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Universidade Lusófona Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Curso de História – 2009/10 – 1º Ano Culturas Clássicas Docente Ana Cristina Martins Eneida Discente Rita Tapadinhas Lisboa, 11 de Janeiro, 2009

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Universidade Lusófona

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Curso de História – 2009/10 – 1º Ano

Culturas Clássicas

Docente Ana Cristina Martins

Eneida

Discente

Rita Tapadinhas Lisboa, 11 de Janeiro, 2009

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Índice:

Nota Introdutória Pág. 3

Virgílio Pág. 3

Eneida – O Livro Pág. 4

Eneias em Apuros Pág. 4

Conclusão Pág. 9

Bibliografia Pág. 10

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Nota Introdutória

O Livro que nos foi solicitado ler para posterior análise de um capitulo foi a Eneida

de Virgílio. Foi lido da Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”,

da Editora Planeta Agostini, dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por

Elsa Andringa.

Antes da análise do capitulo, e para um melhor enquadramento da obra, irá ser

apresentado uma pequena biografia de Virgílio, da Eneida e, finalmente do capitulo

a analisar.

Virgílio

Públio Virgílio Marão nasceu perto de

Mântua em 70 a.c. Estudou em Milão e

Roma a temática da Retórica e morreu

em 19 a.c. Escreveu as Bucólicas,

Geórgicas e a Eneida. A maturidade

literária de Virgílio deu-se já após a

perfeição da língua latina. Virgílio sofreu

várias influências: desde os alexandrinos

(principalmente de Teocrítico), Lucrécio,

Hesíodo.

Mas, a forma como se deixou influenciar

por estes autores é única o que permite

dizer que, apesar das influências, verifica-se facilmente o estilo de Virgílio: “...um

proverbial perfeccionismo”1.

Eneida

A obra Eneida foi quase que uma imposição histórica pois na altura de Augusto,

Roma estava estabilizada aos níveis sociais e sociais o que fez com que diversos

autores se pudessem dedicar a outro tipo de obras. E, faltava contar a história épica

das origens de Roma e do seu destino, já traçado, de grande Império para o futuro.

1 Virgílio, 2005; Eneida; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”, da Editora Planeta Agostini, dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa Andringa pág 7

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Assim sendo, Virgílio começa a escrever a sua obra em 29 a.c. e, segundo o próprio

autor, deixou-a inacabada. Segundo Virgílio, ainda faltavam 3 anos para acabar a

Eneida (em 19 a.c. data da sua morte) e solicitou que esta fosse destruída mas o

Imperador Augusto, para nosso bem, não deixou que fosse debelada.

A Eneida conta a história de Eneias que fugiu da guerra de Tróia levou consigo o

seu pai e seu filho bem como outros guerreiros e mais troianos que tinham

conseguido fugir à guerra bem como penates troianos para fundar uma nova cidade.

Mostra os locais por onde passaram: desde o Egipto (onde estavam Heleno e

Andrômaca) a Cartago (visitando a Rainha Dido que se apaixonou por Eneias):

Quando chegou a Itália foi procurar a profetisa Cumas que lhe disse para descer aos

Infernos que lá lhe diriam o seu destino. Depois desta aventura, Eneias seguiu até

Lácio onde Latino era o Rei dos mais antigos habitantes da região. Latino deu terras

a Eneias e mão da princesa Lavínia pois, segundo a revelação do oráculo a Latino

viria um forasteiro que se casasse com a sua filha iria dai uma geração que iria

governar o mundo. A intervenção divina, neste capitulo, faz-se através de Hera para

prejudicar Eneias que incita (através da Fúria Alecto) a Rainha Amada a precipitar

uma série de acontecimentos que leva á guerra entre troianos e os habitantes da

região. Com a ajuda de Evandro vence.

Apenas por curiosidade, Eneias une-se a Lavínia com quem tem o filho Ascânio que

funda a cidade Alba e de onde vem a descendência e Reia Sílvia, uma vestal, que

devido à intervenção de Marte, dá à luz, Remo e Rómulo.

Eneias em Apuros

Foi particularmente difícil escolher um capítulo para análise pois todo o livro retrata,

de uma forma mais ou menos intensa, características do povo e da sua cultura. A

“Eneias em Apuros”, da página 135 à página 148, foi o capitulo designado.

Este capitulo mostra-nos o sonho de Eneias, em que Tiberino, deus do rio, falou a

Eneias e lhe disse o que tinha de fazer para passar todas as provações que ai viriam

e no final a recompensa: “...surgirá uma grande cidade, morada de Césares e capital

do mundo”2. Eneias acorda e pede ás Ninfas para o ajudar. Subiu o Rio Tibre e

encontrou o Rei da Arcádia, Evandro, e seu filho Palas a oferecer um sacrifício a

2 Virgílio, 2005; ENEIDA; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”; Editora Planeta

Agostini; dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa Andringa; pág. 136

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Hércules. Solicitou a estes ajuda para combater a nação latina. Foi recebido com um

festim sobre o qual foi contado a historia de Caco. Após esse repasto foram passear

pela região e Evandro ia mostrando e contado histórias sobre esta. À noite, Evandro

ofereceu estadia a Eneias. Enquanto este dormia, sua mãe, Vénus foi ter com seu

marido, Vulcano, e pediu para este fazer armas para o seu filho. Na manhã seguinte

Vulcano, com os seus operários (ciclopes, Brontes, etc), fez um escudo e armas

para Eneias.

Quando este acordou já Evandro estava perto de si para lhe dizer que tinha poucas

e fracas forças mas que eram todas de Eneias, explicando a ligação de Mezêncio a

Turno, bem como dando a Eneias o seu filho Palas para o ajudar nos combates.

Quando as tropas se aproximavam, Evandro desmaiou com medo de perder o filho

mas Eneias, seguido de Acates e de outros capitães troianos e com Palas no meio

dos cavaleiros lá seguiram para o combate. Pararam à noite para descansar e

Eneias afastou-se para meditar. Nesse momento apareceu sua mãe, Vénus, com o

escudo e as armas feitas por Vulcano. Esculpido no escudo estava a História de

Rómulo e Remo e a loba a amamentá-los, as altas muralhas e torres de Roma, as

sabinas raptadas, etc. Eneias ficou embevecido com as armas.

O que salta à vista neste capitulo é o povo guerreiro, a intervenção divina, as

premonições através dos sonhos e os vaticínios, os sacrifícios aos Deuses, a

capacidade de manobrar os vários metais, os festins e a vida familiar.

Os romanos, que acabam por descender dos troianos por linhagem, eram guerreiros

por natureza. Toda a história mítica demonstra

isso mesmo pois Rómulo e Remo mataram

Amúlio que os lançou à água para que estes

morressem. Foram criados por uma loba e

assim que puderam mataram o tio e construíram

uma cidade no local onde foram atirados. Mas,

devido a disputas Rómulo matou Remo e

fundou Roma. Só este pequeno mito mostra a

natureza guerreira e poderosa dos romanos. Cedo os romanos perceberam que a

melhor defesa era o ataque e começaram as suas conquistas. Formaram a Liga

Estátua do Mito entre os

séculos VIII e XIV d.C

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Latina e assim Roma tinha sempre duas opções, “... alternadamente, e por vezes

em simultâneo”3 optava por medidas militares ou diplomáticas.

Os romanos viviam rodeados de Deuses (não nos podemos esquecer que Eneias

trouxe penates consigo quando fugiu de Tróia), tudo o que faziam estava ligado aos

Deuses. Era uma religião politeísta mas aberta pois com as conquistas que o

Império Romano realizou houve a introdução de novos Deuses como é o caso de

Dionísio, Cibele, etc. Os principais Deuses, que estavam no Capitólio, eram Júpiter,

Minerva e Juno. Os sacerdotes eram cidadãos eleitos pelos pares e tinham várias

funções.

Um dos ritos mais importantes eram os sacrifícios. Eram quase sempre feitos no

altar ao Deus que se queria agradar ou que se queria solicitar algo: “Casualmente, o

rei da Arcádia estava naquele dia a oferecer um solene sacrifício ao grande

Hércules e a outros Deuses, num bosque fora da cidade.”4 Muitas vezes também

eram feitos em “... fontes, as grutas, os montes, os

bosques”5 pois eram marcados por misticismo. Os

vaticínios interpretavam os sinais enviados pelos

Deuses. Quem fazia as interpretações era o arúspice.

Este, muitas vezes sacrificavam as aves e nas suas

entranhas via os desígnios dos Deuses

Também dentro de casa, em cada lar, havia os Penates.

Eneias quando saiu de Tróia trouxe os seus. Penates

são entidades que guardam os locais onde se

armazenava a comida e bebida das famílias. Todos os

dias o responsável pela família tinha de depositar

comida para lhes agradar.

A família e a religião familiar era tão importante que em

todas as casas havia a Lar familiaris e o Genius para perpetuar a família.

3 AAAVV 2006; História Ilustrada do Mundo, O Mundo Antigo de 900 a.c a 430; Selecções dos Reader’s

Digest; Lisboa; pág 78

4 Virgílio, 2005; ENEIDA; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”; Editora Planeta

Agostini; dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa Andringa; pág. 137

5 Centeno, Rui Manuel, 1997; Civilizações Clássicas II – Roma; Universidade Aberta; Lisboa; pág. 116

Silver figurine of one of a set of penates, wearing a crown and holding a libation bowl and cornucopia. (British Museum)

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Quando falamos em família, verificamos a família era muito importante para os

romanos. Este capitulo mostra isso mesmo quando Evandro se despede do filho e

“...não resistindo à dor da separação, o rei desmaiou, sendo conduzido nesse

estado, pelos servos a sua casa.”6 O filho varão era o mais importante na família. As

filhas eram importantes mas dispensáveis pois na realidade gastava-me mais

dinheiro pois os dotes eram elevados. De qualquer forma, o papel da mulher na

sociedade romana era um paradoxo pois se

por um lado não tinha quais quer direitos

políticos, bens próprios e estava sempre

sujeita à tutela de um Homem por outros

lado havia mulheres romanas muito

instruídas (por exemplo poetisas) e

simbolicamente obteve um papel politico (as

Sabinas e Agripina). Outro paradoxo em

relação ás mulheres era o facto de terem de

ficar em casa com ocupações domesticas e

ainda fiar lã mas os romanos sempre

exaltaram as mulheres corajosas (Lucrécia,

Arria, etc). A mulher não tinha o direito de escolher o seu marido, este era escolhido,

normalmente pelo seu pai e o casamento combinado. A partir dos 12 anos era a

idade normal de casamento, mas o homem, por norma casava aos 30 enquanto que

a mulher se estive sem casar até esta idade dificilmente arranjaria marido.

Em relação aos festins, é conhecimento geral das orgias que eram realizadas em

Roma. Já na Eneida encontramos várias referencias a esses jantares que eram

dados em honra de alguém ou devido a qualquer festa ou ocasião especifica, sendo

um deles no capitulo escolhido: “Voltaram então os cervos com os vinhos e iguarias

que já tinham sido retirados. Evandro dispôs os guerreiros em seus lugares e fez

sentar Eneias num trono forrado de peles de leão. Um jovem garboso e o sumo

sacerdote trouxeram as entranhas assadas do touro, enquanto outros apresentavam

6 Virgílio, 2005; ENEIDA; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”; Editora Planeta

Agostini; dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa Andringa; pág. 147

Pequeno altar pintado para os lares. O genius da família está flanqueado por dois lares, e abaixo a imagem da serpente no altar. Da Casa dos Vettii, Pompéia.

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as cestas, cheias até à borda, de pão de trigo e frutas, ou serviam vinho tinto em

cuias de prata.”7.

Se existe algo sobre o qual se sabe muito da cultura romana e até através de

registos escritos é, realmente, sobre estas orgias alimentares. Muitos quadros,

frescos, etc, retratavam essas festas. Ainda hoje se fala do local para onde se ia

vomitar e depois se voltava para comer.

Apenas a classe muito rica se podia dar ao luxo de fazer estas festas com muita

frequência pois, na realidade, conseguiu-se provar que a maioria da população

sofria de doenças do foro alimentício como malnutrição, osteoporose, etc.

Estas festas costumavam ter iguarias muito especiais que iriam acabar por

complementar o estatuto dos seus anfitriões. Usavam-se muito as especiarias

(mesmo em exagero) e não se usavam garfos, somente colheres. Este tipo de festas

tinham alturas próprias para conviver, comer ler e ouvir musica mas o que mais se

gostava era realmente da comida e das excentricidades desta.

Conclusão

A Eneida mostra o inicio da lenda da história de Roma e com isto faz uma

integração da cultura romana no seu livro. Não nos podemos esquecer que este foi

encomendado por Augusto.

Havia muito mais a dizer bem como a abordar neste tema, mas devido ao capitulo

escolhido, cingimo-nos a este pequeno texto.

A importância dos romanos para os povos do mediterrânico e norte de África é

enorme pois não nos podemos esquecer que os romanos conquistaram todas estas

zonas. Ainda hoje notamos, como em estradas, em ruas, em construções, entre

outras áreas, a influência romana que existe nestes países e também em Portugal.

Estudar Roma e os Romanos é estudar parte integrante da nossa história e da

nossa cultura, tanto no passado como no presente devido a tudo o que nos

deixaram: comida, estradas, forma de falar, etc.

7 Virgílio, 2005; ENEIDA; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”; Editora Planeta

Agostini; dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa Andringa; pág. 139

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Bibliografia

AAA.VV. 1996; Nova Enciclopédia Portuguesa; Clube Internacional do Livro; Volume

11; Lisboa;

AAAVV 2006; História Ilustrada do Mundo, O Mundo Antigo de 900 a.c a 430;

Selecções dos Reader’s Digest; Lisboa;

AAAVV 2006; História Ilustrada do Mundo, Entre a Cruz e o Crescente de 430 a 907;

Selecções dos Reader’s Digest; Lisboa

Virgílio, 2005; ENEIDA; Colecção “Os Grandes Clássicos da Literatura Estrangeira”;

Editora Planeta Agostini; dirigida por Urbano Tavares Rodrigues, adaptado por Elsa

Andringa;

Centeno, Rui Manuel, 1997; Civilizações Clássicas II – Roma; Universidade Aberta;

Lisboa;

Sites das imagens:

Capa: António Manuel da Fonseca (1796-1890); Ano:1855; Óleo sobre tela no

Palácio Nacional de Mafra

http://www.diretoriodearte.com/historia-da-arte/divindades-de-roma-classica-i/

http://www.britishmuseum.org/