elites intelectuais imperiais: uma interpretaÇÃo · no brasil no livro a economia das trocas...
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ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO
Hilton Costa
Universidade Estadual de Maringá
Resumo: Os estudos sobre as elites intelectuais do Império do Brasil vêm avançando
consideravelmente. Acredita-se aqui que a produção acerca das elites intelectuais na
contemporaneidade vem trabalhando em torno de discutir o enlace do local com o geral,
a circulação e a apropriação das ideias não só dentro do Brasil como deste com a sua
matriz de pensamento preferida: a Europa. Nesta direção alguns trabalhos despontam
como centrais, um destes trabalhos é O espetáculo das Raças de Lilia Katri Moritz
Schwarcz, publicado em 1993. A proposta que se segue aqui é um primeiro movimento
no sentido de uma análise de como Schwarcz construiu sua investigação da
intelectualidade imperial na referida obra. Buscar-se-á cumprir tal intuito fazendo uso
das considerações de Pierre Bourdieu e das considerações de John Pocock.
Palavras-Chaves: Pensamento Social; Elites Intelectuais; Lilia Schwarcz
Analisar, criar, recriar e o inverso
Historiar é inquerir, é analisar, é recriar contextos possíveis, bem como é criar
visões e “verdades” sobre determinados fatos e momentos. A figura da historiadora, do
historiador, da e do cientista social é concomitantemente de uma pessoa instituída e
instituidora. Ela é uma pessoa instituída, no sentido de ser instrumentalizada dentro de
determinados cânones para exercer o seu oficio, ela é uma pessoa instituidora na direção
que ela também é capaz de criar não só cânones como realidades. Nesta direção,
entende-se serem bastante válidas as considerações de Pierre Bourdieu presente no texto
A linguagem autorizada; as condições sociais da eficácia do discurso ritual, publicado
no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma
reflexão bastante elucidativa do mencionado
(...) a ciência social deve englobar na teoria do mundo social uma teoria do
efeito de teoria na teoria que, ao contribuir para impor uma maneira mais ou
menos autorizada de ver o mundo social, contribui para fazer a realidade
desse mundo. (...) (BOURDIEU, P. 2008 p 82).
Bourdieu propõe a reflexão em torno da questão que as teorias que explicam o
mundo, colaboram também na construção deste mesmo mundo, de modo que a análise
social não pode descartar esta situação. Em seguindo por tal caminho não parece ser
despropositado admitir que as pessoas que manuseiam tais teorias, notadamente as
“autorizadas”, ao mesmo tempo em que analisam o mundo o criam. Com efeito, os atos
de analisar, criar, recriar, bem como o inverso se dão dentro de uma linguagem
normativa a um momento e contextos dados, tal movimento ainda se articula a
demandas empíricas objetivas colocadas pela realidade social.
Antes do B o A1
A partir da análise dos anúncios e da verificação de uma outra dimensão que
não só a pragmática, podemos perceber também como o elemento negro
parece cumprir trajetórias, já que vai passando de humilde e ainda saudável a
degenerado – primeiro física e depois moralmente. Além disso, ao poucos
substituem-se e justapõem-se antigas imagens por novas, mais adaptadas
talvez ao próprio momento: ao lado da imagem do preto humilde, servil,
amigo dos brancos, vai surgindo a do negro traiçoeiro, fujão e ladrão.
(SCHWARCZ, L. 1987 p 150)
Antes do B e A, ou seja, de modo anterior a obra O espetáculo das raças, onde a
autora investiga mais detidamente as elites intelectuais do Brasil oitocentista tem-se o
livro Retrato em Branco e Negro. Retrato em Branco e Negro, 1987, é o primeiro livro
de Lilia K. M. Schwarcz, resultado da dissertação de mestrado em Antropologia Social
da autora realizado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo. A
dissertação recebeu como título Imagens de negros. A imprensa paulistana em finais do
século XIX e foi orientada por Antonio Augusto Arantes. Esse trabalho ao lado de um
conjunto de maior de pesquisas realizadas nos anos 1980 colaborou para a constituição
de outros caminhos para os estudos da população negra no Brasil, bem como a forma
como esta população foi pensada pelas elites intelectuais brasileiras. Cabe informar que
o aqui se apresenta são os passos iniciais de um esforço de investigação da obra da
autora.
1Versões diferentes da discussão aqui apresentada foram apresentadas no IX Seminário Nacional
Sociologia e Política na Universidade Federal do Paraná, Curitiba de 16 a 18 de maio de 2018 e no I
Seminário de Pensamento Social Brasileiro, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória de 06 a 08 de
junho de 2018.
A realização da pesquisa de mestrado em Campinas, até onde se pode investigar,
legou elementos marcantes à obra da autora como um todo. Para abordar Retrato em
Branco e Negro faz-se necessário olhar para o Brasil dos anos 1980. Essa época é um
momento de importante transição para a sociedade brasileira, encerrava-se um regime
autoritário que havia perdurado por 25 anos, concomitantemente buscava-se superar
uma crise econômica posta a devastar a vida de uma parte bastante significativa da
população. A esperança estava concentrada nas eleições presidenciais, diretas, de 1989.
O processo eleitoral, pelo voto direto, depois de mais de duas décadas era visto como o
ingresso do Brasil em uma era democrática mais duradoura e consistente, entretanto o
desfecho turbulento do governo eleito em 1989, no ano de 1992 trouxe uma série de
incertezas à sociedade local. Acerca da vida intelectual no referido período localiza-se,
em termos gerais, o retorno ao país desde fins dos anos 1970 de várias e de vários
intelectuais do exílio forçado ou voluntário. Tal cenário configura como viável inferir
que essas pessoas trazem de suas experiências fora do país não só novas leituras de uma
bibliografia conhecida do público local como também apresentam novas autoras e
novos autores. Esse movimento associado à abertura política, igualmente iniciada em
fins dos anos 1970, permitiu a circulação de novas possibilidades teóricas e
metodológicas, bem como a constituição de novos olhares para temas fundamentais da
História do Brasil.
Nesse processo, a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – no que
toca as temáticas citadas, ocupou, e ainda ocupa lugar central. A universidade do
interior do Estado de São Paulo pode ser notada como um dos centros de irradiação, por
exemplo, da leitura de Edward P. Thompson no Brasil. A UNICAMP não foi o único
centro de leitura deste autor no país, todavia nesta instituição houve certo de encontro
da discussão de Thompson acerca da formação da classe operária na Inglaterra com os
estudos sobre o escravismo e as relações raciais no Brasil. Esta situação possibilitou a
constituição de novos olhares para as referidas temáticas. A guinada nestes tipos de
estudos está, sobretudo, no insight oriundo dos escritos de Thompson, posto a não
negara agência da pessoa escravizada e da pessoa oriunda do cativeiro. Concorda-se,
então, com as considerações de Adriano Braz Maximiano, para este autor
Os autores aqui considerados revisionistas criticam as proposições defendidas
por aqueles pertencentes à Escola Paulista, e dizem, ao contrário destes
últimos, trazer a cena os escravos enquanto sujeito da história. Para Sidney
Chalhoub, Celia Maria Marinho de Azevedo e Maria Helena Machado, o que
se torna digno de nota é a percepção de que o escravo participou
efetivamente do processo abolicionista. Os escravos e suas ações surgem
como os atores e causas principais da derrocada da escravidão. Aqui os
mesmos possuíam formas de ler e interpretar o mundo, criando “visões” e
significados acerca de suas condições sociais e lutando para as conquistas
alcançadas. (MAXIMIANO, A. 2012 p 5-6)
A ruptura com a chamada Escola Paulista estaria justamente na questão da
agência, ainda segundo Maximiano
Diferentemente das análises daqueles que se ligam a Escola Paulista, os
autores por ora em questão consideram os escravos pertencentes a uma
classe, e foi a luta desta classe com a classe dos senhores proprietários que
desenhou o cenário abolicionista e as relações posteriores. O grande polo
dinamizador deixa de ser a relação externo-interno, passando a ser a luta de
classes entre escravos e senhores proprietários. Tem-se ainda a preposição de
que aquilo que se forma após a escravidão não se desliga totalmente desta e
do processo abolicionista, incluindo as políticas discriminatórias e as
experiências quanto ao trabalhado assalariado e a liberdade do indivíduo. A
argumentação é de que os autores anteriores trabalhavam com uma
perspectiva que buscava perceber as rupturas na história, demarcando a
possível busca por um devir. Assim, o que surge após a escravidão seria a
sociedade assalariada e suas relações. A grande crítica é que esta maneira de
abordar o passado não permitia a inserção do sujeito na história.
(MAXIMIANO, A. 2012 p 6).
O espaço escolhido por Lilia Schwarcz para fazer o seu mestrado em
Antropologia Social estava marcado por este contexto intelectual. Como destacado por
Marisa Corrêa em artigo posto a sintetizar a história do Programa de Pós Graduação em
Antropologia Social da UNICAMP:
O trabalho de Verena com mulheres que trabalhavam nas plantações de cana
de Campinas foi decisivo para a implementação dessa influência, como ela
lembra. “à medida que eu ia recolhendo histórias de vida e trabalhando com
documentos históricos para chegar a estabelecer uma continuidade entre os
anos 1980 e os anos 70 em Campinas, fui percebendo do que se tratava
realmente. É não só, em abstrato, tentar introduzir uma perspectiva histórica
na Antropologia – uma Antropologia que era realmente a-histórica na época,
funcionalista – nem tampouco acrescentar uma espécie de introdução
histórica depois de fazer o típico estudo de caso, mas introduzir a dinâmica
histórica através da análise dos sujeitos e das sujeitas que fazem a história.
Então, nesse momento, o Peter Worsley me disse uma frase que achei ótima,
porque resume muito bem o problema. Ele diz, com toda a razão, que
convencionalmente a História conta eventos, fatos, sem gente. Acontecem
batalhas, revoluções etc., mas não tem sujeitos – salvo para alguns
historiadores como E. P. Thompson, E. Hobsbawm e os marxistas. Enquanto
que a Antropologia tem escrito interminavelmente sobre gente sem história.
Então a questão é juntar a história com os sujeitos.” Essa perspectiva foi
reforçada pela criação, mais tarde, de um Departamento de História no
Instituto e pela influência recíproca das duas disciplinas no panorama mais
geral das pesquisas em Ciências Humanas. (CORRÊA, M. disponível em
https://www.ifch.unicamp.br/ifch/pos/antropologia/historia).
Acerca das dimensões do impacto da leitura de E. P. Thompson nos estudos
sobre o escravismo e as relações raciais no Brasil, bem como o impacto específico na
UNICAMP é algo que requer maior investigação, algo a ser realizado, contudo em uma
primeira averiguação indica que o caminho aqui adotado não é de todo
equivocado.2Lilia Schwarcz indica em Retrato em Branco e Negro a posição que ela
atribuía a produção da UNICAMP, diz ela:
(...) crítica e renovadora tem sido a atual produção do grupo de historiadores
UNICAMP que, a partir de uma série de estudos cujo eixo central é a
passagem da mão-de-obra escrava a livre, vem elaborando reflexões sobre a
organização do mercado de trabalho livre e a ética do trabalho burguês, com
seu universo disciplinar, que se instaura mais claramente no Brasil em finais
do século XIX. Nesse sentido destacam-se os trabalhos de A. Gebara, M.
Alice Carvalho Franco (1983), Célia Marinho de Azevedo, Peter Eisenberg e
Sidney Chaloub, entre outros. (SCHWARCZ, L. 1987, p 29).
A este trecho está atrelada uma nota, diz a nota:
Boa parte destes trabalhos tomam como referência de análise os estudos de E.
P. Thompson sobre a sociedade inglesa e o surgimento da classe operária nos
séculos XVII/XVIII, elaborando e tendo como resultado uma produção que
questiona de forma radial os trabalhos da já tradicional escola paulista de
sociologia. (SCHWARCZ, L. 1987, p 263-4).
Com efeito, a autora no primeiro capítulo de Retrato em Branco e Preto fornece
informações do contexto de onde emergiu sua obra. Diz ela existir duas posições básicas
acerca dos estudos sobre escravismo e a população negra no Brasil naquele momento:
“a primeira, que acentua o caráter passivo e dócil do negro, e a segunda, que, ao tentar
refutar a primeira, termina por cair no outro extremo, fazendo do escravo negro um
verdadeiro herói.” (SCWHARCZ, L. 1987, p 20). A vertente da autora seria seguir
outra tendência, a que não ia a nenhum dos dois extremos citados, mas que reconheceria
a população negra e a escravizada na condição de agente, jogando com as
possibilidades, mesmo que limitadas, de ação. Entretanto, ela diz ser o intuito de
Retrato em Branco e Preto:
2 A intenção é no avançar da pesquisa, por exemplo, verificar os programas das disciplinas dos anos 1980
para observar ou não presença dos textos de E. P. Thompson.
No entanto, pelo menos no interior deste livro, como vimos, o que importa
não é como discutir e optar pela qualificação do escravo como ‘dócil’ ou
‘rebelde’, como elemento ativo ou passivo no interior do movimento
abolicionista, mas antes pensar a rebeldia, ou melhor, a forma como ‘se fala e
representa’ a condição negra e a rebeldia. (SCWHARCZ, L. 1987, p 22).
A despeito desta intenção da obra defendida por Schwarcz, Retrato em Branco e
Preto permite perceber outras situações e possibilidades. Uma delas seria a ação de uma
determinada elite intelectual na avaliação da realidade brasileira concomitantemente a
isso ela “cria” uma “realidade” para o país. Assim, tomando por inspiração as já citadas
considerações de Bourdieu de que as teorias que explicam o mundo colaboram também
na construção desse mesmo mundo, de maneira não ser pertinente às Ciências Humanas
descartar a situação. Schwarcz, em grande medida, percebeu isso, não necessariamente
via Bourdieu. Ao argumentar o porquê seria importante estudar a imprensa para estudar
escravos, cidadãos na virada do XIX para o XX no Brasil diz a autora: “nessa trajetória
como veremos, os periódicos e os próprios jornalistas vão ganhando cada vez mais
destaque, até se constituírem (nos termos irônicos de Lima Barreto) na ‘Onipotente
imprensa, o quarto poder fora da Constituição’.” (SCHWARCZ, L. 1987 p 52-3). E
segue afirmando ainda fazendo uso das palavras de Lima Barreto:
A própria imprensa se transformava cada vez mais nesse ‘engenhoso
aparelho de aparições e eclipses, espécie complicada de tablado de mágica e
espelho de prestidigitador, provocando ilusões fantasmagóricas,
ressurgimentos, glorificações e apoteoses com pedacinhos de chumbo, uma
máquina e a estupidez das multidões.’ (SCHWARCZ, L. 1987 p 53).
Os periódicos teriam a capacidade de “criar realidades” estas realidades seriam
criadas segundo determinado referencial. Referencial que os próprios periódicos faziam
circular, por exemplo, as teorias raciais, mobilizadas para manter em um novo cenário
as antigas premissas da sociedade brasileira. Esse tipo de discurso científico
determinista que surge no final do século XIX prolifera também na imprensa da época.
Para a autora a “como advento da igualdade formal, com a passagem do escravo a
cidadão, parecem surgir novas concepções e estereótipos.” (SCHWARCZ, L. 1987 p
40). Essas concepções era o “discurso determinista que surge no final do século XIX”
para Schwarcz ele “prolifera (...) na imprensa da época. Nesta, a afirmação da
inferioridade negra aparece não só nos grandes debates como também nas pequenas
seções e nos diversos anúncios que compõe parte básica e cotidiana desses jornais.
(SCHWARCZ, L. 1987 p 40).
Os periódicos faziam as ideias, notadamente, das elites políticas e intelectuais
circularem e pelo aquilo é possível inferir e depreender da fortuna crítica do período
fazer com a população em sentido mais amplo passasse a compartilhar dessas ideias. Ou
seja, internalizando a sua suposta inferioridade. Desta feita, a circulação do
evolucionismo nos jornais se confundindo com o início da República não parece, como
vem se insistindo aqui, como algo aleatório. A passagem da pessoa escravizada à cidadã
criava incômodos importantes na visão de mundo vigente. “Logo, enquanto a República
surgia aos pouco, proclamando a igualdade e o direito de cidadania, a “sciência” e o
jornal buscava desmentir o que acusavam de “utopia”.” (SCHWARCZ, L. p 106).3
A sciencia seria imparcial não se moveria por paixões e simpatias, como
afirmava Raymundo Nina Rodrigues, importante intelectual do período, ela a sciencia é
que dizia ser a população negra e mestiça inferior, não seria um julgamento individual.
(RODRIGUES, R. 1988). Com efeito, coube, então, aos periódicos divulgar a “verdade”
da sciencia. Esta verdade versaria por construir a África como exemplo da anti-
civilização, as pessoas negras como violentas por excelência, a ideia do cativeiro como
“processo civilizador” da população negra, a associação automática entre pessoas
negras e o crime, a incapacidade das pessoas negras para a liberdade, a livre iniciativa,
além de fazer circular estas ideias o jornais também faziam ratificar imagens
tradicionais sobre a população negra agora sob a égide da sciencia, ações como a da
feitiçaria, bruxaria, magia, depravação sexual, a dependência com atributos inerentes
destas pessoas e “prova” de sua inferioridade. Imagens novas e antigas sobre a
população negra como associação ao alcoolismo, a tendência ao suicídio e tantas outras
são retrabalhadas sobre a égide da sciencia para comprovar a inferioridade da população
negra. (SCHWARCZ, L. p 163-245).
De retorno a citação que abre essa seção os anúncios de jornal serviriam para
naturalizar, inculcar na sociedade um destino a cumprir para as pessoas negras, estas
vão passando de humildes e ainda saudáveis a degeneradas física e depois moralmente.
3 Esta observação da autora está vinculada a análise que ela realiza de matérias publicadas em 17, 18, 19,
20 e 21 de dezembro de 1890 no Correio Paulistano. Nas matérias a pessoa que escrevia no periódico
afirmava: “os homens não nascem iguaes absolutamente. Suppoe-se uma igualdade presumida pela lei
sem o que não haveria lei.” (SCHWARCZ, L. p 105)
Logo “aos poucos substituem-se e justapõem-se antigas imagens por novas, mais
adaptadas talvez ao próprio momento: ao lado da imagem do preto humilde, servil,
amigo dos brancos, vai surgindo a do negro traiçoeiro, fujão e ladrão.” (SCHWARCZ,
L. 1987 p 150). Assim, tem-se nessa obra de Schwarcz uma primeira interpretação das
elites intelectuais imperiais, elas são observadas na condição de compromissadas em
construir uma realidade com base na moderna sciencia que mantivesse e reforçasse as
hierarquias da sociedade brasileira.
Elites Intelectuais Imperiais: uma interpretação
A tese de doutorado de Lilia Schwarcz foi realizada na Universidade de São
Paulo, uma maior investigação acerca do ambiente intelectual existente no Programa de
Pós Graduação em Antropologia Social no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 é
algo ainda por fazer. A tese intitulada Homens de sciencia e a raça dos homens:
cientistas, instituições e teorias raciais no Brasil de finais do século XIX foi defendida
em 1993 e teve a orientação de Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha. No mesmo
ano a tese foi versada em livro com o título de O espetáculo das raças: cientistas,
instituições e questão racial no Brasil 1870-1914.4 Da época da sua publicação até o
presente momento a obra em questão se tornou uma referência bastante importante para
os estudos sobre as elites intelectuais oitocentistas, bem como para os estudos acerca
das relações raciais no Brasil. O espetáculo das raças no que diz respeito ao seu
conteúdo pode ser observado pelas premissas de Pierre Bourdieu acerca do efeito de
teoria, por sua vez a posição da autora do livro pode ser tratada seguindo John Pocock.
Do fim para o começo, O espetáculo das raças está inserido, pode-se inferir, no
debate ocorrido nos anos 1980 e 1990 acerca da existência de uma originalidade ou não
no pensamento brasileiro oitocentista. As discussões em torno da questão se estariam as
ideias no lugar ou não foram bastante importantes na investigação do Brasil no período
em questão. O texto de Roberto Schwarz, As ideias fora do lugar, 1977, foi
fundamental nesse cenário. Ao discutir a impropriedade do liberalismo no Brasil
4Uma questão que não será abordada aqui é o lugar da autora no mercado editorial brasileiro. No atual
momento da pesquisa não há como avaliar se existe relação entre a posição da autora no mercado editorial
e a sua posição no campo intelectual.
oitocentista, dado a presença e centralidade do escravismo, bem como da lógica do
favor na condição de elementos estruturantes da sociedade, Schwarz levanta e defende o
seguinte argumento: “Ao longo de sua reprodução social, incansavelmente o Brasil, põe
e repõe ideias europeias, sempre em sentido impróprio.” (SCHWARZ, R. 2008, p 29).
Ao longo dos anos 1980, chegando aos anos 1990 inúmeras autoras e autores
inspirados pelo argumento de Schwarz seguem com ele para ir contra ele, indicando a
existência de um pensamento brasileiro original nos oitocentos. Nesta direção, trabalhos
como os de Nicolau Sevcenko (1983-2003), Roberto Ventura (1993), Alexandro
Trindade (2004-2011), por um lado os de Angela Alonso (2002), Hebe Mattos (2004)
entre outras e outros indicam a originalidade do pensamento brasileiro do período. Até
mesmo a destacada incompatibilidade do liberalismo com o escravismo pode ser
analisada sob outros vieses.5 Com efeito, O espetáculo das raças pode ser alocado em
um conjunto de obras que visaram demonstrar que as ideias estavam no lugar, que as
elites intelectuais não faziam só reproduzir ideias europeias, elas eram manuseadas com
qualidade para responder a demandas empíricas dadas, resultando, portanto, em um
pensamento original. O caso das teorias raciais seria exemplar de tal situação. Adesão a
elas pelas elites brasileiras justamente no momento que o escravismo declinava não
seria aleatório. A busca por esse ideário seria uma resposta a uma demanda específica
que seria o possível aumento do mundo dos iguais. Lilia Schwarcz afirma então que
O que se pode dizer é que as elites locais não só consumiram esse tipo de
literatura, como a adotaram de forma original. Diferentes eram os modelos,
diversas eram as decorrências teóricas. Em meio a um contexto caracterizado
pelo enfraquecimento e fina da escravidão, e pela realização de um novo
projeto político para o país, as teorias raciais se apresentavam enquanto
modelo teórico viável na justificação do complicado jogo de interesses que se
montava. (SCHWARCZ, L. 1993, p 17-18)
5 A possibilidade do Liberalismo se combinar com o escravismo sem maiores traumas podem ser
encontrados nos escritos de John Locke, notadamente, no Segundo Tratado Sobre o Governo, onde o
autor com nitidez que a liberdade vale para os iguais, para os titulares da propriedade. “E essa postura das
elites brasileiras diante do ideário liberal não seria completamente excêntrica e ou despropositada, uma
vez que o liberalismo pensado, por exemplo, a partir de John Locke (1632-1704) não teria maiores
problemas em se conciliar com o escravismo, pois a liberdade em questão valeria para os titulares da
propriedade.” (COSTA, H. 2014) a partir de VASCONCELOS, Diego de Paiva. (2008). O liberalismo na
Constituição de 1824. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito
Constitucional da Universidade de Fortaleza, UNIFOR.
E qual seria esse “complicado jogo de interesses”? Nas palavras da autora, “para
além dos problemas mais prementes relativos à substituição da mão de obras ou mesmo
à conservação de uma hierarquia social bastante rígida, parecia ser preciso estabelecer
critérios diferenciados de cidadania.” (SCHWARCZ, L. 1993, p 18). A manutenção
bem nítida das diferenças sociais mesmo sob uma suposta igualdade formal seria o
ponto de partida para a busca das teorias raciais por parte das elites brasileiras, todavia
essas mesmas elites sabendo das implicações práticas de uma adesão mecânica a tais
teorias vão reconstruí-las equilibrando – não sem contradições – “a aceitação da
existência de diferenças humanas inatas e o elogio do cruzamento”. (SCHWARCZ, L.
1993, p 18). Em situações como esta surge o original do pensamento brasileiro
oitocentista, porque mais do que copiar e ou copiar errado, as elites intelectuais
reelaboram as teorias a sua maneira, para responder as suas questões específicas. Não se
descabido lembrar que Charles Darwin, por exemplo, assume no capítulo da Origem
das Espécies, dedicado a hibridação que esta ação tende a gerar algo novo e mais forte
que as formas originais. (DARWIN, C. 2010). Soma-se a isso a “bagagem” trazida da
UNICAMP, notadamente, a ideia da capacidade de agência da pessoa escravizada e ou
egressa do cativeiro. Seguindo, portanto, as indicações de John Pocock, acerca do
contexto lingüístico, têm-se um primeiro esboço sobre o lugar de onde emergiu O
espetáculo das raças. Em sendo essas alguma das características mais basilares do lugar
de produção da obra em questão é possível ir ao conteúdo da obra, ao qual se fará o
recorte na forma como a autora problematizou as elites intelectuais.
Do começo para o fim. Lilia Schwarcz vai às instituições de sciencia
oitocentistas para nelas encontrar os homens de sciencia, no escopo da presente
interpretação, tomados como as elites intelectuais. Os homens de sciencia foram
concebidos pela autora, segundo o entendimento aqui adotado, como pessoas engajadas
em definir os destinos do Brasil. Assim, mais do que “diagnosticar” os “males” da
nação eles precisavam encontrar a prescrição do “remédio” para “curar” o país. Esse
compromisso das elites intelectuais oitocentista seria uma marca fundamental da sua
atuação e produção. Schwarcz constrói dessa maneira um primeiro eixo para aproximar
analiticamente as elites intelectuais do Brasil oitocentista. Pois, ela não oblitera que
“(...) durante o Segundo Reinado era visível o amadurecimento de grupos intelectuais
distintos.” E que “as formações eram diversas, as aspirações profissionais variavam em
função das particularidades de cada especialização”, logo tais características tornava
“difícil a definição de um só perfil sócio-econômico” das pessoas que compunham as
instituições que abrigavam as elites intelectuais. (SCHWARCZ, L. 1993 p 25-26).
Outro eixo de aproximação, bastante óbvio, mais importante, foi destacar a
forma de ação dos homens de sciencia: explicar o Brasil, diagnosticar os seus males e
prescrever a sua cura pela sciencia. (SCHWARCZ, L. 1993 p 26). Um terceiro eixo de
aproximação estaria na homogeneidade heterogênea dos homens de sciencia, para
Schwarcz
Longe de conformarem um grupo homogêneo, divididos em função dos
vários interesses profissionais, econômicos e regionais – que tendem a se
acirrar com a queda da monarquia –, esses intelectuais guardavam, porém,
certa identidade que os unia: a representação comum de que os espaços
científicos dos quais participavam lhes davam legitimidade para discutir e
apontar os impasses e perspectivas que se apresentavam para o país.
(SCHWARCZ, L. 1993 p 37).
Este terceiro eixo articula-se, evidentemente, ao primeiro aqui enfatizado,
destacando assim a preocupação da autora em observar que mesmo na heterogeneidade
seria possível localizar algo de homogêneo, algo que permitisse analisar os homens de
sciencia em conjunto. Um quarto eixo construído pela autora estaria vinculado à pauta
de leitura da intelectualidade imperial, notadamente, nos últimos anos do Império – as
teorias raciais. Ao enfatizar o compromisso da intelectualidade oitocentista em “salvar”
o Brasil, Schwarcz observa que isso teria que ser feito mantendo, em grande medida, as
estruturas elementares da sociedade brasileira. Com efeito, a moderna sciencia deveria
dar soluções para resolver os problemas locais, especialmente, solucionar o “atraso”
brasileiro, sem romper com a tradição vigente pautada no ethos escravista, no
patriarcado, no clientelismo, as hierarquias sociais deveriam ser preservadas.
Deste modo, entende-se que Schwarcz constrói em O espetáculo das raças elites
intelectuais postas a equalizar em suas ações os elementos, conclusões extraídas da
moderna sciencia com as exigências da tradição. O espetáculo das raças oferece, pelo
viés aqui adotado, uma interpretação das elites intelectuais imperiais presas a uma
circunstância empírica fundamental: conciliar as explicações e soluções oferecidas pela
moderna sciencia com as premissas da tradição local. O compromisso com os projetos
de futuro do país scientificamente validados precisavam justificar e manter as
hierarquias sociais vigentes. Eis o motivo da pertinência para essas elites das teorias
raciais, elas poderiam fazer a amarração da moderna sciencia com as tradicionais
hierarquias sociais brasileiras.
Considerações finais
A premissa básica da argumentação aqui apresentada é retirada das
considerações de Pierre Bourdieu sobre o efeito de teoria. Admite-se então que a
investigação social, historiográfica concomitantemente analisa e cria a realidade
observada. Ao se seguir por tal caminho é viável notar tanto os periodistas da imprensa
paulista quanto os homens de sciencia oitocentistas ao analisarem o Brasil também o
construíram. As investigações de Schwarcz procuram indicar como a atividade
intelectual tanto nos institutos quanto nos periódicos visavam responder a uma questão
empírica fundamental para aquelas elites: como manter a desigualdade dentro da
igualdade. Esse foi o entendimento que aqui se teve. Não ocorrendo uma utilização
simples e ou ingênua das teorias europeias. Em sentido contrário a imponente assertiva
a autora indica que as ideias estavam no lugar.
A despeito de a pesquisa estar em fase inicial, de modo a algumas dessas
considerações finais serem alteradas no avançar da investigação no momento é possível
indicar que Lilia Schwarcz oferece uma interpretação das elites intelectuais
compromissadas em conciliar – no sentido da indicação de Michel Debrun, um acordo
entre desiguais6 – as máximas da moderna sciencia com tradição brasileira. E nesse
movimento a autora também cria uma elite intelectual ativa e original posta a não
replicar simplesmente as ideias europeias. Assim, como dito no início, os atos de
analisar, criar, recriar, bem como o inverso se dão dentro de uma linguagem normativa a
6 “Michel Debrun, acerca da postura conciliatória do meio político imperial, argumentou que “a
“Conciliação”, no Brasil, nunca foi um arranjo entre iguais, mas o reconhecimento, por parte de um pólo
social ou político menor, da primazia de outro pólo, mediante algumas benesses e sobre o pano de fundo
constituído pela exclusão da grande massa da população.” (DEBRUN, M., 1983 p 72). Assim, Debrun
defendeu que a conciliação não era um “espírito de transigência”, mas “uma estratégia de cooptação de
certos dominados” pelos dominantes.” (DEBRUN, M., 1983 p 122, COSTA, H. 2014, p 18).
um momento e contextos dados, tal movimento ainda se articula a demandas empíricas
objetivas colocadas pela realidade social.
Referências:
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