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Page 1: EMPREGO DE ARMADILHA CDC NO VALE DO RIBEIRA, … · clusivamente a armadilha CDC, modificada com proteção contra chuvas (Gomes e col.8, 1985). Foram empregadas armadilhas sem isca

COMPOSIÇÃO E ATIVIDADE DE MOSQUITOS CULICIDAE.EMPREGO DE ARMADILHA CDC NO VALE DO RIBEIRA,

ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Almério de Castro Gomes *Oswaldo Paulo Forattini*Délsio Natal*

GOMES, A. de C. et al. Composição e atividade de mosquitos Culicidae. Emprego de arma-dilha CDC no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Saúde públ.,S. Paulo, 21:363-370, 1987.

RESUMO: Com o emprego da armadilha CDC determinou-se a composição espe-cífica da fauna de mosquitos Culicidae em locais com vegetação primária, situados emterras baixas e próximas a mangues, no litoral sul do Estado de São Paulo (Brasil).Como resultado geral foram obtidos cerca de 64 espécies ou grupos. Entre as que forammais freqüentes destacaram-se Culex (Mel.) sacchettae (71,6%), Anopheles (Ker.) cruzii(10,5%), Phoniomiya spp. (8,2%) e Culex (Mel.) taeniopus (2,9%). Também com estemétodo de coleta, nos horários crepuscular vespertino, noturno, ao lado do uso de iscaave e roedor, a dominância nítida foi de Cx. sacchettae, ao contrário do que ocorreuno mesmo local com isca humana, quando An. cruzii foi a espécie predominante. A diver-sidade calculada para o interior, margem da mata, campo aberto e domicílio, tendo sidode 1,7 a 6,2 revelou fauna relativamente rica para Culicidae. Não obstante a marcantepresença de Culex (Cux.) quinquefasciatus no domicílio, foi inesperada a elevada fre-qüência de Cx. sacchettae. Além disso, a presença proporcional de An. cruzii no solo ecopa sugere mobilidade desse anofelino no interior da floresta, enquanto que a sua ativi-dade em ambiente extraflorestal revelou ser restrita. Nesse particular, Cx. sacchettaedemonstrou ser espécie ubiqüista e ocorrente durante todos os meses do ano, porém compicos mais elevados nas estações verão e outono.

UNITERMOS: Mosquitos. Armadilha CDC. Ecologia de vetores. Anopheles cruzii.Culex sacchettae.

* Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo — Av.Dr. Arnaldo, 715 — 01255 — São Paulo, SP — Brasil.

INTRODUÇÃO

Os estudos sobre a composição e hábito dafauna culicídea adulta pertencente à florestaperenifólia higrófila, do litoral sul do Estadode São Paulo, praticamente estão delineadospelos métodos de isca humana e armadilha deShannon (Forattini e col.5,6, 1981, 1986).

Não obstante o valor epidemiológico dessasobservações, a busca de novas técnicas de co-leta constitui meta importante na investigaçãoecológica. Nesse particular, a armadilha CDCvem sendo amplamente aplicada com sucessoem vários países (Service10, 1976).

Objetivando-se ampliar o conhecimento re-gional sobre culicídeos e suas implicações epi-demiológicas, optou-se pelo emprego desse tipode armadilha para focalizar esse assunto. Fun-damentalmente pretende-se constatar o valorda técnica no estudo da fauna geral ressaltan-

do-se o hábito de Anopheles (Ker.) cruzii eCulex (Mel.) sacchettae, à luz de outros resul-tados obtidos simultaneamente para o mesmolocal, através de metodologia distinta (Forat-tini e col.6, 1986).

Além disso, introduz-se novas informaçõesa respeito da estratificação vertical e horizon-tal desses mosquitos em mata primitiva debaixada, situada junto ao ambiente desmatado.

CARACTERÍSTICAS LOCAIS

As atividades de coleta foram realizadas noSítio Vilarinho. Este situa-se no Município deCananéia, às margens da estrada que liga Ita-pitangui ao Ariri, a aproximadamente 3 kmdaquela Vila. Encontra-se a 24°57' de latitudesul e 47°59' de longitude oeste.

A região é composta de uma área de matae outra aberta contendo uma habitação e ane-

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xos. Sua mata é extensa, com indivíduos arbó-reos de altura média de 10 m, estando locali-zada na planície costeira, próximo ao mangue.Trata-se de formação primitiva, muito rica emplantas da família Bromeliaceae. Estas, comfreqüência, cobrem extensas áreas do solo,sendo também comuns no estrato arbóreo. Naclassificação de Camargo e col.1 (1972), en-quadra-se como "mata tropical primária dosníveis mais baixos", sendo considerada comode "transição" pela sua contigüidade ao man-gue (Forattini e col.6, 1986). A área abertasurgiu em parte como conseqüência da extra-ção de cascalho para restauração de estradase em parte pela ocupação do espaço pelo ho-mem. A Figura mostra aspectos particularesda área em estudo. A área pesquisada encon-tra-se também bem caracterizada por Forattinie col.3 (1978).

MATERIAL E MÉTODOS

A coleta de campo foi conduzida entremarço de 1983 a janeiro de 1984.

Como método de captura foi utilizada ex-clusivamente a armadilha CDC, modificadacom proteção contra chuvas (Gomes e col.8,1985).

Foram empregadas armadilhas sem isca ani-mal, as quais situaram-se no intra e perido-micílio e nos estratos solo e copa do interior

da mata. Armadilhas iscadas com pombo (Co-lumba livia) e roedor (Rattus norvegicus) sealternavam e corresponderam a pontos de co-letas aos níveis do solo e da copa no interiore margem da mata, enquanto que no abertoforam instalados somente ao nível do solo. Asiscas eram acopladas ao lado da armadilha,da maneira adotada por Natal9 (1986), empesquisa em área de matas residuais na mesmaregião.

Para cada armadilha iscada com animal noambiente da mata, fazia-se coletas simultâneassem a utilização dessa isca. Sistematizou-se oexperimento em horário noturno de forma quesempre no primeiro dia de coleta utilizava-seo pombo e, no segundo, o roedor. Nesse mes-mo ambiente, em coletas diurnas adotou-se omesmo critério, porém, armadilhas sem iscaanimal foram excluídas.

A Tabela 1 mostra o ambiente em que cadaarmadilha foi instalada, o estímulo atrativoanimal utilizado, o horário de coleta e a fre-qüência mensal das capturas. A Figura mostraa distribuição espacial dos pontos de coleta.

Todas as armadilhas instaladas ao nível dosolo obedeceram a altura de 1,5 m, do mesmo.As alturas em relação ao solo, das armadilhasinstaladas ao nível da copa, foram de 11 mpara o interior da mata e 14 m para a margem.

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As distâncias dos pontos de coleta do inte-rior da mata para o início do ambiente abertoforam de 60 e 115m, respectivamente paraarmadilhas iscadas com animal e não iscadas.

As distâncias em relação à mata mais pró-xima das armadilhas instaladas no ambienteaberto foram: em campo aberto 46 m; no peri-domicílio 70 m e no intradomicílio 75 m.

Para análise geral dos dados, as espéciesforam divididas em mais freqüentes e menosfreqüentes, segundo critério adotado por Fo-rattini e col.5 (1981).

Para avaliação da diversidade específica,aplicou-se o índice de diversidade de Fisher ecol. (citados por Service10, 1976).

Em relação à distribuição de espécies predo-minantes, trabalhou-se com valores percentuais.

RESULTADOS

O resultado geral, de todas as coletas, en-contra-se na Tabela 2. Entre as espécies maisfreqüentes ocorreram Phoniomyia spp. e CulexCx. sacchettae, com 71,6% do total coletadoe An. cruzii com 10,5%. Ainda entre as maisfreqüentes ocorreram Phoniomyia spp e Culex(Mel.) taeniopus com rendimentos respectivosde 8,2 e 2,9%. Os demais culicídeos, repre-sentando 1.255 indivíduos, estão distribuídosem 59 espécies ou categorias superiores.

Os índices de diversidade calculados paracada ponto de coleta encontram-se na Tabela 3.Estes variam de 6,2 a 1,7.

A Tabela 4 mostra o resultado das capturasefetuadas no ambiente domiciliar. Constatou--se maior freqüência de Culex (Cux.) quin-quefasciatus (57,5%) no intradomicílio, sendoseguida de Cx. sacchettae (22,2%) e Anophe-les (Ker.) bellator (6,5%). No peridomicíliohouve dominância de Cx. sacchettae (68,1%),vindo a seguir An. cruzii (11,0%).

A distribuição horizontal e vertical de An.cruzii e Cx. sacchettae pode ser vista na Ta-bela 5. Observa-se, assim, a marcante presençade An. cruzii na copa da margem da mataindependentemente de isca utilizada. Em re-lação à Cx. sacchettae, ocorreu de maneira nãomuito diferenciada em todos os pontos decoleta, com ligeira tendência para maior con-centração no solo. Evidenciou-se maior prefe-rência para isca rato no ambiente aberto.

A Tabela 6 revela a distribuição mensal defêmeas de Cx. sacchettae para a área estudada,segundo a isca animal utilizada. A análisedessa mostrou variação de densidade ao longodo ano, com maiores freqüências nos mesesquentes e menores nos frios. Também foi veri-ficada tendência de mudança na preferênciaem relação à isca, sendo que no início do anoarmadilhas com isca pombo tiveram maioresrendimentos, ao passo que nos meses finaisocorreu uma inversão de situação, com maio-res percentuais nas armadilhas iscadas comrato.

Dado que o ambiente de maior freqüênciade An. cruzii foi representado pela copa damargem da mata, relacionou-se as armadilhas

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desse ponto para o estudo da distribuiçãomensal dessa espécie. Os dados encontram-sena Tabela 7. Os resultados obtidos foram se-melhantes àqueles de Cx. sacchettae, ocorren-do também ao longo do ano a inversão depreferência pelas diferentes iscas.

COMENTÁRIOS

As observações sobre a composição especí-fica de mosquitos Culicidae levadas a cabo emmatas de terras baixas e próximas a mangue-zais, através da armadilha CDC, revelaram aexistência de 64 espécies ou grupos, entre asquais se destacam a marcante presença de Cx.sacchettae (71,6%), seguida de 10,5% para

An. cruzii (Tabela 2). Em coletas simultâneascom isca humana e armadilhas de Shannon,na mesma localidade, foi constatado rendi-mento diferenciado entre as três técnicas em-pregadas. Desse modo, com isca humana adistribuição proporcional foi de 25,9% paraAn. cruzii, 16,4% para Cx. sacchettae e 48,2%para o gênero Phoniomyia (Forattini e col.7,1986). Nesse mesmo relato os autores mostra-ram que, com armadilha de Shannon, An.cruzii predominou com 70,7% e Cx. sacchet-tae com 15,7%. Ora, levando-se em conta queo horário de captura para as armadilhas CDCe Shannon foram iguais e que somente o pe-ríodo para isca humana foi de 25 horas inin-terruptas, comprova-se que houve diferença deatração populacional específica entre as técni-cas usadas para a área estudada. Fato tambémadverso em relação aos resultados obtidos emmatas residuais com armadilha CDC, com esem isca animal (Gallus gallus), visto que afreqüência de Cx. sacchettae fora apenas de11,2% (Natal9, 1986). Portanto, as variaçõespercentuais assinaladas nos locais estudadosindicaram métodos satisfatórios para a identi-ficação de ambientes mais preferidos por Cx.sacchettae. Deduz-se ainda desta análise com-parativa o conhecimento de que a medida dadominância local entre os mosquitos, numabiocenose ou ecossistema, sofre a influênciado aspecto seletivo que cada técnica de coletaencerra. Apesar disto, há de se reconhecer aimportância epidemiológica da isca humana.

A diversidade aqui encontrada de 64 espé-cies ou grupos de categorias indicou índicesde Fischer e col. (citados por Service10, 1976)que variaram nos diversos pontos de coleta,de 1,7 a 6,2, o que mostra fauna relativamenterica. Esta situação, quando comparada à áreaalterada, foi menor pois o mesmo índice va-riou de 6,3 a 12,0 para 118 espécies ou grupo(Natal9, 1986). Isto sugere que se métodos decoleta menos seletivos fossem empregados, se-ria possível encontrar maior diversidade nessetipo particular de ambiente.

Várias espécies (Tabela 4) foram coletadasno ambiente domiciliar. A elevada freqüênciade Cx. quinquefasciatus no domicílio não seconstituiu uma novidade, dada a sua reconhe-cida adaptação a este ecótopo. Todavia, cha-ma atenção Cx. sacchettae que apareceu emnúmero expressivamente maior no domicíliodo que em peridomicílio. An. cruzii com 2,8 e11,0%, respectivamente nos mesmos locais,trata-se de espécie bastante comum e agressivaao homem, na área. Assim, Forattini e col.6

(1986) fazem referência a este aspecto, assi-

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nalando a proporção de 34,1% em coleta comisca humana e armadilha de Shannon. Já naestação Folha Larga, próximo ao Sítio Vila-rinho, a presença desta espécie foi de 46,9%.An. bellator embora possa manifestar certograu de endofagia, os resultados não podem

ser ainda conclusivos. Além disso, tem-se ve-rificado a significativa presença de Anophelesatravés de técnica de coleta que empregam ohomem como isca, fato este que evidenciatambém o comportamento antropófilo de An.cruzii. Portanto, tais conhecimentos revelam

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condição potencial para a ocorrência de trans-missão domiciliar da malária na região estu-dada, sobretudo pela antecedente comprovaçãode endofagia deste anofelino na região do Valedo Ribeira (Forattini e col.4, 1978).

O fato de An. cruzii apresentar comporta-mento acrodendrófilo já era esperado, umavez que esta espécie tem seus criadouros embromélias epífitas. Quanto ao seu compareci-mento nos aparelhos CDC, em número nãomuito elevado, mas constante e proporcionalentre o nível da copa e solo, conduz à supo-sição que a atividade hematófaga se façaobedecendo mobilidade entre os estratos dafloresta e em direção também ao ambienteextraflorestal incluindo as habitações próxi-mas. A feição florestal desta espécie vai aoencontro do relato de Deane e col.2 (1984).Acresce ainda que, mesmo levando-se em con-ta as iscas pombo e rato, apesar dos resul-tados não serem uniformes, persiste o con-senso que An. cruzii e Cx. sacchettae tenhamcomportamento similar na área (Tabela 5),porém o segundo parece possuir capacidadede invasão do ambiente aberto, discretamentesuperior ao primeiro. Por outro lado, não foiconfirmado aqui a preferência de Cx. sacchet-tae pelo ecótono conforme já havia sido ante-riormente observado por Natal9 (1986).

Com relação à capacidade dispersa das es-pécies em questão parece patente que Cx. sac-chettae se caracteriza como população ubi-qüista, pois foi assinalada da mata ao intra-domicídio, cuja proporção no ambiente abertocorresponde a 34,9%. Corrobora com isto asobservações de Forattini e col.6 (1986) que,com armadilha de Shannon, mostraram ser amais freqüente também naquele local. Toda-via, com base no perfil populacional porambiente, determinado na mesma investigação,sugere-se que em ambiente com elevado graude alteração, esta espécie venha ser sucedidana dominância por Culex (Mel.) ribeirensis.

Os resultados das coletas mensais eviden-ciaram a presença de Cx. sacchettae pratica-mente durante todos os meses do ano, entre-tanto os picos de atividade detectados varia-ram em função da isca animal empregada(Tabela 6). Assim, as coletas com isca pomborenderam mais em abril, maio e outubro, en-quanto que com isca rato corresponderam amarço e dezembro. Não obstante a ausência dedados sobre a participação de chuvas na área

estudada, deduz-se que em termos estacionais overão e outono seriam épocas de maior repro-dução deste mosquito. No que concerne a An.cruzii, confirmam-se as observações de Forat-tini e col.6 (1986), quando nas duas situaçõesficou evidenciado que as estações frias (in-verno-outono) corresponderiam a períodos demaior redução da atividade dos adultos destemosquito. Além disso, a influência das iscasanimais empregadas para atrair maior númerode indivíduos transpareceu ter sido discretaquando comparada a Cx. sacchettae (Tabela7). Portanto, no presente trabalho, este tipode comportamento pressupõe que para as duasespécies ocorreu uma aparente mudança depreferência hospedeira, porém os dados nãonão foram considerados suficientes para seconcluir por hábito eclético, sem que dispu-sesse da identificação do conteúdo alimentar,através da reação de precipitina.

CONCLUSÕES

Coletas com armadilha CDC sem isca ani-mal ou associada à isca pombo e rato, levadasa efeito em floresta de transição e situadaentre o mangue e mata de encosta, indicaramque:

1. Como técnica de coleta a referida arma-dilha mostrou resultados satisfatórios àanálise do comportamento de Cx. sacchet-tae e An. cruzii.

2. A medida de dominância local sofreuinfluência de cada técnica de coleta utili-zada, porém ressaltando-se que com CDC,Cx. sacchettae foi a que mais se destacou.

3. Resguardadas as distâncias relativamentepequenas entre a habitação humana e pon-to de coleta do aberto, julga-se pela densi-dade que Cx. sacchettae possua caracte-rística ubiqüista, o mesmo não sendo pos-sível ser atribuído a An. cruzii.

4. A atividade de Cx. sacchettae ocorreu du-rante todo o ano, mas as estações verão eoutono foram as que apresentaram picosmais expressivos, inclusive sendo essesinfluenciados pela isca animal.

5. A análise sobre Cx. sacchettae sugerepreferência pelo ecótono ao nível dosolo, enquanto que An. cruzii mostrou-seindiferente aos estratos inferiores e supe-riores da floresta.

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GOMES. A. de C. et al. [Determination of the composition and activity of Culicidae mosquitoesby the use of the CDC trap in the Ribeira Valley, S. Paulo State, Brazil]. Rev. Saúdepúbl., S. Paulo, 21:363-370, 1987.

ABSTRACT: Using a CDC light-trap, the specific fauna composition of mosquitoesCulicidae was determined at places with primary vegetation of lowlands near swampy areasalong the Southern coast of S. Paulo State, Brazil. As a result, about 64 species orgroups were found. Among the more frequent ones, Culex (Mel.) sacchettae (71.6%),Anopheles (Ker.) cruzii (10.5%), Phoniomiya spp. (8.2%) and Culex (Mel.) taeniopus(2.9%) were outstanding. Also by the use of this method of capture, with fowls androdents as animal bait, in vespertine dusk and night periods, the Cx. sacchettae showeda clear dominance, which was the opposite of what occured at the same places, usinghuman bait, when An. cruzii was the predominant species. Ranging from 1.7 to 6.2, thediversity estimated for inland, edge forest, open field and residential areas showed arelatively rich fauna of Culicidae. Despite the marked presence of Culex (Cux.) quinque-fasciatus in domiciliary area, the high frequence of Cx. sacchettae was rather unexpected.Moreover, the proportional presence of An. cruzii, both on the ground and in forestcanopy suggests the mobility of this anophelinae inside the wood, while its activity inextraforest environments has revealed itself to be very restricted. In this particular case,Cx. sacchettae has shown itself as the most ubiquitons and frequently occurring speciesthroughout the year, although its higher density peaks occur in summer and autumn.

UNITERMS: Mosquitoes. CDC trap. Ecology, vectors. Anopheles cruzii. Culexsacchettae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em: 26/6/l987Aprovado para publicação em: 10/8/1987