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PRECARIZAÇÃO É 18 SEMANAS SEMANAS EM VEZ DE 18 saiba mais www.apufpr.org.br SEMESTRE COM 15 SEMANAS PESQUISA EXTENSÃO ENSINO SEMESTRE COM 18 SEMANAS PESQUISA EXTENSÃO ENSINO QUALIDADE DOCENTE DO TRABALHO PRECARIZAÇÃO DOCENTE DO TRABALHO Edição Especial | Outubro de 2015

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Page 1: EM VEZ DE - apufpr.org.brapufpr.org.br/files/informativos/28907.pdfComo Vencer um Debate sem Precisar ter Razão. Para isso, expôs 38 estratagemas. Utili-zando-se da ironia, ele com-bate

PRECARIZAÇÃOÉ18 SEMANAS

SEMANASEM VEZ DE

18

saibamais

www.apufpr.org.br

SEMESTRE COM15 SEMANAS

PESQUISA

EXTENSÃOENSINO

SEMESTRE COM18 SEMANAS

PESQUISA

EXTENSÃOENSINO

QUALIDADE

DOCENTEDO TRABALHO

PRECARIZAÇÃO

DOCENTEDO TRABALHO

Edição Especial | Outubro de 2015

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2 Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

UFPR Docentes sofrem mais ataques da Administração

Calendário com 18 semanas letivas: precarização e falsas premissasPROGRAD propõe reformulação na grade horária curricular dos cursos prejudicial aos docentes

Arthur Schopenhauer

escreveu um texto chamado

Como Vencer um Debate sem

Precisar ter Razão. Para isso,

expôs 38 estratagemas. Utili-

zando-se da ironia, ele com-

bate a sofística dos discursos

aparentemente verdadeiros,

mas que se efetivam como legi-

timação de proposições retóri-

cas e quase sempre falsas.

O anteprojeto de resolu-

ção, proposto pela Pró-Rei-

toria de Graduação e Educa-

ção Profissional (PROGRAD)

da Universidade Federal do

Paraná (UFPR), que “estabe-

lece normas básicas para ela-

boração, implantação e alte-

ração de Projetos Pedagógicos

de Curso do ensino de gradua-

ção e de educação profissional

e respectivos currículos ple-

nos” parece utilizar-se, com

propriedade, de, pelo menos,

alguns estratagemas do filó-

sofo polonês.

Um deles, o quinto estra-

tagema de Schopenhauer, fala

das premissas falsas, alegando

que para fazer valer um ponto

de vista pode-se utilizar delas

– desde que aqueles que devam

ser convencidos as aceitem

como verdadeiras.

O 11º artigo do anteprojeto

da PROGRAD encaixa-se per-

O anteprojeto de resolução, proposto

pela PROGRAD parece utilizar-se,

com propriedade, de alguns estratagemas

de Arthur Schopenhauer em

seu texto Como Vencer um Debate sem

Precisar ter Razão.

200dias letivos

pesquisa

extensãoorientação

demaisresponsabilidades

semanaacadêmica

iniciaçãocientífica

gestão

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3Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

feitamente nessa estratégia.

Ao fixar o calendário de 18

semanas letivas por semestre

de trabalho discente efetivo,

dá a entender que somente

as atividades em sala de aula

(preleções, aulas expositivas)

são reconhecidas como traba-

lho discente efetivo.

Na resolução de 2007 do

Conselho Nacional de Educa-

ção na Câmara de Educação

Superior (CNE/CES) é falado

em “trabalho acadêmico efe-

tivo”. Ou seja, não apenas em

sala de aula.

JUStIFIcAtIvASA justificativa para a fixa-

ção de 18 semanas letivas

por semestre de trabalho dis-

cente efetivo seria respeitar o

mínimo de 200 dias letivos de

trabalho acadêmico efetivo,

conforme a mesma resolução

do CNE/CES. O Conselho de

Ensino, Pesquisa e Extensão

(Cepe), na UFPR, teria então a

atribuição de fixar o calendá-

rio em conformidade com os

parâmetros do Plano Nacional

de Educação (PNE).

As falsas premissas surgem

duas vezes. Primeiro, quando

aponta para as 18 semanas

como atividade exclusiva de

sala de aula. Tal premissa é

falsa, porque esconde uma

consequência muito séria: os

docentes terão de dedicar mais

semanas para as atividades leti-

vas, em prejuízo da pesquisa e

da extensão.

Aqui há outro estratagema

descrito por Schopenhauer:

ocultar o princípio que rege tal

premissa. A falta de docentes

é compensada pela extensão

e intensificação do trabalho

daqueles professores que já

estão em atividade.

“Parece que a lógica geral

dessa proposta vem respon-

der a uma falta de professo-

res que a gente percebe que

vem ocorrendo na Universi-

dade pela pouca contratação e

abertura de novos cursos sem

uma estrutura correspondente.

Então, o aumento do número

de semanas de aula parece

uma resposta para tentar lidar

com esse problema da falta de

docentes na UFPR”, afirma a

docente do departamento de

Psicologia da UFPR Melissa

Rodrigues de Almeida.

Mas há t ambém uma

segunda premis sa f a l sa :

aquela que fixa as atividades

acadêmicas como “trabalho

discente efetivo”. Há uma

manipulação semântica, pois

o “trabalho discente efetivo”

é uma parte do “trabalho aca-

dêmico efetivo” e não pode

ser entendido somente como

aulas ou as atividades espe-

cificamente ministradas em

salas de aula.

DIAS lEtIvOSO fato é que o calendário

acadêmico compreende mais

do que 200 dias letivos, pois

há trabalho acadêmico efe-

tivo, como atividades super-

visionadas, em bibliotecas, de

iniciação científica, trabalhos

de grupos de pesquisa, entre

tantas outras, que consomem

além dos 200 dias letivos na

Universidade.

“A universidade pública

se diferencia justamente por-

que além da carga horária de

sala de aula, de ensino pro-

priamente dito, ela tem uma

grande carga horária de pro-

dução científica, pesquisa e

extensão. Além do que, na

universidade pública, são os

docentes que fazem o trabalho

de gestão”, explica o docente

do departamento de Saúde

Comunitária Rogério Miranda

Gomes.

“Nós já temos uma carga,

tanto de trabalho docente

quanto discente, que extrapola

muito os 200 dias letivos”, con-

cluiu.

Embora reconhecendo a

proposta de resolução como

uma iniciativa pragmática de

regulamentar algumas ativi-

dades já correntes na UFPR,

a instituição das 18 semanas

tem consequências nefastas.

Utiliza-se o argumento lega-

lista e pedagógico para justifi-

car a imposição de um modelo

de universidade desfigurada,

composta de atividades letivas

e dificultando sobremaneira,

para docentes e estudantes, o

desenvolvimento de pesqui-

sas.

Por essas razões, a Asso-

ciação dos Professores da Uni-

versidade Federal do Paraná

(APUFPR-SSind) denuncia as

18 semanas como prejudiciais

ao trabalho docente. Com essa

proposta, tende-se a precari-

zar ainda mais a atividade

profissional e compensar a

quantidade insuficiente de

professores por meio do apro-

fundamento da intensificação

do trabalho.

A APUFPR-SSind denuncia as 18 semanas como prejudiciais ao

trabalho docente. com essa

proposta, tende-se a precarizar ainda

mais a atividade profissional

para compensar a quantidade

insuficiente de professores.

UFPR Docentes sofrem mais ataques da Administração

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4 Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

Proposta das 18 semanas é mascarada como condicionante pela PROGRADcursos novos ou reformulados já estão sendo orientados a atender à resolução

Como uma das pautas locais

da greve na UFPR – ocorrida

entre 6 de agosto e 14 de setem-

bro deste ano – os docentes rei-

vindicaram à PROGRAD uma

reunião para requerer a manu-

tenção do calendário acadêmico

com 15 semanas de aulas para

os cursos de graduação.

Na época, o secretário geral

da APUFPR-SSind, Vilson Apa-

recido da Mata, manifestou sua

preocupação com o compro-

metimento da qualidade e da

estabilidade no tripé ensino,

pesquisa e extensão, caso a

proposta das 18 semanas fosse

levada adiante.

“Procura-se aumentar o

número de semanas, a produ-

ção, a carga horária e com isso

imagina-se que a qualidade

vai melhorar. Mas a Univer-

sidade não pode se contentar

em somente administrar sua

pobreza de recursos. O Estado

precisa fornecer recursos

equivalentes aos que oferece

a outras instâncias”, explicou.

Em 1º de setembro, a

PROGRAD, representada pela

coordenadora de Políticas

de Ensino de Graduação da

UFPR, Maria Lúcia Accioly

Pinto, participou de reunião na

APUFPR-SSind, na qual justificou

que a mudança não seria uma

imposição legal, mas uma opção.

Apesar da afirmação da

coordenadora, o que se tem

visto na prática é o contrário.

Cursos novos ou reformulados

recentemente com 15 semanas

letivas estão sendo orientados

pela Pró-Reitoria a atenderem à

proposta de 18 semanas.

“Nós sofremos uma pressão

no sentido de reformular os

cursos com 18 semanas. Então

todos os cursos daqui da UFPR

[Palotina], com exceção de três,

passaram para 18 semanas, mas

nós batemos o pé porque acre-

ditamos que para os nossos alu-

nos não seja o melhor”, relatou

a coordenadora do curso de

Veterinária em Palotina, Silvia

Cristina Osaki.

Assim como para os refor-

mulados, os novos cursos estão

sendo inseridos no modelo de

18 semanas, uma política que

está se alastrando por toda a

Universidade por iniciativa da

própria Administração.

A coordenadora de Políticas de Ensino

de Graduação da UFPR se reuniu com a APUFPR-

SSind e justificou que a mudança não seria uma

imposição legal, mas uma opção.

PROGRAD Docentes discutem resolução da PROGRAD

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5Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

PROGRAD Docentes discutem resolução da PROGRAD

cARGA hORáRIAO Ministério da Educação

(MEC), por meio da resolução 2,

de 18 de junho de 2007, deter-

minou que a carga horária total

dos cursos deverão possuir, no

mínimo, 200 dias de trabalho

acadêmico efetivo.

Como já se cumprem mais

que 200 dias letivos, a proposta

de 18 semanas deixaria a carga

horária dos professores ainda

maior, acarretando precarie-

dade à carreira docente, inten-

sificação do trabalho e menor

qualidade do ensino.

Com essa proposta, a

categoria se vê cada vez mais

inserida na lógica produti-

vista e que desvaloriza aqueles

que desenvolvem projetos de

extensão – considerados pouco

rentáveis na perspectiva dos

órgãos fomentadores.

“Os próprios estudan-

tes, [fora do período letivo],

também dedicam um tempo

significativo à pesquisa e

à extensão. Então, se tanto

professores quanto estudan-

tes tiverem que dedicar mais

tempo do ano apenas às ati-

vidades em sala de aula,

consequentemente acaba

diminuindo o tempo que con-

seguem dedicar à pesquisa e

à extensão”, explica Melissa.

Desse modo, as 18 sema-

nas resultam em aumento

das atividades letivas em sala

de aula, não diminuindo as

demais atividades docentes.

Tal situação é prejudicial a

docentes e estudantes, uma

vez que não há garantias

de que um calendário mais

extenso em sala de aula resulte

em maior qualidade de ensino

– mas é provável que prejudi-

que as atividades de pesquisa

e extensão.

As férias da comunidade

acadêmica também serão afe-

tadas com três semanas leti-

vas a mais por semestre – um

aumento na carga horária de

trabalho dos servidores e pre-

juízo aos estudantes de outras

cidades que retornam para casa

neste período.

Para Maria Lúcia , da

PROGRAD, a mudança não

resultaria na intensificação

do trabalho, pois “não haveria

aumento de carga horária”, e

sim redistribuição de conteúdo,

com ampliação de algumas dis-

ciplinas e redução de outras.

Mas, em uma conta simples,

a afirmação se torna contradi-

tória. Por exemplo, um docente

com 8 horas semanais mínimas

de aula (conforme prevê a legis-

lação): em 15 semanas letivas

teria carga horária total de 120

horas e, em 18 semanas, de 144

horas, aumentando seu tempo

em sala de aula e, consequente-

mente, diminuindo-o em outras

atividades.

“Nós entendemos que esse

tema tem que ser mais deba-

tido com a comunidade da

UFPR. É importante que esse

diálogo seja aberto, inclusive

envolvendo os alunos tam-

bém”, reivindica o coordenador

do departamento de Turismo,

Bruno Martins Augusto Gomes.

Sem um debate com a comunidade

acadêmica, o desconhecimento

da proposta – e, principalmente,

de seus prejuízos – dificulta a análise

da categoria docente.

DOIS Em UmDentro da proposta da

PROGRAD também está inse-

rida a carga horária de cada

unidade curricular, que seria

composta pelas 18 semanas

letivas por semestre e, como

referência, 18 e seus múltiplos.

“Uma disciplina de 60 horas

dá conta da carga horária mínima

de um professor. Se passarem a

valer as 18 horas ou seus múl-

tiplos, nunca vão arredondar as

60 horas. Vai ser necessário fazer

um módulo com 72 horas – que

não existe. Então, para poder tra-

balhar com 60h, será necessário

ministrar dois módulos”, explica

Vilson da Mata.

Sem um debate com a

comunidade acadêmica, o des-

conhecimento da proposta – e,

principalmente, de seus pre-

juízos – dificulta a análise da

categoria docente.

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6 Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

hIStÓRIcO Discussão dos 200 dias letivos vem de longe

Lei que estabelece 200 dias letivos tem diferentes interpretaçõestrabalho acadêmico efetivo contempla ensino, pesquisa, extensão e gestão da Universidade

A discussão sobre a dura-

ção do ano acadêmico é antiga

no contexto da política educa-

cional brasileira. A lei 4.024,

de 20 de dezembro de 1961,

primeira Lei de Diretrizes e

Bases da Educação (LDB) dis-

punha que, no ensino médio

e no ensino superior, o ano

acadêmico seria de no mínimo

180 dias letivos. A atual LDB

(lei 9.394, de 20 de dezembro

de 1996) ampliou esse mínimo

para 200 dias letivos.

Nesse sentido, são poucos

os países que trabalham com

essa extensão de ano acadê-

mico. Um levantamento entre

32 países da Organização para

a Cooperação e o Desenvol-

vimento Econômico (OCDE)

apresentou para a educação

fundamental uma média de

183 dias letivos, com 5 horas

de atividades didáticas por dia.

No caso do ensino superior,

a LDB de 1996 estabeleceu que

“na educação superior, o ano

letivo regular, independente

do ano civil, tem, no mínimo,

duzentos dias de trabalho aca-

dêmico efetivo, excluído o

tempo reservado aos exames

finais, quando houver”.

O termo “trabalho acadê-

mico efetivo” contempla toda

e qualquer atividade docente,

sendo assim um equívoco

interpretá-lo como atividade

didática apenas em sala de

aula.

Nos 200 dias podem estar

incluídas atividades que não se

realizam nas disciplinas regu-

lares, tais como as atividades

complementares (atividades de

pesquisa ou extensão, visitas,

eventos etc.). Desde que este-

jam previstos no Projeto Peda-

gógico de Curso (PPC), os dias

de realização dessas atividades

podem ser consideradas como

dias de trabalho acadêmico efe-

tivo.

Uma dessas atividades é a

Semana Acadêmica de Curso,

composta por palestras, dis-

cussões e apresentação de tra-

balhos, que podem ser compu-

tadas como dias de trabalho

acadêmico efetivo, observado

o controle de frequência dos

estudantes – mesmo entendi-

mento do CNE.

Nesse contexto, por exem-

plo, no âmbito legislativo

houve a tentativa de inter-

pretar os 200 dias letivos no

ensino superior como ativida-

des em “sala de aula” pela reda-

ção original do Projeto de Lei

do Senado (PLS) 386/2007.

Esse PLS foi aprovado com

a redação de que, dos 200 dias

letivos, no mínimo 180 seriam

de aula. Remetido à aprecia-

ção da Câmara dos Deputados,

a Comissão de Educação e de

Cultura (CEC) rejeitou a dita

proposição com base na auto-

nomia universitária, enten-

dendo que qualquer tentativa

legislativa de definir como o

trabalho acadêmico será desen-

volvido fere o referido preceito

constitucional.

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7Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

UFPR tripé fundamental da Universidade será prejudicado

Resolução da PROGRAD deve desestruturar ensino, pesquisa e extensãotempo em sala de aula consumiria as demais atividades acadêmicas

A proposta de uma universi-

dade pública e de qualidade não

está baseada apenas no ensino.

Para gerar conhecimento, a ins-

tituição precisa investir em pes-

quisa e em extensão, que vão além

das atividades em sala de aula.

C o m a p ro p o s t a d a

PROGRAD de 18 semanas leti-

vas por semestre, o tripé funda-

mental da Universidade ficará

desestruturado pelo menor

tempo disponível para docen-

tes e estudantes dedicarem-se a

pesquisa e extensão.

Em contrapartida ao maior

tempo em sala de aula, as demais

atividades acadêmicas serão

prejudicadas, com consequên-

cias diretas na qualidade da pro-

dução científica. “Nós vamos ter

uma grande perda nesses outros

aspectos que só a universidade

pública produz no Brasil. Mais

de 90% da produção científica

brasileira é no espaço público”,

confirma Rogério Gomes.

As maiores perdas são a dimi-

nuição da qualidade dos eixos

de pesquisa e extensão –

cujo objetivo é atuar

na soc iedade

com base nos

problemas

encontra-

dos – e a

descarac-

terização

da organi-

zação da Universidade.

“Se o trabalho do professor

na Universidade se sustenta

pelo ensino, pesquisa e exten-

são, quando nós intensificamos

uma dessas partes as outras

vão ficar, de certa forma,

mais precarizadas”, explica a

docente do departamento de

Psicologia Graziela Lucchesi

Rosa da Silva.

Esse modelo de desvalori-

zação da produção científica

está diretamente associado à

formação de força de trabalho –

mesmo ideal que a Europa vem

utilizando há mais de dez anos

para unificar o ensino superior:

o Processo de Bolonha.

mERcANtIlIzAçãOA proposta de 18 semanas

vem, assim como o Processo de

Bolonha, priorizar o ensino em

detrimento da pesquisa e da

extensão, de maneira a formar

indivíduos que não tenham

o hábito de questionar e

procurar conhecimento.

Diversas adminitra-

ções universitárias já

têm adotado

e s s e

modelo que

almeja formar ape-

nas força de trabalho

para o mercado.

Nos países que

adotaram o Pacto

de Bolonha, com

menor tempo de

formação, o aluno

realiza graduação,

pós-graduação

lato sensu e

mestrado em

a p e n a s

a l g u n s

anos.

Além disso, o foco é na

pragmática e no empirismo –

sendo, assim, pesquisa e exten-

são de menor relevância nas

universidades. “Há também aqui

[na UFPR] a questão da precari-

zação. Ou seja, a questão é enxu-

gar, diminuir esse tempo de for-

mação para ir mais rápido para

o mercado”, explica a docente do

departamento de Terapia Ocu-

pacional Mônica de M. Cardoso.

“Você observa respingos

dessa questão europeia jus-

tamente nisso: você tem que

formar para o mercado, mer-

cantilizando a educação”,

conclui.

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8 Informativo APUFPR-SSIND | Edição Especial | Outubro de 2015

a PROGRAD trate do tema com

toda a comunidade acadêmica e

exponha as justificativas para

tal mudança – não apresentada

até o momento.

A falta de docentes é visí-

vel na Universidade, e este

problema deve ser resolvido

sem prejudicar as atividades

dos demais e sobrecarregar os

docentes – como é o caso da

proposta da Prograd.

O ensino, a pesquisa e a

extensão precisam ter equilí-

brio de forma a possibilitar a

lUtA Resistência dos docentes contra as 18 semanas

Reunião do Fórum de Coordenadores discutirá proposta da PROGRADDocentes esperam que grupo analise as 18 semanas com cautela para não gerar prejuízos

A questão das 18 semanas

será debatida em reunião do

Fórum de Coordenadores de

Cursos de Graduação da UFPR.

Até o momento, a proposta não

foi tratada com a comunidade

acadêmica, apesar de ser de

interesse de toda a Universi-

dade.

A APUFPR-SSind está na

luta contra a proposta, exigindo

melhorias nas condições de tra-

balho docente e manutenção da

universidade pública e de qua-

lidade. Para isso, reivindica que

É importante que todos estejam

conscientes dos prejuízos que as 18 semanas acarretam

na carreira docente e no tripé

universitário.

qualidade da educação supe-

rior. Para tal, a luta docente

deve ser no sentido de impedir

que a proposta seja aprovada. É

importante que todos estejam

conscientes dos prejuízos que

as 18 semanas acarretam na

carreira docente, na formação

do aluno e no tripé universi-

tário.

“A discussão e o entendi-

mento das consequências disso

são a única forma de mostrar

concretamente onde nós pode-

mos chegar se deixarmos essas

questões passarem sem que

nós resistamos. Essa é a pala-

vra: resistir”, afirma Mônica de

Macedo Cardoso.

EXPEDIENTEInformativo APUFPR-SSindPublicação especial da Associação dos Professores da Universidade Federal do ParanáSeção Sindical do Andes - Sindicato Nacional

Diretoria - Gestão 2015/2017Presidente: Maria Suely SoaresVice-presidente: Luis Allan Künzle Secretário geral: Vilson Aparecido da Mata Primeira secretária: Adriana Hessel DalagassaTesoureiro geral: Claudio Antonio Tonegutti Primeiro tesoureiro: Herrmann Vinícius de Oliveira Muller

Diretor administrativo: Vitor Marcel Schuhli Diretor cultural: Marcelo Sandin Dourado Diretor de esportes: Raimundo Alberto Tostes Diretora de imprensa: Milena Maria Costa Martinez Diretor jurídico: Afonso Takao Murata Diretora social: Marise Fonseca dos Santos

Fale ConoscoEndereço: Rua Alcides Vieira Arcoverde, 1193, Jardim das Américas – CEP 81520-260 - Curitiba-PRTelefone: (41) 3151-9100 www.apufpr.org.br

ProduçãoAbridor de Latas | (41) 3026-0630Equipe de Redação - Larissa Amorim SRTE 9459-PR, Guilherme Mikami SRTE 9458-PR, Larissa Knaipp e Rebeca Mileski.Projeto Gráfico - Guilherme MikamiDiagramação - Larissa KnaippDistribuição gratuita e dirigida