enredo favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), paul singer (1985) e ruben...

16
Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela imprensa carioca sobre os problemas habitacionais da Capital Federal e seus reflexos no debate sobre a industrialização nacional (1956-60) RAFAEL GANSTER * Introdução Com este trabalho objetivamos analisar a apresentação/representação da grande imprensa carioca sobre o processo de expansão das favelas da Capital Federal, buscando compreender como a imprensa constrói, através da narrativa jornalística, diferentes imagens sobre o tema. Longe de esgotar o assunto, pretendemos demonstrar que a percepção dos jornais a respeito deste tema (favelas) está diretamente relacionada com sua visão sobre a sociedade brasileira, refletindo seu posicionamento no campo político- econômico e, no âmbito do governo de Juscelino Kubitschek, seu posicionamento favorável ou não ao processo de industrialização nacional. Buscando dar mais profundidade a analise, nos propomos neste trabalho a comparar três diferentes jornais do período. São eles: Correio da manhã, Jornal do Brasil e Última Hora 1 . Para justificar nossa escolha, destacamos dois aspectos: 1) tais periódicos possuem, segundo a bibliografia disponível, orientações ideológicas distintas. 2) Todos os três jornais possuem grande tiragem diária, o que nos possibilita inferir que tiveram grande penetração na sociedade da época. Devido ás limitações deste artigo e ao estágio ainda inicial desta pesquisa, apresentaremos aqui os resultados parciais que obtivemos a partir da análise do material recolhido, referente aos anos de 1956 e 1957, apresentando as conclusões que conseguimos alcançar com base nesta documentação. * Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS. Agência financiadora CAPES. 1 Para facilitar a leitura, utilizaremos neste artigo as siglas CM, JB e UH para nos referirmos aos respectivos periódicos.

Upload: phamdien

Post on 13-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela imprensa carioca sobre os

problemas habitacionais da Capital Federal e seus reflexos no debate sobre a

industrialização nacional (1956-60)

RAFAEL GANSTER*

Introdução

Com este trabalho objetivamos analisar a apresentação/representação da grande

imprensa carioca sobre o processo de expansão das favelas da Capital Federal, buscando

compreender como a imprensa constrói, através da narrativa jornalística, diferentes

imagens sobre o tema. Longe de esgotar o assunto, pretendemos demonstrar que a

percepção dos jornais a respeito deste tema (favelas) está diretamente relacionada com

sua visão sobre a sociedade brasileira, refletindo seu posicionamento no campo político-

econômico e, no âmbito do governo de Juscelino Kubitschek, seu posicionamento

favorável ou não ao processo de industrialização nacional.

Buscando dar mais profundidade a analise, nos propomos neste trabalho a

comparar três diferentes jornais do período. São eles: Correio da manhã, Jornal do

Brasil e Última Hora1. Para justificar nossa escolha, destacamos dois aspectos: 1) tais

periódicos possuem, segundo a bibliografia disponível, orientações ideológicas distintas.

2) Todos os três jornais possuem grande tiragem diária, o que nos possibilita inferir que

tiveram grande penetração na sociedade da época.

Devido ás limitações deste artigo e ao estágio ainda inicial desta pesquisa,

apresentaremos aqui os resultados parciais que obtivemos a partir da análise do material

recolhido, referente aos anos de 1956 e 1957, apresentando as conclusões que

conseguimos alcançar com base nesta documentação.

* Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS. Agência financiadora

CAPES.

1 Para facilitar a leitura, utilizaremos neste artigo as siglas CM, JB e UH para nos referirmos aos respectivos

periódicos.

Page 2: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

2

Os anos JK: industrialização, migração e urbanização

Ao longo dos anos 50 o Brasil passou por um acelerado processo de

industrialização, causando mudanças estruturais que foram sentidas em diversos setores

da vida nacional. Nosso foco, no entanto, será demonstrar de maneira breve as dimensões

da expansão do parque industrial nacional durante o governo de Juscelino Kubitschek,

bem como seus impactos no meio urbano.

Durante a campanha presidencial, Juscelino percorreu o país com as estatísticas

de produção de energia elétrica e transporte. Frisava a necessidade de uma ampliação

drástica desses setores, caso o Brasil desejasse dar um salto em sua produção industrial e

integrar o bloco dos então qualificados “países desenvolvidos” (MOREIRA, 2003, p.

159). O programa de governo de Juscelino, conhecido como Plano de Metas, constitui-se

como um marco no planejamento econômico nacional e lançou base a própria estabilidade

política do Governo2. Tomado em conjunto, o Plano de Metas visava aprofundar o

processo de industrialização. Incentivava, por um lado, os investimentos privados de

capital nacional e estrangeiro, procurando ampliar o parque industrial nacional. Por outro

lado, atacava os pontos de estrangulamento da economia, isto é, os problemas estruturais

que impediam o incremento industrial, prevendo grandes investimentos estatais em

infraestrutura nacional (LAFER, 1970, p. 78).

Com seu slogan de “50 anos em 5”, Juscelino buscou desenvolver o parque

industrial brasileiro e transformar a estrutura produtiva do país. Porém, o processo de

industrialização nacional – iniciado ainda com Vargas no início dos anos 50 - afetou

diretamente a estrutura urbana das principais cidades do país. Grandes autores brasileiros

já dedicaram suas obras a analise da evolução urbana brasileira, entre eles Milton Santos

(1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo,

segundo os autores, reside na atração exercida pelas cidades industriais – ou cidades

“modernas” – sobre as populações rurais, levando grandes contingentes populacionais a

2 Ver em (BENEVIDES, 1976).

Page 3: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

3

migrarem para os grandes centros em busca de melhores oportunidades, abandonando o

campo para viver na cidade.

Dentre estes autores destacamos o economista Paul Singer (1985), pois sua análise

sobre as migrações internas trouxe luz à questão da macrocefalia urbana no Brasil e veio

a servir de base teórica para estudos posteriores. Segundo o autor, os chamados fatores

de expulsão que colocam em movimento massas antes integradas no campo e na cultura

de subsistência são de duas ordens: fatores de estagnação e fatores de mudança. Nas

palavras de Singer, os fatores de estagnação:

(...) se manifestam sob a forma de uma crescente pressão

populacional sobre uma disponibilidade de áreas cultiváveis

que pode ser limitada tanto pela insuficiência física da terra

aproveitável como pela monopolização de grande parte da

mesma pelos grandes proprietários. (...) Os fatores de

estagnação resultam da incapacidade dos produtores em

economia de subsistência de elevarem a produtividade da terra.

(SINGER, 1985, pág. 38)

Neste aspecto, podemos destacar que a falta de investimentos em tecnologia

agrícola se apresenta como uma das principais causas que leva os indivíduos a

abandonarem o campo, pois a produtividade solo é inferior ao crescimento vegetativo da

população rural, levando ao esgotamento do modelo obrigando os indivíduos a buscarem

novos meios de sobrevivência. No âmbito do governo JK este aspecto nos parece muito

pertinente, pois, mesmo não se dirigindo a agricultura familiar e de subsistência, as

principais críticas dos opositores ao governo estavam relacionadas ao sucateamento do

maquinário agrícola nacional, o que causava prejuízo ao país por não aproveitar sua total

capacidade de produção primária3.

3 Podemos destacar como principal expoente desta crítica o economista Eugênio Gudin. Ver: GUDIN, E.

Inflação: importação e exportação – café – crédito – desenvolvimento – industrialização. Agir: Rio de

Janeiro. 1959. 2ª Ed.

Page 4: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

4

Diferentemente do primeiro aspecto apresentado, os fatores de mudança

decorrem, nas palavras de Singer:

(...) da introdução de relações de produção capitalista nestas

áreas [rurais], a qual acarreta a expropriação de camponeses, a

expulsão de agregados, parceiros e outros agricultores não

proprietários, tendo por objetivo o aumento da produtividade

do trabalho e a consequente redução do nível de emprego.

(SINGER, 1985, pág. 38)

Podemos perceber então que a expansão das relações de produção capitalista,

principalmente influenciada pela economia de escala das grandes industrias, acaba por

desorganizar o modelo de produção tradicional, pondo em marcha os indivíduos que não

são absorvidos neste processo. É importante destacar que no Brasil, assim como na quase

totalidade dos países sul-americanos, o processo de expansão das cidades é condicionado

pela combinação dos dois fatores expostos acima, resultando na concentração espacial de

grande parte da população.

Para ilustrar o acelerado processo de urbanização brasileira, apresentamos os

dados estatísticos levantados pelo IBGE, referentes à relação populacional entre campo e

cidade: nos anos 1940, o país estava dividido entre 30.826.243 (74%) habitantes

considerados como rurais e 10.410.072 (25%) como urbanos; porém, em 1960 esses

números já seriam respectivamente de 38.767.423 (55,32%) e de 31.303.034 (44,77%) e,

em meados dos anos 60, os residentes nas cidades se tornariam maioria. Esse processo de

urbanização provocou profundas transformações nas grandes metrópoles brasileiras, que

deixaram de ser apenas polos administrativos e comerciais para também “construir o

lócus da atividade produtiva” (MARTINS, 2010, p. 86).

Analisando o crescimento histórico da cidade do Rio de Janeiro, então capital

federal e foco deste estudo, podemos perceber os reflexos deste processo: em 1940 a

população da cidade era de 1.764.141 habitantes, chegando a 2.377.451 em 1950 e, em

1960, a marca de 3.307.163 moradores. Porém notamos algumas diferenças significativas

na estrutura produtiva desta cidade, pois o Rio de Janeiro apresentava um índice de

industrialização menor do que a Cidade de São Paulo (e o chamado ABC paulista), o que

influenciou diretamente a forma de absorção dos contingentes migrantes no interior dessa

Page 5: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

5

sociedade. Este fator aumentava a tendência de que a população migrante fosse

incorporada pelo setor informal da economia carioca, aumentando os bolsões de miséria

instalados na periferia da Capital Federal e vivendo em condições de precária

habitabilidade (SINGER, 1985). Podemos perceber que aqui chegamos ao ponto

nevrálgico de análise do processo de expansão das favelas, pois, mesmo tendo surgido no

início do século XX, é no período pós-guerra e, mais precisamente nos anos 50, que elas

terão um processo de expansão mais acelerado.

Pesquisas realizadas pelo IPEME e divulgadas em matéria publicada pelo jornal

Correio da Manhã em 19574 apontam a existência de 640 mil favelados na cidade do Rio

de Janeiro. Apesar dos cuidados que devemos ter ao tomar a imprensa como fonte, vale

destacar a publicação de levantamentos “científicos” (ou que assim se apresenta) e a

ênfase dada pelo jornal a tal “problema”, destacando que a cada mês surgem 3.776 novos

favelados. Como dito, não cabe aqui avaliarmos a utilização da imprensa enquanto fonte

– até por que este não é o objetivo deste artigo, mas vale destacar a preocupação com que

a imprensa da época já se dirigia ao assunto.

Apontamentos teórico-metodológicos

Antes de adentramos na analise das fontes, cabe fazer alguns apontamentos

referentes á teoria e metodologia empregadas nesta pesquisa. Sendo assim, destacamos a

interpretação pela qual avaliamos os periódicos analisados que, não devendo ser

encarados como meros espelhos da realidade, constituem-se, segundo as palavras de

Maria Helena Capelato, como “espaços de representação do real” (CAPELATO, 1988, p.

24). Dessa forma, o que buscamos compreender através da análise dos jornais são as

diferentes apresentações e representações feitas pelos veículos midiáticos selecionados

4 Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos de mercado (IPEME) e noticiado na edição de 4

de setembro de 1957 pelo Jornal Correio da Manhã, com o título “Nada menos de 640 mil favelados tem

o Rio de Janeiro”.

Page 6: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

6

acerca do tema favela, tendo em mente a pluralidade de argumentos e perspectivas que

são reportadas ao assunto.

Pesquisando em jornais e outros veículos de mídia, nos deparamos com aquilo que

se tornou notícia, o que por si só já abarca um espectro de questões, pois será preciso dar

conta das motivações que levaram à decisão de dar publicidade a alguma coisa (LUCA,

2008, p. 140). Devemos estar ciente que os jornais não são, na maioria das vezes, obras

solitárias, mas empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna

projetos coletivos, por agregarem pessoas em torno de ideias, crenças e valores que se

pretende difundir a partir da palavra escrita. Sendo assim, é necessário buscarmos

identificar, quando possível, elementos externos e internos que influenciam na edição do

periódico, tal como suas ligações cotidianas com diferentes poderes e interesses

financeiros, e também o grupo responsável por sua linha editorial (LUCA, 2008, p. 140).

A imprensa periódica se constitui como lugar de articulação de discursos sociais,

com base no dialogo de interesse público e na mediação entre o mundo dos fatos e a

instância da leitura /recepção (DALMONTE, 2010, p. 216). Mesmo que se apresente

como totalmente imparcial cada periódico apresenta uma perspectiva distinta na

representação dos fatos, visto que todo relato constitui uma versão do real – e não o

próprio real, pois este não pode ser representável, apenas demonstrável (DALMONTE,

2010, p. 220). Levando em consideração o que foi dito até aqui, podemos admitir que o

conteúdo veiculado pelo jornal exerce considerável influência sobre o público leitor, pois

atribui significado a elementos do real na própria ação de narrar os fatos. Neste aspecto,

o estudo pioneiro de Walter Lippmann (1922) ainda se mostra muito pertinente para a

compreensão desta interação entre os meios de comunicação e o público. Sua tese é de

que os veículos noticiosos, nossas janelas ao vasto mundo além da nossa experiência

direta, determinam nossos mapas cognitivos daquele mundo. A opinião pública,

argumenta Lippmann, responde não ao ambiente, mas ao pseudoambiente construídos

pelos veículos noticiosos.

Page 7: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

7

Buscando identificar as diferentes representações sobre o tema favelas, empregos

neste artigo a metodologia denominada Análise Textual Discursiva5 (ATD), que consiste

em uma ordenação dos argumentos em torno de um processo organizacional, compondo

um ciclo constituído pela unitarização, categorização e produção de um metatexto. Não

pretendemos, aqui, apenas testar hipóteses para comprová-las ou refutá-las ao final da

pesquisa, mas sim compreender a dinâmica própria dos objetos pesquisados. Com o

objetivo de organizar as informações levantadas e facilitar a comparação entre os jornais,

propomos a construção de três categorias: 1) por que a favela é caracterizada como

problema; 2) modelo de intervenção; 3) defesa de um modelo político-econômico. Para

tornar a leitura do texto mais fluida, faremos a exposição destas categorias ao longo do

texto.

Jornal do Brasil

O JB foi criado em 1891 por Rodolfo de Souza Dantas e Joaquim Nabuco,

sofrendo diversos reveses editoriais até a década de 50 e tendo mesmo passado pelas mãos

de diferentes proprietários até que, após a morte de Pires do Rio e Pereira Carneiro, em

1953 Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro assume sua propriedade. Mesmo

passando por profundas modificações entre os anos de 1956 e 1959, o jornal manteve um

posicionamento conservador e foi crítico do governo JK, acusando-o de corrupção e de

irresponsabilidades na construção de Brasília (SODRE, 2006, págs. 371-573).

No que se refere a nossa análise, utilizaremos a categorização proposta

anteriormente para tentar compreender como a Favela foi apresentada/representada neste

jornal, buscando identificar através de suas páginas a percepção do periódico sobre o

tema.

Para iniciarmos a analise, destacamos dois aspectos fundamentais na

argumentação do JB sobre o “problema favela”. O primeiro está relacionado aos próprios

5 Sobre a Análise Textual Discursiva, ver: MORAES, Roque. Uma tempestade de luz: a compreensão

possibilitada pela análise textual discursiva. In: Ciência e Educação, v. 9, n 2, p. 191-211, 2003.

Page 8: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

8

indivíduos que habitam este meio, caracterizados pelo jornal em sua maioria como

“perigosos” a sociedade, assim como no seguinte trecho:

O êxodo das populações rurais batidas pela adversidade para

os grandes centros, tem concorrido e muito para o

desenvolvimento das “favelas” e, consequentemente, da

delinquência. (Jornal do Brasil, 27 de novembro de 1957. “Do

êxodo à delinquência”, página 12).

Continuando sua abordagem, o periódico destaca a influência do meio na

educação dos indivíduos, segue:

Não queremos dizer que todos os habitantes dessas “shanty-

towns” sejam criminosos, mas que as condições de vida que

levam essas míseras criaturas, proporcionam as “chances”,

abrem o caminho para os futuros marginais (...) Deles não se

pode esperar homens dedicados ao trabalho. O início é tudo na

formação da espécie humana. (Jornal do Brasil, 27 de

novembro de 1957. “Do êxodo à delinquência”, página 12).

Fica claro o caráter negativo atribuído pelo jornal aos moradores da favela,

desqualificando os indivíduos adultos (por não serem homens dedicados ao trabalho), e

prevendo de maneira pessimista o futuro dos jovens. Muito próximo de uma abordagem

ecológica sobre o assunto6, o jornal atribui adjetivos pejorativos a população que habita

este espaço periférico, atribuindo papel central na relação entre o indivíduo e o meio em

que vive, percebendo o ambiente como favorável a degeneração do homem.

Outra preocupação evidente no JB, e que também fica explicita na análise do CM,

diz respeito a expansão das favelas. Diversos editoriais e artigos procuram alertar para o

perigo do rápido crescimento deste “problema” na Capital Federal, relacionando este fato,

principalmente, as migrações internas. Neste ponto, o JB é claro ao afirmar que o principal

6 Utilizamos a categorização apresentada por Ruben Oliven (1980). Segundo o autor, a abordagem

ecológica refere-se à tendência em tratar a favelas como uma entidade social. Outra tendência seria abordar

o tema de maneira restrita a precariedade das habitações, constituindo a chamada categoria habitacional.

Estas teriam sido as duas principais formas de encarar o “problema” das favelas até a publicação da CEPAL,

em 1966, de um texto redigido por Aníbal Quijano, o qual lançou as bases para novas abordagens sobre o

tema. Ver: QUIJANO, Aníbal. “Notas sobre o conceito de marginalidade social”. In: PERREIRA, Luiz

(Org.). Populações “Marginais”. São Paulo, Duas cidades, 1978. (OLIVEN, 1980, págs. 39-41)

Page 9: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

9

motivo do crescimento acelerado das favelas são as levas de migrantes que chegam a

cidades e que são oriundos do meio rural (com maior destaque para nordestinos e mineiros

que), como nesta passagem do editorial intitulado publicado no dia 8 de janeiro de 1956:

As favelas e a criação de novas poderiam ser sensivelmente

diminuídas se as providências adotadas tivessem sido de

ataque às causas e não o combate aos efeitos, como se tem

praticado até agora. (...) A principal [causa] está na chegada,

constante e intensa, de filhos ou residentes em outros Estados

e que sofrem da miragem da vida melhor na Capital da

República. (Jornal do Brasil, 8 de janeiro de 1956. Pág. 5. “A

causa das Favelas”)

A partir foi dito até aqui, cabe destacar o modelo de intervenção defendido pelo

JB. Neste ponto, o jornal apresenta um posicionamento contrário a chamada “urbanização

das favelas”, defendendo o argumento de que a intervenção Estatal neste sentido apenas

agravaria o problema, já que tais benéficos atrairiam ainda mais indivíduos para a cidade.

A explicação para este processo, segundo o jornal, reside no fato de que ao saberem da

notícia de beneficiamento das favelas, levas de indivíduos se põem em marcha em direção

ao morro, buscando serem contemplado pelo programa, como no trecho:

A notícia correu todo o Brasil e quantos podem ser transferidos

para a Capital da Republica, nos “paus-de-arara” ou mesmo a

pé, estão vindo e, guiados por conterrâneos, amigos ou simples

conhecidos, tratam logo de escolher um local para fixar alguns

paus, começo de residência (Jornal do Brasil, 13 de dezembro

de 1956. Pág. 5. “O crescer espantoso das favelas”).

A formulação de uma categoria específica sobre política econômica foi realizada

com o intuito de demonstrar a relação entre a percepção dos jornais no plano social

(questões urbanas e sociais da Capital Federal) e político-econômico (nacional). Através

do material levantado, podemos verificar que no JB esta relação se dá principalmente por

meio da defesa de um projeto agrarista para o país, onde o objetivo principal é a

modernização do setor primário. Desta forma, o jornal da ênfase a necessidade de fixação

do homem no campo, local onde se é possível observar as melhores condições de vida

para as massas e se encontram as principais fontes de riqueza nacional. Em diversos

Page 10: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

10

editoriais fica clara a defesa do desenvolvimento das forças produtivas no setor primário7,

principalmente como condição necessária para a expansão industrial – o jornal fala da

necessidade de lastrear o desenvolvimento industrial no setor primário8.

Correio da Manhã

O CM foi criado em 1901, por Edmundo Bittencourt, e se destacou como um dos

principais órgãos da imprensa brasileira no século XX. Na década de 50, apresentou uma

imagem pró-juscelinista - porém critica a política financeira de seu governo - formulada

em um cenário de dicotomia na redação entre os pressupostos liberais da sua primeira

fase de existência e os novos princípios que que acabavam de aparecer no cenário

econômico brasileiro, como, por exemplo, o combate ao ingresso do capital estrangeiro.

Entendido pela historiografia como um órgão liberal, manifestou-se contra a reforma

agrária e buscou ridicularizar a construção de Brasília, devido a possibilidade de

esvaziamento político que tal transferência poderia causar no Rio de Janeiro9.

Assim como o JB, o jornal CM apresenta uma visão negativa sobre a favela,

atribuindo o rótulo de mazela social a estas zonas de moradia. Porém, uma diferença é

substancial no entendimento deste jornal sobre o “problema favela”: o foco principal da

argumentação do jornal está relacionado à questão estética causada por este tipo de

habitação, como no editorial do dia 21 de fevereiro de 1959, intitulado “Em nome da

estética”, onde a instalação de um relógio na cidade, tido como um atentado ao visual

urbano, é comparado com o problema das favelas e outras mazelas10. Seguindo esta linha

7 Jornal do Brasil, 3 de outubro de 1957. Pág. 3. “O café na concorrência mundial”.

8 Jornal do Brasil, 20 de junho de 1956. Pág. 5. “Base do desenvolvimento econômico”.

9 Ver: LEAL, Carlos E. Correio da Manhã. In:

http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx. Acessado em 16/05/15, às 12:42.

10 A argumentação do jornal pode ser, de forma resumida, relacionada a perspectiva da categoria

habitacional, apresentada na nota 6. “Assim, não se percebia que a favela não é um problema mas uma

“solução” à necessidade de abrigo e que a sub-habitação é apenas um indicador de uma situação mais

complexa caracterizada por desemprego e subemprego” (OLIVEN, 1980, pág. 40).

Page 11: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

11

de argumentação, o jornal apresenta grande preocupação com o crescimento vertiginoso

das favelas, principalmente nos tradicionais pontos turísticos da cidade11.

Outro aspecto importante a ser destacado diz respeito a percepção dos jornais

frente aos indivíduos que vivem na favela que, diferente da descrição apresentada pela

JB, são na maioria trabalhadores ordeiros e honestos, chegando ao ponto de sugerir a

revisão do próprio conceito de Favela no dicionário. Segue o trecho do editorial:

No verbete Favela, por exemplo, se diz: “s.f. conjunto de

casebres, cortiço; habitação de negros e malandros”. Sem

dúvida, que são muitos os “negros e malandros” favelados.

Não são todos, porém, e numerosos são os de cor que são

trabalhadores ordeiros e honestos chefes de família (Correio

da Manhã, dia 16 de outubro de 1957. Pág. 6. “Definição de

Favela”).

Como é possível perceber, o CM traz à pauta a questão racial nas suas

considerações sobre o assunto, porém, devido ao reduzido tamanho deste artigo, não cabe

aqui analisarmos afundo tal aspecto, visto que ultrapassaríamos facilmente o limite de

páginas desta publicação.

No que se refere ao modelo de intervenção no “problema favela”, é possível

perceber que o jornal defende a urbanização das favelas existentes, o que melhoraria tanto

o aspecto visual da cidade quanto as condições de vida dos moradores do morro, mas

ressalta a importância de se investir em estratégias para conter a expansão deste tipo

precário de habitação12.

Em relação a defesa de um modelo político econômico, o CM se aproxima muito

a posição tomada pelo JB, porém com menor intensidade na defesa dos interesses

agrários. Como é possível perceber em diversos editoriais, os problemas que vinham

corroendo o bem-estar da nação (principalmente a inflação), poderiam, segundo o jornal,

ser solucionados se, ao invés de se investir amplamente no desenvolvimento do setor

11 Correio da Manhã. 14 de julho de 1957, pág. 73. “Turismo? Mais uma favela na estrada do Joá”.

12 Correio da Manhã. 9 de fevereiro de 1957, pág. 6. “Favelas”; Correio da Manhã. 13 de agosto, 1957,

pág. 6. “Os favelados pagam”.

Page 12: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

12

industrial, fosse adotada uma política de equilíbrio entre os interesses agrários e

urbanos13. Segue o trecho:

Excluídos certos grupos de privilegiados, ninguém está

satisfeito com o governo. As suas metas foram abandona. O

seu plano de desenvolvimento econômico em vez de produzir

a melhoria do padrão de vida dos brasileiros, a todos está

tornando cada vez mais pobres (Correio da Manhã, 23 de julho

de 1957, pág.6. “Ventos Semeados”).

Última Hora

Vespertino fundado por Samuel Wainer em 1951, o jornal UH logo conquistou

lugar de destaque na imprensa carioca e brasileira. Já em 1955 surgiu uma edição matutina

no Rio de Janeiro - em São Paulo o jornal começou a ser editado em 1952, apenas com

edição vespertina – e, o mesmo tempo, começou a ser articulada a Rede Nacional de

última Hora. Segundo a historiografia, este periódico foi fundado para servir de respaldo

ao getulismo junto à opinião pública. Tendo sido criado com verbas de financiamento

público, fato amplamente discutido na CPI instaurada em 1953, o jornal é considerado

como apoiador dos governos de Getúlio e Juscelino Kubitscheck – sendo este último o

articulador do empréstimo com o Banco Hipotecário de Credito Real quando ainda era

governador do estado de Minas Gerais14.

No que se refere a esta pesquisa a nossa pesquisa, podemos verificar que poucos

editoriais do jornal UH referiam-se ao tema das favelas ou mesmo a política econômica

do governo JK. Os resultados que obtivemos foram a partir do trabalho com algumas

reportagens e colunas não assinadas e, mesmo ainda não sendo satisfatórios, nos

permitem inferirmos alguns resultados.

13 Correio da Manhã, 16 de outubro de 1957, pág.6. “Revolta experimental”; Correio da Manhã, 19 de

janeiro de 1957, pág. 6. “As duas inflações”.

14 Ver: LEAL, Carlos E. Última Hora. In: http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx.

Acessado em 16/05/15, às 10:12.

Page 13: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

13

Segundo o material analisado, podemos perceber que o jornal apresenta diferenças

muito significativas em relação ao apresentado pelos periódicos CM e JB. O tema das

favelas aparece relacionado a problemas de infraestrutura urbana, déficits de moradia e

falta de condições básicas de moradia para os indivíduos que lá habitam. Este ponto é de

suma importância para nosso trabalho. Pode-se notar que a favela é sim um problema,

mas pelo fato de ser neste meio que vivem os trabalhadores e operários urbanos. Ao

contrário do que pode ser percebido na apresentação do tema pelo JB, o jornal UH não

desqualifica o indivíduo que habita a favela, ao invés disto, destaca a presença dos

trabalhadores neste meio, pois, devido à falta de opção e ao grave problema de

especulação imobiliária na cidade carioca, os operários apenas conseguem se instalar nas

regiões periféricas da cidade, fazendo crescer cada dia mais este tipo de habitação. Em

uma reportagem sobre as condições dos operários da Companhia Siderúrgica Nacional,

em Volta Redonda, consta:

Causa surpresa e pasmo que os operários com treze anos de

serviço, elogiados pela empresa por seu “esforço, dedicação e

conduta” no trabalho, sejam obrigados a residir em verdadeiras

choças, sem os mínimos requisitos de higiene e conforto

(Última Hora, 17 de maço de 1958. Pág. 11.“C.S.N. emancipa

o Brasil enquanto seus operários vivem em favelas”).

Seguindo esta linha de argumentação, a forma de intervenção defendida pelo

jornal reside no amparo aos favelados, e não na simples expulsão de seus moradores.

Destacamos, porém, as próprias ressalvas feitas pelo periódico, como no trecho: “Não

queremos, é claro, enveredar pelo caminho da defesa demagógica das favelas” (“Combate

às favelas: não pela expulsão, mas pelo amparo aos favelados”, 18 de janeiro de 1958,

pág. 3). Ainda neste mesmo editorial são destacados aspectos negativos das favelas, pois

se constituem como “foco de doenças, refugo de mal feitores”. Porém, ressalta-se também

a necessidade de proporcionar aos moradores da favela melhores condições de vida,

através da transferência destas populações para áreas com moradias populares ou com a

urbanização das atuais zonas de ocupação das favelas.

Page 14: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

14

No que se refere ao modelo econômico defendido pelo jornal, podemos, com base

na obra de Maxwell MacCombs15 (2009), entender melhor à posição adotada por este

periódico com base na ausência de certos assuntos em suas páginas. No que podemos

constatar, não há nenhum editorial – ou mesmo coluna assinada – criticando diretamente

a postura do governo em relação a sua política econômica. Sendo assim, podemos inferir

que a ausência deste aspecto reflete uma postura, se não de apoio (o que carecia de

embasamento), mas acrítica ao modelo industrial adotado por Juscelino Kubitscheck.

Contrariando a postura apresentada pelo JB, segundo a qual o país deveria seguir

o exemplo americano e investir primeiramente no setor agrícola, buscando consolidar a

produção primária para depois desenvolver sua produção industrial e, assim, organizar

um processo ordenado de crescimento16, o jornal UH vincula uma reportagem da revista

americana “Fortune”, cujo título já esclarece seu conteúdo: “17 milhões de americanos

vivem em miseráveis favelas”17.

Considerações finais

Longe de esgotar o assunto, este artigo buscou apresentar os resultados parciais

da pesquisa que vem sendo desenvolvida, destacando a divergência que pôde ser

percebida entre apresentação/representação dos periódicos analisados sobre o tema

proposto. Nossos objetivos ao comunicarmos este trabalho são divulgar a pesquisa que

vem sendo realizada, abrindo espaço para debates e sugestões, e, principalmente, buscar

chamar a atenção para um assunto tão relevante no processo de urbanização e

15 Maxwell McCombs é um dos formuladores da chamada “Teoria da Agenda”, teoria que busca analisar a

influência causada no público pelos meios de comunicação de massa. A hipótese central desta teoria é de

que a saliência (ou não) de um determinado tema na mídia acaba por criar balizas em relação ao conteúdo

ao qual o leitor é exposto (ou seja, delimitando “sobre o que pensar”), ao contraio de outras teorias da

recepção que buscam analisar a influência do conteúdo veiculado pelos meios de comunicação (ou seja, no

“como pensar”).

16Última Hora, 20 de junho de 1956. Pág. 5. “Base do desenvolvimento econômico”.

17 Última Hora, 26 de novembro de 1957. Pág. 4. “17 milhões de americanos vivem em miseráveis

favelas”.

Page 15: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

15

desenvolvimento nacional que, por vezes, tem sido deixado à margem das pesquisas

acadêmicas.

Como foi possível perceber, os jornais analisados apresentam divergências

significativas em aspectos fundamentais em sua abordagem sobre as favelas e sua

população. Longe de se constituir enquanto argumento isolado, é possível perceber que a

construção de uma perspectiva sobre o assunto esta relacionada com um modelo de

sociedade mais amplo defendido pelos jornais. Ao contrário de algumas leituras já

realizadas, podemos perceber que a tentativa de analisar a linha de orientação seguida

pelos periódicos não é tão simples quanto pode parecer, pois muito além de uma

categorização de esquerda/direita ou liberal/desenvolvimentista, existe uma série de

fatores que exercem pressão na tomada de decisões dentro do corpo editorial – tanto

pressões externas quanto internas. Sendo assim, o que pretendemos demonstrar através

do que foi escrito neste artigo é justamente o diálogo entre a abordagem de assuntos em

escalas assimétricas – as favelas da Capital Federal e a política econômica - buscando

avaliar os pontos de convergência na argumentação dos jornais em relação ao que

poderíamos chamar de um “modelo de desenvolvimento nacional” apresentado pelos

mesmos.

Referências bibliográficas

BENEVIDES, M. V. M. O governo Kubitscheck: desenvolvimento econômico e

estabilidade política. Paz e Terra: Rio de Janeiro. 1976, 2ª edição.

CAPELATO, H. R. História do Brasil. Contexto, São Paulo, 1988.

DALMONTE, Edson F. Narrativa jornalística e narrativas sociais: questões acerca da

representação da realidade e regimes de visibilidade. In: FERREIRA, Giovandro, et al

(Org.). Teorias da comunicação: trajetórias investigativas. EdiPUCRS, Porto Alegre,

2010.

GOMES, A. C. G. (org.). O Brasil de JK. FGV: Rio de Janeiro. 2002. 2ª Ed.

Page 16: Enredo Favela: as diferentes imagens construídas pela ... · (1996), Paul Singer (1985) e Ruben Oliven (1980), e o fator determinante deste processo, segundo os autores, reside na

16

LAFER, Celso. JK e o Programa de Metas (1956-1961): processo de planejamento e

sistema político no Brasil. FGV, Rio de Janeiro, 2002.

LIPPMANN, Walter. Public Opinion. The Free Press, New York, 1966.

LUCA, Tânia R. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla B.

(Org.). Fontes Históricas. Contexto, São Paulo, 2005.

McCOMBS, Maxwell. A teoria da agenda: a mídia e a opinião pública. Vozes:

Petrópolis. 2009.

MARTINS, L. C. P. A grande imprensa “liberal” da Capital Federal (RJ) e a política

do segundo governo Vargas (1951-1954): conflito entre projetos de desenvolvimento

nacional. PUCRS, Porto Alegre, 2010.

MORAES, Roque. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise

textual discursiva. In: Ciência e Educação, v. 9, n 2, p. 191-211, 2003.

OLIVEIRA, Lúcia Lippi.(org.) CIDADE: história e desafios. FGV, Rio de Janeiro, 2002.

OLIVEN, Ruben G. Urbanização e Mudança Social no Brasil. Vozes ,Petrópolis, 1980.

SODRÉ, Nelson W. História da imprensa no Brasil. EdiPUCRS, Porto Alegre, 2011.