elite resolve enem 2014

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Resoluçao da prova do ENEM 2014

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  • (19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE ENEM 2014 CINCIAS HUMANAS E DA NATUREZA

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    CINCIAS HUMANAS QUESTO 01

    Parecer do CNE/CP n 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se oferecer uma resposta, entre outras, na rea da educao, demanda da populao afrodescendente, no sentido de polticas de aes afirmativas. Prope a divulgao e a produo de conhecimentos, a formao de atitudes, posturas que eduquem cidados orgulhosos de seu pertencimento tnico-racial descendentes de africanos, povos indgenas, descendentes de europeus, de asiticos para interagirem na construo de uma nao democrtica, em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos.

    Brasil. Conselho Nacional de Educao. Disponvel em: www.semesp.org.br.

    Acesso em: 21 nov. 2013 (adaptado).

    A orientao adotada por esse parecer fundamenta uma poltica pblica e associa o princpio da incluso social a a) prticas de valorizao identitria. b) medidas de compensao econmica. c) dispositivos de liberdade de expresso. d) estratgias de qualificao profissional. e) instrumentos de modernizao jurdica.

    Resoluo Alternativa A A expresso incluso social pressupe a existncia de grupos excludos numa sociedade. Portanto, para responder a questo, o aluno precisaria extrair do texto do parecer CNE/CP no. 3/2004 que tipo de excluso a poltica pblica que ele enuncia quer combater. O texto do parecer comea explicitando que uma resposta demanda da populao afrodescendente, historicamente marginalizada no Brasil. Na sequncia, defende claramente que suas propostas tem como objetivo estimular atravs da educao que os cidados em geral tenham orgulho de seu pertencimento tnico-racial. Afirmando isto, o texto alude s dificuldades que alguns cidados tenham de aceitar e considerar positiva a herana e as caractersticas do grupo tnico com o qual so identificados socialmente, seja por elementos fsicos, culturais ou familiares. No difcil entender de onde vem essa dificuldade no caso da populao afrodescendente, uma vez que o prprio Estado brasileiro se dedicou a regulamentar a escravizao de seus indivduos e diferenciar os indivduos pela raa por quase 5 sculos, e praticamente no atuou, antes do sculo XXI, na reparao dos efeitos desse processo histrico fomentado por ele na sociedade brasileira. A poltica que est sendo proposta , portanto, de agir para que os indivduos associados a esses grupos (que tiveram direitos negados pelo Estado e imagem historicamente relacionada inferioridade) possam valorizar suas origens e caractersticas, de maneira a diminuir o impacto dessa diferenciao social na vida dos cidados, o que torna correta a alternativa A. Assim, as medidas adotadas pelo Estado brasileiro no tipo de poltica pblica citada no enunciado no se relacionam ao combate da desigualdade econmica, como diz a alternativa B, nem da baixa qualificao profissional, como diz a alternativa D. Nada no texto permite associar a incluso social a dificuldades relacionadas liberdade de expresso, como afirma a alternativa C, ou baixa eficincia do sistema jurdico, como afirma a alternativa E.

    QUESTO 02 A Praa da Concrdia, antiga Praa Lus XV, a maior praa pblica de Paris. Inaugurada em 1763, tinha em seu centro uma esttua do rei. Situada ao longo do Sena, ela a interseco de dois eixos monumentais. Bem nesse cruzamento est o Obelisco de Luxor, decorado com hierglifos que contam os reinados dos faras Ramss II e Ramss III. Em 1829, foi oferecido pelo vice-rei do Egito ao povo francs e, em 1836, instalado na praa diante de mais de 200 mil espectadores e da famlia real.

    NOBLAT, R. Disponvel em: www.oglobo.com. Acesso em: 12 dez. 2012. A constituio do espao pblico da Praa da Concrdia ao longo dos anos manifesta o(a): a) lugar da memria na histria nacional. b) carter espontneo das festas populares. c) lembrana da antiguidade da cultura local. d) triunfo da nao sobre os pases africanos. e) declnio do regime de monarquia absolutista.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. Os smbolos citados no texto fazem referncia direta ao dos governos de moldar a histria nacional. A esttua do rei e o obelisco egpcio se relacionam histria da Frana e sua interao imperialista com o Egito. b) Incorreta. O texto deixa claro o direcionamento da memria histrica pelo Estado. Os smbolos e heris nacionais criados pelos governantes servem justamente para que a manifestao popular seja controlada e direcionada para os interesses do Governo. c) Incorreta. Embora o texto cite monumentos egpcios, a histria da Frana remonta Idade Mdia e no Antiguidade. Outra interpretao poderia ser antiguidade no sentido de tempo de existncia e mesmo assim no podemos escolher essa alternativa, pois o interesse do governo francs descrito no texto no exaltar seu tempo de existncia, mas sim a fora da monarquia francesa sobre outros povos e sobre a prpria populao. d) Incorreta. A dominao imperialista do neocolonialismo francs sobre outras regies da frica mais tardio do que as datas citadas no texto. e) Incorreta. Os exemplos dados pelo texto no aludem ao declnio da monarquia, uma vez que na data mais tardia citada (1836) a famlia real est presente cerimnia descrita e no h afirmaes que deixem claro o nvel de poder do rei naquele momento. Porm, devemos lembrar que o rei da Frana em 1936 era Lus Felipe (1830 1848), apelidado de rei burgus, por conta do grande poder que a burguesia vinha ganhando na Frana e que interferiu at mesmo na nomeao do citado rei para o governo. Sendo assim, a monarquia, embora dividisse seu poder com a burguesia nesse momento, ainda era muito importante para os anseios dos grandes comerciantes e industriais franceses que, inclusive, aps a abdicao de Lus Felipe, iniciaram o projeto expansionista para outras regies da frica no contexto do neocolonialismo a fim de salvaguardar seus interesses.

    QUESTO 03 Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogao de uma taxa de 20 ris, um vintm, sobre o transporte urbano. O vintm era a moeda de menor valor da poca. A polcia no permitiu que a multido se aproximasse do palcio. Ao grito de Fora o vintm!, os manifestantes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo contra a multido. As estatsticas de mortos e feridos so imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta, de grandes e de polticos, de gente mida e de simples cidados. Desmoralizado, o ministrio caiu. Uma grande exploso social, detonada por um pobre vintm.

    Disponvel em: www.revistadehistria.com.br. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado). A leitura do trecho indica que a coibio violenta das manifestaes representou uma tentativa de a) capturar os ativistas radicais. b) proteger o patrimnio privado. c) salvaguardar o espao pblico. d) conservar o exerccio do poder. e) sustentar o regime democrtico.

    Resoluo Alternativa D a) Incorreta. O texto, em momento algum aponta o interesse em capturar os ativistas radicais. b) Incorreta. O patrimnio j sofrera, anteriormente, os ataques dos populares. c) Incorreta. O espao material no consistia o interesse dos repressores, que se viram surpresos pela situao citada. d) Correta. As dimenses atingidas nesse processo de revolta popular terminaram por colocar em cheque o governo, uma vez que seus participantes deixaram de reconhecer suas medidas. Por esse motivo, o governo buscou reafirmar seu estatuto de poder ao fazer uso de ao repressora, estabelecida por meio da fora. e) Incorreta. O Brasil, em 1879, ainda seguia um sistema de governo monrquico com o Imperador D. Pedro II que, segundo a Constituio de 1824, agregava para si os poderes Executivo e Moderador.

    QUESTO 04 Existe uma cultura poltica que domina o sistema e fundamental para entender o conservadorismo brasileiro. H um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do sistema poltico: existiriam limites para transformar o pas, por que a sociedade conservadora, no aceita mudanas bruscas. Isso justifica o carter

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    vagaroso da redemocratizao e da redistribuio da renda. Mas no assim. A sociedade muito mais avanada que o sistema poltico. Ele se mantm por que consegue convencer a sociedade de que a expresso dela, de seu conservadorismo.

    NOBRE, M. Dois ismos que no rimam. Disponvel em www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).

    A caracterstica do sistema poltico brasileiro, ressaltada no texto, obtm sua legitimidade da a) disperso regional do poder econmico. b) polarizao acentuada da disputa partidria. c) orientao radical dos movimentos populares. d) conduo eficiente das aes administrativas. e) sustentao ideolgica das desigualdades existentes.

    Resoluo Alternativa E A caracterstica que o texto ressalta o conservadorismo do sistema poltico brasileiro. O texto tambm afirma que a sociedade menos conservadora que o sistema poltico. O enunciado exige que o aluno escolha entre as alternativas aquela que explica o que legitima esse conservadorismo, ou seja, o que o justifica, ou o faz ser considerado vlido pelos cidados. Assim, poderia se colocar a questo da seguinte maneira: o que faz com que o conservadorismo do sistema poltico seja aceito pela sociedade brasileira, j que ela seria menos avessa a mudanas que ele? a) Incorreta, pois no possvel falar em disperso regional do poder econmico no caso do Brasil. b) Incorreta. No possvel relacionar a polarizao acentuada da disputa partidria aceitao e manuteno do conservadorismo do sistema poltico. c) Incorreta. No Brasil, costuma ser parte do discurso contra as mudanas sociais dizer que elas no acontecem devido a um excesso de radicalismo dos que as defendem. O texto est justamente afirmando que no a sociedade brasileira que tem uma posio contrria a mudanas, mas o sistema poltico que refora constantemente a impresso de que ela seria conservadora. d) Incorreta. bastante questionvel dizer que o Brasil tem como caraterstica a alta eficincia da administrao estatal, o que invalida a alternativa. e) Correta. A noo marxista de ideologia frequentemente utilizada para explicar porque um grupo social aceita uma realidade que no sirva a seus interesses, ou mesmo o prejudica. Assim, para o texto, ainda que os indivduos queiram mudanas e o fim de determinadas desigualdades, eles se encontram convencidos que essas mudanas no so possveis. Essa convico, que mantm os problemas e as desigualdades no Brasil, reforada constantemente pela atuao dos prprios agentes conservadores do sistema poltico, que a reforam e se beneficiam dela.

    QUESTO 05 Compreende-se assim o alcance de uma reivindicao que surge desde o nascimento da cidade na Grcia antiga: a redao das leis. Ao escrev-las, no se faz mais que assegurar-lhe permanncia e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetvel de ser aplicada a todos da mesma maneira.

    VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado).

    Para o autor, a reivindicao atendida na Grcia antiga, ainda vigente no mundo contemporneo, buscava garantir o seguinte princpio: a) Isonomia igualdade de tratamento aos cidados. b) Transparncia acesso s informaes governamentais. c) Tripartio separao entre os poderes polticos estatais. d) Equiparao igualdade de gnero na participao poltica. e) Elegibilidade permisso para candidatura aos cargos pblicos.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. Com origem do grego arcaico o termo rene os termos iso (que pode ser entendido como igualdade) e nomos, o qual por sua vez pode ser interpretado como leis ou costumes. Neste sentido, o termo significa a igualdade das pessoas perante as leis e foi muito utilizado por intelectuais da poca como Herdoto e, posteriormente, Tucdides como maneira de determinar uma forma de governo popular. b) Incorreta. Conforme podemos notar com uma leitura mais atenta, o texto acima aponta a associao dos adjetivos permanncia e fixidez, mas nada que possa ser relacionado com o conceito de transparncia.

    c) Incorreta. O Conceito de tripartio remete, na verdade, proposta do intelectual iluminista Montesquieu (1689 1755), cuja ideia viria a servir de base para a formulao dos governos republicanos e parlamentares posteriores. d) Incorreta. Talvez a alternativa que mais possa ter levado a incorrerem no erro j que, sob uma leitura desatenta, o vestibulando poderia entend-la como igualdade em um plano geral. Entretanto, conforme apontado na alternativa, o termo se refere igualdade entre gnero homens e mulheres. Tal debate s viria a ser colocado em pauta, a partir do fim do sculo XIX, com o movimento organizado das sufragettes, o qual contou com enorme apoio das Trade Unions. e) Incorreta. Em momento algum o texto acima chega a sugerir outro tipo de ideia que no a importncia de uma aplicao abrangente e igualitria das leis, cujo princpio se deu em meio ao nascimento da cidade na Grcia antiga.

    QUESTO 06 Pabayiotis Zavos quebrou o ltimo tabu da clonagem humana transferiu embries para o tero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento crime em inmeros pases. Aparentemente, o mdico possua um laboratrio secreto, no qual fazia seus experimentos. No tenho nenhuma dvida de que uma criana clonada ir aparecer em breve. Posso no ser eu o mdico que ir cria-la, mas vai acontecer, declarou Zavos. Se nos esforarmos, podemos ter um beb clonado daqui a um ano, ou dois, mas no sei se o caso. No sofremos presso para entregar um beb clonado ao mundo. Sofremos presso para entregar um beb clonado saudvel ao mundo.

    CONNOR, S. Disponvel em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

    A clonagem humana um importante assunto de reflexo no campo da biotica que, entre outras questes, dedica-se a a) refletir sobre as relaes entre o conhecimento da vida e os valores ticos do homem. b) legitimar o predomnio da espcie humana sobre as demais espcies animais no planeta. c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. d) legalizar, pelo uso das tcnicas de clonagem, os processos de reproduo humana e animal. e) fundamentar tcnica e economicamente as pesquisas sobre clulas-tronco para o uso em seres humanos.

    Resoluo Alternativa A O enunciado pedia que o aluno escolhesse a alternativa que continha a melhor definio do campo de atuao da Biotica. a) Correta. O campo da Biotica caracteriza-se justamente por levar a reflexo acerca dos valores que norteiam o comportamento humano, tpica da tica, para questes levantadas pela explorao cientfica das diversas formas de vida e seu funcionamento, caracterstica da Biologia. b) Incorreta. A Biotica no se dedica a justificar o predomnio do homem sobre as demais espcies do planeta. A defesa desta noo inclusive bastante controversa tanto do ponto de vista biolgico (a ecologia aponta a necessidade da convivncia e do respeito s diferentes formas de vida, de maneira a manter o equilbrio dos sistemas de seres vivos) quanto filosfico (h diversas posies bastante crticas noo de especismo, ou seja, ideia de que os seres humanos teriam direito de submeter as demais espcies aos seus desejos e necessidades). c) Incorreta. A Biotica surge tambm a partir da necessidade de reflexo sobre as possveis repercusses das novas tecnologias para os seres humanos, os limites morais e os valores envolvidos, mas no necessariamente relativiza estes valores. d) Incorreta. A alternativa no faz sentido. Legalizar uma prtica significa fazer com que seja garantida por lei a autorizao para realiz-la, no sendo possvel dar conta deste processo social (tornar algo legal) utilizando uma tcnica laboratorial como a de clonagem. e) Incorreta. A Biotica no uma rea do conhecimento que se dedica fundamentar questes em termos econmicos e tcnicos, mas sim a refletir e produzir discursos crticos sobre as repercusses morais de questes, mudanas e descobertas trazidas tona pelo campo da Biologia.

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    QUESTO 07 Quando meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mundo sabe, est se deitando na Frana. Bastaria ir Frana num minuto para assistir ao pr do sol.

    SAINT-EXUPRY, A. O Pequeno Prncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996. A diferena espacial citada causada por qual caracterstica fsica da Terra? a) Achatamento de suas regies polares. b) Movimento em torno do seu prprio eixo. c) Arredondamento de sua forma geomtrica. d) Variao peridica de sua distncia do Sol. e) Inclinao em relao ao seu plano de rbita.

    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. O achatamento das regies polares apesar de ter origem no movimento de rotao da Terra, no interfere na diferena horria entre as localidades da Terra. b) Correta. O movimento da Terra em torno do seu prprio eixo chamado de movimento de rotao. Este movimento responsvel pela existncia das diferentes horas na Terra. O sistema de fusos horrios determina que a cada 15 de longitude os relgios devem ser alterados em uma hora, para mais (na direo leste) ou para menos (na direo oeste). Para estabelecer esse sistema, divide-se 360 (referente circunferncia terrestre) por 24 (referente ao tempo que a Terra demora para dar uma volta completa em torno de seu prprio eixo). Como resultado dessa diviso obtm-se a medida de um fuso horrio: 15 de longitude. Considerando isso, quando meio-dia (12h) nos Estados Unidos sero 18h na Frana, onde o sol estar se pondo, pois a Frana est situada leste da Amrica. c) Incorreta. O arredondamento da forma geomtrica da Terra determinante na distribuio de calor ao longo da superfcie terrestre, ou seja, tal arredondamento explica a existncia de regies polares frias e tropicais quentes, porm no explica a existncia a diferena horria entre Estados Unidos e Frana. d) Incorreta. A variao peridica da distncia da Terra em relao ao sol tem origem na rbita elptica da Terra e no interfere na diferena horria entre duas localidades. Ao longo de um ano, h um momento (em janeiro) de maior aproximao da Terra em relao ao sol perilio e outro momento (julho) de maior distanciamento aflio. A distncia Terra-Sol no perilio de aproximadamente 147 milhes de km enquanto que no aflio de aproximadamente de 152 milhes de km, verifica-se assim que a diferena entre esses dois momentos muito pequena em termos astronmicos. Concluindo, a variao na distncia da Terra em relao ao sol ir, somente, interferir muito pouco na temperatura da Terra determinando veres um pouco mais quentes no hemisfrio sul. e) Incorreta. A inclinao da Terra em relao ao plano de rbita da ordem de 23,5 e, aliado ao movimento de translao, determinante na existncia de diferentes estaes ao longo de um ano.

    QUESTO 08 Uma norma s deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso prtico, a um acordo quanto validade dessa norma.

    HABERMAS, J. Conscincia moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

    Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo(a): a) liberdade humana, que consagra a vontade. b) razo comunicativa, que requer um consenso. c) conhecimento filosfico, que expressa a verdade. d) tcnica cientfica, que aumenta o poder do homem. e) poder poltico, que se concentra no sistema partidrio.

    Resoluo Alternativa B O enunciado pede que o aluno marque a alternativa que indica corretamente a partir do que se decide que uma norma vlida na perspectiva filosfica de Habermas. O texto de Habermas afirma que os sujeitos que vo ter suas vidas regidas pela norma devem, em primeiro lugar, poder opinar a respeito de sua validade; e, em segundo lugar, chegar a um acordo em relao a essa validade ( vlida ou no vlida?). Assim, determinar a validade de uma norma significa: 1) analis-la de forma racional. 2) ter garantido o direito de expressar sua anlise e o espao para faz-lo.

    3) chegar num acordo em relao validade da norma com os demais afetados por ela, o que significa buscar um consenso em relao norma. Assim, no atravs da adequao ao que prope a filosofia, como diz a alternativa C, nem ao proposto pela tcnica cientfica, como afirma a alternativa D, nem de acordo com a vontade humana consagrada pela liberdade, como prope a alternativa A, que uma norma pode se pretender vlida. sim atravs da anlise da norma feita pela razo, porm no pela razo iluminista, mas pelo que Habermas nomeia de razo comunicativa: aquela que produz seus juzos atravs do dilogo ente os sujeitos e da busca do consenso entre eles, e no do julgamento interior de um nico indivduo. Alm disso, a definio da validade da norma para Habermas tambm no se relaciona ao poder poltico partidrio, como afirma a alternativa E, mas justamente indica a necessidade de um alargamento da poltica para alm dos partidos e organizaes tradicionais na busca do tal acordo indicado no texto do enunciado.

    QUESTO 09 O ndio era o nico elemento ento disponvel para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocncia e alma na medida do possvel. A discusso religiosa e jurdica em torno dos limites da liberdade dos ndios se confundiu com uma disputa entre jesutas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobia desenfreada dos colonos.

    CALDEIRA, J. A nao mercantilista. So Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).

    Entre os sculos XVI e XVIII, os jesutas buscaram a converso dos indgenas ao catolicismo. Essa aproximao dos jesutas em relao ao mundo indgena foi mediada pela a) demarcao do territrio indgena. b) manuteno da organizao familiar. c) valorizao dos lderes religiosos indgenas. d) preservao do costume das moradias coletivas. e) comunicao pela lngua geral baseada no tupi.

    Resoluo Alternativa E a) Incorreta. No perodo colonial ainda no havia a preocupao em demarcar os territrios indgenas. Embora existisse uma relao intensa de muitas tribos com os colonos e com jesutas, a explorao do territrio brasileiro ainda estava longe de ser concluda e os invasores europeus no reconheciam as terras encontradas como pertencentes aos indgenas e sim a eles, dado o carter etnocntrico do processo de ocupao europeia no Brasil. b) Incorreta. A noo de famlia foi imposta, no Brasil colonial, pelos europeus em moldes cristos. Dessa maneira no podemos medir a aproximao dos jesutas com os indgenas por este fator. c) Incorreta. A liderana indgena era na maioria dos casos legitimada pelos habitantes originais do Brasil como um misto de poder guerreiro e mstico, sendo assim os jesutas no reconheciam tais autoridades e submetiam todos os membros da tribo a seu poder catlico e europeizante. d) Incorreta. Todos os costumes indgenas so aos poucos alterados pelos jesutas. Sendo assim, as habitaes coletivas tambm so substitudas por moradias individuais ao longo da construo das misses. e) Correta. A ferramenta mais eficiente e que melhor evidencia a aproximao dos jesutas em relao ao mundo indgena a lngua geral, falada tambm pelos bandeirantes. A base para esta lngua era o tupi, acrescido a vernculos de portugus arcaico. Dessa forma, temos um dos nicos traos de rendio dos jesutas cultura indgena, aceita pelos padres para que fosse possvel a comunicao inicial entre as partes. O fim ltimo, no entanto, era fazer com que os indgenas aprendessem o portugus, embora tanto bandeirantes, como jesutas tenham continuado a usar a lngua geral por todo o perodo colonial, quando queriam conversar sem serem entendidos por estranhos que desconheciam tal lngua.

    QUESTO 10 Estatuto da Frente Negra Brasileira (FNB)

    Art. 1 - Fica fundada nesta cidade de So Paulo, para se irradiar por todo o Brasil, a Frente Negra Brasileira, unio poltica e social da Gente Negra Nacional, para a afirmao dos direitos histricos da mesma, em virtude da sua atividade material e moral no passado e para reivindicao de seus direitos sociais e polticos, atuais, na Comunho Brasileira.

    Dirio Oficial do Estado de So Paulo, 4 nov. 1931.

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    Quando foi fechada pela ditadura do Estado Novo, em 1937, a FNB caracterizava-se como uma organizao a) poltica, engajada na luta por direitos sociais para a populao negra no Brasil. b) beneficente, dedicada ao auxlio dos negros pobres brasileiros depois da abolio. c) paramilitar, voltada para o alistamento de negros na luta contra as oligarquias regionais. d) democrtico-liberal, envolvida na Revoluo Constitucionalista conduzida a partir de So Paulo. e) internacionalista, ligada exaltao da identidade das populaes africanas em situao de dispora.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. Fundada em setembro de 1931, a Frente Negra Brasileira contava com a participao colaborativa de outras associaes e deixava clara, para si, a misso de defender e reivindicao a integridade do cidados brasileiros negros. b) Incorreta. Pautada no objetivo de constituir uma nova imagem a respeito do cidado negro, a FNB apresentou iniciativas que, na verdade estavam relacionadas educao e entretenimento, assim como discusses polticas de entre seus membros. c) Incorreta. Apesar da mentalidade militarista que marcou todo o perodo Entre-Guerras, conforme dissemos, o foco desta organizao estava na cultura e conscincia poltica de grupo. d) Incorreto. Segundo a Mestre em Histria Cultural pela Universidade de Braslia (UnB), especialista em docncia de Histria e Cultura africanas pela Universidade Estadual de Gois (UEG), no artigo MORTE R...PBLICA FRENTE NEGRA BRASILEIRA: MONARQUISMO PAULISTA NO SCULO XX, o movimento da FNB tinha tendncias polticas para o monarquismo e via a repblica como desmoralizadora e propcia ao anarquismo. e) Incorreto. No sentido contrrio do apontado pela alternativa, este grupo apresentava, na verdade, fortes aspectos de regionalismo em seu discurso.

    QUESTO 11 No sculo XIX, o preo mais alto dos terrenos situados no centro das cidades causa da especializao dos bairros e de sua diferenciao social. Muitas pessoas, que no tm meios de pagar os altos aluguis dos bairros elegantes, so progressivamente rejeitadas para a periferia, como os subrbios e os bairros mais afastados.

    RMOND, R. O sculo XIX. So Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado). Uma consequncia geogrfica do processo socioespacial descrito no texto a a) criao de condomnios fechados de moradia. b) decadncia das reas centrais de comrcio popular. c) acelerao do processo conhecido como cercamento. d) ampliao do tempo de deslocamento dirio da populao. e) conteno da ocupao de espaos sem infraestrutura.

    Resoluo Alternativa D a) Incorreta. A criao dos condomnios fechados est associada a uma busca por segurana e melhoria da qualidade de vida das populaes mais abastadas. Embora a maioria desses condomnios esteja localizada nas regies perifricas, no se pode dizer que sejam consequncia da periferizao, so apenas uma das formas pela qual essa periferizao ocorre. b) Incorreta. Uma tendncia da decadncia das reas centrais o aumento do comrcio popular nessas reas (outrora centralizadoras dos principais servios e comrcio). Isso se d, pois o crescimento urbano gera a criao de vrios subcentros, com as disperso das atividades econmicas. c) Incorreta. O processo de cercamento citado no texto deve fazer referncia ao incio do estabelecimento das paisagens de defesa (instalao de muros altos, cercas e proliferao dos equipamentos de segurana nas residncias e condomnios). Atualmente, esse tipo de paisagem est bastante presente nas grandes cidades, sendo mais visveis e expressivos nos condomnios fechados da periferia. No entanto, a proliferao desse tipo de cercamento devido ao aumento da violncia urbana, numa busca por segurana, no sendo consequncia da periferizao. d) Correta. O processo de periferizao das grandes cidades est associada ao crescimento da populao urbana, alm de um intenso processo de especulao imobiliria. Esse processo, denominado urban sprawl ou espraiamento urbano, leva a populao a uma hipermobilidade, com o aumento constante do tempo de deslocamento dirio, sobretudo nos percursos casa-trabalho.

    e) Incorreta. A periferizao das grandes cidades, como o prprio texto j diz, sobretudo quando se refere populao de baixa renda, fruto do alto valor das propriedades nas regies mais centrais, associado a um processo de especulao imobiliria. O aumento dos bairros de baixa renda nas regies mais perifricas no est associada, portanto, a qualquer tipo de poltica de conteno de ocupao de espaos sem infraestrutura, tanto que uma grande parcela da populao urbana (principalmente nos pases subdesenvolvidos) reside em reas de risco e/ou irregulares.

    QUESTO 12 Trs dcadas de 1884 a 1914 separaram o sculo XIX que terminou com a corrida dos pases europeus para a frica e com o surgimento dos movimentos de unificao nacional na Europa do sculo XX, que comeou com a Primeira Guerra Mundial. o perodo do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na sia e na frica.

    ARENDT, H. As origens do totalitarismo. So Paulo: Cia. Das Letras, 2012. O processo histrico citado contribuiu para a ecloso da Primeira Grande Guerra na medida em que a) difundiu as teorias socialistas b) acirrou as disputas territoriais. c) superou as crises econmicas. d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenfobos.

    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. As teorias socialistas, embora viessem ganhando importncia na poca citada, no moldaram as aes dos governos europeus em relao expanso territorial. Os valores difundidos pelo processo descrito so outros, como o poder aristocrtico, a industrializao e o darwinismo social. b) Correta. O avano industrializante da Europa no sculo XIX, caracterizado pela Segunda Revoluo Industrial, levou necessidade de novos mercados. Como a Amrica tinha acabado de passar por processos de independncia e contava com a proteo forada pelos Estados Unidos (Doutrina Monroe), esgotada por sculos de colonizao do sculo XVI ao XIX, no representava uma opo para o neocolonialismo. Sendo assim, o olhar da Europa sobre frica e sia foi inevitvel no contexto da disputa por novas colnias. Enquanto isso na Europa reinava o esprito da Belle poque, ou seja, a euforia em relao ao luxo e ao entretenimento urbano, a calma e a tranquilidade dos ambientes buclicos sustentados na crena da populao em relao vernica fora da indstria europeia. Disso resultou a chamada Paz Armada, perodo caracterizado pela corrida armamentista e pela defesa tensa de cada novo territrio conquistado. Curiosamente, a Europa acreditava que haveria mais paz quanto mais preparados para a guerra os pases estivessem. Muitos historiadores usam a imagem da Europa como um grande barril de plvora, prestes a explodir, por conta das tenses geradas pelo processo de expanso. O resultado parecia inevitvel. A Primeira Guerra Mundial, como afirma a autora no excerto da questo, inicia em 1914, justamente como fruto da corrida por novas colnias, que envolveu at mesmo as regies dos Blcs, pertencentes por longo tempo ao Imprio Turco e que desde fins do sculo XIX apresentava desejos de emancipao. Ao intervir nesse processo, disputando a influncia sobre cada uma dessas regies que o Imprio Austro-Hngaro deflagra a guerra, que rapidamente envolve as outras grandes potncias interessadas. c) Incorreta. As crises econmicas existentes passaram por um perodo mais estvel durante as primeiras ondas de expanso, mas estavam longe de serem resolvidas e acabaram se agravando com a advento da Primeira Guerra Mundial, levando destruio do parque industrial da maioria dos pases europeus que, inclusive, necessitaram de ajuda norte-americana para a reconstruo. Sendo assim, aconteceu o contrrio do que afirma a alternativa. d) Incorreta. No h conflitos religiosos expressivos a ponto de concorrer com os atritos em decorrncia da expanso territorial no perodo. e) Incorreta. Devido ao Darwinismo Social, principal doutrina usada para justificar a crena na superioridade europeia, as aes afirmativas em relao inferioridade dos povos dominados pelos europeus no contexto do neocolonialismo, aumentaram. Dentre suas manifestaes est a xenofobia, que, portanto, aumentou ao contrrio do que afirma a alternativa.

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    QUESTO 13 Alguns dos desejos so naturais e necessrios; outros, naturais e no necessrios; outros, nem naturais nem necessrios, mas nascidos de v opinio. Os desejos que no nos trazem dor se no satisfeitos no so necessrios, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando difcil obter sua satisfao ou parecerem geradores de dano.

    EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.

    No fragmento da obra filosfica de Epicuro, o homem tem como fim a) alcanar o prazer moderado e a felicidade. b) valorizar os deveres e as obrigaes sociais. c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignao. d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. e) defender a indiferena e a impossibilidade de se atingir o saber.

    Resoluo Alternativa A O excerto de Epicuro fala dos tipos de desejos humanos. Seu raciocnio demonstra que para refletir sobre os desejos, podemos primeiro responder pergunta: se eu no realizar esse desejo, vou sentir dor? Caso a resposta seja no, Epicuro afirma que somos perfeitamente capazes de controlar o impulso de realizar o desejo, se ele for causar danos ou se ele for difcil de satisfazer. Assim, o excerto mostra a importncia que o filsofo d anlise ponderada dos desejos a serem satisfeitos, de acordo principalmente com as consequncias que sua satisfao ou no satisfao traro ao sujeito que deseja e realiza. Tal discernimento est no cerne da teoria de Epicuro, que coloca a busca do prazer e da felicidade como sentido da vida humana. Esta teoria enfatiza, no entanto, que o prazer em questo no pode ser a mera satisfao irrestrita das vontades humanas, mas o prazer do sbio, caracterizado pela moderao, pelo controle das emoes e por evitar os excessos, sendo, portanto, correta a alternativa A e incorreta a alternativa C. A alternativa D contradiz um princpio bsico do epicurismo, que justamente a ideia de que os deuses vivem num mundo perfeito, no se ocupando das irrelevantes questes humanas. O texto no fala dos deveres e obrigaes sociais, nem da posio do epicurismo sobre o saber, sendo inadequadas resposta portanto as alternativas B e E.

    QUESTO 14

    SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponvel em:

    http://fil.cfh.ufsc.br. Acesso em: 20 mar. 2013.

    No centro da imagem, o filsofo Plato retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instncia na qual o homem descobre a a) suspenso do juzo como reveladora da verdade. b) realidade inteligvel por meio do mtodo dialtico. c) salvao da condio mortal pelo poder de Deus. d) essncia das coisas sensveis no intelecto divino. e) ordem intrnseca ao mundo por meio da sensibilidade.

    Resoluo Alternativa B A teoria das ideias de Plato aponta para a existncia de dois mundos: o mundo sensvel, composto pelo que seramos capazes de apreender com nosso sentidos, e o mundo inteligvel, ou mundo das ideias, em que estariam as formas perfeitas e ideais, ou seja, as essncias que definiriam os seres. Por exemplo, somos capazes de apreender com nosso sentidos diversos tipos de cadeiras diferentes, mas h uma srie de caractersticas que definem o que significa ser uma cadeira. Esse conjunto de caractersticas corresponde ideia de cadeira, que

    estaria no mundo inteligvel de Plato. O processo de conhecimento foi ilustrado por Plato atravs de seu mito da caverna. Para ele, o conhecimento ocorre quando o homem capaz de vislumbrar o mundo intelgivel, livrando-se das falsas impresses dos sentidos e opinies do mundo sensvel, o que s possvel atravs da filosofia, ou, mais precisamente, da dialtica. Assim, a alternativa correta a B, pois na imagem o personagem faz referncia a este mundo superior com seu gesto. As alternativas C e D associam o conhecimento a Deus, o que no cabvel quando se trata de teoria platnica antiga, j que o cristianismo s surgiu sculos aps a existncia deste filsofo. A alternativa E contradiz a teoria platnica, uma vez que afirma que o conhecimento se daria atravs da sensibilidade, e Plato afirma que para chegar ao conhecimento os sentidos devem ser superados. Por fim, a suspenso de juzo um conceito caro aos cticos gregos antigos, no platnica, o que invalida a alternativa A.

    QUESTO 15 Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram o nvel e o volume do mar por muitos sculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e expandir a produo de algodo irrigado aumentou a dependncia de vrias repblicas da sia Central da irrigao e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio crescente de gua para a irrigao, acarretando reduo drstica do volume de tributrios do Mar de Aral. Foi criado na sia Central um novo deserto, com mais de 5 milhes de hectares, como resultado da reduo em volume.

    TUNDISI, J.G. guia no sculo XXI: enfrentando a escassez. So Carlos: Rima, 2003.

    A intensa interferncia humana na regio descrita provocou o surgimento de uma rea desrtica em decorrncia da a) eroso. b) salinizao. c) laterizao. d) compactao. e) sedimentao.

    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. O processo de eroso consiste na retirada e transporte de sedimentos das rochas e do solo. O desvio dos rios tributrios do Mar de Aral para a irrigao de plantaes de algodo interferiu no processo erosivo, contudo no isto que explica o surgimento de uma rea desrtica mas sim o aumento da concentrao de sal. b) Correta. O processo de salinizao consiste no aumento de concentrao de sal no solo decorrente de prticas agrcolas inadequadas em reas tropicais, ridas ou semiridas, sendo um bom exemplo o desvio das guas dos tributrios do Mar de Aral citada pelo texto introdutrio da questo. O desvio das guas dos rios Amu Dria e Syr Dria foi realizada pela Unio Sovitica durante o perodo da Guerra Fria com o intuito de possibilitar a irrigao das plantaes, principalmente as de algodo, em reas semiridas com vistas a fornecer matria prima para as indstrias txteis que produziam fardas para o exrcito sovitico. Tal ao diminuiu a quantidade de gua que chegava no Mar de Aral. Como o clima da regio semirido, a evaporao da gua do Mar passou a ser maior do que a quantidade de gua doce que chegava no mar levando diminuio da rea do Mar e ao aumento na quantidade de sal, causando um dos maiores impactos ambientais decorrentes da ao antrpica. c) Incorreta. O processo de laterizao consiste no aumento da concentrao de Ferro e Alumnio nas camadas superiores do solo e comum em reas tropicais onde o solo apresenta-se com bastante profundidade, decorrente do intenso processo de intemperismo qumico aliado grande quantidade de precipitao. No este o caso da regio descrita pelo texto regio temperada. d) Incorreta. O processo de compactao do solo decorre do uso intensivo de maquinrio agrcola ou do pisoteio do gado. Tais atividades no eram comuns na rea destacada pelo texto. e) Incorreta. O processo de sedimentao, que consiste no acmulo de sedimentos em determinadas reas, no resulta na formao de desertos.

    QUESTO 16 o carter radical do que se procura que exige a radicalizao do prprio processo de busca. Se todo o espao for ocupado pela dvida, qualquer certeza que aparecer a partir da ter sido de alguma forma gerada pela prpria dvida, e no ser seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dvida.

    SILVA, F. L. Descartes: a metafsica da modernidade. So Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

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    Apesar de questionar os conceitos da tradio, a dvida radical da filosofia cartesiana tem carter positivo por contribuir para o(a) a) dissoluo do saber cientfico. b) recuperao dos antigos juzos. c) exaltao do pensamento clssico. d) surgimento do conhecimento inabalvel. e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.

    Resoluo Alternativa D A prtica da dvida sistemtica preceito central do mtodo cartesiano. Assim, o pensamento de Descartes acaba por entrar em choque com maneiras de pensar que se ancorem em dogmas, o que elimina a alternativa E, e ter uma postura crtica tambm em relao s tradies a aos cnones do pensamento, o que invalida as alternativas B e C. Alm da prtica da dvida, no entanto, um dos pressupostos da teoria do conhecimento de Descartes que seja possvel chegar verdade, ainda que ela possa ser provisria por estar sempre sob a perspectiva de ser questionada, o que torna a incorreta alternativa A e correta a alternativa D.

    QUESTO 17

    NEVES, E. Engraxate. Disponvel em: www.grafar.blogspot.com.

    Acesso em: 15 fev. 2013. Considerando-se a dinmica entre tecnologia e organizao do trabalho, a representao contida no cartum caracterizada pelo pessimismo em relao a) ideia de progresso. b) concentrao do capital. c) noo de sustentabilidade. d) organizao dos sindicatos. e) obsolescncia dos equipamentos.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. O desenvolvimento da tecnologia na produo industrial vem sendo marcada pelo aumento da automao dos processos, o que aumenta a produtividade e lucratividade, mas gera desemprego estrutural. Assim sendo, a ideia de progresso traz consigo um pessimismo inerente, pois os avanos tecnolgicos e de desenvolvimento econmico, tambm levam ao aumento do desemprego estrutural e da desigualdade. b) Incorreta. O advento e desenvolvimento constante da tecnologia de produo permite um aumento da lucratividade e gera maior concentrao de capital, no entanto, no se pode dizer que h um pessimismo relativo a isso expresso pela charge. c) Incorreta. A noo de sustentabilidade est associada ideia de promover o desenvolvimento sem prejudicar as geraes futuras. No h nenhum elemento na charge que remeta a essa noo. d) Incorreta. A charge faz referncia ao aumento da automao e o consequente desemprego estrutural. Assim sendo, no haveria um pessimismo sobre a organizao dos sindicatos, que aumentaria o poder de luta por direitos da classe trabalhadora. Vale ressaltar que uma das tendncias do atual processo produtivo a flexibilizao do trabalho e o enfraquecimento dos sindicatos. e) Incorreta. A charge faz referncia ao aumento da automao industrial, esse processo vem sendo marcado por uma modernizao cada vez maior dos equipamentos. O cuidado com as mquinas pode ser notado na prpria charge, onde o trabalhador engraxate de um rob, ou seja, no h um pessimismo quanto a uma possvel obsolescncia dos equipamentos.

    QUESTO 18 Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situao da economia cafeeira se apresentava como se segue. A produo, que se encontrava em altos nveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores haviam continuado a expandir as plantaes at aquele momento. Com efeito, a produo mxima seria alcanada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depresso, como reflexo das grandes plantaes de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossvel obter crdito no exterior para financiar a reteno de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depresso, e o crdito do governo desaparece com a evaporao das reservas.

    FURTADO, C. Formao econmica do Brasil. So Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).

    Uma resposta do Estado brasileira conjuntura economia mencionada foi o (a) a) atrao de empresas estrangeiras. b) reformulao do sistema fundirio. c) incremento da mo de obra imigrante. d) desenvolvimento de poltica industrial. e) financiamento de pequenos agricultores.

    Resoluo Alternativa D a) Incorreta. O projeto econmico de Getlio Vargas, presidente do Brasil pelos quinze anos iniciados logo aps a Crise de 1929, era nacionalista e seu governo marcado, portanto, pela luta contra as multinacionais e pela regulamentao da remessa de lucros por aquelas que j estavam no Brasil antes de seu governo. b) Incorreta. O sistema fundirio no Brasil continuou mantendo suas bases latifundirio-oligrquicas j que Vargas, embora tenha apresentado ideias novas com a Aliana Liberal, mantinha o chamado Estado de Compromisso, onde garantia a continuidade do poder local na rea rural. No cenrio da Crise de 1929, portanto, qualquer alterao no sistema de distribuio de terras seria impensado. c) Incorreta. A poltica de Vargas em relao imigrao era de proibir ou pelo menos dificultar a vinda de imigrantes, fato comprovado pelo decreto de 1930 a esse respeito. Alm disso, outros fatores contriburam para o declnio da imigrao, tais como a migrao entre pases europeus e a prpria Crise de 1929. d) Correta. A Era Vargas marcada justamente por um empenho maior em concretizar um projeto industrial nacionalista para o Brasil do que qualquer outro verificado at ento. Tal projeto tem seu auge em 1941 quando, a partir de emprstimos dos Estados Unidos, Vargas consegue os recursos para a concretizao dos ideias industrializantes estatais, tais como, para citar alguns exemplos a construo da Companhia Siderrgica Nacional (1941), A Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fbrica Nacional de Motores (1943), a Companhia Nacional de lcalis (1943) e a Companhia Hidroeltrica do So Francisco (1945). Assim, a industrializao foi o caminho adotado para a Crise de 1929 pelo Brasil, justificando esta alternativa. e) Incorreta. Dada a magnitude do projeto econmico de Vargas, bem como o Estado de Compromisso com os latifundirios, os pequenos agricultores no eram alvo da poltica econmica do governo, mantendo-se neste sentido, quando muito, com pequenos subsdios pontuais nas pocas de seca (principalmente 1932 e 1942) eventualmente concedidos pelo governo, mas que no so suficientes para caracterizar uma ao direcionada a este setor.

    QUESTO 19

    PAIVA, M. Disponvel em: www.redes.unb.br. Acesso em: 25 maio 2014.

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    A discusso levantada na charge, publicada logo aps a promulgao da Constituio de 1988, faz referncia ao seguinte conjunto de direitos: a) Civis, como o direito vida, liberdade de expresso e propriedade. b) Sociais, como direito educao, ao trabalho e proteo maternidade e infncia. c) Difusos, como direito paz, ao desenvolvimento sustentvel e ao meio ambiente saudvel. d) Coletivos, como direito organizao sindical, participao partidria e expresso religiosa. e) Polticos, como o direito de votar e ser votado, soberania popular e participao democrtica.

    Resoluo Alternativa B Os argumentos apresentados na charge nos induzem a pensarmos sobre as diferenas existentes entre os direitos civis e sociais. A princpio devemos nos lembrar que os direitos civis so direitos reservados aos cidados pertencentes a estados modernos, livres e democrticos, nascidos ou reestruturados luz do iluminismo filosfico e poltico, e que so parte dos atuais direitos humanos. Os direitos civis derivam dos direitos humanos, e pressupem prerrogativas de liberdade individual, direito propriedade, direito de livre expresso, direito liberdade de profisso de f, bem como o direito de ir e vir. Tais direitos derivam de argumentos filosficos como os defendidos pelo Iluminista John Locke (16321704), que dizia em sua obra Dois tratados sobre o governoi que os direitos vida, liberdade e propriedade deveriam ser convertidos em direitos civis e protegidos pelo estado como parte de um contrato social. Os direitos sociais so exatamente parte desta ao do estado em direo proteo e cumprimento destes direitos amplos. Podemos ento dizer que os direitos sociais so menos filosficos e mais prticos, aparecem traduzidos na constituio brasileira como o conjunto de direitos que possibilitam melhores condies de vida aos homens, garantindo a equalizao de situaes sociais desiguais, permitindo assim que todos tenham as condies necessrias para ter assegurados seus direitos civis plenos.

    Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio.

    a) Incorreta. Os direitos civis so direitos plenos que norteiam os direitos Humanos e nossa constituio. b) Correta. Os direitos sociais permitem a existncia plena civil, poltica e humana, uma vez que todos teriam assegurada atravs deles a igualdade social plena. c) Incorreta. Os direitos difusos so definidos na constituio brasileira como os direitos de todos, indivisveis e que no podem ser mensurados e quantificados individualmente (exemplo: direito a um meio ambiente equilibrado) e cujos prejuzos de uma eventual reparao de dano no podem ser individualmente calculados. A Charge no menciona um direito to genrico como este. d) Incorreta. Os direitos coletivos trazem em si a ideia de coletividade em que todos partilham de uma mesma situao jurdica. A charge tambm no remete a isto. e) Incorreta. A charge no parte da discusso do direito ao exerccio poltico (votar ou ser votado, por exemplo). 1 LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. So Paulo: Martins Fontes, 1998

    QUESTO 20 Todo homem de bom juzo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecer que um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinao; tanto mais que h tantos outros acidentes que diariamente podem a ocorrer que seria coisa pavorosa queles que a navegam querer p-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.

    J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. Histria do medo no Ocidente: 1300-1800. So Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

    Esse relato, associado ao imaginrio das viagens martimas da poca moderna, expressa um sentimento de a) gosto pela aventura. b) fascnio pelo fantstico. c) temor do desconhecido. d) interesse pela natureza. e) purgao dos pecados.

    Resoluo Alternativa C a) Incorreta. Em momento algum o documento citado apresenta qualquer tipo de adjetivo ou termo que venha a enaltecer a prtica aventureira. b) Incorreta. Apesar de constar como parte intrnseca mentalidade do perodo, a narrativa fantstica causava maior temor do que fascnio entre estas pessoas, para quem a religio era tida como pilar para compreender a realidade. c) Correto. A anlise dos documentos deste perodo permitiu aos historiadores estabelecer o consenso a respeito do enorme temor que este mundo desconhecido exercia sobre o homem europeu moderno. Algo que reforado pelo prprio texto que ao afirmar que seria coisa pavorosa queles que a navegam querer p-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. defende que os aventureiros devem evitar pensar em tais ideias. d) Incorreta. Em momento algum o texto apresenta qualquer tipo de palavra que possa sugerir tal ideia. e) Incorreta. Apesar de ser parte presente na mentalidade crist do homem moderno, necessrio entender que tal discurso no se encontra presente no relato citado.

    QUESTO 21 TEXTO I Olhamos o homem alheio s atividades pblicas no como algum que cuida apenas de seus prprios interesses, mas como um intil; ns, cidados atenienses, decidimos as questes pblicas por ns mesmos na crena de que no o debate que empecilho ao, e sim o fato de que no se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ao.

    TUCDIDES. Histria da Guerra do Peloponeso. Brasila: UnB, 1987 (adaptado). TEXTO II Um cidado integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justia e exercer funes pblicas; algumas destas, todavia, so limitadas quanto ao tempo de exerccio, de tal modo que no podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem s-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados.

    ARISTTELES. Poltica. Braslia: UnB, 1985. Comparando os textos I e II, tanto para Tucdides (no sculo V a.C.) quanto para Aristteles (no sculo IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a) a) prestgio social. b) acmulo de riqueza. c) participao poltica. d) local de nascimento. e) grupo de parentesco.

    Resoluo Alternativa C a) Incorreta. Embora o prestgio social influsse na candidatura de um cidado grego a cargos polticos, no pode ser considerado como fator definidor da cidadania. b) Incorreta. O acmulo de riquezas no era um fator levado em conta na definio da cidadania, segundo os princpios da Grcia Antiga e por conseguinte em Atenas. Lembramos que pertencer ao grupo dos euptridas no significa ser rico, pois a noo de riqueza pautada no acmulo pecunirio um conceito posterior. c) Correta. Os autores citados tratam como o fator mais importante para a cidadania, a participao poltica. Alm do que est expresso no texto, sabemos que os cidados atenienses tinham na Assembleia a fora administrativa. Para que o sistema funcionasse era necessria a participao dos cidados, que, no entanto, no eram a totalidade da populao, mas sim uma minoria. d) Incorreta. Embora o local de nascimento fosse um dos fatores definidores da cidadania, os autores no abordam essa questo nos excertos. e) Incorreta. O grupo de parentesco, ou seja, a famlia qual pertence um membro da sociedade, era um fator definidor de cidadania. Por exemplo, s era considerado cidado o homem pertencente a uma famlia euptrida. Assim, escravos e homens livres oriundos de famlias pertencentes a outros estratos sociais no eram considerados cidados. De qualquer forma, os autores no contemplam tal questo nos excertos apresentados, se atendo apenas participao poltica que figura no item C.

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    QUESTO 22 Antes de o sol comear a esquentar as terras da faixa ao sul do Saara conhecida como Sahel, duas dezenas de mulheres da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas e verduras alimentam a populao local. um pequeno terreno que, visto do cu, forma uma mancha verde um dos primeiros pedaos da Grande Muralha Verde, barreira vegetal que se estender por 7000 km do Senegal ao Djibuti, e parte de uma plano conjunto de vinte pases africanos.

    GIORGI, J. Muralha Verde. Folha de S. Paulo. 20 maio 2013 (adaptado). O projeto ambiental descrito proporciona a seguinte consequncia regional imediata: a) Facilita as trocas comerciais. b) Soluciona os conflitos fundirios. c) Restringe a diversidade biolgica. d) Fomenta a atividade de pastoreio. e) Evita a expanso da desertificao.

    Resoluo Alternativa E O texto cita um projeto desenvolvido pela UA - Unio Africana e apoiado pela ONU - Organizao das Naes Unidas, o projeto Grande Muralha Verde, no qual o principal objetivo consiste em plantar rvores em uma longa faixa do Sahel africano para conter a expanso do mais extenso deserto quente do mundo o Saara. a) Incorreta. O objetivo principal inicial no o de fomentar ou facilitar trocas comercias, mas sim conter o avano da desertificao da regio do Sahel. b) Incorreta. O projeto no visa administrar as tenses fundirias e os conflitos no campo e sim conter o avano da desertificao. c) Incorreta. O replantio pressupe reconstruir parte da diversidade natural biolgica da regio perdida com o desmatamento. d) Incorreta. O projeto no visa incentivar ou fomentar as atividades de pastoreio na regio mas sim conter o avano da desertificao. e) Correta. O projeto visa conter o avano da desertificao a partir do replantio de uma extensa faixa vegetal que serviria para conter o avano da aridez.

    QUESTO 23

    Fon-fonl, ano IV, n.36, 3 set. 1910. Disponvel em: objdigital.bn.br. Acesso em: 4 abr. 2014.

    A charge, datada de 1910, ao retratar a implantao da rede telefnica no Brasil, indica que esta a) permitiria aos ndios se apropriarem da telefonia mvel. b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos indgenas. c) faria a comunicao sem rudos entre grupos sociais distintos. d) restringiria a sua rea de atendimento aos estados do norte do pas. e) possibilitaria a integrao das diferentes regies do territrio nacional.

    Resoluo Alternativa E a) Incorreta. As polticas nacionais deste perodo eram excludentes com relao aos ndios, os quais tinham apenas um pobre esteretipo de sua imagem representado na charge. Algo que ganhava ainda mais fora, quando relacionado com a perspectiva do darwinismo social (desenvolvida na Europa por H. Spencer e disseminada no pas por intelectuais como Conde Gobineau) e suscitava a noo destes povos como inferiores cultura europeizada, importada pelas elites brasileiras. b) Incorreta. Conforme dissemos, a excluso dos amerndios no processo de desenvolvimento social e econmico do pas terminam por deixar de lado tal tipo de possibilidade. c) Incorreta. Nesta alternativa a concepo do termo rudo no fica muito claro, j que pode ser entendido como o rudo resultante da

    instalao fsica do dispositivo, assim como problemas na apresentao de conceitos claros entre personagens de diferentes grupos sociais. De qualquer forma, nenhuma das duas concepes se aplica interpretao da charge, na qual no h elementos capazes de propiciar a ideia de problemas de comunicao. d) Incorreta. Tal fato no se aplica, j que em um dos braos dos amerndio representado possvel notar a referncia regio sul do pas e a Bacia do Prata. e) Correta. A presena de fios que ligam os extremos do corpo deste gigante indgena que representa o vasto territrio brasileiro refora a ideia de que estas novas redes de comunicao chegavam com objetivo de viabilizar uma maior comunicao entre regies que estavam separadas pelas grandes extenses de terra no Brasil.

    QUESTO 24 Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostram-me na igreja da minha terra Um Paraso com harpas pintado E o inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de jbilo, o outro me aterra.

    VILLON, F. In: GOMBRICH, E. Histria da arte. Lisboa: LTC, 1999. Os versos do poeta francs Franois Villon fazem referncia s imagens presentes nos templos catlicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristos. b) incorporar ideais herticos. c) educar os fiis atravs do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas catlicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

    Resoluo Alternativa C a) Incorreta. Durante a Idade Mdia no inteno da Igreja Catlica refinar o gosto artstico dos fiis, at porque nesse sentido a arte defendida pela Igreja deve ser annima e voltada aos princpios do Teocentrismo. Nesse sentido pintura, escultura e msica devem atender apenas contemplao divina e no devem ser em si o objeto de contemplao. b) Incorreta. As heresias so todas as ideias e aes que vo contra o dogma da Igreja Catlica, portanto suas ideias jamais seriam incorporadas pela instituio. c) Correta. A Igreja Medieval usou habilmente a arquitetura e a arte para fins educativos para seus fiis. Porm a educao pretendida no era no sentido de refinamento artstico e sim para fins de catequese. Atravs do jogo entre medo e contemplao, escurido e luz, os fiis eram educados pelo olhar, numa sociedade que alm de tudo era composta em quase sua totalidade por analfabetos. d) Incorreta. A Igreja condenava a autoria na arte, pois atravs do anonimato o homem no cometeria os pecados referentes soberba ou vaidade e o objeto de adorao no seria a obra de arte em si, mas seu sentido como meio de adorao a Deus. Exemplos disso so as iluminuras, a estaturia, a arquitetura e as partituras de canto gregoriano medievais das quais no temos quase nenhuma informao sobre as autorias. e) Incorreta. O aprimoramento esttico das catedrais mais evidente a partir do Renascimento, e ainda assim com sentido catequtico. No h por parte da Igreja interesse na valorizao esttica atravs da arte gratuitamente.

    QUESTO 25

    Disponvel em: www.banktrack.org. Acesso em: 7 maio 2013 (adaptado).

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    A imagem indica pontos com ativo uso de tecnologia, correspondentes a que processo de interveno no espao? a) Expanso das reas agricultveis, com uso intensivo de maquinrio e insumos agrcolas. b) Recuperao de guas eutrofizadas em decorrncia da contaminao por esgoto domstico. c) Ampliao da capacidade de gerao de energia, com alterao do ecossistema local. d) Impermeabilizao do solo pela construo civil nas reas de expanso urbana. e) Criao recente de grandes parques industriais de mediano potencial poluidor.

    Resoluo Alternativa C A questo apresenta um mapa que traz trs complexos de gerao de energia presentes no territrio brasileiro, no Par a usina hidreltrica de Tucuru, em Rondnia as Usinas hidreltricas de Jirau e Santo Antnio e no Rio de Janeiro as Usinas Nucleares de Angra dos Reis. Se o Mapa da questo apresentasse legenda, teramos um mapa semelhante ao que vem a seguir:

    Tal elemento nos permitiria chegar alternativa (C) como nica correta, pois de fato tratam-se de reas de gerao de energia que trazem mudanas ecossistmicas ao seu entorno. Sendo assim: a) Incorreta. No se tratam de reas agrcolas, pois remetem a regies de produo de energia. b) Incorreta. No se tratam de reas de tratamento de esgoto, pois remetem a regies de produo de energia. c) Correta. Conforme descrito acima, so reas de produo de energia. d) Incorreta. No se tratam de reas urbanas, pois remetem a regies de produo de energia. e) Incorreta. No se tratam de reas industriais, pois remetem a regies de produo de energia.

    QUESTO 26 A conveco na Regio Amaznica um importante mecanismo da atmosfera tropical e sua variao, em termos de intensidade e posio, tem um papel importante na determinao do tempo e do clima dessa regio. A nebulosidade e o regime de precipitao determinam o clima da Amaznia.

    FISCH, G.; MARENGO, J. A.; NOBRE, C. A. Uma reviso geral sobre o clima da Amaznia. Acta Amaznica, v. 28, n. 2, 1998 (adaptado).

    O mecanismo climtico regional descrito est associado caracterstica do espao fsico de a) resfriamento da umidade da superfcie. b) variao da amplitude de temperatura. c) disperso dos ventos contra-alsios. d) existncia de barreiras de relevo. e) convergncia de fluxos de ar.

    Resoluo Alternativa E a) Incorreta. Um dos mecanismos responsveis pela conveco na regio Amaznica o aquecimento diurno da superfcie, que ocasiona a evapotranspirao e aumento da umidade do ar. b) Incorreta. A amplitude trmica na regio amaznica predominantemente baixa, tanto a anual quanto a diria. A baixa amplitude trmica anual explicada pela baixa latitude da regio e a diria pode ser entendida a partir da elevada umidade presente no ar,

    que dificulta a dissipao do calor durante a noite. Assim sendo, no se pode falar em variao da amplitude trmica como mecanismo principal das conveces na Amaznia. c) Incorreta. Os ventos contra-alsios pouco interferem no clima da Amaznia, uma vez que a sua disperso ocorre nas camadas superiores da atmosfera. Os ventos responsveis pela elevada nebulosidade e precipitao na regio amaznica so ventos alsios, que para l convergem. d) Incorreta. O relevo predominante na Amaznia de terras baixas e pouco acidentadas, assim sendo as chuvas orogrficas (chuvas de relevo) no so significativas na precipitao total da regio amaznica. e) Correta. Por ser uma rea de baixa latitude, de alta temperatura e baixa presso, verifica-se nessa regio a convergncia de ventos que saem das regies tropicais, carregando umidade. A ascenso dessa umidade a maior responsvel pelas chuvas convectivas na regio. Observao: a questo apresenta-se de forma confusa, dando margem para mltiplas possibilidades de interpretao. O prprio texto original de onde foi retirado esse excerto afirma que a nebulosidade e o regime de precipitao determinam o clima amaznico, sendo que suas caractersticas so resultado de um complexo de sistemas de interaes de fenmenos meteorolgicos (grifo nosso). Assim sendo, a questo torna-se imprecisa ao limitar o mecanismo climtico da regio amaznica a um nico elemento. (https://acta.inpa.gov.br/fasciculos/28-2/PDF/v28n2a01.pdf)

    QUESTO 27

    Disponvel em: www.telescopionaescola.pro.br. Acesso em: 3 abr. 2014 (adaptado).

    A partir da anlise da imagem, o aparecimento da Dorsal Mesoatlntica est associada ao(). a) separao da Pangeia a partir do perodo Permiano. b) deslocamento de fraturas no perodo Trissico. c) afastamento da Europa no perodo Jurssico. d) formao do Atlntico Sul no perodo Cretceo. e) constituio de orogneses no perodo Quaternrio.

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    Resoluo Alternativa D O enunciado enftico ao dizer a partir da anlise da imagem. Considerando isso, a sequncia apresentada pela questo parte do perodo permiano, h 225 milhes de anos, quando todos os continentes estavam juntos formando a Pangeia termo de origem grega que significa toda a Terra at a configurao atual dos continentes no perodo quaternrio da era cenozoica. Pela sequncia de imagens possvel verificar o surgimento da Dorsal Mesoatlntica no Cretceo, h 65 milhes de anos, momento em que o movimento divergente das placas Sul-americana e Norte-americana em relao s placas Euroasitica e Africana determinou o surgimento do oceano Atlntico. O extravasamento do material magmtico na zona de acreo e sua respectiva consolidao originou a Dorsal Mesoatlntica. a) Incorreta. No possvel verificar a presena do Oceano Atlntico no perodo Permiano. Nesse momento, todos os continentes juntos formavam apenas um continente: a Pangeia. b) Incorreta. No perodo Trissico, ainda no havia iniciado a separao das placas que formariam a dorsal Mesoatntica. Nesse momento, a Pangeia se fragmentou em dois continentes, a Laursia, ao norte e a Gondwana, ao sul. c) Incorreta. O afastamento da Europa em relao frica no perodo Jurssico no originou a dorsal Mesoatlntica. d) Correta. Como j explicado, a formao do Atlntico Sul no perodo Cretceo consolidou a formao da Dorsal Mesoatlntica. e) Incorreta. A orognese consiste em movimentos horizontais realizados pelas placas tectnicas, resultando em cadeias montanhosas recentes como o Himalaia e os Andes, por exemplo. Alm disso, tal perodo recente demais para que se forme uma unidade geomorfolgica to extensa quanto a Dorsal Mesoatlntica.

    QUESTO 28 A Comisso Nacional da Verdade (CNV) reuniu representantes de comisses estaduais e de vrias instituies para apresentar um balano dos trabalhos feitos e assinar termos de cooperao com quatro organizaes. O coordenador da CNV estima que, at o momento, a comisso examinou, por baixo, cerca de 30 milhes de pginas de documentos e fez centenas de entrevistas.

    Disponvel em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado). A notcia descreve uma iniciativa do Estado que resultou da ao de diversos movimentos sociais no Brasil diante de eventos ocorridos entre 1964 e 1988. O objetivo dessa iniciativa a) anular a anistia concedida aos chefes militares. b) rever as condenaes judiciais aos presos polticos. c) perdoar os crimes atribudos aos militantes esquerdistas. d) comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas. e) esclarecer as circunstncias de violaes aos direitos humanos.

    Resoluo Alternativa E A Comisso Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei Federal 12.528/2011 e instituda em 16 de maio de 2012, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violaes de direitos humanos ocorridas entre os anos de 1946 e 1988, a fim de efetivar o direito memria e verdade histrica e promover a reconciliao nacional (Lei 12.528/2011). O relatrio final da CNV, contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, concluses e recomendaes, dever ser entregue at 16 de dezembro de 2014. Observao: Aqui importante ressaltar que h uma impreciso no enunciado da questo ao afirmar que a CNV abrange o perodo que vai de 1964 a 1988, quando na realidade o perodo exato abrangido vai de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, incluindo a Ditadura Militar (1964-1985). a) Incorreta. A anistia concedida aos chefes militares est assegurada pelo Art. 8 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (Constituio de 1988). Sua anulao no o objetivo da CNV. b) Incorreta. O principal objetivo da CNV, no a reviso das condenaes judiciais dos presos polticos e sim esclarecer as graves violaes dos direitos humanos. c) Incorreta. Perdoar os crimes cometidos por militantes esquerdistas no objetivo da CNV. Em geral, esses crimes j foram julgados e punidos. d) Incorreta. O objetivo da CNV no tem relao alguma com a comprovao de um apoio da sociedade ao golpe militar. e) Correta. Conforme explicitado no texto, esclarecer as circunstncias de violaes aos direitos humanos o objetivo da Comisso Nacional da Verdade.

    QUESTO 29 A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto , o universo), que no se pode compreender antes de entender a lngua e conhecer os caracteres com os quais est escrito. Ele est escrito em lngua matemtica, os caracteres so tringulos, circunferncias e outras figuras geomtricas, sem cujos meios impossvel entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.

    GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. So Paulo: Abril Cultural, 1978.

    No contexto da Revoluo Cientfica do sculo XVII, assumir a posio de Galileu significava defender a a) continuidade do vnculo entre cincia e f dominante na Idade Mdia. b) necessidade de o estudo lingustico ser acompanhado do exame matemtico. c) oposio da nova fsica quantitativa aos pressupostos da filosofia escolstica. d) importncia da independncia da investigao cientfica pretendida pela Igreja. e) inadequao da matemtica para elaborar uma explicao racional da natureza.

    Resoluo Alternativa C a) Incorreta. Na verdade, a posio de Galileu terminava por romper com qualquer forma de fundamento religioso para o conhecimento, uma vez que este introduziu os trs princpios da cincia moderna, que consistem na observao, experimentao e regularidade cientfica para o estabelecimento de um conhecimento racional a respeito da natureza. Por esta razo, incorreto afirmar que sua teoria teria vindo a estabelecer um vnculo entre cincia e f. b) Incorreta. O uso da linguagem matemtica como forma de expresso das observaes e experimentos, apesar de presente nos princpios cientficos de Galileu, no devem ser aplicados nos estudos lingusticos, mas sim como forma de registrar observaes e experimentos e apresentar reflexes sobre os mesmos. c) Correta. Com sua teoria, Galileu estabelece um novo paradigma ao procedimento cientfico, uma vez que apresenta a possibilidade de quantificar a natureza. Tal fato, associado com seus estudos a respeito do movimento da Lua e do Sol, o levaram a reafirmar as ideias do heliocentrismo de Coprnico e, por consequncia, entrar em conflito direto com a proposio geocntrica da filosofia escolstica. d) Incorreta. Em momento algum a Igreja revelou pretenso em conferir independncia investigao cientfica, mas sim em estabelecer um controle ainda mais acirrado sobre a mesma. Para isso a Igreja fazia uso do Tribunal do Santo Oficio como rgo responsvel por perseguir e julgar todos que se opunham aos seus dogmas. Neste sentido, o posicionamento deste intelectual jamais poderia ser alinhado s propostas da Igreja. e) Incorreta. Ao contrrio do que apontado nesta alternativa, este intelectual defendia que a matemtica era a nica maneira adequada capaz de propiciar uma explicao racional da natureza, uma vez que no dava espao s interpretaes dbias.

    QUESTO 30 A transferncia da corte trouxe para a Amrica portuguesa a famlia real e o governo da Metrpole. Trouxe tambm, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo portugus. Personalidades diversas e funcionrios rgios continuaram embarcando para o Brasil atrs da corte, dos seus empregos e dos seus parentes aps o ano de 1808.

    NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L.F. (Org.). Histria da vida privada no Brasil. So Paulo: Cia das Letras, 1997.

    Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independncia da Amrica portuguesa por terem a) incentivado o clamor popular por liberdade. b) enfraquecido o pacto de dominao metropolitana. c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial. d) obtido o apoio do grupo constitucionalista portugus. e) provocado os movimentos separatistas das provncias.

    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. A participao popular no processo de Independncia ainda alvo de discusses, pois, embora haja uma generalizao no sentido de afirmar a quase inexistente participao do povo no processo em detrimento do controle pelas elites, temos um esforo atual de linhas historiogrficas em resgatar a importncia da ao popular em vrios momentos, como, por exemplo, nas Guerras de

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    Independncia, perodo marcado pela fidelidade de generais portugueses, em provncias como a Bahia, s Cortes Portuguesas, contra D. Pedro I. Mesmo assim, no essa a contribuio do Perodo Joanino para o processo de Independncia. b) Correta. O Perodo Joanino apresenta uma srie de inovaes para o Brasil, tais como a transferncia das instituies administrativas portuguesas para o Rio de Janeiro, a elevao do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves e o rompimento do Pacto Colonial, alm de uma intensa mudana urbanstica no Rio de Janeiro com a construo de teatros, praas, avenidas e bibliotecas. Tais mudanas foram introduzidas por conta da presena da Famlia Real portuguesa no Brasil a partir de 1808, trazendo a corte consigo e a demanda pelo atendimento das necessidades da nobreza que agora viveria na principal colnia de Portugal, dada a ameaa francesa decorrente da invaso napolenica em fins de 1807, em decorrncia do Bloqueio Continental. Todos estes fatores resultam no enfraquecimento do controle metropolitano sobre o Brasil, facilitando o processo de Independncia, que pode ser considerado tambm um plano de D. Joo VI e D. Pedro I para manter algum tipo de controle sobre a antiga colnia, liderado pelas elites luso-brasileiras caso fossem identificados anseios pela emancipao definitiva do Brasil, como de fato ocorreu em 1822, aps o retorno da Famlia Real para Portugal deixando D. Pedro I por aqui, como medida de segurana, caso D. Joo VI sofresse algum atentado em sua terra natal. c) Incorreta. No h notcia de revoltas escravas contra as elites motivadas pelo Perodo Joanino. d) Incorreta. O grupo constitucionalista portugus composto pelas Cortes (Assembleias Legislativas portuguesas) que desejavam justamente a recolonizao do Brasil. e) Incorreta. A vinda da Famlia Real para o Brasil reforou a ideia de unidade e no o contrrio. Prova disso, a unidade territorial que o pas conservou aps a Independncia em 1822.

    QUESTO 31 Respeitar a diversidade de circunstncias entre as pequenas sociedades locais que constituem uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam as cartas de cada povoao doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento, alteradas segundo os conselhos da experincia. Ento, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a que jamais se atingir de outra sorte.

    BASTOS, T. A provncia (1870). So Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937 (adaptado).

    O discurso do autor, no perodo do Segundo Reinado no Brasil, tinha como meta a implantao do a) regime monrquico representativo. b) sistema educacional democrtico c) modelo territorial federalista. d) padro poltico autoritrio. e) poder oligrquico regional.

    Resoluo Alternativa C a) Incorreta. Uma vez que o autor advoga por autonomia dos estados, tal proposta rompe com a unidade territorial, apregoada pelo ideal monarquista. b) Incorreta. Em momento algum o autor faz referncia ao sistema educacional brasileiro. c) Correta. Tal proposta fica clara quando o autor do discurso apresenta sua tendncia federalista, ao propor o respeito diversidade de interpretaes como regra suprema das leis internas de cada Estado, j que tal fato implica a autonomia legislativa dos estados. Esta ideia foi inspirada na organizao do territrio norte-americano que, com a Constituio de 1787, conferiu maior autonomia aos estados que, por sua vez, poderiam aderir (ou no) aos preceitos apregoados em sua Carta Magna. d) Incorreta. Conforme foi explicitado acima, o autor advoga pela autonomia dos estados, fato que vai contra a proposta do padro poltico autoritrio apontado pela alternativa. e) Incorreta. A presena do poder oligrquico no pas algo que, na verdade, remonta ao perodo colonial, tendo sua afirmao tambm no Perodo Regencial com a criao da Guarda Nacional em 1831 e, por este motivo, seria impossvel que o autor defendesse a implantao deste poder j h muito estabelecido.

    QUESTO 32

    AGOSTINI. A vida fluminense, ano 3, n. 128, 11 jun. 1879. In: LEMOS, R. (Org.). Uma histria do Brasil atravs da caricatura (1840-2001). Rio de janeiro:

    Letras & Expresses, 2001 (adaptado). Na charge, identifica-se uma contradio no retorno de parte dos Voluntrios da Ptria que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), evidencia na a) negao da cidadania aos familiares cativos. b) concesso de alforrias aos militares escravos. c) perseguio dos escravistas aos soldados negros. d) punio dos feitores ao recrutados compulsoriamente. e) suspenso das indenizaes aos proprietrios prejudicados.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. Com tal descrio o autor torna clara a contradio presente na participao dos negros que, aps passarem anos lutando na Guerra do Paraguai, precisam encontrar a antiga realidade de cativos que marcou sua histria, bem como a de seus iguais. b) Incorreta. Apesar de realmente os militares brasileiros terem recebido a carta de alforria, o texto apresentado no enunciado tem, como foco, o mal-estar sofrido por estes militares ao retornarem suas terras de origem por no poderem libertar seus familiares. c) Incorreta. Uma vez que foram reconhecidos pelo exrcito, estes homens no deviam documentos aos seus antigos senhores. Alm disso, o texto e a imagem no fazem referncia a este fato. d) Incorreta. Conforme j foi colocado anteriormente, no existe relao entre o material apresentado e a proposta de soluo disposta na alternativa. e) Incorreta. necessrio ter em mente que o enunciado busca o reconhecimento de uma contradio apresentada nesta charge em especfico. Por este motivo, basta ter em mente que a resoluo proposta pela alternativa no apresenta relaes com o documento do enunciado, j que este no d nfase maneira como os proprietrios foram prejudicados, mas sim ao sofrimento do antigo cativo, que encontra sua me a ser chicoteada.

    QUESTO 33 O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organizao de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O prprio presidente Campos ales resumiu claramente seu objetivo: de l, dos estados, que se governa a Repblica, por cima das multides que tumultuam agitadas nas rus da capital da Unio. A poltica dos estados a poltica nacional.

    CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a Repblica que no foi. So Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado).

    Nessa citao, o presidente do Brasil no perodo expressa uma estratgia poltica no sentido de a) governar com a adeso popular. b) atrair o apoio das oligarquias regionais. c) conferir maior autonomia s prefeituras. d) democratizar o poder do governo central. e) ampliar a influncia da capital no cenrio nacional.

    De volta do Paraguai

    Cheio de glria, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da ptria e libertado um povo da escravido, o voluntrio volta ao seu pas natal para ver sua me amarrada a um tronco horrvel de realidade!...

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    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. O texto remete Repblica Oligrquica e nesse perodo no havia a necessidade de ganhar adeso popular, uma vez que o governo possua diversas ferramentas para manipulao eleitoral, tais como voto de cabresto, currais eleitorais e a coero pelo uso da fora, dado que a poltica era feita pelos coronis fazendeiros numa relao de submisso dos mais humildes aos representantes das elites. b) Correta. Campos Sales presidente de 1898 a 1902 desenvolve a chamada Poltica dos Governadores (ou Poltica dos Estados), onde, por meio da Comisso Verificadora de Poderes, oferecia a reeleio dos governadores em troca de votos para o prximo candidato presidncia indicado pelo sistema da poltica do Caf com Leite, onde So Paulo e Minas Gerais intercalavam seu poder manipulando os votos para que sempre vencessem as eleies os candidatos lanados de comum acordo entre os dois estados. Isso fazia parte da estrutura da Repblica Oligrquica, cuja base justamente o coronelismo, ou seja, o poder exercido pelas oligarquias. Por isso o presidente deseja angariar o apoio das oligarquias e no o apoio popular. c) Incorreta. Embora o mote poltico vigente no Brasil fosse o federalismo, no havia interesse na autonomia das prefeituras. Havia uma certa autonomia legislativa e oramentria dos Estados, mas que, de qualquer maneira, era limitada e vigiada pelo poder central. d) Incorreta. A Repblica Oligrquica no era democrtica, pois o domnio poltico exercido pelas oligarquias exclua o povo de uma real participao poltica. O governo Central, por sua vez, tinha suas aes dependentes do consentimento dos Estados. e) Incorreta. O poder central j era assegurado pelo suporte oligrquico que o presidente e os ministros recebiam, uma vez que faziam parte de oligarquias tambm. Logo, no havia necessidade de ampliar o poder da capital (Rio de Janeiro), j que o jogo poltico dependia justamente do equilbrio e manuteno entre governo federal e poder local.

    QUESTO 34 A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que comea a ser construda apenas em 1905, foi criada, ao contrrio das outras grandes ferrovias paulistas, para ser uma ferrovia de penetrao, buscando novas reas para a agricultura e povoamento. At 1890, o caf era quem ditava o traado das ferrovias, que eram vistas apenas como auxiliadoras da produo cafeeira.

    CARVALO, D. F. Caf, ferrovias e crescimento populacional: o florescimento da regio noroeste paulista. Disponvel em: www.historica.arquivoestado.sp.gov.br.

    Acesso em: 2 ago. 2012. Essa nova orientao dada expanso ferroviria, durante a Primeira Repblica, tinha como objetivo a a) articulao de polos produtores para exportao. b) criao de infraestrutura para atividade industrial. c) integrao de pequenas propriedades policultoras. d) valorizao de regies de baixa densidade demogrfica. e) promoo de fluxos migratrios do campo para a cidade.

    Resoluo Alternativa D a) Incorreta. Segundo o que apontado pelo prprio texto, a articulao entre os polos de exportao era a prtica j realizada pelo governo, a qual atendia principalmente as regies cafeeiras do Vale do Paraba e Oeste Paulista. b) Incorreta. O sculo XIX contou com a presena de um momento (que foi definido por Boris Fausto como surto industrial) que vinha para atender s necessidades bsicas por produtos industrializados. O desenvolvimento de uma poltica nacional de incentivo industrializao s foi possvel com a ascenso poltica de Getlio Vargas que, ao romper com as prticas da Poltica dos Governadores, possibilitou o efetivo estabelecimento de um parque industrial no Brasil. c) Incorreta. As realizaes ligadas s ferrovias, no Brasil, sempre apresentaram ntima relao de interesses entre investidores estrangeiros, que decidiam por medidas que atendessem o interesse das oligarquias nacionais. Por este motivo, fica excluda qualquer possibilidade de oferecer incentivo produtivo e integrao econmica s regies marcadas pela presena de pequenas propriedades policultoras. d) Correta. As regies de baixa densidade demogrfica, por serem propriedades das oligarquias latifundirias do pas, foram transformadas no grande objetivo destas ferrovias de penetrao que, com esta linha de ao, tornariam possvel o desenvolvimento de novos latifndios monocultores que, por sua vez, passariam a usar

    intensamente estas vias de escoamento de produtos at as regies porturias. e) Incorreta. A promoo de fluxos migratrios no pas no apresenta relao direta com a expanso da malha ferroviria pelo territrio nacional, j que estes grupos (que entravam no pas principalmente pelo porto de Santos) eram, posteriormente, transportados de formas variadas. A ideia de incremento do transporte de passageiros no apresentava nenhum tipo de interesse para os grandes proprietrios destas ferrovias no pas.

    QUESTO 35 Em 1961, o presidente De Gaulle apelou com xito aos recrutas franceses contra o golpe militar dos seus comandados, porque os soldados podiam ouvi-lo em rdios portteis. Na dcada de 1970, os discursos do aiatol Khomeini, lder exilado da futura Revoluo Iraniana, eram gravados em fita magntica e prontamente levados para o Ir, copiados e difundidos. HOBSBAWN, E. era dos extremos: o breve sculo XX (1914 1991). So Paulo: Cia

    das Letras, 1995.

    Os exemplos mencionados no texto evidenciam um uso dos meios de comunicao identificado na a) manipulao da vontade popular. b) promoo da mobilizao poltica. c) insubordinao das tropas militares. d) implantao de governos autoritrios. e) valorizao dos socialmente desfavorecidos.

    Resoluo Alternativa B a) Incorreta. Embora a linha entre manipulao poltica e mobilizao seja muito tnue, o excerto apresentado enfatiza mais especificamente o uso de meios de comunicao para a mobilizao poltica, uma vez que no revela as opinies dos interlocutores para que possamos avaliar at que ponto as mensagens so manipulao ou no. Os exemplos foram mal escolhidos para o fim que os autores da questo desejaram alcanar, uma vez que no movimento do aiatol Khomeini havia tambm questes religiosas envolvidas, o que torna a margem para uma ideia de manipulao ainda maior. b) Correta. Acreditamos que esta alternativa pode ser escolhida por seu carter mais isento em relao a juzos de valor referentes aos movimentos citados. Muito embora, como apresentado no item A, deixe tambm brechas interpretativas inadequadas ao objetivo a que se refere. O excerto evidencia o uso dos meios de comunicao para a mobilizao de setores sociais sem que saibamos qual era a opinio original da populao no momento da veiculao de informaes e conclamaes pelos lderes citados. c) Incorreta. A alternativa usa um fato isolado do movimento de De Gaulle e no um exemplo que explique o uso dos meios de comunicao no sentido mais abrangente da difuso de ideias pelos meios de comunicao para a mobilizao poltica, tal como desejado pelo exerccio. Alm disso, no caso da revoluo iraniana liderada pelo aiatol Khomeini, no ocorreu uma insubordinao militar que justificasse o uso dos meios de comunicao. d) Incorreta. O uso de meios de comunicao para veiculao de ideias polticas no resulta necessariamente em governos autoritrios. Prova disso a veiculao da propaganda poltica no perodo de eleies em pases democrticos em qualquer perodo da histria. e) Incorreta. No h necessariamente relao exclusiva entre os exemplos citados e os grupos socialmente desfavorecidos, uma vez que a difuso de ideias polticas por meios de comunicao de massa atinge pessoas de vrios grupos sociais.

    QUESTO 36 TEXTO I

    O presidente do jornal de maior circulao do pas destacava tambm os avanos econmicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adeso aos militares em 1964, deixava clara sua crena de que a interveno fora imprescindvel para a manuteno da democracia.

    Disponvel em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado). TEXTO II Nada pode ser colocado em compensao perda das liberdades individuais. No existe nada de bom quando se aceita uma soluo autoritria.

    FICO, C. A educao e o golpe de 1964. Disponvel em: www.brasilrecente.com. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).

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    Embora enfatizem a defesa da democracia, as vises do movimento poltico-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente: a) Razes de Estado Soberania popular. b) Ordenao da Nao Prerrogativas religiosas. c) Imposio das Foras Armadas Deveres sociais. d) Normatizao do Poder Judicirio Regras morais. e) Contestao do sistema de governo Tradies culturais.

    Resoluo Alternativa A a) Correta. O texto I apresenta uma justificativa de interveno autoritria em nome de um bem democrtico maior que seria assegurado aps tal ao. Isso caracteriza a chamada Razo de Estado, ou seja, o governo em princpio pode apelar para qualquer mecanismo a fim de manter a ordem estabelecida em cada sociedade, ignorando o desejo do povo nesse processo, o que nos