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Eletroacupuntura Professor José Rikio Dias Suzuki

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Eletroacupuntura

Professor José Rikio Dias Suzuki

Eletrofisiologia

• A eletricidade é uma das formas básicas de energia física e

pode produzir efeitos significativos sobre os tecidos

biológicos. (Robinson 2002).

• Partículas carregadas como eletrons nos metais ou íons em

uma solução tenderão a mudar de posição de acordo com

as interações com outras partículas carregadas.

• Os tecidos biológicos contém partículas em solução na

forma de íons como: Na+, Cl-, K+

• os tecidos humanos são condutores porquê seus íons são

livres para moverem-se quando expostos a forças

eletromotrizes.

Eletrofisiologia

• A capacidade dos íons moverem-se no tecido humano

varia de acordo com o tipo de tecido. Enquanto nervos e

músculos são bons condutores, a gordura e os ossos não o

são.

• O nome dado ao movimento das partículas em resposta a

um campo elétrico é corrente elétrica.

• Três tipos de corrente são utilizadas em eletroterapia:

contínua, alternada e pulsada ou interrompida.

• Na contínua, o desequilíbrio entre o excesso de elétrons no

catôdo e a deficiência no anôdo gera a força motriz.

Eletrofisiologia

• Alternada: o fluxo é bidirecional e contínuo e a polaridade

é revertida periodicamente. Caracteriza-se pela frequência.

• Pulsada: o fluxo unidirecional (monofásica) ou

bidirecional (bifásica) é interrompido de forma

intermitente por um período definido chamado de pulso.

• Podem ser simétricas ou assimétricas, equilibradas ou não

e ainda variar quanto a sua forma.

• Juntas estas características definem o tipo de corrente.

Eletrofisiologia

• Amplitutide. Mede a magnitude de uma corrente com

referência à linha de base. Pode ser uma medida da força

motriz: a voltagem.

• As características quantitativas das correntes alternadas e

pulsadas são:

• Dependentes da amplitude (máxima, entre picos, eficaz e média).

• Dependentes do tempo (duração da fase, do pulso, tempo de

transição, de extinção, tempo interpulso, intrapulso, período e

frequência)

• Da amplitude relacionada ao tempo (carga da fase e carga de

pulso)

Eletrofisiologia

• Às características na natureza de uma corrente dá-se o

nome de modulação, portanto modula-se: a amplitude, a

duração do pulso e a frequência de uma corrente. Outra

modulação possível em correntes terapêuticas é a modulação de rampa,

ou de variação de intensidade.

• A amplitude de correntes terapêuticas é referida como

intensidade do estímulo.

• A frequência se refere ao número de pulsos por unidade de

tempo e é expressa em hertz.

• A uma série repetida de pulsos de frequência fixa dá-se o

nome de trem.

SNC e ACP

• Fisiologia da dor.

• A dor é uma sensação somestésica (tem origem na superfície do corpo ou em uma de suas estruturas profundas) sua percepção origina-se nas TN livres que diferenciam-se das específicas que são encapsuladas e transmitem sinais próprios.

• Após chegar à medula os sinais sensoriais são transmitidos ao cérebro por duas vias: o sistema dorsal e o espino-talâmico.

• No 1o os sinais trafegam por fibras de grosso calibre e no segundo por fibras de calibre menor.

• Ambos terminam no tálamo de onde são retransmitidas para a área somestésica do córtex cerebral.

• Estes sistemas tem fibras ramificadas principalmente ao nível da medula espinhal e do tronco cerebral. Os sinais destas ramificações promovem os reflexos.

SNC e ACP• O tálamo determina a modalidade sensorial enquanto o

córtex somestésico define o local de origem.

• De acordo com Guyton 1998, pessoas normais percebem a dor quase precisamente no mesmo nível de lesão tecidual (Ex. ente 44o e 46o ) por outro lado, a reação destes a dor pode Ter diferentes níveis de intensidade.

• Em geral a dor relacionada a lesões é mais importante nos instantes em que o tecido está sendo lesado e nos primeiros minutos que seguem a esta lesão (Ex. soldados feridos que dizem não estar sentindo nada) após este período as células parecem liberar as substâncias que combatem a dor.

SNC e ACP• Acupuntura.

• A comunidade científica aceita que a acupuntura produza efeitos fisiológicos que alteram atividades elétricas cerebrais e no tálamo (área do encéfalo que processa impulsos nervosos relacionados à sensibilidade).

• Abass Alavi e David Mosley pesquisadores da universidade da Pensilvânia escanearam o cérebro de pacientes durante o tratamento por acupuntura e identificaram aumento do fluxo sanguíneo, especialmente no tálamo.

• Tem sido pesquisada principalmente a liberação de endorfinas do subtipo de neuropeptídeo chamado opióide relacionado ao mecanismo natural de supressão da dor. (endorfinas, encefalinas e dinorfinas).

SNC e ACP• De acordo com o zoólogo canadense Bruce Pomeranz o estímulo

nociceptivo em um ponto de acupuntura promove uma resposta neuro-humoral onde as células secretam substâncias opióides que interferem na resposta dolorosa.

• Outros autores sugerem a participação de dinorfinas a e b, prostaglandinas, serotonina e histamina neste processo.

• Os dois mecanismos de interferência da acupuntura no estímulo doloroso são:

• inibição da atividade de neurônios transmissor na medula.

• Inibição da aferência nociceptiva por meio da ativação de sistemas supressores de dor segmentares e suprasegmentares, segundo a teoria do portão da dor de Melzac e Wall. (sinais nociceptivos transmitidos através de fibras de pequeno calibre são bloqueados por impulsos de fibras dos grandes nervos como as os mecanorreceptores do mesmo segmento da medula).

• Em relação à eletroacupuntura, foi observada a aceleração da liberação de paptídeos opiáceos no SNC que interagem com receptores próprios induzindo ao efeito.

SNC e ACP• Achados.

• 1. Estimulações de alta intensidade e baixa frequência (2Hz) promovem analgesia de longa duração com efeitos cumulativos e reversíveis através da administração de naloxona. (Um antagonista morfínico que anula o efeito da acupuntura. Este fato reforça a idéia da participação das vias endorfinonérgicas).

• O estímulo de baixa frequência gera a liberação de encefalinas e beta endorfinas do cérebro e da medula que interagem com os receptores opiáceos m e s no SNC.

• estimulações de alta intensidade e alta frequência (acima de 100Hz) geram analgesia de curta duração porém não reversível pela administração de naloxona.

• Este tipo de estímulo aumenta a liberação de dinorfina na medula para interagir com os receptores opiáceos K no corno anterior da medula (Han; Wang,1992).

• De acordo com os autores acima, ratos refratários aos estímulos de baixa frequência ainda reagem aos de alta e vice versa. Pois estes são mediados por por tipos diferentes de receptores opiáceos.

SNC e ACP• Na baixa frequência os receptores me s relacionam-se com

as encefalinas e endorfinas.

• Na alta frequência os receptores Kappa relacionam-se com as dinorfinas.

• Chen et al, em 1994 revelou que estímulos alternados de 2Hz e 100Hz a cada 3 segundos promovem um efeito analgésico mais potente por causar liberação dos 3 tipos de opiáceos.

• Esta utilização utiliza diferentes vias nervosas para a mediação do efeito analgésico. (Guo et al, 1996).

• Constatou-se também um aumento na concentração da serotonina no LCR e nas estruturas neuronais do tronco encefálico inferior em cobaias após a acupuntura, portanto bloqueadores da serotonina também interferem no efeito da acupuntura.

SNC e ACP• Cerca de ¾ dos pontos de acupuntura coincidem com os

pontos motores dos músculos esqueléticos.

• As fibras do tipo 2 (Ab e Ad) relacionadas à sensibilidade proprioceptiva no SNP são os componentes mais importantes das fibras aferentes que mediam os sinais da acupuntura para o SNC.

• Além de todos os efeitos estudados, a acupuntura parece reduzir a ação do SN simpático, resultando em melhora da perfusão sanguínea periférica local que ajuda a promover o alívio da dor.

Eletroacupuntura• De acordo a Shanghai College of Traditional Medicine, a

eletroacupuntura consiste em passar uma corrente elétrica

pela agulha com a finalidade de fortalecer ou alterar a

natureza do estímulo.

• Utilizada na China desde a década de 30.

• Substitui a manipulação manual.

• Permite a mensuração e ajuste da corrente.

• Pode produzir um estímulo mais potente do que o

conseguido com a manipulação.

• Traz a possibilidade da estimulação através de eletrodos

transcutâneos.

Eletroacupuntura• A eltroacupuntura utiliza em geral, a corrente alternada,

isto se deve ao risco de eletrólise, que pode acometer tanto

a agulha quanto as células.

• No método Ryodoraku utiliza-se a corrente contínua,

porém por períodos de poucos segundos.

• Existem dois tipos básicos de eletroestimuladores:

• Os que utilizam correntes mínimas, nos quais todas as

saídas apresentam a mesma polaridade, cabendo a um

eletrodo na mão do paciente, o retorno da corrente. Nestes

casos o (+) é usado para tonificação e o (-) para sedação. Estes

aparelhos vem equipados com uma chave seletora que pode alterar a

polaridade das saídas.

Eletroacupuntura• Outro tipo, utiliza saídas duplas onde cada extremidade

representa uma polaridade.

• Não há clara identificação da polaridade, o que torna

necessário que se realize um teste afim de definir o pólo

mais ativo.

• Este deve ser o pólo de escolha nos locais em que se

apresentam os pontos principais.

• Alguns aparelhos vem equipados com localizadores de

pontos, capazes de identificar diferenças na impedância

elétrica dos pontos em relação à periferia.

• Em geral estes aparelhos vem preparados para uso com

baterias ou podem ser ligados à rede elétrica.

Eletroacupuntura

• A modulação para tonificação deve utilizar frequência e

intensidade baixas e tempo de aplicação curto.

• Para a sedação utilizam-se frequências mais altas,

intensidade no limite do paciente e tempo de aplicação

mais longo.

• Os aparelhos podem variar as frequências desde menos de

1 Hz, até alguns kHz.

• A forma da corrente em geral tem menor relação com a

efetividade do tratamento, na prática geralmente usa-se as

formas espiculada ou quadrada.

Eletroacupuntura• Geralmente os aparelhos apresentam três tipos básicos de

estímulo.

• O regular, na qual a corrente mantém o estímulo constante

durante todo o tratamento e é utilizada para sedação devido

a acomodação gerada.

• O interrompido, no qual a corrente é interrompida em

intervalos definidos pelo terapeuta de acordo com o caso

em questão. Útil na drenagem de edemas.

• O Intermitente, no qual duas frequências de estímulo

diferentes são oferecidas em intervalos determinados pelo

terapeuta. Dificulta a acomodação e é usado para

tonificação.

Eletroacupuntura• Seleção de pontos:

• Utilizar nos principais pontos escolhidos para o tratamento.

• Na tonificação com pontos de um mesmo meridiano, usar

os pontos seguindo seu trajeto.

• Procurar utilizar pontos o mais próximo possível entre si.

• Evitar cruzar a linha média, principalmente nos pontos do

tórax.

• Não usar ao mesmo tempo os pontos do VG e do VC.

• Não colocar muitos pontos de forma aleatória em uma

mesma região.

• Não utilizar em mulheres grávidas.

Eleteroacupuntura• Técnica:

• Em relação à higiene, segue os mesmos princípios da

acupuntura tradicional.

• Certificar-se de que o aparelho e todas as saídas estejam

desligadas antes de fixar o fio às agulhas.

• Fixar todos os fios ao paciente ou à maca para evitar

incômodos devidos ao movimento.

• Dar preferência a fixar os fios à lâmina das agulhas.

Alguns materiais usados nos cabos não são bons

condutores.

• Aumentar a intensidade lentamente e manter contato verbal

com o paciente para evitar dor excessiva desnecessária.

Eletroacupuntura

• Técnica:

• Retirar as agulhas após reduzir a intensidade do estímulo a

zero, porem antes de desligar a chave geral do aparelho.

• evitar o uso de estímulos que causem contração muscular

evidente devido ao risco de entortar as agulhas e por estas

contrações poderem causar fadiga.

• Dar preferência a tratar o paciente deitado ou apoiado

devido ao forte estímulo produzido pela eletroacupuntura.

• Pontos da face e extremidades são mais sensíveis.

Avaliação por EA

• Mede alterações elétricas da pele

• Os localizadores mais simples utilizam sinais sonoros e ou visuais que determinam apenas o ponto em que haja uma alteração elétrica em relação à periferia.

• No método de avaliação ryodoraku, a avaliação quantifica

a diferença entre os pontos escolhidos e um padrão de normalidade definido ao início do processo. O que cria um gráfico que evidencia as deficiências e os excessos nos meridianos. Podem ser analógicos (menos precisos) ou

digitais.

Ryodoraku Técnica

• Mede a condutibilidade elétrica dos meridianos regulares nos pontos:

P9, CS7, C7, ID5, TA4, IG5, VB 40,E42, R4, B65,. F3 e BP3.

• São coletados os valores dos 2 lados do corpo.

• Marcam-se os valores na tabela, definem-se os valores médios, cria-se

uma faixa de normalidade e destacam-se as deficiências e os excessos.

• A partir deste conhecimento, serão sedados ou estimulados utilizando-

se os pontos de sedação ou tonificação definidos pelas leis de geração

e controle.

• Na orelha, os pontos que apresentarem valores abaixo de 10 micro

amperes devem ser sedados e aqueles que apresentarem acima de 60

tonificados (atentar para alterações na pressão na ponteira).

Haihua

• Baseia-se no uso de energia eletromagnética.

• Corrente sinusoidal

• As agulhas são substituídas por eletrodos.

• Cada eletrodo estimula um ponto escolhido para o tratamento.

• As aplicações duram entre 1 e 3,5 minutos em cada ponto.

• É indolor e sem efeitos indesejáveis.

• Funciona através do equilíbrio iônico dos tecidos superficiais.

• Utilizado em todas as indicações da ACP tradicional.

TENS• Estimulação elétrica neural transcutânea.

• Terapêutica não invasiva, sem efeitos colaterais ou interação medicamentosa.

• Utilizada desde a década de 70 com objetivo de analgesia.

• É realizada através de eletrodos fixados na pele e intermediados por gel condutor.

• Aplicação convencional: contínuo com pulsos de alta frequência (75 a 150 Hz), curta duração e baixa amplitude.

• Acupuntural: baixa frequência (inferior a 10 Hz), alta intensidade.

• Burst: Alta frequência (40 a 150 HZ) usa rajadas de pulsos.

• Breve intenso: similar ao convencional, utiliza frequências entre 100 e 150 Hz porém estimulando em pulsos interrompidos.

• VIF: variação de intensidade e frequência com estimulo irregular evita a acomodação.

Anestesia por EA• Anestesia (analgesia) por ACP.

Desenvolvida na China, como uma alternativa onde as agulhas são inseridas antes e durante o procedimento cirúrgico. Tem como objetivo reduzir ou eliminar a dor permitindo que o paciente participe ativamente do processo.

•vantagens:As agulhas estimulam o sistema imunológico.Não apresenta efeitos colaterais.De acordo com a MTC, encurta o tempo de recuperação.Alternativa para os pacientes que por motivos fisiológicos ou metabólicos não podem ser submetidos à anestesia química.

Anestesia por EA• Desvantagens:

Ansiedade.possibilidade de uma reação de retração.Pode ocorrer anestesia incompleta.Em certos casos pode ser necessário complementação química.O cirurgião deve ser firme preciso e rápido.A presença de mais profissionais, equipamentos e fiação na sala pode interferir no processo.

• Método:As agulhas são inseridas entre 10 e 20 minutos antes do procedimento e manipuladas ou estimuladas por EA.A manipulação ou corrente devem ser contínuas ou intermitentes, de acordo com a situação.As agulhas só serão retiradas após o término do procedimento.

Eletroacupuntura

• Bibliografia:• Eletrofisiologia clínica: eletroterapia e teste eletrofisiológico / Andrew J.

Robimson & Lynn Snyder-Mackler; Trad. Fernando Antônio de Mello Prati e

Maria da Graça Figueiró da Silva - 2a. ed. Porto Alegre: Artmed Editora,

2001.

• Eletroterapia explicada: princípios e prática / John Low & Ann Reed - 1a. ed.

São Paulo: editora Manole Ltda, 2001.

• Acupuntura: um texto compreensívael / Shanghai College of Traditional

Medicine; Trad. Ysao Yamamura - 1a ed. São Paulo: editora Roca Ltda, 1996.

• Tratado de eletroacupuntura / Sohaku, Raimundo Cesar Bastos - Rio de

Janeiro: Sohaku-in edições, 1993.

• As bases científicas da acupuntura / Jayasuriya, Anton; Trad. Francisco A O

Pereira; revisão técnica Mário Augusto Martini - Rio de Janeiro: Sohaku-in

edições, 1995.

Obrigado!

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