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ELVIRA RAULINO MENDES DE OLIVEIRA Apresentadora, política, jornalista, radialista e até jurada do Chacrinha Elvira Mendes Raulino de Oliveira nasceu em Teresina no dia 21 de setembro de 1946, dia consagrado ao radialista. Filha de Mário Raulino, nascido em Altos, e de Maria José da Purificação Mendes Raulino, nascida em José de Freitas. Altos, naquela época, não possuía ainda maternidade e, assim, geralmente, todos os altoenses nasciam na capital do Estado. O pai, um dos maiores líderes políticos de Altos, era da UDN – União Democrática Nacional. Participou de incontáveis campanhas políticas ao lado de Eurípides de Aguiar, José Cândido Ferraz, Mathias Olímpio, Antônio Maria Correia, Arimatheá Tito, Simplício Mendes e Esmaragdo de Freitas em oposição ao Interventor Leônidas Melo, e ao ditador Getúlio Vargas, no País.

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ELVIRA RAULINO MENDES DEOLIVEIRA

Apresentadora, política, jornalista, radialista e até jurada do Chacrinha

Elvira Mendes Raulino de Oliveira nasceu em Teresina no dia 21 de

setembro de 1946, dia

consagrado ao radialista. Filha de Mário Raulino, nascido em Altos, e de

Maria José da Purificação Mendes Raulino, nascida em José de Freitas.

Altos, naquela época, não possuía ainda maternidade e, assim,

geralmente, todos os altoenses nasciam na capital do Estado.

O pai, um dos maiores líderes políticos de Altos, era da UDN – União

Democrática Nacional. Participou de incontáveis campanhas políticas

ao lado de Eurípides de Aguiar, José Cândido Ferraz, Mathias Olímpio,

Antônio Maria Correia, Arimatheá Tito, Simplício Mendes e Esmaragdo

de Freitas em oposição ao Interventor Leônidas Melo, e ao ditador

Getúlio Vargas, no País.

Era o período da redemocratização brasileira, entre 1945 e 1946. Mário

Raulino, de personalidade forte, comandava, com coragem e pulso, a

política de Altos, povoados e municípios vizinhos. Foi deputado

estadual, de 1947 a 1951.

Os irmãos de Elvira são: Felipe José, o Felipão (foi prefeito de Altos);

José Raulino, que foi para o exército e hoje é reformado como coronel;

Francisco, funcionário aposentado da 26ª CSM; Teresa (já falecida);

Honorina (Mamãe Outra) e Mário Filho, médico, professor da

Universidade Federal do Piauí, fazendeiro e ex-secretário de Saúde de

Altos.

Elvira Raulino teve três filhas, frutos do casamento com José Ronaib:

Beatriz, que teve os filhos Ronaib Neto e Teresa Raquel; Sanmya

Beatriz, que teve os filhos Kerlynho, Maria Elvira, João Mário e João

Vítor, e Mara Beatriz, que teve as filhas Linda Mara, Júlia e Gabriela

(Gêmeas).

INFÂNCIA NO MORRO DA ARARA

Passou grande parte da infância no meio dos matos, porque a sua mãe

fazia questão de estar ao lado do marido em todos os momentos,

inclusive acompanhando-o em suas visitas a passeio ou a serviços

pelas fazendas de sua propriedade, principalmente a do Morro da Arara,

onde a menina Elvira passava a maior parte do tempo, de novembro até

a metade de março, quando ia para a escola, e nas férias de julho, o

mês todo. Por isso teve um contato muito grande com as atividades

rurais, a ponto de aprender a tirar palha de carnaúba (só não tirava o pó

porque o pai não permitia, alegando que iria prejudicar a sua saúde),

apanhar e quebrar tucum, o que, além de um prazer enorme,

assegurava um dinheirinho para comprar seus brinquedos e outros

desejos.

Elvira Raulino sempre se mostrou independente, e desde cedo

aprendeu a dar valor a cada centavo que ganhou, porque tudo que tem

foi conquistado com muito suor.

Nas horas de folga, ficava ouvindo aquele povo simples, bom e leal

contar histórias de trancoso sobre príncipes e princesas, reis e rainhas,

daí a razão dela ainda hoje ter mania por histórias assim, como anjos,

reis, rainhas, príncipes, princesas, contos de fadas.

RADIALISTA

Iniciou sua carreira como radialista e não como jornalista, embora seja

mais conhecida como tal. Como pertencia à União de Moços Católicos,

um dia um funcionário que apresentava o programa TV para o Céu, da

UMC, na rádio Pioneira, adoeceu, e o monsenhor Raimundo Nonato

Melo, que a achava muito esperta, pediu que ela o substituísse, fazendo

com que ela se apaixonasse à primeira vista pelo microfone. Depois, o

saudoso professor e historiador Josias

Clarence Carneiro da Silva, membro da Academia Piauiense de Letras,

que morava perto da casa dela, na rua Rui Barbosa, em Teresina, teve

que fazer um curso de museologia em São Paulo, e a convidou para

substituí-lo no programa que fazia também na rádio Pioneira.

Com na época, a profissão não era muito recomendada para moças de

família, principalmente para uma quase criança, Elvira Raulino foi

obrigada a apresentar-se sob o pseudônimo de Márcia Beatriz, no

programa que começava às 13 horas.

Para ir para a rádio, ia disfarçada e, assim mesmo, escondida. Mas,

pelo talento, honestidade, e muita força de vontade, aos poucos

conquistou o respeito e a admiração de todos, principalmente do seu

pai, que, ao morrer em 1964, partiu feliz com a filha radialista que tinha.

Trabalhavam com a Elvira Raulino nessa época Osório do Lobão,

Geremias Pereira da Silva, Drummond, Labaneve e o Hélio, entre

outros.

Em 1962, trabalhou na Rádio Clube. Em 1965, atraída pelo Concurso

de Miss Brasil, então organizado no Piauí pela Rádio Difusora de

Teresina, Elvira Raulino ingressou na emissora “associada”, onde

permaneceu até 1967, ano em que se transferiu para a Rádio Pioneira.

Em 1968, voltou para a TV Rádio Clube, apresentando, de Segunda a

Sábado, sempre às 13 horas, o seu programa social.

JORNALISTA

A partir daí, além do rádio passou a se envolver também com o jornal,

conseguindo o primeiro emprego n’O Compasso, do senhor Benedito

Almeida, por volta de 1962/1963. Como sempre fez amizade fácil, num

instante se entrosou com a turma do jornalismo também. O colega

Oswaldinho a levou para trabalhar no jornal Folha da Manhã, do Wilson

Parente. Em seguida, o Volmar Miranda consegue o seu contrato para o

jornal O Dia, onde, inicialmente, trabalhou por 25 anos.

Ao sair para ir para o jornal O Estado, do saudoso Helder Feitosa,

deixou a sua filha Mara Beatriz como substituta. O jornal O Estado, num

passe de mágica, depois do assassinato do Helder Feitosa, passa para

as mãos do empresário Paulo Guimarães, que mantém o nome por

pouco tempo, fechando o jornal e reabrindo-o com a denominação de

Meio Norte, onde Elvira Raulino também pontificou com uma página

social por um bom período. Atualmente, mãe e filha

assinam a mesma página social no jornal O Dia.

JORNAL DIÁRIO DO PIAUÍ

Elvira Raulino, de empregada, resolve ser empresária. Em sociedade

com Genésio Araújo monta, em 1978 (?), o jornal Diário do Piauí, que

teve vida breve. Um dia, tendo que viajar para a Europa, para manter

negócios e curtir um pouco o Velho Mundo, como sempre faz, de

quando em vez, ao retornar encontrou a empresa em pé de guerra. O

Ministro Petrônio Portella, que também fora governador do Estado,

havia concedido uma entrevista para o jornal e, nela,

meteu o pau no Governador Alberto Silva, que usando da autoridade,

influência e tudo mais que tinha ou não tinha direito, processa os

empresários, o que faz com que a Elvira Raulino seja levada para a

Polícia Federal, e lá tire retrato de frente, de costa, de lado, e passe,

ainda, pelo constrangimento de melar os dedos na ficha criminal.

Chocada com toda a violência moral que passou, principalmente porque

era inocente de tudo, resolve acabar com a sociedade, dizendo que o

“melhor mesmo é ser empregada, cumprir a sua tarefa, receber o seu

dinheirinho no final

do mês e não se preocupar com mais nada, como pagar pessoas,

fornecedores, agüentar abuso das autoridades e ainda ter que

responder por todas as besteiras que os cabeças de vento fazem na

redação”.

Os cabeças de vento eram Alberoni Lemos Filho, Pires de Sabóia,

Menezes y Morais, William Melo Soares, Kenard Kruel, Francisco

Eduardo de Moraes Lopes, Josemar Neres, dentre outros que

abrilhantaram aquele jornal de curta duração, mas que formou uma das

melhores escolas de jornalismo do Piauí.

PIAUÍ DE PONTA A PONTA

Quando ela começou a trabalhar, não havia ainda televisão no Piauí, só

no Maranhão e Ceará. Dessa forma, na TV, Elvira Raulino iniciou-se

com um programa chamado Piauí de Ponta a Ponta, que era diário, e

enviado pela Radional da TV Difusora, em São Luís. Aqui, instalaram

uma torre que captava o programa de lá. Mas, uma vez por semana, ela

fazia o programa ao vivo na TV Difusora, viajando de trem, de carona,

de qualquer maneira, levando sempre misses e outras personalidades

de destaques do nosso Estado.

Nunca, por motivo que fosse, deixou de cumprir com o seu

compromisso. Aliado a esse espírito

profissional, o seu programa logo ganhou notoriedade na região, dada a

sua espontaneidade e o largo círculo de amizade que conquistou. Foi

nesse período que ela conheceu a Genu Moraes, que morava em São

Luís, já casada com o empresário Antônio de Moraes Correia, e era

muito bem relacionada naquela cidade, a ponto de ter exercido ali o

cargos de vereadora e de Presidente do Sindicato dos Jornalistas de

São Luís, em substituição, como vice-presidente,

ao presidente Moscoso, assassinado pelo delegado de polícia, que

havia sido acusado pelo jornalista de ter feito contrabando de café no

jornal O Pequeno, daquela cidade.

Genu Moraes fazia, à época, o programa Genu Apresenta Genu, na TV

Difusora, do grupo Raimundo Bacelar, e tinha a coluna Genu Repórter,

no Imparcial, dos Diários Associados.

Grande mulher, sempre prestativa, Genu Moraes hospedava-a em sua

residência, apresentando-a para as mais altas figuras da região e do

País. Foi assim, por exemplo, que nasceu a sua grande amizade com o

Presidente José Sarney e o Ministro Edson Vidigal, do Superior Tribunal

de Justiça, por exemplo.

TV RÁDIO CLUBE

Como todas as pessoas da época, Elvira Raulino também participou da

campanha de venda de ações da TV Rádio Clube. Por sinal, o terreno

onde hoje funciona a TV Rádio Clube, no Monte Castelo, pertencia ao

pai da jornalista e radialista, que o convenceu a passá-lo para o Dr.

Walter Alencar, a fim de que ele pudesse concretizar o sonho de instalar

a primeira estação de televisão do Piauí.

Elvira Raulino teve ainda grande participação na aquisição da

concessão da TV Rádio Clube. Foi em 1971, quando o Ministro Higino

Cassete visitou o Piauí. Ao lado do Dr. Alberto Silva, governador do

Estado do Piauí, ela foi visitar o Ministro.

Bonita, com um corpo da chamada falsa magra, botou uma saiazinha

curta e se encheu de cartazes, dando boas vindas ao visitante e

solicitando o seu empenho na liberação da concessão que faltava para

fazer a TV Rádio Clube funcionar, uma vez que o prédio já estava

construído e equipado com os mais modernos equipamentos para a

época. O Ministro, um velhinho simpático, de imediato topou com a cara

dela, e ela também com a dele. No meio de tantas conversas, onde

Elvira Raulino sempre procurava agradá-lo, e de tantas correrias, o

Ministro cai levando-a também na queda, rolando os dois pelo chão.

Para se desculpar, o Ministro pergunta a ela qual seria o seu desejo,

que ele faria tudo para realizá-lo. Não se fazendo de rogada, ela disse

que queria a concessão da TV Rádio Clube.

Promessa feita, promessa cumprida.

BREVE HISTÓRICO DA TV RÁDIO CLUBE

Para registro histórico, a Rádio Clube, de início, era LTDA., e operava

utilizandose da Rádio Difusora do Maranhão, uma vez que, na época,

não tinha canal para Teresina. Para todos os efeitos legais, a Rádio

Clube funcionava em Timon (MA), embora estivesse instalada mesmo

na rua Barroso, 175, sul, em Teresina.

Quando o ex-governador Chagas Rodrigues e o Grupo Bacelar

venderam as ações para Jorge Chaib, Nogueira Filho, coronel Pedro

Borges e professor Walter Alencar, em 1963, este último modifica o

nome para TV Rádio Clube de Teresina S. A., e, a partir de 1964, lança

a venda de ações para a instalação da TV Clube, propriamente dita. Por

volta de 1967/1968, o professor Walter Alencar compra as ações dos

três sócios, e no dia 3 de dezembro de 1972, em pleno governo

desenvolvimentista de Alberto Silva (ajudado que era pelo Ministro do

Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, parnaibano como ele) põe

para funcionar "A Força de um Ideal", já em terreno próprio, adquirido

da família Raulino, de Altos, em troca de ações e muitas festas para

arrecadação de fundos, na hoje avenida Walter Alencar, 2120, bairro

Monte Castelo.

O jornalista Teddy Ribeiro, diretor de jornalismo da Rádio Clube, foi

quem lançou a pedra

fundamental e tratou da liberação do canal. Mauro Bezerra (atualmente,

secretário de governo do prefeito Jacson Lago, em São Luís) era o

diretor administrativo. O professor Pedro Mendes assumiu a direção

geral, antes da venda das ações para o professor Walter Alencar.

RÁDIO SÃO JOSÉ DOS ALTOS

Embora dizendo que é melhor ser empregada que ser patroa, e mesmo

tendo passado tudo que passou quando foi uma das donas do jornal

Diário do Piauí, Elvira Raulino não pensou duas vezes quando teve a

oportunidade de dar à sua cidade a primeira emissora de rádio. Muita

amiga do Presidente José Sarney, resolveu fazer campanha para

mostrá-lo que ele estaria fazendo justiça dando um canal de rádio para

uma radialista e jornalista das mais autênticas.

Lutou e conseguiu. A Rádio São José dos Altos, de sua propriedade,

entrou no ar, em

fase experimental, no dia 22 de agosto de 1987, tendo sido sua

inauguração e programação normal comemoradas no dia 21 de

setembro do mesmo ano. No dia 15 de abril é levado ao ar o primeiro

Jornal da São José, com apresentação de Toni Rodrigues. Correndo

nas veias o

sangue mais de empregada do que de patroa, Elvira Raulino trata os

funcionários da Rádio São José dos Altos como colegas, porque, mais

do que ninguém, sabe os problemas que as pessoas passam como

empregadas.

Elvira Raulino, de temperamento afável, fica uma arara, contudo,

quando dizem que a rádio dela é do interior, no que rebate de prontidão:

“Do interior não, minha rádio é da Capital Mundial da Manga”, nome

como Altos é carinhosamente conhecida pela grande quantidade de

mangueiras existentes tanto na zona rural como no centro da cidade.

Essa denominação foi dada pela própria Elvira Raulino há mais de 15

anos. Como prefeita, mandou instalar duas grandes placas (uma na

entrada e outra na saida) anunciando a todos que estão passando pela

Capital Mundial da Manga.

ATO FÉ E PIEDADE

Por causa da Rádio São José dos Altos, por ser uma pessoa sem

apego a bens materiais, e pela sua religiosidade, com crença fervorosa

em Santa Teresinha do Menino Jesus, Elvira Raulino praticou uma das

primeiras reformas agrárias particulares de Altos. Herdeira de uns

terrenos, em frente à estação ferroviária de Altos, que “era para ver o

trem chegar”, um dia recebe a notícia de que 18 famílias invadiram um

de seus terrenos. Achando que seria uma maldade tirar as pessoas de

lá, eles que nada tinham e ela que tinha um pouco mais, fez promessa

para São José: se a Rádio São José dos Altos ficasse no coração do

povo e fosse

poderosa, daria o terreno para todas elas.

A sua Rádio cresceu, encontra-se no coração do povo, e ela, feliz,

pagou a promessa. Assentou todas as 18 famílias e mais algumas que

chegaram depois. O radialismo e o jornalismo que pratica marcam a

Elvira Raulino por ser diferente do colunismo tradicional, que reúne

muitas mentirinhas, fantasias, puxa-saquismo.

Com ela é preto no branco. Nunca gostou de enfeitar, de mentir, por

isso é muito natural. Por isso foi denominada a Papisa do Colunismo

Social. Por isso, numa festa super concorrida, promovida pelo Sindicato

dos Jornalistas Profissionais no Estado do Piauí, na gestão do

presidente Kenard Kruel, recebeu, no Jóquei Clube, da antecessora

jornalista e radialista Alice Moreira o título de Rainha da Imprensa.

Quando o Sindicato dos Jornalistas fazia pesquisa de opinião, Elvira

Raulino ganhava sempre o primeiro lugar como colunista social, por

fazer uma coluna super diversificada, furando (dando notícias em

primeiro lugar) os colegas das áreas esportivas, política, policial,

econômica, de cidade, entre outras editorias do jornalismo. A sua

inspiração vem do primeiro colunista que o Brasil teve, que foi o Pero

Vaz de Caminha, que, escrevendo para o Rei Dom Manuel, de Portugal,

dava conta de tudo que se passava e o que o País possui de bom e de

ruim.

E quando anuncia alguma coisa, não é porque alguém contou não, ela

se faz presente a todos os lugares, mesmo que seja um vestuário de

jogadores, como já aconteceu por diversas vezes.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Elvira Raulino ocupou, durante anos, elevado cargo na Assessoria de

Comunicação da Universidade Federal do Piauí, como técnica, sem

nunca ter assumido oficialmente a função de assessora de

comunicação. Mas, como jornalista e querendo que o Piauí sempre

brilhe em qualquer parte do mundo, por onde andava divulgava as

ações da UFPI, que ela ainda considera uma das melhores do País.

A PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO DE COLUNISTAS – ASCROPI

Elvira Raulino criou a primeira Associação de Colunistas Sociais do

Brasil, a ASCROPI – Associação dos Colunistas Sociais do Estado do

Piauí, que já dirigiu por diversas vezes. A partir daqui, outras foram

sendo criadas no País, com isso nascendo a Federação de Colunismo

Social.

JOSÉ RONAIB E PAIXÃO PELO FUTEBOL

A sua paixão por futebol é tão grande que acabou se casando com um

desportista, o cearense José Ronaib Oliveira, à época integrante de um

dos clubes de futebol piauiense.

Da solenidade de casamento, realizada na catedral de Nossa Senhora

das Dores, em Teresina, foram testemunhas o Des. Edgard Nogueira

(então Presidente do Tribunal de Justiça), o Coronel Joffre do Rêgo

Castelo Branco e o jornalista José Lopes dos Santos (então diretor da

Rádio Difusora).

Foi ainda a pioneira vestindo uma camisa de time e disputando

memoráveis partidas pelo Altos Esporte Clube, na década de 60.

Quando não estava jogando, o seu coração batia pelo River Atlético

Clube. Um dia, ao ser entrevistada, perguntaram a ela por que estava

atuando num time de futebol? A sua resposta foi simples, e direta:

“Porque uma mulher pode fazer tudo, e, às vezes, muito melhor que o

homem faz”.

A PIONEIRA NO TURISMO PIAUIENSE

Foi dela, ainda, a idéia da criação da primeira Associação de Turismo

do Piauí, criada no governo Helvídio Nunes. É que chegou um convite

para um Congresso de Turismo em Brasília e, como na época, havia a

mentalidade de que turismo era coisa de colunista social, Elvira Raulino

foi escolhida para representar o Estado.

Lá, conheceu um senhor já velhinho, conhecido apenas por Jacques,

um dos nomes mais famosos do turismo do momento, que deu a idéia

para que ela reunisse, aqui, as pessoas mais influentes e criasse a

Associação Piauiense de Turismo. Chegando à nossa capital, convidou,

de imediato, Edgar Nogueira, A. Tito Filho, Castelo Branco e criou a

ASPITUR, que, durante anos, fez o papel que hoje a PIEMTUR faz, com

uma diferença: ninguém ali recebia um tostão para divulgar o Piauí.

Após a criação da PIEMTUR, foi criado o CONSPITUR – Conselho de

Turismo do Piauí, do qual fez parte por ter sido a pioneira do turismo

piauiense. Devotando um profundo amor pelo Piauí e as suas

potencialidades, um dos dias mais felizes de sua vida foi quando foi

convidada para ser presidente da PIEMTUR – Empresa de Turismo do

Piauí, assumindo o cargo em solenidade realizada no Palácio de

Karnak.

Elvira Raulino, que já havia visitado 15 vezes a Europa, 9 os Estados

Unidos, conhecendo bem todos os países da América do Sul, tendo

estado também na Grécia e no Egito, assim como já tinha andado cada

palmo das cidades brasileiras, achou que, por tudo isso, podia dar cabo

de sua missão. Ledo engano.

Na época, o repasse que recebia da Secretaria da Fazenda, como cota

mensal, pagando todas as despesas obrigacionais (água, luz, telefone,

funcionários, fornecedores etc.), não sobrava nem para o cafezinho,

muito menos alavancar o turismo piauiense promovendo eventos aqui e

participando de atividades no Brasil e no exterior.

Mas, destemida e cheia de amizades influentes, ligava para o Paulo

Maluf, Amaral Culam, José Sarney, Edson Vidigal, João Claudino, J.

Macêdo, pedindo dinheiro a um e a outro para tocar os seus projetos.

Um dia, o Presidente José Sarney disse para ela: “Minha filha, deixe de

pedir dinheiro para o governo, peça para você, garanta o seu futuro,

porque depois você deixa o cargo e ninguém vai se lembrar dos seus

esforços. Governo é uma porcaria, uma ilusão de vida”. A resposta de

Elvira Raulino foi na ponta da língua: “Presidente, eu amo tanto o Piauí,

que não me importo com isso. No momento, o que eu quero é fazer da

PIEMTUR a maior

empresa do País. E vou conseguir, custe o que custar”. Os funcionários,

vendo o esforço que ela fazia, passaram a colaborar em tudo por tudo,

inclusive abrindo mão de vantagens como diárias, horas extras e outros

benefícios de lei.

Com a contribuição de todos, conseguiu promover uma exposição do

Nonato Oliveira nos Estados Unidos, e criou o que ela chama de Febre

do Turismo no Piauí, dando assistência a todas as promoções locais,

nacionais e internacionais.

Para se ter uma idéia do seu idealismo, e desprendimento, um dia o

saudoso médico e intelectual Clidenor de Freitas Santos, membro da

Academia Piauiense de Letras, faz a doação para ela de uma casa em

Luiz Correia. Recebidos os papéis, transformou o lugar na Casa do

Turista do Piauí.

NO PROGRAMA DO CHACRINHA

Elvira Raulino tinha tanto prestígio nacional que, por mais de dez anos,

representou o Piauí no Programa do Chacrinha, como era conhecido o

apresentador mais famoso da televisão brasileira, o saudoso Abelardo

Barbosa.

Elvira Raulino era uma das juradas mais amadas do Chacrinha. Ela

participou do penúltimo programa dele. Dois dias antes dele falecer ela

recebeu um telefonema de despedida do apresentador, que foi

considerado, por sua irreverência, o pai do movimento tropicalista de

renovação da cultura brasileira na década de 60, liderado

nacionalmente pelo poeta piauiense Torquato Neto e pelos baianos

Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Capinam, dentre

outros.

PRIMEIRA AGREMIAÇÃO POLÍTICA FEMININA

Elvira Raulino criou também a primeira agremiação política feminina do

Brasil – a Arena Feminina que, depois, se transformou no Movimento

Organizado Feminista – MOF. A revista Veja, que tinha como seu

correspondente no Piauí o jornalista Montgomery Hollanda, um dos

mais brilhantes profissionais da nossa imprensa, pautou-lhe para que

fizesse uma matéria com a Elvira Raulino e o seu movimento feminista

político.

RIVALIDADE POLÍTICA NA ASCROPI

Naquela época, só existiam dois partidos no Brasil, a Arena, da

situação, e o PMDB, da oposição. A rivalidade política era muito grande.

Como a Elvira Raulino tem a política no sangue, e defende com unhas e

dentes os seus amigos e as suas convicções, ela se meteu numa

grande confusão social e política em Parnaíba.

Os colunistas sociais estavam em Parnaíba, na churrascaria Luar do

Sertão, de propriedade do senhor João Batista, irmão da Dra. Iracema

Santos Rocha, e prefeito da cidade, para eleger a nova diretoria da

ASCROPI. Elvira Raulino fazia oposição à chapa situacionista,

encabeçada pela Dra. Iracema Santos Rocha, e estava lá, apesar de

em menor número, agitando que só. Em dado momento, conversando

com o ex-governador Chagas Rodrigues, ela escuta o colunista

social Rubem Freitas “meter o pau” no Dr. Alberto Silva. Sem pensar na

reação, ela parte em defesa do amigo, tomando o microfone das mãos

do Rubem Freitas, que revida, toma o microfone de volta e o quebra na

cabeça dela.

Sangrando, e agredida de todas as maneiras, ela saiu de lá, às pressas

para o Hotel Piauí, conduzida por alguns amigos, dentre os quais o

ainda adolescente Kenard Kruel, que ali estava fazendo parte do coral

do Ginásio Clóvis Salgado, que havia sido convidado para cantar na

solenidade. Elvira Raulino estava acompanhada pela filha Mara Beatriz,

muito menininha na época.

CANDIDATA A VEREADORA EM TERESINA

Candidata a vereadora de Teresina, somando todas as possibilidades,

sendo a mais otimista possível, esperava ter um pouco mais, um pouco

menos de 800 votos. Quando as urnas se abriram, teve mais de mil

votos. Não foi eleita, mas ficou feliz em saber que teve tanto apoio,

sendo marinheira de primeira viagem e não ter gasto nenhum centavo

para receber tantos votos.

Era a prova de sua popularidade, como radialista e jornalista apenas.

CANDIDATA A PREFEITA EM ALTOS

Com tio e irmão ex-prefeitos de Altos, e assistindo a uma degradação

da política em sua cidade, Elvira Raulino resolve enfrentar o fogo

cerrado da situação e se candidata a prefeita, não logrando êxito. Mas,

sem deixar se abater, reúne forças e, mais experiente, parte para uma

nova campanha, dessa vez saindo-se vitoriosa para uma administração

que tem um mote: Ser a Melhor Prefeita do Brasil.

PREFEITA DE ALTOS

Quando de sua eleição, Elvira Raulino (PSDB), obteve 8.038 votos,

equivalente a 50,28% do total de votos válidos. O seu vice-prefeito foi

Antônio Francisco Gil Barbosa, do PMDB.

As eleições de 2000 significaram um marco a partir da universalização

do voto eletrônico, que permitiu maior rigor e celeridade ao pleito.

Dentre suas obras, pode ser citada a criação da Guarda Municipal de

Altos,com um contingente inicial de 23 guardas.

Outras obras envolvem a promoção de eventos culturais e reforma de

prédios públicos.