emancipação da alma - uma visão do fenômeno durante o sono

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Emancipação da Alma Uma Visão Do Fenômeno Durante o Sono Curso de Iniciação à Doutrina Espírita II Sociedade Espírita Ramiro D'Ávila Antonio M. A. Menezes, Carla C. Santos, Ilca M. Nunes, Josué Guimarães, Scheila Bialkowski, Simone M. Fernandes

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Trabalho apresentado no Curso de Iniciação à Doutrina Espírita II - Sociedade Espírita Ramiro D'Ávila, Porto Alegre, RS

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Emancipação da AlmaUma Visão Do Fenômeno

Durante o Sono

Curso de Iniciação à Doutrina Espírita IISociedade Espírita Ramiro D'Ávila

Antonio M. A. Menezes, Carla C. Santos, Ilca M. Nunes, Josué Guimarães, Scheila Bialkowski, Simone M. Fernandes

Emancipação da Alma Curso de Iniciação à Doutrina Espírita IIUma Visão Do Fenômeno Durante o Sono Sociedade Espírita Ramiro D'Ávila

Introdução

A emancipação da alma é o termo dado ao desprendimento do espírito de seu corpo físico, durante o sono. Este termo se encontra permeado em grande parte da literatura espírita e nas obras básicas da Doutrina Espírita (DE). A importância dada a esse assunto é compreensível pois, é através dos fenômenos de emancipação da alma, onde há intercâmbio mais direto de experiências entre espíritos encarnados e desencarnados. No Livro dos Espíritos (LE) há todo um capítulo para tratar sobre o assunto. É um fenômeno que ocorre em um conjunto de situações: o sono e os sonhos, a letargia, a catalepsia, as mortes aparentes, o sonambulismo, o êxtase e a dupla vista.

Este trabalho se concentra mais especificamente no fenômeno de emancipação da alma ligado ao sono e aos sonhos. Primeiramente, serão apresentadas algumas informações importantes sobre o sono para o corpo físico. Será abordado, inicialmente, o sono pela visão científica não espiritualista e, depois, se estender para a função do sono no contexto espiritual. Em seguida, alguns termos referenciados nesta obra serão explicados. A partir daí, o fenômeno de emancipação da alma será apresentado como usualmente ocorre, durante o sono e a interação entre a alma e seu corpo físico. Será explicado como o comportamento do ser humano exerce influência sobre o fenômeno e também sobre o destino da alma enquanto afastada do corpo.

A intenção desta obra é apresentar o tema, sem pretensões de completude, mas tendo a preocupação de expor os conteúdos de maneira didática. A ideia é esclarecer as principais características e decorrências do fenômeno, procurando fundamentá-lo sob a perspectiva do Espiritismo. No intuito de facilitar a compreensão dos vários termos ligados ao assunto aqui tratado, é fornecido um glossário, ao final do trabalho.

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O Sono e Suas Funções

O sono para o corpo físico tem uma função restauradora (Aristóteles; Hess, etc), previne a exaustão (Claparède); garante uma proteção contra a estimulação excessiva ou conflitual (Pavlov); possibilita conservação de energia (Rechtschaffen). O dormir representa um comportamento adaptativo que aumenta a capacidade de sobrevivência do ser. Segundo Borbély, o sono tem função dupla: restauradora e adaptativa. Enquanto que para Webb, a função é tripla: restauradora, adaptativa e comportamental. De acordo com a médica Maria Cristina em “O Sono – Uma abordagem médica e espírita”, dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico. Existem vários processos metabólicos que ocorrem enquanto se dorme e que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e, mesmo, a longo prazo.

O ciclo do sono tem 4 fases: fase 1 (sonolência); fase 2 (sono leve); fase 3 (sono lento profundo) e fase 4 (sono profundo). Nessas fases ocorrem as seguintes atividades essenciais:

1. Secreção do hormônio hGH, que estimula o crescimento e a recuperação muscular, a construção óssea e a queima de gordura, auxiliando na recuperação melhorando a resposta fisiológica.

2. Processamento de informações: nosso cérebro aproveita o sono para “arquivar” as informações que recebeu durante o dia.

3. Estabilidade emocional: mesmo que fisiologicamente não haja perdas numa noite mal dormida, a sensação de fadiga afeta o humor.

O sono de baixa qualidade ocasiona a inibição de produção de insulina pelo pâncreas, aumentando a probabilidade de desenvolver diabetes, além de elevar a quantidade de cortisol, hormônio do estresse e que tem resultados contrários à insulina, dessa forma, ocorre a elevação da taxa de açúcar no sangue, favorecendo o diabetes.

Em termos espirituais, durante o sono físico também há uma recomposição de alimento psíquico. Esta informação foi repassada por André Luiz em “Evolução em Dois Mundos”:

“um pigmento ocre, estreitamente relacionado com o corpo espiritual, de função muito importante na vida do pensamento, aumentando consideravelmente na madureza e na velhice das criaturas, além de uma substância, invisível na célula em atividade, a espalhar-se no citoplasma e nos dendritos facilmente reconhecível por intermédio de corantes básicos, quando a célula se encontra devidamente fixada; essa substância – a expressar-se nos chamados corpúsculos de Nissl, que podem sofrer a Cromatólise – representa alimento psíquico, haurindo pelo corpo espiritual no laboratório da vida cósmica, através da respiração, durante o repouso físico para a restauração das células fatigadas e insubstituíveis.”

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Entretanto, diferentemente do corpo, a alma não necessita de repouso. Isto é o que esclarecem os espíritos na questão 401 do Livro dos Espíritos: “Não, o espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços entre corpo e espírito e, ele se lança pelo espaço e entra em relação com os outros espíritos sintonizados por ele."

Desta forma, é durante o sono, um dos momentos em que o espírito pode se afastar temporariamente do corpo. Surgem, assim, oportunidades para que a alma possa desfrutar de um momento de liberdade do corpo: “O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.” (LE. Questão 402). Ou seja, é, sobretudo, uma dádiva de Deus a todo ser humano, para que seu espírito disponha de um momento de liberdade enquanto seu corpo físico recupera suas energias.

Os sonhos podem representar lembranças do passado e, até mesmo, a previsão do futuro. Podem ser recordações dos momentos em que estivemos afastados de nosso corpo físico. De acordo com nossos interesses e nossa conduta, nosso espírito pode entrar em contato com outros espíritos encarnados ou desencarnados e também realizar atividades em locais diversos, dependendo da nossa afinidade a tais atividades e locais.

Antes de ser aprofundado o assunto dos sonhos, convém esclarecer melhor o fenômeno de emancipação da alma. Mais adiante, serão discutidos sobre os tipos de sonhos existente e como eles estão ligados às nossas afinidades morais e intelectuais.

Mas o que é a Emancipação da Alma?

Emancipação da alma é nome que se dá ao fenômeno em que a alma se afasta temporariamente do corpo físico, comumente mas não exclusivamente, nos momentos de repouso do ser. Nessa ocasião de afastamento da matéria mais grosseira que compõe o corpo físico, a alma pode adquirir mais ampla consciência de si mesma, e de acordo com seu estado evolutivo e seus interesses, realizar tarefas afins.

Um outro termo sinônimo à emancipação da alma é o desdobramento. Apesar desse termo não aparecer nas obras básicas da DE, é bastante usado e aceito por grande parte dos espíritas e em obras reconhecidas: “Deixou-se arrastar pelo carinho materno e envolveu-se nas cobertas do leito, em acanhado telheiro aos fundos. Américo dormiu sem detença, surgindo junto de nós em desdobramento natural.” (André Luiz – Nos Domínios da Mediunidade).

No desdobramento durante o sono, o conjunto formado por espírito e perispírito é capaz de se afastar do corpo físico, mas ficam ligados ao mesmo através de um cordão fluídico. Esse cordão, também chamado de cordão prateado, é o elo entre o corpo físico e o perispírito que só se rompe quando na morte do corpo físico. É conveniente ressaltar que há ainda um outro componente, uma camada energética que se encontra entre o corpo físico e o perispírito. Essa camada é denominada de duplo etérico. É uma camada de natureza mais material do que o perispírito e assim não consegue se afastar muito do corpo.

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Em Domínios da Mediunidade, no Capítulo 11, André Luiz observa uma situação onde o desdobramento de um encarnado não foi perfeito e parte do duplo etérico acompanhou o corpo espiritual. Nesta situação, tornou-se o corpo espiritual mais pesado e com dificuldade de locomoção. O mentor, que comandava o desdobramento, fez o espírito retornar ao corpo físico e, através de passes, corrigiu a situação.

Ainda sobre o duplo etérico, na obra “O passe espírita”, Luiz Carlos M. Gurgel salienta que:“[...] Todos os seres vivos [...], dos mais rudimentares aos mais complexos, se revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza. No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo [...]”.

Na obra “Evolução em dois mundos”, André Luiz informa que:

“O duplo etérico é, pois, um corpo fluídico, que se apresenta como uma duplicata energética do indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico, ao mesmo tempo em que parece dele emergir. O duplo etérico emite, continuamente, uma emanação energética que se apresenta em forma de raias ou estrias que partem de toda a sua superfície [...]. Ao conjunto dessas raias é que, geralmente, se denomina aura interna. É justamente a aura interna que parece ser captada nas fotografias Kirlian dos seres vivos. [...] É justamente o duplo etérico a principal fonte a fornecer o componente fluídico para a produção das formas-pensamento [...]”.

Na mesma obra anterior, André Luiz complementa que os pensamentos exercem interações com o envoltório fluídico que nos cerca, através de emanações do duplo etérico. E assim são plasmadas as tais formas-pensamento. Elas são criações mentais, verdadeiros pacotes fluídicos que ao se exteriorizarem para o ambiente estão sujeitas às forças de atração e repulsão.

Em outra obra, “Entre a Terra e o Céu”, André Luiz mais uma vez demonstra a influência do pensamento em estruturas de nosso ser espiritual:

“Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, consequentemente, o “habitat” que lhe compete. [...]”

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É consequentemente lógico perceber a importância do padrão de pensamentos para os corpos espirituais, e, consequentemente, para o ser como um todo. Tal importância está de acordo com a seguinte citação de Mahatma Gandhi: "As enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos". Então, o pensamento modela a vida do ser humano, tanto em vigília quanto dormindo. O momento de desdobramento não é mais que parte de nossa existência espiritual. Dessa forma, assim como pensamos influenciamos o caminho que seguimos em nossos desdobramentos durante o sono.

Até o momento, foi discutido o desdobramento de espíritos encarnados. Seria possível haver o desdobramento em espíritos desencarnados. Como seria possível se o espírito está sempre ativo, conforme indica o LE? Além disso, um espírito desencarnado não mais possui corpo físico nem duplo etérico. Contudo, na Obra “Nosso Lar”, no capítulo 36, intitulado “O Sonho”, lê-se a seguinte passagem com André Luiz:

“Recolhido ao quarto confortável e espaçoso, orei ao Senhor da Vida agradecendo-lhe a bênção de ter sido útil. A "proveitosa fadiga" dos que cumprem o dever não me deu ensejo a qualquer vigília desagradável. Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me a alma toda e tive a impressão de ser arrebatado em pequenino barco, rumando a regiões desconhecidas. Para onde me dirigia? Impossível responder. A meu lado, um homem silencioso sustinha o leme. E qual criança que não pode enumerar nem definir as belezas do caminho, deixava-me conduzir sem exclamações de qualquer natureza, extasiado embora com as magnificências da paisagem. Parecia-me que a embarcação seguia célere, não obstante os movimentos de ascensão. Decorridos minutos, vi-me à frente de um porto maravilhoso, onde alguém me chamou com especial carinho: - André!... André!...Desembarquei com precipitação verdadeiramente infantil. Reconheceria aquela voz entre milhares. Num momento, abraçava minha mãe em transbordamentos de júbilo. […] O sonho não era propriamente qual se verifica na Terra. Eu sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de Retificação, em "Nosso Lar", e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso. Minhas noções de espaço e tempo eram exatas. A riqueza de emoções, por sua vez, afirmava-se cada vez mais intensa.”.

Para a compreensão do desdobramento, nesse caso, é necessário considerar o seguinte trecho do Livro dos Médiuns (LM), mais especificamente na Segunda Parte, Capítulo IV, item 74, questão XII:

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"Nos Espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, ao contrário, aproxima-se da matéria e é o que faz que os Espíritos de baixa condição conservem por muito tempo as ilusões da vida terrestre. Esses pensam e obram como se ainda fossem vivos; experimentam os mesmos desejos e quase que se poderia dizer a mesma sensualidade."

Dessa forma, pode-se supor que André Luiz ainda tivesse um perispírito mais grosseiro (na época do acontecimento). Então, é possível que com o auxílio de guias espirituais, tenha ocorrido a separação de uma camada mais material de seu perispírito e assim seria possível ele alcançar a esfera espiritual mais elevada, onde sua mãe se encontrava. Interessante também que ele necessitou ainda que outros espíritos lhe ajudassem com o seu deslocamento até esse plano mais elevado. É importante ressaltar que esse desdobramento de André Luiz deve ter sido possível como merecimento de sua mãe (ela havia solicitado em oração) e também como incentivo pelo trabalho que André já havia iniciado.

Como Acontece o Fenômeno?

Segundo relato no livro Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos de Hermínio Miranda, um exemplo de como o fenômeno ocorre é assim:

“...em decúbito dorsal, os braços estendidos ao longo do corpo. Em condições normais e favoráveis [...] o perispírito inicialmente se elevará alguns centímetros ao longo de todo o corpo, como réplica perfeita do veículo físico. Continuando a mover-se para cima, ao chegar a cerca de um metro de altura, mais ou menos, ele passa a deslocar-se horizontalmente, como se sobrevoasse o corpo físico, na direção dos pés, ao mesmo tempo em que principia a colocar-se de pé. Assim, a alguns metros do local onde se acha o corpo físico em repouso, o perispírito já se encontra de pé, continuando, como é claro, preso àquele, pelo cordão perispirítico”. E logo, em seguida, conclui-se: “Conserve o leitor essa trajetória em mente: o corpo sutil se eleva por igual, verticalmente, desliza horizontalmente, a certa altura, sobre o corpo físico, e se coloca de pé”.

No mesma obra anterior, Hermínio Miranda analisa o livro The Projection of the Astral Body, onde seu autor, Sylvan J. Muldoon, aborda suas próprias experiências de emancipação da alma. E questiona como o autor consegue permanecer lúcido durante o fenômeno. De acordo com Muldoon, raramento o estado de lucidez se mantém do início ao fim. O mais fácil é que a pessoa alcance a lucidez subitamente, já em estado de desdobramento. Relata que, normalmente, tudo se inicia por um sonho e em determinado momento, a consciência desperta. Para se conseguir o desdobramento “lúcido”, ele diz que é preciso fazer coincidir a ação individual, no sonho, com a ação do próprio perispírito.

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No livro Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz ressalta:

“Raros Espíritos encarnados conseguem absoluto domínio de si próprios, em romagens de serviço edificante fora do carro de matéria densa. Habituados à orientação pelo corpo físico, ante qualquer surpresa menos agradável, na esfera de fenômenos inabituais, procuram instintivamente o retorno ao vaso carnal, à maneira do molusco que se refugia na própria concha, diante de qualquer impressão em desacordo com os seus movimentos rotineiros”.

Existem várias pequisas conduzidas por pessoas sérias, espíritas ou não, a fim de se estabelecer técnicas para uma maior lucidez nos desdobramentos durante o sono. Contudo, não é objetivo deste trabalho se alongar sobre tais métodos. Serão apenas apresentados alguns conselhos de bom senso, colhidos na área de sáude e na literatura espírita para se obter um bom aproveitamento do sono e, possivelmente, propiciar desdobramentos com fins úteis à evolução espiritual.

Para começar, para se obter um bom sono, é preciso tratar de algumas questões referentes ao corpo físico. Algumas dicas para ajudar na noite de sono e na recuperação do corpo físico e da mente:

• À noite, comer alimentos de fácil digestão e com quantidades adequadas;• Dormir em ambientes escuros;• Procurar deixar a temperatura ambiente a mais confortável possível;• Evitar bebidas alcoólicas e fumo;• Evitar televisão ligada; procure o silêncio;• Usar colchões confortáveis e silenciosos; • Tomar um banho quente procurando relaxar ao máximo.

Além dessas atitudes acima, em prol de um bom sono, O American College of Sports Medicine coloca a melhora da qualidade do sono na lista dos benefícios trazidos pela atividade física. E o American Sleep Disorders Associaton reconhece o exercício como uma “intervenção não-farmacológica para a melhora do padrão do sono.

Agora, como dicas ligadas ao lado moral e de evolução do espírito, de acordo com Eliseu Rigonatti em “O Espiritismo Aplicado”, para conseguirmos um sono que auxilie ao nosso espírito que se desprenda mais facilmente do corpo, é preciso que tenhamos consciência que o mal e os vícios seguram o espírito preso à Terra. Então, se a pessoa se mantém presa a vícios e atitudes inferiores durante seu dia, à noite seu espírito não terá afinidade com planos astrais mais evoluídos. Além disso, o espírito tenderá a perambular por aqui, chegando a ter o risco de ser assediado por outros

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espíritos viciosos e perversos. Outro obstáculo a um melhor desprendimento é a excessiva preocupação com os negócios materiais durante o dia. Essa preocupação termina por desencadear um sono onde o espírito continua a pensar nos mesmos problemas. Ainda nessa obra, Eliseu Rigonatti complementa:

“Compreendemos agora que é de grande valia a maneira pela qual passaremos o dia; cultivemos bons pensamentos, falemos boas palavras e pratiquemos bons atos; cumpramos rigorosamente nossos deveres; não alimentemos ambições excessivas, nem desejos de realização difícil; evitemos a ira, o rancor, o ódio, a maledicência; conservemo-nos tranquilos, cheios de confiança na Providência Divina. E assim preparados, contentes, iremos à noite ao mundo espiritual. E de manhã, ao retomarmos nosso veículo físico, elevemos ao Senhor nossa prece agradecida pela noite que nos concedeu de repouso ao nosso corpo e de liberdade ao nosso espírito”.

Os Sonhos

Os sonhos, no contexto aqui apresentado, são recordações que vivenciamos durante o sono. Tais recordações podem ser decorrentes de intensa atividade mental onde continuamos a lembrar e a processar acontecimentos e preocupações que ocorreram durante o dia, nos momentos de vigília. Mas muito além disso, podem ser recordações de momentos vividos quando em estado de emancipação da alma.

Em “Estudando a Mediunidade”, Martins Peralva classifica os sonhos em:

1. Comuns: “Aqueles em que o nosso Espírito, desligando-se parcialmente do corpo, se vê envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos, seus e do mundo exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais desencontradas ideias”.

2. Reflexivos: “Por reflexivos categorizamos os sonhos em que a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual”.

3. Espíritas: “Nos sonhos espíritas a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, facultando meios de encontrar-mo-nos com parentes, amigos, instrutores e, também, com os nossos inimigos, desta e de outras vidas”.

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Os sonhos comuns são os mais frequentes devido nossa condição atual. Nesses sonhos não há quase qualquer desprendimento da alma. Geralmente, se caracterizam por serem sonhos imprecisos, desconexos, lembranças de cenas interrompidas, paisagens estranhas. Não se consegue uma ordem e sequência de eventos no sonho. Ao despertar, a pessoa não tem precisão em lembrar da ordem dos acontecimentos, tornando-se um sonho incompreensível.

Nos sonhos reflexivos, já há um afastamento da alma de seu corpo físico. A alma já é capaz de acessar as impressões e imagens anteriormente arquivadas em seu subconsciente e também que estavam plasmadas na sua organização perispiritual. Isso é possível devido a modificação vibratória atingida pelo espírito. Assim, o espírito pode ter acesso a informações há séculos e milênios gravadas na memória, em camadas superpostas. A modificação vibratória é resultado do espírito ter mais liberdade, e assim, ter maior capacidade perceptiva. Conforme, Eliseu Rigonatti, no livro “O Espiritismo Aplicado”, quanto a capacidade perceptiva do espírito semiliberto, se encontra o seguinte trecho:

“Para termos uma ideia aproximada da capacidade perceptiva do espírito, figuremos uma escala de percepções espirituais, graduada de zero a cem. Quando acordados, isto é, inteiramente ligados ao corpo, nossa capacidade de percepção espiritual se reduz a zero; raros encarnados

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Nos sonhos comuns, o espírito se encontra envolvido por uma onda de imagens, pensamentos e sentimentos originados em seu próprio ser. Nos sonhos reflexivos, a alma acessa as impressões e informações arquivados no subconsciente, inconsciente e superconsciente, que estão gravadas no perispírito.Fonte: Revista Cristã de Espiritismo, Ano 2, Nº 7.

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conseguem perceber alguma coisa do mundo espiritual que os cerca. Quando semilibertos do corpo pelo sono, nossas percepções espirituais se ampliam, variando na escala de um a noventa e nove, dependendo de nosso maior ou menor adiantamento espiritual”.

Nos sonhos espíritas, a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, decidindo-se por meios para se encontrar com parentes, amigos, instrutores e, também, com os seus inimigos, desta e de outras encarnações. Novamente, nas palavras de Martins Peralva em “Estudando a Mediunidade”:

“Quando os olhos se fecham, com a visitação do sono, o nosso Espírito parte em disparada, por influxo magnético, para os locais de sua preferência. O viciado procurará os outros. O religioso buscará um templo. O sacerdote do Bem irá ao encontro do sofrimento e da lágrima, para assisti-los fraternalmente. Enquanto despertos, os imperativos da vida contingente nos conservam no trabalho, na execução dos deveres que nos são peculiares. Adormecendo, a coisa muda de figura. Desaparecem, como por encanto, as conveniências. A atividade extracorpórea passará a refletir, sem dissimulações ou constrangimentos, as nossas reais e efetivas inclinações, superiores ou inferiores. Buscamos sempre, durante o sono, companheiros que se afinam conosco e com os ideais que nos são peculiares”.

O que vivenciamos durante o fenômeno?

Quanto maior o grau de desprendimento do espírito durante o fenômeno, maior a liberdade para que ele decida por realizar atividades de seu interesse e afins ao seu grau de adiantamento. Já nos sonhos reflexivos, há um maior grau de liberdade do que nos sonhos comuns, dessa forma, se ampliam as percepções, facilitando assim que a alma reviva situações em um passado remoto. Estas recordações podem ser despertadas com o auxílio de mentores espirituais, que objetivam o aprendizado para o espírito. Por outro lado, reviver antigas situações pode ser desencadeado por espíritos obsessores com o intuito de causar medo, humilhação, desânimo. Tais obsessores podem ainda se aproveitar das recordações para desencaminhar o espírito.

Dependendo do grau de liberdade alcançado durante a emancipação da alma, o espírito pode realizar alguns tipos de atividades:

• Receber conselhos de amigos espirituais: amigos podem oferecer conselhos e sugestões para um bom aproveitamento da encarnação do espírito. Embora ocorra o esquecimento, com o despertar do corpo físico, os conselhos ficam armazenados como

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intuições na consciência e mais tarde, podem surgir como ideias inatas para o ser encarnado.

• Desempenhar trabalhos enobrecedores no mundo espiritual : o espírito que escolhe por realizar tais trabalhos tem a vantagem de ganhar forças para o embate da vida, pode ainda ao desencarnar dar continuidade a esses trabalhos. Muitas vezes, quando o ser desperta do sono com uma sensação de bem-estar, contentamento e alegria é por ter guardado em sua consciência a satisfação em executar trabalhos de real valor. Outras vezes, quando desperta triste e ressentido é possível que tenha sido apresentado às suas provas e suas expiações.

• Realizar estudos e viagens: há espíritos que se dedicam a estudar e realizar viagens tanto na Terra como em outras esferas vizinhas. É comum que os estudos realizados, durante o momento da emancipação da alma, despertem como ideias novas no plano terreno. É possível também que, o encarnado ao se sentir familiarizado com lugares que julga desconhecidos, esteja recordando locais que já visitou em estado de desdobramento.

• Participar de reuniões com amigos e encontros com inimigos espirituais: assim como em vigília, o homem poderá visitar seus amigos, durante o sono. Por outro lado, também é provável o encontro com desafetos. Os próprios guias espirituais favorecem tais encontros a fim de aproximar inimigos e induzir o perdão mútuo. Com isso, se extinguem muitos ódios e um grande número de inimigos tornam-se amigos.

• Continuar trabalhos materiais: uma considerável parte dos encarnados ao atingirem o sono, permanecem preocupados em torno de questões materiais. Acabam por não aproveitar a oportunidade de dedicarem atenção às questões pertinentes à vida eterna do ser.

• Satisfazer suas paixões inferiores e seus vícios: Existem espíritos que ao atingirem a liberdade do afastamento do corpo físico, procuram locais para se satisfazerem em torno de seus vícios e de seu sensualismo. Há também aqueles que se entregam ao crime, perturbando e influenciando perniciosamente suas vítimas.

• Permanecer em estado de entorpecimento: outra situação comum, são os espíritos que não se afastam do corpo físico enquanto este repousa, permanecem entorpecidos como que adormecidos.

Considerando as escolhas dos espíritos pelos tipos de atividades, anteriormente citadas, no livro “O Espiritismo Aplicado”, Eliseu Rigonatti observa:

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"Das ocupações a que nós nos entregarmos durante a semiliberdade que o sono nos concede, depende nosso estado quando acordados. Nós ficamos impregnados com os fluidos que encontramos nos lugares onde estivemos como espíritos, durante o sono; se frequentamos lugares puros, ou se nos tivermos dedicado a trabalhos nobres, voltaremos impregnados de bons fluidos que nos darão ânimo, saúde, coragem e alegria de viver; porém se como espíritos semilibertos, frequentarmos antros de vícios ou se gastarmos o tempo na satisfação de nossos desejos inferiores, voltaremos com o nosso perispírito carregado de fluidos impuros que muito influirão sobre nossa saúde corporal”.

Por que não lembramos de todos os sonhos?

Nem sempre é possível lembrar daquilo que foi visto ou de tudo que se viu em sonho. Isto ocorre porque nossa alma ainda não alcançou um alto grau de desenvolvimento. Na questão 403, do LE, Allan Kardec indaga por que não lembramos de todos os sonhos. A resposta dos espíritos é a seguinte:

"Em o que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais".

Conforme o artigo “O Sono e Os Sonhos” de Edvaldo Kulcheski na Revista Cristã de Espiritismo, Ano 2, Nº 7, o registro pelo cérebro físico do que aconteceu durante a emancipação da alma através do sono é possível através da modificação vibratória dos fluidos que formam os ambientes dimensionais de atuação do espírito. Quanto maior for a velocidade vibratória mais sutil é o fluido, quanto mais lenta é a velocidade vibratória mais denso é o fluido. Quando alguém se recorda dos detalhes dos sonhos é porque se teve predisposição cerebral. Isto significa que as ondas mentais foram ajustadas para esse registro de informações no cérebro físico, caso contrário estariam apenas armazenadas no perispírito.

Importância da Emancipação da Alma

Como anteriormente apresentado, uma grande importância do fenômeno para o ser encarnado é conferir uma situação de liberdade para seu espírito. Com isso, há tarefas e situações nos planos espirituais que podem ser encaradas pelo espírito, conferindo um momento de

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aprendizado e aperfeiçoamento.

Outro aspecto importante é que a emancipação da alma também é uma preparação para o desencarne. Segundo o LE, na questão 402: “O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria.”

Para o Espiritismo, os fenômenos de emancipação da alma podem conferir uma prova da existência do perispírito e do espírito, para a ciência não espiritualista. Em alguns casos de desdobramento, pode ocorrer a materialização do perispírito que se encontra afastado do corpo, tornando-o tangível e visível. Apesar da importância desse tipo de emancipação, foge ao tema proposto para este trabalho.

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Glossário

Para fins didáticos, apresentaremos as definições de cada termo de acordo com a obra “O Espiritismo de A a Z” publicado pela Federação Espírita Brasileira.

Alma[...] o Espiritismo nos apresenta a alma, como um ser circunscrito, semelhante a nós, menos o envoltório material de que se despojou, mas revestido de um invólucro fluídico, o que já é mais compreensível e faz que se conceba melhor a sua individualidade. [...] As relações da alma com a Terra não cessam com a vida; a alma, no estado de Espírito, constitui uma das engrenagens, uma das forças vivas da Natureza; não é mais um ser inútil, que não pensa e já não age senão para si durante a eternidade; é sempre e por toda parte um agente ativo da vontade de Deus. [...]

Referência: KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - Discursos..., 2

Alma e PerispíritoAlma e perispírito não fazem mais que um todo indissolúvel, e, se nós os distinguimos, é porque só a alma é inteligente, quer e sente. O invólucro é a sua parte material, o que vale dizer passiva: é a sede dos estados conscienciais pretéritos, o armazém das lembranças, a retorta em que se processa a memória de fixação, e é nele que o espírito se abastece, quando necessita de cabedais intelectuais para raciocinar, imaginar, comparar, deduzir, etc. Também receptáculo de imagens mentais, é nele que reside, finalmente, a memória orgânica e inconsciente. O espírito é a forma ativa, o perispírito, a passiva, e ambas, em seus aspectos, nos representam todo o princípio pensante.

Referência: DELANNE, Gabriel. A evolução anímica: estudo sobre psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Trad. de Manuel Quintão da 2a ed. francesa. 11a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 4

CatalepsiaNa catalepsia simples ou vulgar, que é a mais comum entre as catalepsias provocadas, a pessoa se imobiliza, com a fisionomia impassível, com os olhos abertos e fixos. Nenhum batimento de pálpebras. Quase sempre fica absolutamente abolida, ou, quando menos, consideravelmente diminuída, toda espécie de excitabilidade muscular reflexa. As extremidades articuladas, por falta de resistência, assumem extrema leveza; prestam-se a todos os movimentos possíveis que se lhes queira imprimir (flexibilidade cérea), e conservam, por tempo notável, a atitude que se lhes deu, embora sumamente incômoda e penosa.

Referência: LAPPONI, José. Hipnotismo e Espiritismo: estudo médico-crítico. Trad. de Almerindo Martins de Castro. 4a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. - cap. 2

Centro de Força

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O corpo espiritual, ou perispírito, possui sete centros de força, conjugados com as glândulas endócrinas, de importância fundamental para o funcionamento e sustentação da organização física, pois, através deles, o Espírito gerencia todas as suas funções, a partir das mais simples. O Instrutor Clarêncio enumera estes sete centros vitais: 1. CENTRO CORONÁRIO; 2. CENTRO CEREBRAL; 3. CENTRO LARÍNGEO; 4. CENTRO CARDÍACO; 5. CENTRO ESPLÊNICO; 6. CENTRO GÁSTRICO; 7. CENTRO GENÉSICO. [...]

Referência: BARCELOS, Walter. Sexo e evolução. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 19

Cordão FluídicoÉ interessante notar que também existem, no perispírito, estruturas semelhantes às dos centros vitais do duplo etérico. Entre cada centro do duplo etérico e o seu correspondente no perispírito observa-se a existência de laços fluido-magnéticos permanentes que os interligam e que só se rompem com a morte do corpo físico. São esses laços que, juntos, formam o geralmente denominado cordão fluídico ou cordão prateado. O cordão fluídico é elo fundamental entre corpo físico e perispírito.

Referência: GURGEL, Luiz Carlos de M. O passe espírita. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. - pt. 2, cap. 5

Corpo astral[...] o corpo astral ou psíquico é o mais importante de todos os corpos da Natureza, apesar de as ciências experimentais o ignorarem. [...] Esse corpo constitui a única parte material do corpo humano, que é imperecível. É o zoo-éter, matéria primordial ou força-vital.

Referência: CROOKES, William et al. Fatos espíritas. Trad. de Oscar D’Argonnel. 10a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. -

Corpo físicoO corpo físico pode ser comparado a uma indumentária de aluguel, cuja finalidade primordial é ensejar equipamento próprio para apresentação social. No caso em tela, para a experiência de evolução na Terra. Portador de complexos equipamentos, possui mecanismos automatistas que remanescem da sua constituição em atavismo de segurança, logrados através de milênios, quando organizou e desenvolveu os recursos próprios para a sua finalidade, tornando-se portador de incoercível resistência que se reflete na conduta do Espírito que o utiliza. Caracterizado por necessidades que se encarregam de preservar-lhe a existência, os seus são impulsos e reflexos condicionados uns e naturais outros, que, não poucas vezes, predominam na existência humana, quando o ser se permite estacionar no primarismo da condição em que se encontra. O mundo que o cerca tem sido trabalhado de forma a proporcionar-lhe longevidade, melhor qualidade de vida, acenando-lhe prazeres e comodidades que atraem e agradam, por fazerem parte do campo das múltiplas sensações que o assinalam. Embora caiba ao Espírito direcionar-lhe a marcha, conduzindo-o no rumo dos objetivos enobrecedores, não pode fugir às suas injunções imperiosas, que são as

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heranças ancestrais agora transformadas em tendências de gozo e satisfação imediatas, centralizando a atenção nesta busca desesperada. Como conseqüência exige cuidados especiais e contínuos, a fim de melhor desincumbir-se das relevantes funções para as quais foi estruturado ao largo dos milhões de anos. Resistente a situações penosas e desgastantes é, ao mesmo tempo, frágil, diante de conflitos e contaminações que o desgastam com muita facilidade. Alimentando-se do ar, da água e dos nutrientes que o revigoram e restauram o equilíbrio, também se sustenta das energias psíquicas que o irrigam de vida ou o vergastam penosamente levando-o à consumpção. A predominância dos seus impulsos sobre o ser real que o habita tem sido responsável, pela ignorância deste, por quedas espetaculares no abismo dos vícios e das perversões mais cruéis, em cujas labaredas arde dolorosamente. Submetê-lo a disciplinas educativas, ensejando-lhe mais valiosas possibilidades de preservação dos seus constituintes celulares é dever da consciência, que elabora os métodos de correta aplicação, do que defluem o equilíbrio e o enriquecimento dos significados morais que elevam o ser às cumeadas do progresso.

Referência: FRANCO, Divaldo P. Impermanência e imortalidade. Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino. 4a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - Aflições do mundo

Desdobramento[...] é ao mesmo tempo fluídico, sensorial e psíquico (bilocação), deslocando a personalidade consciente do sensitivo para o corpo fluídico, que então percebe, a distância, o seu próprio corpo somático inanimado e sem vida. [...]

Referência: BOZZANO, Ernesto. Metapsíquica humana. Trad. de Araújo Franco. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 14

A lei fundamental do desdobramento é assim enunciada por Mr. Muldoon: “Quando o subconsciente se torna possuído pela idéia de movimentar o corpo físico que se acha impossibilitado de fazê-lo, o corpo astral se deslocará para fora do físico”. [...]

Referência: MIRANDA, Hermínio C. Sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos. 4a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. - cap. 3

[...] O mecanismo de desdobramento [durante o sono] é simples: o perispírito eleva-se horizontalmente sobre o corpo físico, flutua mansamente na direção da cabeça para os pés e se coloca gradativamente de pé. Um fio prateado continua ligando o perispírito ao corpo físico, qualquer que seja a distância percorrida por aquele. [...]

Referência: MIRANDA, Hermínio C. Sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos. 4a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. - cap. 8

O desdobramento é uma ação natural do Espírito encarnado que, no repouso do corpo físico,

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recupera parcialmente a sua liberdade.

Referência: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. - Um sonho que se realizou

Dupla Vista[...] O que se chama dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma.

Referência: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - q. 447

Duplo etérico“[...] Todos os seres vivos [...], dos mais rudimentares aos mais complexos, se revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza. No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo [...]” [Evolução em dois mundos, pt. 1, cap. 17] O duplo etérico é, pois, um corpo fluídico, que se apresenta como uma duplicata energética do indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico, ao mesmo tempo em que parece dele emergir. O duplo etérico emite, continuamente, uma emanação energética que se apresenta em forma de raias ou estrias que partem de toda a sua superfície [...]. Ao conjunto dessas raias é que, geralmente, se denomina aura interna. É justamente a aura interna que parece ser captada nas fotografias Kirlian dos seres vivos. [...] É justamente o duplo etérico a principal fonte a fornecer o componente fluídico para a produção das formas-pensamento [...]. Os nossos pensamentos, que, conforme já vimos, são produtos do Espírito, interagem com o envoltório fluídico que nos cerca, produzido principalmente pelas emanações do duplo etérico. Assim são plasmadas as formas-pensamento, que adquirem uma espécie de vida própria. Essas formas-pensamento – nossas criações mentais – são verdadeiros pacotes fluídicos que, a partir do momento em que se exteriorizam para o ambiente, ficam ao sabor das forças de atração e repulsão que regem os deslocamentos de fluidos.

Referência: GURGEL, Luiz Carlos de M. O passe espírita. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. - pt. 2, cap. 4

[...] podemos considerar o duplo etérico como uma extensão do perispírito e não necessariamente um agente destacado e independente daquele; seria como que uma das capas do perispírito que, por suas funções de interligação do perispírito propriamente dito com o corpo físico, retém uma maior quantidade fluídica de consistência organo-molecular (fisiológica) que psíquica. [...]

Referência: MELO, Jacob. O passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática. 15a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. - cap. 4

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Não poderíamos deixar de aventar as possibilidades da existência de um campo energético apropriado, entre o perispírito e o corpo físico, o duplo etérico. Seria uma zona vibratória ocupando posição de destaque em face dos fenômenos conhecidos de materialização. Acreditamos que o campo energético dessa zona, em suas expansões com a do perispírito, se entrelace nas irradiações do campo físico e forneça excelente material na formulação dos fenômenos psicocinéticos e outros tantos dessa esfera parapsicológica. Com isso, poderíamos explicar muitas das curas que os chamados passes magnéticos podem propiciar, em autênticas transfusões de energias – expansões da aura humana.

Referência: SANTOS, Jorge Andréa dos. Forças sexuais da alma. 4a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. - cap. 1

[...] Representaria uma camada energética, cuja necessidade de expansões na zona física estaria relacionada a cada ser em particular. Para alguns seria nada menos que um frágil e mesmo apagado campo de energias; para outros tantos, um campo intenso de vibrações que, de conformidade com a sensibilidade de doação individual, responderia por maior ou menor intensidade nos passes de transferência a pessoas necessitadas. [...]

Referência: SANTOS, Jorge Andréa dos. Visão espírita nas distonias mentais. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992. - cap. 1

Com o auxílio do supervisor, o médium foi convenientemente exteriorizado. A princípio, seu perispírito ou corpo astral estava revestido com os eflúvios vitais que asseguram o equílibrio entre a alma e o corpo de carne, conhecidos aqueles, em seu conjunto, como sendo o duplo etérico, formado por emanações neuropsíquicas que pertencem ao campo fisiológico e que, por isso mesmo, não conseguem maior afastamento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora. Para melhor ajustar-se ao nosso ambiente, Castro devolveu essas energias ao corpo inerme, garantindo assim o calor indispensável à colméia celular e desembaraçando-se, tanto quanto possível, para entrar no serviço que o aguarda.

Referência: XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 32a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 11

Emancipação da AlmaEmbora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba. Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença

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não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. (O Livro dos Espíritos, pt. 2, cap. 8)

Referência: KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 5a ed. francesa. 48a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 14, it. 23

ÊxtaseO êxtase é o estado em que a independência da alma, com relação ao corpo, se manifesta de modo mais sensível e se toma, de certa forma, palpável. [...] no estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão.

Referência: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - q. 455

Exteriorização[...] A exteriorização [da alma] não é mais que uma preparação do Espírito para o estado de liberdade, para essa outra forma de existência em que ele se encontra desembaraçado dos liames da matéria.

Referência: DENIS, Léon. No invisível: Espiritismo e mediunidade. Trad. de Leopoldo Cirne. 23a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - pt. 2, cap. 12

LetargiaA letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda inexplicada. Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência se manifeste livremente, o que a torna inconfundível com a morte. A letargia é sempre natural; a catalepsia é por vezes magnética.

Referência: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - q. 424

PerispíritoO laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

Referência: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon

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Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - Introd.

PlexoHá, no corpo físico, regiões em que se observam formações muito peculiares do sistema nervoso periférico. Nelas temos vários nervos que se bifurcam e, depois, as bifurcações de uns vão unir-se com as bifurcações de outros, formando um intrincado de plexos nervosos e é através deles que as fibras nervosas podem passar de um nervo a outro [...]. Dentre os vários plexos nervosos do organismo humano destacamos os seguintes: – Plexo cervical ou laríngeo; – Plexo cardíaco; – Plexo solar; – Plexo esplênico; – Plexo sacro.

Referência: GURGEL, Luiz Carlos de M. O passe espírita. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. - pt. 1, cap. 6

SonambulismoÉ um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões exteriores. Esse estado se apresenta principalmente durante o sono, ocasião em que o Espírito pode abandonar provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do repouso indispensável à matéria. [...]

Referência: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - q. 425

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Referências Bibliográficas

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

2. ZAINA, Maria Cristina. O Sono – Uma abordagem médica e espírita. Disponível em: http://www.cpdocespirita.com.br/Trabalhos/Sono%20Abordagem_Cristina.pdf

3. XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo, Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

4. XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 32a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

5. GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Espírita. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

6. XAVIER, Francisco Cândido, Entre a Terra e o Céu. Pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: FEB, 1998.

7. XAVIER, Francisco Cândido, Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz, 40a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992.

8. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores. Trad. de Guillon Ribeiro da 49a ed. francesa. 76a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

9. MIRANDA, Hermínio C. Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

10. RIGONATTI, Eliseu. O Espiritismo Aplicado. 19a ed. São Paulo: Pensamento, 2012.

11. PERALVA, Martins. Estudando a mediunidade. 23a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

12. KULCHESKI, Edvaldo. Artigo O Sono e Os Sonhos. Revista Cristã de Espiritismo. Ano 2. Nº 7. São Paulo: Escala.

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