em revista -...

9
Ano VII nº23 Março/Abril 2011 em REVISTA QUADRINHOS Página 14 PONTO DE OURO: UM EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE Página 5 ENTREVISTA: INÊS MENEGUELLI FALA SOBRE O VALOR CUIDADO, PRESENTE EM NOSSAS VIDAS E EM NOSSO COTIDIANO Página 10 AH, EU ACHO É QUE ANTES DE COMEÇAR O TRABALHO, A GENTE DEVIA CONVERSAR COM A MARGARIDA E VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO, ASSIM NÃO DÁ PRÁ CONTINUAR Neste Mês da Mulher, o Consulado preparou uma homenagem a todas as mulheres. Saiba mais em nosso site!

Upload: lengoc

Post on 23-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

Ano VII nº23 Março/Abril 2011

em REVISTA

QUADRINHOS Página 14

PONTO DE OURO: UM EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE Página 5

ENTREVISTA: INÊS MENEGUELLI FALA SOBRE O VALOR CUIDADO, PRESENTE EM NOSSAS VIDAS E EM NOSSO COTIDIANO Página 10

AH, EU ACHO É QUE ANTES DE COMEÇAR O TRABALHO, A GENTE DEVIA CONVERSAR COM A MARGARIDA E VER O QUE ESTÁ

ACONTECENDO, ASSIM NÃO DÁ PRÁ CONTINUAR

Neste Mês da Mulher, o Consulado preparou uma homenagem a todas as mulheres. Saiba mais em nosso site!

Page 2: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Ior-que, fizeram a primeira greve liderada por mulheres. Reivindicavam melho-res condições de trabalho, tais como a redução da carga horária de 16 para 10 horas, a equiparação de salários com os homens e respeito dentro do ambiente de trabalho. A fábrica foi trancada e incendiada pela polícia e morreram carbonizadas cerca de 130 tecelãs. A luta daquelas mulheres foi uma semente tão importante para as conquistas femininas no mercado de trabalho e para a participação mais efetiva nos espaços públicos que deu origem ao Dia Internacional da Mulher.

Com certeza, a luta não está ter-minada e o caminho ainda é longo. Porém, a celebração é importante e

No mês de mar- ço, quando cele- b r a m o s o D i a Internacional da Mulher, observa- vamos que as conquistas dasm u l h e r e s s ã o muitas. Elas ocu-pam um espaço cada vez maior no mercado de tra-balho, nos bancos escolares, na esfe-ras públicas e nos cargos de poder.

E n t r e t a n t o , conciliar trabalho, família, afazeres domésticos, saúde e tantas outras demandas, se tornou um desafio diário. É preciso dedicação dobrada, para que a satisfação de um traba-lho bem sucedido não afete a nossa vida privada.

Para nós, do Consulado da Mu-lher, que assessoramos empreendi-mentos populares protagonizados por mulheres de baixa renda e de pouca escolaridade, o desafio é ain-da maior.

Temos como missão assessorar estas mulheres e aportar conheci-mentos e recursos, que tornem pos-

A SUTILEZA DE SER FELIZ SENDO MULHERPor Lúcia Neitsch, Coordenadora de Programas Sociais de JoinvillePor Leda Böger, Diretora Executiva

VALORES QUE TRANSFORMAM

serve para fazermos outras reflexões sobre o respeito que buscamos nas nossas relações com o sexo oposto, seja nas relações profissionais ou amorosas. Este respeito para com a mulher deve estar, antes de tudo, dentro de nós mesmas.

Durante o século passado, as mu-lheres quebraram tabus e ocuparam espaço no mercado de trabalho, aten-dendo as suas necessidades pessoais e familiares e, mais recentemente, atingindo a realização pessoal. Seus papéis se acumularam e o estereóti-po “SUPER-MULHER” se tornou quase um modelo para mulheres de todas as idades e classes sociais. Não basta ter sucesso na profissão; é preciso cui-dar das tarefas, organizar as despesas e fazer toda a administração domés-

síveis a geração de renda e a me-lhor qualidade de vida para elas e para as suas fa-mílias.

Acreditamos que a busca pela prosperidade fi-nanceira, deve e s t a r s e m p r e orientada por princípios e valo-res sólidos, como Cuidado, Solida-riedade, Integri-dade, Respeito e

Diversidade. Não basta apenas obter o pão, mas é preciso contruir a Paz.

Nosso desafio diário é fazer com que estes valores éticos e morais nos apontem o caminho certo nos momentos de indecisão, e que a sua prática não seja atropelada frente ao imediatismo da vida moderna, onde o “ganhar dinheiro” muitas ve-zes impera como prioridade.

Neste mês da mulher, desejamos que este seja também o seu desafio e que a felicidade possa ser encon-trada nas coisas simples da vida, na descoberta diária de ser feliz, sendo mulher.

LEDA BÖGER, DIRETORA EXECUTIVA DO CONSULADO DA MULHER

2 REVISTA DO INSTITUTO 3CONSULADO DA MULHER

Page 3: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

PONTO DE OURO: UM EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE

A determinação e a união das mulheres manauaras, do grupo Ponto de Ouro, é exemplo para muitos grupos assessorados pelo Consulado da Mulher.

Estas empreendedoras, que são assessoradas desde 2007 pelo Con-sulado, priorizam sempre o Res-peito, a Integridade, o Cuidado e, principalmente, a Solidariedade en-tre elas, dentro e fora do grupo.

No início, o empreendimento, que atua no ramo de vestuário, passou por dificuldades e precisou da união e colaboração de todas para vencer os desafios.

“No começo, a gente só tinha uma máquina de costura e revezávamos para poder produzir nossas peças. Todas aguardavam sua vez, sem-

pre respeitando o tempo da outra”, lembra a empreendedora Maria de Nazaré Araújo Reis.

Esta e outras dificuldades não aba-laram o grupo. Ao contrário, fortale-ceram ainda mais o convívio destas mulheres, que viram no empreendi-mento a oportunidade de melhorar suas vidas e de suas famílias.

E não foram apenas dificuldades profissionais que elas tiveram que superar. Cada trabalhadora ali, pos-sui uma história de vida difícil, ligada a batalhas e a superações. Podemos perceber que, quando se consegue

tica com eficiência e praticidade. Ser mãe cuidadosa, cheia de amor e cari-nho, ainda parece pouco; parece que toda além de tudo isso, toda mulher deve apresentar, também, um balan-ço leve no andar, ter uma pele de pês-sego e ser incansável, como as mães de propagandas de lojas e de comer-ciais de margarinas.

O resultado de todo esse turbi-lhão é que sobra pouco tempo para a mulher ser simplesmente mulher, ser ela mesma e para ela mesma. Em muitas culturas, o homem tem seus momentos de bar no fim do dia, fu-tebol com os amigos ou exercitar qualquer outro merecido hobby. Mas, muitas mulheres, ainda que te-nham conquistado a independência financeira ou aceitação social, não encontram tempo, ou motivação, para fazer aquilo que gostam.

Cuidar de si virou sinônimo de es-tética. Ir ao salão de beleza ou à aca-demia, na maioria das vezes, é para agradar ao companheiro, ao mari-do ou ao namorado, ou, ainda, para atender a uma exigência do papel que ocupa na sociedade. Há mulhe-res que realmente sentem prazer nisso, mas há, também, neste pro-cesso outros momentos que podem ser mais pessoais e sutis, nem sem-pre prazerosos. É importante que, ao mesmo tempo em que se busca melhorar o status na sociedade e aperfeiçoar as relações com mari-

dos, namorados, amigos e filhos, também se procure ter uma relação profunda, saudável e feliz para con-sigo mesma. Faz parte da nossa evo-lução diária, entender que o respeito a nossa individualidade, é a primeira garantia de que teremos o respeito dos outros aos nossos direitos.

Desenhar, tricotar, escrever, ca-minhar, dançar, ver um filme, ouvir aquela música do tempo da adoles-cência, dormir sem colocar o desper-tador para tocar, comer um doce na hora em que tiver vontade, viajar, mexer na terra, molhar os pés ou o corpo inteiro em um mar ou um rio, cantar sem medo de desafinar.Buscar, enfim, o que nos realiza, não pela necessidade de manter a ima-gem da “SUPER-MULHER”, mas pelo prazer de se sentir mulher e de res-pirar a própria vida. Não podemos deixar que nossas conquistas nos esmaguem, nem que o espaço que conquistamos nos prenda. Que nes-te mês Internacional da Mulher, pos-samos aplaudir cada conquista, lutar para dar sempre um novo passo e fazer um compromisso pessoal de ser feliz, sendo mulher.

Por Kelly Fusteros e Diana Sampaio, ambas da área de Comunicação do Consulado

Conheça Dona Jura, empreendedora de Heliópolis - SP, uma mulher que faz acontecer. Visite nosso site!

VIVA O MÊS DA MULHER!

4 REVISTA DO INSTITUTO 5CONSULADO DA MULHER

Page 4: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

Dicas do Ponto de Ouro“Se você quer ter um bom relacionamento em grupo, sempre

escute o que as outras pessoas têm a dizer, respeitando sempre a opinião de todas. E se você sabe fazer algo diferente, ensine as outras

empreendedoras do grupo. Dividir os conhecimentos trará mais oportunidades para todas.”

a compreensão e o devido acolhi-mento do grupo, logo a alegria co-meça a reinar e a busca de soluções se torna mais fácil.

Os conhecimentos também são compartilhados. Cada empreende-dora tem sua hora de aprender e de ensinar. Juntas, criam modelos únicos de peças íntimas (femininas e mascu-linas), como calcinhas, sutiãs, cuecas, pijamas e baby dolls.

Brigas não fazem parte da rotina deste grupo, pois contam que nun-ca brigaram entre si. Todas as deci-sões são tomadas em conjunto e as opiniões são sempre respeitadas e consideradas.

“Ficar discutindo não leva a nada. Todas têm a sua vez de falar e de dar opinião. A gente para o que está fazendo e escuta o que a outra tem para dizer”, ressalta Dona Dalila.

Pode-se perceber que este cuida-do para com o próximo, é sempre muito presente neste empreendi-mento. Em seus relatos pessoais, as empreendedoras demonstram que evitam, ao máximo, julgar ou conde-

nar uma colega, por atitudes com as quais não concordam. “Procuramos sempre saber o que está acontecen-do, antes de sair falando. Precisamos demonstrar Respeito e Solidarieda-de pelos problemas dos outros”, ex-plica Marinelza Souza Peixoto.

As dificuldades não abalaram o gru-po. Ao contrário, fortaleceram ainda mais o convívio e o respeito entre elas.

O grupo, que cresceu profissio-nalmente e pessoalmente, com a assessoria do Consulado da Mulher, caminha para o processo de eman-cipação, para que, num futuro próxi-mo, consigam administrar, sozinhas, o empreendimento.

“As mulheres do Ponto de Ouro de-pendiam só da renda dos maridos. De-pois que o Consulado da Mulher nos capacitou em diversas técnicas, como fluxo de caixa, precificação e customi-zação de camisetas, por exemplo, nossa renda cresceu e hoje podemos andar com nossas próprias pernas, comprar sozinhas nossas coisas e aju-dar com as despesas de casa”, orgu-lha-se Francisca Azevedo.

“As dificuldades não abalaram o grupo. Ao contrário, fortaleceu ainda mais

o convívio e o respeito entre elas.”

MULHERES DO PONTO DE OURO.. .

. . . PARABÉNS PELO SEU EXEMPLO NA PRÁTICA DE VALORES!

6 REVISTA DO INSTITUTO 7CONSULADO DA MULHER

Page 5: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

“EU POSSO FAZER O BEM A MIM MESMA”

O Consulado da Mulher foi homenageado no carnaval de Manaus: saiba mais em nosso site!

Trabalho, estudo, família, amigos, atividades domésticas, entre outros afaze-res rotineiros, acabam preenchendo quase todo o nosso tempo. A correria é tão grande que mal sobra espaço para respirar. Cuidar de si mesma passa a ser tarefa rara, deixada sempre para segundo plano.

Mas, como podemos nos preocupar com os filhos, parentes e amigos, nos dedicar ao trabalho e aos estudos, cui-dar do meio ambiente e do planeta, se não conseguimos dar um pouquinho de atenção a nós mesmas?

Sair um pouco para passear, ler um bom livro, cuidar da saúde e da beleza, praticar uma atividade física, cultivar um jardim, ou, mesmo, ficar de pernas para o ar, sem se preo-cupar com absolutamente nada, além do nosso próprio bem estar, deveriam ser cuidados prioritários. Afinal, a qualidade de vida depende diretamente deles para acontecer.

Essas atitudes a deixarão mais animada, melhorando o seu desem-penho no trabalho, a dedicação aos estudos, o cuidado para com o pla-

Por Melissa Sampaio, Educadora Social de Rio Claro

neta e aumentará o seu carinho para com os filhos e familiares.

O dia é hoje e o momento é ago-ra. Portanto, pedimos que a reflexão seja feita: Se um casulo de borboleta é interrompido antes da hora, a me-tamorfose não acontece e a borbo-leta não é gerada. Tudo na natureza necessita de um tempo exato para acontecer e se transformar. E por que conosco, seres humanos evo-luídos e racionais, seria diferente? Com frequência, deixamos a rotina atropelar o tempo de maturação das coisas, e os valores são facilmen-te passados para trás.

O Cuidado e o Respeito, assim como a Solidariedade, a Diversida-de e a Integridade, são valores que temos de praticar, em primeiro lugar,

em relação a nós mesmas. Só assim teremos condições físicas, mentais e espirituais para praticá-los com o pró-ximo e para com o meio ambiente.

Muita gente não consegue amar a si mesma, se aceitar como é e respei-tar seus próprios limites. Mas fazer o bem a si mesma não é tão difícil assim quanto parece. O que precisamos é parar um pouco, para pensarmos so-bre o que somos e o que queremos para nossas vidas. Quando enten-demos que cada pessoa possui um jeito único de ser e de viver, com-preendemos que a Diversidade é que faz de nós seres tão especiais. E essa é a verdadeira beleza da vida.

Mude a partir de agora, mude a cada dia um pouco. Pense e cuide mais de você mesma. Com certeza, tudo e todos a sua volta sentirão a diferença!

8 REVISTA DO INSTITUTO 9CONSULADO DA MULHER

Page 6: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

RODRIGO DE MÉLLO BRITO

Para responder a esta e a outras perguntas, a Revista do Consulado da Mulher conversou com Inês Meneguelli Acosta, co-fundadora do Instituto Consulado da Mulher e integrante da equipe do Instituto Semeando Gênero.

Um dos valores institucionais do Consulado da Mulher é o Valor Cui-dado. Como você identifica este va-lor na vida do ser humano?

O cuidado é o princípio da vida. Sem ele não existiríamos, pois, como humanos, não sobreviveríamos se não o tivéssemos recebido. Por isso ele é tão importante na vida gregá-ria das pessoas e também entre to-dos os seres viventes da natureza, que compõem o ambiente onde o ser humano vive e se desenvolve.

O cuidado se inicia com a própria pessoa. Há cuidados que são mate-riais e necessários para a manuten-ção da própria vida, como o alimen-to e a água e, em alguns lugares do planeta, também a proteção contra o frio ou o calor intensos. E há os cuidados que são para a alma, ima-teriais, que são o amor e a educação,

seja ela pelas tradições ou pelo siste-ma de aprendizagem acumulativa.

A partir do que pensa sobre si pró-pria, e tendo acesso a esses recur-sos, a pessoa pode se expressar nes-te mundo, a partir de suas escolhas.

No Consulado, creio que o cuidado é saber identificar na outra pessoa, qual a real necessidade que está contida na situação que ela apresenta e propor algumas alternativas de solução; uma vez escolhida, esta solução deve ser acompanhada por período de tem-po suficiente para que cada pessoa e cada grupo possa sentir forças em suas próprias pernas, braços, mentes e corações, até concluírem que estão prontos para manter sua própria sus-tentação financeira e sua própria vida.

Na perspectiva do valor Cuidado, qual é o papel da mulher na busca constante pela justiça social?

A construção social predominan-te na nossa sociedade atribui muito à mulher os aspectos do cuidado, devido à questão da reprodução e, desta forma, as mulheres acabam car-regando esse estigma praticamente sozinhas, quando, na realidade, todas as pessoas devem e podem exercer o cuidado nas suas diversas formas. Sabemos que um ser humano em for-mação, ainda no útero materno, ouve e sente todas as emanações de cui-dado, ou não, provindas tanto do pai, quanto da mãe. Também já é cientifi-camente comprovado que os homens são tão cuidadores quanto as mulheres, se lhes fosse permitida essa prática des-de a tenra infância.

Como construção social, o cuidado, que, no ima-ginário coletivo, foi de-legado à criatura que nasceu com o sexo feminino, pode muito bem ini-ciar uma nova fase, a partir da nossa consciência de que toda pessoa tem o direito de expressar sua humani-dade por meio de suas escolhas, seja homem ou seja mulher, pois o cuida-do é um atributo universal.

A consciência de que a justiça social e a cultura de paz prevaleceria na prá-tica coletiva do cuidado, se dará num tempo de germinar, crescer, frutificar e colher. Acreditamos que os movi-

VALOR CUIDADO: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

O cuidado se inicia com

a própria pessoa.

INÊS MENEGUELLI ACOSTA

mentos que nos antecederam corres-pondam ao tempo do germinar e hoje estamos na fase inicial do crescimen-to. Muito ainda pode e deve ser feito, para que essa mudança na sociedade possa ser um fato e para que o cuida-do possa ser praticado sem preconcei-tos, tanto por mulheres, quanto por homens.

Enquanto isso, o papel das mulhe-res é de expandir o cuidado em todos os ambientes em que frequentam, in-centivando a sua prática entre todas as pessoas, tanto na escola, na família, nos relacionamentos amorosos, como

também no ambiente de trabalho. E não devem ter vergonha de serem “di-ferentes” pois, só assim, estarão construindo um amanhã melhor para as próximas gerações, onde

mulheres e homens possam sentir mais felicidade na vida e onde a cultu-ra de paz possa predominar.

Você percebe o Cuidado, a Solida-riedade, o Respeito, a Diversidade e a Integridade (nossos valores insti-tucionais) como alternativas para o enfrentamento das desigualdades sociais?

Claro que sim. Há uma questão dos valores universais, que ficam sempre no pensamento filosófico e quase nunca são traduzidos para a nossa

10 REVISTA DO INSTITUTO 11CONSULADO DA MULHER

Page 7: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

Após serem aprovadas no edital do Programa Usinas do Trabalho, por in-termédio da associação Arco Sertão, em 2009, essas mulheres passaram a atuar no ramo alimentício e a pro-duzir diversos tipos de polpas de fru-tas, doces e salgados, aumentando a oportunidade de geração de renda.

Hoje, com o fogão e os 2 freezers que receberam da Consul, foram aprovadas pelo PNAE (Programa Na-cional da Alimentação Escolar) e são as principais fornecedoras de polpa de frutas para a merenda escolar de todo o município de Valente, além de outros mercados regionais.

USINA COOPEV: UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃOvida cotidiana. O conjunto de valores selecionado demonstra a transforma-ção social que o Consulado foi capaz de deflagrar e que está disposto a con-tinuar e manter.

Na verdade, a prática desse conjunto de valores pela sociedade poderia, sim, se constituir numa alternativa para o enfrentamento das desigualdades sociais, mas seria muito utópico esse pensamento. Já no Consulado, com certeza, faz muita diferença para aque-las pessoas com as quais o instituto se relaciona e que, na grande maioria, tra-zem histórias de muito sofrimento e de pouquíssimo cuidado, seja pela estru-tura familiar, seja pelas oportunidades de educação, saúde, moradia e traba-lho. Os valores são organizacionais, po-rém são as pessoas que demonstrarão no dia a dia a sua prática.

Qual é a sua orientação para que o imediatismo da vida moderna não se sobreponha a reflexão e a prática dos Valores?

Há uma discussão do tipo “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha”,

A história de superação e transfor-mação social fica registrada na fala da Dona Mira, presidente da associação:

“Não me sentia útil para a vida, era como se eu não existisse. Hoje, já não dependo mais do meu marido e pos-so sustentar sozinha a minha família. Sinto-me realizada e considero-me até uma cidadã brasileira, pois não paro de viajar pelo Brasil. Minha última via-gem agora foi para Brasília, onde pude apresentar o nosso trabalho na As-sembléia Nacional das Cooperativas.”

Atuar em uma cooperativa, significa trabalhar para o bem de todos, forta-lecer o grupo, viver em sistema igua-

litário e, principalmente, modificar para melhorar a vida da comuni-dade em que vivemos.

Exemplos como este da Coo-pev, estimulam o Consulado da

Mulher a ampliar sua atua-ção, assessorando projetos em todo Brasil. É através de casos como este que a mulher mostra a sua impor-tante função de agente de transformação social, me-lhorando a sua vida, de sua família e de sua comunidade.

Por Christiano Basile, Coordenador de Desenvolvimento de Programas para a Geração de Renda

Atuam na Coopev (Cooperativa dos Pequenos Empreendedores de Valilân-dia e Região Sisaleira), em Valente, na Bahia, mais de 30 mulheres que antes trabalhavam na roça, capinando milho e feijão de sol a sol, alcançando uma renda média de R$ 40 por mês.

DONA MIRA, PRESIDENTE DA USINA COOPEV

em termos de sustentabilidade, que acontece também aqui com relação ao cuidado. Ou cuidamos das pessoas, ampliando de forma massiva a edu-cação, ou continuaremos assistindo a todo tipo de problemas e conflitos nas diversas escalas (violência intra familiar, bulling e violência nas escolas, violência urbana, disputas e competi-ção acirrada nas empresas, corrupção, guerras) e, por fim, ao tão conhecido e irreversível aquecimento global.

Quando pedimos à população para que cuide das águas, não despeje de-jetos nos rios, andem de bicicleta e ou-tras alternativas, estamos no momen-to “educando”, pois estamos olhando para as formiguinhas, enquanto os elefantes estão passando na forma da produção pecuária, da monocultura, do extrativismo e da exploração de energias não renováveis, por grandes corporações e governos, com descui-do e descaso.

Por isso não trago uma recomen-dação e sim uma reflexão, para que cada pessoa inicie desde já uma ação individual ou coletiva que a faça se sentir melhor e em paz consigo pró-pria, saindo gradativamente da cultu-ra do ter para a cultura do ser, e possa transmitir estas atitudes de Cuidado, Solidariedade, Respeito, Diversidade e Integridade para e com todas as ou-tras formas de vida do planeta.

Programa Usinas do Trabalho libera novos projetos. Aguarde as novidades!

MÊS DA MULHER: REFLITA SOBRE OS SEUS VERDADEIROS VALORES!

12 REVISTA DO INSTITUTO 13CONSULADO DA MULHER

Page 8: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

INTEGRIDADE NO SEU EMPREENDIMENTO

VOCÊ VIU COMO A MARGARIDA ANDA

MOLE PARA O TRABALHO?

O QUE SERÁ QUE ELA TÁ PENSANDO? QUE A GENTE

VAI FAZER TODO O TRABALHO POR ELA?

MUITO FOLGADA, NÃO É? IMAGINE SÓ,

PASSAR O DIA INTEIRO COM AQUELA CARA.

TEM GENTE QUE É MUITO CARA DE PAU! EU É QUE NÃO VOU ME MATAR AQUI POR CONTA DA MOLEZA DOS OUTROS.

AH, EU ACHO É QUE ANTES DE COMEÇAR O TRABALHO, A GENTE DEVIA CONVERSAR COM A MARGARIDA E VER O QUE ESTÁ

ACONTECENDO, ASSIM NÃO DÁ PRÁ CONTINUAR

PUXA MARGARIDA, A GENTE NÃO SABIA DISSO.

CONTE COM A GENTE SEMPRE QUE VOCÊ

PRECISAR.

VOCÊ PRECISA DE ALGUMA AJUDA?

PUXA, ME DESCULPEM POR TUDO

ISSO, ESTOU MUITO TRISTE E PASSANDO POR DIFICULDADES,

ACABEI DE ME SEPARAR DO MEU MARIDO PORQUE

ELE ESTAVA SEMPRE ME AGREDINDO.. .

. . .E FAZEM DOIS DIAS QUE MEU FILHO FOI EMBORA

DE CASA E, ATÉ HOJE, NINGUÉM SABE DO SEU PARADEIRO. . .

15CONSULADO DA MULHER14 REVISTA DO INSTITUTO

Page 9: em REVISTA - consuladodamulher.org.brconsuladodamulher.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Revista23.pdf · por mulheres. Reivindicavam melho- ... Coordenadora de Programas Sociais

Uma ação social da

Ano VII Nº 23 Março/Abril 2011 | A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação do Instituto do Consulado da Mulher.

Conselho editorial | Christiano Basile, Dayla C. Souza, Diana Sampaio, Kelly Fusteros, Leda Böger, Melissa Pin Lucheti, Paula Watson e Renata Watson.

Fotos | Editorial, Renda & Qualidade de Vida e Páginas Coloridas: Divulgação.

Textos | Kelly Fusteros e Diana Sampaio.

Projeto gráfico, diagramação e ilustrações | Traço Comunicação (watsons.com.br)

Tiragem | 5.000 exemplares

Esta revista foi impressa em papel com a certificação florestal FSC, que atesta a origem da matéria-prima florestal em um produto. A certificação garante que a empresa ou comunidade maneja suas florestas de acordo com padrões ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Saiba mais em www.fsc.org.br

Instituto Consulado da Mulher• Núcleo São Paulo SP: (11) 3566-1665 • Unidade Rio Claro SP: (19) 3535-7189• Unidade Joinville SC: (47) 3433-3773 • Unidade Manaus AM: (92) 3301-8550

www.consuladodamulher.org.brwww.twitter.com/CONSULado www.youtube.com/consuladomulher

PRODUTOS DO GRUPO PONTO DE OURO

Através do Programa Usinas do Trabalho, o Consulado da Mulher beneficiou, em 2010, mais de 800 mulheres em todo o Brasil.

Nas unidades de Joinville, Manaus, Rio Claro e São Paulo mais de 500 mulheres foram beneficiadas, gerando renda e qualidade de vida para si próprias e suas famílias.