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Eletromagnetismo I – Instituto de Física - USP: 2ª Aula
Prof. Alvaro Vannucci
Elétrostática
Primeiras evidências de eletrização (Tales de Mileto, Grécia séc. VI AC):
quando âmbar (electron, em grego) era atritado em lã de carneiro,
pedacinhos de palha eram atraídos.
(ver experiências canudo, pêndulo, eletroscópio de cartolina)
A primeira tentativa séria de explicação do fenômeno ocorre apenas com
Benjamin Franklin (1749) com a teoria de falta/excesso de “fluído
elétrico” nos corpos.
Importância desta explicação: Não haveria a criação/destruição de cargas
elétricas no atrito, de forma que a carga total nos dois corpos seria sempre
a mesma.
Com a formulação do modelo atômico atual, estruturada no final do sec.
XIX, início do sec. XX, a eletrização decorre da transferência de elétrons
de um corpo a outro.
Lei de Coulomb: Ao final do sec. XVIII, técnicas
experimentais mais desenvolvidas permitiram a
medida de força entre corpos eletricamente
carregados:
2 1 2 12 1 21
2 2 2
0 2 1 0 212 1 2 1
1 1
4 4
q q q qr r rF
r r rr r r r
Havendo N cargas próximas, a força sobre a carga qi será:
;
21(versor na direçao de r )
3
04
Nj ij
i i
j i ij
q rF q
r
ij i j
ij
íj
r r r
rversores correspondentes
r
Muitas vezes estaremos interessados na interação de
uma carga pontual com uma distribuição
macroscópica de cargas.
Nestas situações, para resolver o problema,
procuramos dividir a carga total Q da distribuição
em pequenos volumes V , cada um com carga q .
Definimos então a “densidade volumétrica de cargas” :
0limV
q dqdq dV Q dq dV
V dV
Desta forma, a força sobre uma “carga de prova” q será:
3 3'
0 0
'' '
'( ) ( ') ( )
4 4q
q dq q r rF r r r r dV
r r r r
Atenção: Neste curso estaremos sempre associando o símbolo linha ( 'r ) às fontes de
carga (e corrente)
Agora, para distribuições de cargas lineares/superficiais:
dqdl
dqds
O Campo Elétrico E
Campo: conceito do séc. XIX que invoca as “propriedades” dos pontos do
espaço próximos de uma carga (ou massa), de forma que quando uma carga
(massa) é posicionada em um desses pontos, uma força age sobre ela.
Este processo certamente envolve a “atuação à distância” entre cargas (massas).
Então, se uma carga de prova q é posicionada em
uma região onde há campo E (criado por uma outra
carga Q), a força que age sobre ela será:
'
3'
0
;4
cargapontual
Q r rF qE E
r r
Se Q corresponder a uma distribuição volumétrica de cargas, então o campo
resultante será a soma dos campos devido a cada elemento de carga dq = dV:
'
3
0
''
'
1( )
4
r rE r dV
r r
Geralmente se considera o campo elétrico como sendo “indissociável” da carga
que o gera, sendo impossível separar um do outro.
Seria como considerar dois aspectos distintos de um mesmo ente físico.
Assim, o campo E de uma carga seria “eterno”; não é algo que “sai” da carga
continuamente, ou seja, ele “não gasta”.
A representação geométrica de E pode ser feita através de um conjunto de
linhas de força.
(ver experiência do ímã+limalha de ferro)
Sendo que:
i) A tangente à linha de força, em um dado ponto, fornece a direção de E
naquele ponto
ii) O módulo de E é proporcional à densidade de linhas (linhas/m3) em torno
daquele ponto.
Cálculo do totalE em um ponto P devido a várias cargas pontuais:
1 2
1
( ) ...N
N n
n
E P E E E E
Na situação em que temos uma distribuição
contínua de cargas, como em uma linha com
densidade constante (ver figura):
Vamos calcular o campo elétrico resultante, e
depois a força: F qE
Tomando um elemento de carga dq: '
3'
04
dq r rdE
r r
Sendo que:
'
'
12
ˆ
ˆ ˆ
ˆ
( ² ²)
r x i
r r y j xi
r y j
r r x y
dq dx
Portanto: 3
20
1 ˆ ˆ
4 ( ² ²)
y j xidE dx
x y
3 32 2
0
1 ˆ ˆ4 ( ² ²) ( ² ²)
xdx ydxE dE i j
x y x y
Se não notamos que a 1º integral é nula, por simetria, teremos que resolvê-la:
2
32
2 d 1(fazendo +y = =2x
( ² ²)d )
2
xdx
x yx xdx
dx
32
. . . .
1 d 1 1 1 1( ) ( ) 0
2 2 2 ² ²l i l ix y
(como tínhamos antecipado!)
Resolvendo a integral em j : 3 3
32 2 22
²( ² ²) ( 1)
ydxydxI
xx y yy
Da figura, vemos que 2 e sec
xtg x y tg dx y d
y
2
2 22 2 2
3 32 2 2
22
2
2 2
sec
sec sec 1 sin 2cos
sec(1 )
y d dI d
y y y yy tg
Portanto:
0 0 0
2 ˆ ˆ ˆ( )( ) ; finalmente: 4 2 2
E j E j e F qEy y y
Para outras geometrias, o cálculo das integrais é geralmente muito mais
complicado ainda e, por vezes, impossível de ser realizado algebricamente!
Porém, nesses casos onde se observa uma simetria geométrica, o cálculo de E
pode ser muito simplificado se fizermos uso da lei de Gauss:
iint
nt
0
' '
; ' '
' '
ˆ
d
qE ndA
V
q dA
dl
A lei de Gauss vale sempre, mas ela é útil apenas quando
o sistema apresenta uma simetria adequada.
No exemplo anterior, pela simetria percebe-se que
ˆE E e
Considerando uma superfície gaussiana cilíndrica
imaginária, de altura ℓ e raio r
sup . sup .sup
0 0
int
0 0 0 0
ˆ ˆ ˆ ˆ
1( )(2 )( ) ; ' '
erf erf lateralinferior erior
fluxo fluxo
lateral
E ndA E ndA E n dA E ndA
qE dA E r d d
0
ˆ2
rE er
(cálculo muito mais simples)
Note que se utilizamos o Teorema do divergente: ˆ ( )F n dA F dV
então, da lei de Gauss: 0
ˆ ( )E ndA E dV dV
Na próxima aula veremos outro modo de se calcular E , muito útil para ser
aplicado em certos problemas, que faz uso do “potencial elétrico” (grandeza que
não tem caráter vetorial).
0
forma diferencial (puntual) da lei de Gauss
comparando os integrandos: E