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EMENTA DIREITO DAS COISAS – DIREITO CIVIL IV Professora: Élida Mamede OBJETIVOS Conceituar o Direito das coisas, estudar os fundamentos da posse, da propriedade, a prescrição aquisitiva em suas espécies, a aquisição e a perda da propriedade; identificar os direitos reais e pessoais. CARGA HORÁRIA: 72h/a EMENTA: Noções gerais. Distinção entre posse, propriedade e detenção. Teorias(subjetiva e objetiva). Posse: conceituação, composse, qualificação da posse,aquisição, transmissão, efeitos, perda e proteção de posse. Propriedade: conceituação, classificação, aquisição e perda, proteção, da propriedade móvel e imóvel: conceitos, modos de aquisição e perda, usucapião. Desapropriação. Direitos de vizinhança. Direitos reais sobre coisas alheias. CONTEÚDO PROGRATICO UNIDADE 1 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 1.1 Denominação; 1.2 Natureza jurídica dos direitos reais; 1.3 Direitos reais e direitos pessoais; 1.4 Obrigações propter REM 1.5 Características dos direitos reais: eficácia erga omnes e direito de seqüela; 1.6 Classificações dos direitos reais; 1.7 Ações reais. UNIDADE 2 - DA POSSE 2.1 Conceito e teorias sobre a posse. Distinção entre posse e propriedade; 2.2 Natureza jurídica; 2.3 Posse e detenção. Fâmulos da posse; 2.4 Classificações; 2.4.1Continuidade do caráter da posse; 2.4.2 Posse direta e posse indireta; 2.4.3 Possejusta e posse injusta; 2.4.4 Posse de boa-fé e posse de má-fé; 2.4.5 Posse nova eposse velha; 2.4.6 Posse ad interdicta e posse ad usucapionem; 2.4.7 Composse prodiviso e pro indiviso; 2.5 Aquisição, Conservação e Transmissão; 2.6 Perda da posse;2.7 Efeitos da posse; 2.8 Ações possessórias; 2.9 Constituto possessório. UNIDADE 3 - DA PROPRIEDADE 3.1 Conceito e historicidade; 3.2 Natureza jurídica; 3.3 Função social da propriedade; 3.4 Aquisição da propriedade móvel. Tradição. Ocupação, especificação,confusão, comistão e adjunção; 3.5 Aquisição da propriedade imóvel. Transcrição noregistro de imóveis. Acessão; 3.6 Usucapião; 3.7 Perda da propriedade.Desapropriação; 3.8 Propriedade resolúvel; 3.9 Tutela da propriedade e juízo petitório. UNIDADE 4 - DIREITOS DE VIZINHANÇA 4.1 Uso nocivo da propriedade; 4.2 Arvores limítrofes; 4.3 Passagem forçada; 4.4 Passagem de cabos e tubulações; 4.5 Águas; 4.6 Limites entre prédios e direito detapagem; 4.7 Direito de construir. UNIDADE 5 - CONDOMÍNIO 5.1 Condomínio Voluntário; 5.2 Condomínio necessário; 5.3 Condomínio Edilício. UNIDADE 6 - DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS 7.1 Usufruto; 7.2 Servidão; 7.3 Enfiteuse e Superfície. UNIDADE 7 - DIREITOS REAIS DE GARANTIA 8.1 Hipoteca; 8.2 Penhor; 8.3 Anticrese. UNIDADE 8 - USO E HABITAÇÃO

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EMENTA DIREITO DAS COISAS – DIREITO CIVIL IVProfessora: Élida Mamede

OBJETIVOSConceituar o Direito das coisas, estudar os fundamentos da posse, dapropriedade, a prescrição aquisitiva em suas espécies, a aquisição e a perdada propriedade; identificar os direitos reais e pessoais.CARGA HORÁRIA: 72h/aEMENTA: Noções gerais. Distinção entre posse, propriedade e detenção.Teorias(subjetiva e objetiva). Posse: conceituação, composse, qualificação daposse,aquisição, transmissão, efeitos, perda e proteção de posse. Propriedade:conceituação, classificação, aquisição e perda, proteção, da propriedade móvele imóvel: conceitos, modos de aquisição e perda, usucapião. Desapropriação.Direitos de vizinhança. Direitos reais sobre coisas alheias.

CONTEÚDO PROGRATICO

UNIDADE 1 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS1.1 Denominação; 1.2 Natureza jurídica dos direitos reais; 1.3 Direitos reais edireitos pessoais; 1.4 Obrigações propter REM 1.5 Características dos direitosreais: eficácia erga omnes e direito de seqüela; 1.6 Classificações dos direitosreais; 1.7 Ações reais.UNIDADE 2 - DA POSSE2.1 Conceito e teorias sobre a posse. Distinção entre posse e propriedade; 2.2Natureza jurídica; 2.3 Posse e detenção. Fâmulos da posse; 2.4 Classificações;2.4.1Continuidade do caráter da posse; 2.4.2 Posse direta e posse indireta;2.4.3 Possejusta e posse injusta; 2.4.4 Posse de boa-fé e posse de má-fé;2.4.5 Posse nova eposse velha; 2.4.6 Posse ad interdicta e posse adusucapionem; 2.4.7 Composse prodiviso e pro indiviso; 2.5 Aquisição,Conservação e Transmissão; 2.6 Perda da posse;2.7 Efeitos da posse; 2.8Ações possessórias; 2.9 Constituto possessório.UNIDADE 3 - DA PROPRIEDADE3.1 Conceito e historicidade; 3.2 Natureza jurídica; 3.3 Função social dapropriedade; 3.4 Aquisição da propriedade móvel. Tradição. Ocupação,especificação,confusão, comistão e adjunção; 3.5 Aquisição da propriedadeimóvel. Transcrição noregistro de imóveis. Acessão; 3.6 Usucapião; 3.7 Perdada propriedade.Desapropriação; 3.8 Propriedade resolúvel; 3.9 Tutela dapropriedade e juízo petitório.UNIDADE 4 - DIREITOS DE VIZINHANÇA4.1 Uso nocivo da propriedade; 4.2 Arvores limítrofes; 4.3 Passagem forçada;4.4 Passagem de cabos e tubulações; 4.5 Águas; 4.6 Limites entre prédios edireito detapagem; 4.7 Direito de construir.UNIDADE 5 - CONDOMÍNIO5.1 Condomínio Voluntário; 5.2 Condomínio necessário; 5.3 CondomínioEdilício. UNIDADE 6 - DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS7.1 Usufruto; 7.2 Servidão; 7.3 Enfiteuse e Superfície.UNIDADE 7 - DIREITOS REAIS DE GARANTIA8.1 Hipoteca; 8.2 Penhor; 8.3 Anticrese.UNIDADE 8 - USO E HABITAÇÃO

UNIDADE 9 - RENDAS CONSTITUÍDAS SOBRE IMÓVEISUNIDADE 10 - PROMESSA DE COMPRA E VENDA COM EFICÁCIA REAL

BIBLIOGRAFIA BÁSICAPEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 18.ed. Rio deJaneiro:Forense, 2004. V.4VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 6. ed. São Paulo: Atlas,2006.GOMES, Orlando. Direitos reais. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das coisas. 6.ed. São Paulo: Saraiva,2003.IHERING, Rudolf Von. Teoria simplificada da posse. Tradução Pinto de Aguiar.2.ed. rev. Bauru: EDIPRO, 2002.NADER, Paulo. Curso de direito civil: direito das coisas. Rio de Janeiro:Forense,2006. v.4DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. v.4. São Paulo: Saraiva.RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. v.5. São Paulo: Saraiva.VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 1995.VIANA, Marco Aurélio.Curso de Direito Civil. v.3, Belo Horizonte: Del Rey, 1997.WALD, Arnold. Curso de Direito Civil. São Paulo: R.T., 1997.

DIREITO DAS COISASArts. 1196-1510, CC1.1. Nomenclatura:Direito das coisas: ramo do direito civil que tem como conteúdo relações jurídicas entrepessoas e coisas determinadas.- Como coisas, deve-se entender tudo aquilo que não é humano. Bens são coisas com interessejurídico e/ou econômico.- relação de domínioDireitos reais: As relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas oudetermináveis , tendo como fundamento principal o conceito de propriedade.DIREITO DAS COISAS: Silvio Rodrigues, Washington de Barros Monteiro, MHD, ArnaldoRizzardo, CRG.DIREITOS REAIS: Caio Mário, Orlando Gomes, Silvio Venosa

1.2. Teorias justificadoras dos direitos reais:a) Teoria personalista: os direitos reais são relações jurídicas estabelecidas entre pessoas,exigindo-se determinados comportamentos, mas intermediadas por coisas.b) Teoria realista ou clássica: o direito real é o poder imediato que a pessoa exerce sobre acoisa.

1.3. Características dos direitos reais: (MHD)- oponibilidade erga omnes- direito de sequela- previsão de usucapião como meio de aquisição- rol taxativo (numerus clausus) – 1225, CC - princípio da publicidade dos atos → entrega da coisa ou tradição (bens móveis) ou registro(bens imóveis) arts. 1226 e 1227

1.4. Diferenças entre direitos reais e direitos pessoais patrimoniais:

DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS PATRIMONIAIS

Um sujeito ativo determinado e o sujeito passivo éa sociedade

Sinalagma contratual: sujeitos ativo/passivodeterminados

Objeto: coisa corpórea Objeto: prestação

Eficácia erga omnes (exceção: sumula 308, STJ1) Efeitos inter partes (há uma tendência de ampliaçãodos efeitos, face à função social do contrato)

Rol taxativo, numerus clausus (1225, CC) – princípioda tipicidade

Rol exemplificativo, numerus apertus (425, CC), coma possibilidade de criação de contratos atípicos.

Direito de sequela (é o de seguir a coisa em poderde qualquer detentor. O direito adere a coisa)

Os bens do devedor respondem (perdas e danos)

Caráter permanente como regra Caráter transitório como regra

Instituto típico: propriedade Instituto típico: contrato

1 SÚMULA 308, STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ouposterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes doimóvel”

1.5. Obrigações reais, propter rem, híbridas ou ambulatórias: Obrigações pessoais de umdevedor por ele ser titular de um direito real, mas acabam aderindo à mais coisa que ao seueventual titular. (Art. 1345, CC)

1.6. Abuso de direito de propriedade / ato emulativo: (arts. 187, 1228, §2º, CC)

1.7. A função social da propriedade: CF: art. 5º, caput, XXII, XXIII, XXV, XIart. 6º, caput (direito social de moradia)170, IIIArt. 183 (usucapião constitucional ou especial urbano) – pro miseroArt. 191 (usucapião constitucional ou especial rural) – pro laboreArt. 184, 1ª parte (desapropriação para fins de reforma agrária)

CC: Arts. 1228 §1º

→ POSSE:1 – DEFINIÇÕES: Ler o CC.uma situação fática, de caráter potestativo, decorrente de uma relação sócio-econômica entreo sujeito e a coisa, e que gera efeitos no mundo jurídico. A palavra posse deriva do latimpossessio que provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma origem desedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa.A Posse portanto não se confunde com a propriedade. Esta é fundada em uma relação dedireito (natureza jurídica), enquanto aquela é fundada em uma relação de fato (natureza fática)

FACULDADES:

USAR OU UTILIZAR ius utendi GOZAR OU FRUIR ius fruendi (retirar os frutos)

DISPOR OU ALIENAR ius disponendi (atos intervivos ou mortis causa)

REAVER OU BUSCAR, REIVINDICAR (ius vindicandi)contra quem injustamente a possua. (interditospossessórios)

É um fato ou um direito?2 CORRENTES DE ENTENDIMENTO:FATO: domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisaDIREITO: baseada na tríade de Miguel Reale (um direito com natureza jurídica especial).Corrente majoritária. (MHD, Orlando Gomes)

Definição de Posse. Correntes:a) Teoria Subjetivista ou Subjetiva: (SAVIGNY) poder direito ou mediato que a pessoa tem dedispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e defendê-lo contra aintervenção ou agressão de quem quer que seja. CORPUS (ELEMENTO FÍSICO, MATERIAL) +ANIMUS (ANIMUS DOMINI, intenção de ter a coisa para si, de exercer sobre ela direito depropriedade).Para esta teoria, o locatário, comodatário, etc. ao seriam possuidores.Corrente utilizada para fins de usucapião.

b) Teoria Objetivista ou Objetiva (de Ihering) basta a disposição física, dispensa a intenção deser dono. = CORPUSArt. 1196, CC

c) Teoria social (Salleiles): considera a função social da posse, sua ingerência sócio-econômica,e por ser a exteriorização da propriedade.Vetores: solidariedade social; erradicação da pobreza, direito à moradia; valorização da posse-trabalho

2 – POSSE E DETENÇÃO:Art. 1198, CC

POSSE DETENÇÃOExercício em nome próprio de umpoder de domínio.

Há vínculo de subordinação e/ou dependência econômica.Mera custódia; exercício em nome alheio.

Uso, gozo, reivindicação Mera permissão ou tolerância.Exemplos: locação, comodato,depositário.

Exemplos: ocupação irregular de área pública, entrega de umveículo para venda, relações de trabalho

OBS.: espólio, massa falida e sociedade de fato podem ser possuidores.

3 – Principais classificações de posse:3.1. Quanto à relação coisa-pessoa: Art. 1197- Posse Direta ou Imediata: Aquela que é exercida por quem tem a coisa materialmente,havendo um poder físico imediato. Ex. locatário, usufrutuário, comodatário, depositário. (iuspossessionis)- Posse Indireta ou mediata: exercida por meio de outra pessoa. Geralmente decorrente dapropriedade. (ius possidendi – a posse que decorre da propriedade) 3.2. Quanto à presença de Vícios: - Posse Injusta: obtida mediante violência, clandestinidade ou arbitrariedade.a) Posse violenta: obtida por meio de esbulho, por força física ou violência moral (vis) - ROUBOb) Posse clandestina: é obtida às escondidas, na calada da noite (clam) - FURTOc) Posse precária: é obtida por abuso de confiança ou de direito. Esbulho pacífico –APROPRIAÇÃO INDÉBITA- Posse Justa ou limpa: não apresenta vícios de violência, clandestinidade ou precariedade.

Obs1: a posse, mesmo injusta, é posse; e portanto, pode ser defendida em relação a terceiros.Obs2: Art. 1208 – posses violentas e clandestinas podem ser convalidadas, passados ano e dia(924, CPC) o que não se aplica à posse precária. Quebra do 1.203, CC.Obs3: CONSEQUÊNCIAS: aquele que tem a posse injusta não tem a posse usucapível (adusucapionem).

3.3. Quanto à boa-fé: (OBJETIVA E SUBJETIVA) 1201, CC - Posse de Boa-fé: , 1219. O possuidor ignora os vícios ou os obstáculos que lhe impedem aaquisição da coisa; ou ainda quando tem um justo título que fundamente a sua posse (boa-féresumida). O possuidor de boa-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias eúteis, inclusive com direito de retenção; - Posse de Má-fé: O possuidor sabe do vício que acomete a coisa, mas mesmo assim pretendeexercer domínio fáctico sobre a coisa. O possuidor de má-fé tem direito apenas à indenizaçãopelas benfeitorias necessárias, mas sem direito de retenção.

3.4. Quanto à presença de título: (elemento criador da relação jurídica)- Posse com título: há uma causa representativa de transmissão de posse; um documentoescrito; um contrato, p. ex.- Posse sem título: Situação em que não há uma causa representativa . ex. alguém que achaum tesouro.

3.5. Quanto ao tempo: - Posse nova: é a que conta com menos de um ano e um dia.- Posse velha: é a que conta com mais de um a no e um dia.

3.6. Quanto aos efeitos:- Posse ad interdicta: é a posse que pode ser defendida pelas ações possessórias diretas ouinterditos proibitórios. Esta posse não conduz à usucapião.- Posse ad usucapionem: é a posse usucapível.

4 - Efeitos materiais da Posse:4.1 – Percepção dos frutos e suas conseqüências:Os PRODUTOS DIMINUEM O BEM PRINCIPAL.FRUTOS:

- Naturais- Industriais – material produzido por uma fábrica- Civis – rendimentos: aluguel juros.

Pendentes: ainda estão ligados à coisa principalPercebidosEstantesPercipiendos – ainda não foram colhidos, apesar de já estarem em tempo de ser.Consumidos – já foram colhidos e não mais existem

Art. 1214: POSSUIDOR DE BOA-FÉ: TEM DIREITO AOS FRUTOS PERCEBIDOS; PENDENTES ECOLHIDOS COM ANTECIPAÇÃO DEVEM SER RESTITUÍDOS.Art 1215: Art. 1216:O possuidor de má-fé não tem direito aos frutos colhidos (mas será ressarcido pelasdespesas realizadas com a colheita)

4.2. Indenização e retenção de benfeitoras:Benfeitorias são acessórios introduzidos em um bem, visando sua conservação, melhora ouaformoseamento.Art. 1219 – possuidor de boa-fé: - VALOR ATUAL

Necessárias Indenização RetençãoÚteis Indenização RetençãoVoluptuárias Indenização Levantar

Art. 1220 – Possuidor de má-fé – OPÇÃO ENTRE VALOR ATUAL E VALOR DE CUSTO

Necessárias Indenização - Úteis - -Voluptuárias - -

Art. 1222 –

4.3. Responsabilidades:Art. 1217 – O possuidor de boa-fé : responsabilidade subjetiva (238 – res perit domino)Art. 1218 – Possuidor de má-fé: Responsabilidade objetiva (399)CASO FORTUITO (imprevisibilidade) FORÇA MAIOR (inevitabilidade)Art. 1221 – compensação

4.4 – Direito à usucapião

→ EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE:1 – Interditos possessórios (ações possessórias diretas): (1210 e ss)Demandas que objetivam manter ou restituir a posse. (Art. 940 e ss, CPC)Ameaça (risco de atentado à posse): AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO. Visa a proteção contra perigoiminente.Turbação (atentados fracionados à posse): AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE. Visa a preservação da posse.(Invasão parcial)Esbulho (atentado consolidado à posse): AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. Visa a devolução da posse.

- Fungibilidade total das ações possessórias (mudanças fáticas e/ou engano quanto ao nomen)- Princípio da instrumentalidade das formasAção de força nova: ameaça, turbação e esbulho novos (rito especial - 920-932)Ação de força velha: ameaça turbação e esbulho velhos (rito ordinário, sem a liminar)Não cabe o exceptio proprietatis (Art. 1210 §2ª, CC) – divisão entre os juízos possessório (ondese discute a posse) e petitório (onde se discute a propriedade)ius possessioni e ius possidendis

Art. 1211, CC – possuidor aparente. Será dada a posse a quem fizer a devida utilização sócio-econômica, além do prazo de ano e dia.Art. 1212 c/c 952, CC2 – Outras cautelares:2.1 – Ação de nunciação de obra nova / embargo de obra nova:Essa ação visa impedir a continuação de obra no terreno vizinho que lhe prejudiquem oudesobedeçam regulamentos civis e administrativos. (Arts. 934-940, CPC)No mais das vezes assume a feição de ação petitória

“O embargo liminar atua como pressuposto de desenvolvimento da relação processual. Sem quese torne possível a medida liminar, não se cita o réu. Se faltam elementos para a liminar, portanto,o juiz deve conceder prazo para o autor suprir a lacuna e, se não for atendido, outra saída não lherestará senão a de extinguir o processo” (HTJ)

2.2. Ação de dano infecto:Muito rara atualmente, trata-se de uma medida preventiva baseada no receio de que o vizinho, emdemolição ou vício de construção, lhe cause prejuízos. Essa ação, em regra, é fundada nodomínio, mas pode o possuidor obter do vizinho a caução por eventuais futuros danos. Segue orito ordinário. A ação pode ser cumulada com ex. excesso de ruído

2.3. Embargos de terceiro:Remédio processual para a defesa da posse ou da propriedade por aquele que foi turbado ouesbulhado por atos de apreensão judicial. Seguem o rito especial previsto nos artigos 1.046 a1.054, CPC.

2.4 – Ação de imissão de posse:É uma ação petitória; segue o rito ordinário;é fundada em título de propriedade, sem que o interessado tenha tido posse.Ex. o proprietário que arrematou o bem em leilão e quer adentrar no imóvel.

2.5 – Ação publiciana:É uma ação petitória, fundada no domínio. Também vida proteger a posse daquele que adquiriu o bem porusucapião (propriedade de fato). Segue o rito ordinário.

2.6 – AUTODEFESA: legítima defesa da posse e desforço imediatoSão defesas diretas, independente de ação judicial, cabível ao possuidor direto ou indireto, contra asagressões de terceiros.

Ameaça e turbação → desforço imediatoEsbulho → desforço imediato (imedia dade, razoabilidade, função social, fim econômico, boa-fé obje va,bons costumes)Pode haver o uso de empregados ou prepostos (responsabilidade objetiva indireta, desde que comprovadaa culpa do empregado)

3 -AQUISIÇÃO DE POSSE:Art. 1204, CC – numerus apertus / cláusulas geraisORIGINÁRIA: contato direto entre pessoa e coisa (res nullius / res derelicta)DERIVADA: intermediação pessoal – tradição

TRADIÇÃO REAL: entrega efetiva ou material da coisa. ex. Entrega de um veículo pela concessionáriaTRADIÇÃO SIMBÓLICA (traditio longa manu): ocorre um ato representativo de transferência da coisa, p. ex.,as chaves de um imóvel, venda sobre documentos. TRADIÇÃO FICTA (traditio brevi manu): o possuidor possuia em nome alheio e passa a possuir em nomepróprio e no Constituto possessório (o possuidor possuia em nome próprio e passa a possuir em nomealheio – Orlando Gomes a denomina de tradição consensual)

Art. 1205, CCArt. 1206, CC – princípio da continuidade dos efeitos da posseArt. 1209, CC – princípio da gravitação jurídica – o acessório segue a sorte do principal

4 – PERDA DA POSSE:Art. 1223, CC (abandono, tradição, perda ou deterioração, constituto possessório ou cláusula constituti)SUPRESSIO: não exercício no tempoVENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM NON POTEST: Vedação de comportamento contraditório

5 – COMPOSSE: (1199)Ocorre quando duas ou mais pessoas exercem simultaneamente posse sobre o mesmo bem, havendo umcondomínio de posse.ex. doação conjuntiva; situação dos herdeiros antes da partilha dos bens; cônjuges, companheirosQualquer um dos possuidores poderá fazer uso das ações possessórias e das medidas de autotutela.

Composse indivisível ou pro indiviso: há para cada compossuidor uma fração ideal, não sendo possíveldeterminar, no plano fático e corpóreo, qual a parte de cada um.Composse divisível ou pro diviso: cada compossuidor sabe qual a sua parte, que é determinável no planofático e corpóreo, havendo fração real da posse. Nesse caso, cada compossuidor só pdoerá defender a suafração real da posse.

→ PROPRIEDADE:1 – Definições:“poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física” -Beviláqua“O direito de propriedade abrange todos os direitos que formam o patrimônio,ou seja, todos os direitos que podem ser reduzidos a valor pecuniário”-Lafayette Pereira“A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, e reivindicá-la dequem injustamente a detenha” Caio MárioOrlando Gomes: CRITÉRIOS:SINTÉTICO: é a submissão de uma coisa a uma pessoaANALÍTICO: 4 faculdadesDESCRITIVO: a propriedade é um direito complexo, onde uma coisa estásubmetida à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei.

Art. 1228, CCConteúdo internoNão qualifica como relação jurídica

- PROPRIEDADE PLENA ou ALODIAL: todas as faculdades estão nas mãos doproprietário.- PROPRIEDADE LIMITADA OU RESTRITA: a propriedade sofre alguns ônus(servidão, usufruto, hipoteca, etc.) ou for resolúvel.a) nua-propriedade: despida dos atributos de uso e gozob) domínio útil: atributos de uso e gozo (superficiário, usufrutuário, habitante,etc)

DOMÍNIO: propriedade corpórea; conceito estático; absoluto;DIREITO DE PROPRIEDADE: soma de direitos patrimoniais(atributos/faculdades); conceito dinâmico; relativo

2 – Principais Características da propriedade:A) DIREITO ABSOLUTO (ERGA OMNES), mas que pode ser relativizado emcertas situaçõesB) DIREITO EXCLUSIVO, salvo os casos de condomínio ou copropriedade(Art. 1231, CC)C) DIREITO PERPÉTUO: o direito de propriedade permaneceindependentemente de seu exercício, enquanto não houver causa modificativaou extintiva. A propriedade, via de regra, não pode ser extinta pelo uso, a nãose nos casos de usucapião.D) DIREITO ELÁSTICO – propriedade plena – máximo grau de elasticidadeE) DIREITO FUNDAMENTAL (ART. 5º, XXII E XXIII, CF/88)F) DIREITO COMPLEXO

3 - PROPRIEDADE RESOLÚVEL: constitui aquela que pode ser extinta querpelo advento de condição, termo ou pela superveniência de uma causa capazde destruir a relação jurídica.ex. cláusula de retrovenda; doação com cláusula de reversão, propriedadefiduciária (Art. 1361,Art. 1359)

4 – Propriedade Aparente:É a situação na qual existe suposição de que uma pessoa tenha relaçãode domínio sobre o qual não recaem ônus que possam restringir osdireitos decorrentes da relação de domínio.

REQUISITOS:a) subjetivos: adquirente de boa-fé (subjetiva) e alienação por quem aparentaser o dono da coisa.b) objetivos: presença de justo título e validade formal do título.

5 - Ação reivindicatória:- ação real (direito de propriedade e sequela)- visa à restituição da coisa por quem injustamente a perdeu- prova da propriedade e da posse molestada- rito ordinário- detentor (nomeação à autoria – art. 62, CPC)DD:1ª) prazo 10 anos (art. 205, CC)2ª) Imprescritibilidade, por ter caráter essencialmente declaratório

6 – Outras Limitações à Propriedade:Art. 1228, §1º – função social da propriedade (caráter inafastável deacompanhamento)§3º – desapropriação por:- Necessidade pública - Utilidade pública- Interesse socialArt. 5º, XXIV- requisição em caso de perigo público iminenteArt. 5º, XXV

7 – Formas de aquisição de propriedade imóvel:FORMAS ORIGINÁRIAS:(não adquire as características anteriores)ACESSÕES NATURAIS (ilhas, aluvião, avulsão, álveo abandonado)ACESSÕES ARTIFICIAIS (construções e plantações)USUCAPIÃO

- Código de águas (Decreto-Lei 24.643/1934) 7.1 Formação de Ilhas:ILHA é uma faixa de terra cercada de água por todos os lados. •Ilhas formadas em rios não navegáveis ou particulares.•Ilhas fluviais e lacustres de zonas de fronteira, ilhas oceânicas ou costeiraspertencem à União, aos Municípios (Art. 20, IV, CF) ou aos Estados Federados(Art. 26, II e II, CF)Art. 1249

4.5Aluvião:•ALUVIÃO PRÓPRIA (TERRA VEM): um movimento de águas traz terra parasua margem.•ALUVIÃO IMPRÓPRIA (ÁGUA VAI): partes descobertas pelo afastamento daságuas.

•Art. 1250, CC4.6Avulsão:

•Por força natural violenta, uma porção de terrase destaca de um prédio e se junta a outro.•AVULSÃO é uma faixa de terra avulsa, que se desloca de um terreno, porforça naturam de corrente, para se juntar a outro.•O novo dono indenizará o que perdeu, salvo se em um ano, ninguémreclamar.•Art. 1251, CC

4.7Álveo Abandonado:•ÁLVEO é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solonatural e ordinariamente enxuto.•Álveo abandonado é a parte do rio que desaparece.•Art. 1252, CC•Se voltar, o álveo volta aos antigos donos.

4.8Plantações e construções (arts. 1253 e 1254)TERRENO PRÓPRIO / MATERIAL ALHEIO = ADQUIRE A PROPRIEDADE

•BOA-FÉ: EQUIVALENTE•MÁ-FE: EQUIVALENTE + PERDAS E DANOS

Art. 1255TERRENO ALHEIO / MATERIAIS PROPRIOS =•BOA-FÉ: INDENIZAÇÃO•MÁ-FÉ: PERDE OS MATERIAIS

•SE EXCEDE CONSIDERAVELMENTE O VALOR DO TERRENO → ADQUIREA PROPRIEDADE MEDIANTE PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO, SE AGIU DEBOA-FÉ

Art. 1258•INVASÃO DE SOLO ALHEIO (-5% OU 1/20)BOA-FÉ: Adquire propriedade se o valor da construção / plantação exceder ovalor da área + INDENIZAÇÃOMÁ-FÉ: paga 10 X o valor da indenização e adquire a propriedade (se o valorda construção/plantação exceder o valor da área), se não puder demolir

Art. 1259•Invasão de solo alheio (+5% ou 1/20)boa-fé: adquire a propriedade → perdas e danosmá-fé: demolição + perdas e danos

4.9Usucapião:tomar pelo uso; adquirir pelo usoPrescrição extintivaPrescrição aquisitiva

Posse ad usucapionem:-Animus domini

-Posse mansa e pacífica e sem oposição-Posse contínua e duradoura-Posse justa

1ª) Usucapião Ordinária ou Regular:Art. 1242, caput, CC-Posse mansa, pacífica, contínua-Sem oposição-Animus domini-10 anos-Justo título-Boa-fé

“Justo título abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a adquirir apropriedade, independentemente de registro” (Enunciado n.º 86 CJF/STJ)Ex. instrumento particular de compromisso de compra e venda (STJ, RESP171.204/GO. Rel. min. Aldir passarinho Junior, 4ª turma, j. 26.06.2003, DJ01.03.2004, p. 186)

AÇÃO REIVINDICATÓRIA - JUÍZO PETITÓRIO -CARACTERÍSTICAS - EXCEÇÃO DE USUCAPIÃOORDINÁRIA - MATÉRIA DE DEFESA - POSSIBILIDADE -POSSE AD USUCAPIONEM - POSSE CONTÍNUA,INCONTESTADA E COM ÂNIMO DE AQUISIÇÃO -INOCORRÊNCIA - SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE -SUPOSTA TRANSMISSÃO A TÍTULO SINGULAR PORATO INTER VIVOS - AUSÊNCIA DE PROVA - ACESSIOPOSSESSIONIS - SOMA DAS POSSES -IMPOSSIBILIDADE NA ESPÉCIE - NÃOCONFIGURAÇÃO DO LAPSO TEMPORAL - EXCEÇÃONÃO COMPROVADA - SENTENÇA REFORMADA -PLEITO REIVINDICATÓRIO PROCEDENTE - RECLAMOPROVIDO. A ação reivindicatória é ação real ou petitória,que compete ao proprietário não possuidor da coisa parareavê-la do poder de terceiro, possuidor não proprietário,que injustamente a detenha. O sucesso da demandaexige a reunião de dois elementos, quais sejam, odomínio do autor e a posse injusta do réu. A usucapiãoordinária, no juízo petitório, pode ser oposta como matériade defesa. A posse ad usucapionem tem de ser contínua,incontestada e com animus domini, ensejando solução decontinuidade a transmissão a título singular, por ato intervivos, não comprovada nos autos. O possuidor não pode,para fins de contagem do tempo exigido para a usucapião,acrescentar a sua suposta posse à do seu antecessor, senão comprovou a transmissão a título singular, o queacarreta a não configuração do lapso temporal permissivo.Não comprovada a exceção de usucapião e dispondo oreivindicante de melhor título, colhe êxito o pleito petitório

manejado. TJSC - Apelacao Civel: AC 125430 SC1998.012543-0

2ª) Usucapião Ordinária por posse trabalho:Art. 1242, p. ú., CCPosse qualificada pelo cumprimento de uma função socialDocumento hábil que foi registrado e cancelado posteriormente5 anos

3ª) usucapião Extraordinária:Art. 1238, CCPosse mansa, pacíficaIninterruptaAnimus domini15 anos10 anos: moradia / serviços produtivosOBS.: Não há necessidade de justo título e boa-fé (presunção absoluta dapresença desses elementos)

APELAÇÃO CÍVEL Nº2007.300.7422-2APELANTE BENÍCIA DE SOUZA UMBELINOAPELADA CONSTRUÇÕES DO NORTE LTDA.(CONORTE)ORIGEM COMARCA DE SANTARÉMJUIZO 1ª VARA CÍVELRELATORA DESA. ELIANA RITA DAHER ABUFAIADREVISOR DES. RICARDO FERREIRA NUNESDIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃOEXTRAORDINÁRIO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOSOBJETIVOS E SUBJETIVOS. SENTENÇA REFORMADA.I Basta ao possuidor comprovar que a sua posse équalificada para aquisição ordinária, isto é, que possua oimóvel como seu, com o estado anímico de dono, e pelodecurso de 15 anos ininterruptos e sem oposição. Não énecessário nenhuma outra prova. Não precisa de títuloalgum. Não precisa comprovar a sua boa fé. Não precisaresidir no imóvel. II Este prazo de 15 anos pode serminimizado para 10 anos, desde que o possuidorcomprove que deu ao imóvel destinação capaz de atenderà função social da propriedade, isto é, que possua comoseu, pelo lapso ininterrupto de dez anos, e que sobre oimóvel tenha construído sua moradia habitual, ou que neletenha realizado obras ou serviços de caráter produtivo emantê-la pelo espaço de dez anos. III Não há qualquerlitigiosidade sobre o imóvel usucapiendo. A autora-apelantepossui o requisito subjetivo genérico que a doutrinadenomina animus domini, ou seja, vontade de ser dono,exigível em todas as modalidades de usucapião.

4ª) Usucapião constitucional ou especial rural (pro labore)

Art.191, caput, CFArt. 1239, CCLei 6969/73

Requisitos:-Área não superior a 50 ha, localizada na zona rural-Posse de 5 anos ininterruptos-Sem oposição-Animus domini-Pro labore-Não pode ser proprietário de outro imóvel, seja rural ou urbano-Não há previsão para justo título e boa-fé (presunção absoluta)

Lei 6969/73Art. 1º - Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, possuircomo sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área rural contínua,não excedente de 25 (vinte e cinco) hectares, e a houver tornado produtivacom seu trabalho e nela tiver sua morada, adquirir-lhe-á o domínio,independentemente de justo título e boa-fé, podendo requerer ao juiz queassim o declare por sentença, a qual servirá de título para transcrição noRegistro de Imóveis. Art. 3º - A usucapião especial não ocorrerá nas áreas indispensáveis àsegurança nacional, nas terras habitadas por silvícolas, nem nas áreas deinteresse ecológico, consideradas como tais as reservas biológicas ouflorestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais, assim declaradospelo Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a preferência paraassentamento em outras regiões, pelo órgão competente.

5ª) Usucapião constitucional ou especial urbana (pro misero)Art. 183, caput CF/88Art. 1240, CCLei 10.257/2001Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de atéduzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente esem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á odomínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,independentemente do estado civil.§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmopossuidor mais de uma vez.§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito,a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião daabertura da sucessão.REQUISITOS:-Área urbana não superior a 250 m²-Posse mansa e pacífica-5 anos-Sem oposição-Animus domini

-Moradia-Não ser proprietário de outro imóvelOBS.: Não há previsão de justo título e boa-fé (presunção absoluta)

6ª) usucapião especial urbana coletiva (Lei 10.257/2001)

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metrosquadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, porcinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificaros terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de seremusucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietáriosde outro imóvel urbano ou rural.§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejamcontínuas.§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz,mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registrode imóveis.§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvohipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideaisdiferenciadas.

REQUISITOS:-Área urbana superior a 250m²-Posse de 5 anos, sem oposição-Animus domini-Moradia para famílias de baixa renda-Ausência da possibilidade de identificação da área de cada possuidor-Não podem ser proprietários de outro imóvel

7ª) Usucapião especial indígenaLei n.º 6001/73, art. 33-Área de no mínimo 50ha-Posse mansa e pacífica por 10 anos, exercida por indígenasArt 4º Os índios são considerados: I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuempoucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos dacomunhão nacional; II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanentecom grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de suavida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aosdemais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vezmais para o próprio sustento; III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos nopleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes etradições característicos da sua cultura.

8 – Aspectos processuais da usucapião:-Pode ser alegado em petição inicial ou defesa

-Em ação reivindicatória ou possessória-Sentença declaratória-Ação de usucapião Imprescritível-Intervenção do MP, sob pena de nulidade do processo (944, CPC; art. 5º §5º,Lei 6969/73)-Foro da situação do imóvel (art. 4º Lei 6969/73)-Procedimento sumário

Lei n.º 6969/73:Art. 5º§ 1º - O autor, expondo o fundamento do pedido e individualizando oimóvel, com dispensa da juntada da respectiva planta, poderá requerer, napetição inicial, designação de audiência preliminar, a fim de justificar a posse,e, se comprovada esta, será nela mantido, liminarmente, até a decisão final dacausa.

Art. 6º - O autor da ação de usucapião especial terá, se o pedir, o benefício daassistência judiciária gratuita, inclusive para o Registro de Imóveis. Lei n.º 10.257/2001

Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarãosobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham aser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo.Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especialurbana:I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;II – os possuidores, em estado de composse;III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade,regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamenteautorizada pelos representados.§ 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção doMinistério Público.§ 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita,inclusive perante o cartório de registro de imóveis.

TABELA COMPARATIVA:

Critérios Ord. Posse-trab.

Extra. Rural Urbana UrbanaColetiva

Indígena

Mansa epacífica

Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

AnimusDomini

Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Contínua Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Prazo 10 anos 5 anos 15/ 10anos

5 anos 5 anos 10 anos 10 anos

JustoTítulo

Sim Sim Não não não não não

Boa-Fé Sim Sim Não não não não não

FunçãoSocial

Não Sim Sim sim sim sim sim

Área - - - Até 50 ha Até250m²

Maior250m²

Mínimo50 ha

Ter outrapropr.

- - - não não não -

Legisl. 1242,caput, CC

1242,P.Ú. CC

1238, CC Art.191,caput, CFArt. 1239,CCLei6969/73

Art. 183,caputCF/88Art. 1240,CCLei10.257/01

Lei10.257/2001, art.10

Lei 6001/

FORMAS DE AQUISIÇÃO DERIVADA DE PROPRIEDADE IMÓVEL:1 – REGISTRO DO TÍTULO (TRANSCRIÇÃO) – Arts. 1245-1247, CC, Lei6.015/75, LRP, arts. 172, 173, 176, 188, 195.1ª) O imóvel deve ser matriculado. Requisitos da matrícula:a) a indicação do bem mediante suas características e confrontações,localização área e denominação, se rural; logradouro e número, se urbano;b) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário

Registro do título translativo (titulus adquirendi) – negócio causal(escrutiras particulares e públicas)

se escritura pública, é lavrada no tabelionato de notas de qualquer localdo país, não importando a localização do imóvel. Art. 108, CC

a) compra e vendab) troca ou permutac) transaçãod) daçãoe) doaçãof) carta de sentençaG) promessa de compra e venda devidamente quitadaObs.: segundo Orlando Gomes, o vício do título contamina o registro.

outros direitos reais sobre o imóvel também devem ser registradosCARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEL – LOCAL DA SITUAÇÃO DA COISA- depois de protocolado o título translativo e estando o imóvel matriculado,procede-se ao registro nos 30 dias seguintes à prenotação, assentando, noLivro 2 (Registro geral): a data, o nome, o domicílio e nacionalidade dotransmitente e do adquirente, o título de transmissão, sua forma, procedência ecaracterização, valor do contrato.

Prenotação é a anotação prévia e provisória no protocolo, feita por oficial de registropúblico de um título apresentado para registro. Temos então que todo título protocoladoestá automaticamente prenotado, passando a gozar de prioridade no registro emrelação àquele protocolado posteriormente (art. 186 da Lei 6.015). A prenotação temvalidade de 30 dias, incluído o dia do lançamento no protocolo.

Princípios:- Publicidade- Obrigatoriedade- fè pública (presunção relativa)- Possibilidade de retificação / Mutabilidade

1.1. Ação de retificação: processo contencioso o MP é ouvido

1.2. Ação de nulidade do registro:

2 – SUCESSÃO HEREDITÁRIA: deve ser registrado o formal da partilha, paramanter a continuidade da matrícula e para que o herdeiro possa alienar oimóvel. A transmissão ocorre no momento da morte.

FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL:- ORIGINÁRIAS: Usucapião, ocupação, achado de tesouro- DERIVADAS: especificação, confusão, comistão, adjunção, tradição, sucessão

a) Ocupação: adquire um bem que não pertence a ninguém. ex. Caça, pesca, resderelicta (cão abandonado). Art. 1263Não ocorre ocupação de coisa perdida.b)Achado de tesouro: Tesouro: depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória.Art. 1264, 1265Art. 1170-1176, CPC – autoridade judiciária ou policial do lugar em que a coisa foiachada (foro da situação da coisa)

CAPÍTULO VIIDAS COISAS VAGASArt. 1.170. Aquele que achar coisa alheia perdida, não Ihe conhecendo o donoou legítimo possuidor, a entregará à autoridade judiciária ou policial, que aarrecadará, mandando lavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição eas declarações do inventor.Parágrafo único. A coisa, com o auto, será logo remetida ao juiz competente,quando a entrega tiver sido feita à autoridade policial ou a outro juiz.Art. 1.171. Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital, por duas vezes,no órgão oficial, com intervalo de 10 (dez) dias, para que o dono ou legítimopossuidor a reclame.§ 1o O edital conterá a descrição da coisa e as circunstâncias em que foiencontrada.§ 2o Tratando-se de coisa de pequeno valor, o edital será apenas afixado no átriodo edifício do forum.Art. 1.172. Comparecendo o dono ou o legítimo possuidor dentro do prazo doedital e provando o seu direito, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público e orepresentante da Fazenda Pública, mandará entregar-lhe a coisa.Art. 1.173. Se não for reclamada, será a coisa avaliada e alienada em hastapública e, deduzidas do preço as despesas e a recompensa do inventor, o saldopertencerá, na forma da lei, à União, ao Estado ou ao Distrito Federal.Art. 1.174. Se o dono preferir abandonar a coisa, poderá o inventor requerer quelhe seja adjudicada.Art. 1.175. O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetosdeixados nos hotéis, oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamadosdentro de 1 (um) mês.Art. 1.176. Havendo fundada suspeita de que a coisa foi criminosamentesubtraída, a autoridade policial converterá a arrecadação em inquérito; caso emque competirá ao juiz criminal mandar entregar a coisa a quem provar que é odono ou legítimo possuidor.

c) descoberta ou invenção: art. 1233 e ss1236, 1237, 1234 – a recompensa é denominada achádego

c) Usucapião:

Ordinária: 1260, CCREQUISITOS:- Posse mansa, pacífica- animus domini- Prazo: 3 anos- Justo título e boa-féExtraordinária: - Posse mansa e pacífica- animus domini- prazo: 5 anos

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. POSSE ORDINÁRIA DE BEM MÓVEL.ARRENDAMENTO MERCANTIL. POSSE PRECÁRIA. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DOART. 1260 DO CC. Em que pese ter o apelante a posse do veículo por mais de três anos, nãopassa de uma posse precária, porquanto existente contrato de arrendamento mercantil entreas partes e inadimplido. De modo que não teria ele como exercer a posse com animus domini,porquanto possui apenas e tão-somente a posse direta do veículo por força do contrato dearrendamento mercantil, na simples condição de arrendatário. Donde se conclui que não sepode reconhecer o usucapião. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. UNÂNIME. (Apelação CívelNº 70013344296, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sergio LuizGrassi Beck, Julgado em 08/06/2006)

EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL. ARTIGO 1261 DO CÓDIGO CIVIL.Independentemente de justo título e boa-fé é possível deferir pretensão de aquisição origináriada propriedade quando já implementado o prazo de cinco anos de posse direta decorrente decontrato de alienação fiduciária. A inércia da instituição financeira em reaver o bem de suapropriedade enseja o reconhecimento da posse ad usucapionem. APELAÇÃO DESPROVIDA.UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70009337395, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiçado RS, Relator: Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 23/05/2006)

d) Especificação: Arts. 1269-1271 Especificar é transformar uma matéria-prima em espécie nova. Exs. Pintura em relaçãoá tela; escultura em relação ao barro; poesia em relação ao papel; etc.Matéria-prima alheia

Boa-fé: não sendo possível o retorno ao estado anterior, pertencerá a espécie nova aoespecificador (parte ou todo)Má-fé: pertencerá ao proprietário da matéria-prima (todo)Se o valor da espécie nova exceder ao da matéria-prima, será sempre do especificador

e) Confusão, comistão, adjunção: arts. 1272-1274Confusão: mistura entre coisas líquidas ou gases em que não é possível a separação(confusão real). Podem ser da mesma espécie ou não.Ex.: água e vinho; álcool e gasolina; biodiesel e gasolinaComistão: mistura de coisas sólidas ou secas, não sendo possível a separação.Ex.: areia e cimento; grãos.Adjunção: justaposição ou sobreposição de uma coisa em relação a outra. Junção deum corpo a outro. Tinta em relação á parede; selo em relação ao álbum.SE PERTENCENTES A DIVERSOS DONOS:- DIVISÍVEL: continuam a pertencer-lhes- INDIVISÍVEL: quinhão proporcional- INDIVISÍVEL COM COISA PRINCIPAL: pertence ao dono da coisa principal (oumais valiosa), devendo indenizar os outros- MÁ-FÉ: caberá ao outro optar entre ficar com a coisa, ou ser indenizado - SE SE FORMAR COISA DE ESPÉCIE DIFERENTE, aplicam-se as regras daespecificação

f) Tradição:Arts. 1267 caputTradição real, simbólica e fictaArt. 1268 – transferência por non domino. Ineficácia do negócio jurídico, prevalecendoa boa-fé (objetiva) e a teoria da aparência.§1º – se o alienante adquirir posteriormente a propriedade, efeito ex-tunc da tradição§2º – negócio jurídico nulo

g) sucessão hereditária: 1784, CC

PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL E IMÓVEL: Art. 1275, 1276, CC