empregado doméstico- aspectos gerais

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Comentário - Previdenciário/Trabalhista - 2004/0333 Empregado Doméstico- Aspectos Gerais 1. Introdução A Lei nº 5.859/72, no seu art. 1o, define empregado doméstico como aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, cujo exercício de atividade é disciplinado pela citada Lei e regulamentada pelo Decreto nº 71.885/73, bem como pela Constituição Federal, em vigor desde 05.10.88 que estendeu ao trabalhador doméstico alguns direitos trabalhistas. 2. Empregador Doméstico Empregador doméstico é a pessoa ou a família que admite a seu serviço empregado doméstico. Observe-se que a natureza do serviço doméstico é essencialmente pessoal, familiar, sem fins lucrativos. 3. Contrato de Experiência O contrato de trabalho do empregado doméstico é regido pela Lei nº 5.859/72, não lhe aplicando a CLT, salvo o Capítulo de férias. Dessa forma não cabe a adoção de um contrato por prazo determinado, a título de experiência, nesse tipo de relação empregatícia. 4. Documentos Obrigatórios O empregado doméstico deverá apresentar, por ocasião da sua admissão, os seguintes documentos: a)Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, b)atestado de boa conduta, emitido por autoridade policial ou por pessoa idônea, a critério do empregador; c)atestado de saúde, emitido por autoridade médica, a critério do empregador. Tratando-se de contratação de doméstico por intermédio de agência especializada, esta firmará compromisso com o empregador, obrigando-se a reparar qualquer dano causado pelo empregado, no período de um ano. 5. Anotações Na Carteira de Trabalho e Previdência Social- CTPS, deverão ser anotados : a) nome do empregador;

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Comentrio - Previdencirio/Trabalhista - 2004/0333 Empregado Domstico- Aspectos Gerais 1. Introduo A Lei n 5.859/72, no seu art. 1o, define empregado domstico como aquele que presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia, no mbito residencial destas, cujo exerccio de atividade disciplinado pela citada Lei e regulamentada pelo Decreto n 71.885/73, bem como pela Constituio Federal, em vigor desde 05.10.88 que estendeu ao trabalhador domstico alguns direitos trabalhistas. 2. Empregador Domstico Empregador domstico a pessoa ou a famlia que admite a seu servio empregado domstico. Observe-se que a natureza do servio domstico essencialmente pessoal, familiar, sem fins lucrativos. 3. Contrato de Experincia O contrato de trabalho do empregado domstico regido pela Lei n 5.859/72, no lhe aplicando a CLT, salvo o Captulo de frias. Dessa forma no cabe a adoo de um contrato por prazo determinado, a ttulo de experincia, nesse tipo de relao empregatcia. 4. Documentos Obrigatrios O empregado domstico dever apresentar, por ocasio da sua admisso, os seguintes documentos:

a)Carteira de Trabalho e Previdncia Social - CTPS,

b)atestado de boa conduta, emitido por autoridade policial ou por pessoa idnea, a critrio do empregador; c)atestado de sade, emitido por autoridade mdica, a critrio do empregador.

Tratando-se de contratao de domstico por intermdio de agncia especializada, esta firmar compromisso com o empregador, obrigando-se a reparar qualquer dano causado pelo empregado, no perodo de um ano. 5. Anotaes Na Carteira de Trabalho e Previdncia Social- CTPS, devero ser anotados :

a) nome do empregador;

b) nmero da Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO) da atividade exercida pelo empregado, o qual varia de acordo com a funo desempenhada por ele.

g) licena paternidade, nos termos fixados em lei;

h) aviso prvio proporcional ao tempo de servio, sendo no mnimo de 30 dias, nos termos da lei;

i) aposentadoria; 6. Salrio Deve ser respeitado o valor do salrio mnimo podendo o salrio ser composto de parcela em dinheiro, importncia no inferior a 30% do valor do salrio, parcela in natura, isto , habitao, alimentao, vesturio ou outras que o empregador, por costume ou por fora do contrato, fornecer habitualmente ao empregado. A essas parcelas devero atribuir-se valores razoveis e justos, em cada caso.

Nas referidas parcelas no podero incluir vesturios, equipamentos e outros acessrios que sero utilizados para o desempenho dos servios. 7. Comprovante de Pagamento O empregador domstico dever firmar recibo de pagamento de salrios, assinado pelo empregado. O recibo dever ser emitido em duas vias, para que uma delas fique em poder do empregador e outra do empregado, para efeito de prova do pagamento. 8. Licena- Paternidade Estende-se ao empregado domstico o direito licena- paternidade de 5 dias, concedida por ocasio do nascimento de filho, conforme o disposto no art. 10, 1o do ADCT da CF/88. 9. Aviso Prvio Ao empregado domstico tambm concedido o aviso prvio, quando demitido sem justa causa, o qual de no mnimo 30 dias. 10. Vale- Transporte O empregado domstico faz jus ao vale- transporte, nos termos da lei. 11. Seguro- Desemprego Por intermdio da Medida Provisria n 1.986, de 13.12.99, DOU 14.12.99, convertida na Lei n. 10.208/2001, estendeu-se ao empregado domstico o benefcio do seguro- desemprego, que ser concedido na forma a seguir.

O empregado domstico que for dispensado sem justa causa far jus ao benefcio do seguro- desemprego- Lei n 7.998/90, no valor de um salrio mnimo, por um perodo mximo de trs meses, de forma contnua ou alternada. 11.1 Requisitos para a Concesso do Benefcio O referido benefcio ser concedido ao empregado que preencher os seguintes requisitos:

a) ser inscrito no FGTS; e

b) ser dispensado sem justa causa.

Nota: Consideram-se justa causa, para efeitos da mencionada Medida Provisria, as hipteses previstas no art. 482, com exceo das alneas "c" e "g" e do seu pargrafo nico, Consolidao das Leis do Trabalho -CLT. 11.2 Habilitao ao Seguro- Desemprego Para se habilitar ao seguro- desemprego, o trabalhador dever apresentar ao rgo competente do Ministrio do Trabalho e Emprego:

a) Carteira de Trabalho e Previdncia Social, na qual devero constar a anotao do contrato de trabalho e a data da dispensa;

b) declarao do empregador que ateste a dispensa sem justa causa;

c) vnculo empregatcio durante pelo menos quinze meses nos ltimos vinte e quatro meses;

d) comprovantes do recolhimento da contribuio previdenciria e do depsito do FGTS, durante o vnculo empregatcio;

e) comprovante de inscrio nas aes de emprego, onde houver posto de atendimento do Sistema Nacional de Emprego -SINE;

f) declarao de que no est em gozo de nenhum benefcio de prestao continuada da Previdncia Social, exceto auxlio-acidente e penso por morte; e

g) declarao de que no possui renda prpria de qualquer natureza suficiente para sua manuteno e de sua famlia. 11.3 Prazo para o Requerimento O seguro- desemprego dever ser requerido de sete a noventa dias contados da data da dispensa. 11.4 Perodo Aquisitivo- Novo Benefcio Novo seguro- desemprego s poder ser requerido a cada perodo de dezesseis meses decorridos da dispensa que originou o benefcio anterior. 12. FGTS A Lei n 8.036/90 prev, em seu art. 15, 3a, que os trabalhadores domsticos podero ter acesso regime do FGTS na forma que vier a ser prevista em lei.

A Medida Provisria n 1.986, de 13.12.99 DOU 14.12.99, convertida na Lei n. 10.208/2001, faculta a incluso do empregado domstico no Fundo de Garantia do Tempo de Servio -FGTS, mediante requerimento do empregador, na forma do regulamento. 13. Benefcios Previdencirios O empregado domstico, como segurado obrigatrio da Previdncia Social, far jus aos seguintes benefcios:

a) quanto ao segurado:

- aposentadoria por invalidez;

- aposentadoria por idade;

- aposentadoria por tempo de contribuio;

- salrio-maternidade;

- auxlio-doena;

- reabilitao profissional.

b) quanto ao dependente:

auxlio- recluso;

penso por morte; e

reabilitao profissional.

O empregado domstico no far jus aposentadoria especial, s prestaes por acidente do trabalho e ao salrio-famlia. 14. Diarista - Vnculo Empregatcio Entende-se como diarista o trabalhador que presta servios de natureza domstica ( faxineira, passadeira, etc.), pessoas ou famlias, no mbito residencial destas, em um ou mais dias da semana e que recebe por dia trabalhado.

A doutrina e a jurisprudncia sobre o enquadramento desses trabalhadores na condio de empregados domsticos, autnomos ou empregados regidos pela CLT, no pacfica, existindo decises e entendimentos tanto num quanto noutro sentido. 14.1 Empregado Regido pela CLT A faxineira que trabalha em lugares em que se desenvolve atividade econmica, num escritrio ou numa empresa por exemplo, mesmo que isso ocorra eventualmente, (a cada 07 dias), poder ser caracterizado vnculo empregatcio pois o trabalho no est sendo realizado no mbito residencial de pessoas ou famlias, conforme definido na Lei n 5.859/72. 14.2 Empregado Domstico O servio prestado pelo empregado domstico deve ser de natureza contnua, portanto a faxineira que trabalha durante certo tempo, para determinada famlia, toda a semana, sempre nos mesmos dias, poder pleitear vnculo empregatcio, ainda que mantenha outras relaes de trabalho. 14.3 Autnomo A principal caracterstica desse tipo de trabalho a autonomia, ou seja o trabalhador quem estabelece as condies sob as quais vai realizar seu trabalho, determinando a hora, local e o seu preo. No existe a subordinao tampouco a prestao contnua dos servios.

Normalmente entende-se, na prtica, que trabalhador autnomo aquele que trabalha apenas uma vez por semana numa residncia, conforme jurisprudncias predominantes. 14.4 Concluso A concluso seria a seguinte, embora no seja pacfica:

Considera-se empregado regido pela CLT, a faxineira que trabalha em carter contnuo, para empresas ou para pessoa fsica equiparada jurdica, como escritrio de contabilidade, advocacia, consultrio dentrio, por exemplo, pois nesses locais desenvolve-se atividade econmica.

Classifica-se como empregado domstico a faxineira ou passadeira que presta servios pessoa ou famlia, somente no mbito residencial destas, continuamente, duas vezes por semana ou mais, e com subordinao, isto , cumpre as ordens da patroa.

Enquadra-se na categoria de trabalhador autnomo a faxineira que exerce, por conta prpria e sem subordinao, atividade remunerada, em carter eventual (uma vez por semana).

Assim por exemplo, a faxineira que trabalha eventualmente ou a passadeira que chamada apenas quando se faz necessrio, pela pessoa fsica ou famlia, considerada trabalhadora autnoma. 15. Jurisprudncia "Diarista. Ausncia de vnculo empregatcio. No h vinculo empregatcio quando a empregada trabalha de forma no contnua a pessoa ou famlia, no mbito residencial destas, e pode estabelecer os dias da semana a serem trabalhados de modo a laborar em vrias outras residncias mediante uma remunerao muito maior do que a prevista para a domstica registrada. Recurso provido parcialmente".(Acrdo unnime da 2a Turma do TRT da 10a Regio - RO 2.086/2000 - Rel. Juiz Mrio Macedo Fernandes Caron - DJU 3 de 1.12.2000, pg.25)

"Empregada domstica. Inexistncia de relao empregatcia. No se h falar em continuidade - requisito legal exigido na relao de emprego domstico - se a reclamante lavadeira, prestando servios a favor do reclamado apenas uma vez por semana (Inteligncia art. 1, da Lei 5.859/72)." (Acrdo unnime da 5a Turma do TRT da 3a Regio - RO 13.030/98 - Rel. Juiz Fernando Antnio de Menezes Lopes - DJ MG de 10.04.99, pg. 23)

"Domstica: trabalho em dias alternados; domstica que trabalha duas ou trs vezes por semana, fazendo servios prprios de manuteno de uma residncia empregada e no trabalhadora eventual, pois a habitualidade caracteriza-se prontamente, na medida em que seu trabalho desenvolvido em dias alternados, verificando-se uma intermitncia no labor, mas no uma descontinuidade; logo, estando plenamente caracterizada a habitualidade, subordinao, pagamento de salrio, pessoalidade, declara-se, sem muito esforo, o vnculo empregatcio." (Acrdo unnime da 7a Turma do TRT da 2a Regio - RO 02970252508 - Rel. Juza Rosa M Zuccaro - DO SP de 12.06.98, pg. 189)

"Relao de emprego - Lavadeira, passadeira - Empregada domstica - No configurao. No empregada domstica quem, uma vez por semana, conforme seus critrios pessoais, lava e passa roupas em residncias da famlia. (Inteligncia do art. 1o da Lei n 5.859, de 11 de dezembro de 1972)." (Acrdo, por maioria de votos, da 3a Turma do TRT da 3a Regio - RO 10.879/96 - Rel. Juiz Antnio Balbino Santos Oliveira - DJ MG de 14.01.97.pag.02) "Empregada domstica. Estabilidade. Gestante. O pargrafo nico do art. 7 da Constituio Federal, que prev os direitos dos trabalhadores domsticos, no inclui o inciso l desse artigo. Conseqentemente, no se aplica aos domsticos o art. 10 das Disposies Constitucionais Transitrias, que trata, entre outros direitos, da estabilidade gestante." (Ac un da 1a T do TRT da 10a R - RO 4698/89 - Rel. Juiz Oswaldo Florncio Neme- DJU II de20.02.91).

"Stio rural. O empregado de stio rural sem qualquer explorao econmica considerado domstico, e no trabalhador rural." (Ac. da 2a T do TRT da 12a R - mv, no mrito - RO 3299/90 - Rel. Juiz C. Godoy llha - j08.10.91 -DJ SC 25.10.91). Fundamentos Legais Mencionados no texto.

Dra. Lris Silvia Zoega Tognoli do AmaralConsultora FISCOSoft On Line Advogada; Ps-graduada em Direito do Trabalho e Previdncia Social; Experincia de mais de 13 anos nas reas de direito do trabalho, previdencirio e FGTS.E-mail: [email protected]

Clique nos links abaixo para ver outros documentos tambm classificados no assunto :

FORMAS DE CONTRATAO

Veja por exemplo :Comentrios. - 18/08/2005 - Prev/Trab - Contratos Especiais de Trabalho

Veja por exemplo : Atos legais. - 23/08/2005 - Par. - Direito Administrativo, Previdencirio e Tributrio. Organismos internacionais. Contratao de consultores tcnicos em acordos de cooperao internacional. Contribuies previdencirias.

Este Comentrio, publicado em 02/08/2004, foi produzido pela equipe tcnica da FISCOSoft. proibida sua reproduo para fins comerciais, sem permisso expressa da Editora, bem assim sua publicao em qualquer mdia, sem meno fonte (FISCOSoft www.fiscosoft.com.br). Os infratores esto sujeitos s penas da Lei n 9.610/98, que rege os direitos autorais no Brasil.

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