Miriam Catão

Ensaiamos desde que nascemos os passos que nos guiarão pelos caminhos do mundo.

Ao ensaiarmos vamos conseguindo treinar da maneira mais perfeita nossa apresentação em público

Os aplausos irão nos impulsionar para uma nova peça.Mas, este treinamento não garantirá a harmonia nem servirá de degraus para o

sucesso.

Por vezes o ensaio não sacode a poeira da maldade e os resíduos nos maltratam por longos anos encolhendo nosso tamanho diante de nossa platéia

íntima.

Ensaiar em dupla é como um espelho que reflete as nossas falhas e assim conseguimos fazer a posição mais bela ao compreendermos as

observações do outro. Ensaiamos na família, na escola, no trabalho nas relações...

Alguns acontecimentos modificam nossos ensaios e nos induzem a arquivar pensamentos modificando nosso modo de agir. O que antes

parecia tão correto agora nos inibe em continuar.

Hoje o sol ensaiou para iluminar o dia, mas as nuvens o encobriram. Não houve brigas.

Descobrimos nesta peça, neste poema inacabado, que é a vida, uma semelhança com os ensaios de quaisquer natureza:

Ensaiamos a paz desde sempre, também ensaiamos as guerras, ensaiamos a maneira de cumprimentar as pessoas, ensaiamos ser gentis, ser humanos, ser felizes ou não, a pequenez da alma, a agressividade, o amor, a atenção,

o orgulho e muitos sentimentos e posturas que nos garantem o poder de existir. Uns, bons ensaios. Outros, péssimos roteiros.

O melhor de todos os ensaios é aquele cujo palco é a nossa alma, nossa real forma de pensar cuja simplicidade nos doa inteiros à melhor

apresentação sincera de quem já caiu, pois de forma errada aprendeu a ensaiar.

Com o passar dos anos, vamos sentindo que o improviso é o nosso melhor “ensaio”, quando espontaneamente vivenciamos... um abraço, um olhar de apoio, um aperto de mão, uma conversa mais atenciosa com os idosos, uma

total entrega de si , simples assim como a sinceridade das crianças.

Vivenciar este estágio de crescimento é saber que iremos aprender que, se o desenrolar do ato estiver errado, precisaremos nascer novamente e da melhor forma improvisar o nosso crescimento e nos dar a chance para

fazermos de nossas vidas um entardecer sem saudades ou arrependimentos.

Formatação e texto:Miriam Catão

Imagens: Olhares.com

Música: The Phantom of the Opera