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0% 20% 40% 60% 80% 100% A NA A NA A NA A NA A NA A NA 70-90 90-07 70-90 90-07 70-90 90-07 Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Agricultura Espécies invasoras Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, nos períodos de 1970 – 1990 e 1990 – 2007, por área Ardida (A) e Não Ardida (NA) Resumo: O eucalipto, apesar de introduzido em Portugal na primeira metade do século XIX, teve excepcional expansão a partir da segunda metade do século XX, sendo recentemente reconhecida como a espécie florestal actualmente dominante em Portugal. Se, por um lado, houve um forte incentivo à eucaliptização pela procura das indústrias de base florestal, é também um facto que esta espécie é dotada de forte capacidade de proliferação espacial, reconhecendo-se o fogo como um dos seus principais aliados. Por outro lado, nas últimas décadas, temos observado uma tendência de agravamento dos incêndios florestais, sendo Portugal o país europeu que apresenta actualmente a maior percentagem de áreas ardidas e o maior número de ignições. O presente estudo pretendeu analisar não só a evolução espaciotemporal do eucalipto nas últimas décadas como também avaliar o eventual papel do fogo nestas dinâmicas paisagísticas em Portugal peninsular. O período de análise remonta à década de 1970, possibilitado pela utilização das cartas do Inventário Florestal Nacional (IFN) (1965-78), e culmina em 2007 tendo por base as "cartas de ocupação do solo" deste ano. Para a análise da relação entre as dinâmicas paisagísticas e o fogo foi utilizada uma base cartográfica das áreas ardidas anualmente durante o período 1975-2006. Os resultados das dinâmicas paisagísticas (1970-2007) revelam uma relativa estabilidade da área total de povoamentos puros de eucalipto. Adicionalmente, o fogo provou ser um importante agente modelador da paisagem, promovendo importantes transições de ocupações do solo que, nalguns casos, resultaram num aumento da representatividade espacial do eucalipto. A principal excepção está nos povoamentos puros de eucalipto que, regra geral, revelaram grande resistência a fogos cíclicos. Palavras-chave: dinâmicas da paisagem; incêndios florestais; eucalipto. Conclusão: Este poster explora as dinâmicas do eucalipto em Portugal no intervalo de tempo de 1970 a 2007, através de tabelas dinâmicas originadas da cartografia base de 1970, 1990 e 2007. Verificou-se um aumento do eucalipto desde o primeiro ano considerado, sendo que a maior área proveio de povoamentos de pinheiro bravo e de matos. Relativamente à área de eucalipto que transitou para outras classes de ocupação do solo, esta concentra-se essencialmente em novas plantações, povoamentos de pinheiro bravo e matos. A um nível de detalhe superior verificou-se que os povoamentos mistos de eucalipto com resinosas sofreram um decréscimo relativamente à sua área de ocupação inicial. Quando o sistema interagiu com o fogo, observou-se maior sensibilidade dos povoamentos puros de eucalipto e mistos de eucalipto com resinosas, bem como a tendência para a transição para povoamentos puros de eucalipto e de pinheiro, e matos. Espacialmente, o eucalipto tem preferência por zonas de declive pouco acentuado, tendo a sua localização sido progressivamente alterada para zonas de declives superiores , e hipsometricamente intermédias, verificando-se que houve uma tendência para a deslocalização dos povoamentos de eucalipto para zonas mais elevadas. A análise apresentada evidencia, por um lado, quais as combinações das essências florestais que manifestamente se revelam mais sensíveis ao fogo e, por outro, que a distribuição espacial, neste caso particular do eucalipto, é configuradora de situações que potenciam o risco de ocorrência de incêndios. Acresce que, pelo número de ignições considerados, se pode inferir como expectável, quais as tendências de substituição das essências florestais. Assim, se reitera que um melhor entendimento da relação fogo-tipo de floresta é de extrema importância para a gestão e planeamento florestal, no sentido de que sejam tomadas opções mais informadas na gestão da paisagem, tornando-a menos susceptível aos incêndios florestais. 14º Encontro Nacional de Ecologia SPECO Encontro da Primavera APEP A Ecologia e os novos desafios da gestão de ecossistemas e paisagens Bragança 17-19 de Junho de 2013 Ana Catarina Sequeira, Diana Tavares, Ernesto Deus, João Jorge, Paulo Salgueiro, Marta S. Rocha, Francisco C. Rego Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves”; Instituto Superior de Agronomia; Universidade Técnica de Lisboa Tapada da Ajuda, 1349-017, Lisboa Materiais Evolução espacial Composição da Paisagem Qual a evolução do Eucalipto entre 1970 e 2007? O fogo teve impacto nas transições na ocupação do solo nesse período? Área ardida 1975-2006 Inventário Florestal Nacional de 1970 Carta de Ocupação do solo de 1990 Carta de Ocupação do solo em 2007 Fonte: FIRELAND Fonte: DGT Fonte: DGT Fonte: ISA/AFN Territórios artificializados Agricultura SAF Sobro e Azinho Outros carvalhos Outras folhosas Eucalipto Pinheiro bravo Pinheiro manso Outras resinosas Espécies invasoras Matos e Improdutivos Massas de água e zonas húmidas Sem Informação Dinâmicas do Eucalipto na Paisagem de Portugal Continental entre 1970 e 2007 Agradecimentos: Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT/MCTES) através do Projecto PTDC/AGR- CFL/104651/2008 FIRELAND - Efeitos do fogo sobre a dinâmica da vegetação à escala da paisagem em Portugal, e tem como parceiros: Direcção-Geral do Território (DGT), Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN/ISA/UTL) e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 1970 1990 2007 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Agricultura Espécies invasoras Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados O que não era “Eucalipto” em 1970 e passou a ser 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Agricultura Espécies invasoras Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados O que era “Eucalipto” em 1970 e deixou de ser 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Índice de selecção 1970-1990 1990-2007 COS 1990 COS 2007 Fonte: DGT IFN 1970 Fonte: DGT Fonte: FIRELAND Eucalipto 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0 1 2 3 4 >4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 >4 Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Agricultura Espécies invasoras Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados Classe de “Eucalipto puro” – elevada resistência a fogos cíclicos. Classe de “Eucalipto com folhosas” e “Eucalipto com resinosas” – baixa resistência a fogos cíclicos, elevada probabilidade de passar a outras classes de ocupação do solo, predominantemente para “Eucalipto puro” e “Pinheiro bravo” Em geral, os povoamentos puros são beneficiados pela incidência do fogo. Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, no período de 1970 – 2007, consoante o número de fogos 0% 20% 40% 60% 80% 100% Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas Ocupação do solo relativamente à classe “Eucalipto” 1970 1990 2007 Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, no período de 1970 – 2007 Índice de selecção do declive (%) Índice de selecção da hipsometria (m) Existem padrões de comportamento de acordo com o número de fogos? 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 1970 1990 2007 0% 20% 40% Ocupação do solo em 1970, 1990 e 2007 1970 1990 2007

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Page 1: Encontro da Primavera APEP de Portugal Continental entre … · das cartas do Inventário Florestal Nacional (IFN) (1965-78), ... 14º Encontro Nacional de Ecologia SPECO Encontro

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A NA A NA A NA A NA A NA A NA

70-90 90-07 70-90 90-07 70-90 90-07

Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas

Agricultura Espécies invasoras Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas

Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas

Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados

Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, nos períodos de 1970 – 1990 e 1990 – 2007, por área Ardida (A) e Não Ardida (NA)

Resumo: O eucalipto, apesar de introduzido em Portugal na primeira metade do século XIX, teve excepcional expansão a partir da segunda metade do século XX, sendo recentemente reconhecida como a espécie

florestal actualmente dominante em Portugal. Se, por um lado, houve um forte incentivo à eucaliptização pela procura das indústrias de base florestal, é também um facto que esta espécie é dotada de forte

capacidade de proliferação espacial, reconhecendo-se o fogo como um dos seus principais aliados. Por outro lado, nas últimas décadas, temos observado uma tendência de agravamento dos incêndios florestais,

sendo Portugal o país europeu que apresenta actualmente a maior percentagem de áreas ardidas e o maior número de ignições. O presente estudo pretendeu analisar não só a evolução espaciotemporal do

eucalipto nas últimas décadas como também avaliar o eventual papel do fogo nestas dinâmicas paisagísticas em Portugal peninsular. O período de análise remonta à década de 1970, possibilitado pela utilização

das cartas do Inventário Florestal Nacional (IFN) (1965-78), e culmina em 2007 tendo por base as "cartas de ocupação do solo" deste ano. Para a análise da relação entre as dinâmicas paisagísticas e o fogo foi

utilizada uma base cartográfica das áreas ardidas anualmente durante o período 1975-2006. Os resultados das dinâmicas paisagísticas (1970-2007) revelam uma relativa estabilidade da área total de povoamentos

puros de eucalipto. Adicionalmente, o fogo provou ser um importante agente modelador da paisagem, promovendo importantes transições de ocupações do solo que, nalguns casos, resultaram num aumento da

representatividade espacial do eucalipto. A principal excepção está nos povoamentos puros de eucalipto que, regra geral, revelaram grande resistência a fogos cíclicos.

Palavras-chave: dinâmicas da paisagem; incêndios florestais; eucalipto.

Conclusão: Este poster explora as dinâmicas do eucalipto em Portugal no intervalo de tempo de 1970 a 2007, através de tabelas dinâmicas originadas da cartografia base de 1970, 1990 e 2007. Verificou-se um

aumento do eucalipto desde o primeiro ano considerado, sendo que a maior área proveio de povoamentos de pinheiro bravo e de matos. Relativamente à área de eucalipto que transitou para outras classes de

ocupação do solo, esta concentra-se essencialmente em novas plantações, povoamentos de pinheiro bravo e matos. A um nível de detalhe superior verificou-se que os povoamentos mistos de eucalipto com

resinosas sofreram um decréscimo relativamente à sua área de ocupação inicial. Quando o sistema interagiu com o fogo, observou-se maior sensibilidade dos povoamentos puros de eucalipto e mistos de eucalipto

com resinosas, bem como a tendência para a transição para povoamentos puros de eucalipto e de pinheiro, e matos. Espacialmente, o eucalipto tem preferência por zonas de declive pouco acentuado, tendo a sua

localização sido progressivamente alterada para zonas de declives superiores , e hipsometricamente intermédias, verificando-se que houve uma tendência para a deslocalização dos povoamentos de eucalipto para

zonas mais elevadas. A análise apresentada evidencia, por um lado, quais as combinações das essências florestais que manifestamente se revelam mais sensíveis ao fogo e, por outro, que a distribuição espacial,

neste caso particular do eucalipto, é configuradora de situações que potenciam o risco de ocorrência de incêndios. Acresce que, pelo número de ignições considerados, se pode inferir como expectável, quais as

tendências de substituição das essências florestais. Assim, se reitera que um melhor entendimento da relação fogo-tipo de floresta é de extrema importância para a gestão e planeamento florestal, no sentido de que

sejam tomadas opções mais informadas na gestão da paisagem, tornando-a menos susceptível aos incêndios florestais.

14º Encontro Nacional de Ecologia SPECO

Encontro da Primavera APEP

A Ecologia e os novos desafios da gestão de

ecossistemas e paisagens

Bragança 17-19 de Junho de 2013

Ana Catarina Sequeira, Diana Tavares, Ernesto Deus, João Jorge, Paulo Salgueiro, Marta S. Rocha, Francisco C. Rego

Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves”; Instituto Superior de Agronomia; Universidade Técnica de Lisboa

Tapada da Ajuda, 1349-017, Lisboa

Materiais

Evolução espacial

Composição da Paisagem

Qual a evolução do Eucalipto entre 1970 e 2007?

O fogo teve impacto nas

transições na ocupação

do solo nesse período?

Área ardida

1975-2006

Inventário Florestal

Nacional de 1970

Carta de Ocupação

do solo de 1990

Carta de Ocupação

do solo em 2007

Fonte: FIRELANDFonte: DGT Fonte: DGT Fonte: ISA/AFN

Territórios artificializados

Agricultura

SAF

Sobro e Azinho

Outros carvalhos

Outras folhosas

Eucalipto

Pinheiro bravo

Pinheiro manso

Outras resinosas

Espécies invasoras

Matos e Improdutivos

Massas de água e zonas húmidas

Sem Informação

Dinâmicas do Eucalipto na Paisagem

de Portugal Continental entre 1970 e 2007

Agradecimentos: Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT/MCTES) através do Projecto PTDC/AGR-

CFL/104651/2008 FIRELAND - Efeitos do fogo sobre a dinâmica da vegetação à escala da paisagem em Portugal, e tem como parceiros:

Direcção-Geral do Território (DGT), Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN/ISA/UTL) e Instituto da Conservação da Natureza e

das Florestas (ICNF).

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Agricultura

Espécies invasoras

Outras folhosas

Pinheiro bravo

Pinheiro manso e Outras resinosas

Sobro e Azinho

Massas de água e Zonas húmidas

Matos e Improdutivos

Novas plantações

SAF

Territórios artificializados

O que não era “Eucalipto” em 1970 e passou a ser

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Agricultura

Espécies invasoras

Outras folhosas

Pinheiro bravo

Pinheiro manso e Outras resinosas

Sobro e Azinho

Massas de água e Zonas húmidas

Matos e Improdutivos

Novas plantações

SAF

Territórios artificializados

O que era “Eucalipto” em 1970 e deixou de ser

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Eucalipto puro Eucalipto com

folhosas

Eucalipto com

resinosas

Índice de selecção

1970-1990

1990-2007

COS 1990 COS 2007

Fonte: DGT

IFN 1970

Fonte: DGTFonte: FIRELAND

Eucalipto

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0 1 2 3 4 >4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 >4

Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas

Agricultura Espécies invasoras Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas

Outras folhosas Pinheiro bravo Pinheiro manso e Outras resinosas Sobro e Azinho Massas de água e Zonas húmidas

Matos e Improdutivos Novas plantações SAF Territórios artificializados

• Classe de “Eucalipto puro” – elevada resistência a fogos cíclicos.

• Classe de “Eucalipto com folhosas” e “Eucalipto com resinosas” – baixa

resistência a fogos cíclicos, elevada probabilidade de passar a outras

classes de ocupação do solo, predominantemente para “Eucalipto puro” e

“Pinheiro bravo”

Em geral, os povoamentos puros são beneficiados pela incidência do fogo.

Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, no período de 1970 – 2007, consoante o número de fogos

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Eucalipto puro Eucalipto com folhosas Eucalipto com resinosas

Ocupação do solo relativamente à classe “Eucalipto”

1970

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2007

Transições na ocupaçao do solo das classes de Eucalipto, no período de 1970 – 2007

Índice de selecção do declive (%)

Índice de selecção da hipsometria (m)

Existem padrões de

comportamento de acordo

com o número de fogos?

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