elites intelectuais imperiais: uma interpretaÇÃo · no brasil no livro a economia das trocas...

15
ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO Hilton Costa Universidade Estadual de Maringá [email protected] Resumo: Os estudos sobre as elites intelectuais do Império do Brasil vêm avançando consideravelmente. Acredita-se aqui que a produção acerca das elites intelectuais na contemporaneidade vem trabalhando em torno de discutir o enlace do local com o geral, a circulação e a apropriação das ideias não só dentro do Brasil como deste com a sua matriz de pensamento preferida: a Europa. Nesta direção alguns trabalhos despontam como centrais, um destes trabalhos é O espetáculo das Raças de Lilia Katri Moritz Schwarcz, publicado em 1993. A proposta que se segue aqui é um primeiro movimento no sentido de uma análise de como Schwarcz construiu sua investigação da intelectualidade imperial na referida obra. Buscar-se-á cumprir tal intuito fazendo uso das considerações de Pierre Bourdieu e das considerações de John Pocock. Palavras-Chaves: Pensamento Social; Elites Intelectuais; Lilia Schwarcz Analisar, criar, recriar e o inverso Historiar é inquerir, é analisar, é recriar contextos possíveis, bem como é criar visões e “verdades” sobre determinados fatos e momentos. A figura da historiadora, do historiador, da e do cientista social é concomitantemente de uma pessoa instituída e instituidora. Ela é uma pessoa instituída, no sentido de ser instrumentalizada dentro de determinados cânones para exercer o seu oficio, ela é uma pessoa instituidora na direção que ela também é capaz de criar não só cânones como realidades. Nesta direção, entende-se serem bastante válidas as considerações de Pierre Bourdieu presente no texto A linguagem autorizada; as condições sociais da eficácia do discurso ritual, publicado no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma reflexão bastante elucidativa do mencionado (...) a ciência social deve englobar na teoria do mundo social uma teoria do efeito de teoria na teoria que, ao contribuir para impor uma maneira mais ou menos autorizada de ver o mundo social, contribui para fazer a realidade desse mundo. (...) (BOURDIEU, P. 2008 p 82).

Upload: hoangtruc

Post on 16-Dec-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO

Hilton Costa

Universidade Estadual de Maringá

[email protected]

Resumo: Os estudos sobre as elites intelectuais do Império do Brasil vêm avançando

consideravelmente. Acredita-se aqui que a produção acerca das elites intelectuais na

contemporaneidade vem trabalhando em torno de discutir o enlace do local com o geral,

a circulação e a apropriação das ideias não só dentro do Brasil como deste com a sua

matriz de pensamento preferida: a Europa. Nesta direção alguns trabalhos despontam

como centrais, um destes trabalhos é O espetáculo das Raças de Lilia Katri Moritz

Schwarcz, publicado em 1993. A proposta que se segue aqui é um primeiro movimento

no sentido de uma análise de como Schwarcz construiu sua investigação da

intelectualidade imperial na referida obra. Buscar-se-á cumprir tal intuito fazendo uso

das considerações de Pierre Bourdieu e das considerações de John Pocock.

Palavras-Chaves: Pensamento Social; Elites Intelectuais; Lilia Schwarcz

Analisar, criar, recriar e o inverso

Historiar é inquerir, é analisar, é recriar contextos possíveis, bem como é criar

visões e “verdades” sobre determinados fatos e momentos. A figura da historiadora, do

historiador, da e do cientista social é concomitantemente de uma pessoa instituída e

instituidora. Ela é uma pessoa instituída, no sentido de ser instrumentalizada dentro de

determinados cânones para exercer o seu oficio, ela é uma pessoa instituidora na direção

que ela também é capaz de criar não só cânones como realidades. Nesta direção,

entende-se serem bastante válidas as considerações de Pierre Bourdieu presente no texto

A linguagem autorizada; as condições sociais da eficácia do discurso ritual, publicado

no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma

reflexão bastante elucidativa do mencionado

(...) a ciência social deve englobar na teoria do mundo social uma teoria do

efeito de teoria na teoria que, ao contribuir para impor uma maneira mais ou

menos autorizada de ver o mundo social, contribui para fazer a realidade

desse mundo. (...) (BOURDIEU, P. 2008 p 82).

Page 2: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

Bourdieu propõe a reflexão em torno da questão que as teorias que explicam o

mundo, colaboram também na construção deste mesmo mundo, de modo que a análise

social não pode descartar esta situação. Em seguindo por tal caminho não parece ser

despropositado admitir que as pessoas que manuseiam tais teorias, notadamente as

“autorizadas”, ao mesmo tempo em que analisam o mundo o criam. Com efeito, os atos

de analisar, criar, recriar, bem como o inverso se dão dentro de uma linguagem

normativa a um momento e contextos dados, tal movimento ainda se articula a

demandas empíricas objetivas colocadas pela realidade social.

Antes do B o A1

A partir da análise dos anúncios e da verificação de uma outra dimensão que

não só a pragmática, podemos perceber também como o elemento negro

parece cumprir trajetórias, já que vai passando de humilde e ainda saudável a

degenerado – primeiro física e depois moralmente. Além disso, ao poucos

substituem-se e justapõem-se antigas imagens por novas, mais adaptadas

talvez ao próprio momento: ao lado da imagem do preto humilde, servil,

amigo dos brancos, vai surgindo a do negro traiçoeiro, fujão e ladrão.

(SCHWARCZ, L. 1987 p 150)

Antes do B e A, ou seja, de modo anterior a obra O espetáculo das raças, onde a

autora investiga mais detidamente as elites intelectuais do Brasil oitocentista tem-se o

livro Retrato em Branco e Negro. Retrato em Branco e Negro, 1987, é o primeiro livro

de Lilia K. M. Schwarcz, resultado da dissertação de mestrado em Antropologia Social

da autora realizado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo. A

dissertação recebeu como título Imagens de negros. A imprensa paulistana em finais do

século XIX e foi orientada por Antonio Augusto Arantes. Esse trabalho ao lado de um

conjunto de maior de pesquisas realizadas nos anos 1980 colaborou para a constituição

de outros caminhos para os estudos da população negra no Brasil, bem como a forma

como esta população foi pensada pelas elites intelectuais brasileiras. Cabe informar que

o aqui se apresenta são os passos iniciais de um esforço de investigação da obra da

autora.

1Versões diferentes da discussão aqui apresentada foram apresentadas no IX Seminário Nacional

Sociologia e Política na Universidade Federal do Paraná, Curitiba de 16 a 18 de maio de 2018 e no I

Seminário de Pensamento Social Brasileiro, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória de 06 a 08 de

junho de 2018.

Page 3: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

A realização da pesquisa de mestrado em Campinas, até onde se pode investigar,

legou elementos marcantes à obra da autora como um todo. Para abordar Retrato em

Branco e Negro faz-se necessário olhar para o Brasil dos anos 1980. Essa época é um

momento de importante transição para a sociedade brasileira, encerrava-se um regime

autoritário que havia perdurado por 25 anos, concomitantemente buscava-se superar

uma crise econômica posta a devastar a vida de uma parte bastante significativa da

população. A esperança estava concentrada nas eleições presidenciais, diretas, de 1989.

O processo eleitoral, pelo voto direto, depois de mais de duas décadas era visto como o

ingresso do Brasil em uma era democrática mais duradoura e consistente, entretanto o

desfecho turbulento do governo eleito em 1989, no ano de 1992 trouxe uma série de

incertezas à sociedade local. Acerca da vida intelectual no referido período localiza-se,

em termos gerais, o retorno ao país desde fins dos anos 1970 de várias e de vários

intelectuais do exílio forçado ou voluntário. Tal cenário configura como viável inferir

que essas pessoas trazem de suas experiências fora do país não só novas leituras de uma

bibliografia conhecida do público local como também apresentam novas autoras e

novos autores. Esse movimento associado à abertura política, igualmente iniciada em

fins dos anos 1970, permitiu a circulação de novas possibilidades teóricas e

metodológicas, bem como a constituição de novos olhares para temas fundamentais da

História do Brasil.

Nesse processo, a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – no que

toca as temáticas citadas, ocupou, e ainda ocupa lugar central. A universidade do

interior do Estado de São Paulo pode ser notada como um dos centros de irradiação, por

exemplo, da leitura de Edward P. Thompson no Brasil. A UNICAMP não foi o único

centro de leitura deste autor no país, todavia nesta instituição houve certo de encontro

da discussão de Thompson acerca da formação da classe operária na Inglaterra com os

estudos sobre o escravismo e as relações raciais no Brasil. Esta situação possibilitou a

constituição de novos olhares para as referidas temáticas. A guinada nestes tipos de

estudos está, sobretudo, no insight oriundo dos escritos de Thompson, posto a não

negara agência da pessoa escravizada e da pessoa oriunda do cativeiro. Concorda-se,

então, com as considerações de Adriano Braz Maximiano, para este autor

Page 4: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

Os autores aqui considerados revisionistas criticam as proposições defendidas

por aqueles pertencentes à Escola Paulista, e dizem, ao contrário destes

últimos, trazer a cena os escravos enquanto sujeito da história. Para Sidney

Chalhoub, Celia Maria Marinho de Azevedo e Maria Helena Machado, o que

se torna digno de nota é a percepção de que o escravo participou

efetivamente do processo abolicionista. Os escravos e suas ações surgem

como os atores e causas principais da derrocada da escravidão. Aqui os

mesmos possuíam formas de ler e interpretar o mundo, criando “visões” e

significados acerca de suas condições sociais e lutando para as conquistas

alcançadas. (MAXIMIANO, A. 2012 p 5-6)

A ruptura com a chamada Escola Paulista estaria justamente na questão da

agência, ainda segundo Maximiano

Diferentemente das análises daqueles que se ligam a Escola Paulista, os

autores por ora em questão consideram os escravos pertencentes a uma

classe, e foi a luta desta classe com a classe dos senhores proprietários que

desenhou o cenário abolicionista e as relações posteriores. O grande polo

dinamizador deixa de ser a relação externo-interno, passando a ser a luta de

classes entre escravos e senhores proprietários. Tem-se ainda a preposição de

que aquilo que se forma após a escravidão não se desliga totalmente desta e

do processo abolicionista, incluindo as políticas discriminatórias e as

experiências quanto ao trabalhado assalariado e a liberdade do indivíduo. A

argumentação é de que os autores anteriores trabalhavam com uma

perspectiva que buscava perceber as rupturas na história, demarcando a

possível busca por um devir. Assim, o que surge após a escravidão seria a

sociedade assalariada e suas relações. A grande crítica é que esta maneira de

abordar o passado não permitia a inserção do sujeito na história.

(MAXIMIANO, A. 2012 p 6).

O espaço escolhido por Lilia Schwarcz para fazer o seu mestrado em

Antropologia Social estava marcado por este contexto intelectual. Como destacado por

Marisa Corrêa em artigo posto a sintetizar a história do Programa de Pós Graduação em

Antropologia Social da UNICAMP:

O trabalho de Verena com mulheres que trabalhavam nas plantações de cana

de Campinas foi decisivo para a implementação dessa influência, como ela

lembra. “à medida que eu ia recolhendo histórias de vida e trabalhando com

documentos históricos para chegar a estabelecer uma continuidade entre os

anos 1980 e os anos 70 em Campinas, fui percebendo do que se tratava

realmente. É não só, em abstrato, tentar introduzir uma perspectiva histórica

na Antropologia – uma Antropologia que era realmente a-histórica na época,

funcionalista – nem tampouco acrescentar uma espécie de introdução

histórica depois de fazer o típico estudo de caso, mas introduzir a dinâmica

histórica através da análise dos sujeitos e das sujeitas que fazem a história.

Então, nesse momento, o Peter Worsley me disse uma frase que achei ótima,

porque resume muito bem o problema. Ele diz, com toda a razão, que

convencionalmente a História conta eventos, fatos, sem gente. Acontecem

batalhas, revoluções etc., mas não tem sujeitos – salvo para alguns

historiadores como E. P. Thompson, E. Hobsbawm e os marxistas. Enquanto

que a Antropologia tem escrito interminavelmente sobre gente sem história.

Então a questão é juntar a história com os sujeitos.” Essa perspectiva foi

Page 5: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

reforçada pela criação, mais tarde, de um Departamento de História no

Instituto e pela influência recíproca das duas disciplinas no panorama mais

geral das pesquisas em Ciências Humanas. (CORRÊA, M. disponível em

https://www.ifch.unicamp.br/ifch/pos/antropologia/historia).

Acerca das dimensões do impacto da leitura de E. P. Thompson nos estudos

sobre o escravismo e as relações raciais no Brasil, bem como o impacto específico na

UNICAMP é algo que requer maior investigação, algo a ser realizado, contudo em uma

primeira averiguação indica que o caminho aqui adotado não é de todo

equivocado.2Lilia Schwarcz indica em Retrato em Branco e Negro a posição que ela

atribuía a produção da UNICAMP, diz ela:

(...) crítica e renovadora tem sido a atual produção do grupo de historiadores

UNICAMP que, a partir de uma série de estudos cujo eixo central é a

passagem da mão-de-obra escrava a livre, vem elaborando reflexões sobre a

organização do mercado de trabalho livre e a ética do trabalho burguês, com

seu universo disciplinar, que se instaura mais claramente no Brasil em finais

do século XIX. Nesse sentido destacam-se os trabalhos de A. Gebara, M.

Alice Carvalho Franco (1983), Célia Marinho de Azevedo, Peter Eisenberg e

Sidney Chaloub, entre outros. (SCHWARCZ, L. 1987, p 29).

A este trecho está atrelada uma nota, diz a nota:

Boa parte destes trabalhos tomam como referência de análise os estudos de E.

P. Thompson sobre a sociedade inglesa e o surgimento da classe operária nos

séculos XVII/XVIII, elaborando e tendo como resultado uma produção que

questiona de forma radial os trabalhos da já tradicional escola paulista de

sociologia. (SCHWARCZ, L. 1987, p 263-4).

Com efeito, a autora no primeiro capítulo de Retrato em Branco e Preto fornece

informações do contexto de onde emergiu sua obra. Diz ela existir duas posições básicas

acerca dos estudos sobre escravismo e a população negra no Brasil naquele momento:

“a primeira, que acentua o caráter passivo e dócil do negro, e a segunda, que, ao tentar

refutar a primeira, termina por cair no outro extremo, fazendo do escravo negro um

verdadeiro herói.” (SCWHARCZ, L. 1987, p 20). A vertente da autora seria seguir

outra tendência, a que não ia a nenhum dos dois extremos citados, mas que reconheceria

a população negra e a escravizada na condição de agente, jogando com as

possibilidades, mesmo que limitadas, de ação. Entretanto, ela diz ser o intuito de

Retrato em Branco e Preto:

2 A intenção é no avançar da pesquisa, por exemplo, verificar os programas das disciplinas dos anos 1980

para observar ou não presença dos textos de E. P. Thompson.

Page 6: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

No entanto, pelo menos no interior deste livro, como vimos, o que importa

não é como discutir e optar pela qualificação do escravo como ‘dócil’ ou

‘rebelde’, como elemento ativo ou passivo no interior do movimento

abolicionista, mas antes pensar a rebeldia, ou melhor, a forma como ‘se fala e

representa’ a condição negra e a rebeldia. (SCWHARCZ, L. 1987, p 22).

A despeito desta intenção da obra defendida por Schwarcz, Retrato em Branco e

Preto permite perceber outras situações e possibilidades. Uma delas seria a ação de uma

determinada elite intelectual na avaliação da realidade brasileira concomitantemente a

isso ela “cria” uma “realidade” para o país. Assim, tomando por inspiração as já citadas

considerações de Bourdieu de que as teorias que explicam o mundo colaboram também

na construção desse mesmo mundo, de maneira não ser pertinente às Ciências Humanas

descartar a situação. Schwarcz, em grande medida, percebeu isso, não necessariamente

via Bourdieu. Ao argumentar o porquê seria importante estudar a imprensa para estudar

escravos, cidadãos na virada do XIX para o XX no Brasil diz a autora: “nessa trajetória

como veremos, os periódicos e os próprios jornalistas vão ganhando cada vez mais

destaque, até se constituírem (nos termos irônicos de Lima Barreto) na ‘Onipotente

imprensa, o quarto poder fora da Constituição’.” (SCHWARCZ, L. 1987 p 52-3). E

segue afirmando ainda fazendo uso das palavras de Lima Barreto:

A própria imprensa se transformava cada vez mais nesse ‘engenhoso

aparelho de aparições e eclipses, espécie complicada de tablado de mágica e

espelho de prestidigitador, provocando ilusões fantasmagóricas,

ressurgimentos, glorificações e apoteoses com pedacinhos de chumbo, uma

máquina e a estupidez das multidões.’ (SCHWARCZ, L. 1987 p 53).

Os periódicos teriam a capacidade de “criar realidades” estas realidades seriam

criadas segundo determinado referencial. Referencial que os próprios periódicos faziam

circular, por exemplo, as teorias raciais, mobilizadas para manter em um novo cenário

as antigas premissas da sociedade brasileira. Esse tipo de discurso científico

determinista que surge no final do século XIX prolifera também na imprensa da época.

Para a autora a “como advento da igualdade formal, com a passagem do escravo a

cidadão, parecem surgir novas concepções e estereótipos.” (SCHWARCZ, L. 1987 p

40). Essas concepções era o “discurso determinista que surge no final do século XIX”

para Schwarcz ele “prolifera (...) na imprensa da época. Nesta, a afirmação da

inferioridade negra aparece não só nos grandes debates como também nas pequenas

Page 7: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

seções e nos diversos anúncios que compõe parte básica e cotidiana desses jornais.

(SCHWARCZ, L. 1987 p 40).

Os periódicos faziam as ideias, notadamente, das elites políticas e intelectuais

circularem e pelo aquilo é possível inferir e depreender da fortuna crítica do período

fazer com a população em sentido mais amplo passasse a compartilhar dessas ideias. Ou

seja, internalizando a sua suposta inferioridade. Desta feita, a circulação do

evolucionismo nos jornais se confundindo com o início da República não parece, como

vem se insistindo aqui, como algo aleatório. A passagem da pessoa escravizada à cidadã

criava incômodos importantes na visão de mundo vigente. “Logo, enquanto a República

surgia aos pouco, proclamando a igualdade e o direito de cidadania, a “sciência” e o

jornal buscava desmentir o que acusavam de “utopia”.” (SCHWARCZ, L. p 106).3

A sciencia seria imparcial não se moveria por paixões e simpatias, como

afirmava Raymundo Nina Rodrigues, importante intelectual do período, ela a sciencia é

que dizia ser a população negra e mestiça inferior, não seria um julgamento individual.

(RODRIGUES, R. 1988). Com efeito, coube, então, aos periódicos divulgar a “verdade”

da sciencia. Esta verdade versaria por construir a África como exemplo da anti-

civilização, as pessoas negras como violentas por excelência, a ideia do cativeiro como

“processo civilizador” da população negra, a associação automática entre pessoas

negras e o crime, a incapacidade das pessoas negras para a liberdade, a livre iniciativa,

além de fazer circular estas ideias o jornais também faziam ratificar imagens

tradicionais sobre a população negra agora sob a égide da sciencia, ações como a da

feitiçaria, bruxaria, magia, depravação sexual, a dependência com atributos inerentes

destas pessoas e “prova” de sua inferioridade. Imagens novas e antigas sobre a

população negra como associação ao alcoolismo, a tendência ao suicídio e tantas outras

são retrabalhadas sobre a égide da sciencia para comprovar a inferioridade da população

negra. (SCHWARCZ, L. p 163-245).

De retorno a citação que abre essa seção os anúncios de jornal serviriam para

naturalizar, inculcar na sociedade um destino a cumprir para as pessoas negras, estas

vão passando de humildes e ainda saudáveis a degeneradas física e depois moralmente.

3 Esta observação da autora está vinculada a análise que ela realiza de matérias publicadas em 17, 18, 19,

20 e 21 de dezembro de 1890 no Correio Paulistano. Nas matérias a pessoa que escrevia no periódico

afirmava: “os homens não nascem iguaes absolutamente. Suppoe-se uma igualdade presumida pela lei

sem o que não haveria lei.” (SCHWARCZ, L. p 105)

Page 8: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

Logo “aos poucos substituem-se e justapõem-se antigas imagens por novas, mais

adaptadas talvez ao próprio momento: ao lado da imagem do preto humilde, servil,

amigo dos brancos, vai surgindo a do negro traiçoeiro, fujão e ladrão.” (SCHWARCZ,

L. 1987 p 150). Assim, tem-se nessa obra de Schwarcz uma primeira interpretação das

elites intelectuais imperiais, elas são observadas na condição de compromissadas em

construir uma realidade com base na moderna sciencia que mantivesse e reforçasse as

hierarquias da sociedade brasileira.

Elites Intelectuais Imperiais: uma interpretação

A tese de doutorado de Lilia Schwarcz foi realizada na Universidade de São

Paulo, uma maior investigação acerca do ambiente intelectual existente no Programa de

Pós Graduação em Antropologia Social no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 é

algo ainda por fazer. A tese intitulada Homens de sciencia e a raça dos homens:

cientistas, instituições e teorias raciais no Brasil de finais do século XIX foi defendida

em 1993 e teve a orientação de Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha. No mesmo

ano a tese foi versada em livro com o título de O espetáculo das raças: cientistas,

instituições e questão racial no Brasil 1870-1914.4 Da época da sua publicação até o

presente momento a obra em questão se tornou uma referência bastante importante para

os estudos sobre as elites intelectuais oitocentistas, bem como para os estudos acerca

das relações raciais no Brasil. O espetáculo das raças no que diz respeito ao seu

conteúdo pode ser observado pelas premissas de Pierre Bourdieu acerca do efeito de

teoria, por sua vez a posição da autora do livro pode ser tratada seguindo John Pocock.

Do fim para o começo, O espetáculo das raças está inserido, pode-se inferir, no

debate ocorrido nos anos 1980 e 1990 acerca da existência de uma originalidade ou não

no pensamento brasileiro oitocentista. As discussões em torno da questão se estariam as

ideias no lugar ou não foram bastante importantes na investigação do Brasil no período

em questão. O texto de Roberto Schwarz, As ideias fora do lugar, 1977, foi

fundamental nesse cenário. Ao discutir a impropriedade do liberalismo no Brasil

4Uma questão que não será abordada aqui é o lugar da autora no mercado editorial brasileiro. No atual

momento da pesquisa não há como avaliar se existe relação entre a posição da autora no mercado editorial

e a sua posição no campo intelectual.

Page 9: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

oitocentista, dado a presença e centralidade do escravismo, bem como da lógica do

favor na condição de elementos estruturantes da sociedade, Schwarz levanta e defende o

seguinte argumento: “Ao longo de sua reprodução social, incansavelmente o Brasil, põe

e repõe ideias europeias, sempre em sentido impróprio.” (SCHWARZ, R. 2008, p 29).

Ao longo dos anos 1980, chegando aos anos 1990 inúmeras autoras e autores

inspirados pelo argumento de Schwarz seguem com ele para ir contra ele, indicando a

existência de um pensamento brasileiro original nos oitocentos. Nesta direção, trabalhos

como os de Nicolau Sevcenko (1983-2003), Roberto Ventura (1993), Alexandro

Trindade (2004-2011), por um lado os de Angela Alonso (2002), Hebe Mattos (2004)

entre outras e outros indicam a originalidade do pensamento brasileiro do período. Até

mesmo a destacada incompatibilidade do liberalismo com o escravismo pode ser

analisada sob outros vieses.5 Com efeito, O espetáculo das raças pode ser alocado em

um conjunto de obras que visaram demonstrar que as ideias estavam no lugar, que as

elites intelectuais não faziam só reproduzir ideias europeias, elas eram manuseadas com

qualidade para responder a demandas empíricas dadas, resultando, portanto, em um

pensamento original. O caso das teorias raciais seria exemplar de tal situação. Adesão a

elas pelas elites brasileiras justamente no momento que o escravismo declinava não

seria aleatório. A busca por esse ideário seria uma resposta a uma demanda específica

que seria o possível aumento do mundo dos iguais. Lilia Schwarcz afirma então que

O que se pode dizer é que as elites locais não só consumiram esse tipo de

literatura, como a adotaram de forma original. Diferentes eram os modelos,

diversas eram as decorrências teóricas. Em meio a um contexto caracterizado

pelo enfraquecimento e fina da escravidão, e pela realização de um novo

projeto político para o país, as teorias raciais se apresentavam enquanto

modelo teórico viável na justificação do complicado jogo de interesses que se

montava. (SCHWARCZ, L. 1993, p 17-18)

5 A possibilidade do Liberalismo se combinar com o escravismo sem maiores traumas podem ser

encontrados nos escritos de John Locke, notadamente, no Segundo Tratado Sobre o Governo, onde o

autor com nitidez que a liberdade vale para os iguais, para os titulares da propriedade. “E essa postura das

elites brasileiras diante do ideário liberal não seria completamente excêntrica e ou despropositada, uma

vez que o liberalismo pensado, por exemplo, a partir de John Locke (1632-1704) não teria maiores

problemas em se conciliar com o escravismo, pois a liberdade em questão valeria para os titulares da

propriedade.” (COSTA, H. 2014) a partir de VASCONCELOS, Diego de Paiva. (2008). O liberalismo na

Constituição de 1824. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito

Constitucional da Universidade de Fortaleza, UNIFOR.

Page 10: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

E qual seria esse “complicado jogo de interesses”? Nas palavras da autora, “para

além dos problemas mais prementes relativos à substituição da mão de obras ou mesmo

à conservação de uma hierarquia social bastante rígida, parecia ser preciso estabelecer

critérios diferenciados de cidadania.” (SCHWARCZ, L. 1993, p 18). A manutenção

bem nítida das diferenças sociais mesmo sob uma suposta igualdade formal seria o

ponto de partida para a busca das teorias raciais por parte das elites brasileiras, todavia

essas mesmas elites sabendo das implicações práticas de uma adesão mecânica a tais

teorias vão reconstruí-las equilibrando – não sem contradições – “a aceitação da

existência de diferenças humanas inatas e o elogio do cruzamento”. (SCHWARCZ, L.

1993, p 18). Em situações como esta surge o original do pensamento brasileiro

oitocentista, porque mais do que copiar e ou copiar errado, as elites intelectuais

reelaboram as teorias a sua maneira, para responder as suas questões específicas. Não se

descabido lembrar que Charles Darwin, por exemplo, assume no capítulo da Origem

das Espécies, dedicado a hibridação que esta ação tende a gerar algo novo e mais forte

que as formas originais. (DARWIN, C. 2010). Soma-se a isso a “bagagem” trazida da

UNICAMP, notadamente, a ideia da capacidade de agência da pessoa escravizada e ou

egressa do cativeiro. Seguindo, portanto, as indicações de John Pocock, acerca do

contexto lingüístico, têm-se um primeiro esboço sobre o lugar de onde emergiu O

espetáculo das raças. Em sendo essas alguma das características mais basilares do lugar

de produção da obra em questão é possível ir ao conteúdo da obra, ao qual se fará o

recorte na forma como a autora problematizou as elites intelectuais.

Do começo para o fim. Lilia Schwarcz vai às instituições de sciencia

oitocentistas para nelas encontrar os homens de sciencia, no escopo da presente

interpretação, tomados como as elites intelectuais. Os homens de sciencia foram

concebidos pela autora, segundo o entendimento aqui adotado, como pessoas engajadas

em definir os destinos do Brasil. Assim, mais do que “diagnosticar” os “males” da

nação eles precisavam encontrar a prescrição do “remédio” para “curar” o país. Esse

compromisso das elites intelectuais oitocentista seria uma marca fundamental da sua

atuação e produção. Schwarcz constrói dessa maneira um primeiro eixo para aproximar

analiticamente as elites intelectuais do Brasil oitocentista. Pois, ela não oblitera que

“(...) durante o Segundo Reinado era visível o amadurecimento de grupos intelectuais

Page 11: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

distintos.” E que “as formações eram diversas, as aspirações profissionais variavam em

função das particularidades de cada especialização”, logo tais características tornava

“difícil a definição de um só perfil sócio-econômico” das pessoas que compunham as

instituições que abrigavam as elites intelectuais. (SCHWARCZ, L. 1993 p 25-26).

Outro eixo de aproximação, bastante óbvio, mais importante, foi destacar a

forma de ação dos homens de sciencia: explicar o Brasil, diagnosticar os seus males e

prescrever a sua cura pela sciencia. (SCHWARCZ, L. 1993 p 26). Um terceiro eixo de

aproximação estaria na homogeneidade heterogênea dos homens de sciencia, para

Schwarcz

Longe de conformarem um grupo homogêneo, divididos em função dos

vários interesses profissionais, econômicos e regionais – que tendem a se

acirrar com a queda da monarquia –, esses intelectuais guardavam, porém,

certa identidade que os unia: a representação comum de que os espaços

científicos dos quais participavam lhes davam legitimidade para discutir e

apontar os impasses e perspectivas que se apresentavam para o país.

(SCHWARCZ, L. 1993 p 37).

Este terceiro eixo articula-se, evidentemente, ao primeiro aqui enfatizado,

destacando assim a preocupação da autora em observar que mesmo na heterogeneidade

seria possível localizar algo de homogêneo, algo que permitisse analisar os homens de

sciencia em conjunto. Um quarto eixo construído pela autora estaria vinculado à pauta

de leitura da intelectualidade imperial, notadamente, nos últimos anos do Império – as

teorias raciais. Ao enfatizar o compromisso da intelectualidade oitocentista em “salvar”

o Brasil, Schwarcz observa que isso teria que ser feito mantendo, em grande medida, as

estruturas elementares da sociedade brasileira. Com efeito, a moderna sciencia deveria

dar soluções para resolver os problemas locais, especialmente, solucionar o “atraso”

brasileiro, sem romper com a tradição vigente pautada no ethos escravista, no

patriarcado, no clientelismo, as hierarquias sociais deveriam ser preservadas.

Deste modo, entende-se que Schwarcz constrói em O espetáculo das raças elites

intelectuais postas a equalizar em suas ações os elementos, conclusões extraídas da

moderna sciencia com as exigências da tradição. O espetáculo das raças oferece, pelo

viés aqui adotado, uma interpretação das elites intelectuais imperiais presas a uma

circunstância empírica fundamental: conciliar as explicações e soluções oferecidas pela

Page 12: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

moderna sciencia com as premissas da tradição local. O compromisso com os projetos

de futuro do país scientificamente validados precisavam justificar e manter as

hierarquias sociais vigentes. Eis o motivo da pertinência para essas elites das teorias

raciais, elas poderiam fazer a amarração da moderna sciencia com as tradicionais

hierarquias sociais brasileiras.

Considerações finais

A premissa básica da argumentação aqui apresentada é retirada das

considerações de Pierre Bourdieu sobre o efeito de teoria. Admite-se então que a

investigação social, historiográfica concomitantemente analisa e cria a realidade

observada. Ao se seguir por tal caminho é viável notar tanto os periodistas da imprensa

paulista quanto os homens de sciencia oitocentistas ao analisarem o Brasil também o

construíram. As investigações de Schwarcz procuram indicar como a atividade

intelectual tanto nos institutos quanto nos periódicos visavam responder a uma questão

empírica fundamental para aquelas elites: como manter a desigualdade dentro da

igualdade. Esse foi o entendimento que aqui se teve. Não ocorrendo uma utilização

simples e ou ingênua das teorias europeias. Em sentido contrário a imponente assertiva

a autora indica que as ideias estavam no lugar.

A despeito de a pesquisa estar em fase inicial, de modo a algumas dessas

considerações finais serem alteradas no avançar da investigação no momento é possível

indicar que Lilia Schwarcz oferece uma interpretação das elites intelectuais

compromissadas em conciliar – no sentido da indicação de Michel Debrun, um acordo

entre desiguais6 – as máximas da moderna sciencia com tradição brasileira. E nesse

movimento a autora também cria uma elite intelectual ativa e original posta a não

replicar simplesmente as ideias europeias. Assim, como dito no início, os atos de

analisar, criar, recriar, bem como o inverso se dão dentro de uma linguagem normativa a

6 “Michel Debrun, acerca da postura conciliatória do meio político imperial, argumentou que “a

“Conciliação”, no Brasil, nunca foi um arranjo entre iguais, mas o reconhecimento, por parte de um pólo

social ou político menor, da primazia de outro pólo, mediante algumas benesses e sobre o pano de fundo

constituído pela exclusão da grande massa da população.” (DEBRUN, M., 1983 p 72). Assim, Debrun

defendeu que a conciliação não era um “espírito de transigência”, mas “uma estratégia de cooptação de

certos dominados” pelos dominantes.” (DEBRUN, M., 1983 p 122, COSTA, H. 2014, p 18).

Page 13: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

um momento e contextos dados, tal movimento ainda se articula a demandas empíricas

objetivas colocadas pela realidade social.

Referências:

ADOLFO, Roberto Manoel Androni. (2014). As transformações na historiografia da

escravidão entre os anos de 1970 e 1980: uma reflexão teórica sobre possibilidades de

abordagem do tema. Revista de Teoria da História, Ano 6, Número 11, Maio/2014

Universidade Federal de Goiás, p 110-125.

ALONSO, Angela. (2002). Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil.

São Paulo: Paz e Terra.

BOURDIEU, Pierre. (1996). As regras da arte: gênese e estrutura do campo

literário.São Paulo: Cia. das Letras.

________________. (2008a). Razões Práticas: sobre a teoria da ação. 9.ª Ed. (1.ª Ed.,

1996). Campinas, SP: Papirus.

________________. (2008b). A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo:

EDUSP; Porto Alegre, RS: Zouk.

________________. (2008c). A economia das trocas lingüísticas: o que falar o que

dizer. 2.ª Ed.. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

CORRÊA, Mariza. O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da

Universidade Estadual de Campinas. História do PPGAS in: PPGAS

Unicamphttps://www.ifch.unicamp.br/ifch/pos/antropologia/historia.

COSTA, Hilton. (2014). O navio, os oficiais e os marinheiros: as teorias raciais e a

reforma eleitoral de 1881. Tese de Doutorado defendida no Programa de Pós

Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, sob a orientação do Prof.

Dr. Carlos Alberto Medeiros Lima. Curitiba.

_____________. (2018a). Não sejamos aquilo que desejem que sejamos. Comunicação

apresentada no IX Seminário Nacional Sociologia e Política – Desenvolvimento e

Justiça Social: Perspectiva da Sociologia no século XIX. GT 06 Pensamento Social.

Universidade Federal do Paraná, Curitiba de 16 a 18 de maio de 2018

_____________. (2018b). Não sejais o que lhe desejam que sejam. Comunicação

apresentada no I Seminário de Pensamento Social Brasileiro: Intelectuais, Cultura e

Democracia, na Mesa Redonda Teoria Social, Cultura e Sociedade. Universidade

Federal do Espírito Santo, Vitória de 06 a 08 de junho de 2018.

Page 14: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

DARWIN, Charles. (2010). A origem das espécies. São Paulo: Folha de São Paulo.

DEBRUN, Michel. (1983). A “Conciliação” e outras estratégias: ensaios políticos. São Paulo:

Brasiliense.

MAXIMIANO, Adriano Braz. (2012). A historiografia brasileira da abolição da

escravatura: novas perspectivas ou negações teóricas (1960/70-1980/90). In: RANGEL,

Marcelo de Mello; PEREIRA, Mateus Henrique de Faria; ARAUJO, Valdei Lopes de.

(orgs). Caderno de resumos & Anais do 6º. Seminário Brasileiro de História da

Historiografia – O giro-linguístico e a historiografia: balanço e perspectivas. Ouro

Preto: EdUFOP.

MARQUESE, Rafael de Bivar. (2013). As desventuras de um conceito: capitalismo

histórico e a historiografia sobrea escravidão brasileira. Revista de História, São Paulo,

Nº 169, julho/dezembro, p. 223-253.

MATTOS, Hebe Maria. (2004). Escravidão e cidadania no Brasil Monárquico. 2.ª Ed.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

POCOCK, John G. A.. (2003). Linguagens do Ideário Político. São Paulo: Edusp.

PROENÇA, Wander de Lara. (2007). Escravidão no Brasil: debates historiográficos

contemporâneos. Anais eletrônicos da XXIV Semana de História: "Pensando o Brasil

no Centenário de Caio Prado Júnior”. Disponível em

http://www.assis.unesp.br/Home/Eventos/SemanadeHistoria/wander.PDF, acesso em

02/07/2018.

RODRIGUES, José Honório. (1965). Conciliação e Reforma no Brasil: um desafio

histórico-político. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira

RODRIGUES, Raymundo Nina. (1988). Os Africanos no Brasil. 7.ª Ed. São Paulo:

Editora Naciona; Brasília: Editora UnB.

SCHWARCZ, Lilia Katri Moritz. (1987). Retrato em Branco e Preto: Jornais, escravos

e cidadania em São Paulo no final do século XIX. São Paulo: Cia. das Letras.

__________________________. (1989). Escravidão. Boletim da ABA, São Paulo, v. 6,

p 23-31.

__________________________. (1988). Jornais e Escravos em São Paulo em finais do

século. Cadernos Estação Ciência. São Paulo, v. 1, n.1, p 17-27.

__________________________. (1988). Negros e a Imprensa em São Paulo. Revista

Manchete. Rio de Janeiro, 21 de maio de 1988, n. 1883, ano 36, p 62-63.

Page 15: ELITES INTELECTUAIS IMPERIAIS: UMA INTERPRETAÇÃO · no Brasil no livro A economia das trocas linguísticas. O referido texto apresenta uma O referido texto apresenta uma reflexão

__________________________. (1988). Retrato em branco e negro. Jornais e escravos

em São Paulo no final do século XIX. Cadernos Estação Ciência. São Paulo, v. 1, n.1 p

35-52.

__________________________. (1993). O espetáculo das raças: cientista, instituições

e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Cia. das Letras.

SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar. In: ______ (2008). Ao vencedor as

batatas. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34.

SECRETO, Maria Veronica. (2016). Novas perspectivas na história da escravidão.

Tempo (Niterói, online) | Vol. 22 n. 41. p.442-450, set-dez.,2016.

SEVCENKO, Nicolau. (1983). Literatura como missão: Tensões culturais e criação

cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense.

__________________. (2003). Literatura como missão: Tensões culturais e criação

cultural na Primeira República.2. Ed. revista e ampliada. São Paulo: Cia. das Letras.

SOUSA, Rodrigo Ribeiro de. (2011). A Liberdade no “Segundo tratado sobre o

governo” de John Locke. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-

Graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo, USP.

TRINDADE, Alexandro Dantas. (2004). André Rebouças: da Engenharia Civil à

Engenharia Social. Tese de Doutoramento, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,

Universidade Estadual de Campinas.

__________________________. (2011). André Rebouças: um engenheiro do Império.

São Paulo: Hucitec/FAPESP.

VASCONCELOS, Diego de Paiva. (2008). O liberalismo na Constituição de 1824.

Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito

Constitucional da Universidade de Fortaleza, UNIFOR.

VENTURA, Roberto. (1991). Estilo Tropical: história cultural e polêmicas literárias

no Brasil, 1870-1914. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.