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www.empreendedor.com.br ANO 18 N o 215 SETEMBRO 2012 R$ 9,90 Os novos milionários da educação Urgência na capacitação de mão de obra impulsiona mercado de cursos de formação rápida e ensino a distância ISSN 1414-0152 SÉRIE ESPECIAL: O FUTURO DA ENERGIA LIMPA DO BRASIL FRANQUIAS COMO FUNCIONAM AS VENDAS PELA INTERNET PERFIL O CRESCIMENTO CONTÍNUO DA FLASH! IDIOMAS MARCOS MARTINS PLANEJAR AUMENTA CHANCES DE SUCESSO EM 60% Carlos Wizard, do Grupo Multi Holding, líder mundial no mercado de ensino de idiomas e cursos profissionalizantes Negócios criativos, inovadores e rentáveis

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Edição n.215 da revista Empreendedor, setembro de 2012

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www.empreendedor.com.br

ANO 18 No 215 SETEMBRO 2012 R$ 9,90

Os novosmilionáriosda educaçãoUrgência na capacitação de mão de obra impulsiona mercado de cursos de formação rápida e ensino a distância

ISSN

141

4-01

52SéRIE ESPEcIAl: O fUTURO DA ENERGIA lIMPA DO bRASIl

fRANqUIAS COMO FUNCIONAM AS VENDAS PElA INTERNET

PERfIl O CRESCIMENTO CONTÍNUO DA FlASH! IDIOMAS

MARcOS MARTINS PlANEJAR AUMENTA CHANCES DE SUCESSO EM 60%

Carlos Wizard, do Grupo Multi Holding, líder mundial no mercado de ensino de

idiomas e cursos profissionalizantes

Negócios criativos, inovadores e rentáveis

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N E S TA E D I ç Ã O

20 | O PUlO DA EDUcAçÃOO problema da falta de mão de obra qualificada afeta 69% das empresas, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Embora a raiz da deficiência esteja no ensino básico, não dá para esperar que uma nova geração seja formada com qualidade. Como reverter esta situação e recuperar décadas de atraso em poucos anos? Problema para alguns, oportunidade de negócio para outros. A necessidade urgente de qualificação do trabalhador brasileiro tem atraído um grupo farto de empreendedores para o segmento da educação. Nunca se viu tantas universidades, escolas de idiomas e cursos profissionalizantes abrindo as portas no Brasil. Confira como governo e mercado têm se movido para melhorar a formação profissional do brasileiro.

28 | GRUPO MUlTI hOlDINGCarlos Wizard dava início em sua própria casa ao grupo que hoje é líder mundial no mercado de ensino de idiomas e cursos profissionalizantes

30 | ANhANGUERA EDUcAcIONAlMaior grupo de ensino superior privado da América latina procura atender jovens que precisam trabalhar de dia e estudar à noite

32 | PREPARA cURSOS PROfISSIONAlIZANTESMetodologia de ensino exclusiva e individualizada de educação profissionalizante é sucesso entre estudantes e franqueados da rede

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20 | O PUlO DA EDUcAçÃO

NÃO DURMA NO PONTOO que importa tem o poder de aumentar muito a eficácia do que funciona. Os vestígios serão decorrentes dessa escolha e decisão. Ficarão rastros ou pegadas.

MEGAFONEOferecer novas ideias agrega valor ao trabalho. Como a empresa pode oferecer diferenciais para os que trabalham com criação terem um momento de descontração para pensar fora da caixa?

EMPREENDEDORISMOJÁ.COMQuem é o cliente? Uma pessoa como nós, como nossos parentes, vizinhos, amigos. Então vamos mudar de Relacionamento com o Cliente para Relacionamento com as Pessoas.

BANHO DE LOJATudo o que está em volta do produto afeta a percepção – isto é merchandising. Saber alinhar todas essas percepções e estímulos é fazer comunicação estratégica para construir marcas.

PENSE GRANDEPara se tornar um empresário rico e feliz você tem, necessariamente, que assumir o papel de presidente. Então faça isso. Pense grande. Aja como presidente!

ANÁLISE ECONÔMICAA atual conjuntura empresarial exige processos mais transparentes que possibilitem um ambiente com atmosfera de equidade e confiança.

FRANQUIAS

PRODUTOS E SERVIÇOS

LEITURA

AGENDA

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l E I A M A I S

12 | ENTREvISTAMarcos MartinsO consultor e professor do Ibmec/Rio afirma que a qualidade do empreendedorismo no Brasil pode aumentar com incentivo desde a escola e uso de planejamento.

34 | PANORAMABons ventosO Brasil tem um dos melhores potenciais eólicos para produção de eletricidade no mundo, em grande escala e a baixo custo, especialmente na Região Nordeste e no Rio Grande do Sul. E, além de energia, os ventos trazem muitas oportunidades de negócio.

42 | fRANqUIAForças somadasA popularização da internet, que possibilita à maioria dos brasileiros acesso a inúmeros produtos e serviços por meio do e-commerce, faz com que as redes tracem diferentes estratégias para evitar a concorrência entre os diversos pontos de venda nos ambientes físicos e virtuais.

50 | PERfIlPaulo MacedoA capacidade de superar contratempos, somada à visão de negócios de Paulo Macedo, levou a Flash! Idiomas a um faturamento na casa dos milhões.

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A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Ana Paula Meurer, Cléia Schmitz, Mônica Pupo, Raquel Rezende – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira e Shutterstock – Foto da capa: Shutterstock – Revisão: Lu CoelhoSedes

São Paulo Coordenador: J. A. Calderellyh – Executivo de Con-tas: Carlos Chagas [[email protected]] e Fer-nando Sant’Anna Borba [[email protected]] – Rua Pamplona, 1.465 – Conjunto 74 – 01405-002 – Jardim Paulista – Fone/Fax: (11) 3214-1020 / 3887-2193 Florianópolis

Coordenador: Paulo Henrique Martins [[email protected]] – Executiva de Contas: Joana Amorim [[email protected]] – Rua Padre lourenço Ro-drigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de lisboa – 88050-400 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3371-8666

Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [[email protected]]

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [[email protected]] – Caixa Postal nº 105.051 – 24230-970 – Niterói – RJ – Fones: (21) 2611-7996 / 9607-7910

Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [[email protected]] – Fones: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomí-nio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Nenê Zimmermann [[email protected]] – Floresta – 90440-051 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3327-3700

Pernambuco HM Consultoria em Varejo ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Var-gas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900 / 2125-2927

Departamento Financeiro Gerente: Claudia C. C. do Prado [[email protected]] – Fone: (48) 3371-8666

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80 à vista. Renovação de Assinatura R$ 112,86 à vista.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Dinap – Distribuidora Na-cional de PublicaçõesEmpreendedor.com http://www.empreendedor.com.brEditora: Carla Kempinski

Sem inovação não há compe-titividade. Mas sem educação não há inovação. Sem edu-cação tampouco há mão de obra qualifi cada, problema

que atinge a economia brasileira de-vido à histórica falta de investimentos na formação educacional de pessoas. A falta de trabalhadores qualifi cados afeta 69% das empresas, segundo pes-quisa elaborada em 2011 pela Confe-deração Nacional da Indústria (CNI). Um estudo recente do Instituto Global McKinsey mostra que, com a redução da força de trabalho no País, que cres-cia 2,5% ao ano na década passada e passará a crescer menos de 1% ao ano nos próximos anos, e a falta de profi ssionais altamente qualifi cados, o Brasil corre o risco de sofrer uma grave estagnação nos níveis de produtividade.

Para mais da metade (52%) das empresas do setor industrial consultadas pela CNI, a má qualidade da educação básica é uma das principais difi culda-des para qualifi car os funcionários. Os números demonstram isso: 15% das crianças com oito anos ainda não estão alfabetizadas; 9,7% da população com mais de 15 anos é analfabeta; e 31% da população com 35 a 49 anos é analfabeta funcional. O Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa) de 2006 listou o Brasil em 49º lugar no teste de leitura e em 52º lugar em ciências, entre 57 países. Em matemática, a situação foi pior: o Brasil ocupou a 54ª posição. Os dados da CNI ainda mostram que o investimento por estudante nos três ciclos da educação básica representa apenas 20% do investimento médio dos países da Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Econômico (Ocde). E, no total, investimos menos do que eles (5,1% do PIB contra 5,3%), que já superaram boa parte dos obstáculos que o Brasil tem pela frente.

Mas não dá para esperar a formação de uma nova geração, pois o pro-blema é contemporâneo. Para se ter uma ideia, a falta de mão de obra qua-lifi cada no Brasil tem gerado um aumento signifi cativo nas autorizações de trabalho para estrangeiros. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nos primeiros três meses de 2012, os vistos concedidos a profi ssionais qualifi cados em caráter temporário cresceram 33% na compa-ração com o mesmo período do ano passado. Como reverter essa situação e recuperar décadas de atraso em poucos anos?

A solução para o problema pode estar na ampliação e fortalecimento do ensino técnico e profi ssionalizante e das graduações de curta duração, que rapidamente podem colocar no mercado profi ssionais aptos a preencher as vagas existentes. Nos países da Ocde, por exemplo, a média é que 54% dos estudantes do ensino médio estão matriculados em cursos profi ssionalizan-tes ou pré-profi ssionalizantes. No Brasil, esse percentual não chega a 10%. Aqui, as matrículas em cursos superiores de curta duração correspondem a 10% das matrículas nos cursos superiores tradicionais, enquanto na média da Ocde essa proporção sobe para 25%. E, com o auxílio das tecnologias de ensino a distância, o alcance desses cursos torna-se signifi cativamente maior, tanto pela questão geográfi ca quanto pela liberdade de horários pro-porcionada aos estudantes. Aprende, Brasil!

Alexsandro Vanin

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DEIXE PEGADAS, NÃO RASTROS

N Ã O D U R M A N O P O N T O

Quem caminha apressado anseia por alcançar algo que supõe estar do lado de fora. Faz do trabalho uma maratona sem propósito, que resulta apenas em rastros de sangue, suor e lágrimas

Ao examinar as suas pegadas, um homem não gostou do que viu. Incomodado, co-meçou a acelerar o passo. Porém, quanto mais acelerava, mais marcas deixava im-pressas no chão. E como não se orgulhava do que via, tratava de ir ainda mais de-pressa, querendo se afastar o quanto an-tes de seus próprios feitos. Foi assim que a pressa entrou em sua vida e foi assim que a vida passou tão depressa que nem deu tempo do homem desfrutar essa vi-vência. Nem deixar as suas melhores pe-gadas. Só restaram rastros passageiros, rapidamente apagados e esquecidos.

É sutil a diferença entre rastros e pe-gadas. Ambos são vestígios, mas de dife-rentes sinais. Eles falam mais sobre nós do que os nossos discursos. Para saber quem uma pessoa verdadeiramente é, melhor levar menos em conta o que ela diz a res-peito de si mesma e das suas intenções e considerar o que realiza, os sinais e mar-cas que deixa, depois de ter passado. São as suas pegadas, o seu legado.

Vale para as pessoas, igualmente para as empresas e os negócios.

Negócios vãosPara muitos, o trabalho é um meio

provedor de vida. Nada muito além de um jeito de assegurar o pão de cada dia. Esse entendimento, estendido aos ne-gócios (e negócios não são mais do que projeções dos modelos mentais de seus empreendedores e líderes), gera empre-sas cujo propósito é o de sobreviver.

Não são poucos os líderes que con-duzem seus negócios concentrados ape-nas na luta pela sobrevivência. Vendem o almoço para pagar o jantar. Ganham em um semestre o que perdem em outro.

E não conseguem sair dessa roda-viva. Olham para fora e culpam a economia e o mercado, a competição predatória e as pessoas, sejam elas clientes ou emprega-dos, fornecedores ou financiadores.

Diante da competição desenfreada e do foco insano no afã de sobreviver, é muito tentador flexibilizar a ética e a estética. É nesse resvalo que as pegadas se transformam em rastros deformados e superficiais, nada que empolgue nem cause admiração em quem os vê. São marcas que não atraem bons seguidores, sejam eles clientes ou colaboradores. Não constroem negócios bem-sucedidos e perenes. Nada que ficará na história ou que seja razão de orgulho para os her-deiros. São negócios que vão do mesmo jeito que chegam. Negócios vãos.

Pegadas e legadosConsultei o Houaiss e ele define le-

gado como o que é transmitido às gera-ções que se seguem. Oras! Quem vive o sustento e a sobrevivência fica estagnado no imediatismo, não pensa em futuro nenhum, muito menos nas futuras ge-rações. Quer salvar o seu e salvaguardar o que conquistou. Não pensa em legado nem está interessado nas pegadas que deixa. Vive o efêmero e o superficial.

Essa visão de curto prazo tem criado empresas atrofiadas, que nada pensam e nada criam, embora sejam muito eficien-tes em se defender de ameaças reais e imaginárias. Jogam bem na retranca, mas sem lances criativos em busca do gol. No final, perdem todos os campeonatos.

O mundo dos negócios pode ser vis-to, entretanto, como um ambiente recre-ativo, e o mercado como um lugar onde tudo ainda está para ser feito. São muitas

as necessidades, tantas as deman-das, várias as oportunidades. Mas esse universo de possibilidades só é enxergado por quem tem em mente uma pegada, um legado a deixar. Sim, porque não existe realidade objetiva. A realidade depende do ângulo de visão. A realidade vista na pressa de quem só deixa rastros é muito diferente da realidade vista a partir da serenidade de quem deseja deixar a sua melhor pegada.

Quem caminha apres-sado anseia por alcançar algo que supõe estar do lado de fora. Faz do traba-lho uma maratona sem propósi-to, que resulta apenas em rastros de sangue, suor e lágrimas. Quem pensa deixar um legado coloca o coração na frente e o segue. Esse coração é repre-sentado pelo desejo de realizar algo, de contar uma história, de sentir orgulho da sua obra, de trazer outras pessoas para que todos, juntos, cruzem a mesma linha de chegada. O que essa pessoa tem den-tro de si ela deixa por onde passa, a cada passo, na forma de pegadas. E muitos são os que querem seguir essas pegadas, caminhar juntos, participar da mesma an-dança, compartilhar o mesmo legado.

Faça a pergunta certaQuando a preocupação é só com o

sustento, logo se imagina a recompensa financeira. Existe uma relação direta entre uma coisa e outra. Quando se pensa em negócios, o que vem à mente é a rique-za econômica. Aqui também existe uma relação direta. Nessa visão simplificada, a pergunta geralmente feita é: como fazer para tudo funcionar e dar certo? Na bus-ca do que funciona, troca-se o “porque” pelo “como”, o que importa pelo que funciona, os fins pelos meios. É nesse descuido que as pegadas se transfor-mam em rastros.

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Em vez de sair a esmo em busca do que funciona, pense no que verdadeiramente importa. Isso pode mudar o curso da história. Tem o dom de preparar um novo futuro. O que verdadeiramente importa? Qual a pegada que você gostaria de deixar? Estas são as perguntas certas!

Para isso é preciso crer para ver. É difícil enxer-gar um legado quando não acreditamos que ele pos-sa existir. Quando acreditamos, somos capazes de encontrar sem que seja preciso procurar. E, quanto menos esperamos, transformamos esse legado em pegadas, um traço único na forma de caminhar.

O legado é e sempre será moldado por essa fé, capaz de promover os valores humanos, do que con-tribui com o mundo e ajuda na construção de uma obra maior. A recompensa financeira e econômica é e sempre será decorrência, nunca o propósito.

O que funciona em nada garante o que verdadei-ramente importa; mas o que importa tem o poder de aumentar muito a eficácia do que funciona. Os vestígios serão decorrentes dessa escolha e decisão. Ficarão rastros ou pegadas. Uns cobertos imedia-tamente pela poeira, tal qual um lápis branco que rabisca uma folha da mesma cor. Ou então incon-fundíveis marcas para a eternidade.

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

Quem pensa deixar um legado coloca o coração na frente e o segue. Esse coração é representado pelo desejo de realizar algo, de contar uma história, de sentir orgulho da sua obra, de trazer outras pessoas para que todos, juntos, cruzem a mesma linha de chegada

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MAIS E MElhORMarcos Martins

E N T R E v I S TA

Continua a crescer a quantidade de empreendedores no Brasil, mas a qualidade deles pode ser melhor com incentivo desde a escola e uso de planejamento

por Ana Paula [email protected]

No Brasil, 27 milhões de pessoas possuem seu próprio negócio ou estão envolvidas na criação de um. Atrás apenas da China e dos Esta-dos Unidos, o País aparece em terceiro lugar no ranking de 54 países analisados pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2011 (GEM), realizada anualmente em uma parceria entre o Sebrae e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).

Por outro lado, um levantamento do Sebrae aponta que 27% dos em-preendimentos fecham as portas já no primeiro ano de atividade. Como o empreendedor deve agir para não fazer parte deste alto índice? Para o professor do MBA em Gestão de Negócios do Instituto Brasileiro de Mer-cado de Capitais (Ibmec), Marcos Martins, a resposta constitui-se no principal diferencial para avançar a gestão do negócio próprio: o plane-jamento. “É necessário fazer um plano de negócios, e não simplesmente sair fazendo da própria cabeça”, destaca.

Na entrevista a seguir, Marcos Martins comenta quais as princi-pais características que devem ser desenvolvidas para o empresário obter sucesso e o cenário do empreendedorismo no Brasil. Além de professor, ele é engenheiro mecânico formado pela Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem uma sólida carreira em consultoria de mercado. Atuou na Prudential Bradesco Seguros, como gerente de vendas, e foi consultor corporativo da Mony Consultoria. Martins tam-bém é professor do MBA em Gestão de Negócios do Ibmec e instrutor do Empretec.

Recentemente, Martins e Fernando Alvite, sócios da empresa M11 Consultoria, desenvolveram uma ferramenta para auxiliar os empre-endedores nessa atividade. Trata-se do Planeje-se, uma tecnologia, acessada pela internet, que indica opções de escolhas relacionadas a questões comuns do dia a dia corporativo, associadas às áreas de vendas, compras, administração, pessoal e finanças.

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É possível uma pessoa se tornar empreende-dor ou já se nasce com esse dom?

Marcos Martins – Pela nossa experi-ência e dezenas de estudos e casos reais, podemos dizer que, em tese, qualquer pessoa pode se tornar um empreendedor. Temos vários casos de pessoas que entra-ram cruas e depois se desenvolveram e estão muito bem porque o que caracteriza um empreendedor são comportamentos, que podem ser desenvolvidos e aperfeiço-ados. Na década de 1980, a ONU promo-veu uma pesquisa junto à Universidade de Harvard que identifi cou que empreende-dores de sucesso têm comportamentos comuns. O que vai diferenciar se uma pes-soa vai se tornar empreendedora ou não é o tempo que levará para desenvolver essas características.

O empreendedor brasileiro possui alguma ca-racterística que o diferencie dos demais?

Martins – Com certeza. O brasileiro tem características importantes, como a persistência, a independência e a auto-confi ança. Mas, por outro lado, a capaci-dade de estabelecer metas e de planejar é algo muito fraco, o que acaba sendo ruim porque se gasta muito recurso e energia. Outra diferença é que o brasileiro, na bus-ca por informações, prefere fi car de forma mais remota atrás do balcão ou pela inter-net, não fazendo isso de forma pessoal.

E quais são essas características?Martins – Baseadas no estudo da

ONU, são as seguintes: capacidade de estabelecer metas, de planejar, de mo-nitorar sistematicamente, de buscar in-formações pessoalmente, de identifi car oportunidades e ter iniciativa de estudar e implementá-las, de correr riscos calcu-lados, de buscar qualidade e efi ciência

nos seus processos, de persuadir e for-mar redes de contatos; e a persistência, o comprometimento e a confi ança.

Como a escola e a faculdade podem incenti-var o empreendedorismo?

Martins – Se as instituições de ensi-no começarem a se preocupar em, junto às disciplinas tradicionais, levar esse lado empreendedor e prático aos estudan-tes o cenário do empreendedorismo no Brasil pode ser bem mais positivo. As faculdades são verdadeiros celeiros de conhecimento. O Ibmec, por exem-plo, oferece dentro de todas as cadeiras uma disciplina de Empreendedorismo, que permite que os estudantes tenham alternativas para o seu futuro que não somente a carreira executiva. Mas tudo isso deveria começar lá na base, no ensi-no fundamental. Ainda que haja algumas iniciativas tímidas em alguns colégios, os poucos casos que acontecem são somen-te na faculdade. Ou seja, ainda há muito por trilhar neste sentido.

Mesmo assim o Brasil é um país empreendedor?Martins – O Brasil vem ano a ano

mostrando consistentemente que tem pessoas empreendendo, como mostra a pesquisa GEM. Se associarmos isso a me-lhores condições, como infraestrutura, educação, capacitação, o País vai passar por uma transformação ainda mais forte do que hoje em dia.

Mas a carga tributária e a burocracia brasi-leira não impedem essa atividade?

Martins – Eu diria que não impede. As questões externas, como a falta de mão de obra especializada e a falta de política, difi cultam sim. Mas o empreen-dedor que coloca seus comportamentos

em prática vai superar tudo isso com pla-nejamento, cálculo de risco, estratégias, pessoas, e vai fazer acontecer.

Qual o papel principal das incubadoras tecno-lógicas nesse apoio?

Martins – Elas exercem um papel fundamental no que se refere a iniciati-vas de jovens – no ato de empreender – estudantes e professores em trazer o seu conhecimento técnico e transformá-lo em negócios. É muito comum que esse público conheça profundamente seu ambiente, mas não tenha o lado da gestão de outras competências inerentes a qualquer um que queira montar um negócio, como conhecimentos na área operacional e marketing. O papel da in-cubadora é dar não só esse apoio, mas principalmente ajudar esses potenciais empresários a preparar um negócio para a competição séria que o mercado exige. Assim, você lida com o que há de mais avançado em termos tecnológicos, apro-xima essas pessoas e consegue ajudá-las a estruturar o negócio com mais chance de sucesso.

Que conselho o senhor daria para alguém que está pensando em empreender hoje?

Martins – Eu diria para buscar infor-mações não só do negócio que pretende abrir, mas também conhecer o mercado, os fornecedores, seu público-alvo. Além disso, estudar, organizar as ideias para que a empresa não feche em um curto espaço de tempo, como acontece com muitas até com menos de um ano de vida. É mais do que certo que o ato de planejar ajuda a aumentar, em média, 60% a chance de sucesso de um negócio. Quer ter 60% a mais de chance de ter su-cesso? Então planeje.

É mais do que certo que o ato de planejar ajuda a aumentar, em média, 60% a chance de sucesso de um negócio. Quer ter

60% a mais de chance de ter sucesso? Então planeje

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Hadeliane Iendrike e Vanessa Nunes - SE7Ti

SUcESSO PREcOcECom apenas dois anos de existência,

a carioca SE7Ti já faturou R$ 2 milhões e conquistou clientes do porte da Petrobras, Mongeral Aegon e Centro de Tecnologia da Informação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj). À frente desse sucesso estão Ha-deliane Iendrike e Vanessa Nunes, sócias-diretoras da empresa, ambas com grande experiência em projetos de consultoria de Tecnologia da Informação (TI). O objetivo

da SE7Ti é transformar pesquisa de pon-ta em produtos únicos e inovadores para seus clientes. “Muitas vezes, as pesquisas são excelentes, mas não têm aplicação prática no mercado. Nós estamos sempre pensando em inovações aplicáveis às em-presas”, explica Hadeliane.

Um dos serviços desenvolvidos pela empresa é o de transparência organiza-cional. A partir deste recurso, políticas são

definidas, processos estabelecidos, práti-cas adotadas e informações organizadas. Segundo Hadeliane, são métodos que ga-rantem a implementação da transparência organizacional de forma completa, facili-tando a vida das empresas que, hoje, são obrigadas a manter essa transparência. A SE7Ti também criou um programa que lê e organiza textos não estruturados – por exemplo, a troca de e-mails com informa-

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ções importantes. “Estas informa-ções são transformadas em mapas mentais, diagramas, etc. Levamos seis meses para desenvolver essa fer-ramenta, depois de três anos de estu-do”, comenta a empreendedora.

Hadeliane lembra que o principal desafio foi transformar a acadêmica numa empresária. “De repente, era preciso pensar como empresa – des-de a parte operacional, de montar o escritório físico, até todo o planeja-mento que precisa ser feito para se fazer uma empresa emplacar”, conta. “O fundamental para vencer nesse mercado competitivo é conhecer profundamente a área e aplicar esse conhecimento em serviços novos e eficazes”, conclui. www.se7ti.com.br

Joel Santos - Sai de Baixo

PERSISTêNcIA PREMIADANão foi por acaso que Joel Santos batizou sua empresa de Sai de Baixo.

Aguerrido, ele já havia passado por grandes desafios antes de obter sucesso com o atual negócio, uma rede de lojas de confecções presente no Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Filho do meio em uma família de sete filhos, Joel já chegou ao mundo entendendo que as dificuldades fazem parte da vida. Acometido por uma paralisia infantil quando nasceu, enfrentou aos nove anos a morte prematura do pai.

Era preciso ajudar a família e Joel começou a vender sacolé. O negócio deu certo e evoluiu para a venda de picolés nos trens da região. Mas um dia Joel teve toda a mercadoria apreendida por guardas ferroviários. Ele passou então a vender mandioca e linguiça de porta em porta até se estabelecer nas feiras livres da baixada fluminense. Um amigo convidou-o para trabalhar em uma banca e, em seis meses, Joel já era o melhor vendedor.

O bom desempenho o motivou a montar sua própria loja, o Atacado Ca-xiense. Mas Joel não registrou a marca e logo a perdeu para outros empresá-rios, que levaram também a clientela. O empreendedor não se deu por ven-cido. Vendeu seu carro, montou outra banca, passou a comprar mercadoria diretamente dos novos donos do Atacado Caxiense. As vendas estouraram e ele recuperou o investimento logo nas primeiras semanas. Assim surgiu a Sai de Baixo International Company. Hoje, a Sai de Baixo é uma empresa familiar, com 18 lojas próprias e está em pleno processo de expansão com a venda de franquias. www.saidebaixo.com.br

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Dick e Ângela ThompsonSítio do Moinho

vIDA SAUDávElO carioca Dick Thompson chegou a ser sócio

de um banco e de uma corretora de valores, mas em 1989 deixou para trás a agitação do mercado fi nanceiro e, junto com a esposa Ângela Thomp-son, foi plantar alimentos orgânicos num sítio em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro. Em-preendedor nato, ele transformou sua nova ativi-dade em um negócio bastante promissor, o Sítio do Moinho. A empresa cultiva e distribui verduras, legumes, ervas, laticínios, carnes, grãos, cereais, conservas e sucos orgânicos. Também importa massas, molhos, farinha de trigo sem aditivos químicos, além de uma linha de grãos germi-nados. O núcleo ainda acolhe a primeira pa-nifi cadora orgânica do País, a Molino D’oro, certifi cada pelo IBD Certifi cações.

De família inglesa, Dick nasceu no Rio de Janeiro e passou a infância em Copaca-bana, mas fez faculdade nos Estados Unidos. Chegou a ter que fi nanciar seus estudos dan-do aulas de dança. Voltou ao Brasil na década de 1960 e começou a trabalhar como publicitário, porém logo se embrenhou pela área fi nanceira, onde trabalhou ao lado de grandes executivos do setor, como Jorge Paulo Lemann. No fi nal dos anos 1980, com quatro fi lhas pequenas, Dick se empolgava com a possibilidade de alimentar a família inteira com produtos saudáveis. O sonho se concretizou quando ele e Ângela decidiram comprar um terreno para construir uma casa de campo. Dos 40 hectares encontrados, sete foram destinados à plantação de hortaliças, sem o cul-tivo de pesticidas e adubos químicos.

Passados mais de 20 anos, o Sítio do Moinho emprega cerca de 100 pessoas e comercializa mais de 500 produtos, todos orgânicos. As vendas são feitas por telefone ou pelo site da empresa, com entrega em domicílio. Os produtos também

podem ser encontrados em diversas lojas especializadas nos estados do Rio de Janei-ro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Goiás, além do Distrito Federal. Mais do que um negócio, o Sítio do Moinho tornou-se uma fi losofi a de vida. Dick e Ângela cultivam a importância de produzir alimentos sem esgotar os recur-sos naturais. www.sitiodomoinho.com.br

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Reinaldo Varela - Divino Fogão

DETAlhES cRUcIAISQuem acha que é impossível ser bem-su-

cedido em duas carreiras ao mesmo tempo não conhece a história de Reinaldo Marques Varela. Piloto profissional de rali e fundador da rede de restaurantes Divino Fogão, Vare-la tem um segredo para manter sólida sua atuação nos dois segmentos. “O trabalho em equipe é fundamental para o sucesso de um empreendimento, e mesmo de uma corrida. O piloto nunca corre sozinho: ele precisa de um navegador que lhe dê tranquilidade para fazer o que sabe. O mesmo acontece nas empresas”, afirma Varela.

Em seu currículo no automobilismo, ele coleciona mais de 300 corridas dispu-tadas, com 100 vitórias. Nada mal. Entre

elas, o título mundial de Rali Cross Coun-try, o sul-americano de Rali de Velocidade e sete campeonatos brasileiros de Rali Cross Country. O piloto ainda tem 14 par-ticipações no Rali dos Sertões, competição que lhe deu um título geral e cinco vezes o primeiro lugar em sua categoria. O suces-so nas pistas se estende para a carreira de empreendedor. A rede de franquias Divino Fogão tem 120 unidades em 20 estados brasileiros. As duas carreiras começaram em 1984. Como empreendedor, Varela abriu o restaurante São Paulo – que, 19 anos depois, viria a se chamar Divino Fo-gão. A infância na fazenda da família em Mirandópolis, interior de São Paulo, o ins-

pirou a servir comida bem brasileira. O piloto e empresário conta que a

atenção aos mínimos detalhes é decisiva para o sucesso nas pistas e nos restauran-tes. “Já ganhei uma prova por conta de milésimos de segundos, e percebi que há uma linha que separa sucesso e fracasso, e que tudo é decidido em detalhes.” Varela também aponta a inovação e a coragem como elementos fundamentais para os empreendedores. “Se você é o pioneiro, não pode parar. Procure sempre inovar, es-tar à frente dos outros, ter um diferencial para não perder espaço para potenciais concorrentes”, aconselha o piloto empre-endedor. www.divinofogao.com.br

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Thiago Pessoa e Aline Rabelo - Investmania

APOSTA cERTEIRAEm menos de oito meses, os empreendedores Thiago Pessoa

e Aline Rabelo conquistaram 35 mil usuários para o Investmania, rede social criada pela dupla com o objetivo de aproximar inves-tidores, especialistas do setor e empresas de capital aberto. O site permite aos participantes acompanhar o sobe e desce dos indica-dores econômicos e ter acesso a relatórios e análises consistentes. “Temos uma missão concreta e complexa: ajudar a democratizar a educação financeira no Brasil, e acreditamos que, dentro deste universo, ainda temos muito a contribuir”, afirma Pessoa.

Desde o dia 20 de agosto os participantes do Investmania podem conversar com os responsáveis pelas áreas de Rela-cionamento com Investidores (RIs) de algumas das principais companhias listadas em bolsa de valores. Os investidores te-rão acesso, em tempo real, às publicações, aos relatórios de análises e à divulgação de resultados das empresas em que investem ou nas quais pretendem investir. “Desenvolvemos este projeto pensando em atender a uma necessidade primor-dial do investidor na hora da tomada de decisão: o acesso à

informação clara e sem intermediários”, conta Pessoa.Antes de apostar suas fichas como empreendedores, Pessoa, de

27 anos, e Aline, de 25, passaram por instituições renomadas do mer-cado financeiro. A expectativa é que o número de usuários do site cresça 20% até o final deste ano. O Investmania é uma aposta no seg-mento de start ups estruturadas no mundo virtual. Para Pessoa, este é um mercado que tem muito potencial de crescimento no Brasil devido às fortes vendas de dispositivos móveis no País, como smart-phones e tablets. E, ao mesmo tempo, o Brasil é carente de propos-tas pioneiras nesta área. O cadastramento no Investmania é gratuito e a plataforma é amigável e criativa. www.investmania.com.br

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Ponto

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Falta de qualidade no ensino fundamental e médio reflete na qualificação dos trabalhadores, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras

Falta de qualidade no ensino fundamental e médio reflete na qualificação dos trabalhadores, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras

crítico

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Pontocrítico

por Cléia [email protected]

Em Palhoça, município da Grande Florianópolis, um carro de som anuncia vagas para trabalhar numa in-dústria local. O que seria inusitado em outros tempos é hoje mais um indicador das difi culdades que o setor produtivo vem enfrentando para conseguir profi ssionais qualifi cados. O forte crescimento da economia brasileira na última década criou cerca de 18 milhões de novos em-pregos com carteira assinada. Ao mesmo tempo, escan-carou ao máximo uma defi ciência estrutural do País: a qualidade de nossa educação. Resolvemos um problema, o desemprego, mas ganhamos outro, a falta de trabalha-dores qualifi cados para continuar crescendo.

“Precisa-se” virou um jargão do chão de fábrica ao ponto de venda. O problema é que precisa-se não só de força física, mas de pessoas preparadas para operar as novas tecnologias disponíveis. “O mundo do trabalho demanda pessoas que sabem pensar”, afi rma o professor José Pastore, um dos maiores especialistas brasileiros em

Álamo Engenharia diminui o nível de exigência nas

contratações e compensa com treinamentos internos

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trabalho e recursos humanos. “As empre-sas precisam de pessoas com bom senso, lógica de raciocínio, capacidade de se co-municar, de escrever, de entender o que está escrito. E isso vem fundamentalmen-te da educação básica”, ressalta Pastore.

Eis o problema. Apenas 30% da po-pulação brasileira tem ensino médio completo. Nos Estados Unidos e na Ale-manha, o percentual é de 90% e 80%, respectivamente. A situação não se restringe aos estados tradicionalmente considerados menos desenvolvidos. Em Santa Catarina, mais da metade dos 750 mil trabalhadores da indústria não tem escolaridade básica completa. “É um fa-tor crítico para a nossa competitividade, mas que tem reflexos imediatos na renda do trabalhador”, afirma Glauco Côrte, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

A situação se agrava porque muitos passaram pela escola, mas não apren-deram. De acordo com o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf ), divul-gado em julho pelo Instituto Paulo Mon-

tenegro, 20% dos brasileiros entre 15 e 49 anos conseguem, no máximo, ler e compreender textos curtos e familiares e fazer operações matemáticas simples. Entre os estudantes do ensino superior, 38% não têm capacidade para interpretar e associar as informações em suas leitu-ras. Para especialistas, esse é o resultado de uma política que priorizou o acesso ao ensino mas não exigiu a qualidade.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, apresentado pelo Mi-nistério da Educação (MEC) em agosto, dá motivos para continuarmos preocu-pados: 39% dos municípios e 44,2% das escolas não atingiram as metas do MEC. Para Jairo Martins, superintendente da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), o problema é grave porque não há solu-ção a curto prazo. “Precisamos começar agora para ter resultados daqui a dez anos. E temos que ter metas ousadas. A FNQ propõe uma mobilização nacional para a elaboração de um plano estratégi-co imune aos governos”, diz Martins.

A ineficiência histórica do ensino

Senai vai investir R$ 1,5 bilhão até 2014 para a construção de 100 novas escolas, 100 novas

unidades de ensino móveis, 22 institutos de inovação e 40 institutos de tecnologia

Pastore: precisa-se não só de força física, mas de pessoas preparadas para operar as novas tecnologias disponíveis

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no Brasil criou disparates. Somos a sex-ta economia do mundo, mas a 46ª no ranking de produtividade. E as defici-ências na educação básica trazem con-sequências para o ensino profissionali-zante, outro gargalo enorme do Brasil. “As escolas profissionalizantes e as uni-versidades têm o desafio de preencher a lacuna deixada pelo ensino anterior”, destaca Pastore. Em sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 52% dos empresários reclamaram que têm dificuldades para capacitar seus funcionários por conta da má qualidade do ensino fundamental.

A pesquisa também apontou que 69% das empresas consultadas enfrentam difi-culdades com a falta de trabalhador qua-lificado, o que inibe o aumento da com-petitividade. Não resta alternativa senão treinar o trabalhador: 78% das empresas que sofrem com a falta de trabalhador qualificado veem a capacitação na pró-pria empresa como uma das principais formas de resolver o problema. “Sem dú-vida, investimentos nos funcionários têm

reflexos diretos no produto”, destaca Sérgio Arruda, diretor regional do Servi-ço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Santa Catarina.

Criado há 60 anos, o Senai já capaci-tou mais de 50 milhões de brasileiros. Por ano, são 2,3 milhões de matrículas. No ano passado, a entidade anunciou inves-timentos de R$ 1,5 bilhão até 2014 para a construção de 100 novas escolas, 100 novas unidades de ensino móveis, 22 ins-titutos de inovação e 40 institutos de tec-nologia. O Senai é também um dos prin-cipais executores do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), lançado no ano passado pelo

governo federal com o objetivo de quali-ficar o trabalhador brasileiro.

A estratégia do governo inclui a ex-pansão da chamada Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tec-nológica. Em 2002 havia 140 escolas téc-nicas no País e um total de 160 mil vagas. A meta para o final de 2014 é chegar a 562 escolas e 600 mil vagas. Hoje são 354 unidades. Entre elas, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que até 2006 tinha três campi e 3 mil alunos. Hoje são 21 campi (dois em implantação) e 18 mil estudantes. “Sempre fomos re-ferência em educação profissional, mas atendíamos um número muito pequeno de alunos”, destaca a reitora Maria Clara Kascny Schneider.

Ex-aluno do IFSC, o tecnólogo Fábio Dias Pereira, de 23 anos, concluiu o curso superior em Mecatrônica Industrial já em-pregado. Analista de qualidade da Higie-Plus Cottonbaby, com sede em São José (SC), ele teve três promoções em pouco mais de um ano. Pereira conta que os convi-tes de outras empresas são constantes, mas

Glauco Côrte: mais da metade dos trabalhadores da indústria catarinense não tem escolaridade básica completa, um fator crítico para a competitividade com impacto direto na renda do trabalhador

“Sem dúvida, investimentos nos funcionários têm reflexos diretos no produto”, diz Arruda

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no momento prefere apostar na expansão da Cottonbaby. Responsável por atividades de treinamento, ele convive diariamente com o problema da falta de qualificação. “Estamos sempre com vagas abertas e trei-nando nossos colaboradores.”

Para preencher as vagas, muitas em-presas têm diminuído o nível exigência nas contratações. É o caso da Álamo En-genharia, prestadora de serviços prediais e infraestrutura. “Compensamos com programas de treinamentos internos”, afirma Roberta Campello, que coorde-na a capacitação na Álamo. Neste ano, a empresa criou uma grade com 30 cursos para qualificar seus 1,5 mil funcionários. “Já percebemos a diminuição do turno-ver. Acreditamos que os colaboradores se sentem mais motivados e com dispo-sição para os novos desafios apresenta-dos”, explica Campello.

O caso da Álamo se contrapõe às empresas que relutam em investir em treinamento com medo de perder os fun-cionários capacitados. “Ninguém gosta de perder um colaborador depois de treiná-

lo, mas não há outra opção”, afirma Hilton José da Veiga, diretor de recursos humanos da WEG, fabricante de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas. A em-presa tem 26 mil trabalhadores e é uma re-ferência em treinamento. Desde 1968 man-tém o Centroweg, escola que já formou 2,6 mil alunos, dos quais 49% permanecem na companhia (8% são gestores).

O Centroweg é uma escola de forma-ção profissional que funciona numa das fábricas da WEG em Jaraguá do Sul (SC). São 20 laboratórios e seis salas de aula em 2.550 metros quadrados. Jovens entre 16 e 18 anos participam de um processo de seleção para entrar na escola, que tem au-las diárias, paralelas ao ensino médio. Du-rante o curso, os alunos recebem salário e têm praticamente todos os benefícios concedidos aos funcionários, inclusive participação nos lucros. Atualmente, são sete cursos de aprendizagem industrial, com um ou dois anos de duração.

Há dez anos na WEG, a funcionária Sil-vane Bressolin dos Santos tinha 14 anos quando passou no processo de seleção

Meta do governo federal é chegar ao fim de 2014 a 562 instituições de ensino técnico e tecnológico, com 600 mil vagas

Há dez anos na WEG, Silvane Bressolin dos Santos tinha 14 anos quando passou no processo de seleção para aprendiz

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para aprendiz de eletrônica da Centroweg. “Eram 1.068 candidatos para 40 vagas. Até hoje guardo minha carta de aprovação, foi um mérito muito grande”, lembra Silvane. Para ela, os três anos que passou na escola foram fundamentais para o seu desenvol-vimento profissional porque, além da for-mação técnica, aprendeu a ter disciplina e perseverança. Hoje, Silvane é chefe da se-ção de reparos e diz que está pronta para novos desafios na empresa.

O colega Rodrigo Lux, 22 anos, trocou o emprego numa empresa de vestuário pela WEG justamente pela oportunidade de aprender. Ele fez o curso de aprendiz do programa de Qualificação Profissional de

Operadores de Produção (QPOP). “Neste programa contratamos jovens de até 24 anos só para estudar. Eles podem inclusive continuar trabalhando em suas empresas. Ao final do curso, de 400 horas, convidamos os alunos a serem funcionários da empresa: 83% ficam”, conta Veiga. Lux foi um deles e em pouco mais de um ano foi promovido a distribuidor de materiais.

Os programas de treinamento da WEG fazem parte da estratégia da empre-sa para atingir as metas do plano 2020: chegar ao ano 2020 com um faturamento de R$ 20 bilhões e 50 mil trabalhadores. “Precisamos preparar e reter”, resume Veiga. A empresa investe por ano cerca de R$ 10 milhões em treinamentos, 0,2% da receita operacional líquida. Com me-tas ambiciosas e atuação consolidada no mercado internacional, a WEG também sofre as dificuldades da escassez de mão de obra qualificada, mas segue o que para o professor José Pastore precisa ser assimilado urgentemente. “As máquinas já são acessíveis para todos. O que faz a diferença é quem está por trás delas.”

Hilton José da Veiga, da WEG: investimento por ano de cerca de R$ 10 milhões em treinamentos

“Já percebemos a diminuição do turnover. Os colaboradores se sentem mais motivados”, diz Campello

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Problema para alguns, oportunidade de negócio para outros. A necessidade urgente de qualificação do trabalhador brasileiro tem atraído um grupo farto de empreendedores para o segmento da educação. Nunca se viu tantas universida-des, escolas de idiomas e cursos profissio-nalizantes abrindo as portas no Brasil. Ou-tro indicador de efervescência do setor é o forte movimento de fusões e aquisições registrado nos últimos anos. Só no ano passado foram 27 transações, segundo le-vantamento da consultoria KPMG.

O campeão é o ensino superior priva-do, com mais de 200 transações na última década. E tudo indica que foi só o começo. Na edição 2012 da Análise Setorial do Ensi-no Superior Privado, a consultoria Hoper

A SOlUçÃO DO PROblEMAA necessidade urgente de qualificação do trabalhador brasileiro tem atraído um grupo farto de empreendedores para o segmento da educação

Educação, responsável pelo estudo, es-tima que há perspectiva de mais de 100 negócios de fusões e aquisições no setor em 2012 e 2013. “Os 12 consolidadores possuem pouco mais do que 30% do mer-cado, mas podem e querem chegar a 50%, e dinheiro para isto não falta”, destaca o estudo. Um empecilho nesse caminho é a situação financeira desfavorável de grande parte das universidades privadas, o que torna o custo-benefício de aquisição pou-co vantajoso para os investidores.

“O processo de fusões e aquisições poderia ser maior se algumas instituições estivessem mais estruturadas financei-ramente. Uma tendência que deve ocor-rer mais nos próximos anos são fusões e aquisições entre os principais grupos

consolidadores do mercado, ou seja, en-tre as principais instituições que já se en-contram melhor: com boa infraestrutura, sem dívidas trabalhistas, com folha de pa-gamento dentro dos parâmetros do mer-cado”, explica Alexandre Nonato, analista de comunicação e de estudos de mercado da Hoper Educação.

O fato é que o Brasil é hoje o país com o maior número de instituições de ensi-no superior privadas, com fins lucrativos. Um segmento que movimenta quase R$ 29,8 bilhões anuais. São mais de 1 mil uni-versidades em funcionamento. Em 2010, elas concentravam 73,2% dos alunos de graduação presencial do País – mais de 6 milhões de estudantes. No entanto, se-gundo Nonato, de um modo geral o ritmo

Em sete meses, Instituto da Construção abriu 30 unidades

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de crescimento das matrículas vem dimi-nuindo nos últimos anos. No início dos anos 2000, o crescimento anual era maior do que 10%. Hoje, a média de crescimen-to é menor que 5%. O número de vagas ociosas chega a 1,5 milhão.

Paralelo a este cenário, o que se vê é que os três maiores grupos do segmento – Estácio Participações, Anhanguera Edu-cacional e Kroton Educacional – têm man-tido suas apostas sob a seguinte lógica de mercado: se o País sofre com a escassez de qualificação profissional e as universi-dades públicas não conseguem atender à demanda de brasileiros ávidos por uma graduação, há espaço para instituições pri-vadas. Segundo estudo da Hoper, os “ex-cluídos” pelo sistema universitário público chegam a 1,8 milhão de jovens por ano.

A Estácio já fez cinco aquisições em 2012, as duas últimas foram anunciadas em agosto: a Faculdades Riograndenses (Fargs), de Porto Alegre, e a Uniuol, de João Pessoa. O grupo, controlado pela GP Investimentos, tem mais de 260 mil alunos e atua em 19 estados com 33 instituições de ensino superior. A Kroton, controlada pelo fundo americano Advent, comprou

em 2012 a Unirondon, de Mato Grosso, e a Uniasselvi, de Santa Catarina. A companhia tem mais de 400 mil alunos de ensino su-perior e pós-graduação em 44 campi e 399 polos de educação a distância. Além disso, atua no ensino básico com 771 escolas as-sociadas e cerca de 280 mil alunos.

Uma das grandes apostas da Kroton é o ensino a distância (EaD), que represen-ta quase 66% da base de alunos do ensino superior. No ano passado, a empresa pagou R$ 1,3 bilhão pela Unopar, do Paraná, pre-cursora e referência nesta modalidade de ensino no Brasil. “O EaD vem crescendo em taxas muito maiores do que o ensino presencial”, afirma Rui Fava, vice-presi-dente de Educação a Distância da compa-nhia. Para Fava, as principais razões para o crescimento do EaD são a capilaridade, ou seja, vai aonde o presencial não consegue chegar, a flexibilidade de estudar sem “atra-palhar” a agenda profissional e familiar e o custo menor das mensalidades.

“O que falta para que esta ferramen-ta seja melhor aproveitada é acabar com os falsos mitos de que o EaD tem menor qualidade e é menos exigente quanto à cobrança do desempenho dos estudantes. Pelo crescimento e pela comprovação da qualidade, esses falsos mitos têm diminu-ído e o EaD, por sua escalabilidade, está contribuindo cada vez mais para a melho-ria da qualidade do trabalhador brasileiro”, afirma Fava. Segundo o executivo, o aluno EaD é mais dedicado e isso é verificado no desempenho do Enade, no qual os con-ceitos dos alunos do EaD são melhores do que dos alunos do ensino presencial.

Franchising

O segmento de educação também vem se destacando no sistema de franquias. De acordo com relatório da Associação Brasi-leira de Franchising (ABF), o setor faturou

R$ 5,9 milhões em 2011, um crescimento de 7,9% em relação a 2010. Outro indica-dor importante é a evolução do número de redes. Em 2011, 15 novas marcas in-gressaram no franchising de educação e treinamento. Todos de olho na necessida-de urgente de capacitação de profissionais em função dos eventos esportivos que o País vai sediar e na disposição da classe C em investir na própria qualificação.

“Temos um novo país dentro do Brasil, uma classe emergente formada por 40 mi-lhões de novos consumidores que, depois de alimentação e vestuário, querem investir em educação”, afirma Carlos Wizard Mar-tins, presidente do Grupo Multi Holding (leia-se Wizard Idiomas), que atua no mer-cado de ensino de idiomas, informática e profissionalizante. Nos últimos três anos, a Multi promoveu uma série de aquisições, provando seu otimismo com o setor. Fo-ram absorvidas as marcas Skill, People, SOS Computadores, Microlins, Bit Company, Quatrum e Yázigi (leia mais na página 28).

O empreendedor David Pinto sentiu na própria pele a dificuldade da escassez de mão de obra qualificada e resolveu fazer do limão uma limonada. Em 2010, ele fundou a Doutor Resolve, rede de franquias especializada em serviços de re-paros e reformas em imóveis. O negócio estourou e hoje são mais de 500 unidades franqueadas no Brasil inteiro. O problema é que os franqueados da marca começa-ram a reclamar da dificuldade em contra-tar profissionais preparados para atuar em suas unidades, como encanador, eletricis-ta, pedreiro e pintor.

Como bom empreendedor, Pinto de-cidiu resolver o problema criando outra franquia, o Instituto da Construção (IC), focado na qualificação profissional para o mercado da construção civil. Lançado no mercado em dezembro do ano passado, o IC fechou o primeiro semestre deste ano com 30 franquias vendidas. A meta para o ano é chegar a 60 unidades e faturar R$ 10 milhões. “Logo nos três primeiros meses tivemos 600 alunos matriculados na uni-dade de São José do Rio Preto (SP), que hoje está com 1 mil alunos”, conta Pinto. “Queremos resolver o problema da falta de mão de obra na construção civil, o se-tor que mais emprega no Brasil. A meta é 100 mil alunos em cinco anos.”

Os 12 consolidadores possuem pouco mais do que 30% do mercado, mas podem e querem chegar a 50%

Rui Fava, da Kroton: “O EaD vem crescendo em taxas muito

maiores do que o ensino presencial”

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por Ana Paula [email protected]

A gestão de diferentes marcas com a garantia de que cada uma delas tenha um posicionamento definido e portfólios de produtos complementares fazem com que o Grupo Multi Holding seja um dos grandes destaques no mercado educacio-nal do Brasil. Entre escolas de idiomas, de informática, profissionalizantes e de reforço escolar, a companhia é atualmen-te dona de dez marcas distintas, número que a consolidou como uma das maiores franqueadoras no setor de educação no mundo. Atualmente, a empresa conta com mais de 3 mil escolas franqueadas, gera mais de 45 mil empregos e atende mais de 1 milhão de alunos.

Sem nem imaginar, a própria casa do presidente Carlos Wizard Martins, fun-dador da rede que leva seu sobrenome, foi o ponto de partida para a impulsão da trajetória de sucesso do grupo. Foi lá que, depois do expediente no ano de 1987, o então funcionário de uma multi-nacional aproveitou a fluência e metodo-logia em inglês, adquirida após se formar na Universidade Brigham Young (EUA),

SEM PARARHá 25 anos Carlos Wizard dava início em sua própria casa ao grupo que hoje é líder mundial no mercado de ensino de idiomas e cursos profissionalizantes

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para começar a dar aulas de inglês a um colega de trabalho.

“O número de interessados foi au-mentando e decidi abrir a primeira es-cola Wizard, em Campinas (SP). Com o sucesso dos cursos, a estratégia inicial foi expandir o sistema de ensino através do modelo de franquia”, relembra o empre-sário. A iniciativa trouxe retorno positi-vo. Pouco a pouco, o reconhecimento do inovador método era divulgado, as matrículas aumentavam e o número de franquias da rede crescia. Em 1991, já eram 100 unidades em todo o Brasil. Atu-almente, são mais de 1,3 mil escolas, po-sicionando a Wizard Idiomas como líder no segmento de ensino de idiomas. Com a consolidação da marca, Martins então quis ir mais longe.

A transformação do negócio em um grupo de ensino foi a opção encontrada para manter a liderança no mercado de ensino de idiomas e conquistar a mesma posição no setor de ensino profissiona-lizante, mercados que atualmente cres-cem entre 20% e 25% ao ano no Brasil. Aproveitando o cenário de oportunida-de, Martins conta que percebeu que era o momento de se consolidar. “Caso con-

trário, grupos estrangeiros aproveitariam e poderíamos ficar em uma condição vul-nerável”, avalia.

Buscando atingir essa meta, gradual-mente foram sendo criadas ou adquiri-das as outras marcas que hoje compõem a holding: Alps, Planet, Skill, People, SOS Computadores, Microlins, Bit Company, Quatrum e Smartz. No desafio de admi-nistrar empresas diferentes e concorren-tes, Martins afirma que o grupo busca manter ao máximo a identidade, imagem, cultura e metodologia de cada uma. Para ele, esse diferencial é essencial para o su-cesso e a perpetuação de cada unidade de negócios. Assim, enquanto as escolas da marca Alps, adquirida em 2011, são focadas no atendimento ao público que necessita falar inglês de forma rápida, as da Skill, negociada em 2007, têm como princípio básico a excelência educacional no ensino de idiomas e a formação cultu-ral, social e profissional dos seus alunos.

Os amplos mercados em que o grupo atua são outros motivos apontados pelo executivo como primordiais para alcan-çar a liderança nos negócios. “Estima-se que apenas 2% da população brasileira efetivamente fala inglês. Mas os universi-

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IDIOMASWizard – Criada em 1987Skill – Adquirida em 2007. Atualmente, é a segunda maior rede do grupo, com 300 escolas no BrasilAlps – Criada em 2001. Focada em atender um público que necessita falar inglês de uma forma urgente Quatrum – Adquirida em 2010. Foco em ensino de inglês para o público infantil Yázigi – Adquirida em 2010

ENSINO PROFISSIONAlIzANTEPeople – Adquirida em 2008. Rede de informática pioneira na educação profissional e tecnológicaSOS Computadores – Adquirida em 2010Microlins – Adquirida em 2010Bit Company – Adquirida em 2010

REFORçO ESCOlARSmartz – Criada em 2011. Complemento escolar em português e matemática

ENSINO NO ExTERIORO Grupo Multi tem hoje 50 escolas de inglês no exterior, em oito países da América latina, Estados Unidos, Europa e Ásia.

Grupo Multi holding Carlos Wizard:

“Formar um time de profissionais talentosos é um

passo essencial, pois ninguém jamais fez

algo grande sozinho”

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cREScIMENTO cONjUNTO

Anhanguera Educacional procura atender os jovens que precisam trabalhar de dia e estudar à noite e estão em busca de profissionalização

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por Raquel [email protected]

Com foco na formação de profis-sionais qualificados para ingressar no mercado de trabalho, ofertando cursos mantidos por meio de mensalidades acessíveis a estudantes trabalhadores das classes C e D, a Anhanguera Educacional, maior grupo de ensino superior privado da América Latina, responde por cerca de 5% do mercado brasileiro de educa-ção particular. Com 400 mil alunos ma-triculados em uma rede de 73 unidades espalhadas por oito estados e Distrito Federal, a missão do grupo está voltada para a realização do projeto de vida do jovem trabalhador. E um dos desafios é oferecer formação teórica consistente atrelada à prática profissional e atender à demanda do atual mundo do trabalho.

O Brasil vem assumindo um papel de liderança no cenário mundial. E essa nova fase é marcada pelo aumento do consumo nas camadas populares e pela multiplicação de empresas e negócios. Diante deste cenário, a vice-presidente

acadêmica do Grupo Anhanguera Edu-cacional, a professora Ana Maria Sousa, destaca que o País necessita, cada vez mais, direcionar investimentos para as áreas de educação, ciência e tecnologia a fim de sustentar o seu crescimento. “A Anhanguera Educacional entende que seu papel social é contribuir para essa expansão, ampliando o acesso ao ensi-no superior e atuando na formação de profissionais qualificados para atender à crescente demanda por mão de obra es-pecializada no País”, afirma.

A professora conta que o jovem tra-balhador constitui a grande maioria dos alunos da Anhanguera que se distribuem em diferentes áreas e carreiras, como negócios, direito, educação, engenharia, saúde e tecnologia. “São alunos que tra-balham durante o dia e estudam à noite. E o Grupo Anhanguera procura promo-ver um ensino eficiente com um grau de qualidade necessário ao bom desempe-nho desses alunos em suas futuras ativi-dades profissionais”, diz Ana Maria. Ela complementa que valores, como com-petência e ética, são transmitidos para

tários já perceberam que atualmente em um cenário globalizado dominar um se-gundo idioma é essencial para uma car-reira de sucesso. Já os cursos profissio-nalizantes são uma forma rápida e viável para que o jovem ou até mesmo o adulto possa conquistar seu espaço no merca-do de trabalho. No entanto, eu não diria que substituem a graduação. Creio que são propostas diferentes para interesses e públicos distintos.”

Aumento da renda

Para este ano, a expectativa do pre-sidente é manter o nível de crescimento tanto em faturamento quanto em número de escolas. Uma das justificativas consiste no aumento da renda da população, que faz com que os indivíduos possam suprir suas necessidades básicas de consumo, como vestuário e alimentação, e tenham uma parte do orçamento destinada para investir em sua formação. “Acredito que a evolução das escolas do Grupo Multi em todo o Brasil é um reflexo do aumento dessa procura”, destaca.

Sua principal aposta, no entanto, é o setor de microfranquia. No ano passado, a multinacional lançou a rede Smartz, especializada no reforço escolar do ensi-no de português e matemática. Hoje, já são 55 unidades franqueadas em vários estados do Brasil, modelo que atende também aos interesses do pequeno in-vestidor, já que com R$ 5 mil é possível instalar sua unidade de ensino.

Para que sua história sirva de inspi-ração a outros empreendedores, Carlos Wizard Martins lançou recentemente o livro Desperte o milionário que há em você, que apresenta as sete chaves da prosperidade e descreve um passo a passo de como o indivíduo pode trans-formar um projeto comercial em um empreendimento bem-sucedido. “Certa-mente, formar um time de profissionais talentosos é um passo essencial, pois ninguém jamais fez algo grande sozinho. Todos os que venceram se uniram a men-tes brilhantes e profissionais qualificados que fizeram parte do projeto e transfor-maram um sonho individual em um so-nho coletivo.’’

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cREScIMENTO cONjUNTO

que os estudantes possam desenvolver seus projetos de vida como cidadãos conscientes de seus direitos, deveres e responsabilidades sociais.

Além do conteúdo que compõe a estrutura dos cursos, Ana Maria destaca que o empreendedorismo é estimulado nas diversas ações desenvolvidas por alu-nos e professores como, por exemplo, a Feira do Empreendedor, quando os es-tudantes têm a oportunidade de colocar em prática o aprendizado em sala de aula, criando planos de negócios e apresen-tando ideias empreendedoras voltadas ao comércio de produtos e serviços. O grupo oferece, ao todo, 155 modalidades de cursos, sendo 15 licenciaturas, 52 for-mações para tecnólogos, 47 bacharela-dos, 41 cursos sequenciais, 12 de ensino a distância e 71 de pós-graduação.

De acordo com a vice-presidente aca-dêmica do Grupo Anhanguera, a atuação da empresa está alinhada às necessidades do Brasil na área da educação. “Nos últi-mos anos o crescimento da Anhanguera, que mantém a premissa de promover a inclusão social via educação, à luz das necessidades do mercado de trabalho, tem contribuído para elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, rela-ta. Segundo ela, a empresa educacional é reconhecida pelo compromisso com o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os envolvidos no processo edu-

cacional. O Programa de Extensão Comu-nitária (PEC) é um exemplo de projeto desenvolvido pelo grupo, que propõe a interação de professores e estudantes da instituição com as comunidades onde as unidades de ensino da Anhanguera estão instaladas. Os projetos são desenvolvidos em parceria com organizações governa-mentais e não-governamentais e buscam levar as discussões sobre inúmeros temas que acontecem dentro da Anhanguera aos diferentes segmentos da sociedade. “Para os alunos, além do exercício da cidadania e a possibilidade de contribuir com a me-lhoria de vida das comunidades, o progra-ma é uma grande oportunidade para aliar conhecimento teórico à prática da profis-são escolhida”, observa Ana Maria.

Consolidação da liderança

A visão do grupo está ligada ao propósito de ser a maior instituição de ensino superior privado do Brasil, ofe-recendo aos estudantes mais acesso à educação de qualidade para inclusão e ascensão social. “Por isso, a Anhanguera Educacional precisa ser uma organiza-ção consolidada, tanto financeiramente quanto academicamente, para que sejam viabilizados programas institucionais que façam a integração entre alunos, profes-sores e comunidades do entorno das localidades onde está presente”, enfatiza

Ana Maria. E para concretizar esses obje-tivos, a Anhanguera tornou-se a primeira instituição de ensino superior da América Latina a realizar oferta pública de ações ou IPO (sigla em inglês para Initial Public Offer) no mercado de capitais.

Uma das metas da empresa é du-plicar o número de alunos até 2015 e estabelecer padrões de qualidade de educação. Boa parte do aumento no nú-mero de alunos matriculados em 2011 ocorreu com a aquisição da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), que possuía, em março, um total de 55,1 mil alunos, distribuídos em nove campi na região metropolitana de São Paulo, dois em Cascavel (PR) e um em São José (SC). A aquisição realizada envolveu cerca de R$ 510,5 milhões e permitiu a entrada da Anhanguera no Estado do Paraná e na região metropolitana de Florianópolis, avançando em sua estratégia de expan-são nacional. Com três universidades, nove centros universitários, 73 unida-des e mais de 500 polos de educação a distância, a organização procura unificar seus procedimentos para que toda a base universitária tenha o mesmo padrão educacional. Essa unificação baseia-se na implantação do currículo da Anhanguera nas instituições adquiridas e a ação tem ocorrido no prazo de quatro anos, mas a meta para 2012 e 2013 é concluir a inte-gração em dois anos, no máximo.

Um dos desafios éoferecer formação teórica consistente atrelada à prática profissional e atender à demanda no mundo do trabalho

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PREPARAçÃO PREcISAMetodologia de ensino exclusiva e individualizada de educação profissionalizante é sucesso entre estudantes e franqueados

por Mônica [email protected]

Fundamental para o desenvolvimen-to pessoal e a inovação corporativa, a educação também pode ser sinônimo de bons negócios. Que o diga o empresário paulista Rogério Gabriel, fundador da Pre-para Cursos Profissionalizantes, rede de franquias com 504 unidades em operação em todo o Brasil. Premiado com quatro selos de Excelência pela Associação Brasi-leira de Franchising (ABF), além do título de melhor franquia da área de educação segundo a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o grupo transformou-se num dos cases de maior sucesso do franchising brasileiro. Após faturar R$ 178 milhões em 2011, Rogério segue à risca um ousado plano de expansão, com o objetivo de inaugurar pelo menos 100 uni-dades por ano. “Até 2017, pretendo ter 1 mil escolas em funcionamento”, planeja o empreendedor.

Inaugurada em 2004, a Prepara Cur-sos Profissionalizantes surgiu a partir da capacidade de Rogério em se adaptar às

mudanças e novas demandas do merca-do. Formado em Análise de Sistemas pela Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, ele não demorou muito até decidir trabalhar por conta própria. “Atuei apenas dois anos como empregado e de-cidi que era hora de empreender”, orgu-lha-se. Em 1990, aos 25 anos, ele fundou a Precisão Informática, loja especializada em hardwares e softwares.

Com o segmento de informática mais restrito e a venda de computadores li-mitada às lojas especializadas, Rogério viu seu negócio prosperar a ponto de comandar dez pontos de venda no in-terior paulista. Tudo ia muito bem até o faturamento entrar em declínio em 2001, motivado pelo boom da tecnologia e a entrada das grandes redes de varejo na concorrência. “Seria impossível competir em preço com as grandes redes, até por-que em pouco tempo os computadores e periféricos tornaram-se commodities e passaram a ser vendidos em todo canto”, relembra o empresário.

Nessa época, uma das unidades da Precisão estava começando a oferecer um

serviço extra de treinamento corporativo de informática. “Esses cursos eram muito procurados, porque os clientes adqui-riam os computadores e programas, mas nem sempre sabiam como utilizá-los cor-retamente”, relata Rogério. Foi aí que ele identificou um novo nicho de mercado e a possibilidade de reinventar o negócio. “Percebi que era uma oportunidade de utilizar a tecnologia para baratear o en-sino para as escolas e, ao mesmo tempo, torná-lo mais atrativo, eficiente e acessí-vel aos alunos.”

Decidido a oferecer cursos profissio-nalizantes para jovens em busca do pri-meiro emprego, Rogério aos poucos foi focando mais na educação e menos no varejo – até a total extinção das lojas, o que aconteceu em 2004, após a abertu-ra da primeira unidade da Prepara Cur-sos Profissionalizantes, localizada em Catanduva (SP). “A aceitação do público foi ótima e abrimos dez unidades pró-prias antes de iniciar a expansão através do franchising”, conta o empreendedor, referindo-se à formatação do projeto de franquia colocado em prática em 2007.

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Para se destacar num mercado domi-nado por grandes players, Rogério desen-volveu uma metodologia de ensino exclu-siva e individualizada. “Dispomos de um aluno por computador, cada um seguindo o seu próprio ritmo e focando em obje-tivos específicos de aprendizagem”, deta-lha o empreendedor. As turmas contam com no máximo dez alunos, que seguem planos de aula personalizados e contam com uma série de facilidades, incluindo escolha de horário adequado, reposições e mudanças de horários, início imediato, acesso ao computador logo na primeira aula e a proposta de oferecer mensalida-des acessíveis para atender todos.

A metodologia aplicada pela rede prevê a apresentação do conteúdo dos cursos – sejam eles de qual área for – no formato de jogos eletrônicos. “A proposta é estimular a interatividade para que os alunos se divir-tam enquanto aprendem, fugindo daquele esquema ultrapassado de aulas 100% expo-sitivas, chatas e maçantes”, explica Rogério. Segundo ele, o resultado não poderia ser melhor: 98% dos alunos avaliam as aulas como boas ou excelentes.

Individualizado, pautado pela tecnolo-gia e de baixo custo, o modelo de ensino criado por Rogério mostrou-se um exce-lente negócio, conquistando mais de 500 franqueados em oito anos. Dos mais de 50 cursos oferecidos em diferentes áreas, o destaque fica por conta dos de tecnologia de informação, incluindo web designer, personal CAD, Excel avançado e monta-gem e manutenção de computadores,

que figuram entre os mais procurados. Há também os tradicionais cursos nas áreas de administração, vendas e atendimento, além daqueles voltados para segmentos mais específicos e em alta no mercado, como petróleo e gás, entre outros.

Motivado pelos bons resultados, em 2011 Rogério diversificou os serviços com o lançamento de uma nova bandeira, a Aprenda Idiomas, que utiliza a mesma metodologia no ensino de idiomas. Lan-çada em agosto do ano passado, a rede já tem quase 400 unidades, que funcionam dentro das escolas da Prepara no modelo store in store – ou school in school, como Rogério costuma dizer. “Isso garante uma fonte de receita extra para os franqueados e atende aos desejos dos alunos, já que os cursos de inglês sempre foram muito soli-citados”, explica o empresário, que até o ano que vem pretende oferecer também o ensino do idioma espanhol.

Os investimentos do grupo conti-nuaram em 2012. No último mês de fe-vereiro Rogério iniciou a operação da microfranquia Ensina Mais. Seguindo a metodologia consagrada da rede, a mar-

ca é especializada em aulas de reforço escolar para crianças e adolescentes do ensino infantil e fundamental. Em apenas seis meses, a bandeira já soma 69 unida-des. A meta, segundo Rogério, é encerrar o ano com 100 escolas.

Ao todo, mais de 200 mil alunos es-tão matriculados nos cursos oferecidos pelo Grupo Prepara. Para quem deseja embarcar no sucesso da rede, os preços das franquias variam de R$ 38 mil, no caso de modelos mais compactos como o Ensina Mais, a R$ 160 mil. A lucrativida-de gira em torno de 30% do faturamento mensal, com prazo de retorno estimado entre 18 e 24 meses. “É um mercado que só tende a crescer, pois a velocidade de transformação das empresas hoje é mui-to alta, exigindo capacitação e reciclagem constantes”, reflete Rogério, que foi um dos selecionados para integrar o painel internacional da Endeavor em 2012.

Mas não foi só o objetivo pessoal de prosperar como empreendedor que Rogé-rio atingiu. Através de convênios firmados com diversas instituições, o empresário re-aliza diariamente a missão de encaminhar jovens ao mercado de trabalho. Através do site www.programamaisemprego.com.br os alunos da rede podem acessar as mais de 5 mil vagas de emprego disponíveis em diferentes locais do Brasil. “Também ofe-recemos gratuitamente aos nossos alunos assessoria na hora de elaborar o currículo e dicas sobre como se comportar numa entrevista de emprego.” Tudo para que ele esteja muito bem preparado.

Individualizado, pautado pela tecnologia e de baixo custo, o modelo de ensino mostrou-se um excelente negócio

Rogério Gabriel: “Dispomos de um aluno por computador, cada um seguindo o seu próprio ritmo e focando em objetivos específicos de aprendizagem”

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A Revista Empreendedor inicia uma série sobre o desafio de se manter uma matriz energética renovável e competitiva diante do crescimento econômico, populacional e do acesso à eletricidade no Brasil

O Brasil possui a matriz energética mais re-novável do mundo industrializado com 45,3% de sua produção proveniente de

fontes como recursos hídricos, biomassa e eta-nol, além das energias eólica e solar, conforme dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento. Mas, com o crescimento econômico, populacional e também do acesso à energia, a demanda – tanto empresarial quanto residencial – tem se ampliado consideravelmente. Uma projeção da Agência Internacional de Energia (AIE) estima que até 2035 o consumo brasileiro de energia primária cresça 78%.

Além disso, é preciso diminuir os custos da energia para que as empresas tenham mais competitividade. Dados da Confederação Na-cional da Indústria (CNI) informam que, ao preço médio de R$ 330 por megawatt/hora (o triplo da taxa dos Estados Unidos e Cana-dá e o dobro da cobrada na China, Coreia do Sul e França), a tarifa de energia elétrica para a indústria no Brasil é a quarta mais cara do mundo – inferior apenas à da Itália, Turquia e República Tcheca. Para Robson Braga de An-drade, presidente da CNI, uma redução entre 10% e 15% no valor da energia elétrica é um

bom número para ajudar a recuperar a com-petitividade da indústria brasileira.

Tudo isso gerando desenvolvimento social e sem comprometer o meio ambiente, redu-zindo signifi cativamente a emissão de gases de efeito estufa. O Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáti-cas, realizada em Copenhague no ano passa-do, a COP15, se comprometeu a reduzir essas emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Atualmente o setor energético, da produção ao consumo, responde por 23% dessas emissões no Brasil, índice inferior apenas ao do desmatamento e agropecuária (70%), segundo dados do Minis-tério do Meio Ambiente (MMA).

A pergunta que fi ca é: como superar este desafi o? E ainda: que oportunidades de ne-gócio surgem deste desafi o? É o que a Revis-ta Empreendedor vai procurar responder a partir desta edição. Segundo o livro Perspecti-vas tecnológicas de energia 2012: caminhos para um sistema de energia limpa, elabo-rado pela Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em energias limpas deverão ser duplicados até 2020 para limitar a 2˚C o aumento da temperatura global em longo prazo. Os estudos do Plano Decenal de Energia 2020 indicam uma expansão média anual de 12% das fontes alternativas reno-

váveis. Essas fontes e as usinas hidrelétricas são prioridade no horizonte de planejamen-to, não havendo indicação da utilização de combustível fóssil, destaca o MME – diretriz reafi rmada pelo preço competitivo demons-trado nos últimos leilões de energia. De acor-do com Moacir Bertol, secretário adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético do ministério, a perspectiva do governo para 2020 é que a participação das fontes renová-veis evolua para 47,7%, mantendo os altos níveis de uso de hidreletricidade e, simulta-neamente, com o crescimento de biomassa, biocombustíveis e energia eólica.

As reportagens da série Energia para crescer bem mostrarão o atual panorama do setor e as perspectivas de desenvolvimento, com base nas políticas e ações do governo e tendências de mercado nacionais e mundiais. O trabalho terá como foco as vantagens so-ciais, ambientais e econômicas de cada fonte energética e destacará as empresas inovado-ras que atuam neste mercado. A primeira par-te aborda a energia eólica, fonte alternativa que mais cresce no Brasil. Nas seis edições seguintes serão analisadas a energia solar, biomassa, energia do mar e outras fontes alternativas em pesquisa, energia hidráulica, biocombustíveis e, para fi nalizar, efi ciência energética e redução do desperdício.

crescer bem

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por Cléia [email protected]

Demorou, mas fi nalmente o Brasil começa a se dobrar à geração eólica. Os bons ventos que sopram por aqui respondem por 1,39% de toda a eletricidade produzida no País. Sim, ainda é pouco, mas a quantidade de energia gerada cresce rápido. Em 2009, a participação eólica na matriz elétrica era de 0,6% e há 20 anos sequer tínhamos um aerogerador em funcionamento. Hoje são mais de 1 mil em atividade e se espera chegar a 4 mil até 2015. Estima-se que em 2020 os ventos respondam por 15% da energia pro-duzida no Brasil.

E ainda há muito espaço para crescer. O potencial eólico brasileiro é estimado em 300 gigawatts (GW ) e a capacidade instalada dos 79 parques em operação é de 1,734 GW, equivalente à metade de Jirau, hidrelétrica em construção no Rio Madeira, em Rondônia. Ou-tros 60 empreendimentos estão sendo implan-tados e vão acrescentar 1,480 GW ao sistema. A perspectiva é chegar a 2016 com 8,4 GW de potência, representando 5,4% da matriz. “Já somos a segunda fonte mais competitiva no Brasil, atrás apenas da hidráulica”, destaca El-bia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

A consolidação da geração eólica no Brasil começou em 2009, quando aconteceu o pri-meiro leilão desta fonte no País. Desde então foram realizados quatro certames e contratados 6,7 GW a preços cada vez mais competitivos. No leilão de 2009, o preço médio de venda foi de R$

148,39/MWh. No último, em 2011, o valor médio fi cou em R$ 99,54/MWh. “A inserção da energia eólica fortalece a estratégia do Ministério de Mi-nas e Energia de manutenção do alto conteúdo renovável e de diversifi cação de forma sustentá-vel da matriz elétrica brasileira”, resume Altino Ventura, secretário de Planejamento e Desen-volvimento Energético do MME.

O Global Wind Report 2011, relatório anual do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), coloca o Brasil entre os quatro países com maior crescimento do setor, atrás da China, Es-tados Unidos e Índia. O estudo, divulgado em abril deste ano, estima que, entre 2012 e 2016, a taxa média anual de crescimento da fonte eó-lica no País fi que em torno de 40%, enquanto a taxa média global prevista é de 8%. Ao fi m deste período, o Brasil deve ocupar a 10ª posição no ranking dos maiores produtores mundiais de energia gerada pelos ventos. Segundo dados do MME, em 2011 o crescimento da geração eólica foi de 24,2% em relação a 2010.

Cadeia produtiva

O cenário favorável aguça o apetite das empresas que fazem parte da cadeia produti-va do setor. Segundo sondagem realizada pela ABEEólica, a indústria de equipamentos eólicos vai disputar um mercado de R$ 10 bilhões por ano. São fabricantes de pás, transformadores, semicondutores, inversores e drives, entre eles muitas empresas estrangeiras que se instalaram no Brasil nos últimos anos. “Até 2008 tínhamos apenas um fabricante de aerogerador; hoje são

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Potencial energético dos ventos brasileiros gera cada vez mais eletricidade e oportunidades de negócio

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gigantesRenova Energia tem

mais de 1 GW de capacidade instalada

contratada em parques eólicos no Brasil, entre eles o maior complexo da América latina, no

sertão da Bahia

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11, o que representa maior competição, ganhos tecnológicos importantes e tran-quilidade para os investidores”, ressalta a presidente da ABEEólica.

O Brasil já ocupa posição de destaque nos negócios de muitos players globais do setor. É o caso da Arteche Turnkey Solutions. “O mercado eólico brasileiro gera em torno de 40% do volume de negócios da Arteche Brasil, o que representa aproximadamen-te 15% de faturamento para o grupo, em termos mundiais. Além disso, a experiên-cia adquirida no Brasil está servindo como elemento propulsor para a estratégia de in-ternacionalização da Turnkey Solutions em novos mercados potenciais da América Lati-na”, afirma a diretora comercial da empresa, Tânia Maira Aloisi de Souza.

A Turnkey Solutions conta com 30% de participação na matriz eólica instalada no País atualmente. “Já fornecemos soluções para 16 parques e estamos construindo outros cinco complexos para os principais players do mercado, totalizando 1,17 GW de potência construída e em construção”, afirma Tânia Souza. Segundo a executiva, a empresa trabalha com a expectativa de acréscimo de potência na matriz energética

brasileira de 1,5 a 2 GW por ano, nos pró-ximos 10 anos. “Avaliamos as perspectivas de expansão dos negócios relacionados ao mercado eólico brasileiro como muito pro-missoras, com geração de oportunidades em uma curva ascendente a longo prazo.”

Tânia Souza destaca ainda a rápida capacidade de inovação e adaptação das empresas que atuam na cadeia eólica brasileira às demandas apresentadas pelo mercado nacional. “Evidenciamos fabri-cantes internacionais de aerogeradores estudando modificações em suas turbinas para adequação de suas máquinas ao com-portamento de vento do Brasil e fabrican-tes de materiais e componentes desenvol-vendo pesquisas no campo da engenharia de materiais a fim de lançarem materiais mais leves e resistentes às intempéries inerentes ao setor eólico.” Um exemplo do avanço tecnológico é a altura das tor-res, que nos últimos três anos passou de 50 para 100 metros.

O potencial eólico brasileiro con-centra-se nas regiões Nordeste e Sul, com destaque para os estados do Ce-ará, Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Para a Renova Energia,

proprietária do maior complexo eólico da América Latina, localizado no interior da Bahia, a empresa é a maior prova de que a energia dos ventos é um excelente negócio. “Continuamos fazendo novos projetos. Isso significa que os resultados estão agradando aos acionistas”, destaca Rodrigo Bota, superintendente de im-plantação. “Antigamente a desconfiança era muito grande, mas as expectativas dos projetos feitos lá atrás se mostraram verídicas”, reforça o executivo.

Valorização atrativa

A Renova Energia tem mais de 1 GW de capacidade instalada contratada em parques eólicos. O volume equivale ao consumo de 2 milhões de residências. Em 2010, a empresa fez seu IPO, oferta públi-ca inicial de ações, e até hoje é a única em-presa de geração de energia renovável com ações negociadas em bolsa. Desde então, as ações da companhia tiveram uma valo-rização de 73,4%. “Nós fomos pioneiros no segmento e hoje estamos colhendo os frutos por ter acreditado na eólica como uma fonte de energia importante dentro

Elbia, presidente da ABEEólica: indústria

de equipamentos eólicos vai disputar

um mercado de R$ 10 bilhões

por ano

Tânia, da Turnkey Solutions: mercado eólico brasileiro gera em torno de 40% do volume de negócios da empresa no País

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Energia eólica no brasil

Grandes números ao vento- 1,39% é a participação da energia eólica na matriz energética brasileira- 15% é a previsão da participação até 2020- 79 parques eólicos estão em operação (1.734,52 MW)- 60 empreendimentos estão em construção (1.480 MW)- 24,2% foi o crescimento da geração eólica em 2011- 300 GW é o potencial da energia eólica no Brasil

Evolução da capacidade instalada2009 - 500 MW2012 - 1.700 MW2016* - 8 mil MW(*) Projeção

da estratégia do País de investir em fontes renováveis”, destaca Bota.

No início de julho, a Renova inaugurou no sudoeste da Bahia o Complexo Eólico Alto Sertão I. O empreendimento vai gerar 294 MW, representando um aumento de 29,4% na matriz eólica brasileira. O volume é suficiente para abastecer uma cidade de 2,16 milhões de habitantes. Foram investi-dos R$ 1,2 bilhão no complexo, formado por 14 parques e 184 aerogeradores. A energia do empreendimento foi comer-cializada no leilão de reserva de energia de 2009. Agora, a Renova parte para a construção de mais 15 parques eólicos, também na Bahia, com energia contratada nos leilões de 2010 e 2011. Seis deles, com capacidade de 163 MW, devem ser inaugu-rados em 2013; e os outros nove, com 212 MW de potência, em 2014.

No Sul do País, os investimentos na fonte eólica marcaram o retorno da Ele-trosul à geração de energia – em 1998, o parque de usinas da estatal foi totalmen-te privatizado. Desde dezembro de 2011, a empresa, do Grupo Eletrobras, opera comercialmente seu primeiro empreen-dimento eólico, localizado em Sant’Ana

do Livramento, no extremo sul do Rio Grande do Sul. O Complexo Cerro Chato tem 45 geradores e capacidade instalada de 90 MW. É o primeiro empreendimento do leilão exclusivo de eólica, realizado em 2009, a entrar em operação. “Na época, oferecemos a menor tarifa, R$ 131/MWh, considerada inexequível pelo mercado. Mostramos que era possível baixar mais ainda”, afirma Airton Silveira, assistente da Diretoria de Engenharia.

Com investimentos de R$ 1,8 bilhão, a Eletrosul está construindo mais 21 par-ques eólicos no Rio Grande do Sul, so-mando 480 MW de capacidade instalada.

São empreendimentos viabilizados no 12º Leilão de Energia Nova (A-3), realizado em agosto de 2011, e representam quase metade (44,16%) do total de energia eóli-ca contratada no certame (1.067,7 MW ). A tarifa ficou em torno de R$ 100/MWh. Os parques serão implantados em San-ta Vitória do Palmar (258 MW ), em Chuí (144 MW ) e em Sant’Ana do Livramento (78 MW ). As obras deste último já estão em andamento e devem ser entregues em janeiro de 2013. Os demais devem ser concluídos no início de 2014.

Em pouco tempo, a geração eólica no Brasil deixou de ser uma aposta no futu-ro para se tornar uma fonte de energia viável e confiável, além de um excelente investimento. Hoje é impossível ignorar essa opção num país em que o consumo de eletricidade deve quase dobrar em dez anos. Por serem inconstantes, os ventos jamais substituirão completamente ou-tras formas de geração, mas ganham um papel estratégico cada vez maior como fonte complementar no sistema elétrico brasileiro e ainda contribuem para manter limpa a matriz energética nacional. Que soprem bons ventos.

ENERGIA EléTRIcA NO bRASIl

472 mil GWh foi o consumo nacional em 2011

736 mil GWh é a previsão da demanda em 2021

4,5% é a previsão de crescimento da demanda na próxima década

Fonte: MME

leilões de energia eólicaleilão Energia contratada Preço2009 1.805,7 MW R$ 148,39/MWh2010 2.047,8 MW R$ 130,86/MWh2011 - A5* 976,5 MW R$ 105,12MWh2011 - A3** 1.067,7 MW R$ 99,58/MWh2011 - reserva 861,1 MW R$ 99,54/MWh

* Com início do fornecimento de energia cinco anos depois do leilão** Com início do fornecimento de energia três anos depois do leilão

Fonte: MME

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Um novo mercado na área de gera-ção de energia elétrica está despertando a atenção de empreendedores brasilei-ros e estrangeiros. É a microgeração de energia, uma modalidade que promete ganhar impulso com a aprovação da Re-solução Normativa nº 482, publicada em abril pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A resolução estabele-ce as condições para que o consumidor possa gerar energia a partir de fontes renováveis (eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) e trocá-las num sistema de compensação com a distribuidora local. A eletricidade gerada pelos consumidores será descontada da conta de luz e o volume excedente transformado em crédito, beneficiando famílias, condomínios e pequenas em-presas como hotéis e restaurantes.

Quem acaba de chegar ao Brasil para explorar este mercado é a belga

vOcê GERAçÃOResolução da Aneel permite que o consumidor possa gerar energia a partir de fontes renováveis e trocá-las num sistema de compensação com a distribuidora

Windeo Green Futur, líder em micro-geração eólica e solar na Europa. “Es-tamos olhando o Brasil há muito tempo e vimos a Resolução 482 como um sinal positivo do governo para a microgera-ção. Achamos que o mercado ainda não está maduro, mas decidimos apostar mesmo assim”, afirma Alexandre Bret-zner, diretor operacional da Windeo no Brasil. Ele aponta o crescimento do consumo de energia no Brasil, cerca de 5% ao ano, como um fator determinan-te para a decisão da Windeo de se esta-belecer por aqui. “É quase meia Itaipu por ano”, destaca Bretzner. “Além disso, os ventos brasileiros são muito bons. O melhor ponto na Alemanha tem poten-cial 30% inferior do que o pior ponto de vento no Brasil.”

Bretzner espera fechar o primei-ro contrato da Windeo no Brasil neste mês de setembro. A empresa, que por

enquanto vai concentrar sua atuação na Região Sudeste, investiu R$ 2,5 milhões para entrar no mercado brasileiro e tem como meta chegar ao final de 2013 com um faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Na Europa, a Windeo tem 4,5 mil clientes e, em 2011, faturou 24 milhões de euros, 140% acima de 2010. A expectativa da empresa é que aos pou-cos o governo brasileiro aumente o rol de incentivos à microgeração, permitin-do, por exemplo, a venda dos créditos de energia. “Isso aceleraria muito o retorno do investimento”, destaca Bretzner. A Windeo também defende a liberação de linhas de crédito específicas para inves-timentos em microgeração.

Quem também aguarda novos incen-tivos a este mercado é o engenheiro Luiz Cezar Pereira. Ele começou sua aposta na microgeração há 15 anos, quando a energia dos ventos ainda era vista como

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um investimento para aventureiros. Nesse cenário pouco favorável, Pereira decidiu aplicar seu capital intelectual e financeiro num negócio focado na pro-dução de aerogeradores e turbinas eó-licas. Assim nascia a Enersud, instalada em Maricá (RJ). Com um faturamento de R$ 2 milhões em 2011, a empresa tem o maior número de turbinas eólicas de pequeno porte instaladas no Brasil. “Sou otimista. A expectativa é que se repita aqui o que aconteceu em outros países – um impulso no setor e uma redução de custos com o aumento da escala”, avalia o empreendedor.

O tempo mostrou que Pereira estava mais para visionário do que aventurei-ro, apesar das dificuldades terem sido reais. “Pode-se dizer que eu vivi a pré-história da eólica, época em que estáva-mos aprendendo a lidar com uma das forças mais incontroláveis da natureza:

o vento. Não foi uma luta fácil, não”, lembra o engenheiro, curiosamente um egresso do segmento de energia fóssil. Antes de fundar a Enersud, ele traba-lhou por 35 anos como funcionário da Petrobras. A Enersud investe cerca de 30% do faturamento em inovação. A empresa também mantém parceria com mais de 30 universidades brasileiras, além de escolas técnicas, Senai e Insti-tuto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

O melhor ponto na Alemanha tem potencial 30% inferior do que o pior ponto de vento no Brasil

Pereira, da Enersud: com faturamento de R$ 2 milhões em 2011, empresa tem o maior número de turbinas eólicas de pequeno porte instaladas no Brasil

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forçasSoma de

Redes traçam diferentes estratégias para evitar a concorrência entre os diversos pontos de venda nos ambientes físicos e virtuais

por Raquel [email protected]

A popularização da internet, a qual possibilita que a maioria dos brasileiros te-nha acesso a inúmeros produtos e serviços por meio do e-commerce, está provocan-do mudanças na sistemática de mercado de alguns setores. Um deles é o franchi-sing. As redes de franquias oferecem aos franqueados diversas opções de negócios que vão desde quiosques até lojas virtuais. E muitas marcas trabalham com os dois

canais de vendas: a loja física e a virtual. E, por isso, surge a preocupação de como realizar de forma justa a contabilidade das vendas dos produtos e serviços e ainda evitar a concorrência entre os diversos pontos de venda de uma mesma marca nos dois ambientes de comercialização.

Na visão de Cris Franco, vice-presiden-te da Associação Brasileira de Franchising (ABF), os sites de vendas de produtos ajudam a divulgar a marca nos respectivos pontos de venda e contribuem para que vendam mais. A consultora do Grupo Bit-

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forçastencourt, Claudia Bittencourt, tem a mes-ma opinião. E afi rma que a maioria das franquias não tem como fugir de uma loja virtual. “A loja física e a virtual se comple-mentam. E manter o canal de e-commerce só ajuda a divulgar ainda mais a marca”, analisa Claudia. Ela comenta também que geralmente o cliente compra na loja física, mas primeiramente pesquisa o produto ou serviço desejado na loja virtual.

É exatamente esse o comportamento dos clientes da franquia Liga Retrô, es-pecializada na produção e na comercia-lização de réplicas de camisas antigas de times e seleções de futebol, além de ou-tros esportes. Marcelo Roisman, sócio da marca, explica que quando uma loja abre sua primeira unidade numa cidade, gran-de parte do público inicial dessa unidade é de clientes que conhecem a marca pelo site. “Há uma migração do cliente da loja on-line para a loja física”, constata.

Diferente da maioria das marcas, a Liga Retrô teve início somente através do site, em maio de 2006, às vésperas da Copa do Mundo na Alemanha, quando colocou à venda 20 modelos de camisas de times e seleções. O sucesso foi instantâneo e veio acompanhado do crescimento do e-com-merce no País. Roisman conta que, com

o tempo, havia muitos pedidos de uma loja física, já que o produto era novo no mercado e de vestuário – por isso muitas pessoas gostariam de sentir o tecido e ver o caimento. Diante disso, a primeira loja física foi inaugurada há cinco anos, em agosto de 2007. Na época, a marca tinha cerca de 50 modelos, mais que o dobro do início com 15 meses de vida. “No pri-meiro Natal da loja, as vendas explodiram e vimos que o crescimento da marca seria através de lojas físicas. Então começamos a procurar pontos em shoppings e não pa-ramos mais”, lembra Roisman.

E para não ter concorrência entre as próprias lojas, no ambiente físico e vir-tual, diferentes estratégias são traçadas. Os contratos de franquias realizados pela Liga Retrô, por exemplo, respeitam um determinado raio de atuação das lojas. E a venda na internet é feita somente pela franqueadora. “Há um estudo detalhado para cada cidade, delimitando onde po-demos ou não ter novas lojas para que uma não afete a outra. Não é interesse de ninguém ter duas lojas competindo entre si”, afi rma Roisman.

A Nação Verde, rede de franquias de sustentabilidade que desenvolve e comercializa produtos naturais e orgâ-

“A loja física e a virtual se complementam. E manter o e-commerce só ajuda a divulgar ainda mais a marca”, diz Claudia

Claudia Bittencourt: em geral o cliente compra na loja física,mas primeiro pesquisa na loja virtual

Marcelo Roisman e leonardo Klarnet, da liga Retrô: grande

parte do público inicial da primeira unidade em uma cidade é de clientes que

conhecem a marca pelo site

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nicos com as linhas de alimentação, beleza, pet e higienização de carro e casa, também planeja evitar a concorrência entre as lojas da marca, de-limitando as vendas de acordo com a localização dos pontos de venda. A empresa, criada em 2010 pelo empreendedor Ricardo Cruz, tem a propos-ta de estimular o hábito de consumo saudável e sustentável. O sistema e-commerce da rede foi criado recentemente. “Apostamos na loja virtual para que os franqueados pudessem diversificar a sua atuação e alavancar o faturamento da unida-de”, destaca Cruz.

O propósito da rede em integrar o e-commerce nos três modelos de franquias da marca – quios-que, loja e dealer (espaço maior) – é permitir novas possibilidades de negócios aos franquea-dos, conforme afirma Ricardo Cruz, fundador da Nação Verde. Toda a operação comercial das lojas físicas e virtuais é registrada em um software espe-cífico que realiza um cálculo e determina o valor vendido em cada loja. “Para que o empreendedor tenha total controle sobre a mercadoria vendida, o software permite gerenciar o estoque tanto da loja física quanto da on-line ao mesmo tempo.”

Segundo Cruz, a loja virtual desenvolvida pela rede é considerada segura e de fácil manuseio. Ele explica que ao finalizar a compra o produto sai do estoque do franqueado e leva cinco dias para ser entregue ao cliente, dependendo da localização. O valor do frete não é cobrado a partir de R$ 150 em compras. O modelo virtual espera movimentar cerca de 30% do faturamento da franquia, que gira em torno de R$ 50 mil por mês.

De acordo com a consultora do Grupo Bitten-court, é muito comum no mercado de franchising os franqueadores remunerarem os franqueados de acordo com as vendas realizadas na região onde o franqueado tem a preferência de atuação, inclusive as vendas na internet. Cris Franco complementa explicando que as marcas fazem uma equação para definir a distribuição e a entrega do produto no ter-ritório do franqueado, dando um percentual para esse franqueado. Mas considera que a estratégia depende de cada rede. Claudia Bittencourt afirma ainda que o melhor caminho para não ter concor-rência é a elaboração de contratos com regras bem claras para estabelecer a atuação das lojas físicas e virtuais pelas redes de franquias.

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E-commerce permite novas possibilidades de negócios aos franqueados, diz Ricardo

Ricardo Cruz, da Nação Verde: “Apostamos na

loja virtual para que os franqueados pudessem

diversificar a sua atuação e alavancar o

faturamento da unidade”

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Oferecer novas ideias, sem dúvida, agrega valor ao trabalho. Neste sentido, como a empresa pode oferecer dife-renciais para os funcionários que traba-lham com criação terem o momento de descontração para pensar fora da caixa? Quem nunca teve uma brilhante ideia sobre um problema enquanto ainda está relaxando no seu quarto ou mesmo du-rante o banho? Isso acontece comigo frequentemente, principalmente quando estou pressionado para encontrar uma solução para determinado assunto pro-fissional ou pessoal.

Quando a nossa mente é mantida sob pressão, cada ser humano tem uma determinada reação. Tem gente que cho-ra, outras pessoas ficam ansiosas e como impulso abusam dos doces e guloseimas. Há também gente que tem vontade de sumir do convívio com pessoas, enfim, cada um tem uma forma de ajustar o seu equilíbrio. Agora imagine os criativos das agências o quanto sofrem com os mo-mentos de grande pressão na busca por grandes ideias para campanhas e ações promocionais. Essa galera, no português bem claro, sofre! Tem que ter muito equi-líbrio para vivenciar essas situações.

Venho acompanhando nos últimos anos os formatos de gestão dos empreen-dedores do mercado de agência e pouco vejo falar sobre novas técnicas de admi-nistração de equipe e gestão das pessoas. O que mais escuto é que o ambiente é de grande pressão, e caso o colabora-dor não esteja feliz tem todo direito de procurar novos caminhos. Eu sou fã do ser humano e acredito que o sucesso de qualquer negócio depende da felicidade das pessoas em participar do dia a dia de uma empresa. Não acredito em locais de conflito e de baixa valorização da equipe. Sabemos que o dia a dia hoje é repleto de pressão por busca de resultados, mas temos que encontrar soluções criativas para inovar.

por Rodrigo GeammalFundador e diretor-executivo da Elos Cross Marketing – agência brasileira

pioneira no marketing de resultados de vendas, que tem o esporte e o entreteni-

mento como conteúdo estratégico. [email protected]

www.eloscrossmarketing.com.br (11) 3432-2028

Aprenda a pensar “fora da caixa”

Não adianta manter a sua equipe dentro do escritório para achar soluções. Gosto do pensamento de “ir à rua e ver de perto!”. Conversar diretamente com o

consumidor é uma prática que pode gerar novas ideias

Gosto de ideias de salas de descom-pressão inéditas e muitas vezes imple-mentadas por empresas do mundo de tecnologia. O colaborador tem a pos-sibilidade de jogar um game, disputar uma partida de totó ou pebolim, ouvir uma boa música e até mesmo desfrutar de massagens para relaxar. Dando um exemplo pessoal, eu gosto de cochilar 15 minutos após o almoço. Sou outro Rodrigo quando entra o segundo tempo! Mas nem sempre esta prática é vista com bons olhos! No Japão, por exemplo, isso é aplicado nas principais indústrias e vá-rios estudos comprovam que os resulta-dos melhoram. Outro ponto importante para ativar a criação é proporcionar mo-mentos para que possam pensar fora da caixa. Não adianta manter a sua equipe dentro do escritório para achar soluções. Gosto do pensamento de “ir à rua e ver de perto!”. Conversar diretamente com o consumidor é uma prática que pode gerar novas ideias. Visitar o cliente e entrevistar as pessoas que estão envolvi-das com determinada solução pode ser interessante também. Motivar as pesso-as a praticarem os seus hobbies: tocar em banda, jogar golfe ou soltar pipa são ações que nos levam à nossa infância, auxiliam a resgatar na memória aconte-cimentos que nos proporcionam senti-mentos felizes e importantes para o pro-cesso criativo de uma empresa e a busca por melhores resultados.

A criatividade está na simplicidade de ver o mundo. Precisamos motivar as pessoas a praticarem atitudes que as dei-xem mais felizes com a vida! Isso ajuda muito não só no processo criativo, mas

nos resultados gerais das empresas. O clima melhora e, claro, os desafios não são vistos como problema e sim como adrenalina! Como falei, sou apaixonado pelas pessoas.

As companhias precisam encarar que primeiro é necessário ter colaboradores felizes e depois alinhamos todas as ou-tras demandas. Por isso, práticas esporti-vas e o entretenimento são indústrias de grande sucesso no presente, e no futuro essa tendência tende a se manter. São ferramentas que ajudam a pensar de for-ma diferente e buscar novas inspirações para os nossos desafios.

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caminho inverso

com fermento

Enquanto muitas redes de franquias in-vestem em formatos menores, a Fantasia, especializada em produtos Disney, está fa-zendo o caminho inverso e apostando no modelo de loja. Com um ano de existên-cia, a rede começou a atuar apenas com o formato de quiosques. Hoje, são mais de 30 em 14 estados. A primeira loja deve ser inaugurada em novembro, em Mogi das Cruzes (SP). “Temos muitos franqueados pedindo uma loja Fantasia. Esta nova op-ção garante nossa consolidação no mer-

cado de franquias”, afi rma Danielle Lyra, fundadora da marca.

O modelo de loja tem investimento de R$ 300 mil. A taxa de franquia é de R$ 50 mil e a projeção de retorno é de 18 a 30 meses. O faturamento deve fi car em uma média de R$ 60 mil. A loja deve ter cerca de 45 m² e cinco funcionários. Já o forma-to quiosque custa R$ 194 mil, e a taxa é de R$ 50 mil e a projeção de retorno é de 18 meses com faturamento médio mensal de R$ 42 mil. Os quiosques têm 6 m², com

cerca de cinco funcionários por ponto. O investimento inclui instalação da unidade, estoque, treinamento e ferramentas para gestão do negócio para os dois formatos.

A rede Fantasia oferece mais de 1 mil itens que vão de R$ 3 a R$ 300, como mate-riais de papelaria, brinquedos, eletrônicos, jogos interativos, livros, bolsas, roupas, ar-tigos para a casa e cuidados pessoais. São fornecedores nacionais e internacionais licenciados, que atendem as exigências da Disney Company Brasil.

A expansão da Sodiê Doces, maior rede de franquias de bolo do Brasil, segue em ritmo acelerado. Para os pró-ximos meses, estão previstos os lança-mentos de 12 novas unidades no estado de São Paulo, além de duas lojas em Minas Gerais e uma em Mato Grosso do Sul. Primeiramente conhecida como Sensações Doces, a rede tem origem no interior paulista, na cidade de Salto,

e atua há mais de 13 anos no mercado, com mais de 90 lojas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Gros-so do Sul e no Distrito Federal.

“Estamos fortalecendo a marca em todas as regiões do Brasil. Nosso objeti-vo é ser referência ao oferecer produtos de qualidade e que atendam à expecta-tiva de cada cliente”, afi rma Cleusa da Silva, fundadora e proprietária da rede

Sodiê Doces. O grande diferen-cial da marca está no preparo ar-tesanal dos bolos de acordo com a escolha do cliente. Em 2012, pela primeira vez, a Sodiê Doces rece-beu o Selo de Excelência em Fran-chising, concedido pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) às empresas que mais se destacaram no mercado durante o ano.

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queremos comida

300 unidadesA rede de franquias Seguralta alcançou a marca de 300 unidades no Brasil. Em 2012,

a rede estreou em diversas cidades localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Cuiabá, Para-íba entre outras. Focada em oferecer seguros em diversos ramos, a Seguralta Franchising se destaca nas áreas de vida, automóveis, imóveis, profi ssionais liberais, previdência pri-vada, entre vários outros. Atualmente, a rede ocupa a nona colocação entre as franquias que mais venderam unidades em 2011. A Seguralta já está no mercado há mais de 40 anos, porém, apenas em 2008 aderiu ao franchising. A ideia partiu dos irmãos Reinaldo Zanon e Luis Gustavo Zanon, fi lhos do fundador, que visualizaram excelente oportunida-de de expansão da marca. Desde então já foram vendidas 300 franquias no Brasil.

Nova marcaNova aposta do Grupo Boticário,

a marca ‘quem disse, berenice?’, lançada em agosto, já conta com seis lojas abertas na capital paulista. A sétima unidade será inaugurada em outubro, também na cidade de São Paulo. A marca atuará no sistema de franquias e as lojas inauguradas serão operadas por franqueados da rede O Boticário que atuam na cidade. Com um portfólio de 500 produtos, ‘quem disse, berenice?’ também atuará com e-commerce a partir de setem-bro. “Com ‘quem disse, berenice?’ reforçaremos ainda mais a atuação do Grupo Boticário nos segmentos de perfumaria e cosméticos e nos consolidamos como um dos principais players do mercado. Atenderemos um perfi l de consumidora que não focamos com O Boticário e nem com Eudora”, explica o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum.

As lojas de ‘quem disse, berenice?’ vão operar em um sistema de autos-serviço. Elas foram projetadas para que as consumidoras se sintam livres para experimentar todos os produtos, con-tando com a ajuda de uma consultora quando necessário. O e-commerce vai simular a experiência de compra de uma loja física, trazendo em um só lugar conteúdo e produtos de forma integrada. O portal quemdisseberenice.com.br foi planejado para se adaptar ao histórico de navegação da consumi-dora, oferecendo conteúdo, produtos e ofertas de acordo com o perfi l de quem acessa. Também foi comple-mentado com a presença expressiva nas principais redes sociais, sendo Facebook e Twitter as mais relevantes.

O nome ‘quem disse, berenice?’ foi escolhido após um estudo de marca com a agência Santa Clara e pesquisas com consumidoras. O logo retrata uma boca com formato de coração, em alusão a ser uma marca que fala o que sente, verdadeira com o que acredita. Sua proposta de valor também refl ete-se em ser um nome em português, com cara de bordão, fácil de entender e de lembrar.

O faturamento das redes de franquias do setor de food service cresceu 17% em 2011 e alcançou o total de R$ 7,3 bilhões. O volume corresponde a 50,31% do fatu-ramento do setor em geral. A expectativa para 2012 é ainda maior. “Espera-se 27% de crescimento em relação a 2011. As ba-ses deste otimismo estão na abertura de novas lojas e em um segundo semestre mais ativo que o primeiro”, afi rma João Baptista Jr, coordenador do Grupo Seto-rial de Redes de Alimentação da ABF. “O número de lojas deverá crescer cerca de 25% em 2012. Já em 2014, a previsão é de que tenhamos 75% mais lojas do que em 2011”, completa.

Os dados constam da pesquisa Panora-ma Global das Franquias do Setor de Food Service, divulgada no último mês pela As-sociação Brasileira de Franchising (ABF) e ECD, consultoria especializada em food service. O objetivo do estudo é levantar

informações sobre as redes de alimenta-ção, suas tendências, inovações e revelar a importância do segmento. A amostra teve a participação de 40 marcas que agregou 3.181 unidades de franquia, que repre-sentam 32% das que operam no mercado. “O setor de alimentação é muito impor-tante dentro do franchising brasileiro. É o segmento que possui o maior número de associados à ABF, o que tem a maior quantidade de unidades e, sem dúvidas, o que mais gera empregos”, afi rma Ricardo Bomeny, presidente da ABF.

Foram analisados seis segmentos presentes no setor de redes de alimenta-ção: comida asiática (10%), pizza/massas (12%), comida variada (45%); doceria (7%); snack/cafeteria (13%) e sanduíches (13%). “Dentre as 40 redes entrevistadas, o segmento de comida variada/grelhados/outros, representa quase metade da amos-tra”, explica Baptista.

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Pedra geladaA Cold Stone Creamery, multinacional ameri-

cana de sorvetes com mais de 1,9 mil lojas ao redor do mundo, inaugurou em agosto, em Curitiba, sua primeira loja no Brasil. Os sócios Leonardo Ribas Gomes, Joaquin Fernandez Presas, Rita Ribeiro e Benedito Gonçalves investiram cerca de US$ 2 mi-lhões para trazer a marca para o País. A expecta-tiva é abrir 30 unidades nos próximos quatro anos. Uma loja modelo será inaugurada em São Paulo até março de 2013.

A rede aposta no produto como o grande diferencial: um sorvete Super Pre-mium (classifi cação da americana FDA – Food and Drug Administration), elaborado a partir de matéria-prima selecionada e que pode ser customizado a partir de dezenas de ingredientes (mix-ins) escolhidos pelo cliente e misturados sobre uma pedra gelada. Daí o nome ‘Cold Stone’. Segundo a marca, é possí-vel fazer 11 milhões de combinações.

Além de sorvetes, bolos gelados, frozen yo-gurts, smoothies e milk-shakes de receita pró-pria, são encontradas na loja opções de salgados e um menu de cafés Cold Stone, composto de bebidas quentes e frapês – os Frap’Stones, novi-dades para o Brasil que completam o cardápio.

A Cold Stone Creamery, multinacional ameri-cana de sorvetes com mais de 1,9 mil lojas ao redor do mundo, inaugurou em agosto, em Curitiba, sua primeira loja no Brasil. Os sócios Leonardo Ribas Gomes, Joaquin Fernandez Presas, Rita Ribeiro e Benedito Gonçalves investiram cerca de US$ 2 mi-lhões para trazer a marca para o País. A expecta-tiva é abrir 30 unidades nos próximos quatro anos. Uma loja modelo será inaugurada em

A rede aposta no produto como o grande diferencial: um sorvete Super Pre-mium (classifi cação da americana FDA – Food and Drug Administration), elaborado a partir de matéria-prima selecionada e que pode ser customizado a partir de dezenas de ingredientes (mix-ins) escolhidos pelo cliente e misturados sobre uma pedra gelada. Daí o nome ‘Cold Stone’. Segundo a marca, é possí-

Além de sorvetes, bolos gelados, frozen yo-gurts, smoothies e milk-shakes de receita pró-pria, são encontradas na loja opções de salgados e um menu de cafés Cold Stone, composto de bebidas quentes e frapês – os Frap’Stones, novi-dades para o Brasil que completam o cardápio.

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Aposta certeiraHá 27 anos no mercado, com dis-

tribuição em mais de 70 lojas multi-marcas, a Diletto, marca gaúcha de colchões, está investindo no segmento de franquias para expandir sua atuação. “O projeto inicial era de 30 lojas, mas pelo andamento acreditamos que esse número poderá ser facilmente ultra-passado”, afirma Alexandre Simionato, diretor comercial da Diletto. As primei-ras unidades foram abertas em 2010, em Porto Alegre, e serviram como labo-ratório para o projeto de franchising. Hoje são 15 lojas, todas no Rio Grande do Sul, foco inicial da rede.

Simionato explica que o objetivo da Diletto com o franchising é criar um modelo próprio de comercialização dos produtos da marca. “Nas franquias dis-ponibilizamos um mix mais apurado, equipe treinada e preparada para o aten-dimento, uma forte identidade visual do ponto de venda e baixo investimento. O grande objetivo do projeto é disponibi-lizar uma grande rede de distribuição com baixo custo e estar próximo do consumidor final”, destaca.

Design do anoA Associação Brasileira de Franchising

(ABF) anunciou no fim de agosto os vencedores do 3º Prêmio de Design ABF, uma parceria com o Retail Design Institute (RDI). A principal premiação – Design do Ano – ficou com a rede Bob’s. A franqueadora utilizou o design para transformar seu ponto de venda em um ambiente aberto, arejado, transparente e integrado com as características locais.

O prêmio tem como objetivo reconhecer os projetos de design que contribuem para elevar a experiência de compra dos consumidores, a conquista de mercado e a melhoria de desempenho da rede, além de estimular o uso do design como ferramenta estratégica de negócio. Neste ano, 16 empresas concorreram à premiação. Confira os vencedores por categoria:4Design do Ano – Bob’s4Loja Pleno – Timberland (1º lugar) e Start Point (2º lugar)(a categoria engloba as redes com 10 ou mais franqueados e com no mínimo três anos de atuação)4Loja Sênior – Scala (1º lugar) e Morana (2º lugar)(redes com 30 ou mais franqueados e com no mínimo cinco anos de atividade)4Loja Máster – Bob’s (1º lugar) e Água Doce Sabores do Brasil (2º lugar)(redes franqueadoras com 60 ou mais franqueados e com no mínimo dez anos de atividade)4Quiosque – Nutty Bavarian4Menção Honrosa Pop Store – Chilli Beans4Design Sustentável – Bob’s4Inovação do Ano – Jelly

100% baixo carbonoA Associação Franquia Sustentável (Afras) re-

conheceu a Quatrum, rede de escolas de ensino de idiomas com foco em crianças e adolescentes, como a primeira franqueadora a ter 100% de ade-são dos franqueados ao projeto Franchising de Baixo Carbono. O programa tem como objetivo reduzir e compensar os gases causadores do efei-to estufa (GEEs).

Entre as ações que foram adotadas pelos franqueados estão o uso de álcool nos veículos, coleta seletiva, utilização de lâmpadas econômi-cas, uso de fogão elétrico e a conscientização dos alunos em sala de aula. “A ideia foi rapida-mente adotada pela franqueadora e franquea-dos da Quatrum, o que mostra a preocupação da rede em desenvolver ações que favoreçam o meio ambiente”, afirma Claudio Tieghi, presi-dente da Afras.

Para o diretor de Operações da Quatrum, Claudio Arantes, o reconhecimento da Afras re-força o pioneirismo da escola, que conta com um método inovador para o ensino de idiomas para crianças. “A Quatrum tem um forte trabalho junto ao público infantil e tem a consciência de seu papel na educação dos alunos. Esse reconhe-cimento é uma conquista para nós”, diz.

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De olho nas

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oportunidades

Paulo Macedo e Ana Frony, fundadores da

Flash! Idiomas

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por Mônica Pupo [email protected]

Engenheiro elétrico por formação, o carioca Paulo Macedo começou sua carrei-ra no segmento de escola de idiomas em meados da década de 1980, como profes-sor da tradicional rede Brasas. Foi ali que conheceu e se apaixonou por Ana Frony, então sua aluna, e hoje esposa e sócia. Juntos criaram a Flash! Idiomas, empre-sa especializada no ensino de idiomas e prestação de serviços de tradução técnica, jurídica e juramentada. Há duas décadas no mercado, a companhia passou de um faturamento anual de menos de R$ 60 mil, em 1994, para mais de R$ 3,5 milhões no ano passado. Para 2012, as metas são ain-da mais ambiciosas, com a expectativa de faturar pelo menos R$ 5 milhões.

No início, o trabalho como professor de inglês servia apenas para garantir uma renda extra durante os tempos em que Paulo cursava Engenharia Elétrica na Uni-versidade Católica de Petrópolis (UCP). Mas quando chegou a hora de optar por uma das carreiras, a paixão pelo ensi-no de idiomas falou mais alto. Em 1985, com duas promissoras oportunidades de emprego na mão – sendo uma delas na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e, a outra, no banco Itaú – Ma-cedo não titubeou ao optar pelo ofício de professor. “Sempre gostei muito de estudar inglês e tenho certeza que foi esse o segredo do sucesso, pois se dedicar ao que se tem paixão é muito mais empol-gante”, diz o empresário.

No mesmo ano em que ele e Ana se casaram, em 1991, surgiu a chance de comprar uma escola de idiomas em par-ceria com mais três amigos, todos profes-sores de inglês no Brasas. “Era uma escola

Capacidade de superar contratempos e visão de negócios de Paulo levou a Flash! Idiomas a um faturamento na casa dos milhões

Paulo MacedoEmpresa: Flash! IdiomasIdade: 52 anosFormação: Engenheiro elétrico, professor de inglês e tradutor juramentadoData de fundação: 1991Ramo: Ensino de idiomas e tradução Sede: Rio de JaneiroFaturamento: R$ 3,5 milhões (2011)

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que já estava em funcionamento, chamada American Idiomas, localizada em duas sa-las alugadas num prédio comercial na Ilha do Governador”, detalha o empresário, que tinha 31 anos na época.

Após mudar o nome para Flash! Idio-mas e reformular toda a metodologia de ensino e a gestão do negócio, os sócios tiveram pela frente o desafio de ganhar a confiança dos quase 60 alunos herdados da antiga escola – o que não foi nada fácil, segundo o empreendedor. Um dos contra-tempos que surgiu referia-se ao aumento da mensalidade, ocasionando uma inevi-tável polêmica. “Com a reestruturação au-mentaram os custos e precisamos subir o preço, até porque o valor praticado pelos ex-proprietários estava muito abaixo do mercado, comprometendo a qualidade do ensino e das instalações”, explica Macedo. Para agradar a todos, a saída foi oferecer um desconto generoso para os alunos que já estavam matriculados, de quase 90%. Ainda assim, menos da metade permane-ceu na nova escola. “O pessoal debandou, sobraram pouco mais de 20 pessoas das 60 iniciais”, relembra o empresário.

Para completar, os planos de Macedo de continuar trabalhando paralelamente como professor do Brasas foram por água abaixo. Assim que a direção da rede desco-

briu que ele e a esposa haviam se tornado proprietários de uma escola de inglês – e, portanto, concorrentes – o casal foi suma-riamente demitido. “Tínhamos acabado de nos casar e não estávamos preparados para isso, mas hoje vejo que foi a melhor coisa que nos aconteceu: se não tivésse-mos sido demitidos e continuássemos to-cando a empresa apenas nas horas vagas, provavelmente teríamos ido à falência em pouco tempo”, reflete o empresário, que também ministrava aulas de inglês na Cul-tura Inglesa, de onde também foi demiti-do no ano seguinte, em 1992.

Para atrair novos alunos, Macedo in-vestiu pesado em publicidade, valendo-se da sua própria imagem e da dos sócios para promover a escola. “Como éramos professores dos melhores cursos do Rio de Janeiro, muita gente nos reconhecia pelas fotos ou pelo nome, o que foi fun-damental para ganhar credibilidade nesse período em que éramos apenas um cursi-nho de bairro”, conta o empresário que, na companhia da esposa, assumiu a tota-lidade da empresa em 1997 após a saída dos sócios, que abriram outra escola de idiomas na Ilha do Fundão.

A fase “cursinho de bairro”, como costuma dizer Macedo, durou quase uma década. Até que, em 1999, o empreende-

Alunos podem montar seus horários, individualmente ou em grupo, e optar

por aulas na sede da Flash!, no Centro do Rio, na própria empresa, por

telefone ou em suas residências

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dor – que se considera, acima de tudo, um “eterno professor de inglês” – obte-ve autorização para atuar como tradutor juramentado, o que alavancou de vez os negócios da empresa. “Foi um divisor de águas na minha carreira e nos rumos da Flash!, pois nos especializamos em prestar serviços de tradução juramen-tada para empresas de petróleo e gás, incluindo a Petrobras e diversas outras companhias.” Hoje a empresa conta com uma equipe de 12 tradutores juramen-tados, além de mais de 100 profissionais que atuam no regime de freelancer em projetos de tradução técnica.

Com a mudança da companhia para o Centro do Rio de Janeiro, em 2001, a Flash! Idiomas focou ainda mais no atendimento ao público corporativo – com ênfase nos cursos in company – e nos serviços de tradução técnica e juramentada, que atu-almente correspondem a 80% da receita. Entre os cursos oferecidos estão o de Por-tuguês para Estrangeiros, Inglês, Francês, Espanhol e Curso de Formação de Traduto-res. Atualmente a escola soma 130 alunos.

Segundo Macedo, o diferencial da área de ensino está no atendimento exclusivo aos alunos, que podem montar seus ho-rários da maneira mais conveniente pos-sível, individualmente ou em grupo, e

optar por aulas na sede da Flash! – que foi transferida em 2010 para um andar inteiro no Centro do Rio de Janeiro – ou então na própria empresa, por telefone e até mesmo em suas residências. “O material utilizado em nossos cursos é totalmente personalizado. Muitas pessoas nos procu-ram querendo treinamentos rápidos para uma prova, uma entrevista, viagem ou intercâmbio que vão fazer. Então, desen-volvemos um programa em cima daquela situação específica”, explica.

A empresa também mantém uma car-teira com mais de 200 clientes, incluindo contratos para atender funcionários de grandes grupos como Statoil, Aalborg In-dustries, Modec, Vale, Stefanini, Fiocruz, Multirio, Petroclean, Hidroclean, Rolls Royce do Brasil, Odebrecht Óleo e Gás, Techint, Queiroz Galvão e Van Oord, sen-do a maioria no setor de petróleo e gás.

“Nossa primeira empresa parceira foi a antiga Telerj, hoje Oi. A partir daí, nosso curso foi ficando conhecido pelo boca a boca dos funcionários e não paramos mais de crescer”, orgulha-se Macedo.

Em 2011, a Flash! Idiomas venceu uma licitação do Ministério da Defesa e do Conselho Internacional de Esportes Militares (CISM) para realizar a tradução de todos os documentos, textos e releases do 5º CISM – Jogos Mundiais Militares. O evento, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 24 de julho, contou com a presença de mais de 5 mil atletas milita-res de todo o mundo. “Foi o maior evento que já fizemos e foi determinante para o excelente resultado que tivemos no ano passado. Trabalhamos com 80 intérpretes em diversos idiomas, além do pessoal de apoio”, comemora Macedo.

A participação em grandes eventos, com destaque para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, é a grande aposta do empresário para manter o rit-mo de crescimento que tem sido de quase 100% ao ano. “Estou muito otimista com o futuro, pois já comprovamos nossa capa-cidade em trabalhar neste tipo de evento e teremos muito a contribuir – e a lucrar – nessas ocasiões, que prometem movi-mentar o mercado carioca.”

Participação em grandes eventos é a aposta de Paulo para manter crescimento de quase 100% ao ano

Empresa conta com uma equipe de 12 tradutores juramentados, além de mais de 100 profissionais freelancer em projetos de tradução técnica

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P R O D U T O S E S E R v I ç O S

Impressão agilizada

A Lexmark International, Inc. (NYSE: LXK), empresa que oferece produtos para impressão de imagens, software, soluções e serviços para ajudar empresas de todos os tamanhos a imprimir menos e economizar mais, lançou o Lexmark Scan to Hard Disk, um aplicativo que permite digitalizar rapida-mente documentos e formulários utilizados com frequência, armazenando-os diretamen-te no disco rígido da multifuncional Lexmark para imprimi-los sob demanda.

Além de armazenar os documentos no dis-co rígido, o usuário pode guardar em pastas públicas ou privadas, visualizar os documentos em miniaturas e mover, renomear ou excluir. Também é possível criar pastas para classifi car os documentos, protegendo-os com senhas.

A ferramenta é ideal para ambientes como lojas de varejo, entidades do governo e em-presas que oferecem serviços de saúde como clínicas e hospitais. O Lexmark Scan to Hard Disk recupera documentos e formulários sal-vos no dispositivo multifuncional com rapidez para imprimi-los instantaneamente sob de-manda, economizando tempo e dinheiro ao reduzir o desperdício de papel, pois só impri-me as cópias necessárias. www.lexmark.com

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Rastreamento russoLíder na Rússia em soluções de rastreamento e monitoramento de

veículos por satélite, a Russian Navigation Technologies (RNT) começou a atuar no mercado nacional. “Oferecemos aos interessados um mês de uso gratuito do sistema de rastreamento e do software de gestão. Assim, os clientes conseguem identifi car melhor as maiores demandas na gestão de suas frotas e o quanto o sistema pode ajudar”, enfatiza Serge Demidov, CEO da MoveTracker Brasil. Os terminais da MoveTracker são baseados nos sistemas de localização por satélite russo Glonass, recém-lançado no Brasil, e norte-americano GPS, podendo funcionar com os dois ao mes-mo tempo. Além disso, a empresa é uma integradora do ciclo completo, pois produz equipamentos e desenvolve softwares, podendo atender qualquer demanda, desenvolvendo soluções personalizadas com total garantia para o sistema. www.movetracker.com.br

clube de fãsIntegrar os mundos on-line e offl -ine. Este é um dos grandes desafi os das

empresas nos dias de hoje e quem souber explorar esta integração sairá na frente. Percebendo essa oportunidade, a Gaudium – especializada em desen-volvimento de aplicativos para iPad, iPhone, Android e Web – criou o app Get-Likes, que permite à empresa ou à marca aumentar o número de fãs em sua página no Facebook. Mas não se trata de qualquer fã. Quem curte é o cliente mais especial: o consumidor que já compra o produto da marca.

O GetLikes funciona da seguinte forma: ele é instalado em um iPad, que fi ca disponível na loja ou em um evento, por exemplo. Ali mesmo, o cliente pode virar fã da marca em apenas três passos: tocar em “curtir”, inserir seu e-mail e senha – com segurança garantida – e dar ok. Auto-maticamente sua curtida é enviada à página da empresa e o cliente passa a receber as informações de sua marca preferida. A expectativa é chegar, nos três primeiros meses, a até 10 mil aplicativos GetLikes instalados.

“Como o desafi o de muitas empresas é estreitar esse dois mundos – on e offl ine – o objetivo do GetLikes é justamente aumentar a base de fãs que já são consumidores efetivos da marca. Com isso, ações de marketing como promoções e lançamentos, por exemplo, poderão ter retorno mais efi ciente, pois atingirão o público que já se identifi ca com a empresa”, explica Bruno Muniz, sócio-executivo da Gaudium.

O lançamento do aplicativo, cuja versão básica será gratuita, está pre-visto para a primeira quinzena de setembro, mas os interessados já po-dem fazer um pré-cadastro no site www.getlikes.com.br para receber, em primeira mão, a data em que ele estará disponível.

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logística apuradaEm sincronia com o crescimento econô-

mico do País, alguns produtos chegam ao mer-cado da construção civil para melhorar a carga e descarga nas empresas e, ainda, contribuin-do para a redução de gastos com manutenção predial. Esse é o caso dos produtos “porta seccional” e “nivelador de carga”, da Hörmann Brasil, que trabalham em conjunto em galpões logísticos. As portas seccionais, muito utiliza-das na Europa, possuem a vantagem de utilizar pouco espaço nas edificações, trabalhar com alto grau de vedação acústica e térmica e, por seu conceito inteligente, resultar em gasto mí-nimo com manutenção ao longo do tempo.

Com painel duplo de aço preenchido com poliuretano ecologicamente correto, a porta seccional possui guias laterais que acomodam os painéis na parte superior do vão, deixan-do-o totalmente aproveitável para a passagem. Possuem diversas opções de cores, visores e níveis de automação, podendo inclusive ser operadas por uma central de controle ele-trônico, se necessário. Quanto às dimensões, podem ser produzidas com até 8 metros de largura e 7 metros de altura, atendendo à ne-

cessidade da grande parte das edificações in-dustriais. Mecanicamente, resistem a pressões de vento de até 120 quilômetros por hora.

Segundo o diretor da Hörmann Brasil, o engenheiro Flávio S. G. Pinto, a Norma Euro-peia EN13241-1 regula os itens de série que devem constar na segurança da porta, evitan-do riscos de acidente durante o manuseio. Os principais dispositivos garantem a imobi-lização imediata da porta em caso de quebra de algum componente estrutural.

Já o nivelador de carga, ainda pouco empregado no Brasil, é um equipamento es-sencial para distribuir produtos com rapidez. “De nada adianta aumentar vendas e produ-ção se, por falta de uma rampa automática de nivelamento entre carroceria e piso da edifi-cação, a carga não embarcar rápido nos cami-nhões que levarão os produtos ao destino”, explica o diretor da Hörmann Brasil.

Produzidos sob a Norma Europeia EN 1398, os niveladores de carga são constitu-ídos de mecanismo acionado por cilindros hidráulicos que movimentam uma platafor-ma de aço, funcionando como rampa de pas-

sagem entre edificação e veículo. Possuem capacidade dinâmica de carregamento entre 6 e 18 toneladas. “Podem ser encontrados com pestanas basculantes ou telescópicas. As pestanas funcionam como extensões da plataforma, acomodando-se na superfície da carroceria perfeitamente, evitando solavan-cos na passagem da empilhadeira”, detalha Flávio Pinto. Niveladores acionados por dois cilindros hidráulicos (ao invés de um apenas) proporcionam uma vida útil muito maior ao equipamento, além de ser mais estável ao operar (evitando riscos aos operadores).

Segundo o engenheiro, para um projeto de porta seccional, a especificação começa com a análise do espaço interno da edifi-cação. Conforme o tipo de construção, um modelo de guia específica. Para o nivelador de carga, o projeto deve basicamente ser especificado a partir das necessidades da operação que ele vai atender, devendo ser levadas em consideração as características da carga (peso, dimensões, frequência de uso, agressividade do ambiente aos componen-tes, entre outras). www.hormann.net.br

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Primeira pergunta: quem é o clien-te? Uma pessoa como nós, como nossos parentes, vizinhos, amigos. Bem, uma pessoa. Então vamos mudar de Relacio-namento com o Cliente para Relaciona-mento com as Pessoas. Perceba que uma das grandes habilidades das pessoas que se relacionam bem é a espontaneidade. Veja também que para exercer um rela-cionamento capaz de gerar frutos exis-tem vários pilares elementares.

Gostar de pessoas é um dos requisi-tos. As pessoas que gostam de pessoas são muito pouco julgadoras e procuram entendê-las da maneira que são, pois todos nós, em situações diferentes, aca-bamos expondo os pontos positivos e negativos. Normalmente, quando entre-visto candidatos, peço para colocar três pontos positivos e três negativos sobre si mesmos. Costumo pedir primeiro os po-sitivos, que saem com enorme facilidade e rapidez. Logo após, peço os negativos. Aí começam os pensamentos, as confu-sões, os famosos “veja bem”. Muitas ve-zes, passam-se mais de cinco minutos e nem o primeiro ponto negativo sai. Esse comportamento é comum, pois as pes-soas, principalmente os jovens, pouco se avaliam. Se eu perguntar a um amigo des-sas pessoas os pontos negativos, sairão aos montes e rapidamente! Isso mostra o quanto julgamos e o quão pouco nos avaliamos de verdade.

É preciso, sempre, avaliar com ante-cedência as necessidades esperadas das pessoas, pois características não são defei-tos. Por exemplo, no geral gostamos mais de pessoas que ouvem àquelas que falam, pessoas sorridentes às soturnas, pessoas estáveis às alteradas, mas sabemos que

Relacionar-se é o ato de promover permissões sem julgamento. É avaliar os seus defeitos com mais precisão que o outro e entender os anseios do seu interlocutor antes mesmo que ele se manifeste

Relacionamento com cliente e com pessoas

está longe do nosso alcance sermos da maneira que gostaríamos. Sendo assim, a habilidade de nos esforçar para compre-ender mais as pessoas é fundamental.

Muitas vezes acabamos deixando de conhecer pessoas fantásticas por precon-ceito relacionado a características muito pequenas. Conheço algumas pessoas fan-tásticas das quais nunca consegui enxer-gar os dentes em um sorriso. Há também pessoas com um grande coração que não conseguem sequer olhar nos olhos, ta-manha a submissão (não vamos confun-dir humildade com submissão).

O que quero colocar para todos é que comecem a permitir que pessoas com ca-racterísticas específicas que lhe desagra-dam possam se aproximar sem barreiras. É imprescindível deixar os julgamentos precoces de lado, mesmo que momenta-neamente, pois também estamos sendo julgados por outras pessoas.

Relacionar-se é o ato de promover permissões sem julgamento. É buscar a compreensão das características. É ava-liar os seus defeitos com mais precisão que o outro e entender os anseios do seu interlocutor antes mesmo que ele se manifeste. É através do relacionamento que se faz a construção do conhecimen-to e que se torna possível a realização de sonhos, sejam eles profissionais ou pessoais. É importante entender que um ser sozinho, isolado, pode dar alguns passos rumo a um objetivo predefini-do, porém, em determinado momento dessa caminhada, por essa pessoa não saber estabelecer relações, seu objetivo ficará cada vez mais distante e todo o esforço realizado terá sido em vão.

No mundo dos negócios essa pre-

missa é bastante verdadeira. O que seria das empresas e dos consumidores sem o estabelecimento de uma relação? Quan-do a empresa X deixa de ouvir dúvidas, anseios, reclamações, pedidos ou dicas oferecidos pelo seu público, acontece a quebra de confiança na relação estabe-lecida – por exemplo, no momento da aquisição de um produto determinado ou da prestação de um serviço. Costu-mo dizer que é no momento da apre-sentação de uma reclamação, da troca de um produto – seja qual for o motivo – ou quando o cliente se mostra insa-tisfeito com um fato determinado é que temos que demonstrar maior empenho para reverter a situação e fazer com que essa pessoa se sinta satisfeita por ter re-corrido a nós. É nesse momento que pro-vamos ao cliente sua importância para a empresa e, finalmente, reconstituímos as bases de uma relação de confiança possi-velmente abalada.

E M P R E E N D E D O R I S M O j á . c O M f O c O

por Marcelo PonzoniPublicitário e diretor-executivo da

agência Rae,MP, que atua há 23 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria

uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 – [email protected]

www.raemp.com.br

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code – o cliente pode baixar um app no smart phone e registrar o local onde dei-xou o carro e não precisar da própria memória para encontrá-lo na volta.

As comodidades não param por aí. Enquanto você faz compras num oásis de luxo (leia-se shoppings de alto luxo), você pode desfrutar o contato com a natureza com paisagismo estrategicamente posi-cionado na arquitetura. Ainda que esses espaços não estivessem “recheados” de tentações de consumo, valeriam o passeio pela arquitetura, só para ver a expressão do novo luxo, que em nada se parece com os palácios de Versalhes nem na carga de informação, muito menos na proporção de dourados ou rebuscamento.

Mas Paris continua sendo grande refe-rência, não só em espaços arquitetônicos mas em moda, em gastronomia... e ne-nhuma “invasão do luxo” seria completa se não se pudesse degustar iguarias como se estivesse na Champs-Élysées. A chegada da famosa pâtisserie francesa Ladurée, com seus macarons diretamente importados da França, consolida o luxo no chá da tarde.

Luxo também é poder ir a um cinema 4DS que, além da conhecida tridimen-sionalidade do 3D, promete experiências com estímulos sensoriais.

Sensação é uma palavra muito impor-tante para construir espaços e marcas de luxo. A famosa experiência de compra as-sume proporção elevadíssima. Cada deta-lhe conta, desde o tamanho da vaga onde o cliente poderá parar sua Ferrari até a no-ção de quanto exclusivo é o produto e o

Tudo o que está em volta do produto afeta a percepção sobre o mesmo – isto é merchandising. Saber alinhar todas essas percepções e estímulos é fazer comunicação estratégica para construir marcas, sejam elas de luxo ou não

A invasão do luxoA expressão “invasão do luxo” tem

sido utilizada pela imprensa para descre-ver o desembarque crescente de marcas de luxo globais na capital paulistana. Com a recente inauguração de mais um shop-ping de alto luxo, chegaram por aqui mar-cas consagradas mundialmente que defi-nitivamente carimbaram nosso passaporte na rota internacional da classe “triple A”, ou seja, o topo da classe A.

Esses empreendimentos de luxo são verdadeiros oásis na metrópole. Espa-ços que unem comodidades de tecno-logia, tais como estacionamentos com sinais luminosos que indicam a direção que você deve ir para encontrar vagas, ao invés de deixar o cliente rodando em vão com o carro até encontrar uma vaga ou se irritar e desistir. Outra no-vidade no quesito “conforto para esta-cionamentos” é o mapeamento por QR

Por Kátia BelloKátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e

sócia-diretora da Opus Design. [email protected]

b A N h O D E lO j A

quanto ele é valorizado como pessoa e as reverências que o atendente pode fazer.

Lojas de alto luxo entendem bem disso, da necessidade da abordagem ter um padrão de excelência do começo ao fim. Desde a aparência das vendedoras, a maneira como elas se comunicam ou gesticulam, até a maneira como o pro-duto está exposto tem que estar alinha-do com a proposta da marca. Tudo o que está em volta do produto afeta a percepção sobre o mesmo – isto é mer-chandising. Saber alinhar todas essas percepções e estímulos é fazer comu-nicação estratégica para construir mar-cas, sejam elas de luxo ou não.

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como convencer alguém em 90 segundosNicholas BoothmanUniverso dos livros – R$ 29,90

Estabelecer confiança e respeito é fun-damental na hora de fechar um negócio, seja ele qual for. Para auxiliar os empreendedo-res nesse processo, a obra ajuda a identifi-car diferentes perfis de interlocutores com o objetivo de aprimorar a comunicação na vida profissional e pessoal. O autor parte do princípio de que os primeiros 90 segundos de qualquer encontro não são apenas um momento para causar uma boa impressão, mas representam instantes preciosos para estabelecer conexão com a pessoa que está à sua frente. Apresenta ainda exercícios que utilizam todas as ferramentas do seu corpo – rosto, mãos, movimentos das pernas, além de atitude e voz juntamente com pa-lavras e estilos linguísticos – para motivar e influenciar alguém.

l E I T U R A

Especializado em finanças pessoais, o consultor Gustavo Cerbasi utiliza a meto-dologia dos jogos de lógica para ajudar os leitores a treinar a mente e identificar opor-tunidades de ganhos financeiros e possíveis riscos na hora de empreender. Através de desafios ao raciocínio, o autor pretende es-timular o pensamento numérico, criativo, tático e estratégico, áreas fundamentais na hora de detectar um problema e suas solu-ções. Os exercícios incluem a simulação de situações distintas em que é possível aferir a criatividade e a capacidade para redução de gastos e prospecção de investimentos.

O livro começa com um teste de autoa-valiação de situação financeira. Em seguida está dividido nos capítulos “Pensando com números”, no qual pretende aquecer as

habilidades com números utilizando o ra-ciocínio lógico, além de outras percepções visuais ajudando a estimular o cérebro; “Criatividade”, que, segundo Cerbasi, “é uma habilidade fundamental quando preci-samos adaptar ao novo, ao inusitado e aos novos desafios”; e “Lógica”, que conduz o pensamento ao raciocínio para nos levar a uma resposta verdadeira, permitindo assim a compreensão correta sobre a ideia pro-posta. A seguir, o capítulo “Estratégia e táti-ca” ajuda a captar o espírito do problema e a tirar vantagens das oportunidades sempre que elas apareçam. “Exercícios e reflexões” coloca em prática habilidades de pensa-mentos ensinados nos capítulos anteriores, e, finalizando, o capítulo “Soluções” traz respostas para as atividades apresentadas.

jogos para ganhar dinheiro

Investimentos inteligentes – 52 jogos de lógica e raciocínio para ajudar você a ganhar e multiplicar seu dinheiroGustavo Cerbasi – Coquetel – R$ 39,90

Cerbasi ensina, de forma lúdica, a usar a lógica e o raciocínio para fazer investimentos lucrativos

Investidor-anjo: guia prático para empreendedores e investidoresCassio A. Spina Editora nVersos – R$ 42

Destinada a investidores e empre-endedores em geral, a obra divulga um novo conceito de investimento e empre-endedorismo no Brasil, o investimento-anjo. Os investidores-anjo são profissio-nais de diferentes áreas que apostam em projetos de organizações inéditas e

inovadoras no mercado. Além de financiar as corporações, eles orientam os empresários, indicando possíveis clientes, fornecedores e parceiros. Nos Estados Unidos os investido-res-anjo foram decisivos para o sucesso de diversas empre-sas contemporâneas, a exem-plo do Google e Facebook.

EstratégiaThomas P. Ference e Paul W. ThurmanEditora Saraiva R$ 49

A obra apresenta os conceitos básicos do planejamento estratégico para que seja pos-sível planejar, justificar, implementar e medir qualquer novo produto, serviço ou conceito. Com base em cases de sucesso, os autores desenvolveram reflexões úteis para profis-sionais de diversas áreas, como gestão, ma-rketing, finanças, contabilidade, operações e análise de dados. A proposta é transformar o pensamento estraté-gico num prático exercí-cio de síntese, por meio do qual as ferramentas e os ensinamentos bá-sicos adquiridos an te-riormente podem ser aplicados em conjunto.

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P E N S E G R A N D E

balas numa lanchonete e revendê-las no semáforo, os R$ 12 equivalem ao seu capital inicial, fazendo de você o inves-tidor de sua empresa e, como tal, tem direito aos lucros realizados.

Presidentes de empresas prestam atenção a estes indicadores: lucros, retor-no do investimento, reservas fi nanceiras. A partir deles tomam decisões estratégicas em relação a clientes, produtos, preços, vendas e mercados. Para melhorar esses resultados é que faz sentido para presi-dentes de empresas sempre buscarem as melhores práticas de gestão.

O EMPREENDEDOR – E você? Quanto de seu tempo tem reservado para o papel de presidente que cuida de assuntos es-tratégicos? Ou de técnico que toma deci-sões em relação às táticas empresariais? Ou você só tem jogado bola?

Lembre-se: jogar bola ou estar no dia a dia da operação de seu negócio pode deixá-lo feliz, mas certamente não é sufi -ciente para torná-lo rico.

Para tornar-se um empresário rico e feliz você tem, necessariamente, que assu-mir o papel de presidente. Então faça isso. Pense grande. Aja como presidente!

O que o presidente faz com a reserva acumulada? Ele a divide em três partes: um terço para reinvestimentos em seu negócio, outro terço

para contingenciamentos, e o último para distribuição de lucros

Qual é a semelhança entre o empre-endedor e o jogador de futebol? O joga-dor de futebol tudo o que sabe fazer na vida é jogar bola. E ama isso. Mas o joga-dor, quando se destaca, atrai empresários que passam a ter interesse em investir em sua carreira. Realiza-se um contrato e o empresário, com espírito investidor, se concentra na administração da carreira do jogador. Este bota sua alma na arte de jo-gar bola. Com isso, aumenta muito a pos-sibilidade do craque sair de um time de várzea para jogar em times da série “A” do campeonato nacional. Por consequência, tornar-se rico e famoso.

O empreendedor é igualzinho: é al-guém que tem habilidade em algo, por experiência ou técnica (contabilista, en-genheiro, cabeleireiro), e ama fazer isso. Ele decide abrir um negócio por conta própria. No entanto, diferentemente do caso do jogador, ele tem que empreen-der e ao mesmo tempo ser seu próprio empresário. É como se o jogador de fute-bol fosse o craque e, simultaneamente, o presidente do time.

Eis a questão: como o empreendedor sabe qual papel está desempenhando? O papel de jogador, de técnico ou de presi-dente do time?

O JOGADOR – Você que está na lida do dia a dia empresarial sabe que a maioria dos donos de empresas funcio-na como se fosse um jogador de futebol. O que ele gosta mesmo de fazer é jogar bola, ou comparativamente ao mundo dos negócios, é o empresário que gosta de estar na operação do dia a dia do ne-gócio. É a costureira que ama costurar, o engenheiro que gosta de construir, o dono do supermercado que adora com-prar e vender, e assim por diante.

É comum ele não prestar atenção à

O presidentelinguagem empresarial: fl uxo de caixa, contas a pagar e a receber, DRE, etc., que metaforicamente seria a função de um técnico do time de futebol, que a partir dessas informações organizadas e expli-citadas poderia tomar decisões táticas para o time ganhar o jogo.

O PRESIDENTE – Mais comum ainda é o empresário não se enxergar como um presidente de time, que represen-ta os interesses dos investidores. Como presidente ele tem que prestar atenção em assuntos que um jogador nem se dá conta, como, por exemplo, o retorno do investimento, a lucratividade da operação e a acumulação de reserva fi nanceira.

E qual é a importância de se acumu-lar reserva fi nanceira? Na verdade, em termos de empreendimento empresarial com fi ns lucrativos a reserva fi nanceira é a linha de partida e também a linha de chegada. Na linha de partida ela repre-senta o montante de capital inicial inves-tido. Na linha de chegada ela representa o retorno do capital investido.

E o que o presidente faz com a reserva acumulada? Ele a divide em três partes: um terço destina para fazer reinvestimen-tos em seu negócio e mantê-lo sempre competitivo. Outro terço ele deixa para contingenciamentos, ou seja, para impre-vistos, ou a continuidade de seu capital de giro. E com o último terço ele faz a distri-buição de lucros.

Numa grande empresa os lucros são distribuídos para os acionistas, que são os investidores e os verdadeiros donos da empresa. No âmbito da empresa por conta própria para quem são distribu-ídos os lucros? Eles vão para a pessoa física que investiu no empreendimento empresarial. Mesmo que você tenha investido apenas R$ 12 para comprar

Por Joel FernandesAutor dos livros Eu quero ser empresário rico!, Empresário rico também vai para

o céu e Sua pequena empresa: muito além da sobrevivência! e do site

www.euqueroserempresariorico.com.br

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más práticas de gestão ou ausência de um plano de sucessão estruturado, dentre ou-tros. Grande parcela desses fracassos em-presariais resulta ou de gestões heterodo-xas – fora dos padrões – ou de condutas equivocadas, significando dizer que pode-riam ter sido evitados caso as práticas de governança estivessem sendo adotadas.

A adoção do conselho de família, a profissionalização da diretoria e a forma-ção de um conselho de administração, em boa parte composto por conselheiros independentes, têm se mostrado como boas medidas para melhorar a governan-ça. Essas iniciativas, muitas vezes, carre-gam a imagem de excessiva burocracia ou de impacto negativo em despesas pela exi-gência de controles internos mais rigoro-sos. Tal visão parece exprimir também um excessivo apego ao poder, naturalmente centralizado na empresa familiar.

Em suma, cada empresário deve pesar prós e contras sobre a adoção das práticas da governança corporativa em sua empre-sa, de modo que se consiga sobreviver a este mercado complexo. O fato é que as empresas de controle familiar, em geral, costumam encontrar maior resistência às novas práticas de gestão e, consequen-temente, maior risco de sucumbirem ao mundo empresarial.

A N á l I S E E c O N Ô M I c A

Nos diversos tipos de mercado do mundo globalizado, a concorrência é uma característica marcante. Deste modo, cada vez mais as empresas necessitam encon-trar fórmulas para aumentar produtivida-de e lucratividade. O Brasil não foge a essa regra. Depois de enfrentar décadas de in-flação alta, endividamento e estagnação da economia, o País vive momentos de pros-peridade, com estabilidade acompanhada de crescimento econômico sustentado. Ao adentrar a economia mundial de ma-neira voraz, o Brasil deparou-se com um cenário caracterizado por uma crescente complexidade, através da qual o mercado impõe desafios às organizações. Assim, aos empresários não basta sobreviver, mas vencer as complexidades da gestão.

A atual conjuntura empresarial exige processos mais transparentes que possi-bilitem um ambiente com atmosfera de equidade e confiança. Devido ao cresci-mento das organizações familiares, surge a necessidade da profissionalização da gestão visando garantir a perpetuidade da empresa. Em linha a este pensamento, destaca-se a importância da governança corporativa nas empresas familiares. Tema que, nos últimos tempos, vem ganhando espaço em discussões, seja no mercado de capitais ou fora dele, despertando a

atenção para a relevância deste assunto. Diante da notável aplicação da governan-ça corporativa em empresas de capital aberto, é cabível frisar que a utilização das práticas de governança não deve ser ex-clusividade destas, pois tanto empresas de capital fechado como as de controle fami-liar podem adotar tal metodologia.

As organizações familiares apresen-tam diversos fatores positivos, a exemplo da agilidade na tomada de decisão, flexi-bilidade nos processos internos e clima organizacional positivo, além de uma atmosfera de “paixão” pelo negócio. No entanto, também existem pontos negati-vos que colocam em risco a longevidade do negócio como, por exemplo, limita-ção de capital para o desenvolvimento, ausência de plano de sucessão, exclusão de oportunidade a profissionais talento-sos na organização por não possuírem vínculo familiar, falta de gestão profis-sional estratégica que possibilite a rein-venção da empresa para se confrontar às constantes mudanças no ambiente de negócios e baixa governança.

No Brasil, ao longo dos anos, vivencia-mos diversos exemplos em que grandes grupos empresariais de controle familiar pereceram ou mudaram de mãos devido a uma série de motivos, a exemplo de

Governança corporativa em empresas familiaresA atual conjuntura empresarial exige processos mais transparentes que possibilitem um ambiente com atmosfera de equidade e confiança

por Dante Apostolico BitelliLeme Investimentos

Ao adentrar a economia mundial de maneira voraz, o Brasil deparou-se com um cenário caracterizado por uma crescente complexidade, através da qual o mercado impõe desafios às organizações. Assim, aos empresários não basta sobreviver, mas vencer as complexidades da gestão

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carteira Teórica Ibovespa

All Amer Lat ON 1,104 AçãoAmbev PN 0,979 AçãoB2W Varejo ON 0,701 AçãoBMF Bovespa ON 3,902 AçãoBradesco PN 3,130 AçãoBradespar PN 0,993 AçãoBrasil Telec PN 0,390 AçãoBrasil ON 2,726 AçãoBraskem PNA 0,596 AçãoBRF Foods ON 1,341 AçãoBrookfield ON 0,622 AçãoCCR Rodovias ON 0,802 AçãoCemig PN 1,134 AçãoCesp PNB 0,685 AçãoCielo ON 1,539 AçãoCopel PNB 0,598 AçãoCosan ON 0,784 AçãoCPFL Energia ON 0,441 AçãoCyrela Realty ON 1,866 AçãoDuratex ON 0,589 AçãoEcodiesel ON 1,311 AçãoEletrobras ON 0,890 AçãoEletrobras PNB 0,743 AçãoEletropaulo PNB 0,530 AçãoEmbraer ON 0,755 AçãoFibria ON 1,498 AçãoGafisa ON 1,648 AçãoGerdau Met PN 0,660 AçãoGerdau PN 2,574 AçãoGol PN 1,211 AçãoIbovespa 100,000 AçãoItausa PN 2,315 AçãoItauUnibanco PN 4,015 AçãoJBS ON 0,934 AçãoKlabin S/A PN 0,404 AçãoLight S/A ON 0,541 AçãoLlx Log ON 0,914 AçãoLojas Americ PN 1,207 AçãoLojas Renner ON 1,098 AçãoMarfrig ON 0,546 AçãoMMX Miner ON 1,440 AçãoMRV ON 1,233 AçãoNatura ON 0,845 AçãoOGX Petroleo ON 3,773 AçãoP.Acucar-Cbd PNA 0,808 AçãoPDG Realt ON 2,745 AçãoPetrobras ON 2,206 AçãoPetrobras PN 8,517 AçãoRedecard ON 1,283 AçãoRossi Resid ON 1,163 AçãoSabesp ON 0,352 AçãoSantander BR UNT N2 1,097 AçãoSid Nacional ON 2,359 AçãoSouza Cruz ON 0,443 AçãoTam S/A PN 1,041 AçãoTelemar N L PNA 0,225 AçãoTelemar ON 0,268 AçãoTelemar PN 0,923 AçãoTelesp PN 0,155 AçãoTim Part S/A ON 0,125 AçãoTim Part S/A ON 0,170 9Tim Part S/A PN 0,840 AçãoTran Paulist PN 0,229 AçãoUltrapar PN 0,486 AçãoUsiminas ON 0,592 AçãoUsiminas PNA 2,462 AçãoVale ON 2,925 AçãoVale PNA 11,956 AçãoVivo PN 0,793 Ação

Inflação (%)

Índice 31/Agosto Ano

IGP-M 1,37* 6,00IGP-DI 1,09* 6,32IPCA 0,37* 3,14IPC - Fipe 0,35* 2,29

juros/Aplicação (%)

31/Agosto Ano

CDI 0,69 6,03Selic 0,69 6,08Poupança 0,51 4,35Ouro BM&F 4,67 16,79

Indicadores Imobiliários (%)

31/Agosto

juros/crédito (%)

31/Agosto 30/Agosto

Desconto 1,50 1,50Factoring 3,61 3,60Hot Money 3,06 3,06Giro Pré (taxa mês) 1,71 1,71

câmbio

Mercados futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 2,0372 Euro US$ 1,2576 Iene (US$ 1,00) $ 78,3100

Dólar R$ 2,039 R$ 2,051Juros DI 7,35% 7,30%

Contratos mais líquidos 31/08Ibovespa Futuro 57.560

Nome Classe Participação Tipo deAção Bovespa Ativo

Até 31/08

Até 31/08

TR 0,01

Outubro Novembro

Até 31/08

* Os índices do IGP-M, IGP-DI, IPCA e IPC-Fipe do mês de Agosto de 2012 foram obtidos através de estimativas do Banco Central do Brasil, disponíveis na página oficial da instituição.

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De 24/10/2012 a 4/11/201227º Salão Internacional do AutomóvelAnhembi Parque – São Paulo – SPwww.salaodoautomovel.com.br

O maior e mais importante evento automobilístico da América Latina. Apai-xonados por automóveis podem desfrutar as tendências do setor e o que há de mais moderno no mundo dos automóveis.

De 8/10/2012 a 11/10/201214ª Exposição do Setor de Telecomunicações e Tecnologia da InformaçãoRiocentroRio de Janeiro – RJwww.futurecom.com.br

O maior e mais qualificado evento do setor de comunicações da América Latina tem como objetivo reunir as for-ças deste mercado, proporcionando às empresas e aos profissionais participan-tes um ambiente adequado e estimulan-te para o desenvolvimento de negócios, de relacionamentos e de conhecimen-tos. O Futurecom é composto por dois grandes blocos: o Congresso Interna-cional e o Business Trade Show.

De 16/10/2012 a 18/10/201211ª feira Internacional de Produtos e Serviços da linha Pet e veterináriaExpo Center NorteSão Paulo – SPwww.petsa.com.br

Vitrine do setor pet e veterinário da América Latina, um dos mercados que mais cresce em todo o mundo. Atrai visi-tação qualificada, reunindo profissionais do setor, como médicos-veterinários, pet shops, distribuidores, fabricantes de ração e suprimentos, laboratórios, entre outros. Na edição do ano passado 200 marcas tiveram a oportunidade de fazer networking e 20 mil profissionais estiveram presentes.

De 24/10/2012 a 26/10/2012feira das Américas Riocentro – Rio de Janeiro – RJwww.abav.com.br

Considerada o principal evento do se-tor de turismo voltado para o trade turís-tico. Reúne, além de agentes de viagens e operadores turísticos com poder de deci-são, compradores de corporações (hosted buyers) provenientes do Brasil e do ex-terior. São cerca de 800 empresas destes setores expondo seus produtos, serviços, destinos e aumentando ainda mais sua rede de contatos.

De 18/09/2012 a 20/09/2012fI South AmericaExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.fi-events.com.br

Realizada desde 1995 no Brasil, tor-nou-se o maior e mais completo evento para ingredientes alimentícios da América Latina. Proporciona oportunidades tanto para as empresas expositoras quanto para o público visitante, que pode ter acesso ao que existe de mais recente na área.

De 27/09/2012 a 29/09/20126ª feira Internacional de franquiasRiocentro – Rio de Janeiro – RJwww.riofranchisingbusiness.com.br

Uma das dez maiores feiras de franquias do mundo, é o espaço ideal para quem quer expandir sua rede ou ter seu próprio negócio. Alavanca o setor local e mostra a força do Rio de Janeiro como polo gerador de novas tendências para todo o Brasil. Também oferece o Fórum de Franchising.

De 27/09/2012 a 30/09/20129ª feira do Imóvel, construção, condomínios, Arquitetura e DecoraçãoMaxi Shopping Jundiaí – Jundiaí – SPwww.feiccad.com.br

Reúne segmentos como o ramo imobi-liário, construção civil, incorporadores, con-domínios verticais e horizontais, arquitetura e decoração. Em seu nono ano consecutivo, é o maior evento de Jundiaí e região. Com 100 expositores e palestras todos os dias, atrai um público médio de 15 mil visitantes.

De 28/09/2012 a 3/10/2012São Paulo boat Show 2012Transamérica Expo CenterSão Paulo – SPwww.boatshow.com.br

Reúne os maiores expositores do se-tor náutico nacional e internacional, com os principais lançamentos do setor. Seu público-alvo é altamente qualificado, sendo considerado o maior evento náutico indo-or da América Latina e a principal vitrine de lançamentos para os amantes do mar.

A G E N D A

De 17/10/2012 a 18/10/2012Solar SummitStaybrigde Suites – São Paulo – SPwww.informagroup.com.br/solarsummit

Reunir executivos para discutir a viabilidade de negócios relaciona-dos à energia solar é a proposta da primeira edição do Solar Summit. Em pauta, os desafios regulatórios, técnicos e financeiros na expansão da fonte solar na matriz energética brasileira. O evento apresentará ca-sos pioneiros no País com geração para áreas isoladas e para os está-dios da Copa. Um dos destaques da primeira edição do Solar Summit será o painel de casos práticos: estão programadas apresentações da Usina Tauá (MPX Energia), do Projeto Megawatt Solar (Eletro-sul), dos Estádios Solares (Coelba e Light Esco), do atendimento a regiões isoladas (Eletrobras) e da geração híbrida solar-eólica na Ilha de Araras, no Pará (Celpa).

NEGócIOS SOlARES

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