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Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas Públicas: aproximando agendas e agentes 23 a 25 de abril de 2013, UNESP, Araraquara (SP) AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE CRIAÇÃO E SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA BRASILEIRO DE TELEVISÃO DIGITAL GERAM REAIS OPORTUNIDADES DE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL? Renato Terezan de Moura Mestrado Profissional em TV Digital Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru (FAAC) [email protected] 2013

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Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas

Públicas: aproximando agendas e agentes

23 a 25 de abril de 2013, UNESP, Araraquara (SP)

AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE CRIAÇÃO E SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA

BRASILEIRO DE TELEVISÃO DIGITAL GERAM REAIS OPORTUNIDADES

DE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL?

Renato Terezan de Moura

Mestrado Profissional em TV Digital

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru (FAAC)

[email protected]

2013

1 - INTRODUÇÃO

Desde a publicação do decreto 4.901/2003(1) que institui o SBTVD

(Sistema Brasileiro de Televisão Digital) até os dias atuais, presenciamos o

surgimento e evolução de novos dispositivos conectados às novas redes

informacionais (CASTELS, 2003) que mudaram nossa concepção de

comunicação bidirecional e entretenimento interativo. Naquele remoto ano, era

uma proposta quase visionária a iniciativa do governo brasileiro em regulamentar

o padrão do middleware (2) para oferecer interatividade e serviços via canais de

retorno pela TV digital. Hoje porém, temos novas formas de conectividade

interativa que surgiram por iniciativas de fabricantes e disputam espaço com a

plataforma nacional de middleware de código aberto do Ginga(4), que recebeu

recomendação pelo ITU (International Telecommunications Union) como padrão

internacional em 2011, passando a ser o primeiro framework de aplicações

multimídia para IPTV(13). (http://www.itu.int/rec/T-REC-H.761)

Segundo pesquisadores (MARCOS AMÉRICO, 2011, pag. 323;

GOBBI, Maria Cristina, CARVALHO, Juliano Mauricio, KERBAUY Maria

Teresa Miceli, 2012), empresas (http://www.estadao.com.br/tvdigital/index.shtm),

universidades e centros de pesquisa http://rioinfo.com.br/Rio-Info-

2012/Clipping/Ginga%3A-Ainda-ha-como-recuperar-o-tempo-perdido%3F-3059.html e governo

http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=31459&sid=7 ,

houve atrasos, conflitos e indefinições em relação ao padrão, resistência da

indústria em adotar o middleware e pouco interesse das emissoras e

anunciantes em desenvolver metodologias e regras de mercado para viabilizar a

sustentabilidade de um novo modelo de negócios que praticamente ainda não

existe em lugar nenhum do mundo. Aliás, este é um aspecto desafiador, tanto

quanto uma oportunidade histórica para nossos pesquisadores, cientistas,

empresas e governo estarem na vanguarda do desenvolvimento de uma solução

reconhecidamente eficiente por favorecer a interoperabilidade, ser totalmente

aberta, de fácil aprendizagem e livre de royalties. http://www.gingancl.org.br/pt-

br/sobre.

Em agosto de 2012 o governo brasileiro baixou novas normas de

Processos Produtivos Básicos dos televisores com tela de cristal líquido (LCD)

http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=2&noticia=11331

incorporando a capacidade de executar aplicações interativas radio-difundidas,

de acordo com as Normas ABNT NBR 15606-1, 15606-2, 15606-3, 15606-4 e

15606-6. Elas determinam que a partir de 2013 torna-se obrigatório embarcar o

Ginga em pelo menos 75% dos televisores fabricados no Brasil, com meta de

atingir 100% dos aparelhos que tiverem conexão à internet. Isso levou a uma

projeção de alcançar a marca de 54 milhões de TVs com Ginga em 2016,

igualando-se à produção de smartphones(3) no país. Segundo o próprio ministro

das comunicações Paulo Bernardo, isso deve alavancar a plataforma para a

oferta de serviços públicos gratuitos para o cidadão brasileiro, cumprindo a meta

social do modelo. http://rioinfo.com.br/Rio-Info-2012/Clipping/TV-digital%2C-

com-Ginga%2C-tera-crescimento-similar-ao-dos-smartphones-no-Brasil-

3191.html

Novas ações governamentais de incentivo ao Ginga estão sendo

estudadas e já ganharam até mesmo o apelido de “bolsa novela”, por se tratar

de possíveis subsídios de compra de TVs digitais ou até mesmo doação de

conversores (“set-top boxes”)(13) para beneficiários do bolsa-família, programa

federal de proteção social. Em recentes notícias, o ministério das Comunicações

informou estar negociando com o ministro Guido Mantega e a Presidente Dilma

Roussef, a possibilidade de articular essa política com a necessidade de utilizar

a banda de 700 Mhz para a banda larga móvel de quarta geração(4G), mas que

no momento, é ocupada pelas transmissões de TV analógica em cerca de 500

municípios brasileiros que concentram 80% da população brasleira

(http://info.abril.com.br/noticias/mundo-mobile/governo-vai-reduzir-preco-de-tv-

digital-para-ampliar-4g-18022013-49.shl) . A idéia central é cumprir a meta de

desligar o sinal analógico gradativamente a partir de 2015 até 2018, liberando

essa faixa de espectro para o 4G, também gradativamente. Desonerar os preços

dos equipamentos facilitaria a migração para o sistema digital entre as

populações de menor renda. Ao mesmo tempo, o governo planeja prestar

serviços diretamente à população através do middleware “Ginga” que possibilita

transmitir conteúdos e serviços interativos junto com a imagem e o som do fluxo

televisivo.( http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia-pessoal/frequencia-do-4g-

ainda-esta-ocupada-em-885-cidades-do-pais-20022013-45.shl)

Em dezembro de 2012 o governo federal lançou o Programa Ginga

Brasil, no qual pretende investir inicialmente cinco milhões de reais (R$5

milhões) na capacitação de 40 profissionais de TVs públicas no desenvolvimento

e transmissão dos aplicativos, a criação de 10 laboratórios de testes, um

repositório para armazenar a produção de aplicativos do Ginga e uma rede de

distribuição e compartilhamento do conteúdo da TV Digital entre as emissoras.

Todas essas ações serão desenvolvidas pela RNP (Rede Nacional de Ensino e

Pesquisa), com o suporte das universidades públicas e/ou privadas.

http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/12/10/software-de-fabricacao-

nacional-permitira-interatividade-na-tv-digital-a-partir-de-2013

Os centros de pesquisa onde o Ginga(4) foi desenvolvido e

normatizado também são unânimes em afirmar que sem uma política pública

que garanta a obrigatoriedade do middleware e suas normas, todo o empenho

realizado até agora seria inútil e novamente os fabricantes e emissoras teriam

imposto seus interesses acima dos direitos de universalização da comunicação

digital para a totalidade da população brasileira. O governo sabe que para

massificar o uso do Ginga serão necessários todos os investimentos na infra-

estrutura de internet previstos no PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) e

garantir o canal de retorno que torna a experiência de interação plena e

satisfatória, tanto na oferta de comunicação pessoal como direito básico, quanto

na possibilidade de oferecer serviços governamentais (t-gov), educacionais (t-

ead) e complementares (t-banco, t-saude, t-previdência) diretamente ao cidadão

por uma plataforma aberta e com enorme capilaridade.

As políticas públicas que orientam as ações governamentais no

sentido de proteger interesses estratégicos do cidadão brasileiro através das

premissas de gratuidade do sinal e interesse coletivo, estão plenamente

alinhadas ao conceito de sustentabilidade da sociedade digital (BIZELLI, 2011,

pag. 190) , que considera o acesso à banda larga como estratégia indispensável

a universalização do direito à conexão com o ciberespaço. A oferta de espaços

de aproximação do poder público com o cidadão através de comunicação

bidirecional interativa favorece a “formação de comunidades mais conscientes

de suas potencialidades e vulnerabilidades, passando a demandar melhor as

políticas públicas que atendam suas necessidades” (BIZELLI, 2011, pag. 190).

Estrategicamente posicionada no panorama aparentemente caótico

da convergência das redes, a TV digital conectada às redes informacionais e

suas múltiplas redes de dispositivos (CASTELS, 2003) é a mídia digital com

melhores possibilidades de atingir o maior número possível de cidadãos

brasileiros, oferecendo conteúdos educacionais, serviços governamentais, de

agências de regulação e complementares, radicalizando a democracia e a

educação. Ainda segundo Bizelli: “é papel do poder público subsidiar o processo

de planejamento estratégico com ativos de informações que permitam a cada

participante decidir segundo sua escala de interesse.”

O governo brasileiro continua influindo decisivamente no processo de

construção da estrutura de sustentação do SBTVD e tem equilibrado o embate

entre emissoras de TV e fabricantes com entidades e universidades que

desenvolvem a plataforma nacional de middleware de código aberto. A

comunidade Ginga inclusive conquistou parceiros latino-americanos estratégicos

no desenvolvimento de soluções abertas regionais no Peru, Chile, Equador,

Paraguai, Uruguai e Argentina, ampliando a integração econômica e social na

América Latina e firmando-se na posição de pioneirismo no desenvolvimento

científico e tecnológico em TV digital na região.

O último Fórum Latino-americano de Televisão Digital realizado em

março de 2012 em João Pessoa na Paraíba, comprova o crescimento da

comunidade latino-americana que adotou o Ginga como middlware e que

desenvolve aplicações que promovem a inclusão social e digital e inovando em

soluções de legendagem para deficientes auditivos, aplicativos que orientam os

cidadãos em casos de catástrofes ou primeiro-socorros, documentários

ficcionais que informam sobre concursos, serviços bancários, de saúde pública e

segurança, aplicativos que ensinam regras e técnicas de reciclagem de

materiais. O CPqD apresentou aplicativos de diversos serviços governamentais

(Previdência, saúde e emprego), demanda social (Notícias, previsão do tempo e

Bate-papo)

Em uma iniciativa da EBC/TV Brasil com apoio de universidades e

empresas do setor, o governo federal conduziu um experimento em escala

reduzida na Paraíba, como um dos pilotos para testes do seu portal de serviços

interativos com beneficiários do Programa Bolsa Família. “Trata-se de um dos

pilotos do Operador de Rede para testes de transmissão em alta definição (HD),

multiprogramação e interatividade. Para os testes de interatividade foram criados

aplicativos de serviços T-Gov para o Canal de Serviços do Governo Federal”,

anunciou André Barbosa, superintendente de suporte da EBC. As 100 famílias

escolhidas receberam todos os equipamentos necessários para a captação do

sinal digital e interação pelo canal de retorno: uma antena UHF, um conversor

digital acoplado ao aparelho de televisão e um celular para conexão à internet, já

que as localidades nas quais foi testada a interatividade não possuem banda

larga. Segundo o relatório da EBC, que inclusive tem o acompanhamento do

Banco Mundial, os resultados foram plenamente satisfatórios, pois as pessoas

puderam se beneficiar de fato e de direito, de serviços eletrônicos que estendem

a possibilidade do exercício da cidadania em regiões remotas nas áreas de

saúde, previdência, bancos públicos, emprego, educação, lazer e cultura.

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/02/interatividade-da-tv-

digital-oferecera-leque-importante-de-servicos-publicos.html

Por outro lado temos as grandes emissoras declarando que devem

aderir ao modelo híbrido “difusão+banda larga” (broadcast+broadband) através

de tecnologias proprietárias, como a que vem sendo desenvolvida em parceria

da empresa brasileira TQTVD com a transnacional TOTVS e testado no Japão

pela NHK. Baseada na linguagem de script HTML5, o Hybridcast da emissora

estatal japonesa oferece interatividade com múltiplas telas, combinando

transmissão broadcast com aplicativos Web das chamadas “TVs conectadas”

(ou smart TVs) com acesso a Internet. http://www.itu.int/ITU-

T/workprog/wp_item.aspx?isn=7714.

Vários países, inclusive o Brasil também desenvolvem tecnologias de

TV digital que se caracterizam pela integração e sincronização do conteúdo da

difusão (broadcast) com o conteúdo em banda larga (broadband) que está na

“nuvem” e pode ou não ser enviado ao mesmo tempo para o televisor. Segunda

a empresa, a TQTVD também possui uma solução concorrente do Hybridcast(5)

com foco na gestão de aplicativos Ginga em módulo híbrido “harmonizado” com

segunda tela interativa. Um protocolo permite que tablets e smartphones

detectem quando uma emissora está transmitindo conteúdo interativo para a

segunda tela e o disponibiliza ao usuário via rede local e também oferece

entrega de conteúdos de vídeo sob demanda via IP em TVs conectadas.

Também são oferecidas aplicações em Ginga que permitem baixar e rodar

aplicações e jogos “sobre” o conteúdo transmitido.

Todos os desenvolvedores e fabricantes já concordam que as

tecnologias de desenvolvimento de conteúdos hipermídia ou transmídia são

complementares, não excludentes e se entrelaçam para permear o ambiente

desterritorializado das redes digitais convergentes na nova dinâmica da

sociedade conectada aos múltiplos dispositivos e interfaces. O momento atual é

de transição da fase de desenvolvimento do Ginga enquanto norma técnica a

definir, o que aliás foi pleno de êxito, para uma suave decolagem rumo ao

desenvolvimento de conteúdos atraentes e regras de negócio e transição. Num

claro e honesto desabafo, o professor da PUC/Rio de Janeiro, Luiz Fernando

Soares e um dos principais desenvolvedores do Ginga comentou em evento da

área no Rio em agosto de 2012: “Já é hora de os engenheiros saírem da

produção de aplicativos e deixarem essa parte para quem, de fato, sabe fazer

essa função: os produtores de conteúdo. "Falta criatividade para os engenheiros.

Os aplicativos são bem chatinhos, feios. Falta algo mais. Na verdade, falta

criatividade".

2 - A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA EDUCAÇÃO MEDIADA PELA TV

DIGITAL INTERATIVA.

A crescente disponibilidade de novas tecnologias de ensino mediadas

digitalmente oferece oportunidade única aos alunos, tutores, designers

instrucionais e professores de desenvolverem seus próprios modelos interativos

de ensino-aprendizagem, onde as ferramentas de mediação tradicionais sejam

complementares aos novos "vetores" de convergência digital, tais como

celulares, tablets, tv digital e até mesmo videogames. Com a redução de preços

dos dispositivos conectados em todo o mundo e principalmente nos países

emergentes como o Brasil, houve uma oferta sem precedentes de novas

modalidades de conexão à internet baseadas nesses dispositivos móveis que,

de certo modo, incluíram parcela significativa da população nas redes

informacionais e ainda os preparam informalmente ao uso de interfaces variadas

e adaptadas ao meio ao qual se conecta.

Uma nova geração de usuários conectados a mais de um

dispositivo de comunicação digital simultaneamente é realidade crescente e

aponta uma tendência irreversível de pervasividade(6) das mídias em todos os

dispositivos possíveis de forma ubíqua, ou seja, adaptável ao contexto

multiformato. Essa nova dinâmica realiza uma possibilidade sem precedentes de

inovação nos canais formais de oferta e aquisição de conhecimento, aliando-os

aos novos meios de educação através de entretenimento cultural e

multimidiático. Temos exemplos práticos bem sucedidos de oferta de conteúdo

educacional complementar através de SMS, RSS, twitter, facebook, youtube e

em aplicativos simples adquiridos gratuitamente ou desenvolvidos pelos

usuários.

O atual modelo de EAD via web e centrado na relação do aluno com o

AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), embora ofereça um canal de

relacionamento simples, confiável e muito dinâmico na gestão de tempo flexível,

ainda não atende os requisitos de educação permanente por comunicação

bidirecional massiva e autônoma, como preconizados pelos estudos da

UNESCO sobre educação para o século XXI (DELORS, JACQUES e outros,

2007, pags. 222/225).

A nova indústria dos serviços em EAD entrou rapidamente numa

terceira fase de desenvolvimento de interfaces instrucionais baseadas em

extrema usabilidade e portabilidade híbrida. Ocorre que muitas instituições de

ensino ainda oferecem cursos por EAD em que baseiam quase todo seu

relacionamento com os alunos através de interações básicas e primárias, que se

restringe a controle de prazos, provas e entrega de trabalhos textuais e sem

oferecer formas de comunicação multimídia com tutores e mediadores,

agindo como meros fornecedores de conteúdos pré-formatados sem nenhum

canal de retorno on-line em tempo real.

Com um extenso caminho a percorrer para mudarmos o atual

paradigma que restringe o potencial do aluno que apenas recebe conteúdos e

pouco interage, algumas revisões conceituais simples podem obter resultados

satisfatórios rapidamente e favorecer a aderência de novos arranjos produtivos

que atendam a premissa básica de interação, retorno ("feedback")(10), sentido de

envolvimento e pertencimento a um grupo que não apenas se apropria mas

também gera conhecimento.

Também surgem novas ferramentas de interação para criação de

audiovisuais pelos alunos e usuários e videoconferências multiponto que tornam

os chats e encontros presenciais remotos mais interessantes e envolventes,

ambas permitindo interatividade presencial-remota sem a necessidade de novos

investimentos, apenas otimizando ferramentas e recursos já existentes na

maioria das instituições de ensino. Numa nova concepção de inovação em EAD

é indispensável a construção coletiva e prototipagem de modelos mais

interativos e que favoreçam novos meios para a educação formal, informal ou

inclusiva. Buscar uma nova concepção de ensino-aprendizagem mediada pelas

novas tecnologias convergentes sugere uma perspectiva transdisciplinar em que

dialogam tradicionais áreas da educação como pedagogia, didática e

comunicação com ciências inovadoras, tais como a engenharia de TV,

arquitetura de redes, design instrucional e desenvolvimento de software.

(CASTRO, 2008, pag. 177/189)

Devido ao seu caráter inovador, as pesquisas em educação mediada

pela TV digital ainda não ultrapassaram o estágio inicial de definição de

conceitos universais de usabilidade e design que norteiam seu desenvolvimento,

pois faz uso intensivo de interação comunicacional que necessita de interfaces

transmidiáticas(7) para realizar seu intento . Embora no mundo todo a pesquisa

científica e o desenvolvimento tecnológico de padrões de TVDi(8) avancem em

várias direções, ainda predomina uma tentativa de adaptar realidades inerentes

aos padrões da internet para a tela da TV, o que causa alguma confusão

conceitual, mas também oferece uma janela única de oportunidades para

pesquisadores que aceitem o desafio de superar as dificuldades desse novo

cenário, das quais enumeramos algumas abaixo:

Conteúdos híbridos em tecnologias complementares

Ubiqüidade, pervasividade

Uso extendido: cidadania, inclusão e educação

Comunicação bidirecional massiva e autônoma

Atemporalidade: modos síncrono e assíncrono

Construção coletiva de conteúdos

Vários dispositivos interagentes

Múltiplas telas e interfaces

Disponibilidade de sinal

Canal de retorno

Levando em consideração a afirmação de “que não existe uma

tecnologia certa ou errada para a EAD, mas todas elas tem seus pontos fortes e

fracos”(MOORE, M e KEARSLEY, G, 2007, pag. 104/105) , todas as mídias,

digitais ou não, podem ser integradas às ferramentas de ensino, portanto se

complementam. A lógica predominante na TV comercial é a da regra de negócio

e seu imediatismo, enquanto que na EAD mediada pela TV é a construção do

conhecimento, de forma que o usuário-aprendiz tenha a nítida sensação de

pertencimento ao universo daquilo que está sendo exibido e que sua realidade

seja contemplada pelo conteúdo adicional, seja ele interativo ou reativo (IDEM,

pág. 84). O audiovisual é extremamente eficaz em atrair e manter a atenção

para transmitir impressões e ensinar aptidões interpessoais, para ensinar

procedimentos e registrar performances, pois sua característica não linear de

edição permite montar sequências de ações envolvidas. Também oferece

inegável credibilidade nos depoimentos pessoais e enquetes do público em geral

e enriquece os enunciados dos professores, gerando empatia e “...transmissão

de aspectos emocionais ou relacionados à atitude de uma disciplina”. (IDEM,

pág. 82).

Estamos diante da real possibilidade de digitalização de mídias que

tradicionalmente se apresentam de forma analógica na escola tradicional e que

são normalmente oferecidos em sua forma física (livros, textos, Xerox),

transformando-as em objetos virtuais que podem ser enviados pelo sinal de TV

ou internet, trabalhados e novamente devolvidos de maneira democrática e

inclusiva. Essa possibilidade também representa uma inovação ao atender o

requisito de remediação(9) , em que a mídia incorporada é representada em outra

que dela se apropria e a redefine. Para os pesquisadores em usabilidade, suas

diretivas foram desenvolvidas em função de características próprias do

ciberespaço, como a descentralização e a colaboração, ou no mínimo, em

função do “feedback”(10) (TEIXEIRA, L, 2009, PAG. 100/102).

Concluindo as considerações, fica evidente que não há mais a

necessidade de emergir um novo padrão dominante, mas de garantir

comunicação com total fluidez e disponibilizar meios de aprender e ensinar

naturalmente, como atividades práticas e corriqueiras dos indivíduos

conectados. A escola em sua forma material de cimento e telhas sempre existirá

como modelo eficiente, porém será “transpassada” por todos os meios e formas

de interação digital humana tornando a necessidade de se comunicar, inclusive

em grupo, direito básico e garantido pelo estado à sociedade.

4 - O CONTEXTO HISTÓRICO DA TVDi

O contexto histórico da dinâmica evolutiva do SBTVD nos leva a

refletir sobre como diferenciar quais conceitos, pesquisas e padrões são

inerentes aos meios educacionais ou próprios da concepção industrial de

entretenimento para as massas (BECK, 1997). Fica evidente que são modelos

distintos, mas algumas similaridades foram recentemente condicionadas pela

convergência e pela digitalização de acervos. Existem muitas pesquisas em

andamento que abordam a EAD pelas mesmas estratégias de usabilidade e

modelos de negócios típicos das emissoras comerciais e não adaptaram seus

modelos aos requisitos e particularidades do ensino mediado pela TV digital.

Mesmo algumas emissoras universitárias que já existiam e estão migrando para

o sinal digital ainda utilizam os mesmos modelos forjados nas escolas de

comunicação social no Brasil, de tradição jornalística típica dos monopólios

estabelecidos na TV aberta no país desde a ditadura.

Ainda é predominante essa abordagem defasada e relacionada ao

fato de que 90% das ditas “emissoras” no Brasil só produzem conteúdos

jornalísticos locais que são inseridas numa grade onde é imposta a programação

produzida pela cabeça de rede. Embora o país conte com um número enorme

de emissoras de televisão, inclusive digitais, a grande maioria delas não produz

ou quase sempre produz apenas gêneros diferentes de jornalismo, inclusive por

não possuírem estruturas e equipamentos adequados. No atual estágio do

jornalismo digital se consegue produzir reportagens com apenas uma câmera e

um notebook conectado à rede, mas para outros formatos narrativos

documentais e educacionais as exigências de nível profissional de produção,

edição e distribuição são indispensáveis e precisam de investimento público ou

privado. Caberá ao aluno interagente a produção de seu próprio conteúdo pelas

mesmas ferramentas que os jornalistas usam atualmente, tornando-se também

um integrador das chamadas tecnologias da inteligência (LEVY, 2004)

A emissora que mais desenvolveu conteúdos interativos

educacionais para a TV, a BBC Inglesa, possui um centro de produção em

parceria com a Universidade Aberta do Reino Unido, onde desenvolvem

soluções que integram mídias tradicionais como o rádio e a TV com

interatividade via canal de retorno, numa solução classificada como TV

expandida. A eficiência, o alcance e acessibilidade do modelo inglês estão

diretamente relacionados à facilidade de uso e disponibilidade plena de todas as

mídias ao mesmo tempo ou apenas em qualquer uma delas. Segundo dados de

pesquisas de 2004 (MOORE, M e KEARSLEY, G, 2007, pag. 294),

aproximadamente 40% dos cursos da UA do Reino Unido adotam novas

tecnologias da informação para orientação on-line, grupos de discussão em

salas de bate-papo, envio e recebimento de atividades por via eletrônica,

disponibilização de material multimídia e conferência mediada por computador.

Não se trata apenas de “repaginar” um modelo de sucesso em

EAD, nem de oferecer apenas suporte a múltiplos dispositivos, porque a

velocidade estonteante de renovação das possibilidades que cada inovação

apresenta, torna impraticável o empilhamento de mídias que não sejam

complementares e eficientes em agregar valor ao conteúdo. Desenvolver novos

protótipos de AVA ou agregar suporte a mídias sociais isoladamente de outras

mediações não serão consideradas atividades estruturantes da pesquisa

científica, porém a abordagem sistêmica do repertório de ações e técnicas

viabilizadas durante o desenvolvimento do estudo podem contemplar aspectos

relevantes de ordem tecnológica que forem notadamente importantes ao usuário

final. Para a massa de brasileiros que serão contemplados com a nova

possibilidade de troca e criação de conteúdos dinâmicos, pode ou não ser

importante conhecer o Ginga como norma técnica, porém todos devem conhecer

os recursos e usar os serviços que ele possibilita. Também devem ser

observados e referenciados os tipos de serviços inovadores em TV digital que

sejam desenvolvidos no âmbito privado ou em parceria com o governo e que

possam ser úteis ao desenvolvimento da pesquisa, tanto no âmbito das

aplicações em si, quanto para os conteúdos criados para essa finalidade.

Tornou-se fundamental e estratégico no segmento educacional ,

pesquisar ferramentas de desenvolvimento de conteúdos interativos que

ofereçam ou permitam a construção de interfaces amigáveis e intuitivas,

favorecendo o compartilhamento de legados digitais herdados das tecnologias

assistivas e funcionais para a acessibilidade plena dos usuários. A autonomia na

geração e gestão de conteúdos pelas comunidades que participam do processo

educacional é recomendada por todas as correntes de pensamento educacional

atuais, seja ela virtual ou não.

A radicalização da cidadania conquistada no direito de receber

educação de qualidade, serviços, entretenimento e comunicação audiovisual

bidirecional através do sinal de TV aberta e conexão de banda larga como

serviço essencial, garante formas inéditas de inclusão social e digital

diretamente ao povo brasileiro. Torna-se extremamente estratégico desenvolver

um modelo teórico-metodológico que ofereça suporte à aplicações interativas

para a plataforma híbrida de televisão digital auxiliada por interfaces híbridas de

canal de retorno e/ou entrada/saída de dados e aplicações. Nesse novo cenário

tecnológico complexo e multidimensional, devem ser analisadas tecnologias

associadas ou concorrentes que permitam expandir o repertório de serviços

IPTV que o Ginga oferece, tais como TVs conectadas, smarts TVs,

computadores, smartphones, tablets, celulares, lousas eletrônicas, projetores IP,

codecs de videoconferência, câmeras IP, armazenagem em rede e nuvem, etc.

A recomendação de livre uso de várias ferramentas de

desenvolvimento e dispositivos digitais tem a simples finalidade de analisar

possibilidades de uso direto e intensivo pelos próprios professores e geradores

de conteúdo, garantindo autonomia e possibilidades reais de realimentar o

processo de ensino-aprendizagem. Existe um conceito amplamente difundido

entre os chamados “nativos na era das tecnologias convergentes” de

apropriação dos meios de comunicação digital que possibilite a recriação dos

conteúdos nos próprios meios de difusão. A simples possibilidade de oferecer

recursos que ampliam a capacidade de inserção do indivíduo no fluxo midiático,

tornando-o parte ativa do processo, irá possibilitar que nosso modelo de

desenvolvimento seja acessível o suficiente para que os usuários passem a ser

atores do processo de construção dos conteúdos educativos juntamente com

professores e designer instrucionais.

A comunidade de desenvolvedores já está ciente de que as

aplicações podem ser pensadas, desenvolvidas e geridas pelas próprias

unidades educacionais, criando um ambiente aberto a participação de todos os

atores na construção coletiva do conhecimento, característica indiscutível dos

novos caminhos da educação.

3 – A DIMENSÃO TECNOLÓGICA

Enfocando a investigação prática e delimitando o objeto tema das

pesquisas em TVDi (Televisão Digital Interativa), busca-se analisar e relacionar

a produção científica e tecnológica que desenvolve metodologias de construção

de ambientes virtuais de ensino-aprendizagem mediadas por um modelo híbrido

de televisão digital interativa conectada aos dispositivos de interfaces

transmidiáticas(7).

As universidades públicas e privadas buscam construir uma

plataforma de relacionamento virtual entre as IEs, professores e alunos que

atendam os requisitos de usabilidade(11), pervasividade(6) e ubiqüidade(12) e

permitam atingir um nível de relacionamento pleno e bidirecional entre os

usuários e os educadores. Analisando aspectos estruturais e acoplagens

midiáticas que integram as redes de dispositivos de entrada (input),

processamento(cloud) e interação reativa (output) do modelo “hibridicast”,

estudar suas peculiaridades e catalogar soluções de efetiva evolução do

modelo, realimentando a pesquisa, oferecem uma solução de prototipagem

rápida de documentos hipermidiáticos de ensino e aprendizagem.

Também estão sendo analisadas soluções e colaborações com

grupos de estudo e pesquisa que desenvolvem aplicações em Ginga NCL/Lua,

J-Ginga e outras tecnologias concorrentes ou complementares. A abordagem

será aberta e contextualizada pelo atendimento à demanda de oferecer novas

formas de conhecimento através de fluxos entrelaçados de conteúdos

dinâmicos, onde são considerados também os aspectos sociais, técnicos,

sociológicos, econômicos, culturais ou outros conceitos relevantes ao

desenvolvimento dos protótipos conceituais.

O aspecto multidisciplinar da pesquisa contempla estudos das

áreas de tecnologia da informação, comunicação social, design instrucional,

criação e gestão de conteúdos em EAD, design digital, sociologia e pedagogia.

Essa profusão de áreas indica claramente o processo de convergência digital

associado à transição do sistema de TV analógico para o SBTVD, sinalizando a

comprovação de que todas as entidades envolvidas manifestam uma mesma

visão de evolução e melhoria nos serviços de teledifusão.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As políticas públicas estão procurando alinhar os interesses gerais

da sociedade brasileira ao clamor apelativo de interesse financeiro dos grandes

“players” dos mercados das teles, internet e emissoras privadas de rádio e

televisão. A opção do governo parece clara em relação ao indicativo de

fortalecimento das redes públicas de comunicação, incentivando parcerias com

emissoras educativas e investindo dinheiro nas universidades para dinamizar o

desenvolvimento de soluções híbridas que sejam capazes de romper a

resistência inicial do usuário das classes C, D e E , que em sua maioria, não

possui conexão de internet banda larga e geralmente nem computador.

A gigantesca capilaridade da televisão em todo território nacional

pode ser uma diferença estratégica no oferecimento de serviços do governo

diretamente ao cidadão e na possibilidade de educação continuada da

população em todos os segmentos sociais. A universidade aberta do Brasil

(UAB) já realiza um gigantesco projeto de educação formal para adultos em

níveis de graduação e pós-graduação por todo o território nacional através de

ensino semi-presencial remoto e já é citado como um dos maiores e mais bem

implementados em nível nacional com tamanha complexidade sistêmica.

”(MOORE, M e KEARSLEY, G, 2007). A articulação dessas políticas pode

garantir uma condição muito especial de implantar um projeto de construção

coletiva de conhecimento, nos moldes das maiores e melhores recomendações

de especialistas em educação mundiais e que faria frente ao imenso desafio de

educar toda a população economicamente ativa do Brasil nos próximos 10 anos.

O desafio da democratização dos meios em função dos fins

educacionais e direitos coletivos da população deve ser a base de sustentação

do segmento educacional público e as emissoras educativas já foram

oficialmente chamadas pelo governo federal a acelerar seus processos de

migração para a tecnologia digital. O decreto recém publicado na imprensa

oficial possibilita a essas emissoras exibirem as quatro faixas de conteúdo

previstas no Canal da Cidadania e manter uma quinta faixa com a programação

que já exibem atualmente. O Canal da Cidadania foi previsto no decreto de

implantação da TV digital, em 2006. Seu objetivo é dar espaço à produção das

próprias comunidades e divulgar os atos dos poderes locais, como prefeituras,

câmaras de vereadores e assembléias legislativas. Para isso, a base do seu

funcionamento é a multiprogramação, com quatro faixas de conteúdo: a primeira

para o Poder Público municipal, a segunda para o Poder Público estadual e as

outras duas para associações comunitárias, que ficarão responsáveis por

veicular programação local. Segundo o decreto: “Entre os princípios do canal

estão o exercício da cidadania e da democracia; a promoção da diversidade de

gênero, étnico-racial, cultural e social; o diálogo entre as múltiplas identidades do

país; o fomento à produção audiovisual independente, local e regional; a

prestação de serviços de utilidade pública e a promoção de programas de

finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

http://www.telesintese.com.br/index.php/plantao/22312-canal-da-cidadania-podera-comecar-com-

emissoras-educativas-ja-outorgadas#.UUIlKW6QLq0.facebook

A partir de 2013, 75% dos televisores conectados(14) devem ter o

middleware(2) Ginga(4) embarcado e pronto para receber os aplicativos enviados

pelo sinal de radiodifusão ou pela internet, com a possibilidade de interação

pelos canais de retorno de banda larga (fibra, DSL, Wimax, 3g e 4g) ou estreita

(celular T ou CDMA, PLC, SMS, STFC), criando um novo mercado de aplicativos

e serviços, mas também oferecendo novas formas de interatividade do cidadão

com o Estado, entre cidadãos e entre o cidadão e as instituições públicas ou

privadas.

Para conseguir incentivar esse novo nicho que está diretamente

ligado às universidades e centros de pesquisa de audiovisual, o Ministério das

comunicações também está desenvolvendo ações de fomento aos APLs

(Arranjos Produtivos Locais), que são áreas geográficas que tem uma série de

características comuns ao desenvolvimento de conteúdos digitais criativos, e

que inicialmente terão dois centros de desenvolvimento, um em Pernambuco e

no outro no Rio Grande do Sul onde devem receber estúdios de cinema e

televisão, de áudio digital, de motion-capture (captura de movimentos),

laboratórios de testes de aplicativos e render-farms para renderização das

imagens. O investimento médio do Minicom em cada APL será de

aproximadamente R$ 7 milhões, complementados pelos parceiros estaduais ou

municipais ao longo de um projeto de 3 anos. Também foi cogitada a liberação

de recursos provenientes de emenda da Comissão Mista de Orçamento no valor

de R$40 milhões para ações nesse sentido. http://portal.rnp.br/web/rnp/na-midia/-

/rutelistaconteudo/Politica-para-a-era-dos-apps/919694_TO0f;jsessionid=0D028C6C7C3A05D67C3CB9D3E99ECE8D.inst1

O executivo brasileiro tenta reagir ao lobby gigantesco operado

pelas emissoras geridas por parlamentares ou grupos de comunicação ligados à

eles e que não facilitam a migração para o sistema digital, principalmente porque

querem continuar faturando alto em cima de um sistema obsoleto, ultrapassado

e principalmente vertical, ou seja, sem nenhuma possibilidade de livre

associação ou comunicação entre os usuários, somente a mensagem

mercadológica e unidirecional dos anunciantes em seus programas. A nova

dinâmica proposta pela iminente adoção do SBTVD em todos os municípios

brasileiros acena com a mensagem de que as concessões de comunicação não

são propriedade particular dos licitantes e que deve haver regulação e mediação

das relações nos mesmos moldes do segmento de internet e telefonia, pois a

nova televisão conectada(14) muda radicalmente a posição da mídia televisiva na

grade de opções de prestação de serviços e educação ao povo brasileiro, como

um todo, através do sinal aberto, gratuito, digital e com interatividade.

Fica a proposta de reflexão acerca de uma possível mudança de

paradigma na relação entre as emissoras e o cidadão interagente, ao invés do

telespectador, termo já em desuso por caracterizar uma atitude passiva, distante

e despolitizada em relação ao conteúdo televisivo.

“A revolução não será mesmo televisionada, porém a TV pode ser um instrumento revolucionário”

Renato Terezan de Moura

“Você não conseguirá ficar em casa, irmão.

Você não conseguirá se plugar, ligar ou arregar.

Você não será capaz de se perder em drogas ou passar reto durante os comerciais,

Porque a revolução não será televisionada”

Gil Scott-Heron

BREVE CRONOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO DO SBTVD(Sistema Brasileiro de TV Digital) Fontes: Fórum SBTVD, CPqD, Portal Ginga, Portal do software brasileiro, Brasil.gov.br, ABNT

ANO ATIVIDADE ATORES/GESTORES

1995 a

1998

Grupo de emissoras e empresas do setor juntamente com a

Universidade Mackenzie pesquisaram aspectos técnicos dos

três sistemas de transmissão de TV digital: o modelo ATSC

norte-americano, o DVB europeu o modelo ISDB japonês

Associação Brasileira de

Emissoras de Rádio e

Televisão, SET - Sociedade

Brasileira de Engenharia de

Televisão e Univ. Mackenzie

1999 Inicio do processo de avaliação técnica e econômica por

cooperação entre a Anatel e o CPqD na pesquisa sobre

padrões de transmissão digital para o Serviço de

Radiodifusão de Sons e Imagens

Anatel, CPqD e Minicom

2000 Ao longo de três anos, foram consultados cerca de 600

pesquisadores e técnicos de alta qualificação profissional,

congregados em 22 consórcios, do qual fizeram parte 106

entidades, sobretudo universidades, institutos de pesquisa

e empresas privadas

http://www.brasemb.or.jp/portugues/news/prs/prs_07n14.html

Governos brasileiro e

japonês, Universidades,

empresas, ONGs e

entidades públicas e

privadas

2003 Publicação do decreto 4.901/2003(1) que institui o SBTVD

(Sistema Brasileiro de Televisão Digital) e estabeleceu

diretrizes para a implantação da televisão digital aberta no

Brasil

Executivo, Legislativo,

Universidades, empresas,

ONGs e entidades privadas

2005 O primeiro protótipo do SBTVD foi apresentado no dia 13

de novembro pelo Ministério das Comunicações.

Minicom

2006 O governo brasileiro anunciou a escolha do ISDB-T como

base para o desenvolvimento do SBTVD. O padrão será

cooperativo (nipo-brasileiro) e oferecerá transmissão em

alta definição, multiprogramação, mobilidade e

portabilidade, atendendo também a dispositivos móveis

sem cobranças de tarifas por operadoras de telefonia

Executivo, Anatel, SET,

ABERT, Legislativo,

Universidades, empresas,

ONGs e entidades privadas

2006

2007

Versão brasileira do ISDB-T acrescenta tecnologias desenvolvidas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) possibilitando a transmissão de conteúdos em alta resolução, adotando o padrão MPEG-4, também conhecido como H.264, para codificação de vídeo, e o HE-AAC v2 para o áudio. ABNT NBR 15602, partes 1, 2 e 3

Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro

(PUC-Rio) e pela

Universidade Federal da

Paraíba (UFPB) e ABNT

2007007 O início das transmissões do SBTVD ocorreu no dia 02 de

dezembro, em São Paulo.

Emissoras, universidades e

institutos de pesquisa

2009 Todas as capitais brasileiras já tem acesso ao sinal digital e avança no interior do Brasil, mas apenas com sinal em alta definição e nenhuma interação

Emissoras e retransmissoras

2011 Ginga NCL/Lua recebe recomendação pelo ITU como padrão internacional em 2011

ITU, PUC Rio e UFPB

2012 Governo determina que a partir de 2013 torna-se obrigatório embarcar o Ginga em pelo menos 75% dos televisores fabricados no Brasil, com meta de atingir 100% dos aparelhos que tiverem conexão à internet.

Executivo (Minicom)

LISTA DE LEGISLAÇÕES, PORTARIAS E NORMAS RELACIONADAS AO SBTVD

Portaria Interministerial no 140, de 23 De Fevereiro De 2012 Televisores com tela de cristal líquido fabricados no Brasil devem incorporar capacidade de executar aplicações interativas radiodifundidas, de acordo com as Normas ABNT NBR15606-1, 15606-2, 15606-3, 15606-4 e 15606-6, Decreto nº 5.820, de 29 de Junho de 2006 Dispõe sobre a implantação do SBTVD-T, estabelece diretrizes para a transição do sistema de transmissão analógica para o sistema de transmissão digital do serviço de radiodifusão de sons e imagens e do serviço de retransmissão de televisão, e dá outras providências. Decreto nº 5.375, de 17 de Fevereiro de 2005 Dispõe sobre a aplicação do § 7º do art. 93 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de l990, para compor força de trabalho no âmbito dos projetos que especifica, e dá outras providências. Decreto nº 4.901, de 26 de Novembro de 2003 Institui o Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, e dá outras providências. Lei nº 10.610, de 20 de Dezembro de 2002 Dispõe sobre a participação de capital estrangeiro nas empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, conforme o § 4º do art. 222 da Constituição, altera os arts. 38 e 64 da Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962, o § 3º do art. 12 do Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

ATSC Advanced Television System Committee

DVB Digital Video Broadcasting

EAD Educação a Distância

HD Alta definição

HTML HyperText Markup Language

ISDB Serviço Integrado de Transmissão Digital

ISDB-Tb Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre Brasileiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NCL Nested Context Language

SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

TVDi Televisão Digital Interativa

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

WIFI Rede sem fio pessoal de curto alcance

WIMAX Rede sem fio metropolitana de grande alcance

LISTA DE TERMOS TÉCNICOS E/OU EM OUTROS IDIOMAS

decreto 4.901/2003(1)

Institui o Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, e dá outras providências.

Feedback(10)

procedimento através do qual parte do sinal de saída de um sistema (ou circuito) é

transferida para a entrada deste mesmo sistema, com o objetivo de diminuir, amplificar ou controlar a

saída do sistema

Ginga(4)

Ginga® é o nome do Middleware Aberto do Sistema Nipo-Brasileiro de TV Digital (ISDB-TB) e

Recomendação ITU-T para serviços IPTV. Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas

internacionalmente e inovações brasileiras

Hybridcast(5)

Plataforma que oferece serviços de TV digital mais atraentes por uma fusão de transmissão e

banda larga

middleware (2)

Abrange um amplo espectro de software e em geral se situa entre uma aplicação e um

sistema operacional, um sistema operacional de rede ou um sistema de gerenciamento de bancos de

dados.

pervasividade(6)

Capacidade ou tendência a propagar-se, infiltrar-se, difundir-se total ou inteiramente

através de vários meios, canais, sistemas, tecnologias etc.

remediação(9)

, quando a mídia incorporada é representada em outra que dela se apropria e a redefine

smartphone(3)

telefone com funcionalidades avançadas por meio de programas executados em

seu sistema operacional

transmídia(7) é qualquer meio que se move de uma mídia para outra

TVDi(8)

Televisão Digital Interativa

Ubiqüidade(11)

Ubiquidade tecnológica: característica que a tecnologia tem de estar em toda a parte ao

mesmo tempo e acessível ao utilizador.

Usabilidade(12)

fator que assegura que os produtos são fáceis de usar, eficientes e agradáveis pela

perspectiva do usuário. Implica otimizar as interações estabelecidas pelas pessoas com produtos

interativos

IPTV(13)

Transmissão de conteúdos audiovisuais interativos por protocolo IP (Internet protocol) como meio

de transporte do conteúdo, geralmente acessados por conversor (set top box) acoplado à internet e outro

dispositivo eletrônico com tela (computador, televisão, tablet, smartphone, etc)

Televisor conectado(14)

aparelhos de TV que possuem conexão com ou sem fio com a internet e/ou redes

locais

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