 3 22,3 70,3

Ago/12 51 0 0 25,5 66,7

Set/12 50 2 15 26,6 47,1

Out/12 39 0 0 28,4 44,9

Nov/12 53 0 0 26,9 48,6

Dez/12 27 0 0 29,3 56,1

Total 2333 38 326

Figura 4. Valores absolutos e relativos do total de ovos para cada um dos quatro pontos de coleta no município de Vassouras, RJ.

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Figura 7. Dispersão das espécies no período entre janeiro de 2011 e dezembro de 2012 no município de Vassouras, RJ.

Figura 5. Número total de ovos coletados por mês correlacionados a temperatura e umidade relativa do ar.

Figura 6. Número de espécimes de Ae. aegypti e Ae. albopictus encontrados por mês, correlacionados a temperatura e a umidade relativa do ar.

de ovos coletados 268 (12%). urBinatti (2004) evidencia a valência ecológica da espécie Ae. albopictus, em colonizar ambientes naturais e artificiais, tanto em áreas protegidas como em áreas alteradas.

Quando comparado todo o período de coleta e registradas as condições de temperatura e a umidade do ar, verificou-se o

aumento da postura de ovos nos períodos em que as médias de umidade relativa do ar e da temperatura atingiram índices mais elevados, como descritos por eStrada-FranCo & Craig (1995) para a espécie Ae. albopictus e kearney et al. (2009) para a espécie Ae. aegypti. Ao verificar a relevância entre as duas espécies do estudo, observou-se um maior favorecimento à presença de Ae. aegypti no ano de 2011 em relação ao ano de 2012, porém ainda inferior a

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presença de Ae. albopictus em todo o período de coleta.

Através do teste não paramétrico de Spearman verificou-se a alta relação da espécie Ae. albopictus e a umidade relativa do ar média registrada nos meses de estudo, entretanto essa relação não foi significativa para a temperatura média (rs=0,086), o mesmo ocorrendo com a espécie Ae. aegypti para os dois parâmetros (umidade relativa rs=0,268 e temperatura rs=0,208) em que não ficou evidenciado devido ao número baixo de imaturos obtidos após eclosão em laboratório, e recentemente comprovada a superioridade competitiva das larvas de Ae. albopictus (JuLiano et al. 2004).

A queda no número de ovos eclodidos da espécie Ae. aegypti no ano posterior pode estar relacionada às medidas de combate ao vetor do vírus da dengue adotadas após o grande surto de casos no verão do mesmo ano, vindo a refletir nos resultados para o ano seguinte.

A armadilha diferenciada, especialmente projetada para este experimento, mostrou-se altamente eficaz, entretanto estudos sobre afinidade das espécies em relação à postura ainda devem ser realizados.

Ambas as espécies mostraram-se perfeitamente adaptadas ao ambiente e clima do município de Vassouras-RJ, com maior densidade de espécimes de Ae. albopictus o que parece ser favorecido pela presença de abundantes áreas silvestres ao redor da cidade.

Com o aumento da umidade relativa do ar em um mês atípico (junho/2012), e queda em mês tipicamente úmido (fevereiro/2011), evidenciaram-se as relações entre as posturas de ovos realizadas nas armadilhas e as condições climáticas.

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Recebido em: 02/07/2013Aceito em: 02/01/2014

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Como citar este artigo:

Oliveira, A.A. & M. Maleck, 2014. Ovitrampas para Avaliação da Presença de Aedes aegypti (Linnaeus) e Aedes albopictus (Skuse) no Município de Vassouras, Estado do Rio de Janeiro. EntomoBrasilis, 7 (1): 52-57. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.369

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e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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First Record of Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) (Isoptera: Syntermitinae) Associated with Rat Carrion

in Brasília, BrazilAnna Carolina Prestes¹, Karla Pessôa Tepedino¹, Cecília Kosmann² & José Roberto Pujol-Luz¹

1. Universidade de Brasília, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected]. 2. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras de Assis , e-mail: [email protected].

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EntomoBrasilis 7 (1): 58-61 (2014)

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Abstract. Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) is a leaf litter species with Neotropical distribution. We found for the first time this species associated with rat carrion in an urban area of Brasília, Distrito Federal, Brazil. Ten soldiers and 36 workers were spread in the cavities and between internal leathers of the carrion’s dry remains of the animal that have been exposed during a week in the soil, in March 2012, at end of the wet season. We believe that this uncommon behavior may reflect a nutritional need.

Keywords: Cerrado; Necrophagous insects; Neotropical; Termites.

Primeiro Registro de Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) (Isoptera: Syntermitinae) Associado à Carcaça de Rato em Brasília, Brasil

Resumo. Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) é uma espécie que se alimenta de folhas de serrapilheira e que possui distribuição Neotropical. Encontrou-se pela primeira vez esta espécie associada com carcaça de rato, em uma área urbana de Brasília, Distrito Federal, Brasil. Os dez soldados e 36 operários se encontravam dispersos entre as vértebras e restos secos do animal que foi exposto durante uma semana no solo em março de 2012, final da estação chuvosa. Acredita-se que este comportamento raro seja resultado de alguma deficiência nutricional.

Palavras-Chave: Cupins, Cerrado; Insetos necrófagos, Neotropical.

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ermites are eusocial insects distributed on tropical and subtropical regions (eggLeton et al. 1994). The Order Isoptera comprises approximately 2,900 species, of which

562 are present in the Neotropical region (kriShna et al. 2013). They are considered as primary consumers and decomposers, feeding on a wide range of plant material in different stages of decomposition as well as in soil rich in organic matter (e.g., wood, litter, roots, humus, grass, herbaceous plants, nests built by others termites, lichen, and fungi) (Lee & wood 1971; wood 1978).

However, some studies have reported the presence of termites in animal carcasses (Table 1). Species of the families Termitidae, Rhinotermitidae, and Mastotermitidae have already been recorded in recent bones, fossils (> 1,000 years), hooves, horns, skins, cartilages, and ligaments of mammals (including humans), reptiles and birds. FreyMann et al. (2007) assumed that Odontotermes sp. is facultative kerathophagous due to its frequency of foraging in ungulates hooves. viLLet (2011) listed Isoptera as one of the ‘necrophagous African carrion insects’ based in the survey of Coe (1978) that mentioned Odontotermes zambesiensis (Sjostedt) feeding on elephants’s ligaments and cartilages. Nevertheless, the latter author classified the termites as omnivorous animals or ‘opportunistic scavengers’, highlighting that this term can be quite broad and malleable.

The action of termites can be a serious problem to archeological material, since it commits the preservation of it and can induce to erroneous interpretations (wyLie et al. 1987). Due to this scenario, the reports of termites associated with fossils are more common that the ones associated with carcasses.

thorne & kiMSey (1983) described a group of Nasutitermes sp. foraging on bones and skin of a three meters boa snake on Barro Colorado Island, Panama. Latter, they founded an active foraging group of Nasutitermes nigriceps (Haldeman) under a three-toed sloth carcass and a decomposing turtle shell covered by a network of Nasutitermes sp. galleries over cavities around spinal column. Finally, they carried out an observational experiment with an agouti carcass inside a cage and N. nigriceps was observed again. The termites constructed galleries from the ground until one of the legs of the agouti, when there was no more musculature or internal organs. With the end of the dry season, the termites left the carcass, which may reflect a seasonal and nutritional needs of these insects (the authors did not identify the species of boa snake, turtle, three-toed sloth, and agouti at the specific level).

Another study was conducted in the Neotropical region with rat carrion in northern Venezuela (veLáSquez 2008). Carcasses were exposed to colonization by arthropods in areas of savannah and cloud forest. Beside the species of forensic importance, Termitidae were observed only in the savanna.

We found Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) associated with rat carrion (Figure 1) exposed in an urban area near from the Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brazil. Soldiers (n=10) and workers (n=36) were spread in the cavities of the rat, as wells as in the pelvis and between internal leathers of the carrion’s dry remains.

Funding Agencies: FAP-DF, CNPq and CAPES

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.353

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59First Record of Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri)… Prestes et al.

e-ISSN 1983-0572

Table 1. Species of termites (Insecta: Isoptera) reported associated with carcasses.

Species Subfamily Type of carcass Local Reference

- - Human bones Ancient Nubia, Egypt [1]

Coptotermes formosanus Shiraki Rhinotermitidae Human bones China [2]

- - Human bones Queensland, Australia [3]

- - Recent bones and mammal’s fossils

Amboseli National Park, Kenia [4]

Odontotermes zambesiensis (Sjöstedt)

Termitidae: Macrotermitinae

Elephants’s cartilages and ligaments Tsavo, Kenia [5]

Nautitermes nigriceps (Haldeman)

Termitidae: Nasutitermitinae

Insects larvaes; reptiles and mammals’s bones, skins and

marrowsBarro Colorado, Panama [6]

Coptotermes acinaciformis (Froggatt) Rhinotermitidae Recent bones and mammal’s

fossils Laboratory experiment [7]

Nasutitermes carnarvonensis (Hill)

Termitidae: Nasutitermitinae Human bones Carnarvon Region, Australia [8]

Pseudacanthotermes militaris (Hagen) Mastotermitidae Recent bones and mammal’s

fossils Carnarvon Region, Australia [8]

Mastotermes darwiniensis (Froggatt)

Termitidae: Macrotermitinae Elephants bones Hwange National Park,

Zimbabwe [9]

- - Mammals’s recent bones Zaire, Angola [10]

* - Human fossil Laetoli, Tanzania [11]

Odontotermes sp. Termitidae: Macrotermitinae

Grant’s gazelle’s carcass and hooves Serengueti, Tanzania [12]

- Termitidae Rat carrion Caracas, Venezuela [13]

Reticulitermes sp. Rhinotermitidae Pig carrion Uyo, Nigéria [14]

- - Human bones Huaca de Luna, Peru [15]

Trinervitermes trinervoides (Sjöstedt)

Termitidae: Nasutitermitinae Bones (birds and mammals) Sterkfontein Valley, South

Africa [16]

(-) not specified in the article; (*) Termites are suggested as possible producers of marks and modifications on humans fossil from Plio-Pleistocene. References: [1] derry 1911; [2] Light 1929; [3] wood 1976; [4] BehrenSMeyer 1978; [5] Coe 1978; [6] thorne & kiMSey 1983; [7] watSon & aBBey 1986; [8] wyLie et al. 1987; [9] hayneS 1991; [10] taPPen 1994; [11] kaiSer 2000; [12] FreyMann et al. 2007; [13] veLáSquez 2008; [14] ekaneM & dike 2010; [15] huChet et al. 2011; [16] BaCkweLL et al. 2012.

Figure 1. Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) associated with rat carrion in Brasília, Distrito Federal, Brazil. A) Soldier of R. nasutissimus between the vertebrae of the rat; B) Ventral view of the dry rat carrion; C) Closer view of a soldier of R. nasutissimus (scale 0.5 mm) (Figure C: photo from Tiago Carrijo).

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R. nasutissimus is distributed through Argentina, Bolivia, Brazil, Paraguay, and Peru (ConStantino 2013), and in it has been collected in different phytophysiognomies of Cerrado (CanCeLLo 1997). The information about the biology of this genus is scarce, but they are generally considered as leaf litter feeder species (donovan et al. 2001) that forage on the ground surface and spread through subterranean galleries in forests and savannas when disturbed (MathewS 1977). According to MathewS (1977), this species has never been found in mounds of other species. However, the labels of specimens deposited in the entomological collection of the Museu de Zoologia of the Universidade de São Paulo contain some information about the collection site: “founded on the ground, underground, on palm leaves, on grass, under cattle dung, under log, in Cornitermes sp. nest, along with other species”. The pattern of the workers’ mandibles of is described as “long, broad sharpened margins appropriate for vegetal fibers cutting” (CanCeLLo 1997), and there is no record about its association with carrion.

In specific and unusual circumstances, coprophagy, necrophagy, cannibalism, and oophagy can be ways of conserving and/or recycling nitrogen, an essential constituent for the synthesis of protein and growth of the colony (wood 1978). These behaviors (i.e., selective foraging) and the nitrogen fixation are strategies to survive in a cellulose-based diet, generally low in organic nitrogen (PreStwiCh et al. 1980; SLaytor & ChaPPeL 1994).

As previously said, the attraction to carcass may reflect a seasonal nutrition needs for the production and dispersion of alates after the dry season (thorne & kiMSey 1983). Here the termites were associated with carrion in the final stage of the wet season, when the swarming flights usually have already finished in the Cerrado (Brandão 1996, PreSteS 2012). In the wet season (November to April), the average rainfall is 184.7 mm and the relative humidity, 75.7%. The average minimum temperature in this season is 17 °C and the maximum, 26 °C (eiten 1972; Pinheiro et al. 2002). More investigations about the frequency of this species on carrion are necessary for a better understanding of its range of foraging and feeding habits.

ACKNOWLEDGMENTS

The authors thank Joice Constantini and M.Sc. Tiago Carrijo from Laboratório de Isoptera of Museu de Zoologia of the Universidade de São Paulo for the identification and photos of the termites, respectively. We are indebted to the collaboration and kindness of Dr. Barbara Thorne from the University of Maryland in sharing information about her work. We are also grateful to CNPq (JRPL, CK, TPT), CAPES (CK) and FAPDF (JRPL, CK) for the grants.

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e-ISSN 1983-0572

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Central Queensland. Journal of the Australian Entomological Society, 26: 335–345.

Recebido em: 30/05/2013Aceito em: 16/08/2013

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Como citar este artigo:

Prestes, A.C., K.P. Tepedino, C. Kosmann & J.R. Pujol-Luz, 2014. First Record of Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) (Isoptera: Syntermitinae) Associated with Rat Carrion in Brasília, Brazil. EntomoBrasilis, 7 (1): 58-61. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.353

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e-ISSN 1983-0572Publicação do Projeto Entomologistas do Brasil

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Copyright © EntomoBrasilisCopyright © do(s) Autor(es)

Coleus barbatus Benth and Ocimum basilicum L. (Lamiaceae), New Host Plants to Spodoptera

cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) in Sinop, State of Mato Grosso, Brazil

Evaldo Martins Pires¹, Clovis Luiz de Moraes Manica¹, Roberta Martins Nogueira¹, Jeandson da Silva Carneiro¹, William Costa Rodrigues² & Marcus Alvarenga Soares³

1. Universidade Federal de Mato Grosso (Campus Sinop - MT), e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected], [email protected]. 2. Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA)/Methodos Consultoria Agronômica e Ambiental, e-mail: [email protected]. 3. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e-mail: [email protected].

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Abstract. Coleus barbatus Benth and Ocimum basilicum L. are plants species commonly used for medicinal and gastronomic purposes, respectively. Caterpillars of the Spodoptera genus are generalists due to the wide variety of plants species used as food souce. The aim of this research was record the occurrence of Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) in Sinop, Mato Grosso State, Brazil, and also record C. barbatus and O. basilicum as potencial host plants for this insect species. It is recommended attention in inclusion of S. cosmiodides in Integrated Pest Management (IPM) of this plant species.

Keywords: New occurrence; host plant; pests.

Coleus barbatus Benth e Ocimum basilicum L. (Lamiaceae): Novas Plantas Hospedeiras para Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) em Sinop, Estado de Mato Grosso, Brasil

Resumo. Coleus barbatus Benth e Ocimum basilicum L. são espécies de plantas comumente utilizadas com fins medicinais e gastronômicos, respectivamente. Lagartas do gênero Spodoptera são generalistas devido à ampla variedade de plantas que utilizam como recurso alimentar. O objetivo desta pesquisa foi registrar a ocorrência de Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Sinop, Mato Grosso, Brasil, e ainda, relatar C. barbatus e O. basilicum como potenciais plantas hospedeiras para esta espécie de inseto. Recomenda-se ainda a inclusão de S. cosmioides em monitoramentos visando o Manejo Integrado de Pragas (MIP) nestas plantas.

Palavras-chave: Nova ocorrência; planta hospedeira; pragas.

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he regions of biomes transitions are characterized by presenting a great abundance of species from fauna and flora. These areas present specific characteristics that

deserve more studies about behaviour and adaptations to local changes. Sinop is a city located in the north of Mato Grosso State, Brazil, in a transition region of Amazonia and Brazilian Savana biomes.

Several insect species have been related and recorded in this city, which extends the knowledge about the geographical distribution, new host plants and their insect-plant relationship. These informations are essential for ecology studies and also for integrated pest management (IPM) programs.

The most recent literature about entomological biodiversity in Sinop region were records on some insect species attacking or feeding new hosts, such as Promecops claviger Hustache (Coleoptera: Curculionidae) attacking soybean plants, Glycine max Linnaeus (Fabaceae) (Barreto & CavaLet 2011); Leptoglossus zonatus (Dallas) (Hemiptera: Coreidae) attacking Averrhoa carambola Linnaeus (Oxalidaceae) (starfruits), Magnifera indica Linnaeus (Anacardiaceae) (mango), Malpighia emarginata Sessé & Moc. (Malpighiaceae) (acerola) and Morus nigra Linnaeus (Moraceae) (black mulberry) (PireS et al. 2011, 2012);

Poekilloptera phalaenoides (Linnaeus) (Hemiptera: Flatidae) attacking Sclerolobium paniculatum Vogel (Caesalpinioideae) (ManiCa et al. 2012); Rhynchophorus palmarum (Linnaeus), Rhinostomus barbirostris Fabricius, Homalinotus coriaceus (Gyllenhal), Metamasius cinnamominus Perty, Metamasius hemipterus hemipterus (Linnaeus) and Amerrhinus ynca Sahlberg (Coleoptera: Curculionidae) on Cocos nucifera Linnaeus (Palmae) (daL MoLin & Barreto 2012) and Costalimaita ferruginea Fabricius (Coleoptera: Chrysomelidae) on Eucalyptus sp. (Myrtaceae) (PireS et al. 2013).

Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae), commonly known as velvet armyworm, is a species with a high degree of phytophagy because it can feed on a wide variety of plant species, such as peanapple, peanut, alfalfa, cotton, rice, asparagus, potato, eggplant, oat, sugarbeet, coffee, caupi bean, anion, cabbage, pea, crotalaria, sunflower, eucalyptus, apple, mango, corn, sweetpepper, soya bean, tomato and wheat (BerteLS & BauCke 1966; SantoS et al. 1980; haBiB et al. 1983; BavareSCo et al. 2001, 2004; PaStrana 2004; SPeCht et al. 2004).

This paper aimed to record the occurrence of S. cosmioides in Sinop, Mato Grosso State, Brazil, besides to increase the informations about new host plants for this insect species. Eggs,

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.363

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Coleus barbatus Benth and Ocimum basilicum L. (Lamiaceae)… Pires et al.

e-ISSN 1983-0572

caterpilars and pupae of S. cosmioides were collected in June 2012 on Ocimum basilicum L. (Lamiaceae) (basilicum plant) and Coleus barbatus Benth (Lamiaceae) (Indian coleus), in a transition region near by the urban area of Sinop and some areas used for soybean and corn crops (11°51’11,15”S; 55°32’12,21”W and 372 m above sea level). Ocimum plants present high levels of some components frequently used in the pharmaceutical companies (MoraLeS & SiMon 1996) and strongly used for the traditional medicine (MartinS 1998), besides as spice and condiments for sauces. The Coleus genus is commonly used

analgesic and against hypertension and diarrhea (CoeLho netto & aSSiS 2002). It is also used during treatments for glaucoma and asthma because of the presence of forskolin, a drug used for these treatments (Suryanaranan & Pai 1998).

Ten caterpillars of S. cosmioides were collected directly on the plants and taken to the Laboratory of Stored Grain Pests. Then they were fed with indian coleus and basilicum leaves until they became pupae. After adult emergency they were fixed, labeled and identified by Dr. Evaldo Martins Pires and confirmed

Figure 1. (A and B) Caterpilars of Spodoptera cosmioides (Lepidoptera: Noctuidae) feeding on Ocimum basilicum (Lamiaceae) in Sinop, Mato Grosso State, Brazil. (C) Detail of a O. basilicum leaf damaged by S. cosmioides. (D) Emerged pupae of S. cosmioides. (E) Caterpilars of S. cosmioides on Coleus barbatus (Lamiaceae) plants, in Sinop, Mato Grosso State, Brazil. (F) Adult of S. cosmioides emerged from some pupae collected on O. basilicum (Lamiaceae) and C. barbatus (Lamiaceae) and reared in the laboratory.

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by a Lepidoptera specialist at USDA Systematic Entomology Laboratory, Smithsonian Institution. His diagnosis confirmed the species Spodoptera cosmioides (Lepidoptera: Noctuidae).

It is still important to observe that during the period of sample there was no crop nearby that could serve as host plants for this insect species. Probably this could happen because it was the dry period of the year, without almost no rain and low humidity levels, period not suitable for important crops, such as corn and soybean. The information about new host plant for S. cosmioides can be a characteristic of this species to disperse or adapt to local conditions, searching for alternative food sources. Then, C. barbatus and O. basilicum crops nearby or around soybean and corn crops are not recommended because these plant species may serve as a refuge and food sources for S. cosmioides when the main crops are not present.

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Recebido em: 16/06/2013Aceito em: 02/01/2013

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Como citar este artigo:

Pires, E.M., C.L.M. Manica, R.M. Nogueira, J.S. Carneiro, W.C. Rodrigues & M.A. Soares, 2014. Coleus barbatus Benth and Ocimum basilicum L. (Lamiaceae), New Host Plants to Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) in Sinop, State of Mato Grosso, Brazil. EntomoBrasilis, 7 (1): 62-64. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.363

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Biologia de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Algodoeiro de Fibra

Colorida Tratado com SilícioAlex Antônio Silva¹, Roberta Alvarenga¹, Jair Campos Moraes¹ & Eliana Alcantra²

1. Universidade Federal de Lavras (UFLA), e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected], [email protected]. 2. Universidade Vale do Rio Verde (UniCor), e-mail: [email protected].

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fica Resumo. A lagarta Spodoptera frugiperda (Smith) é praga-chave da cultura do milho e a cada ano sua ocorrência na cultura algodoeira têm

aumentado, causando danos severos desde a fase de plântula até a maturação. Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito do silício na biologia de S. frugiperda em algodoeiro de fibra branca e colorida. Os bioensaios foram conduzidos com duas cultivares de algodão, a BRS Cedro (fibras brancas) e BRS Verde (fibras verdes), com e sem aplicação de silício. O silício foi aplicado como solução de ácido silícico a 1 %, na dosagem equivalente a 3 t/ha de SiO2. Avaliaram-se os seguintes parâmetros biológicos: mortalidade larval, duração da fase larval e pupal, viabilidade de pupa, peso das pupas, razão sexual, longevidade dos adultos, machos e fêmeas e o número de ovos/fêmea. Verificou-se que a aplicação de silício aumentou apenas a mortalidade de lagartas alimentadas com folhas da BRS Cedro, não demonstrando nenhum efeito nas lagartas quando aplicado na BRS Verde. Além disso, na cultivar BRS Cedro, em comparação com a cultivar BRS Verde, houve menor peso de pupa e menor produção de ovos/fêmea.

Palavras-Chave: Gossypium hirsutum; Insecta; MIP; Resistência Induzida.

Biology of Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) in Colored Cotton Treated with Silicon

Abstract. The caterpillar Spodoptera frugiperda (Smith) is a key pest of the corn culture and each year its occurrence in the cotton culture has increased, causing severe damage from the seedling phase to maturation. The objective of this work was to evaluate the effect of the silicon on the biology of S. frugiperda in white and colored fiber cotton plants. The bioassays were conducted with two cultivars of cotton, BRS Cedro (white fibers) and BRS Verde (green fibers), with and without silicon application. The silicon was applied as a solution of 1% silicon acid, at a dosage equivalent to 3 ton/ha of SiO2. The following biological parameters were evaluated: larval mortality, duration of the larval and pupal phase, pupal viability, pupal weight, gender ratio, adult longevity of males and females and the number of eggs/female. It was verified that the silicon application only increased the mortality of caterpillars fed with BRS Cedro leaves, not demonstrating any effect on the caterpillars when applied on BRS Verde. Furthermore, the BRS Cedro cultivar, when compared to the BRS Verde cultivar, presented a lower pupal weight and a lower eggs/female production.

Keywords: Gossypium hirsutum; Induced Resistance; Insecta; IPM.

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algodão é considerado a fibra têxtil vegetal mais importante por ser a mais utilizada e cultivada em todos os continentes (riChetti & MeLo-FiLho 2001), em mais

de 70 países (Souza 2000). No Brasil, tem se destacado entre outras culturas e contribuído para o crescimento do agronegócio. A produção brasileira da safra 2011/12 foi de 1.883,8 toneladas de pluma, 5.308,0 toneladas de caroço de algodão, sendo a área plantada em torno de 1.393,4 e 1.418,6 mil hectares para pluma e caroço de algodão, respectivamente (agrianuaL 2013).

O algodão naturalmente colorido é tão antigo quanto o algodão branco, no entanto, seu desenvolvimento no Brasil teve início somente em 1984 pela Embrapa - Algodão, que procurou desenvolver cultivares com características agronômicas e de fibras, que atendam as exigências da indústria têxtil (BeLtrão & CarvaLho 2004). Possui vantagens em relação ao algodão tradicional (branco) pela eliminação da etapa do tingimento das fibras, o que diminui o custo de produção nas tecelagens em torno de 50% (diCkerSon et al. 1999), além da redução dos impactos ambientais causados pela produção de resíduos tóxicos desta etapa do processamento e valorizado como produto ecologicamente limpo, sem agressões ao homem e ao ambiente (Freire 1999).

A produção e a qualidade das fibras do algodão podem ser prejudicadas por inúmeros fatores físicos, químicos e mecânicos, bióticos e abióticos, e entre esses fatores estão os insetos-praga (PeSSoa et al. 2004). A lagarta Spodoptera frugiperda (Smith) tem ocorrido com maior frequência e severidade na cultura do algodoeiro, principalmente nas áreas do cerrado brasileiro (Miranda & SuaSSuna 2004) e, por isto, considerada como o segundo inseto-praga de importância na cultura.

As injúrias causadas por S. frugiperda no algodoeiro podem ser diagnosticadas desde a fase de plântula até a maturação (SantoS 1999), pois as lagartas recém eclodidas se alimentam do parênquima foliar e ao longo do seu desenvolvimento se dispersam na planta e na área (FernandeS et al. 2002), podendo ser encontradas raspando as brácteas dos botões florais, flores e maçãs (degrande 1998).

O silício não é considerado um nutriente essencial, no entanto, pode proporcionar vários benefícios para as plantas como o aumento do teor de clorofila das folhas, tolerância das plantas a estresses ambientais, como frio, calor, seca, desbalanço nutricional e toxicidade à metais, além de reforçar a parede celular

Agência de Financiamento: CNPq e FAPEMIG.

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.365

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e aumentar a resistência contra patógenos e insetos (ePStein 2001). Estudos recentes demonstram que plantas adubadas com silício têm apresentado resistência a insetos mastigadores (toMqueLSki et al. 2007; kvedaraS et al. 2009; aSSiS et al. 2013) e sugadores (goMeS et al. 2008; CoSta et al. 2009; Ferreira et al. 2011; korndorFerk et al. 2011). Além disso, a eficácia do silício também pode ser observada em um terceiro nível trófico. Segundo kvedaraS et al. (2010), plantas de pepino tratadas previamente com silicato de potássio e posteriormente infestadas com larvas de Helicoverpa armigera (Hubner) (Lepidoptera: Noctuidae) foram mais atrativas para o predador Dicranolaius bellulus (Guerin-Meneville) (Coleoptera: Melyridae) que plantas saudáveis tratadas com este mineral, possivelmente devido às respostas dos inimigos naturais aos voláteis induzidos por insetos pragas. Portanto, a aplicação de silício na cultura algodoeira poderá elevar o grau de resistência das plantas reduzindo as perdas causadas por S. frugiperda.

Assim, com este trabalho, objetivou-se avaliar o efeito do silício na biologia de S. frugiperda em cultivares de algodão de fibra branca e colorida.

Os bioensaios foram realizados em casa de vegetação e em sala climatizada do Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos, Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras.

Foram semeadas seis sementes das cultivares BRS Cedro e BRS Verde em vasos de polietileno com capacidade para 2 kg de substrato, composto de terra de barranco (Latossolo Vermelho Escuro, coletado no horizonte C) e esterco de curral curtido na proporção 3:1. Os vasos foram dispostos aleatoriamente sobre bancada metálica em casa de vegetação (temperatura de 28 oC e U.R. de 70%), sendo a umidade do substrato mantida por meio de irrigações diárias. O desbaste das plantas foi feito oito dias após a emergência, deixando-se quatro plantas/vaso.

Efeito do silício na fase larval de S. frugiperda. foram utilizadas lagartas de 1º ínstar, com idade inferior a 24 horas, provenientes da criação de manutenção (sete gerações em dieta artificial modificada de kaSten Junior et al. 1978) mantida em sala climatizada à temperatura de 25±2ºC, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas.

Os tratamentos testados foram: T1 = lagartas alimentadas com folhas de plantas da cultivar BRS Cedro sem aplicação de silício; T2 = lagartas alimentadas com folhas de plantas da cultivar BRS Cedro com aplicação de silício; T3 = lagartas alimentadas com folhas de plantas da cultivar BRS Verde sem aplicação de silício e T4 = lagartas alimentadas com folhas de plantas da cultivar BRS Verde com aplicação de silício. O silício foi aplicado quinze dias após a emergência das plântulas, na forma de solução de ácido silícico (SiO2) a 1%, com dosagem equivalente a 3 t/ha de SiO2. A aplicação foi via drench, no solo ao redor do caule das plantas.

Trinta dias após a emergência das plântulas (15 dias após a aplicação de silício), seções foliares de cada tratamento e duas lagartas recém eclodidas foram colocadas em tubos de ensaio (2,5 de diâmetro e 7 cm de altura), os quais foram fechados com chumaço de algodão hidrófilo. Diariamente as seções foliares

foram trocadas.

O delineamento foi o inteiramente ao acaso com quatro tratamentos e 10 repetições, sendo cada repetição constituída por cinco tubos de ensaio, totalizando 50 tubos e 100 lagartas por tratamento. Foram avaliados os seguintes parâmetros biológicos: mortalidade larval, viabilidade de pupa, duração da fase larval e da fase de pupa, peso das pupas e razão sexual.

Efeito do silício na fase adulta S. frugiperda. à medida que ocorria a emergência dos adultos, casais de cada tratamento foram colocados em gaiolas de PVC (20 cm de diâmetro e 25 cm de altura) revestidas com papel sulfite, fechadas na parte inferior com papel filtro e na parte superior com tecido tipo organza, presos com o auxílio de elásticos. Para alimentação das mariposas foram colocados em cada gaiola dois copos plásticos de 25 mL com chumaços de algodão, um embebido com mel a 10% e o outro embebido com água. Os tratamentos testados foram: T1 = casal oriundo de lagartas alimentadas com plantas da cultivar BRS Cedro sem aplicação de silício e T2 = casal oriundo de lagartas alimentadas com plantas da cultivar BRS Cedro com aplicação de silício. T3 = casal oriundo de lagartas alimentadas com plantas da cultivar BRS Verde sem aplicação de silício e T4 = casal oriundo de lagartas alimentadas com plantas da cultivar BRS Verde com aplicação de silício.

O delineamento foi inteiramente ao acaso com seis repetições. Avaliaram-se a longevidade dos machos e das fêmeas e o número de ovos/fêmea.

Análise dos dados. os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância, utilizando o Software Sisvar.

Efeito do silício na fase larval de S. frugiperda. dentre os parâmetros biológicos avaliados, verificaram-se que não houve diferenças significativas entre os tratamentos para a duração da fase larval (média de 31,1 dias) e de pupa (média de 9,97 dias). No entanto, a maior taxa de mortalidade larval ocorreu em lagartas alimentadas com folhas das plantas da cv. BRS Cedro tratadas com silício, a qual foi aproximadamente o dobro de mortalidade verificada nessa cultivar não tratada com silício e da cv. BRS Verde, com e sem aplicação de silício (Tabela 1). Essa mortalidade provavelmente está relacionada à barreira mecânica formada pela deposição do silício nos tecidos foliares, conferindo maior rigidez aos tecidos, o que pode ter dificultado a alimentação das lagartas.

Resultados semelhantes ao desta pesquisa foram obtidos por gouSSain et al. (2002) que ao aplicar silicato de sódio em plantas de milho, registraram efeito significativo do silício na mortalidade de lagartas S. frugiperda. antuneS et al. (2010) também observou taxas elevadas de mortalidade de S. frugiperda nas culturas do milho e girassol pela aplicação de silício.

Para a viabilidade de pupa (média de 75, 45 %) e razão sexual (média de 0,6) não foi observada diferenças significativas entre os tratamentos. Contudo, o peso das pupas foi significativamente menor quando as lagartas alimentaram de folhas das plantas da cultivar BRS Cedro tratadas ou não com silício (Tabela 2). O menor peso de pupa pode estar associado à ingestão de substâncias

Tabela 1. Mortalidade larval (ML), duração da fase larval (DFL) e da fase de pupa (DFP) (média ± EP) de S. frugiperda em cultivares de algodoeiro tratadas ou não com silício.

Tratamento ML (%)* DFL (dias) DFP (dias)

Cedro 20,0 ± 5,16 b 33,5 ± 1,52 9,7 ± 0,28

Cedro + Silício 46,0 ± 4,98 a 31,7 ± 0,94 9,5 ± 0,10

Verde 18,0 ± 5,53b 29,3 ± 0,89 10,0 ± 0,48

Verde + Silício 12,0 ± 4,42 b 29,9 ± 0,81 10,7 ± 0,11

CV(%) 21,22 7,40 11,20

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey (p>0,05).

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presentes nas folhas que prejudicam o desenvolvimento larval, como o gossipol que é uma substância presente em algumas cultivares de algodoeiro, responsável pela indução de resistência do tipo antibiose (Bottger & Patana 1966), provocando menor peso de pupas em insetos da ordem Lepidoptera (LukeFahr et al. 1966).

Moreno et al. (2008) observaram diferenças significativas no peso de pupas de lagartas alimentadas nas cultivares de fibra convencional (branca) BRS Camaçari e Delta Opal, sendo os resultados similares aos desta pesquisa.

Efeito do silício na fase adulta de S. frugiperda: a longevidade de macho (média de 10,72 dias) e de fêmea (média de 10,15 dias) não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos.

Em relação à oviposição, a menor quantidade de ovos por fêmea foi observada para os casais provenientes de lagartas alimentadas com folhas de algodoeiro BRS Cedro tratadas ou não com silício (Tabela 3), sendo observado efeito da aplicação do silício em todos os tratamentos.

O efeito isolado da BRS Cedro, algodoeiro de fibra branca, na diminuição da produção de ovos/fêmea pode ser devido a dieta alimentar apresentar problemas nutricionais ou substâncias tóxicas que podem afetar a postura dos ovos (Moreno et al. 2008).

Pelos resultados obtidos pode-se concluir que a aplicação de silício afetou a biologia de S. frugiperda causando aumento da mortalidade larval em plantas de algodoeiro de fibra branca (BRS Cedro), e essa se mostrou também mais resistente a S. frugiperda em relação à BRS Verde.

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Tabela 2. Viabilidade (VP), peso de pupa (PP) e razão sexual (média ± EP) de S. frugiperda em cultivares de algodoeiro tratadas ou não com silício.

Tratamento VP (%) PP (mg)* RS(♀/♂)

Cedro 74,5 ± 8,04 116,3 ±3,93 b 0,6 ± 0,0

Cedro + Silício 75,8 ± 7,57 123,0 ± 2,58 b 0,5 ± 0,0

Verde 79,7 ± 5,28 147,9 ± 3,62 a 0,6 ± 0,0

Verde + Silício 71,8 ± 5,69 159,1± 4,33 a 0,5 ± 0,0

CV(%) 28,30 11,51 -

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si estatisticamente pelo teste Tukey (p≤0,05).

Tabela 3. Longevidade de machos (LM), de fêmeas (LF) e número de ovos por fêmea (NOF) (média ± EP) de adultos de S. frugiperda oriundos de lagartas alimentadas com folhas de cultivares de algodoeiro tratadas ou não com silício.

Tratamento LM (dias) LF (dias) NOF*

Cedro 10,5 ± 0,56 10,0 ± 0,73 250,0 ± 81,70 b

Cedro + Silício 9,3 ± 1,08 9,0 ± 1,29 271,1 ± 85,96 b

Verde 12,0 ± 1,06 11,0 ± 0,73 637,0 ± 151,01 a

Verde+Silício 11,1± 1,47 10,6± 1,17 788,3 ± 178,09 a

CV(%) 24,93 24,43 61,70

*Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna, não diferem entre si estatisticamente pelo teste Tukey (p≤0,05).

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Recebido em: 19/06/2013Aceito em: 21/01/2014

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Como citar este artigo:

Silva, A.A., R. Alvarenga, J.C. Moraes & E. Alcantra, 2014. Biologia de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Algodoeiro de Fibra Colorida Tratado com Silício. EntomoBrasilis, 7 (1): 65-68. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.365

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Registro de Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) en Eucalyptus sp.

(Myrtaceae) en Sorriso, Mato Grosso y su Depredación por Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) (Hemiptera:

Reduviidae: Harpactorinae)Marliton Rocha Barreto & Pastor Amador Mojena

Universidade Federal de Mato Grosso, e-mail: [email protected] (Autor para correspondência), [email protected]. _____________________________________

EntomoBrasilis 7 (1): 69-71 (2014)

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Resumen. Los lepidópteros más importantes para el cultivo de los eucaliptos son los defoliadores y en Brasil, algunas especies se encuentran desde el estado de Amazona hasta Rio Grande del Sur. Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidóptera: Geometridae) se cita como el lepidóptero defoliador más importante en Brasil y algunas especies depredadoras de la familia Reduviidae están asociados con diversos cultivos forestales. En este estudio se registra la ocurrencia de Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) depredando a T. arnobia en plantaciones de eucaliptus en la ciudad de Sorriso, estado de Mato Grosso, Brasil.

Palabras claves: Control biológico; Heteroptera; Eucalyptus.

Registration of Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) in Eucalyptus sp. (Myrtaceae) in Sorriso, Mato Grosso and its Predation by Zelus armillatus (Lepeletier & Serville)

(Hemiptera: Reduviidae: Harpactorinae)

Abstract. The most important lepidopterans for eucalyptus crop are called defoliators. In Brazil, some species occur from the Amazônia to Rio Grande do Sul State and Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) is cited as the most important lepidopteran defoliator in Brazil and some predatory species of the family Reduviidae are associated with various forest crops. Thus, this study recorded the ocorrence of Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) preying T. arnobia in eucaliptus crop in Sorriso city, Mato Grosso state, Brazil.

Keywords: Biological Control; Heteroptera; Eucalyptus.

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l establecimiento de plantaciones forestales de forma extensiva está asociado a una pobreza de biodiversidad, y esa falta de competición favorece el surgimiento y

proliferación de insectos fitófagos y enfermedades (Pereira 2007). Segundo ese autor, el establecimiento de grandes macizos forestales de Eucalyptus spp. (Myrtaceae) no escapa a esta situación, permitiendo una adaptación ventajosa de insectos, debido a la disponibilidad de alimento en cantidad y calidad, y para este cultivo se señalan como insectos de importancia económica las hormigas cortaderas y la larva parda Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae.

Los lepidópteros de mayor importancia para las plantaciones de Eucalyptus spp. son aquellos denominados defoliadores (Pereira 2007). En Brasil algunas especies ocurren desde la Amazona hasta Rio Grande del Sur, como es el caso de Eacles imperialis magnifica (Walker) (Lepidoptera: Saturniidae) (BarBoSa et al. 2010). Las larvas de este lepidóptero que atacan al género Eucalyptus en Brasil son todas nativas, polífagas y normalmente utilizan plantas de la familia Myrtaceae como hospederos y la especie T. arnobia arnobia es citada como el lepidóptero defoliador más importante para Brasil (BarBoSa et al. 2010), causando daños en áreas superiores a 445.000 hectáreas de eucaliptus (Pereira 2007).

La familia Reduviidae es considerada la mayor entre los

heterópteros depredadores terrestres y que ya han sido considerados de gran importancia económica, por ser agentes controladores de plagas agrícolas (Bueno & Berti FiLho 1991), su utilización como potencial agente de control biológico es reducido en función de ser polífagos (aMBroSe 2000).

Especies predadoras de la familia Reduviidae están asociadas a varias culturas de importancia agrícola (azevedo & naSCiMento 2009), como soja y maíz, como ejemplo de su utilización en el control biológico de larvas de lepidópteros en Eucalyptus spp. (zanunCio 1993). Este trabajo tiene por objetivo relatar la ocurrencia de T. arnobia arnobia en plantaciones de eucalipto en el municipio de Sorriso, Mato Grosso, Brasil y su depredación por Zelus armillatus (Lepeletier & Serville) (Hemiptera: Reduviidae: Harpactorinae).

El estudio fue realizado en tres plantaciones de eucaliptos clonados (25 ha), perteneciente a la hacienda Buriti (12º06’12” S 55º53’02” W), situada en el municipio de Sorriso, Mato Grosso, siendo estos H13 (Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden × Eucalyptus urophylla S. T. Blake) 12-77 (conocido como Gramcam, cruzamiento entre E. grandis × Eucalyptus camaldulensis Dehnd.) y 10-04 producido por la International Paper [Eucalyptus urograndis (E. grandis × E. urophylla) × E. grandis], plantados a un marco de plantación de 3,5 m por 2 m en diciembre del 2011. En los muestreos realizados en el mes

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70Registro de Thyrinteina arnobia arnobia (Stoll) (Lepidoptera:… Barreto & Mojena

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de abril y mayo del 2012 se detectaron larvas alimentándose de las hojas de todas las variedades plantadas y la presencia del depredador. Las larvas fueron colectadas directamente de los árboles, colocadas en sacos de papel y llevadas para el laboratorio de Entomología del Instituto de Ciencias Naturales, Humanas y Sociales (ICNHS), este perteneciente a la Universidad Federal de Mato Grosso en Sinop, Mato Grosso, Brasil.

Posteriormente el insecto fitófago se clasificó como la especie T. arnobia arnobia, (Figura 1A) y el depredador fue clasificado como Z. armillatus. (Figura 1B). Se observó que la oruga estaba presente en arboles de los 03 clones, lo que afirma el carácter polífago de la plaga.

La especie T. arnobia arnobia ocurre desde la América Central hasta Argentina (ChiareLLi 1943). Esta especie presenta una amplia distribución, ocurriendo en la América del Sur en los países de Argentina, Bolivia, Brasil, Colombia, Guyana Francesa, Paraguay, Perú, Surinam, Uruguay y Venezuela. En la América Central, en los países de Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicaragua, Panamá y Trinidad. En América do Norte, desde México hasta el sur de California (rindge 1961).

En Brasil T. arnobia arnobia fue encontrada asociada a eucalipto en los estados de Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso del Sur, Minas Gerais, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro y Rio Grande del Sur y en Brasilia Distrito Federal (anJoS et al. 1986; tarrago & CoSta 1990). Las especies de eucaliptus atacadas por este insecto son

Eucalyptus alba Reinw, E. botryoides Smith, E. camaldulensis Dehn, E. citriodora Hook, E. cloeziana F. Muell, E. dunnii Maiden, E. globulus Labill, E. grandis Hill, E. maculata Hook, E. pellita F. Muell, E. pilularis Smith, E. pyrocarpa L.A.S.Johnson & Blaxell, E. robusta Smith, E. saligna Smith, E. tereticornis Smith, E. torelliana F. Muell e E. urophylla S.T. Blake (Berti FiLho 1981; oLiveira et al. 1984; anJoS et al. 1987; Berti FiLho et al. 1991; PereS FiLho et al. 1992 y wiLCken 1996).

Algunos Zelineos tienen importancia económica, por atacar especies de insectos fitófagos de plantas cultivadas y dentro de ellos la especie más frecuentemente encontrada, Zelus (Diplocodus) armillatus (Lepeletier & Serville) (Hemiptera: Reduviidae: Harpactorinae) como depredador (Costa Lima 1940). En áreas protegidas en Argentina relatan que este depredador (Z. armillatus) está distribuido en la región de Corrientes y Misiones, y en los países de Bolivia y Brasil (meLo et al. 2004). Z. armillatus fue encontrado en copaífera (Copaifera officinalis L.), en la región de Montes Claros, Minas Gerais (aLMeida et al. 2006) y depredando insectos en plantaciones de algodón (Gossypium hirsutum L.) en Mato Grosso, Brasil (SiLvie 2003).

La presencia de T. arnobia arnobia induce realizar muestreos de ocurrencia y del estudio de la fluctuación poblacional para establecer las épocas de mayor pico. De este modo se tendrá una herramienta para establecer las medidas de control en el momento adecuado, así mismo se debe de estudiar la posibilidad de utilizar Z. armillatus como controlador biológico da plaga.

AGRADECIMIENTOS

Los autores agradecen a MSc. Hélcio Reinaldo Gil Santana (Instituto Oswaldo Cruz) y Dr. Norivaldo dos Anjos (Universidad Federal de Viçosa) por la identificación del Z. armillatus y T. arnobia arnobia, respectivamente. Esta es la publicación número 35 de la Serie Técnica del Núcleo de Estudios de la Biodiversidad de la Amazonia Meridional – NEBAM.

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Recebido em: 17/07/2013Aceito em: 29/09/2013

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Ataque e Caracterização de Danos de Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) em Brachiaria

decumbens Stapf e Panicum maximum Jacq.Silma da Silva Camilo¹, Márcia Vitória Santos¹, Marcus Alvarenga Soares¹ & Evaldo Martins Pires²

1. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e-mail: [email protected], [email protected], [email protected] (Autor para correspondência). 2. Universidade Federal de Mato Grosso (Campus Sinop-MT), e-mail: [email protected].

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Resumo. As pastagens cultivadas constituem a base da bovinocultura no Brasil sendo que, os gêneros Brachiaria e Panicum ocupam lugar de destaque. Brachiaria decumbens Stapf possui vantagens como grande adaptabilidade a solos ácidos e de baixa fertilidade, ao clima tropical, além de proporcionar alto rendimento de massa seca. Panicum maximum Jacq. é importante devido ao alto potencial de produção de massa seca por unidade de área, adaptabilidade, qualidade de forragem, facilidade de estabelecimento e aceitabilidade pelos animais. Foi observado o ataque do pulgão Brevicoryne brassicae (L.), comumente encontrado em hortaliças, principalmente nas do gênero Brassica, nestas gramíneas, causando danos como amarelecimento de folhas, depauperamento e formação de fumagina em plantas cultivadas em casa de vegetação. Este inseto poderá se tornar uma praga potencial de B. decumbens cv. Basilisk e P. maximum cv. Tanzânia se for confirmada sua adaptação aos novos hospedeiros em campo.

Palavras-chave: Adaptação; Afídeo; Forrageiras.

Attack and Damage Characterization of Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) in Brachiaria decumbens Stapf and Panicum maximum Jacq.

Abstract. The cultivated pastures are the basis of cattle rearing in Brazil and the Brachiaria and Panicum genera are most important. Brachiaria decumbens Stapf has great advantages such as adaptability to acid soils of low fertility, to the tropical climate and to providing high yield of dry matter. Panicum maximum Jacq. is important because of the high potential production of dry mass per unit area, adaptability, forage quality, ease of establishment and acceptability by animals. It was reported the attack and damage of the aphid Brevicoryne brassicae (L.), commonly found in vegetables, especially in the genus Brassica, in these grasses causing damage such as leaf yellowing, plant depletion and formation of sooty mold in the greenhouse. This insect can become a potential pest of B. decumbens cv. Basilisk and P. maximum cv. Tanzânia, if confirmed their adaptation to new hosts in the field.

Keywords: Adaptation; Aphid; Forage.

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Brasil apresenta cerca de 172 milhões de hectares de pastagens, que correspondem a quase 22% de seu território (MartuSCeLLo et al. 2012). Aproximadamente

90% dos nutrientes consumidos pelos ruminantes são originados a partir de plantas forrageiras (euCLideS et al. 2010). A criação animal em pasto contribuiu para o sucesso atingido no setor de bovinocultura, pois originou um diferencial qualitativo para a carne brasileira no mercado internacional (aLMeida et al. 2011). A predominância de sistemas de produção baseados na utilização dos pastos ocorre, principalmente, devido ao menor custo de produção nestas condições, com menores gastos em mão de obra, combustível, máquinas e com operações envolvidas na alimentação do gado (SantoS et al. 2013).

Brachiaria é um gênero de gramíneas forrageiras de origem africana que tem ganhado importância considerável em regiões tropicais de todo o mundo (arroyave et al. 2011). No Brasil, capins deste gênero são os mais cultivados, pois possuem vantagens como grande adaptabilidade a solos ácidos e de baixa fertilidade, ao clima tropical, além de proporcionar alto rendimento de massa seca (da SiLva et al. 2012). Uma destas espécies, a Brachiaria decumbens Stapf (Poaceae) foi introduzida no país na década de 70, coincidindo com a abertura da região de Cerrado (Boddey et al. 2004). Geralmente, a B. decumbens tem sido conduzida,

predominantemente, sob pastejo contínuo, que é um método de maior facilidade operacional (SantoS et al. 2013).

O gênero Panicum é amplo, incluindo algumas espécies economicamente importantes, tais como Panicum maximum Jacq. (Poaceae) (PeSSiM et al. 2010). Esta gramínea também é proveniente da África, sendo que as primeiras sementes chegaram ao Brasil em camas de palha nos navios negreiros (Boddey et al. 2004). O P. maximum é importante devido ao alto potencial de produção de massa seca por unidade de área, adaptabilidade, qualidade de forragem, facilidade de estabelecimento e aceitabilidade pelos animais (toMaz et al. 2010; goMeS et al. 2011).

As plantas forrageiras são cultivadas em extensas áreas na forma de monocultivos no Brasil. Este sistema de cultivo tem como principal característica a redução da biodiversidade do agroecossistema, o que pode favorecer o surgimento de pragas e doenças. Existem vários registros de problemas causados pela monocultura de espécies forrageiras, entre estes a incidência de cigarrinhas das pastagens em B. decumbens, de fungos foliares em P. maximum cv. Tanzânia e da morte súbita em Brachiaria

Agências de Financiamento: CNPq, CAPES e FAPEMIG

doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.388

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e-ISSN 1983-0572

brizantha (Hochst. ex A. Rich.) Stapf. cv. Marandu, o que contribui para a degradação destas pastagens (MartuSCeLLo et al. 2012).

Este trabalho foi proposto com o objetivo de relatar a infestação do pulgão B. brassicae em B. decumbens cv. Basilisk e P. maximum cv. Tanzânia e caracterizar seus danos nestas espécies vegetais.

A infestação foi detectada em plantas cultivadas em casa de vegetação no setor de Forragicultura do Campus Juscelino Kubitscheck da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em Diamantina (MG), Brasil. O Campus está localizado entre as coordenadas: Latitude 18º 15’ Sul, Longitude 43º 36’ Oeste e altitude média de 1394 m. O tipo climático da região, de acordo com a classificação de Köepen, é o Cwa (Clima subtropical úmido).

Em junho de 2013 foi observado o ataque intenso de um pulgão em plantas de B. decumbens cv. Basilisk e P. maximum cv. Tanzânia cultivadas em vasos de polietileno (5 L) (Figuras 1A, B). Alguns insetos foram coletados das plantas, acondicionados em tubos de vidro contendo álcool etílico 70% e levados para o laboratório de Entomologia Agrícola da UFVJM. Estes pulgões foram observados em microscópio óptico, com aumento de quatro vezes e identificados como Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae).

As gramíneas foram atacadas pelo pulgão logo após a poda, quando estavam na fase de rebrotação. Os perfilhos mais novos foram os que apresentaram maior infestação do inseto. Os danos observados foram o amarelecimento de folhas, depauperamento de plantas e formação de fumagina.

O pulgão B. brassicae é nativo do continente europeu, mas é comumente encontrado na Ásia, Austrália e Américas (ahMad & akhtar 2013). Este inseto é praga do gênero Brassica (Brassicaceae), que inclui couve, couve-flor, repolho, nabo, brócolis e couve de Bruxelas (Leite et al. 2011; ahMad & akhtar 2013; MeLo et al. 2013) e de batata-doce (Convolvulaceae) (CaStro et al. 2013).

A praga alojava-se em aglomerados e alimentava-se, principalmente, na parte abaxial das laminas foliares mais jovens. Em condições desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas, os danos provocados pela alimentação de grande número de pulgões podem ocasionar a morte de plântulas (ahMad & akhtar

2013). A sucção contínua de seiva provoca clorose e enrugamento foliar, além de introduzir toxinas no sistema vascular da planta. Produzem excremento açucarado que provoca o crescimento de fungos conhecidos como fumagina na superfície das folhas, reduzindo a área fotossintética (Leite et al. 2011).

Pulgões caracterizam-se por apresentar reprodução assexuada e sexuada. O tempo de desenvolvimento curto pode resultar em 15 a 20 gerações por ano, dependendo das condições climáticas (yuSuF & CoLLinS 1997). Assim, esses insetos atingem, facilmente, altas densidades, o que compromete a qualidade e produtividade das culturas que atacam (girouSSe et al. 2003; ahMad & aSLaM 2005). Seu corpo possui coloração verde acinzentada e apresenta produção de cera branca (ahMad & akhtar 2013), sendo que, quando adulto a secreção desta substância é tão abundante que cobre totalmente o tegumento (Pereira & LoMônaCo 2001).

O pulgão B. brassicae se apresentou como uma praga potencial em B. decumbens cv. Basilisk e P. maximum cv. Tanzânia, em plantas cultivadas em vasos, em Diamantina - MG, podendo causar danos severos e depauperamento de plantas, especialmente na fase de rebrotação, quando as plantas estão se recuperando após corte ou pastejo por animais. Quando um inseto se adapta em uma nova planta hospedeira, implica-se na aceitação da mesma pelo indivíduo, que pode tornar-se capaz de metabolizar substâncias e nutrientes em concentrações diferentes daquelas de costume (toSh et al. 2003). Neste caso, a presença de pastagens em grandes áreas de monoculturas no estado de Minas Gerais e no Brasil podem potencializar o ataque destes herbívoros, como já observado para outras culturas (PireS et al. 2011; MenezeS et al. 2012; Souza et al. 2012).

Este é o primeiro registro do ataque de B. brassicae em B. decumbens cv. Basilisk e P. maximum cv. Tanzânia, em casa de vegetação. Devido às grandes áreas de pastagens em monocultivo com essas espécies forrageiras no país, o B. brassicae pode se tornar uma praga de grande importância à pecuária brasileira. Todavia, mais estudos são necessários, incluindo trabalhos de campo, objetivando avaliar a relação entre B. brassicae e seus novos hospedeiros. Assim, se for confirmada como uma praga em potencial em pastagens, a mesma deve ser monitorada e manejada a partir de práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), buscando prevenir e, ou, minimizar os danos econômicos nessas culturas.

Figura 1. Infestação de Brevicoryne brassicae (Hemiptera: Aphididae) em Brachiaria decumbens (A) e Panicum maximum (B). Diamantina, Minas Gerais, Brasil, 2013. Fotos: Marcus Alvarenga Soares.

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AGRADECIMENTOS

Às agências brasileiras Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pelas bolsas e auxílios concedidos.

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Recebido em: 10/09/2013Aceito em: 21/01/2014

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Como citar este artigo:

Camilo, S.S., M.V. Santos, M.A. Soares & E.M. Pires, 2014. Ataque e Caracterização de Danos de Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) em Brachiaria decumbens Stapf. e Panicum maximum Jacq.. EntomoBrasilis, 7 (1): 72-74. Acessível em: doi:10.12741/ebrasilis.v7i1.388