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ENGENHARIA BOLETIM INFORMATIVO DA FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO VERÃO 2013 Veículos não-tripulados da FEUP em exercício inédito em Portugal A importância estratégica das jazidas petrolíferas no offshore brasileiro UIM 2013: Uma experiência de vida a bordo do “Creoula” Estudo da FEUP revela fenómeno explosivo em estrelas O mar e a investigação: explorar novos caminhos

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A revista Engenharia é uma publicação semestral de divulgação externa das atividades da FEUP nas áreas de ensino, investigação e desenvolvimento, e de ligação ao meio socioeconómico envolvente.

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ENGENHARIABOLETIM INFORMATIVO DA FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO VERÃO 2013

Veículos não-tripulados da FEUP em exercício inédito em Portugal

A importância estratégica das jazidas petrolíferas no offshore brasileiro

UIM 2013: Uma experiência de vida a bordo do “Creoula”

Estudo da FEUP revela fenómeno explosivo

em estrelas

O mar e a investigação:explorar novos caminhos

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VENCERDocente da FEUP vence prémio de excelência nas energias renováveisTecnologia laboratorial com marca FEUP vence prémio de inovação em FrançaPrémio de 25 mil euros para rede social inovadoraPortugal conquista título internacional de “estudantes do ano”Robots da FEUP mostram eficácia na produção industrialFEUP conquista prémio na 15.ª Feira do Empreendedor

AGIREntrevista a António Barbedo de Magalhães: “A Engenharia é uma forma de ser útil aos outros”

COOPERARFEUP e UMBC recebem prémio internacionalU.Porto entre as melhores na Ciência da Informação

EDITORIALCompromisso FEUP 2020

FEUP NO MUNDOAcontecimentos com ADN FEUP

INOVARU.Porto estuda utilização de ouro para tratamento de cancroEstudo da FEUP revela fenómeno explosivo em estrelasInvestigadores da FEUP desvendam a engenharia dos perfumesCursos da FEUP com marca europeia de qualidade EUR-ACEVeículos não-tripulados da FEUP em exercício inédito em Portugal

EMPREENDERO design e a engenharia inspiram-se na IDEIA.MFEUP inaugura Laboratório de Alta TensãoVibrações em pontes de tirantes

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Edição*Divisão de Comunicação e Imagem da Faculdade de Engenharia da Universidade do [email protected]

Conselho editorial Carlos Oliveira, Paulo Jesus e Raquel Pires

Redação Carlos Oliveira, Diana Sousa, Marina Bertoncello e Raquel [email protected]

Design e Produção César [email protected]

Colaboram nesta Edição:Filipe Paiva, Luís Ferraz, Manuel Fontes e Susana Neves

PublicidadeSara Cristóvã[email protected]

PropriedadeFaculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Sede FEUP, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 Porto Tel: 22 508 1400e-mail: [email protected] | url: www.fe.up.pt

Impressão Empresa Diário do Porto, Lda. Porto 10 - 2013

PeriodicidadeSemestral

Tiragem 5000 exemplares

Depósito legal225 531/05

* Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico.

ENGENHARIA BOLETIM INFORMATIVO DA FEUP

SUMÁRIO

p.32

p.36p.26

p.22

p.10

p.7

p.18

p.13

U.Porto integra Instituto do Petróleo e Gás

PROMOVEREquipa da FEUP vice-campeã em VarsóviaFotorreportagem: Semana Profissão Engenheiro 2013Uma experiência de vida a bordo do “Creoula”Estudantes criam aplicação que ajuda a melhorar a conduçãoOficina de Música da FEUP lança o primeiro álbumInauguração da Sala do Conselho

INTERPRETAREntrevista a Ricardo Alves: “É também função da universidade formar bons cidadãos”Estudantes da FEUP dão cartas no cinema com filme sobre o Porto

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Ora, a Comissão Europeia lançou, agora em força, o 8.º programa-quadro para o desenvolvimento e coesão Europeia (que palavra cínica esta da coesão, nos dias de hoje...), para o período 2014-2020, o Horizonte 2020.

Por toda a Europa, os grupos movimentam-se, procurando parcerias, preparando-se para concorrer aos fundos Europeus.

Nós estamos nessa corrida, a prepararmo-nos internamente e em contactos internacionais. Temos muitos grupos dinâmicos que vão ter sucesso neste desafio, nesta aposta vital para o nosso desenvolvimento. Temos qualidade. Insisto no voto de confiança.

4. Mais uma vez saúdo as decisões editoriais para a revista “Engenharia”. O conteúdo deste número 52 é bem demonstrativo e suporta as afirmações que fiz, dos nossos avanços na educação e investigação, do nosso esforço bem sucedido nas parcerias com a indústria: fala-nos do EUR-ACE, dos desafios enormes da nossa parceria com a GALP no ‘Oil&Gas’ no Brasil e em Moçambique, na nossa aposta no Mar, no investimento no Laboratório de Alta Tensão, na Spin-off IDEIA.M, em avanços na investigação, do livro editado e publicado na China, desse grande desafio que é a ‘Educação sem Fronteiras’, de prémios atribuídos a investigadores e de outros temas, tudo limitado ao último semestre. Verão que é obra!

5. Termino com uma mais do que justa palavra de homenagem a dois distintos colegas que, depois de carreiras brilhantes de bem mais de 40 anos, se jubilam, o professor António Barbedo de Magalhães e o professor Alírio Rodrigues. A boa notícia é que realmente se retiram da componente direta de atividade de educação, mas ambos continuam, seguramente que por bons anos, com a sua intensa e importante contribuição para o desenvolvimento da nossa Faculdade e da nossa Universidade.

6. Ao olhar para os sete editoriais que assinei nestes anos de direção da FEUP, noto três grupos de ideias, três linhas de força nesses escritos - internacionalização; merecer e ter a confiança da sociedade; acreditar e confiar no futuro. São as linhas de força que este Editorial reforça.

* Diretor da FEUP

Compromisso FEUP 2020Horizonte 2020 - o grande desafio, a grande aposta

Sebastião Feyo de Azevedo*

1. Estamos a iniciar mais um ano letivo, o último deste mandato que me foi entregue para liderar a FEUP. Acrescente-se que um mandato muito difícil, por tudo o que nós conhecemos da conjuntura em que vivemos, mas muito, mesmo muito gratificante pela forma como a FEUP tem cumprido a sua missão, na educação, na investigação e na terceira missão. Esta última afirmação baseia-se em factos e números indesmentíveis e não em impulsos emocionais.

2. Começo pela Educação, naturalmente que deixando uma saudação especial aos mais de 1000 estudantes que nos escolheram para realizarem os seus sonhos, sonhos a que têm direito. Para esses estudantes em particular, mas realmente para a Sociedade em geral, importa deixar um registo sobre o que somos.

Na educação continuamos a ser uma referência nacional. Concluímos durante este ano todos os processos de avaliação de qualidade no quadro do modelo Europeu de qualidade - o modelo EUR-ACE. Somos a única Escola portuguesa com todos os seus cursos de acesso ao ensino superior exibindo a marca EUR-ACE.

É por razão de factos como estes que continuamos a consolidar a nossa reputação, razão que conduz a que de novo tenhamos sido, neste ano de 2013-2014, a Escola com os melhores indicadores de acesso ao ensino superior - as melhores classificações mínimas, a maior percentagem de preenchimento de vagas, os maiores índices de satisfação de procura. Continuamos, pois, a receber estudantes bem preparados e motivados, do melhor que temos em Portugal.

3. Na investigação, consolidamos ao longo do último ano a nossa afirmação internacional, traduzida em sermos a primeira Escola de engenharia nacional em todos os rankings publicados, tendo em algumas áreas indicadores de investigação que nos colocam nas dez ou vinte melhores Escolas europeias.

É na investigação que me concentro neste editorial:No programa de trabalho que em 2010 submeti à consideração da Comunidade FEUP e, naturalmente que em particular à aprovação do Conselho de Representantes da FEUP, deixei claro que era preciso que a FEUP se preparasse para cooperar e competir a nível Europeu. Numa visão antecipativa, lancei o mote ‘Compromisso 2020’, presente em todos os meus textos.

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FEUP NO MUNDO

ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

VELEIROS ROBÓTICOS DA FEUP/INESC TEC CONQUISTAM TÍTULO MUNDIAL

Uma equipa de estudantes e investigadores da FEUP e da Unidade de Robótica e Sistemas Inteligentes (ROBIS) do INESC TEC conquistou dois títulos no Campeonato Mundial de Veleiros Robóticos, que decorreu entre 2 e 6 de setembro em Brest, França. A participação da equipa portu-guesa fez-se com dois veleiros autónomos, que acabaram por sagrar-se vencedores na categoria de “Student’s sailboat”, recebendo por isso o “École Navale Endurance Special Award”.

BEST PAPER AWARD PARA DOCENTE DA FEUP

Um artigo da coautoria de Rui Maranhão, professor da FEUP, Paulo Casanova, David Garla e Bradley Schmerl, todos eles investigadores da Carnegie Mellon University (CMU), foi distinguido com o “Best Paper Award”, atribuído no âmbito do 8th International Symposium on Software Engineering for Adaptive and Self-Managing Systems, que decorreu em São Francisco, nos EUA, de 20 a 21 de maio 2013.

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ESTUDANTE DA FEUP VENCE PRÉMIO INTERNACIONAL

Michael Donauer, estudante do Programa Doutoral em Líderes para Indústrias Tecnológicas da FEUP, no âmbito do programa MIT Portugal, foi recentemente distinguido com o Best Paper Award, integrado na International Conference Flexible Automation and Intelligent Manufacturing (FAIM), que decorreu na cidade do Porto, de 26 a 28 de junho. Trata-se do principal fórum internacional de divulgação e partilha de informação no ramo da automação e produção industriais.

MELHOR TESE DE DOUTORAMENTO NA ÁREA DA ROBÓTICA PARA ESTUDANTE DA FEUP

A tese de doutoramento de Miguel Pinto, estudante de doutoramento da FEUP, foi eleita pela Sociedade Portuguesa de Robótica (SPR) a melhor do país naquela área de conhecimento. Defendida a 18 de janeiro, a tese do investigador do INESC TEC foi considerada a dissertação com maior qualidade técnico-científica e caráter inovador. Intitulada SLAM for 3D Map Building to be used in a Matching Localization Algorithm, a tese tinha como objetivo dar resposta a um problema fundamental que era dotar um robô - o RobVigil - com um módulo de observação com um medidor de distâncias a laser e odometria por forma a torná-lo autónomo.

DOCENTE DA FEUP DISTINGUIDO COM PRÉMIO INTERNACIONAL

F. Xavier Malcata é o primeiro investigador português a integrar a lista dos premiados da American Dairy Science Association (ADSA), a maior associação profissional do mundo na área dos laticínios, sediada nos EUA. Proposto por Norman Olson (da Universidade de Wisconsin e considerado uma das referências mundiais neste campo), o investigador da FEUP vê assim reconhecidas as suas consistentes contribuições prestadas à indústria nacional e internacional de laticínios, na sequência de intervenções integradas nas vertentes académica e de administração pública.

“ENGENHARIA NUM MINUTO” FINALISTA EM FESTIVAL EUROPEU

O “Engenharia num minuto”, programa de divulgação de ciência da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), é um dos 15 finalistas na categoria “New Media Productions” do European Science TV and New Media Festival 2013. Este festival é organizado pela EuroPAWS e pela Euroscience, com o objetivo de destacar o potencial para a ciência e tecnologia na produção de televisão e de novos media na Europa.

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Um estudo publicado recentemente alerta para a possibilidade de as nanopartículas de ouro poderem ser utilizadas em novos tratamentos contra o cancro. A investigação contou com investigadores da U.Porto e uma equipa multidisciplinar dos EUA, Suécia e Noruega.

U.Porto estuda utilização de ouro para tratamento de cancro

Um projeto de investigação internacional desenvolvido pela Universidade do Porto e Universidades dos EUA, Suécia e Noruega está a estudar a utilização de nanopartículas de ouro no tratamento de cancro, uma vez que não são tóxicas para o corpo humano e podem ser combinadas com outros medicamentos que têm por objetivo combater células tumorais - ao contrário das atuais terapias convencionais.

O estudo, que teve início há três anos, envolve uma equipa multidisciplinar da Universidade do Porto - constituída por investigadores do Laboratório de Engenharia de Processos Ambiente e Energia (LEPAE) da FEUP, da FMUP, do IBMC e do IPATIMUP - e da University of Nebraska Medical Center (EUA), do Departamento de Química e Engenharia Biológica da Universidade Técnica de Chalmers (Suécia) e do Department of Radiation Biology, Institute for Cancer Research, Norwegian Radium Hospital, Oslo University (Noruega).

Segundo os investigadores, este estudo permitiu compreender o mecanismo de absorção de nanopartículas de ouro pelas células cancerosas. Quando utilizadas em

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Texto: Marina BertoncelloFotografia: D.R.

pequenas quantidades estas nanopartículas conseguem ajudar a “atividade sinérgica” dos medicamentos para o tratamento do efeito da evolução de metástases e para tornar mais eficiente o efeito de retenção e permeação de drogas nos tecidos atingidos. Assim é possível aplicá-las em drogas terapêuticas, de forma a diminuir os seus efeitos colaterais como a conhecida “Multi anti-drug resistance (MDR)”.

As nanopartículas de ouro podem ser utilizadas tanto no tratamento de quimioterapia como de radioterapia, tendo já sido testadas em linhas celulares tumorais e não-tumorais pancreáticas. Com viabilidade para ser introduzido no mercado farmacêutico, este tratamento já despertou o interesse de uma investigadora da Pfizer, nos Estados Unidos, para a aplicação destas nanopartículas na passagem de drogas através da barreira hematoencefálica.

Este estudo foi um dos destaques no blog da American Association of Pharmaceutical Scientists (AAPS), durante a sua apresentação na conferência anual de biotecnologia desta associação.

ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Um trabalho de investigação desenvolvido pela FEUP permitiu observar um evento explosivo em duas estrelas muito jovens,

rodeadas por um disco de poeira e gás, capazes de formar planetas. O artigo foi publicado na revista internacional

“Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.

A investigação desenvolvida por Paulo Garcia, professor do Departamento de Engenharia Física da FEUP, recorreu aos mais avançados telescópios do mundo e constatou que, quando as órbitas destas duas estrelas estão no ponto de maior proximidade, interagem num evento explosivo.

“Very Large Telescope Interferometer” é o nome do telescópio que foi usado no estudo. Está localizado no Chile e, quando é integrado com o instrumento AMBER (que combina a luz de três telescópios simultaneamente), deteta o fenómeno explosivo das estrelas.

Paulo Garcia começa por explicar este fenómeno com a origem do nosso sistema solar, que se formou através de um disco de poeiras e gás, quando o Sol (atualmente com cerca de cinco mil milhões de anos) tinha aproximadamente um milhão de anos de idade. No caso das estrelas binárias, uma delas tem cerca do dobro da massa do Sol e a outra, uma massa parecida com a do “astro-rei”. Com uma idade de quase um milhão de anos, têm ainda o seu “sistema solar” em formação. Estas estrelas binárias orbitam uma em torno da outra, dando uma volta completa a cada três semanas e estando separadas na região mais próxima por uma distância apenas setes vezes maior que o seu raio.

“As estrelas quando são jovens têm uma atividade magnética muitíssimo mais intensa que o Sol. Têm à sua volta estruturas magnéticas muito extensas e variáveis e também um disco onde se estão a formar planetas. Pensa-se que o evento explosivo se deve à conjugação de uma pequena separação, de modo a que estas estruturas se sobrepõem, e de matéria que cai para as estrelas”, revela Paulo Garcia.

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O estudo recentemente publicado conta com a colaboração de investigadores da Alemanha, Itália, França e Chile. A técnica utilizada na investigação é conhecida por interferometria e, de acordo com o professor da FEUP, permite obter informação com uma precisão angular 500 vezes superior a um telescópio num dos melhores observatórios do mundo. “Existe outra tecnologia - a ´ótica adaptativa´ - que corrige em tempo real a ´cintilação´ das estrelas. Mas mesmo assim, a interferometria obtém informação 50 vezes mais precisa angularmente. Esta tecnologia é muito importante porque as estrelas estão muito próximas e a sua separação angular é muito pequena”, destaca o investigador da FEUP.

Texto: Marina BertoncelloImagem: Luís Belerique e Vítor Marinho

Estudo da FEUP revela fenómeno explosivo em estrelas

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Texto: Marina BertoncelloFotografia: D.R.

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Investigadores da FEUP desvendam a engenharia

dos perfumes

Ao longo de mais de uma década, uma equipa de investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) dedicou-se ao estudo dos perfumes de forma a compreender o funcionamento da indústria e mercado de fragrâncias e perfumaria. O resultado desse trabalho pode ser agora apreciado em “Perfume Engineering: Design, Performance & Classification”, um livro da autoria de Miguel Teixeira, Oscar Rodríguez, Alírio Rodrigues (investigadores do laboratório associado da FEUP LSRE - Laboratório de Processos de Separação e Reação), Paula Gomes e Vera Mata (alumni da FEUP e atualmente empresárias na i-sensis).

O resultado de 13 anos de investigação do LSRE da FEUP relacionados com a indústria e o mercado de fragrâncias acaba de ser revelado em livro. Os investigadores acreditam tratar-se de uma obra fundamental para se compreender a fundo toda a indústria da perfumaria.

Recentemente publicada pela Elsevier, esta obra apresenta informações generalistas sobre a indústria dos perfumes e das fragrâncias combinadas com muita informação técnica relativa ao design, performance e classificação de fragrâncias. Entre os principais tópicos do livro, estão a aplicação da engenharia do produto na indústria do perfume, abordando, por exemplo, o mercado de sabores e aromas ou, ainda, a importância da escolha de matérias-primas, da evaporação e da difusão de fragrâncias para a performance final do produto. Quanto à classificação de perfumes, destaque para o “Radar de Perfumes”, que explica a perceção e classificação de odores e perfumes.

Destinado aos profissionais de áreas relacionadas com a perfumaria, empresas de aromas e fragrâncias e a engenharia química, o livro apresenta vários resultados experimentais e teóricos, expostos gráfica e visualmente. Os autores afirmam que é possível encontrar informações sobre a arte da perfumaria e modelos psicofísicos para a perceção sensorial em outras bibliografias; no entanto, a obra que lançaram agora tem a vantagem de apresentar a vertente tecnológica que estava a faltar nos livros já existentes. “Grande parte do nosso livro contempla novos modelos de previsão da performance de fragrâncias e a classificação das mesmas com o Radar dos Perfumes, a par com resultados experimentais para a sua validação, fazendo assim, o ´link´ entre as duas partes [algo que a indústria não costuma mostrar]”, destacam os investigadores da FEUP.

O livro resulta, assim, do trabalho de investigação desenvolvido no LSRE sob a direção do professor Alírio Rodrigues durante os últimos 13 anos e iniciado com o pós-doutoramento de Vera Mata. O projeto envolveu duas bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento, atribuídas a Miguel Teixeira e a Paula Gomes, para além de um projeto nacional financiado e contratos “Ciência” a dois investigadores. Alguns estudantes que passaram pela FEUP ao abrigo dos programas ERASMUS e Ciências sem Fronteiras também tiveram a oportunidade de receber formação nesta área de estudo.

www.fe.up.pt/lsre

ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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Cursos da FEUP com marca europeia de qualidade EUR-ACE

O selo de qualidade EUR-ACE®, marca registada pela associação europeia ENAEE para um modelo de avaliação de qualidade de cursos de engenharia, foi atribuído a

todos os mestrados integrados e ao mestrado em Engenharia de Minas e Geo-ambiente da FEUP, que assume agora um patamar inédito ao nível do ensino superior em Portugal, sendo a primeira Escola de Engenharia com todos os seus cursos qualificados com esta marca.

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ENGENHARIA 51 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) acaba de ver concluído o processo de atribuição da marca europeia de qualidade EUR-ACE® aos nove cursos de mestrado integrado (em Engenharia Mecânica, Química, Civil, Bioengenharia, Engenharia do Ambiente, Eletrotécnica e de Computadores, Industrial e Gestão, Informática e Computação, Metalúrgica e de Materiais) e ao mestrado em Engenharia de Minas e Geo-ambiente. A Faculdade de Engenharia torna-se, assim, na primeira Escola de Engenharia em Portugal com todos os seus cursos qualificados com a marca EUR-ACE®.

O sistema de avaliação EUR-ACE® é propriedade da associação europeia European Network for Accreditation of Engineering Education (ENAEE), baseando-se num conjunto de requisitos que distinguem os cursos de Engenharia de alta qualidade na Europa e no estrangeiro. Além dos requisitos educacionais, este sistema incorpora ainda as opiniões e perspetivas das principais partes interessadas no processo (estudantes, empregadores, instituições de ensino e associações de profissionais ou agências de avaliação). Em Portugal, a entidade emissora deste selo de qualidade europeu às instituições académicas é a Ordem dos Engenheiros, devidamente credenciada pela ENAEE.

Reconhecido internacionalmente, este sistema pretende facilitar a mobilidade académica e profissional de estudantes e profissionais de engenharia. Entre os principais benefícios destaque para a garantia de que o curso com o selo de qualidade EUR-ACE® cumpre com os padrões europeus e internacionais e é reconhecido pelos empregadores na Europa; a simplificação da candidatura a outros programas de mestrado ou doutoramento também

com a mesma marca; a garantia de que o curso cumpre com os requisitos educacionais para o acesso ao registo junto das associações que regulam a profissão (em Portugal, a Ordem dos Engenheiros); a simplificação da obtenção do cartão de profissional de engenharia “ENGINEERing CARD” e do título de profissional de engenharia Europeu “EUR ING Title”, promovidos pela European Federation of National Engineering Associations (FEANI).

A atribuição do selo de qualidade aos nove cursos de mestrado integrado e do mestrado em Engenharia de Minas e Geo-ambiente pelo sistema europeu EUR-ACE® coloca a Faculdade de Engenharia num patamar inédito ao nível do ensino superior em Portugal, dando uma maior dimensão europeia aos diplomas da FEUP, o que deverá potenciar uma maior aceitação de engenheiros da FEUP por toda a Europa.

SABIA QUE…

No âmbito do processo de avaliação, a Faculdade acolheu em novembro de 2012 a primeira conferência internacional “EUR-ACE® - The European Quality Label for Engineering Degree Programmes - Experiences and Perspectives”, promovida pela ENAEE, em colaboração com a Faculdade de Engenharia e a Ordem dos Engenheiros. Durante dois dias, especialistas europeus discutiram e partilharam experiências na atribuição do selo de qualidade aos cursos de engenharia europeus e perspetivaram o seu desenvolvimento futuro para garantia da formação superior na área de engenharia em toda a Europa.

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João Tasso *

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), do Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas (LSTS), esteve ao largo de Sesimbra a testar um novo conceito de veículos autónomos não tripulados. O exercício decorreu de 8 a 18 de julho e constitui a edição de 2013 no exercício “Rapid Environmental Picture” (REP13), organizado desde 2010 pela FEUP em parceria com a Marinha. O objetivo passou por avaliar em ambiente real as novas capacidades proporcionadas pelos veículos autónomos - submarinos, de superfície e aéreos - bem como das tecnologias que lhes estão subjacentes, no âmbito de operações navais e aeronavais.

Numa lógica de articulação e de maximização dos recursos envolvidos, a edição de 2013 deste exercício englobou a participação de outros projetos nacionais e internacionais, designadamente, os projetos NETMAR, 1, NECSAVE, 2, NOPTILUS, 3, PITVANT e PERSEUS . O principal objetivo passou por desenvolver exercícios e criar simulações em cenários de guerra e ao nível da proteção portuária, no campo da busca e salvamento e da fiscalização

Uma equipa de investigadores da FEUP esteve ao largo de Sesimbra para participar no “Rapid Environmental Picture 2013” (REP13), uma iniciativa organizada pela Marinha Portuguesa em parceria com a Faculdade e que visa demonstrar e avaliar veículos autónomos não tripulados em ambiente operacional.

Veículos não-tripulados da FEUP em exercício inédito em Portugal

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marítima, ao nível da hidrografia e também no plano da monitorização ambiental.

No REP13 participaram 3 veículos submarinos, 3 de superfície e 5 aéreos, perfazendo um total de 11 veículos, entre os quais os sistemas SEACON da Marinha Portuguesa, os sistemas NOPTILUS e XTREME2 (nas mais diversas configurações) da FEUP e o sistema DOLPHIN da empresa Oceanscan. Os veículos aéreos utilizados em Sesimbra e em Setúbal, parcialmente desenvolvidos no âmbito do projeto PITVANT a cargo da Força Aérea Portuguesa (FAP), foram operados da partir do N.R.P. Bacamarte com recurso a uma catapulta e a recolha em rede. Foram ainda utilizados drifters desenvolvidos pela FEUP em cooperação com o Instituto Hidrográfico para o estudo de correntes costeiras em zonas de elevada agitação, assim como tags, também desenvolvidas pela FEUP, para a utilização no seguimento de peixes-lua. Os drifters transmitem a posição via GSM e as tags através do sistema satélite SPOT. As tags, que apesar da sua reduzida dimensão foram dimensionadas para operações em profundidades até 600 metros, foram ainda utilizadas

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para o seguimento, em tempo real, de meios utilizados no exercício, tais como botes, e ainda submarinos autónomos.

A figura 1 descreve o complexo sistema de comando,

controlo e comunicações utilizado no REP13 em Sesimbra e em Setúbal. O sistema é baseado na toolchain de software Neptus-IMC-Dune desenvolvida na FEUP para comando e controlo de sistemas de veículos heterogéneos (aéreos, superfície e submarinos) através de redes de comunicação inter-operadas. No REP13 estas redes de comunicação incluíram sistemas de comunicações submarinas (com recurso a modems acústicos); sistemas de comunicações por satélite (Iridium e SPOT) e ainda sistemas baseados em Wi-Fi, GSM e AIS. O software Neptus foi instalado em computadores portáteis para o comando e controlo distribuído dos veículos aéreos, de superfície e submarinos, bem assim como para interação com as gateways de comunicações Manta, também desenvolvidas na FEUP.

A versão mais recente deste software permite ainda a integração de layers para visualização, em tempo real ou próximo de tempo real, de dados de correntes, de ventos e da temperatura da água do mar para apoio à tomada de decisão. O sistema de comando e controlo tem ainda suporte para dispositivos Android, utilizados para o comando direto de veículos submarinos e de superfície. O software Dune é utilizado de uma forma uniforme em todos os veículos para assegurar a autonomia de operação. O protocolo de comunicações IMC suporta todas as comunicações entre veículos e estações de controlo. O software TREX, sistema de planeamento de bordo deliberativo, desenvolvido pelo Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI), foi ainda utilizado em conjunção com o software Dune para a demonstração da capacidade de planeamento deliberativo autónomo. Para o efeito, participaram no REP13 investigadores do MBARI.

Numa primeira fase (em Sesimbra), o evento teve como objetivo aferir e testar os novos desenvolvimentos e as novas capacidades dos sistemas SEACON no que diz respeito à sua utilização em missões REA e de guerra de minas com recurso aos novos sensores montados a bordo, nomeadamente, o sonar de varrimento lateral, o sistema DOAM (câmara fotográfica) e o sonar multi-feixe. Neste sentido, conseguiu-se não só recolher toda a informação dos sensores como compilá-la e analisá-la na

nova versão do software de comando e controlo (Neptus) que permite a criação de mosaicos auxiliando o operador a analisar a informação.

Numa segunda fase (na barra do porto de Setúbal) foram validados os novos equipamentos em ambiente estuarino. Estes testes superaram todas as expectativas pois foram efetuadas missões com sucesso (quer do ponto de vista dos dados recolhidos quer do ponto de vista das comunicações acústicas) com velocidades de correntes até cerca de 2 nós. As novas atualizações no sistema de comando e controlo (Neptus) permitem agora que o veículo envie a sua posição estimada (lat/long) acusticamente permitindo um comando e controlo mais efetivo sobre a plataforma. De realçar que o ambiente estuarino é aquele que apresenta o maior desafio para este tipo de veículo, em virtude, não só das diferenças de salinidade, mas também de temperatura e da velocidade da corrente.

No cenário que decorreu ao largo de Portimão, e que contou com o apoio da companhia de seguros Fidelidade, foram operados pela FAP 4 veículos aéreos não tripulados desenvolvidos no âmbito do projeto PITVANT, em missões conjuntas com o NRP Cassiopeia. As operações conjuntas entre os UAV e a NRP Cassiopeia revestiram-se de grande complexidade, permitindo assim validar os procedimentos operacionais que têm vindo a ser desenvolvidos pela equipa PITVANT. Desta forma, o exercício REP13 permitiu atingir um dos objetivos do projeto PITVANT, que consiste em testar os sistemas desenvolvidos num largo espetro de missões em ambiente real.

O REP13 foi considerado pelos participantes como muito proveitoso demonstrando-se, mais uma vez, a necessidade da aproximação da componente científica à componente operacional. Este tipo de ações acaba por funcionar como uma mais-valia, até porque potenciam o desenvolvimento do sistema de veículos autónomos a nível nacional. O aspeto de cooperação internacional, com algumas das mais reputadas instituições europeias e dos EUA, foi ainda reforçado, sendo que se perspetiva um fortalecimento destas cooperações num futuro próximo.

Mais informações em http://rep13.lsts.pt/pt-pt/blog

* Assistente Convidado da FEUP

ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Figura 1

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A IDEIA.M é uma spin-off que nasceu em março de 2008, na sequência de um projeto desenvolvido na Faculdade de Engenharia. Os dois engenheiros mecânicos, fundadores e sócios da empresa, apostam no casamento entre o design e a engenharia, para alcançarem a inovação criativa que marca a diferença. De produtos a serviços, ou mesmo experiências, não há limites para a jovem equipa empreendedora.

12 EMPREENDER

O design e a engenharia inspiram-se na IDEIA.M

Gerar inovação através do design e da engenharia, é este o lema da IDEIA.M. Uma empresa que pretende encontrar soluções para os desafios propostos, sempre com a perspetiva de conseguir colocar o produto no mercado. Definem-se como uma ‘one-stop shop’ na criação de novos produtos e de novas marcas e este é o seu cartão de visita. “O nosso processo criativo não é aleatório, embora seja iterativo, enquanto processo de evolução na busca de soluções que aceitem os desafios do design, as restrições da engenharia e as contingências do mercado”, salienta Júlio Martins, um dos sócios da empresa.

A chave do sucesso surge, simultaneamente, como o maior desafio que encontraram até ao momento: envolver designers e engenheiros num único espaço, com vista a desenvolver um produto equilibrado e que reúna os pontos de vista de cada um. Os fundadores acreditam que a estratégia “tem resultado numa grande vantagem, uma vez que existe uma compreensão do papel de cada uma das partes, o que permite termos uma equipa flexível, rápida a reagir, criativa e consequente”.

Texto: Diana Sousa Fotografias: D.R.

A IDEIA.M trabalha de pés bem assentes na terra, com o foco direcionado para a criação de produtos reais, capazes de dar entrada diretamente na fase de produção. A primeira etapa é de inspiração: encontrar uma ideia que resulte na definição do produto a desenvolver. Logo de seguida, inicia-se o trabalho de modelação, cálculo de simulação estrutural e prototipagem, recorrendo a ferramentas digitais 3D que verificam se está tudo pronto para avançar. Por fim, desenvolve-se a produção, onde os modelos digitais são convertidos em objetos reais.

A spin-off nasceu no âmbito de um projeto académico que ambos os sócios desenvolveram, quando ainda se encontravam a terminar o curso de engenharia mecânica na FEUP. Agora, Júlio Martins é responsável pela direção geral da empresa, gestão financeira, gestão de recursos humanos e relações institucionais, enquanto João Petiz trata da direção técnica, focalizando-se nas vertentes técnica, tecnológica e científica, bem como na engenharia de produto.

A equipa (da esq. para a dir.): Eduardo Gonçalves (designer), Pedro Oliveira (eng. mecânico), João Petiz (CTO, sócio gerente, eng. mecânico), Carlos Carneiro (finalista de eng. mecânica), Júlio Martins (CEO, sócio-gerente, eng. mecânico), Gonçalo Lopes (designer), António Rocha (finalista de design), Emanuel Dias (designer).

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Mas a equipa que se define como “multidisciplinar, talentosa, competente, divertida e consciente”, conta ainda com a colaboração de mais três elementos residentes, Eduardo Rocha Gonçalves e Emanuel Dias (designers) e pelo Pedro Oliveira (técnico de laboratório); além do contributo de três estagiários Gonçalo Lopes (designer), António Rocha (finalista de design de equipamento) e Carlos Carneiro (finalista de Engenharia Mecânica).

Os projetos que têm tido em mãos, ao longo dos cinco anos de existência, advêm de diversas áreas como a aeronáutica, os veículos autónomos, os dispositivos médicos, o equipamento laboratorial, os instrumentos musicais, a geração de energias renováveis ou o mobiliário. Destacar um deles é sempre uma tarefa difícil; no entanto, confessam que um dos desafios mais exigentes que já aceitaram, devido às suas características particulares, foi o desenvolvimento de uma aeronave ultraligeira. Atualmente encontra-se na fase de protótipo, tendo sido já apresentado na Feira de Friedrichschaffen, na Alemanha, em abril.

No que respeita à reação dos clientes, João Petiz refere que “uma vez compreendida a nossa filosofia, torna-se claro que a nossa ação faz todo o sentido, dado o suporte importantíssimo que damos às atividades de inovação das empresas. A necessidade de atuarem no mercado global impõe uma presença com um produto próprio e diferenciado”. Uma afirmação que vai de encontro às áreas de atuação da IDEIA.M - empresas de produto que não têm gabinetes de design e inovação próprios, ou que não possuem a competência/disponibilidade exigidas para determinado projeto, e clientes, empreendedores, que procuram desenvolver produtos na perspetiva de criarem novas marcas e empresas. No fundo, assume-se como um gabinete externo de inovação a que qualquer empresa pode recorrer, de modo a completar e refrescar as suas equipas de desenvolvimento, proporcionando uma visão externa e não ‘viciada’.

Atualmente, a IDEIA.M está sediada no UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, no polo da Asprela - uma localização que a equipa considera vantajosa, graças à “proximidade com dezenas de empresas recém-criadas e centros de inovação com excelentes visões sobre o futuro”, assim como ao “próprio ecossistema de incubação que proporciona à empresa um ambiente favorável ao seu crescimento”. No futuro, os objetivos passam por dar continuidade à consolidação da atividade que tem vindo a ser desenvolvida, reunir cada vez mais empresas interessadas no trabalho, investir na colaboração com novos parceiros e manter uma equipa capaz e motivada.

A HISTÓRIA DA IDEIA.M

A spin-off resulta de um projeto extracurricular desenvolvido por alunos de engenharia mecânica da FEUP, sob orientação do Prof. António Torres Marques. Lançado em outubro de 2004, a IDEIA.M - Investigação e Desenvolvimento de Instrumentos e Acessórios Musicais - fez da criação de instrumentos musicais em materiais compósitos a sua grande aposta. Dado o sucesso e o volume de trabalho que foi surgindo, houve necessidade de avançar para a criação de uma empresa onde os alunos finalistas, Júlio Martins e João Petiz, pudessem aplicar o conhecimento e as oportunidades que foram identificando nesta área. Foram recebidos na incubadora do UPTEC um ano antes de iniciarem a atividade na empresa, em março de 2008. A equipa tem formação base em design e engenharia, reforçada por experiências internacionais na Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, entre outros países (quer em Universidades Técnicas, quer em escolas de design mundialmente reconhecidas). A empresa abraça agora um novo desafio - a internacionalização. O mercado britânico está a ser analisado enquanto rampa de lançamento para novos projetos.

www.ideiam.com

AVA One: guitarra elétrica desenvolvida e produzida em materiais compositos para a marca AVA (www.avaguitars.com)

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FEUP inaugura Laboratório de Alta Tensão Texto: Raquel Pires

Fotografias: Manuel Fontes

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É o maior laboratório universitário com dimensão industrial em Portugal e está instalado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Chama-se Laboratório de Alta Tensão (LAT) e foi inaugurado em maio, com o apoio de diversas empresas industriais.

Com uma sala de ensaios de 144 m2 e altura útil de 11 m com blindagem elétrica completa (gaiola de Faraday), o Laboratório de Alta Tensão recentemente inaugurado na Faculdade de Engenharia estende-se ainda por uma sala de comando e uma sala de observação com cerca de 30 m2 cada. O objetivo passa por contribuir para a melhoria das atividades de ensino e investigação e também servir a indústria.

A área científica e tecnológica das altas tensões envolve o estudo dos campos elétricos intensos e dos diversos fatores físico-tecnológicos que exigem a cooperação de estudos de simulação numérica baseados em modelos matemáticos (modelização computacional) aliados a estudos baseados na experimentação laboratorial (ensaios em laboratório). De acordo com António Machado e Moura, professor da FEUP e diretor desta nova infraestrutura, os estudos experimentais envolvem a realização de ensaios em laboratórios de alta tensão (à frequência industrial a seco ou sob chuva e à onda de choque atmosférica e/ou onda de choque de manobra), podendo recorrer-se também à realização de campanhas de ensaios de campo, efetuadas diretamente nos locais de instalação dos equipamentos.

Na opinião do professor da FEUP, a necessidade destes estudos experimentais decorre fundamentalmente da dificuldade em calcular certos parâmetros, dependendo principalmente de fatores tecnológicos de fabrico e não de parâmetros físicos fundamentais de base ou de

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QUE EMPRESAS COLABORAM COM O LAT?

ARSOPI - Indústrias Metalúrgicas Arlindo S. PinhoCERISOL - Isoladores CerâmicosEFACEC Energia, Máquinas e Equipamentos EléctricosEURICO FERREIRA - Grupo ProefIEP - Instituto Electrotécnico PortuguêsJAYME DA COSTA - Mecânica e ElectricidadeMETALOVIANA - Metalúrgica de Viana R. F. MALTASOLIDAL - Condutores Eléctricos.

SABIA QUE...

No sentido de ampliar as valências operacionais do LAT, tornando-o uma infraestrutura capaz de responder aos desafios da indústria e da investigação na área das altas tensões, a FEUP submeteu em 30 de setembro de 2013 uma candidatura à FCT no quadro do programa Infraestruturas-Roteiro, a qual teve o importante apoio do grupo de Energia do INESC TEC, reforçando as possibilidades da mesma vir a ser aprovada.

projeto. No início dos anos 80, com a revisão dos planos curriculares da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na FEUP, surgiu a disciplina de “Técnica das Altas Tensões” (TAT). A partir desse momento, era preciso “complementar os estudos teóricos de simulação numérica com estudos de caráter experimental para a garantia dos resultados pretendidos”, destaca António Machado e Moura.

Em 2000, com a mudança de instalações da Faculdade de Engenharia para o polo da Asprela, foi possível dar início à criação do Laboratório de Alta Tensão. Numa fase inicial, entre 2002 e 2005, em que ainda não se dispunha de equipamentos, o hall de ensaios foi partilhado pelo futebol robótico e pelo Laboratório de Aparelhagem. Em 2007, o LAT recebeu o primeiro equipamento de ensaio de alta tensão - um gerador de choque de 500kV, cedido pela empresa Solidal. Nessa altura foram realizadas as primeiras aulas práticas da cadeira de TAT, envolvendo ensaios dielétricos de isoladores ao choque atmosférico.

Surge em 2008 um projeto para complementar o LAT com a instalação de um equipamento de ensaio à frequência industrial, com base em unidades transformadoras de 200kV, cedido pela EFACEC, após desativação de um dos seus laboratórios. Este projeto não teve seguimento, dado que em 2009, a CERISOL manifestou interesse em deslocar as suas instalações fabris, abrindo assim a possibilidade de cedência ao LAT da FEUP do equipamento existente no seu laboratório, de que se destaca um gerador de choque de Marx de doze andares (1200kV), de fabrico Heafily, e um transformador de ensaios à frequência industrial da marca Phenix de 600kV e 0,5A. A instalação na FEUP destes novos equipamentos exigia uma adequação e otimização das instalações do LAT, quer a nível estrutural, quer a nível da instalação elétrica, operação que foi possível concluir em 2013.

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Vibrações em pontes de tirantes

Elsa de Sá Caetano*

As pontes atirantadas, constituídas por um tabuleiro suspenso por cabos a partir de um ou mais mastros, formam uma categoria estrutural que apenas foi instituída na década de 50 do século passado, fruto das elevadas exigências tecnológicas que colocam em termos das propriedades dos materiais e dos processos de cálculo. Com efeito, o funcionamento dos tirantes sob elevados níveis de tensão e o elevado grau de complexidade estrutural exigem, por um lado, a utilização de aços de elevada resistência e, por outro, o seu cálculo através de meios computacionais potentes. A necessidade de reconstrução sentida no final da segunda guerra mundial constituiu um fator de incremento da construção de pontes atirantadas, na Europa e no mundo, tendo-se revelado estruturas económicas numa ampla gama de vãos e também muito apreciadas pelo seu elevado valor estético.

A construção alargada de pontes atirantadas suscitou, contudo, um novo conjunto de questões, de que se destacam as relacionadas com as vibrações dos tirantes. Com efeito, o aumento progressivo dos vãos construídos, cujo máximo se situa presentemente em 1104 m (Russky Bridge, Vladivostok, 2012), tornou estas estruturas muito flexíveis e originou a utilização de um grande número de tirantes com elevados comprimentos. Sendo estes elementos também muito flexíveis e caracterizados por níveis de amortecimento muito baixos, compreende-se a sua suscetibilidade às vibrações induzidas pelo vento e pela chuva, pelo tráfego e pela própria vibração do tabuleiro onde estão ancorados. Daí que numerosas pontes atirantadas construídas em todo o mundo tenham exibido vibrações dos seus tirantes e, em alguns casos, do tabuleiro e torres.

A compreensão e mitigação dos fenómenos de vibração presentes nos tirantes das pontes têm exigido um elevado esforço de investigação ao longo das últimas três décadas e constituem um tópico de investigação ainda em aberto, dada a grande complexidade que encerram. No sentido de apoiar os projetistas na resolução destes problemas, e no âmbito de uma chamada internacional para apresentação de propostas de publicação em temas de interesse prático promovida pela International Association for Bridge and Structural Engineering (IABSE), foi selecionada uma proposta da FEUP para publicar

um documento centrado nas vibrações em tirantes de pontes, que proporcionasse aos projetistas regras práticas e a descrição de metodologias de análise para aplicação direta ao projeto de pontes atirantadas, complementado no final com um conjunto de fichas técnicas de obras desenvolvidas em colaboração com prestigiados projetistas e empresas internacionais.

Este documento, escrito na sequência da tese de doutoramento e baseado também na experiência subsequente, foi publicado pela IABSE em 2007 e constitui o nono de uma série intitulada “Structural Engineering Documents”, iniciada em 1982, sendo disponibilizado pela IABSE aos seus membros e podendo igualmente ser adquirido através da loja online da IABSE ou da Amazon. A obra destina-se essencialmente a técnicos envolvidos no projeto e construção de pontes atirantadas e a investigadores que se dedicam a esta área.

Fruto do elevado reconhecimento que esta série de monografias tem recebido, e no âmbito de um protocolo estabelecido entre a editora chinesa Chinese Architecture and Building Press (CABP) e a IABSE, o livro SED9 - Cable-Vibrations in Cable-stayed bridges constituiu a segunda obra da IABSE traduzida e à venda na China, tendo sido publicada em 2012. Não obstante o reconhecimento internacional motivado pela publicação inicial em inglês em 2007, já que em resultado da sua publicação, tenho sido convidada a participar em estudos relacionados com grandes projetos a nível internacional, como por exemplo a cobertura atirantada do Estádio Olímpico de Londres 2012, a tradução e publicação em chinês deste livro constitui um sinal acrescido de reconhecimento e a convicção da utilidade de uma vertente de trabalho a que intensamente me dediquei durante dez anos na FEUP. A publicação de um trabalho desta natureza num país em que a investigação tem crescido de forma galopante na última década e onde se têm concentrado os maiores investimentos em termos de construção de grandes infraestruturas, constitui uma via de aproximação a colaborações interuniversitárias e também um pequeno passo no reconhecimento e na internacionalização da engenharia civil portuguesa na China.

* Professora Associada com Agregação na FEUP

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Docente da FEUP vence prémio de excelência nas energias renováveis

Aos 58 anos, Vladimiro Miranda passa a figurar na lista dos notáveis do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), a organização líder a nível mundial para o avanço da tecnologia, com a atribuição do IEEE Power & Energy Society Ramakumar Family Renewable Energy Excellence Award 2012. O professor catedrático da FEUP vê assim reconhecida internacionalmente a sua contribuição para a integração de fontes de energia renovável - em particular energia eólica - em larga escala nos sistemas elétricos tradicionais através de técnicas de inteligência computacional.

Para Vladimiro Miranda, “este prémio confirma o reconhecimento internacional da liderança tecnológica de Portugal nas renováveis. O vento, por exemplo, representa mais de 20% da energia produzida em Portugal entre janeiro e março de 2013, e o país não colapsou, o que comprova que existe capacidade tecnológica nesta área”.

As contribuições pioneiras de Vladimiro Miranda para a massificação da integração das renováveis através da inteligência computacional têm reflexos da indústria até à academia. O investigador participou em estudos para avaliação dos recursos eólicos e solar fotovoltaicos em Cabo Verde e Espanha e desenvolveu modelos para previsão de vento para o Argonne National Laboratory, da rede de Laboratórios do Departamento de Energia do Governo norte-americano. A atividade de I&D desenvolvida por Vladimiro Miranda mudou o rumo da investigação sobre os problemas dos sistemas elétricos, incluindo renováveis, e também influenciou programas de ensino nacionais e internacionais nesta área.

O investigador concilia atualmente as atividades de investigação e ensino com a presidência do INESC P&D Brasil, onde tem procurado promover a transferência de tecnologia portuguesa, nomeadamente elétrica, para o país irmão. Entre outras ações, o INESC TEC já vendeu um submarino-robô para o Brasil, para inspecionar a barragem do Lajeado, e levou a cabo um inventário dos recursos renováveis no estado do Rio de Janeiro.

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NOTA BIOGRÁFICA

Vladimiro Miranda é Fellow do IEEE e autor de mais de 200 publicações. Orientou numerosas teses de doutoramento e mestrado em temas de energia com estudantes de diversas regiões do mundo e em universidades de Portugal, Argentina, Bósnia, Brasil, China, Equador, Noruega ou Suécia.O diretor e investigador do INESC TEC tem também servido de consultor e avaliador de projetos na área de energia em Portugal, África do Sul, Argentina, Croácia ou Noruega, para os respetivos governos ou sistemas de supervisão do sistema científico universitário. Foi membro da comissão organizadora de vários congressos internacionais importantes na área de sistemas de energia como PMAPS, ISAP e IEEE PowerTech e preside, desde 1991, aos Encontros Luso-Afro-Brasileiros para a Energia (ELAB).

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Chama-se “Blautouch” e é o resultado de um projeto de investigação que juntou investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), da Edigma e da Laborial, empresa especializada no fornecimento de soluções para laboratórios. Esta inovadora tecnologia foi recentemente premiada em França com o primeiro lugar num concurso de inovação organizado pela Association pour la prévention et l’étude de la contamination (ASPEC) e pela revista especializada Salles Propres.

A “Blautouch” é uma superfície de trabalho interativa para laboratórios que permite substituir computadores, teclados e ratos - que geralmente representam grandes focos de contaminação em espaços críticos. Este produto foi desenvolvido segundo as mais recentes diretrizes do “hygienic design” e é constituído por materiais resistentes aos reagentes e aos desinfetantes mais agressivos, sendo neste momento uma das soluções mais limpas e eficazes a nível mundial no que diz respeito ao acesso a equipamentos computacionais em laboratórios e salas limpas. A inovação deste produto tem vindo a ser referenciada pela imprensa internacional como um marco no que diz respeito à integração de equipamentos informáticos e tem neste prémio o ponto mais alto de reconhecimento desde o seu lançamento.

Esta tecnologia resulta do projeto “Intellab - Laboratórios Inteligentes” desenvolvido pela Laborial em parceria com a FEUP e com a Edigma, e do qual resultou também um sistema de monitorização e controlo avançado para laboratórios, o Advanlab.

www.laborial.com

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Tecnologia laboratorial com marca FEUP vence prémio de inovação em França

Fotografia: D.R.

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Taggeo é o nome do projeto inovador que valeu a atribuição do Prémio Inov C 2012, no valor de 25 mil euros, a três estudantes da Universidade do Porto. Tiago Fernandes é estudante do Programa Doutoral em Engenharia Informática (PRODEI) da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), Mariana Teixeira, do Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (MIETE) da FEUP, Rúben Ribeiro, do Mestrado em Economia e Gestão Internacional (MEGI) da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP) e juntos criaram uma rede social capaz de agregar informação acerca do que se passa ao redor do utilizador e que permite ainda distribuir mensagens geo-localizadas. O desafio agora passa por continuar a cativar novos utilizadores e criar uma base sólida para continuar a crescer nos mercados nacional e internacional.

Os estudantes revelam também que o projeto vai muito além da componente de rede social, consistindo num alargado conjunto de serviços web, com vista à criação de atividades de marketing interativo e geo-localizado. Nesse sentido, preparam-se para lançar até ao final de outubro versões completamente novas do seu website e aplicação móvel. Esta, numa primeira fase apenas disponível para iOS, mantém todas as funcionalidades da aplicação que está atualmente disponível e que valeu aos estudantes, para além do Prémio Inov C 2012, o primeiro lugar na categoria de Inovação da Microsoft Imagine Cup Portugal 2013. Contudo, inova no sentido de fazer do Taggeo também um agregador de eventos e pontos de interesse que se encontram à nossa volta, a qualquer hora e em qualquer parte do mundo.

Esta nova versão do Taggeo permitirá ainda visualizar fotos localizadas ao redor do utilizador e terá ainda uma vertente fortemente direcionada para o turismo - incluindo a disponibilização de rotas turísticas com itinerários interativos capazes de fornecer informações sobre os pontos de interesse à medida que os vamos percorrendo.

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Prémio de 25 mil euros para rede social inovadora

Embora já existam no mercado várias plataformas que funcionem como redes sociais e que incluem a componente de geo-localização, a tecnologia Taggeo permite a integração de vários serviços, assumindo-se como a única rede social realmente baseada em geo-localização que, para além da possibilidade de deixar mensagens, é igualmente capaz de agregar um conjunto de informações úteis sobre o que existe, se passa ou irá passar ao redor do utilizador. “A grande proposta de valor do Taggeo passa pelo facto de se assumir como um agregador capaz de concentrar numa única aplicação móvel muitas funções para as quais, em condições normais, são necessárias várias aplicações. Para além disto, mantém as funcionalidades únicas que lhe são características, nomeadamente as mensagens geo-localizadas, livres de restrições. Por isso, acreditamos que o Taggeo se poderá tornar numa ferramenta muito útil, tanto para o utilizador comum que procura informações sobre o que está a passar num determinado local, como para quem quer divulgar a sua marca, produto ou serviço, de uma forma inovadora e com grandes possibilidades ao nível do user engagement”, destacam os estudantes.

Até ao final de outubro estará disponível a nova versão da aplicação móvel do Taggeo na AppStore (iOS), sendo que as versões para Android e Windows Phone deverão ser lançadas ao longo dos próximos meses. Até lá, continuam disponíveis as atuais versões do Taggeo na AppStore (iOS), no Google Play (Android) e no Windows Phone Marketplace (Windows Phone 7 e 8).

SABIA QUE…

O projeto Taggeo, que já conta com cerca 13 mil utilizadores registados, foi um dos premiados no iUP25k 2013? Os três estudantes alcançaram o 3.º lugar do pódio e garantiram um prémio no valor de 5 mil euros. Recorde-se que o iUP25k foi um concurso lançado em 2010 pela U.Porto, através do Clube de Empreendedorismo (CEdUP) e da U.Porto Inovação (UPIN), com o objetivo principal de distinguir iniciativas empreendedoras e promover o aparecimento de projetos empresariais que se revelem inéditos na comunidade, por parte de estudantes ou antigos estudantes da U.Porto.

www.taggeo.org

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Texto: Raquel PiresFotografia: D.R.

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Portugal conquista título internacional de “estudantes do ano”

O título “European IEM Students of the Year”- estudantes do ano na área da Engenharia Industrial - foi conquistado em Munique (Alemanha) por Henrique Cruz, João Cunha e Nuno Carneiro, estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e Xavier Azcue, estudante do Mestrado em Engenharia de Gestão Industrial do Instituto Superior Técnico (IST).

A vitória alcançada durante a fase final do Tournament in Management and Engineering Skills (TIMES) possibilitou que uma equipa portuguesa triunfasse, pela primeira vez, neste torneio. Os estudantes venceram a Local Qualification do Porto, ficando apurados para a semi-final que decorreu em fevereiro, na Universidade de Ankara-Bilkent (Turquia). Ao fim de dois dias de competição contra oito equipas europeias, os estudantes da FEUP conquistaram o primeiro lugar que os levou a Munique para a fase final do TIMES, que decorreu de 22 a 28 de abril. Para além da FEUP participaram nesta competição mais seis equipas de faculdades europeias de topo: Berlim (que ficou em 2.º lugar na competição), Eindhoven (3.º lugar), Kaiserslautern, Helsínquia, Belgrado e Gotemburgo.

A TIMES é considerada a maior competição europeia de casos de estudo para estudantes de Engenharia Industrial e Gestão, pondo à prova as competências das equipas através de uma apresentação da solução proposta. Organizada pela European Students of Industrial Engineering and Management (ESTIEM) desde 1994, atrai todos os anos mais de 250 equipas de estudantes. Os participantes têm como desafio avaliar, em apenas três horas e meia, uma empresa e definir uma estratégia para a sua entrada num mercado emergente, ou elaborar uma estratégia de marketing para um produto.

Imagine-se um ambiente industrial simulado onde não faltam um armazém de matérias-primas, máquinas que transformam essa matéria-prima em produtos e um armazém de saída com produtos acabados. Agora idealize um robot capaz de transportar todos os materiais, de forma a fabricar o maior número possível de produtos no menor tempo possível. O desafio, abraçado por quatro estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (MIEICC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), garantiu a vitória na competição de Robot@Factory, que decorreu no âmbito do 13.º Festival Nacional de Robótica.

Esta competição, que decorreu de 24 a 28 de abril em Lisboa, contou com a participação de equipas de instituições do Ensino Superior de todo o país, como o IST-Lisboa, Universidade do Minho e Instituto Politécnico de Leiria. A cada uma foi pedido que desenvolvesse toda a programação do robô quer para a navegação entre armazéns e máquinas, quer para o planeamento da produção. Um desafio em que António Moreira, David Sousa, Francisco Ferreira, Nolasco Napoleão e Teresa Conceição, todos eles a frequentar o 1.º ano do MIEEC, provaram ser os melhores, contando com o apoio de professores da FEUP e investigadores do INESC TEC.

Para além desta modalidade, o festival contou ainda com as provas de Busca e Salvamento, Dança, Futebol Robótico, Condução Autónoma e FreeBots. Paralelamente, teve lugar a 13th International Conference on Autonomous Robot Systems and Competitions, onde investigadores nacionais e internacionais da área da robótica tiveram a oportunidade de apresentar as mais recentes investigações e projetos desenvolvidos neste campo. Ao longo deste encontro científico, a FEUP também se destacou com um artigo, selecionado para ser publicado na revista internacional “Journal of Intelligent & Robotic Systems (JINT)” da Springer.

O Festival Nacional de Robótica acontece desde 2001, com o objetivo de promover Ciência e Tecnologia junto de jovens dos ensinos básico, secundário e superior, através de competições de robôs. A FEUP tem marcado presença neste festival, sagrando-se vencedora diversas vezes em diferentes provas, como o Futebol Robótico Middle-size e Small-size. A prova Robot@Factory existe há três anos, sendo que nos últimos dois os vencedores foram da FEUP/INESC TEC.

Robots da FEUP mostram eficácia na produção industrial

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FEUP conquista prémio na 15.ª Feira do Empreendedor

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O projeto “Remote Debugging Service”, da autoria de Rui Maranhão, professor do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da U.Porto (ver foto), e André Riboira, estudante de doutoramento na FEUP, é o grande vencedor do Prémio Universidades/Porto da 2.ª série do “The Next Big Idea”, atribuído no âmbito da 15.ª Feira do Empreendedor.

O “Remote Debugging Service” consiste numa aplicação informática desenhada para reduzir os custos associados aos erros de programação de software, através de um processo de depuração remota do código, que identifica e localiza os erros enquanto o programa executa. Segundo os autores, a aplicação funciona como um “hospital de software“, realizando exames e diagnósticos de forma mais rápida, reduzindo o tempo utilizado neste tipo de tarefas em cerca de 75%.

A iniciativa decorreu de 22 a 24 de novembro de 2012, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, organizada pela ANJE, com o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Subordinado ao tema “Made in Portugal”, o evento contou com a participação de 30 ideias inovadoras, das quais as melhores foram convidadas a gravar um dos programas do “The Next Big Idea”, da SIC Notícias.

Das várias ideias apresentadas na 2.ª série do concurso, o Remote Debugging Service sagrou-se então o grande vencedor do Porto. Anunciado no passado dia 7 de fevereiro, o prémio atribuído aos investigadores da FEUP consiste numa sessão de mentoring com os responsáveis da REN, Liberty Seguros e SICAL, um momento de reflexão sobre os desafios e próximos passos para passar de uma ideia à concretização de um negócio bem-sucedido.

Poderá aceder ao pitch do projeto em http://goo.gl/7YtF5 Foto

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Dedicou a sua vida ao exercício ativo da cidadania, em lutas pela liberdade democrática e pela descolonização. Recebeu dos pais uma educação multifacetada e aberta, que estimulava a criatividade, a iniciativa e a responsabilidade, num quadro de grande disciplina que tornava possível uma quase completa liberdade. Procurou proporcionar aos estudantes oportunidades para aprenderem e desenvolverem capacidades e competências, para ensinarem aos colegas e para empreenderem. Considerou-se sempre um aprendiz e escolheu, para tema da sua «última aula», a interrogação: «Educar, para quê?»

“A Engenharia é uma forma de ser útil aos outros”

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António B. de Magalhães e o Presidente da República Democrática de Timor-Leste, General Taur Matan Ruak, na cerimónia de condecoração com a Ordem de Timor-Leste, em maio de 2012

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Texto: Raquel PiresFotografia: D.R.

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Como surgiu a paixão pela área das engenharias?Comecei a beber Engenharia desde que nasci. O meu pai era Engenheiro Civil, formado na Academia Militar. Mobilizado para os Açores, na Segunda Guerra Mundial, teve que fazer obras de engenharia militar. Com os camiões parados por falta de gasolina, devido à guerra, era quase impossível. Mas havia lenha. Como engenheiro que era, construiu um gasómetro, para transformar a lenha em gás pobre e alimentar o motor de um camião com esse combustível gasoso em vez da gasolina. Engenheiro resolve problemas, independentemente da ‘especialidade’. Foi também com esse espírito que na casa em que viveu no Faial, fora da cidade, fabricou um gerador elétrico, com um dínamo de camião e uma ventoinha acionada pelo vento. Uma bateria permitia acumular energia para a casa da família ter luz elétrica.

O que pesou no momento de escolher engenharia mecânica?Em adolescente adorava fazer coisas de madeira, metálicas, motores e mini-foguetões. A dinâmica da civilização, impulsionada pela força das máquinas, estimulava a minha imaginação e o espírito construtivo. Durante algum tempo ainda pensei em tornar-me médico. Mas não aguentava ver sangue, desmaiava… A engenharia era outra forma de ser útil aos outros, e a engenharia mecânica tinha todo o fascínio da energia do fogo, da química, da força mecânica, da magia transformadora da metalurgia e do domínio dos mais duros dos metais, completamente submetidos à vontade do fundidor que lhes molda as formas com toda a facilidade, a seu bel-prazer.

Iniciou a sua carreira como professor em 1968 na FEUP. Foi o que sempre quis ser?Apesar de ser um místico, muito mais voltado para a meditação e a escrita, gostei sempre de ser professor. Era uma forma de contribuir para a formação e desenvolvimento científico, técnico e, sobretudo, humano, das novas gerações. Foi uma excelente maneira de contribuir para a construção de um mundo melhor, através dos meus ex-alunos e também para manter a juventude, no convívio com os estudantes.

Como vê o atual panorama do ensino superior em Portugal? Bolonha veio revolucionar?Sempre fui muito crítico do sistema educativo dominante, quer em Portugal quer em todo o mundo. O modelo continua a ser o da era industrial, voltado para a formação de quadros técnicos e administrativos para as empresas e para as administrações públicas, que não contestem o sistema político, financeiro e económico dominante. Continua a ser um sistema que não desenvolve a criatividade, o espírito crítico e a iniciativa. O modelo de ‘Bolonha’ está mais focado nas aprendizagens do que no ensino, o que é muito diferente e faz todo o sentido. Além disso, dá ênfase ao desenvolvimento de capacidades e competências (além dos conhecimentos), o que é essencial. Por isso foi um passo em frente muito

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NOTA BIOGRÁFICA

Licenciado em Engenharia Mecânica pela FEUP em 1968, António Barbedo Magalhães fez o seu Doutoramento em Applied Sciences na Universidade de Gent (Bélgica), em 1973. Professor Catedrático da FEUP desde 1989, lançou em 2004 os projetos PESC (Projetar, Empreender e Saber Concretizar), liderados por estudantes. Esta iniciativa foi premiada pela COTEC e reconhecida como o melhor projeto para o “Fomento do Empreendedorismo nos alunos do Ensino Superior Português”. A partir de 2008, este modelo de ensino pedagógico estende-se a toda a U.Porto, passando a designar-se “Projetos LIDERA”. António Barbedo de Magalhães foi também diretor do 1.º Programa Doutoral em Segurança e Saúde Ocupacionais, fruto da colaboração de 12 das14 faculdades da U.Porto, que em 2010 arrancou na FEUP. Tem cinco patentes, como inventor, no domínio das tecnologias de fundição.

Paralelamente à atividade académica, António Barbedo Magalhães teve um papel muito ativo no apoio à causa timorense: foi o coordenador das Jornadas de Timor da U.Porto, de 1989 a 1998 tendo, nessa qualidade, organizado numerosas conferências em Portugal, Alemanha, Austrália, Brasil, Estados Unidos, Canadá e outros países. Foi no quadro das Jornadas de Timor da U.Porto que conseguiu levar uma importante delegação com personalidades de Timor-Leste, Indonésia, Austrália, Alemanha e outros países ao Congresso Americano, fazendo com que o ‘Caucus dos Direitos Humanos’ do Congresso tivesse a sua primeira audição sobre Timor-Leste. É o autor de sete livros sobre Timor, o último dos quais editado pela Afrontamento em 2007, com três volumes (1000 páginas) e mais 10 000 páginas em documentos anexos, sobre a história política de Timor desde 1942 até 2007.

...não há Bolonha sem mudanças profundas na pedagogia.

Xanana Gusmão, António B. Magalhães e Mário Soares na 1.ª visita do líder timorense a Portugal depois do referendo da autodeterminação de Timor

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importante. Mas não há Bolonha sem mudanças profundas na pedagogia. Quem não quis mudar a pedagogia vive angustiado e frustrado porque com Bolonha passou a ter menos tempo para «dar as matérias», sem se aperceber que educação é muito mais do que «dar matérias».

Como teve início o seu contacto/proximidade com Timor-Leste?Durante o Estado Novo tomei diversas posições públicas contra a falta de liberdades democráticas, contra as torturas da PIDE (polícia política do Estado Novo) e contra a guerra colonial. Com efeito, fui um dos 101 subscritores do «Testemunho de Alguns Católicos» que os jornais acabaram por publicar em novembro de 1965 (tinha eu 22 anos), no qual dizíamos que a guerra colonial, se não se perdia também não se ganhava e que era preciso democratizar o país e preparar os povos das colónias para a autodeterminação. Além disso tinha desenvolvido trabalho relacionado com o «Boletim Anti-colonial», quer recolhendo informações, na Bélgica, sobre massacres praticados pelas tropas coloniais quer colaborando na sua distribuição clandestina.

Por tudo isso, quando fui para a tropa, em janeiro de 1974, tinha na minha ficha de identificação a indicação de que era politicamente suspeito e, por isso, começaram por me destinar ao curso de capitães de infantaria, apesar de já estar doutorado, ter muito pouco físico e ser pai de dois filhos. Um coronel amigo do Professor Vasco Sá achou que era demasiado estúpido colocarem-me na arma de infantaria e conseguiu que eu fosse reclassificado para os Serviços de Manutenção Auto. Já era muito melhor, embora ao meu doutoramento em Metalurgia devesse corresponder uma outra colocação, na fábrica de armamento de Braço de Prata, perto de Lisboa. O resultado foi ser mobilizado para Timor, em novembro de 1974, poucos meses depois da Revolução de 25 de abril.

Que fatores o levaram a envolver-se na causa da independência de Timor?Talvez por ser o único doutorado em Timor, o Governador Lemos Pires nomeou-me para uma comissão mista, luso--timorense, para preparar a descolonização do ensino em Timor. O projeto contou com a participação empenhada

de muitos professores timorenses. Para impedir que a descolonização se fizesse, os serviços secretos de alguns países vizinhos encarregaram-se de provocar instabilidade, guerra civil, invasão e ocupação do território por forças indonésias apoiadas diplomática, política e militarmente pela Austrália, Estados Unidos e Grã-Bretanha. Com Timor-Leste transformado num enorme campo de concentração, onde os jornalistas não puderam entrar durante vários anos, tornou-se imperioso dar voz a um povo vítima de numerosos massacres e incontáveis torturas. Assim começou o meu envolvimento com a Causa Timorense.

Que significado teve para si a condecoração pelo Estado Português (Ordem do Infante D. Henrique) e pelo Estado Timorense (Ordem de Timor-Leste)?Foram gestos de grande cortesia e reconhecimento por parte das autoridades do Estado Português e do Estado Timorense, importantes como tal. No entanto, para mim conta mais a consciência da missão cumprida e as profundas amizades que se desenvolveram na solidariedade, quer com resistentes timorenses, quer com democratas indonésios, quer, também, com pessoas de grande valor moral que lutaram pela libertação do Povo de Timor-Leste e pela dignidade dos oprimidos em numerosos grupos de solidariedade em muitos países, dos PALOP ao Canadá e à Nova Zelândia.

Qual foi o momento mais marcante da sua vida?Felizmente a minha vida está recheada de muitos momentos marcantes: de grande carga afetiva e emocional, como as primeiras paixões ou o nascimento dos filhos, e algumas amizades muito fundas; de força moral, ao enfrentar, com outros, riscos políticos e físicos na luta pela liberdade e pela dignidade dos oprimidos; e de beleza, ao sabor de música divinal… Os mais marcantes de todos foram de comunicação e comunhão místicas, de participação na construção da história transcendente da nação em que nasci e de um conjunto de povos a que os descobrimentos nos ligaram. A participação, com pessoas e povos de todo o mundo, de diferentes credos e culturas, na construção de um Mundo mais justo, pacífico, harmonioso, inclusivo e sustentável, mesmo quando isso implicava, para alguns dos meus amigos, riscos de prisão, tortura e de morte, fizeram-me viver momentos muito intensos e marcantes.

Professor Barbedo com a deputada Lurdes Bessa na cerimónia de condecoração pelo Presidente da República Democrática de Timor-Leste (maio de 2012)

Jorge Sampaio na cerimónia de condecoração do Professor Barbedo como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (10 de junho de 2000)

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Formar engenheiros capazes de solucionar problemas globais e multidisciplinares. Este é um dos principais objetivos da unidade curricular (UC) “The Next Generation Engineer - Global Engineering”. Lecionada simultaneamente aos futuros engenheiros mecânicos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da Universidade de Maryland Baltimore County (UMBC), nos EUA, esta UC foi recentemente premiada pela Student Affairs Administrators in Higher Education (NASPA), com o prémio “Best Practices in International Higher Education Award”, na categoria Global Partnerships.

Destinadas aos estudantes do 5.º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica (MIEM) da FEUP e da UMBC, as aulas foram apresentadas por vídeo-conferência pelos professores Marc Zupan (da UMBC e investigador da FEUP), Anne Spence (UMBC), António Barbedo Magalhães,

U.Porto entre as melhores na Ciência da Informação

Através da Faculdade de Engenharia (FEUP) e da Faculdade de Letras (FLUP), a Universidade do Porto foi recentemente admitida na iSchools, organização que reúne os líderes mundiais no ensino e investigação na área da Informação. A U.Porto junta-se assim ao leque restrito de cerca de cinquenta membros, entre os quais apenas mais um é português, a Universidade Nova de Lisboa.

A candidatura da Universidade do Porto foi submetida em junho do ano passado, depois de já ter acontecido uma visita preliminar de um dos membros da iSchools,

Abel Santos e José Bessa Pacheco, do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP.

Durante as aulas, os estudantes foram integrados em equipas multiculturais, com o desafio de desenvolver trabalhos sobre problemas globais e multidisciplinares, propondo soluções aceitáveis no quadro cultural e social do país a que se destinam ou à escala global. Os professores da FEUP e da UMBC destacam que, através desta unidade curricular, os estudantes puderam desenvolver capacidades e competências importantes para as futuras gerações de engenheiros, que terão de trabalhar, cada vez mais, em contextos globais.

O prémio foi entregue no dia 17 de março de 2013, durante o NASPA International Symposium, que decorreu em Orlando, na Flórida.

tendo sido comunicada a decisão no mês de maio. Para além da U.Porto, foram admitidos como novos membros o Institute for Media Research (Alemanha), o Department of Computer and Information Science da Strathclyde University (Reino Unido), a School of Information Sciences (Tennessee, Estados Unidos da América) e o Department of Telecommunication, Information Studies, and Media da Michigan State University (também dos EUA).

A formação em Ciência da Informação é lecionada em parceria pela Faculdade de Engenharia e pela Faculdade de Letras, cujas valências complementares nesta área permitiram construir um plano de estudos sólido e atualizado, em que se cruzam saberes tradicionais com aplicações teórico-práticas nas áreas das tecnologias da informação e da comunicação.

A iSchools é uma organização que reúne Universidades e escolas dedicadas ao ensino e investigação na área da informação, agregando, atualmente, cerca de 50 membros, reconhecidos pela qualidade do seu ensino e investigação.

FEUP e UMBC recebem prémio internacional

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As recentes descobertas de importantes jazidas em países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reposicionam a sua importância

na geo-estratégia da política global. Com o objetivo de criar tecnologia de ponta para responder aos principais problemas de exploração e produção

destes recursos, as faculdades de Ciências e Engenharia da U.Porto, em parceria com a Galp Energia e outras instituições nacionais, criaram

recentemente o Instituto de Petróleo e Gás. A apresentação pública decorreu no Brasil, em junho 2013, e contou com uma comitiva da FEUP.

U.Porto integra Instituto do Petróleo e Gás

Quando Lula da Silva, em outubro de 2010, na altura ainda na qualidade de presidente, visitou o navio-plataforma da Petrobras, onde se iniciou a prospeção de petróleo na camada do pré-sal no Campo de Tupi, na Bacia de Santos, e proclamou que “o século XXI é o século do Brasil”, as reações não se fizeram esperar. Já em 2007 tinha admitido que a descoberta do megacampo de Tupi “provou que Deus é brasileiro”. E não era para menos. O primeiro campo identificado no denominado pré-sal (ver caixa) guarda uma estimativa de 5 a 8 biliões de barris, representando um aumento em 50% das reservas brasileiras e permitindo ao Brasil ambicionar um lugar entre os maiores exportadores petrolíferos do mundo.

Estas estimativas têm fundamento. De acordo com o estudo “BP Energy Outlook 2030” o Brasil será um dos países que mais contribuirão para o crescimento da produção de petróleo no mundo até 2030. A presidente da petrolífera estatal brasileira Petrobras, Graça Foster, vai mais longe e coloca a meta de duplicar a produção brasileira já em 2020. Acredita-se que, na próxima década, o Brasil pode saltar da atual 13.ª posição para o 4.º lugar na produção mundial.

Atento às movimentações do mercado, o presidente executivo da Galp Energia, Ferreira de Oliveira, revelou à agência Lusa, durante uma visita a Luanda, a 17 de maio, que “metade das descobertas de petróleo e gás natural entre 2005 e 2012 foram feitas no Brasil, Moçambique

Texto: Carlos Oliveira Fotografias: D.R.

e Angola” e que “isto traz especial responsabilidade ao espaço lusófono”. A Galp Energia conhece bem esta realidade, uma vez que está presente em Angola desde 1982 onde participa atualmente em cinco projetos, no Brasil desde 1999 contando com 20 projetos em parceria com a Petrobras, e em Moçambique desde 2007 no maior projeto de gás do mundo, na bacia de Rovuma.

O envolvimento da Galp Energia em todos estes projetos levou já Ferreira de Oliveira a admitir, numa entrevista ao Diário Económico, que é necessário uma mudança no paradigma da exploração de petróleo e que a Galp Energia quer estar na linha da frente e evoluir “ da produção e comercialização de bens de consumo (gasolina, gasóleo, betumes, asfaltos, combustíveis), para uma empresa cujo foco é a ciência e tecnologia (…) sem a qual não se consegue encontrar e produzir petróleo nas fronteiras da geografia e da geologia.” Foi esta alteração de foco que justificou a recente criação do Instituto do Petróleo e Gás (ISPG), em parceria com seis universidades portuguesas, com um investimento inicial de cerca de 100 milhões de euros.

Instituto do Petróleo e Gás O ISPG tem por objetivo principal fazer a ponte entre o

mundo académico e a indústria petrolífera no sentido de contribuir para a formação de quadros técnicos e potenciar a criação de uma rede de cooperação entre empresas e as

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FEUP está equipado com o maior tanque de ondas universitário do país, no qual se testam estruturas marítimas, sistemas de extração de energia das ondas e sistemas de amarração. Existe também experiência de monitorização dinâmica e teste de estruturas em offshore.

Na engenharia mecânica, existem competências em vários domínios, como os escoamentos multifásicos, a engenharia e revestimentos de superfície e a fadiga e a fratura de materiais. No Laboratório de Tribologia, há uma vasta experiência no acompanhamento e manutenção condicionada de turbinas a vapor ou a gás e de caixas de engrenagem. No laboratório desenvolvem-se novos tipos de lubrificantes industriais e aditivações especiais para engrenagens e novas massas lubrificantes, com espessantes de origem polimérica de elevado desempenho. A petroquímica é outra área da engenharia em que existem fortes competências, como a modelização e caracterização das reservas petrolíferas,

SABIA QUE…

O Instituto do Petróleo e do Gás (ISPG) vai desenvolver projetos de investigação ligados à produção e exploração do petróleo da Galp no Brasil e receberá verbas que deverão atingir 110 milhões de euros, até 2017, podendo ultrapassar os 775 milhões de euros (mil milhões de dólares), até 2025, assumindo preços do petróleo estáveis. Este valor cumpre a lei brasileira de atribuir 1% das verbas de exploração do petróleo à Investigação & Desenvolvimento.

unidades de investigação. Interessa sobretudo potenciar a competitividade das indústrias energéticas do espaço da lusofonia, através da formação avançada e da inovação tecnológica. A cooperação com as universidades será organizada em seis áreas distintas com relevância e impacto na indústria de petróleo e gás, nomeadamente a prospeção, exploração e caracterização de reservatórios petrolíferos; o desenvolvimento, produção e gestão integrada de campos petrolíferos; a refinação, petroquímica e distribuição de produtos petrolíferos; os sistemas de gás e eletricidade; os biocombustíveis e novas energias; e a gestão de sistemas sustentáveis de energia e de I&D e inovação. Fazem parte do ISPG a Universidade de Aveiro, Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Instituto Superior Técnico e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Universidade do Minho, Universidade Nova de Lisboa e Faculdade de Ciências e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Na sequência da criação do ISPG a Galp Energia promoveu a conferência “Os desafios do sistema científico e tecnológico português no setor do Oil&Gas”, no dia 6 de junho, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, juntamente com as principais instituições universitárias portuguesas envolvidas no projeto. O evento inseriu-se nas comemorações do Ano de Portugal no Brasil e teve como objetivo apresentar o que há de melhor e mais avançado em pesquisa, inovação tecnológica e conhecimento científico no setor de petróleo e gás em Portugal. A apresentação das competências da U.Porto no setor de petróleo e gás foi conduzida pelo diretor da FEUP, Sebastião Feyo de Azevedo. A Faculdade de Engenharia esteve também presente num espaço de stand, no qual se destacou a exposição dos veículos autónomos desenvolvidos pelo Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas (LSTS).

Competências da FEUP na áreaO LSTS tem estado a desenvolver veículos

submarinos, de superfície e aéreos para aplicações em rede e em larga escala, em áreas como a oceanografia, o ambiente, a segurança e defesa e outras intervenções costeiras ou em offshore. Também dedicado aos ambientes marítimos, o Laboratório de Hidráulica da

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a modelização, simulação e otimização de processos de refinação, a separação de gases, a produção de aditivos e o desenvolvimento de modelos energéticos de refinarias.

Também ao nível da indústria a FEUP tem procurado estabelecer parcerias nesta área. No centro de inovação do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), junto à FEUP, estão instaladas várias empresas que atuam na área do petróleo e do gás, como a CUF Químicos Industriais e a Sonae Indústria, membros da Rede de Competência de Polímeros que aí tem a sua sede. Uma dezena de empresas start-up, em incubação nos polos tecnológico e do mar referem ser esta uma área de interesse. Um exemplo é a OceanScan, com origem no LSTS da FEUP que comercializa veículos autónomos submarinos e foi recentemente considerada uma das mais promissoras startups portuguesas, por peritos da University Technology Enterprise Network (UTEN).

Saber mais: http://youtu.be/biJqQrhYRHc

FEUP e Galp Energia - uma colaboração de longa dataA FEUP tem uma colaboração de longa data com

a Galp Energia, de que se destaca o trabalho na área da fiabilidade e manutenção industrial da refinaria de Matosinhos, que tem permitido uma disponibilidade elevada e um consequente incremento da eficiência. Nas palavras do diretor da refinaria, José Martinho Correia, a FEUP “tem sido um parceiro fundamental não só pela proximidade mas também pela disponibilidade e pela vontade com que tem querido trabalhar connosco”.

No que diz respeito à formação avançada, destaque para o Programa de Doutoramento em Engenharia da Refinação, Petroquímica e Química (www.engiq.pt), que resulta de uma colaboração entre a Associação das Indústrias da Petroquímica, Química e Refinação (AIPQR) e as cinco melhores Universidades de Engenharia do País. Trata-se do único programa doutoral em meio empresarial aprovado no âmbito do concurso de financiamento realizado pela FCT em 2013, o que permitirá, segundo o seu diretor, Sebastião Feyo de Azevedo, “fortalecer a qualidade do programa e expandir a colaboração a outras instituições universitárias e com outras empresas, nomeadamente nos países da lusofonia”.

A FEUP participa ainda no programa de cooperação universitária Galp 20-20-20, que tem por finalidade o desenvolvimento anual de 30 estudos e trabalhos realizados por estudantes, visando a identificação de sistemas e comportamentos energéticos racionais, aplicáveis na indústria e edifícios, a realizar em empresas clientes da Galp Energia e indicadas por esta.

O PRÉ-SAL BRASILEIRO

Os depósitos petrolíferos do pré-sal surgem em bacias sedimentares resultantes do processo de separação das placas tectónicas, que formou a África e a América do Sul a partir de um único supercontinente, há cerca de 140 milhões de anos. As jazidas do pré-sal brasileiro situam-se em offshore, a cerca de 300 km do litoral e ao longo de 800 km de costa dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As reservas de hidro-carbonetos estão confinadas em rochas reservatório, localizadas a cerca de 6000 metros no subsolo marinho, sob uma camada de sal cuja espessura pode atingir os 2000 metros e com uma profundidade de mar que pode atingir também os 2000 metros. Nos últimos 40 anos, o Brasil tem sido o motor do desenvolvimento da tecnologia de exploração e produção petrolífera em águas profundas e ultraprofundas. Só a Petrobras investe 1,2 mil milhões de dólares por ano em áreas de I&D de alta complexidade, como a petrofísica, a engenharia do petróleo e a robótica submarina.

Deolinda Flores (FCUP) e Sebastião Feyo de Azevedo (FEUP) na conferência “Os desafios do sistema científico e tecnológico português no setor do Oil&Gas”, 6 de junho de 2013, no Brasil

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Equipa da FEUP vice-campeã em Varsóvia

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É a primeira vez que uma equipa portuguesa se destaca na competição europeia da European BEST Engineering Competition (EBEC) e a proeza foi conseguida por estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Rui Vilares (estudante do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica) e João Dias, Gil Rocha e João Correia (do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação) ficaram em 2.º lugar na categoria “team design” da final europeia que decorreu em Varsóvia (Polónia), de 1 a 9 de agosto.

Conhecida pelo nome “The Crackers”, a equipa portuguesa teve que enfrentar duas provas na categoria de “team design” que habitualmente desafia os estudantes a desenvolver um protótipo surpresa, através da criação de um modelo real e funcional recorrendo a materiais de baixo custo. A primeira prova passou pela construção de um veículo controlado remotamente e que fosse capaz de circular em três superfícies diferentes (areia, relva e plástico). O protótipo tinha ainda que recolher uma amostra metálica e suportar uma queda de 1,5m, sendo que o sistema de aterragem era ainda objeto de análise e avaliação da parte do júri. Na segunda prova, as equipas foram convidadas a criar um braço robótico hidráulico que permitisse recolher cubos e transportá-los até um determinado recipiente. O protótipo tinha ainda que rodar e deslocar um bloco e ser capaz de abrir uma garrafa.

A concorrência forte que se fez sentir da parte das 13 equipas que competiram na categoria de “team design” não desmoralizou a comitiva portuguesa que se bateu por um lugar no pódio, alcançando o 2.º lugar. A competição foi dominada pela equipa sueca da Universidade de Lund, que venceu também na categoria de “case-study”, também em destaque na final europeia que decorreu em Varsóvia. Nesta modalidade as equipas são confrontadas com um caso de estudo real, em que os estudantes são convidados a assumir o papel de CEO, recorrendo a princípios de gestão. A FEUP teve também uma equipa a competir nesta modalidade, constituída por Rui Soares, Hélder Araújo, João Freitas e Guilherme Guedes, estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica. Os “Jalapeños” tiveram que resolver desafios propostos por empresas multinacionais como a GSE, Iveco, P&G e Deutsche Bahn.

No total, em ambas as competições, 26 equipas europeias provenientes de países como a Suécia, Roménia, Bélgica, Lituânia, Espanha, República do Montenegro, Itália, Áustria, Polónia, República Checa, Grécia e Ucrânia, tiveram oportunidade de trocar experiências e conviver de perto, durante nove dias, na cidade de Varsóvia, na Polónia.

Em 2014, a final europeia da EBEC vai decorrer em Riga, na Letónia.

Texto: Raquel PiresFotografias: D.R.

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1400 alunos de 70 escolas de ensino secundário de norte a sul do país tiveram a oportunidade de visitar a FEUP e conhecer de perto projetos e laboratórios da Faculdade de Engenharia. A iniciativa, inserida na “Semana: Profissão Engenheiro”, decorreu de 11 a 13 de março e teve como principal objetivo aproximar e sensibilizar os estudantes do secundário para a profissão “engenheiro” e o seu importante papel na proteção do planeta e no aperfeiçoamento da sociedade do futuro.

www.fe.up.pt/profissaoengenheiro

Semana Profissão Engenheiro 2013

Durante três dias, muitas são as atividades preparadas para os futuros EngenheirosReceção dos estudantes e professores do Ensino Secundário que participam na Semana Profissão Engenheiro 2013

Fotografias: Luís Ferraz

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As atívidades multiplicam-se pelos laboratórios da FEUP com o objetivo de cativar os alunos do ensino secundário

Equipa de hospedeiros que acompanha as atividades é formada por estudantes da FEUP

Os veículos da Eco Shell Marathon foram uma das muitas atrações da SPE 2013

A partilha de experiências e conhecimento é uma mais-valia para os participantes desta iniciatiava: esta edição contou com 1400 alunos de 70 escolasDurante três dias, muitas são as atividades preparadas para os futuros Engenheiros

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Aumentar a consciência marítima de jovens universitários e contribuir para um maior

conhecimento ibérico, proporcionando uma experiência de navegação são alguns

dos principais objetivos da Universidade Itinerante do Mar (UIM). A iniciativa

decorre de uma parceria entre a U.Porto, a Universidade de Oviedo e a Escola Naval e tem vindo a conquistar cada vez mais

adeptos. Estudantes e Professores da FEUP já se renderam ao “Creoula” e contam-nos

como é o dia a dia a bordo do navio.

A bordo do Navio de Treino de Mar “Creoula” (NTM Creoula) aprende-se a navegar e a “saber estar no mar”, vive-se uma aventura única e interioriza-se que quase todas as áreas do conhecimento se podem relacionar com o mar. Em 2013 decorreu a oitava campanha do projeto, que contou com a realização de dois cursos: o primeiro foi organizado pelas três entidades parceiras da UIM, o segundo foi organizado apenas pela U.Porto e a Escola Naval. Em números redondos, a edição deste ano contou com 52 estudantes, 40 só da U. Porto. Paralelamente às ações de formação em terra antes e após o período de realização/navegação, a campanha deste ano da UIM teve como principal objetivo promover a cooperação interinstitucional ancorada no tema “Peninsularidade produto de três mares. Desafios do Mar 2020”. Assim, o itinerário escolhido para a navegação foi o que interliga as cidades portuárias associadas às entidades organizadoras e a viagem pelos mares que nos unem. E ainda que não tenha sido possível chegar ao Mediterrâneo, a campanha decorreu com o entusiasmo e elevados níveis de expectativa, próprios de quem passa dias e dias a navegar! Os principais impulsionadores da participação da FEUP na UIM, em 2006, foram os Professores Barata da Rocha (INEGI) e Rui Azevedo.

O “CREOULA”

O “Creoula” é um lugre de quatro mastro com 67 m de comprimento. Construído no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral das Pescarias, o navio foi lançado à água e efetuou ainda nesse ano a sua primeira campanha de pesca. Foi construído no tempo recorde de 62 dias úteis. Em 1979 o “Creoula” foi adquirido, por compra, pela Secretaria de Estado das Pescas, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, com a finalidade de nele ser instalado um museu de pesca. Verificou-se, na altura, que o casco se encontrava em ótimas condições, tendo então sido deliberado que o navio se manteria a navegar e seria transformado em Navio de Treino de Mar (NTM) para apoio na formação de pescadores e possibilitar a vivência de jovens com o mar. Em 1992 o “Creoula” sofreu algumas alterações na zona de meio navio, de que se destaca o aproveitamento de uma das cobertas de nove instruendos em benefício de um espaço que funciona hoje como biblioteca, por vezes laboratório e/ou sala de aulas.

www.facebook.com/uimporto

Uma experiência de vida a bordo do “Creoula”

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Texto: Raquel Pires Fotografias: D.R.

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No Curso 2 e já com o professor Joaquim Góis (FEUP), que participou já em diversas campanhas da UIM, a liderar a equipa, o navio largou do Porto no dia 28 de julho, tenho realizado a primeira paragem em Ílhavo (com visitas ao Museu Marítimo de Ílhavo, à MATERAQUA e AlgaPlus, empresas de aquacultura e produção de micro algas; à Fábrica da Vista Alegre e ao Navio Santa Maria Manuela, irmão gémeo do NTM Creoula). Saiu de Ílhavo na manhã de dia 30, fundeou nas Berlengas no dia 31 (com oportunidade para reconhecimento da ilha da Berlenga e visita ao Farol onde se assistiu à apresentação de diversas instituições do Oeste). Nesse mesmo dia levantou ferro em direção à cidade de Cádiz onde chegou a 2 de agosto (visitou-se o Real Observatório da Armada e Panteão dos Marinheiros Ilustres em São Fernando e uma visita oficial à cidade, guiada pelo Reitor da Universidade local) e a 7 de agosto o navio chegou à Base Naval de Lisboa, tendo toda a equipa UIM desembarcado e dirigido para a Escola Naval, na qual realizaram o mesmo teste/simulacro que o Curso 1. Após o exercício, toda a tripulação teve oportunidade de visitar o Museu de Marinha. A sessão de encerramento da UIM2013 ocorreu na Escola Naval na manhã do dia 8 de agosto e o regresso ao Porto fez-se por terra.

Assim, a UIM 2013 cumpriu um tempo total de, bem contabilizado, 322 horas e um minuto de navegação (182h11min + 139h50min, respetivamente, curso 1 e curso 2), percorreu no mar 1639 mn (milhas náuticas; 939 + 700), em que professores e estudantes estiveram em permanente contacto, numa formação contínua intensa, durante 27 dias (15 + 12). Em jeito de balanço, Joaquim Góis diz que a UIM “funciona também como uma “formação” em ciências sociais e comportamentais, onde o convívio num espaço físico (muito) limitado coloca sempre à prova a organização, o saber estar, o delimitar o nosso espaço e respeitar o espaço do próximo; onde a realização das tarefas elementares de dia a dia é fundamental para a organização de 90 pessoas a bordo (50 UIM + 40 Marinheiros), sendo que a falha na realização de uma das tarefas pode comprometer todo o bem-estar coletivo... é um grande teste a todos os nossos sentidos, desempenho físico e responsabilidade”. Na memória vão ficar “os nascer e pôr do sol mais lindos de sempre e os céus mais estrelados como nunca”. Para o ano há mais.

http://uim2013.up.pt/UIM_2013/Inicio.html

Em regime militar, uma vez que o navio é operado pela Marinha Portuguesa, o dia inicia-se sempre às 7h00. Divididos em quatro grupos, os estudantes começam as limpezas diárias às 8h30, com a “baldeação” (limpeza do convés), os “amarelos” (limpeza dos metais), a limpeza das casas de banho e dos alojamentos. Mas, 24 sobre 24 horas, estava sempre um grupo de serviço, o que significa que há sempre grupos de estudantes espalhados pelo navio a cumprir tarefas que podem passar por turnos de leme, vigia, cozinha, copa, limitação de avarias e adjunto do Mestre à Ponte e do Oficial de Quarto - os designados “quartos”. Quando necessário e sempre que o Comando do Navio assim o entendesse, todos eram chamados ao convés para ajudar nas manobras dos mastros, o que significa luvas nas mãos e força no corpo e na mente para içar (fazer subir) ou arriar (fazer descer) as velas. A par das lides realizadas, de modo contínuo e rotativo, em todos os dias de navegação ocorrem palestras sobre diversos temas relacionados com o mar. São proferidas pelos Professores Tutores de Mar (PTMs) convidados a embarcar no projeto que, além de prepararem aulas a bordo da plataforma flutuante, apoiam na distribuição das tarefas de cada grupo e orientam os alunos durante a navegação - é também com o apoio destes PTMs que vai ser realizado o trabalho final para avaliação da Universidade.

O Ciclo de realização do Curso 1 UIM 2013 contou com o professor José Soeiro da FEUP à frente das operações a bordo do navio escola. A aventura começou no dia 12 de julho com a sessão de abertura nas instalações da APDL. Seguiu-se a escola Naval em Almada, onde ocorreram os primeiros momentos de trabalho em equipa (simulacro de navegação) e daqui arrancaram para uma visita ao Museu de Marinha em Lisboa. O embarque e largada no NTM Creoula (a partir do Alfeite/Almada) ocorreu no dia 14 de julho e o primeiro destino em navegação foi a cidade de Avilés (com chegada a dia 19 de julho, onde foram realizadas visitas ao Centro Jovillanos de formação em segurança marítima, ao Museu Marítimo das Astúrias, à Câmara Municipal de Avilés e ao Centro Niemeyer). Depois de arrancar a 22 de julho, o navio atracou na cidade de Marín (tendo sido recebidos na Escola Naval Militar Espanhola), no dia 25 fundearam nas Ilhas Ciés (com lugar a reconhecimento territorial) e terminaram a navegação no Porto, no dia 26 de julho.

A UIM EM NÚMEROS

- 8 campanhas (2006-2013);- 17 seminários, 12 cursos;- 700 estudantes (9 nacionalidades);- 19 universidades;- 12 000 Nm percorridas, num total de mais de 2100 h

de navegação.

ENGENHARIA 52 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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34 PROMOVER

Ter um carro que nos “diga” como devemos conduzir de forma a poupar energia e combustível e que alerte para os erros cometidos na estrada é o sonho de muitos condutores. Da imaginação para o mundo das novas tecnologias, o sonho pode muito bem chamar-se Driving Coach, nome da aplicação desenvolvida por dois estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e que acaba de conquistar o 1.º lugar da Competição de aplicações Android da Electrical Engineering STudents’ European Association (EESTEC).

Ângela Igreja (finalista do Mestrado Integrado em Engenharia Informática) e Rui Araújo (finalista do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores), juntamente com Ricardo de Castro (estudante do Programa Doutoral em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores) e Rui Araújo (Professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores) criaram o Driving Coach com o objetivo de auxiliar e aconselhar, em tempo real, o condutor a seguir estratégias de condução mais eficientes. O resultado é um “treinador de condução” portátil capaz de monitorizar e classificar o estilo de condução do ponto de vista energético e identificar em tempo real comportamentos incorretos.

“Começamos por conectar o smartphone ao veículo através de um conversor Bluetooth-OBD-II, ´On-Board Diagnostics´, o que nos permitiu aceder a medições precisas sobre a velocidade do veículo, consumo energético, posição do pedal acelerador, entre outras variáveis de interesse. Estes dados são posteriormente utilizados para determinar características e estatísticas

Estudantes criam aplicação que ajuda a melhorar a condução

de condução, as quais servem de base para classificar a eficiência energética do veículo e inferir o nível de eficiência do condutor”, explicam os criadores da aplicação.

Com o Driving Coach é possível, por exemplo, detetar padrões de condução ineficientes e fornecer, em tempo real, sugestões que possam levar a uma redução do consumo energético do veículo. Desta forma, o condutor é alertado, quase instantaneamente, dos erros que cometeu, o que potencia um rápido processo de aprendizagem das técnicas ´eco-friendly´ de condução”, explicam os autores do projeto. A aplicação também permite visualizar um histórico do desempenho do condutor ao longo da viagem.

No concurso da EESTEC, o Driving Coach competiu com mais de 200 projetos e venceu o 1.º prémio (um tablet nexus 7 e a ativação de uma conta no Google Play Store para cada um) por ser uma aplicação “inovadora, útil, funcional e diferenciadora”, como destacam os estudantes da FEUP. Antes, a ideia já tinha sido premiada no concurso nacional “Galp PT Innovation Challenge”, no qual obteve o 5.º lugar.

Colegas de faculdade que partilham o gosto em criar produtos inovadores e que possam facilitar o dia a dia das pessoas, Ângela e Rui pensam agora na viabilidade de introduzir o Driving Coach no mercado.

Texto: Marina Bertoncello Fotografia: D.R.

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Oficina de Música da FEUP lança o primeiro álbum

PROMOVER 35

A Oficina de Música da Faculdade de Engenharia estreou o seu primeiro trabalho discográfico, no dia 25 de junho, no auditório da faculdade, e contou com a presença de convidados especiais. Os reputados músicos de jazz do Porto Acácio Salero (bateria), João Pedro Brandão (saxofone alto) e Rogério Ribeiro (trompete) juntaram-se a Paulo Gomes (direção de orquestra e piano) e Fátima Serro (direção de vozes) no concerto de apresentação deste projeto sem precedentes no conjunto das universidades portuguesas.

Os primeiros acordes soam já desde 2008, altura em que o Comissariado Cultural da FEUP lançou o convite a Paulo Gomes e Fátima Serro, responsáveis pela direção da Oficina de Música, para iniciarem o projeto.

A concretização do álbum demonstra a “qualidade que é possível atingir com um projeto musical com estas características, numa Faculdade de Engenharia”, garante Paulo Gomes, diretor da banda/orquestra. Com

INAUGURAÇÃO DA SALA DO CONSELHO DA FEUP

Integrada nas Comemorações do Dia da FEUP, cuja cerimónia decorreu no passado dia 16 de janeiro de 2013, e que uma vez mais com o objetivo de fortalecer o ADN da Faculdade de Engenharia, reconhecendo e valorizando o sucesso profissional e pessoal da sua comunidade, foi inaugurada a sala do Conselho da FEUP que reúne uma galeria de retratos de presidentes e diretores da FEUP do período pós 25 de abril. A inauguração da sala contou com a presença de inúmeras personalidades ligadas à história da faculdade e da U.Porto que não quiseram deixar de prestar esta homenagem num dia especial para a comunidade da FEUP.

www.fe.up.pt/diadafeup

um reportório “bastante diversificado”, o grupo aborda “música de autores como Sting, Astor Piazzola, Queen, Duke Ellington, Jobim, Stevie Wonder ou Gershwin”, tendo como principal critério de seleção a “qualidade da música e a viabilidade de adaptação da mesma à formação instrumental e vocal” que dispõem, bem como os “gostos musicais da maioria dos elementos”.

A ideia de avançar com este álbum surgiu de um desejo que tinha vindo a crescer: “desde há algum tempo que gostávamos de ter um registo de qualidade da música que estamos a fazer”, refere Paulo Gomes. E daí avançaram, juntamente com o Comissariado Cultural da FEUP, para a gravação num estúdio profissional - Quinta da Música.

Neste momento, a Oficina de Música é composta por cerca de 30 elementos, contando com estudantes, professores e colaboradores da FEUP que se reúnem todas as semanas para ensaiar temas de música pop-rock e jazz ligeiro.

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“É também função da universidade formar

bons cidadãos”

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É diretor da “Palmilha Dentada”, uma companhia de teatro com mais de 10 anos da cidade do Porto. Além de escrever e encenar a maioria das peças da companhia, Ricardo Alves colabora também em outros projetos. Um deles está ligado à FEUP. Desde 2011 é dele o trabalho de encenação do espetáculo teatral de final de ano letivo que reúne estudantes e colaboradores da faculdade. Todos amadores. Mas com muita vontade de pisar o palco e vencer a timidez. A parceria tem funcionado e veio para ficar.

Entrevista: Raquel Pires

Lembra-se quando iniciou a colaboração com o Comissariado Cultural da FEUP?A convite do Paulo Vasques comecei a colaborar no início de 2011 com a FEUP. Desde então já montámos três espetáculos. “Mesapotânia”, “Crónicas dos Universos Paralelos” e “Deuses como nós”.

Qual foi, até à data, o espetáculo que mais o entusiasmou sobre o ponto de vista da encenação?Possivelmente o primeiro. Foi talvez o mais ambicioso. Apesar de todos terem a componente de escrita dos alunos da FEUP, o primeiro que encenei - Mesapotânia - foi nesse que o jogo foi mais longe. Mas cada encenação é um caso particular. Em todos me diverti, acho que o

público se divertiu e principalmente acho que os atores se divertiram.

Principais dificuldades sentidas ao iniciar um projeto onde a maioria dos “atores” são amadores e ligados à “engenharia”?As dificuldades são as esperadas quando se encena um grupo tão grande e num espaço de tempo tão prolongado. Primeiro que tudo o conseguir juntar toda a gente sem que a atividade comprometa a atividade escolar. Sendo pessoas sem experiência de palco há coisas que para quem trabalha na área são imediatas e quase instintivas e que no caso de primeiras experiências é necessário estar a lembrar permanentemente: o projetar

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Da esquerda para a direita: a equipa da Palmilha Dentada - Ricardo Alves, Rodrigo Santos, Ivo Bastos e Nuno Preto

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a voz; o naturalmente lembrar-se que é para o público que estão a representar e as posições em palco (têm que ter sempre isso presente). E nunca esquecer a gestão de pausa e silêncios.

Há talentos “escondidos” nos corredores da FEUP? Já teve “revelações” interessantes?Eu diria que a função da ação não é formar atores, logo a expetativa não é encontrar grandes atores mas sim proporcionar aos estudantes uma experiência que potencie várias características como a capacidade de trabalho em equipa, a facilidade de aceitar e potenciar a interdependência típica de palco e, em muitos casos, vencer a timidez. Mas são muitas as surpresas. Tanto a nível de trabalho de palco como a nível humano.

Que importância tem, na sua opinião, a existência de uma estrutura como o Comissariado Cultural numa faculdade?A função da universidade vai além da sua função óbvia de formar engenheiros, arquitetos ou professores; é também função da universidade formar bons cidadãos, sensibilizados para perceber e aceitar todas as nuances da sociedade de que fazem parte. A sensibilização para as artes, quer pela criação de hábitos de consumo, quer pela vivência do trabalho criativo abre horizontes e contribui para a formação de hábitos de cidadania.

Considera que o teatro é o verdadeiro palco das emoções? A mais difícil prova para um ator, quando comparado com o registo de tv?A grande vantagem do teatro é o feedback instantâneo. Há um diálogo permanente entre ator e público. O espetáculo só fica realmente pronto depois de integrar a respiração do público. O desempenho final do ator é sempre diferente da prestação em ensaios e tanto pode ser ampliada como reduzida pelo confronto com o público. De certa forma, em televisão o ator está mais protegido mas também é menos estimulado.

INTERPRETAR 37

NOTA BIOGRÁFICA

Ricardo Alves começou a sua atividade profissional no teatro Art’Imagem em 1992, desde então colaborou com vários grupos de teatro e dança: Teatro Art’Imagem, Companhia Instável, Cair-te, Arquipel, Núcleo de Experimentação Coreográfica, Drama Per Música, etc. Foi diretor técnico de vários festivais de teatro e dança: Serralves Em Festa, Fitei - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, Fazer a Festa - Festival Internacional de Teatro Para a Infância e Juventude, Festival de Teatro Cómico da Maia, Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade que Dança, entre outros.

Em 2001 fundou o Teatro da Palmilha Dentada e é desde então o diretor da companhia, assinando os textos e as encenações. Entre 2003 e 2005 escreveu e dirigiu a gravação de programas radiofónicos de humor “O Enigma” e “Palmilha News” transmitidos diariamente pela ANTENA 1. Em 2010 criou o projeto “Variação da Cultura”.

“DEUSES COMO NÓS” NA FEUP

A tradição repete-se e para assinalar o final do ano letivo subiu ao palco da FEUP, em julho de 2013, a peça “Deuses como Nós”. Com encenação de Ricardo Alves, o espetáculo teatral reuniu diversos elementos da comunidade da Faculdade de Engenharia e durante dois dias o auditório teve lotação esgotada. O projeto, cofinanciado pela Fundação Calouste Gulbenkian, resulta do trabalho de alguns colaboradores e estudantes da faculdade que uma vez mais manifestaram interesse em participar num projeto teatral, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos.

Que desafio gostaria de experimentar encenar na FEUP, se houvesse um orçamento ilimitado? Até onde ia o seu sonho como encenador numa escola de “amadores”?Uma grande ópera rock cómica. Um conselho para quem ainda não conhece este projeto e sempre teve vontade de pisar um palco?Tentem. E ganhem o hábito de ir ao teatro, é a primeira e a melhor forma de aprender. E não tenham medo, se se sentirem bem vão até ao fim, senão fica a experiência de ter estado do outro lado e perceber melhor o que se vê.

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Pedro Ferreira e Samanta Correia, estudantes do Mestrado em Multimédia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) são os autores de “A cidade onde moro”, filme que documenta “a intervenção humana na mutabilidade da cidade e do território”, através da análise da zona histórica do Porto.

“Nestes espaços/territórios de carácter social é evidenciada a relação dos cidadãos com o meio que habitam, a forma como o alteram e nele intervêm. O filme pretende criar um território ficcionado, alcançando uma estética abstrata focada nas cores e texturas explícitas nas fachadas dos edifícios”, explicam os estudantes da FEUP.

O vídeo, desenvolvido no âmbito da disciplina “Lab. Documentário”, lecionada por Soraia Ferreira, docente do Departamento de Engenharia Informática da FEUP, marcou presença no 30.º Festival International du Film D’Environnement, que decorreu em fevereiro deste ano, em Paris. Para além do festival francês, o filme também foi exibido na 10.ª edição do Temps D’Images, em Lisboa, e no Festival FuturePlaces em 2012.

Os autores do vídeo afirmam que a curta-metragem é uma extensão do filme experimental “#3 Rotten”, realizado

Estudantes da FEUP dão cartas no cinema com filme sobre o Porto

Texto: Marina BertoncelloFotografia: D.R.

durante o workshop “Citizen Lab - Portugal Portefólio” do festival FuturePlaces 2011 e que recebeu o prémio “Nau” no 2.º Nau - Festival de Cinema e Fotografia Jovem, em 2012.

Pedro Ferreira, 24 anos, é licenciado em Multimédia e estudante finalista do Mestrado em Multimédia - Cultura e Artes da FEUP. O estudante, que espera no futuro continuar a fazer filmes, está a terminar o “Erasmus estágios” como professor assistente da disciplina de Multimédia, na Academia de Belas Artes em Wroclaw, onde também lecionou os workshops “from film to digital” e “out of the canvas - live cinema performance” (que pertencem à parte prática da sua dissertação “Avant-garde and experimental cinema”).

Também com 24 anos e estudante finalista do Mestrado Multimédia - Cultura e Artes da FEUP, Samanta Correia licenciou-se em Arte e Multimédia, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A sua dissertação está relacionada com a realidade e virtualidade das imagens, temática que tem acompanhado os seus trabalhos fotográficos de cunho pessoal, com enfoque na manipulação de imagem.

ENGENHARIA 51 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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