entendendo as neuroses

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  • 7/30/2019 Entendendo as Neuroses

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    Entendendo as Neuroses

    Includo em 28/01/2005

    muito difcil explicar ou discorrer didaticamente sobre neuroses, j que se necessita,

    antes, da perfeita formulao do conceito sobre o que a nedurose. Para comeo, bom

    falarmos em Transtornos Neurticos, denominao mais corrente e, mais

    conceitualmente, Reao Neurtica. Reao Neurtica mais didtico. Primeiramente

    vamos entender que qualquer que seja um fato ou acontecimento introduzido em nossa

    conscincia, receber sempre uma maquiagem pessoal oferecida por nossa afetividade,dando ele um significado muito pessoal. Portanto, os fatos de nossa vida, sejam

    presentes, passados ou perspectivas futuras, sero sempre coloridos pela afetividade

    (veja Afetividade no menu da esquerda).

    Para entender a Reao Neurtica devemos, ento, entender a Reao (vivencial)

    Normal. Os fatos e acontecimentos apreendidos por nossa conscincia e coloridos por

    nossa Afetividade sero chamados de Vivncias, portanto, essas Vivncias tero sempre

    carter individual e particular em cada um de ns, de acordo com as particularidades de

    nossos traos afetivos. Os fatos podem ser os mesmos para vrias pessoas, as Vivncias

    desses fatos, porm, sero sempre diferentes.

    Tais Vivncias so sempre capazes de determinar uma resposta emocional na pessoa

    sob a forma de sentimento e aos sentimentos produzidos pelas vivncias podemos

    chamar de Reaes Vivenciais, tal como chamaramos de reao alrgica as

    manifestaes determinadas pela imunidade diante de um objeto alrgeno. Para que umaReao Vivencial possa ser considerada normal, Jaspers recomenda ter 3 elementos

    1- uma relao causal;

    2- uma relao proporcional;

    3- uma relao temporal.

    Devido complexidade do ser humano, nem sempre uma ao determina uma reao

    previsvel e pr-estabelecida. Cada pessoa pode manifestar uma sensibilidade bastante

    individual aos fatos vividos, portanto a valorizao de sua vida ser sempre concordante

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    com sua sensibilidade afetiva. Como a afetividade um atributo da personalidade, ento

    os fatos e seus valores dependero sempre da personalidade de cada um, mais que dos

    fatos em si.

    Para compreendermos bem nossas reaes, bem como as reaes de nossos semelhantes

    diante da vida e dos fatos vividos, indispensvel termos a idia segundo a qual cada

    um reage exclusivamente sua maneira diante da realidade dos fatos.

    No estudo das neuroses esse aspecto individual de reagir realidade chama-se Reaes

    Vivenciais, estudadas juntamente com a Afetividade em PsiqWeb.

    A - Reao Neurtica Aguda

    Fosse permitido construir uma analogia didtica para compreender a Reao Neurtica

    Aguda e diferenci-la da Personalidade Neurtica citaria, por exemplo, o caso da

    alergia. H indivduos que, em contacto com um determinado alrgeno, como por

    exemplo o mofo, reagem alergicamente espirrando, com coriza e lacrimejando. Depois

    de algum tempo e distante do alrgeno, tudo volta ao normal. Isto o que acontece com

    quase todas as pessoas mas, por outro lado, h indivduos que vivem cronicamente com

    alergia e de maneira inespecfica. Esto sempre com coriza, espirrando ou lacrimejando,

    nas mais variadas situaes e diante dos mais insuspeitados alrgenos. No primeiro caso

    temos um exemplo da Reao Aguda e no segundo de uma configurao da

    Personalidade.

    No primeiro caso da analogia descrita acima, podemos dizer que o indivduo teve uma

    alergia e, no segundo, que ele alrgico. Pois bem. Tendo em vista a conceituao

    tradicional de Neurose, como vimos atrs, a qual fala em doenas da personalidade

    como um estado permanente e duradouro, ser fcil deduzir que apenas a PersonalidadeNeurtica representa, realmente, aquilo que queremos dizer como Neurose. J a

    denominao de Reao Neurtica Aguda poderia ser entendida como, digamos, um

    tropeo emocional na vida do indivduo.

    De fato, tanto o DSM-IV quanto a CID-10 no utilizam o termo Neurtico com a

    mesma assiduidade que seus antecessores DSM-III e CID-9. O DSM-IV refere-se s

    nossas Reaes Neurticas Agudas como TRANSTORNOS DE AJUSTAMENTO, a

    CID-10 classifica o mesmo estado como REAO ESTRESSE e TRANSTORNO

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    DE AJUSTAMENTO. Kaplan, baseando-se no DSM-IV fala em TRANSTORNOS de

    ADAPTAO.

    Insistimos na denominao de Reaes Neurticas Agudas devido, apenas,

    similaridade sintomtica e etiolgica com as neuroses em geral, assim como em

    benefcio da compreenso sobre o psicofisiologismo das reaes emocionais s

    vivncias. Entretanto, deve ficar claro que o neurtico, propriamente dito, aquele

    portador da Personalidade Neurtica.

    Existem trs situaes clnicas englobadas pelo quadro de Reao a Estresse Grave e

    Transtorno de Ajustamento segundo a CID-10:

    Reao Aguda a Estresse (F43.0);Transtorno de Estresse Ps-Traumtico (F43.1); e

    Transtornos de Ajustamento (F43.2).

    Na REAO AGUDA A ESTRESSE os sintomas emocionais aparecem dentro de

    minutos ou horas aps a vivncia causadora e desaparecem, tambm, em questo de

    alguns dias ou mesmo horas. H como uma espcie de atordoamento, diminuio da

    ateno, incapacidade para integrar todos os estmulos e at um estado de desorientao.

    Para que se caracterize uma Reao Aguda ao Estresse, indispensvel haver uma

    conexo temporal entre os sintomas emocionais e o impacto do estressor psicossocial.

    Nesta espcie de choque psquico pode haver, concomitante ao atordoamento e

    desorientao, um quadro de depresso, angstia, ansiedade, raiva e desespero.

    Quanto ao TRANSTORNO DE ESTRESSE PS-TRAUMTICO, a resposta mais

    tardia ou protrada a um evento ou situao estressante. Poder ser de longa ou curta

    durao. H, aqui, um certo embotamento emocional, afastamento social, sonhosfreqentes com a situao causadora, diminuio do interesse para com o ambiente,

    diminuio do prazer ou sua abolio total (anedonia) e evitao de situaes

    recordativas do trauma. Com freqncia h tambm uma hiperexitao, hipervigilncia

    e insnia, ansiedade e depresso. Como complicao podemos encontrar, nestes casos,

    um abuso excessivo de bebidas alcolicas.

    Para o diagnstico do Transtorno de Estresse ps-Traumtico h necessidade de que o

    quadro tenha surgido dentro de at 6 meses aps um evento traumtico de excepcional

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    gravidade. O curso deste transtorno flutuante, porm, seu prognstico costuma ser

    favorvel para a grande maioria dos casos.

    O TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO cogitado quando existe uma angstia ou

    perturbao emocional interferindo com o funcionamento e desempenho sociais, a qual

    tenha surgido como conseqncia aos esforos adaptativos a uma mudana significativa

    na vida da pessoa. A caracterstica essencial de um Transtorno de Ajustamento o

    desenvolvimento de um quadro psico-emocional significativo em resposta a um ou mais

    estressores psicossociais identificveis. No Transtorno de Ajustamento os sintomas

    desenvolvem-se, normalmente, dentro de um perodo de 3 meses aps o incio do

    estressor ou estressores.

    A Reao Vivencial no Transtorno de Ajustamento caracterizada por um acentuado

    sofrimento, o qual excede o que seria estatisticamente esperado pela natureza do

    estressor e resulta em prejuzo significativo no funcionamento social ou profissional. Os

    sintomas principais so: humor deprimido, ansiedade, preocupao, sentimentos de

    incapacidade em adaptar-se, sensao de perspectivas sombrias do futuro, dificuldade

    no desempenho da rotina diria. Em crianas podemos observar comportamentos

    regressivos.

    Os sintomas podem persistir por um perodo de at mais de 6 meses, principalmente se

    so em resposta a um estressor crnico, como por exemplo, uma doena crnica ou a

    um estressor breve mas de conseqncias prolongadas, como por exemplo as

    dificuldades sociais, financeiras, separaes conjugais, etc.

    O estressor pode ainda ser um evento isolado (por ex., fim de um relacionamento

    romntico) ou pode haver mltiplos estressores (por ex., dificuldades acentuadas nosnegcios e problemas conjugais). Os estressores podem ser recorrentes (por ex.,

    associados com crises profissionais cclicas) ou contnuos (por ex., viver em uma rea

    de alta criminalidade). Os estressores podem afetar um nico indivduo, toda uma

    famlia, um grupo maior ou uma comunidade (por ex., em um desastre natural). Alguns

    estressores podem acompanhar eventos evolutivos especficos (por ex., ingresso na

    escola, deixar a casa paterna, casar-se, tornar-se pai/me, fracasso em atingir objetivos

    profissionais, aposentadoria).

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    A resposta no Transtorno de Ajustamento mal adaptativa porque existe um prejuzo no

    funcionamento social e ocupacional, ou porque os sintomas e comportamentos excedem

    a resposta normal esperada para tal estressor. So to comuns estes Transtornos de

    Adaptao que Kaplan refere uma incidncia de 5% em todas admisses hospitalares

    estudadas num perodo de trs anos.

    A organizao da Personalidade e os valores culturais do grupo contribuem para estas

    respostas desproporcionais, assim como tambm podem advir de uma somatria de

    pequenos estressores menos importantes. Como exemplo disso citamos um

    relacionamento familiar conflitivo, o qual, depois de algum tempo, poder comprometer

    progressivamente o limiar de tolerncia da pessoa tornando-a mais vulnervel s

    solicitaes existenciais, ou seja, reagindo neuroticamente s vivncias.

    Finalizando esta questo das Reaes Neurticas, bom saber que sua fisiopatologia

    segue os conceitos daquilo que vimos em Reaes Vivenciais Anormais e que a

    classificaes propostas, tanto pelo DSM-IV quanto pela CID-10, podem parecer-nos

    um pouco pedantes.

    Se na REAO AGUDA A ESTRESSE os sintomas emocionais aparecem dentro de

    minutos ou horas aps a vivncia causadora e desaparecem, tambm, em questo de

    alguns dias, se no TRANSTORNO DE ESTRESSE PS-TRAUMTICO a resposta mais tardia e o quadro tenha surgido dentro de at 6 meses aps um evento traumtico

    ou se no TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO tudo acontece dentro de um perodo de

    3 meses aps o incio do estressor, isso tudo s ter valor prtico quanto durao do

    tratamento. Na realidade, o fenmeno psicopatolgico pode muito bem ser o mesmo em

    todas essas situaes.

    B - Personalidade Neurtica

    O entendimento da Personalidade Neurtica ou, conforme termo de Henri Ey, do

    Carter Neurtico, implica antes no entendimento global do que foi dito at agora sobre

    a Personalidade; das Disposies Pessoais, do arranjo peculiar dos Traos no interior do

    eu, da modelagem afetiva no desenvolvimento da Personalidade, da histria biolgica e

    existencial do indivduo e das exigncias adaptativas que a vida solicita.

    O indivduo, aqui e agora, do jeito em que ele se encontra e com esta determinada

    disposio para com a sua vida, s pode ser compreendido como uma resultnciadaquilo que ele trouxe para a vida, atravs de sua natureza constitucional, com aquilo

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    que a vida trouxe para ele, atravs de seu destino existencial. Entender a Personalidade

    Neurtica implica, antes, no entendimento da Personalidade como um todo, normal ou

    alterada, apta a responder harmonicamente vida ou claudicar por dificuldades

    imanentes ao seu modo de ser.

    Podemos dizer que o indivduo possui uma Personalidade Neurtica quando ele reage

    neuroticamente diante dos eventos de uma forma habitual e isto passa a caracterizar sua

    maneira de existir. Podemos dizer ainda que neurtico quando sucumbe cronicamente

    diante de seus conflitos, sucumbe no apenas aos conflitos atuais mas, tambm e

    sobretudo, aos conflitos remanescentes do passado. Podemos ainda arriscar a considerar

    neurtico quando suas pulses inconscientes dominam suas atitudes conscientes,

    quando constatamos uma falha crnica em seus mecanismos de defesa, enfim, quandosua adaptao emocional vida constantemente problemtica.

    Sempre que as Reaes Vivenciais Anormais ou os Distrbios Adaptativos, ou ainda e

    tambm sinnimo, as Reaes de Ajustamento no so acontecimentos fortuitos e

    ocasionais, mas constituem uma maneira perene e constante de relacionar-se com a

    realidade, estamos diante de uma Personalidade Neurtica.

    tnue e as vezes impossvel, clinicamente, uma delimitao precisa entre aquilo que

    estudamos como Transtornos da Personalidade e a Personalidade Neurtica. Tanto

    assim, que o tema abordado separadamente na atual CID-10 mas era indistintamente

    tratado no DSM-III-R. A grosso modo poderamos dizer, se de fato for imprescindvel

    uma distino, que o Transtorno da Personalidade um pr-requisito constitucional para

    a Personalidade Neurtica e que esta aparece apenas como uma evidncia clinicamente

    estabelecida daquela. Arriscamos, sem receio de errar, que a diferena entre uma e outra

    a mesma constatada entre uma miopia de meio grau e uma miopia de trs graus. Ouseja, com meio grau o indivduo ainda se conduz na vida sem auxlio de culos, embora

    no tenha uma viso to fiel da realidade, com trs, entretanto, apresenta uma

    dificuldade de adaptao muito maior.

    Desta forma, o conceito de Personalidade, seja referente Personalidade Neurtica ou

    normal, diz respeito modalidade do relacionamento do sujeito com o objeto. Os

    critrios de avaliao destas relaes objectuais normalmente so estabelecidos pelo

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    conjunto normativo de um sistema cultural, o que corresponde a dizer que, se todos

    integrantes de um mesmo sistema tiverem meio grau de miopia esta ser a norma.

    Argir a Personalidade deve ser uma atitude que, primeiramente, leva em conta a

    circunstncia cultural, temporal e at existencial na qual o indivduo est inserido. Tal

    cuidado remete-nos, novamente, s idias de Tonalidade Afetiva de Base e de

    Representao Interna da Realidade; a primeira como sendo as lentes atravs das quais a

    realidade chega ao interior do ser e, a segunda, o que esta realidade representa para o

    ser. A Personalidade Neurtica percebe a realidade com olhos mopes, ou mais mopes

    que o aceitvel pelo sistema cultural vigente, e faz representar internamente uma

    realidade capaz de produzir algum sofrimento.

    Em relao Angstia Existencial, por exemplo, podemos metaforizar dizendo que sua

    ocorrncia universal no homem moderno representa o meio grau de miopia aceitvel

    pelo sistema. Ultrapassando esse meio grau de miopia a pessoa ser, no caso de se

    observarem os efeitos mrbidos e conhecidos do excesso de miopia (ou da ansiedade

    excessiva, como vnhamos fazendo a analogia), alm de no-normal, tambm doente.

    Aqum deste meio grau o indivduo se encontrar tambm na posio de no-normal,

    mas no havendo dificuldade adaptativa no haver morbidade, no haver doena.

    Alis, a comparao didtica da miopia com a neurose parece ser muito boa. Podemos

    ainda comparar elementos quantitativos: partir de quantos graus a miopia inviabiliza

    nossa mobilidade scio-ocupacional seria o mesmo que perguntar partir de que

    quantidade de sintomas neurticos se inviabiliza nossa boa vida? A Angstia

    Existencial, aos discretos comportamentos histeriformes de nosso cotidiano, aos

    sentimentos depressivos nascidos do modo de vida moderno, s pequenas obsesses e

    fobias que todos guardamos em segredo, isso tudo poderia representar nossa miopiaemocional. Dependendo da quantidade dos sintomas podemos ser diferentes dos demais

    mas ainda sem sofrimento, ou seja, sem a condio de morbidez necessria para

    considerar a doena franca.

    A grande polmica entre as diversas tendncias da psicologia, da psiquiatria e da

    psicopatologia diz respeito etiologia desta miopia existencial ou emocional. Ns

    sabemos, por exemplo, que a introduo de adrenalina no organismo resulta sempre

    num estado de franca ansiedade, da mesma forma como a cocana, sabidamente uma

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    droga capaz de aumentar a concentrao de neurotransmissores (dopamina) na fenda

    sinptica, produz um estado afetivo euforizante. H um sem nmero de condies

    bioqumicas igualmente demonstrativas do relacionamento entre a neurofisiologia e os

    estados afetivos e que serviram de sustentao para uma maior compreenso dos efeitos

    das drogas psicotrpicas utilizadas hoje em dia. Por outro lado tambm, sabemos que a

    ansiedade produzida por uma situao de franca emergncia resulta num imediato

    aumento dos nveis de adrenalina no sangue e de endorfinas no Sistema Nervoso

    Central, o que nos coloca diante do problema do ovo e da galinha: qual acontece

    primeiro?

    Em relao Personalidade Neurtica, bem como na atividade emocional global do ser

    humano, o bom senso recomenda que a disposio peculiar do indivduo em relacionar-se com o mundo objectual no deve ser considerada exclusivamente um produto dos

    eventos sinpticos, nem tampouco um produto exclusivo da histria de vida.

    Da nosso apelo para que a Neurose seja entendida como uma combinao das

    Disposies Pessoais constitucionais com os Circunstncias Ocasionais que permeiam a

    existncia deste indivduo, conforme vimos antes.

    C - Classificao das Neuroses

    Reconhecer que o indivduo um neurtico implica numa viso conceitual, estatstica e

    valorativa, onde o relacionamento sujeito-objeto (pessoa-mundo) est prejudicado e o

    observador, quase intuitivamente, percebe esta no-normalidade at sem muita

    dificuldade. Classificar este tipo de relacionamento neurtico, entretanto, exige uma

    atitude clnica criteriosa. Os procedimentos de diagnstico, cada vez mais

    internacionalizados, favorecem uma maior homogeneidade denominatria e uma maior

    especificidade de diagnstico nosogrfico.

    A tendncia classificatria atual de especificar minuciosamente cada expresso

    sintomtica, proporcionando uma viso mais abrangente de estados mrbido bsicos.

    Vejamos a questo da ansiedade, por exemplo, considerada uma ocorrncia psquica

    universalmente experimentada pelos seres humanos. Do ponto de vista clnico e

    psicopatolgico, no interessa muito saber se o indivduo experimenta ansiedade ou no

    mas interessa, sobretudo, o que ele faz exatamente com sua ansiedade, ou seja, se ele

    apresenta sintomas de pnico, se seu distrbio fbico, generalizado, somatizado eassim por diante. Enfim, a antiga vacuidade associada expresso ANSIEDADE

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    substituda hoje por uma maior especificidade de estados produtores de sofrimento

    associados ela.

    Entretanto, as crescentes sistematizaes propostas pela psiquiatria e psicopatologia

    modernas no dispensam, em absoluto, os conhecimentos conceituais e as linhas gerais

    de conhecimento psicopatolgico propostas pelos grandes tratadistas. Podemos fazer

    uma analogia com as novas concepes dos carros modernos, os quais, apesar dos

    muitos recursos tecnolgicos que facilitam a segurana, a dirigibilidade, etc., foram

    concebidos partir dos modelos antigos, sem os quais nada seria possvel. Tambm em

    relao aos usurios, no h necessidade de aprender a dirigir novamente a cada novo

    modelo de carro lanado no mercado; servem-se, pois, dos conhecimentos

    anteriormente adquiridos.

    O conceito de neurose, apesar da substituio desejvel deste termo por Transtorno e

    apesar da complexa classificao atual, deve permanecer solidamente alicerada em

    conhecimentos psicopatolgicos tradicionais, de forma a fornecer a base de

    entendimento necessria para todos eventuais avanos de classificao futuros. Seria

    muito difcil compreender o significado do termo AGORAFOBIA SEM DISTRBIO

    DO PNICO, se no conhecssemos, antes, as concepes tradicionais do

    acontecimento neurtico concebidas progressivamente pela psiquiatria formal.

    A classificao dos Transtornos Neurticos pela CID.10 (Classificao Internacional de

    Doenas) a seguinte:

    De F40 at F48 - Transtornos Neurticos, Transtornos Relacionados com o Estresse e

    Transtornos Somatoformes

    Exclui:

    quando associado aos transtornos de conduta classificados em F91.- (F92.8)

    Este agrupamento contm as seguintes categorias:

    F40 Transtornos Fbico-Ansiosos

    F41 Outros Transtornos Ansiosos

    F42 Transtorno Obsessivo-Compulsivo

    F43 Reaes ao Estresse Grave e Transtornos de Adaptao

    F44 Transtornos Dissociativos [de Converso]

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    F45 Transtornos Somatoformes

    F48 Outros Transtornos Neurticos

    Ballone GJ- Neuroses - in. PsiqWeb, Internet, disponvel

    emhttp://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005

    http://www.psiqweb.med.br/http://www.psiqweb.med.br/