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MÁRCIO PORFÍRIO DA SILVA SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO EM OBRAS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO PAULO 2004

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MÁRCIO PORFÍRIO DA SILVA

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO EM OBRAS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental.

SÃO PAULO 2004

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MÁRCIO PORFÍRIO DA SILVA

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO EM OBRAS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. Orientador: Profº. Érico Francisco Innocente

SÃO PAULO 2004

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RESUMO O trabalho aborda os requisitos para a elaboração de um projeto de sistemas de segurança bem como as exigências às normas de cada item, servindo como base de pesquisa e orientação para quem necessita de uma linguagem fácil e resumida do tema em questão. A monografia apresenta um estudo de caso, onde mostra a aplicação dos requisitos desde a elaboração do projeto, o comunicado de aprovação do projeto por parte do Corpo de Bombeiros, ato de vistoria e aprovação da execução para um edifício residencial. Ilustrando assim toda a parte teórica. Palavras Chave: combate a incêndio; segurança; prevenção.

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ABSTRACT The work approaches the requirements for elaboration of project security systems as well as the requirements to the norms of each item, serving as research base and orientation for who needs an easy and summarized language of the subject in question. The monograph presents a case study, where it shows the application of the requirements since the elaboration of project, the official notification of approval of the project form part of the Rescue Firemen, act of inspection and approval of the execution for a residential building. Thus illustrating all the theory part. Key Words: combat at fire, security, prevention.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 5.1 - Esquema geral do sistema de pressurização ........................................16

Figura 5.2 - Controle de Fumaça – Extração Natural ................................................19

Figura 5.3 - Esquema ilustrando a reserva de incêndio ............................................31

Figura 5.4 - Caixa de incêndio com hidrante.............................................................32

Figura 5.5 - Sprinkler e seus componentes...............................................................33

Figura 5.6 - Distribuição básica da rede sprinkler .....................................................36

Figura 6.1 - Extintores ...............................................................................................42

Figura 6.2 – Extintor localizado no Hall social ...........................................................43

Figura 6.3 - Hidrante .................................................................................................44

Figura 6.4 – Botoeira liga/desliga ..............................................................................44

Figura 6.5 – Bomba de incêndio................................................................................45

Figura 6.6 – Iluminação de emergência ....................................................................46

Figura 6.7 – Central de Alarme .................................................................................47

Figura 6.8 – Detector de Fumaça..............................................................................47

Figura 6.9 – Motor de pressurização.........................................................................50

Figura 6.10 – Dutos da pressurização.......................................................................52

Figura 6.11 – Central de Pressurizzação localizada na guarita.................................52

Figura 6.12 – Painel de comando manual da pressurização.....................................53

Figura 6.13 – Reservatórios – Barrilete inferior .........................................................54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Elementos da ampola, coloração e temperatura...................................34

Tabela 5.2 - Número de sprinkler ..............................................................................35

Tabela 6.1 – Sistema de proteções existentes..........................................................41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

DR Disjuntor Residual

EPI Equipamento de Proteção Individual

IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de

São Paulo

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial.

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

PCF Porta corta fogo

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................1

1.1 A evolução do Corpo de Bombeiro com as inovações tecnológicas das novas arquiteturas ............................................................................. 2

2 OBJETIVOS .....................................................................................................6

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 6

2.2 Objetivo Específico ................................................................................... 6

3 METODOLOGIA DO TRABALHO ...................................................................8

4 JUSTIFICATIVA...............................................................................................9

5 SISTEMA DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO..............................10

5.1 Conceito de prevenção e combate ao fogo .......................................... 10

5.2 Tipos de compartimentações ................................................................. 12

5.3 Inovações no mercado com o uso de software.................................... 13

5.4 Sistema de prevenção de incêndio........................................................ 14 5.4.1 Escada pressurizada..............................................................................................14

5.4.2 Sistema de detecção e alarme ...............................................................................17

5.4.3 Controle de fumaça...............................................................................................18

5.5 Sistema de combate ao incêndio ........................................................... 21 5.5.1 Precauções contra o início do incêndio ................................................................22

5.5.2 Limitação do crescimento do incêndio.................................................................22

5.5.3 Equipamentos manuais .........................................................................................22

5.6 Formas de propagação ........................................................................... 23 5.6.1 Condução..............................................................................................................24

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5.6.2 Convenção ............................................................................................................24

5.6.3 Evolução do fogo..................................................................................................24

5.7 Classes de incêndio ................................................................................ 25 5.7.1 Instalação X material incendiado .........................................................................26

5.7.2 Água .....................................................................................................................26

5.7.3 Formas de utilização.............................................................................................26

5.7.4 Espuma .................................................................................................................27

5.7.5 Gás carbônico e o seu emprego ............................................................................28

5.7.6 Pó químico............................................................................................................29

5.7.7 Freon 1301 – Sistema Sphreonix..........................................................................29

5.7.8 Hallon 1301 ..........................................................................................................29

5.8 Instalações de combate a incêndio com água...................................... 30 5.8.1 Hidrante ou tomada de incêndio...........................................................................30

5.8.2 Sistemas de chuveiros automáticos ......................................................................33

5.9 Rede elétrica, um foco de problemas. ................................................... 36

5.10 Inspeção predial contra incêndio........................................................... 38

5.11 O Instituto de Resseguros do Brasil...................................................... 39 5.11.1 Definição de Resseguro........................................................................................39

6 CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SPAZIO VITTA .............................................41

6.1 SISTEMAS DE PROTEÇÔES EXISTENTES ........................................... 41 6.1.1 Sistemas de extintores ..........................................................................................42

6.1.2 Sistema de hidrante...............................................................................................43

6.1.3 Sistema de iluminação de emergência..................................................................45

6.1.4 Sistema de detecção e alarme ...............................................................................46

6.1.5 Isolamento de risco...............................................................................................48

6.1.6 Compartimentação horizontal ..............................................................................48

6.1.7 Compartimentação vertical...................................................................................49

6.1.8 Brigada de incêndio ..............................................................................................49

6.1.9 Para Raio ..............................................................................................................49

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x

6.1.10 Escada pressurizada..............................................................................................50

6.1.11 Reservatórios ........................................................................................................53

7 ANÁLISE........................................................................................................56

8 CONCLUSÕES ..............................................................................................57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................59

ANEXO A..................................................................................................................60

ANEXO B..................................................................................................................61

ANEXO C..................................................................................................................62

ANEXO D..................................................................................................................63

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1

1 INTRODUÇÃO

Atualmente o Corpo de Bombeiros está agregado a Policia Militar. Desde a sua

formação em meados do século XX vem evoluindo para o cumprimento e rigor das

normas vigentes de segurança contra incêndio (CORPO DE BOMBEIROS, 2004).

Todos os dispositivos referentes ao combate a incêndio devem estar atendendo as

normas da ABNT e do Decreto Estadual 38069/93 – Código de obras e edificação do

Município de São Paulo.

Hoje com as inovações tecnológicas e com dispositivos mais modernos, projetos e

execuções desses segmentos dependem da aprovação do Corpo de Bombeiros,

pois até o inicio dos anos 80 as exigências limitavam-se a extintores, hidrantes e

sinalizações.

Na história da cidade de São Paulo podemos citar dois casos de incêndios graves: o

edifício Andrauss (1972) atingido em seus 31 pavimentos, e o edifício Joelma dois

anos após (1974), onde todos os seus 25 pavimentos foram atingidos. E o mais

recente na mesma proporção de destruição o edifício sede I e II da CESP, localizado

na Av. Paulista, em 1987 um incêndio destruiu os seus escritórios, mesmo com todo

os equipamentos e dispositivos de segurança conta incêndio.

Hoje o edifício Joelma é um exemplo de edificação com dispositivos contra incêndio,

além de possuir uma brigada de incêndio atualizada.

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Em edificações novas, é necessário o laudo de vistoria e aprovação do Corpo de

Bombeiros para dar entrada no habite-se.

Nas edificações antigas e nas novas raramente são utilizadas vistorias nos

componentes de combate e prevenção de incêndio. Este procedimento executado

periodicamente, evitariam catástrofes como as dos edifícios citados no trabalho.

Um exemplo de má conservação é o edifício São Vito, localizado na Avenida do

Estado próximo ao mercado Municipal e ao Palácio das Indústrias (antiga sede da

Prefeitura).

No edifício é raro encontrar uma tubulação e uma instalação elétrica em boas

condições. Se alguma faísca sair dessas instalações, uma nova calamidade poderá

acontecer.

1.1 A evolução do Corpo de Bombeiro com as inovações tecnológicas das

novas arquiteturas

Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do estado de São Paulo, por meio de

normas, cabe regulamentar, analisar e vistoriar as medidas de segurança contra

incêndio nas edificações e área de risco.

Em meados do séc X, o governo da província criou o corpo de bombeiros, devido a

dificuldade de combater as chamas.

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Quando surgia um incêndio, para poder combatê-lo, mulheres, homens e crianças

ficavam em filas do poço mais próximo e de baldes em baldes passavam de mãos

em mãos até chegarem nas chamas.

Em 1880 houve um incêndio na faculdade de direito localizada no convento de são

Francisco, atualmente faculdade de direito do largo de São Francisco. Na época não

havia o serviço de bombeiros. Sendo os trabalhos realizados pelo corpo policial e

dependendo da necessidade era auxiliado pelos civis. Utilizavam-se como

equipamentos bombas manuais emprestadas por terceiros. Após este incêndio

criou-se a instituição do Corpo de Bombeiros.

Em 1882 com o decreto n.º 42 que dispunha sobre a composição e efetivos das

forças policiais, estabelecendo que seriam formadas pelo: Corpo Policial

Permanente, Companhia de Urbanos e seção de Bombeiros; embora ainda fossem

partes dos Urbanos, foram citados de forma independente. Em 1883 a seção do

Corpo de Bombeiros substituiu um tenente por um oficial que pertencia ao Corpo

Policial Permanente. e logo em seguida sendo substituído por Alfredo José Martins

de Araújo, vindo do Corpo de Bombeiros da Corte.

No inicio dos anos 60, o Corpo de Bombeiros passou a exigir a instalação de

hidrantes e extintores nos edifícios; a obediência a essas regras era garantida pelo

Departamento de Água e Esgoto, atual SABESP, que não fornecia água para

consumo, caso o projeto não fosse aprovado pela Corporação.

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Em 1967 a estação central (localizada à Praça Clovis Beviláqua) é demolida para

edificação de uma nova, concluída somente em 1975. O comando do Corpo de

Bombeiros ficou itinerante por 18 anos, prejudicando a rotina administrativa, com o

aumento do tempo de aposentadoria de 25 para 30 anos, os oficiais que já haviam

completado 25 anos de trabalho se aposentaram, interrompendo mais uma vez a

transmissão de valiosas experiências. Em seguida, são extintas de forma

indiscriminada as especialidades, permanecendo apenas a de salvamento e em

numero limitado.

Após a criação efetiva do Corpo de Bombeiros foi criado o procedimento para

combate a incêndio e com o passar do tempo a sua atividade não se limitou a

combater o incêndio e sim regulamentar e vistoriar todo o processo, desde os

equipamentos bem como o funcionamento dos mesmos.

Os equipamentos necessários para a proteção são dimensionados de acordo com o

Decreto Estadual 46076/2001 sendo que as formas de apresentação das plantas e

memoriais seguem os termos das Instruções técnicas bem como a sua execução.

Na parte executiva, o processo de vistoria é iniciado após a regulamentação de

projetos e memoriais, onde um responsável pelo Corpo de Bombeiros é acionado a

por um representante da construtora ou até mesmo o responsável técnico pelo

projeto. Na vistoria é exigido o que consta no projeto aprovado do Corpo de

Bombeiros.

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O Corpo de Bombeiros também teve que se adequar às novas tecnologias, e não se

limitou apenas a verificar posição de extintor e hidrantes e sinalizações, isso mostra

que a companhia evoluiu juntamente com as inovações tecnológicas (CORPO DE

BOMBEIROS, 2004).

O desenvolvimento do trabalho aborda inovações tecnológicas, conceitos de

prevenção e combate ao fogo com os devidos componentes.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O sistema de proteção contra incêndio é um item muito importante dentro do ramo

da construção civil, ele também é um dos itens importantíssimos que compõem a

liberação do habite-se, mediante a vistoria e laudo emitido pelo Corpo de Bombeiros.

O laudo é emitido após o cumprimento das normas estabelecida nos projetos do

Corpo de Bombeiros todos seguem um mesmo padrão da norma da ABNT e do

Decreto Estadual 38069/93, Código de obras e Edificações do Município de São

Paulo.

Abordam-se técnicas e regulamentações do sistema de incêndio para edificações,

seja ela comercial ou residencial.

2.2 Objetivo Específico

O desenvolvimento do trabalho apresenta os componentes que compõem o grupo

de sistema de proteção e combate a incêndios, como, por exemplo, a pressurização

de escada ou ventilação mecânica, onde o objetivo é proteger ou manter livre de

fumaça a escada de segurança através de pressurização constante, bem como criar

um gradiente de pressão, e conseqüentemente um fluxo de ar, tendo uma pressão

mais alta nas saídas de emergência e uma pressão progressivamente decrescente

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nas áreas fora da rota de fuga, outro item seria os detectores de fumaça que

trabalham em conjunto com a ventilação mecânica, onde seus circuitos são ligados a

um quadro de comando que este, conseqüentemente tem ligação com o quadro da

ventilação mecânica. Os detectores de fumaça, são dispositivos muito sensíveis que

ao detectarem fumaça acionam a ventilação de rota de fuga em caso de incêndio.

O objetivo do trabalho é focado na realização do sistema de combate à incêndio,

pois muitas vezes recorremos a ajuda dos serviços de um consultor especifico da

área.

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3 METODOLOGIA DO TRABALHO

O trabalho foi desenvolvido considerando como fontes de pesquisas, normas

técnicas que especificam os parâmetros necessários para a execução do sistema,

catálogos de empresas, sites de Internet especializados, dos quais foram extraídos

os conceitos básicos do tema em questão, já que o assunto abordado é um pouco

“pobre” de material didático (livros especializados). Foram realizadas visitas técnicas

em obras, onde foi feita a verificação da metodologia construtiva e de funcionamento

de vários sistemas, juntando relatório fotográfico, ilustrando e dando melhor

visualização.

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4 JUSTIFICATIVA

Com espaços cada vez mais reduzidos e com arquiteturas cada vez mais arrojados

muitos projetos, sejam em obras residenciais ou comerciais, dimensionam

ambientes compactos e ventilação no limite do permitido.

É no projeto arquitetônico que são dimensionados as compartimentações, rotas de

fuga, abrigo do gerador, barriletes; o projeto do Corpo de Bombeiro é feito em cima

do que já existe, tendo como ferramenta a parte arquitetônica para dimensionar os

dispositivos de proteção e combate a incêndio, como hidrantes, extintores, rede de

sprinklers e sinalizações.

A pretensão deste trabalho é mostrar que para atender a norma é preciso elaborar

soluções otimizadas visando manter o bem estar seguro daqueles que se utilizam o

espaço.

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5 SISTEMA DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

Aborda os conceitos de prevenção e combate a incêndio separadamente, ilustrando

com fotos para uma melhor visualização do sistema.

5.1 Conceito de prevenção e combate ao fogo

Hoje em dia é muito comum proprietários comprarem seus imóveis em edifícios e

conjuntos comerciais mais sofisticados, com características próprias bem definidas,

muitos se preocupando com a parte estética, ou seja, com a cor da fachada, com o

caixilho que foi utilizado, se a cerâmica e o azulejo utilizado é o mesmo citado no

memorial, mas acabam se esquecendo das instalações contra incêndio, muito

importante tanto quanto a parte estrutural de uma edificação. Talvez por cultura,

muitos chegam até questionar o local destinado a um hidrante ou a um extintor,

achando que o mesmo atrapalha esteticamente o seu hall social e que os mesmos

deveriam estar em um local mais escondido ((REVISTA TÉCHNE, 2004, n.88, p 48).

Um edifício seguro apresenta baixa probabilidade de início de incêndio e alta

possibilidade de fuga dos ocupantes, além de considerar as propriedades vizinhas e

a rápida extinção do foco inicial.

O risco de incêndio a que está sujeito um edifício não pode ser medido com tanta

facilidade, o problema é evidente em edifícios industriais, comerciais e armazéns

onde se armazenam produtos inflamáveis, nesses casos os procedimentos devem

ser muito específicos, diferentes dos edifícios residenciais, onde o grau de exigência

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é menos, pois os danos devido a isso somente são medidos após o surgimento do

fogo, quando se é tarde demais.

Existem normas regulamentadas pelo poder público para o uso correto,

dimensionamento e especificações dos sistemas de proteção e combate a incêndio,

sendo o fator primordial a preservação da vida humana e em seguida à propriedade.

A regulamentação pode ser dividida em dois pontos, um ligado ao outro: o primeiro

desde a criação do projeto, execução e manutenção; o segundo no treinamento dos

ocupantes, no que se diz respeito, ao uso dos equipamentos formando as brigadas

de incêndio.

O grau de risco de uma edificação está ligado na sua ocupação, ou seja, um edifício

residencial apresenta um grau de risco menor do que um armazém de papelão, um

armazém onde se estocam fogos de artifício sendo esses parâmetros abordados

pelo Decreto Estadual.

No projeto arquitetônico estão centralizadas as soluções do Sistema Global de

Segurança, cabe ao arquiteto coordenar os projetos de elétrica, hidráulica e

segurança, mas a responsabilidade pelos projetos em si não cabe ao arquiteto, mas

aos respectivos projetistas. (REVISTA TÉCHNE, 2004).

O projeto arquitetônico deve prever as devidas compartimentações para evitar

propagação de fogo, fumaça e gases de um ambiente ou pavimento para outro, se a

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12

preocupação com a segurança for presente pode ser feito uso de materiais que

contribuam para a extinção ou retardamento da propagação do fogo.

“A segurança e conforto dos usuários é compromisso primordial do arquiteto, a

liberdade de criação não é comprometida pela legislação, mas sim favorável pelo

embasamento para a busca de novas soluções”. (REVISTA TÉCHNE, 2004).

Processos como a compartimentação de um ambiente envolve medidas de proteção

passiva e é constituída de elementos de construção resistentes ao fogo. O objetivo é

evitar ou minimizar a propagação do incêndio, do calor e dos gases. Procedimentos

que evitam a dispersão de gases e fumaça.

5.2 Tipos de compartimentações

Existem dois tipos de compartimentações, a horizontal e a vertical. A horizontal visa

o isolamento de risco ou a simples divisão interna de ambientes evitando que o fogo

se propague de um ambiente para o outro. A compartimentação vertical serve para

que o isolamento do fogo não se propague de um pavimento ao outro.

“A compartimentação vertical pode ser feita no interior do edifício com o uso de entre

pisos, lajes de concreto armado ou protendido ou materiais que garantam a isolação

com elementos construtivos que são: parede corta fogo, portas corta fogo,

afastamento horizontal entre aberturas entre outros”.(REVISTA TÉCHNE, 2004).

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Esses elementos seguem normas que regulamentam as suas propriedades; porta

corta fogo deve suportar duas horas de fogo conforme NBR 11742 e NBR 11711, a

parede corta fogo devem ser estendidas 1m acima da linha do teto. Ou na sua

envoltória que pode ser atendida de duas formas. A primeira exige que aberturas de

pavimentos consecutivos sejam distanciadas em, no mínimo 1,20 m, se isso não for

possível é necessário o prolongamento da laje como uma aba, essa aba deve ter no

mínimo 0,90m além da fachada.

As fachadas que possuem arquiteturas diferenciadas como as envidraçadas, devem

ser dimensionadas com materiais incombustíveis e atrás do pano de vidro, devem

exigir elementos resistentes ao fogo, que garanta a separação de 1,20m entre piso.

5.3 Inovações no mercado com o uso de software

Existem hoje vários sistemas de prevenção de incêndio, pois um projeto bem

executado deve ser pensado em componentes de prevenção e na seqüência, os de

combate.

No mercado existem empresas especializadas em software que auxiliam no

desenvolvimento de projetos de instalações, com soluções integradas com Autocad,

com propostas de instalações elétricas, hidráulica e também de incêndio, com

dimensionamentos de hidrantes e sinalizações.

O software apresenta também uma listagem dos possíveis materiais que pode-se

utilizar na execução do projeto, estas listagens também vem vinculado a um

orçamento com base de custo.

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5.4 Sistema de prevenção de incêndio.

“Entende-se por prevenção o conjunto de medidas e atitudes tomadas para evitar

que o incêndio comece, protegendo assim, os ocupantes ”.(REVISTA TÉCNHE,

2004, n. 88, p. 48).

O que se diz respeito à prevenção de incêndio, todas as exigências devem ser

atendidas no projeto de instalações. O projeto arquitetônico deve prever as devidas

compartimentações para evitar propagação do fogo, fumaça e gases de um

ambiente para o outro. As distâncias a serem percorrida e a população do edifício

devem ser calculadas no projeto, para assim dimensionar a rota de fuga.

Um dos componentes muito usados nos projetos é a escada pressurizada, usando a

pressão atmosférica que é maior que a pressão dos gases gerados em um possível

incêndio.

5.4.1 Escada pressurizada

A escada pressurizada tem como objetivo crias condições de fluxo de ar, por meio

de ventilação mecânica que impeçam que a fumaça de um incêndio se propague

além das portas das referidas escadas.

Elementos básicos de um sistema de pressurização são:

A – sistema de acionamento e alarme

B – ar externo suprido mecanicamente

C – trajetória de escape de ar

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D – fonte de energia garantida

O nível de pressurização a ser utilizado para fins de projetos não deve ser maior que

60Pa, com todas as Porta Corta Fogo (PCF) de acesso fechada.

A escada pressurizada pode ser dimensionada de duas formas.

A primeira forma, a pressurização é solicitada somente em caso de emergência,

geralmente esse sistema é interligado com o de detector de fumaça que a qualquer

sinal de fumaça a pressurização é acionada (SECRETARIA DE SEGURANÇA

PÚBLICA. 2001 a).

Neste sistema de pressurização de escada, a Porta Corta Fogo (PCF) podem ser

mantidas abertas, desde que as mesmas sejam feitas com o sistema de eletroímã.

(REVISTA TÉCHNE, 2004).

A segunda forma a pressurização trabalha com uma rotação do motor menor, mas

constante, essa forma é a mais recomendada pelo Corpo de Bombeiro porque ela

mantém um nível permanente de proteção, além de propiciar a renovação de ar no

volume da escada (SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA. 2001 a).

O sistema de pressurização deve atender algumas exigências como: sistema de

acionamento de alarme, trajetória de escape do ar e fonte de energia.

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Esse escape é feito por grelhas de insuflamento, distribuídas em andares alternados,

os pontos de saída deverão ser balanceados para permitir a saída de quantidades

iguais de ar em cada grelha, devendo obrigatoriamente haver uma grelha no piso de

descarga e uma no ultimo pavimento. A figura 5.1 ilustra melhor visualização do

sistema.

Figura 5.1 - Esquema geral do sistema de pressurização (REVISTA TÉCHNE, n.88, Julho 2004).

Independente da forma de dimensionamento, ou seja, se a escada pressurizada

trabalha na rotação mínima, ou na rotação máxima, que só é acionada em conjunto

com os detectores de fumaça, são ligados a centrais ou quadros elétricos que juntos

formam o sistema de detecção e alarme de incêndio.

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Essa central geralmente fica locada na guarita ou na sala de segurança em

empreendimentos maiores.

Deve ser assegurado o fornecimento de energia elétrica para o sistema de

pressurização e de segurança existente na edificação durante o incêndio, de modo a

garantir o funcionamento e permitir o abandono seguro dos ocupantes da edificação.

O edifício deve possuir um sistema de fornecimento de energia de emergência por

meio de um grupo moto gerador automatizado de acordo com as Normas. O grupo

gerador é acionado automaticamente quando houver interrupção no fornecimento de

energia normal para o sistema de pressurização. Os demais sistemas, como

iluminação de emergência, registros corta fogo, bombas de pressurização

hidráulicas de incêndio, poderão ser alimentados pelo mesmo grupo motos

geradores automatizados.

Como já citado anteriormente, o comando elétrico de funcionamento do grupo moto

ventilador (pressurização de escadas), na situação de emergência deve se dar a

partir de um sistema automático de detecção de fumaça. (SECRETARIA DE

SEGURANÇA PÚBLICA. 2001 a).

5.4.2 Sistema de detecção e alarme

Conforme Secretaria de Segurança Pública (2001c), o projeto de sistemas de

detecção e alarme de incêndio tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos

para o dimensionamento dos sistemas de detecção e alarme de incêndio.

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Todo o sistema de detecção e alarme deve possuir duas fontes de alimentação, a

principal é a rede de tensão alternada e a auxiliar é constituída por baterias ou grupo

moto gerador como já citado. Esta fonte de energia auxiliar deve ter autonomia de

funcionamento de pelo menos 24 horas em regime de supervisão, sendo que o

regime de alarme deve ser de no mínimo 15 minutos para suprimento das indicações

sonoras e/ou visuais ou o tempo necessário para a evacuação da edificação.

As centrais de detecção e alarme deverão ter dispositivos de testes dos indicadores

luminosos e dos sinalizadores acústicos.

Nas centrais de detecção ou alarme é obrigatório conter um painel ilustrativo

indicando a localização com identificação dos acionadores manuais ou detectores

dispostos na área da edificação.

Nos locais onde, a atividade sonora (alarme), por qualquer que seja o motivo, não

puder ser instalada, é obrigatório o uso de sinalizadores visuais.

5.4.3 Controle de fumaça

O objetivo do dimensionamento do controle de fumaça é manter um ambiente

seguro nas áreas onde o confinamento de fumaça pode prejudicar a rota de escape,

evitando assim a intoxicação, falta de visibilidade pela fumaça, controle e redução da

propagação de gases e fumaças entre as áreas incendiadas (SECRETARIA DE

SEGURANÇA PÚBLICA. 2001 b).

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19

O controle de fumaça pode ser dimensionado de duas formas, mecânicas ou natural

ou usando as duas formas de extração do ar. A escolha do sistema a ser adotado

fica por conta do projetista, desde que atenda as exigências da norma. A figura 5.2

demonstra o controle de fumaça feito por extração natural.

Figura 5.2 - Controle de Fumaça – Extração Natural (CORPO DE BOMBEIROS, 2001b).

Alguns cuidados devem ser observados no projeto de execução do sistema,

adotando a sua entrada em operação no inicio do incêndio, evitando assim

condições perigosas como a explosão ambiental “backdraft” ou o aumento da

temperatura do local onde o incêndio se iniciou.

Para evitar situações perigosas como estas, deve ser previstos o intertravamento da

abertura de extração de fumaça e a introdução de ar somente da área sinistrada e a

insuflação de ar no ambiente no menor tempo possível, para assim evitar a

explosão.

O sistema de controle de fumaça é dimensionado para áreas amplas como subsolos,

espaços amplos e com grande volume, átrios etc.

Page 30: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

20

Faz parte do sistema de controle de fumaça tanto a natural como a mecânica:

- grelhas

- Aberturas de entrada

- venezianas

- Abertura de ar por insuflação

- Dutos e peças especiais

- Mecanismos elétricos pneumáticos e mecânicos de acionamento dos

dispositivos de extração de fumaça

É recomendável o hábito de testes periódicos do sistema, conforme descrito abaixo,

mantendo assim o equipamento sempre em perfeitas condições, pois assim que

solicitado possa responder imediatamente. Os meios testes não devem ser obtidos

por equipamentos especiais, mas baseado nos próprios equipamentos constituintes

do próprio sistema.

Os testes periódicos podem ser divididos em três categorias:

- Testes dos componentes do sistema

- Testes de aceitação

- Testes periódicos

“Falando separadamente de cada um deles”. (SECRETARIA DE SEGURANÇA

PÚBLICA. 2001b).

Page 31: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

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- Testes dos componentes, o objetivo deste teste é o de estabelecer que a

instalação final esteja adequada ao que foi descrito no projeto, funcione

corretamente e esteja pronta para o teste de aceitação.

- Teste de aceitação deve confirmar que as instalações finais dos

equipamentos estejam de acordo com o projeto e funcionamento apropriado.

- Testes periódicos, a realização deste teste devem ser feita semestralmente

por pessoas habilitadas pela instaladora ou pessoas treinadas pela mesma, e

como já dito, serve para saber se o equipamento está em perfeitas condições

no caso seja solicitado.

5.5 Sistema de combate ao incêndio

Combater ao fogo, entende-se que o fogo já se iniciou. Um projeto eficiente de

segurança contra incêndio deve prever situações atípicas. O combate ao fogo é

feito através dos equipamentos e meios que possibilitem a extinção do fogo. Assim,

cada vez mais, brigadas de incêndio bem treinadas e edifícios cada vez mais

equipados com sistemas de alarmes e detecção automática, tem mantido com

sucesso o combate ao foco inicial do fogo, preservando a vida humana, e o mínimo

de perdas materiais.

As exigências do sistema de segurança são feitas em função da classificação de

cada edifício. O Decreto Estadual Paulista classifica em 12 grupos que se dividem

em subgrupos mais específicos. Por exemplo, a altura do edifício, quanto maior o

edifício, maior a dificuldade de acesso das equipes no combate ao fogo, logo,

Page 32: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

22

edifício neste perfil exige um grau de maior nas exigências dos sistemas de

combate.

5.5.1 Precauções contra o início do incêndio

- Correto dimensionamento e execução das instalações elétricas;

- Correto dimensionamento das compartimentações;

- Uso de materiais contra incêndio como PCF, blocos cerâmicos.

5.5.2 Limitação do crescimento do incêndio

- Controle da quantidade de materiais combustíveis incorporados aos elementos

construtivos;

- Brigada de incêndio atualizada;

- Perfeitas condições de funcionamento dos equipamentos.

5.5.3 Equipamentos manuais

Extintor: aparelho portátil ou sobre rodas destinados a combater princípios e

incêndio.

Mangotinhos: conta com saída simples de água, dotada de válvula de abertura

rápida, mangueira, esguicho regulável. Pode ser acionada por uma pessoa e não

precisa ser desenrolado.

Page 33: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

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Hidrante: ponto de saída de água com válvula contendo adaptadores, tampões,

mangueiras de incêndio. Neste caso precisa de duas ou mais pessoas para o seu

manuseio e tem maior vazão que o mangotinho.

Chuveiros automáticos: sistema pressurizado de tubulações, acessórios,

abastecimento de água, válvulas e dispositivos sensíveis à elevação de temperatura.

Os gases quentes esquentam as ampolas, que estouram, liberando a água para

combater o foco inicial.

Detecção: dispositivo acionado por fumaça ou gases detecta princípios de incêndio

e dispara alarmes, acionando a brigada. (REVISTA TÉCHNE, 2004).

5.6 Formas de propagação

“A transmissão de calor entre materiais pode ocorrer de duas formas distintas. Por

condução e por convenção. Embora ajam conjuntamente as propagações são

iniciadas pela predominância de uma delas. O incêndio e a sua duração estão

relacionados à quantidade de combustível disponível, é importante entender a

mecânica do calor”. (REVISTA TÉCHNE, 2004).

Page 34: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

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5.6.1 Condução

Para que o calor seja propagado por condução, as chamas precisam atingir os

objetos e materiais diretamente. Dessa forma, o incêndio pode ser propagado

horizontalmente ou mesmo entre andares próximos.

5.6.2 Convenção

A propagação por convenção ocorre com freqüência por meio de dutos, elevadores

e escadas, atua por meio da troca entre gases quentes e frios e provoca o

surgimento de focos de incêndio em andares distintos.

5.6.3 Evolução do fogo

Quatro componentes devem estar presentes para o surgimento do fogo. O

combustível, o comburente, o calor e a reação em cadeia. Para extinguir um foco é

necessário atuar diferentemente em cada um desses elementos.

Quatros são as fases que atravessa um incêndio, a fase inicial de elevação de

temperatura, fase de aquecimento, fase de resfriamento e a extinção. A primeira é

caracterizada pela inflamação dos materiais no recinto. Quando há caminhos para a

propagação do fogo para outros materiais e objetos ocorre à elevação da

temperatura e o surgimento de fumaça e gases inflamáveis, a partir desse momento

o incêndio ganha força e todos os materiais são inflamados, tornando impossível a

sobrevivência no ambiente e os gases são expelidos pelas janelas e portas.

Page 35: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

25

5.7 Classes de incêndio

“O incêndio é dividido ou classificado por classes, variando do material em questão”

(MACINTYRE, 1996, p. 325).

I. Classe A – fogo em materiais comuns de fácil combustão com a

propriedade de queimarem em sua superfície e profundidade, deixando

resíduos. É o caso da madeira, tecidos, lixo comum e papel, fibras,

forragem etc. a estes poderia acrescentar alguns outros como o carvão,

coque, filmes e material fotográfico.

II. Classe B – fogo em inflamáveis que queimam somente em sua superfície,

não deixando resíduos, como óleos, graxas, vernizes, tintas, gasolina,

querosene, solventes, borracha, óleos vegetais e animais.

III. Classe C – fogo em equipamentos elétricos energizados (motores,

geradores, transformadores, reatores, aparelhos de ar condicionado,

televisores, rádios, quadros de distribuição).

IV. Classe D – fogo em metais piroforos e suas ligas (magnésio, sódio,

potássio, alumínio, titânio e outros). Inflamam-se entre si em contato com

o ar ou produzem centelhas e até explosões, quando pulverizados e

atritados.

V. Classe E – materiais radioativos - Ponto de fulgor acima de 60° e abaixo

de 93,4°C.

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5.7.1 Instalação X material incendiado

“A escolha da substância com a qual se irá apagar o incêndio, o tipo de instalação e

o modo de executá-la dependem da natureza do material cujo incêndio se cogita

debelar”. (MACINTYRE, 1996, p. 325).

Existem materiais combustíveis cujo incêndio pode ser apagado com diversas

substancias, como é o caso da madeira, papel e tecidos, mas há outros que o

incêndio só pode ser contido e apagado com produtos especiais, que é o caso do

álcool, solventes e muitos outros.

No caso dos óleos, querosenes e solventes minerais, a escolha do produto extintor e

do sistema depende do ponto de concentração dos mesmos.

5.7.2 Água

A água tem a grande capacidade de absorver calor, o que a torna uma substancia

muito eficaz para resfriar os materiais e apagar o incêndio (MACINTYRE, 1996).

5.7.3 Formas de utilização

A ) Jato. Usam-se bocais com ponteiras ligadas a mangueiras que, por sua vez

recebem a água escoada em encanamentos que formam a rede de incêndio.

Page 37: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

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B ) Aspersão. Empregam-se aspersores especiais de funcionamento automático que

são os chamados sprinkler, a água pulverizada forma um chuveiro sobre o local

onde irrompeu o incêndio, e o vapor d’ água formado com a água espargida

constitui, por si, uma barreira à penetração do oxigênio, elemento que, por ser

comburente, alimenta a combustão.

C) Nebulizadores - Bico especial destinado a realizar o resfriamento de tanques de

armazenamento de derivados de petróleo ou álcool.

5.7.4 Espuma

O sistema utilizado como espuma mecânica é aconselhado para líquidos

inflamáveis, derivados de petróleo e solventes, e consiste no lançamento, sobre o

local do incêndio de considerável quantidade de espuma.

A espuma é obtida pela mistura com a água de um agente formador de espuma, que

é um produto de base proteínica, fazendo incidir um jato de ar com o auxilio de um

ejetor especial conhecido como formador de espuma. O lançamento da espuma é

realizado com dispositivos especiais e por canhões ou esguichos dotados de

produtor de espuma.

Esse sistema é usado em instalações onde são armazenadas grandes massas de

líquidos inflamáveis, como gasolina, álcool, solvente, etc.

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5.7.5 Gás carbônico e o seu emprego

“O gás carbônico (CO2), é um gás inodoro e incolor, 15 vezes mais pesado do que o

ar, mal condutor de eletricidade, que não é tóxico nem corrosivo. Entretanto, pode

causar a morte por asfixia, cegar e produzir queimaduras na pele pelo

frio”.(MACINTYRE, 1996, p. 329).

O efeito produzido pelo CO2 na extinção dos incêndios decorre do fato de que ele

substitui rapidamente o oxigênio do ar, seu volume pode expandir-se 450 vezes. É

armazenado em garrafões cilíndricos de aço sob alta pressão que podem ser

agrupados em baterias em instalações centralizadas. A atuação dos dispositivos

automáticos de lançamento de CO2, pode ser feita por sistemas elétricos, mecânicos

ou pneumáticos acionados por detectores de fumaça ou calor. O gás carbônico é

lançado sob as formas de gás, neve ou de neblina, dependendo do bico utilizado

para o seu lançamento.

O seu emprego é recomendado para:

- Centro de processamento de dados, instalação de computadores.

- Indústrias químicas

- Cabines de pintura

- Centrais térmicas, geradores diesel elétricos.

- Bibliotecas, museus e caixas fortes. (BORGES E BORGES, 1992).

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5.7.6 Pó químico

O pó químico é fornecido em extintores portáteis com mangueiras de ate 10m, os

quais nos tipos de maior capacidades podem ser colocadas em carrinhos com rodas

de borracha. É empregado no combate a incêndio em industrias, refinarias, fabricas

de produtos químicos aeroportos, etc.

O produto químico básico é o bicarbonato de sódio micropulverizado, tratado de

modo a não absorver umidade, ou o sulfato de potássio, substâncias não tóxicas

que podem ser armazenadas por tempo indeterminado.

5.7.7 Freon 1301 – Sistema Sphreonix

O freon é utilizado com excelentes resultados no combate a incêndio de madeira,

papel, algodão, tecidos, líquidos inflamáveis, gasolina, computadores, etc. Esse gás

inibi a reação da combustão, é armazenado em recipiente de forma esférica, de

dimensões reduzidas, o qual é colocado no teto sobre o local a proteger.

5.7.8 Hallon 1301

Gás com as mesmas propriedades que o freon 1301, sendo utilizado das mesmas

formas.

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5.8 Instalações de combate a incêndio com água

Sistema sob comando (regido pela NBR 24/57), assim é chamado à tomada d’água

ao local incendiado, com a correta localização das caixas de hidrantes, assim

permite o uso de mangueiras e seus respectivos componentes.

5.8.1 Hidrante ou tomada de incêndio

É o ponto de tomada d’água, com registros e união tipo engate, no interior de

edificações é colocado nas caixas de incêndio distribuídos nos pavimentos. Os

hidrantes são dimensionados em prumadas próprias e destinadas a combater o

incêndio em qualquer ponto do edifício com o auxilio de mangueiras de 30m de

comprimento, sem contar os 7m que o jato alcança com a pressão da água.

Nos edifícios além da prumada de incêndio, é destinado, também nos barriletes

inferior e superior o dimensionamento dos reservatórios, ou seja, é obrigatório deixar

nos reservatórios superiores a reserva do corpo de bombeiros, tal dimensionamento

é capaz de garantir um suprimento de meia hora alimentando os hidrantes. Um tubo

é colocado na altura citada acima para a alimentação dos ramais que vai atender o

consumo de: lavatórios, vasos sanitários, chuveiros, etc. E no fundo do reservatório

sai à ligação dos ramais para a prumada de incêndio, que em cada pavimento

servem os hidrantes. Essas colunas ao atingirem o térreo ou o subsolo (se existir) se

ligam a uma tubulação que liga até a rua o hidrante de passeio, permitindo assim o

abastecimento por fonte externa (MACINTYRE, 1996).

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Deverá ser instalada uma válvula de retenção junto à saída da tubulação para o

auxilio ao combate a incêndio. O hidrante de recalque devera ser colocado em

caixas embutidas no passeio, com tampa metálica identificada e com dimensões

mínimas de 0,40 x 0,60m. A reserva para o incêndio é fixada pela legislação

estadual e depende do número de pavimentos, como mostra a figura 5.3.

Figura 5.3 - Esquema ilustrando a reserva de incêndio (PIOLLI, 2003).

Alem da reserva do Corpo de Bombeiros nos reservatórios, é necessário o uso de

uma bomba de incêndio que vai dar pressão nos últimos pavimentos onde a pressão

d’água não é muito grande, esse dispositivo é acionado manualmente através de

botoeiras locadas ao lado dos hidrantes. Essas botoeiras geralmente são colocadas

nos dois últimos andares, para o seu acionamento é necessária à quebra do vidro

existente.

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Cada hidrante é composto de:

- Um registro de gaveta de 2 ½”

- Mangueira

- Chave

- Bocal

- Nebulizador

- Uma junta Storz de 2 ½ que permite a adaptação da mangueira do Corpo de

Bombeiro.

- Uma redução de 2 ½” para 1 ½” para permitir a adaptação da mangueira do

hidrante.

A figura 5.4 ilustra os componentes do hidrante.

Figura 5.4 - Caixa de incêndio com hidrante (PIOLLI, 2003).

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5.8.2 Sistemas de chuveiros automáticos

Sistemas de chuveiros automáticos, mais conhecidos como sprinkler, nada mais é

que uma rede de encanamento ligado a um reservatório ou muitas vezes a uma

bomba. A NBR 6135/80, dita as condições técnicas mínimas a que devem satisfazer

os chuveiros automáticos ou sprinkler. A figura 5.5 ilustra o sprinkler e seus

componentes.

Figura 5.5 - Sprinkler e seus componentes (MACINTYRE, 1996).

O sprinkler é composto de uma ampola na qual contém um líquido que se expande

sob a ação do calor, com o rompimento da ampola há liberações do fluxo de água.

Há casos onde o combate ao fogo com água é desaconselhável, então a rede de

sprinkler deve ser alimentada com outro tipo de fluido, um alarme sonoro deve ser

acionado sempre que um ou mais sprinkler entra em operação. Na tabela 5.1. pode-

se observar a relação da coloração da ampola com a temperatura.

Page 44: engenharia.anhembi.br_sistema combate a incêndio#Trabalho PI

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Tabela 5.1 - Elementos da ampola, coloração e temperatura

TEMPERATURA

NOMINAL ºC COLORAÇÃO DE LIQUIDOS

57 LARANJA

68 VERMELHO

79 AMARELO

93 VERDE

141 AZUL

182 ROXO

183 A 260 PRETO

(BORGES E BORGES, 1992)

A posição de instalação do sprinkler é identificada pelo formato do defletor e pode

ser

- Pendente (para baixo) – com a letra H

- Em pé (para cima) – com a letra F

- Lateral (de parede) – letra código L, M ou N.

Para se dimensionar a rede de sprinkler deve-se obedecer algumas classificações:

a) Risco pequeno - Hospitais, escolas, escritórios (com exceção) e

prédios de apartamentos.

b) Risco médio - Edifícios comerciais e industriais com manuseio,

processamento e estocagem de materiais de combustão.

c) Risco grande – fogos de artifícios, pneus, tintas e vernizes, espuma

de plásticos.

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O dimensionamento da rede é calculado através da área a ser protegida e do grau

de risco. Abaixo a tabela 5.2 que visualiza o grau de risco. Assim com os hidrantes a

rede de sprinkler também exige uma reserva no reservatório e o seu valor é medido

em função da quantidade de bicos projetados. Conforme (Borges e Borges, 1992).

Tabela 5.2 - Número de sprinkler

ÁREA POR

ESPAÇAMENTO

ENTRE

DENSIDADE

MÉDIA VAZAO RESERVA

RISCO SPRINKLER M² SPRINKLER (M) MM / MIN L/MIN TÉCNICA M³

PEQUENO 21 4,5 2,25 47 9,0 A 11

MÉDIO 12 4 5 60 55 A 185

GRANDE 9 3,5 7,5 67,5 225 A 500

(BORGES E BORGES, 1992)

A distância da parede em relação à tubulação de sprinkler é a metade do

espaçamento entre dois sprinkler.

A tubulação do sprinkler é fixada através de braçadeiras e dependendo do local

onde se destina à tubulação podem ser escondidas pelos forros, dando assim uma

estética melhor ao ambiente. A utilização de forros é mais usadas em halls sociais,

dentro de escritórios, etc. Em subsolos geralmente a tubulação fica aparente

(MACINTYRE, 1996).

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As tubulações para o sistema são compostas de:

- Coluna de alimentação – deriva dos barriletes e alimenta os ramais em cada

pavimento.

- Ramal – tubulação que deriva da coluna e alimenta os sub-ramais

- Sub-ramal – tubulação que deriva do ramal e alimenta até seis sprinklers.

A figura 5.6 ilustra os ramais e sub-ramais.

Figura 5.6 - Distribuição básica da rede sprinkler (MACINTYRE, 1996).

5.9 Rede elétrica, um foco de problemas.

Na compra de utensílios para casa, poucos são aqueles que se preocupam em

verificar se os materiais que estão comprando para a sua instalação estão dentro

dos padrões estabelecidos, o problema é que o uso do produto não certificado pode

provocar a ocorrência de curtos-circuitos e incêndio de grandes proporções,

colocando em risco a vida daqueles que ocupam aquele imóvel.

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Produtos dentro da norma têm a garantia oferecida pelo fabricante, que, em caso de

faísca o fogo não se propaga, evitando assim que um problema pontual numa

tomada ou num ponto de luz, não se propague pela rede elétrica da casa toda.

Todos os equipamentos que compõem a rede elétrica como disjuntores, tomadas,

fios, bem como os eletrodomésticos devem ser certificados pelo selo do INMETRO,

incluindo a tinta utilizadas em parede, peça de porcelana do banheiro, tubulações,

pisos entre outros. Produtos com certificação têm um risco menor de acontecer

acidentes, já que o fogo não se espalha e pode ser controlado facilmente.

No caso de fios elétricos, o material utilizado no isolamento dos fios, ou seja, à parte

de cobre é feito de um material anticombustão que não propaga o fogo. Quando

ocorre algum problema pontual em uma rede elétrica, o fogo não se propaga,

garantindo assim somente a queima do material e não o alastramento de chamas ao

longo da rede.

A utilização do dispositivo DR, ou seja, um disjuntor que fica no quadro elétrico de

distribuição garante que nenhuma sobrecarga entre na sua rede, danificando seus

eletrodomésticos. O DR identifica a sobrecarga e desarma os disjuntores do quadro

geral, garantindo assim que algum acidente venha ocorrer, como a queima da rede

elétrica toda de um apto, por exemplo.

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5.10 Inspeção predial contra incêndio

A inspeção predial pode ser uma ferramenta a favor daqueles que tem interesse por

um imóvel ou daqueles que zelam pela saúde da edificação que gerenciam e

conseqüentemente zelando pelo valor do patrimônio. (REVISTA TÉCHNE, 2004).

A norma de inspeção do IBAPE-SP define como inspeção predial: “a vistoria da

edificação para determinar suas condições técnicas, funcionais e de conservação,

visando direcionar o plano de manutenção”, através de relatórios, onde nestes

relatórios podemos observar e acompanhar o andamento das correções às não

conformidades apontadas.

A vistoria preventiva pode ser realizada por um profissional habilitado como pede a

norma, pode ser realizada também pelo conselho do condomínio, desde que seja

feito um relatório, tipo “check list”, onde o mesmo deve prever recomendações de

ações para a equipe de manutenção. A análise dos laudos permite o grau de

aprimoramento ou deterioração do edifício ao longo do tempo. No caso de

condomínios novos a responsabilidade é da construtora, até o condomínio ser

entregue definitivamente ao conselho.

Um dos grandes problemas que encontramos nas edificações vem da falta de

conscientização dos seus usuários, além da falta de manutenção preventiva e

corretiva do sistema de proteção contra incêndio.

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5.11 O Instituto de Resseguros do Brasil

O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, graças ao então presidente

Getúlio Vargas. Naquela época, a atividade de resseguro no País era feita quase

totalmente no Exterior, de forma direta ou por intermédio de companhias

estrangeiras que operavam no Brasil.

A necessidade de favorecer o aumento da capacidade seguradora das sociedades

nacionais, para a retenção de maior volume de negócios em nossa economia,

tornava urgente a organização de uma entidade nacional de resseguro.

Dando inicio as atividades do IRB, uma sociedade de economia mista, ligada ao

Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, com o objetivo de regulamentar

o cosseguro, o resseguro e a retrocessão, além de promover o desenvolvimento das

operações de seguros no País.

5.11.1 Definição de Resseguro

Resseguro é o seguro do seguro. Quando uma companhia assume um contrato de

seguro superior à sua capacidade financeira, ela necessita repassar esse risco, ou

parte dele, a uma resseguradora. Ex. uma seguradora de uma instituição financeira.

O resseguro é uma prática comum, feita em todo o mundo, como forma de preservar

a estabilidade das companhias seguradoras e garantir a liquidação do sinistro ao

segurado.

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Muitas vezes, os valores envolvidos nos contratos de seguro são tão altos que

mesmo o resseguro necessita de cobertura. Nesse caso, a pulverização de risco é

feita entre resseguradoras internacionais recebendo o nome de retrocessão. Quanto

maior o valor do contrato, maior a necessidade de envolvimento de um grupo maior

de empresas.

Além de pulverizado entre as resseguradoras, o valor do bem segurado também

pode ser dividido entre duas ou mais seguradoras. Essa operação é chamada de

cosseguro, onde são emitidas tantas apólices quantas forem as empresas

envolvidas, ou apenas uma apólice para uma das companhias, denominada líder.

O resseguro também é aplicado a área de prevenção e combate a incêndio, não

temos idéia do que se perdeu no sinistro do edificio joelma, muitos documentos,

dados importantíssimos das empresas que ali se estabelecia.

As seguradoras conveniadas ao IRB tem assim uma cobertura, que em certos

casos por si só, não teriam como cobrir possíveis danos.

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6 CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SPAZIO VITTA

Condomínio Residencial SPAZIO VITTA, localizado à Rua das Giestas, 63 – Vila

Prudente – São Paulo – SP, composto por duas torres de 15 pavimentos tipo e dois

subsolos, somando assim um total de 45m de altura do piso de acesso ao piso mais

elevado.

O empreendimento possui uma área construída de 17.038,12 m2, sendo desse total

2.335,40 m2 de subsolo destinado a garagem.

A proposta do sistema de segurança foi elaborada pela TATI Construtora e

Incorporadora e Coinstal Eletricidade e Hidráulica, tendo como responsável técnico o

Engº Arnaldo Goldstein.

6.1 SISTEMAS DE PROTEÇÔES EXISTENTES

Tabela 6.1 – Sistema de proteções existentes

SISTEMA NORMA ADOTADA SISTEMA NORMA ADOTADA

Sist de extintores Dec. Est. 38069/93 Compartimentação Vert. Dec Est. 38069/93

Sist de hidrantes Dec. Est. 38069/94 Chuveiros automáticos -

Sist de ilum de emergência NBR 10898/90 Brigada de incêndio Exigi. Municipal

Sist de detecção e alarme NBR 9441/94 Sistema de para raio NBR 5419

Sinal seg c/ inc. Pânico NBR 13434/35/37 Escada Pressurizada IT - CB 010/33/99

Rotas de escape NBR 9077/93 Instalações elétricas NBR 13522/96

Isolamento de risco Dec Est. 38069/93 Compartimentação Horiz. Dec Est. 38069/94

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6.1.1 Sistemas de extintores

Objetivo: Proporcionar combate ao foco de incêndio, efetuando a sua extinção.

O empreendimento é composto por 94 extintores manuais sendo 46 de água

pressurizada de 10 litros, 06 de gás carbônico de 06 quilos e 42 de pó químico seco

de 04 quilos. Os extintores estão localizados no hall social fixados na altura de 1,60

metros entre os apartamentos, conforme mostra a figura 6.2, no térreo e nos

subsolos, figura 6.1.

Figura 6.1 - Extintores

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Figura 6.2 – Extintor localizado no Hall social

6.1.2 Sistema de hidrante

Objetivo: Proporcionar combate e extinção de incêndio, evitando a sua propagação,

com a utilização de água.

O empreendimento é composto por um total de 38 hidrantes, sendo um a cada

pavimento e dois no subsolo, com diâmetros dos esguichos de 13mm e 16mm.

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O diâmetro da mangueira (mm) e comprimento (m) é de 38 x 20 e 30 m. O material

utilizado para as instalações é o ferro galvanizado. A tubulação utilizada foi de

63mm, para a sucção da bomba de 75 mm e expedição do hidrante 63mm.

Figura 6.3 - Hidrante

O acionamento da bomba de incêndio é feito através de botoeiras liga-desliga

posicionadas nos dois últimos pavimentos conforme figura 6.4.

Figura 6.4 – Botoeira liga/desliga

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As características da bomba de incêndio, conforme mostra a figura 6.5, são:

A) vazão 400 LPM

B) Pressão 10 MCA

Figura 6.5 – Bomba de incêndio

6.1.3 Sistema de iluminação de emergência

Objetivo: Proporcionar adequada iluminação nos ambientes, em caso de interrupção

de energia elétrica permitindo o abandono da população da edificação .

A iluminação de emergência, demonstrada na figura 6.6, é distribuída nas

escadarias, barriletes, casa de máquina dos elevadores, abrigo do gerador, casa de

maquina da pressurização e subsolos, todas alimentadas pelo gerador que fica

localizado no 1º subsolo.

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Figura 6.6 – Iluminação de emergência

O grupo moto gerador também foi dimensionado para os 04 elevadores existentes

pelo sistema (DAFF), ou seja, os elevadores de serviço, onde estiverem descem até

o pavimento térreo, mantém as portas abertas e sai de funcionamento e os

elevadores sociais após os de serviço pararem funcionam normalmente.

6.1.4 Sistema de detecção e alarme

Objetivo: Alertar as pessoas da existência de um foco de incêndio.

O tipo de detector utilizado no condomínio foi o tipo iônico, conforme figura 6.8. O

tipo iônico é capaz de detectar produtos de combustão antes mesmo da presença de

fumaça visível. Raio máximo de ação é de 81m.

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Na figura 6.7 mostra o painel da central de alarme.

Figura 6.7 – Central de Alarme

Figura 6.8 – Detector de Fumaça

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6.1.5 Isolamento de risco

Objetivo: Evitar que o foco se propague de entre as torres.

As torres são separadas com afastamentos e recuos:

A) lateral direito 6.0 m

B) lateral esquerdo 6.0 m

C) frente 6.50 m

D) fundos 14.50m

O material das paredes corta fogo é o bloco cerâmico que tem o tempo de

resistência ao fogo de 2 horas.

6.1.6 Compartimentação horizontal

Objetivo: evitar a propagação de incêndio de um ambiente a outro no plano

horizontal.

A área máxima de compartimentação por pavimento é de 336,26m2

O material usado na compartimentação e sua resistência ao foco são os blocos

cerâmicos.

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6.1.7 Compartimentação vertical

Objetivo é evitar a propagação de fogo, fumaça e gases de um pavimento a outro.

A construção possui dutos de serviços (shafts) de eletricidade, telefonia. Os

isolamentos entre os pavimentos nos shafts foram feitos por meio de laje de

concreto e alvenaria.

6.1.8 Brigada de incêndio

No ato da entrega do condomínio em assembléia geral, foi orientado quanto a

importância da formação da brigada de incêndio, que é habilitar um grupo de

pessoas do condomínio a promover a prevenção e ensinar a operar os

equipamentos de combate a incêndio, bem como orientar a população durante o

abandono em caso de sinistro.

Até a realização deste trabalho, o condomínio não formou a sua brigada de incêndio.

6.1.9 Para Raio

O Objetivo: do para raio é proteger as pessoas, edificações e equipamentos contra

descargas elétricas atmosféricas. O tipo de sistema utilizado no empreendimento é a

gaiola Franklin.

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6.1.10 Escada pressurizada

Objetivo: Proporcionar o controle de fumaça através de pressurização das escadas

de segurança protegidas, a fim de possibilitar o escoamento da população da

edificação de forma segura.

O tipo de pressurização utilizada no empreendimento é o de dois estágios, sendo o

1º estagio 15 Pa e o 2º estágio de 50Pa.

O primeiro estágio o ventilador estará funcionando com motor na menor rotação e

com a previsão de operação ininterrupta, na figura 6.9 mostra detalhes do motor.

Figura 6.9 – Motor de pressurização

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O segundo estágio, o sistema entrará em operação automaticamente através dos

detectores de fumaça, colocando o ventilador no dobro da rotação e o dobro da

rotação, pela reversão das chaves elétricas.

A vazão e pressão do motor-ventilador empregados no 1º e 2º estágio são:

Primeiro estágio: Vazão: 13.108 m3/h

Pressão : 200 Pa

Segundo estágio: Vazão 26.815 m3/h

Pressão: 800 Pa.

Os cálculos foram obtidos considerando 1 PCF aberta.

A vazão de uma porta corta fogo aberta é de Q = 5.904 m3 / h, somando esse valor

com o obtido no cálculo da vazão de ar na escada Q = 20.911 m3 / h para o segundo

estágio. O valor de Q = 20.911 m3 / h é obtido considerando a quantidade de ar,

acréscimo de 1m3 / s para vazamentos na porta de descarga, acréscimo de 15% do

ar no sistema para prováveis vazamentos, acréscimo de 25% do ar no sistema para

as redes de dutos metálicos em alvenaria.

O local destinado à casa de máquina dos motores da pressurização é o 1º subsolo.

Como podemos verificar nos detalhes do projeto em anexo A .

O material utilizado para proteção dos dutos ao fogo é: manta cerâmica e lã de rocha

como mostra a figura 6.10.

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Figura 6.10 – Dutos da pressurização

A forma de acionamento do sistema de pressurização é dada através do sistema de

detecção automática de fumaça ou normalmente com botoeiras liga-desliga na

guarita como mostram as figura 6.11 e 6.12.

Figura 6.11 – Central de Pressurizzação localizada na guarita

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Figura 6.12 – Painel de comando manual da pressurização

Em anexo A partes do projeto da pressurização de escada para melhor

visualização.

6.1.11 Reservatórios

Os reservatórios superiores e os inferiores foram dimensionados para receberem

caixas d’água de fibra de vidro da Máster Água, montada “in loco” através de anéis,

como mostra a figura 6.13 e detalhes do projeto em anexo D.

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Figura 6.13 – Reservatórios – Barrilete inferior

O empreendimento Spazio Vitta é uma construção GAFISA S/A e Incorporação Tati

Construtora e Incorporadora, tendo inicio a sua construção em agosto de 2002 e a

sua conclusão em 30 de abril de 2004.

A aprovação do projeto do corpo de bombeiros se deu em 18 de fevereiro de 2002

conforme comunicado em anexo B.

Após realizarem duas vistorias no condomínio foi concedido o laudo de aprovação

do empreendimento. Na primeira vistoria do corpo de bombeiros foi apontada

irregularidade na bomba de incêndio. Para fazer o teste da bomba, foi aberto um

apartamento no último pavimento e desenrolaram a mangueira até a janela mais

próxima, abriram o registro e após alguns minutos acionaram a botoeira para a

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bomba entrar em funcionamento. Verificou-se que a pressão não aumentou

evidenciando o problema.

Ficou constatado que o problema estava na rotação ao contrário da bomba.

Outro ponto falho foi os detectores de fumaça que não haviam sido instalados nos

subsolos. O oficial do Corpo de Bombeiros também alertou sobre a vedação das

portas corta fogo da casa de pressurização que não havia sido feito.

Na última vistoria e definitiva foram realizadas inspeções somente nos pontos antes

recusados e como os reparos haviam sido feitos, houve a liberação por parte do

Corpo de Bombeiros no dia 27 de Fevereiro de 2004 como mostra o laudo no anexo

C.

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7 ANÁLISE

O estudo realizado no condomínio residencial Spazio Vitta, constata que os

componentes do projeto estão em conformidade segundo a norma.

Todos os procedimentos descritos no capítulo 5 no que diz respeito a hidrantes

conforme citado no subitem 5.5.1, detectores subitem 5.4.2, central de alarme

subitem 5.4.2, o acionamento da bomba de incêndio conforme subitem 5.8.1, estão

em conformidade seguindo os seus padrões e normas.

Em relação aos reservatórios superiores, eles dispõem de 30 cm de reserva para os

hidrantes, esse cálculo é feito pela altura do edifício e a quantidade de água

armazenada nos reservatórios. No estudo realizado no condomínio os reservatórios

estão em conformidade como mostra detalhes no anexo D.

Como foi verificado no estudo de caso, alguns erros foram apontados pelo oficial do

Corpo de Bombeiros na primeira vistoria, isso comprova que por mais que se tenha

uma vistoria rigorosa por parte do Corpo de Bombeiros, sempre fica para trás

alguma coisa, erros que podem ser pequenos, mas fazem diferença na hora que é

solicitado.

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8 CONCLUSÕES

Elenco de normas e instruções normativas geram rotinas para a confecção de

projetos e construções.

Existem falhas em projetos que podem ser cruciais para a vida de muitas pessoas,

pois, do dimensionamento correto, do bom funcionamento e da manutenção

periódica dos equipamentos, fazem a diferença quando realmente solicitados.

Após os acidentes citados anteriormente como o Joelma, hoje atual edifício das

Bandeiras, e o Andrauss, muita coisa mudou em relação às leis federais, o rigor em

relação à aprovação de projetos e consequentemente na parte executiva dobrou.

Exigências como rotas de fuga, centrais de alarmes e materiais específicos contra

propagação do fogo se tornaram fundamentais na composição do projeto.

No empreendimento estudado, padrão residencial, os componentes de combate a

incêndio esteve sujeito a testes periódicos e a aprovação do Corpo de Bombeiros.

Componentes como áreas de escape, ventilação mecânica e central de alarmes

compõe o empreendimento, além dos dispositivos contra incêndio.

Existem casos especiais, empreendimentos como instituições financeiras,

seguradoras, grandes bancos que utilizam a informática a seu favor para a proteção

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do patrimônio, onde se têm computadores com dados importantíssimos para

preservação de dados que não podem ser danificados no caso de um incêndio.

Centrais de alarmes e dispositivos automáticos como sprinkler comandando por

microcomputadores que podem ser um diferencial, pois com dados eletrônicos é

bem provável que uma ação seja tomada com mais rapidez do que uma brigada de

incêndio não atuante, esse pode ser o diferencial.

Para os engenheiros e projetistas é necessário que se tenha muito cuidado com a

execução e elaboração de uma proposta de incêndio, sem economias nos seus

dispositivos, tentando achar meios e equipamentos mais baratos que podem não

responder corretamente quando solicitado e o mesmo serve para a mão de obra que

executará o sistema. Sempre pensando na vida de muitas pessoas e depois nos

bens materiais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, R. S. e BORGES, W. L. Instalações Prediais hidráulico-Sanitárias e de Gás. São Paulo: Pini, 1992. p.395.

CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO PAULO, Histórico. Disponível em

www.corpodebombeiros.com.br. Acesso em 05 de junho de 2004.

GAFISA/TATI CONSTRUTORA E INCORPORADORA. Memorial Descritivo de Projeto Executivo do empreendimento Spazio Vitta, 2001.

Instituto de Resseguros do Brasil. Disponível em www.irb.gov.br. Acesso em 20 de outubro de 2004.

JMP – PROJETOS. Memorial Descritivo de Pressurização de escadas, 2001.

MACINTYRE, A. J. Instalações hidráulicas Prediais e Industriais. São Paulo: JC, 1996, p. 324.

PIOLLI, O. J., Sistema fixos de combate a incêndio. Trabalho de conclusão de curso. Anhembi Morumbi, São Paulo, 2003.

REVISTA TÉCHNE, PROVA DE FOGO PARA OS EDIFÍCIOS, São Paulo: n.88, JULHO, 2004.

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA, Polícia Militar do Estado de São Paulo, Corpo de Bombeiro, Instrução Técnica 13/01, 2001 A

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA, Polícia Militar do Estado de São Paulo, Corpo de Bombeiro, Instrução Técnica 15/01, 2001 B

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA, Polícia Militar do Estado de São Paulo, Corpo de Bombeiro, Instrução Técnica 19/01, 2001 C

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C

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ANEXO D