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ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE-FURG. CURSO DE OCEANOLOGIA.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS.
Rodrigo Barreto Menezes
Rio Grande, novembro de 2005.
Monografia apresentada ao Curso de
Oceanologia da Fundação Universidade Federal
do Rio Grande (FURG) como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de Oceanólogo.
Orientador: Dr. Kleber Grübel da Silva
Co-Orientador: Dr. Paul Gerhard Kinas
ii
Aos meus pais Jorge e Solange;
irmãos Fabrício e Rafael e
à minha amada Mulinda, companheira de todas as horas.
iii
Agradecimentos
Meu especial agradecimento ao Kleber e ao Prof. Kinas pela
orientação desta monografia. Ao Edu por todas as sugestões, críticas e apoio
durante a confecção deste trabalho. E também ao Prof Luf por participar da banca
e pelas contribuições sempre pertinentes.
À Instituição NEMA por ter me acolhido e despertado meus ideais
conservacionistas.
A todos os amigos do NEMA, em especial ao Kleber (pela confiança
e capacitação), ao Serginho e a Dani (que muito me ensinaram, ensinam e
continuarão ensinando), ao Renato, Alice Maria, Rodrigo Moreira e Ana, Carlinha,
Rita e Ronaldo, Samara, Mara e Naná. Obrigado a todos vocês por me receberem
no NEMA e pela amizade.
A todos os amigos do curso de Oceanologia, em especial ao Almudi,
André, Bárbara, Ju Mineira, MacGyver, Gandjá Minêro, Pumpers, Raquel, Tati e
Tremembé.
Às amigas do Cassinão: Michelle e Camilinha.
Aos meus pais e irmãos porque, apesar de no início não
compreenderem o meu desejo de estudar os oceanos, sempre me apoiaram
durante todo o tempo apesar da distância e da imensa saudade.
À família Moraes por sempre me receber tão bem em sua casa.
E, é claro, à Vanessa por todo o amor, apoio e compreensão nestes
quatro anos e meio em que estamos juntos.
iv
ÍNDICE
Resumo....................................................................................................................v
1. Introdução................................................................................................2
2. Metodologia..............................................................................................7
2.1. Área de estudo.......................................................................7
2.2. Coleta, padronização e análise dos dados............................8
3. Resultados.............................................................................................12
3.1. A toninha, Pontoporia blainvillei...........................................12
3.2. O boto, Tursiops truncatus...................................................15
3.3. Outras espécies...................................................................17
4. Discussão...............................................................................................19
4.1. A toninha, Pontoporia blainvillei...........................................21
4.2. O boto, Tursiops truncatus...................................................25
4.3. Outras espécies...................................................................27
5. Conclusões............................................................................................29
6. Recomendações....................................................................................30
7. Referências Bibliográficas......................................................................31
Tabelas...................................................................................................................38
Figuras....................................................................................................................41
Fotos.......................................................................................................................50
Anexos....................................................................................................................53
v
Resumo
Os encalhes de cetáceos foram estudados por meio de monitoramentos
mensais sistemáticos da costa do Rio Grande do Sul entre 1993 e 2004,
totalizando um esforço amostral de 33.201,4 km. Neste período foram registrados
969 encalhes de toninhas, Pontoporia blainvillei, 73 de botos, Tursiops truncatus, e
143 encalhes de outras espécies de cetáceos. Os encalhes de toninhas são mais
freqüentes no verão e nos meses de janeiro e novembro sucessivamente. A região
entre a Barra do Chuí (33º05’ S e 053º21’ W) e 70 km ao norte da barra do Chuí
(Área S3) mostrou ser a porção do litoral gaúcho com maior freqüência de
encalhes, seguida pela região entre o Farol Conceição e o Farol Mostardas (Área
N2). As carcaças apresentaram comprimento total médio de 124,5 cm, mas
poucos indivíduos foram identificados sexualmente neste estudo. A extrapolação
dos índices de encalhes para toda a costa gaúcha revelou que ocorrem em média
200 encalhes de toninhas por ano, estes dados por sua vez indicam uma provável
mortalidade total de aproximadamente 2.000 toninhas/ano. Os dados de interação
com a pesca provavelmente estão subestimados neste estudo, uma vez que em
apenas 2,1% dos encalhes foi possível relacionar a causa mortis à interação com
a atividade pesqueira.
Nos doze anos de estudo registrou-se 73 encalhes de botos, Tursiops
truncatus. Existe uma marcada variabilidade nos índices de encalhes entre os
meses e estações do ano, onde o verão (dezembro, janeiro e fevereiro) mostrou-
se ser a estação com maior índice de encalhes. O padrão espacial encontrado
para esta espécie indica que os encalhes são mais freqüentes no trecho entre os
quilômetros 225 e 300 ao norte do Molhe Leste e nos primeiros 75 km ao sul e ao
norte dos Molhes de Rio Grande. O comprimento total médio das carcaças foi de
258 cm. Houve um baixo índice de identificações sexuais neste estudo, pois
apenas 18 animais foram identificados como machos e não houve registros de
fêmeas. A extrapolação dos índices de encalhes para toda a costa gaúcha revelou
que ocorrem cerca de 16 encalhes de botos por ano, mas esta estimativa pode
estar superestimada. Sinais de interação com artes pesqueiras estiveram
vi
presentes em 11% das carcaças registradas, indicando que os níveis de
mortalidade de causa antrópica são insustentáveis para a população de botos e
que as mesmas são responsáveis pela diminuição do tamanho populacional de
Tursiops truncatus.
Dos 143 encalhes observados de outras espécies de cetáceos, todas as
espécies já haviam sido registradas na costa gaúcha. Apenas dois encalhes de
cetáceos vivos foram registrados, o primeiro de um cachalote-anão, Kogia sima, e
o segundo de um filhote de baleia-minke-antártica, Balaenoptera bonaerensis,
sendo que, em ambos os casos, os animais foram reintroduzidos pela equipe
técnica do NEMA. Ocorreu também um registro de encalhe massivo de 14 falsas-
orcas, Pseudorca crassidens. A espécie com maior freqüência de encalhes (n=18)
foi a baleia-franca, Eubalaena australis, no entanto, os resultados encontrados
neste estudo sugerem uma estabilidade na taxa de encalhes desta espécie,
principalmente após o ano de 1994.
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1. Introdução
Os mamíferos marinhos, em especial os cetáceos, são ainda pouco conhecidos
quanto aos seus hábitos e comportamento, devido em parte à dificuldade de
observação no meio em que vivem. Logo, animais encalhados são uma importante
fonte de dados sobre os padrões sazonais e espaciais de ocorrência e mortalidade,
alimentação, estrutura etária, proporção sexual, variabilidade genética populacional,
dieta, variações interanuais associadas a eventos climáticos e/ou antropogênicos,
causas de mortalidade, deslocamento e outros aspectos da história natural, sendo que
estes dados podem subsidiar substancialmente ações que visem a conservação destas
espécies.
Vários autores consideram que o monitoramento sistemático dos encalhes de
animais marinhos são uma importante fonte de dados biológicos para a pesquisa. No
Rio Grande do Sul alguns destes trabalhos são: Pinedo (1982), que utilizou carcaças,
encontradas na praia, de toninhas, Pontoporia blainvillei, e de botos, Tursiops truncatus,
para a análise dos conteúdos estomacais e descrição da dieta alimentar destas duas
espécies. Rosas (1989) fez uso de dados de encalhes de leões-marinhos, Otaria
flavescens, para estabelecer os aspectos da dinâmica populacional e interações com a
pesca desta espécie. Pinedo e Polacheck (1999) estabeleceram o padrão de encalhes
de toninhas por meio de monitoramentos sistemáticos de praia no período de 1979 e
1998. Dapper (2002) realizou um estudo piloto de marcação e recaptura de toninhas
capturadas na pesca, com o objetivo de relacionar as capturas incidentais e os
encalhes desta espécie. Silva (2004) analisou monitoramentos de praia, entre 1993 e
2002, para analisar os padrões de ocorrência, estimar o tamanho populacional e o
consumo alimentar, além de descrever os principais impactos antrópicos sobre os
pínipedes no Brasil, com ênfase no Rio Grande do Sul. Monteiro (2004) também fez uso
dos monitoramentos de praia para descrever o padrão de encalhes de tartarugas
marinhas na costa do Rio Grande do Sul. Ferreira (2005) investigou a relação entre as
capturas incidentais de toninhas e registros de encalhes desta espécie, e concluiu que
existe uma relação, entre o encalhe e a captura incidental, que classifica os encalhes
como bons “termômetros” das capturas acidentais. Outro recente estudo com encalhes
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foi desenvolvido por Fruet et al. (2005) que quantificaram a interação de botos com a
pesca, entre 1976 e 2005, fazendo uso de dados de monitoramento de praia de
diferentes grupos de pesquisa.
A Ordem Cetacea (do grego κetos que significa baleia) abriga os mamíferos
carnívoros que, ao longo do processo evolutivo, adaptaram-se totalmente à vida
aquática. Os indivíduos pertencentes a esta Ordem podem ser identificados por uma
série de características comuns oriundas do processo de adaptação à vida aquática.
Algumas destas características são: (i) o corpo hidrodinâmico; (ii) ausência de pêlos,
apresentando somente pêlos modificados, denominados de vibrissas, cuja função é
sensorial. Estas vibrissas podem estar presentes somente na fase fetal, ou em algumas
espécies, podem permanecer por toda a vida do animal distribuindo-se ao redor dos
orifícios respiratórios e/ou ao longo do rostro. (iii) Membros anteriores modificados em
nadadeiras e membros posteriores vestigiais. (iv) Interiorização das glândulas
mamárias, pênis e testículos. (v) A migração do orifício respiratório para a região dorsal
da cabeça. (vi) Além de várias adaptações fisiológicas, das quais se destacam a
homotermia, bradicardia e vaso-constrição periférica.
Os cetáceos (baleias, botos e golfinhos) subdividem-se em: subordem Archaeoceti
que inclui os cetáceos primitivos já extintos; subordem Mysticeti, que contém os
cetáceos atuais que apresentam barbatanas ao invés de dentes; para capturar o
alimento, e subordem Odontoceti que abriga os cetáceos com dentes.
A subordem Mysticeti (misticetos) compreende quatro famílias e 12 espécies
(Rice, 1998). Sendo que destas 08 espécies ocorrem no Brasil (Pinedo et al., 1992;
Hetzel, 1993). A Subordem Odontoceti (odontocetos) compreende quatro famílias e 72
espécies (Rice, 1998). Sendo que destas 31 ocorrem no Brasil (Pinedo et al., 1992;
Hetzel, 1993; Siciliano & Santos, 1994; Soto & Vega, 1994; Weil et al., 1995; Zerbini &
Santos, 1997, Zerbini & Secchi, 2001; Moreno et al., 2003; Moreno et al., 2005).
A seguir tem-se uma breve descrição das 4 espécies com maior número de
encalhes na costa gaúcha. Informações sobre a biologia, distribuição geográfica,
ecologia e características morfológicas de todas as espécies registradas neste estudo
pode ser facilmente acessada através de Jefferson et al. (1993); Rice (1998), e Reeves
et al. (2002).
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A falsa-orca, Pseudorca crassidens, é um odontoceto da família dos delphínideos
que apresenta o corpo totalmente negro, nadadeiras peitorais em forma de “S” e dorsal
alta, estreita e falcada. A cabeça é globosa e desprovida de rostro. Esta espécie pode
ser encontrada em águas profundas de mares tropicais e temperados (até os limites de
50ºS e 50ºN) dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (Rice, 1998).
A baleia-franca-austral, Eubalena australis, é um misticeto de grande porte,
podendo atingir, segundo registros históricos, mais de 17 metros de comprimento nas
fêmeas e pouco menos nos machos. O corpo é negro e robusto, sem nadadeira dorsal,
e a cabeça ocupa quase um quarto do comprimento total, nela destacando-se a grande
curvatura da boca. O ventre apresenta manchas brancas irregulares e as nadadeiras
peitorais têm forma de trapézio. Apresentam um conjunto de calosidades ou “verrugas”
sobre e nas laterais da cabeça (Rice, 1998). Esta espécie distribui-se ao longo da
região austral, de aproximadamente 20ºS a 55ºS, embora existam registros em 63ºS
(Jefferson et al., 1993). No inverno e primavera, estes animais migram para áreas de
procriação mais ao norte, sendo que, no Brasil, estas áreas ocorrem principalmente no
estado de Santa Catarina.
Classificada como “vulnerável” pelo PAMAB II (IBAMA, 2001) e como de “Baixo
risco, mas dependente de conservação” pela União Mundial para Conservação da
Natureza-IUCN (2003). Devido ao seu hábito costeiro a baleia-franca enfrenta várias
ameaças antrópicas, que incluem o ecoturismo desorganizado, a pesca com redes de
espera, tráfego de grandes embarcações e a degradação ambiental do hábitat costeiro
(Secchi, 1994; Greig et al., 2001).
O boto, Tursiops truncatus; é provavelmente o pequeno cetáceo mais conhecido
pelo público por causa de seus hábitos costeiros, distribuição cosmopolita e freqüente
exibição em oceanários e programas de televisão. Suas principais características são a
cabeça e corpo robustos, bico curto, largo e nitidamente distinto da cabeça. A
nadadeira dorsal é alta e falcada. A coloração do dorso é geralmente cinza-escuro com
o ventre mais claro (Rice, 1998).
A IUCN e o Plano de Ação dos Mamíferos Aquáticos do Brasil V. 2, (PAMAB II);
classificam o boto, Tursiops truncatus, como Dados Deficientes, ou seja, não existem
informações adequadas ou suficientes sobre a espécie que permitam uma avaliação
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formal (IUCN, 2003; IBAMA 2001). As populações costeiras desta espécie sofrem uma
grande pressão antrópica devido à mortalidade acidental em redes de pesca e à
crescente degradação do ambiente costeiro (IBAMA, 2001).
A foz do rio Mampituba (Torres), do rio Tramandaí (Tramandaí) (Simões-Lopes,
1991) e o estuário da Laguna dos Patos (Castello & Pinedo, 1977; Möller, 1993 e Möller
et al., 1994); são as três áreas constantemente habitadas pelos botos no Rio Grande do
Sul. Dalla Rosa (1999) estimou que a população residente de botos no estuário da
Laguna dos Patos está composta por 80 indivíduos (IC 95%: 72 – 90), que, segundo
Möller (1993), utilizam o estuário para as atividades de deslocamento, alimentação,
socialização e descanso.
A toninha, Pontoporia blainvillei, é um pequeno odontoceto endêmico da região
Sudoeste do Atlântico Sul e ocorre desde Itaúnas (18º25´S – 30º42´W), no estado do
Espírito Santo – Brasil (Siciliano 1994), até Golfo Nuevo (42º35’S – 64º48´W), Provincia
de Chubut - Argentina (Crespo et al. 1998). Sua distribuição no Rio Grande do Sul
parece estar limitada aproximadamente à isóbata de 30m de profundidade (Secchi &
Ott,1997). De acordo com Secchi & Siciliano (2002), o habitat exclusivamente costeiro
torna a toninha uma espécie muito vulnerável à interação negativa com atividades
pesqueiras, à poluição e degradação do ambiente costeiro e ao aumento no tráfego de
embarcações (Secchi & Siciliano, 2002).
A mortalidade relacionada com a captura acidental por atividades pesqueiras tem
sido apontada por vários autores como um dos mais fortes impactos antrópicos sobre
as populações de pequenos cetáceos (botos e golfinhos), em especial a toninha
(Pinedo, 1994; Zanellato, 1997; Secchi et al., 1997) e o, Tursiops truncatus (Fruet et al.
2005). Ressalta-se ainda que a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União
Mundial para Conservação da Natureza-IUCN (IUCN, 2003), caracteriza a toninha como
“Dados Deficientes”; sendo que a população do Rio Grande do Sul e Uruguai é
caracterizada como “Vulnerável”, ou seja, apresenta alto risco de extinção na natureza
a médio prazo. E também é listada na Lista das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis-IBAMA (IBAMA, 2003).
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A toninha é também reconhecida como o pequeno cetáceo mais ameaçado no
Atlântico Sul Ocidental devido aos altos níveis de mortalidade acidental em redes de
espera ao longo de praticamente toda a área de distribuição da espécie (Secchi et al.
2001).
O Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) é uma organização
não-governamental. Entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública municipal;
fundada em 1985. Desde 1988, através do Projeto Mamíferos do Litoral Sul, o NEMA,
em parceria com o IBAMA, vem desenvolvendo atividades de monitoramento de praia e
dos refúgios de pinípedes, pesquisas de mortalidade de mamíferos marinhos e ações
de educação ambiental junto às comunidades costeiras. Este estudo de longo prazo
gerou um banco de dados extenso e representativo dos encalhes de cetáceos no litoral
do Rio Grande do Sul. Sendo este banco de dados do NEMA a origem dos dados
utilizados neste estudo.
O presente estudo possui dois objetivos:
a) Realizar um levantamento qualitativo e quantitativo dos encalhes de
cetáceos na costa do Rio Grande do Sul, e;
b) Descrever o padrão espacial e sazonal dos encalhes e estimar a
mortalidade da toninha e do boto na costa do Rio Grande do Sul, no período entre 1993
e 2004.
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2. Metodologia 2.1. Área de estudo A costa do Rio Grande do Sul localiza-se na região denominada Planície Costeira
do Sul do Brasil e tem 623 km de extensão, com o limite sul na Barra do Chuí (33°05’S;
053°21’W) na divisa com o Uruguai e o limite norte na cidade de Torres (29°19’S;
049°42’W) na divisa com o estado de Santa Catarina (Fig. 1). São praias extensas, em
sua maioria do tipo intermediário, embora praias dissipativas dominem ao sul da latitude
32º. As praias costeiras são expostas, constituídas por areia fina, com declividade de
aproximadamente 2º (Calliari e Klein 1993; Calliari 1998).
As praias da área de estudo estão sob influência direta do aporte de águas fluviais
do Estuário da Lagoa dos Patos e Rio da Prata, e da Convergência Subtropical do
Atlântico Sul Ocidental, formada pelo encontro da Corrente do Brasil, de águas quentes
e pobres em nutrientes com a Corrente das Malvinas, de águas frias e ricas em
nutrientes. A interação da convergência subtropical e da descarga continental (águas
da Lagoa dos Patos e Rio da Prata) torna a região uma importante área de criação,
alimentação e reprodução para inúmeras espécies animais, estando entre as áreas
mais produtivas do Brasil (Castello et al. 1998).
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2.2. Coleta, padronização e análise dos dados Durante o período de 1993 a 2004, foram realizadas saídas mensais periódicas,
sempre que havia recursos e as condições climáticas permitiam, buscando-se cetáceos
encalhados. Devido ao canal de acesso à Barra do Rio Grande, o litoral do Rio Grande
do Sul foi dividido em duas áreas de monitoramento – a área sul, que se estende da
Barra do Rio Grande até a Barra do Chuí (220 km) e a área norte, da Barra do Rio
Grande até Torres (403 km).
Os percursos foram realizados com veículo automotor 4X4 junto à linha de praia
com dois a três observadores, a uma velocidade média de 40 km/h. Foram realizados
censos dos cetáceos encontrados na praia (contagem de indivíduos por espécie),
biometrias e registros de evidências externas de interação com a pesca e a posição na
costa (local da ocorrência em quilômetros do referencial de saída, e a posição
geográfica de latitude e longitude obtida pelo Sistema de Posicionamento Global, GPS).
Foram caracterizadas como marcas de interação com a pesca as escoriações
provocadas por redes, cortes a faca em uma ou mais nadadeiras e exemplares
emalhados em fragmentos de rede.
As espécies foram identificadas com auxílio de guias especializados Pinedo, et al.,
(1992) e Hetzel, (1993). E cada carcaça encontrada foi marcada com tinta "spray" para
evitar a recontagem das mesmas em saídas posteriores. Para evitar que a marca de
tinta se perdesse com o avanço da decomposição das carcaças, procurou-se sempre
remarcar os animais reavistados e também aplicar a tinta em partes menos suscetíveis
à remoção da tinta, como dentes e também crânios e ossos, quando expostos.
Os indivíduos encontrados mortos foram classificados em uma escala, de 1 a 5,
em função do grau de decomposição em que se encontravam (G1: recém-morto; G2:
olhos violados e rigor mortis; G3: carcaça violada com órgãos expostos; G4: carcaça
em processo de putrefação com grandes danos no corpo e G5: carcaça muito podre
com ausência de partes do corpo).
As medidas corporais foram obtidas com trena métrica. Sendo que os
comprimentos corporais dos cetáceos foram tomados em linha reta do extremo do
rostro até a reentrância central da cauda. Não foi possível realizar a medição do
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comprimento total em todas as carcaças. Isto porque algumas carcaças, com grau de
decomposição G4 ou G5, encontravam-se retorcidas, fragmentadas ou com ausência
de partes do corpo (nadadeira caudal e cabeça) que impossibilitavam uma medição
correta. Além disso, a coleta de crânios e necropsias realizadas por outros grupos de
pesquisa também impossibilitou a medição de algumas carcaças.
Nessa atividade, os dados coletados eram registrados em planilha de campo
especialmente elaborada para este fim e utilizado equipamento fotográfico para o
registro visual e formação do banco de imagens do projeto Mamíferos do Litoral Sul do
NEMA.
Os dados gerados por estas saídas de campo foram armazenados em um banco
de dados eletrônico no software Microsoft Excel 2003.
Para as análises de sazonalidade classificou-se como:
1. Verão: estação composta pelos meses de dezembro, janeiro e fevereiro;
2. Outono: meses de março, abril e maio;
3. Inverno: junho, julho e agosto;
4. Primavera: estação composta pelos meses de setembro, outubro e
novembro.
De forma a minimizar os efeitos da variabilidade do esforço amostral e permitir
comparações espaço-temporais, calculou-se o “Índice de encalhes” (I10), para as
espécies em que o tamanho amostral foi considerado representativo (toninhas e botos),
este índice refere-se ao número de encalhes a cada 10 km de praia percorridos (Eq. 1).
I10 = N * 10_____ Kms percorridos Equação 1
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Equação 2
onde Xi equivale ao I10 e é igual a média dos I10.
Sobre as médias mensais, sazonais e anuais geradas através dos índices de
encalhes; calculou-se então o Desvio Padrão (s) como a raiz quadrada da variância (s2)
(Eq. 2),
Para o calculo dos Intervalos de confiança de 95% (Eq. 3), utilizou-se o Erro
Padrão (Eq. 4).
Para descrever o padrão espacial dos encalhes, a costa do RS foi subdividida da
seguinte forma:
Litoral Sul:
• Área S1: iniciando-se na base do Molhe Oeste até 75 km ao sul;
• Área S2: do quilômetro 75,1 ao sul do Molhe Oeste até o quilômetro
150, e;
• Área S3: do quilômetro 150,1 ao quilômetro 220, abrangendo os
últimos 70 km de praia.
Litoral Norte:
• Área N1: iniciando-se na base do Molhe Leste até 75 km ao norte;
• Área N2: do quilômetro 75,1 ao norte do Molhe Leste até o quilômetro
150;
• Área N3: do quilômetro 150,1 ao norte do Molhe Leste até o
quilômetro 225;
• Área N4: do quilômetro 225,1 ao norte do Molhe Leste até o
quilômetro 300, e;
• Área N5: do quilômetro 300,1 ao quilômetro 403, abrangendo os
últimos 103 km de praia.
Equação 4
Equação 3
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Em seguida calculou-se então o índice de encalhes por Área “IA10”, de forma
análoga ao cálculo do índice de encalhes “I10” (Equação 1), para cada uma das áreas,
com a ressalva de que a quilometragem percorrida em cada área foi considerada
separadamente. Por exemplo: em uma saída de monitoramento para o Litoral Sul em
que foram percorridos 90 km, considerou-se que na Área S1 foram percorridos 75 km,
na Área S2 percorreu-se 15 km e na Área S3 não foi percorrido nenhum quilômetro, ou
seja, o esforço foi nulo.
Uma das formas para a realização de estimativas anuais de encalhes das
espécies foi a extrapolação do I10 para a extensão da costa das duas regiões (Litoral
Norte e Litoral Sul). Sendo assim, o número de encalhes em determinado ano foi
calculado através da soma das estimativas parciais das duas regiões.
Onde:
I10 = número de animais mortos por 10 Km percorridos
E LNorte= [(I10X403X12)/10)] Estimativa anual de encalhes para o Litoral Norte
E LSul = [(I10X220X12)/10)] Estimativa anual de encalhes para o Litoral Sul
403 = extensão da costa no Litoral norte;
220 = extensão da costa no Litoral sul;
12 = número de meses do ano
10 = é o fator de conversão do I10.
As espécies com baixo número de encalhes, que não produziram dados
representativos para o cálculo das estimativas anuais, foram somente descritas como
registros de ocorrência.
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3. Resultados
Das 220 expedições realizadas (33.201,4 km percorridos no total), 113
(totalizando 17.382,4 Km percorridos) foram para o litoral sul (Molhe Oeste - Chuí), e
107 (totalizando 15.819 Km percorridos) foram para o litoral norte (Molhe Leste –
Torres). O esforço amostral anual no período variou entre 819,3 km/ano no ano de 2000
a 4.766,6 km/ano em 2001 (Tab.1). O esforço amostral mensal acumulado no período variou entre 2.104,8 Km
percorridos no mês de abril e 3.611,6 Km em novembro. Pode-se observar mês a mês o
esforço acumulado, com suas respectivas médias e desvios-padrões na Tabela 2.
3.1. A toninha, Pontoporia blainvillei
Durante o período de estudo foram registradas 969 toninhas encalhadas na costa
do Rio Grande do Sul, sendo que não houve registro de animais encalhados vivos.
Considerando os 12 anos de monitoramento, observa-se um índice de encalhe (I10)
médio de 0,29 animais encalhados (EP = 0,08) por 10 km de praia por ano.
Houve uma variação de uma ordem de magnitude, no I10 ao longo dos anos, onde
o mínimo observado foi de 0,06 encalhes/10 km (EP = 0,03) em 1993 e o máximo de
0,6 encalhes/10 km (EP = 0,2) no ano de 2004 (Fig. 02).
Do total de encalhes, 490 registros (50,6% do total) ocorreram no Litoral Norte e
479 (49,4%) ocorreram no Litoral Sul. Resultando em um índice de encalhe (I10) médio
de 0,31 (EP = 0,09) encalhes/10 km no Litoral Norte e 0,28 (EP = 0,08) encalhes/10 km
no Litoral Sul (Fig. 02).
Observou-se que apesar dos encalhes de toninhas ocorrerem em todos os anos e
em todos os meses, existe uma marcada variabilidade no I10 entre os meses e estações
do ano. O mês de janeiro foi o que apresentou o maior índice para ambas as regiões
(I10 = 0,94 com EP= 0,1 para o Litoral Sul e I10 = 0,97 com EP= 0,1 no Litoral Norte)
(Fig. 03); e o verão foi a estação com maior abundância e freqüência de encalhes,
56,7% do total para as duas regiões, e I10 = 0,51 (EP = 0,2) para o Litoral Sul e I10 =
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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0,83 (EP = 0,4) no Litoral Norte, seguido pela primavera (37,5% para as duas regiões),
e I10 = 0,34 (EP = 0,1) para o Litoral Sul e I10 = 0,42 (EP = 0,1) no Litoral Norte (Fig. 04).
Em 88,6% dos encalhes (N = 859) registrou-se a posição do encalhe. Para o
Litoral Sul (Molhe Oeste – Chuí) observou-se que na Área S1 o índice de encalhes por
Área foi de IA10 = 0,19, na Área S2 o IA10 observado foi de 0,21 e na Área S3 o IA10 foi
igual a 0,47 encalhes por 10 km percorridos (Fig. 05).
Já para o Litoral Norte (Molhe Leste – Torres) o padrão espacial dos encalhes
observado foi: IA10 = 0,27 na Área N1, IA10 = 0,29 na Área N2, IA10 = 0,25 na Área N3,
IA10 = 0,23 na Área N4, e IA10 = 0,09 na Área N5 (Fig.06).
O baixo número de identificações sexuais (n = 39) deveu-se principalmente ao
avançado grau de decomposição da maioria das carcaças (Fig. 07). Onde na maioria
das carcaças com grau de decomposição G3 ou maior, torna-se complicado a correta
identificação baseada apenas em caracteres externos, pois a região genital já foi
violada por animais carniceiros.
Em 871 registros (89,9%) realizou-se a biometria dos animais e pôde-se observar
que, independentemente da região, a maioria dos animais media entre 121 e 140 cm de
comprimento total (42,8% e 38,4% para as regiões Sul e Norte respectivamente), e a
média observada foi CTmédio = 124,5 cm (IC 95%, 113,2 – 135,8 cm). No entanto,
apenas 26 animais foram identificados como machos e 13 como fêmeas (Figs. 08 e 09).
Acreditando que a utilização dos números absolutos de encalhes subestima o
número total de encalhes de toninhas na costa gaúcha, pois as amostragens nem
sempre contemplaram 100% da área de estudo, nem consideraram a existência de
diferenças no número de encalhes de Pontoporia blainvillei entre o Litoral Norte e o
Litoral Sul, foram realizadas estimativas anuais de encalhes projetadas para os 623 Km
de praia.
Desconsiderando os anos de 1999, 2000 e 2003 por serem pouco representativos,
devido ao reduzido esforço amostral de monitoramento de praia, que não atingiu 20%
da área de estudo, as estimativas anuais de encalhes, com base nos índices de
encalhes (I10) variaram de 36 (1993) a 646 (2004) toninhas mortas.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
14
Considerando a estimativa média (Média - 9) do Litoral Norte e Litoral Sul para os
9 anos utilizados na extrapolação, chega-se a uma estimativa de 200 toninhas
encalhadas por ano (IC 95% = 59,6 – 340,8) (Tab. 3).
Os sinais externos de interação com a pesca foram observados em 20 encalhes,
que representam 2,1% do total de encalhes (Foto 01).
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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3.2. O boto, Tursiops truncatus
Setenta e três botos encalharam durante o período de estudo na costa do Rio
Grande do Sul, sendo que não houve registro de animais encalhados vivos.
Considerando os 12 anos de monitoramento, observa-se um índice de encalhe (I10)
médio de 0,02 animais encalhados (EP = 5*10-3) por 10 km de praia por ano.
O I10 variou de 0,01 encalhes/10 km em 1994, 1996, 1998 e 1999 (EP = 0,01 para
os 4 anos) até o máximo de 0,06 encalhes/10 km (EP = 0,02) no ano de 2003 (Fig. 10).
Do total de encalhes, 45 registros (61,6% do total) ocorreram no Litoral Norte e 28
(38,4%) ocorreram no Litoral Sul, resultando em um I10 médio de 0,03 (EP = 0,01)
encalhes/10 km no Litoral Norte e 0,02 (EP = 4*10-3) encalhes/10 km no Litoral Sul (Fig.
10).
Ocorreram encalhes de botos em todos os anos e em todos os meses, exceto em
junho. Existe uma marcada variabilidade no I10 entre os meses e estações do ano. O
mês de fevereiro foi o que apresentou o maior índice para o Litoral Norte (I10 = 0,06 e
EP = 0,03), enquanto que no Litoral Sul, o mês de dezembro foi o que apresentou a
maior abundância de encalhes por dez quilômetros percorridos (I10 = 0,05 e EP = 0,02)
(Fig. 11).
O verão foi a estação com maior abundância de encalhes, 47,9% do total para as
duas regiões, e I10 = 0,04 (EP = 0,01) para o Litoral Sul e I10 = 0,06 (EP = 0,02) no
Litoral Norte (Fig. 12).
A posição geográfica foi registrada para 86,3% (n = 63) dos encalhes. No Litoral
Sul (Molhe Oeste – Chuí) o padrão espacial encontrado foi: IA10 = 0,02 na Área S1, IA10
= 0,01 em S2, e na Área S3 observou-se um IA10 igual a 0,005 (Fig 13).
Já para o Litoral Norte (Molhe Leste – Torres) observou-se os seguintes
resultados: IA10 = 0,03 na Área N1, IA10 = 0,01 em N2, IA10 = 0,03 em N3, IA10 = 0,07
em N4, e na Área N5 o Índice de encalhe por Área encontrado foi igual a zero, visto que
nenhum encalhe foi registrado nesta Área (Fig 14).
Em 87,7% dos registros (n = 64) foi possível realizar a biometria dos animais,
sendo que em 9 ocasiões (12,3%) a biometria não foi possível devido ao avançado grau
de decomposição das carcaças (Fig 15). Quando houve a biometria, pôde-se observar
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
16
que 56,6% dos animais encalhados no Litoral Sul e 44% dos encalhes no Litoral Norte
possuíam comprimento total (CT) entre 251 e 310 cm. O comprimento total (CT) médio
observado foi de 258 cm (IC 95% = 245,3 – 270,7 cm).
Apenas 18 animais foram identificados sexualmente, sendo todos indivíduos
machos (Figs. 16 e 17).
Baseado nos Índices de encalhes (I10) e de forma análoga ao que foi feito com as
toninhas, obteve-se as estimativas de anuais de encalhes para o boto no litoral do Rio
Grande do Sul.
As estimativas anuais de encalhes variaram entre 3 botos em 1998 e 29 botos
mortos em 1997.
Considerando o índice médio (Média - 9) do Litoral Norte e Litoral Sul para os 9
anos utilizados na extrapolação, chega-se a uma estimativa de 16 botos encalhados por
ano (IC 95% = 10,6 – 21,6) (Tab. 4).
Em 8 botos (11%) foi possível confirmar, através de sinais externos, que a causa
mortis estava relacionada à interação com atividades pesqueiras, sendo que 4 destes
animais eram juvenis com CT entre 240 e 280 cm (Foto 02).
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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3.3. Outras espécies
Desconsiderando Pontoporia blainvillei e Tursiops truncatus, ocorreram pelo
menos 143 encalhes de cetáceos na costa do Rio Grande do Sul ao longo do período
de estudo. O que gera uma média de aproximadamente 12 encalhes por ano. Do total
de encalhes 72 (50,4%) puderam ser identificados até o menor taxon, 7 individuos
(4,9%) foram identificados até gênero, 22 (15,4%) até família, 14 (9,8%) até subordem e
em 28 ocasiões (19,5%) somente foi possível verificar que eram cetáceos. (Tab. 05).
Somente em duas ocasiões foi registrado o encalhe de animais vivos. O primeiro
foi em outubro de 1999, quando um cachalote-anão, Kogia sima, encalhou a 10 km ao
sul do Molhe Oeste; o animal media 197 cm, apresentava várias escoriações na cabeça
e teve que ser reintroduzido pela equipe do NEMA três vezes, pois sempre voltava à
praia, sendo que na terceira o animal deslocou-se mar adentro e não foi mais avistado.
O outro registro foi o de um filhote de baleia-minke-antártica, Balaenoptera bonaerensis,
com 375 cm de comprimento total, em novembro de 2004 à 3 km ao sul do Molhe Oeste
(Foto 03). Este filhote provavelmente encalhou por causa do mau tempo que gerou
fortes ventos na região, e também foi reintroduzido pela equipe técnica do NEMA
(Anexo 1). Em ambos os casos não houve registro de encalhes dessas espécies nos
quatro monitoramentos mensais seguintes ao encalhe.
Em julho de 1995 ocorreu o único registro de encalhe massivo durante o período
de estudo. Nesta ocasião 14 falsas-orcas, Pseudorcas crassidens, encalharam nas
proximidades do Farol Albardão (130 km ao sul do Molhe Oeste). Infelizmente a tomada
de mais dados sobre este evento foi impossibilitada pelo avançado estado de
decomposição decorrente da necropsia e coleta do trato digestivo dos animais por outro
grupo de pesquisa.
Analisando a freqüência de ocorrência dos encalhes, a baleia-franca, Eubalaena
australis, foi a espécie com maior freqüência de encalhes na área de estudo, com uma
média de 1,5 encalhes por ano (n = 18).
Para os 6 animais registrados como Balaenoptera sp., não foi possível saber se os
exemplares eram baleias minke-anãs, B. acutorostrata, ou baleias minke-antárticas, B.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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bonaerensis. Além disso, alguns registros de Balaenopterídeo também podem ser B.
acutorostrata ou B. bonaerensis.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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4. Discussão Monitorar 623 quilômetros de praia mensalmente é uma tarefa árdua cujo sucesso
está diretamente condicionado à disponibilidade de recursos técnicos e financeiros e às
condições climáticas favoráveis. Em um monitoramento tão extenso qualquer grupo de
pesquisa se vê obrigado a optar entre cobrir toda a área de estudo, sendo forçado
algumas vezes, por problemas de logística e tempo, a recolher somente informações
básicas sobre cada indivíduo registrado; ou a amostrar apenas uma parcela da área,
dedicando mais atenção a cada registro, por exemplo, coletando amostras e/ou a
carcaça inteira. Como um dos objetivos do Projeto Mamíferos Marinhos do Litoral Sul –
NEMA/IBAMA e o deste estudo é o de realizar um levantamento espaço-temporal dos
encalhes, optou-se por cobrir a maior área de praia possível em cada amostragem, na
tentativa de retratar, o mais fielmente possível, a dinâmica dos encalhes para toda a
costa do Rio Grande do Sul.
Analisar registros de encalhes e capturas incidentais in situ separadamente pode
não ser a melhor metodologia a ser utilizada em ações conservacionistas. Uma vez que
os encalhes refletem apenas uma parcela da mortalidade e as capturas incidentais pela
frota pesqueira não consideram outras fontes de mortalidade, tais como pescarias de
difícil monitoramento (rede de emalhe de praia e parelha de praia), declínio dos
estoques de presas, poluição e a própria mortalidade natural. Desta forma é possível
que estudos que utilizem várias abordagens de forma complementar possam ser mais
eficientes na conservação dos cetáceos.
Um problema observado, que deveria ser na verdade, um aspecto positivo, é a
sobreposição de diferentes grupos de pesquisa na área amostrada. Agindo de forma
totalmente independentes uns dos outros, sem convênios, acordos, parcerias e/ou
intercâmbios técnico-científicos, os diferentes grupos acabam gerando dados
sobrepostos e sub ou superestimados que debilitam as ações que buscam a
conservação dos mamíferos marinhos. Isto se torna ainda mais evidente em países em
desenvolvimento, como o Brasil, no qual os aportes financeiros quase nunca suprem as
necessidades da pesquisa.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Desta forma, o presente estudo sugere e apóia a implementação das Redes de
Encalhes de Mamíferos Aquáticos, em especial a da rede da região sul (REMASUL) e
também que sejam firmados mais acordos interinstitucionais com a intenção de
fortalecer ações de conservação destas espécies.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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4.1. A toninha, Pontoporia blainvillei
Os resultados encontrados mostram uma taxa de encalhes de toninhas
relativamente baixa e estável entre 1993 e 1998, o que é corroborado pelos dados
apresentados por Pinedo & Polacheck (1999), que descrevem também taxas de
encalhes maiores nas décadas de 70 e 80, quando comparadas com ao período entre
1991 a 1998. Pinedo & Polacheck (1999) atribuíram este declínio e estabilidade da taxa
de encalhes ao próprio declínio na abundância da espécie, causada pelo aumento do
esforço pesqueiro, e consequentemente, pelo aumento das capturas acidentais nos
anos anteriores.
No entanto os resultados deste estudo mostraram que a partir de 1999 pode-se
observar uma evidência de aumento nas taxas de encalhe. O I10 médio (1993-1998) foi
igual a 0,12 encalhes/10 km, enquanto que o I10 médio (199-2004) foi igual a 0,55
encalhes/10 km (excluindo-se os anos de 1999, 2000 e 2003, por motivos já discutidos).
Além disso, observou-se a ocorrência de 2 picos bem marcados de encalhes nos anos
de 2002 e 2004 tanto na região sul quanto na região norte. Resultados semelhantes a
estes foram encontrados por Monteiro (2004) ao estudar os encalhes de tartarugas
marinhas no Rio Grande do Sul. O aumento no esforço da pesca costeira,
principalmente a pesca dirigida à corvina, Micropogonias funieri, nos últimos anos é
provavelmente o maior responsável pelo aumento dos índices de encalhes de toninha.
(Secchi, et al., 2004 e Dapper, 2002) observaram que, apesar de haver variações
interanuais, as maiores taxas de captura acidental de toninhas ocorrem na pesca da
corvina. Segundo Secchi et al. (1997), esta arte de pesca ocorre durante os meses de
primavera e verão.
Dapper (2002) diz que a primavera e o verão são as estações que apresentam as
maiores capturas acidentais por unidade de esforço (CAPUE) e também um elevado
número absoluto de capturas, e que o mês de novembro é o que apresenta a maior
parte das capturas incidentais de toninhas pela frota de emalhe costeiro. Ferreira,
(2005), ao estudar taxas de encalhes entre julho de 2002 e dezembro de 2003,
observou que as maiores taxas de encalhes ocorreram nos meses de novembro,
dezembro e janeiro, com um pico em maio. Resultados semelhantes foram observados
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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neste estudo, pois o verão foi a estação com maior índice (I10 = 0,67 para as duas
regiões) seguido pela primavera (I10 = 0,38 para as duas regiões). No entanto o mês de
janeiro foi o que apresentou o maior índice de encalhes (I10 = 0,95 para as duas
regiões), seguido por novembro (I10 = 0,84 para as duas regiões) e dezembro (I10 = 0,77
para as duas regiões).
No presente estudo, não foi registrado o pico na taxa de encalhes observada por
Ferreira (2005) em maio de 2003, provavelmente devido ao baixo esforço amostral (84
km percorridos) deste mês. No entanto, é possível que os resultados encontrados por
Ferreira (2005), sejam reflexos de algum evento esporádico desconhecido e/ou de uma
variação inter-anual no esforço pesqueiro possivelmente não percebidos em estudos de
longo prazo. Analisando os dados deste estudo para a mesma série temporal utilizada
por Ferreira (2005), observou-se os mesmos resultados encontrados por este autor,
com exceção do pico em maio. O que permite supor que o padrão temporal encontrado
no presente estudo melhor represente a dinâmica dos encalhes de toninhas.
Outros fatores podem ter influenciado este aumento nos encalhes a partir de 1999,
tais como fenômenos climáticos extremos (El Nino Oscilação Sul – ENSO) ou
meteorológicos (tormentas e ciclones extra-tropicais), porém não existem evidências
que corroborem esta hipótese. Para predadores de topo, a variabilidade na
disponibilidade de presas causada pelo ENSO pode afetar a população destas
espécies. Guzman & Sielfield (2000), ao estudarem os efeitos da falta de alimento,
causada pelo ENSO, em populações de leões-marinhos, Otaria flavescens, concluíram
que esta deficiência alimentar inibe drasticamente a reprodução desta espécie. Apesar
de ser pouco provável que estes fatores sejam mais impactantes que a frota pesqueira,
fazem-se necessários maiores estudos com o objetivo de quantificar a influência destes
fatores nas populações de toninhas.
O Litoral Sul apresentou um IA10 médio (IA10 médio = 0,29) ligeiramente maior que
o Litoral Norte (IA10 médio = 0,23). No entanto, a probabilidade de se registrar o encalhe
de uma toninha foi 2,4 vezes maior na Área S3 do que na Área S1, enquanto que no
Litoral Norte o maior IA10 registrado foi na Área N2 (3,2 vezes maior que N5).
Comparando todas as Áreas observou-se que os encalhes de toninhas são mais
freqüentes na Área S3. Ferreira (2005) encontrou resultados diferentes no padrão
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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espacial dos encalhes para o Litoral Sul, seu estudo encontrou maiores índices de
encalhes na região entre o Molhe Oeste e o Farol Albardão (cerca de 145 km ao sul do
Molhe Oeste), acredita-se que esta divergência possa ser explicada pelos mesmos
argumentos utilizados na discussão das diferenças do padrão temporal observadas
entre os dois estudos. Já para o Litoral Norte o padrão percebido coincide com o de
Ferreira (2005) que encontrou maiores índices de encalhes entre o Farol Conceição
(aproximadamente 75 km ao norte do Molhe Leste) e o Farol Mostardas
(aproximadamente 150 km ao norte do Molhe Leste), região caracterizada no presente
estudo como Área N2.
Danilewicz (2003) e Danilewicz et al. (2004) estimaram que a maturidade sexual é
atingida pelos machos com comprimento total (CT) de 127,4 cm e fêmeas com CT =
138,9 cm. Em 95,5% dos casos a determinação sexual das carcaças não pode ser
realizada devido ao avançado grau de decomposição ou a violação da região genital
por animais carniceiros. Por isto, pode-se apenas concluir que, independentemente do
estágio sexual, a maioria dos encalhes são de toninhas imaturas com CT entre 101 e
140 cm (68,5%).
De acordo com Secchi et al. (2001) a população de toninhas do Rio Grande do Sul
e Uruguai é estimada em 42.000 franciscanas (95% IC = 33.047-53.542), e a
mortalidade causada pela captura acidental, para a mesma região, foi estimada, por
Secchi et al. (2004) em 1106 toninhas no ano de 1999 (I.C. = 578 – 1915) e 992 (I.C. =
475 – 1832) toninhas em 2000. Como os encalhes representam uma parcela da
mortalidade total (mortalidade natural + mortalidade antrópica), comparações entre os
dados divulgados por Secchi et al. (2004) e os dados gerados por este estudo tornam-
se pouco eficientes. Entretanto, de acordo com Epperly et al. (1996) o número de
encalhes representa entre 7 e 13% da estimativa da mortalidade de tartarugas
marinhas no mar. Extrapolando a média de 200 encalhes de toninhas por ano no RS,
segundo os critérios propostos por Epperly, et al. (1996), observa-se que a mortalidade
de toninhas, independentemente da causa mortis, é de em média 2.000 toninhas por
ano (IC = 1.538 - 2.857), o que representaria 4,8% do estoque populacional de toninhas
do Rio Grande do Sul e Uruguai. Reilly & Barlow (1986) sugerem que populações de
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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pequenos cetáceos crescem a uma taxa de até 4% ao ano, o que pode indicar que a
mortalidade observada para a toninha não seria sustentável ao longo do tempo.
Este número deve ser analisado com cuidado porque as porcentagens
encontradas por Epperly et al. (1996) dependem de uma série de fatores e podem
variar de uma região para outra e de espécie para espécie. Entretanto estes resultados
são consistentes com os encontrados por Secchi, et al. (2001), que concluíram que
entre 1,1% e 3,5% do estoque populacional do Rio Grande do Sul e Uruguai, é morto
incidentalmente somente pela pescaria de emalhe costeiro e ressalta que existem
outras fontes de mortalidade incidental. Secchi, et al. (2001), dizem ainda que estas
taxas possivelmente não sejam sustentáveis ao longo do tempo.
Os dados de interações antrópicas apresentados neste estudo possivelmente
estão subestimados; isto porque sinais externos de interação com artes de pesca
podem não ser observados, mesmo em indivíduos com baixo grau de decomposição e
menos ainda em indivíduos com avançado grau de decomposição.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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4.2. O boto, Tursiops truncatus
A média de encalhes de botos observada entre 1993 e 2004 foi de
aproximadamente 6 animais por ano. No período de 1993 a 1999 o índice de encalhes
permaneceu com valores baixos e relativamente constantes, no entanto há indícios que
a partir de 2000 os encalhes de botos têm aumentado significativamente, com um pico
em 2003 (I10 = 0,06 e EP = 0,02). Estes resultados corroboram as conclusões de Fruet,
et al. (2005), que relacionaram um recente aumento nas taxas de mortalidade às
atividades pesqueiras, pois o número de animais com marcas de interação com a pesca
também aumentou após o ano de 2000. Este aumento na taxa de interação também foi
observado neste estudo.
Outro resultado que pode ser conseqüente do aumento do esforço pesqueiro é a
marcada sazonalidade observada nos encalhes desta espécie, apesar da sazonalidade
e o aumento do esforço pesqueiro não serem necessariamente relacionados de forma
direta. O verão é a estação com maior esforço pesqueiro de barcos de emalhe costeiro
(Monteiro, 2004) e também a com maior índice observado de encalhes de botos.
No Litoral Norte (Molhe Leste - Torres) ocorreu em média um número três vezes
maior de encalhes (IA10 = 0,03) de botos do que na região sul (IA10 = 0,01). A Área N4
apresentou o maior IA10 de todas as áreas, considerando que esta Área é próxima à
barra de Tramandaí (29º58´S e 050º 07´W), especula-se que parte dos encalhes
observados nesta Área é composta por animais das populações do Rio Mampituba e
Tramandaí. Sendo que os de Tramandaí representariam um número menor de
encalhes por ser uma população pequena.
No Litoral Sul observou-se que a probabilidade de se registrar um encalhe de boto
na Área S1 é duas vezes maior do que na Área S2 e quatro vezes maior que na Área
S3. Este resultado provavelmente reflete uma maior sobreposição dos botos com a
pesca na Área S1.
A maioria dos exemplares analisados na Região Sul tratavam-se de animais
juvenis entre 251 e 280 cm, enquanto que na Região Norte a classe de tamanho entre
281-310 cm apresentou a mesma abundância que a de 251-280cm, no estudo de Fruet
et al. (2005) foi observado este mesmo padrão.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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A extrapolação do I10 para toda a área de estudo (média de 16 encalhes por ano,
IC 95% = 10,6 – 21,6), pode estar superestimada, pois parte do pressuposto de que a
distribuição da espécie seria uniforme ao longo da área de estudo, e no Rio Grande do
Sul existem três populações agregadas em três diferentes pontos da costa (Estuário da
Lagoa dos Patos, Barra de Tramandaí e Rio Mampituba). Fazem-se necessários
maiores estudos no intuito de desenvolver e/ou aplicar estimativas mais adequadas a
esta espécie.
A mortalidade, após o ano de 2000, causada por interações com atividades
pesqueiras é elevada, principalmente de indivíduos juvenis com CT entre 240 e 280 cm;
Fruet, et al. (2005) encontraram resultados semelhantes. Considerando o fato de que
esta mortalidade antrópica pode estar subestimada, uma vez que muitas marcas de
interação perdem-se em animais com avançado grau de decomposição; a mortalidade
encontrada é extremamente alarmante e insustentável ao longo do tempo. Stolen &
Barlow, (2003) ao estudarem a população de Tursiops truncatus que habita o Indian
River na Flórida-EUA, indicaram que esta espécie apresenta um potencial de
crescimento populacional de 4 a 5% ao ano. Fruet, et al. (2005) constataram que,
devido à elevada mortalidade antrópica, a população de botos estaria em declínio.
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4.3. Outras espécies
Todas as espécies observadas neste estudo já haviam sido registradas na costa
gaúcha por outros autores (Tab. 5).
Pseudorca crassidens mostrou-se o cetáceo com maior número de indivíduos
encalhados, depois de Pontoporia blainvillei e Tursiops truncatus. Entretanto, o encalhe
massivo de 14 falsas-orcas contribuiu significativamente neste resultado. Andrade et al.
(2001), ao estudarem os parasitas gastrointestinais e itens alimentares destes
espécimes, relataram que os indivíduos possuíam comprimentos totais entre 338 e 507
cm, e classificou-os como 6 machos e 8 fêmeas, sendo que uma fêmea estava prenha
com um feto de 77,5 cm.
Os encalhes de baleias-francas apresentaram dois picos durante o período de
estudo. O maior ocorreu em 2004, onde foram registrados 33,3% (n=6) do total de
encalhes e o outro foi em 1993 com 5 encalhes (27,7%). Greig et al. (2001) registraram
19 encalhes desta espécie entre 1987 e 1995, e somente 4 encalhes nos 10 anos
anteriores a 1987. Os resultados encontrados por Greig et al. (2001), mostram uma
média de 2,1 encalhes por ano entre 1987 e 1995, enquanto que de 1996 a 2004 a
média observada no presente estudo foi de 1,3 encalhes por ano. Greig, et al. (2001)
observaram encalhes de animais com marcas de colisão com grandes embarcações
nas proximidades de Rio Grande, e atribui essas mortes ao tráfego marítimo intenso
existente nesta região. Estas evidências não foram observadas neste estudo, mas não
descarta-se que o tráfego marítimo seja uma fonte de impacto antrópico sobre a
espécie. Greig et al. (2001) atribui o aumento do número de encalhes de baleias-
francas ao aumento do tráfego marítimo e a própria recuperação do estoque
populacional da baleia-franca. Groch et al.(2005) confirma a recuperação populacional
desta espécie no Brasil. No entanto os dados gerados neste estudo não evidenciam um
aumento, mas sim uma tendência à estabilidade, nas taxas de encalhes de baleias-
francas entre 1993 e 2004. Esta relativa estabilidade poderia ser explicada por uma
diminuição do tráfego marítimo de grandes embarcações no porto de Rio Grande, no
entanto, o autor deste estudo não obteve acesso aos dados de trânsito marítimo
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durante o período de estudo, o que infelizmente impede a realização de qualquer
correlação entre os encalhes e o tráfego marítimo.
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5. Conclusões
Os índices de encalhes de Pontoporia blainvillei entre 1999 e 2004 são maiores
que os índices encontrados entre 1993 e 1998.
Os maiores índices de encalhes de toninhas ocorrem no verão e primavera; mais
precisamente nos meses de janeiro, novembro e dezembro respectivamente.
As Áreas S3 e N2 apresentam as maiores freqüências de encalhes de toninhas de
todo o litoral gaúcho.
As estimativas de encalhe mostram que aproximadamente 200 toninhas encalham
todos os anos no Rio Grande do Sul, e a extrapolação desta estimativa indicou que
morrem em média cerca de 2.000 toninhas por ano no Estado. Estes números sugerem
que a mortalidade é superior às taxas de renovação populacional.
Para Tursiops truncatus os índices de encalhes e as taxas de interação com a
pesca, a partir do ano 2000, são maiores do que nos sete anos anteriores.
Os encalhes de botos concentram-se nos meses de verão tanto para o Litoral
Norte quanto para o Litoral Sul, sendo que no Litoral Norte os índices de encalhes são
maiores que os índices do Litoral Sul. No Litoral Norte o mês de fevereiro é o que
apresenta o maior índice de encalhes, já no Litoral Sul, os maiores índices ocorrem em
dezembro.
Os 150 km vizinhos à Barra de Rio Grande (Áreas S1 e N1) em conjunto com a
Área N4 apresentam os maiores índices de encalhe de botos do Estado.
As taxas de mortalidade, observadas neste estudo, são maiores que as taxas de
renovação populacional, o que indica que a população de botos está declinando.
Os encalhes de baleias-francas apresentam médias menores que as observadas
por outros autores para os anos de 1987 a 1995.
O uso de índices de encalhes, apesar de não considerar os animais que não
chegam à praia, são um importante instrumento de avaliação das tendências temporais
da mortalidade de cetáceos na costa do Rio Grande do Sul.
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6. Recomendações
Implementar a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos da Região Sul
(REMASUL).
Realizar um maior número de acordos interinstitucionais nacionais e internacionais
(Uruguai e Argentina) com a intenção de fortalecer ações conjuntas de pesquisa e
conservação dos mamíferos marinhos.
Realizar estudos genéticos para a determinação da estrutura genética da
população e também da variabilidade genética populacional, principalmente de toninhas
e botos.
Dar continuidade ao monitoramento sistemático dos encalhes, em conjunto com
estudos das capturas acidentais, no intuito de monitorar taxas de mortalidade e o status
populacional, principalmente das toninhas e botos.
Realizar estudos de marcação e recaptura para determinar a proporção entre o
número de animais mortos pela interação com a pesca e o número de encalhes.
Executar projetos de educação ambiental nas comunidades pesqueiras no intuito
de sensibilizar os pescadores sobre a importância da conservação das espécies que
interagem com as artes pesqueiras, o que facilitaria a implementação de uma proposta
de manejo e conservação destas espécies.
Realizar um esforço conjunto interinstitucional no sentido de implementar ações
efetivas da conservação (implantar áreas marinhas protegidas, reduzir o tamanho
médio das redes de emalhe utilizadas na região, testar a viabilidade do uso de pingers
entre outros).
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hectori, in southern Brazil. In: Aquatic Mammals. v. 27, n.2, p.149-153, 2001. ZERBINI, A. N. ; SECCHI, E. R. ; SICILIANO, S. ; SIMÕES-LOPES, P. C. . The Dwarf
form of the Minke Whale, Balaenoptera acutorostrata Lacépède, 1804, in Brazil. In: Reports of the International Whaling Commission. v.46, p.333-340. 1996.
ZERBINI, A. N. ; SECCHI, E. R. ; SICILIANO, S. ; SIMÕES-LOPES, P. C. . A review of
the occurrence and distribution of whales of the Genus Balaenoptera along the Brazilian coast. In: Reports of the International Whaling Commission. v.47, p.407-417. 1997.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
38
Tabela 01. Esforço de amostragem de cetáceos encalhados, ao longo dos anos, no litoral do Rio Grande do Sul, entre 1993 e 2004.
Ano Média Mensal (km) Desvio Padrão Mensal (km) Total Anual (km)1993 134,3 113,2 1612 1994 152,7 63,3 1832,8 1995 272,5 114,9 3270 1996 321,2 63,5 3853,8 1997 276,0 74,2 3312,2 1998 288,1 89,4 3456,7 1999 104,3 55,5 1251,6 2000 68,3 8,0 819,3 2001 397,2 117,3 4766,6 2002 261,6 85,2 3139,7 2003 128,4 35,2 1540,9 2004 362,2 41,7 4345,8 Total -------- -------- 33.201,40
Tabela 02. Esforço de amostragem de cetáceos encalhados, ao longo dos meses, no litoral do Rio Grande do Sul, entre 1993 e 2004.
Mês Média (km) Desvio Padrão (km) Total Mensal (km)janeiro 199,2 150,5 2390,7 fevereiro 189,2 147,0 2270,9 março 241,5 199,9 2897,8 abril 175,4 176,7 2104,8 maio 273,5 160,7 3282,1 junho 218,7 192,0 2623,8 julho 268,0 171,9 3216,2 agosto 192,1 143,8 2305,1 setembro 267,7 171,3 3212,6 outubro 225,1 193,5 2701,1 novembro 301,0 201,1 3611,6 dezembro 215,4 159,6 2584,7
Total -------- -------- 33.201,40
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
39
Tabela 03 - Estimativas anuais de mortalidade de Pontoporia blainvillei no Litoral do Rio Grande do Sul.
I10 I10 Est. Encalhe Est. Encalhe Estimativa Ano
Litoral Sul Litoral Norte Litoral Sul Litoral Norte Costa RS
1993 0,03 0,06 8 27 36 1994 0,03 0,15 7 72 79 1995 0,02 0,27 4 130 134 1996 0,21 0,20 55 95 150 1997 0,12 0,05 32 24 56 1998 0,10 0,13 27 61 87
1999* 0,45 0,62 120 300 420 2000* 0,09 0,13 25 61 86
2001 0,13 0,19 34 90 124 2002 0,81 0,57 213 276 489
2003* 0,16 0,07 42 36 79 2004 0,71 0,95 188 458 646
Média-9 0,24 0,28 63 136 200 * anos com reduzido esforço amostral desconsiderados no cálculo da Média-9
Tabela 04 - Estimativas anuais de mortalidade de Tursiops truncatus no Litoral do
Rio Grande do Sul. I10 I10 Est. Encalhe Est. Encalhe Estimativa
Ano Litoral Sul Litoral Norte Litoral Sul Litoral Norte Costa RS
1993 0,01 0,03 2 14 16 1994 0,03 0,00 7 0 7 1995 0,01 0,04 2 20 22 1996 0,01 0,01 3 5 8 1997 0,00 0,06 1 28 29 1998 0,01 0,00 3 0 3
1999* 0,00 0,01 0 6 6 2000* 0,05 0,03 12 12 25
2001 0,02 0,03 5 16 20 2002 0,02 0,03 5 16 21
2003* 0,03 0,10 9 51 60 2004 0,03 0,02 7 12 18
Média-9 0,02 0,03 5 15 16 * anos com reduzido esforço amostral desconsiderados no cálculo da Média-9
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
40
Tabela 05: Freqüência de ocorrência de cetáceos no RS entre 1993 e 2004,
exceto Pontoporia blainvillei e Tursiops truncatus.
N Espécie Registros pretéritos
26 Pseudorca crassidens Pinedo & Rosas, 1989
25 Cetáceo não identificado ------------
18 Eubalaena australis Secchi, 1994; Greig et al., 2001
15 Balaenopteridae ------------
12 Misticetos ------------
9 Delphinidae ------------
6 Balaenoptera sp. ------------
6 Globicephala melas Santos & Pinedo, 1994
3 Kogia breviceps Rosas & Pinedo, 1989; Secchi et al., 1994
3 Physeter macrocephalus Secchi et al., 1991
2 Balaenoptera bonaerensis Zerbini, et al. 1996
2 Balaenoptera edeni Zerbini et al., 1997
2 Delphinus delphis Barros, 1991
2 Kogia sima Pinedo, 1987
2 Lagenodelphis hosei Moreno et al., 2003
2 Megaptera novaeangliae Pinedo, 1985 Apud Pinedo et al., 1992
2 Odontoceto ------------
1 Balaenoptera acutorostrata Zerbini, et al. 1996
1 Kogia sp. ------------
1 Orcinus orca Secchi & Vaske Jr. 1998
1 Stenella attenuata Moreno et al., 2005
1 Stenella coeruleoalba Moreno et al., 2005
1 Steno bredanensis Sacchi-Santos, et al., 1992
1 Ziphius cavirostris Secchi et al., 1991
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
41
Figura 01. Área de estudo – litoral do Rio Grande do Sul, sul do Brasil, entre a Barra do Chuí e a cidade de Torres.
Créditos da imagem de EarthSat 2005 & GoogleEarth 2005
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
42
Figura 02. Distribuição temporal dos encalhes de P. blainvillei ao longo dos anos
no período de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de registros e a
linha descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia percorridos), para o
Litoral Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Pontoporia blainvillei
0
50
100
150
200
250
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos
N Ab
solu
to
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte Figura 03. Distribuição temporal dos encalhes de P. blainvillei ao longo dos meses
no período de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de registros e a
linha descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia percorridos), para o
Litoral Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Pontoporia blainvillei
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Anos
N A
bsol
uto
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte
Meses
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Figura 04. Distribuição sazonal dos encalhes de P. blainvillei ao longo do período
de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de registros e a linha
descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia percorridos), para o Litoral
Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Pontoporia blainvillei
0
50
100
150
200
250
300
Outono Inverno Primavera Verão
Estações
N Ab
solu
to
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte
Figura 05: Distribuição espacial dos encalhes de Pontoporia blainvillei ao longo do
Litoral Sul (1993-2004).
Distribuição espacial dos encalhes de Pontoporia blainvillei no Litoral Sul
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
Distâncias (km)
I10
Molhe Oeste 75 150 220
ÁREA S1 ÁREA S2 ÁREA S3
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
44
Figura 06: Distribuição espacial dos encalhes de Pontoporia blainvillei ao longo do
Litoral Norte (1993-2004).
Figura 07: Estágios de decomposição de Pontoporia blainvillei com suas
respectivas porcentagens.
Estágios de Decomposição Pontoporia blainvillei
32,4%
31 %
4,3%
1,6%
30,7%
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
G1 G2 G3 G4 G5
Estágios de Decomposição
PE
RC
ENT
UA
L
Distribuição espacial dos encalhes de Pontoporia blainvillei no Litoral Norte
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
Distâncias
I10
Molhe Leste 75 150 225 300 403 (km)
ÁREA N1 ÁREA N2 ÁREA N3 ÁREA N4 ÁREA N5
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
45
Figura 08: Classes de tamanho de Pontoporia blainvillei, a composição sexual em
função dos tamanhos e suas respectivas porcentagens, para o Litoral Sul.
Figura 09: Classes de tamanho de Pontoporia blainvillei, a composição sexual em
função dos tamanhos e suas respectivas porcentagens, para o Litoral Norte.
Pontoporia blainvillei Litoral Sul
0
50
100
150
200
250
61-80 81-100 101-120 121-140 141-160 161-180
Classes de Tamanho (cm)
N
Macho Fêmea Indet Total
1,9 % 9% 32% 38,4% 18% 0,7%
Pontoporia blainvillei Litoral Norte
0
50
100
150
200
250
61-80 81-100 101-120 121-140 141-160 161-180
Classes de Tamanho (cm)
N
Macho Fêmea Indet Total
4,2 % 8,5% 23,8% 42,8% 18,7% 2%
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
46
Figura 10. Distribuição temporal dos encalhes de Tursiops truncatus ao longo dos
anos no período de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de registros
e a linha descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia percorridos), para
o Litoral Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Tursiops truncatus
0
2
4
6
8
10
12
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos
N Ab
solu
to
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte
Figura 11. Distribuição temporal dos encalhes de Tursiops truncatus ao longo dos
meses no período de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de
registros e a linha descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia
percorridos), para o Litoral Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Tursiops truncatus
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
N Ab
solu
to
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Figura 12. Distribuição sazonal dos encalhes de Tursiops truncatus ao longo do
período de 1993 a 2004. As colunas descrevem o número absoluto de registros e a
linha descreve o I10 (número de ocorrências por 10 Km de praia percorridos), para o
Litoral Sul e Norte do Rio Grande do Sul.
Tursiops truncatus
0
5
10
15
20
25
Outono Inverno Primavera Verão
Estações
N Ab
solu
to
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
I10
"N" Sul "N" Norte "I10" Sul "I10" Norte
Figura 13: Distribuição espacial dos encalhes de Tursiops truncatus ao longo do
Litoral Sul (1993-2004).
Distribuição espacial dos encalhes de Tursiops truncauts no Litoral Sul
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
Distâncias (km)
I10
Molhe Oeste 75 150 220
ÁREA S1 ÁREA S2 ÁREA S3
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Figura 14: Distribuição espacial dos encalhes de Tursiops truncatus ao longo do
Litoral Norte (1993-2004).
Figura 15: Estágios de decomposição de Tursiops truncatus com suas respectivas
porcentagens.
Estágios de Decomposição Tursiops truncatus
32,1%
1,9%9,4%
37,7 %
18,9%
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
G1 G2 G3 G4 G5
Estágios de Decomposição
PER
CEN
TUA
L
Distribuição espacial dos encalhes de Tursiops truncatus no Litoral Norte
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
Distâncias
I10
Molhe Leste 75 150 225 300 403 (km)
ÁREA N1 ÁREA N2 ÁREA N3 ÁREA N4 ÁREA N5
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Figura 16: Classes de tamanho de Tursiops truncatus, a composição sexual em
função dos tamanhos e suas respectivas porcentagens, para o Litoral Sul.
Figura 17: Classes de tamanho de Tursiops truncatus, a composição sexual em
função dos tamanhos e suas respectivas porcentagens, para o Litoral Norte.
Tursiops truncatus Litoral Norte
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
101-130 131-160 161-190 191-220 221-250 251-280 281-310 311-340 341-370 371-400
Classes de Tamanho (cm)
N
Macho Fêmea Indet Total
2,4% 0% 9,8% 19,5% 14,6% 22% 22% 7,3% 2,4% 0%
Tursiops truncatus Litoral Sul
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
101-130 131-160 161-190 191-220 221-250 251-280 281-310 311-340 341-370 371-400
Classes de Tamanho (cm)
N
Macho Fêmea Indet Total
0% 4,3% 0% 13,0% 13,0% 34,8% 21,8% 4,3% 4,3% 4,3%
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Foto 01: Exemplar de toninha, Pontoporia blainvillei, encontrada com sinais de
interação com a pesca. Foto: Arquivo NEMA.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
51
Foto 02: Exemplar de boto, Tursiops truncatui, encontrada com sinais de interação
com a pesca. Foto: Arquivo NEMA.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Foto 03: Filhote de baleia-minke-antártica, Balaenoptera bonaerensis, encalhado
vivo e reintroduzido pela equipe técnica do NEMA e populares. Foto: Arquivo NEMA.
ENCALHES DE CETÁCEOS (ORDEM CETACEA), ENTRE 1993 E 2004, NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL-RS. MENEZES, R. B. . 2005.
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Anexos:
Anexo 1: Reportagem veiculada no Jornal Agora em novembro de 2004, a respeito dos fortes ventos que atingiram a região e que provavelmente causaram o encalhe de um filhote de baleia-minke-antártica, Balaenoptera bonaerensis, vivo.