ementÁrio oficial (matéria criminal) 17 - carlos biasotti

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Voto nº 11.305 aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.030410-8 Arts. 2º, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal; arts. 61 e 202, do Cód. Proc. Penal; arts. 12, “caput”, e 16, da Lei nº 6.368/76; art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90; art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06; art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed. Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso. — A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas). — Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187). — Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que satisfaça aos requisitos de seu § 4º. — A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º). — O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154). –– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358). –– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação. 1

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Ementário de votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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Page 1: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.305 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.030410-8

Arts. 2º, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal;arts. 61 e 202, do Cód. Proc. Penal;arts. 12, “caput”, e 16, da Lei nº 6.368/76;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de

injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).

— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).

— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que satisfaça aos requisitos de seu § 4º.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.306 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.063836-2

Art. 107, nº I, do Cód. Penal;art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão

punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 336).

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Voto nº 11.307 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.098219-2

Arts. 157, § 2º, nº V, 213, 14, nº II, e 28, nº II, do Cód. Penal;arts. 1º, nº V, e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 61 da Lei das Contravenções Penais.

— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o silêncio à palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao império da lei natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se defenda com todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não responde, porque tudo lhe é já indiferente.

— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprime na alma um como estigma indelével (art. 213 do Cód. Penal).

— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece base necessária ao decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.

— Só é possível afastar a qualificadora do inc. V do § 2º do art. 157 do Cód. Penal quando o agente priva de liberdade a vítima pelo tempo estritamente necessário à prática dos atos executórios do roubo.

— O autor de estupro (art. 213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

—“Se o agente foi de imediato perseguido e preso em flagrante, retomado o bem, não se efetivou a subtração da coisa à esfera de vigilância do dono, tratando-se, pois, de crime tentado” (STF; RE nº 100.771/1-São Paulo; rel. Min. Rafael Mayer; j. 5.12.83; in JTACrSP, vol. 77, p. 446).

— O argumento da embriaguez não aproveita ao infrator, exceto se completa e involuntária. A embriaguez voluntária, dispõe a lei que não elide a responsabilidade criminal do agente, porque não lhe exclui a imputabilidade (art. 28, nº II, do Cód. Penal).

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Page 3: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.308 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.043699-1

Arts. 213, 214, 224, alínea a, 226, nº II, 14, nº II, 15 e 71, do Cód. Penal;art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90.

— Não basta que o acusado tenha defesa; cumpre que a tenha em sua plenitude,

porque “só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (J. Soares de Melo, O Júri, 1941, p. 16).

—“No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu” (Súmula nº 523 do STF).

—“O Código de Processo Penal adotou o princípio de que sem prejuízo não se anula nenhum ato processual” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 455).

— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem importância inquestionável na apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor. Exceto se os elementos de prova dos autos demonstrarem que a ofendida mentiu, suas palavras servem de carta de crença e, pois, justificam a edição de decreto condenatório (art. 214 do Cód. Penal).

— Mesmo nos processos por estupro é possível reconhecer a figura da desistência voluntária (causa de exclusão da tipicidade), se o sujeito, “sponte sua”, ou por seu próprio querer, abandona a empreitada criminosa (arts. 15 e 213 do Cód. Penal).

— Não seja matéria para escrúpulos isto de a Justiça atenuar, ao de leve, a sorte processual de autor de crime que provoca em todos os espíritos um sentimento natural de repulsa e indignação (atentado violento ao pudor praticado contra criança). Ainda o pior dos facínoras não decai nunca da especial proteção da lei. Ao demais, conforme aquilo do profundo Vieira, “ao mesmo Demônio se deve fazer justiça, quando ele a tiver” (Sermões, 1696, t. XI, p. 295).

— O autor de atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por expressa disposição do art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.309 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.112260-0 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

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Page 4: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.310 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.164146-1 Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.311 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.157657-0 Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal;art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.312 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.183922-9 Arts. 121, § 2º, nº V, 157, § 2º, ns. I, II e III, 288, 14, nº II, 29 e 69, do Cód. Penal;art. 310 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.

–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela

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Page 5: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.

Voto nº 11.313 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.195884-8 Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 70, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.

— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

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Voto nº 11.314 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.189076-3 Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o

réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 11.315 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.164153-4 Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do

condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

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Page 7: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.316 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.168818-2 Arts. 121, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,

pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões, 1959, t. V, p. 210).

Voto nº 11.317 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.165057-6 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.318 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.179446-2 Arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a

violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.319 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.134215-4 Art. 83 do Cód. Penal;art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

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Page 8: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.320 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.154987-5 Art. 659 do Cód. Proc. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.321 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.191336-4 Arts. 171, 333, 14, nº II, e 69, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de

justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus” com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).

—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

–– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo razoável para o encerramento da instrução criminal.

–– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

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Page 9: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.322 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.021895-9

Arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;art. 10 da Lei nº 9.437/97;art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);arts. 5º, “caput”, e 144, da Const. Fed.

–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 14,

“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— Inexiste quebra do preceito do “ne bis in idem” se o Magistrado fixa ao réu a pena-base além do mínimo legal, à conta de seus antecedentes desabonadores e defeituosa personalidade, exasperando-a depois pela nota da reincidência: que são diversas as causas dos aumentos.

Voto nº 11.330 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº

990.08.145865-9 Arts. 121, § 2º, nº II, e 129, do Cód. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,

bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro crasso.

— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).

— Pratica homicídio por motivo fútil o sujeito que, por questão de somenos, tira a vida a outrem (art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal).

— O regime fechado, no início, para o autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, decorre da vontade expressa da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

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Voto nº 11.331 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.106448-0

Arts. 168, § 1º, nº III, 59 e 65, nº III, alínea b, do Cód. Penal;arts. 222, § 2º, 399, § 2º, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.

— Embora consagrado, de presente, pelo direito positivo — por força da Lei nº

11.719, de 20.6.2008: “O Juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença” (art. 399, § 2º, do Cód. Proc. Penal) —, o princípio da identidade física do juiz não existia antes no processo penal. Pelo que, a alegação de quebra do citado princípio, com respeito a fato anterior à Lei nº 11.719, de 20.6.2008, carecerá inteiramente de fomento jurídico, sendo desprezível.

— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

— Comete crime de apropriação indébita agravada (art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal) o advogado que, tendo recebido dinheiro de cliente para procurá-lo em Juízo, não lhe dá o destino a que estava obrigado (aliás, o emprega em proveito próprio), e não restitui o dano à vítima senão depois de largo tempo e muitas instâncias.

— Tratando-se de réu primário, e sendo-lhe favoráveis as diretrizes judiciais do art. 59 do Cód. Penal, deverá sua pena-base aproximar-se do mínimo legal, não se configure exagero punitivo.

Voto nº 11.332 — agravo em execução Nº

990.08.157132-3 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem

quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semiaberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semiaberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).

—“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

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Voto nº 11.333 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.151620-9 Arts. 86, nº I, e 90, do Cód. Penal;art. 732 do Cód. Proc. Penal;arts. 145 e 146, da Lei de Execução Penal;art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

–– É questão vitoriosa nos Tribunais que a revogação do livramento condicional

somente pode ocorrer durante o período de prova (art. 86 do Cód. Penal).––“Terminado o período de prova sem revogação, a pena privativa de liberdade

deve ser julgada extinta” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 599).

Voto nº 11.334 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.167886-1 Arts. 312, 408, § 2º, e 563, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Não basta que o acusado tenha defesa; cumpre que a tenha em sua plenitude,

porque “só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (J. Soares de Melo, O Júri, 1941, p. 16).

—“No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu” (Súmula nº 523 do STF).

—“O Código de Processo Penal adotou o princípio de que sem prejuízo não se anula nenhum ato processual” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23. ed., p. 455).

— PRISÃO PREVENTIVA – Homicídio qualificado – Presentes os requisitos legais (art. 312 do Cód. Proc. Penal) – Medida necessária, ainda que drástica.

— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.

— A observância da forma é, em muitos casos, a pedra angular do edifício que assegura a validade do ato jurídico. Anular-se, entretanto, um ato ou todo o processo, pela postergação de formalidade que não influiu na apuração dos fatos ou na decisão da causa, será render exagerado preito de vassalagem à lei e imolar na ara do “frívolo curialismo”. Donde o haver disposto o art. 563 do Cód. Proc. Penal: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”.

—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Antônio Vieira, Sermões, 1959, t. V, p. 210).

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Voto nº 11.335 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.173393-5 Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,

consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).

–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.

— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 11.336 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.187694-9 Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 647 do Cód. Proc. Penal;art. 5º, LXIX, da Const. Fed.

— Se foi o advogado-impetrante quem a requereu, não há senão homologar a

desistência de “habeas corpus”, pela presunção de que obrara “secundum jus” e à luz da ética profissional (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

— Ao contrário do que passa com a apelação, não há mister poderes especiais para desistir de “habeas corpus”. Se desnecessário o instrumento de mandato para impetrá-lo, seria contra-senso exigir poderes especiais para dele desistir.

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Voto nº 11.337 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.182733-6 Art. 180 do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a

violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.338 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.169772-6 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.339 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.002572-7 Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;art. 2º da Lei nº 8.072/90;arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Como lhe compete presidir às audiências e prover à instrução dos processos, não

será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.

— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões, 1959, t. V, p. 210).

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Voto nº 11.340 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.005092-6 Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);art. 33 da Lei nº 11.343/06;arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.341 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.120282-4

Art. 159 § 1º, do Cód. Penal;arts. 202 e 226, II, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.

— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos no processado.

—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).

— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

— O autor de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por expressa disposição do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

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Voto nº 11.342 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.023955-0 Arts. 52, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Afirmar e entender o contrário seria, “data venia”, fomentar a indisciplina nos presídios e fazer tábua rasa do preceito segundo o qual cada um deve ter o que merece. O teor de proceder dos maus, se já não cai sob a letra da lei, para que é exigir que a ela continuem a submeter-se os bons?! Seria, então (ainda mal!), repetir a apóstrofe do imenso Rui: “o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” (Obras Completas, vol. XLI, t. III, p. 86).

Voto nº 11.343 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.020468-8 Arts. 2º e 83, ns. I e V, do Cód. Penal;arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal;art. 2º da Lei nº 8.072/90;art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;arts. 5º, ns. XL e LXVIII, 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

— Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da pena (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao traficante esporádico ou eventual, jamais ao que se associa para a prática do tráfico ilícito de drogas, porque é em especial contra esse que se levanta o braço implacável da lei.

— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que satisfaça aos requisitos de seu § 4º.

— A Lei nº 8.072/90, tendo arrolado entre os crimes hediondos a tráfico ilícito de entorpecentes (art. 2º), não fez o mesmo com relação ao crime de associação. A diversidade de tratamento que às duas figuras delituosas deu o legislador permite que o condenado por infração do art. 14 da Lei nº 6.368/76 (associação por tráfico) pleiteie o benefício do livramento condicional após cumprir 1/3 de sua pena. Sua condição não cai, portanto, sob o regime do inc. V do art. 83 do Cód. Penal, senão do inc. I, que reza: após o cumprimento de “mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes”.

—“O crime de associação para fins de tráfico de drogas não é hediondo” (Damásio E. de Jesus, Lei Antidrogas Anotada, 9a. ed., p. 156).

—“Não se tratando de crime hediondo — a associação para o tráfico ilícito de drogas —, afastam-se as disposições da Lei nº 8.072/90, não se exigindo o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena como requisito objetivo à concessão de livramento condicional” (STJ; HC nº 56. 743/SC; rel. Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. Turma; DJU 4.9.06, p. 311).

— Urge que “o aplicador de norma positiva tempere, quanto possível, o rigor do preceito com os abrandamentos da equidade” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 175).

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Voto nº 11.344 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.121364-8

Arts. 59 e 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal;arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;art. 14 da Lei 6.368/76;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;arts. 33, “caput”, 35, 40, nº V, 45 e 46, da Lei nº 11.343/06.

— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa, contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).

— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Para justificar o decreto absolutório basta a dúvida razoável, porque esta, como a pedra que tomba do rochedo e muda o curso do rio, é apta a desviar da cabeça do réu o gládio inflamado da Justiça Penal (art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 11.354 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº

993.04.024300-9

Arts. 91, nº II, alínea b, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal;arts. 61, 202 e 580, do Cód. Proc. Penal;arts. 12, 14, 16, 18, nº III, e 34, da Lei nº 6.368/76;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;arts. 33, 62, § 11, e 63, da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).

— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência considerável quantidade de substância entorpecente, embalada sob a forma de “crack”, apreendida pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho, Lei de Drogas Anotada, 2008, p. 207).

—“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime” (Damásio E. de Jesus, Lei Antidrogas Anotada, 2009, p. 293).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

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Voto nº 11.355 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº

993.06.121733-3

Arts. 157, § 3º, in fine, 14, II, e 29, do Cód. Penal;arts. 226, 381, 386, nº II, e 499, do Cód. Proc. Penal;art. 1º da Lei nº 2.252/54;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— É princípio geralmente recebido que vício do inquérito policial, peça de caráter apenas informativo, não se comunica à ação penal.

— Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, escusado tributo ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).

— Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização de diligência que não é cabal ou imprescindível à decisão da causa.

— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso contingente probatório a culpabilidade do agente não tolera a nota de mal fundamentada, antes será padrão muito para imitar.

— A palavra da vítima de roubo, sobretudo quando em harmonia com outros elementos de convicção do processo, pode justificar decreto condenatório. Protagonista do fato criminoso, é pessoa a mais capacitada para dele discorrer e indicar seu autor.

— Se o agente pratica homicídio tentado e subtração patrimonial tentada, a doutrina unânime ensina que responde por tentativa de latrocínio (art. 157, § 3º, in fine, c/c o art. 14, II) (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 603).

— Em pontos de co-autoria, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas” (art. 29 do Cód. Penal), de tal arte que, no caso de latrocínio tentado, irrelevante é a circunstância de não ter sido o autor do disparo que feriu a vítima, pois todos os sujeitos obram com identidade de propósitos.

— Por expressa vontade da lei, o autor de latrocínio (ainda que tentado), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena, inicialmente, sob o regime fechado (art. 2º, § 1º, da Lei nº

8.072/90).

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Voto nº 11.367 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.180178-7 Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.368 — agravo em execução Nº

990.08.108427-9 Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 5º da Const. Fed.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semiaberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semi-aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel.

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Min. Arnaldo Esteves de Lima).—“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao

Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 11.369 —Recurso em Sentido Estrito Nº 990.08.160448-5

Arts. 121, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 408 do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo

Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).

–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao ferir a vítima em região nobre do corpo.

–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 11.370 — agravo em execução Nº

990.08.027222-5 Arts. 155, § 4º, nº IV, 43, nº V, e 44, § 4º, do Cód. Penal;arts. 115 e 181, § 1º, alínea a, da Lei de Execução Penal.

—“A imposição de serviços à comunidade como condição da pena em regime

aberto implica inaceitável bis in idem, pois a restrição de direitos possui caráter substitutivo da pena privativa de liberdade, não podendo ser cumulada com esta, como condição especial daquele regime” (Rev. Tribs., vol. 753, p. 730).

––“Conversão de pena restritiva de direito em privativa de liberdade, porque o sentenciado não foi localizado para dar cumprimento –– Regime aberto, sem fixação de condição especial consistente em prestação de serviços à comunidade –– Possibilidade — O descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos acarreta, obrigatoriamente, a conversão em pena privativa de liberdade –– Inteligência dos arts. 44, § 4º, do Código Penal e 181, § 1º, alínea a, da Lei de Execução Penal –– Decisão mantida –– Recurso improvido” (TJSP; Ag. Exec. nº 990.08.056459-5, 16a. Câm. Crim.; rel. Newton Neves).

Voto nº 11.371 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.006080-8 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

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Voto nº 11.372 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.175643-9 Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).

— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.373 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.002991-9 Art. 333 do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;arts. 33, 40, nº VI, e 44, da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,

consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

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Voto nº 11.374 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.193357-8 Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a

permanência do condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.375 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.063463-1

Arts. 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal;arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.

— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos – atenta a severidade da

pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o infrator – pressupõe a certeza do comércio nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si só, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu: “In dubio pro reo”.

— Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente apreendida na posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica para o tipo do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) o crime previsto em seu art. 12, se a prova dos autos lhe não revelou, acima de dúvida sensata, ser caso de tráfico.

–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões da Justiça Criminal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou

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deliberação.23

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Voto nº 11.376 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.066602-6

Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 10 da Lei nº 9.437/97;arts. 14 e 15, da Lei nº 10.826/03;arts. 5º, “caput”, e 144, da Const. Fed.

— Incorre nas penas da Lei nº 10.826/03 (art. 15) quem efetua disparo de arma de

fogo em lugar habitado, ainda que a deflagração seja para o alto (“ad astra”), pois se trata de “infração que prescinde de perigo concreto, real, à incolumidade pública” (Damásio E. de Jesus, Direito Penal do Desarmamento, 5a. ed., p. 94).

— À luz do princípio da consunção, não há reconhecer concurso material, senão crime único, entre porte ilegal de arma de fogo e disparo em via pública, já que este pressupõe a posse da arma, com que o realiza (arts. 14 e 15 da Lei nº 10.826/03).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.377 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.184661-6 Art. 97, § 1º, do Cód. Penal;art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o prazo da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua periculosidade (art. 97, § 1º, do Cód. Penal).

— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978, vol. II, p. 930).

Voto nº 11.378 — mandado de SEgUrança Nº 990.08.161415-4

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

—“Perde o objeto o mandado de segurança quando a própria autoridade revoga o

ato atacado” (STJ; MS nº 6.377 – Minas Gerais; rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito; j. 15.10.96)

—“Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido”(art. 659 do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 11.379 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.189993-0

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.384 — agravo em execução Nº

993.05.066704-9

Arts. 156 e 182, do Cód. Proc. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico, “quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão de regime” (Júlio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).

— Pode o juiz “determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).

— O sentenciado que, em curso pedido de progressão de regime prisional, comete novo crime revela inaptidão para o regime mais brando e falta de condições para merecer o benefício (art. 112 da Lei de Execução Penal).

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Voto nº 11.385 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.066697-2 Arts. 3º, 302, 514, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;art. 501 do Cód. Proc. Civil;arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;arts. 38 e 41, da Lei nº 10.409/2002;art. 55 da Lei nº 11.343/06.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela incompatibilidade.

—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU 3.11.2004, p. 245).

—“A ausência de demonstração de prejuízo, por parte da defesa, decorrente da inobservância do rito previsto no art. 38 da Lei nº 10.409/2002, impede a declaração de nulidade do processo” (STF, HC nº 85.155/SP; relª. Minª. Ellen Gracie; j. 22.3.2005).

—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).

— Aquele que mantém em depósito substância entorpecente ou que determine dependência física e psíquica, sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar, está em situação de flagrante delito, e esse de caráter permanente. Assim, é óbvia a legalidade da busca domiciliar, a todo o tempo e sem mandado judicial, e da prisão do infrator realizada nessas condições (art. 12 da Lei nº 6.368/76; art. 302 do Cód. Proc. Penal).

— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do preceito do art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo que, negócio jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de recurso de apelação, subscrito pela parte e seu advogado.

Voto nº 11.386 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.195454-0 Art. 288 do Cód. Penal;arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua

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culpabilidade (art. 594 do Cód. Proc. Penal). 27

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Voto nº 11.387 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.000471-1

Arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;art. 33 da Lei nº 11.343/06;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,

próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade (art. 594 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.388 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.196380-9

Arts. 214, 224, alínea a, 225, § 1º, 226, nº II, e 71, do Cód. Penal;arts. 403, 563, 566 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a

violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

— É faculdade do juiz (e não direito das partes) a apresentação de memoriais escritos em substituição às alegações finais orais de que trata o art. 403 do Cód. Proc. Penal. No caso, porém, de processo complexo, com pluralidade de réus, nada obsta se ofereçam por escrito as alegações finais, que o prevê o § 3º do citado dispositivo.

— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 11.389 — CARTA TESTEMUNHÁVEL Nº 990.08.142353-7

Art. 129, § 9º, do Cód. Penal;arts. 579, 593, nº II, 639 e 644, do Cód. Proc. Penal;art. 16 da Lei nº 6.368/76;arts. 61, 76 e 89 da Lei nº 9.099/95;art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01;arts. 6º, 7º, ns. I, II e V, 13 e 17, da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha).

— A carta testemunhável é recurso que visa a provocar o reexame de decisão a pedido da parte que sofreu gravame por não ter sido recebido seu recurso, ou por haver-lhe negado seguimento o Juízo (art. 639 do Cód. Proc. Penal).

— O duplo grau de jurisdição é “princípio judiciário destinado a garantir uma reta administração da Justiça” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., p. 186).

—“É possível proposta de suspensão condicional do processo (Lei nº 9.099/95) no âmbito da Lei Maria da Penha” (item 11 do Comunicado 117/2008, da Corregedoria Geral de Justiça.

— Se conspiram todos os requisitos legais de transação penal ou da suspensão condicional do processo, deve o Ministério Público formular a proposta, conforme os arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95. Em caso de recusa, ao Juiz tocará fazê-lo de ofício.

— É questão superior a toda a dúvida que o Magistrado, com a prudência do bom varão, pode temperar com a equidade o rigor da lei.

— A lei, na pontual expressão de uma das maiores glórias das letras jurídicas do País, há de interpretar-se com a lógica do jurista, “que é, precisamente, a lógica do razoável e do humano” (Goffredo Telles Jr., A Folha Dobrada, 1999, p. 161).

— À luz da jurisprudência do STF e do STJ, a Lei nº 10.259/01 — que instituiu os Juizados Especiais Criminais no âmbito da Justiça Federal — tem aplicação aos ilícitos penais de menor potencial ofensivo da competência da Justiça Criminal do Estado. Pelo que, na esfera estadual, faz jus à transação penal o autor de infração a que é cominada pena detentiva não superior a dois anos, pois o art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01 revogou o art. 61 da Lei nº 9.099/95, ao modificar o conceito de infração penal de pequeno potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95; art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01).

—“Em função do Princípio Constitucional da Isonomia, com a Lei nº 10.259/01 — que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal — o limite de pena máxima, previsto para a incidência do instituto da transação penal, foi alterado para 2 anos” (STJ; Conflito de Competência nº 36.545-RS; 3a. Seção; rel. Min. Gilson Dipp; DJU 2.6.2003).

—“O magistrado só pode ter uma paixão, a do direito; uma só aspiração, a de realizar a justiça; e um só objetivo, o de cumprir o seu dever” (Laudo de Camargo, in Homenagem, 1953, p. 135).

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Voto nº 11.390 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.146619-8 Arts. 297, 304, 307, 33, § 2º, alínea c, e 64, nº I, do Cód. Penal.

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II, p. 530).

—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).

— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

— O lapso temporal de cinco anos é poderoso para expungir do réu a nota de reincidência (art. 64, nº I, do Cód. Penal)

— À luz do direito expresso, nada obsta que o Juiz, considerando os graves e notórios malefícios do regime recluso, conceda a condenado não-reincidente, cuja pena não exceda a 4 anos, ainda que de maus antecedentes, o benefício do regime aberto (cf. art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).

Voto nº 11.392 — agravo em execução Nº

990.08.064051-8 Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e

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refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

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Voto nº 11.393 — agravo em execução Nº

990.08.168168-4 Art. 83 do Cód. Penal.

–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar sem grave injúria da Lei e da Justiça.

–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

Voto nº 11.394 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.006415-8

Arts. 155, “caput”, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do

exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.395 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.01.073321-0

Arts. 229, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;arts. 61 e 386, nº I, do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de

prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.396 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.000609-5

Arts. 129, § 1º, nº I, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de

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prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

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Voto nº 11.397 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.001685-4

Arts. 12, 16 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;art. 33 da Lei nº 11.343/06;arts. 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do lugar onde a presta o confitente.

—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a. ed., p. 290).

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

––“Se a ré trazia consigo a droga (cocaína) pretendendo introduzi-la na Casa de Detenção, o delito previsto no art. 12 da Lei de Tóxicos se consumou, independentemente da entrega” (STJ; REsp nº 188.986; rel. Min. Félix Fischer; DJU 13.9.99, p. 94).

— Por amor do princípio constitucional do estado de inocência, processos em curso e sentenças condenatórias ainda não confirmadas “não devem ser considerados maus antecedentes, prejudicando o réu” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 209).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

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Voto nº 11.398 — agravo em execução Nº

990.08.135835-2

Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

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Voto nº 11.399 — agravo em execução Nº

990.08.134519-6

Arts. 213, 214, 255, § 1º, nº I e § 2º, 61, nº II, e 71, do Cód. Penal.

— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art. 71 do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes não estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.

—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).

— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de penas de criminosos empedernidos.

Voto nº 11.400 — agravo em execução Nº

990.08.146683-0

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 71, do Cód. Penal.

— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art. 71 do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes não estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.

—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).

— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de penas de criminosos empedernidos.

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Voto nº 11.401 — agravo em execução Nº 990.08.161129-5

Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem

quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semiaberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semiaberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semiaberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).

—“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da

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Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

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Voto nº 11.402 — agravo em execução Nº

990.08.134282-0

Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

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Voto nº 11.403 — agravo em execução Nº 990.08.108799-5 Art. 12 da Lei nº 6.368/76;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a

inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.404 — agravo em execução Nº

990.08.148181-2 Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 71, do Cód. Penal.

— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art.

71 do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subsequentes não estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.

—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).

— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de penas de criminosos empedernidos.

—“Para a configuração do crime continuado não é suficiente a satisfação das circunstâncias objetivas homogêneas, sendo de exigir-se, além disso, que os delitos tenham sido praticados pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 260).

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Voto nº 11.405 — agravo em execução Nº

990.08.156413-0

Arts. 5º, nº LV, e 133, da Const. Fed.

—“Indispensável à administração da justiça”, conforme proclama a Constituição Federal (art. 133), tem o advogado o direito de estar presente às audiências de interesse de seu cliente, sempre que o exigirem as circunstâncias e dispuser a lei.

— Atenta sua natureza de procedimento administrativo, a sindicância instaurada para apurar falta disciplinar praticada em estabelecimento penal não obriga à presença do advogado para reconhecimento de sua validade.

— A Súmula Vinculante nº 5, editada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, reza que “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

Voto nº 11.406 — agravo em execução Nº

990.08.107042-1

Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de justiça.

— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).

— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

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Voto nº 11.407 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.000536-7 Arts. 213, 214, 223, “caput”, e parág. único, 61, nº II, alínea f, e 62, do Cód. Penal;art. 385 do Cód. Proc. Penal;arts. 1º, nº VI, e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Ensina a experiência vulgar que o sujeito inocente, quando acusado de crime, não

o sofre em silêncio, antes se defende com energia e prontamente.— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na

apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à condição da mulher, sobretudo se de vida honesta, faltar à verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma indelével (art. 214 do Cód. Penal).

— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214), como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC nº 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).

— Sem violar o princípio da congruência — “sententia debet esse conformis libello” —, pode o Juiz, nos termos do art. 385 do Cód. Proc. Penal, reconhecer agravante, se comprovada nos autos sua existência, ainda que não descrita na denúncia.

— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.408 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.182867-7 Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112, da Lei de Execução Penal;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”

meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

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Voto nº 11.409 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.187461-0 Arts. 297, § 4º, e 2º, do Cód. Penal;art. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, da Lei nº 9.983/07.

–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a

instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.

–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação, será força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do indivíduo, que deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.

––“Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege” (Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal).

Voto nº 11.410 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.093895-1

Arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06;arts. 43 e 59, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 2º da Lei nº 9.296/96;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial

constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode servir de fundamento a decreto condenatório.

—“Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix Fischer).

— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

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Voto nº 11.411 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.192096-4

Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.

— Ainda que instrumento processual de

dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

— “O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.

–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

—“A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência” (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 11.414 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.095590-2

Arts. 157, § 2º, ns. II e V, 158, § 1º, 26 e 71, do Cód. Penal;art. 19 da Lei nº 6.368/76.

— Embora viciado em drogas, não tem jus o réu à redução de

penas do parág. único do art. 26 do Cód. Penal, se o laudo médico-legal o considerou absolutamente imputável.

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto condenatório.

— Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade delitiva, não concurso material de infrações. É desse número, portanto, o caso de delinquentes que, após consumar o roubo, forçam a vítima a acompanhá-los à caixa eletrônica para sacar o dinheiro (cf. Rev. Tribs., vol. 765, p. 572; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro).

— O regime prisional fechado é o que justamente convém ao condenado pela prática de roubo, ainda que primário e de bons antecedentes. A natureza do crime (que a sociedade ostensivamente aborrece) e a índole de quem o comete (infensa aos padrões éticos normais) são as que o recomendam.

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Voto nº 11.415 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.033834-7

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 213, 225, § 1º, nº I, 226, ns. I e III, 29 e 69, do Cód. Penal;art. 386, ns IV e VI, do Cód. Proc. Penal;arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;

— O ato de representação, nos crimes contra os costumes, dispensa fórmula

sacramental; basta a manifestação de vontade inequívoca de que o autor do fato criminoso seja processado (art. 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal).

— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o silêncio à palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao império da lei natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se defenda com todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não responde, porque tudo lhe é já indiferente.

— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprime na alma um como estigma indelével (art. 213 do Cód. Penal).

— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece base necessária ao decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.

— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe comprovem a existência.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 11.416 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.012352-4 Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe

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causou com o seu crime.–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.417 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.000886-5

Art. 180 do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a

violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.418 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.000894-6

Art. 180 do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.419 — mandado de SEgUrança Nº 990.08.193339-0

Art. 197 da Lei de Execução Penal.

— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.

— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).

—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito

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suspensivo a recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº 237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

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Voto nº 11.420 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.081228-9

Arts. 157, “caput”, 29, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua

autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa, contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).

— A palavra da vítima, passa por excelente meio de prova e autoriza decreto condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos no processado.

— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157, “caput”, do Cód. Penal).

— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 11.421 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.055222-0

Arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;art. 33 da Lei nº 11.343/06;art. 59 do Cód. Penal;arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de

injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

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Voto nº 11.422 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.033932-2

Arts. 159, § 1º, 214, "caput”, e 288, parág. único, do Cód. Penal;art. 386 do Cód. Proc. Penal;arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— É cabível o recurso de apelação, contra sentença absolutória, com o fim

exclusivo de modificar-lhe o fundamento legal (cf. José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 312; Millennium Editora).

— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos no processado.

—“A palavra da vítima em sede de crime contra os costumes, por conseguinte, representa elemento de suma valia e significativa importância” (Fernando de Almeida Pedroso, Prova Penal, 2a. ed., p. 79).

— O autor de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por expressa disposição do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Em bom direito, é princípio inconcusso que, sem a certeza da materialidade e da autoria da infração penal, ninguém pode ser condenado. Esta é a regra de ouro de todo o julgador.

— Dúvida, em Direito Penal, é o outro nome da falta de prova, o que obriga à absolvição, conforme aquilo do venerável prolóquio: “In dubio pro reo”.

Voto nº 11.423 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.110738-4

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 304, 307, 61, nº I, e 83, parág. único , do Cód. Penal;art. 386, ns. III e VI, do Cód. Proc. Penal.

— Quando natural e plausível era falar, não estranha se tome por confissão o

proceder de quem, apartando-se da linguagem e estilos da inocência, prefere permanecer calado, indiferente à advertência do aforismo “qui tacet, consentire videtur” (em vulgar: quem cala, consente).

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a roboram outros elementos do processo.

— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

— Inexiste quebra do preceito do “non bis in idem” se o Magistrado fixa ao réu a pena-base além do mínimo legal, à conta de seus antecedentes desabonadores e defeituosa personalidade, exasperando-a depois pela nota da reincidência: que são diversas as causas dos aumentos.

— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e disposto abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que disciplinam a convivência humana.

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Voto nº 11.424 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.011257-3 Arts. 157, § 3º, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a

inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.425 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.000658-7

Arts. 157, 14, nº II, e 61, nº I, do Cód. Penal;art. 12 da Lei nº 1060/50.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima de roubo são,

pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em harmonia com outros elementos do processo (art. 157 do Cód. Penal).

— O regime fechado é o comum ao roubo, em que a gravidade da ação delituosa descobre também a periculosidade do agente.

— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva isenção ou parcelamento.

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Voto nº 11.426 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.001115-7 Arts. 298, nº I, e 302, da Lei nº 9.503/97;arts. 6º e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e houver indícios suficientes de sua autoria.

— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admis-sível a análise de provas para aferir a proce-dência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta se mostre evidente à primeira face.

— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 11.427 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.01.080566-1

Arts. 297, 304, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do

exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.428 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.01.074272-4

Arts. 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de

prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

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Voto nº 11.429 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.003087-5

Arts. 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.430 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.192513-3

Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 288, 29, “caput”, 71, “caput”, do Cód. Penal;arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.

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Voto nº 11.431 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.026956-4

Arts. 214, 223 e parág. único, 224, 71 e 59, do Cód. Penal;art. 381 do Cód. Proc. Penal;art. 9º da Lei nº 8.072/90.

— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso conjunto

probatório a culpabilidade do agente e lhe inflige pena correta e justa não tolera a nota de mal fundamentada, antes será padrão muito para imitar.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art. 214 do Cód. Penal).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 11.432 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.139938-5

Arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;art. 33 da Lei nº 11.343/06;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

—“O grau de culpa, por si só, não basta para elevar a pena-base acima da mínima cominada à infração” (TRF 1a. R.; rel. Nelson Gomes da Silva; DJU 22.10.90, p. 24.731; apud Mohamed Amaro, Código Penal na Expressão dos Tribunais, 2007, p. 318).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

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— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.433 — correição parcial Nº 993.08.041938-8

Arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06;art. 69 do Cód. Penal;arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.

— Não incorre em censura, no âmbito da correição parcial, a decisão do

Magistrado que, com estrita observância das regras processuais, recebe denúncia que atende às prescrições legais; “error in procedendo”, no caso, seria não a receber (art. 41 do Cód. Proc. Penal).

— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).

—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix Fischer).

— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do Cód. Proc. Penal).

— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 11.434 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº 993.07.105410-0/5

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06;arts. 360, 535 e 619, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Recurso próprio para corrigir equívoco e dirimir dúvida ou contradição, os embargos de declaração não têm caráter infringente, pelo que devem ser rejeitados se armam ao fito apenas de impugnar os fundamentos do acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.435 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.116758-1

Art. 171 do Cód. Penal.

— Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob

promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que efetue o pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua palavra, por não possuir título de propriedade do bem.

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— A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.

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Voto nº 11.436 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.065113-7

Art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento;arts. 156, 303 e 386, nº V, do Cód. Proc. Penal;art. 144 da Const. Fed.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de

eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto condenatório.

— Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que possui arma de fogo com numeração raspada, sem justificá-lo (art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento).

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— A invocação de causa excludente de culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa), atento seu caráter excepcional, requer prova plena e incontroversa, não basta que se alegue (art. 156 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.437 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.088898-6

Art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);art. 10 da Lei nº 9.437/97;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita

espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.–– A posse clandestina de arma de fogo no interior de residência tipifica a infração

do art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.

— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— A nota de reincidência é óbice à concessão de regime semiaberto ao réu, somente quando superior a 4 anos sua pena; se inferior a 4 anos, não há proibição legal de que o Juiz lho defira. No silêncio da lei, devem suprir-lhe a lacuna os princípios gerais do Direito e até a Equidade (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

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Voto nº 11.438 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.003371-6

Art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);arts. 202 e 303, do Cód. Proc. Penal.

–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— Esta é também a opinião do insigne Damásio E. de Jesus: “A ratio legis reside exatamente nisso: para proteger direitos fundamentais do

homem, como a vida, o legislador antecipa a punição a fatos que, de acordo com a experiência, conduzem à lesão de bem de valor supremo” (Direito Penal do Desarmamento, 5a. ed., p. 44).

Voto nº 11.439 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.083248-7

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 59, “caput”, do Cód. Penal.

— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente falando, é o silêncio do réu a pedra-de-toque de sua culpa.

— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa, não a de pessoa inocente.

— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

— Ordinariamente falando, ao autor de roubo é o regime fechado o que mais lhe convém, como justa resposta por ter violado de frente regras fundamentais da convivência humana.

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Voto nº 11.440 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.049083-7

Art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento;art. 21 do Cód. Penal;arts. 156 e 386, nº V, do Cód. Proc. Penal.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto condenatório.

— Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que possui arma de fogo com numeração raspada, sem justificá-lo (art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento).

—“A ratio legis reside exatamente nisso: para proteger direitos fundamentais do homem, como a vida, o legislador antecipa a punição a fatos que, de acordo com a experiência, conduzem à lesão de bem de valor supremo” (Damásio E. de Jesus, Direito Penal do Desarmamento, 5a. ed., p. 44).

— O erro sobre a ilicitude do fato, somente se inevitável isenta de pena o réu (art. 21 do Cód. Penal).

Voto nº 11.442 — agravo em execução Nº 990.08.168227-3

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à

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proteção da Lei!59

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Voto nº 11.443 — agravo em execução Nº 990.08.167417-3

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

Voto nº 11.444 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.027578-2

Art. 36 do Código Criminal do Império;art. 1º, nº II, da Lei nº 8.137/90.

— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.

—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).

— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a favor da inocência do réu.

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Voto nº 11.445 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.102965-0

Art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.

— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será manifestamente contrária à prova dos autos.

––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra evidentemente falsa, não é possível reconhecer que a decisão tenha sido manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev. Forense, vol. 167, p. 412).

Voto nº 11.446 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.002128-4

Arts. 155, § 4º, nº IV, e 71, do Cód. Penal;art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

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Voto nº 11.447 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.001084-3

Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, 312, 408, § 2º, 563 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a presunção de periculosidade.

— PRISÃO PREVENTIVA – Homicídio qualificado – Presentes os requisitos legais (art. 312 do Cód. Proc. Penal) – Medida necessária, ainda que drástica.

— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.

— A observância da forma é, em muitos casos, a pedra angular do edifício que assegura a validade do ato jurídico. Anular-se, entretanto, um ato ou todo o processo, pela postergação de formalidade que não influiu na apuração dos fatos ou na decisão da causa, será render exagerado preito de vassalagem à lei e imolar na ara do “frívolo curialismo”. Donde o haver disposto o art. 563 do Cód. Proc. Penal: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”.

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Voto nº 11.448 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.191338-0 Art. 155, § 5º, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia

cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.

–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de furto de veículo automotor, nos termos da figura típica do art. 155, § 5º, do Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 11.449 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.185828-2 Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112 e 197, da Lei de Execução Penal;art. 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).

— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

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Voto nº 11.450 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.137788-8

Arts. 157, “caput”, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal;arts. 202, 302, inc. IV, e 381, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— A arguição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a. Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).

— Pode dar-se o caso que o crime se tenha já consumado, “mas ainda existam indícios eloquentes e até inequívocos de que ele acaba de ser cometido. Já não há o fogo, mas existe a fumaça; a chama se apagou, mas a brasa está quente. (...) Nesse caso a lei presume a autoria e finge que o crime ainda está sendo cometido. Há uma presunção de autoria e uma ficção de flagrante. A situação aqui é análoga à do flagrante, é uma quase-flagrância” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 34).

— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a roborarem outros elementos do processo.

— Pequenas divergências nos depoimentos não bastam a fulminá-los, antes confirmam o adágio de que “a palavra é mau veículo do pensamento”. O que monta não são os acidentes, mas a substância: nesta é que se acha gravada a linguagem da verdade.

— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.

— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

— “(...) se as circunstâncias judiciais foram consideradas favoráveis ao réu, fundando-se a fixação da pena-base no mínimo legal, é de rigor a imposição do regime prisional menos grave, pena de se ensejar a afirmação da existência de contradição do julgado” (STJ; HC nº 52.439-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido; j. 24.5.2007; Boletim do STJ, nº 15/2007, p. 67).

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Voto nº 11.453 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.061404-5

Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas);arts. 386, nº VII, e 393, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil.

— Aquele que respondeu preso ao processo que lhe instaurou a Justiça Pública, assim deverá aguardar o julgamento de sua apelação, pois um dos efeitos da sentença condenatória recorrível consiste, precisamente, em ser o réu “conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu, pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal).

—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).

–– A condenação pelo crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas) –– atenta a severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza de sua conduta delituosa. Meras conjecturas não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.

— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.

— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 11.458 — agravo em execução Nº

990.08.158527-8 Art. 181, § 1º, alínea e, da Lei de Execução Penal;arts. 76 e 116, parág. único, do Cód. Penal.

–– É maior de toda crítica a decisão que, por amor do princípio que rege o cumprimento de penas nos casos de concurso de infrações (art. 76 do Cód. Penal), somente suspende a pena restritiva de direitos (prestação de serviços à comunidade), sem convertê-la em privativa de liberdade, a fim de que se execute primeiro “a pena mais grave”.

––“Assim, o executado cumprirá a pena privativa de liberdade para, somente depois, ter a possibilidade de prestar serviços à comunidade, devendo esta ser suspensa enquanto cumpre aquela, em respeito ao art. 116, parág. único, do Cód. Penal” (STJ; REsp nº 662.066-SC; 5a. T.; rel. Min. José Arnaldo da Fonseca; DJU 1º.8. 2005; v.u.).

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Voto nº 11.459 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.128435-9 Art. 12 da Lei nº 6.368/76;art. 33 da Lei nº 11.343/06;arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente caberá demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.460 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.041113-6

Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 593, III, d, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

–– Em face da soberania constitucional de suas decisões, os veredictos do Júri não se anulam, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em caso de corrupção ou prevaricação dos jurados. Contrária à prova dos autos é somente aquela decisão que neles não depara fundamento algum.

–– Torpe é o motivo moralmente reprovável, abjeto e desprezível, indicativo de depravação espiritual do sujeito (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 406).

Voto nº 11.461 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.023140-2

Arts. 155, “caput”, e 61, nº I, do Cód. Penal;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

–– O réu que é inocente declara-o desde logo, movido da própria razão natural, que ordena a todo o indivíduo se defenda de injusta acusação; quem se refugia no silêncio, embora direito seu previsto na Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), esse dá a conhecer que não tinha que responder à acusação, por verdadeira. Donde o prestígio do venerável brocardo “qui tacet, consentire videtur” (quem cala, consente).

— Ao que está na posse de coisa alheia toca provar-lhe cumpridamente a boa origem, senão dará a conhecer que é autor de crime, pois constitui fato anormal achar-se bem de valor em poder de outrem que não seu dono.

–– É hipótese de furto consumado (e não tentado), se o réu teve, ainda que por breve trecho, a posse desvigiada das coisas subtraídas à vítima.

— Inexiste quebra do preceito do “non bis in idem” se o Magistrado fixa ao réu a pena-base além do mínimo legal, à conta de seus antecedentes desabonadores e defeituosa personalidade, exasperando-a depois pela nota da reincidência: que

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são diversas as causas dos aumentos.

Voto nº 11.462 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.030272-5 Arts. 155, § 4º, nº IV, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do

produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e

satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia com o conjunto probatório.

— Ao renitente e empedernido autor de furtos, que se atira sem freios à estrada tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional semiaberto lhe servirá de contenção do impulso criminoso e de forma de reparação do mal que causou à sociedade.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.463 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.156549-8

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06;arts. 41, 202 e 569, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada pela Constituição Federal” (cf. STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70);

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

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— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.464 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.146058-0

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal.

— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa, contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).

— A palavra da vítima, passa por excelente meio de prova e autoriza decreto condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos no processado.

— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe comprovem a existência.

— O aumento de 3/8 pela incidência de duas qualificadoras do roubo não se mostra desarrazoado, pois tem por si copiosa jurisprudência dos Tribunais: se duas as qualificadoras, “o aumento deverá ficar entre o mínimo e o máximo estipulado, ou seja, em 2/5” (Rev. Tribs., vol. 734, p. 673; rel. Denser de Sá).

— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

— “(...) se as circunstâncias judiciais foram consideradas favoráveis ao réu, fundando-se a fixação da pena-base no mínimo legal, é de rigor a imposição do regime prisional menos grave, pena de se ensejar a afirmação da existência de contradição do julgado” (STJ; HC nº 52.439-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido; j. 24.5.2007; Boletim do STJ, nº 15/2007, p. 67).

Voto nº 11.465 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.118183-5

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal.

— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.

Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta, portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou não, com certeza e espontaneidade.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em

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harmonia com outros elementos do processo.—–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena

abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).— O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo,

sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais graves.

Voto nº 11.466 — CARTA TESTEMUNHÁVEL Nº

990.08.167718-0

Art. 13 da Lei nº 11.340/06;arts. 579, 593, nº II, e 639, do Cód. Proc. Penal;arts. 76, § 5º, e 89, da Lei nº 9.099/95.

— A carta testemunhável é recurso que visa a provocar o reexame de decisão a pedido da parte que sofreu gravame por não ter sido recebido seu recurso, ou por haver-lhe negado seguimento o Juízo (art. 639 do Cód. Proc. Penal).

— O duplo grau de jurisdição é “princípio judiciário destinado a garantir uma reta administração da Justiça” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 186).

— A norma do art. 579 do Código de Processo Penal consagra o princípio que Pontes de Miranda denomina “fungibilidade da interposição dos recursos” (cf. José Frederico Marques, op. cit., p. 201).

Voto nº 11.467 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.141485-6

Arts. 33, § 4º, e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;arts. 33, § 2º, letra c, e 59, do Cód. Penal.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

––“(...) fixada a pena-base no mínimo legal, é inadmissível a estipulação de regime prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a sanção corporal aplicada (...)” (STJ; HC nº 73.707-SP; 6a. T.; rel. Min. Paulo Gallotti; j. 16.8.2007).

—“Nos termos do art. 33, § 2º, letra c, do Cód. Penal, o condenado não-reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto” (STJ;HC nº 65.275/SC; Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. T.; DJU 5.2.07).

— Ainda que se não deva julgar pelos precedentes judiciais mas segundo as leis, conforme velha parêmia — “Non exemplis, sed legibus judicandum est” —, não entra em dúvida que “os exemplos dos superiores são a melhor norma de proceder dos juízes inferiores”, asseverou o insigne Min. Macedo Soares (cf. Hermenegildo de Barros, Grandes Figuras da Magistratura, 1941, p. 281).

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Voto nº 11.468 — agravo em execução Nº

990.08.193900-2

Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

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Voto nº 11.469 — agravo em execução Nº 990.08.172209-7

Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

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Voto nº 11.470 — agravo em execução Nº

990.08.180502-2 Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a

inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.471 — agravo em execução Nº 990.08.195970-4

Art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de

Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico, “quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).

— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX, da Const. Fed.).

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à

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progressão ao regime semiaberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 11.472 — agravo em execução Nº

990.08.195276-9 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a

concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Faltas disciplinares e mau procedimento carcerário do sentenciado argúem-lhe demérito, que obsta à sua progressão de regime prisional (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.474 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.183290-9 Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 70, do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.475 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.008176-7 Arts. 213 e 214, do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado

a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.476 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.019952-0 Arts. 155, § 4º, ns. II e IV, 288, “caput”, 29 e 69, do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Não cabe a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo, se o réu

está preso por outro processo.— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a

violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o

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pedido de “habeas corpus”.––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a

ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.477 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.04.069210-5

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 329, 14, nº II, e 71, do Cód. Penal;arts. 156 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais segura fonte de

informação do Magistrado, pois manteve contacto com o seu autor e não se propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo que, exceto lhe prove o réu que mentiu ou se equivocou, suas declarações bastam a acreditar um decreto condenatório (art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal).

— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).

—“Álibi: quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 159).

— O regime prisional fechado é o compatível com o autor de roubo, pela muita gravidade do crime, ou pela ruim personalidade dos que o cometem, sujeitos pelo comum violentos, que assentaram praça na milícia da maldade.

Voto nº 11.478 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.017596-6

Arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,

consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a presunção de periculosidade.

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— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 11.479 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.194514-2

Arts. 155, § 4º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.

—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).

—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix Fischer).

— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do Cód. Proc. Penal).

— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta se mostre evidente à primeira face.

—“Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 11.480 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.026550-7

Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, 14, nº II, e 29, do Cód. Penal;art. 312 do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

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Voto nº 11.481 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.008619-0

Arts. 147 e 250, § 1º, nº II, do Cód. Penal;arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado, rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do ato processual.

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Voto nº 11.482 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.006572-9

Arts. 155, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 11.483 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.174133-4 Arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 2º da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.484 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.135749-6

Arts. 157, § 2º, nº II, 14, nº II, 29, 61, nº II, alínea h, e 83, parág. único, do Cód. Penal.

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para

comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição unicamente do culpado.

— Há tentativa de roubo se o agente, após empregar violência contra a vítima, não logra subtrair-lhe os bens.

— “Álibi. Quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 159)

— O regime prisional fechado, no início, é o que se ajusta ao autor de roubo, pela necessidade de mais severa disciplina da vontade e intensa força persuasiva, que o reeduquem para a vida em sociedade.

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Voto nº 11.485 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.151431-1

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;arts. 33, § 1º, nº I, § 4º, 34, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;arts. 29, § 1º, e 70, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

— Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da pena (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao traficante esporádico ou eventual, jamais ao que se associa para a prática do tráfico ilícito de drogas, porque é em especial contra esse que se levanta o braço implacável da lei.

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— É de razão reconhecer hipótese de concurso formal entre os tipos previstos nos arts. 33, § 1º, nº I, e 34 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), pois num contexto fático único o agente pratica dois crimes (art. 70 do Cód. Penal).

— À luz da melhor doutrina, a causa de diminuição de pena do art. 29, § 1º, do Cód. Penal (participação de menor importância) “só tem aplicação quando a conduta do partícipe demonstra leve eficiência” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 145).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.489 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.011276-0 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

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Voto nº 11.490 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.004172-2

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado, rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do ato processual.

––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

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Voto nº 11.491 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.138751-4

Arts. 121, § 2º, 33, § 2º, e 83, parág. único, do Cód. Penal;arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semiaberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 11.492 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.019019-1

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do

condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

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Voto nº 11.493 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.003233-2 Art. 146 da Lei de Execução Penal;arts. 86 e 90, do Cód. Penal;art. 732 do Cód. Proc. Penal.

–– É questão vitoriosa nos Tribunais que a revogação do livramento condicional somente pode ocorrer durante o período de prova (art. 86 do Cód. Penal).

––“Terminado o período de prova sem revogação, a pena privativa de liberdade deve ser julgada extinta” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 599).

Voto nº 11.494 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.056791-8

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 12 da Lei nº 1060/50.

— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que

concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação o

silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente tem sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).

— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo: personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas roubadas.

— Ao intimidas com arma branca a vítima de roubo, o agente acrescenta perigo concreto ao meio executório. “A razão da circunstância”, escreve Damásio E. de Jesus, “reside na maior probabilidade de dano que resulta do emprego de um revólver, de um punhal, etc” (Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 594).

— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina social.

— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva isenção ou parcelamento.

Voto nº 11.495 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.178348-7 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

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Voto nº 11.496 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.087072-6

Arts. 12, 14, 16 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;art. 33 da Lei nº 11.343/06;art. 91, nº II, alínea b, do Cód. Penal;arts. 202 e 580, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).

— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência considerável quantidade de substância entorpecente, embalada sob a forma de “crack”, apreendida pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Tem-se por prejudicado o recurso do réu se, na forma do art. 580 do Cód. Proc. Penal, já lhe haviam sido estendidos os efeitos da decisão proferida na apelação dos corréus.

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Voto nº 11.501 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.074340-6

Arts. 146, § 1º, 157, § 3º, 14, II, 61, nº I, 65, nº III, alínea d, 69, 71, do Cód. Penal;arts. 1º, nº II, e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A confissão, conforme os velhos praxistas, passa pela rainha das provas (regina

probationum), pois, como acentua o conspícuo Mário Guimarães, “é contrário à natureza alguém afirmar contra si fato que não seja verdadeiro” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 309).

— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada aos mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.

—“Se o agente pratica homicídio tentado e subtração patrimonial tentada, a doutrina unânime ensina que responde por tentativa de latrocínio (art. 157, § 3º, in fine, c/c o art. 14, II)” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 603).

— Incorre nas penas de tentativa de latrocínio o agente que, ao praticar roubo, efetua disparos de arma de fogo contra a vítima, com evidente “animus necandi” (arts. 157, § 3º, 2a. parte, e 14, nº II, do Cód. Penal).

—“Se da violência resulta morte, diz a lei, o crime é de latrocínio. E não exige que a morte seja da própria vítima de lesão patrimonial” Rev. Tribs., vol. 544, p. 337; rel. Prestes Barra).

— Latrocínio: “Se a vítima do homicídio não é o lesado (sujeito passivo da lesão patrimonial), o crime, por isso, não perde a tipicidade. Basta que os crimes se liguem pelo nexo de causalidade ou consequencial” (Hoeppner Dutra, O Furto e o Roubo, 1955, 254).

— Comete crime de constrangimento ilegal — que não sequestro, por ausência do elemento subjetivo do tipo — o sujeito que, mediante grave ameaça, obriga outrem a transportá-lo em seu carro (art. 146, § 1º, do Cód. Penal).

— Inexiste quebra do preceito do “non bis in idem” se o Magistrado fixa ao réu a pena-base além do mínimo legal, à conta de seus antecedentes desabonadores e defeituosa personalidade, exasperando-a depois pela nota da reincidência: que são diversas as causas dos aumentos.

— O autor de latrocínio (art. 157, § 3º, “in fine”, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o “regime inicial fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.502 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.008016-7 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o

Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

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Voto nº 11.503 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.004398-9 Art. 12 da Lei nº 6.368/76;art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;art. 83 do Cód. Penal;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a

liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.504 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.006682-2 Arts. 157, § 3º e 288, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,

rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.

––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

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Voto nº 11.505 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.023354-0

Arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

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Page 89: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.506 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.196890-8

Arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia

cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.

–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a presunção de periculosidade.

— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 11.507 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.161154-6

Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo oferece base necessária ao

decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.

— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

— O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei, conforma-se à personalidade do autor de roubo, sujeito de ordinário violento e, pois, necessitado de severa disciplina, que o melhore e reconduza à vida em sociedade.

Voto nº 11.508 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.124221-4 Art. 14 da Lei nº 6.368/76;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

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Page 90: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

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Page 91: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.509 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.012194-7 Art. 157, § 2º, ns. I e II do Cód. Penal;art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.510 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.006163-4 Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.511 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.023124-3

Arts. 12, 14 e 16, da Lei nº 6.368/76;arts. 33, § 4º, e 44, da Lei nº 11.343/06;arts. 185, 202 e 360, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não invalida nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê inteira ciência dos capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a Justiça (art. 185 do Cód. Proc. Penal).

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16 não se mostra atendível, se o réu guardava na residência considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau mínimo” (TRF da 1a. R; Ap.nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).

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— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.512 — agravo em execução Nº 990.08.084062-2 Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 213 do Cód. Penal;art. 112 da Lei de Execução Penal;arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 11.513 — agravo em execução Nº

990.08.184316-1 Arts. 5º, nº LV e 133 da Const. Fed.

—“Indispensável à administração da justiça”, conforme proclama a Constituição Federal (art. 133), tem o advogado o direito de estar presente às audiências de interesse de seu cliente, sempre que o exigirem as circunstâncias e dispuser a lei.

— Atenta sua natureza de procedimento administrativo, a sindicância instaurada para apurar falta disciplinar praticada em estabelecimento penal não obriga à

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presença do advogado para reconhecimento de sua validade.— A Súmula Vinculante nº 5, editada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal,

reza que “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

Voto nº 11.514 —Recurso em Sentido Estrito 990.08.195189-4 Arts. 121, §2º, ns. II e IV, 14, nº II e 23, nº II, do Cód. Penal; arts. 408 e 413,“caput” do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo

Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).

–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).

–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal).

––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência” (Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 11.515 —Recurso em Sentido Estrito Nº 990.08.194088-4

Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requisitos que

lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o direito de defender-se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

— Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

— Não há “perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus, enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 42).

—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).

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Voto nº 11.516 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.119134-2 Arts. 33, 35 e 40, nº V, da Lei nº 11.343/06;art. 33, “caput”, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Da utilidade e vantagem da reunião de feitos discorreu discretamente o nunca assaz louvado Mestre José Frederico Marques: “É que a conexão, além de contribuir para a economia processual, evita decisões divergentes ou contraditórias, e, por possibilitar uma visão mais completa dos fatos e da causa, constitui fator de melhor aplicação jurisdicional do direito” (Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. I, p. 272).

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).

— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o que caracteriza o crime do art. 35 da Lei de Drogas, senão a associação com o intuito de praticar os crimes previstos em seus arts. 33, “caput” e § 1º, e 34.

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.527 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.075573-0

Arts. 157, § 2º, nº I, e 59, do Cód. Penal;arts. 156, 202 e 226, do Cód. Proc. Penal.

— Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

— Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação, segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).

–– Isto de álibi, “quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 159).

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina social.

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Voto nº 11.528 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.190872-7 Arts. 33 e 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.529 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.154777-5 Art. 12 da Lei nº 6.368/76;art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 52, X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

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Voto nº 11.530 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.026871-1

Arts. 157, § 2º, II, 14, II, 33, § 2º, alínea b e 65, nº I, do Cód. Penal.

— A vítima, atenta sua relevante posição no episódio criminoso, é a pessoa mais capacitada a depor das circunstâncias em que ocorreu e apontar-lhe o verdadeiro autor.

— Não realiza ato de simples acompanhamento físico, mas de execução do tipo penal, o sujeito que agride a vítima para tentar roubar-lhe o veículo (art. 157, § 2º, e art. 14, nº II, do Cód. Penal).

— Ainda que o assunto seja pábulo de controvérsias, adquiriu mais prestígio entre os juristas de boa nota a opinião de que “o art. 65, nº I, do Código Penal não foi alterado pelo art. 5º do novo Código Civil. Subsiste” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 243). A menoridade, “atualmente, continua sendo a principal das atenuantes, por tradição (...)” (Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 355).

— “É certo que a menoridade civil cessa aos dezoito anos completos, no entanto a norma civil não alterou a norma penal, cujo significado encontra razões na imaturidade da pessoa” (STJ; HC nº 40.041-0-MS; 6a. T.; rel. Nilson Naves; j. 17.3.2005; apud Mohamed Amaro, Código Penal na Expressão dos Tribunais, 2007, p. 367).

— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 11.531 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.150613-0

Arts. 214, 224, alínea a, 225, § 1º, nº I, e § 2º, do Cód. Penal;arts. 2º, § 1º e 9º, da Lei nº 8.072/90.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art. 214 do Cód. Penal).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).

— O autor de atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

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Voto nº 11.532 — agravo em execução Nº 990.08.180557-0

Arts. 155, § 2º, ns. I e II, 157, § 2º, ns. I e II, 59 e 71, do Código Penal;art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de justiça.

— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).

— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza aquela que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 11.533 — agravo em execução Nº 990.08.0135545-7

Arts. 155, § 2º, ns. I e II, 157, § 2º, ns. I e II, 59 e 71, do Cód. Penal.

— Em ponto de crime continuado, não deve o Juiz reduzir demasiado seu alcance, de arte que lhe impossibilite o reconhecimento; antes lhe importa, de par com a preocupação da ordem jurídica e social, atender ao fim do instituto, convém a saber, evitar o exagero punitivo sob o influxo da eqüidade, pois meta do Direito Penal é também a recuperação do infrator.

—“Viola o art. 71 do Código Penal o acórdão que, embora reconhecendo a concorrência dos elementos da caracterização objetiva do crime continuado, que nele se adotou, nega, porém, a unificação das penas, à base de circunstâncias subjetivas, quais os antecedentes do acusado ou a ausência da unidade de desígnio” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 137, p. 772; rel. Min. Sepúlveda Pertence).

—“O réu tem direito ao crime continuado, agindo ou não com unidade de desígnio, pois essa foi a vontade do legislador” (Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 377).

— O aumento de pena “até o triplo”, previsto no parág. único do art. 71 do Código Penal, não se admite senão naquelas hipóteses em que as circunstâncias judiciais (art. 59) sejam de todo o ponto desfavoráveis ao réu, tocando ao magistrado, conforme regra precípua de direito, o dever de motivar sempre a fixação da pena acima do mínimo legal (1/6).

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Voto nº 11.534 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.074494-9

Arts. 213, 214, 223, “caput” e parágrafo único, 224, do Cód. Penal;art. 1º, nº VI, 2º, § 1º e 9º, da Lei nº 8.072/90;art. 2º, § 2º, da Lei nº 11.464/07;art. 1º, ns. V e VI, da Lei nº 8.930/94.

— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214), como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC nº 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art. 213 do Cód. Penal).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

— O autor de estupro (art. 213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o “regime inicial fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.536 — agravo em execução Nº 990.09002662-6

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

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Voto nº 11.537 — agravo em execução Nº 990.08.185603-4 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.

— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.

— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

–– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator de insegurança dos negócios jurídicos, em detrimento grave de seu nome e crédito.

Voto nº 11.538 — agravo em execução Nº

990.08.168675-9 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

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Voto nº 11.539 — agravo em execução Nº 990.08.153815-6 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.541 — agravo em execução Nº

990.08.048204-1 Art. 111 da Lei de Execução Penal.

— É indene de censura a decisão que, à vista de nova condenação do sentenciado a pena incompatível com o regime aberto, determina-lhe o cumprimento na modalidade prisional mais severa, que isto mesmo dispõe o art. 111 da Lei de Execução Penal.

— É princípio de ordem lógica, sufragado sem exceção pelas escolas penais, que o castigo deve guardar relação com o delito e com a personalidade do infrator, pois a reincidência reflete na dosimetria da pena e na forma de seu cumprimento.

Voto nº 11.542 — agravo em execução Nº

990.08.182256-3 Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.543 — CORREIÇÃO PARCIAL Nº

990.08.136032-2 Arts. 147 e 331, do Código Penal;arts. 579, 593, nº II e 639, do Cód. Proc. Penal;art. 13 da Lei nº 11.340/06; arts. 76 e 89, § 5º, da Lei nº 9.099/95.

— Considera-se prejudicada a correição parcial pela perda do objeto, se o requerente obtém do Tribunal, por outra via recursal, a reparação do gravame praticado pelo juiz inferior.

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Voto nº 11.544 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.040771-3

Arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 33 da Lei nº 11.343/06;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— É a prisão em flagrante “a mais eloquente prova da autoria de um crime” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 33).

—“A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.545 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.029175-8

Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II do Cód. Penal;art. 386, nº VI, 393 do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

–– Exceto na hipótese de necessidade cautelar, não é de bom exemplo (nem talvez legítimo) condicionar o recebimento do recurso ao prévio recolhimento do réu à prisão: “O princípio do duplo grau de jurisdição atribui ao réu o direito de ver a sentença condenatória submetida à apreciação do tribunal, independentemente da condição do recolhimento à prisão” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 473).

—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).

— Embora direito do réu manter-se calado (art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.), ordena a razão natural que todo o indivíduo se defenda com bravura de injusta acusação; em silêncio e indiferente, quando argüido de crime, só permanece o que foi achado em culpa.

— Pedra angular do edifício probatório, a palavra da vítima, nos crimes violentos contra o patrimônio, é fonte valiosíssima de convicção e, se em harmonia com os mais elementos dos autos, pode justificar a condenação do réu (art. 157 do Cód. Penal).

— Constitui a majorante do inc. I do § 2º do art. 157 do Cód. Penal a ameaça com arma desmuniciada, se a vítima o ignorava, porque instrumento apto a intimidá-la e, pois, render-lhe o ânimo.

— Ao autor de roubo, crime grave entre os que mais o sejam, não convém senão o regime prisional fechado. É a própria natureza da infração penal que o exige e a notável deformação de sua personalidade, inconciliável com regime diverso de

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cumprimento de pena.

Voto nº 11.546 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.003556-0 Arts. 12 e 15, da Lei nº 10.826/03;art. 69 do Cód. Penal;arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— O benefício da liberdade provisória é incompatível com a condição do réu que não comprova primariedade, bons antecedentes, ocupação lícita e residência no foro da culpa (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). A custódia cautelar, nesse caso, é medida indeclinável de garantia da ordem pública e aplicação da lei penal.

Voto nº 11.547 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.188837-8 Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de

execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

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Voto nº 11.548 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.031612-8

Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;arts. 5º, nº LVI e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf . Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

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Voto nº 11.549 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.026783-3

Arts. 213, 214, 223, “caput” e 224, alínea a, parág. único, do Cód. Penal;arts. 383 e 384, do Cód. Proc. Penal;art. 1º, nº V e VI, da Lei nº 8.930/94;art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90.

— Ainda que altamente reputado o princípio da congruência ou correlação entre a imputação e a sentença (“sententia debet esse conformis libello”) , pode o Juiz, sem ouvir a Defesa, dar nova definição jurídica ao fato criminoso, desde que a denúncia o tenha tratado ao menos implicitamente (arts. 383 e 384 do Cód. Proc. Penal).

— O réu defende-se da imputação de crime contida na denúncia, não de sua capitulação legal.

— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à condição da mulher, sobretudo se de vida honesta, faltar à verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma indelével (art. 214 do Cód. Penal).

— Ensina a experiência vulgar que o sujeito inocente, quando acusado de crime, não o sofre em silêncio, antes se defende com energia e prontamente.

— Pratica atentado violento ao pudor o agente que acomete criança em lugar público e, após despi-la, constrange-a, mediante violência, a permitir que desafogue sua concupiscência, passando-lhe as mãos nas partes pudendas” (art. 214 do Cód. Penal).

— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214), como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput , e parág. único), são crimes hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).

— O autor de atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por expressa disposição do art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90).

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Voto nº 11.550 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.035348-1

Arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.;art. 2º da Lei nº 8.072/90.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf . Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

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Voto nº 11.551 — HABEAS CORPUS Nº 990.08.169035-7

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter autorização para estudo por método de correspondência a preso incluído no regime disciplinar diferenciado (RDD), pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea f , da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.552 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.044403-7

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 29, do Código Penal.

— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo

comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a roborarem outros elementos do processo.

— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a posse tranquila e desvigiada da “res furtiva”.

— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que disciplinam a convivência humana.

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Voto nº 11.553 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.011019-5

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;arts. 41 e 202, do Cód. Proc. Penal.

— Não é inepta a denúncia que descreve fato que, em tese, constitui crime e permite ao acusado o exercício da ampla defesa (art. 41 do Cód. Proc. Penal).

— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de sentimento ético, e pela notória gravidade do crime, que intranquiliza e comove a população honrada.

Voto nº 11.554 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.027256-2

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 14, nº II e 29, do Cód. Penal.

— A palavra da vítima de roubo, sobretudo quando em harmonia com outros elementos de convicção do processo, pode justificar decreto condenatório. Protagonista do fato criminoso, é pessoa a mais capacitada para dele discorrer e indicar seu autor.

— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

— O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social.

Voto nº 11.555 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.030550-9

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 59, “caput” e 64 nº I, do Código Penal.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a roborarem outros elementos do processo.

— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a posse tranqüila e desvigiada da “res furtiva”.

— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e

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se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que disciplinam a convivência humana.

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Voto nº 11.556 — HABEAS CORPUS Nº 990.09.026945-6Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.557 — HABEAS CORPUS Nº 990.09.025006-2

Art. 659 do Cód. Proc. Penal;art. 33, “caput” e § 4º, da Lei nº 11.343/06.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.558 — HABEAS CORPUS Nº 990.08.196458-9

Arts. 214, 224, alínea a, 225, § 1º, 226, nº II e 71, do Cód. Penal;arts. 403, § 3º, 566 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.

–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).

—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

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Voto nº 11.559 — HABEAS CORPUS Nº 990.09.030558-4

Art. 333 do Cód. Penal;arts. 41, 569 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).

— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix Fischer).

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a culpabilidade do agente, é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.560 — HABEAS CORPUS Nº 990.08.155045-8Arts. 171, 14, nº II, 29 e 71, do Cód. Penal;art. 659 Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.566 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.055868-6

Arts. 121, § 1º, nº IV, § 2º, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º, 115, do Cód. Penal;arts. 61, 312, 593, III, d e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

—“Se o júri, por exemplo, reconhecer o homicídio privilegiado, não indagará o juiz sobre circunstâncias qualificadoras do mesmo crime” (José Frederico Marques, O Júri no Direito Brasileiro, 2a. ed., p. 184).

—“Admitido o homicídio privilegiado, prejudicados devem ser considerados os quesitos relativos ao motivo torpe e à surpresa, sob pena de nulidade do julgamento do Júri” (Rev. Tribs., vol. 575, p. 361; rel. Cunha Bueno).

— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c , da Const. Fed.).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de

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prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.567 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.045694-6

Arts. 157, §§ 2º e 3º, ns. I e II, 158, § 1º, 288, parág. único, 14, nº II e 59, do Cód. Penal;arts. 41, 202, 226, nº II, 381, 383, 386, nº IV e VI, do Cód. Proc. Penal;art. 7º, § 1º, nº 1, “in verbis”, nº XV, da Lei nº 8.906/94;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Ainda que se haja de franquear autos de processo ou inquérito policial ao advogado, em obséquio à majestade e importância de seu claro ofício, urge atender a que tenha interesse jurídico na questão. O argumento de que, nos termos do art. 7º, nº XV, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), tem direito de “vista dos processos judiciais e administrativos de qualquer natureza”, não se recebe “sine grano salis”. É que a sobredita regra geral sofre restrição expressa em seu art. 7º, § 1º, nº I, “in verbis”: não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI “aos processos sob regime de segredo de justiça”.

—“O direito do advogado a ter acesso aos autos de inquérito não é absoluto, devendo ceder diante da necessidade do sigilo da investigação, devidamente justificada na espécie (art. 7º, § 1º, 1, da Lei nº 8.906/94)” (STJ; RMS nº 15.167-PR; rel. Min. Felix Fischer; DJU 10.3.2003).

—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix Fischer);

— O princípio da congruência (“sententia debet esse conformis libello”) sofre temperamentos, um dos quais é ditado pela regra do art. 383 do Cód. Proc. Penal.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

— O regime fechado, no início, para autor de tentativa de latrocínio (arts. 157, § 3º, e 14, nº II, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, decorre da vontade expressa da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

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Page 112: EMENTÁRIO OFICIAL (Matéria Criminal) 17 - Carlos Biasotti

Voto nº 11.568 — ApelaçÃo CRIMINAL Nº

993.05.023481-9

Art. 121, § 2º, ns. I, III e IV, do Cód. Penal;arts. 593, III, d, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

— A confissão extrajudicial do réu, exceto se provar que a fez sob coação, é valiosa para aferir-lhe a culpabilidade, sobretudo se em harmonia com os mais elementos do processo, e pode legitimar decreto condenatório.

–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante, bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro crasso.

— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c , da Const. Fed.).

— A lição de Ary Franco, glória da instituição do Júri, tem ainda prestígio e atualidade: “Sempre que o fato se apresente suscetível de ser divisado à luz de critérios divergentes, capazes de lhe emprestarem diversa fisionomia moral ou jurídica, qualquer que seja a orientação vencedora, refletida na decisão do Tribunal, não poderá ser havida como manifestamente contrária à prova” (O Júri e a Constituição Federal de 1946, 1956, p. 262).

— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. I, III e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos , deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

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