engenharia 95 anos

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o instituto de engenharia faz 95 anos

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

O Brasil está se tornando um grande canteiro de obras. Novas oportunidades surgem a todo momento. Para aproveitá-las, você vai precisar da força e do know-how da Case, há mais de 90 anos no País. De máquinas leves a mais pesadas, a Case tem uma linha completa de produtos e serviços que atendem a todas as necessidades deste novo Brasil que cresce como nunca. Porque Case é sinônimo de alta tecnologia aliada a um pós-venda eficiente e a uma rede que alcança todo o território nacional. Case, uma marca em constante evolução. Acesse e descubra tudo que a Case pode fazer por você. www.casece.com.br

um país que não para de crescer precisa de uma marca que não para de evoluir.

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O Brasil está se tornando um grande canteiro de obras. Novas oportunidades surgem a todo momento. Para aproveitá-las, você vai precisar da força e do know-how da Case, há mais de 90 anos no País. De máquinas leves a mais pesadas, a Case tem uma linha completa de produtos e serviços que atendem a todas as necessidades deste novo Brasil que cresce como nunca. Porque Case é sinônimo de alta tecnologia aliada a um pós-venda eficiente e a uma rede que alcança todo o território nacional. Case, uma marca em constante evolução. Acesse e descubra tudo que a Case pode fazer por você. www.casece.com.br

um país que não para de crescer precisa de uma marca que não para de evoluir.

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

Gerdau. Há 110 anos produzindo muito mais que aço.A paixão pelo que fazemos, a busca incansável pela excelência e o forte compromisso com as pessoas e com o meio ambiente sempre estiveram presentes na nossa história. Durante nossos 110 anos, as conquistas foram muitas: começamos com uma fábrica de pregos e hoje somos uma das maiores produtoras de aço do mundo, com operações em 14 países, e uma das maiores recicladoras das Américas. Conquistas que construímos com os valores de sempre. Valores que nos inspiram há 110 anos.

www.gerdau.com.br

45 mil colaboradores que trabalham com dinamismo e excelência.

Paixão que nos move há 110 anos.

Pessoas que inspiram paixão.

Sustentabilidade que gera um futuro melhor para as pessoas.

Mundo que exige transparência e sustentabilidade.

Excelência que nos levou para 14 países no mundo.

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Gerdau. Há 110 anos produzindo muito mais que aço.A paixão pelo que fazemos, a busca incansável pela excelência e o forte compromisso com as pessoas e com o meio ambiente sempre estiveram presentes na nossa história. Durante nossos 110 anos, as conquistas foram muitas: começamos com uma fábrica de pregos e hoje somos uma das maiores produtoras de aço do mundo, com operações em 14 países, e uma das maiores recicladoras das Américas. Conquistas que construímos com os valores de sempre. Valores que nos inspiram há 110 anos.

www.gerdau.com.br

45 mil colaboradores que trabalham com dinamismo e excelência.

Paixão que nos move há 110 anos.

Pessoas que inspiram paixão.

Sustentabilidade que gera um futuro melhor para as pessoas.

Mundo que exige transparência e sustentabilidade.

Excelência que nos levou para 14 países no mundo.

13095-2_Gerdau110 43x29.indd 1 5/16/11 7:47 PM

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Filiada a:

www.brasilengenharia.com.brISSN 0013-7707

REVISTA ENGENHARIAÓrgão Oficial do Instituto de Engenharia

FundadoresApparício Saraiva de Oliveira Mello (1929-1998)

Ivone Gouveia Pereira de Mello (1933-2007)

Rua Alice de Castro, 47 - Vila MarianaCEP 04015 040 - São Paulo - SP - Brasil

Tel. (55 11) 5575 8155Fax. (55 11) 5575 8804

E-mail: [email protected] anual: R$ 120,00

Número avulso: R$ 25,00

DIRETOR RESPONSÁVELMIGUEL LOTITO NETTO

DIRETOR EDITORIALRICARDO PEREIRA DE MELLO

DIRETORA EXECUTIVAMARIA ADRIANA PEREIRA DE MELLO

EDITADA DESDE 1942

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. NENHUMA PARTE DESTA PUBLICAÇÃO (TEXTOS, DADOS OU IMAGENS) PODE SER

REPRODUZIDA, ARMAZENADA OU TRANSMITIDA, EM NENHUM FORMATO OU POR QUALQUER MEIO, SEM O CONSENTIMENTO

PRÉVIO DA ENGENHO EDITORA TÉCNICA OU DA COMISSÃO EDITORIAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA

01/ABRIL A 15/JUNHO/2011 - ANO 68 - Nº 604INSTITUTO DE ENGENHARIA. Presidente: Aluizio de Barros Fagundes. Vice-presidente de Administração e Finanças: Arlindo Virgílio Machado Moura. Vice-presiden-te de Atividades Técnicas: Rui Arruda Camargo. Vice-presidente de Relações Externas: Amândio Martins. Vice-presidente de Assuntos Internos: Miriana Pereira Marques. Vice-presidente da Sede de Campo: Nelson Aidar. COMISSÃO EDITORIAL: Aluizio de Barros Fagundes, An tonio Maria Claret Reis de Andrade, Joaquim Manuel Branco Brazão Farinha, José Eduardo Cavalcanti, Kleber Rezende Castilho, Luís Antônio Seraphim, Miguel Lotito Netto, Miracyr Assis Marcato, Nestor Soares Tupinambá, Paulo Eduardo de Queiroz Mattoso Barreto, Péricles Romeu Mallozzi, Permínio Alves Maia de Amorim Neto, Reginaldo Assis de Paiva, Ricardo Kenzo Mo tomatsu, Ricardo Martins Cocito, Ricardo Pereira de Mello, Roberto Aldo Pesce, Ro-berto Kochen, Rui Arruda Camargo, Ruy de Salles Penteado, Vernon Richard Kohl.ENGENHO EDITORA TÉCNICA. Diretor Editorial: Ricardo Pereira de Mello. Diretora Comercial: Maria Adriana Pereira de Mello. Editor Chefe: Juan Garrido. Redatora: Cláudia Maria Garrido Reina. Fotógrafo: Ricardo Martins. Editoração: Adriana Piedade/Zaf Ateliê de Publicidade. Assinaturas: Leonardo Moreira. Criação e arte: André Siqueira/Via Papel. Impressão e acabamento: Companhia Lithographica Ypiranga. REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Engenho Editora Técnica Ltda. Rua Alice de Castro, 47 - Cep 04015 040 - São Paulo - SP - Brasil - Tels. (55 11) 5575 8155 - 5575 1069 - 5573 1240 - Fax. (55 11) 5575 8804. Circulação nacional: A REVISTA ENGENHARIA é distribuída aos sócios do Instituto de Engenharia, assinantes e engenheiros brasileiros que desenvolvem atividades nas áreas de engenharia, projeto, construção e infraestrutura. A REVISTA ENGENHARIA, o Instituto de Engenharia e a Engenho Editora Técnica não se responsabilizam por conceitos emitidos por seus colabora-dores ou a precisão dos artigos publicados. Só os editores estão autorizados a angariar assinaturas.Periodicidade: Bimestral. Número avulso: R$ 25,00 - Assinatura anual: R$ 120,00

E-mails: [email protected]@uol.com.br

ENGENHARIA PALAVRA DO PRESIDENTEConstruindo o centenário

Aluizio de Barros Fagundes

ASSINATURAS

O IE promove a engenharia brasileira, mas sem exclusivismo

corporativistaNos depoimentos de personalidades e líderes

empresariais sobre a importância dos 95 anos do Instituto de Engenharia, vale ressaltar o reconhecimento

de que a entidade é o denominador comum de todos os engenheiros e também que, em última análise, toda

a história da entidade pode ser sintetizada em uma linha de ação: a promoção da engenharia brasileira.

Mas não promoção através de atitudes egoisticamente corporativas e sim por meio do esforço pela contínua qualificação e atualização da atividade. Tanto que, se

hoje a engenharia brasileira trabalha em condições tecnológicas sintonizadas com o que de melhor se faz no mundo, isso se deve, em parte, ao espírito inovador, modernizador e disseminador do Instituto. A tônica

dos depoimentos é de que a força do Instituto, em sua interlocução com os mais variados agentes públicos e privados, continua fundada, como ocorreu desde a fundação, na independência de suas opiniões

Fagundes: prossegue a luta pelaliderança e equilibrio financeiroPresidente do Instituto de Engenharia na gestão 2009/ 2011 e reeleito para o período 2011-2013, Aluizio de Barros Fagundes é engenheiro civil formado pela USP-São Carlos (1967) e mestre em engenharia pela Poli-USP. A nova diretoria do Instituto, eleita para o biênio 2011-2013, está assim composta: Arlindo Virgílio Machado Moura (vice-presidente de Administração e Finanças); Rui Arruda Camargo (vice-presidente de Atividades Técnicas); Amândio Martins (vice-presidente de Relações Externas);

Miriana Pereira Marques (vice-presidente de Assuntos Internos); Nelson Aidar (vice-presidente da Sede de Campo); Pedro Grunauer Kassab (Primeiro Diretor Secretário); Roberto Bartolomeu Berkes (Segundo Diretor Secretário); Júlio Casarin (Primeiro Diretor Financeiro); Jason Pereira Marques (Segundo Diretor Financeiro)

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CAPAESPECIAL

INSTITUTO DE ENGENHARIA

95 ANOS – (1916-2011)

Criação: André Siqueira / Via Papel

A MISSÃO DOINSTITUTO DEENGENHARIA

O depoimento dos líderes sobre o passado, o presente e o futuro da publicaçãoCriada em setembro de 1942 por iniciativa do engº Annibal Mendes Gonçalves, presidente do Instituto de Engenharia na ocasião, em substituição ao “Boletim do Instituto de Engenharia”, a REVISTA ENGENHARIA tem procurado espelhar sempre a seriedade e dimensão ética do Instituto, trazendo aos seus leitores uma grande variedade de artigos técnicos com conteúdo de inovação tecnológica, reportagens esclarecedoras sobre o segmento de engenharia e construção e alentadas entrevistas com especialistas, empresários, autoridades públicas e grandes nomes do mundo da engenharia. Edições como as que focalizaram o Metrô de São

Paulo, o Rodoanel Mário Covas, as rodovias concedidas à iniciativa privada em território paulista, o avanço do país no campo energético e os esforços pela universalização do saneamento básico, entre muitas outras, marcaram a revista nos últimos anos

ESPECIAL INSTITUTO DE ENGENHARIA 95 ANOSUma tribuna isenta e ética para as discussõesda sociedade civilComo importantes projetos para o desenvolvimento do país iam pipocando

por todo lado, os engenheiros brasileiros sentiram que era preciso organizar-se para ter melhores chances de executá-los. Foi então que, em 1º de julho de 1916,

um grupo se reuniu na cidade de São Paulo e redigiu um abaixo-assinado com o objetivo de fundar uma associação de engenheiros. Quatro meses mais tarde, em 13 de outubro de 1916, Antônio Francisco de Paula Souza, Francisco Pereira Macambira, João Pedro da Veiga Miranda e Rodolpho Baptista de S. Thiago, em reunião na Escola Politécnica de São Paulo, formavam a diretoria provisória

do Instituto de Engenharia, uma sociedade civil sem fins lucrativos, com a proposição de “defender os direitos da categoria e dos interesses da classe, a regulamentação e a cooperação profissional e o posicionamento frente às questões nacionais”. O primeiro presidente foi Paula Souza, que em 1894 já fora o fundador da Escola Politécnica

Promover a engenharia, em be-nefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade. Realiza essa missão por meio da: promoção do desenvolvimento e da valorização da engenharia; promoção da qualidade e credibi-lidade de seus profissionais; pres-tação de serviços à sociedade, promovendo fóruns e debates so-bre problemas de interesse públi-co, analisando e manifestando-se sobre políticas, programas e ações governamentais, elaboran-do estudos, pareceres técnicos e propostas para o poder público e para a iniciativa privada; presta-ção de serviços aos associados.Suas ações estão dirigidas para: a comunidade em geral; os órgãos públicos e organizações não go-vernamentais; as empresas do setor industrial, comercial e de serviços; as empresas de enge-nharia, engenheiros e profissio-nais de nível superior em geral; os institutos de pesquisas e escolas de engenharia; e os estudantes de engenharia.

A palavra de sete ex-presidentes do IEA REVISTA ENGENHARIA entrevistou sete ex-presidentes do Instituto de Engenharia – antecessores mais recentes do atual presidente Aluizio de Barros Fagundes –, que destacaram os principais feitos de suas gestões. São eles: José Roberto Bernasconi (presidente 1985

a 1986 e reeleito para o biênio 1987-1988); Maçahico Tisaka (presidente de 1989 a 1990 e reeleito para o

biênio1991-1992); Alfredo Mário Savelli (presidente de 1993 a 1994 e reeleito para o biênio 1995-1996); Cláudio

Amaury Dall’Acqua (presidente de 1997 a 1998 e reeleito para o biênio 1999-2000); Antonio Hélio Guerra Vieira (presidente

de 2001 a 2002); Eduardo Ferreira Lafraia (presidente de 2003 a 2004 e reeleito para o biênio 2005-2006); e Edemar de Souza

Amorim (presidente de 2007 a 2008)

InstItuto de engenharIa

Reconhecido de utilidade pública pela lei nº 218, de 27.05.1974Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - CEP 04012 180 - São Paulo - SPTelefone: (+55 11) 3466 9200 - Fax (+55 11) 3466 9252Internet: www.iengenharia.org.br - E-mail: [email protected]

PRESIDÊNCIAPRESIDENTEAluizio de Barros [email protected] DA PRESIDÊNCIAVictor Brecheret [email protected] DA COMISSÃO DE OBRASCamil [email protected] DE COMUNICAÇÃOFernanda Eri [email protected] DA CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEMMarco Antonio Vellozo [email protected]º DIRETOR SECRETÁRIOPedro Grunauer [email protected]º DIRETOR SECRETÁRIORoberto Bartolomeu [email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASVICE-PRESIDENTEArlindo Virgilio Machado [email protected]º DIRETOR FINANCEIROJulio [email protected]º DIRETOR FINANCEIROJason Pereira [email protected] EXECUTIVOJose Walter [email protected] Julieta [email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA DE ATIVIDADES TÉCNICASVICE-PRESIDENTERui Arruda [email protected] RESPONSÁVEL PELAREVISTA ENGENHARIAMiguel Lotito [email protected] DA BIBLIOTECAMauro Jose Lourenç[email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA DE RELAÇÕES EXTERNASVICE-PRESIDENTEAmândio [email protected]

DIRETOR REGIONAL DE PORTO ALEGRE/RSAnibal [email protected] REGIONAL DE BRASÍLIA/DFJose Augusto da [email protected] REGIONAL DE SALVADOR/BACarlos Alberto [email protected] REGIONAL DE FORTALEZA/CEFabio Leopoldo [email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA DE ASSUNTOS INTERNOSVICE-PRESIDENTEMiriana Pereira [email protected] DE ASSUNTOS INTERNOSAntonio Jose Nogueira de Andrade [email protected] DE ASSUNTOS ACADÊMICOS E UNIVERSITÁRIOSJason Pereira [email protected] DE ASSUNTOS COM AS ASSOCIAÇÕESBenedicto Apparecido dos Santos [email protected] DE EVENTOS CULTURAISNestor Soares [email protected] DE EVENTOS SOCIAISLuiz Paulo Zuppani [email protected] DE VISITAS TÉCNICAS EDE LAZERSokan Kato [email protected] DE CONVÊNIOS, BENEFÍCIOS E PARCERIASJefferson Deodoro Teixeira da [email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA DA SEDE DE CAMPOVICE-PRESIDENTENelson [email protected]

CONSELHO DELIBERATIVOPRESIDENTEAluizio de Barros FagundesSECRETÁRIOMarcos Moliterno

CONSELHEIROSAlfredo Eugenio Birman

André Steagall GertsenchteinAngelo Sebastião ZaniniAntonio Carlos P. de Souza AmorimArnaldo Pereira da SilvaCamil EidCarlos Antonio Rossi RosaCarlos Eduardo Mendes GonçalvesCláudio Amaury Dall’AcquaDario Rais LopesEdson José MachadoEttore José BotturaFrancisco Armando N. ChristovamIvan Metran WhatelyJoão Alberto ViolJoão Baptista Rebello MachadoJoão Jorge da CostaJorge Pinheiro JobimKleber Rezende CastilhoLourival Jesus AbrãoLuiz Célio BotturaLuiz Felipe Proost de SouzaMarcel MendesMarcelo RozenbergMarcos MoliternoNelson Newton FerrazOdécio Braga de Louredo FilhoPaulo FerreiraRoberto Aldo PesceRoberto Kochen

CONSELHO CONSULTIVOPRESIDENTEJoão Ernesto FigueiredoVICE-PRESIDENTEAndré Steagall GertsenchteinSECRETÁRIOJoão Antonio Machado Neto

CONSELHEIROSAlberto Pereira RodriguesAlfredo Mário SavelliAluizio de Barros FagundesAmândio MartinsAndré S. GertsenchteinAntonio Galvão A. de AbreuAntonio Hélio Guerra VieiraBraz JulianoCamil EidCarlos Antonio Rossi RosaCarlos Eduardo M. GonçalvesCláudio A. Dall’AcquaCláudio ArisaClorival RibeiroCristiano KokDario Rais LopesDirceu Carlos da SilvaEdemar de Souza AmorimEdgardo Pereira Mendes Jr.Edson José Machado

Eduardo Ferreira LafraiaEnio Gazolla da CostaEttore José BotturaFernando Bertoldi CorreaGabriel Oliva FeitosaHélio Martins de OliveiraHenry MaksoudIsmael Junqueira CostaIvan Metran WhatelyJan Arpad MihalikJoão Antonio Machado NetoJoão Batista de GodoiJoão Ernesto FigueiredoJorge Pinheiro JobimJosé Augusto MartinsJosé Eduardo CavalcantiJosé Geraldo BaiãoJosé Olímpio Dias de FariaJosé Pereira MonteiroJosé Roberto BernasconiJúlio César BorgesLourival Jesus AbrãoLuiz Carlos CrestanaMaçahico TisakaMarcelo RozenbergMarco Antonio MastrobuonoMarco Antonio V. MachadoMarcos MoliternoMiracyr Assis MarcatoMiriana Pereira MarquesNelson AidarNelson CovasNelson Newton FerrazNeuza Maria TrauzzolaOzires SilvaPaulo Alcides AndradePaulo FerreiraPaulo Setubal NetoPermínio Alves M. Amorim NetoPlínio Oswaldo AssmannRoberto Aldo PesceRoberto Bartolomeu BerkesRoberto KochenRui Arruda CamargoSonia Regina FreitasTomaz Eduardo N. CarvalhoTunehiro UonoWalter Coronado AntunesWalter de Almeida Braga

CONSELHO FISCALEFETIVOSAntonio José Nogueira de Andrade FilhoClara Cascão NassarWaldyr CorteseSUPLENTESEduardo Fares BorgesKamal MattarNestor Soares Tupinambá

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osso primeiro mandato, entre abril de 2009 e março de 2011, foi marcado pelo dístico “Rumo ao Centenário”. Para nós es-tava clara a necessidade de repensarmos a engenharia em confronto com os novos tempos da chamada globalização.

Nessa ocasião, percebia-se que a crise longa e profunda que a eco-nomia brasileira sofreu desde meados da década de 1980 estava no fim. A engenharia estava novamente sendo chamada para retomar os grandes empreendimentos.

Porém, essa retomada do progresso, conquanto auspiciosa, também prenunciava muitos problemas. A crise foi perversa. De um lado, em sua maior parte, os engenheiros, de então, perderam os empregos e foram obrigados a mudar de atividade. De outro lado, a procura pelas escolas de engenharia declinou sensivelmente e, nesse período, formaram-se pou-quíssimos profissionais. Como atender à nova demanda que se iniciava?

Nos dias de hoje, os quadros funcionais das empresas de engenha-ria trabalham sobrecarregados. Alguns antigos engenheiros estão re-tornando à prática da profissão. As escolas de engenharia voltaram a ser procuradas. Engenheiros estrangeiros estão buscando novamente o promissor mercado de trabalho brasileiro. Penso que o setor econômico é ágil, e tenho certeza que esse problema será superado. Mas a solução não é instantânea. Teremos cinco anos pela frente para as escolas reto-marem à plena formação de novos engenheiros e outros cinco para que eles se tornem experientes. Pena que seja assim, pois é fator de inibição ao potencial de progresso que se nos apresenta nesta oportunidade.

Inevitavelmente, o Instituto de Engenharia acompanhou a crise. Seu quadro social permaneceu estagnado. As reservas financeiras da Casa foram consumidas para manter aberta a instituição. O corpo de funcionários foi reduzido ao mínimo indispensável. Os grandes eventos, que tradicionalmente levavam a público a voz da engenharia, acabaram por ser constrangidos, não só pela inoportunidade, mas também pelas deficiências financeiras do próprio setor.

Apenas seis associações de engenheiros em todo o país existem des-de antes da constituição do Sistema Confea/Crea’s, operando continu-adamente. O Clube de Engenharia, do Rio de Janeiro, é a mais antiga, tendo sido criada por decreto imperial. Em seguida aparece o nosso Instituto de Engenharia, fundado em 1916, por livre deliberação de engenheiros paulistas. As demais foram constituídas a partir do final da década de 1920. Nessas associações eram discutidos os problemas técnicos e negociais da profissão e delas surgiram as entidades oficiais regulamentadoras do exercício da engenharia, os sindicatos patronais e dos empregados e as associações especializadas do setor.

Não fosse a tradição consolidada, a abnegação de extraordinários colegas dispostos a oferecer seu livre trabalho à Casa e a correta decisão de empresários em colaborar financeiramente com a sua operação, o Instituto de Engenharia, baluarte da honrada profissão, teria sucumbi-do em decorrência da crise. A classe dos engenheiros e a sociedade em geral muito devem a essas pessoas.

A proximidade do centenário do Instituto foi emblemática para co-locarmos nossos esforços a serviço dos nobilíssimos propósitos estatu-tários. O mundo global aí está com suas vertiginosas inovações cientí-ficas e tecnológicas. A economia não tem mais fronteiras. A sociedade empresarial suplantou o poder do estado. Vivemos um mundo total-mente novo. Como já dissemos anteriormente, em face da retomada das atividades econômicas do país, temos que fazer tudo de novo e há tudo novo por fazer.

No “rumo ao centenário”, os dois anos de nosso primeiro mandato foram dedicados à busca do equacionamento da situação patrimonial do Instituto. Em 1982, o edifício do Palácio Mauá, do qual o IE possuía metade, em condomínio com o Ciesp, foi desapropriado pelo governo do Estado. A proverbial morosidade das ações judiciais brasileiras nos impede até hoje de dispormos do precatório. Com tenacidade conse-

guimos convergir para um valor ade-quado da indenização, esperando neste ano chegarmos àquele título de crédito. Também está em fase fi-nal o estudo de viabilidade para alie-nação do Acampamento do Instituto de Engenharia (AIE), de modo a estancar uma despesa significativa que beneficia apenas um pequeno grupo de associados que frequentam a sede de campo.

Outra propositura daquela campanha foi a reformulação das re-lações públicas do IE. Organizamos um novo site, que hoje ocupa o quinto lugar na frequência de consultas do verbete “engenharia” no portal Google. Obtivemos uma cadeira no Colégio de Entidades do Con-fea, mediante a fundação da Conepe, de âmbito federal. Temos lidera-do grandes discussões temáticas por meio de reuniões com entidades coirmãs, particularmente os sindicatos patronais e de profissionais. Temos buscado, com sucesso, uma boa aproximação com os gover-nos, deles obtendo informações sobre seus planos e realizações, assim como podendo oferecer análises e opiniões. Também o IE tem abrigado discussões sobre o ensino superior de engenharia, liderando importante trabalho de revisão dos títulos de engenharia registrados no MEC, com a proposta de redução de 258 para 53 títulos. Essa aproximação com as principais escolas de engenharia de nosso estado possibilitou o acesso aos estudantes de engenharia. Cerca de 1 200 sócios universitários in-gressaram no IE durante nossa primeira gestão.

Agora, neste segundo mandato que nos foi confiado por 79% dos eleitores do Instituto, a vigorar entre abril de 2011 e março de 2013, pre-tendemos concluir e aprimorar as tarefas antes iniciadas, consoante o pla-no de nossa campanha que foi denominado “Construindo o Centenário”.

Dentro de cinco anos, o Instituto de Engenharia completará 100 anos. Com o mesmo entusiasmo e dedicação que pautaram nossa pri-meira gestão, poderemos completar nosso plano estratégico em busca da recuperação operacional e da preservação do prestígio que tanto nos orgulha. O plano estratégico, idealizado no primeiro mandato, está maduro e nos permitiu implantar uma nova estrutura organizacional da Casa, mais moderna e coadunada com os tempos atuais. São dois pilares a serem erigidos.

O primeiro consistirá na construção do edifício-sede projetado, sob concurso, pelo escritório do arquiteto Rino Levi na década de 1980. O projeto executivo completo foi por nós recuperado e atualizado e será apresentado a grandes empresários da engenharia, dispostos a patroci-nar sua execução. Uma vez concluída sua obra, o IE terá condições de alugar mais de 7 000 metros quadrados, gerando renda suficiente para sustentar suas operações básicas. Será uma grande vitória de todos nós, inaugurarmos essas instalações nas vésperas do nosso centenário.

O segundo pilar da reformulação de nossas atividades consistirá em três grandes programas de influência do Instituto de Engenharia. Promoveremos a criação de um núcleo de inteligência da engenharia, destinado à retomada do status de setor econômico dessa atividade, em lugar da mera commodity a que se reduziu nos últimos 25 anos. A base de apoio desse núcleo de pensamento e doutrina será uma escola livre de gestão de negócios de engenharia, coadunada com a globalização que domina a economia mundial. Outro programa será a consolidação de um centro de convergência do ensino de engenharia, em que as faculdades poderão discutir seus currículos em confronto com as atuais necessidades do mercado da engenharia. E, finalmente, buscaremos reformular o modo de atuação das Divisões Técnicas, buscando parcerias efetivas com as associações especializadas em vez de disputar seus sócios. Esperamos, com isso, reavivar as atividades técnicas, pois a metodologia tradicional de agrupamento, reuniões e montagem de trabalhos tem se mostrado ineficiente e desprovida de atrativos aos associados.

centenárioConstruindo o

ALUIZIO DE BARROS FAGUNDESPresidente do Instituto de Engenharia

[email protected]

ENGENHARIA I PAL AVR A DO PRE SIDENTE

E SPECIAL 95 ANOSENGENHARIA I

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Uma tribuna isenta e ética paraas discussões da sociedade civil

Fundado em 1916, o Instituto de Engenharia (IE) tem, no entanto, uma proto-história. Ela começa em 1911, ano em que três projetos polêmicos visando a total transformação do Vale do Anhangabaú foram apresentados ao Barão de Duprat, recém-empossado na prefeitura de São Paulo. Na ocasião, o prefeito resolveu chamar um arquiteto francês para executar o projeto escolhido, fato que indignou os representantes nacionais da categoria. Como importantes projetos para o desenvolvimento do país iam pipocando por todo lado, os engenheiros brasileiros sentiram que era preciso organizar-se para ter melhores chances de executá-los. Foi então que, em 1º de julho de 1916, um grupo se reuniu na cidade de São Paulo e redigiu um abaixo-assinado com o objetivo de fundar uma associação de engenheiros. Quatro meses mais tarde, em 13 de outubro de 1916, Antônio Francisco de Paula Souza, Francisco Pereira Macambira, João Pedro da Veiga Miranda e Rodolpho Baptista de S. Thiago, em reunião na Escola Politécnica de São Paulo, formavam a diretoria provisória do IE, uma sociedade civil sem fins lucrativos, com a proposição de “defender os direitos da categoria e dos interesses da classe, a regulamentação e a cooperação profissional e o posicionamento frente às questões nacionais”. O primeiro presidente foi Paula Souza, que em 1894 já fora o fundador da Escola Politécnica. Logo depois, em 15 de fevereiro de 1917, foi assinada a ata de criação do Instituto, com a missão de promover a engenharia em benefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade. No estatuto, os principais objetivos eram o atendimento a toda ordem de estudos técnicos, a regulamentação da profissão e a manutenção de uma publicação periódica para divulgar trabalhos profissionais, nacionais e estrangeiros, pareceres e notícias da entidade. Havia então 276 associados. Não poucas ideias importantes nasceram no âmbito do IE, como a da utilização do álcool como fonte de energia. Desde

Por Juan Garrido (*)

ESPECIAL 95 ANOS

www.brasilengenharia.com.br engenharia 604 / 2011 13

Uma tribuna isenta e ética paraas discussões da sociedade civil

sua fundação têm sido solicitados estudos, pareceres, visitas técnicas, conferências, projetos e atendimento a pedidos governamentais. Em 1925 era construída a primeira sede própria, na Rua Senador Feijó. Sete anos mais tarde o Instituto participava ativamente da Revolução Constitucionalista de 32, inclusive instalando em sua sede um posto de alistamento de voluntários. Também o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) e os diversos Conselhos Regionais (Crea’s) foram criados no Instituto, assim como há registros de que as primeiras reuniões do recém-fundado Sindicato dos Engenheiros foram realizadas nas dependências do IE. Na mesma década, a Sede de Campo do Instituto era montada às margens da Represa Billings. Nos anos 1940 foi a vez da criação da REVISTA ENGENHARIA. Em 1955, em conjunto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o IE foi transferido para uma sede própria maior, o Palácio Mauá, onde permaneceu até a década de 1980, quando houve a mudança para as atuais instalações, no bairro da Vila Mariana. Entre os anos 1960 e 1980, o Instituto trabalhou para que a engenharia no Brasil tivesse avanço tecnológico e fosse reconhecida mundialmente. Assim, entre outras Divisões Técnicas já atuantes, criou uma que incentivava a exportação de serviços de engenharia. Vale registrar que o primeiro avião nacional e o metrô de São Paulo tiveram a sua execução acompanhada pelos engenheiros do Instituto, bem como grandes empreendimentos de diversos outros segmentos. Nos anos 1990, quando as teses do desenvolvimento sustentável ganharam espaço, o IE imediatamente passou a defendê-las. Com o início do

século 21, o Instituto reafirmou seu papel de interlocutor isento e ético da sociedade civil, fazendo com que suas propostas fossem ouvidas, discutidas, aperfeiçoadas e tivessem penetração na comunidade brasileira

(*) Várias passagens do presente texto foram extraídas do livro Engenharia do Brasil – 90 Anos do Instituto de Engenharia (1916-2006)

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

Vice-PresidenteWenceslau Braz ganha eleiçõesLinha do tempo

1914 a 2011Quase um século separa os preparativos para a fundação do Instituto de Engenharia (IE) dos dias atuais. Como em todas as principais fases de sua existência, o IE continua representando até hoje um importante canal de expressão para a sociedade civil organizada. A seguir, fatos relevantes ocorridos no Brasil e no mundo nesse período.

1914• O ano 1914 marca o preâmbulo da industrialização no Brasil. O vice-presidente Wenceslau Braz foi o candidato

vitorioso nas eleições para sucessão do marechal Hermes da Fonseca. A vitória eleitoral do mineiro

Wenceslau Braz marcou o reatamento das relações políticas entre São Paulo e Minas Gerais, e com ela a

retomada da política do “café com leite”. • No dia 12 de dezembro, o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt e o explorador Cândido Rondon partem

para uma expedição na região do Amazonas.

• A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi iniciada com o assassinato do herdeiro do trono do Império Áustro-Húngaro, Arquiduque Francisco Ferdinando, por um terrorista. Os russos vieram a ajudar os sérvios quando foram atacados. Alianças tecidas, corrida armamentista crescente e velhos ódios arrastaram a Europa para a guerra. Os aliados, conhecidos como “A Tríplice Entente”, compreendia o Império Britânico, a Rússia e a França, assim como a Itália e os Estados Unidos mais tarde na guerra. Do outro lado, Alemanha, juntamente com a Áustria-Hungria e mais tarde o Império Otomano, ficaram conhecidos como “As Potências Centrais”.

No Brasil No mundo

or tudo o que já apre-sentou em seus 95 anos de existência, completa-

dos neste ano, o Instituto de Engenharia (IE), graças à sua neutralidade, ética e, princi-palmente, universalidade, tem credenciais de sobra para conti-nuar mantendo-se na liderança das grandes discussões do se-tor. Principalmente numa épo-ca em que cada vez mais vozes abalizadas – de sociólogos e cientistas políticos – conside-ram o neoliberalismo – que de-fende o governo mínimo –, algo superado. Ainda que, ao lado da ideia de que os governos conti-nuam sendo extremamente ne-cessários, esteja a constatação de que hoje eles, isoladamente, não são mais suficientes. Ou seja, os governos não conse-guem mais cobrir a complexida-de já atingida pelo conjunto represen-tado pelos 191 milhões de brasileiros sem a participação da sociedade civil organizada. Um impasse delicado, sem dúvida. Para a importante função de árbitro ou mediador dessa situação o Instituto certamente se constitui numa das mais importantes, representativas e respeitáveis organizações à disposi-ção da sociedade civil.

Fundado em 1916 – e visceralmen-

te ligado à Escola Politécnica de São Paulo, inaugurada 24 anos antes –, o IE tem sido, de lá para cá, uma gran-de caixa de ressonância da sociedade brasileira em geral. O Instituto, ele próprio, é uma sociedade civil sem fins lucrativos, além de uma referência em termos de confiabilidade. Seu quadro de associados é constituído por perso-nalidades importantes da engenharia, o que faz dela uma das mais concei-

tuadas entidades do ramo no Brasil. Em sua sede, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, são realizados diversos eventos, cursos, palestras e organizadas visitas técnicas com o objetivo de promover a troca de infor-mações e o desenvolvimento da qualidade e da credibilidade dos profissionais, a valorização da engenharia e o avanço cien-tífico e tecnológico do país.

Com o fim das fronteiras geográficas decretada pelo ad-vento da internet, vários even-tos podem ser assistidos por associados e não-associados em transmissões ao vivo – via web – pela TV Engenharia. A parti-cipação nos eventos não se res-tringe apenas aos engenheiros. Profissionais de nível superior em geral e estudantes de en-genharia também podem usu-

fruir dessa troca de conhecimentos. Sintonizado com a globalização, o IE possui, além do website, meios de comunicação impressos e digitais, a newsletter semanal, a REVISTA ENGE-NHARIA e o Jornal do Instituto de En-genharia, distribuídos gratuitamente para os associados, que trazem artigos técnicos, entrevistas, reportagens e di-cas culturais, entre outros assuntos.

Constituído por um quadro asso-

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1915No Brasil No mundo

• É registrada no Nordeste brasileiro a maior seca já documentada. Inúmeras pessoas fugiram do sertão para se abrigar nas cidades litorâneas e nas grandes cidades

do país. • Com o assassinato de Pinheiro Machado, o ex-presidente Hermes da Fonseca, dirigente do Partido

Republicano Conservador, deixou o Brasil em 1915 para residir na Europa, após pedir licença do Exército. Retornou ao país em 1920 e, em 1923, foi transferido para reserva no posto de marechal. Faleceu na cidade

de Petrópolis (RJ) em setembro de 1923.

• Em plena Primeira Guerra Mundial, o Canal do Suez é fechado a todas os navios de países neutrais. • Em 24 de abril teve inicio o massacre aos armênios que mais tarde resultaria em mais de 1 milhão de armênios mortos.• A Itália rompeu com a Alemanha e aliou-se á Tríplice Entente.• Albert Einstein (Alemanha) anuncia a Teoria Geral da Relatividade.

1916No Brasil No mundo

• Em 13 de outubro é fundado o Instituto de Engenharia (IE). Visceralmente ligado à Escola Politécnica de São Paulo,

inaugurada 24 anos antes. O IE teve como seu primeiro presidente Antônio Francisco de Paula Souza (também o principal responsável pela fundação da Poli), instalando-se provisoriamente

na Sociedade Paulista de Agricultura. • O engenheiro sanitarista Francisco Rodrigues Saturnino de Brito (1864/1929) publica

em Paris seu livro Traçado Sanitário das Cidades. Saturnino é considerado o “pioneiro da engenharia sanitária e ambiental no

Brasil”. • É criada a Sociedade Brasileira de Ciências.

• Segundo cálculos da época, até o final de 1916 morreram 4,75 milhões de pessoas e 19 milhões são feridas ou presas na Primeira Guerra Mundial. • Em 15 de setembro de 1916, um tanque de guerra foi usado pela primeira vez na história militar em uma frente de batalha da Primeira Guerra Mundial, no norte da França.

1ª guerra Mundial(1914-1918)

1ª diretoria do instituto de

engenharia

Antonio FrAnciscode PAulA souzA

O Instituto é uma sociedade civil sem fins lucrativos, além de uma referência em termos de confiabilidade

ciativo especializado e 25 Divisões Técnicas, o IE dirige diversas ações para a comunidade em geral, órgãos públicos, organizações não-governa-mentais e empresas de vários ramos de atividade. Essa prestação de ser-viços é feita por meio de visitas téc-nicas, mesas redondas e fóruns sobre problemas de interesse público, de análise e manifestação sobre políti-cas, de programas e ações governa-mentais e da elaboração de estudos, pareceres técnicos e propostas para o poder público e iniciativa privada. Em relação aos associados – e visando a qualidade de vida dos mesmos –, o IE possui uma Sede de Campo de 25 alqueires às margens da Represa Billin-gs. O terreno foi doado, na década de 1930, pela antiga Light. Anteriormente chamado de Acampamento do IE – pelo fato de os engenheiros levarem suas barracas para acampar –, hoje, como centro social e de lazer, possui insta-lações modernas que incluem restau-rante, piscinas, hípica, espaço náutico, trilhas, campos de futebol e quadras de tênis, futebol de salão e poliespor-tiva, entre outros espaços.

Segundo o atual presidente do Ins-tituto, Aluizio de Barros Fagundes, que acaba de assumir o seu segundo mandato (2011-2013), o próprio espíri-to de ética e universalidade, que per-meia os anseios dos associados, cons-

titui uma verdadeira salvaguarda dos princípios que norteiam as opiniões da casa. Em sua visão, é quase impossível ocorrer um desvio da conduta honesta, imparcial e democrática que é a marca registrada do IE. “Neste segundo man-dato, procuraremos formalizar parce-rias com associações especializadas e com escolas de engenharia com a fi-nalidade de ampliar o já existente am-biente de aprimoramento constante da profissão. Ademais, vamos lançar três grandes eventos para repetição anual, ou bienal, a fim de estabelecer uma discussão pública acerca do estágio de desenvolvimento da atividade de en-genharia, do suprimento das obras e serviços de infraestrutura econômica e social, e também do ensino da enge-nharia em confronto com as necessi-dades do mercado.”

De fato, uma das características do IE ao longo de toda a sua histó-ria tem sido a absoluta independência. Quando foi preciso, apoiou medidas de caráter oficial, mas nunca se vergou a

interesses que não fossem os da defesa da engenharia brasileira e o interesse público. A paixão pelo Brasil sempre foi a linha reguladora das posturas do Instituto, pouco importando de que lado as autoridades estivessem ou es-tejam. Nesse sentido, um associado que pode ilustrar de maneira exemplar os predicados morais e éticos referidos pelo presidente do IE é o engenheiro civil Julio Cerqueira Cesar Neto (Es-cola Politécnica da Universidade de São Paulo, turma de 1953), conheci-do pela acuidade de seus pronuncia-mentos, artigos, palestras e trabalho sobre problemas hidráulicos, sanitá-rios, ambientais e de gestão de recur-sos hídricos. Segundo ele, a missão do Instituto nesta atual quadra vivida pelos brasileiros será árdua. “Embora a nova Constituição de 1988 tenha sido chamada de ‘cidadã’, acredito que es-tamos assistindo nesses 23 anos a um retrocesso no sentido da cidadania. As nossas autoridades estão cada vez mais despreparadas e a sociedade cada vez mais desorganizada e omissa. Perdeu o élan de outros tempos. Perdeu a ca-pacidade de se indignar com ações e omissões das autoridades que hoje se preocupam quase que exclusivamente com os processos eleitorais.”

Como se disse, o Instituto de En-genharia foi fundado em outubro

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1917No Brasil No mundo

• Secundando Antônio Francisco de Paula Souza, o lendário arquiteto e construtor Francisco de Paula

Ramos de Azevedo assume a presidência do IE, permanecendo no cargo até 1920. Também em 1917, o IE estuda o Código de Obras do Município de São Paulo.

• Em outubro o presidente Wenceslau Braz assinou a declaração de guerra contra a Alemanha. O Brasil se

envolveu no conflito depois que os alemães afundaram os navios mercantes brasileiros Paraná, Tijuca, Lapa e

Macau, que se encontravam no litoral francês.

• Em 24 de outubro tinha início a Revolução Russa. Os bolcheviques, liderados por Lenin e Trotski, ocuparam os prédios públicos da cidade de São Petersburgo, incluindo o Palácio de Inverno, e assumiram o poder. Foi então instalada a República Socialista Soviética, que perdurou como URSS até 1991.

1918No Brasil No mundo

• A gripe espanhola deixa um saldo de 35 000 mortos no Rio de Janeiro. Foi uma pandemia

do vírus influenza que se espalhou por quase toda parte

do mundo. Foi causada por uma virulência incomum e

frequentemente mortal de uma estirpe do vírus Influenza A do

subtipo H1N1.

• Em 11 de novembro foi assinado o armistício entre a Alemanha e as potências aliadas, pondo fim oficialmente à Primeira Guerra Mundial. Terminado o conflito em 1918, uma nova série de disputas foi reavivada dando origem a novas atrocidades materializadas nos confrontos da Segunda Guerra Mundial.

reVolução russa

griPe esPanhola

de 1916. Mas cinco anos antes disso ocorreria um processo bastante tumul-tuado na cidade de São Paulo: a definição do pro-jeto que resultaria na total transformação do Vale do Anhangabaú. Em janeiro de 1911, três projetos ha-viam sido apresentados ao Barão de Duprat, recém-empossado na prefeitura paulistana: o Plano das Grandes Avenidas, de au-toria do jovem engenhei-ro arquiteto Alexandre de Albuquerque, apoiado por um grupo de empreende-dores; um projeto do Escritório Sa-muel das Neves, apoiado pelo governo estadual; e outro elaborado por enco-menda do prefeito anterior, Antonio Prado, de autoria de Victor da Silva Freire e Eugênio Guilhem. Instalada a polêmica sobre os três planos, o pre-feito resolveu chamar para arbitrar a questão o renomado arquiteto fran-cês Joseph Antoine Bouvard. Após entregar seu parecer e um esboço do plano alternativo, Bouvard acabou sendo contratado para executá-lo. Isso provocou a indignação dos re-presentantes nacionais da categoria. Em carta endereçada ao prefeito, Ale-xandre Albuquerque se insurgia: “Se

para dar conselhos técnicos sobre me-lhoramentos da capital é necessária a presença do Sr. Bouvard, parece-nos lógico aconselhar ao governo estadu-al que se dispense do luxo de manter uma escola superior de Engenharia, Arquitetura e Indústria”.

De fato, a essa altura, só em São Paulo, a Escola Politécnica já havia formado mais de 100 engenheiros, sem contar outros tantos que haviam sido graduados pela Escola de Enge-nharia Mackenzie. O tom da carta de Albuquerque denotava a preocupação em valorizar o profissional nacional e reconhecer publicamente sua excelên-cia, já legitimada por inúmeras obras

realizadas com com-petência e sofistica-ção técnica. O sen-timento nacionalista ficaria mais forte nos anos seguintes, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial. No Brasil praticamente cessou a importação de maquinaria e ma-térias-primas essen-ciais, como cimento, ferro e carvão (que na época era a prin-cipal fonte de ener-gia para as ferrovias e para todo o sistema

produtivo). O impacto dessa situação nas atividades ligadas à engenharia foi considerável. Ficou evidente a neces-sidade de um projeto de desenvolvi-mento para o Brasil. E os engenheiros cada vez mais se conscientizavam de que precisavam estar organizados para empreendê-lo.

Foi justamente em meio a esse caldo de cultura que começou a ges-tação do Instituto de Engenharia. Devido a sua profunda ligação com a Escola Politécnica de São Paulo, a primeira diretoria provisória do IE foi presidida pelo engenheiro e político Antônio Francisco Paula Souza, que inaugurara a Politécnica mais de duas

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E SPECIAL 95 ANOS

1919No Brasil No mundo

• O presidente brasileiro Rodrigues Alves (que governou o país de 1902 a 1906) morreu vítima da gripe espanhola, contraída no ano anterior. Ele fora eleito sucessor de Wenceslau Braz na presidência

da República com o apoio dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Faleceu antes de tomar posse. Depois da morte de Rodrigues Alves,

a convocação de novas eleições gerou uma crise política em torno da sucessão presidencial. A eleição ficou polarizada pelas candidaturas

de Rui Barbosa e do paraibano Epitácio Pessoa, representante dos cafeicultores. O resultado eleitoral foi favorável à política do café com

leite, com a vitória de Epitácio Pessoa.

• Em 25 de abril de 1919 foi fundada por Walter Gropius, na Alemanha, a Staatliches-Bauhaus (literalmente, casa estatal da construção, mais conhecida simplesmente por Bauhaus). A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitetura.• Abel Wolman e L.H. Enslow (Estados Unidos) concluem os estudos do processo de cloração de água de abastecimento.• Aprovada pelo Congresso norte-americano a chamada Lei Seca, que proibia a fabricação, venda e transporte de bebidas alcoólicas, mas que na prática daria grande avanço ao crime organizado e à corrupção.

ePitácio Pessoa, rePresentante da Política

do café coM leite

décadas antes, em 1894 (a Escola de Engenharia Mackenzie seria fundada dois anos depois). Paula Souza se no-tabilizara pela participação relevante em vários governos, como ministro das Relações Exteriores e da Viação e Obras Públicas. A eleição dessa pri-meira diretoria provisória aconteceu numa reunião no dia 13 de outubro de 1916 no anfiteatro de Química da própria Poli. Além de Paula Souza, eram membros da diretoria os enge-nheiros Francisco Pereira Macambira, João Pedro da Veiga Miranda e Ro-dolpho Baptista de S. Thiago. Nesse encontro ficou decidido que em 15 de fevereiro do ano seguinte seria reali-zada a Assembleia Geral de instalação da nova entidade. O estatuto aprova-do definia as aspirações: “Estreitar as relações de boa camaradagem, a co-operação profissional e a defesa de interesses de classe e do bem público em geral”. Antes disso, em 10 de ju-lho de 1916, uma circular endereçada aos engenheiros dizia que a “associa-ção [futuro Instituto de Engenharia] será, até se firmar completamente, amparada pela Escola Politécnica, em cujo edifício funcionará mediante au-torização do governo”. A circular era assinada por Augusto da Silva Telles, Fonseca Rodrigues, Rodolpho Baptis-ta de S. Thiago, Alfredo Braga, V. da Silva Freire, R. Claudio da Silva, Paulo

Cavalheiro, C. A. Barbosa de Oliveira, Th. Marcos Ayrosa, H. G. Pujol Junior, Augusto de Toledo e Guilherme Win-ter. Para filiar-se à nova associação era preciso apresentar o diploma pro-fissional. A lista de sócios fundadores somava 276 nomes.

Em abril de 1917, o Instituto so-freu sua primeira grande perda, com a morte de Paula Souza. Seu sucessor na presidência foi o arquiteto e construtor Francisco de Paula Ramos de Azevedo, o consagrado autor do Teatro Muni-cipal de São Paulo, eleito em assem-bleia geral extraordinária realizada em 10 de maio. Figura lendária, Ramos de Azevedo era amigo de todas as horas e parceiro de sonhos de Paula Souza. Ele assumiu o cargo em 1917, perma-necendo à frente do Instituto – que àquela altura estava instalado provi-soriamente na Sociedade Paulista de Agricultura – até 1920. Como pano de fundo, em 1917 o Brasil era sacudido por uma onda de mobilizações operá-rias. Em vários estados o movimento

adquiriu o caráter de greve geral. Em São Paulo, depois de várias paralisa-ções parciais, em junho é deflagrada uma greve geral contra os baixos sa-lários e as péssimas condições de tra-balho, com jornadas de até 16 horas. Ainda em agosto de 1917, o IE instalou a redação do “Boletim do Instituto de Engenharia”. As atividades científicas logo começaram a ser desenvolvidas e, ainda nesse ano, vários sócios apre-sentaram dissertações sobre o motor a diesel e suas aplicações no Brasil, a construção e a conservação de habita-ções privadas e o problema do ar e da ventilação, o problema da insolação e a questão da iluminação artificial.

Logo de início também ficou claro o compromisso dos engenheiros com o exercício da cidadania e o aperfeiço-amento das instituições democráticas. Em 2 de julho o Conselho Diretor ins-creveu o Instituto na Liga Nacionalis-ta de São Paulo. Era uma organização liderada por Frederico Steidel e Olavo Bilac, que propunha a erradicação do analfabetismo, a obrigatoriedade do serviço militar e o voto secreto. O re-conhecimento público do Instituto foi imediato e suas ações se intensificaram. Estudos, pareceres, visitas técnicas, conferências, projetos, atendimento e solicitações dos governos, todas essas atividades eram registradas no “Bole-tim do Instituto de Engenharia”. Evi-

Como pano de fundo, em 1917, depois de várias paralisações parciais, São Paulo vivia uma greve geral

fundada na aleManhaBauhaus

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1920No Brasil No mundo

• Em 1920, o pau-brasil é considerado extinto. O então presidente do Brasil,

Epitácio Pessoa, observa que, dos países dotados de ricas florestas, o

Brasil é o único a não possuir um código florestal.

• Primeira tentativa de regulamentação da profissão de engenheiro, que foi

considerada nula pelo então Senado Estadual de São Paulo.

• Nos Estados Unidos, só 20% das florestas primitivas continuavam intocadas em 1920. Os madeireiros tinham grande influência no Congresso e obtinham a madeira por invasão e fraude. Nesse período ocorre a maior devastação do patrimônio florestal daquele país.• Em 24 de fevereiro de 1920 Adolf Hitler organizou a primeira das muitas campanhas de publicidade e propaganda do Hofbräuhaus. Durante esse evento foram organizadas as regras e ideias do partido nazista.

1921• Francisco de Paes Leme de Monlevade assume a

presidência do IE (1921/1922).• Primeira reforma do estatuto do Instituto de Engenharia. No mesmo ano o IE muda-se para a Rua da Quitanda, nº 12, no

centro de São Paulo.• Alcântara Machado apresenta projeto para tentar a

regulamentação da profissão de engenheiro.• Apresentado trabalho em que, pela primeira vez no Brasil,

fala-se do uso do álcool no lugar da gasolina em veículos motorizados.

1917/1920 francisco de Paula raMos de azeVedo

francisco de Paes leMe de MonleVade

dência desse prestígio nos meios oficiais é um estudo intitulado “Regulamento para construções particulares”, elaborado ainda em 1917 por duas comissões li-deradas por Victor da Silva Frei-re, presidente do Conselho Téc-nico do IE. Solicitado pelo Barão de Duprat, então à frente da Câmara Municipal de São Paulo, o trabalho representava valiosa contribuição da instituição ao novo Código de Construções a ser decretado no ano seguinte.

* * *

Os anos 1914 a 1918 foram palco da violência até então sem precedentes da Primeira Guer-ra Mundial, com seu cortejo de bombardeios arrasadores e a macabra introdução de armas químicas – primeiro os gases clorídrico e lacrimejante e depois os letais de mostarda e fosgênio – que acrescentaram um fator novo e dia-bólico à consagrada arte de matança em massa. A Primeira Guerra Mun-dial começou em 1914 e terminou em 1918. Foi iniciada com o assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, Erzherzog Arquiduque Fran-cisco Ferdinando, por Gavrilo Princip

da organização nacionalista sérvia Mão Negra. Chamados pelo nacionalismo eslavo em socorro, os russos vieram a ajudar os sérvios quando estes foram atacados. Alianças tecidas, corrida ar-mamentista crescente e velhos ódios arrastaram a Europa para a guerra. Os aliados, conhecidos como “A Trí-plice Entente”, compreendia o Império Britânico, a Rússia e a França, assim como a Itália e os Estados Unidos, que

mais tarde entraram na guerra. Do outro lado, Alemanha, jun-tamente com a Áustria-Hungria e mais tarde o Império Otoma-no, ficaram conhecidos como as “Potências Centrais”.

Em 1917 a Rússia terminou com ações hostis contra as Po-tências Centrais após a queda do Czar. Os bolcheviques negocia-ram o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha apesar de ter custado muito à Rússia. Apesar de a Alemanha ter trocado do front oriental para o ocidental grande quantidade de forças após o Tratado de Brest-Litovsk, não conseguiu parar o avanço dos aliados, especialmente com a entrada das tropas norte-ame-ricanas em 1918. A própria guer-ra foi também uma oportunida-de para as nações combatentes exibirem sua força militar e en-

genhosidade tecnológica. Os alemães introduziram a metralhadora e os cita-dos gases mortais. Os britânicos foram os primeiros a usar tanques. Ambos os lados tiveram uma oportunidade de testar suas novas aeronaves para ver se elas poderiam ser usadas em combate. Acreditou-se que a guerra seria curta. Infelizmente, desde que o combate de trincheiras foi criado como a melhor

• É criada a primeira vacina eficaz contra a tuberculose, a BCG (Bacilo-Calmette-Guérin).• O canadense Frederich Grant Banting isola a insulina, usada no tratamento e controle do diabetes.

No Brasil No mundo

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1922No Brasil No mundo

• Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, com exposições de pintura,

escultura, concertos, balé, conferências, leituras e declamações de textos literários. O

movimento cultural que se seguiu agitou a ordem estabelecida, criando uma subversão “modernista”

de reajustamento social do Brasil.• É criado o Imposto de Renda.

• Fundação do Partido Comunista Brasileiro, em Niterói (RJ).

• É criada a URSS, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.• O arqueólogo inglês Howard Carter, descobre no Egito, no Vale dos Reis de Luxor, o túmulo do faraó egípcio Tutankamón.• A bordo de um hidroavião, os portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral fazem a primeira travessia aérea do Atlântico Sul (em 79 dias), de Lisboa ao Rio de Janeiro.• É descoberta a vitamina E.

forma de defesa, os avanços em ambos os lados foram muito lentos. Portanto, a guerra arrastou-se por um período mais longo e causou mais fatalidades que o esperado.

Quando a guerra finalmente termi-nou em 1918, os resultados prepararam o cenário para os próximos 50 anos. Primeiro e mais importante, os alemães foram forçados a assinar o Tratado de Versalhes, sendo obrigados a fazer pa-gamentos exorbitantes para reparar os danos causados durante a guerra. Muitos alemães sentiram que aquelas reparações eram injustas porque eles não haviam de fato “perdido” a guer-ra nem sentiam que haviam causado a guerra. A Alemanha nunca foi ocupa-da por tropas aliadas, no entanto teve que aceitar um governo democrático liberal imposto pelos vitoriosos após a abdicação do Kaiser Wilhelm II. Mui-to do mapa da Europa foi redesenha-do pelos vitoriosos baseados na teoria de que guerras futuras poderiam ser prevenidas se todos os grupos étnicos tivessem sua própria “pátria”. Novos estados como a Iugoslávia e a Checos-lováquia foram criados do antigo Im-pério Austro-Húngaro para acomodar as aspirações nacionalistas desses gru-pos. Um órgão internacional chamado de a Liga das Nações foi formado para mediar disputas e prevenir futuras

guerras, apesar de que sua efetivida-de ter sido severamente limitada, entre outras coisas, pela recusa dos Estados Unidos de se juntar a ela. O mundo inteiro sentiu o gosto amargo do que o combate industrializado em escala mundial poderia produzir. A ideia de guerra como uma nobre defesa de um país por uma boa causa desapareceu quando os povos de todas as nações refletiram acerca das deficiências de seus líderes, que haviam causado a dizimação de toda uma geração de jovens. Ninguém tinha interesse em outra guerra de tamanha magnitude. O pacifismo tornou-se popular e virou moda.

Mas houve exceções históricas. A Revolução Russa de 1917, por exemplo, deflagrou uma onda de revoluções co-munistas por toda a Europa, alertando muitos de que uma revolução mun-dial socialista poderia ser realizada em um futuro próximo. Contudo, as revoluções europeias foram derrota-

das. Vladimir Lenin morreu em 1924, e em poucos anos Josef Stalin embarcou em um plano ousado de coletivização e industrialização. A maioria dos so-cialistas e mesmo muitos comunistas tornaram-se desiludidos com a subju-gação autocrática de Stalin, suas pu-nições e assassínios de seus inimigos, assim como a fome que ele impôs ao seu próprio povo.

Mas como sempre há o outro lado da moeda, os anos 1910 foram tam-bém os que viram nascer a nova era da produção industrial em massa. Foi quando Henry Ford organizou em Hi-ghland Park, Michigan, Estados Unidos, sua primeira linha de montagem come-çando a fabricar o automóvel Modelo T. Num desses momentos da história pródigos em gestar acontecimentos, os primeiros anos do século já haviam visto surgir o automóvel, o telefone, o avião, o submarino e o cinema. E por trás do engenho e arte das máquinas e teorias estava um tipo especial de parti-cipação humana, a dos engenheiros das mais diversas especializações. Se o ce-nário externo era de impasse, após uma virada de século eufórica, com a conso-lidação do motor de combustão interna, do dínamo, da eletricidade em lugar do carvão e do aproveitamento do aço, no Brasil festejava-se a rápida expansão das obras públicas, vinculada a uma

Em 1919 havia uma onda de curioso exercendo a profissão indevidamente, com grande dano para a engenharia

cartaz da seMana de arte

1923/1924 e 1935/1936

alexandre alBuquerque

1923No Brasil

• Alexandre Albuquerque assume a presidência do IE (1923/1924). Ele seria eleito novamente para o mesmo cargo para o biênio 1935/1936.

• Arrematado em leilão público o prédio da Rua Cristovão Colombo, que se transformaria mais tarde em sede do Instituto de Engenharia.

• Uma equipe liderada pelo engenheiro americano Asa K. Billings, com a colaboração do brasileiro Benjamin Franklin Barros Barreto, inicia pesquisas para a Light com o objetivo de encontrar quedas d’água

para novas usinas hidrelétricas. • Inaugurado no Rio de Janeiro o hotel Copacabana Palace, com área de 10 000 metros quadrados, a primeira

grande construção entre a areia e o mar.

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

No mundo1924

No Brasil No mundo• Nos Estados Unidos, é publicado o primeiro número da revista Time, a mesma que em 2011 colocou a presidente brasileira Dilma Rousseff como uma das 100 pessoas mais poderosas do mundo.• É criada nos Estados Unidos a empresa IBM, International Business Machine.

• Carlos de Campos, presidente do Estado de São Paulo, com participação

do Instituto de Engenharia, baixa a lei que regulamentou a profissão de engenheiro.

• Em São Paulo, é criado o Parque Trianon (48 624 metros quadrados).

• José Ermírio de Moraes assume a Votorantin.

• Os comerciários conseguem a garantia legal do direito de férias anuais.

• O príncipe Louis de Broglie (França) expõe o conceito de ondas, base da teoria ondulatória da matéria. Recebeu o Prêmio Nobel de Física, cinco anos depois.• Nos Estados Unidos a imigração torna-se limitada. Os japoneses são proibidos de pisar em terras norte-americanas.• O norte-americano Clarence Birdseye desenvolve o processo de congelamento de alimentos.

efervescente dan-ça industrializante, originada dos in-vestimentos carre-ados pelos célebres “barões” do café. Ao mesmo tempo, o grande público co-meçava a ser bene-ficiado com o aces-so fácil a jornais e livros, possibilitado com o aparecimento das máquinas rotati-vas e do equipamen-to gráfico conhecido como linotipo. Dessa forma, os leitores da época puderam tomar conhecimento das então recen-tes descobertas de que existiam dife-rentes tipos de sangue humano e de que era possível desvendar os mistérios do coração por intermédio do recém-inventado eletrocardiograma. Poderiam saber, também, das geniais formulações da teoria quântica de Max Planck que revolucionaram a física e forneceram as bases para Einstein explicar o efeito fotoelétrico e Böhr anunciar sua teoria atômica; e mergulhar nas profundezas do inconsciente por meio das ideias de Sigmund Freud, cuja teoria psicanalíti-ca permaneceria presente nos meios de comunicação ao longo de todo o século.

Nesses tempos trepidantes, em que

começava a circular em São Paulo o primeiro bonde elétrico (1900), mas Paris já estreava seu metrô – uma das primeiras grandes inovações que a ar-quitetura e a engenharia introduziram no conceito de transporte urbano –, os engenheiros especializados passavam a representar um papel cada vez mais importante no palco dos acontecimen-tos. No Brasil, o reconhecimento de sua importância remonta ao país colônia. Em documento concebido em 1949, a pedido da Federação Brasileira de En-genharia, Francisco Saturnino de Brito Filho registra que “a primeira manifes-tação construtiva dos colonizadores, realizada em maior escala, foi a fun-dação da cidade de Salvador (Bahia),

com o fito de se tornar sede do governo”. O objetivo era poder contar com uma fortaleza para “dar ajuda e socorro às demais povo-ações da costa”. As plan-tas e desenhos da futura construção foram feitos em Portugal. O “hábil constru-tor” desse quartel-cidade foi Luiz Dias, conforme registro de Teodoro Sam-paio em estudo realizado, em 1923, sobre a engenha-ria na Bahia nos seus 100 anos de independência. No entender de Sampaio, “Dias

foi o primeiro construtor nesta terra”, auxiliado por Miguel Martins, “para o fabrico de cal”, e Diogo Peres, como pedreiro. Prossegue Sampaio em seu estudo: “Com esses haviam chegado oficiais e aprendizes que, na organi-zação corporativa de cunho medieval ainda predominante, tinham diversas graduações, misteres e mercês, ha-vendo sido recrutados no Reino, nas Canárias, na Galiza e em outras ilhas”. As obras no Brasil-Colônia surgiam muito mais como fruto de dificuldades a serem superadas do que da imagi-nação genial de projetistas. Com o Rio de Janeiro também foi assim. A funda-ção da cidade, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, deu-se quando

José erMíriode Moraes

a PriMeira edição da reVista tiMe

1923

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1925No Brasil No mundo

• Francisco Salles Vicente de Azevedo assume a presidência do Instituto de Engenharia (1925/1926). • Inaugurada a primeira

sede própria do Instituto de Engenharia, na Rua Cristóvão Colombo. • Os imigrantes que entraram no Brasil no período de 1910 a 1925 são assim distribuídos: 26 % portugueses,

22 % espanhóis, 20 % italianos, 9% japoneses e 23 % de outras nacionalidades. • A General Motors instala-se no Brasil

e começa a montagem de seu modelo Chevrolet. Monta 25 carros por dia. • É fundada a Biblioteca Municipal Mário de

Andrade em São Paulo.

• Nasce em Paris a Arte Decô, o estilo que decoraria algumas das estruturas mais notáveis da década de 1930, do Empire State Building, de Nova York ao interior do navio de cruzeiro francês Normandie.• O químico inglês Robert Robinson sintetiza a morfina.

1926No Brasil No mundo

• O presidente Washington Luís toma posse em 15 de novembro (mandato1926-1930).

• Cai o preço do café no mercado internacional.• É criada a Fundação do Banco do Estado de São Paulo (depois Banespa, e em 2000,

Santander).• Mussolini dá o título hereditário de conde ao imigrante italiano Francisco Matarazzo, enriquecido no comércio e na indústria de

São Paulo.

• Enslow, Bayllis e Langelier (Estados Unidos) introduzem a técnica de correção do pH para prevenir a corrosão nos tubos e equipamentos de distribuição de água.• John Maynard Keynes publica o livro The End of Laissez-Faire, defendendo a intervenção governamental no mercado.• O norueguês Erik Rotheim inventa o aerosol (método de dispersar líquidos e pós por meio de spray).

1925/1926 francisco salles Vicente de azeVedo

das incursões colonialistas francesas, em 1567, ocasião em que o governa-dor local mudou o eixo da cidade para o morro do Castelo, onde está situa-do hoje o Aeroporto Santos Dumont. A defesa da cidade estava garantida, mas surgiu o complicador de falta de água. Construiu-se, então, entre 1659 e 1675, um aqueduto nas encostas do morro de Santa Teresa. Segundo docu-mento de Brito Filho, no entanto, isso não foi o suficiente. “Proveio a execu-ção do aqueduto na bela arcaria dupla de 18 metros de altura e 300 de exten-são, terminada em 1750.”

Mais tarde, em 1888, ano da abo-lição da escravatura, foram fundadas duas usinas, em Minas Gerais, com dois altos fornos, capazes de produzir 12 toneladas por dia. Brito Filho reve-la: “a Companhia de Forjas e Estaleiros, que se tornara possuidora desses altos fornos e de outros, em Monlevade, fa-liu. A produção regular de ferro-gusa só começa depois que, triunfando so-bre obstáculos de toda espécie, o en-genheiro J. J. Queiroz Júnior assume a direção da Usina Esperança e lhe dá orientação verdadeiramente industrial. Queiroz Júnior tornou-se assim o pio-neiro no Brasil da moderna metalurgia de ferro regularmente estabelecida”. Ao mesmo tempo, com o crescimen-to da cultura cafeeira e a construção da Ferrovia Santos-Jundiaí, a cidade

de Santos passou a abrigar o princi-pal porto do país, construído por José Pinto de Oliveira, que em 1888 venceu a concorrência das obras, organizando a Empresa Melhoramentos do Porto de Santos. Em 1892 a empresa foi trans-formada em Cia. Docas de Santos. Foi por essa época que começou a mudar o perfil dos engenheiros. Até então, na classificação de Brito Filho, esses homens eram conhecidos como enge-nheiros “enciclopedistas”, pela caracte-rística de aliarem conhecimento espe-cífico com cultura teórica universalista. Em solo paulistano, o IE instalava – em 5 de abril de 1921 – sua sede na Rua da Quitanda, nº 12. A discussão das questões técnicas estava sempre na pauta das reuniões, algumas delas antecipando soluções que somente dé-cadas depois seriam implementadas. No Boletim do Instituto de Engenharia de nº 11, parecer da Comissão de Tec-nologia Industrial do Instituto, sobre trabalho do engenheiro Bernardo Mo-relli a respeito da utilização do álcool

como fonte de energia, dizia que “não se estará longe da verdade afirmando que o álcool e a gasolina equilibrar-se-ão economicamente quando o litro do primeiro custar 70% do preço que for vendida a segunda”.

Em todo o Brasil a categoria dos en-genheiros se movimentava para manter erguido o nível científico da classe. Em 1919 o Boletim registrava a preocupação com a “onda de curiosos que indebita-mente exercem a profissão, com grande dano para o interesse geral e não me-nor desprestígio para a engenharia na-cional”. O avanço das novas tecnologias agravava essa situação. Nesse particular, tinham papel de relevo o emprego do concreto armado nas construções, que exigia complexos conhecimentos de cál-culo, e a expansão do uso da eletricida-de, que requisitava sempre mais compe-tências de engenheiros. O mesmo artigo se referia ainda à situação dos agrimen-sores, expondo que “tais são os abusos verificados, que a simples circunstância de um indivíduo ter servido de cozinhei-ro numa turma de campo de qualquer engenheiro ou agrimensor tem bastado para se lhe atribuir competência em as-suntos topográficos”.

Em 1921, no Rio de Janeiro, es-tudantes da Escola Politécnica local encaminharam uma representação a Paulo Frontin, então na presidência do Clube de Engenharia. Solicitavam que

Da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia, em 1959, nasceu o IME

general Motors instala-se no Brasil

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1927No Brasil No mundo

• Alberto de Oliveira Coutinho assume a presidência do Instituto de Engenharia (1927/1928). • Instalada a Seção de Tecnologia Agronômica

do Instituto Agronômico do Estado de São Paulo. • Um grupo de empresários gaúchos liderados por Otto Ernst Meyer funda a primeira empresa aérea brasileira, a Condor. • É inaugurada a primeira rodovia

pavimentada (em concreto) do país, a São Paulo-Santos. • Com o surgimento dos primeiros gravadores e vitrolas elétricos, o microfone e o alto falante, os artistas já não mais precisam berrar dentro dos cubos acústicos, para que suas vozes fiquem marcadas nos sulcos de cera da

matriz do disco; a gravação passa a ser feita com a voz natural.

• Werner Heisenberger (Alemanha) anuncia o Princípio da Incerteza, pelo qual recebeu o Prêmio Nobel de Física cinco anos depois. • Robert Bosch (Alemanha) lança a bomba injetora para motores Diesel. • Em janeiro entra em funcionamento a telefonia transatlântica. Uma chamada de três minutos custava 75 dólares.• O norte-americano Charles Lindbergh faz pela primeira vez uma travessia, voando sem escalas (5 800 quilômetros em 33h27), entre os Estados Unidos e Europa (de Nova York a Paris), a bordo do “Spirit of Saint Louis”.

1928No Brasil

• Criada a Comissão Federal de Forças Hidráulicas, ligada ao Ministério da Agricultura. O órgão contava com a participação

de numerosos engenheiros e passou a fazer o levantamento do potencial hidráulico nacional, começando pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná. • Empresários

paulistas criam o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, sob a liderança do conde Francisco Matarazzo e de Roberto Simonsen.

• Trazido dos Estados Unidos, o brasileiro começa a comer um novo sanduíche, o cachorro-quente. • São inauguradas as rodovias Rio-

São Paulo (hoje Presidente Dutra) e a Rio-Petrópolis.

1927/1928 alBerto de oliVeira coutinho

tomasse sobre seus ombros a árdua tarefa de militar junto ao Legislativo para reivindicação dos direitos inerentes aos en-genheiros. Mas em São Paulo o movimento estava mais adian-tado. O recém-eleito presiden-te do IE, Francisco Monlevade – conhecido do público por sua brilhante gestão à frente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro – encaminhou à As-sembleia Legislativa uma expo-sição de motivos. O documento havia sido elaborado por uma comissão do Instituto compos-ta por Alexandre Albuquerque, Ranulpho Pinheiro Lima e Artur de Lima Pereira. Argumentava que “a regulamentação da en-genharia interessa mais ao par-ticular que ao profissional (...) que sem leis protetoras de seus interesses poderá vê-los pericli-tados quando entregues à inabilidade e incompetência de indivíduos ines-crupulosos”.

Decorrido um ano, o deputado Alcântara Machado apresentou ofi-cialmente um projeto de lei regula-mentando o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor no território do Estado de São Pau-lo. A lei nº 2.022 foi promulgada em 27 de dezembro de 1924. Logo de-pois, em comemoração festiva no IE,

seu novo presidente, Alexandre Albu-querque, enfatizava a continuidade da luta. A notícia do “Boletim” regis-tra: “Ao ‘champanhe’, o dr. Alexandre de Albuquerque disse que o Instituto pugna agora pelos direitos da classe, para depois exigir dos seus consócios, os restritos deveres da ética profissio-nal, e a absoluta honestidade perante os nossos clientes”. A primeira vitória concreta veio em 1926, quando, para autorizar qualquer obra, a prefeitura

da cidade de São Paulo passou a exigir projeto com desenhos e memorial descritivo assinado pelo “construtor”, que pode-ria ser engenheiro, arquiteto ou empreiteiro certificado por prova aplicada pela municipa-lidade. Projetos que exigissem conhecimentos de resistência dos materiais ou estabilidade não poderiam ser assinados por empreiteiros. Logo outros esta-dos também reconheceriam a profissão de engenheiro: Para-ná (1926), Pernambuco (1928) e Bahia (1932). Entretanto, a falta de uma estrutura de fisca-lização comprometia o sucesso dessas iniciativas localizadas. O reconhecimento em âmbito na-cional ainda demoraria alguns anos. Apesar de, como se sabe de sobejo, a engenharia desem-penhar papel importante na so-

ciedade mundial há séculos. Na verda-de, há 10 000 anos, quando o homem abandonou as frias e úmidas cavernas.

* * *

Reza a tradição escrita e oral que o “ingenarius” dos romanos mudou a face do mundo e terminou por se transformar no que hoje conhecemos por engenheiro. Em 1818, cerca de 100 anos antes da criação no Brasil

cachorro quentechega ao Brasil

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No mundo• P. A. M. Dirac (Inglaterra) desenvolve a teoria relativística dos quanta e prediz a existência do positron. Dois anos depois receberia o Prêmio Nobel de Física junto com E. Schrodinger. • John L. Baird transmite de Londres a Nova York, uma imagem de televisão, através de um cabo submarino de 6 000 quilômetros de comprimento. • O bacteriologista britânico Alexander Fleming descobre o primeiro antibiótico, a penicilina, somente produzida comercialmente a partir de 1939.

1929No Brasil No mundo

• Luiz de Anhaia Mello assume a presidência do Instituto de Engenharia (1929/1930). • Criada a

Divisão de Engenharia Sanitária do Instituto de Engenharia. • A crise da queda dos preços do café atinge o conjunto da sociedade brasileira,

com inúmeras falências e desemprego crescente. • É erguido em São Paulo o Edifício Martinelli, o maior da América Latina. Com 30 pavimentos e 105,5 metros de altura, era também o mais alto

do mundo em concreto armado.

• Dá-se o “crash” (quebra) da Bolsa de Nova York, dando início à Grande Depressão. Nos anos seguintes mais de 30 milhões de pessoas (cerca de 20 % das pessoas ativas dos países industrializados) perderiam seus empregos em todo o mundo. • Em Roma, Itália, é criado o Estado do Vaticano. • O astrônomo norte-americano Edwin Hubble descobre que o Universo está se expandindo. • O psiquiatra e neurologista Johannes Berger recorre ao eletroencefalograma para publicar suas investigações sobre as atividades cerebrais.

1929/1930 luiz de anhaia Mello

do Instituto de Engenharia, era fun-dado em Londres o Instituto de En-genheiros Civis. Seu principal propó-sito era o de defender e prestigiar o significado da profissão. Em 1828 o instituto britânico pleiteou uma car-ta régia e para tanto, era necessário adotar uma definição de engenharia civil. Esta foi dada por um dos funda-dores, Thomas Tredgold, famoso es-pecialista em estruturas de madeira. Segundo Tredgold, “engenharia civil é a arte de dirigir as grandes fontes de energia da natureza para uso e conveniência do homem, pelo aper-feiçoamento dos meios de produção e de transporte, tanto para o comér-cio interno quanto para o externo, aplicada às obras de estradas, pontes, aquedutos, canais, navegação f luvial, docas e armazéns para facilidades de intercâmbio; às construções de por-tos, molhes, quebra-mares e faróis; à navegação por meio de energia arti-ficial para fins de comércio; à cons-trução e adaptação de maquinarias; e à drenagem das cidades”.

A engenharia civil, no entanto, ampliou os seus horizontes a pontos mais abrangentes que os definidos por Tredgold, por meio de um mundo de experiências e resultados posteriores. Dessa forma, com o avanço e a moder-nização da civilização – e por exigên-cia do mercado tecnológico – houve a necessidade da criação de especia-

lidades dentro da área da engenharia civil: engenharias elétrica, mecânica, de minas, cartográfica, agronômica, química, de produção, eletrônica, me-catrônica e geológica, entre outras.

A engenharia brasileira teve iní-cio mais ou menos nessa época da criação, em Londres, do Instituto de Engenheiros Civis. Na realidade, teve origem na nossa área militar, em 1810, quando D. João VI criou a Academia Militar do Rio de Janeiro. Em mea-dos do século 19, começaram a surgir grandes engenheiros brasileiros. De um modo geral, nomes como Maria-no Procópio, Marcelino Ramos, André Rebouças, os irmãos Francisco e Ho-nório Bicalho, Pereira Passos, Paulo de Frontin, Pandiá Calógeras, Sampaio Correia, Carlos Sampaio, Vieira Souto e Gabriel Osório de Almeida, iniciaram a vida profissional ou aplicaram bom tempo dela no setor ferroviário, devi-do à expansão do país. Em outras es-pecializações da engenharia brasileira

foram surgindo nomes também de destaque como Cristiano Ottoni (ainda nas estradas de ferro), Alfredo Lisboa (portos), Francisco Saturnino de Bri-to (saneamento), Luís Filipe Gonzaga de Campos (geologia), J. J. Queirós Júnior (metalurgia), Luís Augusto da Silva (obras contra as secas) e Emílio Baumgart (concreto armado).

Para conhecer melhor a história da engenharia brasileira em seus primór-dios é preciso, no entanto, descrever os fatos que antecederam a criação do Instituto Militar de Engenharia (IME). Para isso, é preciso recuar para o remo-to ano de 1699, quando o rei português sancionou uma carta régia, criando um curso de formação de soldados técnicos no Brasil-Colônia. O objetivo era ca-pacitar homens na arte da construção de fortificações, a fim de promover a defesa da Colônia contra as incursões de outras nações. O capitão engenhei-ro Gregório Gomes Henriques, nesse mesmo ano, ministrou a primeira “Aula de Fortificação”, em território brasilei-ro. Mas outros episódios ocorridos an-tes de 1699 são dignos de destaque. O primeiro refere-se ao holandês Miguel Timermans, “engenheiro de fogo”, que esteve no Brasil de 1648 a 1650, sendo encarregado de formar discípulos aptos para os trabalhos de fortificações. O outro foi o citado capitão engenheiro Gregório Gomes Henriques, enviado ao Brasil em 1694 para dar aulas aos con-

Depois da libertação dos escravos as construções paulistanas passaram a ser feitas de tijolos ou pedra

descoBerta da Penicilina

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1930No Brasil No mundo

• Com a Revolução de 30, Washington Luiz é deposto em 24 de outubro e sobe ao poder uma junta governativa

integrada por general Augusto Tasso Fragoso, general João de Deus Mena Barreto e almirante Isaías de Noronha. Em 15 de novembro, Getúlio Vargas toma posse (até 1945).

• O presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, é morto em Recife (PE). • O gaúcho Lindolfo Collor assume

o recém-criado Ministério do Trabalho e cria decreto obrigando as empresas a ter pelo menos dois terços de

brasileiros natos em seus quadros de funcionários.

• O engenheiro eletricista Vannevar Bush (Estados Unidos) desenvolve a primeira máquina, parcialmente eletrônica, capaz de resolver equações diferenciais. • O engenheiro eletricista Frank Whittles (Inglaterra) obtém a patente para o motor a jato. • Nos Estados Unidos é aberto o primeiro supermercado da história.

1931No Brasil No mundo

• Francisco E. da Fonseca Telles assume a presidência do Instituto de Engenharia (1931/1932). • Marconi controla, de um navio

ancorado em Gênova (Itália), a emissão de ondas hertzianas que acionam os holofotes de iluminação da estátua do Cristo Redentor

no Rio de Janeiro. • O escritor Monteiro Lobato funda a Companhia do Petróleo do Brasil e em seguida denuncia manobras dos trustes

petrolíferos, que o sufocaram. • É criada a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).• O engº Emílio Baumgart projeta o edifício A Noite, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, com 24 andares

e a maior estrutura de concreto armado do mundo, na época.

• É inaugurado em Nova York, o Empire State Building, o edifício mais alto do mundo na época, com 102 andares e 375 metros de altura (até 1973, quando apareceu o World Trade Center). • O físico suiço Auguste Picard torna-se o primeiro homem a pilotar um balão até a estratosfera, alcançando 15 528 metros de altitude. •Nos Estados Unidos, o gangster Al Capone é condenado pelos seus crimes (dominou o crime organizado desde 1925).

1931/1932 francisco e. da fonseca telles

destáveis (comandante de força ou chefe de ar-tilheiros) e artilheiros do Rio de Janeiro.

Mais tarde, de 1710 a 1829, o Forte de São Pedro, na cidade de Sal-vador, sediou a Aula de Fortificação e Artilha-ria, sendo o sargento-mor engenheiro José Antonio Caldas um dos primeiros professores. Enquanto isso, em 1718, havia, no Recife, uma Aula de Fortificação em que se ensinavam as partes essenciais de um curso de Ma-temática. Em 1795, foi criada no Recife uma Aula de Geometria, acrescida, em 1809, do estudo de Cálculo Integral, Mecânica e Hidrodinâmica, lecionados pelo capitão Antonio Francisco Bastos (essa aula existiu até 1812). Em 1738, foi criada, no Rio de Janeiro, a Aula de Artilharia, ampliação da existente em 1699. O sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim era o responsável pela mesma e, sob o seu comando, foram construídos os palácios dos governa-dores do Rio de Janeiro, na Praça XV, e de Minas Gerais, em Ouro Preto. Em 1774, a Aula de Artilharia foi acrescida da cadeira de Arquitetura Militar, pas-sando à denominação de Aula Militar do Regimento de Artilharia, considera-

da por Adalton Sampaio Pirassununga (no livro O Ensino Militar do Brasil) como o “marco inicial da formação de engenheiros militares no Brasil”, com a dupla finalidade de “preparar artilhei-ros e de formar oficiais para o exercício de Engenharia”.

No ano de 1792, por ordem de Dona Maria I, rainha de Portugal, foi instala-da, na cidade do Rio de Janeiro, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho. Essa foi a primeira escola de engenharia das Américas e terceira do mundo, tendo sido instalada na Casa do Trem de Artilharia, na Ponta do Calabouço, onde atualmente funcio-na o Museu Histórico Nacional. Tinha por objetivo formar oficiais das Armas e engenheiros para o Brasil-Colônia.

Os cursos de Infantaria e de Cavalaria tinham a duração de três anos; o de Artilharia, cinco anos. O curso de Engenharia durava seis anos, sendo que no último ano eram lecionadas as cadeiras de Arquitetura Civil, Mate-riais de Construção, Ca-minhos e Calçadas, Hi-dráulica, Pontes, Canais, Diques e Comportas.

A Real Academia tor-nou-se a base para a im-plantação da Academia Real Militar, criada em

1811, por ordem de D. João VI. Única escola de engenharia existente no Bra-sil na época, a Academia Real Militar mudou de nome quatro vezes: Imperial Academia Militar, em 1822; Academia Militar da Corte, em 1832, Escola Mili-tar, em 1840 e Escola Central, a partir de 1858. Ali se formavam não apenas oficiais do Exército, mas, principal-mente, engenheiros, militares ou civis. Em 1874, a Escola Central desligou-se das finalidades militares, indo para a jurisdição da antiga Secretaria do Im-pério e passando a formar exclusiva-mente engenheiros civis. A formação de engenheiros militares, bem como a de oficiais em geral, passou a ser reali-zada na Escola Militar da Praia Verme-lha (1874 a 1904). Nesse último ano, a

Patenteado oMotor a Jato

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1932No Brasil No mundo

• Forma-se em São Paulo a Frente Única dos Partidos Políticos para lutar pela reconstitucionalização do país (...). • A 9 de julho o general Isidoro Dias Lopes e o coronel Euclides de Figueiredo formam a Junta Revolucionária Paulista (...). • Estoura a Revolução Constitucionalista,

vencida por Getúlio Vargas (...). • Forma-se no Instituto de Engenharia, sob o comando do engº Alexandre Albuquerque, a Comissão Inspetora

das Delegacias Técnicas para dar apoio logístico às operações do Exército e da Força Pública (...). • Treze engenheiros morrem e sete ficam feridos.

• A 23 de julho morre no Guarujá (SP), Alberto Santos Dumont, já muito doente e desgostoso ao ver sua invenção usada numa luta fratricida.

• O físico inglês James Chadwick localiza uma terceira partícula do núcleo atômico, o neutron, recebendo por isso o Prêmio Nobel de Física três anos depois. • É descoberta a vacina contra a febre amarela. • Cientistas norte-americanos isolam pela primeira vez a Vitamina C. • Os jornais e livros começam a ser impressos pelo sistema offset.

1933No Brasil No mundo

• Roberto Simonsen assume a presidência do Instituto de Engenharia (1933/1934). • Criado

o sistema Confea-Crea com participação do Instituto de Engenharia. • O IE muda-se para o

12º andar do Edifício Saldanha Marinho, na Rua Líbero Badaró. • Em 24 de outubro é lançada a pedra fundamental de Goiânia, futura capital de Goiás, projetada por Atílio Correia de Lima no formato radiocêntrico. • Criado o Instituto

Geológico e Mineralógico do Brasil.

• Termina a “Lei Seca” nos Estados Unidos (que vigorava desde 1920). • Pilotado por dois ingleses, o avião bimotor Westland Wallace sobrevoa o pico mais alto do planeta, o Everest, no Nepal. • É identificada a existência das ondas de frequência modulada (FM). • Começa a voar o primeiro avião Boeing, o 247.

1933/1934 roBerto siMonsen

escola foi transferida para o Realengo, onde eram formados os oficiais de En-genharia e de Artilharia. Os oficias de Infantaria e de Cavalaria eram prepara-dos em Porto Alegre.

Mais tarde, sob influência alemã, o Exército brasileiro suspendeu a forma-ção de engenheiros militares. Previa-se a realização de cursos técnicos de Artilharia e de Engenharia realizados no estrangeiro. Numa segunda etapa, seria implantada uma escola militar tendo por instrutores os oficiais bra-sileiros formados no exterior. A missão militar francesa, iniciada na década de 1920, inspirou a criação da Escola de Engenharia Militar. Um decreto de de-zembro de 1928 estabeleceu sua mis-são no sentido de formar engenheiros, artilheiros, eletrotécnicos, químicos e de fortificação e construção. A Esco-la de Engenharia Militar começou a funcionar em 1930, ocupando as ins-talações da Rua Barão de Mesquita, no quartel ocupado posteriormente pelo Batalhão de Polícia do Exército. Em 1933, mudou sua denominação para Escola Técnica do Exército. Em 1934, a Escola Técnica do Exército foi para o centro do Rio de Janeiro, e, em 1942, para um prédio da Praia Vermelha. Já sob a influência norte-americana, foi criado o Instituto Militar de Tecnolo-gia (1941). Iniciavam-se, então, pro-gramas de estudo, pesquisa e controle de materiais para a indústria.

No final dos anos 1950, já ante-vendo as futuras necessidades do país no setor nuclear, a Escola Técnica do Exército iniciou um curso de pós-gra-duação em Engenharia Nuclear (1958). Da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia, em 1959, nasceu o atual Instituto Mi-litar de Engenharia (IME). O Instituto destaca-se por ter formado inúmeras gerações de engenheiros, civis e mili-tares, que muito contribuíram para o desenvolvimento nacional, não só no desempenho exclusivo da atividade profissional, mas também na qualidade de professores ou mesmo de fundado-res de instituições de ensino espalha-das pelo imenso Brasil.

* * *

Voltando o foco novamente para o Estado de São Paulo, vamos encontrar o desenvolvimento da engenharia ga-nhando um impulso decisivo com a já

citada criação da Escola Politécnica, em 1893, pela ação do grande Paula Souza, que tinha sido ministro do pre-sidente Floriano Peixoto, o “Marechal de Ferro”. Além de ter formado nu-merosos engenheiros, essa instituição abriu espaço para a pesquisa tecnoló-gica, fundando o Gabinete de Resis-tência dos Materiais (1899), também por iniciativa de Paula Souza. Como seria de se esperar, quanto mais as obras cresciam em tamanho e escala, mais ficava clara a necessidade de se aprofundar no campo da pesquisa tec-nológica. O Gabinete, projetado pelo célebre professor suíço Ludwig von Tetmayer, começou suas atividades em 1903, sob a direção de Wilhelm Fischer. Este assistente de Tetmayer, auxiliado pelo então recém-formado Hippolyto Gustavo Pujol, supervisionou uma série de ensaios realizados por alunos politécnicos sobre resistência de ma-teriais em uso corrente na construção civil. Em 1911, Paula Souza incluiu o ensino de concreto armado na cadei-ra de Resistência de Materiais, da qual era catedrático. Em 1918, o professor Clarke, do Mackenzie, publicava o livro Construções de Concreto Armado.

Durante a frenética década de 1920, nas grandes cidades e no inte-rior servido por ferrovias, engenheiros comandavam a construção do Brasil moderno. Embora já houvesse muitas especialidades, os engenheiros ferrovi-

Pouco antes da fundação do Instituto de Engenharia, o Brasil todo era surpreendido por uma onda de mobilizações operárias

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E SPECIAL 95 ANOS

1934No Brasil No mundo

• Criado o Departamento Nacional de Produção Mineral. • Passa a funcionar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, como

ampliação do célebre Gabinete de Resistência de Materiais, fundado por Paula Souza, em 1899, anexo à Escola Politécnica.

• Fundada a Universidade São Paulo (USP). • Promulgada a nova constituição que diz que todo brasileiro é obrigado a estudar.

• É criada a Viação Aérea de São Paulo (Vasp). • O estudante de direito Casemiro Pinto Neto, natural de Bauru, inventa o sanduíche “Bauru” no bar Ponto Chic em São Paulo (queijo derretido, rosbife

frio, tomate, pepino e orégano no pão francês sem miolo).

• Enrico Fermi (Itália) desenvolve a teoria da transformação dos raios beta chamando a nova partícula de “neutrino”. Recebeu o Prêmio Nobel de Física quatro anos depois. • Nos Estados Unidos, num programa de calouros é descoberta uma “boa” cantora: nada menos que a divina Ella Fitzgerald.

1935No Brasil No mundo

• Alexandre Albuquerque assume a presidência do IE (1935/1936). Ele já tinha sido titular do mesmo cargo no

biênio1923/1924. • O ditador Getúlio Vargas institui, das sete às oito horas

da noite, a Hora do Brasil (hoje Voz do Brasil), programa obrigatório de

rádio. • É fundada a Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do

Rio de Janeiro.

• Hideki Yukawa (Japão) anuncia sua teoria de forças de ligação nucleares, envolvendo o postulado da existência de partícula com nova massa intermediária entre o elétron e o próton. Recebeu o Prêmio Nobel em1949. • R.Watson (Inglaterra) inventa o radar. • É fabricada a primeira fibra sintética, o nylon. Seu fabricante, o químico americano Wallace H. Carothers, teria tirado o nome da fusão de NY (Nova York) e Lon (Londres).

ários e aqueles ligados ao setor elé-trico ainda dominavam o cenário. A essa posição de destaque vieram juntar-se os engenheiros civis, li-gados a uma nascente indústria da construção que começava a organizar-se em grandes empre-sas. A principal técnica emprega-da pela construção civil ainda era a alvenaria de tijolos, introduzida no século anterior pelos imigran-tes europeus. Entretanto, começa a difundir-se o concreto armado, in-dicado para obras de grande porte. Antes do aparecimento dessa téc-nica, as grandes construções eram erguidas com estruturas metálicas, montadas por rebitagem, que fica-vam embutidas na alvenaria. Esse recurso foi utilizado em grande parte dos edifícios da Avenida Cen-tral, no Rio de Janeiro, e de várias obras de Ramos de Azevedo, em São Paulo. O emprego de estrutu-ras metálicas, projetadas e fabricadas no estrangeiro, determinava uma total dependência de importações para as construtoras nacionais.

Nesse capítulo de modernização dos processos construtivos, vale registrar que após a abolição da escravatura de-sapareceu de São Paulo o uso da taipa de pilão, um sistema construtivo em que se empregava a terra umedecida ou molhada na confecção de paredes e

muros de fecho. Seu uso é remoto, pa-recendo ter sido utilizado desde tempos imemoriais no Oriente, chegando até Ocidente por meio dos árabes, embora já fosse do conhecimento dos romanos. Em síntese, a parede de taipa de pilão era conseguida comprimindo-se a terra dentro de formas de madeira ou taipal, e era constituída de duas grandes pran-chas compostas de tábuas emendadas de topo, que se mantêm de pé e afasta-

das entre si, graças a sistemas vari-áveis no tempo e no espaço em que são empregados pontaletes, traves-sas e escoras.

Depois da libertação dos es-cravos as construções paulistanas passaram a ser feitas de tijolos e algumas, muito raras, de pedra. Em bairros que se formavam era essa a técnica utilizada para construção das casas, dos edifícios de uso co-mercial e das fábricas. No centro, os edifícios novos, que substituíam os velhos sobrados de taipa de pilão, com dois, três ou quatro andares, eram construídos com alvenaria de tijolos, paredes grossas na base e mais finas na parte superior. Para os edifícios mais altos, com estru-turas mais complexas, eram utili-zadas peças de aço importadas da Europa. Era essa a técnica utilizada no prédio do Mappin, na Praça do Patriarca, como nos edifícios que

pertenciam à família Prates, no Anhan-gabaú, do lado da Rua Líbero Badaró, na época da construção do parque, de 1913 a 1918. Nesses edifícios maiores eram utilizados elevadores. Eram má-quinas antigas, fechadas com grades metálicas. Nos casos mais chiques as grades eram de metal dourado.

No início dos anos 1920, quando começaram as construções em con-creto, os materiais eram importados,

fundada a uniVersidade de são Paulo

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www.brasilengenharia.com.br engenharia 604 / 2011 33

1937/1938 antonio Prudente de Moraes neto

1936No Brasil No mundo

• Criação da “Revista DAE”, do Departamento de Águas e Esgotos de

São Paulo (hoje Sabesp). • Fundada a sociedade civil Acampamento dos

Engenheiros. • No Rio de Janeiro é inaugurado o Aeroporto Santos Dumont. • O cientista brasileiro

Manuel Dias de Abreu (1894/1962) inventa a abreugrafia. • É inventado

o café solúvel.

• Hardy Cross (Estados Unidos), professor da Universidade de Illinois expõe o método de análise e de aplicação de escoamento de água em redes malhadas, depois transformado em método universalmente usado para projetos de estruturas hiperestáticas. • Projetado por Ferdinand Porsche (Alemanha), é lançado o Volkswagen (“carro do povo”), a resposta de Hitler ao Ford T, do norte-americano Henry Ford. • É realizado o voo inaugural de um helicóptero.

1937No Brasil No mundo

• Antonio Prudente de Moraes Neto assume a presidência do IE (1937/1938). • Construída

a maior ponte ferroviária em concreto armado do mundo, na época, na Estrada de Ferro

Mairinque-Santos, projeto de Humberto Fonseca. • Constituição do Estado Novo (1937 até 1945).

Ela entrou para a história como a Constituição Polaca, uma alusão à constituição polonesa da

época, que era extremamente autoritária. • Nasce a União Nacional dos Estudantes (UNE).

• Morre o magnata norte-americano John Davison Rockefeller, o homem mais rico do século 20 (mais do que o dobro do patrimônio de Bill Gates em 1999). • Nos Estados Unidos, o balão dirigível Hindenburg, em sua décima travessia do Atlântico, incedeia-se junto aos postes colocados ao longo do campo de pouso. Morreram 36 pessoas. • Pablo Picasso pinta Guernica retratando o ataque da aviação alemã na cidade espanhola por ocasião da Guerra Civil Espanhola.

com exceção dos tijolos, da areia e das madeiras. Em alguns casos, mesmo os materiais básicos, como cal, tijolos e madeiras eram importados. Aos pou-cos foi crescendo e se diversificando a indústria local de materiais, como as cerâmicas, localizadas em Vila Pruden-te, no Sacomã e em Osasco, as serrarias e as olarias. Aos poucos aumentava a diversificação e a qualidade dos pro-dutos, sobretudo durante a Primeira Guerra Mundial, quando foram corta-das as linhas de importação da Europa e dos Estados Unidos. Os edifícios mais importantes igualavam-se aos padrões do atual Museu Paulista da Universida-de de São Paulo (popularmente conhe-cido como Museu do Ipiranga), cujo acabamento havia sido especialmente refinado, para os últimos anos da mo-narquia. Padrões equivalentes tinham os edifícios construídos no Pátio do Colégio para abrigar as secretarias de Estado, o Teatro Municipal e residên-cias mais ricas, como a de Elias Chaves (depois Palácio dos Campos Elíseos), a Vila Penteado (hoje Faculdade de Ar-quitetura e Urbanismo) e numerosas casas como Vila Uchoa (mais tarde Co-légio Des Oiseaux) na Rua Caio Prado, esquina da Rua Augusta, e a residência de Horácio Sabino, na Avenida Paulis-ta, na quadra onde atualmente se en-contra o Conjunto Nacional.

Em outro vetor, o de obras pú-

blicas, importantes eventos estavam para acontecer, em 1924, a partir do momento em que o engº Francisco Sa-turnino de Brito era encarregado pela Câmara Municipal e pelo prefeito de São Paulo, Firmiano Pinto, de dirigir os trabalhos da recém-criada Comis-são de Melhoramentos do Rio Tietê. Conforme registro no livro Urbanis-mo no Brasil 1895-1965, coordenado por Maria Cristina da Silva Leme, o programa da comissão deveria aten-der aspectos como a defesa contra inundações da várzea do trecho jun-to à cidade, a navegação ao longo do mesmo trecho, e o afastamento para jusante das descargas de esgotos que se faziam sem depuração.

Como se depreende, o objetivo pri-mordial do projeto era o aproveitamen-to da várzea para expansão urbana. Sa-turnino ofereceu, então, um projeto de aproveitamento do rio e ocupação da várzea. Reduzia-se a extensão do leito

entre o Bairro da Penha e o município de Osasco, de 46,3 quilômetros para 26 quilômetros, aumentava-se a seção de vazão e aterravam-se as áreas mais baixas da várzea, permitindo-se a recu-peração de uma área de 25 quilômetros quadrados, então inundável, e a forma-ção de dois lagos que forneceriam terra para o aterro e contribuiriam para me-lhorar a qualidade de vida urbana pela possibilidade da prática de esportes náuticos. Saturnino organizou dois pro-jetos referentes a dois tipos de seção, cada uma delas com três variantes apli-cadas a trechos distintos de retificação do Rio Tietê. Uma das singularidades do projeto de Saturnino era a preservação da várzea como reservatório natural de regularização do rio.

Os novos engenheiros que iam se associando e abrindo escritórios sen-tiram no ar o cheiro de um tempo de avanço para a profissão e passaram a se comunicar de forma muito mais inten-sa e estreita com os demais setores da sociedade. Em 1925, quando o IE era presidido por Francisco Salles Vicente de Azevedo (1925-1926), subsidiárias das grandes empresas estrangeiras anunciavam planos de expansão. No cenário político, Washington Luís tro-cava o governo de São Paulo pela pre-sidência da República. De forma quase desapercebida, um dos seus assessores iniciava sua carreira política: o jovem

Os arquitetos eramem bem menor número porque se considerava a arquitetura uma especialização da engenharia

lançado o VolksWagen

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1938No Brasil No mundo

• Nacionalizada a exploração do petróleo com a criação do Conselho

Nacional do Petróleo. • É criado o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). • Chega ao fim a política do “café com leite” e tem início o Estado Novo. Ao longo do restante da década não seriam realizadas eleições no país (as eleições só voltariam com o

fim do Estado Novo, em 1945).

• O químico alemão Otto Hahn formula a teoria da fissão (ruptura do núcleo atômico através de bombardeio com nêutrons, com a liberação de enorme quantidade de energia) do urânio. • É criado o cloreto de polivinil (vinil). Os discos fonográficos começam a ser fabricados a partir deste novo produto.

1939No Brasil No mundo

• José Maria de Toledo Malta assume a presidência do IE (1939/1940). • Começam a ser criados o sindicato patronal e o sindicato de trabalhadores da construção civil. • Inicia-se a

construção da primeira auto-estrada brasileira, a Via Anchieta, entre São Paulo e Santos (SP). • Para o cálculo do custo de vida, é definida por lei a cesta básica de alimentos suficiente

para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas. • É criado o Departamento de Imprensa e Propaganda

(DIP). A partir daí só se pode falar bem do governo. • Jorra petróleo pela primeira vez no Brasil no poço Lobato na Bahia.

• Howard Aiken, da Universidade de Harvard (Estados Unidos) constrói, com engenheiros da IBM, o computador MARK I, inteiramente automático. • A firma britânica Philco lança o rádio portátil com baterias de 200 horas de duração. • Em setembro, Grã-Bretanha, França, Austrália e Nova Zelândia declaram guerra ao III Reich alemão, prosseguindo a Segunda Guerra Mundial que se espalhou por cinco continentes envolvendo dezenas países, inclusive o Brasil. • Realiza-se o primeiro voo com motor a jato, por um avião Heinkel, alemão.

1939/1940 José Maria de toledo Malta

Getúlio Dornelles Var-gas. Por todo o país a população crescia ver-tiginosamente. O Bra-sil atingia 33 milhões de habitantes em 1925, contra pouco mais de 10 milhões em 1872.

Em 1927 um em-preendimento alta-mente sofisticado deixava a prancheta: a Ferrovia Mayrink-Santos. A necessida-de de uma segunda ferrovia para aliviar a sobrecarga da anti-ga Santos-Jundiaí no escoamento da produção paulista já vinha sendo dis-cutida há 36 anos, mas sempre esbar-rando em grandes obstáculos políti-cos. Tomada a decisão política, outro impasse surgiria, desta vez sobre as características técnicas da obra. Os mais conservadores queriam empre-gar vigas de aço nas pontes e viadu-tos. Os mais arrojados, liderados pelo diretor da Estrada de Ferro Sorocaba-na, Gaspar Ricardo Júnior, e pelo seu engenheiro-chefe, Humberto Fonse-ca, preferiam o concreto armado.

O concreto armado apresentava vantagens gritantes e uma desvanta-gem importante. As vantagens eram que cimento, pedra, areia, ferros re-dondos e madeiras eram produtos

nacionais, ao contrário dos perfis de aço que teriam que ser encomendados aos ingleses. Além disso, o concreto empregava mão de obra mais nume-rosa, cerca de 10 000 operários, além de oferecer a chance de crescimen-to para empresas nacionais. A grande desvantagem, por sua vez, estava no pioneirismo. Temia-se usar o concreto porque nenhum país havia testado a reação do concreto ao esforço repetiti-vo das cargas ferroviárias ao longo do tempo. Os arrojados e inovadores ga-nharam a parada. Com 31 pontes e via-dutos, perfazendo um total de 1 500 metros, o conjunto de obras de arte da Mayrink-Santos ultrapassava de longe todos os seus rivais em volume de con-creto, extensão e em complexidade de

construção. Uma de suas pontes correspondia ao dobro da segunda maior ponte existente no mun-do em 1937, na época de sua conclusão.

Ao que consta, a pri-meira empresa constru-tora especializada em concreto armado parece ter tido sede no Rio de Janeiro. Segundo o livro História da Técnica e da Tecnologia no Brasil, do engenheiro e professor Milton Vargas (escolhido pelo IE como Eminente

Engenheiro do Ano de 1988), essa em-presa pioneira – ao que indicam alguns documentos – foi a Companhia Cons-trutora em Cimento Armado, fundada em 1913, na então capital federal, por L. Riedlinger. Pouco mais de 10 anos depois (em 1924), ela foi incorporada à empresa alemã Weyss & Freytag. Mais tarde, a empresa se tornou a Companhia Construtora Nacional, à qual coube a construção dos grandes hotéis de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do Rio, a Companhia Construtora Nacional tinha escritórios em São Paulo, Belo Horizon-te, Recife e na capital da Paraíba. No início, a nova técnica era utilizada prin-cipalmente em grandes obras públicas: pontes, viadutos, muros de arrimo, re-servatórios de água. Aos poucos passou

coMeçaM a ser faBricados os discos fonográficos

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E SPECIAL 95 ANOS

1941/1942 anniBal Mendes gonçalVes

1940No Brasil No mundo

• Criada a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). • Inaugurado o Túnel Nove

de Julho, construído sob a Avenida Paulista. • O quinto censo aponta população brasileira

de 41 165 289 habitantes. Média de filhos por casal brasileiro: seis. • É criado o salário mínimo.

• É inaugurada a PUC do Rio de Janeiro. • O DIP fecha as portas do jornal O Estado de S. Paulo (até 1945) acusado de participar de uma

conspiração contra o Estado Novo.

• A Alemanha invade a Dinamarca, Noruega, Benelux e a França, entre 1940 e 1941. • A Alemanha perde a Batalha da Grã-Bretanha em 1940. • É montado o primeiro Jeep. • É descoberto o fator RH do sangue. • Estreia no cinema O Grande Ditador, sátira anti-hitleriana de Charles Chaplin.

1941No Brasil No mundo

• Annibal Mendes Gonçalves assume a presidência do IE (1941/1942). • Instituída a Força Aérea

Brasileira (FAB). • É promulgado o primeiro Código Nacional de Trânsito do Brasil estabelecendo, para

os veículos de passeio, o limite de 40 km/h na zona urbana, 60 km/h em grandes avenidas e 80 km/h

em estradas de rodagem. • O escritor Monteiro Lobato é preso (cumprindo três dos seis meses a que havia sido condenado) por criticar as torturas

acometidas durante o Estado Novo.

• Entra em operação o primeiro transmissor em FM (em pesquisa desde 1928), livre de interferências, estática e ruídos de tempestades. • Fim do popular “flit” contra insetos. É inventado o spray pelos norte-americanos. Uma lata pulverizadora de substâncias líquidas através de um gás propulsor, o fréon. • Les Paul inventa a guitarra elétrica. • Orson Welles estréia no cinema com o filme Cidadão Kane, considerado pela crítica especializada o melhor de todos os tempos.

a ser adotada na construção de edifí-cios. A introdução do concreto armado teve grande impacto sobre a engenharia de fundações.

Há registros também de que a pri-meira empresa nitidamente nacional de construção civil foi a Companhia Construtora de Santos, que era dirigi-da pelo engº Roberto Simonsen (que seria presidente do IE de 1933 a 1934) e tinha como diretor técnico William Fellinger – este último um dos precur-sores estrangeiros do nosso cálculo de concreto armado. Em 1917, a Compa-nhia Construtora de Santos construiu um edifício para a Companhia Frigo-rífica de Santos. A técnica usada foi registrada no “Boletim do Instituto de Engenharia” por Armando Arru-da Pereira, que participou do proje-to: “Foi feito sobre um enorme radier de concreto armado assentado sobre um colchão de areia, amparado late-ralmente por meio de um anel refor-çado, de cimento armado, com largas sapatas”. Em 1929, Simonsen fundou a Sociedade Construtora Brasileira. Duas outras grandes construtoras paulistas brilharam na época: a Severo Villares e a Sociedade Comercial e Construtora, autora do projeto e construção do Jo-ckey Club de São Paulo – que também tinha uma marquise em vão recorde, calculada pelo engº Walter Newman.

Também digno de menção foi o fato de a primei-

ra organização industrial de constru-ção civil dever-se a Ramos de Azeve-do, professor de arquitetura da Escola Politécnica e fundador do Escritório Técnico Ramos de Azevedo, em 1886. Foi justamente nesse cenário, em 1916 – e como tentativa de sugerir soluções para que a cidade de São Paulo pu-desse se desenvolver de maneira mais ordenada –, que o citado grupo de en-genheiros paulistas fundou o Institu-to de Engenharia (IE). Em 1917, após a morte de Paula Souza e da eleição de Ramos de Azevedo como presidente do IE, o então presidente do Estado de São Paulo, Washington Luís Pereira de Souza, recomendava que o Instituto constituísse uma comissão para estu-dar o novo código de obras da capital, documento que se revelaria essencial para o estabelecimento de uma nova disciplina na maneira de construir e de normas para o uso de técnicas mais

avançadas. Os resultados do traba-lho foram tão bons que vários ou-

tros prefeitos resolveram aproveitá-lo nos seus municípios.

Boa parte dos primeiros anos do Instituto foi ocupada, como já citado, com a luta pela regulamentação da profissão. A década de 1920 assistiu também à arrancada dos engenheiros, que (concretizando uma das aspirações dos fundadores do IE) passaram a se comunicar de forma muito mais estrei-ta com amplos setores da sociedade. Além de cuidar de seus interesses pro-fissionais, o Instituto criava, no início da década de 1920, a Sociedade Auxi-liadora dos Engenheiros. O objetivo era captar recursos financeiros e construir sua sede própria. Outra iniciativa foi a realização da Exposição Ferroviária Brasileira, em conjunto com a Cia. de Estradas de Ferro do Estado, comemo-rando os 100 anos de invenção da lo-comotiva a vapor.

O IE estava perfeitamente sintoni-zado com a tendência do emprego de concreto armado. Tanto que em 26 de julho de 1925, inaugurou sua primei-ra sede própria, um projeto vertical, construído com estrutura de concreto armado. Situava-se na Rua Cristóvão Colombo, esquina da Rua Senador Fei-jó. O projeto foi financiado pelos re-cursos da citada Sociedade Auxiliadora e o programa e a planta haviam sido projetados por Alexandre de Albuquer-que e a fachada era de autoria do ar-quiteto José Maria das Neves.

Em 1926, o Instituto de Engenharia solicitou um parecer sobre a questão do abastecimento de água de São Paulo ao engº Saturnino de Brito

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1942No Brasil No mundo

• Criado o cruzeiro (moeda) no lugar dos mil-réis. • Roberto Simonsen, ex-presidente do Instituto de Engenharia, assume a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo (Fiesp). • Nesse ano a Coca-Cola chega ao Brasil, junto com uma avalanche de produtos americanos e notícias

de Hollywood. • O Brasil declara guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) no dia 22 de agosto. • O Boletim

da Engenharia passa a ser editado no formato de revista, com a criação da REVISTA ENGENHARIA, por iniciativa do

engº Annibal Mendes Gonçalves, presidente do IE.

• Em 21 de setembro, a Comissão de Informações Inter-Aliadosinforma que os nazistas já executaram 207 373 pessoas na Europa ocupada. • O lendárioGlenn Miller (1904/1944) grava com sua orquestra Moonlight Serenade que teria grande influência sobre as emoções humanas durante a Segunda Grande Guerra.

1943No Brasil No mundo

• Cícero da Costa Vidigal assume a presidência do IE, mas vem a falecer no dia 22 de março, dois meses após

sua eleição. Assumiu o vice Heitor Portugal, que viria a ser presidente do IE pelo período 1943/1946.

• O presidente Getúlio Vargas anuncia, no dia 1º de maio, a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), decreto que reúne toda a legislação trabalhista

criada em seu governo. • É criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). • Na cidade de Marília, em São Paulo, é

fundado um banco então promissor, o Bradesco.

• O cientista Albert Hofman do laboratório suíço Sandoz produz o ácido lisérgico, mais conhecido por LSD, droga que seria muito usada nos anos 1960 (geração hippie). • O filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre publica O Ser e o Nada. • O francês Antoine de Saint-Exupéry, esreve e ilustra O Pequeno Principe.

1943cícero da costa Vidigal

Em meados da década de 1920 a tecnologia do concreto armado já dominava a cons-trução de pontes e viadutos. Só no Rio de Janeiro havia mais de 100 pontes em concre-to armado. Em São Paulo, em uma série de pontes construí-das para a Estrada de Ferro So-rocabana, Gaspar Ricardo Jú-nior utilizou a tecnologia em estruturas com até dez metros de vão, para suportar as novas locomotivas Mallet e Pacific, com 18 toneladas por eixo. Em 1925 a Light empregou o con-creto armado pela primeira vez na Barragem do Rasgão, com 126 metros de comprimen-to e 26 metros de altura. Em Santa Catarina, por sua vez, a Construtora Norberto Odebre-cht fez em concreto armado a ponte sobre o Rio Itajaí, com 159 metros de comprimento e dois vãos de 42 metros.

Nessa altura dos acontecimentos, a grande questão que agitava a hos-te dos engenheiros era a possibilidade de o Brasil alcançar independência do mercado externo. O objetivo era subs-tituir as importações de material de construção, especialmente o cimento, elemento básico na composição do concreto armado. No final do século 19 o coronel Antônio Proost Rodova-

lho havia instalado a primeira fábrica de cimento do país em sua fazenda, no município paulista de São Roque. A experiência foi bem sucedida do ponto de vista da qualidade do produto. No “Boletim” de março de 1925, Armando de Arruda Pereira louvava a qualidade do cimento de Rodovalho e o cuida-do em seus processos de fabricação. “Dizer-se, portanto, que os insucessos das tentativas para fabricar cimento no Brasil são devido à falta de elemento

técnico e conhecimento prático do assunto não exprime verda-deiramente a realidade.”

O problema com o cimen-to Rodovalho tinha sido a falta de continuidade. A fábrica não chegou a produzir volume com-patível com a demanda cres-cente gerada pela urbanização. Por dois períodos interrompeu suas atividades em meio a cri-ses econômicas. Finalmente foi vendida, em 1921, para Antônio Pereira Inácio, que continuou a produção do cimento, mas ain-da em volume pouco expressi-vo. A substituição efetiva das importações só foi conseguida em 1926, quando um grupo canadense implantou a Com-panhia Brasileira de Cimento Portland Perus, em São Paulo. Três meses depois da inaugu-ração a empresa já produzia

1 500 barricas e 170 toneladas por dia e anunciava em órgãos da imprensa que em breve o cimento seria emba-lado em sacos de juta, uma novidade na época. Essa foi a primeira de uma série de grandes fábricas que passaram a ganhar o mercado. Em pouco mais de dez anos, o país seria autossuficiente na produção de cimento.

Enquanto isso, nas ruas e ambien-tes culturais o clima era de fervura. Pouco antes da fundação do IE, o

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coca-cola chega ao Brasil

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1944No Brasil No mundo

• O governo do Estado de São Paulo doa ao Instituto de Engenharia e à Fiesp o terreno ao

lado do Viaduto Dona Paulina, onde mais tarde foi construído o Palácio Mauá, abrigando as duas entidades. • É inaugurado, em 12 de fevereiro, o Cassino Quitandinha, em Petrópolis (RJ), com um

grande show para duas mil pessoas. No Brasil, era o tempo dos cassinos, dos shows e das vedetes.

• Em Minas Gerais é inaugurada a siderúrgica Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita).

• Em 9 de abril, o general Charles de Gaulle é nomeado comandante-chefe das forças da França livre. • No dia 6 de junho, começa ao amanhecer, a esperada invasão da Europa pelos aliados, conhecida como Dia D. • A cidade de Paris é libertada pelos franceses, no dia 25 de agosto. • É eleito, pela quarta vez consecutiva, Franklin Roosevelt, como presidente dos Estados Unidos. • O norte-americano Selman Abraham Waksman descobre um novo antibiótico, a estreptomicina, eficaz contra o agente causador da tuberculose.

1945No Brasil No mundo

• O presidente do Brasil, Getúlio

Vargas, é deposto no Rio de Janeiro

por tropas do Exército, em 30

de outubro e, em dezembro, o general Eurico Gaspar Dutra

assume seu lugar.

• No dia 27 de janeiro, soldados soviéticos entram no campo de concentração de Auschwitz, cidade industrial da Polônia, e libertam os 5 000 prisioneiros, a maioria judeus. • Morre, no dia 12 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt. O vice Harry Truman assume a presidência. • Benito Mussolini, é assassinado por membros da Resistência italiana em 28 de abril.• Adolf Hitler, o dirigente máximo da Alemanha, suicida-se no dia 30 de abril. • No dia 7 de maio, a Alemanha rende-se incondicionalmente.

Brasil era surpreendido por uma onda de mobilizações operárias. Em vários estados, as agitações desembocavam em greves gerais. Em São Paulo, de-pois de várias paralisações parciais, em junho de 1917 foi deflagrada uma greve geral contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho, com jornadas de até 16 horas. No ve-tor cultural, a pintora Anita Malfatti provocou grande polêmica em São Paulo em 1918, expondo 50 de seus quadros mais recentes e lançando as bases para a Semana de Arte Moderna de 1922. E, com efeito, os movimentos estéticos da década de 1920 influen-ciaram largamente a nova geração de profissionais brasileiros. Nos Estados Unidos, os cinemas grandiosos e es-palhafatosos, capazes de acomodar milhares de pessoas, representavam não só a atração pelos filmes, mas também o espírito heterogôneo que era a marca da nova cultura e massas.

O Brasil embarcou nessa onda: em 1920 era inaugurada no Rio de Janei-ro a Praça Cinelândia. Localizada pró-ximo ao Teatro Municipal, no centro da cidade, a construção da Cinelândia contou com o apoio de empresários como Vivaldi, Ademar Leite Ribeiro e Francisco Serrador, dono da “Compa-nhia Cinematographica”. A companhia financiou a construção de cinemas, teatros, confeitarias, cafés e restauran-tes, que se tornariam ponto de encon-

tro de atores, escritores, intelectuais e políticos. Também no Rio de Janeiro, em 1921 – preparando o cenário para a Exposição do Centenário da Indepen-dência –, o prefeito Carlos Sampaio de-cidiu remodelar a cidade. Uma de suas ações foi mandar derrubar a Igreja de Santa Luzia, do século 16, e o morro onde o governador-geral Mem de Sá erguera um castelo. Além de decidir re-talhar a região em lotes para vendê-los às companhias imobiliárias, o prefeito iniciou depois o saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas e o alargamento da Avenida Niemeyer.

A ruptura que os modernistas re-clamavam com relação aos padrões de arte então vigentes também incluía a arquitetura e atividades correlatas. A respeito disso, escreveu o historiador Arno Meyer: “A arquitetura era o espe-lho cultural mais exemplar. Ao lado da estatuária pública e do espaço urbano, refletia e enaltecia, ao mesmo tempo, a ordem cultural e social estabelecida, li-

gada à terra e aos títulos de nobreza. A julgar pelo estilo da arquitetura oficial do século 19 e início do 20, o período foi de um rígido historicismo. Embora o capitalismo pós-mercantil continu-asse a avançar aos poucos e com difi-culdade, nunca encontrou ou inspirou uma linguagem arquitetônica própria. Como nas outras artes, exceto a lite-ratura, as revoluções industriais com-pactas não conseguiram incitar novas visões, símbolos e cânones. Em parti-cular, nas cidades maiores, até mesmo nas de rápido crescimento econômico, os edifícios públicos continuavam a as-sumir uma variedade de estilos, puros ou ecléticos”.

* * *

No Brasil, a técnica do concreto armado continuava avançando e ga-nhava cada vez mais adeptos. Pode-se dizer que isso causou uma grande re-volução mundial na construção civil, com destaque para nosso país. O nosso primeiro escritório a realizar cálculos de grandes estruturas de concreto es-tava sediado na cidade de São Paulo, sob o comando de Samuel das Neves, que contava com a colaboração de cal-culistas alemães que moravam na cida-de. Em 1922 havia se instalado no Rio de Janeiro uma filial da grande empre-sa dinamarquesa Christiani-Nielsen, que começou atuando fortemente na

Deprimido com o bombardeio aéreo da capital paulista pelas forças de Getúlio, Santos Dumont suicidou-seno Guarujá

inVasão da euroPaPelos aliados, conhecida coMo dia d.

Morre franklin rooseVelt.

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E SPECIAL 95 ANOS

1946No Brasil No mundo

• É inaugurada a Usina Volta Redonda, da Companhia

Siderúrgica Nacional (CSN). • É promulgada, em

10 de setembro, a nova Constituição brasileira,

substituindo a autoritária Carta de 1937, imposta por Getúlio Vargas para instituir

o regime do Estado Novo.

• No dia 14 de fevereiro, a IBM lança uma avançada máquina de calcular, chamada de Eniac (Computador e Integrador Numérico Eletrônico). • No dia 2 de outubro, cientistas reunidos num simpósio na Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, alertam para a possibilidade de o cigarro provocar câncer de pulmão. • É declarada, oficialmente pelo presidente Truman, dos Estados Unidos, o fim da Segunda Guerra Mundial, em 31 de dezembro.

1947No Brasil No mundo

•Argemiro Couto de Barros assume a presidência do IE (1947/1948).

• Organizado o curso de Engenharia de Saúde Pública, primeira

realização do gênero fora dos Estados Unidos. • O Museu de Arte

Moderna de São Paulo (Masp) é inaugurado, em 12 de outubro, na

sede dos Diários Associados, no centro de São Paulo.

• William Shockley, J. Bardeen e W. Brittain desenvolvem nos Laboratórios Bell o transistor, cuja aplicação gerou os computadores de segunda geração. • Nos Estados Unidos as Forças Armadas são reorganizadas e é criada a Agência Central de Informações (CIA). • Em 5 de junho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, anuncia um ambicioso plano para a recuperação econômica da Europa.

1943/1946heitor Portugal

área de grandes obras portuárias. A Christiani-Nielsen também bateu um recorde mundial de vão livre, construindo a marquise do Jockey Club do Rio de Janeiro, projetada por engenhei-ros brasileiros. Alguns anos antes da funda-ção do IE, São Paulo já tinha ganhado o seu primeiro “arranha-céu” de concreto armado: o Edifício Guinle, no nº 7 da Rua Direita, com projeto de Hippolyto Pujol e Augusto Toledo (projetado e construído entre 1911 e 1914). Foi também a primeira obra em que se re-alizou o controle tecnológico da estru-tura de concreto. Com oito andares, o prédio foi levantado com a supervisão técnica do Gabinete de Resistência dos Materiais da Escola Politécnica, e que mais tarde se transformaria no atual e celebrado Instituto de Pesquisas Tec-nológicas (IPT).

À modernização tecnológica cor-respondeu também a um aperfeiçoa-mento e a uma crescente modernização em termos estéticos, com a adoção de critérios de caráter racionalista para os projetos arquitetônicos e urbanísti-

cos, em consonância com o que mais adiantado se fazia então na Europa. As primeiras obras em concreto armado da América Latina, com linguagem arqui-tetônica protomoderna foram construí-das em São Paulo e em suas proximida-des por arquitetos e engenheiros ligados à Escola Politécnica, a partir de 1907.

A atuação do Gabinete de Resistên-cia de Materiais acabaria se tornando fundamental para adaptar a técnica de concreto armado descrita nos manuais estrangeiros à realidade das condições brasileiras. Os índices de resistência do concreto europeu refletiam o resultado

de testes de laboratório com areia de granula-ção uniforme. Tornava-se indispensável repetir os testes com a areia do Rio Tietê, usada nas construções paulistas e cujos grãos variam mui-to de tamanho. A par-tir de 1926, outro fator teve de ser considerado: o cimento importado começou a ser substi-tuído pelo produto na-cional da Companhia Portland-Perus. Uma nova série de testes foi realizada, determinan-do a dosagem ideal dos ingredientes para fabri-

cação de concreto com plena garantia dos resultados.

Ainda na saga do concreto armado no Brasil antigo, merece menção o edi-fício do jornal carioca “A Noite”, proje-tado por Emílio Baumgart, em 1928, e a construção do Prédio Martinelli, em São Paulo, que teve início em 1925 e foi concluída em 1929. O projeto foi do engº Fellinger, para apenas 14 andares. O anseio por bater recordes de altura, no entanto, foi elevando isso, sucessi-vamente, até se chegar aos 24 andares. A obra do Martinelli foi embargada pela prefeitura paulistana depois que uma

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E SPECIAL 95 ANOS

1949/1950álVaro de souza liMa

1948No Brasil No mundo

• Fundada a Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo (FAU) da Universidade de São

Paulo (USP). • Criada a Sociedade

Brasileira para o Progresso da Ciência

(SBPC).

• Em 30 de janeiro, Gandhi, líder espiritual da independência da Índia, é assassinado por um extremista hindu. • É criado, em 14 de maio, o Estado de Israel. • Em 10 de dezembro, a ONU aprova a Declaração dos Direitos Humanos, documento que define as liberdades fundamentais

1949No Brasil No mundo

•Álvaro de Souza Lima assume a presidência do IE (1949/1950).

• Construída a primeira ponte brasileira em concreto protendido,

com 380 metros de extensão, a Ponte do Galeão, Rio de Janeiro. • A Fábrica Nacional de Motores

(FNM) coloca no mercado seu primeiro caminhão, o FNM

D-7300.

• Em 18 de março, os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental revelam seus planos de formar uma aliança de defesa contra a URSS – a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). • Em 1º de outubro, multidões comemoram a proclamação da República Popular da China pelo líder comunista Mao Tsé-Tung. • Moscou cria o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon).

1947/1948argeMiro couto

de Barros

As lâmpadas mais antigas, com arcos de carvão, eram grandes, com 30 ou 40 centímetros de comprimento em forma de bulbos

comissão executou ensaios de materiais e provas de carga no terreno e chegou ao veredicto de que seria preciso reduzir as cargas. Só que outra comissão, esta chefiada por Baumgart, concluiria suas perícias favoravelmente aos 24 andares. O edifício continua em pé, imponente e belo, em pleno ano de 2011.

Do ponto de vista da formação profissional, nos anos 1920 a cidade de São Paulo tinha dois grandes cursos para preparação de engenheiros-arqui-tetos: a Escola Politécnica e a Escola de Engenharia Mackenzie. Este último foi organizado ao mesmo tempo em que era fundado o IE, em 1917, pelo arquiteto Christiano Stockler das Neves (1889-1982), formado na Pensilvânia em 1911. Ramos de Azevedo, que foi o diretor da Politécnica de 1917 a 1928, continuava sendo a grande influência dos paulistas e paulistanos. Não por acaso, Ramos de Azevedo mantinha sob seu controle o ensino de engenha-ria e arquitetura da Poli e do Liceu de Artes e Ofícios, bem como as constru-ções públicas da cidade de São Paulo.

Um dado culturalmente saboroso é que, em 1916, ocupava os bancos esco-lares da Politécnica um aluno irrequie-to e irreverente que acabou se forman-do engenheiro mas que ficaria famoso como o “maior cronista popular de São Paulo” sob o pseudônimo de Juó Bananére. Tratava-se do jovem Ale-

xandre Ribeiro Marcondes Machado. Juó Bananére tinha um peculiaríssimo modo de recriar a fala dos imigrantes italianos mesclada de um caipirismo que zombava dos modismos literários, do nacionalismo ufanista e da retórica bombástica da época.

A Escola Politécnica tinha por ob-jetivo, nos seus primórdios, preparar não só os técnicos de nível superior como os de nível médio. Mas acabou formando mais engenheiros civis em função do imenso campo de ação que os planos de melhoramentos ur-banos, ferroviários e rodoviários ofe-reciam. Os arquitetos eram em bem menor número porque se considera-va a arquitetura uma especialização da engenharia civil. Segundo o livro O Prédio Martinelli, de Maria Cecília Naclério Homem, houve também pou-cos engenheiros industriais que, assim como os técnicos industriais, vinham de países estrangeiros. A tarefa de for-

mação do profissional de nível médio ficou por conta do Liceu de Artes e Ofícios e de duas escolas profissiona-lizantes do bairro paulistano do Brás, uma masculina e outra feminina. Mas foi do Liceu que saiu o maior núme-ro de artesãos, que trabalharam nas construções civis e nas grandes obras das classes mais abastadas.

Marco da nova geração de pro-fissionais, em 1923 era inaugurado, no Rio, o Copacabana Palace, hotel com área de 10 000 metros quadra-dos. Construído pela família Guinle a pedido do presidente Epitácio Pes-soa, que queria receber o rei Alberto, da Bélgica, com todas as honras, o Copa foi a primeira grande constru-ção entre a areia e o mar. Seu luxo – cada apartamento tinha cerca de 400 metros quadrados – projetaria o bairro de Copacabana, dando origem às avenidas Atlântica e Copacabana.

* * *

Mas, para se ter uma ideia do pano-rama que se vivia na cidade de São Pau-lo (e também no Estado de São Paulo como um todo) por aquela época, con-sulte-se – entre outras fontes – a ad-mirável obra São Paulo – Vila, Cidade, Metrópole, de Nestor Goulart Reis, pela qual o autor conta a história da cidade de um modo muito especial: a partir de

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E SPECIAL 95 ANOS

1950No Brasil No mundo

• Entra no ar a PDF-3, TV Tupi, Canal 3, a

primeira emissora de TV da América Latina.

• Getúlio Vargas é eleito presidente do Brasilcom 48,7% do total

de votos válidos.

• Em seu livro Fundamentos Lógicos da Probabilidade, o filósofo teuto-americano Rudolf Carnap tenta reduzir a filosofia a uma investigação matemática e científica.• Em 20 de fevereiro, Joseph McCarthy, senador norte-americano de Wisconsin, trava uma verdadeira cruzada contra os supostos comunistas infiltrados no governo federal.• Em 29 de março, a RCA lança um tubo de televisão colorido totalmente eletrônico.

1951No Brasil No mundo

• Amador Cintra do Prado assume a presidência do IE (1951/1952). • Getúlio Vargas volta ao poder e

envia ao Congresso projeto de lei que regulamenta a prospecção, refino e

distribuição do petróleo.• No dia 20 de outubro, mais de 5 000

pessoas presenciam a abertura da Primeira Bienal de Artes de São Paulo,

num pavilhão no Parque Trianon.

• Winston Churchill volta ao poder na Grã-Bretanha, como primeiro ministro.• Em 30 de março, Julius e Ethel Rosenberg são declarados culpados de espionagem durante a guerra. Os dois nova-iorquinos foram acusados de ter roubado e entregue à então União Soviética segredos sobre a bomba atômica dos Estados Unidos.

1951/1952aMador cintra do Prado

desenhos antigos, plantas, ma-pas e fotografias da época.

Nos idos da década de 1890, a população da cidade de São Paulo estaria em torno de 65 000 habitantes. A capital era o centro de um sistema regio-nal de municípios limitado no sentido oeste, por assim dizer. Nessa época, apenas a metade do território paulista era ocu-pado. O resto da superfície era constituído de extensas regi-ões cobertas de florestas ainda desconhecidas e não habitadas. Só como termo de compara-ção, nos 40 anos seguintes, as mudanças seriam de largo es-pectro. Em 1930, São Paulo era uma cidade com 900 000 habi-tantes. Ou seja, a cidade cres-ceu nada menos que 14 vezes em quatro décadas e continu-ava a ser o centro de um sis-tema, mas já de uma imensa e rica região produtiva, que se estendia às margens do Rio Paraná.

Mas a explosão seria ainda mais intensa daí para frente. Hoje a cidade de São Paulo é o polo central de um sistema integrado de regiões metropo-litanas. A Região Metropolitana de São Paulo, também conhecida como Grande São Paulo, reúne 39 municípios em in-tenso processo de conurbação. O termo

refere-se à extensão da capital paulista, formando com seus municípios lindei-ros uma mancha urbana contínua. Com cerca de 21 milhões de habitantes, é a terceira maior área urbana do mundo. São Paulo é a sexta maior cidade do planeta, com 11 milhões de habitantes. Regiões muito próximas a São Paulo são também regiões metropolitanas do Estado, como Campinas e Baixada San-

tista. Outras cidades próximas compreendem aglomerações ur-banas em processo de conurba-ção, como São José dos Campos, Sorocaba e Jundiaí. A população total dessas áreas somada à da capital – o chamado Complexo Metropolitano Expandido – ul-trapassa 29 milhões de habitan-tes, aproximadamente 75% da população do Estado inteiro. As regiões metropolitanas de Cam-pinas e de São Paulo já formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 65 muni-cípios que juntos abrigam 12% da população brasileira.

O processo ainda está longe de se esgotar e, segundo espe-cialistas, as novas condições de vida metropolitanas obrigarão os poderes públicos a rever seus planos urbanísticos para o fu-turo. Para parte da população atual da região a vida cotidiana

se desenrola em dois ou três municípios diferentes em pelo menos duas regiões metropolitanas. São ônibus fretados que levam cerca de 2 milhões de pesso-as a se deslocar diariamente entre mu-nicípios para trabalhar, estudar, lazer e consumo. A esses devem ser acrescen-tados outros milhões que se deslocam em veículos particulares e em linhas regulares de ônibus, nos terminais

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1952No Brasil No mundo

• Construído o maior arco de concreto armado do mundo: ponte sobre o

Rio das Antas, com 186 metros de vão. O projeto

foi de Antonio Alves Noronha.

• D. Helder Câmara funda a Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil (CNBB).

• No dia 5 de novembro, Dwight Eisenhower é eleito presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano.• A Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos anuncia, no dia 16 de novembro, que a bomba H está pronta para ser usada.

1953No Brasil No mundo

• Henrique Pegado assume a presidência do IE (1953/1954). • O Instituto de Engenharia participa da criação da

Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa).• Getúlio Vargas sanciona lei de monopólio

do petróleo brasileiro, criando a Petrobras, no dia 3 de outubro.

• Jânio da Silva Quadros é eleito prefeito de São Paulo e inicia uma carreira

política meteórica.

• O casal Rosemberg é executado nos Estados Unidos, em 19 de junho. • Em 28 de julho, um armistício suspende a Guerra da Coreia, após três anos.• Falece em 5 de março, Josef Stalin, ditador da União Soviética desde 1924.

1953/1954henrique Pegado

rodoviários comuns. A velha capital é cada vez mais o centro financeiro, de serviços e de comércio especializado, de pesquisa científica e tecnológica e, sobretudo, de decisão. A Região Metro-politana de São Paulo interage diaria-mente em uma área com mais de 100 quilômetros de raio. É previsível que com a conclusão das obras dos trechos Norte e Leste do Rodoanel Mário Co-vas (os trechos Oeste e Sul já estão em funcionamento há algum tempo) esse processo de dispersão e integração seja acelerado. Mas o polo dinâmico é – e provavelmente continuará sendo – na cidade de São Paulo.

Mas nossa “máquina do tempo” nos leva de volta ao início do século passado e à intensa imigração ocor-rida entre 1890 e 1914. Nessa época, uma grande parte dos habitantes de São Paulo era formada por europeus. E era um pessoal qualificado: oficiais mecânicos, operários especializados, pequenos empresários e profissionais liberais. Segundo alguns historiadores, a porcentagem de europeus chegava a atingir 70% da população da cidade. Era comum ouvir-se outras línguas, além do português, pelas ruas. Em 1913 havia, por exemplo, cerca de 70 escolas italianas. Não é exagero dizer-se que São Paulo era uma cidade eu-ropeia – com cerca de 500 000 habi-tantes –, em outro continente.

De fato, no início do século 20, a grande novidade no cenário político paulistano – à semelhança de outras cidades brasileiras – era a presença de grandes massas de trabalhadores ur-banos. A concentração de pobres em grande número junto aos centros do poder era algo que não se observara, nessa escala, durante o Império. Se-gundo notas emitidas por líderes polí-ticos dos tempos da monarquia, somos levados a supor que tenha havido em-penho em evitar a formação de cida-des de maior porte, para contornar o processo de democratização, que acre-ditavam ser decorrente do desenvolvi-mento urbano.

No caso de São Paulo, a concentra-ção de massas urbanas provocava mais inquietação por estas serem compostas majoritariamente por imigrantes euro-peus que sabiam ler e escrever e tinham formação política avançada. Uma coisa interessante, então, é estabelecer uma

comparação entre essas novas massas urbanas politizadas presentes em São Paulo com as que habitavam as cida-des europeias na mesma época. Alguns analistas sociais e críticos literários estão inclinados a crer que as preo-cupações sociais dos intelectuais dos últimos 20 anos da Primeira República (1889-1929) fossem consequência de um espírito de imitação dos intelectu-ais europeus, sem suporte na realidade local. Uma vez examinadas com mais atenção as condições existente então, pode-se inferir que os intelectuais de São Paulo estavam muito mais discu-tindo os problemas que viviam no seu dia a dia do que qualquer outra coisa.

Além da politização da classe média de São Paulo, havia a politização das massas de trabalhadores imigrados. A cidade era palco de grandes greves e reivindicações operárias de forma qua-se permanente. Era possível sentir mes-mo um clima de agitação política e de conspirações, que têm correspondência no plano federal com a instabilidade dos esquemas hegemônicos da própria Primeira República e com as crises do café. São Paulo vivenciou o ambiente da Revolução de 1922 (que estourou no Rio de Janeiro), viveu fortemente a Re-volução de 1924, a Revolução de 1930, a Revolução de 1932 e as agitações de 1935. Fica difícil supor que o anseio por essas mudanças tivesse origem no de-

Os engenheiros de São Paulo se reuniram e transformaram a sede do IE num polo de resistência ao golpe getulista

BoMBa h está Pronta Para ser usada

ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1954No Brasil No mundo

• Getúlio Vargas comete suicídio com um tiro no coração, no

Rio de Janeiro.• A cidade de São Paulo

comemora o IV Centenário. • No dia 24 de julho, a miss

Brasil, a baiana Marta Rocha, não consegue o título de miss

Universo, por ter duas polegadas a mais nos quadris.

• O general Stroessner assume o poder no Paraguai, lá permanecendo por 35 anos seguidos. • Mao Tsé-tung é reeleito para outro mandato de quatro anos como presidente da República Popular da China. • A IBM anuncia nos Estados Unidos que fabricou um cérebro eletrônico projetado especificamente para uso em negócios.

1955No Brasil No mundo

• Plínio de Queiroz assume a presidência do IE

(1955/1956). • Inaugurado o Palácio Mauá, construído

pelo Instituto de Engenharia em parceria com a Fiesp, para

onde se transfere a sede do Instituto. • Em 3 de outubro, Juscelino Kubitschek é eleito

presidente do Brasil.

• Em 14 de maio, as nações do bloco oriental firmam o Pacto de Varsóvia, que as unifica militarmente.• No dia 31 de maio, a Suprema Corte norte-americana determinaaos Estados Unidos o fim da segregação racial. • Em 26 de novembro, a União Soviética, confirma que possui a bombade hidrogênio.

1955/1956Plínio de queiroz

sejo de pura imita-ção dos intelectuais europeus.

* * *

Tão grande era o bulício na déca-da de 1920 que muitos historiado-res a consideram como um divisor de águas da nossa história. Além da inquietude, latente primeiro e trans-parente depois, tanto na esfera educacional como na cultural, também na sociopolítica havia o presságio de grandes trans-formações. Na verdade, o planeta in-teiro passava por momentos decisivos, com crises profundas na economia e na política, e que iriam culminar com a estrondosa queda da bolsa de Nova York de 1929. E como nunca deixou de acontecer nas épocas de grandes transformações, a engenharia repre-sentou um importante papel no cená-rio geral. A modernização da infraes-trutura em São Paulo, por exemplo, merece destaque. Foi nessa época que os serviços de pavimentação tiveram um incremento jamais observado, com a aquisição da pedreira do Rio Grande

e a montagem de um grande britador.O adensamento urbano de São

Paulo nos anos 1920 também pôs em xeque o abastecimento de água. Ca-minhavam muito lentamente as obras de captação do Rio Claro, relativamen-te distante da capital. Nessa fase o IE intensificava sua participação na vida da cidade. Já havia criado seis Divisões Técnicas: Arquitetura, Estradas de Ferro, Engenharia Sanitária, Mecânica e Eletricidade, Estradas de Rodagem e Pavimentação e Urbanismo.

Em 1926, o IE solicitou um pare-cer sobre a questão do abastecimento de água de São Paulo ao célebre en-genheiro sanitário Saturnino de Brito,

que recomendou o aproveitamento das águas da Bacia do Tietê e das gran-des represas cons-truídas pela Light. Considerando o parecer, o governo do Estado resolveu utilizar as águas do Rio Guarapiranga, em Santo Amaro, já represado pela Light. Segundo re-latos da época, a adução amenizou a situação, fican-do abastecidos, em fins de 1929, cerca

de 78 980 dos 111 116 prédios existen-tes. Também em 1929, o porte dos pro-blemas sanitários urbanos levou o Ins-tituto de Higiene do Estado a ampliar sua atuação, dando início à formação de especialistas em saúde pública na área de engenharia sanitária.

Ainda no mandato do engenheiro Pires do Rio na prefeitura paulistana foram iniciadas as obras de retificação do Rio Tietê, chefiadas por Saturni-no de Brito. O projeto escolhido, que abrangia também um trecho do Rio Pinheiros, previa um canal com leito único de maior seção, barragens com eclusas para navegação, novas pontes no traçado do rio, lagos de inundação

getúlio Var-gas coMete

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E SPECIAL 95 ANOS

1956No Brasil No mundo

• É realizada a I Semana de Debates sobre Energia

Elétrica. • Em 1º de fevereiro, o presidente do

Brasil, Juscelino Kubitschek, expõe, em seu primeiro

dia de governo, um plano desenvolvimentista em que

promete fazer o país avançar “50 anos em cinco”.

• Em 22 de março, o reverendo Martin Luther King é considerado culpado dos boicotes ao serviço de ônibus de Montgomery, em Alabama, nos Estados Unidos.• Em 9 de setembro, Elvis Presley bate recorde de audiência em sua apresentação na TV.

1957No Brasil No mundo

• João Soares do Amaral Neto assume a presidência

do IE (1957/1958). • Começa a construção dos primeiros supermercados brasileiros.

• Têm início, em fevereiro, as obras de Brasília e seus operários

são chamados de “candangos” (sinônimo de trabalhador sem valia),

trabalhando até 18 horas por dia.

• A União Soviética anuncia, em 4 de outubro, que lançou com sucesso em órbita ao redor da Terra o primeiro satélite artificial fabricado pelo homem, o Sputinik.• A União Soviética lança, logo depois, no dia 3 de novembro, seu segundo satélite espacial, desta vez tripulado por uma cadela chamada Laika.

1957/1958João soaresdo aMaralnetto

– antepassados dos atuais piscinões –, canaletas e galerias de águas pluviais.

Sobre a questão das inundações, os especialistas da época ponderavam que a enchente é um fato normal da natureza; se o homem considera ca-lamidade é porque habita ou cultiva áreas inundáveis. Já naquela época os engenheiros falavam sobre a impossi-bilidade de se resolver o problema de forma absoluta e recomendavam que o fenômeno das inundações deveria ser sensatamente aceito por todos, para que se evitassem trabalhos fora de propósito, despesas excessivas e, no final das contas, desilusões. As obras de retificação do Tietê prosseguiram em ritmo constante, mesmo depois da morte de Saturnino de Brito, em março de 1929. Apenas a turbulência da po-lítica comprometeria seu andamento.

Enquanto isso a malha ferroviária não parava de se expandir no país. Isso motivou o IE a promover em Campinas (SP), em setembro de 1926, a expo-sição “Parque Ferroviário Brasileiro”, uma parceria com as principais estra-das de ferro. O evento comemorava o centenário da locomotiva. Nessa déca-da a malha ferroviária do país chegou a aproximadamente 29 000 quilômetros de extensão, com cerca de 2 000 loco-motivas a vapor e 30 000 vagões em circulação. Não por acaso, a infraes-trutura urbana da cidade de São Pau-lo seguiu de perto o modelo utilizado

pelo desenvolvimento ferroviário do Estado de São Paulo. Porém, com for-te participação do capital estrangeiro. A Light chegou em 1900 e no ano se-guinte inaugurava sua primeira linha de bondes elétricos. Tratava-se de uma revolução nos transportes urbanos. Sobre o citado modelo ferroviário, é possível afirmar que no começo do século 20 era possível percorrer quase todas as localidades importantes do in-terior do Estado de São Paulo, através de uma extensa malha ferroviária, ge-rida por companhias que se expandiam exercendo predominância regional.

A origem da moderna prosperida-de paulista foi resultado da expansão do transporte ferroviário, inovação tecnológica que teve o efeito de um raio sobre o pacato universo caipira, trazendo, além da modernidade, um dilúvio de imigrantes dos lugares mais remotos do mundo, provocando aquele já descrito impacto cultural que fez re-acender a chama bandeirante e impul-

sionou o definitivo desbravamento e a completa povoação do Estado. A febre ferroviária teve um surto avassalador. Sob o apito estridente das marias-fumaças, o povo paulista deixou-se enfeitiçar pelo progresso e o “novo” deitou ao chão as velhas choupanas de pau a pique e iniciou a edificação de novas cidades e a construção de fábri-cas e oficinas, dando o início a uma era de avanço econômico e cultural.

A estrada de ferro surgiu em São Paulo como consequência do desen-volvimento da atividade cafeeira, no intuito de transportar a crescente pro-dução até Santos, o porto exportador por excelência. A partir de então, a maré verde e vermelha dos cafeeiros passou a estender suas fileiras de cul-tivo, sempre à procura de novas ter-ras férteis, prolongando-se por todos os quadrantes do território paulista. A partir da linha-tronco da São Pau-lo Railway, comunicando o planalto ao litoral, e da Companhia Paulista, extensão do eixo Santos-Jundiaí, pelo centro do Estado, abriu-se um leque de estradas de ferro. Pelo flanco leste vieram a Central do Brasil, a Mogiana, a Paulista e a Araraquarense. Pelo lado oeste, a Sorocabana, a Alta Paulista e a Noroeste. Todas elas interligadas por inúmeros ramais e pequenas estradas de ferro que chegavam até as grandes fazendas, para escoar a produção.

A expansão ferroviária foi de tal

O LEM da Poli se transformou em indústria bélica e chegou a fabricar 10 000 granadas por dia para os revolucionários de 32

coMeça o goVerno de Juscelino kuBitschek

elVis PresleyBate recorde de audiência

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E SPECIAL 95 ANOS

1958No Brasil No mundo

• O presidente Kubitschek pede empréstimo de 300 milhões de dólares ao Fundo Monetário

Internacional (FMI), que envia missão ao Brasil. • A política desenvolvimentista de JK

(50 anos em cinco) faz crescer a inflação e a dívida externa. • Criada a Usina Siderúrgica de Minas Gerais (Usiminas). • Em 29 de junho, na

Copa do Mundo disputada na Suécia, o Brasil conquistou seu primeiro título da competição,

ao vencer a Suécia por 5 a 2 na final.

• O Explorer 1 foi o primeiro satélite lançado pelos Estados Unidos em 31 de janeiro de 1958. Seu principal equipamento foi um detector de raios cósmicos que descobriu o campo de radiação terrestre. Foi seguido por quatro satélites parecidos, dois dos quais foram bem sucedidos. • Na noite de réveillon, Fulgencio Batista renuncia ao cargo de presidente da Cuba e abandona o país. A Revolução Cubana termina vitoriosa.

1959No Brasil No mundo

• Augusto Lindenberg assume a presidência do IE (1959/1960).

• Surge a indústria automobilística nacional. • Em 2 de agosto de 1959

Pelé fez aquele que é considerado seu gol mais bonito, na vitória por 5 a 1 do Santos sobre o Juventus.

Ele “chapelou” três zagueiros e cabeceou a bola por cima do

goleiro, o ituano “Mão de Onça”.

• Roberto Noyce, engenheiro americano, funda a Fairchild, que, com a Texas Instruments, desenvolve os circuitos integrados. • Lançado ao mar o “Savannah” (Estados Unidos), primeiro navio mercante movido a energia atômica. • Em 2 de janeiro as tropas de Che Guevara e Camilo Cienfuegos chegam a Havana, capital de Cuba. Seis dias depois Fidel Castro entra na cidade e em 16 de fevereiro torna-se premiê da Cuba em substituição de José Miro Cardona.

1959/1960augusto lindenBerg

monta que, em São Paulo, as grandes regiões geográfi-cas passaram a ser denominadas con-forme as estradas de ferro pelas quais eram servidas. Fato que não deve es-pantar ninguém se levarmos em con-ta que a muitas daquelas regiões chegou primeiro a ferrovia. Só depois surgiriam as cida-des, em volta das estações. Era co-mum falar-se em Zona da Mogiana, Zona da Paulista, Zona da Araraquarense... E, descendo a minúcias, separava-se, por exemplo, entre Baixa, Média ou Alta Sorocabana.

Abrindo um parêntese, antes de retomar o tema infraestrutura urbana do início do século 20, vamos saltar logo para o período em que teve início a decadência ferroviária no país. Ou seja, a partir de 1939, como resulta-do da Segunda Guerra Mundial e da consequente queda na demanda de café. Essa combinação de fatores ar-refeceu o ímpeto de expansão das es-tradas de ferro, tendo início o começo do fim da era ferroviária no Estado de São Paulo. O principal motivo de deca-

dência talvez tenha sido o fato de que as ferrovias, atendendo os interesses específicos dos cafeicultores, estavam demasiadamente direcionadas para o transporte de café, embrenhando-se por regiões de alta produção, mas sem nenhuma vocação industrial que permitisse redirecionar as atividades quando eclodiu a crise. Além disso, no pós-guerra, o transporte rodoviá-rio tornou-se uma opção mais rápida e flexível para o transporte de carga e passageiros, não sujeita a horários rígidos e permitindo o atendimento porta a porta.

Em 1971, numa última tentativa do governo paulista de recuperar a

prosperidade das estradas de ferro, por meio da uni-ficação da malha ferroviária, houve a integração das cinco ferrovias já estatizadas: Mo-giana, Sorocabana, Paulista, Estrada de Ferro Araraquara e São Paulo-Minas, dando origem à Ferrovia Paulista S/A (Fepasa). Mas a idade de ouro do trem já tinha fin-dado. Mais tarde, com a privatização

(programa de concessões ferroviárias) encetada a partir de 1996, as ferrovias brasileiras voltaram a evoluir, mas ba-sicamente no tocante ao transporte de cargas. As estradas de ferro foram res-ponsáveis, em 2005, por 26% da carga transportada no país, parcela que mal chegava a 17% ao tempo da Rede Fer-roviária Federal (RFFSA), estatal. Mas do lado do transporte de passageiros sobrevivem apenas algumas pequenas ferrovias turísticas. Da época áurea das estradas de ferro restaram muita saudade, estações arruinadas, locomo-tivas e vagões abandonados. Foi ex-tinta também uma vasta comunidade ferroviária de maquinistas, foguistas,

criada a usiMinas

PriMeiro satélite lançado Pelos estatos unidos

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1960No Brasil No mundo

• Inauguração de Brasília na gestão do presidente Juscelino Kubitschek, construída com projeto de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa

e Burle Marx. • O antigo Distrito Federal, com a cidade do Rio de Janeiro, passa à condição

de Estado da Guanabara. • Construído o maior vão do mundo em concreto protendido, ponte sobre o Rio Tocantins, Rodovia Belém-Brasília, com 140 metros de vão. Projeto de

Sérgio Marques de Souza.

• Em 8 de novembro, John Kennedy é eleito como um dos presidentes mais populares dos Estados Unidos. • Um avião de espionagem americano U2 é abatido em espaço aéreo soviético. O piloto é condenado a 10 anos de prisão, mas é solto em 1962. • Em julho, Cuba nacionaliza os empreendimentos norte-americanos na ilha. • O médico Albert Sabin (Estados Unidos) lança a vacina oral contra a poliomielite. • Criada em Bagdá a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que em 1973 usaria o embargo como arma econômica.

1961No Brasil No mundo

• Frederico Abranches Brotero assume a presidência do IE (1961/1962).

• Adhemar Pereira de Barros assume a Prefeitura de São Paulo. • Che Guevara

é condecorado pelo presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul e abre crise política. • Jânio Quadros renuncia à presidência da

República sete meses depois da posse, assumindo o vice João Goulart.

• Em 3 de janeiro os Estados Unidos cortam relações diplomáticas com Cuba.• Em 12 de abril o cosmonauta russo Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem a ir ao espaço. • O presidente norte-americano John Kennedy lança a “Aliança para o Progresso”.

1961/1962frederico aBranchesBrotero

mestres de linha, guardas de pontes, inspetores de locomotivas, telegrafis-tas, caldeireiros, guardas-porteiras, chefes de chaves, empregados de car-ros restaurantes, zeladores de sala de espera e chefes de estações. Eram tipos que, não raro, ostentavam bastos bigo-des, que, em conjunto com seus que-pes coloridos ornados com o logotipo da companhia, davam grande dignida-de aos cargos.

Fecha parêntese. Enquanto isso, outra era de tecnologia dos transpor-tes se anunciava. Em janeiro de 1927, no Rio Grande do Sul, um grupo de empreendedores aliou-se ao piloto da força aérea alemã Otto Ernst Meyer para fundar a primeira empresa de aviação comercial do Brasil, a Condor Syndikat, com o hidroavião Atlântico. No mês seguinte entrou em atividade sua primeira linha regular, entre Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Em junho desse ano, o mesmo grupo fundou a Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), transferindo para a nova empresa o avião Atlântico. Em dezembro, a Con-dor Syndikat, que já havia começado a operar a linha Rio-Porto Alegre, foi nacionalizada com o nome de Sindica-to Condor Limitada, o qual, durante a Segunda Guerra Mundial, seria altera-do para Cruzeiro do Sul.

A nova tecnologia de transpor-tes passou a fazer parte da pauta dos engenheiros. Tanto que um deles pu-

blicou artigo no “Boletim do Institu-to de Engenharia”, de março de 1930, alertando para a necessidade de que fossem estudados os requisitos ne-cessários à localização e construção de aeroportos. O autor – que assinava com as iniciais A. A. – preocupava-se em sugerir inovações na legislação das cidades, por meio da inclusão de obrigações “non aedificandi”, com o objetivo de proteger a população dos perigos decorrentes do adensamen-to urbano nos terrenos próximos aos aeroportos. Ah! Se o engenheiro A. A. tivesse sido ouvido... Quem conhece as adjacências do Aeroporto de Congo-nhas, na capital paulista, sabe do que estamos falando.

Um acontecimento que merece re-gistro, ainda no quesito aéreo, é que em maio de 1932, em assembleia ex-traordinária, um grupo de engenhei-ros de São Paulo propôs o nome de Alberto Santos Dumont para membro honorário do Instituto de Engenharia. Entre outros, assinaram o documento Armando de Arruda Pereira, Plínio de

Queiroz, Mário Cintra Gordinho, Cin-cinato Braga, Augusto Lindenberg e Octávio Marcondes Ferraz. São Paulo estava às vésperas da Revolução de 32. O pioneiro da aviação não chegou a receber a homenagem. Dois meses depois, deprimido com o bombardeio aéreo da capital pelas forças fiéis a Ge-túlio Vargas, suicidou-se em um hotel do Guarujá (SP).

Se na cidade de São Paulo as mu-danças no setor de transportes (com a introdução do bonde elétrico) fo-ram rápidas, na área de iluminação as transformações foram mais lentas. A substituição do gás pela eletricidade só ocorreu numa escala mais signifi-cativa depois da incorporação da “The São Paulo Gaz” pela Light. No come-ço, a energia elétrica não era utilizada pelas indústrias. Os empresários já ha-viam feito investimentos em grandes caldeiras e, para eles, ainda era mais conveniente o consumo de carvão mi-neral importado. Com a crise de abas-tecimento produzida pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o carvão foi substituído pela eletricidade. A Li-ght aumentou sua capacidade gerado-ra e ampliou de forma marcante sua importância no quadro da infraestru-tura urbana da cidade e da região.

Na primeira década do século 20, outro fato marcante foi o surgimento do automóvel como uma alternativa de transporte de alto luxo. Acredita-

Uma das prioridades do governador Garcez era o aproveitamento dos recursos hídricos do território paulista

inauguraçãode Brasília

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E SPECIAL 95 ANOS

1962No Brasil No mundo

• Em 21 de abril é inaugurada a Universidade de Brasília, no Distrito Federal. • Em 15 de junho, o Acre

é elevado à categoria de Estado. • É criado o Código Brasileiro

das Telecomunicações, prevendo monopólio governamental.

• É fabricado o primeiro par de sandálias Havaianas da São Paulo

Alpargatas.

• Os americanos tentam invadir a Baía dos Porcos, mas são rechaçados pelos cubanos. Começa o bloqueio comercial de Cuba pelos Estados Unidos. • Em 20 de fevereiro, John Glenn torna-se o primeiro astronauta dos Estados Unidos. • Em 28 de fevereiro, um golpe militar derruba o presidente Arturo Frondizi na Argentina.

1963No Brasil No mundo

• Hélio Martins de Oliveira assume a presidência do IE

(1963/1966).• O Instituto de Engenharia institui o prêmio “Eminente

Engenheiro do Ano”.• Criado o Centro de Pesquisas

da Petrobras (Cenpes). • O presidente Jango Goulart

referenda o 13º salário.

• Em 22 de novembro, assassinato de John Kennedy. O presidente norte-americano é atingido fatalmente por duas balas, uma na garganta e outra na cabeça, em Dallas (Texas).• Em 20 de junho é feito um acordo, em Genebra, para estabelecer o telefone vermelho, a fim de manter uma comunicação direta e rápida entre a URSS e os Estados Unidos em caso de conflito entre as potências.

1963/1966hélio Martinsde oliVeira

se que o primei-ro automóvel tenha chega-do a São Paulo em 1904. Qua-tro anos depois eram realizadas corridas no cha-mado “Circuito de Itapecerica”, formado pelo triângulo São P a u l o - S a n t o Amaro e Itape-cerica. Em 1909 seria fundado o Automóvel Clu-be, que promo-veu a divulgação da importância do novo modo de transporte, sob liderança de Wa-shington Luís, então secretário de Justiça do Estado. Os caminhões, ain-da de pequeno porte, não eram muito utilizados, mesmo no caso de trans-porte de cargas urbanas. E os ônibus simplesmente ainda não existiam.

Após o final da Primeira Guerra Mundial, a Ford e a General Motors instalaram linhas de montagem em São Paulo, supridas com peças im-portadas dos Estados Unidos. A uti-lização de automóveis e caminhões propagou-se entre a população. Na mesma época começou a ganhar

popularidade também o transporte rodoviário em “jardineiras”, ônibus primitivos com laterais abertas, à se-melhança dos bondes. As primeiras linhas de ônibus da cidade só sur-giriam em 1924, durante uma crise de energia elétrica e do sistema de transporte por bondes.

Paralelamente às linhas de bon-des elétricos, surgiram os chamados “tramways” nas linhas férreas, como o da Serra da Cantareira. Este foi cons-truído pelo Departamento de Águas e Esgotos do Estado para viabilizar as obras do reservatório da Serra da

Cantareira. Termina-das as obras, o siste-ma foi adaptado para uso de passageiros, t r ans for mando-se no famoso “Tramway da Cantareira”. Com pequenos vagões e tração de locomoti-vas a vapor, as linhas findaram por servir a área serrana ao nor-te da cidade de São Paulo, estendendo-se anos mais tarde para Guarulhos. Outro tramway, este mais antigo, era o “Tra-mway de Santo Ama-ro”, a antiga Estrada de Ferro São Paulo-

Santo Amaro, inaugurada em 1886.No início do século 20, na época da

construção da Represa de Guarapiran-ga, a Light adquiriu o controle desse serviço, construindo em 1914 um novo traçado, ligando o centro da cidade à Rua França Pinto, nas bordas do atual Parque do Ibirapuera, seguindo depois em linha reta até Santo Amaro, utili-zando-se de aterros e pequenos viadu-tos. A instalação tornou possível uma expansão precoce dos loteamentos junto a cada uma das estações. O tra-mway mantinha serviços com vagões de carga, que asseguravam as trocas

faBricado o PriMeiro Par de haVaianas

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E SPECIAL 95 ANOS

1964No Brasil No mundo

• O presidente João Goulart é derrubado por um golpe militar. Um movimento político

civil-militar leva à queda do presidente, que tentava aplicar no Brasil as chamadas

“reformas de base”. • Em 11 de abril o general Castello Branco é empossado presidente da República. • Em agosto

institui-se a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social e cria-se o

Banco Nacional da Habitação (BNH).

• Gene Amdahl, da IBM, anuncia a aplicação dos circuitos integrados e outros componentes miniaturizados que dão origem aos computadores de terceira geração. • Lindon Johnson toma posse como presidente dos Estados Unidos, sucedendo John Kennedy.• Em 14 de outubro, cai o primeiro ministro Nikita Kruschev; Kossiguin assume a chefia do governo e Brejnev torna-se o novo secretário geral do Partido Comunista soviético.

1965No Brasil No mundo

• Entra no ar a TV Globo, fruto de um acordo do empresário Roberto Marinho

com o Grupo Time-Life dos Estados Unidos. • A primeira eleição pós-golpe

militar desagrada a ditadura. Faria Lima torna-se prefeito de São Paulo com

apoio do cassado Jânio Quadros. • É apresentado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) o primeiro aparelho

a laser construído na América do Sul.

• A sonda “Mariner 4”, lançada em 28 de novembro de 1964, chega às proximidades do planeta Marte em 14 de julho, tirando uma série de fotografias transmitidas à Terra por sinais de micro-ondas. • A espaçonave Venera III, lançada pela União Soviética, atinge seu destino em 16 de novembro, tornando-se a primeira a aterrissar em outro planeta. A aeronave teve problemas de comunicação e permaneceu em Vênus.

comerciais entre as duas extremidades, até por volta de 1945.

Outro conjunto de obras de infra-estrutura, destinadas ao saneamento, coube à iniciativa do Estado. Depois de desapropriar a Companhia Cantareira, o governo republicano triplicou a ca-pacidade dos reservatórios da serra e do sistema de adução à Caixa da Con-solação. Na mesma época o governo edificou a chamada Caixa da Avenida, na Rua Treze de Maio, junto ao atual Largo Amadeu Amaral, para atender à demanda do eixo da Avenida Paulista e dos bairros adjacentes. Esses investi-mentos estimularam a rápida expansão das áreas urbanizadas nessa direção e a dispersão da malha urbana. Ainda que com menos força, foram ampliados os serviços de coleta de esgoto, que era lançado no Rio Tietê a jusante da Pon-te Grande, atual Ponte das Bandeiras. Nessa mesma fase da vida da cidade de São Paulo foi organizado o sistema de coleta domiciliar de lixo, com grandes carroções. Foram construídos também fornos de incineração, um deles no Bairro do Sumaré.

Outro setor alvo de intervenções de envergadura foi o de drenagem de áreas inundáveis. De início com a canalização das águas do Anhanga-baú, antes mesmo da construção do parque. A seguir, nos primeiros anos do século 20, foram executadas obras para canalização do Rio Tamanduateí.

Estas permitiram a urbanização da Várzea do Carmo. Depois da Primei-ra Guerra Mundial foram elaborados os projetos para a citada retificação do Rio Tietê e realizadas as primeiras obras visando essa finalidade. Foram sendo eliminados, assim, os “Tiete-güera”, os remanescentes dos antigos meandros do rio, que eram indicados com essa denominação, em tupi, em algumas plantas de São Paulo do iní-cio do século 20 (segundo o livro São Paulo – Vila, Cidade, Metrópole, de Nestor Goulart Reis).

* * *

Na Primeira República, a moderniza-ção avançava não apenas na infraestru-tura, mas também nos serviços. Quan-to aos serviços públicos, estes tiveram grande impulso durante esse período. No caso de água e esgoto, por meio da administração pública, em decorrência dos investimentos em infraestrutura re-alizados pelo governo estadual. No caso

de luz, telefone e gás, por meio de in-vestimentos de capitais estrangeiros. No quesito Correios e Telégrafos a evolução ficou por conta do governo federal. Nos primeiros dias do regime republicano, quando estava sendo construído o con-junto de edifícios públicos do Pátio do Colégio, os Correios foram instalados em outro local, bem próximo, pertencente a Eduardo Prates, na esquina da Rua do Tesouro, em frente ao Palácio. Depois, na época do alargamento da antiga Rua São João para transformá-la na avenida famosa, entre 1920 e 1922, foi constru-ído um grande edifício para sede dos Correios e Telégrafos, no Anhangabaú, diante do local em que esteve o Mer-cado São João. Este foi demolido para abertura do que foi depois a Praça do Correio. A importância desses serviços públicos não era apenas a da presença de suas sedes e edificações em vários pontos da cidade, mas também a da presença de um serviço permanente de comunicações, que mantinha a cidade articulada com todos os estados do país e com o exterior.

No que se refere aos telefones, ain-da no século 19, sob o regime monár-quico, começaram a ser instalados os serviços telefônicos em diversas regi-ões do Estado de São Paulo. A área da cidade de São Paulo era servida pela Companhia Bragantina, cujos dirigen-tes pertenciam à família Lacerda Fran-co. No início do século 20 a empresa

Em 1954, Getúlio Vargas, que décadas antes chegara ao poder via golpe de estado, desta vez apeou dele cometendo suicídio

golPe Militar no Brasil

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E SPECIAL 95 ANOS

1967/1968henry Maksoud

1966No Brasil No mundo

• Em 13 de setembro foi criado por Roberto Campos, ministro do Planejamento do governo

militar, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Fim da estabilidade nas empresas

privadas. • Início das operações das associações de poupança (APEs) para aquisição da casa

própria pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O BNH, órgão gestor do sistema, seria

extinto em 1986. O prejuízo acumulado foi transferido para a Caixa Econômica Federal.

• Em abril, Mao Tsé-Tung inicia a Revolução Cultural na China para combater o revisionismo. • Indira Ghandi é eleita a primeira-ministra mulher da Índia. Seu temperamento determinado cria um novo tempo político no país.

1967No Brasil No mundo

• Henry Maksoud assume a presidência do IE (1967/1968). • Projetado por Lina Bo Bardi, fica pronto o atual prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), que

foi inaugurado pela rainha Elizabeth II da Inglaterra.• Morre o ex-presidente Castello Branco, vítima de

acidente aéreo. • O general Artur da Costa e Silva assume a presidência da República, sucedendo a Castello Branco. • Criado o Conselho de Segurança Nacional (CSN), núcleo

real da ditadura militar. • Criada a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

• Em julho a China detona uma bomba de hidrogênio tornando-se o quinto país do mundo a dominar a tecnologia termonuclear. • Soldados bolivianos matam Ernesto Rafael Guevara de la Serna (nascido em 14 Junho de 1928 em Rosario, Argentina), o Che Guevara. • Em dezembro, é lançado o forno de micro-ondas.

foi absorvida pela Companhia Telefô-nica Brasileira, do Grupo Light, que ampliou e aperfei-çoou os serviços na área da capital. Por volta de 1917, a Companhia Telefô-nica já estava ins-talada em prédio na Rua 7 de Abril. Nes-sa época, o Grupo Light controlava em São Paulo os servi-ços de eletricidade, gás e telefone.

Os serviços de iluminação, por sua vez, foram sendo substituídos por eletricidade, nas ruas da cidade, mas num processo lento, como já referido. Ainda no início dos anos 1930, algumas ruas do Bairro de Santa Cecília, como Martinico Prado e Aureliano Coutinho, mantinham-se postes de iluminação a gás. Para as crianças era divertimento assistir à chegada do encarregado da empre-sa, que ao cair da tarde acendia com uma haste os lampiões e ao raiar do dia os apagava. Os lampiões eram de ferro, com os postes mais antigos da Light, antes do uso do concreto. Nas noites de 31 de dezembro, os meninos

dos mais variados bairros saíam para as ruas e batiam com pedaços de ferro ou ferramentas nos postes – que eram ocos – e a cidade ressoava em ritmo sincopado, sugerindo milhares de pe-quenos sinos tocando.

Na área central, nas praças e nas ruas principais, os serviços de ilumi-nação eram reforçados com lâmpadas grandes, instaladas em postes especiais bem ornamentados, fabricados pelo Liceu de Artes e Ofícios. Alguns ainda existem em locais como a Praça Ramos de Azevedo. As lâmpadas mais antigas, com arcos de carvão, eram grandes,

com 30 ou 40 cen-tímetros de compri-mento em forma de bulbos. Mais tarde surgiram as lâmpa-das mais eficientes e de menor porte. Mas eram em geral pouco potentes, se levados em conta os padrões atuais. As ruas comuns, com seus postes espa-çados e pequenas lâmpadas incandes-centes, eram pouco iluminadas, assim como as residências. Para os padrões modernos, apresen-

tavam um aspecto melancólico. Porém, na época, se comparadas com o passa-do então recente (dos lampiões a gás), eram consideradas incrivelmente claras e muito avançadas tecnologicamente.

Igualmente importantes (e motivo de orgulho para os paulistanos) eram os serviços de educação pública. Ao enfrentar a competição das escolas particulares, que promoviam a alfa-betização dos filhos de imigrantes nas línguas de seus pais, o governo esta-dual paulista organizou um excelen-te sistema de ensino básico gratuito à semelhança do ensino francês. Os

reVolução cultural de Mao tsé-tung

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1968No Brasil No mundo

• O governo federal edita o AI-5, encerra a liberdade de expressão na sociedade brasileira, cassa mandatos e aumenta a censura. É a fase

mais dura da ditadura militar.• Criada a Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (Cetesb).• O Instituto de Engenharia cria o Fundo de

Assistência dos Engenheiros. • Fundada a Cia. do Metropolitano de São

Paulo (Metrô-SP).

• Na França, em maio de 1968, Daniel Cohn-Bendit lidera os estudantes ao ritmo de slogans como “A imaginação no poder”. • O senador Robert Kennedy é assassinado por um fanático palestino em um hotel de luxo de Los Angeles. • Martin Luther King é assassinado em Memphis, nos Estados Unidos. Ele foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964. Seu discurso mais famoso e lembrado é “Eu Tenho Um Sonho”.

1969No Brasil No mundo

• Eduardo Celestino Rodrigues assume a presidência do IE (1969/1970). • Criada a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) para explorar as riquezas

no subsolo brasileiro. • Fundada a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). • Um ano e sete meses

antes do término legal de seu mandato o presidente Costa e Silva sofre um derrame. O presidente é

substituído por uma junta militar (30 de agosto a 30 de outubro). Logo em seguida Emílio Garrastazu Médici

assume como novo presidente do Brasil.

• Em 20 de julho, os astronautas norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin chegam com o módulo lunar Apollo 11 à superfície da Lua, enquanto Michael Collins (Estados Unidos) permanecia em órbita do satélite. Tempo de permanência na Lua: 21 horas e 37 minutos.• Entra em operação o primeiro avião supersônico comercial, o Concorde.

1969/1970eduardo celestinorodrigues

planos incluíam a construção das es-colas denominadas grupos escolares, instalados em cada um dos bairros da cidade, com atenção especial para os mais populares, onde morava a maior parte dos imigrantes. Na Praça da República foi construída entre 1891 e 1894 a Escola Normal Caetano de Campos, com base em um plano inicial de Paula Souza e projeto arquitetônico de Ramos de Azevedo. Sua finalidade era formar professores para o sistema oficial de ensino. Na parte dos fun-dos foi construído um edifício para o Jardim da Infância, com os padrões educacionais mais modernos da época. Era uma construção de porte alenta-do, com estrutura de aço e um jardim especial para as crianças. O edifício foi demolido por volta de 1940, para pro-longamento da Rua São Luís. O siste-ma de ensino foi complementado com a instalação do Ginásio do Estado, de escolas técnicas e, mais tarde, com ins-titutos semelhantes nas principais ci-dades do interior.

Os projetos arquitetônicos para os edifícios das diferentes escolas fo-ram elaborados pelo Departamento de Obras Públicas, onde trabalhavam alguns dos mais importantes arquite-tos e engenheiros da época. Tais obras chamavam a atenção de todos pelo ca-pricho com que haviam sido projeta-das e construídas. Estavam localizadas

geralmente em frente a praças ou vias de grande porte, marcando com sua presença as áreas mais importantes da cidade. Esse era o caso do Grupo Esco-lar do Brás, na Avenida Rangel Pestana (hoje Escola Estadual Romão Puigari); do Grupo Escolar Amadeu Amaral, no Largo São José do Belém; do Grupo Escolar Marechal Deodoro, na Rua dos Italianos; e do Grupo Escolar Rodri-gues Alves, na Avenida Paulista.

Os serviços públicos ganharam importância com as preocupações do chamado urbanismo sanitarista, im-plantado durante a Primeira República por médicos e engenheiros da época. Não havia ainda um serviço de aten-dimento ambulatorial, como ocorreria mais tarde, a partir dos anos 1930. No entanto, foi instalado o Hospital do Isolamento, na Avenida Dr. Arnaldo, onde havia um pavilhão, construí-do no final do Império. Nos mesmos terrenos, foi instalado o Instituto Bio-tecnológico, origem do atual Instituto

Osvaldo Cruz. Na Rua Pires da Motta foi instalado o Instituto Vacinogênico com um conjunto de pavilhões pro-jetados e construídos por Ramos de Azevedo. A seguir, na passagem do século, foi criado o Instituto Sorote-rápico do Butantã, cujas instalações definitivas começaram a ser construí-das em 1914. Nessa época, o local era considerado muito distante da cidade – que terminava às portas do Hospital do Isolamento, na parte mais alta da Rua da Consolação.

No início do período republicano, os serviços de educação e saúde pas-saram a contar com significativos in-vestimentos privados. Multiplicaram-se as escolas particulares, de caráter religioso e secular. Dessa época datam algumas das mais tradicionais insti-tuições de ensino de São Paulo, como os colégios Rio Branco, São Luís, Des Oiseaux (hoje Madre Alix), Sion, Dante Alighieri e Colégio Alemão (hoje Vis-conde de Porto Seguro). O Mackenzie já existia, datando a Escola Americana dos tempos do Império.

Multiplicaram-se também as insti-tuições hospitalares de caráter priva-do, desenvolvendo-se significativa-mente as mais antigas. A Santa Casa de Misericórdia, além de ampliar suas instalações no bairro de Vila Buarque, que datavam dos anos 1980, construiu a Maternidade São Paulo, na Rua Frei

Em 1975 o governo lançava o Proálcool para oferecer um combustível alternativo em plena crise mundial do petróleo

Martin luther king é assassinado

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E SPECIAL 95 ANOS

1971/1972fláVio de sá BierrenBach

1970No Brasil No mundo

• A Sudene começa a implantar métodos mais modernos de irrigação no Nordeste.

• O governo militar institui em julho o Plano de Integração Nacional (PIN).

Utilizando mão de obra nordestina liberada pelas grandes secas de 1969 e 1970 e a noção de vazios demográficos

amazônicos, são cunhados os lemas “integrar para não entregar” e “uma terra

sem homens para homens sem terra”.

• Em 24 de outubro Salvador Allende é confirmado como presidente da República do Chile, tornando-se assim o primeiro chefe de estado marxista eleito democraticamente no mundo. • São comercializados os primeiros video-tapes. • A primeira nave espacial soviética, a Vênus VIII, desce na Lua.

1971No Brasil No mundo

• Flávio de Sá Bierrenbach assume a presidência do IE (1971/1972).

• O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, inaugura o Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva, que passa a ser conhecido como “Minhocão”, em

São Paulo. • Após dias de perseguição no

sertão baiano, é morto em Ipupiara o capitão-guerrilheiro Carlos Lamarca.

• O Paquistão Oriental mudou o nome para Bangladesh depois de uma revolução que deixou 10 000 mortos. • O presidente Nixon apertou as mãos de Mao Tsé-Tung, reatando o diálogo Ocidente-Oriente. Jogo de pingue-pongue entre os dois países. • Em 18 de dezembro, o dólar é desvalorizado pela segunda vez na história dos Estados Unidos.

Caneca. Os pro-testantes cons-truíram o Hospi-tal Samaritano na Rua Conselheiro Brotero, os ita-lianos organiza-ram o Umberto Primo, que foi c om p l e m e n t a -do depois pela Casa de Saúde Matarazzo, entre as alamedas Rio Claro e Itapeva. Nas proximidades havia sido cons-truído o Instituto Paulista, entre as ruas Ministro Rocha Azevedo, Peixoto Gomide e Avenida Paulista. Os serviços de saúde alcançaram alto nível com a fundação da Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1913. Era a terceira grande instituição de ensino superior oficial, depois da Faculdade de Direito e da Escola Politécnica. Esta, desde a fundação em 1894, por Paula Souza, respondia pelos objetivos de moderni-zação sanitária.

No capítulo da modernização dos serviços de transportes urbanos, mere-ce destaque especial a relação entre o uso de carroças e dos caminhões. Es-tes, como os ônibus, tornaram-se mais

comuns entre 1920 e 1930. Mas a dis-tribuição domiciliar de diversos produ-tos como cerveja, pão e leite, continu-ava a se fazer em carroções (a cerveja e o gelo) e em pequenas carroças (o leite e o pão). A relação entre o comércio de cerveja e de gelo não era apenas a mais evidente, ligada ao consumo desses produtos. As fábricas de cerveja utili-zavam em larga escala os barris, para transportar o produto. Por essa razão, eram obrigados a manter oficinas de tanoaria para fabricação e manuten-ção de barris. Tinham, portanto, con-dições para produzir geladeiras, que nesse tempo eram feitas de madeira

e revestidas por den-tro de folhas metáli-cas, sendo abastecidas diariamente com bar-ras de gelo, que eram entregues nas casas pelos carroções. Estes, com tração de vários animais, eram usados pelas grandes empre-sas (como a Antártica e a Continental), pelas empresas de mudan-ças (como a Lusitana), para os féretros, aten-didos pelo monopólio da família Rodovalho (que perduraria até os anos 1930) e para a

coleta do lixo, pela prefeitura.A distribuição de pão e leite, por

empresas de menor porte, se fazia com pequenas carroças, de um único ani-mal. O sistema se manteve até meados do século 20, enquanto foi possível aos empregados residir na periferia e levar consigo diariamente as carroças e os animais, para retornar na madru-gada seguinte. Essa forma de trans-porte deixou de ser usada entre 1945 e 1960, quando a cidade deu origem à região metropolitana e as fábricas de automóveis permitiram a substituição de carroças pelos utilitários. Depois, os usuários de classes médias e altas

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Tiramos o capacete aos 95 anos do Instituto de Engenharia.

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E SPECIAL 95 ANOS

1972No Brasil No mundo

• O Instituto de Engenharia realiza o 1º Encontro Nacional da Construção.

• Em 24 de fevereiro, incêndio no Edifício Andraus, em São Paulo,

causando 16 mortes e 330 feridos. • Em 24 de setembro, o jornal “O

Estado de S. Paulo” publica notícia sobre a guerrilha do Araguaia,

burlando a censura do regime militar.

• Em 5 de junho teve início em Estocolmo, na Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente, a primeira a ser exclusivamente dedicada a essa problemática. Esta data passou, desde então, a ser comemorada como Dia Mundial do Ambiente. • Em 5 de setembro a delegação israelita aos Jogos Olímpicos na Alemanha sofre um atentado da autoria do grupo terrorista Setembro Negro. Onze atletas são mortos. O episódio ficou conhecido como Massacre de Munique.

1973No Brasil No mundo

• Jan Arpad Mihalik assume a presidência do IE (1973/1974).

• O crescimento do PIB chega a 14% no auge do “milagre econômico

brasileiro”. • Cria-se a Itaipu-Binacional, companhia constituída por associação de empresas elétricas do

Brasil e do Paraguai para a construção da Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, com capacidade de 12 600 megawatts.

• Os preços internacionais do petróleo sofrem fortes reajustes, do que decorre a chamada “crise do petróleo”. • Em 3 de abril Martin Cooper realiza a primeira chamada a partir de um telefone celular. • Final da Guerra do Vietnã. • Juan Domingo Perón substitui Raúl Alberto Lastiri como presidente da Argentina.

1973/1974Jan arPad Mihalik

foram sendo estimulados a comprar seus alimentos nos supermercados e padarias, como haviam feito até então os mais pobres. Mas durante quase um século, o movimento intenso das carroças, das mais diversas cores, foi um componente importante da cena paulistana. Essas formas primitivas de delivery não se limitavam ao setor de alimentos. Quase todas as lojas do ve-lho centro (do Mappin, dos ingleses, às lojas menores de calçados e teci-dos), utilizando os serviços do bonde elétrico, atendiam pedidos por telefo-ne e mandavam seus balconistas com caixas e embrulhos às casas de classes médias e altas, para que as donas-de-casa escolhessem os artigos para seus filhos, sem precisar sair de casa.

* * *

Toda fase de expansão costuma produzir grandes problemas e com os anos 1920 não poderia ser diferente. Um deles foi a crise de energia elétri-ca de 1924 em São Paulo, provocada pelo crescimento da demanda indus-trial e também pela seca que assola-va a região desde 1919. Houve falta de energia hidráulica na ocasião e a Light havia sido obrigada a aumentar a capacidade da Usina de Itupararan-ga e da Termelétrica de Paula Souza. E, ainda, teve que construir em tem-

po recorde a Hidrelétrica de Rasgão, inaugurada em novembro de 1925. A partir de 1925 o quadro climático mudou. Os verões tornaram-se mais chuvosos, até desembocar na grande cheia de 1929. A Usina do Rasgão foi construída no local onde o Rio Tie-tê faz uma grande volta, chegando a passar a 600 metros de distância do início da volta com uma diferença de nível de 10 metros. Ali existia um cor-te primitivo abandonado, aberto por mineradores coloniais de ouro (daí o nome Rasgão). Num local estreito do rio foi construída uma barragem de gravidade, com vertedouro, com 126 metros de comprimento e 26 metros de altura máxima. O antigo Rasgão foi transformado em canal adutor e exe-cutou-se a jusante uma usina com 22 metros de queda útil, com capacidade nominal de 22 000 quilowatts (kW), em cerca de um ano e meio de traba-lho. Tanto o projeto como a constru-ção foram orientados pelo engº Asa

Billings, recém-chegado ao Brasil. A partir de 1923, o engº Billings começa a estudar (com a colaboração do engº F. S. Hyde), a sua grande obra, que foi a Usina de Cubatão, que se comple-taria com a reversão para o mar das águas do Rio Grande, da bacia do Tie-tê, por meio do Rio das Pedras, que descia a Serra do Mar.

Uma vez adotada a solução, os pre-parativos para o projeto começaram em 1925, quase ao mesmo tempo em que tinha início a construção propriamente dita. Em 1926 a Barragem do Rio das Pedras, de gravidade, estava concluí-da, com 51 metros de altura e 173 me-tros de comprimento, numa garganta do alto da Serra do Mar, formando o reservatório do Rio das Pedras, o que permitia instalar em Cubatão dois ge-radores de 28 000 kW. A etapa seguin-te, iniciada no mesmo ano de 1926, foi o da execução da Barragem do Rio Grande, pelo processo hidráulico, com 1 500 metros de comprimento e 25 metros de altura máxima, formando a Represa Nova, próxima de São Paulo. Mais tarde seria formado o Reservató-rio do Rio Grande, hoje Represa Billin-gs. Logo viria a consagração interna-cional. Em 1936, a Institution of Civil Engineers, de Londres, convidou Asa Billings a apresentar um trabalho sobre o que fazia no Brasil. Ele apresentou um relatório sobre a energia hidráuli-

Em 1985, na gestão de José Roberto Bernasconi, o Instituto tornava pública a divisa: “É Preciso Engenheirar este País”

incêndio no edifício andraus

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E SPECIAL 95 ANOS

1974No Brasil No mundo

• Inauguração do Metrô de São Paulo.• O presidente Médici inaugura a

Ponte Rio-Niterói, percorrendo seus 14 quilômetros. • Em 15 de março, o general Ernesto Geisel substitui o

general Emílio Garrastazu Médici no cargo de presidente do Brasil.

• Um incêndio do Edifício Joelma, na cidade de São Paulo, causou 189

mortes e deixou 300 pessoas feridas.

• Em 1º de julho morria o presidente da Argentina, Juan Domingo Perón. No mesmo dia, a sua mulher Isabel Perón torna-se na primeira mulher a assumir os destinos daquele país. • Em 9 de agosto Richard Nixon renuncia à presidência dos Estados Unidos após o escândalo de Watergate. • Em 12 de setembro tem lugar em Viena a reunião da OPEP com o intuito de resolver a crise do petróleo que dura desde o ano anterior, em consequência da Guerra do Yom Kippur.

1975No Brasil No mundo

• Bernardino Pimentel Mendes assume a presidência do IE (1975/1978).

• Construída a maior viga contínua protendida do mundo: Ponte Colombo Salles em Florianópolis (1 227 metros), cálculo da

equipe técnica do prof. Figueiredo Ferraz.• É criado em 14 de novembro o Programa

Nacional do Álcool (Proálcool) aplicando tecnologia brasileira única no mundo, de

usar álcool em motores de Ciclo Otto.

• Os microchips, desenvolvidos a partir do transistor (1948) são reduzidos a microdimensões que permitem seu uso em computadores portáteis. • Em 4 de abril dá-se a fundação da Microsoft. • Terminam as guerras coloniais portuguesas.

1975/1978Bernardino PiMentelMendes

ca no Brasil, espe-cialmente em São Paulo. O documen-to “Water-Power in Brazil” tornou-se clássico no assun-to, tanto que sua leitura passou a ser recomendada nas Escolas de Enge-nharia e foi publi-cado também pela revista norte-ame-ricana “Civil Engi-neering”. Em 1947, Billings foi eleito membro honorário da American Socie-ty of Civil Engine-ers. Nessa época, as instalações hidrelé-tricas do Rio e de São Paulo já eram famosas em todo o mundo. Dizia-se que o Brasil era um país tão poderoso que ali se fazia os rios correrem da foz para a nascente, quando se necessita de força elétrica, como em Cubatão.

Em 1946, já cansado, Billings re-nunciou à presidência da Light, em-bora permanecesse na empresa como consultor, até 1949, quando voltou definitivamente aos Estados Unidos. Na ocasião, recebeu duas grandes ho-menagens. Uma lhe foi prestada por

seus companheiros de trabalho, junto ao reservatório do Rio Grande. Foi na manhã do dia 12 de maio de 1949. Na noite do mesmo dia, recebido pelo Ins-tituto de Engenharia, juntamente com o engenheiro Edgard de Souza – outro grande nome ligado às empresas Light –, Asa Billings ouviu do engenheiro Álvaro de Souza Lima, presidente do IE na gestão 1949-1950: “A data de hoje ficará marcada especialmente, nos anais do Instituto, como sendo o dia em que se prestou homenagem a

dois ilustres enge-nheiros. No exercício de sua profissão, eles mereceram a eterna gratidão do povo paulista, a que ser-viram e a que ainda servem...”

Na gestão do presidente Alberto de Oliveira Coutinho, no biênio 1927-1928, o IE se concentrava prioritariamente na emissão de parece-res sobre serviços e obras, tais como a crise dos trans-portes, o serviço de águas da capital e o congest ionamento

dos portos de Santos e de São Sebas-tião. A intenção, para esses anos e os próximos, era manter os engenheiros afastados de qualquer atividade políti-co-partidária. Mas isso duraria pouco, pois, em 1930, Getúlio Vargas, então presidente do Rio Grande do Sul, mar-chava em direção aos estados mais ao Norte. No comando de batalhões mi-litares, ele se preparava para tomar à força a presidência da República, con-quistada nas urnas por Júlio Prestes, com total apoio da elite cafeicultora

inaugurada a Ponterio-niterói e o Metrô de são Paulo

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1976No Brasil No mundo

• Em dezembro, a Lei 6.385 cria a Comissão de Valores Mobiliários (CVM),

nos moldes da SEC americana. A comissão surgiu pra fiscalizar a atuação

das bolsas de valores e das empresas abertas no mercado de capitais, com

o objetivo, entre outros, de proteger os acionistas minoritários.

• É criada a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na cidade de São Paulo.

• Falece Mao Tsé-Tung, ditador da China. • Em 1º de abril Steve Jobs e Steve Wozniac lançam a Apple nos Estados Unidos.• O bioquímico indiano/norte-americano Har Gobind Khorana cria o primeiro gene artificial capaz de funcionar numa célula viva.

1977No Brasil No mundo

• Implantada a Política Nacional de Informática. • Com base no AI-5 o presidente Ernesto Geisel fecha o

Congresso Nacional e decreta o que ficaria conhecido como Pacote de Abril, alterando

a representação dos Estados na Câmara e criando a figura do senador biônico.

• Criada a Mútua, fundo de assistência aos engenheiros, pela Lei Federal 6.496,

proposta pelo Instituto de Engenharia.

• Em 7 de fevereiro é feito o lançamento da Soyuz 24 uma missão tripulada soviética do programa Soyuz, para a estação espacial orbital Salyut 5.• Em 20 de agosto é lançada de Cabo Canaveral, na Flórida (Estados Unidos) a Voyager 2, uma nave robótica da Nasa. Aproximou-se dos quatro planetas gigantes do Sistema Solar, produzindo valiosíssimos resultados científicos.• Lançado o primeiro microcomputador moderno, o Apple II.

paulista. Estourava a Revolução de 1930 que levaria Getúlio ao poder, que ele exerceria como ditador nos 15 anos seguintes.

Os engenheiros de São Paulo se reuniram e transformaram a sede do IE num polo de resistência ao golpe. Dessas fileiras profissionais saíram os integrantes das delegacias técnicas municipais – órgão auxiliar da Revolu-ção Constitucionalista, deflagrada em 1932. Nos conflitos, treze engenheiros foram mortos e sete feridos. Em janei-ro de 1932 várias forças políticas do Estado de São Paulo formaram a Fren-te Única Paulista. Entre elas, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Parti-do Democrático (PD), que se haviam reconciliado. O movimento recebeu a solidariedade de associações profissio-nais de outros estados, como o Clube de Engenharia, a Sociedade de Medi-cina e a Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro.

No dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro, foi realizado um comí-cio na Assembleia Constituinte pelo retorno da autonomia do Estado, le-vando às ruas 100 000 pessoas. A mo-bilização popular era inédita: homens, mulheres e crianças lotavam as pra-ças e manifestavam-se ruidosamente. A historiadora Vavy Pacheco Borges, citando testemunhas da época, afir-

ma que na história só a campanha das “Diretas-Já” conseguiu uma mobili-zação de mesmo nível em São Paulo, mais de 50 anos depois. Uma enorme manifestação foi preparada para o dia 23 de maio. O porte da concentração exigia estratégias especiais. Muitos jovens voluntários juntaram-se à Liga Paulista para ajudar na organização do comício. No dia, uma multidão in-calculável se concentrou no centro da cidade, bradando pela Constituinte. Da frente do quartel da Força Pública, marcharam para o Palácio dos Cam-pos Elíseos. Houve confronto com a cavalaria. Como saldo, quatro mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. A continuidade da luta era irrefreável. Adotando uma sigla com as iniciais dos mártires de 23 de maio, formou-se a sociedade MMDC (sigla formada com as iniciais dos mortos). Era uma espé-

cie de milícia civil que se encarregava de arregimentar civis e levantar fundos para a compra de armamento.

Em 9 de julho irrompeu a Revolu-ção Constitucionalista. As tropas re-beldes ocuparam pontos estratégicos da capital, visando à derrubada do governo provisório. Pedro de Toledo aderiu ao movimento e foi aclamado governador do Estado de São Paulo. Convocado para integrar o governo revolucionário, Francisco Emidgio da Fonseca Telles afastou-se da presidên-cia do IE para dedicar-se em tempo integral à tarefa. No dia 10 começou a mobilização para o alistamento e vo-luntários em várias cidades do Estado.

Na sede do IE, dirigido pelo vice-presidente em exercício, Ranulpho Pi-nheiro Lima, passou a funcionar um posto de alistamento. Um dos primei-ros a se alistar foi o engenheiro Archi-medes de Barros Pimentel. Responsável pelo sustento da mãe viúva e de duas tias, o jovem sentiu muito medo de co-municar à família sua decisão. Relata que ficou na sede do IE até fecharem as portas. Seu plano era chegar à sua casa quando todos estivessem dormindo e, no dia seguinte, comunicar que tinha uma viagem a fazer. Ele não contava, no entanto, com a força da mobiliza-ção feminina. Para sua surpresa, quan-do ia chegando de madrugada, todas

Em julho de 1998 foi realizada no Brasil a segunda maior privatização de telecomunicações do mundo: a venda da Telebrás

steVe JoBs lança a aPPle fundo de assistência

aos engenheiros

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E SPECIAL 95 ANOS

1978No Brasil No mundo

• No dia 31 de dezembro, o presidente Ernesto Geisel envia emenda ao

Congresso para acabar com o AI-5 (que estava completando dez anos),

num passo importante que confirma as promessas de transição lenta e gradual

da ditadura para a democracia. • Em 14 de outubro era aberto o canal de desvio do Rio Paraná para permitir

o arranque das obras de Itaipu.

• Em 6 de agosto morria o Papa Paulo VI, depois de 15 anos de pontificado. Em 26 de agosto o cardeal Albino Luciani se torna o Papa João Paulo I, que morreria 33 dias depois de ser eleito. Em 16 de outubro o cardeal Karol Józef Wojtyła, da Polônia, é eleito como Papa João Paulo II. • Suicídio em massa dos seguidores do pastor Jim Jones, que tomaram veneno, morrendo cerca de 912 pessoas em um ponto perdido na selva da Guiana.

1979No Brasil No mundo

• Luiz Alfredo Falcão Bauer assume a presidência do IE (1979/1980). • Eleito pelo Congresso Nacional

no ano anterior, o último presidente militar, general João Baptista Figueiredo toma posse no dia 15

de março. • O Brasil sofrerá com muito mais intensidade os reflexos desta segunda crise do

petróleo, tendo a inflação gradualmente acelerado seu ritmo de crescimento, por conta dos seguidos

aumentos dos preços dos combustíveis no mercado interno. O milagre econômico então já acabara.

• Em 1979 a segunda crise do petróleo preocupa o Ocidente, desta vez motivada pela queda do Xá do Irã, Reza Pahlavi, então aliado dos Estados Unidos. A queda do Xá permite a ascensão ao poder do Aiatolá Komeini, líder muçulmano xiita e inimigo declarado de Israel. Mais uma vez, agora por pressão do Irã, o petróleo é usado como arma e tem seu preço duplicado em detrimento dos Estados Unidos, maior consumidor mundial e histórico aliado de Israel.

1979/1980luiz alfredofalcão Bauer

as luzes da casa es-tavam acesas. Sua mãe e suas tias o estavam esperando. Queriam saber onde ele tinha se alistado. “Todo mundo já se alistou”, disseram elas. O seu espanto foi tanto maior na medida em que sua família não se inte-ressava por política e nunca tinha to-mada parte em nada do gênero.

No total, che-garam a alistar-se 200 000 voluntá-rios. Mas os paulistas não tinham arma-mento suficiente e só 30 000 entraram de fato em combate, alternadamente. A Congregação da Escola Politécnica de São Paulo aprovou um voto de solida-riedade ao governador Pedro de Toledo e foi convocada a formar o Serviço de Engenharia da Força Pública do Esta-do. A participação da Poli foi decisiva. O Laboratório de Ensaios de Materiais (LEM) se transformou em indústria bé-lica, testando e produzindo armamento. Fez história criando e produzindo gra-nadas de mão, que ficaram conhecidas como “abacaxizinhos”. O LEM chegou a fabricar 10 000 granadas por dia. Nessa

época, como o titular do Laboratório, Ary Torres, estava em viagem fora de São Paulo, Adriano Marchini liderava os trabalhos. Acabou sendo uma das vítimas da revolução, ao perder a mão em uma explosão, durante o ensaio de uma granada.

Além de granadas, a Politécnica chegou a projetar e a produzir lança-chamas, um reviscópio, telímetros, foguetes luminosos e bombas de fu-maça. A seção de cartografia da Es-cola se encarregou da atualização dos mapas de combate. Alguns projetos de armamentos na época eram inéditos, como a bombarda, uma espécie de ba-

zuca, e três trens blindados especial-mente construídos para a revolução. O engenheiro Rober-to Simonsen, um dos fundadores da Fiesp (ele seria o presidente do IE no biênio 1933/1934), liderou a colabo-ração da indús-tria no esforço de guerra. Da Fiesp se originaram o De-partamento Cen-tral de Munições, o Departamento de Mineração e

Metalurgia e a comissão de controle de distribuição de material bélico. As fábricas paulistas começaram a produ-zir capacetes de aço, armas e muni-ções. A produção chegou à marca dos 200 000 cartuchos de fuzil e 8 000 granadas por dia.

A Escola de Engenharia Mackenzie também se mobilizou. Do Batalhão 14 de Julho, formado exclusivamente por estudantes universitários, participaram muitos mackenzistas. Segundo Marcel Mendes, atual vice-reitor e ex-diretor da Escola de Engenharia da Universi-dade Presbiteriana Mackenzie, o Ma-ckenzie poderia ter fabricado artefatos

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A Construtora Camargo Corrêa participou intensamente do desenvolvimento da

infraestrutura do país e se tornou líder mundial na construção de usinas

hidrelétricas. Reúne em seu portfólio mais de 500 obras de grande porte, entre elas a Usina de Tucuruí, a Ponte Rio Niterói e,

atualmente, a Ponte sobre o Rio Negro. A Camargo Corrêa investe em inovação e

sustentabilidade em busca do equilíbrio entre a eficiência econômica e as

melhores práticas socioambientais.

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1981/1982lauro rios

1980No Brasil No mundo

• Medidas do governo

federal abrem novo período de

estagnação na economia

brasileira.

• O presidente do Iraque, Saddam Hussein, invade o Irã dando início a uma guerra que se arrastaria por uma década.

1981No Brasil No mundo

• Lauro Rios assume a presidência do IE (1981/1982). • Ano em que

Rondônia deixou de ser um território e virou Estado do Brasil.

• Em 30 de abril ocorre o atentado do Riocentro um frustrado ataque a bomba que seria perpetrado no Pavilhão Riocentro, quando ali se

realizava um show comemorativo do Dia do Trabalhador.

• Em 30 de março, pouco mais de dois meses após tomar posse como presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan é baleado por um desequilibrado mental, mas se recupera rapidamente. • Em 13 de maio o papa João Paulo II sofre um atentado na Praça São Pedro, atingido por duas balas disparadas pelo terrorista turco Ali Agca.

de guerra, tinha tecnologia para isso, laboratórios avançados. Não fabricou bombas, mas instalou no campus uma enfermaria e um banco de sangue. A retaliação não se fez esperar. Getúlio Vargas assinou um decreto invalidan-do os diplomas expedidos pela Escola de Engenharia Mackenzie. A situação só se resolveu após uma longa batalha judicial, em 1938, quando foi assinado outro decreto reconhecendo a Escola.

O IE, por sua vez, foi muito além da organização de postos de alistamento. O engenheiro Amador Cintra do Prado descreveu essa ação anos depois: “Ali pelo dia 12 de julho, três dias depois do início da revolução, começou a ha-ver muitas reclamações aqui na cidade, a qual estava uma bagunça. Fizeram a revolução sem preparar... Então, um revolucionário autêntico, o Plínio de Queiroz [que era ligado ao governador Pedro de Toledo], imaginou organizar um corpo técnico para trabalhar na retaguarda das forças militares, encar-regado de tudo”. Eram as delegacias técnicas municipais, que seriam diri-gidas por engenheiros. Jovens profis-sionais se deslocavam a muitos pontos do Estado para assumir as delegacias técnicas, enfrentando dificuldades de operação e carência de materiais. Ar-chimedes de Barros Pimentel ficou na de Guaratinguetá. Esses órgãos eram responsáveis pelos trabalhos de co-

municação, transportes, suprimento e suporte logístico. Em atividade in-cessante, abriam e reparavam estradas, refaziam obras de arte, lançavam por toda parte telégrafos e telefones, pro-jetavam e abriam trincheiras, acudiam a serviços de saneamento, controlavam o abastecimento das populações, cons-truíam hangares e campos de aviação.

A coordenação desse trabalho era feita por uma Comissão Inspetora das Delegacias Técnicas, instalada no IE e, por designação do governador, opera-da por Alexandre de Albuquerque, no posto de tenente-coronel, e por auxi-liares, os majores Plínio de Queiroz e Amador Cintra do Prado. Mas a dispa-ridade das forças era insuperável. Os setores de outros estados que apoia-vam os paulistas haviam desertado. Depois de muitas batalhas e severas baixas, São Paulo se viu na contingên-cia de assinar o armistício, em 1º de outubro. Muitos engenheiros perderam a vida em combate: Augusto de Souza Barros, Augusto Saturnino Rodrigues de Brito, Clineu Braga Magalhães, Dagoberto Fernando Glasgow, João Joaquim Bom, José Pinto de Andrade Jr., Lauro de Barros Penteado, Mário de Castro Muniz de Aragão, Prudente Meirelles de Morais, Reynaldo Cajado de Oliveira e Ronald Douglas MacLe-an. Não foram poucos os feridos, entre eles José Alfredo de Marsillac, Erme-

te Ferro, Álvaro de Souza Lima, Pedro França Pinto, Rodrigo Cláudio da Silva.

A vitória foi do ditador Getúlio Var-gas e uma grave crise financeira ficou instaurada em São Paulo ao final da disputa. Em 1933, Roberto Simonsen assumia a presidência do IE e abria os canais da entidade em relação à in-dústria (em 1942, Simonsen viria a ser o presidente da Fiesp, que havia sido constituída em 1931, como expansão do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Ciesp). As conquistas dos engenheiros na administração Simon-sen foram inúmeras: organização do código paulista para as construções em concreto armado; elaboração da regu-lamentação das caldeiras e de outros recipientes de pressão; traçado de nor-mas e especificações para construção e conservação de estradas; estudo para a fabricação do extrato de café. Na década de 1930, o IE ajudou também na criação de entidades aglutinadoras de profissionais da área. Nasceram o Sistema Confea-Crea, o Sindicato da Construção Civil e o Sindicato dos En-genheiros.

Mas o desfecho amargo da Revolu-ção Constitucionalista e as dificulda-des criadas pela crise econômica mun-dial ainda dominavam o debate entre os engenheiros. A Constituinte não tardaria. No início de 1933, a campa-nha para a Constituinte tomava alento.

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1982No Brasil No mundo

• O povo volta a escolher seus governadores pelo voto direto.

• O Palácio Mauá é desapropriado pelo governo estadual paulista e o Instituto de Engenharia muda-se para o Edifício Itália

em dezembro do ano seguinte.• Inaugurada a maior usina hidrelétrica do

mundo (Itaipu) na modalidade “barragem de gravidade aliviada”, com 190 metros de

altura e 12.600 megawatts de potência.

• Em 2 de abril a Argentina invade as Ilhas Malvinas, dando início à Guerra das Malvinas.• Felipe González torna-se presidente do governo de Espanha e o país torna-se membro da OTAN. • Ano Internacional de Moblização pelas Sanções à África do Sul, pela ONU.• Fundação da Compaq Computer Corporation. • Inicia-se a comercialização do AutoCAD.

1983No Brasil No mundo

• Plínio Oswaldo Assmann assume a presidência do IE (1983/1984). • Em 18 de fevereiro foi decretada a maxidesvalorização do cruzeiro.

• Em 15 de março tomam posse os primeiros governadores eleitos diretamente após o golpe

militar de 1964 no Brasil. • As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, após verem recusados seus pedidos de ajuda aos governos estadual e federal,

entram com pedido de concordata depois de quase 100 anos de atividades.

• A Compaq lança o seu primeiro microcomputador, concebido com base em engenharia reversa. • Raúl Alfonsín é eleito presidente da Argentina, substituindo o último presidente da ditadura, Reynaldo Bignone.• Em 18 de junho, Sally Ride torna-se a primeira mulher norte-americana a ir ao espaço como integrante da tripulação da nave Challenger.

1983/1984Plínio osWaldoassMann

O Código Eleitoral oficializado no ano anterior incorpora-va vitórias dos ide-ais democráticos: voto secreto, voto feminino e Justiça Eleitoral. Previa-se também a forma-ção de uma bancada classista, composta por representantes dos funcionários públicos, dos em-pregados e dos em-pregadores. Esses representantes não seriam escolhidos pelo eleitor comum, mas por delegados indicados por cada uma das categorias.

A campanha eleitoral se articulava em âmbito nacional. Em São Paulo, o Partido Republicano Paulista e o Par-tido Democrático entram em acordo para formar a Chapa Única por São Paulo Unido, com o apoio das princi-pais entidades de classe. A Associação Comercial de São Paulo consultou o IE pedindo dez nomes que preenchessem as condições exigidas para represen-tantes de São Paulo na Constituinte, escolhidos sem atenção à sua signifi-cação política e sem a preocupação de que devam representar esta ou aque-

la classe ou profissão. Por sua vez, a questão da bancada classista acirrava o debate interno no Instituto. Muitos sócios não concordavam com esse tipo de representação corporativa. No pro-cesso que elegeu Ranulpho Pinheiro Lima como delegado, Plínio de Queiroz fez uma declaração de voto contrária à representação de classe.

Ao final da campanha os enge-nheiros conseguiram uma boa repre-sentação na Constituinte. Entre os deputados por São Paulo, eleitos em 3 de maio de 1933, incluíam-se os en-

genheiros Antônio Augusto de Barros Penteado e Má-rio Whately. Como representantes de classe, em eleição realizada dois me-ses depois, foram escolhidos, no gru-po dos empregado-res, os engenheiros Roberto Simonsen e Alexandre Sici-liano; no grupo das profissões libe-rais, o engenheiro Ranulpho Pinhei-ro Lima. A nova Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934. Entretanto, a volta

à legalidade foi tortuosa. A nova Carta estabelecia que a primeira eleição pre-sidencial após sua promulgação seria indireta, com votação dos membros da Constituinte. No dia 17 de julho, Getú-lio Vargas foi eleito presidente.

Dentro do possível, a vida normal era retomada. O IE dedicou os últimos meses do ano à finalização das insta-lações de uma nova sede. A decisão da mudança do prédio da Rua Cristóvão Colombo considerou o aumento cada vez mais acentuado do quadro social e a necessidade de ampliação dos di-

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1985/1988José roBertoBernasconi1984

No Brasil No mundo• A Cosipa alcança a marca de 1 milhão

de toneladas de aço exportadas.• Realizada em todo o país a campanha

suprapartidária pelas eleições “Diretas Já”.• O Colégio Eleitoral elege Tancredo

Neves, presidente da República. Tancredo, do PMDB, vence o candidato

da situação, Paulo Maluf (PDS, atual Partido Progressista), nas eleições

indiretas.

• Em 25 de julho parte a Missão Salyut 7, em que a cosmonauta Svetlana Savitskaya torna-se na primeira mulher a fazer um passeio no espaço. • Em 26 de setembro, o Reino Unido e a República Popular da China assinam o tratado inicial para a devolução do território de Hong Kong à China em 1997. • Em 4 de novembro os sandinistas da FSLN vencem as primeiras eleições gerais pluralistas da Nicarágua, com 66% dos votos. Daniel Ortega é eleito presidente.

1985No Brasil No mundo

• José Roberto Bernasconi assume a presidência do IE (1985/1988).

• Termina o ciclo de governos militares, com a eleição de um civil para a presidência da República,

Tancredo Neves, que falece antes de tomar posse, assumindo em seu lugar o vice José Sarney.

• O governador Franco Montoro assina o ato de cessão definitiva ao Instituto de Engenharia da área

de aproximadamente 12 500 metros quadrados situada na Avenida Dante Pazzanese.

• Com a morte de Konstantin Chernenko, o PC soviético escolhe Mikhail Gorbachev para liderar a URSS, tendo início uma série de reformas. • Em 1º de setembro o oceanógrafo Robert Ballard encontra os destroços do navio britânico Titanic.

versos locais de administração, salões e salas de estar dos sócios. Em janei-ro de 1935, o Instituto foi transferido para o Edifício Saldanha Marinho, na Rua Líbero Badaró, nº 54. O “arranha-céu” era propriedade da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, de quem o Instituto arrendou todo o décimo segundo andar. O arcabouço de con-creto armado e o enchimento das pa-redes externas do edifício haviam sido executados pela Sociedade Comercial e Construtora, de São Paulo, dirigida por Heitor Portugal, Jorge Alves Lima e Luiz Fernando do Amaral.

* * *

Na Europa, o intervalo de paz du-rou até 1937, quando os nazistas de Adolf Hitler, com sua ultramoderna Le-gião Condor, bombardearam Guernica, na Espanha, a pedido do líder nacio-nalista espanhol Francisco Franco. O pintor andaluz Pablo Picasso produziu um mural emocionalmente devastador em memória das vítimas do bombar-deio. Dois anos depois de Guernica, Hitler mandava tropas à Polônia e ti-nha início a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, Getúlio Vargas implantava o Estado Novo. Mesmo com a política interna tropeçando em dificuldades e a Europa em guerra, a sociedade evo-luía. Para os países afastados do front, a ordem era racionalizar recursos e

substituir importações.Em 1942 as tropas brasileiras es-

tavam prontas para entrar na guerra, ao mesmo tempo em que começava a circular em São Paulo uma frota de caminhões movida a gasogênio. Os japoneses, sem prévio aviso, haviam realizado, em dezembro de 1941, um devastador bombardeio à base naval norte-americana de Pearl Harbour, no Havaí, empurrando os Estados Unidos para a guerra. O fato trouxe reflexos econômicos e sociais negativos para o Brasil. Mas, em contrapartida, ocor-reu a aceleração de seu processo de industrialização. Nos anos seguintes, em paralelo à implantação de comple-xos industriais de bens de capital e de consumo duráveis, surgiu a instalação da indústria petroquímica, a moder-nização do sistema financeiro e uma grande modernização de formas de consumo. Esse processo iniciaria tam-bém as bases para uma longa cultura inflacionária, que só seria interrom-pida muito tempo depois, a partir de 1994, com o Plano Real, no governo Itamar Franco. A partir da década de 1940 seria cada vez maior a influência norte-americana no país.

Durante a Segunda Guerra Mun-dial, impulsionada pela necessidade de substituir importações, a produção industrial bruta do Brasil deu um salto de 30%. Além do simbólico exemplo do gasogênio, o crescimento atingiu

muitos outros setores, como tecidos, calçados, caldeiras, teares, alimentos e pequenas máquinas operatrizes. No setor químico o esforço foi redobrado, uma vez que 70% dos produtos quí-micos importados pelo país antes da guerra vinham da Alemanha. A con-flagração mundial levou também a transformações importantes no setor de metalurgia e mecânica, que, aliás, já havia evoluído bastante a partir das necessidades produzidas pela Revolu-ção de 32. No entanto, faltava à indús-tria mecânica uma base sólida. E esta foi dada justamente pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

A criação da CSN foi fruto das tensões políticas que antecederam o conflito mundial. Getúlio Vargas, que empolgou plenos poderes com a decre-tação do Estado Novo em 1937, articu-lava uma política externa de duas caras, revezando cortesias com países do Eixo e as Nações Aliadas. Comentava-se, na época, sobre um financiamento que se-ria concedido pela Alemanha para uma siderúrgica a ser construída com tec-nologia da Krupp alemã. O burburinho ajudou a apressar as negociações com o presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, que liberou 20 milhões de dólares. Esse financiamento, somado à contrapartida brasileira de 25 milhões de dólares e à tecnologia americana, definiram o início da construção da Usina de Volta Redonda (CSN) em 1941.

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E SPECIAL 95 ANOS

1986No Brasil No mundo

• O Instituto de Engenharia inaugura a primeira etapa da sua sede na Avenida Dante Pazzanese, em 10 de setembro. • Em fevereiro a inflação chega a 16% ao mês e ante o risco de hiperinflação, Dílson Funaro, ministro da Fazenda do governo do presidente José Sarney, anuncia o Plano Cruzado, com a troca do cruzeiro pelo cruzado. Os preços são congelados. Os brasileiros veem pela TV

os “fiscais do Sarney” fechando supermercados que ousavam remarcar preços. • Os bancos tentam obter mais eficiência para compensar os ganhos perdidos

com o fim da ciranda financeira no open-market. Mas parte do dinheiro corre para o dólar, o ouro e imóveis – e os aluguéis explodem. • O Plano Cruzado

fracassa, assim como sua tentativa de revitalização, o Cruzado II de novembro.

• Os físicos Karl Alex Muller (Suíça) e Johannes Georg Bednorz anunciam a descoberta de um novo supercondutor por meio de um composto cerâmico de óxido metálico.

1987No Brasil No mundo

• A Assembleia Nacional Constituinte inicia seus trabalhos

em 486 deputados e 72 senadores.• Em junho surge o Plano Bresser

de estabilização econômica, do novo ministro da Fazenda, Luiz Carlos

Bresser-Pereira. Foi só um “Plano Cruzado requentado”, segundo

Mário Henrique Simonsen. Durou apenas três meses.

• O Japão suplanta dos Estados Unidos no terreno econômico, tornando-se o principal fabricante e credor do mundo.• Em janeiro Portugal e Espanha aderem formalmente à então Comunidade Econômica Europeia (CEE), a qual passa a contar com 12 estados-membros.• Em fevereiro são transportadas para o espaço as primeiras estruturas da estação espacial russa MIR.

Menos de cin-co anos depois, a usina já estava fornecendo aço em grande escala para o mercado nacional. A enge-nharia nacional contribuíra de-cisivamente para a execução das obras da Usina Si-derúrgica de Vol-ta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro, mas ain-da não detinha a tecnologia neces-sária para a parte mecânica, que foi inteiramente im-portada e montada pelos americanos. Em 1944, para preencher essa lacuna, o IPT começou a implantar uma usina experimental de fundição, constituída de fornos, martelos de forja e lamina-doras para a produção de ferro, aço e metais não-ferrosos, seu tratamento térmico e transformação mecânica. Com o know-how acumulado na usina experimental, os engenheiros paulis-tas se viram credenciados a cooperar de uma forma mais efetiva em novas empreitadas siderúrgicas no Brasil, a começar pela Companhia Siderúrgi-

ca Paulista (Cosipa), da qual se falará adiante.

Na área industrial, a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – que era ligado à USP – também deram contri-buições importantes, principalmente porque era impossível fazer transfe-rências horizontais de tecnologia. Por isso mesmo sua atividade se fez sentir mais fortemente na construção civil, em que as características regionais e singularidades locais são importantes. Em 1941, quando começaram as obras

de Volta Redonda, o know-how desenvol-vido pelas investi-gações sobre solo e fundações, inaugu-radas em 1938 por Odair Grillo, no IPT, teve papel funda-mental. A partir des-sa data, a tecnologia de solos e a pesquisa geotécnica foram di-vulgadas por todo o Brasil, melhorando a segurança de funda-ções de edifícios al-tos no Rio de Janeiro e em São Paulo. O mesmo ocorreu na resolução de pro-blemas geotécnicos

surgidos na execução das primeiras grandes rodovias do país, como a Via Anchieta, a Via Anhanguera e a Varian-te Rio-Petrópolis.

Esse know-how, aliás, iria se mos-trar crucial a partir de 1951, quando Lucas Nogueira Garcez (1913-1982), professor catedrático de Hidráulica da Escola Politécnica, passou a comandar São Paulo, como governador. Garcez foi professor da Faculdade de Saúde Pública no período de 1947 a 1949. Em 1949, tornou-se presidente da Asso-ciação Interamericana de Engenharia

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Nos 95 anos do Instituto de Engenharia, uma de nossas signifi cativas contribuições para a infraestrutura brasileira traduz os votos de

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E SPECIAL 95 ANOS

1988No Brasil No mundo

• Promulgada a nova Constituição Brasileira em 15 de outubro

(em vigor até os dias de hoje). A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e

estabeleceu princípios democráticos no país. • Amapá e Roraima deixam

de ser territórios e passam a ser estados brasileiros. • Em outubro era criado o Estado de Tocantins.

• Em plebiscito o eleitorado chileno vota contra a continuidade do mandato do general Augusto Pinochet, ditador do Chile desde 1973.

1989No Brasil No mundo

• Maçahico Tisaka assume a presidência do IE (1989/1992).• Depois de um período de 29 anos em que os presidentes da República foram eleitos pelo Congresso, os brasileiros elegem

Fernando Collor de Mello em votação direta. • O Instituto de Engenharia lança o desafio da produtividade para a retomada

do desenvolvimento do país. • Nova mudança da moeda. Com o Plano Verão, do ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega,

vem o cruzado novo. Cada um vale mil cruzados. O plano desagradou os bancos, que perderam dinheiro com um calote

parcial dos juros da dívida pública. Durou menos de três meses.

• O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de novembro de 1989 depois de 28 anos de existência. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. • Em 5 de fevereiro acontecia a retirada da União Soviética no Afeganistão.• Entre 3 e 6 de junho foram registrados grandes protestos estudantis na República Popular da China, duramente reprimidos.

1989/1992Maçahicotisaka

Sanitária, função desempenhada até 1954. Foi secretário de Viação e Obras Públicas do governo Adhemar de Bar-ros (1947-1951), quando ingressou na carreira política, elegendo-se primei-ro mandatário paulista para o período 1951 a 1954. Em sua gestão foi elabo-rado um plano de aproveitamento hi-drelétrico do Estado pelo recém-criado Departamento de Águas e Energia Elé-trica, como a consultoria da Compa-nhia Edison, de Milão, Itália.

Uma das prioridades do governador Garcez era o aproveitamento dos recur-sos hídricos do território paulista. Como na construção de qualquer barragem de usina é fundamental fazer antes a simulação em escala reduzida da obra, ele capacitou o Laboratório de Hidráu-lica da Escola Politécnica para efetuar esse trabalho. Rapidamente o laborató-rio daria o pontapé inicial aos ensaios da Usina de Limoeiro, no Rio Pardo. Os mais variados ensaios seriam reali-zados na Politécnica, não apenas das obras paulistas, mas também de outros estados, como os da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (Chesf). No livro Cem Anos de Tecnologia Brasi-leira, editado no centenário da Esco-la Politécnica, recorda-se que naquele momento acendia-se o estopim para o desenvolvimento de outras áreas, como estruturas, tecnologia de concreto, máquinas hidráulicas e eletrotécnicas –

além da geotécnica –, permitindo que o Brasil pudesse projetar e erguer, com engenharia própria, alguns dos maiores sistemas de geração de energia elétrica jamais construídos.

O começo de tudo foi o Plano de Eletrificação do Estado de São Paulo, do então governador Garcez. Por meio dele foram erguidas as usinas pionei-ras das Centrais Elétricas do Rio Pardo (Cherp) e as Usinas Elétricas de Para-napanema (Uselpa), que se conglome-raram mais tarde nas Centrais Elétricas de Urubupungá (Celusa), para depois transformar-se nas Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). Em continuação outras grandes obras, como as da Usi-na de Ilha Solteira e da Usina de Jupiá, foram construídas. Para a execução desses empreendimentos foi funda-mental a participação de empresas como a Themag e a Camargo Corrêa. A implementação do Plano de Eletrifi-cação salvou São Paulo e o país de um colapso total de energia elétrica. Entre os grandes engenheiros da época, ha-via nomes como Souza Dias e Gelázio da Rocha. Em 1956, Garcez retomou a carreira acadêmica na USP receben-do o título de doutor honoris causa e tornando-se professor emérito. Entre 1966 e 1975 foi presidente da Cesp. Em 1970 retornou à atividade política, ten-do sido presidente estadual da Aliança Renovadora Nacional (Arena). Após as

eleições, renunciou à presidência e foi atuar como engenheiro e empresário, tendo sido membro do conselho ad-ministrativo da Itaipu Binacional entre 1974 e 1977. Ocupou também diversos cargos consultivos. Em 1979 foi no-meado presidente da Eletropaulo. Ao lado disso, Garcez foi crítico acerbo do acordo nuclear Brasil-Alemanha, a seu ver um bom negócio apenas para os alemães.

De volta ao IE dos anos 1940, vamos encontrar na presidência da entidade o engº José Maria de Toledo Malta (1939-1940). Passaram pela presidência do Instituto na década de 1940, Annibal Mendes Gonçalves (1941-1942), Cíce-ro da Costa Vidigal (que faleceu dois meses depois de eleito, em 1943), Hei-tor Portugal (1943-1946), Argemiro Couto de Barros (1947-1948), sob cujo comando começou a funcionar o De-partamento Cultural do IE, e Álvaro de Souza Lima (1949-1950), promotor do I Congresso de Trânsito em São Paulo. Os engenheiros iam vencendo como podiam os desafios da época. Logo no início da década de 1940, por exemplo, era inaugurado, em São Paulo, o Túnel Nove de Julho, construído na Avenida Nove de Julho, sob a Avenida Paulista. O túnel, com 460 metros de extensão e decoração externa art déco, seria uma das 12 000 obras realizadas em São Paulo em 1940.

ProMulgada a noVa constituição Brasileira

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ENGENHARIA I

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E SPECIAL 95 ANOS

1990No Brasil No mundo

• Em 15 de março, Fernando Collor de Mello assume a presidência e determina o confisco monetário com o Plano Brasil

Novo, ou Plano Collor. É um terremoto na economia, com um sequestro arbitrário das poupanças, algo jamais imaginado

pelos economistas brasileiros.• Sai o cruzado novo e volta o cruzeiro.• Lançado o Movimento Nacional pela

Melhoria da Produtividade.

• Cai definitivamente o Muro de Berlim e inicia-se o processo democrático no Leste Europeu. • Cria-se o Mercosul, entidade multinacional do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para incrementar relações políticas e comerciais entre esses países.• Após 11 anos no poder, depois de derrubarem o ditador Anastácio Somoza, os sandinistas são derrotados nas urnas, na Nicarágua.

1991No Brasil No mundo

• A violência das medidas de rompimento de contratos do Plano Collor de pouco adiantou. No final de janeiro de 1991 a inflação já passava de 20% ao mês. Collor

tenta o congelamento de preços e salários (Plano Collor II), mas falta ao seu governo credibilidade.

• Em setembro, a Câmara Municipal de São Paulo e o Instituto de Engenharia promovem o Encontro

Internacional de Cidades, que estiveram presentes representantes técnicos e políticos da Cidade do

México, Barcelona, Nova York, Paris e Toronto.

• Gorbachev renuncia em favor de Boris Yeltsin pondo fim à URSS, que foi substituída pela Comunidade de Estados Independentes. • Em 17 de janeiro tem início da Primeira Guerra do Golfo, entre Estados Unidos e Iraque.

Em 1941, foi criada a Comissão Nacional de Com-bustíveis e Lubrifi-cantes. O Brasil já tinha 130 000 car-ros em circulação, 30 000 dos quais em São Paulo. Com visão aguçada, o presidente Annibal Mendes Gonçalves coordena a Con-sultoria Técnica do Instituto e cria o prêmio “Eusébio de Queiroz Matoso” para o melhor pro-jeto urbanístico. Os engenheiros Lauro de Barros Siciliano, Andres Stark e Mel-chiades Pereira da Silva são laureados pela realização de um trabalho sobre o aproveitamento do álcool e do gasogê-nio como combustível para motores a explosão.

No mesmo ano de 1941 ocorreria algo que seria crucial para a constru-ção da futura Hidrovia Tietê-Paraná. Na ocasião, o engenheiro Catullo Branco iniciou uma jornada de estu-dos para conhecer o projeto implan-tado pelos norte-americanos no Vale do Tennessee. Ao voltar da viagem,

Catullo defendeu que o aproveitamen-to dos rios paulistas acompanhasse o mesmo modelo de aproveitamento múltiplo das águas e desenvolvimento integrado. A Usina de Barra Bonita, no Médio Tietê, que ainda estava sendo projetada, deveria considerar não so-mente a produção de energia elétrica, mas também o controle das enchen-tes, o restabelecimento da navegação, a irrigação, a piscicultura e o sanea-mento regional.

O apoio do governador Garcez, no

início de sua ges-tão, transformou a sugestão de Catullo Branco numa nor-ma de procedimen-to obedecida por mais de 40 anos. O projeto das quatro primeiras barragens implantadas no Rio Tietê (Barra Boni-ta, Bariri, Ibitinga e Promissão) já de-finia uma diferença de nível padrão de 25 metros para cada uma. Esse desní-vel era considerado apropriado, técnica e economicamente, para a construção e operação das eclu-

sas. A operação comercial de Barra Bonita começou em 1979. Mais tar-de foram inauguradas as eclusas de Bariri, Ibitinga e Promissão. As duas últimas em 1986. Em 1991 foi inau-gurado o Canal de Pereira Barreto e a eclusa de Nova Avanhandava. Com isso, a hidrovia Tietê-Paraná passou a permitir a navegação por 1 040 qui-lômetros, desde a região paulista de Piracicaba até a goiana de São Simão. Com a conclusão das eclusas de Jupiá, em 1998, a extensão passou a ser de 2

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1993/1997alfredo MáriosaVelli

1992No Brasil No mundo

• Realiza-se no Rio de Janeiro a Eco-92 – Conferência para o Planeta Terra –, à qual compareceram 54 chefes de Estado e cuja Agenda 21 assentou os

princípios universais para saneamento e proteção do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. • Morre

o deputado federal Ulysses Guimarães, num desastre de helicóptero. • O presidente Fernando Collor de

Mello renuncia após o início dos procedimentos para o seu impeachment. O vice-presidente Itamar Franco

assume a presidência da República.

• O conflito europeu mais sangrento desde a Segunda Guerra Mundial começou quando a República Iugoslava da Sérvia começou uma campanha brutal para anexar partes da Bósnia-Herzegovina. • Galileu Galilei foi perdoado pelo papa João Paulo II.

1993No Brasil No mundo

• Alfredo Mário Savelli assume a presidência do IE (1993/1997).

• É realizado um plebiscito para decidir a forma e o sistema de governo no Brasil, vencendo a

República e o Presidencialismo.• Comemoração do Centenário

da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,

Poli da USP.

• Instabilidade governativa na Itália: no quadro da operação “Mãos Limpas”, uma onda de demissões atinge vários ministros do governo e o secretário-geral do PSI, Bettino Craxi, enredado em cerca de 40 processos de comissões ilegais. • Aperto de mão histórico entre o primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin, e o líder da OLP, Yasser Arafat, em Washington, depois da assinatura de um acordo sobre autonomia palestina nos territórios ocupados.

400 quilômetros, chegando até Itaipu.

* * *

Na década de 1950, já em pleno pós-guerra, o mundo conheceria o maior “boom” econômico da histó-ria. No Brasil, Getúlio Vargas estava de novo no poder, desta vez eleito e prometendo lutar contra o imperia-lismo norte-americano e defender o petróleo nacional. Ao mesmo tempo, entrava no ar, em 1950, a primeira emissora de TV da América Latina, a PRF3, TV Tupi, canal 3. Era mais uma grande vitória do jornalista Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o Chatô, que chegou a ser um dos homens mais influentes do país.

No IE, primeiro presidente da déca-da foi Amador Cintra do Prado (1951-1952) e foi na sua gestão que o Institu-to transferiu-se, provisoriamente, para o Palácio Mauá. Na gestão seguinte, de Henrique Pegado (1953-1954), a enti-dade passa a empreender uma série de pesquisas sobre a escassez de ener-gia elétrica que começava a afetar a cidade de São Paulo. Além disso, uma equipe de engenheiros colabora com a Comissão de Comemorações do IV Centenário da cidade, efeméride feste-jada no dia 25 de janeiro de 1954. Esse período teve, também, seus sobressal-tos. Getúlio Vargas, que décadas antes

chegara ao poder dando um golpe de estado, desta vez apeou dele de forma igualmente violenta, cometendo suicí-dio. Havia perdido sua batalha da po-lítica interna, ainda que tivesse se va-lido da Segunda Guerra Mundial para firmar a opção pela indústria no Brasil. Um ano depois, em 25 de janeiro de 1955, o governador paulista, Lucas Nogueira Garcez, inaugurava oficial-mente a sede do IE no Palácio Mauá. Além do IE e da Fiesp, foi instalado ali o Serviço Social da Indústria (Sesi), que alugava cinco andares. O então presidente do IE, Plínio de Queiroz (1955-1956), fez alterações importan-tes no Regimento Interno, tornando-o mais aberto à participação dos profis-sionais do setor. Preocupado com os problemas nacionais, o IE encaminha ao presidente eleito, Juscelino Kubits-chek, uma análise sobre o transporte de minério para a Cosipa, empresa cuja ideia de criação surgiu no Instituto de Engenharia a partir de uma visita que 106 engenheiros ligados à entidade haviam feito à Companhia Siderúrgi-ca Nacional, em abril de 1951. Queiroz decidiu enfrentar o desafio e lançar em São Paulo uma siderúrgica do mesmo porte. Ele coordenou uma sociedade que unia engenheiros a diversos seto-res para captar recursos que viessem a viabilizar o início do projeto. O pri-meiro presidente da Cosipa, fundada a

23 de novembro de 1953, foi o próprio Plínio de Queiroz.

Entre 1955 e 1961, a produção in-dustrial brasileira cresceu 80%, com grande ênfase nas indústrias de bens de capital, automobilística e de ele-trodomésticos. O ano de 1956 é par-ticularmente importante: forma-se a Comissão Nacional de Energia Nucle-ar (CNEN), e o Instituto de Energia Atômica (IEA) – depois denominado Ipen-CNEN/SP, graças aos esforços da USP e do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, acontece I Sema-na de Debates sobre Energia Elétri-ca, promovida pelo IE. Tinha início o Programa Nuclear Brasileiro. Em 1957, João Soares do Amaral Netto assume a presidência da entidade e diversifica as atividades da instituição, seja esti-mulando a Politécnica a aumentar o número de vagas, seja prestando sub-sídios à criação do Instituto de Desen-volvimento Tecnológico da Fiesp.

Logo após sua posse, JK lançou seu Plano de Metas, definindo que o país deveria crescer “50 anos em cinco”. Abrangia 30 metas principais, agluti-nadas em cinco áreas: energia, trans-porte, alimentação, indústria de base e educação. Apesar da receptividade “com um pé atrás” por parte da opi-nião pública, as metas foram, em boa parte, alcançadas. Os maiores sucessos

realiza-se no rio a eco-92

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E SPECIAL 95 ANOS

1994No Brasil No mundo

• Em 29 de junho, o presidente Itamar Franco lança o Plano Real, concebido por uma equipe de economistas liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. O programa

busca a estabilidade por meio de três âncoras. A monetária, pela limitação da expansão da base monetária. A fiscal,

baseada no equilíbrio orçamentário da União. E a cambial, pela fixação de uma paridade controlada, tendo como limite superior

a relação um por um do real com o dólar. • Em 3 de outubro, Fernando Henrique Cardoso (coligação PSDB/PFL/PTB) é eleito presidente da República com o apoio de 54,3% dos eleitores.

• Em maio é inaugurado pela rainha da Inglaterra, Elizabeth II, e pelo presidente francês François Miterrand, o Túnel do Canal da Mancha, o mais ambicioso projeto de engenharia do mundo, orçado em 15 bilhões de dólares na época. • Genocídio de Ruanda mata um milhão de pessoas. O massacre foi levado a efeito por facções de hutus que atacaram tutsis e hutus moderados. Foram usadas armas rudimentares, principalmente facões comprados em grande quantidade da China. A ONU e a comunidade mundial se omitiram enquanto aconteciam as atrocidades.

1995No Brasil No mundo

• O Instituto de Engenharia premia o trabalho “Engenharia e Poder Nacional”, do engº Klaus

Herweg, como “Melhor trabalho do ano em colaboração com a classe”.

• Em novembro é lançado o Proer, um programa para reestruturação do Sistema

Financeiro Nacional, que previa um conjunto de incentivos fiscais e uma linha de crédito especial para instituições financeiras com

dificuldades de adaptação à nova realidade.

• No dia 4 de novembro, Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel, é assassinado em Tel-Aviv (após participar de uma grande manifestação pela paz) por um homem solitário que disparou três tiros usando balas dum-dum. Em cena televisiva, o assassino, que sorria depois do ato, não era um palestino, mas sim um judeu fundamentalista.

foram a pavimen-tação e construção de estradas, o início da construção de grandes barragens como Furnas e Três Marias, a indústria automobilística e a bombástica constru-ção da nova capital federal, Brasília. O projeto da nova ca-pital, engendrado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo ur-banista Lúcio Costa, mobilizou brasileiros de diferentes classes sociais, que percebiam na construção da cidade uma chance de progresso da região central do país.

* * *

Enquanto isso, as empresas estran-geiras iam aumentando seu poder de fogo no Brasil. Começam os prepara-tivos para a construção da Barragem de Três Marias e somente empresas es-trangeiras participam do processo. O IE lança um manifesto à nação: é contra a atitude discriminatória, forçando o governo federal a abrir o caminho que levaria à formação de consórcios que unissem as nacionais e as estrangeiras. Em 1959, Augusto Lindenberg assume

a presidência do Instituto, dando con-tinuidade à tônica administrativa de seu antecessor. Nesse ano é inaugu-rado o Curso de Engenharia Mecânica do Instituto Mackenzie. Nessa mesma época o arquiteto alemão Friedrich Schultz-Wenk ergue a Volkswagen em São Paulo. Arquitetos e engenheiros trabalham a todo vapor, ajudando a construir os primeiros supermercados edificados do país. O Brasil reclamava o direito de ser tratado como potên-cia emergente, exibindo com orgulho a produção de petróleo, que chegava a 30 milhões de barris por ano, em 1960.

Num clima de contagiante entu-siasmo, ninguém contava com o cres-cimento da inflação a partir de 1959.

Esse fenômeno, aliado ao avanço da dívida exter-na e ao desequi-líbrio do balanço de pagamentos, comprometeria as bases do Plano de Metas de JK e aba-laria a estabilidade política e social do país. Jânio da Sil-va Quadros, elei-to em 1960 com 48% dos votos, é empossado no dia 31 de janeiro de 1961. Herda de

seu antecessor um país em processo de concentração de renda e cresci-mento inflacionário e segue a polí-tica de austeridade do Fundo Mone-tário Internacional (FMI). Só aguenta as pressões das “forças terríveis” até o dia 25 de agosto do mesmo ano, quando renuncia de forma nebulosa. Seu vice, João Goulart, estava na China e as Forças Armadas e a UDN queriam impedir sua posse. O então governador gaúcho, Leonel Brizola, encabeça o movimento legalista que garantiria sua posse no dia 7 de se-tembro de 1961. Enquanto Goulart apoiava as chamadas reformas de base – urbana, agrária e educacional –, Car-los Lacerda, governador da Guanaba-

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E SPECIAL 95 ANOS

1997/2000cláudio aMaurydall’acqua

1996No Brasil No mundo

• O grande ano de ajuste dos bancos. Ajudados pelo Proer, bancos tradicionais

do mercado como Econômico, Nacional e Bamerindus sofrem intervenções do Banco

Central, que depois força a absorção deles por outros bancos, nacionais ou

estrangeiros. • Centenário da fundação da Escola de Engenharia Mackenzie.

• Falecimento do ex-presidente do Instituto de Engenharia, Luiz Alfredo Falcão Bauer.

• A Nasa anuncia que um meteorito encontrado na Antártica em 1984 é de origem marciana e traz evidências químicas de estruturas orgânicas simples, precursoras das formas básicas de vida. • Com 53,5% dos votos a Federação Russa reelege Boris Yeltsin à presidência da República,rejeitando o candidato do Partido Comunista Gennadi Ziuganov.

1997No Brasil No mundo

• Claudio Amaury Dall’Acqua assume a presidência do IE (1997/2000). • O Instituto de Engenharia,

em recepção no Palácio dos Bandeirantes, no dia 17 de fevereiro, comemora 80 anos de fundação,

contando com a presença de diversas autoridades, entre elas o então governador paulista Mario Covas

e o então prefeito paulistano Celso Pitta (ambos falecidos). • Em 4 de abril o Senado aprova em

segundo turno a emenda que possibilita reeleição de prefeitos, governadores e presidente .

• Em 7 de fevereiro é assinado o Tratado da União Europeia, na cidade holandesa de Maastricht.• Em 19 de fevereiro, morre na China Deng Xiaoping, aos 92 anos. • Em 23 de outubro a Bolsa de Valores de Hong Kong, uma das maiores do mundo, cai 10,4%. A crise se espalha pelo resto do mundo, com as bolsas sofrendo enormes quedas.

ra, e Adhemar de Barros, de São Paulo, organizavam em 19 de março de 1964, a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, manifestação contra o governo que reuniu mais de 500 000 pessoas. Os ânimos foram se acirran-do. Brizola insultava os generais. Veio o golpe militar em 31 de março de 1964 e longos anos de ditadura.

Com a posse do primeiro presi-dente militar, o cearense Humberto de Alencar Castelo Branco tem início um período de fortalecimento do Po-der Executivo, que produziria bons e maus efeitos. Seu governo caracteri-zou-se por uma política deflacionista, levada avante pelos ministros Octávio Gouvêa de Bulhões e Roberto Cam-pos, com a intenção de equilibrar as finanças públicas e criar as condições para a retomada do crescimento eco-nômico. Foi criado o Fundo de Garan-tia por Tempo de Serviço (FGTS), me-diante o recolhimento por parte dos trabalhadores e dos empregadores de uma quantia financeira com o objeti-vo de consolidar a poupança e investir na construção de habitações. No pla-no político, Castelo Branco cassou por dez anos os direitos políticos de vários líderes partidários ligados à conjuntu-ra anterior; extinguiu os partidos exis-tentes; instalou o bipartidarismo (com a formação da Arena e o do MDB); e promulgou nova Constituição, que reforçou a autoridade do poder cen-

tral e do presidente da República. Nessa época, por exemplo, foram construídos enormes centros de pes-quisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) es-tatal que se tornou fundamental para os engenheiros agrônomos, tanto pe-los mais de 20 confortáveis centros construídos, como pela possibilidade de gerir projetos avançados, como o da reprodução vegetal por intermédio da biotecnologia.

Em contrapartida, a sociedade civil foi manietada e ficou como expectado-ra impotente do aumento progressivo da dívida externa brasileira. Mas tam-bém se produziram reações isoladas. José Roberto Bernasconi, então vice-presidente do IE, contaria uma história particularmente simbólica, anos mais tarde. “Em uma madrugada de abril de 1965, cinco engenheiros resolveram aceitar o desafio de projetar e produzir o primeiro avião de transportes brasi-leiro, que mais tarde se transformou no Bandeirante, marco real da engenha-ria aeronáutica nacional, e mais tarde considerado um novo DC-3 da aviação internacional para uso regional. Desse desafio acabou nascendo a Embraer.”

De fato, a Embraer – a jóia mais re-luzente da indústria aeronáutica brasi-leira – começou, na metade da década de 1960, como um sonho na cabeça de um grupo de pioneiros e hoje é um gi-gante respeitado nos quatro cantos do

mundo e temido pela concorrência es-trangeira. Por sua origem e evolução, ela constitui uma história sem parale-lo na indústria aeronáutica em nível mundial. A criação do Centro Técnico de Aeronáutica – hoje denominado Centro Técnico Aeroespacial, o CTA –, em 1946, e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, em 1950, foram estrategicamente planejados com o intuito de formar mão de obra de alto nível especializada em aeronáutica, capaz de desenvolver e pesquisar no-vas tecnologias para a futura empresa. A efetiva criação da Embraer, no final dos anos 1960, foi a terceira etapa do desenvolvimento do projeto de lon-go prazo lançado na década de 1940 pelo governo brasileiro, que possibi-litou transformar ideias e projetos em produtos. Hoje, a Embraer é uma das poucas empresas no mundo que do-mina todo o ciclo de desenvolvimento do produto, atuando no projeto, fa-bricação, venda e suporte pós-vendas de aeronaves destinadas aos mercados globais de aviação comercial, aviação executiva e de defesa.

* * *

Em 1966 foi iniciada também a construção do primeiro shopping cen-ter em São Paulo, o Iguatemi. Nesse mesmo ano, o presidente do IE, Hélio Martins de Oliveira (1963-1966), en-

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E SPECIAL 95 ANOS

1998No Brasil No mundo

• O presidente Fernando Henrique Cardoso é reeleito no Brasil. • A

senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir a sessão do Congresso Nacional. • Em 22 de fevereiro ocorre o desabamento do edifício Palace II no Rio de Janeiro, devido à falhas na estrutura.

• Em 24 de setembro, a Estação Engenheiro Rubens Paiva da linha 2 do metrô é inaugurada no Rio de Janeiro.

• Em12 de janeiro, 19 nações europeias proíbem a clonagem humana. • Em 4 de abril acontece a inauguração da Ponte Vasco da Gama sobre o Rio Tejo, entre Montijo e Lisboa. • Em 22 de maio ocorre a inauguração da Exposição Mundial de 1998 em Lisboa. • Em 7 de agosto são registrados atentados terroristas contra embaixadas estadunidenses no Quênia e Tanzânia. • Em 7 de setembro nascia a empresa Google.

1999No Brasil No mundo

• No início do ano, o Banco Central desvaloriza o real frente ao dólar. Segue-se um período turbulento, com duas trocas no

comando do BC. O câmbio valorizado era um dos principais alicerces para o sucesso do Plano Real, mas a realidade das contas

externas do país forçou o ajuste. • Em 11 de março registra-se um blecaute nas

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, atingindo 10 estados e o Distrito Federal.

• Em 1º de janeiro, o euro começa a ser usado em transações eletrônicas, em 11 países membros da União Europeia, designadamente a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, a Espanha, a Finlândia, a França, a Holanda, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo e Portugal. • Em 30 de agosto o povo do Timor-Leste decide, em referendo, pela independência. • Em 31 de dezembro Estados Unidos passam o controle do Canal do Panamá para seu país (Panamá). • O presidente da Rússia, Bóris Yeltsin, renuncia ao cargo.

viou ao brigadeiro José Vicente Faria Lima, então prefei-to de São Paulo, um documento em que protestava contra as exigências apresenta-das para a construção do metrô, vedada às empresas nacionais, a menos que se apre-sentassem em sistema consorciado. Sucede-ram-se na presidência do Instituto, na dé-cada de 1960, Henry Maksoud (1967-1968) e Eduardo Celesti-no Rodrigues (1969-1970). O ano de 1970 marca o início do pe-ríodo do chamado “milagre econômico brasileiro”. Empréstimos e investimen-tos estrangeiros alavancam o processo de desenvolvimento. Novos empregos e inflação baixa trazem euforia à clas-se média e ao empresariado.

Ao mesmo tempo, vive-se o auge da repressão, com censura à impren-sa e violência contra a oposição. É o momento da “linha dura” no poder, que tem no presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, seu gran-de representante. Em seu governo, a inflação anual ficou abaixo dos 20%

e o crescimento do PIB em 1970 foi de 10,4%, chegando a 14% em 1974. Enquanto o “milagre” chegava ao clí-max, criava-se, em 1973, a Itaipu Bi-nacional, companhia constituída por associação de empresas elétricas do Brasil e do Paraguai para a construção da Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Para-ná, com capacidade então de 12 600 megawatts (MW). O presidente Médici inaugurava também em 1974 a Ponte Rio-Niterói, percorrendo seus 14 qui-lômetros. No mesmo ano começava a funcionar o Metrô de São Paulo, Linha

Norte-Sul, Azul. Pouco antes do

início da constru-ção do metrô pau-listano, em 1968, seu grande idea-lizador, o prefeito paulistano Faria Lima (carioca de nascimento), pre-viu que em 1990 a cidade teria 10 mi-lhões de habitantes e o metrô, 360 qui-lômetros de linhas. Naquele tempo, a Companhia do Me-tropolitano de São Paulo era munici-pal. Só mais tarde, no final dos anos

1970, a empresa passaria a pertencer ao governo estadual. O primeiro vati-cínio ele acertou em cheio. O segundo, infelizmente, não. A rede ainda con-ta, em pleno ano de 2011 com apenas 70,6 quilômetros de extensão, dis-tribuídos em cinco linhas ligadas por 61 estações. Compõem o sistema as linhas 1-Azul (Jabaquara - Tucuruvi), 2-Verde (Vila Prudente - Vila Madale-na), 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera - Palmeiras-Barra Funda), 4-Amarela (Butantã - Paulista) e 5-Lilás (Capão Redondo - Largo Treze).

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2000No Brasil No mundo

• Em 18 de janeiro registrou-se o vazamento em duto da Petrobras, que

derrama mais de 500 000 litros de óleo na Baía de Guanabara. • Em 10 de

março, Nicéia Pitta denuncia corrupção na administração do prefeito de São Paulo e seu ex-marido, Celso Pitta.

• Em 8 de dezembro, o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto é preso depois

de 8 meses foragido.

• Em 7 de março, o papa João Paulo II pede perdão pelos erros cometidos pela Igreja Católica nos últimos 2000 anos, entre eles a Inquisição e as Cruzadas; o desrespeito às outras religiões e culturas na catequização e a hostilização ao povo judeu.• Em 26 de março Vladimir Putin é eleito presidente da Rússia.• Em 26 de junho, cientistas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha anunciam primeiro rascunho da sequência completa do genoma humano.

2001No Brasil No mundo

• Antonio Helio Guerra Vieira assume a presidência do IE

(2001/2002). • Em 15 de março, três explosões

destróem a Plataforma P-36, pertencente à Petrobras, na Bacia

de Campos.• Em 26 de novembro, 106 presos fogem da prisão de Carandiru, São Paulo, a maior fuga de sua história.

• Em 11 de setembro o mundo seria surprendido com atentados terroristas ao World Trade Center (Torres Gêmeas) em Nova York e no Pentágono em Washington, Estados Unidos.• Em 15 de fevereiro, tropas russas começam a retirada da Tchetchênia.

2001/2002antonio hélioguerra Vieira

Homem público preocupado com o bem-estar coletivo – e, portanto, com o transporte de massa – Faria Lima tal-vez nem suspeitasse que nos anos (dé-cadas) seguintes prosperasse por aqui uma quase infinita voracidade dos au-tomóveis por espaço no viário urbano.

Por ser pequena face às necessida-des de uma metrópole das dimensões da capital paulista, essa desvantagem tem obrigado a Companhia do Metrô, ao longo das últimas quatro décadas, a desdobrar-se para otimizar sua ope-ração. A companhia nunca perdeu de vista, porém, seu objetivo primordial de oferecer um serviço de alta quali-dade. Nesse processo o Metrô acabou por transformar-se numa universidade viva do transporte sobre trilhos. Como conceito, o metrô é um sistema estru-tural com alta capacidade de trans-porte, ideal para cidades gigantescas como São Paulo. O sistema é interli-gado gratuitamente com a Compa-nhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) nas estações Brás, Palmeiras-Barra Funda, Luz e Santo Amaro, e em outros terminais de transporte intermodal na cidade de São Paulo. Diariamente o Metrô transporta hoje 3,4 milhões de passageiros e consegue oferecer enormes benefícios que se ir-radiam à Região Metropolitana de São Paulo, como redução de congestiona-mentos e consequente contaminação

do ar, acidentes de trânsito e redução de doenças respiratórias por poluição ambiental. Se, por um lado, poderia ser considerado acanhado frente a outros metrôs do mundo, o metrô paulistano se conjuga, por outro, à citada rede de trens urbanos da CPTM, com mais de 270 quilômetros de extensão, o que configura uma rede metroferroviária respeitável.

Ao deixar a presidência do IE, em 1970, o engenheiro Eduardo Celestino Rodrigues exibia como façanha o fato de ter entrado em contato com o Mi-nistério das Relações Exteriores para pleitear o espaço necessário à enge-nharia brasileira no planejamento da Bacia do Prata. Pouco depois, o Insti-tuto criou um grupo de trabalho para estudar a regulamentação da indústria da construção. Depois de Celestino, estiveram à frente do IE, Flávio de Sá Bierrenbach (1971-1972), Jan Ar-pad Mihalik (1973-1974), Bernardino Pimentel Mendes (1975-1978) e Luiz Alfredo Falcão Bauer (1979-1980), fe-chando a década de 1970. Nesse pe-ríodo, as empresas estatais cresceram muito e a indústria privada amargava um lento declínio. Empreiteiras come-çaram a encerrar atividades. Um dado histórico: entre 1960 a 1980, foram abertas 477 empresas estatais.

Em 1975, quando Bernardino Pi-mentel Mendes assumia a presidência

do IE, o governo acabava de lançar um programa energético para enfren-tar a crise mundial do petróleo. Tra-tava-se do Proálcool e o objetivo era o desenvolvimento de tecnologia para a fabricação de álcool anidro para ser misturado a gasolina (o que já vinha sendo feito há anos) e do álcool car-burante como combustível alternati-vo. O motor a álcool acabara de ser desenvolvido no CTA de São José dos Campos, e uma caravana de carros equipados com ele havia percorrido as estradas brasileiras naquele ano com o objetivo de exibir aos consumidores a sua viabilidade.

Na conjuntura política, predomi-nou a escolha do álcool de cana, de-vido à pressão dos usineiros diante da grande queda no preço internacional do açúcar. Como o assunto já havia sido alvo de estudos por parte dos en-genheiros do Instituto, muitas décadas antes (em 1937, o engº Eduardo Sabino de Oliveira publicou um livro pioneiro sobre o assunto, Álcool Motor e Mo-tores de Explosão), a entidade rea-briu os debates técnicos na Divisão de Tecnologia Nacional e fez chegar suas conclusões à Presidência da República. O álcool começou a ser produzido em escala internacional, mas assim que o Oriente Médio afrouxou o torniquete – depois da primeira grande crise mun-dial do petróleo –, os preços do barril

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E SPECIAL 95 ANOS

2002No Brasil No mundo

• Lançado em 22 de abril, o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SBP), introduz no mercado o TED (Transferência Eletrônica

Disponível). Com a compensação de valores em tempo real, cada vez mais o país substitui o papel pelo documento digital. • Em 10

de janeiro, publicação do atual Código Civil brasileiro, a partir de projeto elaborado sob coordenação do jurista Miguel Reale, o qual

entrou em vigor um ano após sua publicação. • Em 20 de outubro, acontece a inauguração comercial da Linha 5 do Metrô de São

Paulo. • Em 27 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT é eleito presidente do Brasil com mais de 53 milhões de votos.

• Em 1 de janeiro entram em circulação as notas e moedas de euro em 12 países.• Em 20 de maio Timor-Leste torna-se um estado independente. • De 9 de dezembro, a United Airlines, a segunda maior companhia aérea do mundo, pede concordata.

2003No Brasil No mundo

• Eduardo Ferreira Lafraia assume a presidência do IE (2003/2006). • Em 1º de janeiro Luís Inácio Lula da Silva

assume a presidência da República Federativa do Brasil. • Em 11 de janeiro

entra em vigor o novo Código Civil brasileiro. • Em 22 de agosto acontece

uma explosão no Centro de Lançamento Espacial de Alcântara, no Maranhão,

matando 21 cientistas brasileiros.

• Em 1 de fevereiro a nave Columbia explodiu matando seus sete tripulantes. No momento do acidente, a espaçonave viajava a 20 000 km/h, 18 vezes a velocidade do som.• Em 19 de março os Estados Unidos iniciam Guerra contra Saddam Hussein.

2003/2006eduardo ferreiralafraia

do petróleo caíram e produzir álcool deixou de ser um fator estratégico.

Em 1977 era implantada a Política Nacional de Informática. A informática brasileira desenvolveu-se em duas eta-pas. A primeira vai de 1958 a 1975, pe-ríodo em que a tecnologia era importa-da basicamente dos Estados Unidos. O processamento eletrônico era feito em computadores de grande porte, geral-mente instalados em grandes empresas, universidades, órgãos governamentais e agências de serviços. Ainda não havia fabricantes nacionais, embora o volume de vendas já justificasse – desde o início da década de 1970 – a instalação das primeiras montadoras multinacionais dentro do Brasil. Aos poucos, porém, foi sendo desenvolvida uma compe-tência tecnológica nacional, a partir de iniciativas de universidades como USP, PUC-RJ e Unicamp. Em 1972 seria construído na USP o “Patinho Feio”, o primeiro computador nacional.

Em 1981 assumia a presidência do IE o engº Lauro Rios (1981-1982). Sua convicção era de que o Brasil precisa-va projetar e executar, com vigor, um trabalho que o tirasse da condição de dependência tecnológica em que se via enredado. Era um ano de recordes na área energética. No mês de agosto desse ano, a produção de petróleo bra-

sileiro chegava a uma média diária de 230 000 barris. Nesse mês, a Petrobras também avançou fortemente em termos de perfuração de poços, com a marca de 96 784 metros cavados. Um claro exem-plo brasileiro de tecnologia avançada. E antes mesmo que ecoasse pelas ruas o grito de “Diretas-Já”, em 1984, pensar novos rumos para a sociedade brasileira tornou-se algo cada vez mais abrangen-te no Instituto. Sucedendo Lauro Rios, assumiram Plínio Oswaldo Assmann (1983/1984) e José Roberto Bernasconi (1985-1989). Plínio Oswaldo Assmann reuniu os candidatos à presidência da República no projeto denominado “Bra-sil em Debate”. Tancredo Neves foi o úl-timo presidente eleito pelo voto indire-to, mas ficou doente e morreu, em abril de 1985, antes de tomar posse. Em seu lugar, assumiu o vice, José Sarney. Ain-da na gestão de Assmann, o IE discutiu de forma ampla o Plano Habitacional do Município de São Paulo. Mário Covas, então prefeito da cidade, compareceu ao Instituto para apresentar seu proje-to. O déficit habitacional do município, à época, era de 1 milhão de moradias.

* * *

Na gestão de José Roberto Ber-nasconi, o PMDB consegue vitória

estrondosa elegendo, por via direta, 22 governadores e 53% dos deputa-dos federais. Além disso, discutia-se uma nova Constituição por meio da Assembleia Constituinte. O Instituto tornava pública a divisa: “Precisamos Engenheirar este País”. Mais que um bordão destinado a ampliar o mercado de trabalho, essa era a filosofia a ser seguida pela entidade, cujos dirigentes consideravam vital uma Constituinte exclusiva. O IE abre um ciclo de de-bates que levou aos profissionais da área o pensamento das mais diversas correntes políticas, econômicas e filo-sóficas. Além disso, a entidade propõe alterações para o I Plano Nacional de Reforma Agrária. Também na gestão Bernasconi, o governador paulista, Franco Montoro, assinou o ato de ces-são definitiva ao IE, da área de aproxi-madamente 12 500 metros quadrados situada na Avenida Dante Pazzanese, na região do Ibirapuera, em São Paulo. O objetivo era construir uma sede pró-pria, uma vez que já havia acontecido a desapropriação do Palácio Mauá.

Antes, em 1983, durante a gestão de Plínio Oswaldo Assmann na presi-dência, o Instituto havia conseguido a promessa de adquirir aquela área de 12 500 metros quadrados, a título de pagamento do governo estadual. O

luiz inácio lula da siVa é eleito Presidente

do Brasil

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24 a 26 outubro 2011Foz do Iguaçu • PR

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E SPECIAL 95 ANOS

2004No Brasil No mundo

• O presidente nacional do PDT e ex-governador do Rio, Leonel de Moura

Brizola, morre aos 82 anos, no Rio. Ele foi internado com insuficiência respiratória e

sofreu infarto durante os exames.• O salário mínimo de 260 reais,

defendido pelo governo, é aprovado na Câmara menos de uma semana depois

de ter sido rejeitado pelo Senado, que havia determinado o valor de 275 reais.

• Em 19 de janeiro foi criado o Orkut, site de relacionamentos do Google. • O presidente norte-americano George W. Bush admite que Saddam Hussein não possuia armas de destruição em massa, numa entrevista à estação de televisão NBC. • Em 11 de março houve um grande atentado terrorista em Madri, Espanha. • Primórdios da crise financeira mundial que explodiria alguns anos depois. Tudo começou em 2004, quando a alta dos juros americanos provocou o deterioramento das carteiras de crédito hipotecário de alto risco (sub-prime).

2005No Brasil No mundo

• A Viação Aérea São Paulo (Vasp)

encerra suas atividades devido às dívidas acumuladas.

• A Seleção Brasileira de Futebol

torna-se bicampeã da Copa das

Confederações

• Mahmoud Abbas é eleito presidente da Autoridade Nacional Palestina, sucedendo a Yasser Arafat. • A Rússia e o Irã assinam um acordo de fornecimento de combustível nuclear russo para a futura central nuclear iraniana. • Em 2 de abril morria o papa João Paulo II.• Em 19 de abril o cardeal Joseph Ratzinger se torna o papa Bento XVI.

valor do terreno correspondia a uma parte do devido pela desapropriação. Para essa conquista, fruto de grande esforço, foi fundamental a iniciativa do próprio Assmann e outros membros do IE dedicados: José Roberto Bernas-coni, Maçahico Tisaka e Alfredo Mário Savelli (que viriam a ser presidentes do Instituto), Lauro Rios (que volta-ra a integrar o Conselho Deliberativo), Mário Custódio de Oliveira Pinto, Hé-lio Martins de Oliveira, entre outros que mobilizaram sua rede de contatos para negociar com o governo estadu-al. Somente em 9 de setembro de 1985 a mensagem do Executivo paulista foi transformada em lei pela Assem-bleia Legislativa, transferindo para o IE o terreno do Ibirapuera. O Instituto ainda aguarda receber do governo es-tadual o restante do valor da indeni-zação devido pela desapropriação do Palácio Mauá.

Em 1989, a democracia brasileira entrou em festa. Pela primeira vez, desde 1960, seriam realizadas eleições livres para presidente da República, depois de um período de 29 anos em que os presidentes foram eleitos indi-retamente, pelo Congresso Nacional. Os comícios levaram milhares de pes-soas às ruas. Nas urnas, o escolhido foi Fernando Collor de Mello. Nesse ano, o engenheiro Maçahico Tisaka (presiden-

te entre 1989 e 1992) estava no início de sua primeira gestão no IE. Em seu discurso de posse, sob a moldura da significativa frase “Falta engenharia na nossa economia”, Tisaka destacava a importância do movimento pela me-lhoria da produtividade, encampado, depois, pelo governo federal. De sua formulação participou o engº Ozires Silva, um daqueles engenheiros que, em 1965, haviam participado do pro-jeto do futuro avião Bandeirante. Sob o comando de Tisaka o Instituto abriu-se para a integração com as mais re-presentativas instituições da sociedade civil, como CNI, Fiesp, Associação Co-mercial de São Paulo, Ordem dos Ad-vogados e centrais de trabalhadores. O Instituto lutava para ampliar a abran-gência da discussão – além da defesa da profissão de engenheiro – para os grandes temas nacionais.

Com a posse de Fernando Collor, o engº Ozires Silva foi levado a Brasí-lia, como ministro da Infraestrutura. Sua proposta era a mesma que já ex-ternara em palestras feitas em várias entidades de classe: “O Brasil tem re-gulamentação demais, isso é que-rer fazer as cachoeiras correrem para cima. Os órgãos que cuidam de regu-lamentações devem ser extintos”. Além disso, o novo ministro era ardoroso defensor de um amplo programa de

privatizações incluindo a Previdência Social, o Banco do Brasil, as siderúr-gicas e outras estatais. O IE se debru-çou diariamente na análise do assunto. A então ministra da Economia do gover-no Collor, a economista Zélia Cardoso de Mello, no entanto, não pareceu mui-to interessada. Superministra, com mais poder que os ministros do tempo da di-tadura, Zélia não se mostrou disposta a seguir as ideias e acatar a sabedoria de um homem prático e experiente como Ozires. O governo Collor preferiu adotar o maior choque econômico da história do país. O chamado Plano Collor mudou a moeda, reintroduzindo o cruzeiro, e confiscou, por 18 meses, as contas cor-rentes e poupanças. No primeiro mês do plano, a inflação caiu de 84 por cento para 3%. Faltou, porém, uma equipe experimentada para administrar o Pla-no, o que não passou desapercebido ao mercado. Veio a aposta na inflação, que no final de janeiro de 1991 já passava de 20% ao mês. Ou seja, em um ano o país voltaria ao caos. Collor tentou o congelamento de preços e salários (Pla-no Collor II), mas faltava credibilidade a seu governo.

O presidente Fernando Collor tor-nou-se o primeiro chefe de Estado na história da América Latina a ser cons-titucionalmente removido do cargo em pleno mandato. Ele renunciou

criado o site de relacionaMentos do google

VasP encerrasuas atiVidades

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2006No Brasil No mundo

• Marcos Pontes, cosmonauta brasileiro, torna-se o primeiro nativo da língua portuguesa a ir para o espaço.• Em 30 de março, Cláudio Lembo toma posse como o

novo governador do Estado de São Paulo. • Entre 12 a 15 de maio, ataques e rebeliões espalhadas

pelos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, atribuídos ao PCC, deixam mais de 100 mortos.

• Em 24 de outubro, a companhia Vale do Rio Doce compra a mineradora canadense Inco e torna-se a

segunda maior mineradora do mundo.

• A Espanha proíbe o fumo em lugares públicos. • Em 4 de janeiro Ehud Olmert é empossado primeiro-ministro de Israel após Ariel Sharon ter sofrido um AVC. • Em 15 de janeiro Michelle Bachelet vence as eleições presidenciais do Chile, sendo a primeira mulher eleita para esse cargo na América do Sul. • Em 30 de dezembro Saddam Hussein é executado na forca.

2007No Brasil No mundo

• Edemar de Souza Amorim assume a presidência do IE (2007/2008). • Após vinte anos de espera, a Estação Cantagalo

do Metrô do Rio de Janeiro é aberta ao público. • Em 12 de janeiro, tragédia nas obras da construção da Estação Pinheiros da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo mata sete pessoas. • Em 17 de julho, acidente de um Airbus A320 da TAM, em São Paulo,

o voo TAM 3054, matou 199 pessoas. • Em 8 de novembro a Petrobras anuncia descoberta de bacia gigante de petróleo

e gás no litoral de Santos, estimada em seis bilhões de barris, transformando o Brasil numa nação exportadora de petróleo.

• Em 9 de Janeiro a Apple lança o celular iPhone.• A França abole constitucionalmente a pena de morte. • Em 11 de dezembro Cristina Fernández de Kirchner toma posse como a 56ª presidente da República Argentina.

2007/2008edeMar de souzaaMoriM

em dezembro de 1992, após início dos procedimentos para o seu impe-achment. As acusações de tráfico de influência e desfalques surgiram em maio daquele ano, feitas pelo próprio irmão caçula do presidente, Pedro Collor, e desembocaram numa minu-ciosa investigação, conhecida como “Collorgate”, numa alusão ao escân-dalo norte-americano de Watergate, ao cabo do qual o então presidente Richard Nixon renunciaria ao man-dato. Aliás, o sufixo “gate” passaria a ser usado cada vez que estourava um escândalo de grosso calibre.

Dois anos depois, em 1994, o en-tão ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, anuncia o Plano Real, para controlar a inflação, ampliar o poder de compra da população e incentivar a estabilização da moeda. É criada a Unidade Real de Valor (URV) – valen-do um dólar – um indexador de pre-ços que antecedeu a implantação da nova moeda, o real. Em 1º de junho, entra em cena o real, valendo também um dólar. Em 3 de outubro do mesmo ano, realizam-se no país eleições para presidente, governador, senadores e deputados federais e estaduais. O ex-ministro Cardoso, da coligação PSDB/PFL/PTB, é eleito em primeiro turno, com o apoio de 54,3% dos eleitores.

Começa a era FHC. A tônica do dis-curso do IE era pela “valorização dos investimentos empresariais com qua-lidade, contrapondo-se com a já co-nhecida falta de planejamento público, que prejudica o desenvolvimento de setores avançados e eficazes”.

Em 1996, FHC enviou ao Congresso emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial. Foi bem suce-dido, em primeira votação, em janei-ro de 1997, quando os parlamentares aprovaram a emenda que tornava a reeleição viável. Em 1998, com o dólar artificialmente valorizado, ele venceu, pela segunda vez, seu oponente Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). Em julho foi reali-zada no Brasil a segunda maior priva-tização do setor de telecomunicações do mundo, a venda em bloco do Sis-tema Telebrás. Na madrugada do dia 6 de março de 2001 um câncer na bexi-ga matou o governador paulista Mário Covas. A doença havia sido diagnosti-cada no final de 1998. A simpatia da sociedade e de apreciável parcela da classe política foi conquistada graças à sinceridade de Covas, refletida no seu temperamento explosivo, que chegou até a render-lhe agressões físicas em público. Covas estreou na política em 1961 pelas mãos do presidente Jânio Quadros e ele só não conseguiu reali-

zar seu sonho de ser eleito presidente da República. Com a morte de Mário Covas, assumiu o comando paulista o vice-governador Geraldo Alckmin.

Também a partir de março de 1998, o Programa de Concessões Rodoviárias de São Paulo transferiu à iniciativa privada a responsabilidade de recupe-rar e modernizar cerca de 3 500 quilô-metros de rodovias distribuídas entre 12 concessionárias, por uma área de influência que alcança 198 municípios paulistas. Isso permitiu o remaneja-mento de recursos públicos para áreas com maior capacidade de gerar benefí-cios sociais, como saúde, saneamento, segurança e educação. Desde abril de 2002, quando foi criada pelo gover-no paulista, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Trans-porte do Estado de São Paulo (Artesp) vem alcançando pleno êxito no seu ob-jetivo de promover e garantir a pres-tação de um serviço de transporte de excelência, seguro e sustentável, com-patível com as necessidades coletivas, ao longo dos milhares de quilômetros de estradas concedidas. O público está se declarando satisfeito: todas as pes-quisas têm demonstrado elevadíssimo índice de aprovação.

Na manhã de 11 de setembro de 2001, o mundo ficaria assombrado com o impensável até então: atentados

Marcos PontesPriMeiro cosMonauta Brasileiro

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E SPECIAL 95 ANOS

2008No Brasil No mundo

• Em 14 de fevereiro, a Petrobras anuncia desaparecimento de arquivos secretos sobre a descoberta da Bacia Tupi. • Em 26 de março a

Bovespa anuncia a fusão com a BM&F. • Em 3 de novembro os bancos brasileiros Itaú e Unibanco

anunciam fusão. • De 23 a 29 de novembro Santa Catarina registra a pior tragédia natural de sua história,

com cidades do Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Norte Catarinense duramente afetadas por enxurradas

e deslizamentos. Mais de 100 pessoas morrem.

• O preço do petróleo chega aos 100 dólares por barril pela primeira vez na história. • Em 19 de fevereiro Fidel Castro renuncia à presidência e o comando das forças armadas em Cuba. Seu irmão Raúl Castro é empossado como o novo presidente do país. • Em 26 de fevereiro o Vaticano libera ao público, arquivos sobre a Inquisição no século 16. • Em 2 de outubro irrompe a pior crise financeira mundial desde 1929.

2009No Brasil No mundo

• Aluizio de Barros Fagundes assume a presidência do IE (2009/2011). • A Seleção

Brasileira de Futebol torna-se tricampeã da Copa das Confederações na África do Sul. • Em 1º de maio a Petrobras realiza a primeira extração de petróleo da camada pré-sal do campo de Tupi.

• Em 19 de maio, fusão entre Sadia e Perdigão cria a gigante do setor alimentício Brasil Foods. • Em 2 de outubro o Rio de Janeiro é escolhido

como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

• Barack Obama toma posse como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2009, sendo o primeiro afrodescendente a ocupar esse cargo. • Em 14 de janeiro a economia da China supera a economia da Alemanha e torna-se a terceira maior economia do mundo. • Em 11 de junho a OMS declara que o surto de gripe A encontra-se em estado de pandemia, sendo a primeira pandemia do século 21.

2009/2013aluizio de Barrosfagundes

executados com grande precisão por meio de aviões de linhas comerciais americanas sequestrados por pilotos suicidas, com dezenas de passagei-ros a bordo, fizeram desabar as duas torres do World Trade Center (Torres Gêmeas), em Nova York, e parte do edifício do Pentágono, em Washing-ton. O milionário saudita Osama bin Laden – considerado o autor intelec-tual da ação – começa a ser caçado e passa a personificar o terror islâmico. Bin Laden só seria abatido, cerca de dez anos depois, em maio de 2011, em uma casa de três andares na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, ca-pital do Paquistão, onde se suspeita que ele tenha vivido por mais de cinco anos com três esposas, muitos filhos e cercado de vacas, galinhas e coelhos. Desde que começou a luta contra o terror, os Estados Unidos entraram em duas guerras. Uma no Iraque e outra no Afeganistão. O custo desse esforço de guerra até maio de 2011 era de cer-ca de US$ 1,4 trilhão.

* * *

No dia 27 de outubro de 2002, em segundo turno, foi reeleito para o go-verno paulista, Geraldo Alckmin, do PSDB. Ao mesmo tempo, também em 27 de outubro de 2002 (em segundo

turno) era eleito presidente da Repú-blica, Luís Inácio Lula da Silva, do PT. O governo Lula iniciou seu mandato prometendo grandes mudanças no ce-nário brasileiro. A eleição de Lula, que havia sido derrotado nos anos de 1989, 1994 e 1998, é marcada por fato his-tórico, por ter sido a primeira de um ex-operário ao posto mais importante do país. Em outubro de 2006, Lula se reelegeu para a presidência, derrotan-do o candidato do PSDB Geraldo Al-ckmin, sendo eleito no segundo turno com mais de 60% dos votos válidos contra 39,17% de seu adversário. Sua estada na presidência foi concluída em 31 de dezembro de 2010. O governo Lula terminou com aprovação recorde da população, conforme os diversos institutos de pesquisas, com número superior a 80% de avaliação positiva. Teve como principais marcas a con-tinuidade com êxito do Plano Real, a retomada do crescimento do país e a tentativa de redução da pobreza e da desigualdade social.

Pelos lados do IE, em 2005, duran-te gestão do presidente Eduardo Fer-reira Lafraia, foi aprovada uma nova estrutura para as atividades técnicas. Um dos principais objetivos da nova estrutura foi facilitar a criação de Di-visões Técnicas, com mais objetividade e eficiência, abrindo oportunidades a

qualquer associado de participar das atividades técnicas, desenvolvendo e aprimorando sua capacidade em-preendedora, a liderança e o trabalho cooperativo. A transformação consis-tiu, primeiramente, em criar os De-partamentos Técnicos, um para cada formação profissional. Passaram a ser 10 Departamentos, sendo oito de en-genharia, um de arquitetura e um de tecnologia e ciências exatas. Os oito de engenharia são enumerados conforme o registro do Crea: engenheiro civil, químico, mecânico, metalúrgico, de minas e geologia, agrimensor, agrôno-mos etc. Na engenharia de produção ficaram um departamento de arquite-tura e um departamento de tecnologia e ciências exatas.

O próximo presidente do IE foi o engº Edemar de Souza Amorim (2007-2008). Dois anos antes de se tornar presidente, ocupando a vice-presidên-cia de Atividades Técnicas, ele redigiu um novo regulamento geral definin-do os Departamentos e as Divisões de uma forma mais moderna e funcional. Já como presidente, um dos pilares de sua gestão foi trabalhar para o que o Instituto assumisse a liderança entre todas as entidades de engenheiros do país. Quando o Instituto foi criado, ha-via apenas uma instituição, o Clube de Engenharia, fundado ainda no século

fusão da BM&f coM a BoVesPa

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2010No Brasil No mundo

• A Petrobras se torna a segunda maior petrolífera do mundo e a quarta maior empresa do planeta, graças à capitalização de seus papéis na bolsa de valores. Em setembro, a estatal valia cerca de 225 bilhões de dólares. • Foi implementada a lei complementar

135/2010, a popularmente chamada de Lei da Ficha Limpa. • Em uma ação conjunta entre a polícia carioca e as Forças

Armadas, estas tomaram o poder no Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, que há anos estava dominada pelo tráfico. A ação durou seis dias. • Dilma Rousseff se torna a primeira mulher a

tomar posse como presidente da República no Brasil.

• Ocorre a explosão da plataforma de petróleo semissubmersível Deepwater Horizon no dia 20 de abril, no Golfo do México, nos Estados Unidos. A plataforma pertence à Transocean e estava sendo operada pela BP. Uma grande mancha de óleo se espalhou e chegou até ao estado de Louisiana.• Fim da Guerra do Iraque.

2011No Brasil No mundo

• Aluizio de Barros Fagundes assume seu segundo mandato como presidente do IE (2011/2013).

• Deslizamentos de terras devido a grande quantidade de chuvas matam mais de 800 pessoas na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Foi a maior catástrofe ambiental

do Brasil. • No dia 7 de abril vários alunos são baleados dentro da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do

Realengo, Rio de Janeiro. O assassino Wellington Menezes disparou pelo menos 60 tiros contra os alunos, matando 12 alunos(10 meninas e 2 meninos) e deixando vários feridos.

• Onda de protestos atinge o mundo árabe.• Após 16 dias sob pressão popular, Hosni Mubarak renuncia a presidência do Egito, depois de 31 anos no poder. • Um dos reatores da usina nuclear de Fukushima, no Japão, explodiu após terremoto no nordeste do país, provocando vazamento radioativo. • Anunciada a união da Bolsa de Valores de Nova York com a Bolsa de Valores de Frankfurt, tornando-se a maior do mundo.

19. Hoje existem aproximadamente 450 associações de engenheiros, arquitetos e agrônomos, com registro nos diver-sos Crea’s. Um marco de sua gestão foi o evento “Reconstruindo a Engenha-ria” quando houve um grande debate, sob dois aspectos: o profissional, sua formação e o ensino; e o associativo e de posicionamento perante o sistema Confea/Crea. O evento gerou discus-sões nacionais sobre o tema e ate hoje tem dado frutos, como a evolução da legislação e do ensino da engenharia. Outro evento marcante ocorreu quan-do da outorga do titulo de “Eminente Engenheiro do Ano” ao prefeito paulis-tano Gilberto Kassab, realizado no Au-ditório Ibirapuera, que atraiu milhares de pessoas, demonstrando um reco-nhecimento pelo prestígio do Instituto e do homenageado.

A primeira gestão do atual presi-dente, engº Aluizio de Barros Fagun-des, teve início em 2009. A segunda gestão começou neste ano de 2011 e vai até 2013. Seu depoimento: “Quan-do assumi a Presidência, em abril de 2009, havia dois desafios a enfrentar. O primeiro, recuperar o papel prepon-derante do Instituto como catalisador das grandes discussões sobre a aplica-ção da engenharia, atuando inclusiva-mente junto às associações, sindicatos, escolas e demais entidades de classe. O

segundo, buscar as condições de sus-tentação financeira da casa. Nestes dois anos que passaram, trabalhamos para definir e, se possível, finalizar o processo da antiga desapropriação do Palácio Mauá, tendo conseguido ajus-tar com o governo estadual o valor da indenização que, ainda em 2011, po-derá se reverter em precatório judicial. Por outro lado, tivemos forte atua-ção no setor, aglutinando discussões políticas com entidades patronais da classe, em caráter permanente. Além disso, recebemos na sede do Instituto vários representantes governamentais para apresentar problemas técnicos da infraestrutura. E deles ouvimos propostas e compromissos. Também conseguimos reunir as principais es-colas de engenharia do Estado de São Paulo e sua decisiva atuação na re-visão das nomenclaturas e conteúdo curricular das diversas especialidades de engenharia registradas no MEC; permeamos com eficiência os corpos discentes das escolas de engenharia, tendo trazido mais de 1 000 novos sócios universitários, futuro de nos-sa instituição; modernizamos o nosso site, que hoje já ocupa o quinto lugar nas consultas do verbete ‘engenharia’ no portal Google”. Segundo Aluizio de Barros Fagundes, ainda resta res-tabelecer as condições de sustentação

financeira, através da execução de edifício que abrigará a nova sede do Instituto de Engenharia e terá cerca de 7 000 metros quadrados de área para locação, capaz de trazer renda suficiente para este intento. “Conso-lidaremos a liderança do Instituto nas grandes discussões e propostas de re-alizações econômicas que envolvem a engenharia. Basicamente são estes dois vetores de trabalho que nos pro-pomos a oferecer aos associados e à sociedade paulista e brasileira durante nosso segundo mandato que se esten-derá até março de 2013.”

No plano federal, o governo Dilma Rousseff se inicia com a sua posse em 1º de janeiro de 2011. Ela havia derro-tado o candidato do PSDB, José Ser-ra, nas eleições de 2010, com 56,05% dos votos válidos, em segundo turno. O período é marcado por fato históri-co, pois representa a primeira vez que uma mulher assumiu o poder no Bra-sil no posto mais importante do país. Dilma Rousseff fazia parte do gover-no Lula, tendo sido ministra de Minas e Energia e, mais tarde, ministra-che-fe da Casa Civil do Brasil. Sua esta-da na presidência está prevista até o dia 1º de janeiro de 2015, podendo se estender por mais quatro anos, caso se candidate novamente e consiga se reeleger na eleição de 2014.

dilMa rousseff é eleita Presidente do Brasil

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Nos depoimentos de personalidades e líderes empresariais sobre a importância dos 95 anos do Instituto de Engenharia, vale ressaltar o reconhecimento de que a entidade é o denominador comum de todos os engenheiros e também que, em última análise, toda a história da entidade pode ser sintetizada em uma linha de ação: a promoção da engenharia brasileira. Mas não promoção através de atitudes egoisticamente corporativas e sim por meio do esforço pela contínua qualificação e atualização da atividade. Tanto que, se hoje a engenharia brasileira trabalha em condições tecnológicas sintonizadas com o que de melhor se faz no mundo, isso se deve, em parte, ao espírito inovador, modernizador e disseminador do Instituto. Além disso, numa nova realidade, em que pontificam grandes transformações tanto na economia como na sociedade brasileiras (e também nas relações econômicas e políticas entre os países), a tônica dos depoimentos é de que a força do Instituto, em sua interlocução com os mais variados agentes públicos e privados, continua fundada, como ocorreu desde a fundação, na independência de suas opiniões

brasileira, mas semO IE promove a engenharia

exclusivismo corporativistama das características do Insti-tuto de Engenharia (IE) ao longo de toda a sua história tem sido a

absoluta independência. Quando foi pre-ciso, apoiou medidas de caráter oficial, mas nunca se curvou a interesses que não fossem os da defesa da engenharia brasi-leira e do interesse público. A dedicação ao Brasil sempre foi a linha reguladora das posturas do IE, pouco importando de que lado as autoridades estivessem ou estejam. Para a introdução da série de depoimentos de personalidades e lideranças empresariais sobre os 95 anos do Instituto, que publicamos a seguir, escolhemos um líder empresarial igual-mente sintonizado com os interesses do Brasil: José Sérgio Gabrielli de Azevedo, presidente da gigante nacional do pe-tróleo, a Petrobras. Perguntamos a ele (como também aos demais depoentes), como encarava o papel do Instituto, do passado aos dias de hoje, quando com-pleta 95 anos. Seu depoimento: “Com suas Divisões Técnicas, mesas redondas, seminários, cursos e meios próprios de divulgação, o Instituto de Engenha-ria vem, ao longo de quase um século, contribuindo de forma efetiva para que os profissionais brasileiros do setor se mantenham na fronteira tecnológica da engenharia mundial. Como empresa altamente demandadora de serviços de engenharia para seus inúmeros projetos, a Petrobras acompanha com interes-se as iniciativas do Instituto. Afinal, a engenharia é o segmento profissional que permite transformar projetos em realidade concreta e produtiva”.

A seguir, os depoimentos das demais personalidades, lembrando que as duas perguntas formuladas foram: (1) Como encara o papel do Instituto de Enge-nharia (IE), do passado aos dias de hoje, quando completa 95 anos, levando-se em conta a profusão de novas tendên-cias tecnológicas, sociais e políticas que foram surgindo nas últimas décadas? e (2) Como vê a evolução da engenharia brasileira nos últimos anos e qual o seu papel no futuro próximo?

José Sergio Gabrielli de Azevedo – Como seu depoimento já está colocado acima, aqui vai uma breve biografia

do deponte. Baiano de Salvador, 61 anos, Ga-brielli é professor titular licenciado da Universi-dade Federal da Bahia (UFBA). Exerceu o car-go de diretor financei-ro e de relações com investidores da Petro-bras de 1º de fevereiro de 2003 a 21 de julho de 2005, quando foi

nomeado presidente da empresa. Gabrielli é graduado em eco-nomia pela UFBA onde também obteve mestrado com a dissertação “Incentivos Fiscais e Desenvolvimento Regional”. Em 1987, obteve o título de PhD em economia pela Universidade de Boston, com dissertação sobre o “Financiamen-to das Estatais no período de 1975 a 1979”. Entre 2000 a 2001 foi pesqui-sador visitante na London School of

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E SPECIAL 95 ANOS

Economics and Political Science, em Londres. Aparentemente, até chegar à Petrobras, Gabrielli sempre fora um acadêmico. Aos 26 anos, antes mes-mo do doutorado na Universidade de Boston (iniciado em 1976), já se tornara professor na Faculdade de Economia da UFBA enquanto fina-lizava o mestrado. Depois da estada nos Estados Unidos, quando se de-bruçou, com sofisticados métodos de econometria, sobre o financiamento das estatais brasileiras, voltou à velha faculdade, da qual se tornaria diretor de 1996 a 2000, depois de percorrer na instituição todos os degraus da car-reira docente. Sua trajetória na UFBA se completaria com o cargo de pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, em 2002, logo depois da temporada em Londres. Na verdade, em paralelo à bem-sucedida vida acadêmica, Ga-brielli sempre exerceu seu lado políti-co, por gosto, em certa medida, mas certamente imbuído também de uma noção da política enquanto missão, que marcou fortemente boa parte da geração 1968. Militante do mo-vimento estudantil do final dos anos 1960, destacando-se em posições le-gais, como a de presidente do Diretó-rio Central dos Estudantes (DCE) na Bahia, tanto quanto em articulações subterrâneas, dado seu vínculo com a Ação Popular (AP), partido clandestino então no trânsito entre a esquerda católica – seu lugar de origem – e os domínios marxistas, Gabrielli ter-minou enfrentando um período de prisão em 1970. Já no final da década, encontrou-se naturalmente entre os fundadores do Partido dos Trabalha-dores (PT) e, poucos anos depois, em 1990, como um disciplinado quadro do partido, aceitou a candidatura a governador do Estado da Bahia, uma tarefa extremamente árdua, tanto mais quando seu mais forte adversário era o todo-poderoso senador Antonio Carlos Magalhães – previsivelmente, o vencedor daquela campanha.

Gilberto Kassab – Para o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kas-sab, o papel que o Instituto de Enge-nharia vem desempenhando desde a sua fundação é de extrema relevância

não só para os engenheiros, mas para o país. “Bas-ta recordar momentos h i s t ó r i co s como, por e xemp lo , a s a t i v i -dades do Ins t i tu to

durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando constituiu um polo de resistência, ajudando os paulistas na sua luta por uma nova e democrática cons-tituição para o Brasil. É interessante destacar também o papel do Institu-to na regulamentação da profissão de engenheiro, sua conexão com a criação da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) ou ainda na questão do Proálcool, quando o Instituto, desde a metade dos anos 1930, já defendia o aproveitamento do álcool como combustível. A instituição foi se aprimorando com o passar dos anos, mantendo seu padrão de excelência, preocupada com a evolução da en-genharia e o papel dos engenheiros na sociedade e no desenvolvimento do país. O Instituto hoje permanece como um importante fórum de dis-cussões de ideias e é preciso ressaltar a colaboração de suas áreas técnicas na difusão de novas metodologias e no debate constante, extremamente necessário nos dias de hoje.”

Sobre o papel da engenharia no futuro, disse Kassab: “A engenharia brasileira está, certamente, entre as mais avançadas do mundo. O Brasil é um país globalizado e oferece ao engenheiro a oportunidade de acom-panhar as tendências mundiais e, in-

clusive, de formar tendências. Temos capital humano de excelente nível e essa qualificação manterá o Brasil sempre na vanguarda desse processo e como um dos principais formuladores mundiais de técnicas produtivas”.

Paulo Skaf – O presidente da Fede-ração das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, considera que “ao completar 95 anos de existên-cia, o Instituto de Engenharia reforça

sua relevância e seu compro-misso com os grandes temas nacionais. Ao longo de todos esses anos, a entidade tem acompanha-do a evolução tecnológica do setor ao

mesmo tempo em que mantém vi-vas a história e a tradição de nossa engenharia. Sempre alinhada com os interesses estratégicos da nação, a instituição tem a capacidade de usar o conhecimento acumulado para apon-tar caminhos e identificar tendências em áreas fundamentais para o nosso desenvolvimento, como a indústria, a infraestrutura e a habitação”. Seus prognósticos sobre a engenharia no futuro: “A engenharia é uma ciência de fundamental importância na vida da sociedade, no desenvolvimento de um país. A engenharia brasileira tem sabi-do acompanhar, em excelente nível, as rápidas e constantes transformações tecnológicas pelas quais tem passado o mundo. O Brasil é um país que con-tinua crescendo, até mesmo resgatan-do uma dívida social para com o seu passado. Assim, a engenharia tem um papel preponderante na evolução deste país. Desde o aspecto habitacional, passando pelas plantas empresariais, até chegar às grandes obras de arte no campo da infraestrutura pública”.

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Paulo Go-doy – O pre-s i d e n t e d a A s s o c i a ç ã o Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Ab-

dib), Paulo Godoy, em seu depoimento sobre os 95 anos do Institu-to de Engenharia, dis-se: “Ao longo de sua existência, o Instituto se firmou como uma entidade de referên-cia no país, buscando divulgar e certificar a atividade dos profis-sionais da engenharia, valorizando o setor, sempre se adaptando às novas demandas sociais e tecnológicas. Sempre trabalhando em defesa dos profis-sionais brasileiros para regulamentar e divul-gar sua atuação, para que a engenharia bra-sileira fosse respeitada por seu avanço tecno-lógico, e contribuindo para o desenvolvimen-to econômico e social do país”. Sobre como a Abdib e as empre-sas a ela ligadas vêm se comportando nos últimos anos e as ex-pectativas para futuro, Paulo Godoy disse: “Os investimentos no setor de infraestrutura são crescentes e temos perspectivas bastante positivas de crescimento econômico. Em 2011, os investimentos podem atingir, em um cenário otimista, 160 bilhões de reais, considerando os setores de petróleo e

gás – exploração e produção, refino, gás e energia –, energia elétrica, te-lecomunicações, saneamento básico e transportes – todos os modais, in-clusive portos e aeroportos. Com dois dos maiores eventos internacionais no horizonte – a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016

–, no Brasil há boas expectativas de negócios, mas o país precisa estar pre-parado para o crescimento dos inves-timentos em infraestrutura, com uma cadeia produtiva fortalecida, para que tenha condições de confirmar as perspectivas positivas de crescimento econômico nos próximos anos”.

Jurandir Fernandes – O secretário dos Transportes Metropolita-nos do Estado de São Paulo, Jurandir Fer-nandes, assim se pronunciou

s o b r e os 95 anos do Insti-tuto de Engenharia: “Para mim, é uma sa-tisfação constatar que em apenas nove déca-das e meia, o Instituto consolidou-se como um dos mais impor-tantes instrumentos de desenvolvimento pro-fissional e cultural dos engenheiros. E ao mes-mo tempo, conseguiu ser fiel a sua missão de promover a enge-nharia em benefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade. Estou certo que o Instituto conse-guirá, por ser um foro privilegiado de discus-sões de toda natureza, enfrentar com sucesso os desafios que se im-põem nestes primeiros anos do já chamado Século da Tecnologia,

marcado por processos irreversíveis de internacionalização e de interdepen-dência econômica”.

Sobre o papel da engenharia brasi-leira para o futuro próximo, Jurandir Fernandes disse: “Nossa engenha-ria tende a tornar-se cada vez mais competitiva, embora o norteador

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deste processo seja o crescimento econômico do país como um todo. Reduzir o custo Brasil, aprofundar as reformas, diminuir as taxas de juros, tornar o Estado mais eficiente, orga-nizar institucionalmente as parcerias público-privadas [PPPs], são algumas das medidas necessárias e urgentes. Isso tudo sem perder de vista questões que vão além das fronteiras geográficas e se tornarão cruciais nas próximas décadas, como preservação do meio ambiente, produção de alimentos, escassez de água, grandes concentrações populacionais nas megalópoles e nas regiões metropolita-nas. A engenharia será ferramenta im-portantíssima para responder às grandes demandas no setor de infraestrutura – energia, telecomunicações, saneamento e, sobretudo, transporte de massa, que servirão de base para sustentar o pleno desenvolvimento de novos processos produtivos. Expor, debater e articular as grandes questões que envolvem a engenharia é manter-se vinculado com os anseios da sociedade e, seguramente, o Instituto continuará exercendo papel de destaque nestas questões.”

Emanuel Fernandes – O secretário estadual de Planejamento e Desenvolvi-mento, Emanuel Fernandes declarou que “a engenharia teve papel preponderante na construção do império greco-romano. Após esse período, seu desenvolvimento

ficou um pouco arrefecido, salvo algumas exce-ções. Porém, no s ú l t imo s 200 anos, com o advento das engenhar ias elétrica, me-cânica, aero-espacial e a informática

voltou a ter desempenho decisivo nas grandes transformações mundiais com a geração de novas tecno-logias. Portanto, a engenharia, em todos

os seus ramos e campos de aplicação, caminhou lado a lado dos processos de inovação em nossa sociedade. Como espelho fiel dos anseios da categoria, o Instituto de Engenharia também teve participação fundamental nesse proces-so”. Sobre como as empresas ligadas à engenharia e construção vêm evoluindo nos últimos anos e suas expectativas para futuro próximo, Emanuel Fernan-des disse: “No momento atual do Brasil experimentamos uma fase em que o país está se urbanizando rapidamente. Com isso, as demandas da população por moradia, obras de infraestrutura, portos e aeroportos, entre outros, estão em crescimento. As perspectivas são as me-lhores possíveis para o futuro próximo. Mas um dado chama a atenção e serve como alerta. O Brasil hoje forma poucos engenheiros para desenvolvimento do país. Nos próximos anos vamos precisar multiplicar o número de engenheiros e pós-graduados na área das engenharias para melhorarmos o nosso desempenho”.

Sergio Henrique Passos Avelleda – O presidente do Metrô de São Paulo, Sergio Henrique Passos Avelleda, declarou que “há 43 anos o Instituto de Engenharia é parceiro do Metrô de São Paulo, seja para discutir novas soluções de engenharia

ou para a rea-lização de au-diências públi-cas e debates que discutem projetos para o M e t r ô ”. Sobre como a Compa-n h i a d o Metrô vem evoluindo

nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Avel-leda disse: “O Metrô de São Paulo vem recebendo do governo do Estado inves-timentos vultosos nos últimos anos para a expansão da sua rede e modernização das linhas existentes. Hoje estamos com

70,6 quilômetros de linhas e 61 estações. No horizonte de 2014, a previsão é de que teremos 80 quilômetros de linhas e 72 estações”.

Ozires Silva – Conhecido como o homem que fez a Embraer “decolar” em 1970 – tendo sido seu primeiro presiden-te –, o engenheiro Ozires Silva foi o “Emi-nente Engenheiro do Ano de 1980”. Além de ter liderado o grupo de engenheiros

que promoveu a criação da Embraer, Ozi-res dirigiu a empresa até 1986 e, pos-teriormente, entre 1991 e 1 9 9 5 , quando a empresa foi privatizada. Seu depoi-

mento: “O Instituto de Engenharia, como outras instituições equivalentes em todos os países, ao longo destes pri-meiros 95 anos tem dado contribuições expressivas ao progresso da engenharia e aos investimentos na infraestrutura brasileira, hoje cada vez mais carente de empreendimentos diferenciados que contribuam significativamente para a competitividade da produção nacional. No mundo global, no qual já estamos irreversivelmente inseridos, não podemos pensar pequeno. Precisamos de alertas, de estudos, de contribuições, para que as mobilidades, tanto material como intelectual, possam assegurar e favorecer o impressionante leque de oportunidades aberto pelo mundo moderno. No futuro, vemos que este processo de abertura mundial, já real, vai se aprofundar e se generalizar. Deste modo, a presença do Instituto de Engenharia em São Paulo não pode deixar de ser considerada im-portante e, para tanto, é necessário que seus associados, por difícil que possa parecer, participem mais das faces, hoje múltiplas, do progresso e desenvolvi-

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mento do Estado e do país”.Sobre a forma como as empresas de

engenharia e construção vêm evoluindo nos últimos anos e suas expectativas para futuro próximo, Ozires declarou: “Como sabemos, o desenvolvimento da construção civil privada vem prosperan-do de forma ampla e variada, estimulada por mecanismos financeiros criativos co-locados em jogo no mercado nos últimos anos. Essa expansão abre oportunidades marcantes, tanto para a construção pro-priamente dita como para os fornece-dores de componentes e equipamentos, imprimindo uma dinâmica diferenciada para as iniciativas dos incorporadores e empreendedores. No setor de obras públicas, sempre importantes para o exercício de complexos projetos de en-genharia, infelizmente no nosso país, sempre dependente das autoridades

do setor, não se têm projetado grandes iniciativas, as quais sempre dependem de concessões legais. Todas estas, na atualidade, são submetidas a extensos elencos de normas e regulamentos que mais funcionam como restrições do que realizações. Os recursos públicos dispo-níveis, escassos para manter a custosa máquina burocrática governamental, não têm podido ser orientados para os grandes investimentos, hoje em posições – eu diria – críticas. As concessões go-vernamentais, que poderiam superar tais dificuldades da administração pública, foram complicadas pelas regulamenta-ções das leis que regem a matéria e pas-saram a ser cercadas por desconfianças que não deveriam existir”.

Adriano Branco – O engenheiro eletricista e administrador Adriano

Murgel Branco, especialista e con-sultor em transportes, habitação e políticas públicas, foi secretário esta-dual dos Transportes e da Habitação e membro dos conselhos de adminis-

tração da De-senvolvimen-to Rodoviário S.A. (Dersa), da Compa-nhia do Me-t rô de São Pa u l o , d a Companhia Paulista de Trens Me-tropol i ta-

nos (CPTM) e eleito o “Eminente Engenheiro do Ano de 2008” pelo Instituto de Engenharia. Seu depoimento: “É indiscutível a

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importância do Instituto, em seus 95 anos de existência, como organismo propulsor do progresso. Foi sempre um arauto das novas tecnologias e teve participação ativa no debate das questões políticas e sociais. Neste campo, deixou-se influenciar, por vezes, por correntes mais conserva-doras, nascidas da presença em seus quadros de pessoas e entidades muito voltadas para os seus próprios inte-resses econômicos. Mas isso é fruto da heterogeneidade de grupos que participam do debate social. Mesmo assim, são memoráveis os embates ocorridos, por exemplo, em torno do desenvolvimento das fontes de eletri-cidade e dos meios de transporte, que marcaram época nos idos de 1957. Foram muitos os ilustres engenhei-ros que dirigiram o Instituto. Mas o homem-síntese, na minha avaliação, sem desdouro aos demais dirigentes, foi Plínio de Queiroz. De formação política conservadora, nunca se furtou ao debate e, ao mesmo tempo, defen-deu projetos e iniciativas em favor do Brasil, com elevado conteúdo de visão de futuro. Resume-se a sua atuação no termo por ele criado, de ‘engenha-ria global’, defendendo a tese de que a engenharia, sem alcance social, tem valor muito relativo”.

Sobre como as empresas ligadas à engenharia e construção vêm evoluin-do nos últimos anos e quais suas ex-pectativas para futuro próximo, Adria-no Branco disse: “As oportunidades que o desenvolvimento nacional tem oferecido ao progresso da engenharia são paralelas ao esforço da engenharia para alcançar esse desenvolvimento. Em vários campos da engenharia, par-ticularmente o da construção, o Brasil nada deve aos países mais desenvol-vidos. Em algumas tecnologias mais sofisticadas é, por vezes, necessário a recorrer a parceiros com empresas sediadas em países que cultivam mais o desenvolvimento científico e a pes-quisa. Mas é assim em todo o mundo.

O patamar de desenvolvimento que o Brasil vem alcançando, em especial no resgate de amplas fatias da sociedade, da pobreza em que viviam, constitui oportunidade ímpar de progresso nos próximos anos. Desde que esse resga-te, que hoje se processa em grande dimensão, seja correspondido por uma dedicação crescente à educação e à formação profissional”.

Marcos Túlio de Melo – O presi-dente do Conselho Federal de Enge-nharia, Arquitetura e Agronomia (Con-fea), Marcos Túlio de Melo, assim se pronunciou: “Nascido nos anos 1910, duas décadas antes do nosso Siste-

ma Confea/C re a , p o r -t an to uma e n t i d a d e precursora, o Instituto d e Eng e -nharia de-sempenha e sempre d e s e m -p e n h o u

um importante papel em prol do desenvolvimento da qualidade e da credibilidade dos profissionais, da valorização da en-genharia e do avanço científico e tecnológico do nosso país. Ao longo de sua existência, em cada época histórica do Brasil, manteve-se ati-vo e participante das discussões de questões importantes, inclusive nos momentos políticos mais decisivos para a construção da democracia bra-sileira. Nas discussões técnicas, em diversas fases, também contribuiu com os debates que buscavam novas tecnologias e a evolução do país, a exemplo do primeiro avião nacional e do metrô de São Paulo, cujas obras, de acordo com o histórico do próprio Instituto, foram idealizadas e acom-panhadas pela entidade, bem como obras de diversos outros segmentos.

A solidez do Instituto, além da sua renovação e postura vanguardista, têm contribuído para a consolidação de importantes políticas públicas para o crescimento sustentável do Brasil. Por muitas outras ações, comemorar os 95 anos dessa importante entidade profissional é um momento de grande orgulho para a engenharia brasileira, principalmente pela seriedade e pela competência técnica do Instituto, que é um exemplo de como uma organiza-ção pode valorizar os profissionais por ele representados. A caminho do seu centenário e da construção de uma nova sede, não tenho dúvidas de que o Instituto de Engenharia continuará nos orgulhando. Parabéns a todos os dirigentes que, ao longo desses 95 anos, construíram essa belíssima história”.

Sergio Tiaki Watanabe – Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Sergio Tiaki Watanabe, “o Instituto de Engenharia teve e continua tendo um importan-

te papel como impuls iona-dor do desen-vo lv imento tecnológico. Suas diversas atuações ao longo des-ses 95 anos são remar-cáveis, tais c o m o a

contribuição ao de-senvolvimento do carro a álcool e a construção do Metrô paulista. Nos últimos anos, o Instituto também tem assumido um papel relevante, ao sediar os debates da construção pau-lista com candidatos ao governo do Estado e à prefeitura de São Paulo”. Sobre como as empresas ligadas ao SindusCon-SP vêm se comportando nos últimos anos e as expectativas

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para futuro próximo, Sérgio Watana-be disse: “Desde 2005, a construção tem crescido de forma muito expres-siva, a ponto de hoje vivermos uma situação de pleno emprego no setor, frente a uma demanda incessante por novas obras. A expectativa é de que esse crescimento se sustente ainda pelos próximos anos, em função das grandes carências habitacionais e de infraestrutura do país. Neste cenário, e com a perspectiva de manutenção da escassez de mão de obra, a ten-dência da construção será cada vez mais a de se industrializar, investindo em novas tecnologias construtivas. As grandes expectativas do setor são a desoneração dos investimentos que lhe possibilitem a apropriação dessas tecnologias, bem como uma política nacional de formação de mão de

obra, para qualificar os futuros pro-fissionais que precisarão estar atua-lizados com esses novos processos construtivos”.

João Crestana – Presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais d e S ã o Pa u l o ( Secov i -SP ) , o engenheiro João Crestana declarou: “Encaro o enge-nheiro como um verdadeiro opera-dor do desenvolvi-mento. A dimensão de suas atribuições vai muito além da-quela comumente

vista por nós no dia a dia, sob uma ótica até tradicionalista, por assim dizer. Suas aptidões transformaram-se numa espécie de ‘elo de ligação’ entre as mais variadas profissões e atividades, dentre elas, as imobiliárias, por exemplo. Nesse contexto, uma entidade com o quilate do Instituto de

Engenharia veio, desde o seu início, somar possibilidades aliadas a uma envolvente e eficaz atuação. Em-bora quase centenária, apresen-ta-se versátil, possibilitando um imenso leque de influências, seja na área industrial, de obras, de pesquisas, de ações sustentáveis, enfim, sua presença marcante em praticamente todos os cená-rios de influência do país sempre encontrou respaldo, inclusive e principalmente nas esferas

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políticas. Em sua essência, o Instituto de Engenharia é um verdadeiro fórum permanente de debates de assuntos de interesse da sociedade em âmbito nacional”.

Sobre como as empresas ligadas ao Secovi-SP vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, João Crestana disse: “Para gerar um bom legado é necessário planejar, decidir o que fazer, como fazer, definir a modelagem e elabo-rar planos, projetos, para aí, então, gerenciar cuidadosamente. Essa é a escola do Secovi-SP e, creio, também a do Instituto, uma entidade parcei-ra que nunca fugiu ou ficou alheia à luta quando a sociedade civil foi convocada à discussão dos assuntos mais importantes para o desenvolvi-mento da cidade e do país. Depois de quase duas décadas estagnado, o mercado imobiliário passou, nos úl-timos anos, a aflorar em um enorme campo de possibilidades reais. Então, o que querem os homens que fazem o mercado imobiliário num futuro próximo? Continuar a ser respeitados e demandados da melhor maneira possível, a fim de oferecer à sociedade um de seus direitos fundamentais. A engenharia, que é ciência, técnica e até arte, é e será sempre uma das grandes molas propulsoras dessa ca-deia de desenvolvimento”.

Rodrigo Vilaça – O presidente da Associação Brasileira de Logística (As-log), Rodrigo Vilaça, declarou: “O Ins-tituto de Engenharia é uma instituição sólida, atual e responsável. Suas opiniões eco-am nos mais diversos debates envolvendo a sociedade civil or-ganizada brasileira há quase um século. O desenvolvimento social, político, econômico e tecnológico do país foi

amplamente discutido e cristalizado a partir da sua participação nos prin-cipais momentos da história brasileira contemporânea. A expectativa de um Brasil melhor, um Brasil ‘do presente’, consolidado como potência econô-mica e tecnológica no cenário global ao longo dos últimos anos nos coloca perante novos desafios. A realização de eventos esportivos mundiais, a acolhida da população de baixa renda pelo mer-cado consumidor de massa, a necessi-dade de avanços concretos na questão da infraestrutura logística do país, a premissa da competitividade aliada à preservação ambiental e a evolução do Brasil das commodities para o Brasil dos produtos tecnologicamente mais desen-volvidos são bandeiras que o Instituto de Engenharia certamente empunhará nos próximos cinco anos, rumo ao seu centenário. Tanto a iniciativa privada quanto seus correlatos no setor público precisam cuidar da formação de novos quadros, jovens talentos, profissionais qualificados para o atendimento da demanda que se projeta e se necessita para o crescimento da nação. Nossos votos são os de sucesso, responsabi-lidade e humanismo ao Instituto pela passagem de seu 95º aniversário, rumo ao centenário”.

Sobre como as empresas ligadas à Aslog vêm evoluindo nos últimos anos e suas expectativas para futuro, Rodrigo Vilaça assim se pronunciou: “As empre-sas apoiadoras da Associação Brasileira de Logística, não restritas a operadores logísticos e prestadores de serviços de

transporte de cargas, mas também a expoentes dos mais diversos setores da economia brasileira e mundial, acompa-nharam atentamen-te o crescimento da importância do as-sunto ao longo das últ imas décadas, notadamente no tocante a processos

operacionais, tecnologias aplicadas e desenvolvimento de talentos. Os pro-fissionais do setor estão entre os mais destacados colaboradores de organi-zações públicas e privadas cuja missão seja proporcionar à sociedade serviços de qualidade, ambiental e socialmente responsáveis, capazes de movimentar produtos, informações e serviços desde a extração de matérias-primas até o consumo final de itens imprescindíveis ao cidadão comum, tais quais alimentos, medicamentos, peças e componentes, eletroeletrônicos, vestuário e materiais de consumo em geral. No contexto do ciclo sustentável da economia brasileira, os profissionais de logística serão cada vez mais solicitados a propor soluções para as questões de infraestrutura viária e portuária, distribuição em massa e produção eficiente. O futuro próximo é agora, o presente concreto. Milhares de profissionais formados nas empresas e na academia ao longo dos últimos 20 anos são a mão invisível por trás do atendimento às demandas da so-ciedade, quiçá podendo contribuir para a expansão da atividade econômica e empresarial brasileira em todo o mundo. A produção brasileira que abastece os diversos países com os quais mantemos transações de comércio exterior poderá e deverá ser, cada vez mais, disponibilizada em qualquer ponto do globo terrestre por mãos, recursos, tecnologias, veículos e talentos brasileiros”.

Álvaro Rodrigues dos Santos – O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, presidente da ARS Geologia Ltda., é

formado pela Universidade de São Paulo em 1968 e teve sua carreira técnica basicamente desenvolvida no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), tendo sido diretor da divisão de Minas e Geologia Aplica-da e diretor executivo de planejamento e gestão

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da instituição. Seu depoimento: “Pen-so que em essência toda a história do Instituto possa ser traduzida em uma virtuosa linha de ação: a promoção da engenharia brasileira. Não a promoção acomodadamente corporativa, mas a promoção por sua contínua qualifi-cação e atualização. Se hoje a enge-nharia brasileira trabalha em condições tecnológicas sintonizadas com o que de melhor se faz no mundo, muito se deve ao espírito inovador, moder-nizador e disseminador do Instituto de Engenharia, como também à sua intransigência na defesa dos interesses maiores da sociedade brasileira. Por outro lado, nesse novo mundo pontua-do por grandes mudanças na economia e na sociedade brasileiras, como nas relações econômicas e políticas entre

os países, nunca é demais lembrar que a força do IE em sua necessária e natu-ral interlocução com os mais variados agentes públicos e privados tem sido sempre fundada na independência de suas opiniões”.

Sobre como as empresas ligadas à geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente vêm evoluindo nos últi-mos anos e as expectativas para futuro próximo, Álvaro Rodrigues dos Santos respondeu: “Depois de um longo perí-odo econômico recessivo, que obrigou nossas grandes empresas de consulto-ria e projetos a reduzir em muito seu pessoal técnico do quadro permanente e a diversificar seu campo de atuação, estamos hoje ainda nos readaptando para o atendimento de um novo cenário desenvolvimentista. Dois aspectos novos

merecem destaque nesse novo cenário: a consolidação empresarial de profissio-nais autônomos e de pequenas e médias empresas de consultoria e projetos – surgidos como decorrência da crise que atingiu as grandes empresas no período recessivo anterior – e a falta de pessoal técnico especializado para dar conta da grande demanda colocada por inúme-ros novos grandes empreendimentos. Ou seja, o momento é auspicioso para a engenharia nacional, e para o setor geotécnico em particular, mas temos que equacionar e dar boa solução para a formação e qualificação da mão de obra especializada que é fortemente demandada. Para tanto, a intervenção ativa do Instituto de Engenharia será fundamental, especialmente no Estado de São Paulo”.

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Moacyr Duar-te – O presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, ABCR, Mo-acyr Duarte, declarou: “Em tempos de grandes desafios para o país, que precisa eliminar garga-los em sua infraestrutu-ra para crescer de forma sustentada, é de extrema importância para o setor contar com uma instituição de alta credibilidade e tradição, como o Instituto de En-genharia. Promover a valorização da engenharia, estimulando o aperfeiço-amento e a troca de informações entre profissionais, estudantes e a sociedade civil, é fundamental neste momento, em que os avanços tecnológicos são outro fator de importância inquestio-nável. Vale ressaltar, ainda, iniciativas como a criação da Câmara de Arbitra-gem. Além de oferecer às empresas de engenharia uma alternativa ao Poder Judiciário, a Câmara de Arbitragem proporciona um espaço para soluções de conflitos, minimizando possíveis prejuízos decorrentes de uma ação judicial.”

Sobre como as empresas ligadas à engenharia e construção vêm evoluin-do nos últimos anos e as expectativas para o futuro, Moacyr Duarte disse: “Com o crescimento econômico, as empresas de engenharia e construção voltaram a ganhar especial importância nos últimos anos. No setor de rodovias, juntamente com as concessionárias que administram os trechos passados à iniciativa privada, assistimos a chegada ao país de tecnologias voltadas para a operação dessas vias que têm contribuído para o desenvolvimento do setor”.

João Alberto Viol – O presi-dente do Sindicato Nacional de Empresas de Arquitetura e En-genharia Consultiva (Sinaenco),

João Alberto Viol, declarou: “O Instituto de Engenharia tem desempenhado um papel pro-eminente no desenvolvimento da engenharia brasileira des-de sua fundação, em 1916, por um grupo de renomados engenheiros liderados por Antônio Francisco de Paula Souza, seu primeiro presi-dente. Pode-se afirmar que

as principais iniciativas ligadas ao desenvolvimento tecnológico e à construção da infraestrutura brasileira nas mais diversas áreas da engenharia teve participação ativa do IE, por inter-médio de seus dirigentes e associados, a partir de sua constituição. Entre elas podemos citar o desenvolvimento ener-gético, do saneamento, metroviário e rodoferroviário, da indústria aeronáuti-ca, da informática e telecomunicações, entre outras. O Instituto sempre foi um defensor incansável da valorização dos profissionais e da engenharia brasileira ao longo desse quase um século de atuação e, por isso, é uma das mais respeitadas entidades da engenharia no Brasil”.

Sobre como as empresas ligadas ao Sinaenco vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, João Alberto Viol disse: “As mais de 20 000 empresas de arquite-tura e engenharia consultiva represen-tadas nacionalmente pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia têm apresentado um crescimento expres-sivo, especialmente neste primeiro de-cênio do século 21. Após passar por

um período de intensa crise, principalmen-te nos anos 1990, as empresas de projeto, gerenciamento, ae-rofotogrametria e supervisão de obras, entre outras áre-as, passaram – e passam – por um período de grande

demanda e de maior valorização de sua atividade por parte de contratantes públicos e privados e da sociedade, fato essencial para a realização de obras de qualidade, com custos adequados e que permitem deixar um legado para as futuras gerações. Esse movimento as-cendente decorre, é claro, também das condições macroeconômicas favoráveis, com a estabilidade da economia e o crescimento do investimento público e privado na infraestrutura do país. Porém, é preciso ressalvar que o Brasil ainda precisa investir mais no plane-jamento, como instrumento essencial para o seu desenvolvimento, de forma sustentável e sólida”.

Eduardo Barros Millen – O presiden-te da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), Eduardo

Barros Millen, declarou: “Foi na década de 1960 , ma is precisamente entre os anos de 1965 e 1969, quan-do cursava engenharia civil na Es-cola Poli-

técnica da USP, que conheci o Instituto de Engenharia, tendo frequentado muitas vezes sua sede de campo, onde eu e um grupo de colegas ‘matávamos’ um dia de aulas para pas-sarmos momentos agradáveis jogando futebol e nadando na piscina. Isso foi o início, para que, após formados, pu-déssemos começar a entender melhor o papel de uma associação com princípios voltados para o bem público, ética, va-lores humanos e de desenvolvimento da tecnologia da engenharia. Princípios que se mantiveram por estes anos todos até hoje e certamente continuarão para o futuro. As inúmeras atividades desen-volvidas pelo Instituto de Engenharia, através de publicações técnicas, semi-

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nários, palestras, da excelente biblioteca, garantem ser ele uma alavanca para o avanço tecnológico. Também, como não poderia deixar de ser, o Instituto mantém-se sempre atento à política, para fornecer informações e cobrar deci-sões do poder público visando melhorias para a vida de todos nós”.

Sobre como as empresas ligadas à Abece vêm evoluindo nos últimos anos e suas expectativas para o futuro, Edu-ardo Barros Millen assim se pronunciou: “A Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural com seus 16 anos completados em outubro de 2010, foi fundada com o objetivo maior da valorização do engenheiro projetista de estruturas, tarefa de difícil execu-ção, visto que a sociedade, e até mesmo muitos engenheiros, não sabem exata-mente a sua função, suas obrigações e,

principalmente, suas responsabilidades. Os nossos associados englobam desde empresas uniprofissionais até as maiores do território nacional. Contamos com 15 regionais no Brasil e com a sede em São Paulo (SP). Escritórios com mais de 10 anos já passaram por fases boas e ruins, que se alternam constantemente, procurando se manter atualizados tecno-logicamente com uso de computadores e softwares modernos para poder oferecer o melhor serviço voltado para qualidade, segurança, durabilidade e menor custo de obra. Essa a nossa meta de sempre, para mostrar aos contratantes que bons projetos estruturais, que se custam 3% do valor da obra a mais, garantem re-sultados de até 30% de economia nos materiais. O futuro das empresas ligadas à Abece, nos próximos 10 anos, será sem dúvida, de muito trabalho e no limite de

sua capacidade, sendo que para atender essa demanda a Associação desenvolve cursos profissionalizantes de capacitação e atualização para engenheiros e proje-tistas da área estrutural”.

Luciano Amadio – O presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas, (Apeop), Luciano Amadio, declarou sobre os 95 anos: “Confundem-se em boa medida a história do Instituto de Engenharia e a dos planos, projetos e obras da infraes-trutura pesada e dos serviços públicos do Estado e da capital

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de São Paulo. Dos relativos à primeira e moderna autoestrada paulista, a Via Anchieta, e às hidrelétricas da Cesp, até a principal resposta aos desafios atu-ais da mobilidade urbana, que é a de um amplo sistema metroviário. E a tais funções somam-se hoje as de enfrenta-mento – como fórum de debates e de orientação dos profissionais da engenha-ria – das demandas do desenvolvimento tecnológico, colocadas na perspectiva do imperativo da competitividade de um mundo globalizado”. Sobre como as empresas ligadas à Apeop vêm evoluindo nos últimos anos e quais suas expecta-tivas para o futuro próximo, Luciano Amadio respondeu: “O ingrediente mais significativo das mudanças vividas nos últimos anos pelas construtoras filiadas à Apeop tem sido a combinação do tra-dicional papel de executantes de obras e serviços contratados pelas três esferas do governo com o de parcerias com o poder público através de modalidades como as PPPs e concessões. Por meio das quais as empresas assumem responsabilidades de financiamento, execução e gestão de tais obras e serviços nas diversas áreas da infraestrutura econômica e social. Um exemplo de iniciativa da direção da Apeop voltada ao desempenho do novo papel é a montagem de um con-sórcio de empresas associadas dispostas a participar da licitação do megaprojeto do Trem de Alta Velocidade, o TAV”.

José Roberto Cardoso – Professor da Escola Politécnica e coordenador

do programa de educação continuada para enge-nheiros da centenária i n s t i t u i -ção, José R o b e r t o Ca rdoso , ass im se r e f e r i u

aos 95 anos do IE:

“Entendo que o papel do Instituto conti-nua sendo o de defensor da engenharia nacional. Deve levantar as principais bandeiras que afligem a profissão, tais como: a rápida internacionalização, o ex-cesso de denominações – esta já liderada pelo Instituto –, e a melhoria do rendi-mento na produção de engenheiros, seja pela escola pública como também pela escola privada”. Sobre como as empresas ligadas à engenharia e construção vêm evoluindo nos últimos anos e as expec-tativas para futuro próximo, o professor José Roberto Cardoso disse: “Em minha opinião estão evoluindo bem. Exceto no caso da engenharia civil, temos grande competência no projeto. O mesmo não pode ser dito, no entanto, para as demais profissões. Hoje em dia fabricamos na-vios e não projetamos navios, fabricamos trens e não projetamos trens, fabricamos plataforma de petróleo e não projetamos plataformas de petróleo. Estamos viran-do o grande mestre de obras do planeta, sem tecnologia própria em várias áreas estratégicas”.

Julio Cerqueira Cesar Neto – O engenheiro civil Julio Cerqueira Cesar

Ne t o é c o -nhecido pelos seus constan-tes pronun-c i amentos , artigos, pa-lestras e tra-balho sobre problemas hidráulicos, sanitários, ambien-

tais e de gestão de recursos hídricos. Seu depoimento sobre os 95 anos do Instituto de Engenharia: “Concordo com os so-ciólogos e cientistas políticos que consideram o neoliberalismo que de-fende o governo mínimo já superado. Os governos continuam extremamente necessários, porém hoje não são mais suficientes. Não conseguem mais cobrir

a complexidade já atingida pela nossa sociedade sem a participação da socie-dade civil organizada. O nosso Instituto certamente se constitui numa das mais importantes, representativas e respei-táveis organizações à nossa disposição para essa importante função por tudo o que já apresentou nesses 95 anos. Entretanto a missão é árdua. Embo-ra a nova Constituição de 1988 tenha sido chamada de ‘cidadã’ acredito que estamos assistindo nesses 23 anos a um retrocesso nesse sentido. As nossas autoridades estão cada vez mais des-preparadas e a sociedade cada vez mais desorganizada e omissa. Perdeu o elã de outros tempos. Perdeu a capacidade de se indignar com ações e omissões das autoridades que hoje se preocupam exclusivamente com os processos eleito-rais. Essa ausência atinge também nossos colegas engenheiros que não têm dado o suporte necessário para o Instituto cumprir a sua nobre função social. Senão vejamos a precária situação da infraes-trutura da quarta metrópole do mundo no que se refere a abastecimento de água, tratamento de esgotos, proteção de mananciais, poluição das águas e do ar, processo de urbanização a montante da Penha, enchentes, habitação etc. A gravíssima situação das enchentes de-corre de decisão do governo, em 1998, de executar a segunda fase da amplia-ção da calha do Tietê, ciente de que o projeto estava ultrapassado. Com certeza são motivos suficientes para alimentar no mínimo uma revolta popular. Mas ninguém reclama. Temos de acreditar que essa situação vá se reverter”.

Mario Franco – O engenheiro Mario Franco (“Eminen-te Engenheiro do Ano de 2001”), fez o seguinte pronunciamento sobre os 95 anos: “O Instituto de Engenharia tem

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uma imensa tradição de presença atuante em todos os setores da engenharia pau-listana e nacional. Tem sido um órgão de grande peso na difusão e debate das novas tecnologias que foram surgindo ao longo desses 95 anos, e de batalha pelas grandes causas da engenharia”. Sobre como as empresas ligadas à engenharia, arquitetura e construção vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Mario Franco disse: “As empresas ligadas à engenharia, à arquitetura e à construção têm cami-nhado acompanhando passo a passo a evolução das técnicas, quer de projeto – culminando recentemente com início da implantação do BIM [Building Infor-mation Model ou Building Information Modeling, que significa tanto Modelo de Informação da Construção quanto Mo-delagem de Informação da Construção,

é um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de um edifício], quer de construção, com o uso crescente da protensão, do con-creto de alto desempenho, do concreto autoadensável, do concreto colorido, do aço na construção civil. Nossa arquitetura continua tendo grande relevância inter-nacional, da qual muito nos orgulhamos e reflete a evolução da tecno-logia na engenharia”.

Mauro Viegas Filho – O presidente da Concre-mat, Mauro Viegas Filho, fez a seguinte declaração: “O Instituto de Engenharia, sempre se destacou como uma entidade técnica, ética e que busca estar sempre em dia com a evolução da

engenharia no Brasil e no mundo. O Instituto sempre teve preocupação com a diversidade de novas tecnolo-gias e interfaces com impactos sociais e políticos, que vêm cada vez mais se tornando um grande desafio na implantação de grandes projetos de engenharia. Neste momento, em que o Brasil se apresenta como um dos pa-

íses emergentes com grandes investimentos em infraestru-tura, é fundamental o pa-pel do Instituto em buscar conciliar o desenvolvimen-to com sustentabilidade, participando ativamente, através de suas diretorias, na divulgação das novas tecnologias e, por meio de debates e palestras técnicas, de soluções no

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estado da arte da engenharia”. So-bre como a Concremat e as empresas de engenharia e construção em geral vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para o futuro, Mauro Viegas Filho disse: “A Concremat, em particular, e as empresas de engenharia e construção em geral, vêm evoluindo na capacitação de suas equipes espe-cializadas nas melhores técnicas de gerenciamento dos projetos. Para tal, a Concremat desenvolveu um progra-ma de MBA ‘in house’ que neste ano formará as primeiras duas turmas com 80 profissionais pós-graduados em gerenciamento de projetos. O grande desafio das empresas de engenharia neste momento é a capacitação de suas equipes e seleção de novos técnicos ca-pazes de enfrentar a demanda de novos empreendimentos no futuro próximo”.

Marcelo Cardinale Branco – O s e c r e t á r i o municipal de Transportes, Marcelo Car-dinale Bran-co, declarou: “Ao l ongo dos seus 95 anos, o Ins-t i t u t o d e Engenha-ria tem se

mostrado um alicerce que ajuda a usar as lições do passado e projetar inovações para o futuro. Para uma cidade como São Paulo, que não para de crescer, o conhecimen-to discutido entre as paredes da sua sede propicia a tomada de decisões importantes para solucionar questões como a mobilidade urbana, seja na ocupação do solo, na criação de regras e metodologias para ampliar e rees-truturar o transporte coletivo. Com o aumento da preocupação ambiental, a Secretaria de Transportes do Município de São Paulo tem dado os primeiros e decisivos passos em direção à mudança

da matriz energética. E as sugestões e histórias dos associados do Instituto de Engenharia e seus convidados auxi-liam tanto nas ações como na avaliação das medidas adotadas”.

Wilson Brumer – O p re s i d e n t e da Usiminas, Wilson Bru-mer, assim se expres-sou sobre os 95 anos: “ A e n -genha r i a brasi leira tem lida-do , n o s ú l t i m o s

anos, com o desafio de estar em constante evolução tecno-lógica para assegurar competitividade e desenvolvimento sustentável ao país. Nesse sentido, o Instituto de Engenha-ria tem sido um dos principais fóruns catalisadores de conhecimento entre profissionais, acadêmicos e estudantes. Não há país maduro no mundo em que a circulação do saber não seja acessível e prioritária. Por isso, ao completar 95 anos, o Instituto alinha-se a esta causa, sinalizando para o futuro, mais do que a relevância do ofício de engenheiro, o país que queremos ser”. Sobre como a Usiminas e demais empresas ligadas de alguma forma à engenharia e cons-trução vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para o futuro como fornecedores de matérias-primas, Wil-son Brumer disse: “A Usiminas está em plena consecução de um ousado plano de investimentos. Fechamos 2010 com investimentos recordes de 3,2 bilhões de reais, e para 2011 planejamos mais 2,8 bilhões de reais. Os projetos, fo-cados na modernização tecnológica das nossas unidades e na agregação de valor aos produtos, nos habilitarão ainda mais a participar dos grandes projetos nacionais como o Programa de Aceleração do Crescimento [PAC],

Pré-sal, Minha Casa, Minha Vida, além dos grandes eventos, como a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016. Acredito que se o Brasil ambiciona uma rota de crescimento sustentado, torna-se cada vez mais premente a concretização de grandes projetos de infraestrutura. E a Usiminas está pre-parada para atender ao crescimento da demanda, oferecendo desde um portfólio de laminados planos com alto conteúdo tecnológico até projetos industriais de maior complexidade, por meio da Usiminas Mecânica. Queremos ser a solução completa e mais tecnoló-gica para nossos parceiros de negócios, contribuindo para fomentar o uso do aço no mercado como alternativa com-petitiva e sustentável”.

Ricardo Ribeiro Pessôa – O presi-dente da UTC Engenha r i a , Ricardo Ribei-ro Pessôa, as-sim se referiu aos 95 anos: “O Instituto de Engenha-ria, uma das mais sólidas instituições do país, ao

l ongo de sua s nove décadas e meia representa, de forma séria e independente, o seg-mento da engenharia do Estado de São Paulo e do Brasil. Cada vez mais, pelo seu posicionamento, tem como papel principal, a responsabilidade de conti-nuar levantando, abordando e dando soluções – como sempre fez – que contribuam para o desenvolvimento do país. Sempre atual, o Instituto poderá no futuro contribuir, estruturando-se para assumir posição de vanguarda na abordagem de novas tendências tecnológicas que proporcionem sempre menor custo, mais produtividade e me-lhor qualidade. Parabéns ao Instituto de Engenharia”.

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Thadeu Penido – O presidente do conselho de administração do Grupo Ser-veng, Thadeu Penido, as-sim se pro-nunciou: “A Serveng vê o Instituto de Engenharia como uma referência

no acompanhamento da evolução tecnológica da engenharia no Brasil. O Instituto é um ponto de convergência dos conhecimentos de engenharia, e um forte agente da captação e redistribuição destes

conhecimentos entre seus associados, impactando no desenvolvimento da infraestrutura e da sociedade”. Sobre como a Serveng vem evoluindo nos últimos anos e quais suas expecta-tivas para futuro próximo, Thadeu Penido disse: “A Serveng acredita na franca expansão do setor e de seus negócios, e vem passando por um processo de forte transformação e expansão nos últimos anos, com a profissionalização de sua liderança e a conquista de profissionais de grande valor, fatores-chave para se posicio-nar entre os principais players da engenharia no Brasil. No segmento de engenharia e construção, a Serveng está reestruturando completamente seus processos e sistemas de gestão,

com o objetivo de capacitar-se para absorver o forte crescimento que vem acontecendo, e que, acredita-se, continuará nos próximos anos. Os in-vestimentos em novos equipamentos e tecnologias construtivas são igual-mente intensos e contínuos. Além disso, no segmento de mineração de agregados, a Serveng vem expandin-do e modernizando suas unidades, buscando continuamente renovar sua tecnologia de produção e eficiência operacional. Este segmento, que nas-ceu há 50 anos como apoio à enge-nharia da Serveng, transformou-se em uma área de negócios focada em atender as necessidades do mercado, posicionando a Serveng como um dos três principais players no país”.

INSTITUTO DE ENGENHARIA

História de trabalho na construção do futuro

95 anos valorizando a Engenharia

Homenagem do SINICESP

Parceiro em memoráveis conquistas

SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO PESADA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Renato Giusti – O presidente da Associação Bra-s i le i ra de Ci-mento Portland (ABCP), Renato Giusti, fez a se-guinte declara-ção: “O Brasil passa por um m o m e n t o e c o n ô m i c o muito favo-rável, onde a

construção civil é um grande alavancador para o desenvolvi-mento do país. Dados recentes men-cionam que até 2022 serão necessários investimentos de mais de 2 trilhões de reais em infraestrutura. Essa constatação reforça ainda mais algo que há muito se sabe: a importância dos transportes, da energia, do saneamento e das telecomu-nicações para o bem-estar econômico e social da população. Tudo isso resulta em expressivos investimentos nesses setores, demandam equipamentos e tec-nologias de última geração, que reúnem informações técnicas que só podem e devem ser tratadas por intermédio de entidades idôneas e por meios de comunicação sérios, como é o caso do Instituto de Engenharia e de sua mídia impressa, a REVISTA ENGENHARIA”. Sobre como as empresas ligadas à ABCP vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Re-nato Giusti disse: “O Brasil segue firme o caminho do desenvolvimento, com programas e iniciativas que certamente ajudarão a melhorar nossa posição en-tre as maiores economias do mundo. A disponibilidade de recursos e linhas de crédito, o estabelecimento de marcos regulatórios, a definição de políticas públicas, entre tantas outras decisões, foram e seguem sendo primordiais para esse cenário promissor e pujante. Gra-ças a esse conjunto de ações, o país transformou-se em um canteiro de obras. São estradas, aeroportos, está-dios e complexos esportivos, centros

comerciais, hospitais, escolas, obras de saneamento, ruas, praças e centros de lazer, além da tão sonhada casa própria para milhares de famílias brasileiras. Eis a contribuição da construção civil e da nossa indústria do cimento, que fornecem a infraestrutura necessária ao crescimento do país e à valorização de nossa população. O setor de cimento, sempre atento e preparado para atender às necessidades do mercado, passou a ser ainda mais demandado. Isso le-vou a investimentos no aumento de instalações e na construção de novas fábricas e readequação da logística com o objetivo de manter o mercado abastecido. Em 2010, a produção de cimento alcançou 59,1 milhões de to-neladas, aumento de 14,8% em relação a 2009, nível de produção que mantém o Brasil entre os 10 maiores produtores mundiais. Todo esse cuidado e rigor da indústria em manter o mercado brasi-leiro sempre abastecido se traduzem no fato de que o cimento participa do desenvolvimento de um grande país, construindo qualidade de vida”.

M á r c i o C a n c e l l a -ra – O vice-presidente da A s s o c i a ç ã o Brasileira de Engenharia I n d u s t r i a l ( A b e m i ) , Márcio Can-cellara, as-sim se pro-

nunciou: “O Instituto de Engenharia é uma das principais referências da engenharia brasileira. O Instituto foi um dos responsáveis pela consolidação da engenharia no país e tem conseguido se manter absolu-tamente sintonizado com os avanços tecnológicos nos vários segmentos de atuação dos engenheiros. Como enti-dade independente, mantida apenas por seus associados, o Instituto está

no centro de todas as discussões fun-damentais para o desenvolvimento do país – em especial nos assuntos rela-cionados à infraestrutura. É um fórum aberto, democrático, e funciona como um respiradouro entre o meio técnico e acadêmico e a sociedade do país. Com seus cursos, seminários e congressos, o Instituto também desempenha impor-tante papel na educação continuada de profissionais e no estímulo aos jovens engenheiros que chegam ao mercado de trabalho”.

Sobre como as empresas ligadas à Abemi vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para o futuro, Márcio Cancellara disse: “O setor da engenharia industrial vive um ciclo de crescimento consistente, depois de enfrentar séria crise nos anos 1990. Os negócios da área evoluíram mais nos últimos dois anos do que nos 10 anos anteriores e todos os indicadores apontam para um vigor ainda maior no próximo período, comandado por investimentos nos seg-mentos de óleo & gás, e de mineração & siderurgia. Em resposta aos efeitos da crise econômica dos anos 1980 e 1990, a engenharia nacional está respondendo positivamente aos desafios do momento, entre eles o aumento da competitividade das empresas e a formação e reciclagem da qualificação de profissionais em to-dos os níveis. Enfim, a engenharia está fazendo a sua parte, e esperamos que os governantes consigam eliminar os fatores que ainda limitam a presença da indústria brasileira na economia mundial”.

Arsenio Negro – O presidente da A s s o c i a ç ã o Brasileira de Mecânica dos Solos e Enge-nharia Geotéc-nica (ABMS), Arsenio Negro, fez a seguinte declaração: “O Instituto de En-genharia chega

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aos 95 anos com a sua vitalidade pre-servada, esbanjando força, visão de futuro e dinamismo. Trata-se de uma conquista que merece ser comemo-rada por toda a comunidade técnica brasileira. Assim como a ABMS, que completou 60 anos em 2010, o Instituto precisa estar preparado para atender às demandas crescentes do mercado profissional, que são repassadas aos nossos associados. O presente e o futuro imediato exigem do engenheiro conhe-cimentos interdisciplinares, capacitação em múltiplas especialidades, habilida-de para trabalhos em rede, ação com comprometimento social, mentalidade empreendedora e habilidade linguística. Estes são os desafios que se apresentam ao profissional de engenharia hoje e nas próximas décadas. O Instituto saberá cumprir bem o seu papel e apoiar os seus associados nesse mundo novo e ainda mais desafiador”.

Sobre como a ABMS e as empresas ligadas à entidade vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Arsenio Negro disse: “Exemplo de clássica associação de conhecimento [Learned Society], a ABMS e seus associados individuais e corporativos estão respondendo bem

aos novos tempos, em que o conhe-cimento não é mais privilégio de ini-ciados, de detentores do poder ou da razão. O conhecimento é distribuído hoje ‘em nuvem’ e vale agora menos do que valia. A chave é descobrir o uso para o conhecimento, valorizar sua aplicação e melhor servir ao indi-víduo e à sociedade. Os profissionais mais valorizados hoje são aqueles com capacidade de atuação multidis-ciplinar e visão abrangente, capazes de usar a informação disponível para inovar, criar novos conceitos, produ-tos e serviços. O desafio da ABMS é contribuir para a formação desse novo profissional”.

Hugo Cássio Rocha – O presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) da As-sociação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécni-ca (ABMS), Hugo Cás-sio Rocha, declarou: “O Instituto de Engenharia é a casa do engenheiro paulista. É o palco de encontros técnicos fun-damentais para o aprimo-

ramento profissional. Nós, do Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS, somos assíduos frequentadores e parceiros do Instituto. Lá realizamos reuni-ões técnicas, simpósios, palestras e workshops. É um espaço devotado à engenharia, à busca incessante de mais qualidade técnica, à conquista de mais desenvolvimento tecnológico e aprimoramento profissional. O Insti-tuto é, portanto, a casa do CBT, a casa dos tuneleiros paulistas e brasileiros”.

Sobre como as empresas ligadas ao CBT vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Hugo Cássio Rocha afir-mou: “A engenharia brasileira vive um momento excepcional. O país entra, para valer, no caminho do

desenvolvimento sustentável. Fundamental para isso são os investimentos em infra-estrutura, na construção de estradas, portos, aeroportos, hidrelétricas, metrôs e trens de alta velocidade. Neste contexto, as obras subter-râneas têm papel funda-mental, uma vez que boa parte da infraestrutura se desenvolve nos grandes

A dignidade dos 95 anos de história já bastariam.

O INSTITUTO DE ENGENHARIA de São Paulo, no entanto, foi além, contribuindo significativamente para

a evolução da engenharia nacional.

Congratulamos a entidade, orgulhosos por testemunhar esta trajetória de sucesso.

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Planos estratégicos de implantaçãoGerenciamento de empreendimentosApoio gerencial

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centros urbanos, muito adensados e sem espaço na superfície. As expec-tativas dos nossos associados, tune-leiros, projetistas e construtores são, portanto, muito otimistas. Deixamos de ser um país de um futuro sempre adiado. Somos uma nação que cons-trói o seu futuro com um plano de obras na mão. Olhamos para frente com muita esperança e, ao mesmo tempo, com realismo: o Brasil do fu-turo está agora muito mais próximo do que antes imaginávamos. E temos certeza que este futuro passa pelas obras subterrâneas”.

Dario Rais Lopes – Dario Rais Lopes é ex-s e c r e t á r i o paulista dos Transportes, e s c o l h i d o pelo Institu-to de Enge-nharia como “Eminente Engenhei-ro do Ano de 2005” e

atualmente é diretor de desenvolvimento de negócios da concessionária de rodovias EcoRo-dovias. Sua declaração sobre os 95 anos: “O Instituto de Engenharia é, indiscutivelmente, o principal centro de preservação, incentivo e desenvol-vimento da excelência na engenharia nacional. Após um longo período de estagnação, em especial pela retra-ção dos necessários investimentos em infraestrutura, o grande desafio para as empresas nacionais ligadas à engenharia e construção é recuperar e manter os níveis de competitivi-dade que caracterizaram boa parte do século passado. Com qualidade e articulação – fatores para a im-plementação dos quais o papel do Instituto é de extrema importância –, este desafio poderá ser superado, ge-rando uma perspectiva positiva para

o futuro da engenharia brasileira”.

Joaquim Lopes da Silva Junior – O presidente da Empresa Metropolita-na de Trans-portes Urba-nos (EMTU), J o a q u i m Lope s da S i lva Ju-nior, assim s e p r o -nunciou:

“O Instituto de En-genharia tem representado o legado dos seus fundadores com a pro-posição de defender os direitos da categoria e dos interesses da classe, a regulamentação e a cooperação profissional e o posicionamento frente a questões nacionais. Desde a fundação, desempenha papel de destaque em defesa dos interesses da classe no sentido de propagar, junto aos engenheiros e à sociedade, as novas tecnologias em benefício das melhorias sociais da população. Em diversas ocasiões, tive a oportunida-de de testemunhar essa disposição, ao participar de eventos no Instituto. Em data recente, estive na abertura do Simpósio Trólebus, em que a classe e a sociedade discutiram sobre este transporte de média capacida-de, eficaz na redução da poluição e melhoria das condições ambientais e que proporciona mais conforto ao usuário, principalmente quando utilizado em corredores segregados. A EMTU, empresa que presido, par-ticipa desse esforço ao desenvolver projetos de corredores de ônibus e terminais nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixa-da Santista, utilizando-se de novas tecnologias – com destaque para o ônibus a hidrogênio, que concorre ao prêmio Greenbest 2011. Ao substituir o diesel como combustível, ajuda a

tornar mais puro o ar que respira-mos e traz um maior conforto aos usuários do transporte sobre pneus”.

José Luiz Saes – O presidente da Assoc ia-ção Brasileira d e E m p r e -sa s de En-genharia de Fundações e Geo t e c -nia (Abef), Jo sé Lu i z Saes, assim se pronun-ciou: “Em

minha opi-nião, como engenheiro apaixonado pela profissão, o Instituto de Enge-nharia tem a função primordial de lutar permanentemente pela valo-rização da engenharia nacional e, principalmente, dos engenheiros, que precisam estar melhor prepara-dos. Fico contente ao saber que o Instituto, segundo seu presidente Aluizio de Barros Fagundes, já deu os primeiros passos nesse sentido. As empresas ligadas à Abef sempre procuraram, apesar de pouco ou nenhum incentivo, estar em dia com as últimas técnicas e equipamentos, como fizeram nas décadas de 1960 e1970, para poder atender com su-cesso as grandes obras executa-das nessas décadas – hidrelétricas, rodovias, metrôs, entre outras. É importante lembrar que o Brasil foi talvez o único país do Hemisfé-rio Sul que conseguiu executar as grandes obras sem a necessidade de importar firmas especializadas em fundações e geotecnia. Pelo contrário, foi um país exportador destes serviços. Exportou, por exem-plo, para a Venezuela, Chile, Argen-tina e para alguns países da África. A minha expectativa para o futuro é boa, porém cautelosa, uma vez que dependerá do crescimento que

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devemos esperar para ver se é sus-tentável ou não”.

Lindolpho Souza – O presi-dente da Associação Brasileira de Consul-tores de Engenharia (ABCE ) , L indo lpho Souza, fez o seguinte depoimento: “Ao lon-go da história do de-senvolvimento tecno-lógico do país, no que concerne à participação da engenharia brasileira, um papel de reconhecido destaque cabe ao Instituto de Enge-nharia, que através de seus membros, sempre esteve presente nos grandes e decisivos momentos que carac-terizaram a evolução deste setor.

Ao percorrermos as diversas fases de desenvolvimento e presença da engenharia brasileira nos cenários

técnicos, econômicos e sociais do país, sempre se poderá constatar a participação ativa do Instituto de Engenharia, como estimulador e indutor do reconhecimento e da im-portância deste segmento na vida do país. A REVISTA ENGENHARIA, órgão do Instituto, com primoroso padrão de conteúdo e for-ma, é um dos principais

veículos brasileiros com esse objetivo. As empresas da ABCE, pelos seus profissionais, tiveram o privilé-gio e a oportunidade de participar desta marcha gloriosa do Institu-to de Engenharia. Para os desafios

do futuro, onde os principais sinais apontam para novas tendências nos cenários tecnológico, econômico, so-cial e político, ao Instituto de Enge-nharia, certamente estará reservado um importante papel a desempenhar, como também prosseguirá neste seu caminhar em prol da valorização da engenharia brasileira”.

Sobre como as empresas ligadas à ABCE vêm evoluindo nos últimos anos, Lindolpho Souza declarou: “A ABCE, como uma das instituições voltadas para a valorização da enge-nharia, congrega atualmente as mais importantes empresas brasileiras de consultoria de engenharia atuantes em todos os setores de infraestru-tura, indústria, mineração, energia elétrica, petróleo e gás, transportes, recursos hídricos e saneamento, meio

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ambiente e demais áreas da enge-nharia e arquitetura. Conta com apoio interdisciplinar da economia, direito, ciências humanas e demais áreas do conhecimento técnico e científico. Seu objetivo focal é promover a valorização desse setor estratégico da engenharia brasileira, orientando os investidores que precisam do seu know-how. Para isso, a ABCE mantém relações com quem contrata os serviços das con-sultoras, clientes públicos ou priva-dos, procurando orientá-los sobre as práticas mais adequadas de seleção e contratação das empresas. O cenário atual é estimulante. Neste contexto, o principal desafio, é o do convencimento dos setores contratantes de que esta atividade, além de estratégica, é deter-minante para o sucesso ou insucesso de um empreendimento, seja público ou privado, de pequenas ou grandes dimensões. Os fatores básicos, da defi-nição dos processos ou do projeto con-ceitual dos empreendimentos, em seus aspectos técnicos, econômicos e sociais, são definidos pelos estudos e projetos realizados pelas empresas de engenha-ria consultiva ou núcleos de técnicos dos investidores. A valorização deste setor de atividades, deve se constituir num dos compromissos da sociedade brasileira, e cujos benefícios se darão no curto prazo, em especial no setor público, com obras tendo orçamento definidos e confiáveis, assegurando os prazos de execução e a qualidade das mesmas, além da transparência na sua execução. A valorização deste setor de atividades deve, pois, constituir-se num compromisso da sociedade brasileira. E o Instituto de Engenharia tem sido um dos melhores exemplos neste esforço”.

Sobre as expectativas do setor de consultores de engenharia para futuro próximo, Lindolpho Souza declarou: “Há que se reconhecer que a demanda de consultoria de engenharia para estudos e projetos industriais e de infraestrutura é elevada e crescente. O gerenciamento de obras importantes nos setores elétrico,

petróleo e gás, transportes, saneamento, entre outros, mobilizam equipes multi-disciplinares de empresas de consultoria em todo o país. Os empreendimentos do PAC nos mais variados setores, as obras para a Copa do Mundo e Olimpíadas, investimentos privados em expansão na indústria, o setor de óleo e gás em plena carga, tudo isso retrata esse novo ciclo de desenvolvimento do país. Esse cenário promissor, bem como as gran-des mudanças em curso no país e no âmbito mundial, levou a ABCE a uma ampla revisão e profunda reestruturação administrativa, resultantes de um plano estratégico ambicioso para os próximos cinco anos. As empresas igualmente se reestruturam para responder à crescente demanda de serviços e novas exigências tecnológicas no seu mercado. Entretan-to, torna-se necessário e urgente um novo e moderno posicionamento dos contratantes, no sentido do reconheci-mento de que esta atividade de enge-nharia consultiva requer um tratamento condizente com a natureza do ‘produto’ que delas se espera, ou seja, do uso objetivo do conhecimento, associado a técnicas e ferramentas modernas de trabalho. Dentre as ações e mudanças, destaca-se a adoção de condições de contratação, da seleção com qualificação específica em função do objeto dos ser-viços e uma estrutura de preços condi-zente com os requisitos desta atividade. São incompatíveis com estes objetivos atitudes de contratantes, em especial do setor público, sob a justificativa da pressa nas contratações para cumprir prazos, muitas das vezes irreais, como no caso dos grandes eventos, adotando o critério de licitações de engenharia por menor preço e até mesmo por pregão. Não se convenceram, ainda, de que serviços de consultoria de engenharia se contratam pelo critério maior da técnica e da qualidade, tendo nos preços a sua referência econômica, em função da complexidade dos empreendimentos e dos seus objetivos. Neste cenário pro-missor do setor e do país, há um desafio

adicional, qual seja o da formação de profissionais nas diversas áreas da enge-nharia, questão esta na qual o Instituto de Engenharia está também engajado. Em 2011 a demanda específica é de 50 000 novos engenheiros e, para o futuro próximo, de pelo menos 80 000 por ano. O setor brasileiro de estudos, projetos e gerenciamento de empreendimentos de engenharia, designado como consultoria de engenharia ou engenharia consultiva, está muito demandante de mão de obra especializada, já agora escassa. A ABCE persegue uma ação urgente junto às instituições de ensino para a formação de profissionais devidamente qualificados para o exercício de uma engenharia em constante e acelerada evolução, um ver-dadeiro processo de mutação em curso. As universidades e centros de pesquisa estão precisando de mais recursos para adaptar-se a sempre novas realidades e demandas mais exigentes em todas as áreas da engenharia. E o Instituto de En-genharia pela sua tradição e experiência, tem investido com êxito em programas importantes de formação profissional”.

Murilo Celso de Campos Pinheiro – O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp), Murilo Celso de Campos P i n h e i r o , afirmou: “O Instituto de Engenharia é uma das

instituições mais antigas da engenharia paulista e vem sendo, em quase um século de história, uma referência importantíssima para todos os profissionais como nós. O avanço tecnológico observado hoje torna ainda fundamental o trabalho de formação desenvolvido pelo Instituto por meio de cursos e outras atividades. Assim, os 95 anos do Instituto de Engenharia

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nas médias e grandes cidades brasileiras. Nossa expectativa para o futuro é de que os investimentos em infraestrutura de transporte – qualquer que seja o modal – ganhem aceleração.”

Afonso Mamede – O presidente da Associação Brasileira de T e c n o l o g i a p a ra Equ i -pamentos e Manutenção (Sobratema), Afonso Ma-mede, assim se expres-s o u : “ O Instituto de

Engenharia tem um papel de relevada importância no cenário nacio-nal. Foi uma das entidades precursoras do associativismo na área da engenharia. Participou da criação do Crea, da Uni-versidade Mauá, Cosipa etc.; opina na elaboração de planos de governo; tem participação ativa nos grandes temas nacionais ligados a engenharia nacional. Inclusive gostaria de acrescentar que entre todas as publicações ligadas a área de engenharia, a REVISTA ENGE-NHARIA está entre as mais importantes. Aborda temas relevantes e atuais com a devida profundidade. A sua contribui-ção é inquestionável para um país que, como o Brasil, busca firmar a sua posi-ção no cenário internacional mas que ainda possui grandes dificuldades na sua infraestrutura”. Sobre como as empresas ligadas à Sobratema vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Afonso Mamede disse: “O crescimento dos eventos realizados pela Sobratema reflete claramente a evolução das empresas associadas. O Brasil hoje é visto como fornecedor de equipamentos e serviços de engenharia com qualidade internacional. O futuro com certeza trará um país forte e com uma economia destacada nesta área em que atuamos”.

devem ser comemorados pela categoria e por toda a sociedade”. Sobre como a categoria dos engenheiros vem evoluin-do nos últimos anos e as expectativas para o futuro, Murilo Celso de Campos Pinheiro disse: “Como se tem visto cor-riqueiramente na mídia, os engenheiros, com a retomada da expansão econômi-ca, estão reconquistando sua posição estratégica na sociedade, tendo em vista serem eles os profissionais do desenvolvi-mento por excelência. Esse processo teve início, mas não está completo, daí a ne-cessidade de ainda se lutar em defesa de melhores salários e condições de trabalho e da plena valorização da categoria. De toda forma, houve certamente grande evolução, comparativamente aos anos da estagnação, e as perspectivas futuras são muito positivas”.

Silvio Ciampaglia – O presiden-te do Sindicato da Indústria de Construção Pe-sada do Estado de São Pau lo (Sinicesp), Sil-vio Ciampaglia, fez o seguinte depo imento : “O Instituto de Engenharia, ao longo de seus

95 anos, sempre esteve à frente das principais conquistas da engenharia nacional. Teve e tem parti-cipação ativa na luta pela valorização dos profissionais, na defesa das empre-sas, e, principalmente, em se empenhar na busca de novas tecnologias para a construção do progresso e promoção do bem-estar social. Vitórias e láureas integram seu passado e sinalizam para novos triunfos”. Sobre como as empre-sas ligadas ao Sinicesp vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para futuro próximo, Silvio Ciampaglia dis-se: “As empresas filiadas ao Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo jamais se acomo-

daram. Conscientes da importância de seus serviços, fundamentais nas metas de desenvolvimento sustentável, par-tícipes do progresso, pois as malhas rodoviárias permitem a circulação de riquezas, sempre se empenharam na conquista de melhor qualidade de seu trabalho, valendo-se, claro, da tecnolo-gia, das inovações. E se fazem presente em todas áreas da infraestrutura, como portos, aeroportos, barragens, entre ou-tros. E também de seu capital humano. Tanto que, nos últimos tempos, promo-vem cursos especiais, em parceria com o Senai, visando qualificar trabalhadores para que melhor possam enfrentar os desafios da época presente”.

Vicente Abate – O presidente da As-sociação Bra-sileira da In-dústria Ferro-viária (Abifer), Vicente Aba-te, declarou: “Desde sua f und a ç ão , há 95 anos, o Instituto de Enge -nharia tem

por princípio a defesa e valorização da engenharia nacional, além de promover o avanço científico e tecnológico do país. Portanto, o papel que o Instituto sempre desempenhou é de extrema importância para a socieda-de brasileira”. Sobre como as empresas ligadas à Abifer vêm evoluindo nos últimos anos e as expectativas para o futuro, Vicente Abate disse: “As em-presas associadas à Abifer, fabricantes de materiais e equipamentos ferrovi-ários, têm crescido nos últimos anos para atender ao aumento do transporte ferroviário de carga e de passageiros. Com aplicação de tecnologia em seus produtos e serviços, as empresas têm contribuído para melhorar a produtivi-dade do transporte de carga e também a mobilidade e acessibilidade das pessoas

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O depoimento dos líderes sobre o passado, o presente

e o futuro da publicaçãoriada em setembro de 1942 por iniciativa do engº Annibal Mendes Gonçalves, presidente do Instituto

de Engenharia na ocasião, em substitui-ção ao “Boletim do Instituto de Enge-nharia”, a REVISTA ENGENHARIA tem procurado espelhar sempre a seriedade e dimensão ética do Instituto, trazendo aos seus leitores uma grande variedade de artigos técnicos com conteúdo de ino-vação tecnológica, reportagens esclare-cedoras sobre o segmento de engenharia e construção e alentadas entrevistas com especialistas, empresários, autoridades públicas e grandes nomes do mundo da engenharia. Edições como as que focali-zaram o Metrô de São Paulo, o Rodoanel Mário Covas, as rodovias concedidas à iniciativa privada em território paulista, o avanço do país no campo energético e os esforços pela universalização do saneamento básico, entre muitas outras, marcaram a revista nos últimos anos.

Mais reportagens de fôlego certa-mente virão nestes tempos de escalada econômica em que o Brasil passa a ser visto pelo mundo como nação emer-gente. Não é por outro motivo que as

empresas ligadas à engenharia voltam a trabalhar a todo vapor. O sem número de oportunidades de negócios que o ce-nário nacional reúne atualmente é típico de um período ávido por investimentos voltados à construção da infraestrutura – elemento essencial à própria manuten-ção do crescimento.

A perspectiva de realização de gran-des eventos esportivos mundiais no Brasil – Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 –, a necessidade de avanços concretos nos quesitos de logística, educação, saúde, preservação ambiental, a luta pela conquista de um patamar de competitividade que possa converter o país de embarcador de com-modities em exportador de produtos tecnologicamente mais desenvolvidos: todos estes são filões temáticos que a revista deverá explorar em suas páginas nos próximos anos.

A seguir, os depoimentos de perso-nalidades e líderes empresariais sobre a importância da REVISTA ENGENHARIA para a divulgação dos assuntos relacio-nados à engenharia construtiva numa fase em que o Brasil está deslanchando

do ponto de vista econômico – mas que ainda precisa dissolver diversos gargalos da sua infraestrutura.

José Sergio Gabrielli de Azevedo – O presidente da gigante Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, assim se pronunciou: “A REVISTA ENGENHA-RIA e os demais meios de comunicação e de transmissão de conhecimento e experiência utilizados pelo Instituto de Engenharia, como o ‘Jornal’, ‘TV Enge-nharia’, as palestras, cursos e seminários são fundamentais para a disseminação de novas ideias e conceitos inovadores em todos os segmentos da engenharia. A revista é, portanto, leitura importante para a formação e o aprimoramento de estudantes e profissionais de enge-nharia, arquitetura e atividades afins”.

Gilberto Kassab – Para o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, a REVISTA ENGENHARIA tornou-se um importante veículo de divulgação técnica e um espaço aberto para deba-tes. “Nenhum veículo de comunicação sobrevive por tantas décadas se ele não

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consegue atingir os objetivos a que se propõe. E a publicação consegue isso abordando diversos aspectos da enge-nharia, da economia e da administração pública. Sem dúvida é um instrumento importante para ajudar não só a cidade de São Paulo, mas o país, nesse desafio que temos pela frente: fazer com que o Brasil cresça de forma sustentada e que, gradativamente, equacione seus desafios na área de engenharia e in-fraestrutura”.

Paulo Godoy – O presidente da As-

sociação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, disse: “O Brasil tem o grande desafio de superar os gargalos que enfrenta em diversos segmentos da infraestru-tura se quiser manter as perspectivas de crescimento para os próximos anos. Há problemas emblemáticos no setor de transportes, principalmente no que tange os aeroportos brasileiros. Há saturação do serviço e demanda cada vez maior. A questão da mobilidade urbana nos gran-des centros requer atenção para soluções rápidas e sustentáveis. No momento em que a REVISTA ENGENHARIA propõe a discussão desses temas e a apresentação de soluções, a contribuição é enorme. É um passo para a reflexão desses pro-blemas e o engajamento de mais pro-fissionais e empresas, em busca de um mesmo objetivo: que o desenvolvimento econômico e social seja concretizado de maneira sustentada”.

Emanuel Fernandes – O secretário estadual de Planejamento e Desenvol-vimento, Emanuel Fernandes declarou: “Quero parabenizar a REVISTA ENGE-NHARIA pelos 69 anos a serem com-pletados em setembro. Todos os enge-nheiros, como eu, sabem da importância da revista na divulgação de temas do interesse da categoria e da engenharia em nosso país”.

Sergio Henrique Passos Avelleda – O presidente do Metrô de São Paulo, Sergio Henrique Passos Avelleda, declarou: “A REVISTA ENGENHARIA divulga, com objetividade, os grandes feitos da en-genharia nacional. Com o Metrô de São Paulo não foi diferente, com edições especiais quando comemoramos 35 anos de operação ou completamos 40 anos de existência, entre tantas outras. Acredito que o Brasil precisa desburocratizar-se, ser mais rápido para resolver as questões ambientais e jurídicas, de forma que os projetos significativos de infraestrutura possam se desenvolver no ritmo que o país exige.”

Ozires Silva – Conhecido como o homem que fez a Embraer “decolar” em 1970 – tendo sido seu primeiro presi-dente –, o engenheiro Ozires Silva assim se pronunciou: “Recebo a revista regu-larmente e sou leitor de cada número publicado. Após a leitura mando para a Biblioteca da Unimonte, da qual sou o reitor, e tenho informações de que as edi-

ções são bem procuradas. Espero que os jovens leitores realmente as leiam. Sugiro que a revista, além de sua linha editorial atual, procure colocar os problemas que cercam a construção de obras em in-fraestruturas essenciais, abrindo espaço para discussões abertas. Que estimule os leitores a participarem. Há anos, creio que nos de 1970, ocorreram debates públicos para a construção do Aeropor-to Internacional de São Paulo, que se tornou o atual Aeroporto de Guarulhos. Lembro-me como o Instituto participou dos debates que foram intensos. Hoje, a nossa infraestrutura aeroportuária, no Brasil e em São Paulo, apresenta-se com sérias insuficiências. No entanto, ouço somente críticas, mas poucas sugestões do que e como fazer para superá-las. En-quanto isso, são construídos no mundo aeroportos fantásticos, com soluções de engenharia e de construção muito inova-doras. Será que não seria o caso abordar o que impede o avanço das soluções aqui? Creio que há pouca participação do público ainda. No caso do Instituto de Engenharia, com sua forte marca, a abordagem ganharia peso maior. Vejo as associações de classe mais esperando a publicação das leis para descobrir o que fazer para cumpri-las, mas pouca ou nenhuma participação na elaboração delas. Por exemplo, está em debate no Congresso Nacional, um Plano Nacional de Educação, ainda aberto – até outubro de 2011, creio – para receber sugestões e emendas. As críticas sobre a Educa-

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ção no Brasil estão em todos os jornais, periódicos, revistas e mesmo pela TV. É o momento realmente essencial para que criemos um novo marco regulatório sobre o setor. Mas, a caminhar como até agora, parece que prevalecerá a proposta do Ministério da Educação, que o gover-no, contando com maioria no Congresso, fará aprovar. Claramente, está faltando o peso da opinião pública nacional em assuntos importantes”.

Adriano Branco – O engenheiro ele-tricista e administrador Adriano Mur-gel Branco, especialista e consultor em transportes, habitação e políticas públi-cas, assim se pronunciou: “A REVISTA ENGENHARIA é um pilar de grande importância na ação do Instituto e na sua contribuição à sociedade. A sua frequente dedicação aos problemas da

soluções. Trata-se sem dúvida de uma excelente contribuição do Instituto de Engenharia e de sua equipe de comuni-cação para o setor da construção como um todo”.

João Crestana – Presidente do Sin-dicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais de São Paulo (Secovi-SP), o engenheiro João Cres-tana declarou: “A importância da RE-VISTA ENGENHARIA é indiscutível e reconhecida pelos setores produtivos brasileiros. Em seus editoriais são abor-dados e discutidos temas da mais alta relevância, que vão desde as palpitantes questões urbanísticas, de zoneamento e uso do solo, programas de industrializa-ção, habitação, transporte, até meandros do saneamento e meio ambiente, tão

infraestrutura tem papel relevante na sua solução. Se me fosse permitido su-gerir algo, eu diria que falta um pouco o debate de ideias. As apresentações são quase sempre oriundas de grandes enti-dades prestadoras de serviços públicos ou de aplicações da engenharia, deixando de estimular as contribuições mais individu-ais, de onde pode vir muita ideia nova. Parece-me também necessário oferecer mais espaço para as universidades, para os pesquisadores, para aqueles, enfim, que fazem a engenharia”.

Sergio Tiaki Watanabe – Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Sergio Tiaki Watanabe, “a revista tem publicado diversas repor-tagens que abordam com profundidade os gargalos da infraestrutura e apontam

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emergente para o ser humano. Em última análise, a revista sempre se pautou pela preocupação e o compromisso de pro-mover o melhor encaminhamento de cada um destes assuntos perante aos setores competentes do governo e da sociedade, com a qualidade e a credibilidade que lhes são peculiares”.

Álvaro Rodrigues dos Santos – O geólogo Álvaro Rodri-gues dos Santos, presidente da ARS Geologia, disse: “O papel que a REVISTA ENGENHARIA vem cumprindo, e que poderá potencializar em um futuro próximo, é vital para a engenharia brasileira: informação e atualização profissional das mais va-riadas especialidades profissionais que atuam na engenharia: engenheiros, geólogos, arquitetos/urbanistas, entre muitos outros. Somos ainda carentes no país de veículos de consistente informação técnica, mas de leitura leve e agradável.

Destacaria dois públicos que justificam uma atenção mais focada da ação educadora e informadora da revista: os profis-sionais médios e novos já atuantes no mercado de trabalho e os estudantes universitários. Todos sabem como é o cotidiano de um profissional da engenharia envolvido em mil problemas concomitantes para bem resolver as responsabilidades de um dia a dia de obra. Não é fácil, mas é essencial que se consiga estabelecer uma boa comunicação técnica com esse profissio-nal. Da mesma forma seria extremamente importante já levar aos estudantes universitários das áreas afins da engenharia a imagem real das características do mercado profissional em que atuarão e para o qual terão que se qualificar”.

Moacyr Duarte – O presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, ABCR, Moacyr Duarte, de-clarou que “é reconhecido o papel da revista no estímulo ao debate de temas de interesse público. Essa linha de atuação se configura por meio da publicação de matérias sobre os mais variados temas, mesmo que eles abordem questões técnicas ou institucionais”.

João Alberto Viol – O presidente do Sindicato Na-cional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), João

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Alberto Viol, declarou: “Como en-genheiro, associado e integrante do Conselho Deliberativo do Instituto de Engenharia, sou leitor assíduo da revista, que é um dos mais impor-tantes órgãos de veiculação e debate de informações técnicas de obras e temas relacionados à engenharia e à infraestrutura do país. Nesse sentido, é também um dos palcos privilegia-dos para a discussão e apresentação de soluções para resolver os grandes gargalos da infraestrutura que amea-çam travar o potencial de crescimento brasileiro, nesta década”.

Eduardo Barros Millen – O presi-dente da Associação Brasileira de Enge-nharia e Consultoria Estrutural (Abece), Eduardo Barros Millen, declarou: “RE-VISTA ENGENHARIA vem prestando

esse serviço à sociedade de maneira muito eficaz e sendo parte importante da missão do Instituto de Engenharia de promover a engenharia em benefí-cio da sociedade. Edições como a que focalizou o Metrô de São Paulo e a do Rodoanel Mário Covas, entre mui-tas outras, marcaram a revista. Muitas outras reportagens com manifestações sobre políticas, ações e programas go-vernamentais, com propostas para o poder público e para a iniciativa pri-vada prestaram auxílio inestimável. Na fase atual, em que a engenharia está trabalhando a plena carga, com falta de mão de obra e materiais e em que o Brasil está sendo visto pelo mundo como nação emergente e com muitas oportunidades de negócios – tendo em vista a promoção dos eventos mundiais esportivos de 2014 e 2016 – a revista,

sem dúvida, continuando sua história, deverá preparar edições com discussões sérias sobre as grandes deficiências de nossa infraestrutura em transporte, energia e saúde. Com isso, certamen-te, acelerará e abrirá horizontes para a recuperação do atraso em que nos encontramos. Parabéns ao Instituto de Engenharia e aos produtores da revista”.

Luciano Amadio – O presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas, (Apeop), Luciano Ama-dio, declarou: “A relevância tradicional da REVISTA ENGENHARIA – no trata-mento de temas técnicos – reafirma-se com a prioridade conferida ao debate dos gargalos de infraestrutura e logís-tica que seguem entravando o cresci-mento sustentado do país. E tende a reforçar-se com o grande espaço que

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passa a dedicar à avaliação e à difusão de novas tecnologias e de modernos processos construtivos”.

José Roberto Cardoso – Professor da Escola Politécnica e coordenador do programa de educação continuada para engenheiros da centenária instituição, José Roberto Cardoso, assim se pronun-ciou: “Leio a REVISTA ENGENHARIA para me atualizar sobre os movimentos da engenharia, neste cenário tumultuado em que formamos uma quantidade bem menor de engenheiros do que necessita-mos. As entrevistas, sempre muito ricas, nos dão condições de observar a ten-dência da profissão e o posicionamento dos formadores de opinião nas questões estratégicas do país”.

Mario Franco – O engenheiro Mario Franco (“Eminente Engenheiro do Ano de 2001”), fez o seguinte pronuncia-mento: “A REVISTA ENGENHARIA tem desempenhado papel importantíssimo no debate dos grandes temas da engenharia, que presentemente convergem também – mas não somente – para a Copa de 2014, para as Olimpíadas de 2016, para o saneamento básico, para o transporte rodoviário, ferroviário e marítimo, e para os grandes desafios da exploração de nosso petróleo”.

Mauro Viegas Filho – O presidente da Concremat, Mauro Viegas Filho, fez a seguinte declaração: “Sou leitor da REVISTA ENGENHARIA desde que ini-

ciei minhas atividades na Concremat, há mais de 40 anos. A revista que sempre espelhou a seriedade e ética do Instituto de Engenharia, está sempre buscando trazer aos seus leitores artigos técnicos com conteúdo de inovação tecnológica, e entrevistas com técnicos especialis-tas, empresários, autoridades publicas, enfim, trata se de uma publicação de grande importância para todos que atuam no segmento de engenharia e construção no Brasil. Neste momento, o grande desafio que temos é de nosso país ter capacidade para enfrentar a grande demanda, e para tal necessita ter bons projetos. E bons projetos não se desenvolvem de um dia para o ou-tro. Além disso, os projetos devem ser contratados com critérios técnicos de capacitação e não por menores preços, nem por prazos inexequíveis. No Brasil, essa consciência não é percebida por todos e, portanto, é um grande papel para a revista divulgar a necessidade de se investir mais em bons projetos, para que se obtenham melhores resultados nos empreendimentos, com custos me-nores de execução e melhores técnicas e processos construtivos. Aproveito a oportunidade para parabenizar a direção da revista pelos importantes serviços prestados à engenharia brasileira e de-sejar que continue sendo uma grande referência técnica para todos nós”.

Marcelo Cardinale Branco – O se-cretário municipal de Transportes, Mar-celo Cardinale Branco, declarou: “Numa

sociedade com excesso de informações como a atual, uma publicação tradicional e voltada para o segmento como a RE-VISTA ENGENHARIA é um grande foco de interesse. A partir de suas páginas é possível entender até que ponto mu-danças econômicas podem influenciar o setor, conhecer saídas criativas para vários impasses que passamos no dia a dia da profissão e conhecer ou rever im-portantes nomes da engenharia nacional. É o tipo de publicação que interessa a todas as gerações de profissionais”.

Wilson Brumer – O presidente da Usiminas, Wilson Brumer, assim se ex-pressou: “Não há bom jornalismo sem contradição, sem explorar com profun-didade a gênese dos problemas nacionais e apontar as alternativas para solucioná-los. Nesse contexto, a REVISTA ENGE-NHARIA tem sido importante canal de conhecimento das oportunidades e de-safios do Brasil – um país que não pode prescindir da sua estabilidade econômica e de suas boas perspectivas de negócios e ter, mesmo assim, o seu potencial de geração de valor e de empregos suba-proveitado por gargalos de natureza logística, tributária, de mão de obra, entre outros”.

Ricardo Ribeiro Pessôa – O pre-sidente da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessôa, afirmou: “O registro e a pesquisa de todos os fatos relevantes no que diz respeito à engenharia e à construção em nosso país, especial-

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mente em São Paulo, são as principais razões que credenciaram a REVISTA ENGENHARIA como uma das mais conceituadas publicações técnicas do nosso segmento. Através da revista, poderemos continuar nos atualizando com as modernas técnicas, métodos executivos, know how em gestão de projetos e empreendimentos. Além disso, sempre norteou seus artigos e reportagens pela utilização da enge-nharia como fator preponderante do desenvolvimento econômico e social do país”.

Thadeu Penido – O presidente do conselho de administração do Grupo Serveng, Thadeu Penido, assim se pro-nunciou: “O avanço econômico, além dos desafios impostos pela Copa do

Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, provocam o crescimento compulsório da infraestrutura no Brasil. Portanto, é fun-damental que a REVISTA ENGENHARIA continue desempenhando o papel que vem exercendo – com grande mérito e excelência –, de catalisador da assi-milação dos conhecimentos e práticas, capacitando a engenharia nacional a enfrentar estes desafios”.

Renato Giusti – O presidente da As-sociação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Renato Giusti, fez a seguinte declaração: “Não só sou leitor da revista como tive o privilégio de ser entrevistado por ela, abordando um tema que julgo indispensável para o modal rodoviário brasileiro, que é o pavimento de concre-to. Na oportunidade tive a possibilidade

de dar a conhecer ao leitor todas as características que tornam o pavimento de concreto fundamental para o país. Institutos unidos a veículos como a RE-VISTA ENGENHARIA, juntamente com outros de igual credibilidade e constân-cia, fazem com que a cadeia produtiva da construção disponha de abundante informação e conhecimento, o que per-mite a escolha das melhores práticas e tecnologias. Nos últimos anos os seg-mentos da construção civil e do setor ci-menteiro têm investido pesadamente em tecnologia, modernização e ampliação da capacidade para suprir a demanda. E veículos como esses prestam uma grande contribuição ao levantar as questões, colocar em debate as soluções para os problemas ligados à infraestrutura e dis-seminar informações e conhecimentos”.

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Márcio Cancellara – O vice-pre-sidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Márcio Cancellara, assim se pronunciou: “A REVISTA ENGENHARIA é um importante articulador de todos os segmentos da engenharia. A publicação tem um inegá-vel compromisso com o setor produtivo nacional, e nunca deixou de refletir em suas páginas as polêmicas sobre questões que envolvem os interesses da sociedade, dos engenheiros e dos demais profissio-nais técnicos”.

Arsenio Negro – O presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), Arsenio Negro, fez a seguinte declara-ção: “A REVISTA ENGENHARIA cumpre um papel único. Foca as suas matérias nos mais relevantes temas para a enge-nharia nacional. Em várias ocasiões, a publicação ‘pauta’ a grande imprensa, apresentando perspectivas únicas, que só os especialistas podem ter. Neste momento especial de retomada dos in-vestimentos em infraestrutura, a revista deverá ganhar ainda mais importância, especialmente quando integrada à sua versão eletrônica, o que hoje já acon-tece. A mídia impressa tradicional está

se renovando para enfrentar a redução no número de leitores. A ABMS edi-ta duas revistas com expressão física. Temos explorado, no entanto, outras mídias, via web-site, e-newsletter e infomail, com razoável grau de suces-so. O Instituto de Engenharia foi um dos pioneiros em transmissão televisiva de eventos via web, instrumental que só agora passamos a usar, na procu-ra de maior proximidade aos nossos associados. Não fossem as conquistas tecnológicas recentes, nossos gargalos estruturais seriam ainda muito maiores. Já compensamos deficiências de infra-estrutura com eficiências de gestão e de engenharia. Mas isto vai até certo ponto. No momento em que há data e hora para o show ao vivo começar fica difícil improvisar...”.

Hugo Cássio Rocha – O presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), Hugo Cássio Rocha, declarou: “Raros são os veículos de imprensa que atingiram essa marca. Prestes a completar 69 anos, a REVISTA ENGENHARIA estabelece um marco não apenas no universo das pu-blicações técnicas. Trata-se de um marco

para a imprensa brasileira de forma geral. Atribuímos essa conquista a duas carac-terísticas especiais da publicação: a força da entidade que a patrocina e a qualidade profissional, ética e técnica das equipes que a conduziram ao longo desse período. A revista é leitura permanente para todos aqueles que fazem da engenharia a sua vocação e o seu trabalho”.

Dario Rais Lopes – Dario Rais Lopes é ex-secretário paulista dos Transportes, escolhido pelo Instituto de Engenharia como “Eminente Engenheiro do Ano de 2005” e atualmente é diretor de desen-volvimento de novos negócios da EcoRo-dovias Infraestrutura e Logística S.A. Sua declaração: “Ao longo de sua trajetória, a REVISTA ENGENHARIA tem sido um importante fórum para a discussão de ideias e para a defesa da engenharia nacional”.

Joaquim Lopes da Silva Junior – O presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Joa-quim Lopes da Silva Junior, assim se pronunciou: “REVISTA ENGENHARIA é uma referência fundamental na área da engenharia e transportes em geral. Na EMTU, que conta com a colaboração de

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55 engenheiros, arquitetos e tecnólogos, é consultada com frequência, e seus artigos são citados como exemplo de qualidade e abrangência. É neste importante veículo de imprensa especializada que a EMTU certamente encontrará espaço para divul-gar o seu plano arrojado de investimentos em obras e infraestrutura para o próxi-mo quatriênio. São projetos que visam melhorias na gestão e no atendimento ao transporte público sobre pneus em um cenário de pujança econômica e de eventos globais como a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos 2016”.

José Luiz Saes – O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia (Abef), José Luiz Saes, assim se pro-nunciou: “Sendo o Instituto de Enge-nharia uma entidade apolítica e que congrega técnicos de diversas áreas da engenharia nacional, na minha opi-nião, a REVISTA ENGENHARIA, como porta-voz do Instituto, deveria cobrar mais duramente as autoridades para que os investimentos em infraestru-tura (educação, saúde, energia, por-tos, aeroportos, infraestrutura urbana etc.) sejam permanentes. E também que sigam um planejamento adequado para que o crescimento que desejamos e esperamos seja sustentável e contínuo – e que os recursos disponíveis sejam bem aplicados. Tudo visando a melho-ria da qualidade de vida para todos, e não para servir como monumento de exaltação da imagem de alguns”.

Murilo Celso de Campos Pinheiro – O presidente do Sindicato dos Enge-nheiros do Estado de São Paulo (Seesp), Murilo Celso de Campos Pinheiro, afir-mou: “REVISTA ENGENHARIA é já uma publicação tradicional e um veículo técnico indispensável aos engenheiros e a todos que se interessam pelos gran-des temas do nosso desenvolvimento. Pelas suas páginas, temos informações preciosas”.

Silvio Ciampaglia – O presidente do Sindicato da Indústria de Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sini-cesp), Silvio Ciampaglia, fez o seguinte depoimento: “Efetivamente, a REVISTA ENGENHARIA é um excelente canal de comunicação. Publicação de alto nível, tanto no aspecto das matérias inseridas quanto na qualidade técnica, é indis-pensável a todos os setores que têm na engenharia o caminho do futuro. E toda a atividade do ser humano, em suas grandes conquistas, passa pela engenharia”.

Vicente Abate – O presidente da Associação Brasileira da Indústria Fer-roviária (Abifer), Vicente Abate, de-clarou: “Dentre os vários veículos de divulgação existentes no Instituto de Engenharia, a REVISTA ENGENHA-RIA se sobressai, sem dúvida, por sua qualidade editorial e pelo alcance a seu público-alvo, trazendo matérias técnicas relevantes e de interesse aos usuários da engenharia nacional”.

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liderança e equilíbrio financeiroFagundes: prossegue a luta pela

Presidente do Instituto de Engenharia na gestão 2009/ 2011 e reeleito para o período 2011-2013, Aluizio de Barros Fagundes é engenheiro civil forma-do pela USP-São Carlos (1967) e mestre em engenharia pela Poli-USP. A nova diretoria do Instituto, eleita para o biênio 2011-2013, está assim composta: Arlindo Virgílio Machado Moura (vice-presidente de Administração e Finanças); Rui Arruda Camargo (vice-presidente

de Atividades Técnicas); Amândio Martins (vice-presi-dente de Relações Externas); Miriana Pereira Marques

(vice-presidente de Assuntos Internos); Nelson Aidar (vice-presidente da Sede de Campo); Pedro Grunauer Kassab (Primeiro Diretor Secretário); Roberto Bartolomeu Berkes (Segundo Diretor Secretário); Júlio Casarin (Primeiro Diretor Financeiro); Jason Pereira Marques (Segundo Diretor Financeiro)

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leito em abril de 2009 para a pre-sidência do Instituto de Enge-nharia, o engº Aluizio de Barros

Fagundes inicia agora o seu segundo mandato, que se estenderá até março de 2013. Quando ele assumiu o car-go para a primeira gestão existiam dois problemas a enfrentar: primeiro, recuperar o papel preponderante do Instituto como catalisador das gran-des discussões sobre a aplicação da engenharia, atuando junto às asso-ciações, sindicatos, escolas e demais entidades de classe; segundo, buscar as condições de sustentação financei-ra da casa, que se arrasta desde a de-sapropriação do Palácio Mauá, onde estava sediado o Instituto antigamen-te, com a interrupção da significativa renda de aluguéis de salas comerciais. “Até hoje não nos foi paga pelo go-verno do Estado a dívida restante de-corrente da indenização.”

Assim, nesses últimos dois anos, o presidente Aluizio foi em busca de definir e, se possível, f inalizar o processo de desapropriação, ten-do conseguido ajustar com o go-verno o valor da indenização que, ainda neste ano, poderá se rever-ter em ‘precatório judicial’. Ainda falta restabelecer as condições de sustentação financeira, através da execução do edifício que abrigará a nova sede do Instituto de Enge-nharia e terá cerca de 7 000 metros quadrados de área para locação, capaz de trazer renda suficiente para este intento. “Este é um dos eixos do nosso segundo mandato. O Instituto de Engenharia dispõe há bastante tempo de um maravi-lhoso projeto elaborado pelo Escri-tório Rino Levi, o qual está sendo recuperado, inclusive quanto ao alvará de construção.”

Por outro lado a atual adminis-tração do IE vem exercendo forte atuação no setor, aglutinando dis-

cussões políticas com entidades patronais da classe, em caráter permanente. “Trouxemos à nos-sa sede, representantes do Poder Executivo para apresentarmos pro-blemas técnicos de infraestrutura, e deles ouvirmos propostas e com-promissos; conseguimos reunir as principais escolas de engenharia do nosso Estado e colaborar com sua decisiva atuação na revisão das nomenclaturas e conteúdo curricular das diversas especiali-dades de engenharia registradas no MEC; permeamos com eficiên-cia os corpos discentes das escolas de engenharia, tendo trazido mais de 1 000 novos sócios universitá-rios, futuro de nossa instituição; modernizamos o nosso site, que hoje já ocupa o quinto lugar nas consultas do verbete ‘engenharia’ no portal Google, dentre outras intervenções na administração e comunicação da casa”, enumera Aluizio, garantindo que a liderança do Instituto será consolidada nas grandes discussões e propostas de realizações econômicas que envol-vem a engenharia. “Basicamente são estes dois vetores de trabalho que nos propomos a oferecer aos associados e à sociedade paulista e brasileira durante nosso segundo mandato que se estenderá até mar-ço de 2013.”

No decorrer do segundo manda-to ele pretende também formalizar parcerias com associações espe-cializadas e com escolas de enge-nharia para ampliar o ambiente de aprimoramento constante da profis-são. Além disso, serão lançados três grandes eventos para repetição anu-al, ou bienal, a fim de se discutir pu-blicamente o estágio de desenvolvi-mento da atividade de engenharia, o suprimento das obras e serviços de infraestrutura econômica e social e

o ensino da engenharia em relação às necessidades do mercado.

Quanto ao desempenho das empresas ligadas à engenharia e construção frente à nova onda de progresso que o país vem experi-mentando, acredita Aluizio ser ne-cessário “procedermos a uma análise da consistência do atual fenômeno de crescimento econômico, não só para evitarmos sobressaltos indese-jáveis como para não enfrentarmos desperdícios no futuro”.

Ele ressalta ainda a importân-cia do trabalho desenvolvido pelas Divisões Técnicas do Instituto, de onde nasceram as principais asso-ciações de engenharia especializada. “Hoje, tanto o Instituto quanto as associações lutam com imensas di-ficuldades financeiras para bem in-teressar, aglutinar e atender os seus associados. Todos perderam com a fragmentação associativa e pouco dos trabalhos desenvolvidos vêm a público, em benefício da profissão e dos próprios autores. Se o Instituto de Engenharia conseguir as parcerias com as associações especializadas, a classe voltará a se fortalecer nesse campo”, acredita.

Leitor entusiasmado da REVISTA ENGENHARIA (órgão oficial do Ins-tituto de Engenharia, que circula há 68 anos), ele destaca a importância deste veículo para a divulgação dos assuntos relacionados à engenharia numa fase em que o Brasil tem tudo para deslanchar do ponto de vista econômico desde que, para isso, se-jam dissolvidos os diversos gargalos da sua infraestrutura. “A internet comprova que a REVISTA ENGE-NHARIA é a publicação periódica especializada mais importante em nosso país. Nas consultas ao Portal Google é a campeoníssima nos as-suntos de engenharia, e continuará a ter influência no setor, inclusive

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divulgando nossas opiniões sobre os mencionados gargalos que dificul-tam o desenvolvimento”.

Mas, para Aluizio Fagundes, “a remoção desses gargalos transcende a atuação simples do setor da en-genharia. “Penso que é imprescin-dível à sociedade brasileira romper os paradigmas da desconfiança que a atormentam. Toda a legislação que afeta a engenharia foi elabo-rada para cercear desmandos, pres-supondo, erradamente, que é nor-mal o desvio de conduta da classe profissional. A legislação, assim, se constitui em um verdadeiro roteiro da fraude, estimulando-a, em vez de coibi-la. Então, para deslindar fraudes, aparentes ou não, surgiram os poderes de exceção: os Tribunais de Contas e o Ministério Público – quase sempre compostos por inex-pertos, prontos a entravar o anda-mento de licitações e contratos. Não há como continuarmos calados ante esta distorção.”

Arlindo Virgílio Machado Moura – Vice-presidente de Ad-ministração e Finanças do Institu-to de Engenharia, Arlindo Virgílio Machado Moura é engenheiro me-

cânico pela Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de Tec-nologia (1970). Foi conselheiro da Associação Brasileira de Engenha-ria Industrial de 1981 a 1985. Vice-presidente adjunto da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) de 1995 a 2001. Presidente da Apeop de 2001 a 2008. No Instituto de Engenharia, foi membro do Conselho Delibe-rativo de 2000 a 2004 e do Con-selho Consultivo de 2004 a 2007. Presidente da Comissão de Obras Públicas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003. Presidente do Conse-lho Deliberativo da Apeop desde 2010. Membro efetivo do Núcleo de Altos Temas (NAT), do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis Residen-cial e Comercial do Estado de São Paulo (Secovi) desde 2010.

Rui Arruda Camargo – Vice-presidente de Atividades Técnicas do Instituto de Engenharia, o engº Rui Arruda Camargo entende que o Instituto, através das suas Divisões Técnicas, sempre se manteve antena-do com a evolução tecnológica, não

apenas pela tecnologia em si, mas relacionando essas evoluções com a sua contribuição para a melhoria da sociedade. “Estamos determinados a continuar provendo espaço para que sejam convenientemente discutidas novas proposições tecnológicas tan-to de processos quanto de materiais. A discussão da evolução tecnológica nesses dois níveis visa principalmen-te a atualização dos conhecimentos dos engenheiros e o benefício que essa evolução possa proporcionar à infraestrutura das cidades e, con-sequentemente, para a melhoria da vida de todos os cidadãos.”

“Assim tem ocorrido nesses quase cem anos da existência do Instituto”, garante Rui Arruda Ca-margo, para quem “é claro que toda a diretoria executiva do Ins-tituto é de importância primordial para a classe dos engenheiros e a sociedade civil. Mas a vice- presi-dência de Atividades Técnicas é a sua atividade-fim. Ela é, em última análise, a principal razão da exis-tência do Instituto de Engenharia”.

Essa vice-presidência concen-tra todas as Divisões Técnicas, que promovem a grande maioria das discussões técnicas ocorridas no Instituto. Também é essa unidade administrativa que reúne o “corpo técnico” da entidade, “congregan-do o maior número de sócios que dedicam suas horas cívicas à clas-se dos engenheiros e à sociedade, além de movimentar o maior nú-mero de associados e convidados durante suas atividades. “Nossa atuação, respaldada pelos sócios, que através de seus votos nos ele-geram, será sempre orientada para que as Divisões Técnicas, a Biblio-teca, o Departamento de Cursos e a REVISTA ENGENHARIA tenham a melhor produção possível”, afirma.

Além de abrigar a biblioteca,

Rui Arruda Camargo, Vice-presidente de Atividades Técnicas

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Arlindo Virgílio Machado Moura, Vice-presidente de Administração e Finanças

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que terá seu espaço na nova sede – pois nas atuais instalações não há espaço para expor o acervo em sua totalidade – a vice-presidência de Atividades Técnicas comporta tam-bém o Departamento de Cursos, que é um importante espaço para o apri-moramento dos engenheiros. Outra função sua é abrigar a Comissão Editorial da REVISTA ENGENHARIA que, capitaneada por seu diretor responsável, decide sobre seu con-teúdo editorial.

Quanto ao Instituto de Enge-nharia em sua totalidade, continua Rui Camargo, “dentre suas múlti-plas funções figura a de atuar como grande fórum independente de debates para discutirmos tecnica-mente as várias facetas de qualquer grande projeto e também, numa ampliação de tal debate, avaliar como esse projeto irá interagir com a sociedade. Essa oportunidade que o Instituto oferece à engenharia e à sociedade é de vital importância no processo que estamos vivenciando, de grandes investimentos em infra-estrutura. Esse ‘fórum privilegia-do’ decorre das peculiaridades que o Instituto oferece, quais sejam: a independência política e a partici-pação de engenheiros de renome de diversas modalidades, beneficiando a sociedade”.

Segundo Rui Camargo, nesse contexto estão incluídas as empre-sas, tanto projetistas quanto cons-trutoras, que são as verdadeiras res-ponsáveis pela implementação das evoluções tecnológicas ocorridas nas diversas áreas da engenharia. “São essas empresas que buscam novas tecnologias em centros de pesquisas acadêmicas ou até mesmo atuando diretamente no desenvol-vimento de novas tecnologias. São elas que investem, usam e difundem novas tecnologias; são elas que efe-

tivamente fazem os investimentos necessários para a sua utilização em escala profissional. Em suma: são as empresas de engenharia que acredi-tam em novos produtos, processos, técnicas, sistemas e equipamentos quando transferem essas inovações da fase experimental para a esca-la produtiva. E no futuro tudo nos leva a crer que as coisas continuarão a ocorrer dessa mesma forma.”

Rui Camargo, que faz parte da Comissão Editorial da REVISTA EN-GENHARIA desde o início dos anos 1990, foi durante uma gestão seu diretor responsável. E até a eleição do cargo que agora passa a ocupar foi o secretário executivo da sua Comissão Editorial. Mas continuará interagindo com a publicação. “A Comissão trabalha sobre um difícil equilíbrio entre a informação e a técnica pura. Para que se torne um periódico atraente e de fácil leitura a Comissão tem o cuidado de es-colher matérias que não sejam ex-cessivamente técnicas, de leitura às vezes árida, e nem superficiais em sua abordagem, fugindo do padrão editorial da revista.”

Sobre a construção da nova sede do Instituto de Engenharia acredita que “dará o status verdadeiramente merecido ao Instituto e à classe dos engenheiros. Além disso, não deve-mos nos esquecer que a consequen-te geração de receitas contribuirá muito para que a entidade possa continuar a exercer o seu papel jun-to à sociedade”.

Na sua visão, o Instituto deve-ria lutar para obter um espaço ain-da maior para realizar essa legítima pretensão e, dessa forma, contri-buir para a modernidade do Brasil. “Quando eu, no convívio com outros sócios que já estavam aqui no Insti-tuto na época da minha admissão, há quase 20 anos, ouvi relatos sobre

o surgimento da Cosipa, do Instituto Mauá de Tecnologia e do Proálcool – que nasceram de divagações de fre-quentadores da sede do Instituto, e que essas conversas evoluíram para acaloradas discussões e finalmente para a materialização dessas ideias –, tive a certeza de um forte espírito de cidadania, exemplarmente pro-posto. A essas histórias deverão ser somadas tantas outras, nas quais o Instituto proporcionou a inúmeros cidadãos exercerem atos de defesa da cidadania como, por exemplo, durante a Revolução Constituciona-lista ocorrida nos idos de 1932 em que meu pai, que não era engenhei-ro, lutou por São Paulo como solda-do voluntário aquartelado em Qui-taúna. Muitos engenheiros, sócios do Instituto, foram também volun-tários, projetaram e construíram ve-ículos e até trens blindados e arma-dos, usados para combates durante o período da Revolução. O próprio Instituto manteve um posto para a inscrição de voluntários paulistas. Essas movimentações ajudaram a garantir aos preceitos estabelecidos em nossa Constituição.”

Amândio Martins – Vice-presi-dente de Relações Externas, o engº

Amândio Martins, Vice-presidente de Relações Externas

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Amândio Martins também recor-da que grandes ideias nasceram no Instituto de Engenharia, entre elas a criação da Cosipa, Instituto Mauá de Tecnologia, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e Proálcool, citando apenas algumas das mais conhecidas. Aconteci-mentos que beneficiaram a indús-tria, o ensino e as fontes de ener-gia. “Ao mesmo tempo isso mostra o relevante papel do Instituto a ser desempenhado daqui para frente, no limiar de um salto histórico de desenvolvimento, diante da pro-fusão de novas tendências tecno-lógicas”, prevê Amândio Martins, acrescentando que “o Instituto de Engenharia já está atuando neste movimento de transformação”.

Amândio vislumbra um tem-po de muitas realizações e suas expectativas são as melhores. “Graduei-me em 1983, ocasião em que conseguir uma colocação no mercado de trabalho era uma di-ficuldade – digo mais: um milagre. Na construção civil, então, mis-são quase impossível. Engenheiro quando não ‘virava suco’ ia para a área financeira. O mercado finan-ceiro era mais importante do que o técnico. Pensava que tudo estava perdido para um recém-formado. Mas agora, passados 28 anos, vê-se quantas coisas mudaram.”

Aliás, prossegue o vice-pre-sidente de Relações Externas, “a sociedade mudou. Evoluiu. As em-presas de um modo geral, a partir da década de 1990, embora longe dos patamares atuais, começaram a investir no seu capital humano, já não deveriam contar apenas com seu capital financeiro. O consu-midor ficou mais exigente. A en-genharia entrou neste momento, ou seja, as empresas necessitavam ‘fazer mais engenharia’ e a estabi-

lidade financeira do país colaborou neste sentido. É evidente que o mundo globalizado, turbinado pela internet, acelerou esse processo”.

Ele acredita que no Brasil ainda há muito por fazer. “A engenharia passa por um processo de valoriza-ção, no rastro do desenvolvimen-to e crescimento da nação. E isso não é obra do acaso. O engenheiro, aqui como em outros continentes, é um esteio do desenvolvimento da sociedade.”

No entanto, ele teme pela falta de profissionais hoje no Brasil. “Es-tamos importando engenheiros, e aí está o gargalo do desenvolvimen-to, do crescimento da nação. Com tantos investimentos e eventos por aí, como o pré-sal, Copa do Mundo de 2014 (estamos muito atrasados!), Jogos Olímpicos de 2016 e por aí vai. Onde estão os engenheiros? As em-presas já estão tirando o pijama de muitos deles e os fazendo retornar ao batente. Estão ‘desaposentando’ engenheiros.”

E sobre a formação dos enge-nheiros? – questiona ainda Amândio Martins. “O país faz parte dos BRICS, mas ainda assim é o que menos in-veste na formação de profissionais”, diz. Um dado importante, prosse-gue ele, “está na disparidade dos números reais que mostram a situa-ção desconfortável em que estamos inseridos. A Rússia forma cerca de 120 000 engenheiros por ano; a Ín-dia, 200 000; e a China, 300 000, respectivamente, três, cinco e sete e meia vezes mais que o Brasil”.

Ele sente-se honrado por fazer parte da nova diretoria do Institu-to. “Nossa entidade sempre esteve à frente das grandes discussões do país defendendo a conduta da en-genharia, a sociedade e o seu de-senvolvimento.”

Amândio também considera uma

necessidade a construção da nova sede do Instituto. “Será um presen-te a outro patrimônio maior que é o quadro associativo”, diz, atribuin-do às Divisões Técnicas a razão de ser da entidade. “É nessa esfera que nascem ou acontecem os grandes debates”. Ao mesmo tempo, Amân-dio vê na REVISTA ENGENHARIA “uma publicação de muita qualida-de, daquelas para se colecionar”.

Miriana Pereira Marques – Vice-presidente de Assuntos Inter-nos, a engª Miriana Pereira Mar-ques defende que o Instituto de Engenharia mantenha a tradição e o atual ritmo de trabalho em prol da sociedade, enquanto agrega no-vos valores. Para ela, após 95 anos de sua fundação o Instituto está às vésperas de uma nova fase de grande crescimento e evolução no seu papel, inovando e se atualizan-do. “Esta é uma tendência recor-rente do Instituto”, diz.

“Por isso temos mantido rela-ções estreitas com as instituições de ensino e entidades profissionais, como forma de mantermos todos os nossos parceiros e associados atualizados, através de seminários, debates, site e todo material de que

Miriana Pereira Marques, Vice-presidente de Assuntos Internos

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dispomos, inclusive a REVISTA EN-GENHARIA, que divulga os trabalhos desenvolvidos em nossa instituição, apresentando à sociedade o que de melhor vem sendo desenvolvido, tanto na área técnica como na área humana”, afirma Miriana, para quem a parceria com instituições de ensino representa para o Instituto uma de suas maiores razões de ser. “Estamos estimulando uma parceria construti-va rumo a um Brasil melhor, o que nos parece indispensável, e os futu-ros engenheiros que se agregam ao nosso quadro associativo têm um papel fundamental para isso.”

Ela expressa também a percep-ção de que as empresas ligadas à engenharia procuram manter-se atualizadas com as novas tendên-cias sociais. “As pessoas mudaram, o país está mudando, hoje a ética é vista como um princípio fundamen-tal, não apenas uma palavra que faz parte do currículo da empresa. Com isso temos projetos, serviços e obras diferenciados, dentro de princípios éticos, que acompanham a evolução natural de uma sociedade que está aprendendo a se valorizar.”

Por outro lado, a vice-presidente de Assuntos Internos aponta para a relevância das Divisões Técnicas. “Elas são o carro chefe do Instituto, agregam valor, pesquisa, experiên-cia e vontade de desenvolvimento. A engenharia está intimamente ligada à ciência e tecnologia. E o Instituto tem como um dos seus principais ob-jetivos manter os engenheiros a par do desenvolvimento técnico e das necessidades prioritárias do Brasil. A engenharia está voltada para a infra-estrutura, para o desenvolvimento de novas técnicas, para o progresso. Temos que apostar em pesquisa ou a engenharia nacional não correspon-derá às necessidades de um Brasil moderno. Assim, as Divisões Técni-

cas caminham com o apoio e a dedi-cação dos associados para manter a tradição da Casa.”

Nelson Aidar – Vice-presidente da Sede de Campo, o engº Nelson Aidar entende que a efetiva parti-cipação do Instituto de Engenharia para o crescimento do setor vem se dando ao longo da sua história e agora deve se intensificar ainda mais, frente ao impulso tomado pela engenharia brasileira. “As empresas ligadas à construção em geral nunca viram tanta pujança como nos últi-mos cinco anos”, anima-se Nelson Aidar. “Realmente, o desenvolvimen-to está favorecendo a nossa classe, e as nossas expectativas para o futuro próximo são muito boas, tanto inter-namente como no exterior.”

Para Aidar, “o Instituto, atuando em escala gradual, primeiramente contribui para o crescimento da en-genharia brasileira apoiando as nos-sas classes profissionais, que por sua vez promovem o desenvolvimento e, consequentemente, o crescimento da engenharia no atendimento a todas essas novas demandas às quais está sendo exposto o país”.

Frente a essa avalanche de novas ferramentas, destaca Aidar, “o papel

do Instituto continua sendo o mes-mo desde que foi fundado – porém hoje com muito mais propriedade após todos esses 95 anos de crédi-tos adquiridos”. Aidar, que não pou-pa elogios à REVISTA ENGENHARIA, “veículo sério, preciso, elegante e muito popular nos setores agrega-dos”, dirige-se também às Divisões Técnicas, “por seu fácil acesso e par-ticipação”.

Pedro Grunauer Kassab – Pri-meiro Diretor Secretário, Pedro Grunauer Kassab é graduado em Engenharia Elétrica e mestre em Engenharia de Sistemas pela Escola Politécnica da USP. Realizou inter-câmbio acadêmico no Departamento de Engenharia Elétrica da Technische Universität Berlin. Cursa Direito na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. É corretor de imóveis, com título de técnico em transações imo-biliárias conferido pela Escola Brasi-leira de Ensino à Distância (Ebrae). Atua na área financeira desde 2007, integrando atualmente a área de As-set Management do Grupo Santander Brasil. Realizou também um progra-ma de Internship no Banco Interame-ricano de Desenvolvimento (BID), em Washington, DC, nos Estados Unidos.

Pedro Grunauer Kassab, Primeiro Diretor Secretário

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Nelson Aidar, Vice-presidente da Sede de Campo

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Roberto Bartolomeu Berkes – Segundo Diretor Secretário, o engº Roberto Bartolomeu Berkes, ao longo dos 40 anos em que está as-

sociado ao Instituto de Engenharia, chega à conclusão de que “é preci-so correr atrás, todos nós, inclusi-ve o Instituto, para não ficarmos perplexos frente à nova realidade que se instalou no mundo moder-no. Tudo está acontecendo de for-ma muito rápida, novos produtos estão sendo criados dia a dia, to-dos tentam acompanhar. Não está sendo fácil para ninguém”.

Para Roberto Berkes, o Insti-tuto de Engenharia deve exercer o papel fundamental de promover eventos – “principalmente no meu caso, que sou da área de transpor-tes” –, para que seus associados tomem conhecimento dessas no-vas tendências e dessa transfor-mação histórica no desenvolvi-

mento, principalmente na área de infraestrutura. A resposta das em-presas, na sua opinião, está sen-do muito positiva, tanto na área de consultoria e projeto como das próprias construtoras, adotando inovações para redução de custos.

“O nosso gargalo maior geral-mente é a mão de obra, cuja qua-lidade sempre foi uma dificuldade, mas com educação e treinamento vamos conseguir chegar lá”, espera Berkes, sugerindo que “o Instituto pode contribuir muito nesses no-vos tempos, principalmente para as futuras gerações de engenheiros, apresentando novas tecnologias e fazendo intercâmbio e integração entre os mais jovens e os mais ex-perientes, que podem transmitir

Roberto Bartolomeu Berkes, Segundo Diretor Secretário

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preciosas informações obtidas ao longo de suas carreiras”.

Juntamente com a construção de uma sede moderna, fundamental para ajudar na solução dos proble-mas financeiros do Instituto e criar ainda mais vínculos entre a comu-nidade da engenharia, recomenda Berkes, “cabe às Divisões Técnicas se apressar em colocar à disposição da engenharia os novos recursos tecnológicos que vão surgindo cele-remente, acompanhando a evolução que está acontecendo no bojo da comunidade científica”.

Para se ter uma ideia da rápida e volumosa evolução na engenharia, aponta Berkes, “basta conferir o currículo das faculdades, e se verá que está muito mais amplo do que antigamente, acrescido de enge-nharia da computação, mecatrôni-ca, engenharia do petróleo, enfim uma série de novas cadeiras, para as quais o Instituto precisa dirigir mais o foco, apesar da tradição também ser muito valiosa. O ob-jetivo é atrair os jovens, que hoje estão muito ligados nessas novas

modalidades. E as Divisões Técni-cas poderiam representar mais efe-tivamente o momento atual”.

Júlio Casarin – Primeiro Diretor Financeiro, Júlio Casarin acha que o Instituto de Engenharia pode contri-buir para o surpreendente crescimen-to que a engenharia brasileira experi-menta atualmente na medida em que “tudo se dá com a presença constante das ações de desenvolvimento da so-ciedade e da engenharia sempre es-

tando presentes. Tanto nos casos de sucesso como de derrotas da enge-nharia. O Instituto pode colaborar, por exemplo, na prevenção de acidentes como quedas de estruturas, desenvol-vendo nas suas Divisões Técnicas um grupo de profissionais habilitados a fazê-lo, mantendo-se sempre atento às informações e à tecnologia avan-çada. Isso faz parte dos princípios da ética profissional e social”, explica.

Casarin é engenheiro civil de es-truturas, formado em 1964 pela Es-cola Politécnica da USP. Outros dados de seu currículo: curso de Patologia das Estruturas no IPT (1972); curso de Mediação e Arbitragem, no Insti-tuto de Engenharia (1998); e curso de Perícias Judiciais, também no Insti-tuto de Engenharia (2001). Participa da Câmara de Mediação e Arbitragem do Instituto de Engenharia (CMA-IE). Trabalhou como engenheiro da Usi-na Hidrelétrica de Ibitinga da Cherp; como engenheiro-chefe de fiscaliza-ção de obras civis nas usinas de Ibitin-ga e Promissão da Cesp; como enge-nheiro-residente de obras no Sistema Cantareira na Comasp; como superin-

Instituto de Engenharia (diretoria 2011-2013) - Rui Arruda Camargo(vice-presidente de Atividades Técnicas); Nelson Aidar (vice presidente da Sede de Campo); Miriana Pereira Marques (vice-presidente de Assuntos Internos); Aluizio de Barros Fagundes (presidente); Arlindo Virgílio Moura (vice-presidente de Administração e Finanças); Amândio Martins (vice-presidente de Relações Externas)

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Júlio Casarin, Primeiro Diretor Financeiro

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tendente de engenharia na Cemsa; como diretor técni-co na Artan; como engenheiro coordenador de Obras Especiais, coordenador administrativo de Assistência aos Municípios do Estado de São Paulo, assessor de Diretoria Técnica e gerente de Divisão na Sabesp. No Instituto de Engenharia, foi diretor social nas gestões do Maçahico Tisaka e Mário Savelli e diretor tesourei-ro nos mandatos de Maçahico Tisaka, Mário Savelli e Cláudio Dall’Acqua.

Jason Pereira Marques, Segundo Diretor Financeiro.

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Jason Pereira Marques – Segundo Diretor Finan-ceiro, o engº Jason Pereira Marques observa que tanto as conquistas do passado como as atividades atuais do Instituto de Engenharia fazem da entidade um abran-gente fórum de debates e proposições de políticas públi-cas para beneficiar a sociedade. “Dando sequência a esta linha de conduta, o Instituto poderá assim contribuir para um Brasil moderno, mantendo suas portas abertas como sempre fez ao longo desses 95 anos”, diz ele.

“Já que o Brasil tem pela frente a oportunidade de empreender um salto histórico de desenvolvimento, o Instituto de Engenharia, representando a engenharia brasileira, com certeza acompanhará, com sua partici-pação constante, essa tendência que agora se anuncia”, afirma Jason. Ele concorda que, numa fase em que o Brasil tem tudo para deslanchar do ponto de vista eco-nômico, predominam diversos gargalos. No entanto, conclui, “gargalos sempre vão existir porque fazem par-te do cotidiano de um engenheiro que vive em constan-te estado de desafio, que, aliás, é o que dá o verdadeiro sentido à sua vida profissional”. Mas, segundo ele, “o desenvolvimento econômico será sempre consequência do nosso esforço e dedicação”.

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José Roberto Bernas-coni - Em seu depoi-mento sobre as duas passagens como presi-dente do Instituto de Engenharia (1985/1986 e 1987/1988) Bernasco-ni afirma que “esses fo-ram os momentos mais

importantes de minha vida porque tive uma oportunidade extraordinária ao en-contrar um grupo de engenheiros mais velhos e experientes que confiaram em mim e em minha equipe, o que possibi-litou boas gestões num momento crítico do Instituto, quando houve a desapro-priação de nosso prédio”. Segundo ele, a primeira eleição foi muito disputada. “Eu sucedi Plínio Assmann, um excelente en-genheiro – ele era presidente da Compa-nhia Siderúrgica Paulista, a Cosipa, e ti-nha sido presidente da Cia. do Metrô. Eu era vice do Plínio e disputei contra Marco Antonio Mastrobuono, que era o terceiro vice-presidente. Fui eleito e os desafios eram muito grandes. O primeiro deles se relacionava com o fato já citado de que o IE tinha sido desapropriado.”

A REVISTA ENGENHARIA entrevistou sete ex-presidentes do Instituto de Engenharia – antecessores mais recentes do atual presidente Aluizio de Barros Fagundes –, que destacaram os principais feitos de suas gestões. São eles: José Roberto Bernasconi (presidente 1985 a 1986 e reeleito para o biênio 1987-1988); Maçahico Tisaka (presidente de 1989 a 1990 e reeleito para o biênio1991-1992); Alfredo Mário Savelli (presidente de 1993 a 1994 e reeleito para o biênio 1995-1996); Cláudio Amaury Dall’Acqua (presidente de 1997 a 1998 e reeleito para o biênio 1999-2000); Antonio Hélio Guerra Vieira (presidente de 2001 a 2002); Eduardo Ferreira Lafraia (presidente de 2003 a 2004 e reeleito para o biênio 2005-2006); e Edemar de Souza Amorim (presidente de 2007 a 2008)

Bernasconi relembra que o Instituto funcionou por 28 anos, entre 1955 e 1983, no Palácio Mauá, até que o edifício foi desapropriado em 1982, durante a gestão estadual do governador em exercício, José Maria Marin, para ampliação das instala-ções do Fórum Judiciário de São Paulo. O Instituto era proprietário de metade do Palácio Mauá, no centro da cidade, junto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp. A parte da Fiesp era ocupada por numerosos sindicatos da própria entidade. A do IE também era ocupada por sindicatos, mas que pagavam um aluguel, aumentando sua receita. “De repente o Instituto se viu sem teto, e ti-vemos de ir para o Edifício Itália. Foi uma luta imensa para conseguir uma solução para o caso. Num grande esforço coletivo, conseguimos negociar uma solução com o governador Franco Montoro e com a Assembleia Legislativa.”

Segundo Bernasconi, a Constituição diz que o desapropriado deve ser indeniza-do em dinheiro imediatamente, só que isso na prática não acontece. “A situação es-tava complicada. Então conseguimos com que o governo do Estado nos ouvisse, por

ex-presidentes do IEA palavra de sete

intermédio de várias pessoas, entre elas Djalma Descio, engenheiro e advogado, e seu irmão Jabor Descio, que identificaram um terreno que poderia ser doado, pegado ao atual hospital Dante Pazzanese.”

O terreno foi negociado com o gover-no do Estado, mas como a indenização de-moraria, o Instituto compraria aquela área descontando do que seria recebido como indenização da desapropriação do Palácio Mauá, como se fosse uma parcela anteci-pada. Foi assim que passou a ser proprie-dade do Instituto a área de 12 000 me-tros quadrados onde atualmente ele está instalado. “Como o terreno era do Estado de São Paulo, teve de ser elaborado um projeto de lei, do Executivo, que foi en-viado à Assembleia Legislativa e aprovado por unanimidade. De sua elaboração parti-ciparam muitos engenheiros do Instituto, como Maçahico Tisaka e Alfredo Savelli.”

O IE recebeu então esse terreno como primeira parcela da indenização referente à desapropriação do Palácio Mauá. Bernas-coni e o falecido engº Mário Pinto, diretor executivo, concluíram essa negociação sob a orientação do então presidente Plínio Assmann. “Quando eu assumi a presidên-

Bernasconi

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cia da entidade, em 1985, assumi também o compromisso de construir a sede provisória, que ainda hoje ali está, algo em torno de 1 600 metros quadrados de área construída. Conseguimos atingir essa meta em 15 meses, com recursos oriundos de doações de empresas”, explica Bernasconi.

“Os nomes dos doadores estão inscritos numa placa, na entrada do prédio do IE. São grandes e médias empre-sas, firmas técnicas, pequenos escritórios de consultoria, enfim cada um contribuiu com o que pôde. Além das con-tribuições em dinheiro alguns doaram materiais, outros doaram serviços. E lá está a nossa sede, inaugurada em 10 de setembro de 1986. Aconteceu numa época de gran-des dificuldades no país, e não obstante nós conseguimos sensibilizar a comunidade para se arregimentar em torno dessa causa. Foi uma operação muito bem feita.”

O relato de Bernasconi sobre suas gestões à frente do Instituto prossegue. “Além disso, nós procuramos fazer a promoção das atividades das Divisões Técnicas, que cres-ceram muito nesse período. E realizamos mais duas coisas importantes: o projeto Memória da Engenharia e a apro-ximação do Instituto com outras entidades internacionais congêneres. Pelo ‘Memória’, nós montamos uma videoteca e gravamos entrevistas com engenheiros históricos.”

Maçahico Tisaka – Quando assumiu a presidência do Instituto de Enge-nharia, em 1989 [ele foi presidente de 1989 a 1990 e reeleito para o biênio1991-1992], o engº Maçahico Tisaka já acreditava que o Institu-to detinha um papel muito mais amplo a desempenhar na busca do desenvolvimento econômico e social do país e de levar a discus-

são dos grandes problemas nacionais para além das frontei-ras do Estado de São Paulo. Com esse propósito, já na posse, lançou o desafio do Movimento Nacional de Produtividade e Qualidade visando melhorar o PIB nacional através do aumen-to da produtividade em todos os setores. E ao mesmo tempo aprimorar o nível de qualidade de seus produtos para tornar o país mais competitivo em relação ao mercado internacional.

“Esse movimento, inicialmente encarado com certo ceti-cismo, ganhou força e amplitude, conseguindo a adesão das entidades mais representativas do país como a Fiesp e outras federações do gênero, federações do comércio e associações comerciais, entidades de classe de engenheiros e arquitetos, universidades, entidades de classe de vários setores da econo-mia, sindicatos patronais e federações dos trabalhadores como CUT, Força Sindical e CGT, além da mobilização dos principais

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Maçahico

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órgãos da imprensa escrita e televisada que acabaram engrossando o movimen-to, despertando a atenção e o interesse do novo governo que estava se forman-do sob o comando de Fernando Collor, recém-eleito”, conta Maçahico.

O outro marco da gestão Maçahico se concentrou nos preparativos para a cons-trução da nova sede do Instituto, com projeto do arquiteto Rino Levi, aprovado pela Prefeitura, que, mantendo sua atua-lidade, é constituído de um auditório para 800 pessoas, dois subsolos de garagem, amplo salão, biblioteca, salas de aulas e reuniões e um prédio de 12 andares que permitiria reunir num só núcleo várias entidades de classe ligadas à engenharia e arquitetura. Os recursos financeiros se-riam provenientes da desapropriação do Palácio Mauá e doações de todos os pro-jetos que já estavam prometidos pelos es-critórios de engenharia. “Mas apesar de já termos a planta aprovada e em condições de iniciar as obras, o governo do Estado acabou não liberando os recursos finan-ceiros a que tinha direito o Instituto”, la-menta o ex-presidente.

Maçahico é também considerado o autor da “descoberta” do terreno onde se encontra atualmente o Instituto na Ave-

nida Dr. Dante Pazzanese, fato ocorrido antes da sua gestão como presidente. No ano de 1982, quando o Palácio Mauá, tradicional sede do Instituto, foi desa-propriado pelo governo de São Paulo, o engenheiro fazia parte de um grupo de trabalho encarregado de buscar um terre-no do Estado para construir a nova sede. “De repente lembrei-me de que, há muitos anos, havia presenciado a apresentação de um projeto de construção da sede de uma entidade ligada à higiene e seguran-ça do trabalho que recebera do governo a posse de um terreno na Avenida Dr. Dante Pazzanese, sob a condição de começar a construí-la no prazo de dois anos. No en-tanto, reparei, passando por aquele local, que nenhuma edificação tinha sido cons-truída até então. Incontinênti, liguei para o diretor do Patrimônio do Estado, na época ocupado pelo engº Djalma Descio, sócio do Instituto, e descobri que aquela entidade havia perdido a posse do terre-no e que o mesmo fora reincorporado ao patrimônio do Estado, estando livre e de-simpedido, portanto”, lembra Maçahico.

O terreno, antiga Invernada dos Bom-beiros, tinha cerca de 36 000 metros quadrados, estava ocioso e sob a admi-nistração da Secretaria da Agricultura do

Estado. “Quando contei para vários dire-tores do Instituto, que naquela época era presidido pelo engº Lauro Rios, ninguém acreditou, pois achavam que eu devia estar maluco, e consideraram a preten-são absurda e fora de propósito. Diante da minha insistência e da mobilização de alguns colegas, o assunto foi levado ao engº Rubens Rodrigues dos Santos, mem-bro de uma comissão especial que fora constituída por figuras notáveis como os engenheiros Olavo Setúbal e Antonio Er-mírio de Moraes juntamente com alguns ex-presidentes, que levaram a reivindica-ção ao então governador em exercício do Estado, José Maria Marin. O governador, depois de ouvir os membros da comissão, reconheceu a legitimidade do pleito, aten-deu o pedido e deu posse provisória de uma parte do terreno onde atualmente se encontra a sede do Instituto, mais tarde tornada definitiva pelo esforço dos dire-tores que se sucederam.”

Para Maçahico, a construção da nova sede já estaria concluída há muito tempo, não fosse o “calote” dado pelo governo do Estado na liberação dos recursos finan-ceiros provenientes da desapropriação do Palácio Mauá em 1982. “Até o momento são muitos anos de espera. Isso depois

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que, ainda na minha gestão, graças aos esforços de uma formidável plêiade de sócios e colaboradores, tudo estava pron-to para começar as obras: projeto apro-vado na Prefeitura; projeto arquitetônico finalizado e entregue; projeto estrutural, de instalações elétricas e hidráulicas e de fundações já doados pelos escritórios es-pecializados de consultoria. Sem contar que um conjunto de empresas de geotec-nia estava disposto a bancar uma grande parte da execução das fundações. Mas tudo isso foi lamentavelmente suspenso.”

Em sua opinião, a futura nova sede do Instituto “representa uma nova fase na realização de seus objetivos e na ob-tenção de uma fonte importante de arre-cadação, para manter acesa a chama dos ideais que sempre nortearam as ativida-des da entidade”.

Alfredo Mário Sa-velli – O engº Alfredo Mário Savelli, com mais de 40 anos de atividade profis-sional, intercalados com quase duas décadas em fun-ções públicas, sen-te-se honrado por

ter presidido o Instituto de Engenharia de 1993 a 1996, após ter exercido vice-presidências por quatro vezes. Mestre em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP, engenheiro civil e engenheiro

industrial pelo Mackenzie, ele se sente ligado ao Instituto também por motivos sentimentais, inclusive porque seu pai, Mário Savelli, já militava na entidade.

Savelli também se encontra entre os que batalharam assiduamente pela conquista do terreno onde se encon-tra atualmente a sede da entidade: “No exercício da vice-presidência de Assuntos Externos, após longa vigília de negocia-ção, conseguimos que a Assembleia Le-gislativa aprovasse, por unanimidade, a mensagem do governador destinando o terreno do Ibirapuera para sede do Ins-tituto. Depois, quando presidente, pro-curamos atrair os fundos de pensão das estatais para uma parceria que viabilizas-se a ampliação da sede, complementando os recursos da desapropriação, no apro-veitamento do vasto terreno disponível. É necessário que este trabalho prossiga com a mesma determinação”.

Foi como dirigente do Centro Aca-dêmico da Escola de Engenharia Ma-ckenzie que ele, então um jovem estu-dante, se aproximou pela primeira vez do Instituto de Engenharia. Isso aconte-ceu em 1958, para a organização de um seminário – no Palácio Mauá – sobre as realizações da engenharia no Brasil, em pleno apogeu do governo de Jus-celino Kubitschek. A discussão abrangia a abertura de rodovias, construção de hidrelétricas, instalação da indústria de base, automobilística e naval e o fenô-meno da construção de Brasília.

Cláudio Amaury Dall’Acqua – Uma maior participação do Instituto de Engenharia não só nos fóruns nacionais – pú-blicos e priva-dos – como nos internacionais marcou a administração de Cláudio Amaury Dall’Acqua, de 1997 a 2000. “Essa participação e forte presença nas discussões externas se mostrava uma necessidade imperiosa de nossa época, marcada pelo avanço das tecnologias da informação e da extrema velocidade na difusão de notícias e conhecimentos. Uma entidade de classe ligada à engenharia e à questão tecnológica, com a bagagem e a tradição do Instituto, não poderia dei-xar de participar desse debate”, afirma Dall’Acqua, em cuja opinião “o IE esteve pautado, até meados da década de1990, principalmente para atividades internas, discutindo temas eminentemente técnicos, sem amplificar sua voz para a sociedade como um todo. E a percepção desse fato como um problema a ser superado orien-tou as atividades estratégicas da entidade naqueles quatro anos”.

A seu ver essa mudança fez do Institu-to a entidade de associativismo voluntário mais atuante e que desfruta de maior reco-nhecimento em todo o país, além de, atu-almente, centralizar também as atenções

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Savelli

Dall’Acqua

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das engenharias das Américas, após sua bem-sucedida atuação, em conjunto com a Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae), para a vinda da sede da União Pan-Americana de Associações de Engenheiros (Upadi) para o Brasil, da qual Dall’Acqua se tornou presidente por um período de oito anos.

Ao mesmo tempo, no período Dall’Acqua foram desenvolvidas ações que transformaram o Instituto de Engenharia numa entidade afinada com as tecnologias contemporâneas da época, superando o estágio em que se encontrava em muitas áreas, aproximando-se assim da pré-revo-lução digital que caracterizou a segunda metade da década que findou com o sé-culo passado, a começar pela realização de eleições por via eletrônica para a Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo e imple-mentação pioneira de votação via internet nas eleições das Divisões Técnicas e nas eleições parciais de 2000. Também foi im-plementado o desenvolvimento e implan-tação de novo software de gerenciamento e controle do cadastro de sócios, além da conexão dos computadores das diversas áreas por meio de rede interna; reestrutu-ração dos Departamentos de Engenharia e

Divisões Técnicas, reduzindo as quantida-des e reagrupando, com vistas a otimizar o desenvolvimento dos trabalhos técnicos e as respectivas gestões das áreas técni-cas; reforma do Estatuto do IE, Regimento Geral e Regimento das Divisões Técnicas, Departamentos de Engenharia e Colegia-do Técnico; e terceirização da operação do estacionamento de veículos, que passou a ser cobrado e com a utilização de sistema informatizado conectado ao cadastro de sócios do IE.

Essas iniciativas foram complementadas pela modernização, através da atualização de todos os equipamentos de informática (microcomputadores, impressoras, scan-ners); instalação de sala para aulas de in-formática com computadores e rede local.

Finalmente Dall’Acqua declara-se am-plamente favorável à construção da nova sede do Instituto. “Na minha gestão tive a oportunidade de atuar nesse sentido, apro-vando junto à secretaria municipal do Pla-nejamento uma operação interligada pela qual adquirimos o direito de aumentar a aé-rea construída e ampliar o número de sub-solos para o estacionamento do centro de convenções. Essa operação cristalizou os di-reitos do IE junto à municipalidade e garan-

tiu até hoje que o processo de renovação do alvará de construção continuasse em vigor.”

Antonio Hélio Guerra Vieira – “O Instituto de Engenharia tem sido, desde o início, um importante fórum de debates e de pro-postas para projetos e políticas públicas, e espero que chegue aos 100 anos com sua presença ainda mais ampliada. Por isso tudo o Instituto precisa e merece uma nova sede, e que esse projeto não seja tímido”. Esses são os votos do pro-fessor Antonio Hélio Guerra Vieira, ex-presidente da entidade no período 2001-2002 – “dois anos que passaram muito rápido”, segundo ele.

Hélio Guerra formou-se engenheiro mecânico e eletricista pela Escola Politéc-nica da USP em 1953, especializando-se a seguir em eletrônica. No início da década de 1970, juntamente com sua equipe da Poli, começou a trabalhar com os até en-tão pouco conhecidos sistemas digitais.

Guerra

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Foi o ponto de partida para a construção do primeiro computador do país. O grupo fez pelo menos dois projetos para compu-tadores que marcaram época: o primeiro, que ficou muito popular no meio univer-sitário, uma espécie de exercício acadêmi-co, era um pequeno computador que os estudantes apelidaram de “Patinho Feio”. Isto porque, na mesma época, outra uni-versidade, a Unicamp, com grande estardalhaço, anunciou o projeto chamado “Cisne Branco”, um com-putador destinado à Marinha, assim denominado por causa do hino da-quela Arma. Então a equipe, de ma-neira irreverente, apelidou seu pro-duto de “patinho feio”, explica Hélio Guerra. O sucesso foi tão grande que,

logo em seguida, o grupo conseguiu um contrato de 15 milhões de dólares para um protótipo industrial de computador, deno-minado G10, que foi reproduzido por uma empresa do Rio de Janeiro. Em 1977 Hélio Guerra foi escolhido “Eminente Engenhei-ro do Ano” pelo Instituto de Engenharia, até então o mais jovem homenageado.

Eduardo Ferreira Lafraia – Foi por ocasião do 90º aniversário do Instituto de Engenharia que to-mou corpo a ideia de que se deveria proceder a uma mudança dos seus canais de comu-nicação com a socie-

dade, de forma a alcançar maior agilida-de e eficiência. Ou seja, apesar de ser um exemplo de entidade quase centenária, o Instituto nem por isso deveria permane-cer parado no tempo. Para o seu presi-dente na época, Eduardo Ferreira Lafraia (titular de 2003 a 2004 e reeleito para o biênio 2005-2006), “o Brasil mudou e o Instituto não pretendia viver somente das glórias do passado”.

No caso de eventos, por exemplo, apesar de ter um ótimo auditório – que sempre ficou lotado para as palestras e seminários –, a presença de público vinha diminuindo. “Hoje em dia está mais com-plicado. Esse auditório é maravilhoso para quem mora ou trabalha nas imediações, mas o sócio que morar na Lapa, ou na Pe-Lafraia

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nha, pode levar mais de uma hora para chegar aqui, na melhor das hipóteses.”

Por isso a urgência em adotar um novo canal de comunicação, justificava Lafraia, quando presidente. “Tínhamos que gerar um efeito multiplicador das informações e de conceitos aqui originados, de modo a que se atingisse o maior número de enge-nheiros no menor tempo possível. Por isso abrimos uma possibilidade de que o enge-nheiro que esteja na Penha, em São José do Rio Preto ou no Estado do Acre, possa assistir aos eventos simultaneamente, in-teragindo e fazendo perguntas.”

Obedecendo a essa diretriz foram reformadas algumas sa-las e criados mini-estúdios com equipamento e pessoal prepara-do para isso. Para Lafraia, cabia ao Instituto assumir seu papel de disseminador de ideias – que de-vem ser divulgadas maciçamente sob pena de ficarem restritas a uns poucos privilegiados. “Se um tra-balho pode ser divulgado, por que ficar ‘guardando’ para alguns poucos os seus resultados, em vez de criar um efeito multiplicador?”, argumenta.

Para tanto, a meta perseguida era a de fazer com que o Instituto passasse a funcionar como um fórum privilegiado devido à sua independência e isenção, e aí promover a discussão de temas de inte-resse da sociedade, para um número cada vez maior de pessoas, mediante transmis-são on-line pela internet.

Assim vieram à tona numerosos de-bates sobre temas importantes e polê-micos para a sociedade. “As demais en-tidades independentes vieram para o IE, discutiram, documentos foram formula-dos, propostas foram divulgadas”, relata o ex-presidente.

Já um segundo momento consistiu justamente na mudança da maneira de divulgar esses resultados. A estratégia surtira ótimos efeitos, não só por causa da transmissão ao vivo, anima-se Lafraia. “Esse conteúdo fica disponibilizado no

site, para interatividade, durante um ano. Os novos sócios, em busca de informação e de excelência, passaram a ter a oportu-nidade de se informar e de trocar conhe-cimentos”, diz. Para ele, um evento com transmissão ao vivo e com interatividade e que fica por um determinado período no site (indo depois para o arquivo) per-mite, a quem não teve oportunidade de assistir ao vivo, tomar conhecimento, de acordo com suas possibilidades pessoais, de tudo que foi exposto.

Edemar de Souza Amo-rim – Dois anos antes de se tornar presidente do Instituto de Engenharia, ocupando a vice-pre-sidência de Atividades Técnicas, o engº Ede-mar de Souza Amo-rim (titular do IE no biênio 2007 a 2008) promoveu uma pro-

funda reestruturação, redigindo um novo regulamento geral que definia os Departamentos e as Divisões de uma for-ma mais moderna e funcional. “Ao mesmo tempo ampliamos a diversidade de cursos com maior quantidade e variedade; a se-guir criamos uma ‘News Letter’ semanal enviada por e-mail inicialmente a cerca de 3 000 associados e entidades. Com o recadastramento chegamos até o final de nosso mandato a enviá-la a mais de 70 000 profissionais, autoridades e enti-dades de todo o país”, relata Amorim.

Já como presidente, Amorim consta-tou que o Instituto tinha em seu quadro associativo pessoas residentes em 16 es-tados da Federação. Em razão disso, um dos pilares de sua gestão foi trabalhar para que o IE assumisse a liderança en-tre as entidades de engenheiros de todo o país. “Quando o Instituto foi criado havia apenas uma instituição, o Clube de Enge-nharia, fundado ainda no século19. Hoje existem aproximadamente 450 associa-ções de engenheiros, arquitetos e agrô-

nomos, com registro nos diversos Crea’s e com direito a participação na arrecadação de ART [Anotação de Responsabilidade Técnica]”, informa. “E como liderança não se impõe – e sim se adquire ao longo do tempo por ações e posicionamento peran-te as situações políticas, sociais e profis-sionais –, um marco da nossa gestão foi o evento que denominamos Reconstruindo a Engenharia”, diz. Aquele debate focali-zou dois aspectos: o do profissional, sua formação e ensino, e o aspecto associati-vo e de posicionamento perante o sistema Confea/Crea. “Foi um sucesso, gerando discussões nacionais sobre o tema que até hoje têm dado frutos, como a evolução da legislação e do ensino da engenharia.”

No âmbito interno, a gestão Amorim recebeu apoio de empresas que, através de doações, ajudaram a cobrir o déficit ope-racional, contribuíram para melhoria das instalações, compra de equipamentos de informática e de comunicação e possibi-litaram a regularização de impostos atra-sados dos anos precedentes. “Terminamos o mandato com saldo em caixa e todos os impostos regularizados”, enfatiza.

Para Edemar de Souza Amorim, o Instituto sempre teve destacada atu-ação na defesa da cidadania. “Porém, manter ou ampliar essa atuação é cada vez mais difícil e requer muita dedi-cação e recursos humanos e financei-ros. Estes recursos devem ser busca-dos permanentemente na renovação e expansão do quadro de associados e na busca de suporte financeiro para custear as suas atividades. Talvez seja-mos um pouco exigentes, porém acho que é possível fazer muito mais do que vem sendo feito. Aliás, nós mes-mos achamos que poderíamos ter feito muito mais. O caminho é tomar posi-ções, enfatizar, criticar o que tem que ser criticado, oferecer soluções, apoiar o que está sendo feito de bom, atu-ar com muita independência, não ter medo de retaliações, pois o Instituto é uma entidade independente.”

Edemar

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