entendendo o hino da independência do brasil
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Entendendo o Hino da
Independência
EM “Dr Jair Mendes de Barros” – Semana Cívica 2014
Professora Elisa Rodrigues
História
Se a arte imita a vida, podemos notar que a história do Hino da
Independência foi tão marcada de improviso como a ocasião em que o
príncipe regente oficializou o fim dos vínculos que ligavam Brasil a Portugal.
No começo do século XIX, o artista, político e livreiro Evaristo da Veiga
escreveu os versos de um poema que intitulou como “Hino Constitucional
Brasiliense”. Em pouco tempo, os versos ganharam destaque na corte e foram
musicados pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830).
História
Aluno do maestro, Dom Pedro I já manifestava um grande entusiasmo pelo
ramo da música e, após a proclamação da independência, decidiu compor
uma nova melodia para a letra musicada por Marcos Antônio. Por meio dessa
modificação, tínhamos a oficialização do Hino da Independência. O feito do
governante acabou ganhando tanto destaque que, durante alguns anos, Dom
Pedro I foi dado como autor exclusivo da letra e da música do hino.
História
Abdicando do governo imperial em 1831, observamos que o “Hino da
Independência” acabou perdendo prestígio na condição de símbolo nacional.
Afinal de contas, vale lembrar que o governo de Dom Pedro I havia sido
marcado por diversos problemas que diminuíram o seu prestígio como
imperador. De fato, o “Hino da Independência” ficou mais de um século
parado no tempo, não sendo executado em solenidades oficiais ou qualquer
outro tipo de acontecimento oficial.
História
No ano de 1922, data que marcava a comemoração do centenário da
independência, o hino foi novamente executado com a melodia criada pelo
maestro Marcos Antônio. Somente na década de 1930, graças à ação do
ministro Gustavo Capanema, que o Hino da Independência foi finalmente
regulamentado em sua forma e autoria. Contando com a ajuda do maestro
Heitor Villa-Lobos, a melodia composta por D. Pedro I foi dada como a única a
ser utilizada na execução do referido hino.
O Hino verso a verso
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Evaristo da Veiga se dirige aos (filhos da Pátria) brasileiros. Agora a Pátria está contente, pois a liberdade (rompimento com a nação portuguesa) faz parte de nossa realidade. Chama a Pátria de “mãe gentil”, à semelhança de Osório Duque Estrada, no Hino Nacional.
Há nestes primeiros versos um hipérbato, assim, vejamos a ordem direta:
Filhos da Pátria, (vós) já podeis ver a mãe gentil contente; a liberdade já raiou no horizonte do Brasil.
Nos dois últimos versos, compara o sentimento de liberdade com o nascer do sol, ou seja, constrói uma metáfora.
Hipérbato: inversão da ordem direta dos termos da oração.
Metáfora: comparação poética, em que se usa uma palavra em sentido figurado, por semelhança real ou imaginária. Ex.: Na noiteda minha vida (para indicar dificuldades).
O Hino verso a verso
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil:
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Este trecho é o estribilho, que é
repetido depois de cada estrofe do hino.
O termo brava aqui tem o sentido de
corajosa, valente.
Temor servil significa o medo que as
pessoas subservientes, aquelas que
servem a alguém, sentem. Este temor
agora (com a declaração da
Independência) está distante.
Não podemos mais, diz Evaristo da
Veiga, estar sob o domínio português;
portanto, corajosos brasileiros, que
desapareça o medo existente naqueles
que são dominados, visto que a partir de
agora somos livres e, para mantermos
esta liberdade, nós estamos dispostos a
morrer.
O Hino verso a verso
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Grilhões são algemas, correntes que prendem, prisão.
Forjar é inventar, falsificar.
Perfídia significa deslealdade, traição.
Astuto ardil é cilada astuta, armadilha de caráter matreiro, enganador. Aqui encontramos uma redundância com fins expressivos. Chama-se pleonasmo. Como se dissesse cilada enganadora, ardilosa, quando por si só o termo “cilada” já significa engano, armadilha, que para dar certo deve ser bem construída. São as riquezas da poesia!
Compreendendo melhor:
As algemas que nos faziam prisioneiros (eram) hábil cilada da deslealdade, da traição. Vejamos na ordem direta:
Os grilhões que (o) ardil astuto da perfídia nos forjava...
O Hino verso a verso
Houve mão mais poderosa;
Zombou deles o Brasil!
Zombar é debochar, desdenhar.
Sendo assim, diante do astuto ardil da
perfídia, o Brasil, pelas mãos de D.
Pedro I, desdenhou, debochou desta
cilada armada pela traição e tratou de
declarar a Independência.
O Hino verso a verso
Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil:
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.
Ímpia significa cruel, desumana.
Falanges são legiões, grupos
marginais, entre outras definições.
Hostil significa inimiga, agressiva.
O autor usa a segunda pessoa do plural
e incita os brasileiros a não terem
medo de grupos desumanos, pois os
corações e a coragem deste povo
defenderão o Brasil, sendo assim,
qualquer movimento contrário à
independência do País será
neutralizado por nosso amor à Pátria.
Outra metáfora é construída quando
compara “vossos peitos, vossos
braços” a “muralhas”.
O Hino verso a verso
Parabéns, ó brasileiros!
Já, com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Garbo denota elegância, porte.
O autor felicita os brasileiros. A jovem
nação brasileira já está caminhando
como país independente, da mesma
forma que as outras nações.
Observem como ficariam os versos na
ordem direta:
Ó brasileiros, parabéns! Com garbo
juvenil, a (nação) do Brasil já
resplandece do universo entre as
nações.