elementos para o estudo do código penal de cabo verde

42
Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde Cadernos: 2 Jorge Carlos Fonseca Sucessão de leis no tempo Erro sobre a ilicitude Acto preparatórios, tentativa e desistência Obediência devida FUNDAÇÃO DIREITO E JUSTIÇA

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Page 1: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

Elem

ento

s par

a o es

tudo

do

Códi

go P

enal

de C

abo

Ver

de

C

ader

nos:

2

Jo

rge C

arlo

s Fon

seca

Suce

ssão

de

leis

no

tem

po

Erro

sobr

e a

ilici

tude

A

cto

prep

arat

ório

s, te

ntat

iva

e de

sist

ênci

a O

bedi

ênci

a de

vida

FUN

DA

ÇÃ

O D

IRE

ITO

E J

UST

IÇA

Page 2: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

3 I

Indi

caçõ

es b

iblio

gráf

icas

1. S

endo

um

Cód

igo

novo

, que

entro

u em

vig

or a

1 d

e Ju

lho

de 2

004,

na

tura

lmen

te n

ão h

aver

á ai

nda

bibl

iogr

afia

sig

nific

ativ

a qu

e re

spei

te

espe

cial

men

te a

ele

. N

o en

tant

o, s

empr

e se

rão

elem

ento

s re

leva

ntes

de

estu

do e

, de

alg

uma

form

a, p

ara

a in

terp

reta

ção

dos

prec

eito

s (e

sua

ap

licaç

ão)

o co

nhec

imen

to d

os t

raba

lhos

pre

para

tório

s do

Cód

igo

e os

es

tudo

s e

outro

s te

xtos

pro

duzi

dos

sobr

e e/

ou a

pro

pósi

to d

o A

ntep

roje

cto

resp

ectiv

o.

Ora

bem

, não

exi

ste

mui

ta c

oisa

pub

licad

a, já

que

, inf

eliz

men

te, a

inda

não

cr

iám

os e

ntre

nós

o h

ábito

de

dar

a co

nhec

er o

s tra

balh

os d

e pr

epar

ação

da

s gr

ande

s re

form

as l

egis

lativ

as,

pelo

que

, po

r ex

empl

o, a

s ve

rsõe

s pr

imei

ras

do A

ntep

roje

cto

apen

as p

oder

ão s

er c

onhe

cida

s ju

nto

do a

utor

m

ater

ial

ou,

even

tual

men

te,

nos

arqu

ivos

do

Min

isté

rio d

a Ju

stiç

a. O

m

esm

o se

pod

erá

dize

r de

act

as d

as r

euni

ões

da C

omis

são

Técn

ica

de

Aco

mpa

nham

ento

(C

TA)

e/ou

das

ses

sões

de

traba

lho

que

o au

tor

dest

as

nota

s, en

quan

to

auto

r m

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ial

do

Ant

epro

ject

o,

teve

co

m

a C

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mag

istra

dos,

advo

gado

s, ou

tros

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

4

técn

icos

jur

ista

s, of

icia

is s

uper

iore

s da

PO

P, d

a PJ

, G

uard

a Fi

scal

e

Alfâ

ndeg

as o

u, a

inda

, com

org

aniz

açõe

s da

soc

ieda

de c

ivil,

na

Prai

a e

no

Min

delo

, sem

esq

uece

r par

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es e

out

ros

text

os p

rodu

zido

s no

Min

isté

rio

da

Just

iça

e po

r nó

s pr

óprio

s (e

nqua

nto,

na

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lmen

te,

auto

r do

an

tepr

ojec

to) e

m re

spos

ta à

quel

es p

arec

eres

e d

ocum

ento

s. 2.

Qua

nto

a es

tudo

s e

outro

s te

xtos

, há

a r

egis

tar

(do

que

é do

nos

so

conh

ecim

ento

) ape

nas o

s seg

uint

es:

a)

JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A,

«Ter

mos

de

refe

rênc

ia p

ara

a el

abor

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de

um C

ódig

o Pe

nal

de C

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Ver

de»,

in

Revi

sta

Port

ugue

sa d

e C

iênc

ia C

rim

inal

(R

PCC

), 5

(199

5),

23-4

5. E

ste

text

o fo

i re-

publ

icad

o na

Rev

ista

Jur

ídic

a do

Min

isté

rio

da J

ustiç

a,

n.° 2

3, P

raia

, Jan

-Jun

de

1995

, 39-

59.

b) J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, «O

Ant

epro

ject

o do

nov

o C

ódig

o Pe

nal

de C

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Ver

de:

uma

leitu

ra, e

m j

eito

de

apre

sent

ação

», i

n RP

CC

6(1

996)

, 365

-427

- c)

Jor

ge d

e FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, u

ma

com

unic

ação

feita

na

Prai

a,

em J

ulho

de

1996

(29

a 3

1),

por

ocas

ião

de J

orna

das

sobr

e o

Ant

epro

ject

o de

nov

o C

ódig

o Pe

nal

de C

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Ver

de,

text

o nã

o pu

blic

ado

e qu

e co

nsub

stan

ciav

a um

a ap

reci

ação

gl

obal

do

A

ntep

roje

cto.

d)

TER

ESA

PIZ

AR

RO

BEL

EZA

, com

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fei

ta n

as m

esm

as

Jorn

adas

ac

ima

refe

ridas

, te

xto

não

publ

icad

o e

que

vers

ava

esse

ncia

lmen

te so

bre

os C

rimes

Sex

uais

no

Ant

epro

ject

o de

CP.

No

enta

nto,

um

text

o pr

óxim

o da

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e fo

i pub

licad

o co

mo

Pról

ogo

da

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Ref

orm

as P

enai

s em

Cab

o Ve

rde,

I,

da a

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ia d

e JO

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E C

AR

LOS

FON

SEC

A, a

baix

o ci

tada

. e)

RA

UL

VA

REL

A,

com

unic

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fei

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as m

esm

as J

orna

das

acim

a re

ferid

as, t

exto

não

pub

licad

o.

f)

José

MO

UR

AZ

LOPE

S, P

arec

er s

obre

o A

ntep

roje

cto

do

Page 3: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

5

Cód

igo

Pena

l de

Cab

o V

erde

, te

xto

dact

ilogr

afad

o (2

3 pá

gina

s),

não

publ

icad

o, C

oim

bra,

02.

06.9

7.

g)

Fran

cisc

o M

UN

OZ

CO

ND

E, «

Los

Del

itos

Patri

mon

iale

s y

Econ

ómic

os

en

el

Cód

igo

Pena

l Es

pano

lde

1995

y

en

el

Ant

epro

yect

o de

Cód

igo

Pena

l de

Cab

o V

erde

», i

n D

irei

to e

C

idad

ania

(DeC

), n.

° 2, P

raia

, 199

8, 1

25-1

36.

h)

BER

NA

RD

INO

DEL

GA

DO

, Aná

lise

com

para

tiva

entr

e as

op

ções

ado

ptad

as p

elo

auto

r do

Ant

epro

ject

o e

as p

osiç

ões

da

Com

issã

o de

Ac

ompa

nham

ento

, te

xto

dact

ilogr

afad

o.,

não

publ

icad

o, P

orto

Nov

o, O

utub

ro d

e 20

03.

i) JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A,

Refo

rmas

Pen

ais

em C

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Verd

e, V

ol. I

, Um

nov

o C

ódig

o Pe

nal p

ara

Cab

o V

erde

, IPC

, Pra

ia,

2001

.

3. S

empr

e se

rá ú

til d

eixa

r aqu

i o re

gist

o de

bib

liogr

afia

ger

al c

om in

tere

sse

para

o

estu

do

e co

mpr

eens

ão

da

mat

éria

ob

ject

o de

stes

C

ader

nos,

pens

ando

, po

r en

quan

to,

apen

as

na

Parte

G

eral

do

...

Dire

ito

Pena

l. N

atur

alm

ente

qu

e,

sobr

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a,

a bi

blio

graf

ia

é qu

ase

inte

rmin

ável

. Li

mita

mo-

nos

a su

gerir

o q

ue n

os p

arec

e co

mo

mai

s fu

ndam

enta

l e

aces

síve

l (s

obre

tudo

, em

ter

mos

de

aces

so f

ísic

o, e

m C

abo

Ver

de)

em

língu

a po

rtugu

esa

e ca

stel

hana

, se

m

esqu

ecer

qu

e os

tra

balh

os

de

elab

oraç

ão d

o C

ódig

o tiv

eram

sem

pre

em c

onsi

dera

ção,

ent

re o

utro

s el

emen

tos

de r

efer

ênci

a, a

leg

isla

ção

vige

nte

e as

ref

orm

as e

m c

urso

ou

mai

s re

cent

es e

m p

aíse

s co

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Portu

gal,

Espa

nha,

Arg

entin

a, M

acau

, G

uiné

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sau

e B

rasi

l. Pa

ra

cada

m

atér

ia

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parti

cula

r, fa

rem

os

indi

caçã

o de

le

itura

es

peci

alm

ente

reco

men

dada

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

6

Bib

liogr

afia

ger

al

Jo

rge

de F

IGU

EIR

EDO

DIA

S, T

exto

s de

Dir

eito

Pen

al -

Dou

trin

a ge

ral

do c

rim

e, L

içõe

s (e

labo

rada

s co

m a

col

abor

ação

de

Nun

o B

rand

ão),

fase

, C

oim

bra,

200

1;

Jorg

e de

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Tem

as B

ásic

os d

a D

outr

ina

Pena

l - S

obre

os

fun

dam

ento

s da

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trina

pen

al -

Sob

re a

dou

trina

ger

al d

o cr

ime,

C

oim

bra

Edito

ra, 2

001;

*J

orge

de

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Dir

eito

Pen

al P

ortu

guês

- Pa

rte

Ger

al -

II

- A

s C

onse

quên

cias

Jur

ídic

as d

o C

rime,

Aeq

uita

s, Ed

itoria

l N

otíc

ias,

Lisb

oa, 1

993;

*J

orge

de

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Dir

eito

Pen

al (S

umár

ios)

, Coi

mbr

a, 1

975;

A

dita

men

tos a

os S

umár

ios d

e 19

75, C

oim

bra,

197

7;

*Jor

ge d

e FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, D

irei

to P

enal

(Sum

ário

s e n

otas

de

Liçõ

es

ao 1

.° an

o do

Cur

so C

ompl

emen

tar d

e C

iênc

ias J

uríd

icas

), C

oim

bra,

197

6;

EDU

AR

DO

C

OR

REI

A,

Dir

eito

C

rim

inal

(c

om

a co

labo

raçã

o de

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guei

redo

D

ias)

, Ie

II

V

olum

es,

Rei

mpr

essã

o,

Livr

aria

A

lmed

ina,

C

oim

bra,

197

1;

*Man

uel

CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A,

Liçõ

es d

e D

irei

to P

enal

I,

Lisb

oa/S

ão P

aulo

, I V

olum

e, 1

992,

II V

olum

e, 1

989;

*T

ERES

A P

IZA

RR

O B

ELEZ

A, D

irei

to P

enal

, Vol

. I, L

isbo

a, 2

.a edi

ção,

19

84; V

ol. I

I, Li

sboa

, 198

0 (e

m c

urso

de

actu

aliz

ação

); M

AR

IA F

ERN

AN

DA

PA

LMA

, D

irei

to P

enal

- P

arte

Ger

al (

fase

), A

AFD

L, L

isbo

a, 1

994.

; M

AR

IA

FER

NA

ND

A

PALM

A,

Dir

eito

Pe

nal

- Te

oria

G

eral

da

In

frac

ção,

Sum

ário

s, Li

sboa

, 198

0-81

; G

ERM

AN

O M

AR

QU

ES D

A S

ILV

A,

Dir

eito

Pen

al P

ortu

guês

- P

arte

G

eral

, 3 V

olum

es, V

erbo

, Lis

boa/

São

Paul

o, 1

997,

1998

e 1

999;

H

ELEN

O C

LÁU

DIO

FR

AG

OSO

, Li

ções

de

Dir

eito

Pen

al,

Parte

Ger

al,

2.a ed

ição

, Edi

tora

For

ense

, Rio

de

Jane

iro, 1

991;

Eu

géni

o R

AU

L ZA

FFA

RO

NI/J

osé

Hen

rique

PIE

RA

NG

ELI,

Man

ual

de

Dir

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Pen

al B

rasi

leir

o - P

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Ger

al, E

dito

ra R

evis

ta d

os T

ribun

ais,

São

Paul

o, 1

997;

Page 4: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

7

*Fra

ncis

co M

UN

OZ

CO

ND

E, D

erec

ho P

enal

-Par

te G

ener

al,

3a ed.

, Ti

rant

lo B

lanc

h, V

alên

cia,

199

8;

José

CER

EZO

MIR

, Cur

so d

e D

erec

ho P

enal

Esp

añol

, Par

te G

ener

al, I

, 2.

a ed

ição

, Mad

rid, 1

981;

II,

Teor

ia ju

rídic

a de

i del

ito/2

, Tec

nos,

Mad

rid,

1992

; *E

ugen

io R

AU

L ZA

FFA

RO

NI (

com

a c

olab

oraç

ão d

e A

leja

ndro

Ala

gia

e A

leja

ndro

Slo

kar)

, Der

echo

Pen

al -

Part

e G

ener

al, E

DIA

R, B

ueno

s A

ires,

2000

; *H

ans-

Hei

nric

h JE

SCH

ECK

, Tra

tado

de

Der

echo

Pen

al -

Par

te G

ener

al,

2 V

olum

es, t

radu

ção

da 3

.a edi

ção

orig

inal

(197

8), p

or M

ir Pu

ig e

Mur

ioz

Con

de, B

osch

, Bar

celo

na, 1

981;

G

unte

r STR

ATE

NW

ERTH

, Der

echo

Pen

al -

Part

e G

ener

al, I

- El

Hec

ho

Puni

ble,

tra

duçã

o da

2.a e

diçã

o al

emã

de 1

976,

por

Gla

dys

Rom

ero,

Ed

ersa

, Mad

rid, 1

982;

C

laus

RO

XIN

, Pr

oble

mas

Fun

dam

enta

is d

e D

irei

to P

enal

, tra

duçã

o da

ed

ição

ale

de 1

973,

por

Ana

Pau

la N

atsc

hera

detz

, A

na I

sabe

l de

Fi

guei

redo

e M

aria

Fer

nand

a Pa

lma,

Vej

a, L

isbo

a, 1

986;

*C

laus

RO

XIN

, Der

echo

Pen

al -

Par

te G

ener

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omo

I -

Fund

amen

tos.

La E

stru

ctur

a de

la

Teor

ía d

el D

elito

, tra

duçã

o da

2.a e

diçã

o al

emã,

por

Lu

zón

Pena

, G

arci

a C

onlle

do

e V

icen

te

Rem

esal

, Ed

itoria

l C

ivita

s, M

adrid

, 199

7.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

8 II

1. O

pro

blem

a da

suc

essã

o de

leis

pen

ais

no t

empo

: se

ntid

o e

alca

nce

do a

rt.°

2, n

° 1

(Aul

a m

inis

trad

a po

r A

UG

UST

O S

ILV

A D

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Pr

ofes

sor

da F

acul

dade

de

Dir

eito

de

Lis

boa,

a c

onvi

te n

osso

, co

m

dese

nvol

vim

ento

s fe

itos

por

JOR

GE

C

AR

LO

S FO

NSE

CA

so

bre

aspe

ctos

par

ticul

ares

do

prob

lem

a)

1.1.

Com

o po

dem

ser d

ifere

ntes

as d

ispo

siçõ

es p

enai

s est

abel

ecid

as e

m le

is

post

erio

res,

a qu

e al

ude

o ar

t.° 2

, n.°l

, do

Cód

igo

Pena

l (do

rava

nte,

CP)

? 1.

1.1

Dev

e-se

com

eçar

por

dis

tingu

ir en

tre l

ei n

ova

(dor

avan

te,

LN)

desp

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izad

ora

de u

m d

eter

min

ado

fact

o e

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ue e

stab

elec

e pa

ra o

m

esm

o fa

cto

um r

egim

e pu

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o di

fere

nte.

No

prim

eiro

cas

o te

mos

um

a su

cess

ão d

e le

is p

enai

s em

sen

tido

impr

óprio

; no

segu

ndo

caso

, tem

os u

ma

suce

ssão

de

leis

pen

ais e

m se

ntid

o pr

óprio

. 1.

1.2

Nem

sem

pre

a di

stin

ção

entre

as

duas

situ

açõe

s é

fáci

l por

que

mui

tas

veze

s a

LN n

ão d

erro

ga a

lei a

ntig

a (d

orav

ante

, LA

) mas

ape

nas

mod

ifica

os

ele

men

tos c

onst

itutiv

os d

o tip

o in

crim

inad

or.

Por e

xem

plo:

supo

nham

os q

ue o

CP

ante

rior p

unia

a p

ropa

gaçã

o de

doe

nça

cont

agio

sa s

em m

ais,

conf

igur

ando

um

tipo

incr

imin

ador

dis

tinto

do

art.°

29

9.°

do C

P ac

tual

que

vem

exi

gir

que

a pr

opag

ação

con

tagi

osa

crie

um

pe

rigo

para

a v

ida

de o

utre

m.

Supo

nham

os t

ambé

m q

ue,

em J

anei

ro d

e 20

04, A

bel,

que

é po

rtado

r do

viru

s da

hep

atite

b, t

eve

rela

ções

sex

uais

Page 5: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

9

com

Ber

ta s

em p

rote

cção

, sem

que

daí

, con

tudo

, ten

ha d

ecor

rido

qual

quer

pe

rigo

para

a sa

úde

ou a

vid

a de

sta.

O

nov

o C

P re

pres

enta

nes

te c

onte

xto

uma

LN d

espe

naliz

ador

a ou

um

a LN

qu

e di

spõe

par

a o

fact

o re

ferid

o um

reg

ime

puni

tivo

dive

rso?

A r

espo

sta

corr

ecta

é a

prim

eira

, po

rqua

nto

o fa

cto

conc

reto

- s

ó em

rel

ação

a u

m

fact

o co

ncre

to p

ode

exis

tir u

m p

robl

ema

de s

uces

são

de le

is p

enai

s - q

ue é

pu

níve

l fac

e à

LA d

eixa

de

o se

r fa

ce à

LN

, mai

s ex

igen

te a

res

peito

dos

el

emen

tos d

o tip

o.

1. 2

. O q

ue si

gnifi

ca le

i mai

s fav

oráv

el?

1.2.

1. A

lei m

ais

favo

ráve

l é, d

e to

das

as q

ue c

onco

rrem

tem

pora

lmen

te,

aque

la q

ue,

em t

odos

os

aspe

ctos

do

seu

regi

me

e no

cas

o co

ncre

to,

cont

iver

o re

gim

e pu

nitiv

o m

ais f

avor

ável

ao

argu

ido.

Po

r exe

mpl

o: s

upon

ham

os q

ue a

LA

pun

e o

furto

com

pen

a de

pris

ão a

té 5

an

os, m

as f

ixa

a im

puta

bilid

ade

em r

azão

da

idad

e no

s 16

ano

s (c

omo

o ar

t° 1

7 do

nov

o C

P) e

que

a L

N v

em p

resc

reve

r par

a o

mes

mo

crim

e um

a pe

na d

e pr

isão

de

2 a

8 an

os, m

as fi

xa a

impu

tabi

lidad

e em

razã

o da

idad

e no

s 18

anos

. Sup

onha

mos

ain

da q

ue n

a vi

gênc

ia d

a LA

Abe

l, co

m 1

7 an

os,

prat

ica

um fu

rto e

ain

da n

ão fo

i jul

gado

qua

ndo

entro

u em

vig

or a

LN

. 1.

2.2.

Qua

l a

lei

mai

s fa

vorá

vel?

De

acor

do c

om o

crit

ério

enu

ncia

do a

re

spos

ta d

eve

ser:

a LN

por

que

perm

itiria

que

Abe

l fos

se a

bsol

vido

e lh

e fo

sse

even

tual

men

te a

plic

ada

uma

med

ida

de s

egur

ança

des

tinad

a a

inim

putá

veis

. 1.

3. F

az s

entid

o re

stri

ngir

a a

plic

ação

do

art.°

2,

n.°

1, a

trav

és

da r

essa

lva

do c

aso

julg

ado?

1.

3.1.

O a

rt.°

3-°,

n°l,

do A

ntep

roje

cto

de C

P ac

resc

enta

va à

red

acçã

o do

ar

t.° 2

.°, n

. °1,

act

ual a

fras

e «m

esm

o qu

e o

agen

te e

stej

a já

con

dena

do p

or

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

10

deci

são

trans

itada

em

jul

gado

». T

endo

est

a fr

ase

sido

elim

inad

a na

lei

vi

gent

e, p

ode

dize

r-se

que

foi

im

post

o o

caso

jul

gado

com

o lim

ite à

ap

licaç

ão d

a le

i mai

s fav

oráv

el?

A re

spos

ta d

eve

ser n

egat

iva.

1.

3.2.

Por

um

lado

, o p

reâm

bulo

do

CP,

no

pont

o 9

da P

arte

Ger

al, a

firm

a ex

pres

sam

ente

que

o l

egis

lado

r nã

o qu

is c

onte

mpl

ar n

o ar

t.0 2.°,

n.°l

, o

caso

julg

ado.

Po

r ou

tro l

ado,

o a

rt.°

18.°

da C

onst

ituiç

ão e

stip

ula

que

os p

rece

itos

rela

tivos

a d

ireito

s lib

erda

des

e ga

rant

ias

são

de a

plic

ação

imed

iata

, ist

o é,

se

m q

ue s

eja

nece

ssár

ia a

med

iaçã

o da

lei

. O

art.

° 31

.°, n

.° 2,

da

Lei

Fund

amen

tal é

um

des

ses

prec

eito

s e

cont

ém o

prin

cípi

o da

apl

icaç

ão d

a le

i pe

nal

mai

s fa

vorá

vel

sem

lhe

pôr

qua

lque

r lim

ite. I

sto

sign

ifica

dua

s co

isas

: prim

eiro

, que

o a

rt.°

2.°,

n.°

1, d

o C

P é

plen

amen

te c

onst

ituci

onal

, po

is,

ao

cont

rário

do

ar

t.°

2.°,

n.°

4,

do

CP

portu

guês

, re

prod

uz

esse

ncia

lmen

te o

text

o co

nstit

ucio

nal;

segu

ndo,

que

a in

trodu

ção

do li

mite

do

cas

o ju

lgad

o se

ria in

cons

tituc

iona

l por

rest

ringi

r o a

lcan

ce d

o pr

incí

pio

do a

rt.° 3

1, n

.° 2.

1.

4. P

ode

afir

mar

-se,

con

tra

esta

con

clus

ão, q

ue, s

endo

o c

aso

julg

ado

uma

gara

ntia

, nad

a ob

sta

à su

a in

trod

ução

com

o lim

ite i

mpl

ícito

ao

prin

cípi

o da

apl

icaç

ão d

a le

i pen

al m

ais f

avor

ável

? C

reio

que

não

por

três

razõ

es li

gada

s ent

re si

: 1.

4.1.

Por

que,

com

o vi

mos

, es

se l

imite

im

plíc

ito r

eduz

iria

o al

canc

e es

senc

ial

da

gara

ntia

do

ar

t.°

31.°,

n.

°2,

dita

ndo

isso

a

sua

inad

mis

sibi

lidad

e;

1.

4.2.

Por

que

o ca

so j

ulga

do n

ão f

unci

ona

aqui

com

o ga

rant

ia m

as,

ao

invé

s, co

mo

obst

ácul

o à

aplic

ação

de

um re

gim

e pu

nitiv

o m

ais f

avor

ável

;

Page 6: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

11

1.4.

3. P

orqu

e o

mod

o de

fun

cion

amen

to d

e um

a ga

rant

ia n

ão é

cer

cear

a

ampl

itude

de

outra

s ga

rant

ias

cons

tituc

iona

is,

sob

pena

de

nega

r a

sua

próp

ria «

ratio

ess

endi

», m

as c

onco

rrer

com

ela

s no

sen

tido

de p

oten

ciar

os

espa

ços d

e lib

erda

de d

os c

idad

ãos.

1.5.

O r

egim

e do

art

.°, 2

80.°,

n.°

5, d

a C

onst

ituiç

ão c

ontr

aria

est

e en

tend

imen

to?

A re

spos

ta n

ão p

ode

deix

ar d

e se

r neg

ativ

a.

1.5.

1. N

ote-

se, e

m p

rimei

ro l

ugar

, que

a d

ispo

siçã

o ci

tada

se a

plic

a a

situ

açõe

s de

suc

essã

o de

lei

s pe

nais

no

tem

po e

m q

ue a

LN

é d

ecla

rada

in

cons

tituc

iona

l co

m f

orça

obr

igat

ória

ger

al.

O s

eu â

mbi

to d

e ap

licaç

ão

está

lon

ge,

pois

, de

esg

otar

a p

robl

emát

ica

da a

plic

ação

da

lei

pena

l no

te

mpo

. 1.

5.2.

Mes

mo

nest

e do

mín

io d

a LN

inc

onst

ituci

onal

, o

regi

me

do a

rt.°

280.

°, n.

°5, n

ão s

e op

õe a

o qu

e di

ssem

os. E

m te

rmos

bre

ves,

prec

eitu

a o

art.°

280

n.°l

que

, qu

ando

um

a le

i é

decl

arad

a in

cons

tituc

iona

l, es

sa

decl

araç

ão p

rodu

z ef

eito

s de

sde

a da

ta d

a su

a en

trada

em

vig

or e

repr

istin

a a

norm

a ou

as

norm

as q

ue e

la t

iver

rev

ogad

o. A

rep

ristin

ação

des

sas

norm

as te

m n

atur

alm

ente

con

sequ

ênci

as p

rátic

as.

Por

exem

plo:

sup

onha

mos

que

a l

ei r

epris

tinad

a é

mai

s de

sfav

oráv

el d

o qu

e a

lei

inco

nstit

ucio

nal

no â

mbi

to d

a qu

al c

erta

pes

soa

foi

cond

enad

a.

Nes

ta s

ituaç

ão a

res

salv

a do

cas

o ju

lgad

o fu

ncio

na p

lena

men

te c

omo

gara

ntia

, po

is i

mpe

de a

apl

icaç

ão d

e um

reg

ime

mai

s gr

avos

o pa

ra o

co

nden

ado.

Ela

sal

vagu

arda

a p

osiç

ão j

uríd

ica

do c

onde

nado

per

ante

os

efei

tos d

esfa

vorá

veis

da

decl

araç

ão d

e in

cons

tituc

iona

lidad

e.

1.5.

3. S

upon

ham

os a

gora

que

a le

i rep

ristin

ada

é m

ais

favo

ráve

l do

que

a le

i inc

onst

ituci

onal

na

vigê

ncia

da

qual

cer

ta p

esso

a fo

i con

dena

da. C

omo

faci

lmen

te s

e pe

rceb

e, a

tra

nspo

siçã

o da

sol

ução

ant

erio

r nã

o é

corr

ecta

, po

is o

lim

ite d

o ca

so ju

lgad

o ob

star

ia a

qui à

apl

icaç

ão d

a le

i pen

al m

ais

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

12

favo

ráve

l. Ta

l lim

ite d

eixa

de

vale

r, ne

ste

cont

exto

, co

mo

gara

ntia

. A

pe

ssoa

em

cau

sa n

ão s

ó fo

i co

nden

ada

ao a

brig

o da

lei

inc

onst

ituci

onal

, co

mo

é pr

ivad

a da

gar

antia

da

aplic

ação

da

lei

cons

tituc

iona

l m

ais

favo

ráve

l. É

a ca

sos

dest

es q

ue a

2a p

arte

do

n.°5

do

art.°

280

.° se

ref

ere,

co

nced

endo

ao

Trib

unal

Con

stitu

cion

al a

fac

ulda

de d

e ap

licar

a le

i pen

al

repr

istin

ada

mai

s fa

vorá

vel m

esm

o qu

e te

nha

havi

do já

trân

sito

em

julg

ado

da se

nten

ça c

onde

nató

ria.

[Fim

do

text

o re

digi

do p

elo

Prof

. AU

GU

STO

SIL

VA

DIA

S]

1.6.

Alg

umas

not

as m

ais

sobr

e o

tem

a da

apl

icaç

ão d

a le

i pe

nal

do

tem

po, a

par

tir d

e pr

oble

mas

susc

itado

s dur

ante

o C

urso

A

cres

cent

emos

alg

umas

not

as m

ais

a pr

opós

ito d

este

tem

a, n

otas

que

co

rres

pond

em, e

m b

oa m

edid

a, a

o ex

post

o no

nos

so R

efor

mas

Pen

ais..

.1 e/

ou a

que

stõe

s mui

to c

oncr

etas

susc

itada

s dur

ante

as s

essõ

es d

o C

urso

. 1.

6.1.

A s

oluç

ão q

ue v

inha

pro

post

a no

Ant

epro

ject

o er

a di

fere

nte,

por

ex

empl

o, d

a so

luçã

o do

CP.

de

1886

, e d

a qu

e vi

gora

hoj

e em

Por

tuga

l, Fr

ança

e M

acau

, e a

prox

imav

a-se

da

solu

ção

enco

ntra

da n

a G

uiné

-Bis

sau,

Es

panh

a, V

enez

uela

, Pe

ru e

Bra

sil2 .

Dev

e di

-zer

-se

que,

no

Bra

sil,

o pa

rágr

afo

únic

o do

art.

° 2.

° do

CP,

na

reda

cção

ant

erio

r à

actu

al, d

izia

o

segu

inte

: «A

lei p

oste

rior,

que

de o

utro

mod

o fa

vore

ce o

age

nte,

apl

ica-

se

ao f

ato

aind

a nã

o de

finiti

vam

ente

jul

gado

e,

na p

arte

que

com

ina

pena

m

enos

rig

oros

a,

aind

a ao

fa

to

julg

ado

por

sent

ença

co

nden

atór

ia

irrec

orrív

el».

A E

xpos

ição

de

Mot

ivos

pro

cura

va e

xplic

ar o

dis

posi

tivo

com

a a

lega

ção

de q

ue e

ra c

onve

nien

te p

or r

azõe

s de

ord

em p

rátic

a, p

ois

evita

r-se

-ia «

uma

exte

nsa

e co

mpl

exa

revi

são

ou a

just

amen

to d

e pr

oces

sos

1

JOR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Ref

orm

as P

enai

s...,

2001

, par

ticul

arm

ente

44-

47.

2 A

solu

ção

tam

bém

é a

colh

ida

no A

E-A.

T., 2

.a ed.

, J.C

.B.M

ohr (

Paul

Sie

beck

) Túb

inge

n, 1

969)

, no

§ 3

(1)

e no

Ant

epro

ject

o de

Cód

igo

Pena

l pa

ra o

Ecu

ador

, da

aut

oria

de

R1V

ACO

BA Y

R1

VA

COBA

e Z

AFF

ARO

NI,

cfr.

sepa

rata

da

Revi

sta d

e de

rech

o Pe

nal y

Crim

inol

ogia

, n.°

3, 1

993,

ar

t. 8

(«...

se a

plic

ará

retro

activ

amen

te y

de

ofic

io t

oda

ley

poste

rior

más

fav

orab

le h

asta

el

mom

ento

en

que

se a

gote

cua

lqui

er e

fect

o ju

rídic

o de

i del

ito o

de

la c

onde

na»

(823

). .

Page 7: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

13

já u

ltim

ados

», r

emat

ando

que

«Se

inj

ustiç

a gr

ave

surg

ir em

alg

um c

aso

conc

reto

, pod

erá

ser

faci

lmen

te r

emed

iada

com

um

dec

reto

de

graç

a». A

re

striç

ão,

no e

ntan

to,

foi

elim

inad

a co

m a

Lei

n.°

7.20

9, d

e 11

.7.1

9843 .

Aliá

s, a

próp

ria le

i - a

rt.°

13 d

a Le

i de

Intro

duçã

o ao

Cód

igo

de P

roce

sso

Pena

l es

tabe

lece

qu

e a

aplic

ação

da

le

i no

va

ao

fact

o já

ju

lgad

o de

finiti

vam

ente

far

-se-

á m

edia

nte

desp

acho

do

juiz

, «d

e of

ício

, ou

a

requ

erim

ento

do

cond

enad

o».

1.6.

2. E

m n

osso

ent

ende

r, as

razõ

es q

ue ju

stifi

cam

um

a ta

l apl

icaç

ão, a

inda

qu

e re

troac

tiva,

da

lei m

ais f

avor

ável

, - e

que

, ver

dade

iram

ente

, rad

icam

no

prin

cípi

o da

nec

essi

dade

das

pen

as e

med

idas

de

segu

ranç

a e

no d

a ig

uald

ade4 , a

uton

omam

ente

con

sagr

ados

na

noss

a Le

i Fun

dam

enta

l (ar

t.°s

17°,

n° 5

, in

fm

e e

23.°)

- c

ontin

uam

a s

er v

álid

as m

esm

o em

cas

o de

de

cisã

o pa

ssad

a em

jul

gado

5 , po

dend

o di

zer-

se q

ue o

s fu

ndam

ento

s de

3 Cf

r. RE

ARI

EL D

OTT

I, Cu

rso

de D

ireito

Pen

al -

Parte

Ger

al, 2

.a edi

ção,

Edi

tora

For

ense

, Rio

de

Jane

iro,

2004

, 26

2. A

utor

que

nos

cont

a de

que

no

Peru

, al

ém d

e ga

rant

ia i

ndiv

idua

l, a

retro

activ

idad

e da

lex

miti

or é

um

a da

s ex

igên

cias

im

post

as à

jur

isdi

ção

dos

mag

istra

dos

pena

is. A

Con

stitu

ição

per

uana

diz

que

«So

n pr

incí

pios

y d

erec

hos d

e la

func

ión

juris

dicc

iona

l: ...

La

apl

icac

ión

de la

ley

más

fav

orab

le a

o pr

oces

ado

en c

aso

de d

uda

o de

con

flict

o en

tre le

yes

pena

les»

. 4

Ass

im,

por

exem

plo,

MA

RIA

FER

NA

DA

PA

LMA

, D

ireito

Pen

al...,

199

4, 12

9 ss

.; ZA

FFA

RON

1/

PIER

AN

GEL

I, M

anua

l...,

231.

5

Ass

im, C

AV

ALE

IRO

DE

FER

REI

RA

, Dire

ito P

enal

Por

tugu

ês, P

arte

Ger

al, I

, Ver

bo, L

isbo

a/

São

Paul

o, 1

981

119;

TER

ESA

PIZ

AR

RO

BEL

EZA

, D

ireito

Pen

al I

, 45

2, n

ota

516;

RU

I PE

REI

RA

, «A

rel

evân

cia

da le

i pen

al in

cons

tituc

iona

l mai

s fa

vorá

vel a

o ar

guid

o», i

n RP

CC

1(

1991

), 55

ss.,

par

ticul

arm

ente

, not

a 13

(58

-59)

; TA

IPA

DE

CA

RV

ALH

O, S

uces

são

de le

is

pena

is,

Coi

mbr

a Ed

itora

, 19

90,

63 s

s.; M

OH

RB

OTT

ER,

«Gar

antie

funk

tion

und

zeitl

iche

H

errs

chaf

t de

r Sr

afge

setz

e am

B

eisp

iel

des

§ 25

0 St

GB

»,

in

ZStW

(1

976)

, 93

5 ss

. C

urio

sam

ente

, um

a ta

l sol

ução

tinh

a si

do d

efen

dida

por

SIL

VA

FER

O (T

heor

ia d

o di

reito

pe

nal a

pplic

ado

ao C

ódig

o Pe

nal P

ortu

guez

com

para

do c

om o

Cód

igo

do B

razi

l, Le

is P

átri

as,

Cód

igos

e L

eis

Cri

min

aes

dos

Povo

s An

tigos

e M

oder

nos,

III,

Lisb

oa, T

ypog

rafia

Uni

vers

al,

1856

, 12

ss.)

e pr

opos

ta n

o Pr

ojec

to d

e C

P de

186

1.

Cfr

., ai

nda,

no

sent

ido

da p

osiç

ão d

efen

dida

no

text

o, H

ELEN

O F

RA

GO

DO

, Liç

ões..

., 10

0-10

1; J

IMÉN

EZ D

E A

SÚA

, La

lev

y e

l de

lito,

Edi

toria

l Su

dam

eric

ana,

Bue

nos

Aire

s, 19

80, 1

59 (

«...

la s

upue

sta

sant

idad

de

la c

osa

juzg

ada

y lo

s ar

gum

ento

s de

ord

en p

úblic

o no

pu

eden

con

venc

emos

...»)

; GR

ISA

NTI

AV

ELED

O, L

ecci

ones

de

dere

cho

pena

l, Pa

rte g

ener

al,

6.a

ed.,

Car

acas

, 19

89,

58

ss.;

Juan

J.

BU

STO

S R

AM

ÍREZ

/Her

nán

HO

RM

AZÁ

BA

L M

ALA

RÉE

, Lec

cion

es d

e D

erec

ho P

enal

, Vol

umen

I, E

dito

rial T

rotta

, Val

lado

lid, 1

997,

106

-10

7.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

14

segu

ranç

a ju

rídic

a su

bjac

ente

s ao

res

peito

do

caso

jul

gado

nun

ca s

ão

post

os e

m c

ausa

pel

a ap

licaç

ão r

etro

activ

a da

lei

mai

s fa

vorá

vel

ao

argu

ido.

A

so

cied

ade

não

é af

ecta

da

num

a si

tuaç

ão

em

que,

in

equi

voca

men

te, s

e al

tera

ram

os

juíz

os (e

a s

ua m

edid

a) d

e re

prov

ação

do

fact

o in

crim

inad

o.

N

o se

ntid

o da

inco

nstit

ucio

nalid

ade

do li

mite

do

caso

julg

ado

à ap

licaç

ão r

etro

activ

a da

le

i pen

al m

ais

favo

ráve

l con

sagr

ado

na le

i pen

al p

ortu

gues

a, v

eja-

se T

AIP

A D

E C

AR

VA

LHO

, Su

cess

ão...

»,

pa

rticu

larm

ente

17

3 ss

.; G

OM

ES

CA

NO

TILH

O/V

ITA

L M

OR

EIR

A,

Con

stia

iiçõo

da

Repú

blic

a Po

rtug

uesa

Ano

tada

, 3.

a edi

ção

revi

sta,

Coi

mbr

a Ed

itora

, 19

93,,

anot

. aos

art.

°s 2

9.°,

193

, e 2

82.°,

104

1-10

42; G

ERM

AN

O M

AR

QU

ES D

A S

ILV

A, D

ireito

Pe

nal

..., I

, 269

-271

; B

ERN

AR

DO

CO

LAÇ

O,

«Cúm

ulo

juríd

ico

com

pen

as c

umpr

idas

», i

n RM

P, a

no 1

Io ,

n°44

, 13

6 ss

.; R

OD

RIG

UES

MA

XIM

INIA

NO

, «A

plic

ação

da

lei

pena

l no

te

mpo

e c

aso

julg

ado»

, in

RM

P, a

no 4

o (19

83),

vol.1

3, 1

1 ss

.; R

UI

PER

EIR

A,

«A

rele

vânc

ia...

», lo

c.ci

t., 5

8 ss

., no

ta 1

3; M

AR

IA F

ERN

AN

DA

PA

LMA

, «A

apl

icaç

ão d

a le

i no

tem

po: a

pro

ibiç

ão d

a re

troac

tivid

ade

in p

ejus

, in

Jorn

adas

sob

re a

rev

isão

do

Cód

igo

Pena

l (o

rgan

izaç

ão d

e M

aria

Fer

nand

a Pa

lma

e Te

resa

Piz

arro

Bel

eza)

, A

AFD

L, 1

998,

420

ss.,

au

tora

que

, dep

ois

de c

onsi

dera

r que

não

ser

ia ra

zoáv

el s

upor

que

a e

stab

ilida

de e

a s

egur

ança

se

rea

lizar

iam

, nu

m E

stad

o de

dire

ito d

emoc

rátic

o, e

m c

ontra

diçã

o co

m a

igu

alda

de e

sem

qu

alqu

er a

poio

no

prin

cípi

o da

nec

essi

dade

da

pena

- e

, nes

se s

entid

o, o

text

o co

nstit

ucio

nal

portu

guês

não

suf

raga

ria q

ualq

uer

rest

rição

ao

prin

cípi

o da

apl

icaç

ão r

etro

activ

a da

lei p

enal

m

ais f

avor

ável

- af

irma

que

«...

por f

orça

do

artig

o 17

° da

Con

stitu

ição

, tal

gar

antia

mai

s am

pla

é ai

nda

tute

lada

co

nstit

ucio

nalm

ente

,

na

med

ida

em

que

o di

reito

à

extin

ção

da

resp

onsa

bilid

ade

crim

inal

, res

ulta

nte

da a

plic

ação

da

lei p

enal

mai

s fa

vorá

vel d

esin

crim

inad

ora

após

o c

aso

julg

ado

é de

"na

ture

za a

nálo

ga"

ao d

ireito

que

se

fund

amen

ta e

xpre

ssa

e im

edia

tam

ente

no

artig

o 29

.°, n

.° 4.

..» (4

21-4

22).

Sobr

e as

rel

açõe

s de

sse

prin

cípi

o co

m o

da

igua

ldad

e, v

eja-

se T

AIP

A D

E C

AR

VA

LHO

, Su

cess

ão...

», 1

92 s

s.; R

UI

PER

EIR

A,

«O p

rincí

pio

da i

gual

dade

em

dire

ito p

enal

», i

n O

D

ireito

, ano

120

°, 19

88, I

-II,

134-

135,

aut

or q

ue, i

nclu

siva

men

te, s

e de

bruç

a cr

itica

men

te so

bre

as in

voca

das

razõ

es p

rátic

as q

ue a

cons

elha

riam

a e

stab

elec

er o

trân

sito

em

julg

ado

da s

ente

nça

cond

enat

ória

com

o lim

ite à

apl

icaç

ão d

a le

i pen

al c

oncr

etam

ente

mai

s fa

vorá

vel.

No

mes

mo

conc

reto

sen

tido

de r

efut

ação

das

ale

gada

s di

ficul

dade

s pr

átic

as d

e ap

licaç

ão d

o pr

incí

pio,

LO

BO

MO

UTI

NH

O, «

A a

plic

ação

da

lei p

enal

no

tem

po s

egun

do o

dire

ito p

ortu

guês

», in

DJ,

vo

l.VII

I, to

mo

2, 1

994,

109

ss..

Est

e au

tor,

além

de

outro

s ar

gum

ento

s, co

nsid

era

que

as

refe

ridas

«di

ficul

dade

s pr

átic

as»

tam

bém

exi

stem

ou

pode

m e

xist

ir na

s si

tuaç

ões

em q

ue a

no

va le

i elim

ine

o fa

cto

do n

úmer

o da

s in

frac

ções

, o q

ue n

ão le

va a

o re

spei

to d

o ca

so ju

lgad

o.

Bas

taria

pen

sar,

por

exem

plo,

em

cas

os c

omo

«res

triçã

o do

âm

bito

obj

ectiv

o de

apl

icaç

ão d

e um

a ou

vár

ias

incr

imin

açõe

s m

edia

nte

a am

plia

ção

de e

lem

ento

s ou

circ

unst

ânci

as e

ssen

ciai

s ...

pen

-se-

se n

o re

conh

ecim

ento

de

nova

cau

sa d

e ex

clus

ão d

a ili

citu

de o

u da

cul

pa o

u de

nov

a co

ndiç

ão d

e pu

nibi

lidad

e ou

de

nova

cau

sa d

e ex

tinçã

o da

res

pons

abili

dade

pen

al...

» (1

09).

Cfr

., ig

ualm

ente

, sob

re a

s rel

açõe

s do

prin

cípi

o co

m o

da

da ig

uald

ade,

Fré

déric

DES

POR

TES/

Fr

anci

s LE

GU

NEH

EC, L

e no

uvea

u dr

oitp

enal

, Tom

o 1,

3a e

d., E

conó

mic

a, P

aris

, 199

6, 2

48

ss..

Page 8: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

15

1.6.

3. E

nem

sur

ge c

omo

deci

sivo

, co

mo

atrá

s pr

ocur

ou d

emon

stra

r A

UG

UST

O S

ILV

A D

IAS

o ar

gum

ento

, sug

erid

o en

tre n

ós, p

or e

xem

plo,

po

r RA

UL

VA

REL

A6 , s

egun

do o

qua

l a n

ossa

Con

stitu

ição

, no

art.°

280

.°,

n.° 5

, (an

tigo

art.°

308

.°), m

anda

resp

eita

r o c

aso

julg

ado.

A le

itura

daq

uele

pr

ecei

to m

ostra

-nos

que

qua

ndo

a Le

i Fun

dam

enta

l man

da re

spei

tar o

cas

o ju

lgad

o, a

dmite

um

a ex

cepç

ão, q

ual

seja

... a

gar

antia

da

aplic

ação

da

lei

mai

s fa

vorá

vel

(em

mat

éria

pen

al, d

isci

plin

ar o

u co

ntra

-ord

enac

iona

l). É

ce

rto

que

aque

le

disp

ositi

vo

cons

tituc

iona

l pa

rece

co

ndic

iona

r a

efec

tivid

ade

daqu

ela

gara

ntia

a u

ma

deci

são

em c

ontrá

rio d

o Su

prem

o Tr

ibun

al d

e Ju

stiç

a. M

as n

ão s

eria

nov

idad

e no

ssa7 a

def

esa,

anc

orad

a ai

nda

nas

regr

as d

e in

terp

reta

ção

decl

arat

iva,

de

que

aque

la n

orm

a im

põe

aque

la d

ecis

ão s

empr

e qu

e o

STJ

cheg

ue à

con

clus

ão d

e qu

e, n

a ap

licaç

ão

ao c

aso

conc

reto

, a

lei

nova

(in

cons

tituc

iona

l) po

ssa

vir

a se

r m

ais

favo

ráve

l ao

argu

ido.

1.

6.4.

De

todo

o m

odo,

ain

da s

e po

deria

diz

er q

ue,

pela

rat

io d

o ca

so

julg

ado

(pen

al) -

a c

erte

za e

a s

egur

ança

juríd

icas

, vis

tas

enqu

anto

mei

o ao

se

rviç

o da

s ga

rant

ias

do c

idad

ão fa

ce a

o ar

bítri

o do

pod

er d

o Es

tado

(nes

te

caso

, o p

uniti

vo) -

, ele

nun

ca p

ode

conf

litua

r com

o p

rincí

pio

de a

plic

ação

re

troac

tiva

da le

i pen

al m

ais

favo

ráve

l ao

argu

ido,

não

tend

o, p

ois,

aind

a no

diz

er d

e TA

IPA

DE

CA

RV

ALH

O,

dign

idad

e co

nstit

ucio

nal

com

o pr

incí

pio

«...

em

si

mes

mo,

is

to

é ,

enqu

anto

ce

rteza

ju

rídic

a,

inde

pend

ente

men

te d

a su

a di

men

são

de g

aran

tia ju

rídic

o-pe

nal..

.»8 .

1.7.

Um

raso

apo

ntam

ento

sob

re a

his

tória

do

Cód

igo

que,

eve

ntua

lmen

te,

pode

rá i

nter

essa

r ao

des

tinat

ário

des

tes

Cad

erno

s: O

Ant

epro

ject

o, a

o es

tabe

lece

r qu

e, e

m c

aso

de d

úvid

a so

bre

a de

term

inaç

ão d

a le

i m

ais

favo

ráve

l, se

ria o

uvid

o o

inte

ress

ado

(n°2

do

art°

3°)

- na

est

eira

do

que,

po

r ex

empl

o, e

stat

ui o

nov

o C

ódig

o es

panh

ol (

art.°

2°,

2),

- em

cer

ta

6

Loc.

cit.,

3-4

. 7

Em P

ortu

gal,

face

a id

êntic

o pr

ecei

to c

onst

ituci

onal

, RU

I PER

EIR

A, «

A re

levâ

ncia

..,»,

70

ss..

8 Su

cess

ão...

, 183

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

16

med

ida

pret

endi

a da

r re

spos

ta

a al

gum

as

das

refe

ridas

di

ficul

dade

s pr

átic

as.

Fora

m t

ambé

m d

e na

ture

za e

xclu

siva

men

te p

rátic

a as

raz

ões

invo

cada

s pe

la

CTA

pa

ra

suge

rir

o af

asta

men

to

da

solu

ção

prec

oniz

ada

no

Ant

epro

ject

o, o

que

vei

o a

acon

tece

r. N

ão e

stiv

emos

de

acor

do é

com

a

idei

a, ig

ualm

ente

vei

cula

da p

or a

quel

a co

mis

são,

de

que

o n°

2 do

pre

ceito

(o

que

per

miti

a ou

vir

o in

tere

ssad

o em

cas

o de

det

erm

inaç

ão d

a le

i co

ncre

tam

ente

mai

s fa

vorá

vel)

«...

não

só c

ontra

ria a

pre

sunç

ão s

egun

do a

qu

al o

juiz

con

hece

o d

ireito

, com

o ta

mbé

m p

ode

trans

miti

r a id

eia

de u

ma

certa

tra

nsac

ção

em m

atér

ia p

enal

». D

esde

log

o, d

eve

ser

dito

que

o

«ouv

ir» o

inte

ress

ado

apen

as ti

nha

o se

ntid

o de

reco

lha

de u

m «

pare

cer»

. E

este

na

tura

lmen

te

que

não

se

refe

re

a qu

estõ

es

de

dire

ito,

mas

si

mpl

esm

ente

a r

eacç

ões

quan

to a

fac

tos

conc

reto

s, a

aspe

ctos

da

vida

do

argu

ido,

com

o a

sua

situ

ação

eco

nóm

ica,

soc

ial,

labo

ral,

a um

a ap

reci

ação

, fa

ctos

que

, alg

umas

vez

es, t

erão

de

ser c

uida

dosa

men

te p

esad

os, s

obre

tudo

qu

ando

est

ão e

m c

ausa

alte

rnat

ivas

, leg

alm

ente

adm

itida

s, en

tre sa

nçõe

s de

natu

reza

div

ersa

9 . 1.

8. P

onde

raçã

o di

fere

ncia

da d

e pr

ecei

tos

de u

ma

e ou

tra(

s) l

ei(s

) na

fix

ação

da

lei m

ais f

avor

ável

: sim

ou

não?

Não

! 1.

8.1.

Não

suf

raga

mos

a p

ossi

bilid

ade

de, n

o âm

bito

da

aplic

ação

da

lei

conc

reta

men

te m

ais

favo

ráve

l, to

mar

em

con

side

raçã

o pr

ecei

tos

de u

ma

e ou

tra l

ei,

ou,

até,

de

vária

s le

is,

se t

iver

mos

em

con

side

raçã

o le

is

inte

rméd

ias.

A p

ossi

bilid

ade

de u

ma

pond

eraç

ão...

dife

renc

iada

. U

m

exem

plo

pode

ria s

er o

de,

em

cas

o de

crim

e co

ntra

a h

onra

pra

ticad

o an

tes

da v

igên

cia

do n

ovo

Cód

igo

mas

jul

gado

apó

s a

sua

entra

da e

m v

igor

,

9 So

bre

este

asp

ecto

con

cret

o, v

eja-

se T

AIP

A D

E C

AR

VA

LHO

, Dir

eito

Pen

al -

Par

te G

eral

-Q

uest

ões

Fund

amen

tais

, Pu

blic

açõe

s U

nive

rsid

ade

Cat

ólic

a,

Porto

, 20

03,

233

(«...

Pe

rman

ecen

do a

dec

isão

com

o de

cisã

o do

trib

unal

, com

pree

nde-

se e

é j

usto

que

, no

s ca

sos

duvi

doso

s, de

va s

er a

tend

ida

a op

ção

do m

ais

inte

ress

ado

na a

plic

ação

da

lex

mifi

or);

MA

GA

LHÃ

ES N

OR

ON

HA

, D

ireito

Pen

al,

Vol

ume

1, S

arai

va S

.A.,

São

Paul

o, 1

980,

87;

B

UST

OS

RA

MÍR

EZ/H

OR

MA

ZÁB

AL

MA

LAR

ÉE, o

b.ci

t., 1

07.

Page 9: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

17

aplic

ar o

vel

ho C

ódig

o m

a m

edid

a em

que

a p

ena

é m

ais

bran

da, m

as, c

om

base

nel

a, in

voca

r a a

plic

ação

do

novo

Cód

igo

para

con

side

raçã

o de

pra

zos

(mai

s cur

tos)

de

pres

criç

ão.

1.8.

2. C

rem

os q

ue t

alve

z se

ja i

nstru

tivo

segu

ir es

tas

pala

vras

de

F. V

on

LISZ

T a

este

resp

eito

, num

a tra

duçã

o em

cas

telh

ano:

«...

Cua

ndo

el J

uez

es

llam

ado

a es

coge

r, de

ent

re d

os o

más

ley

es,

la m

ás b

enig

na t

iene

, en

pr

imer

térm

ino,

que

res

olve

r el

cas

o qu

e se

le p

rese

nte,

seg

ún u

na d

e la

s le

yes

en c

uest

ión;

des

pués

, seg

ún la

otra

; lue

go, s

egún

las

rest

ante

s le

yes

que

tal

vez

aún

exis

ten;

por

tan

to, c

onst

atar

el h

echo

seg

ún c

ada

una

de

esta

s le

yes

y de

term

inar

la

pena

. To

da c

ombi

naci

ón d

e le

yes

pena

les

dife

rent

es e

s ab

solu

tam

ente

inad

mis

ible

. El r

esul

tado

más

fav

o ra

bie

para

el

acu

sado

es

el q

ue s

irve

de n

orm

a...»

. E

acre

scen

ta q

ue,

para

aqu

ela

oper

ação

, dev

em s

er to

mad

as e

m c

onta

não

a ex

tens

ão e

o c

onte

údo

da

pena

, mas

«to

das

las

norm

as d

eter

min

ante

s en

el D

erec

ho p

enal

...»,

des

de

as

pena

s ac

essó

rias,

a in

fluên

cia

das

circ

unst

ânci

as

agra

vant

es

e at

enua

ntes

, as

disp

osiç

ões

sobr

e a

rein

cidê

ncia

, a p

artic

ipaç

ão, a

tent

ativ

a,

etc.

E ta

mbé

m a

s re

gras

da

pres

criç

ão, m

as s

empr

e te

ndo

em c

onta

a id

eia

atrá

s men

cion

ada:

con

fron

to d

e le

i com

lei10

. 1.

8.3.

Rej

eita

mos

, poi

s, um

a ta

l hip

ótes

e, n

ão p

or q

uais

quer

arg

umen

tos

de

orde

m f

orm

al,

por

exem

plo

porq

ue a

CR

CV

fal

a em

«le

i po

ster

ior»

ou

porq

ue o

CP

fala

em

«re

gim

e» e

, não

, em

nor

mas

. Sim

ples

men

te p

orqu

e es

taría

mos

a a

plic

ar u

ma

outr

a le

i, in

exis

tent

e, s

impl

esm

ente

cria

da p

elo

inté

rpre

te. F

icar

ia, a

lém

do

mai

s, em

cau

sa o

prin

cípi

o de

moc

rátic

o na

sua

es

sênc

ia e

rac

iona

lidad

e, s

em e

sque

cer

que

uma

tal s

oluç

ão n

ão e

ncon

tra

qual

quer

res

pald

o na

fun

dam

enta

ção

últim

a do

prin

cípi

o, q

ual

seja

a

nece

ssid

ade

da p

ena

ou o

prin

cípi

o da

igu

alda

de. O

s ju

ízos

de

valo

r em

co

nfro

nto

apen

as

pode

rão

ser

desc

ober

tos

na

anál

ise

conj

ugad

a da

s di

spos

içõe

s de

cad

a um

das

lei

s, de

cad

a um

dos

reg

imes

leg

ais.

No

exem

plo

que

dem

os,

o qu

e ju

stifi

ca

um

praz

o de

pr

escr

ição

do

10

Fran

z V

ON

LIS

ZT, T

rata

do d

e D

erec

ho P

enal

, tra

duçã

o da

20.

a edi

ção

alem

ã po

r Jim

enez

de

Asu

a, T

omo

Segu

ndo,

Ter

cera

Edi

ción

, Ins

titut

o Ed

itoria

l Réu

s, M

adrid

, s/d

, 100

ss..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

18

proc

edim

ento

crim

inal

mai

s cu

rto e

m c

erto

mom

ento

tem

tam

bém

a v

er

com

a v

alor

ação

fei

ta,

no m

esm

o m

omen

to,

da g

ravi

dade

do

fact

o,

indi

ciad

a pe

la m

edid

a da

pen

a11.

Raz

ão p

or q

ue,

insi

stim

os,

não

nos

conv

ence

m, b

em q

ue a

vanç

ados

num

qua

dro

cons

tituc

iona

l apa

rent

emen

te

mai

s «p

erm

issi

vo»

do

que

o no

sso,

os

ar

gum

ento

s av

ança

dos,

por

exem

plo,

por

REN

É A

RIE

L D

OTT

I, qu

e fa

la d

o «m

ito d

a te

rcei

ra le

i» e

«s

uper

stiç

ão e

a p

reco

ncei

tuos

a ex

eges

e» q

ue s

e op

oria

m a

o pr

incí

pio

da

gara

ntia

indi

vidu

al d

a re

troac

tivid

ade

da le

i mai

s fav

oráv

el12

.

11

N

o se

ntid

o ad

voga

do n

o te

xto,

ent

re o

utro

s, ZA

FFA

RON

I/PIE

RAN

GEL

1, M

anua

l...,

230-

231;

M

UN

OZ

CON

DE,

Der

echo

Pen

al...

, 151

; SA

NTI

AG

O M

IR P

UIG

, Der

echo

Pen

al -

Parte

Gen

eral

, &

.a edi

ção,

Edi

toria

l Re

pper

tor,

Barc

elon

a, 2

002,

118

, ci

tand

o, n

a no

ta 3

3, d

ecisã

o do

TC

, se

gund

o a

qual

«...

la re

troac

tivid

ad d

e la

ley

pena

l más

favo

rabl

e su

pone

la a

plic

ació

n ín

tegr

a de

la

le

y m

ás

bene

ficio

sa,

incl

uído

s aq

uello

s as

pect

os

conc

reto

s qu

e pu

edan

re

sulta

r pr

ejud

icia

les

(STC

75/

2002

)»;

FERN

AN

DO

VEL

ÁZQ

UEZ

V, D

erec

ho P

enal

- P

arte

Gen

eral

, te

rcer

a ed

ició

n, T

EMIS

, Bog

otá,

1997

, 150

, aut

or q

ue, r

efer

indo

-se

às le

is co

mpl

exas

y d

ivisi

bles

, qu

e pe

rmtir

iam

«...

tom

ar l

o m

ás f

avor

able

de

cada

una

de

ella

s y

posi

bilit

an l

a ul

tra o

re

troac

tivid

ad d

e la

ley

en

bloq

ue»,

sem

pre

acab

a po

r co

nclu

ir qu

e o

julg

ador

não

est

á au

toriz

ado

a a

fracc

ionr

um

a le

i, a

tom

ar fr

agm

ento

s de

um

a e

outra

, «...

pue

s el

lo e

quiv

aldr

ía a

cr

ear u

na te

rcer

a le

y, lo

cua

l está

pro

hibi

do»;

RO

XIN

, Der

echo

Pen

al...

, § 5

, 168

, com

refe

rênc

ias

a ju

rispr

udên

cia

no s

entid

o de

reje

ição

de

uma

pond

eraç

ão d

ifere

ncia

da {

Stra

frech

t...,

§ 5,

123

-12

4); D

ESPO

RTES

/LE

GU

NH

EC, o

b. c

it., 2

61 s

s.. (

«...

dans

le c

as...

d' u

ne d

ispos

ition

nou

velle

duis

ant

le d

omai

ne d

' un

e in

crim

inat

ion.

.. to

ut e

n au

gmen

tant

la

pein

e...

II n

'y a

auc

un

inco

nvén

ient

à c

onsi

dere

r sép

arém

ent c

es d

eux

mod

ifíca

tions

en

appl

ican

t im

méd

iate

men

t cel

le

rédu

isan

t 1' i

ncrim

inat

ion

et n

on c

elle

éle

vant

la p

eine

. Une

mêm

e pe

rson

ne n

e po

urra

jam

ais

béne

ficie

r en

mêm

e te

mps

de

1'in

crim

inat

ion

la p

lus

étro

ite e

t de

la p

eine

la m

oins

éle

vée.

..» -

os s

ublin

hado

s sã

o no

ssos

); Je

an P

RAD

EL,

Dro

itPen

al G

ener

al,

Editi

on 2

000/

2001

, Ed

ítion

s Cu

jas,

Paris

, 194

. Num

sen

tido

dife

rent

e, cf

r. TA

IPA

DE

CARV

ALH

O, D

ireito

Pen

al...

, 233

-235

, co

ntra

riand

o a

argu

men

taçã

o (fo

rmal

, no

sen

tido

refe

rido

no t

exto

) do

STJ

por

tugu

ês;

E.

MA

GA

LHÃ

ES N

ORO

NH

A, o

b. c

it., 8

6-87

; BU

STO

S RA

MÍR

EZ/H

ORM

AZÁ

BAL

MA

LARÉ

E, o

b.

cit.,

109

(«...

No

hay

lesió

n de

i prin

cipi

o de

lega

lidad

, sin

o in

terp

reta

cion

inte

grat

iva

a fa

vor d

ei

reo

perf

ecta

men

te p

osib

le»)

. 12

O

b. c

it, c

om i

ndic

ação

abu

ndan

te d

e ju

rispr

udên

cia

bras

ileira

sob

re a

que

stão

e o

utro

s el

emen

tos

hist

óric

os p

ara

a co

mpr

eens

ão d

a di

scus

são

do p

robl

ema

no B

rasi

l (pa

rticu

larm

ente

, 27

0-27

6).

Page 10: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

19

1.9.

Lei

inte

rméd

ia m

ais f

avor

ável

En

tend

emos

, po

rém

, qu

e os

fu

ndam

ento

s da

ap

licaç

ão

do

regi

me

conc

reta

men

te m

ais

favo

ráve

l ao

age

nte

- ra

dica

dos,

nos

prin

cípi

os d

a ig

uald

ade

e da

inte

rven

ção

mín

ima

do d

ireito

pen

al -

ain

da ju

stifi

carã

o a

aplic

ação

ultr

a-ac

tiva

da l

ei i

nter

méd

ia (

post

erio

r ao

mom

ento

da

prát

ica

do f

acto

, m

as r

evog

ada

no m

omen

to d

o ju

lgam

ento

) m

ais

favo

ráve

l13.

Sign

ifica

tivo

é o

fact

o de

no R

elat

ório

da

Prop

osta

de

Lei

da N

ova

Ref

orm

a Pe

nal

de 1

884

se d

efen

der

uma

tal

posi

ção:

«...

Se

o ré

o fo

sse

julg

ado

ante

s de

rev

ogad

a a

segu

nda

lei,

ter-

lhe-

ia s

ido

appl

icad

a pe

na

men

os g

rave

e a

dem

ora

no ju

lgam

ento

não

dev

e se

r ca

usa

de a

pplic

ação

de

pen

a de

mai

or g

ravi

dade

, tan

to m

ais

que

essa

dem

ora

pode

pro

vir,

não

de n

eglig

enci

a ou

de

frau

de d

o cr

imin

oso,

mas

da

obse

rvân

cia

das

form

alid

ades

leg

aes,

ou d

e fa

cto

ou d

e cu

lpa

impu

táve

l às

aut

orid

ades

e

mai

s rep

rese

ntan

tes l

egíti

mos

da

soci

edad

1.10

. Em

pou

cas

linha

s, de

bruc

emo-

nos

sobr

e al

guns

cas

os p

osto

s à

disc

ussã

o pe

los

form

ando

s do

Cur

so,

a pr

opós

ito d

o te

ma

que

ora

nos

ocup

a.

13

C

fr.,

por

todo

s, TA

IPA

D

E C

AR

VA

LHO

, D

ireito

Pe

nal..

., 23

0-23

1;

MA

GA

LHÃ

ES

NO

RO

NH

A, o

b. c

it., 8

7 («

... a

inte

rmed

iária

, sen

do m

ais

beni

gna,

deb

e se

r apl

icad

a, p

ois

ab-

roga

a p

rimei

ra e

im

põe-

se p

or s

ua b

enig

nida

de à

ter

ceira

»);

ZAFF

AR

ON

I/PIE

RA

NG

ELl,

Man

ual..

., 23

1; M

UN

OZ

CO

ND

E, D

erec

ho P

enal

..., 1

52. C

urio

sa é

a a

prox

imaç

ão f

eita

por

M

igue

l PO

LAIN

O N

AV

AR

RET

E: «

... E

n es

ta p

ersp

ectiv

a su

stan

tiva,

la le

y pe

nal i

nter

méd

ia

alca

nza

efic

ácia

ret

roac

tiva

en v

irtud

de

una

retr

oact

ivid

ad h

ipot

étic

a, d

eter

min

ante

dei

re

cono

cim

ient

o de

la

m

ayor

be

nign

idad

le

galm

ente

pr

evis

ta

por

exio

genc

ias

polít

ico-

crim

inal

es,

conf

igur

ador

as d

e un

a re

troac

tivid

ad q

ue c

abe

calif

icar

com

o hi

poté

tica,

en

el

sent

ido

de q

ue, s

i efe

ctiv

amen

te d

uran

te la

vig

ênci

a de

la L

ey P

enal

«B

» se

hub

iera

enj

uici

ado

el a

cto

delic

tivo

de re

fere

ncia

, hab

ría in

defe

ctib

lem

ente

sid

o ap

licad

a ta

l dis

posi

ción

nor

mat

iva

más

fa

vora

ble,

la

cu

al

debe

ta

mbi

én

reco

noce

rse

vige

nte

en

el

inst

ante

dei

po

ster

ior

enju

icia

mie

nto

en l

a fa

se d

e la

vig

ênci

a fo

rmal

men

te y

a in

icia

da d

e la

Ley

pen

al «

C»,

cuy

a m

ayor

seve

ridad

no

prev

alec

e so

bre

la re

troac

tivid

ad, d

irect

a o

hipo

tétic

a, p

êro

sin

duda

pro

pia,

de

la le

y in

term

édia

» (D

erec

ho P

enal

- Pa

rte

Gen

eral

, Tom

o I,

4.a e

diçã

o, B

osch

, Bar

celo

na,

2001

, 530

-531

).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

20

1.10

.1. L

ei n

ova

que

torn

a cr

ime

públ

ico

em se

mi-p

úblic

o Em

prim

eiro

luga

r, pr

eten

deu-

se sa

ber q

ual s

eria

a so

luçã

o em

cas

o de

um

a le

i no

va t

orna

r se

mi-p

úblic

o um

crim

e qu

e, a

ntes

, er

a pú

blic

o. T

erá

aplic

ação

o p

rincí

pio

de a

plic

ação

do

regi

me

conc

reta

men

te m

ais f

avor

ável

na

s situ

açõe

s de

desp

ublic

izaç

ão d

e cr

imes

? 1.

10.1

.1. A

resp

osta

dev

erá

sem

pre

ter e

m c

onsi

dera

ção

a ci

rcun

stân

cia

de

uma

desp

ublic

izaç

ão d

o cr

ime

não

impl

icar

nec

essa

riam

ente

um

a al

tera

ção

dos

juíz

os s

obre

a n

eces

sida

de d

e pu

niçã

o de

um

a co

ndut

a. M

uita

s ve

zes,

isso

dec

orre

da

idei

a (o

u ta

mbé

m d

a id

eia)

de

acau

tela

r int

eres

ses d

a ví

tima

e/ou

de

um m

enor

inte

ress

e do

Est

ado

em p

erse

guir

crim

inal

men

te c

erto

s fa

ctos

, em

ate

nção

à n

atur

eza

do b

em ju

rídic

o em

cau

sa. A

salv

agua

rda

dos

inte

ress

es d

a ví

tima,

mor

men

te n

o qu

e re

spei

ta à

pre

serv

ação

de

sua

intim

idad

e ou

à p

az n

o se

io d

a fa

míli

a, m

as, n

o ge

ral,

a pr

osse

cuçã

o de

ob

ject

ivos

de

po

lític

a cr

imin

al

bem

de

finid

os,

quai

s se

jam

os

de

pr

opor

cion

ar,

dent

ro d

e ce

rtos

limite

s, na

tura

lmen

te,

que

situ

açõe

s de

co

nfiit

ualid

ade

gera

das

por c

erta

s co

ndut

as d

e gr

avid

ade

crim

inal

peq

uena

ou

m

édia

po

ssam

se

r ge

ridas

e

reso

lvid

as

extra

-pro

cess

ualm

ente

, in

clus

ivam

ente

por

con

sens

o en

tre o

age

nte

e a

vítim

a14, d

ever

á le

var a

que

se

ala

rgue

o l

eque

de

crim

es s

emi-p

úblic

os,

em d

omín

ios

com

o os

da

prot

ecçã

o da

ho

nra,

da

in

timid

ade

da

vida

pr

ivad

a ou

m

esm

o do

pa

trim

ónio

. U

m

tal

desi

dera

to

cons

titui

ho

je,

sem

vida

, ob

ject

o de

m

últip

las

orie

ntaç

ões

e re

com

enda

ções

de

in

cidê

ncia

cr

imin

ológ

ica

e/

ou

vitim

ológ

ica,

a p

ar d

e so

luçõ

es l

egis

lativ

as n

a ár

ea d

o di

reito

pro

cess

ual

14

C

fr.,

a es

te r

espe

ito,

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Dire

ito P

enal

Por

tugu

ês...

, §1

060,

664

ss.;

FR

EDER

ICO

ISA

SCA

, «O

Pro

ject

o do

nov

o C

ódig

o Pe

nal (

Feve

reiro

de

1991

) - u

ma

prim

eira

le

itura

ad

ject

iva»

, in

R

PCC

, an

o 3,

Io ,

1993

, 70

s.s

; FA

RIA

C

OST

A,

Div

ersã

o (D

esju

dici

ariz

ação

) e m

edia

ção:

Que

rum

osl,

Coi

mbr

a, 1

986,

40-

41 e

60

ss.;

OD

ETE

MA

RIA

D

E O

LIV

EIR

A, P

robl

emát

ica

da v

ítim

a de

cri

mes

- R

efle

xos

no s

iste

ma

jurí

dico

por

tugu

ês,

Rei

dos

Liv

ros,

Lisb

oa, 1

994,

71-

72 e

not

as 6

8 a

70.

Page 11: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

21

crim

inal

exp

erim

enta

das15

. M

edid

as q

ue s

ão p

ropo

stas

no

âmbi

to d

a re

form

a pr

oces

sual

em

cur

so e

m C

abo

Ver

de e

que

vão

da

cons

agra

ção

de

solu

ções

com

o as

de

arqu

ivam

ento

pro

visó

rio d

o pr

oces

so c

ontra

inju

nçõe

s e

regr

as d

e co

ndut

a à

poss

ibili

dade

de

acor

do, a

ntes

do

julg

amen

to, e

ntre

o

argu

ido

e o

ofen

dido

16.

Ass

im,

a so

luçã

o de

verá

sem

pre

ter

em c

onsi

dera

ção

o in

tere

sse

do

ofen

dido

em

exe

rcer

o d

ireito

de

quei

xa.

1.10

.1.2

. Por

um

lado

, a u

ltra-

activ

idad

e da

lei a

nter

ior q

ue d

efin

ia o

crim

e co

mo

públ

ico

pode

ria l

evar

a u

ma

desi

gual

dade

ent

re a

rgui

dos

pelo

s m

esm

os c

rimes

com

etid

os a

ntes

e d

epoi

s da

nov

a le

i, se

não

se

vies

se a

po

ssib

ilita

r o e

xerc

ício

do

dire

ito d

e qu

eixa

. 1.

10.1

.3. P

or o

utro

lad

o, a

apl

icaç

ão r

etro

activ

a da

lei

que

tor

na o

crim

e se

mi-p

úblic

o, c

om u

m c

onse

quen

te a

rqui

vam

ento

dos

aut

os,

na i

deia

de

que

se e

star

ia a

apl

icar

um

reg

ime

conc

reta

men

te m

ais

favo

ráve

l ao

ar

guid

o (s

upon

do q

ue e

stá

em c

ausa

(ou

tam

bém

em

cau

sa)

um s

entid

o de

scrim

inal

izad

or n

a no

va le

i, im

plic

aria

um

irra

zoáv

el (d

o po

nto

de v

ista

do

prin

cípi

o do

Est

ado

de D

ireito

) sa

crifí

cio

do i

nter

esse

da

vítim

a qu

e po

derá

ter i

nter

esse

em

ver

pro

sseg

uir a

acç

ão.

1.10

.1.4

. Po

r is

so,

esta

mos

pe

rfei

tam

ente

de

ac

ordo

co

m

MA

RIA

FE

RN

AN

DA

PA

LMA

, qua

ndo

conc

lui q

ue a

úni

ca s

oluç

ão ju

rídic

a pa

ra

este

s ca

sos

seria

a a

tribu

ição

de

opor

tuni

dade

de

exer

cíci

o do

dire

ito d

e qu

eixa

ao

se

u tit

ular

. «O

se

u fu

ndam

ento

o de

corr

e di

rect

a e

excl

usiv

amen

te d

o ar

tigo

29.°,

n.°

4, d

a C

onst

ituiç

ão,

mas

sim

dos

pr

incí

pios

juríd

icos

que

a e

ste

subj

azem

- a

igua

ldad

e e

a

15

C

fr. J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

(com

a c

olab

oraç

ão d

e LO

UR

ENÇ

O L

OPE

S), E

stud

o so

bre

a pr

otec

ção

de c

rim

es v

iole

ntos

(em

par

ticul

ar a

s mul

here

s), R

elat

ório

Pro

visó

rio, A

MJ,

Prai

a,

2002

, 102

ss.

16

Cfr

. JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A, U

m n

ovo

Proc

esso

Pen

al p

ara

Cab

o Ve

rde,

Est

udo

sobr

e o

Ante

proj

ecto

de

novo

Cód

igo.

Ass

ocia

ção

Aca

dém

ica

da F

acul

dade

de

Dire

ito d

e Li

sboa

, Li

sboa

, 200

3, 8

0-81

; ID

EM, E

stud

o so

bre

a pr

otec

ção.

.., 1

05-1

06.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

22

nece

ssid

ade

da p

ena

-, ar

ticul

adam

ente

com

a p

rote

cção

da

conf

ianç

a em

anad

a do

Est

ado

de d

ireito

dem

ocrá

tico.

Just

ifíca

-se,

sim

ulta

neam

ente

, a

aplic

ação

im

edia

ta d

a le

i no

va e

a p

rote

cção

do

exer

cíci

o do

dire

ito d

e qu

eixa

»17.

1.10

.2.

Lei

s su

cess

ivas

sob

re p

razo

s de

pre

scri

ção

do p

roce

dim

ento

cr

imin

al

Out

ra q

uest

ão v

ista

dur

ante

o C

urso

foi a

seg

uint

e: s

e ho

uver

alte

raçã

o de

le

i sob

re p

razo

s de

pre

scriç

ão d

e pr

oced

imen

to c

rimin

al, c

omo

faze

r? T

erá

igua

lmen

te a

plic

ação

a r

egra

de

proi

biçã

o de

ret

roac

tivid

ade

de le

i pen

al

desf

avor

ável

e a

plic

ação

, ain

da q

ue re

troac

tiva,

de

lei m

ais f

avor

ável

? 1.

10.2

.1.

É ho

je

prat

icam

ente

in

ques

tioná

vel

que

a pr

oibi

ção

da

retro

activ

idad

e da

lei p

enal

não

rad

ica

na id

eia

de g

aran

tir a

prim

azia

da

repr

esen

taçã

o po

pula

r, um

a ve

z qu

e lim

ita a

pró

pria

libe

rdad

e de

dec

isão

do

legi

slad

or, n

em n

o pr

incí

pio

da c

ulpa

, já

que

a re

ferê

ncia

do

juíz

o de

re

prov

ação

da

culp

a nã

o é

a le

i, m

as, s

im, o

con

teúd

o m

ater

ial d

a ili

citu

de

do f

acto

que

tam

bém

pod

e ex

istir

sem

que

aqu

ele

este

ja c

omin

ado

com

um

a pe

na. A

lei p

enal

não

se

aplic

a re

troac

tivam

ente

por

que,

com

o re

fere

JE

SCH

ECK

, «

... n

ão p

odem

pro

mul

gar-

se l

eis

ad h

oc q

ue f

acilm

ente

po

dem

est

ar in

fluen

ciad

as p

ela

com

oção

resu

ltant

e da

prá

tica

de u

m c

rime

em c

oncr

eto

e qu

e, a

mai

oria

das

vez

es, a

nalis

adas

com

um

dis

tanc

iam

ento

te

mpo

ral

sufic

ient

e, s

e m

ostra

m e

xces

siva

men

te d

uras

...»

18.

Isto

é,

o de

cisi

vo p

ara

uma

tal p

roib

ição

é a

idei

a de

segu

ranç

a ju

rídic

a19.

17

D

irei

to P

enal

..., 1

994,

135

-137

. 18

O

b. c

it., 1

.° V

olum

e, 1

84 (L

ehrb

uch

des

Stra

frec

hts

- Allg

emei

ner T

eil,

4.a e

diçã

o, D

unck

er &

H

umbl

ot, B

erlin

, 198

8, 1

23).

19

Cfr

., po

r to

dos,

SOU

SA E

BR

ITO

, «

A l

ei p

enal

na

Con

stitu

ição

», i

n Es

tudo

s so

bre

a C

onst

ituiç

ão (c

oord

enaç

ão d

e Jo

rge.

Mira

nda)

, 2."

vol

ume.

Liv

raria

Pet

rony

, Lis

boa,

197

8, 2

14

ss.;

TAIP

A D

E C

AR

VA

LHO

, Suc

essã

o...,

35

ss.;

HEL

ENO

CLÁ

UD

IO F

RA

GO

SO, L

içõe

s...,

99 s

s.; J

IMÉN

EZ D

E A

SÚA

, La

ley.

.., 1

49 s

s.; R

einh

art M

AU

RA

CH

/Hei

nz Z

IPF,

Der

echo

Pe

nal

– Pa

rte

Gen

eral

, 1,

tra

d. d

a 7.

a edi

ção

alem

ã, A

stre

a, B

ueno

s A

ires,

1994

,195

ss.;

Page 12: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

23

1.10

.2.2

. A

pre

scriç

ão f

igur

a en

tre o

s pr

essu

post

os q

ue c

ondi

cion

am a

ap

licaç

ão d

e um

a sa

nção

crim

inal

, pe

lo q

ue a

sua

reg

ulaç

ão é

mat

éria

at

inen

te e

dev

e es

tar

envo

lvid

a pe

lo c

onju

nto

de g

aran

tias

que

rode

ia a

ap

licaç

ão d

a le

i pen

al, m

axim

e a

proi

biçã

o da

retro

activ

idad

e. N

ão é

, poi

s, cu

rial s

aber

-se

se a

sua

nat

urez

a ju

rídic

a é

subs

tant

iva,

pro

cess

ual o

u m

ista

pa

ra

nos

deci

dirm

os

num

se

ntid

o ou

no

utro

(a

plic

ação

re

troac

tiva/

irret

roac

tivid

ade)

, co

mo,

ai

nda

hoje

, é

habi

tual

fa

zer-

se20

. C

omo

nout

ro

loca

l já

de

fend

emos

21,

e na

es

teira

, en

tre

outro

s, de

FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, s

endo

um

a ta

l pr

oibi

ção

um c

orol

ário

do

nullu

m

crim

en,

nulla

poe

na s

ine

lege

, el

a ta

mbé

m é

vál

ida

para

as

norm

as

proc

essu

ais

(pen

ais)

, no

sen

tido

de q

ue o

prin

cípi

o da

leg

alid

ade

«...

se

este

nde,

em

cer

to s

entid

o, a

tod

a a

repr

essã

o pe

nal

e ab

rang

e, n

esta

m

edid

a, o

pró

prio

dire

ito p

roce

ssua

l pen

al...

, im

porta

que

a a

plic

ação

da

lei

proc

essu

al p

enal

a a

ctos

ou

situ

açõe

s que

dec

orre

m d

a su

a vi

gênc

ia, m

as se

lig

am a

um

a in

frac

ção

com

etid

a no

dom

ínio

da

lei p

roce

ssua

l ant

iga

não

cont

rarie

nu

nca

o co

nteú

do

de

gara

ntia

co

nfer

ida

pelo

pr

incí

pio

da

lega

lidad

e ...

»22.

1.10

.2.3

. C

onvé

m,

para

ev

itar

todo

um

tip

o de

eq

uívo

cos

gera

dos

habi

tual

men

te à

vol

ta d

o pr

oble

ma,

que

se

escl

areç

a o

que

é ap

licaç

ão

retro

activ

a de

um

a no

rma

e o

que

não

é um

a ta

l ap

licaç

ão.

E es

se

G

únth

er J

AK

OB

S, S

traf

rech

t - A

Uge

mei

ner

Teil

- D

ie G

rund

lage

n un

d di

e Zu

rech

nuns

lehr

e,

Wal

ter d

e G

ruyt

er, B

erlin

, 198

3, 7

5 ss

.. 20

V

eja-

se, e

ntre

out

ros,

EDU

AR

DO

CO

RR

EIA

, Ano

taçã

o ao

Ass

ento

de

19.1

1.75

, in

RLJ

, n.°

3560

, 361

-363

; HEL

ENO

CLÁ

UD

IO F

RA

GO

SO, L

içõe

s...,

403

ss.;

RO

DR

IGU

EZ D

EVES

A,

Der

echo

Pen

al E

spaf

iol,

Parte

gen

eral

, M

adrid

, 19

87,

217-

218;

JES

CK

ECK

, ob

.cit.

, l.°

V

olum

e, 1

84 (L

ehrb

uch.

.., 1

23).

21

JOR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, «S

uces

são

de L

eis

: Â

mbi

to d

a le

i no

va e

da

lei

antig

a»,

in

RC

D, a

no II

, n°5

, 20-

21.

22

Dire

ito P

roce

ssua

l Pe

nal,

1.°

vol.,

Coi

mbr

a, 1

981,

112.

No

mes

mo

sent

ido,

vej

a-se

, ai

nda,

TA

IPA

DE

CA

RV

ALH

O,

Suce

ssão

...,

223

ss.,

para

tod

as a

s no

rmas

pro

cess

uais

pen

ais

mat

eria

is;

R.

SCM

ITT,

«D

er

Anw

endu

ngsb

erei

ch

von

para

g.

1 St

rafg

eset

zbuc

h"

(Art.

10

3/A

bs.2

Gru

ndge

setz

), in

Fes

tsch

rift

fur

H.-H

. Je

sche

ck,

Ber

lin,

1985

, 23

1; M

APE

LLI

CA

FFA

REN

A/T

ERR

AD

ILLO

S B

ASO

CO

, La

s co

nsec

uenc

ias

juri

dica

s de

i de

lito,

3a

ed.,

Cha

tas,

Mad

rid, 1

996,

227

-228

; MU

NO

Z C

ON

DE,

Teo

ria

Ger

al d

o D

elito

, S.A

.Fab

ris E

dito

r, Po

rto A

legr

e, 1

988,

175

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

24

escl

arec

imen

to to

rna-

se a

qui d

ecis

ivo.

Apl

icar

um

a le

i nov

a qu

e al

tere

os

praz

os

de

pres

criç

ão

sign

ifica

ap

licar

re

troac

tivam

ente

a

lei

ou,

sim

ples

men

te, e

sin

gela

men

te, q

ue e

la s

e ap

lica

... im

edia

tam

ente

, que

ela

«s

ó di

spõe

par

a o

futu

ro ..

.», c

omo

diz

o n°

1 d

o ar

t° 1

2° d

o C

. Civ

il?

Mel

hor:

sign

ifica

a a

plic

ação

ret

roac

tiva

da n

orm

a, o

u, p

elo

cont

rário

, a

conc

retiz

ação

da

idei

a de

sua

irr

etro

activ

idad

e, a

out

ra f

ace

da n

ão-

retro

activ

idad

e, n

a ex

pres

são

de O

LIV

EIR

A A

SCEN

SÃO

23?

1.10

.2.4

. Sem

pre

tend

er e

nunc

iar

aqui

, nes

tas

brev

es n

otas

, as

dife

rent

es

posi

ções

sob

re a

que

stão

24, d

irei

que

uma

resp

osta

sat

isfa

tória

se

deve

enco

ntra

r no

art°

12°

do

C.C

ivil,

insp

irado

, com

o se

sab

e25, n

a fo

rmul

ação

de

EN

NEC

CER

US.

O p

onto

de

parti

da é

o s

egui

nte:

o c

arác

ter r

etro

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o ou

não

-ret

roac

tivo

de c

erta

lei

é d

e se

pro

cura

r co

m b

ase

num

a co

rrec

ta

inte

rpre

taçã

o da

lei

nov

a e

não

com

bas

e na

def

iniç

ão d

e si

tuaç

ões

abra

ngid

as p

ela

lei a

ntig

a. C

oncr

etam

ente

, dev

e re

corta

r-se

o q

ue é

que

a

lei n

ova

pret

ende

reg

ular

, que

pon

to q

uer

disc

iplin

ar a

lei n

ova.

Ela

que

r re

gula

r, de

mod

o di

fere

nte,

um

fac

to, f

ixan

do o

s se

us e

feito

s ...

ou

disp

or

imed

iata

e d

irect

amen

te s

obre

o c

onte

údo

ou o

alc

ance

, a e

xist

ênci

a ou

a

inex

istê

ncia

dos

pró

prio

s di

reito

s? C

onso

ante

se

trate

de

uma

hipó

tese

ou

outra

, ass

im s

e de

term

inar

á o

que

sign

ifica

, em

con

cret

o, a

ide

ia d

e qu

e to

do o

pre

ceito

juríd

ico

se d

estin

a a

regu

lar o

futu

ro, a

idei

a de

que

todo

o

prec

eito

juríd

ico

diz

«...

de a

qui p

or d

iant

e de

ve-s

e ...

»26. A

plic

ando

-se

tal

crité

rio à

hip

ótes

e da

lei

nov

a qu

e al

tera

os

praz

os d

e pr

escr

ição

- a

lon-

gand

o-os

, po

r ex

empl

o -

isso

que

r di

zer

mai

s ou

men

os o

seg

uint

e:

«Dor

avan

te o

pra

zo d

e pr

escr

ição

do

proc

edim

ento

crim

inal

rel

ativ

o ao

s cr

imes

X e

Y é

de

Z an

os ..

.». A

lei n

ova

pret

ende

liga

r a u

m fa

cto

(dec

urso

de

cer

to te

mpo

con

tado

a p

artir

da

prát

ica

de u

m c

rime)

a p

rodu

ção

de u

m

certo

efe

ito (i

mpo

ssib

ilida

de d

e pe

rseg

uiçã

o pe

la p

rátic

a do

crim

e). E

la s

ó

23

O D

irei

to.In

trod

ução

e T

eori

a G

eral

, Ver

bo, 1

988,

422

. 24

U

ma

súm

ula

pode

ser

con

sulta

da e

m J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, «Su

cess

ão...

», lo

c.ci

t., 2

1-22

, en°

s6e7

, 28

a 31

. 25

V

eja-

se M

AN

UEL

DE

AN

DR

AD

E, «

Font

es d

o D

ireito

», in

B.M

.J.,

n° 1

02, a

rf.ll

, n° 9

. 26

EN

NEC

CER

US/

NIP

PER

DEY

, D

erec

ho

Civ

il (P

arte

G

ener

al),

Tom

o I,

vol.I

, 2.

a ed

., B

arce

lona

, 195

3, 2

31.

Page 13: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

25

teria

efic

ácia

ret

roac

tiva,

poi

s, se

vis

asse

fac

tos

pass

ados

, ao

disp

or s

obre

os

seu

s ef

eito

s27. M

ais

clar

amen

te:

se a

tingi

sse

pres

criç

ões

já a

dqui

ridas

, pa

ssad

as.

1.10

.2.5

. A

ssim

, en

tend

emos

, ne

ste

sent

ido

com

o ED

UA

RD

O

CO

RR

EIA

28,

que

a ap

licaç

ão d

e um

a le

i no

va q

ue a

long

ue p

razo

s de

pr

escr

ição

em

cur

so n

ão im

porta

ria, e

m ri

gor,

retro

activ

idad

e.

1.10

.2.6

. Ist

o qu

er, e

ntão

diz

er q

ue c

oncl

uím

os p

ela

aplic

ação

da

lei

que

alon

ga o

s pr

azos

de

pres

criç

ão d

o pr

oced

imen

to c

rimin

al a

os p

razo

s já

em

cu

rso?

Não

! A

o fa

zer

com

que

, ob

ject

ivam

ente

, se

ala

rgue

o â

mbi

to d

e po

ssib

ilida

des

de i

ncrim

inaç

ão d

o ar

guid

o, e

ten

do e

m c

onsi

dera

ção

os

argu

men

tos

aduz

idos

pa

ra

just

ifica

r a

aplic

ação

do

re

gim

e co

ncre

tam

ente

m

ais

favo

ráve

l ao

ag

ente

, de

verá

se

r ap

licad

a ul

tra-

activ

amen

te a

lei a

ntig

a qu

e de

fine

praz

os m

ais a

perta

dos p

ara

o ef

eito

. 1.

10.2

.7.T

rata

ndo-

se d

e le

i qu

e ve

m e

ncur

tar

o pr

azo

de p

roce

dim

ento

cr

imin

al,

bast

ará

aplic

ar a

s re

gras

e o

s cr

itério

s ge

rais

atrá

s en

unci

ados

, pa

ra c

oncl

uirm

os p

ela

aplic

ação

da

lei n

ova

mes

mo

aos p

razo

s já

em c

urso

, so

luçã

o qu

e co

nsta

va,

em P

ortu

gal,

de u

m A

ssen

to d

o ST

J (d

e 19

de

Nov

embr

o de

197

5).

1.10

.3. A

cad

ucid

ade

do d

irei

to d

e qu

eixa

27

JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A,

«Suc

essã

o...»

, lo

c.ci

t.,

n.°s

6-

7,

conc

luin

do

sobr

e a

inte

rpre

taçã

o a

dar a

o n°

2 d

o ar

t° 1

2° d

o C

ódig

o C

ivil.

28

N

o se

ntid

o de

um

a nã

o ap

licaç

ão d

a le

i nov

a qu

e al

arga

os

praz

os d

e pr

escr

ição

, por

exi

gênc

ia

do p

rincí

pio

da l

egal

idad

e e

seu

coro

lário

de

proi

biçã

o de

ret

roac

tivid

ade,

cfr

. TE

RES

A

PIZA

RR

O B

ELEZ

A (

depo

is d

e al

gum

as h

esita

ções

), D

ireito

Pen

al,

l.° v

olum

e, 4

62-4

63;

CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A,

Dire

ito P

enal

...,

I, 19

81,

128;

LU

IZ L

OPE

S N

AV

AR

RO

, D

ireito

Pen

al,

Coi

mbr

a Ed

., 19

32,

32;

BEL

EZA

DO

S SA

NTO

S, D

irei

to C

rim

inal

(Li

ções

co

ligid

as p

or H

.Mar

ques

), C

oim

bra

Ed.,

1936

, 200

ss.;

Man

uel A

ntón

io L

OPE

S R

OC

HA

, com

m

uita

s he

sita

ções

, aca

ba ta

mbé

m p

or s

ufra

gar s

oluç

ão a

fim, i

nvoc

ando

ana

logi

a co

m o

s ca

sos

de p

robi

ção

da a

plic

ação

de

pena

s m

ais

grav

es -

«A

plic

ação

da

lei

crim

inal

no

tem

po e

no

espa

ço»,

in J

orna

das d

e D

irei

to C

rim

inal

..., c

its.,

110-

116.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

26

A p

ropó

sito

da

mat

éria

da

aplic

ação

da

lei n

o te

mpo

, vei

o à

baila

, dur

ante

um

a se

ssão

do

Cur

so, a

que

stão

da

aplic

ação

(no

tem

po) d

a no

va le

i sob

re

praz

os d

e ca

duci

dade

do

dire

ito d

e qu

eixa

. A v

erda

de é

que

o n

ovo

Cód

igo

esta

bele

ce u

m p

razo

mai

s cur

to, t

ende

ncia

lmen

te m

ais c

urto

, já

que

o in

ício

de

con

tage

m d

o pr

azo

é di

fere

nte

tam

bém

do

defin

ido

no v

elho

Cód

igo.

N

este

, o

praz

o er

a de

2 o

u de

1 a

no,

cons

oant

e a

pena

sej

a m

aior

ou

corr

ecci

onal

, a c

onta

r da

dat

a da

prá

tica

do f

acto

(ar

t.° 1

25.°,

§ 3

.°);

no

Cód

igo

em v

igor

des

de 1

de

Julh

o de

200

4, e

le é

de

6 m

eses

a c

onta

r da

da

ta d

o co

nhec

imen

to d

o fa

cto

puní

vel,

ou a

par

tir d

a m

orte

do

ofen

dido

ou

da d

ata

em q

ue se

tive

r tor

nado

inca

paz

(art.

° 105

-°, n

.° 1)

. N

ão h

á aq

ui v

erda

deira

men

te u

m p

robl

ema

de a

plic

ação

de

lei

mai

s fa

vorá

vel o

u de

suc

essã

o de

leis

no

tem

po: t

rata

-se,

sim

, de

pres

supo

sto

de

proc

edim

ento

crim

inal

e q

ue t

em a

ver

sob

rem

anei

ra c

om o

int

eres

se d

o of

endi

do.

Com

o fa

zer,

entã

o? V

aler

á aq

ui a

regr

a ge

ral e

stab

elec

ida

no C

ódig

o C

ivil

(art.

° 29

7.°,

n.°

1).

«A l

ei q

ue e

stab

elec

er...

um

pra

zo m

ais

curto

... é

ta

mbé

m a

plic

ável

aos

pra

zos

que

já e

stiv

erem

em

cur

so, m

as o

pra

zo s

ó se

co

nta

a pa

rtir d

a en

trada

em

vig

or d

a no

va le

i, a

não

ser q

ue, s

egun

do a

lei

antig

a, fa

lte m

enos

tem

po p

ara

o pr

azo

se c

ompl

etar

».

1.10

.4. L

eis t

empo

rári

as e

de

emer

gênc

ia: o

n.°

2 do

art

.° 2.

° do

Cód

igo

Pena

l 1.

10.4

.1.

O n

.° 2

do a

rt.°

2.°

do C

P. d

iz q

ue o

s fa

ctos

pra

ticad

os n

a vi

gênc

ia d

e um

a le

i tem

porá

ria s

erão

por

ela

julg

ados

, sal

vo s

e le

galm

ente

se

dis

puse

r o

cont

rário

. Tr

ata-

se d

e um

a fo

rmul

ação

afim

à d

o C

ódig

o po

rtugu

ês (

art.°

2.°,

n.°

3: «

Qua

ndo

a le

i va

ler

para

um

det

erm

inad

o pe

ríodo

de

tem

po,

cont

inua

a s

er p

unív

el o

fac

to p

ratic

ado

dura

nte

esse

pe

ríodo

»).

Page 14: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

27

1.10

.4.2

. E s

e, p

oste

riorm

ente

àqu

ele

perío

do d

e te

mpo

, vie

r no

va le

i que

de

scrim

inal

ize

o fa

cto

ou m

itigu

e a

sua

puni

ção?

Não

se

trata

, em

rig

or,

por t

udo

quan

to já

foi d

ito, d

e um

ver

dade

iro p

robl

ema

de s

uces

são

de le

is

no

tem

po,

se

a le

i «a

ntig

cons

ubst

anci

asse

um

a au

tênt

ica

lei

de

emer

gênc

ia,

isto

é,

que

regu

lass

e a

puni

ção

de u

m f

acto

ten

do e

m

cons

ider

ação

um

a si

tuaç

ão d

e cr

ise,

exc

epci

onal

. Num

a ta

l situ

ação

, a le

i no

va, p

assa

da a

situ

ação

par

ticul

ar q

ue m

otiv

ou a

edi

ção

da le

i ant

iga,

não

es

taria

a i

nclu

ir, e

a v

alor

ar p

enal

men

te,

entre

os

elem

ento

s do

tip

o de

ilí

cito

a s

ituaç

ão d

e ex

cepç

ão;

na v

erda

de,

have

ria a

pena

s du

as l

eis

tem

pora

lmen

te su

cess

ivas

, mas

já n

ão se

gund

o cr

itério

s jur

ídic

os.

1.10

.4.3

. Não

est

á, p

ois,

em c

ausa

ver

dade

iram

ente

um

a ex

cepç

ão à

reg

ra

da a

plic

ação

(ret

roac

tiva)

da

lei m

ais

favo

ráve

l ao

argu

ido,

já q

ue n

ão e

stá

em c

ausa

um

a di

fere

nte

valo

raçã

o le

gal

ou p

olí-t

ico-

crim

inal

dos

fac

tos

mas

ape

nas

uma

alte

raçã

o da

situ

ação

fáct

ica

exce

pcio

nal q

ue ju

stifi

cou

o re

gim

e pa

rticu

lar

mai

s gr

avos

o do

s co

mpo

rtam

ento

s ob

ject

o da

le

i te

mpo

rária

. En

fim,

aque

les

fact

os c

ontin

uaria

m a

ser

val

orad

os p

oliti

co-

crim

inal

men

te

da

mes

ma

form

a,

que,

co

m

a no

va

lei,

teria

m

desa

pare

cido

os p

ress

upos

tos d

e ap

licaç

ão d

a re

gra

exce

pcio

nal29

. A

ssim

, não

se

acol

heu

a su

gest

ão d

a C

.T.A

. no

sent

ido

de r

etira

r aq

uela

re

ferê

ncia

, bas

eada

na

idei

a - q

ue, a

qui,

se te

ntou

dem

onst

rar s

er in

fund

ada

- de

qu

e ha

veria

um

a vi

olaç

ão d

o di

spos

to

no

n°2

do

art°

30°

da

Con

stitu

ição

cab

o-ve

rdia

na (a

ctua

l art.

° .31

.°, n

.° 2)

.

29

C

fr.

JOR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Re

form

as P

enai

s...,

47-4

8; T

AIP

A D

E C

AR

VA

LHO

, Su

cess

ão...

, 160

ss.;

LO

PES

RO

CH

A, «

Apl

icaç

ão...

», in

Jor

nada

s de

Dir

eito

Cri

min

al...

, 95

ss.;

TER

ESA

PI

ZAR

RO

B

ELEZ

A,

Dir

eito

Pe

nal,

1.°

Vol

ume,

45

6 ss

.; ED

UA

RD

O

CO

RR

EIA

, Dire

ito C

rimin

a/, I

, 155

-156

; CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A, D

ireito

Pen

a /..

., I,

1981

, 11

5-11

7; J

AK

OB

S,

Stra

frec

ht...

, 81

-83;

SC

NK

E/SC

HR

ÒD

ER,

Stra

fges

etzb

uch

Kom

men

tar,

23.a e

d, V

erla

g C

.H.B

eck,

Mún

chen

, 198

8, 5

4-56

; BLE

I, St

rafr

echt

I, A

llgem

eine

r Te

il, 1

8.a e

d., V

erla

g C

.H.B

eck,

Mún

chen

, 198

3, 5

3 ss

.; M

AU

RA

CH

/ZIP

F, D

erec

ho p

enal

...,

204-

205.

C

ritic

ando

a so

luçã

o, n

o ge

ral,

e fa

ce à

lei b

rasi

leira

, vej

a-se

ZA

FFA

RO

NI/P

IER

AN

GEL

I, M

anua

l...,

231-

232.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

28

1.10

.4.4

. E

nem

se

di

ga,

com

o ta

mbé

m

pret

endi

a a

Com

issã

o de

A

com

panh

amen

to,

que

uma

tal

prev

isão

aca

rret

aria

«...

inc

onve

nien

tes

grav

es,

tais

com

o a

poss

ibili

dade

de

exce

sso

de l

eis

que

pret

enda

m d

ar

resp

osta

s po

ntua

is a

que

stõe

s ac

iden

tais

da

vida

soc

ial,

resp

osta

s qu

e, p

or

sere

m p

ontu

ais,

tend

em a

ser i

nflu

enci

adas

pel

a co

njun

tura

...».

Pon

to é

que

- e

est

amos

, nes

te a

spec

to d

e ac

ordo

com

TA

IPA

DE

CA

RV

ALH

O -

a le

i se

ja te

mpo

rária

, ist

o é,

tenh

a um

tem

po d

e vi

gênc

ia c

lara

men

te d

elim

itado

pe

la d

a si

tuaç

ão e

xcep

cion

al d

a vi

da s

ocia

l que

just

ifica

aqu

ela

valo

raçã

o po

lític

o-cr

imin

al m

ais

grav

osa.

De

tal

mod

o qu

e se

pos

sa a

firm

ar c

om

aque

le a

utor

que

«...

o ca

ráct

er e

xcep

cion

al d

a si

tuaç

ão...

é q

ue im

pede

qu

e so

bre

esta

... r

ecai

a o

juíz

o de

inc

onst

ituci

onal

idad

e po

r vi

olaç

ão d

o pr

incí

pio

polít

ico-

crim

inal

da

in

disp

ensa

bilid

ade

da

pena

...

o nã

o cu

mpr

imen

to d

e qu

alqu

er u

m d

este

s re

quis

itos

dete

rmin

ará

que

a le

i em

ca

usa

seja

trat

ada

com

o...

lei p

enal

nor

mal

, sen

do-lh

e ap

licáv

el o

regi

me

da

suce

ssão

de

le

is

pena

is,

com

a

cons

eque

nte

retro

activ

idad

e da

le

i de

spen

aliz

ador

a...»

30.

1.10

.4.5

. Des

te m

odo,

um

a so

luçã

o, ta

l qua

l a q

ue v

em e

stab

elec

ida

no C

P.

aplic

a-se

, ass

im, m

ais

adeq

uada

men

te à

s ve

rdad

eira

s le

is d

e em

ergê

ncia

s (n

atur

alm

ente

, ta

mbé

m

«tem

porá

rias»

) e,

o,

às

mer

amen

te

«tem

porá

rias»

. Um

a no

rma

mer

amen

te te

mpo

rária

que

não

est

eja

ligad

a a

uma

qual

quer

e e

spec

ífica

situ

ação

de

exce

pcio

nalid

ade

- que

just

ifiqu

e um

pa

rticu

lar f

unda

men

to d

e ili

citu

de o

u de

um

seu

mai

or g

rau

- não

dev

e se

r su

btra

ída

à ap

licaç

ão d

a re

gra

do r

egim

e m

ais

favo

ráve

l ao

age

nte,

poi

s pe

rman

ecem

os

argu

men

tos

subj

acen

tes

à ap

licaç

ão d

e ta

l cr

itério

: os

da

nece

ssid

ade

da p

ena

e da

igua

ldad

e31.

1.10

.4.6

. Po

r is

so,

achá

mos

qu

e se

ria

pref

erív

el

a fo

rmul

ação

do

A

ntep

roje

cto

(art.

° 3.

°, n.

° 3)

: «

Qua

ndo,

em

virt

ude

de c

ircun

stân

cias

ex

cepc

iona

is o

u de

em

ergê

ncia

, a

lei

deva

ter

vig

ênci

a nu

m p

erío

do d

e te

mpo

det

erm

inad

o, o

s fa

ctos

pra

ticad

os d

uran

te a

quel

e pe

ríodo

ser

ão p

or

30

Su

cess

ão...

, 161

e 1

63.

31

Ass

im, e

xplic

itam

ente

, MA

RIA

FER

NA

ND

A P

ALM

A, D

ireito

Pen

al...

, 199

4, 1

38-1

39.

Page 15: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

29

ela

julg

ados

, sal

vo s

e le

galm

ente

se

disp

user

ou

resu

ltar

o co

ntrá

rio».

De

todo

o m

odo,

e n

uma

ineq

uívo

ca e

xplic

itaçã

o da

idei

a há

pou

co re

ferid

a, o

C

ódig

o re

ssal

va a

s hi

póte

ses,

tam

bém

pos

síve

is, d

e ve

rdad

eira

suc

essã

o de

le

is

tem

porá

rias

ou

de

emer

gênc

ia,

esta

tuin

do,

no

núm

ero

atrá

s m

enci

onad

o, «

... s

alvo

se

a le

i dis

puse

r ou

dela

resu

ltar o

con

trário

», n

uma

form

ulaç

ão a

fim d

a do

s cód

igos

de

Espa

nha,

da

Ale

man

ha e

do

Peru

. M

as d

eve

ser

dito

, em

abo

no d

a ve

rdad

e, q

ue,

mui

to p

ossi

velm

ente

a

form

ulaç

ão f

inal

do

Cód

igo

foi

«tra

ída»

pel

a ci

rcun

stân

cia

de a

quel

a ve

rsão

do

Ant

epro

ject

o te

r si

do i

ntro

duzi

da p

oste

riorm

ente

à e

ntre

ga a

o G

over

no d

o te

xto

prim

eiro

32.

Le

itura

par

ticul

arm

ente

reco

men

dada

par

a a

mat

éria

exp

osta

em

1. -

MA

RIA

FE

RNA

ND

A P

ALM

A, D

ireito

Pen

al..,

1994

,129

-139

; - J

ORG

E CA

RLO

S FO

NSE

CA, R

eform

as P

enai

s..., 4

4-48

; - T

AIP

A D

E CA

RVA

LHO

, Suc

essã

o de

Leis

Pen

ais,

Coim

bra E

dito

ra, 1

990,

pas

sim

; - T

AIPA

DE

CARV

ALH

O, D

ireito

Pen

al -

Par

te Ge

ral

- Q

uestõ

es F

unda

men

tais,

Pu

blic

açõe

s Uni

vers

idad

e C

atól

ica,

Por

to, 2

003,

213-

256;

- L

OPE

S RO

CHA

, «A

plic

ação

da

lei c

rimin

al n

o te

mpo

e n

o es

paço

», in

Jor

nada

s de

Dire

ito C

rimin

al -

O n

ovo

Códi

go P

enal

Por

tugu

ês e

Leg

islaç

ão C

ompl

emen

tar,

Cent

ro d

e Estu

dos J

udic

iário

s, Li

sboa

, 198

3, 8

5-11

7;

- REN

É A

RIEL

DO

TO, C

urso

de D

ireito

Pen

al -

Parte

Ger

al, 2

.a ediçã

o, Ed

itora

For

ense

, R

io d

e Ja

neiro

, 200

4,26

1-27

6.

2. O

luga

r da

prá

tica

do fa

cto:

um

cas

o es

peci

al (a

rt.°

5.°,

in fi

ne).

Os

cham

ados

cri

mes

de

cons

umaç

ão a

ntec

ipad

a 2.

1. O

art.

° 5.

° do

Cód

igo

Pena

l def

ine

o cr

itério

de

dete

rmin

ação

do

luga

r da

prá

tica

do fa

cto

puní

vel Q

ocus

del

icti)

. E fá

-lo, à

prim

eira

vis

ta, d

e um

a fo

rma

que,

não

est

ando

exp

ress

amen

te c

ontid

a no

Cód

igo

de 1

886

(mas

, de

32

C

fr. o

nos

so R

efor

mas

Pen

ais..

., no

ta d

a pá

g. 1

29.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

30

algu

ma

form

a, r

esol

vida

pel

o ar

t.° 4

6.°

do C

ódig

o de

Pro

cess

o Pe

nal,

era

defe

ndid

a po

r ce

rta

dout

rina

e ju

rispr

udên

cia

(por

tugu

esa)

33.

Com

o?

Cum

ulan

do d

ois

crité

rios,

no fu

ndo,

de

acor

do c

om o

que

se

conv

enci

onou

ch

amar

um

a so

luçã

o pl

urila

tera

l, m

ista

ou

da u

biqu

idad

e: lo

cal d

a pr

átic

a do

crim

e ta

nto

é aq

uele

em

que

, tot

al o

u pa

rcia

lmen

te, o

age

nte

actu

ou, o

u,

em c

aso

de o

mis

são,

dev

eria

ter

actu

ado,

qua

nto

aque

le e

m q

ue s

e te

nha

prod

uzid

o o

resu

ltado

típi

co34

. 2.

2. U

ma

solu

ção

dife

rent

e da

est

abel

ecid

a pa

ra a

det

erm

inaç

ão d

o m

omen

to d

a pr

átic

a do

fac

to (

art.°

6.°)

- v

alen

do a

qui

com

o cr

itério

o

mom

ento

da

real

izaç

ão d

a co

ndut

a e,

não

, o d

a ve

rific

ação

do

resu

ltado

, po

r ra

zões

atin

ente

s às

gar

antia

s su

bjac

ente

s ao

prin

cípi

o da

leg

alid

ade,

m

orm

ente

ao

da ir

retro

activ

idad

e da

lei p

enal

(de

sfav

oráv

el)35

- e

que

se

just

ifica

ple

nam

ente

: u

ltrap

assa

r o

prob

lem

a qu

e se

ria,

caso

se

opta

sse

apen

as p

elo

crité

rio d

o lo

cal

da a

cção

ou

o da

ver

ifica

ção

do r

esul

tado

, in

dese

jáve

l de

«...

insu

portá

veis

lacu

nas

de p

unib

ilida

de q

ue u

ma

polít

ica

crim

inal

min

imam

ente

con

certa

da n

ão p

oder

ia a

dmiti

r»36

. B

asta

ria u

m

exem

plo

sim

ples

e h

abitu

al: A

ntón

io d

ispa

ra c

ontra

Ber

nard

o co

m in

tenç

ão

33

C

fr. E

DU

AR

DO

CO

RR

EIA

, Dire

ito C

rim

inal

, I, 1

72, n

ota

1; C

AV

ALE

IRO

DE

FER

REI

RA

, D

ireito

Pen

al...

, 1, 1

981,

133

-134

. 34

C

fr.,

sobr

e o

tem

a, e

por

tod

os,

EDU

AR

DO

CO

RR

EIA

, D

ireito

Cri

min

al,

I, 16

9 ss

.; FI

GU

EIR

EDO

DIA

S/C

OST

A A

ND

RA

DE,

Dire

ito P

enal

- Q

uest

ões

fund

amen

tais

- A

do

utri

na g

eral

do

crim

e, fa

se, C

oim

bra,

199

6, 1

99 s

s.; T

ERES

A P

IZA

RR

O B

ELEZ

A, D

ireito

Pe

nai..

., l.°

Vol

ume,

557

ss.;

JES

CH

ECK

, ob.

cit.

, 1.°

Vol

ume,

238

ss.

(Leh

rbuc

h...,

159

ss.)

, au

tor q

ue fa

la d

o cr

itério

da

ubiq

uida

de.

35

Ass

im, F

IGU

EIR

EDO

DIA

S/C

OST

A A

ND

RA

DE,

Dire

ito P

enal

..., 1

83 s

s.(«.

.. po

r is

so q

ue é

no

mom

ento

em

que

o a

gent

e ac

tua.

.. qu

e re

leva

a f

unçã

o tu

tela

r do

s di

reito

s, lib

erda

des

e ga

rant

ias

da p

esso

a qu

e co

nstit

ui a

raz

ão d

e se

r da

quel

e pr

incí

pio

(da

lega

lidad

e).

Foss

e de

cisi

vo a

pro

pósi

to s

ó o

mom

ento

em

que

o r

esul

tado

... te

m lu

gar

e es

taria

abe

rta a

por

ta a

o ar

bítri

o e

ao e

xces

so d

a in

terv

ençã

o pu

nitiv

a do

Est

ado.

..» (

184)

; TA

IPA

DE

CA

RV

ALH

O,

Suce

ssão

..., 5

3 ss

., au

tor

que

tam

bém

invo

ca o

prin

cípi

o da

cul

pa c

omo

fund

amen

to d

e um

a so

luçã

o un

ilate

ral a

est

e re

spei

to («

... a

des

loca

ção

do m

omen

to d

a co

ndut

a pa

ra o

mom

ento

do

resu

ltado

vio

laria

o p

rinc

ípio

da

culp

a: c

onst

ituin

do a

cul

pabi

lidad

e fu

ndam

ento

e l

imite

da

pena

e s

endo

o ju

ízo

da c

ulpa

um

juí

zo d

e ce

nsur

a ét

ica

pela

prá

tica

da c

ondu

ta e

não

pel

a oc

orrê

ncia

do

resu

ltado

, nec

essa

riam

ente

que

o m

omen

to d

ecis

ivo

tem

de

ser o

da

cond

uta.

..»

(56)

. 36

FI

GU

EIR

EDO

DIA

S/C

OST

A A

ND

RA

DE,

Dire

ito P

enal

..., 2

00.

Page 16: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

31

de m

atar

, em

Bis

sau,

e a

víti

ma

acab

a po

r m

orre

r na

Pra

ia;

se a

Gui

né-

Bis

sau

adop

tass

e o

crité

rio d

o re

sulta

do e

Cab

o V

erde

o d

a co

ndut

a, o

ag

ente

não

pod

eria

ser

pun

ido

por

hom

icíd

io,

por

nenh

uma

das

leis

co

ncor

rent

es p

oder

ser a

plic

ada

em n

ome

da te

rrito

rialid

ade.

2.

3 O

cas

o do

s cha

mad

os c

rim

es d

e co

nsum

ação

ant

ecip

ada

Mas

o C

ódig

o Pe

nal

cabo

-ver

dian

o va

i m

ais

long

e e

diz

que

o fa

cto

se

cons

ider

a pr

atic

ado

tam

bém

no

luga

r em

que

se te

nha

prod

uzid

o «.

.. aq

uele

re

sulta

do q

ue, n

ão s

endo

típi

co, o

legi

slad

or q

uer

evita

r qu

e se

ver

ifiqu

(art.

° 5.

°, in

fine

). Fo

rmul

ação

que

apr

esen

tám

os n

uma

segu

nda

vers

ão d

o A

ntep

roje

cto,

pre

tend

endo

exa

ctam

ente

est

ende

r ai

nda

mai

s, ao

men

os

expl

icita

men

te, o

s cr

itério

s de

det

erm

inaç

ão d

a se

de d

o de

lito,

aba

rcan

do

um c

onju

nto

de c

rimes

que

, hab

itual

men

te m

as ta

lvez

não

rig

oros

amen

te,

se a

pelid

am d

e fo

rmai

s37,

mas

que

pre

ferir

emos

cha

mar

de

cons

umaç

ão

ante

cipa

da. C

rimes

em

que

a c

onsu

maç

ão (

noçã

o fo

rmal

) se

com

um

ce

rto re

sulta

do (t

ípic

o, p

ois)

ou

activ

idad

e, m

as e

m q

ue u

m o

utro

resu

ltado

, nã

o co

mpr

eend

ido

no t

ipo,

int

eres

sa à

val

oraç

ão d

a ili

citu

de38

. Fa

lam

os

nom

eada

men

te d

e cr

imes

de

empr

eend

imen

to [e

m q

ue s

e dá

a e

quip

araç

ão

típic

a en

tre t

enta

tiva

e co

nsum

ação

, co

mo,

por

exe

mpl

o, n

os c

asos

de

crim

es p

revi

stos

nos

art.

°s 2

65.°,

306

.°, n

.° 1,

a)

ou, a

inda

, 313

.°, n

.° 1,

g)

]39; e

, sob

retu

do, d

e cr

imes

de

inte

nção

, vis

tos

rasa

men

te c

omo

crim

es

em q

ue, p

ara

além

da

verif

icaç

ão d

e um

a ce

rta c

ondu

ta o

u re

sulta

do, s

e ex

ige

uma

parti

cula

r int

ençã

o de

atin

gir u

m o

utro

resu

ltado

, o q

ual,

poré

m,

37

C

fr.,

por

exem

plo,

ED

UA

RD

O C

OR

REI

A,

Dir

eito

Crim

ina/

, I,

172-

173;

FIG

UEI

RED

O

DIA

S/ C

OST

A A

ND

RA

DE,

Dire

ito P

enal

.., 2

00. N

uma

pers

pect

iva

críti

ca, e

nes

se c

onte

xto,

JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A,

Cri

mes

de

empr

eend

imen

to e

ten

tativ

a A

lmed

ina.

Coi

mbr

a,

1986

. 156

-159

. 38

C

fr. J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

,159

. 39

So

bre

a no

ção,

cfr

. JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A, C

rim

es d

e em

pree

ndim

ento

..., p

assi

m, m

as

parti

cula

rmen

te 1

10 ss

..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

32

não

tem

que

se v

erifi

car p

ara

se d

ar a

con

sum

ação

40, e

de

crim

es d

e pe

rigo

, em

que

a c

ondu

ta a

pena

s põe

em

per

igo

o ob

ject

o da

acç

ão d

o tip

o41.

Não

se

trata

, po

is,

de u

m q

ualq

uer

resu

ltado

que

não

se

cont

enha

na

defin

ição

do

fact

o típ

ico,

de

um q

ualq

uer

even

to d

o cr

ime

para

«al

ém d

o m

al d

o cr

ime»

, co

mo

se p

rocu

rou

inte

rpre

tar

expr

essã

o af

im s

urgi

da n

o C

P. p

ortu

guês

de

1982

, a

prop

ósito

de

outra

mat

éria

, no

mea

dam

ente

da

desi

stên

cia42

. Mat

éria

que

irem

os a

bord

ar m

ais

à fr

ente

, qua

ndo

fala

rmos

do

regi

me

da te

ntat

iva

no n

ovo

Cód

igo.

2.

4. S

oluç

ão (

a do

nov

o C

ódig

o) q

ue,

diga

-se,

de

algu

ma

form

a já

era

ad

voga

da,

por

exem

plo,

po

r B

ELEZ

A

DO

S SA

NTO

S,

EDU

AR

DO

C

OR

REI

A43

e F

IGU

EIR

EDO

DIA

S44, n

a vi

gênc

ia d

o an

tigo

Cód

igo,

e q

ue

acab

a po

r te

r ex

pres

sa c

onsa

graç

ão e

m 1

998

atra

vés

da f

órm

ula

«...

ou o

re

sulta

do n

ão c

ompr

eend

ido

no t

ipo

de c

rime.

..»,

pouc

o fe

liz,

em n

osso

en

tend

er,

com

o,

aliá

s, já

fiz

éram

os

assi

nala

r no

no

sso

Cri

mes

de

em

pree

ndim

ento

e te

ntat

iva45

, em

198

6, e

se d

eixa

ver

em

2.3

.

40

C

fr.,

por

todo

s, JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A,

Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

, 57

e no

ta 1

9.

Exem

plos

pod

erão

ser

os

crim

es p

revi

stos

nos

art.

°s 1

94.°

(fur

to),

198.

° (r

oubo

), 20

8.°

(sup

ress

ão d

e m

arco

) ou

217

.° (e

xtor

são)

do

CP.

de

Cab

o V

erde

; FI

GU

EIR

EDO

DIA

S,

Text

os...

, 200

1, 8

0 ss

.. 41

C

fr.,

por

todo

s, JO

RG

E C

AR

LOS

FON

SEC

A, C

rim

es d

e em

pree

ndim

ento

..., p

artic

ular

men

te

73-7

8; E

DU

AR

DO

CO

RR

EIA

, Dire

ito C

rim

inal

, I, 2

87 s

s.; F

IGU

EIR

EDO

DIA

S, T

exto

s...,

2001

, 32

ss

.; R

UI

Car

los

PER

EIR

A,

O

dolo

de

pe

rigo

, Le

x,

Lisb

oa,

1995

, pa

ssim

, pa

rticu

larm

ente

22

ss..

Exem

plos

, ent

re m

uito

s, po

derã

o se

r os c

rimes

pre

vist

os n

os a

rt.°s

302

.° e

303.

° do

nov

o C

ódig

o; R

OX

IN, D

erec

ho P

enal

..., §

10,

335

-336

(St

rafr

echt

..., 3

.a a ed

ição

, 28

1-28

2).

42

CA

VA

LEIR

O

DE

FER

REI

RA

, D

ireito

Pe

nal,

3.°

sem

estre

, In

dica

ções

su

már

ias

de

actu

aliz

ação

- A

pont

amen

tos

das

Liçõ

es, U

nive

rsid

ade

Cat

ólic

a Po

rtugu

esa,

F.C

.H.,

1982

-83,

12

; cfr

., ai

nda,

a re

spei

to, J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

, 159

e

nota

183

. 43

D

ireito

Crim

inal

, I,

173,

dan

do o

exe

mpl

o do

crim

e de

env

enen

amen

to (

«...

Com

efe

ito,

a na

ture

za d

os c

rimes

for

mai

s de

ste

tipo

resu

lta d

e um

a fic

ção

da s

ua c

onsu

maç

ão, q

uand

o o

resu

ltado

se

não

verif

ica,

se

este

se

verif

ica

não

deve

rá d

eixa

r de

ser

tom

ado

em c

onta

par

a a

aplic

ação

da

lei»

). 44

In

BFD

UC

, 196

5, 1

22, c

itado

em

FIG

UEI

RED

O D

IAS/

CO

STA

AN

DR

AD

E, D

ireito

Pen

al..,

20

0 e

nota

28.

45

15

5 ss

..

Page 17: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

33

2.5.

O l

ugar

da

prát

ica

do f

acto

nos

cri

mes

não

con

sum

ados

. Q

ue

crité

rio?

U

ma

outra

obs

erva

ção:

o A

ntep

roje

cto

(art.

° 6.

°) -

na

vers

ão c

orrig

ida

- co

ntin

ha u

m n

.° 2

do s

egui

nte

teor

: «T

rata

ndo-

se d

e fa

cto

puní

vel

não

cons

umad

o, c

onsi

dera

-se

igua

lmen

te p

ratic

ado

no lu

gar e

m q

ue, d

e ac

ordo

co

m a

repr

esen

taçã

o do

age

nte,

o re

sulta

do d

ever

ia te

r sid

o pr

oduz

ido»

. O

núm

ero

não

ficou

no

C

ódig

o (a

pare

cia

aind

a nu

ma

das

vers

ões

«min

iste

riais

» qu

e no

s fo

ram

sub

met

idas

a a

prec

iaçã

o),

o qu

e ve

m

dific

ulta

r a

defin

ição

do

crité

rio a

plic

ável

em

cas

os c

omo

os d

e te

ntat

iva,

em

que

não

se

pode

fala

r de

resu

ltado

. Aliá

s, aq

uela

form

ulaç

ão v

eio,

por

ex

empl

o, a

ser

ado

ptad

a em

Por

tuga

l, co

m a

rev

isão

ope

rada

em

199

8,

segu

ram

ente

par

a cl

arifi

car

uma

solu

ção

que

não

era

líqui

da f

ace

à re

dacç

ão a

nter

ior

(idên

tica,

afin

al, à

que

fic

ou n

o C

ódig

o ca

bo-v

erdi

ano)

. N

a ve

rdad

e, n

ão f

alta

va q

uem

, em

Por

tuga

l, pu

sess

e sé

rias

rese

rvas

à

solu

ção

pera

nte

o te

xto

lega

l vig

ente

, inv

ocan

do, n

omea

dam

ente

, que

ela

ex

cede

ria o

teo

r lit

eral

do

art.

7.°

«em

tod

as a

s si

gnifi

caçõ

es p

ossí

veis

e vi

olar

por

iss

o a

proi

biçã

o de

ana

logi

a»46

. A

pesa

r de

, po

r ex

empl

o, n

a A

lem

anha

, a

juris

prud

ênci

a se

man

ifest

ar e

m f

avor

da

inte

rpre

taçã

o qu

e ex

plic

itam

ente

pre

tend

íam

os c

onsa

grar

mes

mo

pera

nte

um te

xto

norm

ativ

o af

im d

o qu

e fic

ou n

o no

sso

Cód

igo47

.

46

A

ssim

, FIG

UEI

RED

O D

IAS/

CO

STA

AN

DR

AD

E, D

ireito

Pen

al...

, 201

-202

. 47

C

fr. J

ESC

HEC

K, O

b. c

it., 1

.° V

olum

e, 2

41 (L

ehrb

uch.

.., 1

61).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

34

Leitu

ra p

artic

ular

men

te re

com

enda

da p

ara

a m

atér

ia ex

posta

em 2

. −

EDU

ARD

O C

ORR

EIA

, Dire

ito C

rimin

al...

1,169

-174

; −

CAV

ALE

IRO

DE

FERR

EIRA

, Dire

ito P

enal

..., 1

,1981

,133-

134;

FIG

UEI

RED

O D

IAS/

COST

A A

ND

RAD

E, D

ireito

Pen

al -

Que

stões

fund

amen

tais

-A

dout

rina

gera

l do

crim

e, fa

se, C

oim

bra,

1996

, 199

-202

; −

LOPE

S RO

CHA

, «A

plic

ação

da l

ei...»

, 128

-129

e no

ta 5

1 (1

48-1

50);

− JO

RGE

CARL

OS

de A

lmeid

a FO

NSE

CA, C

rimes

de e

mpr

eend

imen

to e

tent

ativ

a,

Alm

edin

a, Co

imbr

a, 19

86,5

7-59

,73-

78 e

110-

117;

JESC

HEC

K, T

rata

do...,

1.°

Vol

ume,

238-

242.

Page 18: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

35

3. O

cha

mad

o er

ro s

obre

as

proi

biçõ

es l

egai

s: e

rro

de t

ipo

ou e

rro

sobr

e a

ilici

tude

?

3.1.

O n

ovo

Cód

igo

de C

abo

Ver

de n

ão c

onté

m u

m d

ispo

sitiv

o co

mo

o do

ar

t.° 1

6.°,

n.°

1, d

o C

P. p

ortu

guês

. Est

e te

m e

m v

ista

situ

açõe

s em

que

o

conh

ecim

ento

da

próp

ria p

roib

ição

lega

l se

mos

tra in

disp

ensá

vel p

ara

que

o ag

ente

se

poss

a co

loca

r o p

robl

ema

da c

onsc

iênc

ia d

a ili

citu

de d

o fa

cto,

pa

ra q

ue «

... p

ossa

orie

ntar

a s

ua c

onsc

iênc

ia é

tica

para

a il

icitu

de».

Iss

o ac

onte

ce, d

iz-s

e, s

empr

e qu

e o

tipo

lega

l de

crim

e ab

arca

con

duta

s cu

ja

rele

vânc

ia a

xiol

ógic

a é

dim

inut

a ou

ine

xist

e pr

atic

amen

te, s

empr

e qu

e o

ilíci

to «

... é

prim

aria

men

te c

onst

ituíd

o nã

o só

ou

mes

mo

nem

tan

to p

ela

mat

éria

pro

ibid

a, c

omo

tam

bém

pel

a pr

oibi

ção

lega

l...»

48.

Nor

mal

men

te

apon

-tam

-se

os s

egui

ntes

tipo

s de

cas

os: d

ireito

de

mer

a or

dena

ção

soci

al;

dire

ito p

enal

sec

undá

rio49

, m

orm

ente

no

dire

ito p

enal

eco

nóm

ico;

cer

tos

tipos

de

perig

o ab

stra

cto

e, a

inda

, os

cas

os d

e al

guns

tip

os d

e cr

ime

do

dire

ito p

enal

de

just

iça

em q

ue «

... a

con

duta

é i

lícita

em

fun

ção

da

prot

ecçã

o su

bsid

iária

de

um b

em j

uríd

ico-

pena

l, m

as e

m q

ue e

ste

não

se

enco

ntra

ain

da n

itida

men

te a

ceite

com

o ta

l pe

la c

omun

idad

e e

pela

sua

co

nsci

ênci

a de

val

ores

...»50

. N

esta

s si

tuaç

ões,

pois

, o c

onhe

cim

ento

da

proi

biçã

o é

indi

spen

sáve

l par

a se

afir

mar

a e

xist

ênci

a de

dol

o (d

e do

lo «

do ti

po»,

dirã

o os

que

subs

crev

em

uma

noçã

o de

dol

o qu

e ta

mbé

m s

eja

elem

ento

da

culp

a51)-

Ass

im s

e co

mpr

eend

e qu

e, n

o re

ferid

o ar

tigo

do C

ódi-

48

FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, T

exto

s...,

2001

, 110

. 49

So

bre

a no

ção,

cfr

., FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, «

Para

um

a do

gmát

ica

do D

ireito

Pen

al s

ecun

dário

- um

con

tribu

to p

ara

a R

efor

ma

do D

ireito

Pen

al e

conó

mic

o e

soci

al p

ortu

guês

», in

INST

ITU

TO

DE

DIR

EITO

PEN

AL

ECO

MIC

O E

EU

RO

PEU

DA

FA

CU

LDA

DE

DE

DIR

EITO

DA

U

NIV

ERSI

DA

DE

DE

CO

IMB

RA

, Dire

ito P

enal

Eco

nóm

ico

e Eu

rope

u: T

exto

s D

outr

inár

ios,

Vol

ume

I, C

oim

bra

Edito

ra, 1

998,

35

ss.

50

Ass

im, F

IGU

EIR

EDO

DIA

S, T

exto

s...,

2001

, 113

; ID

EM, T

emas

Bás

icos

..., 3

00.

51

De

nota

r qu

e, m

esm

o au

tore

s qu

e ch

egar

am a

def

ende

r a

idei

a de

que

, ne

stes

cas

os,

o qu

e de

veria

ser n

egad

o nã

o er

a o

dolo

do

tipo,

mas

, sim

, o o

dol

o en

quan

to fo

rma

de c

ulpa

- a

culp

a do

losa

-, a

caba

ram

por

sub

scre

ver a

tese

de

que,

e c

itam

os u

m d

esse

s au

tore

s (F

IGU

EIR

EDO

D

IAS)

, «.

.. no

s ca

sos

dos

delic

ia m

ere

proh

ibite

(o

erro

sob

re p

roib

içõe

s le

gais

) ex

erce

ex

acta

men

te a

mes

ma

funç

ão d

e qu

aisq

uer o

utro

s el

emen

tos

perte

ncen

tes

ao ti

po o

bjec

tivo

de

ilíci

to: e

xist

e en

tre e

stes

ele

men

tos

e a

proi

biçã

o um

a co

nexã

o de

tal m

odo

inex

trinc

ável

que

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

36

go p

ortu

guês

, se

diga

que

o e

rro

sobr

e a

proi

biçã

o ex

clua

o d

olo

quan

do o

se

u co

nhec

imen

to «

for

razo

avel

men

te i

ndis

pens

ável

par

a qu

e o

agen

te

poss

a to

mar

con

sciê

ncia

da

ilici

tude

do

fact

o», n

uma

form

ulaç

ão p

róxi

ma

da q

ue j

á er

a ad

voga

da p

or F

IGU

EIR

EDO

DIA

S na

sua

dis

serta

ção

de

dout

oram

ento

(«A

ge s

em d

olo

quem

se

não

repr

esen

ta c

ircun

stân

cias

do

fact

o qu

e co

rres

pond

em a

um

tip

o de

crim

e, o

u de

scon

hece

pre

ceito

s ju

rídi

cos

cujo

con

heci

men

to s

eria

ind

ispe

nsáv

el p

ara

tom

ar c

onsc

iênc

ia

da

ilici

tude

do

fa

cto.

Fi

ca

poré

m

ress

alva

da

a pu

nibi

lidad

e da

ne

glig

ênci

a»52

. 3.

2. O

fac

to d

e um

tal

dis

posi

tivo

não

exis

tir n

o C

ódig

o ca

bo-v

erdi

ano

excl

ui q

ue a

quel

a so

luçã

o po

ssa

aplic

ar-s

e en

tre n

ós?

A re

spos

ta d

ever

á se

r ne

gativ

a: s

empr

e qu

e um

err

o so

bre

uma

proi

biçã

o le

gal

se r

econ

duza

, m

ater

ialm

ente

, a u

m e

rro.

.. de

tipo

, apl

i-ca-

se o

reg

ime

cons

tant

e do

art.

° 15

.°, n

.° 1,

exc

luin

do-s

e o

dolo

e f

ican

do r

essa

lvad

a a

poss

ibili

dade

de

puni

ção

a tít

ulo

de n

eglig

ênci

a. S

oluç

ão d

iver

sa s

erá

quan

do o

err

o so

bre

uma

proi

biçã

o le

gal s

e re

cond

uzir

a um

err

o so

bre

a ili

citu

de, a

plic

ando

-se,

en

tão,

o r

egim

e co

nsta

nte

do a

rt.°

16.°,

hav

endo

exc

lusã

o da

cul

pa, s

e o

erro

não

for

«ce

nsur

ável

». S

eria

o c

aso,

por

exe

mpl

o, e

stan

do e

m c

ausa

co

ntra

-ord

enaç

ão, a

inda

que

axi

olog

icam

ente

neu

tra o

u irr

elev

ante

, de

se

verif

icar

que

não

se

trata

de

mer

a ig

norâ

ncia

da

proi

biçã

o, m

as d

e um

a er

róne

a su

posi

ção

de s

eus

limite

s53. M

as o

fac

to é

que

, mui

tas

veze

s, os

ex

empl

os d

ados

de

erro

sob

re a

pro

ibiç

ão l

egal

(ou

err

o de

dir

eito

) co

nsub

stan

ciam

ver

dade

iros

erro

s so

bre

elem

ento

s da

fac

tual

idad

e típ

ica,

m

orm

ente

ele

men

tos

norm

ativ

os, p

ara

os q

uais

o n

osso

Cód

igo

clar

amen

te

dá a

sol

ução

de

excl

usão

do

dolo

. D

isso

nos

cont

a, p

or e

xem

plo,

FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, a

o re

ferir

-se

a ju

rispr

udên

cia

portu

gues

a qu

e te

acor

dado

na

exis

tênc

ia d

e um

err

o de

dire

ito o

u so

bre

a pr

oibi

ção

o po

de fa

zer-

se e

ntre

ele

s qu

alqu

er d

istin

ção

norm

ativ

a e

tele

ológ

ica

para

afir

maç

ão d

o do

lo

do ti

po...

» (L

içõe

s...,

2001

, 113

-114

). 52

O

pro

blem

a da

con

sciê

ncia

da

ilici

tude

em

Dire

ito P

enal

, 2.a e

diçã

o, C

oim

bra,

197

8, 4

14- 4

15

(§20

, III

, 5.).

53

A

ssim

, ex

pres

sam

ente

, FR

EDER

ICO

de

Lace

rda

DA

CO

STA

PIN

TO,

«O i

lícito

de

mer

a or

dena

ção

soci

al e

a e

rosã

o do

prin

cípi

o da

sub

sidi

arie

dade

da

inte

rven

ção

pena

l», i

n RP

CC

7

(199

7), 7

7.

Page 19: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

37

inev

itáve

l ou

não

cen

surá

vel

em s

ituaç

ões

em q

ue,

segu

ndo

o au

tor,

se

trata

va s

empr

e «.

.. de

err

os q

ue, o

u só

duv

idos

amen

te p

odem

con

side

rar-

se

erro

s de

di

reito

ou

so

bre

a pr

oibi

ção

(est

ando

pe

lo

cont

rário

ex

traor

dina

riam

ente

pró

xim

a a

firm

ação

de

que

conf

igur

am v

erda

deiro

s er

ros

de f

acto

ou

sobr

e a

fact

ualid

ade

típic

a) o

u, q

uand

o na

rea

lidad

e o

seja

m, n

ão e

nvol

vem

dir

ecta

men

te o

pro

blem

a da

falta

de

cons

ciên

cia

da

ilici

tude

, an

tes

conf

igur

am

verd

adei

ros

erro

s in

tele

ctua

is,

falta

s do

co

nhec

imen

to q

ue ta

mbé

m a

um

a ju

sta

cons

ciên

cia-

étic

a se

ria

nece

ssár

io

para

na

su

a ba

se

alca

nçar

a

cons

ciên

cia

de

ilici

tude

»54.

E,

sign

ifica

tivam

ente

, vê

m e

xem

plos

com

o os

de

qual

ifica

ção

de c

erto

s pr

odut

os c

omo

«fos

fata

dos»

, ou

da

activ

idad

e de

mon

itora

de

giná

stic

a oc

ular

com

o «a

ctiv

idad

e m

édic

a» (o

aut

or p

arec

e in

clin

ar-s

e, n

este

s ca

sos,

para

err

o so

bre

elem

ento

s no

rmat

ivos

do

tipo)

ou

o de

exe

cuçã

o po

r m

ão

próp

ria

de

man

dado

de

de

spej

o ju

dici

al

(eve

ntua

lmen

te

erro

so

bre

pres

supo

stos

de

uma

caus

a de

exc

lusã

o da

ilic

itude

, qu

al s

eja

a ac

ção

dire

cta)

55.

3.3.

N

ós

mes

mos

, nu

ns

sum

ário

s es

crito

s pa

ra

um

Cur

so

sobr

e cr

imin

alid

ade

econ

ómic

a,

dest

inad

o a

mag

istra

dos

dos

PALO

P e

a pr

opós

ito

conc

reta

men

te

do

«con

traba

ndo»

, fa

láva

mos

de

tip

os

que

cont

inha

m n

orm

as p

enai

s em

bra

nco

(num

cer

to s

entid

o do

con

ceito

)56 -

e pe

nsáv

amos

, po

r ex

empl

o, n

o re

quis

ito «

mer

cado

rias

proi

bida

s» o

u nã

o,

ou, m

esm

o, n

o pr

essu

post

o te

r qu

e se

apr

esen

tar

ou n

ão a

s m

erca

doria

s a

desp

acho

, o

que

sem

pre

supo

ria o

con

heci

men

to d

e ce

rtas

valo

raçõ

es

norm

ativ

as -

e p

ergu

ntáv

amo-

nos

pela

sol

ução

. El

a, d

izía

mos

, ex

igiri

a no

mea

dam

ente

sab

er s

e no

s en

cont

ram

os p

eran

te u

m c

aso

de e

rro

sobr

e a

fact

ualid

ade

típic

a ou

sob

re a

ilic

itude

. So

luçã

o qu

e de

veria

cer

tam

ente

si

tuar

-se

no q

uadr

o no

rmat

ivo

defin

ido

(err

o so

bre

elem

ento

s de

scrit

ivos

e

norm

ativ

os d

o tip

o, q

ue,

segu

ndo

a LI

FA,

tam

bém

exc

lui

o do

lo),

sem

54

C

fr. O

pro

blem

a...,

326

. 55

ID

EM, i

bide

m, n

ota

49, 3

26.

56

Cfr

., po

r tod

os, T

ERES

A P

IZA

RR

O B

ELEZ

A/F

RED

ERIC

O d

e La

cerd

a D

A C

OST

A P

INTO

, O

regi

me

do e

rro

e as

nor

mas

pen

ais e

m b

ranc

o, A

lmed

ina,

Coi

mbr

a, 1

999,

31

ss..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

38

esqu

ecer

que

, ace

ntuá

vam

os, c

omo

refe

re M

UN

OZ

CO

ND

E, a

s ref

erên

cias

no

rmat

ivas

- as

mai

s da

s ve

zes

extra

-pen

ais

- con

tidas

nos

tipo

s do

s cr

imes

ec

onóm

icos

«...

son

ele

men

tos

sin

los

que

la f

unci

ón d

e se

lecc

ión,

de

gara

ntia

y d

e m

otiv

ació

n qu

e el

tipo

cum

ple

no p

uede

n te

ner

efec

to»57

. A

mes

ma

solu

ção

- e

cont

inua

mos

a m

enci

onar

os

dito

s Su

már

ios

- é

expl

icita

men

te s

ufra

gada

por

MA

GA

LHÃ

ES N

OR

ON

HA

ou

DA

SIO

D

E JE

SUS,

no

Bra

sil58

. En

fim,

está

vam

os p

erfe

itam

ente

de

acor

do c

om

FAR

IA C

OST

A, q

uand

o, f

alan

do d

o te

or d

o ar

t.° 1

6.°,

n.°

1 do

Cód

igo

Pena

l de

Po

rtuga

l, as

seve

ra

que

«a

impo

rtânc

ia

do

dire

ito

pena

l ec

onóm

ico,

en

quan

to

regi

ão

norm

ativ

a fu

ndam

enta

l do

di

reito

pe

nal

aces

sório

, fe

z co

m q

ue s

e tiv

esse

de

cons

ider

ar q

ue c

ompo

rtam

ento

s pe

nalm

ente

rel

evan

tes

sust

enta

dos

tão-

só e

m u

ma

idei

a de

mal

a pw

hibi

ta

só p

udes

sem

ser

pun

idos

qua

ndo

o ag

ente

con

hece

sse

a pr

oibi

ção.

Ou

mel

hor:

quan

do f

osse

raz

oave

lmen

te n

eces

sário

con

hece

r a p

roib

ição

par

a qu

e se

pud

esse

ter c

onsc

iênc

ia d

a ili

citu

de»59

. 3.

4. T

udo

razõ

es p

or q

ue, n

o A

ntep

roje

cto

do C

ódig

o Pe

nal,

se e

nten

deu

não

cons

agra

r um

arti

go c

omo

o ci

tado

art.

° 16

do

dipl

oma

portu

guês

(ou

ar

t.° 1

5.°,

n.°

1, in

fine

, do

CR

de

Mac

au),

da m

esm

a fo

rma

com

o se

opt

ou,

por

exem

plo,

por

não

exp

licita

r em

qua

lque

r no

rmat

ivo

o ch

amad

o er

ro

sobr

e os

pre

ssup

osto

s de

um

a ca

usa

de d

escu

lpa

(com

o fa

zem

os

Cód

igos

de

Por

tuga

l, da

Gui

né-B

issa

u ou

de

Mac

au,

que

adop

tam

um

a so

luçã

o m

uito

dis

cutív

el d

o po

nto

de v

ista

dog

mát

ico

e de

ade

quaç

ão d

e po

lític

a cr

imin

al: e

xclu

são

do d

olo

- ver

art.

°s 1

6.°,

n.°

2, in

fine

, 24.

°, n.

° 2

e 15

.°,

n° 2

, res

pect

ivam

ente

)60.

57

«L

os d

elito

s pa

trim

onia

les..

.», l

oc. c

it., 1

36; I

DEM

, Der

echo

Pen

al -

Part

e Es

peci

al, u

ndéc

ima

edic

ión,

Tira

nt lo

Bla

nch,

Val

ênci

a, 1

996,

916

-917

. 58

M

AG

ALH

ÃES

NO

RO

NH

A, o

b. c

it., V

olum

e 4,

198

2, 3

41; D

AM

ÁSI

O E

. DE

JESU

S, C

ódig

o Pe

nal A

nota

do, E

dito

ra S

arai

va, 8

.a edi

ção,

São

Pau

lo, 1

998,

919

e 9

20; I

DEM

, Dire

ito P

enal

, 4°

Vol

ume

- Par

te E

spec

ial,

Sara

iva,

São

Pau

lo, 1

989,

205

. 59

Jo

sé d

e FA

RIA

CO

STA

, D

ireito

Pen

ai E

conó

mic

o, Q

uarte

to,

Coi

mbr

a, 2

003,

124

. C

fr.

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Tex

tos..

., 11

0 ss

.. 60

C

fr. J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Ref

orm

as p

enai

s...,

57.

Page 20: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

39

3.5.

Na

verd

ade,

se

a ne

utra

lidad

e ou

a re

levâ

ncia

axi

ológ

ica

das

cond

utas

pr

oibi

das

é cr

itério

dec

isiv

o da

rel

evân

cia

ou i

rrel

evân

cia

do e

rro

sobr

e pr

oibi

ções

le

gais

-

de

form

a ta

l qu

e,

cons

oant

e os

ca

sos,

o m

ero

conh

ecim

ento

da

fact

ualid

ade

típic

a é

sufic

ient

e ou

não

par

a or

ient

ar o

ag

ente

no

sent

ido

da i

licitu

de -

, es

tam

os d

e ac

ordo

com

FIG

UEI

RED

O

DIA

S na

ide

ia d

e qu

e nã

o se

dev

e cu

idar

aqu

i de

«...

um

crit

ério

co

ncei

tual

ista

fec

hado

, m

as d

e um

prin

cípi

o m

aleá

vel

e ab

erto

, liv

re d

e qu

alqu

er d

ogm

atis

mo»

. E v

ale

a pe

na c

ontin

uar

a ci

tar

o pe

nsam

ento

do

auto

r con

imbr

icen

se: «

Dup

lam

ente

abe

rto, a

liás:

abe

rto à

his

toric

idad

e da

s co

ncep

ções

mor

ais,

cultu

rais

e s

ocia

is d

entro

das

qua

is s

e fo

rma

a co

nsci

ênci

a ju

rídic

a da

com

unid

ade

- de

tal f

orm

a qu

e aq

uilo

que

o a

gent

e de

ve c

onhe

cer p

ara

ter a

ctua

do c

om d

olo

não

pode

con

stitu

ir um

a gr

ande

za

pred

eter

min

ada

para

sem

pre;

abe

rto, d

epoi

s, à

livre

dec

isão

do

juiz

no

caso

co

ncre

to,

por

isso

que

em

cad

a lu

gar

e m

omen

to h

ão-d

e da

r-se

sem

pre

caso

s-lim

ite

em

que,

à

face

do

s da

dos

da

cons

ciên

cia

juríd

ica

da

com

unid

ade,

não

é i

sent

a de

sér

ias

dúvi

das

a re

levâ

ncia

ou

irrel

evân

cia

axio

lógi

ca d

a co

ndut

a co

ncre

ta»61

. 3.

6. E

m je

ito d

e pa

rênt

esis

- p

orqu

e no

s pa

rece

útil

e in

stru

tivo

-dire

mos

qu

e, n

a A

lem

anha

, ta

mbé

m s

e de

fend

eu u

ma

solu

ção

«mai

s fle

xíve

l ou

su

aviz

ada»

par

a os

cas

os d

e er

ro d

e pr

oibi

ção

quan

do e

stiv

esse

m e

m c

ausa

«a

i D

erec

ho p

enal

esp

ecia

l o

aces

sório

» ou

o D

ireito

das

con

trave

nçõe

s. A

qui,

diz-

nos

RO

XIN

, «...

se

ha p

ropu

gnad

o a

men

udo

la a

plic

ació

n de

la

teor

ia d

ei d

olo,

por

que

ning

una

pers

ona

pued

e es

tar

ai c

orrie

nte

en e

ste

terr

eno

inab

arca

ble,

som

etid

o a

mod

ifica

ción

con

stan

te y

poç

o fu

ndad

o ét

icos

ocia

lmen

te, d

e m

odo

que

un e

rror

es e

n m

ucho

s cas

os e

xcus

able

y n

o ha

ce n

eces

ario

un

cast

igo.

..»62

. No

mes

mo

sent

ido,

fala

-nos

Mig

uel D

ÍAZ

GA

RC

IA C

ON

LLED

O, n

a de

fesa

da

solu

ção

dada

pel

a te

oria

do

dolo

nos

ca

sos

abra

ngid

os p

elo

dire

ito p

enal

«ac

ceso

rio o

esp

ecia

l, pl

agad

o de

61

O

pro

blem

a...,

414

. 62

D

erec

ho P

enal

.., 8

80.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

40

norm

as c

ompl

ejas

, en

cons

tant

e ca

mbi

o y

a m

enud

o co

m e

scas

o co

nten

ido

étic

o-so

cial

»63

3.7.

Des

te m

odo,

e ta

mbé

m p

orqu

e já

é p

osta

em

cau

sa a

pos

ição

sob

re s

e,

por

exem

plo,

pod

e af

irmar

-se

ou n

ão,

com

car

ácte

r de

gen

eral

idad

e, a

irr

elev

ânci

a ax

ioló

gica

das

con

tra-o

rden

açõe

s64, h

aven

do, p

ois,

luga

r a u

m

apur

amen

to d

outri

nário

e a

um

tem

po d

e af

irmaç

ão j

uris

prud

enci

al;

porq

ue,

incl

usiv

amen

te,

se t

em d

efen

dido

, m

esm

o em

Por

tuga

l, um

a re

striç

ão a

o re

gim

e co

nsta

nte

do n

.° 1

do a

rt.°

16.°

no â

mbi

to d

o pr

óprio

di

reito

pen

al65

, aca

bám

os p

or o

ptar

por

não

con

sagr

ar e

xpre

ssam

ente

um

a so

luçã

o no

rmat

iva

para

o e

rro

sobr

e pr

oibi

ções

lega

is.

3.8.

Em

Cab

o V

erde

um

tal g

éner

o de

dis

posi

ção

(err

o so

bre

a pr

oibi

ção)

o ex

iste

igua

lmen

te n

a Le

i que

inst

ituiu

o re

gim

e ge

ral d

o ilí

cito

de

mer

a or

dena

ção

soci

al (

Dec

reto

Leg

isla

tivo

n.°

9/95

, de

27

de O

utub

ro)

e na

LI

FA (

Lei

das

Infr

acçõ

es F

isca

is A

duan

eira

s, D

ecre

to L

egis

lativ

o n.

° 5/

95).

63

«

Alg

unas

cue

stio

nes

dei

erro

r en

Der

echo

Pen

al»,

in

Prob

lem

as f

unda

men

tais

de

Dir

eito

Pe

nal,

Hom

enag

em a

Cla

us R

oxin

(cc

ord.

de

Mar

ia d

a C

once

ição

Val

dágu

a), U

nive

rsid

ade

Lusí

ada

Edito

ra, L

isbo

a, 2

002,

83.

64

A

ssim

, FR

EDER

ICO

DA

CO

STA

PIN

TO, «

O il

ícito

de

mer

a or

dena

ção.

..», l

oc. c

it., 7

6 ss

.. 65

C

fr. J

OSÉ

AN

TÓN

IO V

ELO

SO, E

rro

em D

irei

to P

enal

, AA

FDL,

Lis

boa,

199

3, 2

2-23

(«...

As

pess

oas

que

exer

cem

est

avel

men

te u

ma

certa

act

ivid

ade.

.. tê

m u

m d

ever

refo

rçad

o de

con

hece

r as

nor

mas

juríd

icas

que

regu

lam

ess

a ac

tivid

ade.

Não

pod

em p

or is

so, q

uand

o as

des

conh

eçam

, se

r equ

ipar

adas

aos

rest

ante

s ci

dadã

os s

ob o

regi

me

mui

to b

enév

olo

dest

e ar

tigo.

..»);

TER

ESA

SE

RR

A, P

robl

emát

ica

do e

rro

sobr

e a

ilici

tude

, Alm

edin

a, C

oim

bra,

198

5, p

artic

ular

men

te

78-7

9, n

a de

fesa

de

uma

inte

rpre

taçã

o o

mai

s re

strit

iva

poss

ível

do

prec

eito

...«.

.. at

é po

r ev

iden

tes

razõ

es d

e pr

even

ção

gera

l e

espe

cial

... e

nqua

nto

deve

ser

con

cedi

da r

elev

ânci

a de

cisi

va à

util

izaç

ão d

e um

crit

ério

de

evita

bilid

ade

que

abra

nja

a m

aior

ia d

os c

asos

que

surja

m

nest

e âm

bito

» (7

8); F

RED

ERIC

O D

A C

OST

A P

INTO

, «O

ilíc

ito d

e m

era

orde

naçã

o...»

, loc

. ci

t., 7

6 ss

.., a

utor

que

, ref

erin

do-s

e ao

dire

ito d

e m

era

orde

naçã

o so

cial

, ent

ende

que

«...

sen

do

o de

stin

atár

io p

rivile

giad

o de

tais

nor

mas

, o a

gent

e nã

o po

de e

xerc

er c

orre

ctam

ente

a su

a ac

tivi

dade

sem

no

fund

o as

con

hece

r. O

u se

ja,

o ex

ercí

cio

de t

al a

ctiv

idad

e já

tor

na e

xigí

vel

ao

agen

te o

con

heci

men

to d

as p

roib

içõe

s em

cau

sa e

, com

o no

pró

prio

Dire

ito P

enal

, o s

iste

ma

pode

par

tir d

a pr

esun

ção

de q

ue o

s de

stin

atár

ios

das

norm

as a

s co

nhec

em p

orqu

e el

as s

e de

stin

am n

o fu

ndo

a pa

utar

o d

ia a

dia

da

activ

idad

e qu

e ex

erce

(77)

; G

ERM

AN

O

MA

RQ

UES

DA

SIL

VA

, Dire

ito P

enal

..., I

I, 21

3.

Page 21: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

41

Le

itura

pa

rtic

ular

men

te

reco

men

dada

pa

ra

a m

atér

ia

expo

sta

em

3.

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Liç

ões..

., 20

01,1

10-1

14;

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Opr

oble

ma.

.., p

artic

ular

men

te 3

92-4

15;

FRED

ERIC

O D

A C

OST

A P

INTO

, «O

ilíc

ito...

», lo

c. c

it., 7

4-78

.

4. E

rro

sobr

e a

ilici

tude

(art

.° 16

.°): â

mbi

to d

e ap

licaç

ão

4.1.

O «

erro

sob

re a

ilic

itude

» (a

rt.°

16.°)

abr

ange

as

situ

açõe

s em

que

não

au

sênc

ia

ou

defic

ient

e re

pres

enta

ção,

po

r pa

rte

do

agen

te,

de

circ

unst

ânci

as d

e fa

cto

(ou,

nal

guns

cas

os, d

e el

emen

tos

norm

ativ

os),

sem

as

qua

is e

le n

ão p

ode

orie

ntar

a s

ua c

onsc

iênc

ia n

o se

ntid

o do

líc

ito

(cha

mad

o er

ro in

tele

ctua

l), m

as, s

im, u

m d

esco

nhec

imen

to d

e qu

e o

fact

o é

desa

prov

ado

pela

ord

em j

uríd

ica

(err

o m

orai

, di

z-se

, ig

ualm

ente

). O

u fa

lta a

con

sciê

ncia

da

ilici

tude

, por

que

o ag

ente

des

conh

ece

a pr

oibi

ção,

po

rque

sup

õe, e

rron

eam

ente

, que

o f

acto

é p

erm

itido

, est

á ju

stifi

cado

, ou,

ai

nda,

por

que

ele

supõ

e, e

rron

eam

ente

, que

a c

ondu

ta n

ão l

he é

exi

gida

, qu

e nã

o te

m,

no c

aso

conc

reto

, o

deve

r de

agi

r (c

asos

dos

crim

es

omis

sivo

s). S

em o

diz

er e

xplic

itam

ente

, fic

a cl

aro

que

o re

gim

e co

nsta

nte

do a

rt.°

16.°

abra

nge

não

só o

s ca

sos

cham

ados

de

erro

sob

re a

pro

ibiç

ão

dire

cto

(sob

re a

exi

stên

cia

de u

ma

norm

a pr

oibi

tiva)

com

o ta

mbé

m o

s de

er

ro so

bre

a pr

oibi

ção

indi

rect

o ou

sobr

e a

perm

issã

o (s

obre

a e

xist

ênci

a ou

os

lim

ites

de u

ma

caus

a de

just

ifica

ção

do fa

cto)

. Num

cas

o co

mo

nout

ro,

não

se tr

ata

de q

ualif

icar

um

fact

o, m

as, s

im, d

a er

rada

cre

nça

de s

e es

tar a

ac

tuar

con

form

e à

orde

m ju

rídic

a66.

66

C

fr.,

por t

odos

, FIG

UEI

RED

O D

IAS,

O p

robl

ema.

.., p

artic

ular

men

te 4

37-4

40; I

DEM

, Dire

ito

Pena

l...,

1975

, 20

5-20

9; Z

AFF

AR

ON

I, D

erec

ho P

enal

...,

parti

cula

rmen

te 7

00 s

s.; C

EZA

R

Rob

erto

BIT

ENC

OU

RT,

Err

o de

Tip

o e

Erro

de

Proi

biçã

o -

Um

a an

ális

e co

mpa

rativ

a, 3

.a ed

ição

, Edi

tora

Sar

aiva

, São

Pau

lo, 2

003,

109

ss.;

Joha

nnes

WES

SELS

, Der

echo

Pen

al -

Part

e G

ener

al, E

dici

ones

Dep

alm

a, B

ueno

s Aire

s, 19

80, 1

28 ss

..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

42

4.2.

Fal

ta d

e co

nsci

ênci

a da

ilic

itude

e a

mer

a «i

gnor

ânci

a da

lei»

4.

2.1.

por

aqui

se

vê q

ue f

alta

de

cons

ciên

cia

da i

licitu

de n

ão

corr

espo

nde

a «i

gnor

ânci

a da

lei

», c

omo,

por

vez

es,

aind

a se

diz

e

sobr

eviv

e na

con

sciê

ncia

ger

al. U

ma

tal i

nter

pret

ação

que

faria

regr

essa

r ao

velh

o br

ocar

do «

erro

r jú

ris c

rimin

alis

noc

et»

já e

ra a

fast

ada

ao te

mpo

do

Cód

igo

de 1

886

face

ao

teor

lite

ral d

o ar

t.° 2

9.°,

1.°,

que

dizi

a nã

o ex

imir

de re

spon

sabi

lidad

e cr

imin

al «

a ig

norâ

ncia

da

lei p

enal

», im

pond

o-se

um

a su

a ar

ticul

ação

com

o p

rincí

pio

da c

ulpa

, con

sagr

ado,

ent

ão, n

o ar

t.° 4

4.°,

n.°

7. O

mes

mo,

aliá

s, er

a ad

voga

do p

eran

te o

dis

post

o no

n.°

2 do

mes

mo

artig

o («

ilusã

o so

bre

a cr

imin

alid

ade

do fa

cto»

)67. J

á se

diz

ia s

inge

lam

ente

qu

e um

a co

isa

é a

«con

cret

a» a

usên

cia

de c

onsc

iênc

ia d

a ili

citu

de d

e um

fa

cto,

out

ra a

da

ques

tão

«abs

tract

a» d

o co

nhec

imen

to o

u ig

norâ

ncia

da

lei,

ligad

a hi

stor

icam

ente

com

a q

uest

ão te

orét

ica

dos f

unda

men

tos d

e va

lidad

e do

dire

ito.

4.2.

2. H

isto

ricam

ente

até

se

com

pree

nde

que

não

se te

nha

dado

rele

vânc

ia

ao e

rro

sobr

e a

proi

biçã

o, s

e pe

nsar

mos

em

tem

pos

em q

ue a

lei p

enal

se

limita

va a

pun

ir in

frac

ções

ele

men

tare

s da

s no

rmas

soc

iais

e n

ão h

avia

pr

atic

amen

te m

ovim

enta

ção

das

pess

oas

fora

da

sua

cida

de o

u do

seu

paí

s. «.

.. En

tan

to l

a le

y pe

nal

ha s

uper

ado

el n

úcle

o de

las

nor

mas

soc

iale

s el

emen

tale

s, y

el p

aso

de u

n pa

ís a

otro

se

ha c

onve

rtido

en

algo

cot

idia

no,

la r

egia

que

no

reco

noce

el

erro

r de

pro

hibi

ción

por

que

no l

o co

nsid

era

disc

ulpa

ble,

ha

teni

do q

ue tr

ansf

orm

arse

en

otra

, seg

ún la

cua

l, el

err

or d

e pr

ohib

ició

n no

ben

efic

ia a

i aut

or c

uand

o no

es

disc

ulpa

ble.

..» -

ass

im n

os

diz S

TRAT

ENW

ERTH

68.

67

So

bre

esta

con

cret

a qu

estã

o, c

fr.,

por

todo

s, FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, O

pro

blem

a...,

312

ss.;

ED

UA

RD

O C

OR

REI

A, D

ireito

cri

min

al, I

, 408

-421

; TER

ESA

PIZ

AR

RO

BEL

EZA

, Dire

ito

Pena

l, 2°

Vol

ume,

314

ss..

68

STR

ATE

NW

ERTH

, Der

echo

Pen

al...

, 178

{Str

afre

cht..

., 3.

a edi

ção,

198

1, 1

68).

Page 22: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

43

4.3.

Ava

liaçã

o pa

rale

la n

a es

fera

do

leig

o N

ão

se

exig

e,

para

qu

e se

af

irme

a co

nsci

ênci

a da

ili

citu

de,

um

conh

ecim

ento

pe

rfei

to

ou

tota

l da

pr

oibi

ção,

m

as

é su

ficie

nte

uma

aval

iaçã

o pa

rale

la (

à va

lora

ção

juríd

ica)

na

esfe

ra d

o le

igo,

par

a us

arm

os

pala

vras

de

MEZ

GER

(em

cas

telh

ano:

«un

a ua

luac

ión

para

lela

dei

aut

or

en l

a "e

sfer

a de

i pr

ofan

o"»)

, ist

o é,

rep

etin

do o

aut

or a

lem

ão:

«...

com

o un

a ap

reci

ació

n de

la a

cció

n en

el c

írcul

o de

pen

sam

ient

os d

e la

per

sona

in

divi

dual

y e

n el

am

bien

te d

ei a

utor

, orie

ntad

a en

el m

ism

o se

ntid

o qu

e la

va

lora

ción

leg

al-ju

dici

al d

e la

acc

ión»

69.

O c

onhe

cim

ento

do

«pro

fano

» se

ria a

quel

e qu

e, e

xpre

sso

em li

ngua

gem

col

oqui

al, t

radu

z de

um

a fo

rma

equi

vale

nte

o si

gnifi

cado

cnic

o da

no

rma,

ex

plic

a-no

s A

RTH

UR

K

AU

FMA

NN

70.

4.4.

Não

bas

ta a

con

sciê

ncia

da

dano

sida

de s

ocia

l ou

da c

ontra

rieda

de d

a co

ndut

a à

mor

al

para

se

af

irmar

a

cons

ciên

cia

da

ilici

tude

; m

as,

igua

lmen

te, e

sta

não

exig

e a

cons

ciên

cia

da p

unib

ilida

de d

a co

ndut

a (n

ão

há e

rro

sobr

e a

ilici

tude

, nã

o fa

lta a

con

sciê

ncia

da

ilici

tude

, qu

ando

al

guém

pe

nsa

que

a su

a co

ndut

a é

um

ilíci

to

mer

amen

te

cont

ra-

orde

naci

onal

e n

ão p

enal

)71.

69

Ed

mun

do M

EZG

ER,

Trat

ado

de D

erec

ho P

enal

(tra

duçã

o da

2,a e

diçã

o al

emã,

1933

, po

r Jo

sé A

rturo

Rod

rígue

z M

unoz

), To

mo

II, E

dito

rial R

evist

a de

Der

echo

Priv

ado,

Mad

rid, 1

949,

14

3.

70

Cita

do p

or A

dán

NIE

TO M

ART

ÍN,

El c

onoc

imie

nto

dei

Der

echo

- U

n es

túdi

o so

bre

la

venc

ibili

dad

dei

erro

r de

pro

hibi

ción

, A

telie

r Pe

nal,

Barc

elon

a, 1

999,

71-

72.(«

El

juez

com

o m

edia

dor

entre

am

bas

esfe

ras

es q

uien

deb

e de

cidi

r si

hay

efe

ctiv

amen

te e

quiv

alên

cia

entre

am

bos n

ivel

es, q

ue d

e no

apr

ecia

rse

sign

ifica

ria la

exi

stên

cia

de e

rror

»).

71

Cfr.

ROX

IN,

Der

echo

Pen

al..,

§ 21

, 86

6-86

7 (S

trafre

cht..

., 3-

a edi

ção,

798

ss.)

; FI

GU

EIRE

DO

D

IAS,

O p

robl

ema.

.., 3

16-3

17, n

uma

apre

ciaç

ão a

o di

spos

to n

o ar

t.° 2

9.°,

2.°,

do C

ódig

o de

18

86, q

ue d

izia

que

não

exi

me

de r

espo

nsab

ilida

de c

rimin

al «

a ilu

são

sobr

e a

crim

inal

idad

e do

fa

cto»

. E

lem

bra

o au

tor

de C

oim

bra

que,

dep

ois

da p

olém

ica

cont

ra F

EUER

BA

CH

, «l

ogo

deci

dida

na

prim

eira

met

ade

do s

écul

o pa

ssad

o...»

, a id

eia

de q

ue o

con

heci

men

to d

o ca

ráct

er

puní

vel d

a ac

ção

é de

todo

irre

leva

nte

para

a c

ulpa

con

stitu

i «...

um

a da

s m

ais

firm

es e

men

os

disc

utid

as a

quis

içõe

s do

pens

amen

to ju

ndic

o-pe

nal»

(317

).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

44

4.5.

En

fim,

não

se

exig

e o

conh

ecim

ento

ef

ectiv

o,

bast

ando

o

conh

ecim

ento

pot

enci

al d

a ili

citu

de d

o fa

cto,

ist

o é,

que

ao

agen

te s

eja

poss

ível

, na

s ci

rcun

stân

cias

em

que

se

enco

ntra

e a

ctua

, co

nhec

er o

de

sval

or ju

rídic

o do

fact

o qu

e pr

atic

ou72

. 4.

6. C

ensu

rabi

lidad

e ou

não

do

erro

: cri

téri

os

4.6.

1. D

e ac

ordo

com

o C

ódig

o Pe

nal d

e C

abo

Ver

de, s

ó ex

clui

a c

ulpa

(e,

cons

eque

ntem

ente

, a p

unib

ilida

de, p

ois

não

há p

ena

sem

cul

pa) o

err

o qu

e nã

o se

ja c

ensu

ráve

l (n

.° 1

do a

rt.°

16.°)

; se

ndo

cens

uráv

el, m

anté

m-s

e a

puni

ção

sem

alte

rar

a na

ture

za d

o cr

ime

(dol

oso

ou n

eglig

ente

) m

as a

sa

nção

pod

erá

ser

livre

men

te a

tenu

ada

(n.°

2).

Dig

a-se

des

de j

á qu

e o

Cód

igo

não

opto

u pe

la f

órm

ula

ou c

ritér

io -

par

a se

exc

luir

ou n

ão s

e ex

clui

r a c

ulpa

- de

«in

evita

bilid

ade»

ou

«evi

tabi

lidad

e» d

o er

ro o

u, a

inda

, o

crité

rio

afer

ido

por

«inv

enci

bilid

ade»

ou

«v

enci

bilid

ade»

, cr

itério

s co

rren

tes

na A

lem

anha

, em

Esp

anha

, na

Arg

entin

a e

no B

rasi

l, se

ja n

a do

utrin

a, se

ja n

a ju

rispr

udên

cia

73.

4.6.

2. O

err

o nã

o se

rá c

ensu

ráve

l qu

ando

o a

gent

e, e

stan

do e

m f

alta

de

sint

onia

co

m

as

conc

epçõ

es

do

legi

slad

or

rela

tivam

ente

ao

s va

lore

s ju

rídic

o-pe

nalm

ente

pro

tegi

dos,

dem

onst

ra, n

o en

tant

o, u

ma

atitu

de g

eral

de

cor

resp

ondê

ncia

com

as

exig

ênci

as d

a or

dem

juríd

ica,

atit

ude

reve

lada

, ta

mbé

m m

anife

stad

a no

fact

o ilí

cito

pra

ticad

o. In

disp

ensá

vel s

erá,

poi

s, no

72

Cf

r. ST

RATE

NW

ERTH

, Der

echo

Pen

al..,

177

ss..

( Stra

frech

t...,

168

ss..)

. 73

O

Cód

igo

Pena

l do

Bra

sil,

no s

eu a

rt.°

21.°,

esta

tui

que

«o e

rro s

obre

a i

licitu

de d

o fa

to,

se

inev

itáve

l, is

enta

de

pena

, se

evitá

vel,

pode

rá d

imin

uí-la

de

um s

exto

a u

m te

rço»

. E a

pont

a o

crité

rio d

e de

term

inaç

ão d

a ev

itabi

lidad

e ou

não

do

erro

: «C

onsi

dera

-se

evitá

vel

o er

ro s

e o

agen

te a

tua

ou s

e om

ite s

em a

con

sciê

ncia

da

ilici

tude

do

fato

, qua

ndo

lhe

era

poss

ível

, nas

ci

rcun

stânc

ias,

ter

ou a

tingi

r es

sa c

onsc

iênc

ia»

(par

ágra

fo ú

nico

). Cf

r. D

AM

ÁSI

O E

. DE

JESU

S,

Códi

go P

enal

.., 7

5 ss

.; CE

ZAR

BITE

NCO

URT

, Man

ual..

., 37

1 ss

., au

tor q

ue s

e re

fere

ao

fact

o de

qu

e o

legi

slado

r br

asile

iro te

rá p

onde

rado

o «

novo

ele

men

to f

unda

men

tal d

o no

vo c

once

ito d

e co

nsci

ênci

a da

ilic

itude

, int

rodu

zido

por

Wel

zel,

- o

deve

r de

inf

orm

ar-s

e...»

(37

6) (

o au

tor

man

tém

a m

esm

a po

siçã

o em

Tra

tado

de

Dire

ito P

enal

- P

arte

Ger

al, V

olum

e 1,

8.a e

diçã

o,

Edito

ra S

arai

va, S

ão P

aulo

, 200

3, 3

33);

FERN

AN

DO

GA

LVÃ

O, D

ireito

Pen

al -

Par

te G

eral

, Ed

itora

Impe

tus,

Rio

de

Jane

iro, 2

004,

394

ss..

Page 23: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

45

dize

r de

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

que

a «

... a

sol

ução

dad

a pe

lo a

gent

e à

ques

tão

sobr

e o

lícito

e o

ilíc

ito s

e ad

eque

ain

da a

um

pon

to d

e vi

sta

de

valo

r ju

ridi

cam

ente

ace

itáve

l e

que

uma

tal

adeq

uaçã

o se

man

ifest

e no

fa

cto»

74.

4.6.

3. E

ste

é um

crit

ério

que

, cre

mos

, não

é d

e to

do in

com

patív

el c

om o

re

curs

o a

«...

crité

rios

base

ados

na

com

pree

nsão

do

mod

o de

inte

rioriz

ação

de

va

lore

s...

impo

sto

por

uma

teor

ia

de

just

iça,

qu

e fu

ndam

ente

a

resp

onsa

bilid

ade

indi

vidu

al n

um d

omín

io...

dos

mei

os d

e aq

uisi

ção

dos

valo

res

do s

iste

ma»

, com

o re

fere

MA

RIA

FER

NA

ND

A P

ALM

A75

, num

a pe

rspe

ctiv

a cr

ítica

aos

crit

ério

s sus

tent

ados

por

FIG

UEI

RED

O D

IAS.

4.

6.4.

É c

erto

que

não

nos

par

ece

deci

siva

a o

pção

ent

re a

s di

fere

ntes

qu

alifi

caçõ

es; n

o en

tant

o, s

empr

e se

dirá

que

con

side

rar

irrel

evan

te (

para

ef

eito

de

excl

usão

da

culp

a) o

err

o nã

o ce

nsur

ável

, em

vez

de

«err

o in

venc

ível

» ou

«in

evitá

vel»

sur

ge-n

os c

omo

mai

s af

im à

noç

ão d

e cu

lpa

- de

que

é q

ue s

e tra

ta,

afin

al -

, tra

duzi

da p

reci

sam

ente

por

um

a ce

nsur

a

74

Cf

r. Te

mas

Bás

icos

..., 3

06.

75

«A T

eoria

do

crim

e co

mo

teor

ia d

a de

cisã

o pe

nal»

, in

RPC

C 9

(19

99),

574

ss..

Sem

pr

eten

der

abor

dar,

nest

es C

ader

nos,

uma

ques

tão

tão

com

plex

a co

mo

esta

, sem

pre

se d

irá, n

o en

tant

o, q

ue o

exe

mpl

o po

sto

pela

aut

ora

(«...

é d

e du

vido

sa le

gitim

idad

e, n

a pe

rspe

ctiv

a de

cr

itério

s de

jus

tiça,

a a

tribu

ição

de

resp

onsa

bilid

ade

pena

l ao

s im

igra

ntes

que

ain

da n

ão

inte

rioriz

arem

os

valo

res

do s

iste

ma

estra

ngei

ro e

par

a os

qua

is a

per

tenç

a à

com

unid

ade

de

orig

em é

ain

da u

m f

acto

r de

ide

ntifi

caçã

o e

sobr

eviv

ênci

a cu

ltura

l»)

- re

fere

-se

à pr

átic

a de

ex

cisã

o so

bre

jove

ns, e

m F

ranç

a, r

ealiz

ada

por

imig

rant

es a

fric

anos

por

mot

ivos

rel

igio

sos

- nã

o se

col

oca

(ao

men

os n

eces

saria

men

te)

no d

omín

io d

a fa

lta d

a co

nsci

ênci

a da

ilic

itude

. Tr

ata-

se, h

abitu

alm

ente

, de

situ

açõe

s em

que

o a

gent

e, c

onhe

cend

o, e

mbo

ra, o

des

valo

r ju

rídi

co d

o se

u co

mpo

rtam

ento

não

se

orie

nta

pelo

s va

lore

s su

bjac

ente

s a

certa

s no

rmas

, por

raz

ões

de o

rdem

cul

tura

l, re

ligio

sa o

u ou

tra. É

cer

to q

ue a

sol

ução

do

prob

lem

a re

leva

rá, n

a m

aior

ia

dos

caso

s (o

utro

s há

em

que

o e

rro

se t

radu

z em

crim

es i

mag

inár

ios)

, do

dom

ínio

da

culp

a (c

apac

idad

e de

det

erm

inaç

ão p

ela

norm

a, a

par

tir d

o co

nhec

imen

to d

o ilí

cito

), m

as n

ão d

o er

ro d

e pr

oibi

ção,

com

o o

reco

rtám

os.

Even

tual

men

te,

no q

ue,

por

exem

plo,

ZA

FFA

RO

NI

cham

a «e

rro

dire

cto

de c

ompr

eens

ão»

ou u

ma

sua

mod

alid

ade:

«er

ro d

e co

mpr

eens

ão c

ultu

- ra

lmen

te c

ondi

cion

ado»

, ta

mbé

m i

nvoc

ado

por

AU

GU

STO

SIL

VA

DIA

S, n

um i

nter

essa

nte

traba

lho

feito

sob

re a

o ch

amad

o «i

nfan

ticíd

io ri

tual

na

Gui

né-B

issau

». C

fr. Z

AFF

ARO

NI,

Der

echo

Pe

nal..

., 70

4-70

6; A

UG

UST

O S

ILV

A D

IAS,

«Pr

oble

mas

do

Dire

ito P

enal

num

a so

cied

ade

mul

ticul

tura

l: o

cham

ado

infa

ntic

ídio

ritu

al n

a G

uiné

-Bis

sau»

, in

RPC

C 6

(199

6), 2

09 ss

..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

46

pess

oal

feita

ao

agen

te p

or s

e te

r de

cidi

do p

elo

ilíci

to, q

uand

o po

deria

e

deve

ria n

ão f

azê-

lo.

Não

é p

or a

caso

que

, m

esm

o na

Ale

man

ha,

surja

m

voze

s a

pret

ende

r co

rrig

ir o

sent

ido

que

deco

rre

da

noçã

o de

«i

nevi

tabi

lidad

e» o

u «i

nven

cibi

lidad

e». R

OX

IN, p

or e

xem

plo,

diz

que

não

se

dev

e en

tend

er a

uen

cibi

lidad

de

que

fala

o §

17

da le

i ale

(kon

nte

der

Táte

r... u

erm

eide

rí)

com

o se

ape

nas

a im

poss

ibili

dade

abs

olut

a de

ace

der

ao c

onhe

cim

ento

do

ilíci

to p

udes

se e

xclu

ir a

puni

bilid

ade.

«En

tal c

aso

no

podr

ían

dars

e ap

enas

err

ores

de

proh

ibic

ión

inve

ncib

les,

pues

, dad

o qu

e la

co

gnos

cibi

lidad

obj

etiv

a de

una

pro

hibi

ción

o m

anda

to j

uríd

icos

est

á as

egur

ada

por

el p

rinci

pio

de d

eter

min

ació

n...,

teo

ricam

ente

se

pued

e ve

ncer

cua

lqui

er e

rror

de

proh

ibic

ión

incl

uso

cuan

do f

alta

n to

dos

los

méd

ios

prop

ios

de c

onoc

imie

nto,

inf

orm

ándo

se h

asta

que

sal

gan

a la

luz

la

s ra

zone

s qu

e se

opo

nen

a la

con

form

idad

a d

erec

ho d

e un

a co

nduc

ta»76

. E

acab

a R

OX

IN p

or fa

zer u

ma

apro

xim

ação

à id

eia

aqui

sufr

agad

a, q

uand

o re

fere

que

«...

Así

tam

bién

en

el e

rror

de

proh

ibic

ión

se h

abrá

de

dar

ya

paso

a la

impu

nida

d cu

ando

el s

ujet

o ha

ya s

atis

fech

o la

s pr

eten

sion

es d

e fid

elid

ad n

orm

al a

i der

echo

...»77

. Mas

tam

bém

Mig

uel D

ÍAZ

Y G

AR

CIA

C

ON

LLED

O

vai

num

se

ntid

o id

êntic

o,

prop

ugna

ndo

«una

m

ayor

ge

nero

sida

de n

la a

prec

iaci

ón d

e la

inve

ncib

ilida

d»78

4.6.

5. F

alta

de

cons

ciên

cia

da il

icitu

de e

cri

mes

neg

ligen

tes

Out

ross

im, e

star

emos

de

acor

do c

om F

IGU

EIR

EDO

DIA

S, q

uand

o su

gere

qu

e a

opçã

o po

r co

nsid

erar

crit

ério

rel

evan

te a

cen

sura

bilid

ade

ou n

ão

cens

urab

ilida

de d

o er

ro a

pont

a pa

ra u

ma

dist

inçã

o qu

e de

ve s

er fe

ita e

ntre

o

crité

rio «

da c

ensu

rabi

lidad

e da

fal

ta d

e co

nsci

ênci

a do

ilíc

ito e

a

capa

cida

de d

e pr

evis

ão q

ue f

unda

a c

ensu

ra d

a ne

glig

ênci

a». D

e ac

ordo

, em

cer

ta m

edid

a (p

arec

e-no

s qu

e a

prev

isib

ilida

de a

que

o a

utor

se

refe

re

aind

a é

a pr

evis

ibili

dade

que

dev

e co

nsta

r dos

ele

men

tos

do ti

po d

e cr

ime

76

So

bre

os c

ritér

ios

da e

uita

bilid

ad d

o er

ro d

e pr

oibi

ção,

cfr.

NIE

TO M

ART

ÍN,

ob.

cit.,

159

ss

.; ST

RA

TEN

WER

TH, D

erec

ho P

enal

.., 1

85 (S

traf

rech

t...,

174)

. 77

D

erec

ho P

enal

..., §

21, 8

79.

78

«Alg

unas

cue

stion

es...

», lo

c. c

it., 8

1 ss

.

Page 24: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

47

negl

igen

te79

), di

zem

os,

já q

ue n

os p

arec

e pe

rfei

tam

ente

pos

síve

l, vi

ável

, qu

e, n

o do

mín

io d

a ne

glig

ênci

a (d

o ilí

cito

neg

ligen

te) s

e po

nha

igua

lmen

te

o pr

oble

ma

da f

alta

de

cons

ciên

cia

da il

icitu

de, o

pro

blem

a de

ver

dade

iro

erro

sob

re a

ilic

itude

(po

de p

erfe

itam

ente

pen

sar-

se u

ma

cond

uta

que

se

tradu

za p

or u

ma

viol

ação

de

um d

ever

obj

ectiv

o de

cui

dado

, mas

que

se

mos

tre,

afin

al,

não

cens

uráv

el,

em s

ede

de c

ulpa

, po

r er

ro s

obre

a

ilici

tude

80),

o qu

al d

ever

á te

r so

luçã

o id

êntic

a ao

do

erro

sob

re a

ilic

itude

no

crim

e do

loso

81.

Pode

ser

que

, co

mo,

por

exe

mpl

o, r

ealç

a TE

RES

A

79

A

inda

que

sej

a ce

rto q

ue,

nos

crim

es n

eglig

ente

s, «

erro

de

proi

biçã

o e

a fa

lta d

e pr

evi-

são

venh

am g

eral

men

te u

nido

s...»

- c

omo

acen

tua

JESC

HEC

K -

, po

de e

dev

e di

stin

guir-

se

uma

tal p

revi

sibi

lidad

e da

cen

sura

ou

não

do a

gent

e pe

la n

ão p

revi

sibi

lidad

e do

res

ulta

do (

se

for

caso

dis

so, n

atur

alm

ente

). É

que,

e to

man

do e

mpr

esta

das

aind

a pa

lavr

as d

e JE

SCH

ECK

, no

crim

e ne

glig

ente

, a

culp

a «s

igni

fica.

.. fu

ndam

enta

lmen

te c

omo

en l

os d

elito

s do

loso

s, la

re

proc

habi

lidad

de

la a

cció

n típ

ica

y an

tijur

ídic

o en

ate

nció

n a

la a

ctitu

d in

tern

a ju

ridic

amen

te

desa

prov

ada

que

dich

a ac

ción

exp

resa

» - T

rata

do...

, 2°

Vol

ume,

817

(Leh

rbuc

h...,

535

). 80

Le

mbr

amo-

nos

de u

m p

roce

sso

em q

ue

fom

os d

efen

sor

de u

ma

argu

ida,

acu

sada

de

cond

uzir

com

car

ta d

inam

arqu

esa

em P

ortu

gal,

sem

que

tive

sse

proc

edid

o, c

omo

era

devi

do,

à su

a su

bstit

uiçã

o, a

par

tir d

e ce

rto te

mpo

de

esta

da e

m P

ortu

gal.

No

julg

amen

to, a

puro

u-se

não

ha

ver

dolo

, mas

foi

invo

cada

a p

unib

ilida

de p

or n

eglig

ênci

a (n

as c

ontra

venç

ões,

a ne

glig

ênci

a er

a se

mpr

e pu

nida

), po

r te

r ha

vido

vio

laçã

o do

dev

er d

e cu

idad

o ex

igív

el (

deve

ria t

er-s

e in

form

ado

da n

eces

sida

de d

e tro

car

de c

arta

de

cond

ução

). N

o en

tant

o, e

nten

dem

os -

e i

sso

argu

men

tám

os n

o ju

lgam

ento

- h

aver

um

err

o so

bre

a ili

citu

de q

ue e

ra n

ão c

ensu

ráve

l, no

mea

dam

ente

pel

o fa

cto

de a

arg

uida

, dur

ante

mui

tos

anos

res

iden

te n

a D

inam

arca

, ape

sar

de p

ortu

gues

a, t

er s

ido

ante

s, e

por

algu

mas

vez

es, i

nter

pela

da e

m o

pera

ções

sto

p, s

em q

ue

qual

quer

rep

aro

tives

se s

ido

feito

pel

a po

lícia

ao

fact

o de

con

duzi

r co

m c

arta

din

amar

ques

a.

Dir-

se-ia

, poi

s, qu

e, n

aque

las

circ

unstâ

ncia

s, es

taria

«bl

oque

ada»

a s

ua c

apac

idad

e de

mot

iva-

çã

o pe

la n

orm

a, es

tava

impo

ssib

ilita

da d

e ac

eder

ao

conh

ecim

ento

do

ilíci

to. S

er-lh

e-ia

inex

igív

el

outro

com

porta

men

to.

81

Clar

amen

te ne

ste s

entid

o, J

UA

REZ

TAV

ARE

S, D

ireito

Pen

al d

a Ne

glig

ênci

a -

Um

a co

ntri-

bu

ição

à T

eoria

do

Crim

e C

ulpo

so, L

úmen

Júr

is Ed

itora

, Rio

de

Jane

iro, 2

003,

par

ticul

arm

ente

40

2 ss

., au

tor q

ue c

onsi

dera

que

«o

trata

men

to d

o er

ro d

e pr

oibi

ção

dire

to (a

rt. 2

1) s

egue

aqu

i as

mes

mas

regr

as a

tinen

tes

ao c

rime

dolo

so: s

e in

evitá

vel,

segu

ndo

juíz

o in

cide

nte

sobr

e o

auto

r e

não

conf

orm

e o

crité

rio o

bjet

ivo

do h

omo

med

ius,

esta

rá e

xclu

ída

a cu

lpab

ilida

de; s

e ev

itáve

l, cu

mpr

e in

vest

igar

se

esta

evi

tabi

lidad

e er

a at

endí

vel f

acilm

ente

ou

com

cer

ta d

ificu

ldad

e pe

lo

auto

r...»

(40

5). C

fe, a

inda

, fac

e ao

dire

ito e

span

hol,

e no

sen

tido

por

nós

defe

ndid

o no

tex

to,

MU

NO

Z CO

ND

E/G

ARC

ÍA A

RÁN

, ob.

cit.

, 406

(«...

el e

rror d

e pr

ohib

ició

n ta

nto

si es

dire

cto.

..,

com

o si

es in

dire

cto.

.., n

o in

cide

en

la c

onfig

urac

ión

típic

a, d

olos

a o

impr

uden

te, d

ei d

elito

, sin

o en

la

culp

abili

dad

dei

auto

r de

i co

ncre

to t

ipo

delic

tivo

que

haya

rea

lizad

o»),

auto

res

que

cons

ider

am q

ue, a

o co

nced

er r

elev

ânci

a ao

erro

de

proi

biçã

o, o

mod

erno

Esta

do s

ocia

l dem

o-

crát

ico

de D

ireito

, dife

rent

emen

te d

o ve

lho

Esta

do a

utor

itário

, «se

mue

stra

disp

uesto

a n

egoc

iar

com

el c

iuda

dano

los

âmbi

tos

de re

levâ

ncia

de

sus

prej

uici

os y

has

ta s

u pr

ópria

con

cepc

ión

dei

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

48

BEL

EZA

, «.

.. ev

entu

alm

ente

hav

erá

caso

s de

err

os i

nevi

táve

is s

obre

pr

oibi

ções

, em

bora

os

exem

plos

não

sej

am f

ácei

s de

enc

ontra

r...»

, m

as

sem

pre

será

pos

síve

l, co

mo

se p

ode

ver

no c

aso

que

dam

os n

a no

ta d

e ro

dapé

(121

), ou

, até

, por

um

exe

mpl

o da

do p

ela

próp

ria a

utor

a ci

tada

82.

4.6.

6. E

ntão

, a «

com

para

ção»

feita

pel

o au

tor d

e C

oim

bra

pare

-çe

situ

ar-s

e a.

.. ní

veis

, a m

omen

tos

dife

rent

es, d

e va

lora

ção

do fa

cto.

Num

cas

o (c

rime

dolo

so),

no m

omen

to d

a cu

lpa,

nou

tro c

aso

(crim

e ne

glig

ente

)... a

inda

no

mom

ento

da

ilici

tude

. E a

pena

s ne

ssa

med

ida,

est

aría

mos

de

acor

do c

om o

Pr

ofes

sor

de C

oim

bra,

qua

ndo

nos

diz

aind

a qu

e «.

.. de

ste

mod

o, s

e al

canç

a um

crit

ério

de

não

cens

urab

ilida

de d

a fa

lta d

e co

nsci

ênci

a do

ilíc

ito

mai

s es

trito

e e

xige

nte

do q

ue o

da

cens

ura

da n

eglig

ênci

a...»

. O q

ue n

ão

quer

sig

nific

ar, d

iga-

se, q

ue n

ão s

ufra

guem

os a

sua

pos

ição

, qua

ndo,

por

ex

empl

o, c

ritic

a a

posi

ção

do b

rasi

leiro

CEZ

AR

BIT

ENC

OU

RT,

par

a qu

em «

... a

cul

pa s

e af

irma

porq

ue -

os

agen

tes

- des

cum

prira

m u

m d

ever

pr

évio

de

info

rmar

-se»

83.

Posi

ção

que,

aliá

s, su

rge

em P

ortu

gal,

por

exem

plo,

na

voz

de T

ERES

A S

ERR

A84

. En

fim,

aind

a qu

e nã

o es

teja

mui

to c

laro

o p

ress

upos

to d

a co

nclu

são

de

RO

XIN

- qu

ando

tam

bém

com

para

as

exig

ênci

as fe

itas

para

se

cons

ider

ar

«ven

cíve

l» u

m e

rro

sobr

e a

proi

biçã

o e

as f

eita

s pa

ra a

«ex

clus

ão d

a

D

erec

ho, s

iem

pre

que

ello

no

supo

nga

tene

r qu

e m

odifi

car

en n

ada

la v

igên

cia

obje

tiva

de la

s no

rmas

jur

ídic

as»

(407

); SR

ATE

NW

ERTH

, D

erec

ho P

enal

...,

parti

cula

rmen

te 3

31 (

«...

el

desc

onoc

imie

nto

inev

itabl

e de

la p

rohi

bici

ón ta

nbié

n aq

ui e

xclu

ye la

cul

pabi

lidad

... E

l § 1

7 en

si

mis

mo

acun

ado

en r

efer

enci

a a

la c

ondu

cta

dolo

sa,

tam

bién

se

aplic

a aq

ui...

» (3

32);

o m

esm

o se

ntid

o é

expr

esso

em

Stra

frech

t - A

llgem

eine

r Te

il I,

Car

i Hey

man

ns V

erla

g K

G, 3

.a

ediç

ão, 1

981,

301

]. 82

A

au

tora

de

ixa

esta

pe

rgun

ta:

«Se

um

indi

vídu

o re

side

nte

no

estra

ngei

ro

cheg

asse

a

Portu

gal e

m J

anei

ro d

e 19

81 e

con

duzi

sse

um a

utom

óvel

que

não

tive

sse

pala

s pr

otec

tora

s na

s ro

das

trase

iras

(com

o é

obrig

atór

io p

or le

i des

de 1

.1.8

1) e

, exc

lusiv

amen

te p

or e

sse

fact

o, c

ausa

s-

se u

m a

cide

nte

mor

tal..

. po

der-

se-ia

diz

er q

ue...

hav

eria

aqu

i um

fac

to t

ípic

o de

hom

icíd

io

negl

igen

te c

omet

ido

com

fal

ta d

e co

nsci

ênci

a da

ilic

itude

(er

ro-d

esco

nhec

imen

to d

e um

co-

m

ando

) po

ssiv

elm

ente

des

culp

ável

, dad

a a

situ

ação

?» -

Dire

ito P

enal

, 2°

Vol

ume,

525

, not

a 51

4.

83

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Tem

as b

ásic

os...

, not

a 50,

305

. 84

O

b. c

it.,

70 (

«...

Pens

o qu

e o

crité

rio d

ecisi

vo n

esta

mat

éria

dev

e se

r o

mes

mo

que

se u

tiliza

no

fact

o ne

glig

ente

par

a ap

urar

o d

ever

de

exam

e do

age

nte»

).

Page 25: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

49

negl

igên

cia»

-,

esta

ríam

os p

róxi

mos

de

uma

posi

ção

de r

eser

va o

u de

ca

utel

a re

lativ

amen

te a

ess

e tip

o de

com

para

ção

de e

xigê

ncia

s a

sere

m

feita

s pa

ra u

m c

aso

e ou

tro. O

con

sagr

ado

auto

r ale

mão

esc

lare

ce q

ue, p

or

exem

plo,

«...

cua

ndo,

com

o su

cede

en

muc

hos p

rece

ptos

dei

Der

echo

pen

al

nucl

ear,

la c

onci

enci

a de

la a

ntiju

ridic

idad

se

impo

ne d

irect

amen

te c

on e

l co

noci

mie

nto

de la

s ci

rcun

stan

cias

dei

hec

ho, n

o so

n pr

ecis

os p

arâm

etro

s m

ás

estri

ctos

(y

de

sde

lueg

o en

ab

solu

to

más

es

trict

os

que

en

la

impr

udên

cia)

par

a qu

e un

err

or d

e pr

ohib

ició

n pu

eda

apar

ecer

com

o ve

ncib

le».

E

acre

scen

ta:

«...

Tam

bién

lo

s m

édio

s pa

ra

evita

r la

im

prud

ênci

a de

hec

ho s

on l

a m

ayor

ía d

e la

s ve

ces

dist

into

s de

los

que

si

rven

par

a ac

cede

r ai

con

ocim

ient

o de

la p

rohi

bici

ón, d

e m

odo

que

tiene

po

ço s

entid

o cl

asifi

car

los

esfu

erzo

s re

quer

idos

res

pect

ivam

ente

en

cada

ca

so c

omo

may

ores

o m

enor

es»85

. 4.

6.7.

O n

.° 2

do a

rt.°

16.°

do C

E d

e C

abo

Ver

de: o

efe

ito d

o er

ro so

bre

a ili

citu

de c

ensu

ráve

l N

ão d

eixa

de

ser,

pois

, sig

nific

ativ

o qu

e o

Cód

igo

Pena

l de

Cab

o V

erde

, di

fere

ntem

ente

do

Cód

igo

portu

guês

(e,

em

boa

med

ida,

na

este

ira d

o C

ódig

o al

emão

ou

do e

span

hol)

cons

ider

e qu

e, e

m c

aso

de e

rro

sobr

e a

ilici

tude

cen

surá

vel,

«a s

ançã

o po

derá

ser

livr

emen

te a

tenu

ada»

(n.

° 2

do

art.°

16.

°), e

não

dig

a, c

omo

o fa

z o

n.° 2

do

art.°

17.

da

lei p

ortu

gues

a, q

ue

«Se

o er

ro lh

e fo

r ce

nsur

ável

, o a

gent

e é

puni

do c

om a

pen

a ap

licáv

el a

o cr

ime

dolo

so re

spec

tivo,

a q

ual p

ode

ser e

spec

ialm

ente

ate

nuad

a».

Leitu

ra p

artic

ular

men

te re

com

enda

da p

ara

a m

atér

ia e

xpos

ta e

m 4

. FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, O

pro

blem

a...,

pas

sim

- FI

GU

EIR

EDO

DIA

S, T

emas

Bás

icos

..., 2

81-3

08;

EDU

AR

DO

CO

RR

EIA

, Dire

ito C

rimin

al...

, 1,4

08-4

21;

TER

ESA

PIZ

AR

RO

BEL

EZA

, Dir

eito

Pen

al...

, 2.°

Vol

ume,

308

-316

; ST

RA

TEN

WER

T, D

erec

ho P

enal

..., 1

77-1

88;

RO

XIN

, Der

echo

Pen

al...

, § 2

1,85

9-89

4;

85

D

erec

ho P

enal

..., §

21,

881

-882

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

50

JESC

HEC

K, T

rata

do...

, 1.°

Vol

ume,

620

-645

. 5.

Act

os p

repa

rató

rios

(art

.°s 1

9.°

e 20

.°) -

as c

ham

adas

incr

imin

açõe

s au

tóno

mas

de

acto

s pre

para

tóri

os

5.1.

O C

ódig

o Pe

nal m

ante

ve (a

rt.°

19.°)

, qua

se ip

sis

uerb

is, a

def

iniç

ão d

e ac

tos p

repa

rató

rios q

ue v

inha

do

antig

o C

ódig

o (a

rt.° 1

4.°)

: «ac

tos e

xter

nos

cond

ucen

tes

a fa

cilit

ar o

u pr

epar

ar a

exe

cuçã

o do

fac

to p

unív

el, q

ue n

ão

cons

titue

m a

inda

com

eço

de e

xecu

ção

nos t

erm

os d

o ar

tigo

21.°»

. 5.

2. E

xcep

cion

alid

ade

da p

uniç

ão (a

rt.°

20.°,

n.°

1)

O a

rtigo

seg

uint

e (2

0.°)

ref

ere-

se à

pun

ibili

dade

dos

act

os p

repa

rató

rios,

esta

bele

cend

o a

regr

a da

ex

cepc

iona

lidad

e da

pu

niçã

o («

...

salv

o di

spos

ição

da

lei e

m c

ontrá

rio»

- n.°

1), e

nqua

nto

exig

ênci

a do

prin

cípi

o da

in

terv

ençã

o m

ínim

a do

Est

ado.

Num

est

ádio

tão

afa

stad

o do

da

efec

tiva

lesã

o do

bem

juríd

ico

- en

tre a

mer

a de

cisã

o ou

res

oluç

ão c

rimin

osa

e os

ac

tos

de e

xecu

ção

que,

com

out

ros

elem

ento

s, ca

ract

eriz

am a

tent

ativ

a - s

ó se

jus

tific

a a

puni

ção

de a

ctos

pre

para

tório

s qu

ando

, po

r um

lad

o, e

les

apon

tem

ine

quiv

ocam

ente

par

a a

real

izaç

ão d

o cr

ime

e, p

or o

utro

lad

o,

trata

ndo-

se d

e si

tuaç

ões

em q

ue a

par

ticul

ar e

ssen

cial

idad

e ou

esp

ecia

l m

odel

ação

do

bem

juríd

ico

exig

em u

ma

tal i

nter

venç

ão d

o di

reito

pen

al86

. Se

gund

o JA

KO

BS,

e

num

im

porta

nte

text

o (c

om

tradu

ção

para

o

cast

elha

no) s

obre

a c

rimin

aliz

ação

nos

est

ádio

s pr

évio

s à

lesã

o de

um

bem

ju

rídic

o,

«...

una

pena

so

lo

pued

e se

r le

gitim

ada

com

o pe

na

corr

espo

ndie

nte

a un

act

o pr

epar

atór

io ..

. en

los c

asos

en

los q

ue e

l aut

or, a

i ef

ectu

ar l

a pr

epar

ació

n op

era,

ya

de u

n m

odo

sign

ifica

tivo

en u

n âm

bito

86

A

ssim

, JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Cr

imes

de

em

pree

ndim

ento

:..,

79;

FIG

UEI

RED

O

DIA

S, D

ireito

Pen

al -

Form

as e

spec

iais

de a

pare

cim

ento

da

infra

cção

pen

al, S

umár

ios

e no

tas d

as

Liçõ

es a

o i.°

ano

do

Cur

so C

ompl

emen

tar

de C

iênc

ias

Juríd

icas

da

Facu

ldad

e de

Dire

ito d

a U

nive

rsid

ade

de C

oim

bra,

1976

, 10;

FA

RIA

CO

STA

, «Fo

rmas

do

crim

e», i

n Jo

rnad

as d

e D

ireito

Cr

imin

al...

, 159

; JA

KO

BS,

Stra

frech

t...,

585

(«...

e q

ue n

ão se

jam

soci

alm

ente

irre

leva

ntes

.,.»)

Page 26: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

51

ajen

o de

org

aniz

ació

n...»

87. É

que

, na

gran

de m

aior

ia d

os c

asos

, os a

ctos

de

prep

araç

ão d

e cr

imes

são

cond

utas

que

est

ão d

e ac

ordo

com

a o

rdem

soci

al

ou re

pres

enta

m u

m «

... in

sufic

ient

e co

nten

ido

delic

tivo»

e a

pres

enta

m u

ma

miti

gada

«in

tele

gibi

lidad

e re

al».

WEL

ZEL

diz

(trad

ução

em

cas

telh

ano)

, si

ngel

amen

te, q

ue q

uem

, par

a fa

lsifi

car u

ma

letra

de

câm

bio,

com

pra

letra

s de

câm

bio

e a

tinta

e a

plu

ma

apro

pria

das

«cie

rtam

ente

tran

sfor

ma

ya s

u de

cisi

ón e

n un

hac

er e

xter

no,

pêro

est

e ha

cer

es t

odav

ia i

ncol

oro»

88;

MA

UR

AC

H

acen

tua

e ac

resc

enta

o

fact

o de

qu

e o

dire

ito

conf

ia

fund

adam

ente

na

tom

ada

de c

onsc

iênc

ia e

no

volta

r at

rás

(«...

ent

re "

los

lábi

os y

el b

orde

dei

vas

o" e

xist

en a

ún a

lgun

as d

ificu

ltade

s e

inhi

bici

ones

, de

mod

o qu

e nu

mer

osas

acc

ione

s pr

epar

atór

ias

Uev

adas

ser

iam

ente

a c

abo

no d

esem

boca

n, se

a po

r una

mej

or c

ompr

ensi

ón p

oste

rior,

o po

r obs

tácu

los

exte

rnos

, siq

uier

a en

una

tent

ativ

a...»

)89.

5.3.

E

num

eraç

ão

de

caso

s de

pu

niçã

o (e

xcep

cion

al)

de

acto

s pr

epar

atór

ios:

art

.°s 3

73.°

e 37

4-°

Num

a té

cnic

a po

uco

habi

tual

nou

tros

códi

gos,

mas

que

nos

par

eceu

seg

ura

e pr

átic

a -

tam

bém

util

izad

a a

prop

ósito

de

outra

s m

atér

ias

(ele

nco

de

crim

es s

emi-p

úblic

os e

par

ticul

ares

; ca

sos

de p

uniç

ão e

xcep

cion

al d

a te

ntat

iva)

- o

CP.

de

2004

enu

mer

a, e

m d

ois

artig

os (

373-

° e

374.

°) d

as

Dis

posi

ções

Fin

ais

e G

enér

icas

, os

acto

s pr

epar

atór

ios

exce

pcio

nalm

ente

pu

níve

is. E

fá-

lo e

m d

ois

artig

os, d

istin

guin

do e

ntre

«ac

tos

prep

arat

ório

s nã

o tip

ifica

dos»

e «

acto

s pre

para

tório

s de

fals

ifica

ção

tipifi

cado

s», f

azen

do

uso

de u

ma

expr

essã

o ut

iliza

da p

or J

AK

OB

S qu

e no

s pa

rece

u su

gest

iva90

: no

s pr

imei

ros,

a le

i nã

o de

scre

ve o

s ac

tos

puní

veis

, lim

itand

o-se

a d

izer

87

JA

KO

BS,

«Crim

inal

izac

ión

en e

l es

tádi

o pr

évio

a l

a le

sión

de u

n bi

en j

uríd

ico»

, in

Estú

dios

de

Der

echo

Pen

al, U

A E

dici

ones

/Edi

toria

l C

ivita

s, , M

adrid

, 199

7, 3

05.

Aut

or q

ue d

efin

e o

segu

inte

crit

ério

crít

ico

gera

l fac

e à

ante

cipa

ção

da in

terv

ençã

o pe

nal:

«...

Sin

un c

ompo

rtam

ient

o ex

tern

o pe

rturb

ador

no

se p

uede

hac

er re

spon

der a

un

suje

to d

e lo

que

le e

s in

tern

o, a

barc

ando

lo

inte

rno

el e

nter

o âm

bito

priv

ado,

no

solo

los p

ensi

amen

tos..

.» (3

13).

88

Han

s WEL

ZEL,

Der

echo

Pen

al A

lem

an, E

dito

rial J

uríd

ica

do C

hile

, 198

7, 2

60.

89

Der

echo

Pen

al...

, 2, 8

. 90

St

rafre

cht..

., 58

5.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

52

que,

rela

tivam

ente

a c

erto

s crim

es, e

xcep

cion

alm

ente

pun

em-s

e os

act

os d

e pr

epar

ação

; no

segu

ndo

caso

, a le

i con

cret

amen

te d

escr

eve

em q

ue d

evem

co

nsis

tir o

s ac

tos

de p

repa

raçã

o pu

níve

is91

. O a

rt.°

373.

° m

anda

pun

ir os

ac

tos

prep

arat

ório

s do

s cr

imes

pre

vist

os n

os a

rt.°s

268

.° (g

enoc

ídio

), 30

6.°

(trai

ção)

, 308

.°, n

.° 1

(pro

voca

ção

à gu

erra

ou

à re

pres

ália

), 30

9.°,

n.°s

1 e

2

(vio

laçã

o de

seg

redo

de

Esta

do),

313.

° (r

ebel

ião)

e 3

15.°,

n.°

1 (f

unda

r or

gani

zaçã

o te

rror

ista

); o

art.°

374

.° m

anda

pun

ir ac

tos

prep

arat

ório

s de

cr

imes

de

fals

ifica

ção

ou a

ltera

ção

de m

oeda

, de

valo

res

e tít

ulos

púb

licos

e

de o

utro

s co

mo

os d

e fa

lsifi

caçã

o de

sel

os, c

unho

s, m

arca

s ou

cha

ncel

as

de a

utor

idad

e pú

blic

a, m

as n

ão m

anda

pun

ir qu

aisq

uer a

ctos

de

prep

araç

ão

- ap

enas

os

que

cons

ista

m e

m «

fabr

icar

, ad

quiri

r, fo

rnec

er...

pos

suir,

tra

nspo

rtar,

depo

sita

r ou

gua

rdar

máq

uina

s, ap

arel

ho,

inst

rum

ento

ou

qual

quer

obj

ecto

esp

ecia

lmen

te d

estin

ado

à fa

lsifi

caçã

o...»

. 5.

4. L

imite

máx

imo

da p

ena

aplic

ável

A

exc

epci

onal

idad

e da

pun

ição

de

acto

s pr

epar

atór

ios

leva

a q

ue o

Cód

igo

defin

a um

lim

ite m

áxim

o da

pen

a ap

licáv

el -

3 a

nos;

mas

a p

ena

nunc

a po

derá

ser

sup

erio

r a

um t

erço

do

limite

máx

imo

da p

ena

com

inad

a ao

cr

ime

cuja

exe

cuçã

o se

pre

tend

eu p

repa

rar (

n.° 2

do

art.°

20.

°).

5.5.

Dev

e se

r di

to q

ue,

quan

do f

alam

os d

e ac

tos

prep

arat

ório

pun

ívei

s (e

xcep

cion

alm

ente

) es

tam

os p

eran

te a

ctos

que

con

subs

tanc

iam

um

a fa

se

do

iter

crim

inis

, de

ce

rtos

acto

s de

pr

epar

ação

de

ou

tros

crim

es

(con

sum

ados

ou

tent

ados

), pr

evis

tos

este

s em

tip

os p

rópr

ios.

Mes

mo

quan

do d

emos

os

exem

plos

de

certo

s ac

tos

(tipi

ciza

dos,

diga

mos

) de

pr

epar

ação

de

crim

es d

e fa

lsifi

caçã

o, e

stam

os n

o âm

bito

de

puni

ção

de

acto

s pr

epar

atór

ios

enqu

anto

tai

s, e,

não

, do

que

se c

ham

a in

crim

inaç

ão

autó

nom

a de

act

os p

repa

rató

rios

ou

acto

s pr

epar

atór

ios

com

o cr

imes

sui

ge

neri

s, ou

, ai

nda,

cri

mes

de

pre-

para

ção-

cons

umaç

ão (

Vor

bere

itung

s-

91

TE

RESA

PIZ

ARR

O B

ELEZ

A r

efer

e-se

às

duas

téc

nica

s co

mo

com

porta

ndo

«...

dife

rent

e de

sres

peito

do

prin

cípi

o da

leg

alid

ade

no s

eu a

spec

to d

e ex

igên

cia

de p

reci

são

da n

orm

a in

crim

inad

ora»

- D

ireito

Pen

al...

, 2° v

olum

e, 3

42, n

ota

264.

Page 27: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

53

Vol

lend

ungs

delik

te),

com

o,

erra

dam

ente

, po

r ex

empl

o,

cons

ider

aram

M

AIA

GO

ALV

ES92

fac

e ao

art.

° 25

0.°

do C

R p

ortu

guês

de

1982

(p

arec

ido

com

o n

osso

art.

° 37

4.°)

, a

Com

issã

o de

Rev

isão

do

Cód

igo

portu

guês

, pe

rant

e o

art.°

270

.° (a

ctos

pre

para

tório

s de

crim

es i

ncên

dio,

ex

plos

ões

e ou

tras

cond

utas

per

igos

as)93

, ou

, ai

nda,

MA

UR

AC

H94

, qu

e fa

lava

de

delit

o es

peci

al f

ace

ao §

83

do S

tGB

(pr

epar

ação

do

crim

e de

em

pree

ndim

ento

de

alta

tra

ição

). Es

taría

mos

, qu

ando

mui

to,

no d

izer

de

JESC

HEC

K95

, JA

KO

BS96

OU

VO

GLE

R97

, de

exte

nsão

não

-aut

óno-

ma

de

certo

s tip

os. O

u, n

o di

zer d

e ZA

FFA

RO

NI,

de d

elito

s m

ás a

mpl

ios

que

la

tent

ativ

a98.

5.6.

Ass

im,

não

pode

hav

er t

enta

tiva;

não

por

que

tal

seria

a p

rópr

ia

prep

araç

ão (

FIN

CK

E99 o

u JA

KO

BS10

0 ) ou

a t

enta

tiva

de u

ma

tent

atiu

a

92

digo

Pe

nal

Portu

guês

an

otad

o e

com

enta

do

e le

gisla

ção

com

plem

enta

r, 2.

a ed

ição

, A

lmed

ina,

Coi

mbr

a, 1

984,

356

. 93

D

izia

-se

que

o ar

tigo

esta

va s

ob a

for

ma

de i

nter

roga

ção

«...

dado

par

ecer

esta

r a

prot

ec-

ção

pena

l a s

er le

vada

long

e de

mai

s», c

oncl

uind

o-se

- e

aí e

stá o

nos

so r

epar

o cr

ítico

, poi

s, cl

aram

ente

, se

esta

va p

eran

te u

m c

aso

de p

uniç

ão d

e ac

to p

repa

rató

rio e

nqua

nto

tal,

aind

a qu

e co

m a

des

criç

ão d

as c

ondu

tas

susc

eptív

eis

de c

onsu

bsta

ncia

r a

prep

araç

ão -

que

«tra

ta-s

e de

um

crim

e au

tóno

mo

de d

ano»

- M

INIS

TÉRI

O D

A J

UST

IÇA

, Cód

igo

Pena

l - A

ctas

e P

roje

cto

da

Com

issã

o de

Rev

isão

, R

ei d

os L

ivro

s, Li

sboa

, 199

3, 3

56.

94

Deu

tsche

s St

rafre

cht

-Allg

emei

ner

Teil,

4.a e

diçã

o, V

erla

g CF

. M

ulle

r, K

arlsr

uhe,

1971

, 48

9 (C

fr., n

o m

esm

o se

ntid

o, e

m tr

aduç

ão e

m c

aste

lhan

o, M

AU

RACH

/ Kar

l Hei

nz G

ÕSS

EL/Z

IPF,

D

erec

ho P

enal

- Pa

rte G

ener

al, 2

, Astr

ea, B

uens

o A

ires,

1995

, 10,

ond

e se

fala

em

«tip

os p

enal

es

autó

nom

os»)

. 95

Tr

atad

o...,

712

(Leh

rbuc

h...,

472

). 96

St

rafre

cht..

., 58

5.

97

Theo

VO

GLE

R, «

Vor

bem

erku

ng z

u de

n §§

22

ff»,

in S

trage

setzb

uch

- Le

ipzig

er K

omm

enta

r, G

ross

kom

men

tar,

33. L

iefe

rung

, §§

22-

24, W

alte

r de

Gru

yter

, Ber

lin, N

ew Y

ork,

198

3, 2

5.

98

Der

echo

Pen

al...

, 776

. 99

D

as V

erhâ

lrnis

des

Allg

emei

nen

zum

Bes

onde

ren

Teil

des

Stra

frech

ts, J

. Sc

hwei

tzer

Ver

lag,

B

erlin

, 197

5, 4

4.

100

Stra

frech

t...,

585.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

54

tent

ada

(BA

UM

AN

N10

1 ) ou

um

a te

ntat

iva

impo

ssív

el,

no

dize

r de

SC

HM

IDH

ÀU

SER

102 .

Não

pod

e ha

ver

tent

ativ

a po

rque

ela

não

é s

eque

r co

nceb

ível

no

caso

, en

quan

to c

ateg

oria

for

mal

, en

quan

to c

omeç

o de

exe

cuçã

o. N

ão s

e po

de

exec

utar

... o

que

é, p

or d

efin

ição

, a ..

. ain

da n

ão-e

xe-c

ução

, um

mom

ento

an

terio

r ao

iníc

io d

e ex

ecuç

ão10

3 . O q

ue, d

e al

gum

a fo

rma,

é e

xpre

sso

por

FIG

UEI

RED

O

DIA

S104

OU

A

LMEI

DA

C

OST

A,

em

com

entá

rio

a pr

ecei

to d

o C

ódig

o po

rtugu

ês v

igen

te q

ue se

refe

re a

crim

es d

e fa

lsifi

caçã

o de

moe

da10

5 . 5.

7. D

esis

tênc

ia e

arr

epen

dim

ento

act

ivo

nos

acto

s pr

epar

atór

ios

puní

veis

: ser

á po

ssív

el?

5.7.

1. J

á se

rá c

once

bíve

l, em

nos

so e

nten

der,

faze

r re

leva

r a

desi

stên

cia,

se

ja c

omo

caus

a de

isen

ção

da p

ena,

sej

a co

mo

caus

a de

livr

e at

enua

ção

ou

isen

ção

da p

ena

(se

for c

aso

diss

o, n

os te

rmos

con

cret

os d

a le

i). F

acto

que

se

jus

tific

a, p

or r

elaç

ão à

cor

resp

onde

nte

rele

vânc

ia d

a de

sist

ênci

a da

10

1 St

rafre

cht

- Al

lgem

eine

r Te

il, u

nter

Mitw

irkun

g vo

n Pr

of.

Ulri

ch W

eber

, 8.

a edi

ção,

Ver

lag

Erns

t und

Wer

ner,

Bie

lefe

ld, 1

977,

509

. 10

2 Eb

erha

rd

SCH

MID

USE

R,

Stra

frech

t -

Allg

emei

ner

Teil,

2.

a ed

ição

, J.C

.B.

Moh

r (P

aul

Síeb

eck)

, Tub

inge

n, 1

984,

342

-343

. 10

3 Cf

r, so

bre

a m

atér

ia,

JORG

E CA

RLO

S FO

NSE

CA,

Crim

es d

e em

pree

ndim

ento

...,

79 s

s.. e

bi

blio

graf

ia a

li ci

tada

. 10

4 Fo

rmas

espe

ciai

s...,

1976

, 10.

10

5 A

.M. A

LMEI

DA

CO

STA

, in

Com

entá

rio C

onim

brice

nse

do C

ódig

o Pe

nal -

Par

te Es

pecia

l (di

rigid

o po

r Jor

ge d

e Fi

guei

redo

Dia

s), T

omo

II, C

oim

bra

Edito

ra, C

oim

bra,

199

9, 7

56 (c

omen

tário

«an

tes

do a

rt. 2

62.°)

; cfr.

, ain

da, H

ELEN

A M

ON

IZ, i

n Co

men

tário

Con

imbr

icen

se...

, 859

(com

entá

rio a

o ar

t.° 2

71.°)

, au

tora

que

, re

ferin

do-s

e ao

arti

go e

m c

ausa

- q

ue,

afin

al,

trata

de

acto

s pr

epar

atór

ios

de a

lgun

s cr

imes

de

fals

ifica

ção

de m

oeda

na

form

a qu

e co

nsid

eram

os ti

pici

zada

-,

fala

crit

icam

ente

da

dific

ulda

de e

m ju

stifi

car

«um

a an

teci

paçã

o ai

nda

mai

or d

a tu

tela

pen

al

com

a p

unib

ilida

de d

os a

ctos

pre

para

tório

s do

s cr

imes

de

cont

rafa

cção

de

moe

da o

u, d

ito d

e ou

tra f

orm

a, u

ma

puni

ção

dos

acto

s pr

epar

atór

ios

dos

acto

s pr

epar

atór

ios»

(85

9). A

ver

dade

é

que

não

há a

qui,

com

o ve

rem

os,

acto

s pr

epar

atór

ios

de a

ctos

pre

para

tório

s (o

que

é

inco

nceb

ível

até

de

um p

onto

de

vist

a ló

gico

), m

as,

sim

, ac

tos

prep

arat

ório

s (f

ase

do i

ter

crim

inis

) de

crim

es c

onsu

mad

os q

ue s

e tra

duze

m,

mat

eria

lmen

te, e

m a

ctos

pre

para

tório

s de

ou

tros

crim

es. O

que

, aliá

s, te

ntam

os d

emon

strar

no

noss

o C

rimes

de

empr

eend

imen

to...

, cita

do

de se

guid

a pe

la a

utor

a.

Page 28: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

55

tent

ativ

a, c

omo

uma

refo

rçad

a ex

igên

cia

de p

olíti

ca c

rimin

al f

ace

a co

mpo

rtam

ento

s, ex

cepc

iona

lmen

te p

unid

os, q

ue a

caba

m p

or p

rese

rvar

os

bens

juríd

icos

cuj

a tu

tela

(mui

to a

ntec

ipad

a) se

pre

tend

e ga

rant

ir106 .

5.7.

2.

Con

vém

re

ferir

qu

e o

actu

al

Cód

igo

cabo

-ver

dian

o pr

evê

expr

essa

men

te u

ma

tal

poss

ibili

dade

no

n.°

4 do

art.

° 24

.°, m

anda

ndo

aplic

ar c

orre

spon

dent

emen

te o

dis

post

o no

s n.

°s 1

a 3

do

artig

o (q

ue s

e re

fere

à d

esis

tênc

ia e

arr

epen

dim

ento

act

ivo

na te

ntat

iva)

. Já,

por

exe

mpl

o,

o C

ódig

o po

rtugu

ês n

ão c

onté

m u

m d

ispo

sitiv

o ge

néric

o m

as p

revê

reg

ra

de d

esis

tênc

ia (

no n

.° 3

do a

rt.°

271.

°) p

ara

caso

s es

pecí

ficos

de

acto

s pr

epar

atór

ios,

com

o, p

or e

xem

plo,

os

de u

m c

onju

nto

de c

rimes

de

fals

ifica

ção.

E fá

-lo d

e um

a fo

rma

vinc

ulad

a, is

to é

, des

crev

endo

a c

ondu

ta

de «

aban

dono

» su

scep

tível

de

leva

r à

não

puni

bilid

ade

(«...

aba

ndon

ar a

ex

ecuç

ão d

o ac

to p

repa

rado

e p

reve

nir

o pe

rigo,

por

ele

cau

sado

, de

que

outra

pes

soa

cont

inue

a p

repa

rar

o ac

to o

u o

exec

ute,

ou

se e

sfor

çar

seria

men

te n

esse

sen

tido,

ou

impe

dir a

con

sum

ação

ou,

ain

da, «

dest

ruir

ou

inut

iliza

r os

mei

os o

u ob

ject

os r

efer

idos

nos

núm

eros

ant

erio

res,

ou d

er à

au

torid

ade

públ

ica

o co

nhec

imen

to d

eles

ou

a el

as o

s ent

rega

r»).

5.7.

3. O

pção

(do

dipl

oma

portu

guês

) que

, con

traria

men

te a

o qu

e se

fez

no

CP.

de

Cab

o V

erde

, ob

riga

a po

nder

ar,

por

um l

ado,

se

o re

gim

e ap

aren

tem

ente

mai

s ap

erta

do d

e re

levâ

ncia

da

desi

stên

cia

prev

isto

na

lei

portu

gues

a (p

or re

laçã

o ao

regi

me-

regr

a pr

evis

to p

ara

a te

ntat

iva)

con

stitu

i um

des

vio

(reg

ra e

spec

ial

face

a r

egra

ger

al)

-sol

ução

que

nos

par

ece

a

10

6 Cf

r. JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Cr

imes

de

em

pree

ndim

ento

...,

176-

177,

no

ta

206,

RO

DRÍ

GU

EZ M

OU

RULL

O, «

Del

ito im

posib

le y

tent

ativ

a de

del

ito e

n el

Cód

igo

pena

l esp

anol

»,

in A

DPC

P, to

mo

XX

IV f

ase.

II, 1

971,

389

. Não

se

com

pree

nde,

pois,

a h

esita

ção

de H

ELEN

A

MO

NIZ

, qua

ndo,

face

ao

art.°

271

.°, n

.° 3,

do

Códi

go p

ortu

guês

, con

sider

a qu

e «.

.. es

tas s

ituaç

ões

são

norm

alm

ente

des

igna

das

de d

esist

ênci

a re

leva

nte,

des

igna

ção,

no

enta

nto,

com

pree

nsív

el

quan

do e

stam

os n

o âm

bito

da

tent

ativ

a, o

u m

elho

r, qu

ando

a t

enta

tiva.

.. é

puní

vel.

Ora

a

tent

ativ

a nã

o é

aqui

pun

ível

...».

No

enta

nto,

aca

ba p

or c

oncl

uir

que

«...

o ce

rto é

que

as

situa

ções

pre

vist

as...

con

stitu

em c

asos

em

que

a n

ão-v

erifi

caçã

o do

crim

e se

dev

e ao

age

nte

just

ifica

ndo-

se,

pois

, po

r ra

zões

de

polít

ica

crim

inal

, a

sua

não

puni

ção.

..» (

in C

omen

tári

o C

onim

bric

ense

..., T

omo

II, 8

62, c

omen

tário

ao

art.°

271

.°).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

56

defe

nsáv

el10

7 - e,

por

out

ro, s

e, n

ão h

aven

do re

gra

espe

cial

de

rele

vânc

ia d

e de

sist

ênci

a de

act

o pr

epar

atór

io,

pode

rá d

efen

der-

se a

apl

icaç

ão,

por

anal

ogia

, do

regi

me

-reg

ra p

revi

sto

no a

rt.°

24.°

da le

i por

tugu

esa.

Sol

ução

qu

e no

s par

ece

de a

dvog

ar, c

omo

o fa

z, p

or e

xem

plo,

PED

RO

CA

EIR

O10

8 . 5.

8. P

oder

-se-

ia a

inda

diz

er q

ue n

ão p

oder

á ac

onte

cer,

sob

pena

de

viol

ação

do

ne b

is in

idem

, que

a m

esm

a co

ndut

a se

ja p

unid

a co

mo

acto

pr

epar

atór

io e

, ao

mes

mo

tem

po, c

omo

crim

e au

tóno

mo,

qua

lque

r que

sej

a a

form

a qu

e es

te v

enha

a a

ssum

ir109 .

A s

oluç

ão d

e um

a ta

l hi

póte

se

obed

ecer

á às

reg

ras

do c

ham

ado

conc

urso

de

norm

as. P

egan

do n

o no

sso

Cód

igo:

no

art.°

374

.° pu

nem

-se

os a

ctos

pre

para

tório

s de

fal

sific

ação

de

moe

da;

no a

rt.°

251.

° pu

ne-s

e, c

omo

crim

e co

nsum

ado,

a «

dete

nção

de

equi

pam

ento

s de

fal

sific

ação

». O

ra b

em:

a pu

niçã

o, p

elo

art.°

251

.°, d

e qu

em d

eten

ha e

quip

amen

to d

e fa

lsifi

caçã

o af

asta

a p

uniç

ão e

nqua

nto

acto

pr

epar

atór

io, n

os te

rmos

do

art.°

374

.° (e

20.

°, n.

° 2).

59. I

ncri

min

açõe

s aut

ónom

as d

e ac

tos (

mat

eria

lmen

te) p

repa

rató

rios

D

ifere

ntem

ente

se

pass

am a

s co

isas

, em

situ

açõe

s em

que

a c

ondu

ta

proi

bida

, ape

sar d

e co

nstit

uir m

ater

ialm

ente

um

act

o de

pre

para

ção

de u

m

outro

(apa

rent

emen

te o

u re

alm

ente

), é

cons

tituí

da e

m c

rime

(for

mal

men

te)

10

7 Fa

ce a

pre

ceito

do

CP.

por

tugu

ês m

ater

ialm

ente

afim

(ab

ando

no v

olun

tário

de

acto

s de

te

rroris

mo

- ar

t.° 3

01.°)

, FIG

UEI

RED

O D

IAS,

invo

cand

o, a

liás,

o no

sso

Crim

es d

e em

pree

ndi-

men

to,

entre

out

ros

elem

ento

s de

apo

io,

advo

ga u

ma

solu

ção

de a

larg

amen

to d

o te

xto,

na

defe

sa d

a ap

licaç

ão d

a re

gra

gera

l so

bre

desi

stên

cia,

ape

sar

de,

num

a pr

imei

ra v

isão

das

co

isas,

surg

ir co

mo

inte

nção

do

legi

slado

r pr

ecisa

men

te a

sol

ução

con

trária

- c

fr. C

omen

tário

C

onim

bric

ense

..., I

I, 11

85 (c

omen

tário

ao

art.°

301

.°). N

o en

tant

o, e

m tr

abal

ho a

nter

ior,

o au

tor

pare

ce d

efen

der

posiç

ão a

lgo

dife

rent

e; a

liás,

assu

me-

se p

artic

ular

men

te c

rític

o fa

ce à

sol

ução

le

gal

(na

altu

ra,

o n.

° 4

do a

rt.°

287.

° do

CP.

por

tugu

ês d

e 19

82),

cons

ider

ando

-a «

... u

ma

regu

lam

enta

ção

inút

il, c

ontra

ditó

ria e

em

def

initi

vo im

pres

táve

l» -

As

"Ass

ocia

ções

Crim

inos

as"

no C

ódig

o Pe

nal P

ortu

guês

de

1982

(Art

s. 28

7° e

288

°), C

oim

bra

Edito

ra, 1

988,

71.

10

8 In

Com

entá

rio C

onim

bric

ense

...,

Tom

o III

, 19

2 (c

omen

tário

ao

art.°

325

.°):

«...

Se o

age

nte

volu

ntar

iam

ente

des

istir

de d

ar in

ício

à e

xecu

ção

do c

rime,

nad

a pa

rece

obs

tar a

um

a ap

licaç

ão

anal

ógic

a (fa

vor

reum

) da

prim

eira

par

te d

o ar

t. 24

.°, n

.° 1,

e,

em c

onse

quên

cia,

à n

áo-

puni

bilid

ade,

nes

se c

aso,

dos

act

os p

repa

rató

rios..

».

109

Ass

im, F

IGU

EIRE

DO

DIA

S, F

orm

as es

peci

ais..

., 19

76, 1

0.

Page 29: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

57

cons

umad

o; n

este

s ca

sos

é qu

e te

rá s

entid

o fa

lar

em c

rimes

a s

e, c

rim

es

autó

nom

os o

u su

i gen

eris

ou,

ain

da, e

m in

crim

inaç

ões

autó

nom

as d

e ac

tos

prep

arat

ório

s. 5.

9.1.

Não

cab

e aq

ui u

ma

abor

dage

m m

inuc

iosa

da

ques

tão,

mas

já v

imos

qu

e el

a te

m s

ido

obje

cto

de a

lgun

s eq

uívo

cos.

Vim

os e

xem

plos

de

caso

s qu

e se

tra

duze

m i

nequ

ivoc

amen

te e

m a

ctos

de

prep

araç

ão e

que

for

am

cara

cter

izad

os

com

o se

ndo

de

delit

os

sui

gene

ris

ou

incr

imin

ação

au

tóno

ma

de a

ctos

pre

para

tório

s, pr

ovav

elm

ente

por

se

ter

adop

tado

a

técn

ica

da ti

pici

zaçã

o da

quel

es a

ctos

. 5.

9.2.

N

outro

s ca

sos,

apon

tam

-se

com

o ex

empl

os

de

incr

imin

ação

au

tóno

ma

de a

ctos

pre

para

tório

s cr

imes

, sim

, aut

ónom

os11

0 , no

sent

ido

de

que

asse

gura

m a

pro

tecç

ão d

e be

ns ju

rídic

os a

utón

omos

ou

cont

ra f

orm

as

parti

cula

rmen

te p

erig

osas

par

a a

sua

inte

grid

ade,

mas

que

, de

mod

o ne

nhum

, con

subs

tanc

iam

um

a qu

alqu

er p

repa

raçã

o...

de o

utro

crim

e. N

ão

são

pens

ados

e m

odel

ados

no

quad

ro d

a pr

epar

ação

, com

o pr

epar

ação

de

outro

crim

e em

term

os d

a es

trutu

ra su

bjec

tiva

do ti

po.

Um

exe

mpl

o: o

crim

e de

org

aniz

ação

crim

inos

a (d

esig

naçã

o do

nov

o C

ódig

o Pe

nal c

abo-

verd

iano

- ar

t.° 2

91.°-

, m

as b

em s

ervi

ria o

exe

mpl

o de

um

crim

e af

im p

revi

sto

nout

ro C

ódig

o).

Ou

o do

crim

e de

«fa

bric

o de

ga

zuas

» pr

evis

to n

o ar

t.° 4

44.°

do a

ntig

o C

ódig

o. E

m q

ualq

uer u

m d

esse

s ca

sos

não

se p

ode

dize

r qu

e se

trat

a de

um

act

o pr

epar

atór

io d

e um

out

ro

(det

erm

inad

o) c

rime;

a o

rgan

izaç

ão c

rimin

osa

pode

rá s

er u

m in

stru

men

to

para

a p

rátic

a de

crim

es m

uito

dife

rent

es, c

ontra

vid

a, c

ontra

a p

ropr

ieda

de

ou

fisca

is

adua

neiro

s, po

r ex

empl

o.

Não

se

rão,

po

is,

caso

s de

in

crim

inaç

ões

autó

nom

as d

e ac

tos

prep

arat

ório

s de

out

ros

crim

es,

não

tend

o,

nom

eada

men

te,

qual

quer

re

ferê

ncia

, em

te

rmos

de

el

emen

to

11

0 So

bre

o co

ncei

to e

sua

util

idad

e do

gmát

ica,

veja

-se

JORG

E CA

RLO

S FO

NSE

CA,

Crim

es d

e em

pree

ndim

ento

..., p

artic

ular

men

te a

not

a 66

, 85-

86; V

olke

r HA

SSEM

ER, D

elic

tum

sui g

ener

is, C

ari

Hey

man

n V

erla

g K

G, K

õln.

Ber

lin. M

únch

en, 1

974,

88

ss.;

Bern

hard

HA

FFK

E, «

Del

ictu

m s

ui

gene

ris u

nd B

egrif

fsjur

ispru

denz

», in

JuS

, 197

3, H

eft 3

,406

-407

; Joa

quin

CU

ELLO

CO

NTR

ERA

S, «

La

front

era

entre

el c

oncu

rso

de le

yes y

el c

oncu

rso

idea

l de

delit

os: E

l del

ito "

sui g

ener

is"»,

in A

DP,

19

78, f

ase.

I, p

artic

ular

men

te 4

5 ss

..

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

58

subj

ectiv

o do

tip

o,

ao

crim

e re

lativ

amen

te

ao

qual

se

riam

um

a pr

epar

ação

111 .

Já F

RA

NK

, de

algu

ma

man

eira

, faz

ia a

dis

tinçã

o, q

uand

o se

para

va o

crim

e de

pre

para

ção

do c

rime

sui g

ener

is, d

izen

do q

ue e

ste

apen

as s

e af

irmar

ia

se o

dol

o nã

o há

-de

de s

e es

tend

er p

ara

além

do

tipo

de c

rime

em q

uest

ão;

a su

a es

sênc

ia e

star

ia e

m q

ue a

acç

ão e

stá

amea

çada

com

um

a pe

na, n

ão

em v

irtud

e de

um

a su

a re

laçã

o co

m u

m c

rime

prin

cipa

l, m

as, s

im, p

elo

seu

«pró

prio

sign

ifica

do in

depe

nden

te»11

2

5.10

. M

as

são,

se

m

dúvi

da,

caso

s de

cr

imes

au

tóno

mos

e

que

cons

ubst

anci

am,

à ev

idên

cia,

um

a an

teci

paçã

o da

tu

tela

pe

nal

rela

tivam

ente

à l

esão

de

bens

jur

ídic

os c

oncr

etos

, co

mo

a vi

da,

a pr

o pr

ieda

de, o

Est

ado

ou a

Faz

enda

Nac

iona

l; m

as u

ma

ante

cipa

ção

de tu

tela

qu

e -

tom

ando

o e

xem

plo

da «

orga

niza

ção

crim

inos

a» -

tem

em

vis

ta a

pr

otec

ção

de u

m b

em j

uríd

ico

perf

eita

men

te a

uton

omi-z

ável

, te

m a

sua

ra

zão

de s

er,

cita

ndo

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

na

«per

igos

idad

e ac

resc

ida

que

para

os

bens

jur

ídic

os p

enal

men

te r

elev

ante

s re

sulta

em

ger

al d

a cr

imin

alid

ade

orga

niza

da»;

o b

em j

uríd

ico

prot

egid

o é

«a p

az p

úblic

a no

pre

ciso

sen

tido

das

expe

ctat

ivas

soc

iais

de

uma

vida

com

unitá

ria li

vre

da e

spec

ial

perig

osid

ade

de o

rgan

izaç

ões

que

tenh

am p

or e

scop

o o

com

etim

ento

de

crim

es...

Tra

ta-s

e de

inte

rvir

num

est

ádio

pré

vio,

atra

vés

de

uma

disp

ensa

an

teci

pada

de

tu

tela

, qu

ando

a

segu

ranç

a e

a tra

nqui

lidad

e pú

blic

as n

ão f

oram

ain

da n

eces

saria

men

te p

ertu

rbad

as, m

as

se c

riou

já u

m e

spec

ial p

erig

o de

per

turb

ação

que

só p

or si

só v

iola

a p

az

públ

ica»

113 . U

ma

razã

o de

ser

bem

pre

sent

e, a

liás,

na s

iste

mat

izaç

ão e

na

11

1 U

tiliz

ando

cla

ram

ente

um

tal

crit

ério

, ve

ja-s

e K

arl

SAU

ERM

AN

N (

«...

o do

lo e

xigi

do...

não

pr

ecisa

de

se e

stend

er p

ara

além

da

real

izaç

ão d

este

tipo

não

aut

ónom

o...»

) -

Der

Ver

such

ais

«d

elic

tum

sui g

ener

is»,

Inau

gura

l Dis

serta

tion,

Bre

slau

, 192

7, 6

2.

112

R. F

RAN

K, D

as S

trage

setzb

uch

fúr d

as D

eutsc

he R

eich,

18.

a ediç

ão, T

ubin

gen,

193

1, 9

2-94

. 11

3 Co

men

tário

Con

imbr

icen

se .

.., T

omo

II, c

omen

tário

ao

art.°

299

.°, 1

155

ss.;

IDEM

, As

"A

ssoc

iaçõ

es...

"...,

parti

cula

rmen

te 2

6-31

; JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, «D

ireito

s, Li

berd

ades

e

Gar

antia

s in

divi

duai

s e

os d

esaf

ios

impo

stos

pelo

com

bate

à "

crim

inal

idad

e or

gani

zada

" -

Um

riplo

pel

as r

efor

mas

pen

ais

em c

urso

em

Cab

o V

erde

, com

cur

tas

para

gens

em

Alm

agro

e

Buda

peste

», in

Lib

er D

iscip

ulor

um p

ara

Jorg

e de

Fig

ueire

do D

ias,

Coim

bra

Edito

ra, 2

003,

166

- 16

7. N

uma

pers

pect

iva

dife

rent

e e

críti

ca, c

fr. J

AK

OBS

, «Cr

imin

aliz

ació

n en

el e

stado

pré

vio.

..»,

Page 30: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

59

conc

reta

m

odel

ação

, pe

lo

novo

C

P.

de

Cab

o V

erde

, do

cr

ime

de

«ass

ocia

ção

crim

inos

a»11

4 . 5.

11. O

utra

s ve

zes

surg

em e

xem

plos

- c

omo

de f

urto

de

uma

arm

a pa

ra

mat

ar

outre

m

- qu

e,

mai

s cl

aram

ente

ai

nda

não

repr

e se

ntam

um

a in

crim

inaç

ão a

utón

oma

de u

m a

cto

prep

arat

ório

. Si

ngel

amen

te d

iríam

os

que

a in

stru

men

talid

ade

do fu

rto fa

ce a

o ho

mic

ídio

pod

e ac

onte

cer s

empr

e en

tre q

uais

quer

crim

es a

utón

omos

, se

m q

ue p

erca

m a

sua

nat

urez

a de

cr

imes

a se

(um

a bu

rla p

oder

ia se

r, en

tão,

«pr

epar

ação

» de

um

abo

rto).

Tais

cas

os a

pena

s po

deria

m s

er p

repa

raçã

o, n

um s

entid

o es

tatís

tico

ou

soci

ológ

ico,

par

a us

arm

os u

ma

expr

essã

o de

GA

RC

IA-P

AB

LOS11

5 , e, n

ão,

num

sent

ido

técn

ico-

juríd

ico

pena

l. 5.

12.

Dife

rent

e, e

m n

osso

ent

ende

r, se

ria,

por

exem

plo,

o c

aso

-fac

e ao

no

vo C

ódig

o ca

bo-v

erdi

ano

- do

n.°

2 do

art.

° do

art.

° 30

9.°

(col

abor

ar

com

gov

erno

ou

grup

o es

trang

eiro

s co

m o

pro

pósi

to d

e pr

atic

ar o

s ac

tos

prev

isto

s no

n.°

1 do

mes

mo

artig

o, i

sto

é, d

e vi

olar

seg

redo

de

Esta

do)

face

ao

n.°

1 do

mes

mo

prec

eito

. Pun

e-se

, com

o cr

ime

autó

nom

o, c

ondu

ta

que

é, j

á pe

la c

onfig

uraç

ão c

oncr

eta

do e

lem

ento

sub

ject

ivo

do t

ipo

de

ilíci

to,

mat

eria

lmen

te p

repa

rató

ria d

e ou

tra,

e, s

igni

ficat

ivam

ente

, co

m a

m

esm

a pe

na. O

utro

exe

mpl

o po

deria

ser o

da

fals

ifica

ção

de m

oeda

(243

.°)

face

ao

crim

e de

pas

sage

m d

e m

oeda

fal

sa (

art.°

246

.°, n

.° 2)

ou

ao d

o

loc.

cit.

, par

ticul

arm

ente

298

-299

(«.

..La

rela

ción

soc

ial p

repa

rató

ria d

e un

del

ito e

s ta

n ge

nui-

nam

ente

priv

ada

com

o cu

alqu

ier

outra

rel

ació

n y

com

o cu

alqu

ier

outra

con

duct

a qu

e re

caig

a en

el â

mbi

to p

rivad

o»)

-299

. Cfr.

tam

bém

Jos

é Lu

is G

UZM

ÁN

DA

LBO

RA, «

Obj

eto

juríd

ico

y ac

cide

ntes

dei

del

ito d

e as

ocia

cion

es il

ícita

s», i

n Re

vista

de

Der

echo

Pen

al y

Crim

inol

ogia

(sep

a-

rata

), U

nive

rsid

ad N

acio

nal

de E

duca

ción

a D

ista

ncia

, Fa

culta

d de

Der

echo

, M

adrid

, Jú

lio

1998

, n.

° 2,

153

ss.,

num

a ap

reci

ação

crít

ica

às t

eses

que

par

tem

de

que

o be

m j

uríd

ico

prot

egid

o é

«la

próp

ria i

nstit

ució

n es

tata

l, su

heg

emon

ia y

pod

er,

fren

te a

cua

lqui

era

outra

or

gani

zaci

ón q

ue p

ersig

a fin

es c

ontrá

rios

y an

titét

icos

...»

, já

que,

par

a al

ém d

o m

ais,

conf

un-

dem

«...

una

raz

ón p

oííti

cocr

imin

a/ p

ara

com

batir

com

más

ven

taja

est

a la

ya d

e cr

imin

alid

ad,

com

la ra

tio iu

ris d

e la

infr

acci

ón»

(163

). 11

4 V

eja-

se JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Ref

orm

as P

enai

s...,

119

ss..

115

A. G

ARC

IA-P

ABL

OS

DE

MO

LIN

A, «

Tent

ativ

a y

frustr

ació

n en

el d

elito

de

asoc

iaci

ón il

ícita

», in

Re

vista

de

la F

acul

tad

de D

erec

ho d

e la

Uni

vers

idad

Com

plut

ense

de

Mad

rid, N

ova

Serie

, vol

. X

VII

I, n.

° 49,

Mad

rid, 1

974,

83-

84.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

60

crim

e pr

evis

to n

o ar

t.° 2

47.°,

ain

da q

ue a

con

cret

a m

odel

ação

do

crim

e de

fa

lsifi

caçã

o no

nov

o C

ódig

o (d

ifere

nte

da q

ue s

urge

no

Cód

igo

portu

guês

, se

ndo,

por

iss

o, m

ais

clar

o o

exem

plo

face

a e

ste

dipl

oma)

não

apo

nte

ineq

uivo

cam

ente

par

a ta

nto

(o ti

po d

e cr

ime

não

exig

e, p

ara

além

do

dolo

, qu

alqu

er o

utro

ele

men

to s

ubje

ctiv

o pa

rticu

lar,

com

o se

ja u

ma

inte

nção

de

pôr

a m

oeda

em

circ

ulaç

ão,

com

o se

exi

ge n

o C

ódig

o po

rtugu

ês -

art.

° 26

2.°)

. N

o en

tant

o, c

rem

os q

ue n

ão é

con

cebí

vel o

u, p

elo

men

os, s

erá

sind

icáv

el

do p

onto

de

vist

a da

legi

timid

ade

polít

ico-

crim

inal

) o c

ri m

e de

fals

ifica

ção

de m

oeda

... s

e a

cond

uta

é re

aliz

ada

com

o o

bjec

tivo,

por

exe

mpl

o, d

e fa

zer u

ma

cole

cção

de

moe

das.

Out

ros

exem

plos

po

derã

o se

r en

cont

rado

s no

no

sso

Cri

mes

de

em

pree

ndim

ento

, per

ante

o C

P. p

ortu

guês

de

1982

ou

o ve

lho

Cód

igo

de

1886

. 5.

13. E

m to

dos

eles

, e p

ara

final

izar

est

e pa

rênt

esis

, dir-

se-á

que

: 1.

° -

o el

emen

to s

ubje

ctiv

o do

crim

e ap

onta

par

a a

real

izaç

ão d

e um

a co

ndut

a pr

evis

ta n

um o

utro

tipo

(au

tóno

mo,

tent

ado

ou c

onsu

mad

o), d

o qu

al s

eria

pr

epar

ação

; 2.

° -

a pa

rtir

da a

nális

e da

est

rutu

ra d

os t

ipos

de

crim

e em

qu

estã

o, d

esco

bre-

se -

nom

eada

men

te p

elo

conf

ront

o da

des

criç

ão t

ípic

a co

m

a de

scob

erta

do

be

m

juríd

ico

prot

egid

o e/

ou

da

form

a co

mo

conc

reta

men

te é

mod

elad

a a

sua

prot

ecçã

o -

que

exis

te u

ma

espe

cial

ou

autó

nom

a va

lora

ção

por p

arte

do

legi

slad

or.

5.14

. Mis

ter

é co

nclu

irmos

, tal

vez

hoje

de

form

a um

pou

co d

ifere

nte

da

que

fizem

os n

a al

tura

da

elab

oraç

ão d

e C

rim

es d

e em

pree

ndim

ento

ou

num

a co

mun

icaç

ão (n

ão p

ublic

ada)

que

fize

mos

a c

onvi

te d

a U

nive

rsid

ade

Lusí

ada,

em

Lis

boa,

no

dia

7 de

Jun

ho d

e 19

88, q

ue a

des

cobe

rta d

e um

a ta

l esp

ecia

l e a

utón

oma

valo

raçã

o do

(mat

eria

lmen

te) a

cto

prep

arat

ório

de

outro

crim

e po

derá

ser

ind

icia

da (

e ap

enas

ind

icia

da)

pelo

fac

to,

por

exem

plo,

de

a pu

niçã

o do

act

o pr

epar

atór

io (m

ater

ial,

e, n

ão, f

orm

alm

ente

,

Page 31: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

61

fala

ndo,

com

o se

vê)

ser

sup

erio

r ou

igu

al à

da

cond

uta

rela

tivam

ente

à

qual

ele

repr

esen

ta u

ma

prep

araç

ão11

6 . 5.

15. M

as r

etom

emos

o f

io d

a ex

posi

ção:

nes

tes

grup

os d

e ca

sos

(crim

es

autó

nom

os,

seja

m

eles

ou

o in

crim

inaç

ões

autó

nom

as

de

acto

s m

ater

ialm

ente

pr

epar

atór

ios

de

outro

s cr

imes

) nã

o se

co

loca

m,

em

prin

cípi

o, a

s re

striç

ões

que

vim

os d

ever

em s

er c

onsi

dera

das

quan

to à

po

ssib

ilida

de d

e ad

miti

r te

ntat

iva

ou a

cto

prep

arat

ório

pun

ível

... d

e ac

to

prep

arat

ório

exc

epci

onal

men

te p

unív

el e

nqua

nto

tal

(enq

uant

o m

era

fase

do

iter

crim

inis

). A

não

ser

res

triçõ

es d

itada

s po

r op

ções

de

polít

ica

crim

inal

, já

que

a

incr

imin

ação

se

tradu

z nu

ma

ante

cipa

ção

da t

utel

a de

ben

s ju

rídic

os

conc

reto

s (q

ue, a

o fim

e a

o ca

bo, s

e pr

eten

de p

rote

ger)

, evi

tand

o-se

, poi

s, um

a ex

cess

iva

ante

cipa

ção

daqu

ela

tute

la. A

ssim

, o n

ovo

Cód

igo

Pena

l de

Cab

o V

erde

não

pre

vê a

pun

ição

de

acto

pre

para

tório

de

crim

e de

«o

rgan

izaç

ão c

rimin

osa»

(o

art.0 2

91.°

que

o pr

evê

não

cons

ta d

a lis

ta

cons

tant

e do

art.

° 37

3.°)

, mas

já p

revê

a d

e ac

to p

repa

rató

rio d

e fu

ndaç

ão

de o

rgan

izaç

ão te

rror

ista

(e

já n

ão d

e qu

alqu

er o

utra

das

con

duta

s ob

ject

o da

pro

ibiç

ão: c

hefia

, dire

cção

, ade

são

), o

que

pode

ser m

otiv

o de

crít

ica

do

pont

o de

vis

ta d

o cr

itério

da

inte

rven

ção

subs

idiá

ria d

o di

reito

pen

al n

a pr

otec

ção

de b

ens

juríd

icos

fun

dam

enta

is11

7 , ou

o a

cto

prep

arat

ório

do

crim

e de

«fa

lsifi

caçã

o de

moe

da».

Cur

iosa

men

te o

Cód

igo

portu

guês

(art.

° 30

0.°,

n.°

5) p

revê

a p

uniç

ão d

e ac

to p

repa

rató

rio d

e «o

rgan

izaç

ão

terr

oris

ta»,

em

tod

as a

s m

odal

idad

es d

e ac

ção

(pro

moç

ão,

fund

ação

, ch

efia

), nã

o o

faze

ndo

para

o c

rime

de «

asso

ciaç

ão c

rimin

osa»

(ar

t.°

299.

°).

O q

ue t

em m

erec

ido

apro

xim

açõe

s cr

ítica

s ao

jei

to d

o qu

e at

rás

enun

ciám

os p

or p

arte

da

dout

rina

mai

s au

toriz

ada.

FIG

UEI

RED

O D

IAS

11

6 O

utro

crit

ério

de

cariz

«pr

átic

o» e

de

sent

ido

indi

cativ

o su

rge

apre

sent

ado

em C

rimes

de

empr

eend

imen

to...

(84,

not

a 65

): a

rela

ção

entre

a n

orm

a qu

e pr

evê

o ac

to p

repa

rató

rio e

a q

ue s

e re

fere

ao

crim

e re

lativ

amen

te a

o qu

al c

onsti

tuiri

a, m

ater

ialm

ente

, pre

para

ção.

O f

acto

de,

por

ex

empl

o, a

nor

ma

que

prev

ê a

apar

ente

pre

para

ção

não

ser c

onsu

mid

a (p

or c

ritér

ios

de in

terp

re-

taçã

o de

nor

mas

) pe

la q

ue a

pont

a pa

ra a

apa

rent

e fo

rma

cons

umad

a re

spec

tiva

mos

traria

, m

elho

r, in

dici

aria

que

não

est

aría

mos

já n

o qu

adro

da

puni

ção

com

o m

ero

acto

pre

para

tório

. 11

7 Fi

zem

o-lo

em

«D

ireito

s, Li

berd

ades

e G

aran

tias..

.», l

oc. c

it., 1

86.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

62

diz,

a p

ropó

sito

, que

, se

pode

m ju

stifi

car a

sol

ução

a e

xtre

ma

perig

osid

ade

das

orga

niza

ções

em

cau

sa e

a e

spec

ial

nece

ssid

ade

de p

reve

nir

a su

a co

nstit

uiçã

o,

«...

não

deve

to

davi

a es

quec

er-s

e...

que

os

crim

es

de

orga

niza

ção

já r

epre

sent

am u

ma

prot

ecçã

o an

teci

pada

dos

ben

s ju

rídic

os

conc

reto

s qu

e em

últi

mo

term

o se

pre

tend

e sa

lvag

uard

ar.

Esta

mos

por

is

so...

per

ante

um

a pr

otec

ção

dupl

amen

te a

ntec

ipad

a de

ben

s ju

rídic

os,

de c

uja

conv

eniê

ncia

crim

inal

pod

e du

vida

r-se

». R

azão

, poi

s, pa

ra q

ue o

au

tor

de C

oim

bra

venh

a a

reite

rar

a id

eia

de q

ue «

... e

sta

cons

ider

ação

co

nduz

a u

ma

inte

rpre

taçã

o ri

goro

sa d

o di

spos

to n

o ar

t. 30

0.°-

5, d

even

do

cons

ider

ar-s

e ac

tos

prep

arat

ório

s ap

enas

ver

dade

iros

acto

s m

ater

iais

a

que,

seg

undo

a e

xper

iênc

ia c

omum

e s

alvo

circ

unst

ânci

as im

prev

isív

eis,

se

segu

irão

acto

s de

exec

ução

...»11

8 . Já

não

nos

par

ece

inte

iram

ente

ade

quad

a -

por

tudo

qua

nto

diss

emos

re

lativ

amen

te à

dis

tinçã

o en

tre a

ctos

pre

para

tório

s en

quan

to t

ais

e ac

tos

mat

eria

lmen

te p

repa

rató

rios,

mas

que

con

cret

izam

ver

dade

iros

crim

es d

e co

nsum

ação

- a

afirm

ação

de

ALM

EID

A C

OST

A, a

pro

pósi

to d

a pu

niçã

o de

act

os p

repa

rató

rios

de «

cont

rafa

cção

de

moe

da»,

de

que

se t

rata

da

puni

ção

«da

próp

ria "p

repa

raçã

o da

pre

para

ção"

...»11

9 . 5.

16.

Não

po

de

have

r te

ntat

iva

de

acto

pr

epar

atór

io

(pun

ível

). T

enta

tiva

de a

cto

prep

arat

ório

enq

uant

o in

crim

inaç

ão a

utón

oma?

5.

16.1

. C

omo

diss

emos

, po

r es

tarm

os

pera

nte

verd

adei

ros

crim

es

cons

umad

os, e

m p

rincí

pio

não

have

rá d

ificu

ldad

es e

m t

ambé

m a

dmiti

r a

tent

ativ

a, d

esde

que

, na

tura

lmen

te,

este

jam

ver

ifica

dos

os p

ress

upos

tos

lega

is d

e pu

niçã

o de

um

a ta

l fo

rma

de a

pare

ci m

ento

da

infr

acçã

o,

desi

gnad

amen

te

o qu

antu

m

da

pena

ap

licáv

el

ao

crim

e co

nsum

ado

11

8 In

Com

entá

rio C

onim

bric

ense

..., T

omo

II, 1

182

(com

entá

rio a

o ar

t.° 3

00.°)

. 11

9 In

Com

entá

rio C

onim

bric

ense

...,

Tom

o II;

756

(co

men

tário

pré

vio

ao a

rt.°

262.

°) ,

ain

da

que,

com

o ta

mbé

m a

ssin

alám

os, v

enha

o a

utor

a d

istin

guir

um c

aso

e ou

tro p

ara

efei

to, v

.gr.,

de

adm

issi

bilid

ade

ou n

ão d

e te

ntat

iva.

Aliá

s, o

mes

mo

se p

oder

á di

zer

de H

ELEN

A M

ON

IZ,

ibid

em,

859

(com

entá

rio a

o ar

t.° 2

71.°)

. Id

êntic

a po

sição

fora

suf

raga

da e

m A

s "A

ssoc

ia-

ções

...".

.., 8

2.

Page 32: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

63

resp

ectiv

o (n

o ca

so d

o no

vo C

P. d

e C

abo

Ver

de, p

ena

supe

rior a

três

ano

s de

pris

ão -

art.

° 22

.°, n

.° 1)

. e

acre

scen

tam

os:

desd

e qu

e po

ssa

have

r te

ntat

iva,

no

exac

to s

entid

o de

a e

stru

tura

do

tipo

de c

rime,

pel

a de

scriç

ão

obje

ctiv

a da

con

duta

pro

ibid

a (e

/ou

do r

esul

tado

), pe

la c

onfig

uraç

ão

obje

ctiv

a do

tip

o, p

erm

itir

uma

refe

rênc

ia p

ara

que

se p

ossa

fal

ar e

m

«com

eço

de e

xecu

ção»

120 .

Só a

ssim

per

cebe

mos

(e/

ou p

orqu

e a

tent

ativ

a de

um

a da

s co

ndut

as s

e tra

duz

na c

onsu

maç

ão d

e ou

tra,

verif

ican

do-s

e,

pois

, um

cas

o de

con

curs

o de

nor

mas

) qu

e FI

GU

EIR

EDO

DIA

S ex

clua

a

puni

ção

da te

ntat

iva

de «

asso

ciaç

ão c

rimin

osa»

, ao

que

pare

ce, e

m to

das a

s m

odal

idad

es

de

acçã

o121 ,

send

o el

a pu

níve

l (p

ela

med

ida

da

pena

ap

licáv

el):

«...

quem

pra

tica

acto

s de

exe

cuçã

o co

m o

pro

pósi

to d

e pr

omov

er a

ass

ocia

ção

ou e

stá

já e

fect

ivam

ente

a p

rom

ovê-

la o

u a

leva

r a

cabo

mer

os a

ctos

pre

para

tório

s nã

o pu

níve

is. Q

uem

tent

a fa

zer

parte

... o

u ap

oiá-

la o

u es

tá já

efe

ctiv

amen

te a

apo

iá-la

, ou

a le

var a

cab

o m

eros

act

os

prep

arat

ório

s. Q

uem

ten

tar

chef

iar

ou d

irigi

r... é

seg

uram

ente

por

que

faz

parte

del

a, é

seu

mem

bro.

Que

m,

final

men

te,

prat

ica

acto

s de

exe

cuçã

o co

m o

pro

pósi

to d

e fu

ndar

um

a as

soci

ação

est

á já

a p

rom

ovê-

la.

Em

qual

quer

das

hip

ótes

es t

ípic

as p

orta

nto

não

há l

ugar

par

a um

a pu

niçã

o au

tóno

ma

da te

ntat

iva.

..»12

2 . 5.

16.2

. O

que

não

exc

lui

que

haja

que

m s

indi

que

a pr

ópria

leg

itim

ação

da

quel

a po

ssib

ilida

de (

de t

enta

tiva

e, p

or m

aior

ia d

e ra

zão,

de

acto

pr

epar

atór

io) a

par

tir d

e cr

itério

s com

o os

de

nece

ssid

ade

de in

terv

ençã

o do

di

reito

pen

al,

senã

o m

esm

o do

prin

cípi

o do

est

ado

de d

ireito

e s

eus

post

ulad

os e

m s

ede

de p

olíti

ca c

rimin

al12

3 . Pr

oble

ma

- e,

sob

rem

anei

ra,

12

0 Cf

r., p

ara

além

do

noss

o Cr

imes

de

empr

eend

imen

to...

, pa

rticu

larm

ente

86-

87 e

as

refe

rên-

ci

as b

iblio

gráf

icas

aí c

ontid

as; F

INCK

E, o

b. c

it., 4

6, a

utor

que

dist

ingu

e en

tre s

er p

ensá

vel e

ser

pu

níve

l a te

ntat

iva.

12

1 D

ifere

nte,

em

cer

ta m

edid

a, e

ra a

pos

ição

ass

umid

a a

resp

eito

em

As

"Ass

ocia

ções

..."..

..;

o au

tor

cons

ider

ava

duvi

dosa

a a

dmis

sibi

lidad

e de

ten

tativ

a pa

ra t

odas

as

mod

alid

ades

de

acçã

o (n

a «a

ssoc

iaçã

o cr

imin

osa»

), in

clin

ando

-se,

por

ém,

para

a p

osiç

ão -

dom

inan

te n

a ju

rispr

udên

cia

supr

ema

alem

ã -

que

a su

stent

ava

apen

as p

ara

o ca

so d

e «f

unda

r» (

n.°

1 do

art.

° 28

7.° d

o C

ódig

o de

198

2).

122

In C

omen

tário

Con

imbr

icen

se...

, Tom

o II,

117

0 (c

omen

tário

ao

art.°

299

.°).

123

Vej

a-se

, por

exe

mpl

o, JE

SCH

ECK

, ob.

cit.

, 2.°

Vol

ume,

713

(Leh

rbuc

h...,

472

).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

64

uma

even

tual

crít

ica

a um

a ta

l pos

tura

de

redu

ção

tele

ológ

ica

do â

mbi

to d

a in

crim

inaç

ão

naqu

eles

co

ncre

tos

caso

s qu

e re

cortá

mos

-

que,

co

mpr

eens

ivel

men

te, n

ão c

abe

apro

fund

ar n

este

s tex

tos.

5.17

. A

ctos

pr

epar

atór

ios

exce

pcio

nalm

ente

pu

níve

is

são

crim

es

públ

icos

(art

.° 38

0.°)

U

ma

pala

vra

final

: o C

ódig

o Pe

nal d

e 20

04 ,

no s

eu ú

ltim

o ar

tigo

(380

.°),

defin

e co

mo

crim

es p

úblic

os o

s ac

tos

prep

arat

ório

s ex

cepc

iona

lmen

te

puní

veis

. O q

ue s

e co

mpr

eend

e fa

cilm

ente

, dad

a a

natu

reza

dos

inte

ress

es

em c

ausa

que

just

ifica

um

tal a

larg

amen

to d

a pu

nibi

lidad

e.

Leitu

ra p

artic

ular

men

te re

com

enda

da p

ara

a m

atér

ia e

xpos

ta e

m 5

. - J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Crim

es d

e em

pree

ndim

ento

..., 7

8-88

; - F

IGU

EIR

EDO

DIA

S, F

orm

as e

spec

iais

; -

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

As

«Ass

ocia

ções

Cri

min

osas

» no

Cód

igo

Pena

l po

rtug

uês

de 1

982

(Art

s. 28

7°e2

88.°)

, Coi

mbr

a Ed

itora

, 198

8, 2

6-31

e 6

7-72

.

Page 33: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

65

6. A

ten

tativ

a e

a de

sist

ênci

a e

o ar

repe

ndim

ento

act

ivo

no n

ovo

Cód

igo

Pena

l: ap

enas

alg

uns a

spec

tos

6. l.

Não

aut

onom

izaç

ão d

a fig

ura

da fr

ustr

ação

U

m p

rimei

ro a

spec

to a

sal

ient

ar d

a no

va re

gula

men

taçã

o da

tent

ativ

a (a

rt.°

21.°)

é a

não

aut

onom

izaç

ão d

a fig

ura

da fr

ustr

ação

, com

o vi

nha

no v

elho

C

ódig

o de

188

6 (a

rt.°

10.°)

, na

base

de

uma

dife

rent

e va

lora

ção

obje

ctiv

a en

tre u

ma

e ou

tra fi

gura

. De

acor

do c

om o

nov

o C

ódig

o, h

á te

ntat

iva

desd

e qu

e o

agen

te p

ratiq

ue a

ctos

de

exec

ução

(um

que

sej

a), c

om d

olo,

e n

ão

cheg

ue a

hav

er c

onsu

maç

ão.

Nes

te p

orm

enor

, o

Cód

igo

acol

heu

a pr

opos

ta q

ue f

azía

mos

nos

«Ter

mos

de

R

efer

ênci

a...»

124

e qu

e ve

m

igua

lmen

te

corp

oriz

ada

no

Ant

epro

ject

o. E

nqua

nto

cate

goria

dog

mát

ica

autó

nom

a, a

fru

stra

ção

- a

«ten

tativ

a ac

abad

a» -

ape

nas

se ju

stifi

cava

por

raz

ões

de e

strit

a or

dem

de

«...

hipe

r-lo

gici

smo»

dos

Cód

igos

latin

os o

itoce

n-tis

tas12

5 . O q

ue n

ão q

uer

dize

r que

seja

irre

leva

nte,

que

não

tenh

a di

fere

ntes

con

sequ

ênci

as ju

rídic

as,

o fa

cto

de te

r hav

ido

ou n

ão a

prá

tica

de to

dos

os a

ctos

de

exec

ução

de

um

crim

e. C

omo

vere

mos

mai

s ad

iant

e, h

á re

levâ

ncia

em

term

os d

o re

gim

e de

«d

esis

tênc

ia»

(art.

° 24

.°),

sem

pôr

de

lado

a p

ossi

bilid

ade,

ava

liada

em

co

ncre

to,

de a

circ

unst

ânci

a se

r tid

a em

con

ta n

a fix

ação

da

med

ida

conc

reta

da

pena

, ain

da q

ue, n

este

asp

ecto

, o C

P. d

e C

abo

Ver

de n

ão s

eja

tão

clar

o co

mo

o é,

por

exe

mpl

o, o

Cód

igo

espa

nhol

, no

seu

artig

o 62

126 .

6.

2. O

dol

o co

mo

elem

ento

subj

ectiv

o da

tent

ativ

a O

Cód

igo

Pena

l de

200

4, n

o ar

t.° 2

1.°,

defin

e a

tent

ativ

a. D

esde

log

o,

inte

grou

na

noçã

o o

elem

ento

dol

o, e

xplic

itam

ente

. Pr

ocur

ouse

, as

sim

, re

jeita

r cl

aram

ente

qua

lque

r co

ncep

ção

que

aind

a vi

sse

na i

licitu

de d

o cr

ime

tent

ado

apen

as o

per

igo

que

a ac

ção

cria

par

a be

ns j

uríd

icos

pr

oteg

idos

, e,

por

tant

o, c

ompa

tível

com

a c

onfig

uraç

ão d

e te

ntat

ivas

de

12

4 JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, «Te

rmos

de r

efer

ênci

a... 3

5.

125

Cfr.

FARI

A C

OST

A,

«For

mas

...»,

loc

. ci

t., 1

61;

JORG

E CA

RLO

S FO

NSE

CA,

Refo

rmas

Pe

nais

..., 5

7 e

nota

71,

com

indi

caçã

o bi

blio

gráf

ica.

12

6 Cf

r. M

UN

OZ

CON

DE/

GA

RCIA

ARÁ

N, o

b. ci

t., 4

37.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

66

crim

es n

eglig

ente

s, co

mo,

por

exe

mpl

o, d

efen

dia

em P

ortu

gal E

DU

AR

DO

C

OR

REI

A12

7 . El

emen

to s

ubje

ctiv

o qu

e, i

gual

men

te,

tem

a u

tilid

ade

de

serv

ir de

sup

orte

ou

de m

eio

inte

grad

or p

ara

uma

corr

ecta

com

pree

nsão

do

sent

ido

que

é da

do a

os a

ctos

de

exec

ução

, no

seu

conf

ront

o co

m a

ctos

de

prep

araç

ão (

o cr

itério

do

«pla

no c

oncr

eto

do a

gent

e»),

parti

cula

rmen

te

quan

do s

e re

fere

à s

ua d

efin

ição

enq

uant

o «a

ctos

idón

eos

à pr

oduç

ão d

o re

sulta

do t

ípic

o» o

u «o

s qu

e, s

egun

do a

exp

eriê

ncia

com

um e

sal

vo

circ

unst

ânci

as i

mpr

evis

ívei

s, sã

o de

nat

urez

a a

faze

r es

pera

r qu

e se

lhe

s si

gam

act

os d

as e

spéc

ies i

ndic

adas

nas

alín

eas a

nter

iore

s»12

8 . 6.

3. O

que

são

acto

s de

exec

ução

(art

.° 21

.°, n

.° 2)

C

omo

já s

e de

ixou

ant

ever

, o C

R, n

o n.

° 2

do m

esm

o ar

t.° 2

1.°,

e em

três

al

ínea

s, de

fine

o qu

e sã

o ac

tos

de e

xecu

ção.

Fá-

lo c

om b

ase

em c

ritér

ios

ineq

uivo

cam

ente

ob

ject

ivos

, at

ravé

s de

rmul

as

que,

no

es

senc

ial,

corr

espo

ndem

aos

crit

ério

s um

pou

co g

ener

aliz

adam

ente

con

heci

dos

com

o fo

rmal

-obj

ectiv

o (a

) - «

os q

ue c

orre

spon

dem

, num

ou

nalg

uns

elem

ento

s, à

desc

rição

do

tipo

de c

rime»

- , e

mat

eria

l-obj

ectiv

o e

que,

no

caso

da

alín

ea

c), r

epre

sent

am a

ada

ptaç

ão, n

uma

com

pree

nsão

já n

ão n

atur

alís

tica,

mas

, si

m,

soci

al o

u de

apa

rênc

ia c

omum

da

vida

, do

con

heci

do c

ritér

io d

e FR

AN

K, s

egui

do p

elo

Supr

emo

Trib

unal

ale

mão

, seg

undo

o q

ual h

aver

ia

aind

a co

meç

o de

exe

cuçã

o «.

.. em

toda

a a

ctiv

idad

e qu

e, e

m v

irtud

e da

sua

ne

cess

ária

con

exão

à a

cção

típ

ica

apar

ece,

a u

ma

cons

ider

ação

nat

ural

, co

mo

sua

parte

inte

gran

te...

»129 .

6.4.

A c

ham

ada

tent

ativ

a in

idón

ea o

u im

poss

ível

. O c

rim

e pu

tativ

o 6.

4.1.

No

art.°

23.

°, o

novo

Cód

igo

Pena

l, so

b a

epíg

rafe

«In

idon

eida

de d

o m

eio

e ca

rênc

ia d

o ob

ject

o», o

cupa

-se

do q

ue, t

radi

cion

alm

ente

, se

cham

a

127

Dire

ito C

rimin

al,

II, 2

31-2

32,

cons

ider

ando

, al

iás,

que

a in

tenç

ão s

eria

«...

pur

a e

simpl

es-

men

te u

ma

cond

ição

ext

erna

da

sua

puni

bilid

ade»

(251

). 12

8 Cf

r. JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Cr

imes

de

empr

eend

imen

to...

, 93

-94

e no

tas

71 a

75;

M

anue

l CO

RTES

RO

SA, A

tent

ativ

a no

nov

o Có

digo

Pen

al, c

onfe

rênc

ia p

rofe

rida

na F

acul

dade

de

Dire

ito d

e Li

sboa

, em

12

de A

bril

de 1

985,

não

pub

licad

a.

129

Das

Stra

fges

etzb

uch.

.., 8

3. 5

8 e

Page 34: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

67

«ten

tativ

a in

idón

ea»

ou «

tent

ativ

a im

poss

ível

». D

iz o

dis

posi

tivo

que

«Não

é

puní

vel

a te

ntat

iva

quan

do f

or m

anife

sta

a in

idon

eida

de d

o m

eio

empr

egad

o pe

lo

agen

te

ou

a in

exis

tênc

ia

do

obje

cto

esse

ncia

l à

cons

umaç

ão d

a in

frac

ção»

. Seg

uind

o o

que,

sum

aria

men

te, d

isse

mos

em

Re

form

as P

enai

s...13

0 , tra

ta-s

e de

um

a so

luçã

o qu

e se

com

pree

nde

aind

a no

qu

adro

de

uma

cons

truçã

o un

itária

e o

bjec

tiva

da f

igur

a da

tent

ativ

a, q

ue

clar

amen

te d

eixa

fora

(e a

pena

s de

ixa

de fo

ra à

par

tida)

da

puni

bilid

ade

os

caso

s de

cham

ada

tent

ativ

a ir

real

ou

supe

rstic

iosa

. Com

pree

nsão

faci

litad

a pe

la p

rópr

ia f

orm

ulaç

ão d

o di

spos

itivo

, ao

refe

rir-s

e a

«pun

ibili

dade

» da

te

ntat

iva

e a

caso

s de

«nã

o pu

nibi

lidad

e», d

ifere

ntem

ente

, por

exe

mpl

o, d

o qu

e ac

onte

cia

com

o P

roje

cto

de E

DU

AR

DO

CO

RR

EIA

, que

diz

ia, n

o §

únic

o do

art.

° 22

.°, q

ue «

A in

idon

eida

de d

o m

eio

empr

egad

o ou

a c

arên

cia

do o

bjec

to s

ó ex

clue

m a

ten

tativ

a qu

ando

sej

am a

pare

ntes

» (s

ublin

hado

s no

ssos

). D

eve

dize

r-se

, no

ent

anto

, qu

e nã

o fo

i re

tida

a fo

rmul

ação

do

Proj

ecto

de

1963

na

vers

ão d

o C

ódig

o po

rtugu

ês d

e 19

82, n

em n

as v

ersõ

es

segu

inte

s at

é ho

je,

as q

uais

são

afin

s da

que

foi

con

sagr

ada

no n

osso

C

ódig

o.

6.4.

2. C

once

pção

trib

utár

ia d

a ch

amad

a «t

eori

a da

impr

essã

Um

a co

ncep

ção

mar

cada

pel

o pe

nsam

ento

da

adeq

uaçã

o e

atra

vess

ada

por

um c

once

ito d

e pe

rigo,

afe

rido

por u

m ju

ízo

ex-a

nte

que

rele

va d

a id

eia

de

uma

aptid

ão d

e de

term

inad

os a

ctos

par

a ge

rar u

m se

ntim

ento

, rec

onhe

cíve

l pe

la g

ener

alid

ade

das

pess

oas,

de p

ertu

rbaç

ão d

a co

mun

idad

e so

cial

, em

úl

tima

anál

ise,

a p

orta

dora

dos

ben

s ju

rídic

os q

ue,

dess

e m

odo,

sur

gem

am

eaça

dos13

1 . A o

pção

pel

a ex

pres

são

«man

ifest

a» a

pont

a pa

ra q

ue, n

ão

13

0 no

tas 7

2 e

73.

131

Sobr

e es

ta c

once

pção

no

C.R

portu

guês

de

1982

(e

que

é re

tom

ada

no a

ctua

l có

digo

), e

seu

conf

ront

o co

m a

pro

posta

cor

resp

onde

nte

no P

roje

cto

de E

duar

do C

orre

ia,

veja

-se

JOR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, C

rimes

de

empr

eend

imen

to...

, 92

a 1

04.

Sobr

e a

expl

icaç

ão «

juríd

ico-

axio

lógi

ca»

da p

unib

ilida

de d

e al

guns

cas

os d

e «t

enta

tiva

impo

ssív

el»,

vej

a-se

FA

RIA

CO

STA

, Te

ntaí

iua

e do

lo e

vent

ual (

Ou

da re

levâ

ncia

da

nega

ção

em d

ireito

pen

al),

Coim

bra,

1995

, 59

ss..

No

gera

l, so

bre

a ch

amad

a te

oria

da

impr

essã

o («

Eind

ruck

sthe

orie

»), v

eja-

se H

OR

N, «

Der

Ver

such

-

Begr

undu

ng e

iner

obj

ektiv

èn V

ersu

chsth

eorie

im

Hin

blic

k au

f em

piris

che

Psyc

holo

gie

und

Phys

opsy

chol

ogie

», in

ZSt

W, 2

0, 1

900,

o q

ual,

refe

rindo

-se

à no

ção

de p

erig

o de

v.L

iszt

(«ei

ne

retro

spek

tive

Gef

ãhrli

chke

it»),

afirm

a qu

e «.

.. es

ble

ibt

nur..

. de

r un

mitt

elba

re e

lem

enta

re

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

68

cont

endo

, em

si,

os a

ctos

pra

ticad

os p

elo

agen

te u

m p

erig

o re

al p

ara

o be

m

juríd

ico

prot

egid

o (o

s m

eios

util

izad

os s

ão i

napt

os p

ara

a co

nsec

ução

do

obje

ctiv

o qu

e te

m e

m v

ista

; in

exis

te o

obj

ecto

no

qual

se

pode

ria

mat

eria

lizar

a v

onta

de c

rimin

osa

do a

utor

), de

um

a pe

rspe

ctiv

a da

sua

«a

parê

ncia

», n

o m

omen

to e

m q

ue s

ão l

evad

os a

cab

o, e

em

ter

mos

de

norm

alid

ade

das

situ

açõe

s da

vid

a e

da e

xper

iênc

ia c

omun

s, se

jam

vis

tos

ou t

idos

com

o po

rtado

res

do p

erig

o qu

e ef

ectiv

amen

te n

ão c

ompo

rtam

. C

ontin

uand

o, o

ra, a

seg

uir o

nos

so C

rim

es d

e em

pree

ndim

ento

...13

2 , apo

nta

a qu

alifi

caçã

o lim

itado

ra d

o âm

bito

da

puni

bilid

ade

de t

ais

acto

s de

te

ntat

iva

para

a id

eia

de u

m p

erig

o qu

e, e

mbo

ra a

pare

nte,

sej

a su

scep

tível

de

, na

s co

ndiç

ões

atrá

s re

ferid

as,

«cau

sar

alar

me

e in

tranq

uilid

ade

soci

al...

»133 ,

fund

amen

-tand

o-se

, as

sim

, a

puni

ção

do a

gent

e. I

deia

que

ar

ranc

a do

arg

umen

to d

e qu

e nã

o se

rve

para

o d

ireito

pen

al u

ma

noçã

o na

tura

lístic

a de

per

igo,

inca

paz

de s

e su

sten

tar,

já q

ue a

não

ver

ifica

ção

do

resu

ltado

pro

varia

just

amen

te q

ue a

con

duta

leva

da a

cab

o...

nunc

a pô

s em

pe

rigo

a le

são

do b

em ju

rídic

o, m

as a

pena

s um

a no

ção

que

tenh

a «.

.. um

se

ntid

o co

rres

pond

ente

à c

ausa

lidad

e no

rmat

iva

ou a

dequ

ada.

..», c

onfo

rme

sust

ento

u in

varia

velm

ente

, por

exe

mpl

o, E

DU

AR

DO

CO

RR

EIA

(aut

or d

o Pr

ojec

to d

e C

P. p

ortu

guês

, de

1963

)134 , n

o qu

e, e

m e

ssên

cia,

é tr

ibut

ário

do

conc

eito

de

perig

o fo

rmul

ado

por

v. L

ISZT

e s

e ap

roxi

ma

da c

ham

ada

teor

ia o

bjec

tiva-

subj

ectiv

a da

im

pres

são

(Ein

druc

ksth

eori

e),

que,

ent

re

Ei

ndru

ck,

den

die

Tat

ais

solc

he a

uch

nach

ihr

em M

issl

inge

n m

acht

, de

r Ei

ndru

ck d

er

Beun

ruhi

gung

..., d

er a

uf d

er R

efle

xion

ber

uht,

dass

sie

hãt

te g

elin

gen

kónn

en»(

342)

; RU

DO

LPH

I/ H

ORN

/SA

MSO

N, i

n SK

zum

StC

B, I

, A.T

., 3a

ed.

ref

undi

da, F

ranf

urt a

m M

ain,

198

4, §

22,

7;

num

a pe

rspe

ctiv

a cr

ítica

, cfr.

ALW

ART

, Stra

fwúr

dige

s Ve

rsuc

hen,

Dun

cker

§ H

umbl

ot, B

erlin

, 19

81, 2

08 ss

.; H

EIN

TSCH

EL-H

EIN

EGG

, «V

ersu

ch u

nd R

úckt

ritt»

, in

ZStW

109

(199

7), H

.l, 3

7 ss

.. 13

2 Jo

ão d

e CA

STRO

NEV

ES c

onsid

era

não

cons

titui

r a fo

rmul

ação

equ

ival

ente

do

CP. p

ortu

guês

de

1982

um

a cl

ara

excl

usão

da

puni

bilid

ade

da t

enta

tiva

irrea

l (S

entid

o, l

imite

s e

puni

bilid

ade

da

tent

ativ

a in

idón

ea n

o no

vo C

ódig

o Pe

nal P

ortu

guês

, tex

to d

actil

ogra

fado

, Lisb

oa, 1

985,

78

ss.).

13

3 ED

UA

RDO

CO

RREI

A,

in A

ctas

das

Ses

sões

da

Com

issão

Rev

isora

do

Códi

go P

enal

, Pa

rte

Ger

al, I

Vol

ume,

AA

FDL,

Lis

boa,

s/d,

177

. 13

4 ED

UA

RDO

CO

RREI

A,

«Ele

men

tos

para

o e

studo

da

tent

ativ

a»,

in D

ireito

Crim

ina!

- /

- Te

ntat

iva e

Fru

straç

ão. I

I - C

ompa

rticip

ação

crim

inos

a. II

I - P

ena

conj

unta

e p

ena

unitá

ria, C

olec

- çã

o St

udiu

m, A

rmén

io A

mad

o - E

dito

r, C

oim

bra,

195

3, 4

1.

Page 35: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

69

outro

s, H

OR

N e

labo

rou

e, a

inda

hoj

e, p

artic

ular

men

te n

a A

lem

anha

, é

adop

tada

por

um

núm

ero

sign

ifica

tivo

e cr

esce

nte

de a

utor

es13

5 . 6.

4.3.

Con

cepç

ão q

ue s

e af

asta

, po

r um

lad

o, d

e co

ncep

ções

sub

ject

ivas

(a

fast

ando

, co

mo

diss

emos

, os

cas

os d

e te

ntat

iva

supe

rstic

iosa

ou

irrea

l, co

mo,

por

exe

mpl

o, q

uere

r m

atar

out

ra p

esso

a at

ra v

és d

e co

njur

a co

m o

de

món

io o

u po

r «co

rda»

136 ),

e, p

or o

utro

lado

, de

uma

qual

quer

con

cepç

ão

dual

ístic

a, à

man

eira

de

SCH

MID

USE

R13

7 , e

que

igua

lmen

te n

ão

corr

espo

nde

já à

dis

tinçã

o en

tre o

abs

olut

o e

o re

lativ

o da

inid

onei

dade

da

tent

ativ

a. E

sta

dist

inçã

o, p

rópr

ia d

as o

rigin

ária

s te

oria

s ob

ject

ivas

(de

que

FE

UER

BA

CH

é r

epre

sent

ante

prim

eiro

, e

que

pare

ce e

mer

gir

da f

orm

a co

mo

é re

ferid

o o

prob

lem

a no

Rel

atór

io d

a Pr

opos

ta d

e Le

i da

Nov

a R

efor

ma

Pena

l, de

188

4)13

8 , era

ado

ptad

a m

uita

s ve

zes

pela

juris

prud

ênci

a po

rtugu

esa

no d

omín

io d

o C

ódig

o de

188

6139 , é

ain

da, d

e al

gum

a fo

rma

e

135

Para

al

ém

dos

auto

res

cita

dos

em

Crim

es

de

empr

eend

imen

to...

, ve

ja-s

e,

por

exem

plo,

R

OX

IN, q

ue d

iz q

ue a

teor

ia d

a im

pres

são

pode

até

torn

ar-s

e «f

rutu

osa

para

a d

elim

itaçã

o de

ac

tos

prep

arat

ório

s e

tent

ativ

a, n

a m

edid

a em

que

a a

gres

são

da e

sfer

a da

víti

ma,

per

turb

ador

a da

paz

jur

ídic

a, s

urge

com

o el

emen

to n

eces

sário

da

acçã

o de

exe

cuçã

o...»

- «

Res

oluç

ão d

o fa

cto

e co

meç

o da

exe

cuçã

o na

tent

ativ

a», i

n Pr

oble

mas

Fun

dam

enta

is...,

306

; SA

NTI

AG

O M

IR

PUIG

, Der

echo

Pen

al...

, 346

-348

, aut

or q

ue c

onsid

era

que

a ob

ject

ivid

ade

que

o ac

tual

Cód

igo

exig

e pa

ra o

s ac

tos

de e

xecu

ção

«...

solo

pue

de e

nten

ders

e en

el s

entid

o de

inte

rsub

jetiu

idad

que

su

pone

el c

ritér

io d

ei h

ombr

e m

édio

situ

ado

ex a

nte.

..» (3

47).

136

Já a

exi

stên

cia

de d

olo

seria

dis

cutív

el;

no e

ntan

to,

o em

preg

o de

mét

odos

mág

icos

ou

anál

ogos

«...

não

pod

eria

des

perta

r ne

nhum

tipo

de

impr

essã

o na

com

unid

ade.

..», p

ara

cita

r- m

os JE

SCH

ECK

(ob.

cit.

, 2.°

Vol

ume,

729

; Leh

rbuc

h...,

480

). Cr

emos

nós

...

137

Stra

frech

t...,

353

ss..

Para

um

a re

ferê

ncia

crít

ica

a es

te a

utor

e s

ua p

osiç

ão,

cfr.

o no

sso

Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

, not

a 95

, 102

-103

. 13

8 Cf

r. JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Cr

imes

de

empr

eend

imen

to...

, 10

3-10

4, e

not

a 96

. N

o m

enci

onad

o Re

lató

rio, p

ropu

gnav

a-se

dei

xar-s

e ao

pru

dent

e ar

bítri

o do

s tri

buna

is a

reso

luçã

o do

s di

vers

os c

asos

suje

itos a

o se

u ex

ame.

Vej

a-se

com

o se

ent

endi

a qu

e o

«bom

sen

so»

e a

«sab

edor

ia»

dos

juíz

es e

ram

cap

azes

de

reso

lver

com

faci

lidad

e es

tes

caso

s. «.

.. Se

um

hom

em te

ntar

ass

assi-

na

r um

seu

inim

igo,

que

sup

onha

esta

r dor

min

do, e

dep

ois

se v

erifi

cass

e qu

e es

te ti

nha

mor

rido

de

cong

estã

o ce

rebr

al s

eis

hora

s an

tes..

. nen

hum

juiz

cla

ssifi

caria

o a

cto

de te

ntat

iva

de h

omic

ídio

...

se u

ma

quad

rilha

de

ladr

ões

tent

ar ro

ubar

o d

inhe

iro e

m c

ofre

de

uma

rece

bedo

ria, e

dep

ois

se

prov

ar q

ue n

o di

a an

terio

r o d

inhe

iro ti

nha

sido

trans

ferid

o...

os tr

ibun

ais i

ncrim

inar

ão o

act

o co

mo

tent

ativ

a de

roub

o...»

- in

R.L

.J.,

18.°

ano,

3-1

0-18

85, n

.° 90

2, 2

75.

139

Veja

-se u

ma

relaç

ão e

lucid

ativa

na

nota

96,

103,

de

JORG

E CA

RLO

S FO

NSE

CA,

Crim

es d

e em

pree

ndim

ento

.... C

fr., a

inda

, TER

ESA

PIZ

ARR

O B

ELEZ

A, D

ireito

Pen

al, 2

.° V

olum

e, co

m im

por-

tant

es d

ados

sobr

e a

posiç

ão d

o ST

J ao

tem

po d

o Có

digo

de

1886

(par

ticul

arm

ente

367

-370

).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

70

com

hes

itaçõ

es, p

rese

nte

em c

erto

s se

ctor

es d

outri

nário

s po

rtugu

eses

140 e

é

a qu

e re

sulta

, por

exe

mpl

o, d

a le

gisl

ação

bra

sile

ira a

ctua

l141 .

6.4.

4. O

cri

téri

o qu

e di

stin

gue

entr

e a

inid

onei

dade

abs

olut

a e

rela

tiva:

di

ficul

dade

s 6.

4.4.

1. O

fac

to é

que

um

a an

ális

e da

dou

trina

e d

a ju

rispr

udên

cia

bras

ileira

s se

mos

tra e

luci

dativ

a da

s difi

culd

ades

que

um

tal c

ritér

io c

oloc

a.

ZAFF

AR

ON

I/PIE

RA

NG

ELI,

por

exem

plo,

diz

em-n

os q

ue «

... a

cont

ece

que,

em

toda

s as

tent

ativ

as, o

s m

eios

aca

bara

m p

or m

ostra

r-se

inid

ôneo

s pa

ra p

rodu

zir

o re

sulta

do, p

orqu

e, d

e co

ntrá

rio, o

fato

não

teria

fic

ado

em

grau

de

te

ntat

iva.

..».

E ac

abam

po

r da

r ex

empl

os.,

de

tent

ativ

as

supe

rstic

iosa

s pa

ra j

ustif

icar

a n

ão p

unib

ilida

de d

e ce

rtas

situ

açõe

s qu

e co

nsid

eram

abr

angi

das

pela

pre

visã

o le

gal (

«...

tal c

omo

quer

er e

nven

enar

co

m

açúc

ar,

com

m

eio

supe

rstic

ioso

, de

mol

ir um

ed

ifíci

o co

m

alfin

etes

...»)

, já

que

parte

m d

a id

eia

de q

ue a

dife

renç

a en

tre u

ma

tent

ativ

a

14

0 V

eja-s

e, po

r ex

empl

o,

CAV

ALE

IRO

D

E FE

RREI

RA,

Liçõ

es...,

I,

271-

272;

G

ERM

AN

O

MA

RQU

ES D

A S

ILV

A,

Dire

ito P

enal

...,

II, 2

54-2

55 (

«...

só h

aver

á um

des

valo

r na

ten

tativ

a re

lativ

amen

te i

nidó

nea;

por

sua

vez

, ne

sta,

o d

esva

lor

do r

esul

tado

pro

nunc

iar-

se-á

sob

re a

re

lativ

a im

poss

ibili

dade

de

ofen

der

o be

m p

rote

gido

» (2

55);

MIG

UEL

PED

ROSA

MA

CHA

DO

, Fo

rmas

do

Cri

me,

Tex

tos D

iver

sos,

Prin

cipi

a, C

asca

is, 1

998,

27

ss..

141

O C

ódig

o Pe

nal

bras

ileiro

disp

õe,

no a

rt. 1

7, q

ue n

ão s

e pu

ne a

ten

tativ

a «q

uand

o, p

or

inef

icác

ia a

bsol

uta

do m

eio

ou p

or a

bsol

uta

impr

oprie

dade

do

obje

to, é

impo

ssív

el c

onsu

mar

- se

o c

rime»

.

N

uma

abor

dage

m d

ifere

nte,

atra

vess

ada

visiv

elm

ente

por

crit

ério

s pr

óxim

os d

os d

a te

oria

da

impr

essã

o, v

eja-

se M

UN

ÕZ

CON

DE,

Teo

ria G

eral

...,

186-

188,

ain

da q

ue, c

once

ptua

lmen

te,

iden

tifiq

ue te

ntat

iva

irrea

l e te

ntat

iva

abso

luta

men

te in

idón

ea.

ZAFF

AR

ON

I, no

utro

loca

l, cr

itica

ndo

a so

luçã

o co

ntid

a no

art.

44

do C

P. a

rgen

tino,

e n

um

esfo

rço

de i

nter

pret

ação

con

form

e co

m a

Con

stitu

ição

, ac

aba

por

apen

as i

nclu

ir na

ten

tativ

a pu

níve

l (e,

por

tant

o, n

ão a

pare

nte)

os

caso

s em

que

«...

el m

édio

ex

ante

fue

idón

eo y

hub

o pe

ligro

, y e

x po

st no

se

com

prue

ba n

ingu

na im

posib

ilida

d ab

solu

ta d

e co

nsum

ado.

..» (

Der

echo

Pe

nal..

, 79

8).

Mas

tra

ta-s

e de

um

a so

luçã

o in

terp

reta

tiva

que

não

ultra

pass

a as

difi

culd

ades

ap

onta

das.

Qua

ndo

é qu

e se

não

com

prov

a qu

e ha

via

abso

luta

impo

ssib

ilida

de d

e co

nsum

ação

? E

o qu

e é

a ab

solu

ta im

poss

ibili

dade

? N

ão s

erão

todo

s os

cas

os...

de in

idon

eida

de d

o m

eio

ou d

e ca

rênc

ia d

o ob

ject

o?

Page 36: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

71

idón

ea e

um

a in

idón

ea e

stá

«...

em q

ue,

na s

egun

da,

o er

ro é

gro

ssei

ro,

tosc

o...»

142 .

6.4.

4.2.

Out

ro a

utor

bra

sile

iro,

REN

É A

RIE

L D

OTT

I, fa

z re

ferê

ncia

a

juris

prud

ênci

a br

asile

ira v

ária

, m

as t

oda

ela

mar

cada

pel

as d

ificu

ldad

es

acim

a re

corta

das d

e de

finir

um c

ritér

io ri

goro

so n

a de

limita

ção

do a

bsol

uto

e do

rela

tivo

na in

idon

eida

de d

o m

eio

e/ou

na

«im

prop

rieda

de»

do o

bjec

to

(p.e

., qu

ando

se

cons

ider

a «c

rime

impo

ssív

el, p

ela

ausê

ncia

do

obje

to»

a hi

póte

ses

em q

ue s

e «.

.. pr

eten

de s

ubtra

ir, e

spec

ifica

men

te,

dinh

eiro

a

pess

oa q

ue, e

ntre

tant

o, n

ão o

pos

suía

e s

e co

nsid

era

impr

oprie

dade

rela

tiva

do o

bjec

to «

... q

uand

o o

pung

uist

a te

nta

bate

r a

carte

ira q

ue e

stav

a em

ou

tro b

olso

do

pale

tó d

a ví

tima»

)143 .

6.4.

5. D

eve

dize

r-se

, ain

da, q

ue a

con

cepç

ão s

ubja

cent

e à

solu

ção

cont

ida

no n

osso

CP.

não

suf

raga

a c

onhe

cida

teo

ria d

a «t

ipic

idad

e de

feitu

osa»

Man

gel a

m T

atbe

stan

d»),

já q

ue a

pre

visã

o co

ntid

a no

cita

do a

rt.°

23.°

se

inco

mpa

tibili

za c

om a

idei

a de

que

um

a te

ntat

iva

puní

vel a

pena

s é

de s

e af

irmar

qu

ando

fa

lta

(e

falta

) «a

pa

rte...

fin

al

do

tipo»

Tatb

esta

ndss

chlu

sstú

ck»)

, ou,

de

outra

man

eira

, que

a p

unib

ilida

de é

de

reje

itar

por

falta

de

um d

aque

les

elem

ento

s do

tip

o qu

e nã

o es

tão

em

rela

ção

caus

al c

om a

acç

ão d

o su

jeito

act

ivo14

4 . Dito

ain

da d

e ou

tra fo

rma,

14

2 M

anua

l.., 7

09. C

fr., a

inda

, no

dire

ito b

rasil

eiro

, e n

um se

ntid

o id

êntic

o, C

EZA

R B

ITEN

COU

RT,

Man

ual d

e D

ireito

Pen

al, P

arte

Ger

al, 5

.a edi

ção,

Edi

tora

Rev

ista

dos

Trib

unai

s, Sã

o Pa

ulo,

199

9,

418-

419(

idên

tica

posiç

ão m

anté

m e

m T

rata

do...

, 1.°

Vol

ume,

373

-374

). 14

3 Cu

rso.

.,. 32

8 ss

..; C

fr., a

inda

, Lui

z RE

G1S

PRA

DO

, Cur

so d

e D

ireito

Pen

al b

rasil

eiro,

Vol

ume

1 -

Parte

Ger

al, 4

.a edi

ção,

Edi

tora

revi

sta d

os T

ribun

ais,

São

Paul

o, 2

004,

439

ss..

De

algu

ma

form

a tri

butá

ria d

e um

a ta

l co

ncep

ção

que

proc

ura

disti

ngui

r a

tent

ativ

a ab

solu

tam

ente

ini

dóne

a da

re

lativ

amen

te in

idón

ea é

a p

osiç

ão d

e A

dolf

MER

KEL

, ain

da q

ue m

uita

s ve

zes

pare

ça d

estil

ar

crité

rio a

fim d

o qu

e co

nsid

erám

os ju

stific

ar a

solu

ção

lega

l em

Cab

o V

erde

. Na

verd

ade,

diz

que

«.

.. se

deb

en e

stim

ar c

omo

idón

eas

aque

llas

acci

ones

enc

amin

adas

a l

a re

aliz

ació

n de

la

reso

luci

ón c

rimin

al, l

as c

uale

s, po

r sus

car

acte

res

gene

rale

s y

en c

ircun

stanc

ias

cono

cida

s po

r el

ag

ente

, pue

den

apar

ecer

ant

e un

a in

telig

ênci

a sa

na y

rect

a co

mo

adec

uada

s par

a lle

var a

cab

o la

re

aliz

ació

n di

cha.

..».

Mas

, no

ent

anto

, M

ERK

EL c

onsid

era-

as...

idó

neas

e,

não,

rel

ativ

amen

te

inid

ónea

s ou

ini

dóne

as p

unív

eis

(Der

echo

Pen

al -

Par

te G

ener

al,

Júlio

Cés

ar F

aira

Edi

tor,

Bue

nos A

res,

2004

, 131

-133

). 14

4 Cf

r. JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Crim

es d

e em

pree

ndim

ento

..., 1

03-1

04, e

not

a 97

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

72

a te

ntat

iva

impo

ssív

el n

ão s

eria

pun

ível

qua

ndo,

par

a al

ém d

e se

não

re

aliz

ar o

eve

nto,

fal

tass

e a

prio

ri u

m e

lem

ento

per

tenc

ente

ao

tipo

(o

agen

te te

nta

subt

rair

cois

a su

a ou

mat

ar u

m c

adáv

er).

As

cons

equê

ncia

s da

ap

licaç

ão d

este

crit

ério

ser

iam

ina

ceitá

veis

. E

cita

mos

FIG

UEI

RED

O

DIA

S: «

... s

e o

ladr

ão m

ete

a m

ão n

o bo

lso

onde

não

est

á a

carte

ira q

ue

dese

ja f

urta

r -

tent

ativ

a pu

níve

l; se

ele

sub

trai

uma

cois

a na

err

ónea

co

nvic

ção

de q

ue é

alh

eia

- ten

tativ

a nã

o pu

níve

l! O

uso

de

mei

o in

idón

eo

cond

uzirá

a u

ma

tent

ativ

a pu

níve

l nos

cas

os e

m q

ue...

o ti

po n

ão li

mita

os

mei

os; m

as já

con

duzi

rá a

um

a te

ntat

iva

não

puní

vel n

o ca

so...

em

que

o

tipo

os li

mita

»145 .

6.4.

6. U

ma

conc

epçã

o nã

o is

enta

de

criti

cas

Tudo

o q

ue n

ão e

xclu

i que

a s

oluç

ão le

gal c

abo-

verd

iana

, cen

trada

num

a co

ncep

ção

de a

parê

ncia

de

perig

o pa

ra b

ens

juríd

icos

, de

acor

do c

om u

m

juíz

o de

pro

gnos

e fe

ito p

or u

m o

bser

vado

r co

loca

do n

o m

omen

to d

a ex

ecuç

ão «

... e

con

hece

dor

de t

odas

as

circ

unst

ânci

as c

ogno

scív

eis

ou

conh

ecid

as d

o ag

ente

»146 -

não

seja

pas

síve

l de

críti

cas,

e cr

ítica

s sé

rias,

de

uma

pers

pect

iva

do p

rincí

pio

do E

stad

o de

Dire

ito, m

orm

ente

do

pris

ma

do

prin

cípi

o da

nec

essi

dade

de

inte

rven

ção

pena

l, de

les

iuid

ad o

u, a

té,

de

culp

abili

dade

(por

se e

star

, diz

-se,

a p

unir

a pe

rson

alid

ade

do a

gent

e)14

7 . 6.

4.7.

Inid

onei

dade

do

suje

ito

6.4.

7.1.

Um

as p

ouca

s pa

lavr

as s

obre

o q

ue s

e te

m c

ham

ado

tent

ativ

a in

idón

ea e

m r

azão

do

suje

ito o

u, p

or v

ezes

, er

ro s

obre

a i

done

idad

e do

ag

ente

. O p

robl

ema,

obj

ecto

de

disc

ussõ

es tã

o va

stas

qua

nto

inco

nclu

siva

s, se

não

mes

mo

equí

voca

s do

seu

pon

to d

e pa

rtida

, tem

a v

er, s

obre

man

eira

,

145

Form

as es

peci

ais..

., 24

-25.

14

6 FI

GU

EIRE

DO

DIA

S, F

orm

as es

pecia

is...,

26.

147

Ass

im,

por

exem

plo,

J.

BUST

OS

RAM

ÍREZ

, Co

ntro

l so

cial

y S

istem

a Pe

nal,

PPU

, Ba

rce-

lo

na, 1

987,

309

ss.,

aut

or q

ue c

onsid

era

que

os e

lem

ento

s co

nstit

utiv

os d

a ch

amad

a te

ntat

iva

inid

ónea

«...

con

figur

an u

n de

lito

parti

cula

r qu

e af

ecta

un

bien

jur

ídic

o co

ncre

to, l

a se

gurid

ad

ciud

adan

a...»

(321

); nu

m se

ntid

o pr

óxim

o, C

AST

RO N

EVES

, ob.

cit.

, par

ticul

arm

ente

90-

92.

Page 37: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

73

com

os

cham

ados

crim

es e

spec

ífico

s ou

pró

prio

s em

que

a e

xigê

ncia

de

parti

cula

res

qual

idad

es o

u de

per

tenç

a a

certa

s re

laçõ

es p

ara

se a

firm

ar a

au

toria

se

tradu

z na

im

posi

ção

de u

m e

spec

ial

deve

r ao

des

tinat

ário

da

norm

a. S

erá

o ca

so, p

or e

xem

plo,

de

um ti

po le

gal e

xigi

r a

qual

idad

e de

fu

ncio

nário

ou

de a

utor

idad

e pú

blic

a co

mo

cond

ição

par

a se

ser

aut

or, o

u,

aind

a, u

m d

ever

jur

ídic

o qu

e pe

ssoa

lmen

te o

vin

cule

a e

vita

r um

cer

to

resu

ltado

. 6.

4.7.

2.

Pode

ria

dize

r-se

, fa

ce

ao

disp

osto

no

no

sso

Cód

igo

Pena

l, m

orm

ente

no

já c

itado

art.

0 23-

°, qu

e de

ve s

er p

unív

el -

e es

tam

os a

seg

uir

quas

e te

xtua

lmen

te o

nos

so C

rim

es d

e em

pree

ndim

ento

...14

8 -

aque

le q

ue,

supo

ndo

erro

neam

ente

que

pos

sui t

al q

ualid

ade

ou q

ue e

stá

inve

stid

o nu

m

deve

r pa

rticu

lar

de e

vita

r a

lesã

o de

um

bem

jur

ídic

o, p

ratic

a ac

tos

que,

pa

ra u

m o

bser

vado

r com

um, n

o m

omen

to d

a su

a pr

átic

a, e

à lu

z da

s re

gras

da

vid

a co

mum

, par

eçam

ser

efe

ctua

dos

por u

m fu

ncio

nário

ou

por p

esso

a es

peci

alm

ente

obr

igad

a a

não

os r

ealiz

ar,

e po

rtado

res

de u

m p

erig

o de

le

são

do b

em o

bjec

to d

e tu

tela

pen

al?

6.4.

7.3.

É c

erto

que

o a

rt.°

23.°

não

se r

efer

e ex

pres

sam

ente

a e

stas

si

tuaç

ões;

mas

del

e nu

nca

se p

oder

ia r

etira

r qu

e se

ria p

unív

el t

oda

a te

ntat

iva

impo

ssív

el p

or in

idon

eida

de d

o su

jeito

, mas

, qua

ndo

mui

to, q

ue é

pu

níve

l a te

ntat

iva

inid

ónea

qua

nto

aos

mei

os o

u po

r ca

rênc

ia d

e ob

ject

o,

quan

do ta

l ina

ptid

ão o

u in

exis

tênc

ia n

ão fo

r «m

anife

sta»

. N

ão

leva

ntam

qu

aisq

uer

prob

lem

as

espe

ciai

s os

ca

sos

em

que

a in

idon

eida

de d

o su

jeito

dec

orre

ou

vem

det

erm

inad

a pe

la in

exis

tênc

ia d

o ob

ject

o (p

.e.,

a te

ntat

iva

de a

borto

de

mul

her

que,

err

onea

men

te,

supõ

e es

tar g

rávi

da o

u a

de in

cest

o co

m p

resu

mív

el p

aren

te).

Apl

icar

-se-

ia, e

ntão

, a

regr

a co

ntid

a no

art.

° 23-

°, co

mo

fizem

os a

trás.

6.4.

7.4.

E o

s ca

sos

de v

erda

deira

e a

utón

oma

inid

onei

dade

em

raz

ão d

o su

jeito

? Se

m g

rand

es d

esen

volv

imen

tos,

sem

pre

conc

luire

mos

que

não

de

verã

o se

r pu

nido

s. A

raz

ão t

em a

ver

com

a n

atur

eza

parti

cula

r do

148

Para

est

a m

atér

ia, c

fr. p

ágs.

105-

110

e 13

1-13

2 e

a bi

blio

graf

ia a

li ci

tada

.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

74

elem

ento

do

tipo

em q

uest

ão. N

ão te

m q

ualq

uer s

entid

o, a

nos

so v

er, f

azer

de

pend

er a

pun

ibili

dade

de

um a

cto

prat

icad

o po

r um

sup

osto

fun

cion

ário

da

circ

unst

ânci

a de

ele

sur

gir,

ou n

ão,

para

a g

ener

alid

ade

das

pess

oas,

com

o um

a re

aliz

ação

de

al

guém

qu

e po

ssui

um

a ta

l qu

alifi

caçã

o;

igua

lmen

te n

ão te

m se

ntid

o de

ixar

-se

ao c

ritér

io d

e um

juíz

o de

idon

eida

de

a de

cisã

o so

bre

se, a

final

, hou

ve o

u nã

o po

r par

te d

e um

age

nte

a vi

olaç

ão

de u

m d

ever

que

pes

soal

men

te o

obr

igar

ia a

pra

ticar

ou

a ab

ster

-se

de

efec

tuar

um

det

erm

inad

o ac

to. A

exi

stên

cia

de u

m d

ever

juríd

ico

espe

cial

im

post

o pe

la o

rdem

juríd

ica

ou e

xist

e ou

não

exi

ste.

Raz

ão p

or q

ue, a

inda

qu

e nã

o po

ssam

est

as s

ituaç

ões

conf

undi

r-se

com

as

de c

rime

puta

tivo,

co

mo

a se

guir

vere

mos

, ela

s mer

eçam

a m

esm

a so

luçã

o: im

puni

-bili

dade

. 6.

4.8.

O c

rim

e pu

tativ

o D

a te

ntat

iva

inid

ónea

ou

impo

ssív

el d

eve

dist

ingu

ir-se

o c

rime

puta

tivo

ou

crim

e im

poss

ível

. Nes

te, o

age

nte

pret

ende

com

eter

um

fact

o pu

níve

l... q

ue

não

o é,

per

ante

a o

rdem

juríd

ico-

pena

l con

cret

a. N

ão s

e po

de p

unir

quem

, po

r ex

empl

o, e

stej

a co

nven

cido

de

que

está

com

eter

o (

inex

iste

nte)

crim

e de

adu

ltério

. Des

de lo

go...

por

que

não

have

ria p

ena

aplic

ável

. O p

rincí

pio

da le

galid

ade

impe

de q

ualq

uer r

elev

ânci

a pe

nal à

quel

e fa

cto.

Tr

ata-

se, c

omo

se d

iz h

abitu

alm

ente

num

a pe

rspe

ctiv

a pr

átic

a de

dis

tinçã

o fa

ce à

tent

ativ

a in

idón

ea, d

e um

err

o so

bre

a ili

citu

de a

o re

vés,

tal c

omo

aque

la te

ntat

iva

seria

um

err

o so

bre

a fa

ctua

lidad

e típ

ica

ao re

vés14

9 . 6.

5. A

pun

ição

da

tent

ativ

a: r

egra

ger

al (a

rt.°

22.°)

e c

asos

de

puni

ção

exce

pcio

nal (

art.°

375

.°)

Sobr

e a

puni

ção

da te

ntat

iva,

con

vém

ass

inal

ar a

inda

: a)

Se

a re

gra

é a

de q

ue e

la a

pena

s se

rá p

unív

el q

uand

o ao

crim

e co

nsum

ado

resp

ectiv

o co

rres

pond

er p

ena

supe

rior

a trê

s an

os d

e pr

isão

, o

n.°

1 do

art.

° 22

.° se

mpr

e sa

lvag

uard

a «.

.. di

spos

ição

em

con

trário

». O

ra

14

9 Po

r tod

os, c

fr. F

IGU

EIRE

DO

DIA

S, F

orm

as e

spec

iais.

.., 16

-17;

JESC

HEC

K, T

rata

do...,

2.°

Vol

ume,

72

9-73

0 (L

ehrb

uch.

.., 4

80-4

81).

Page 38: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

75

bem

: no

art.

0 375

.° (n

uma

técn

ica

afim

da

que

utili

zou

o C

ódig

o pa

ra

puni

ção

exce

pcio

nal

de

acto

s pr

epar

atór

ios,

enum

eraç

ão

de

crim

es

parti

cula

res

e se

mi-p

úblic

os),

vêm

enu

mer

ados

os

caso

s de

pun

ição

ex

cepc

iona

l da

tent

ativ

a;

b) S

endo

pun

ível

a te

ntat

iva,

a s

ançã

o se

rá li

vrem

ente

ate

nuad

a; m

as d

iz o

n.

° 2

do a

rt.0 2

2.°

que

ela

não

pode

rá s

er «

infe

rior

a m

etad

e do

lim

ite

mín

imo

prev

isto

par

a o

crim

e co

nsum

ado

resp

ectiv

o ou

ao

mín

imo

lega

l...»

. O a

rt.0 8

4.°

do C

ódig

o, q

ue r

egul

a a

«ate

nuaç

ão li

vre

da p

ena»

, pr

evê

a po

ssib

ilida

de d

e a

aten

uaçã

o le

var à

apl

icaç

ão d

e pe

na n

ão in

ferio

r a

«um

ter

ço d

o lim

ite m

ínim

o...»

. C

omo

artic

ular

os

dois

pre

ceito

s?

Sem

pre

que

no c

rime

tent

ado

se v

erifi

que

qual

quer

das

circ

unst

ânci

as

men

cion

adas

no

n.°

2 do

art.

° 84

.° (o

u ou

tras,

não

enum

erad

as, m

as q

ue,

send

o co

ntem

porâ

neas

ou

post

erio

res

ao c

rime,

dim

inua

m p

or f

orm

a ac

entu

ada

a ili

citu

de d

o fa

cto

ou a

cul

pa d

o ag

ente

, de

acor

do c

om o

n.°

1 do

art.

° 84

.°), t

erá

aplic

ação

est

e úl

timo:

a p

ena

pode

rá ir

até

um

terç

o (e

, nã

o,

met

ade)

do

lim

ite

mín

imo

(des

de

que,

na

tura

lmen

te,

seja

, em

co

ncre

to, i

gual

ou

supe

rior a

o m

ínim

o le

gal).

6.

6. D

esis

tênc

ia e

arr

epen

dim

ento

act

ivo

Rel

ativ

amen

te à

mat

éria

da

«des

istê

ncia

e a

rrep

endi

men

to a

ctiv

o» (

art.°

24

.°), e

em

ate

nção

ao

que

diss

emos

ser a

nat

urez

a de

stes

Cad

erno

s, ap

enas

ire

mos

rec

orta

r ra

pida

men

te d

uas

ou t

rês

ques

tões

sus

cita

das

nas

sess

ões

do C

urso

. 6.

6.1.

Exp

licita

rem

os, e

m p

rimei

ro lu

gar,

que

o di

spos

itivo

pre

vê a

isen

ção

da p

ena

não

só p

ara

quem

des

iste

de

pros

segu

ir na

exe

cuçã

o (c

asos

de

tent

ativ

a in

acab

ada)

ou

impe

de a

con

sum

ação

(te

ntat

iva

acab

ada,

a a

ntig

a fr

ustra

ção)

, mas

, igu

alm

ente

, par

a qu

em, «

... n

ão o

bsta

nte

a co

nsum

ação

, im

pede

a e

fect

ivaç

ão d

o re

sulta

do q

ue a

lei q

uer

evita

r se

ver

ifiqu

e» (

n.°

1). C

omo

já ti

vem

os o

portu

nida

de d

e re

ferir

nou

tra o

casi

ão (a

pro

pósi

to d

o lu

gar

da p

rátic

a do

fac

to),

a úl

tima

parte

do

n.°

1 ap

lica-

se a

os c

ham

ados

cr

imes

de

co

nsum

ação

an

teci

pada

, de

sign

adam

ente

ao

s cr

imes

de

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

76

empr

eend

imen

to, d

e in

tenç

ão e

de

peri

go. O

que

just

ifica

um

a ta

l sol

ução

, cl

aram

ente

vas

ada

no a

ctua

l Cód

igo,

em

com

para

ção

com

a o

s eq

uívo

cos

e a

polé

mic

a à

volta

da

inte

rpre

taçã

o do

art.

° 9.

° do

CP.

de

1852

e d

o ar

t.°

13.°

do C

P. d

e 18

86 ?

No

fund

o, e

cita

mos

pal

avra

s es

crita

s no

nos

so

Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

150 ,

são

as r

azõe

s de

pol

ítica

crim

inal

que

te

rão

leva

do o

legi

slad

or a

form

alm

ente

con

side

rar c

onsu

mad

os d

elito

s em

qu

e a

cond

uta

incr

imin

ada

apen

as c

ria u

ma

situ

ação

de

perig

o pa

ra o

bem

ju

rídic

o,

que

indu

zira

m

o le

gisl

ador

a,

ev

itada

(v

olun

taria

men

te)

a pr

oduç

ão d

aqui

lo q

ue,

afin

al,

ele

pret

ende

u im

pedi

r, de

cidi

r-se

pel

a im

puni

dade

do

agen

te.

6.6.

2.

Em

segu

ndo

luga

r, qu

erem

os

salie

ntar

qu

e,

verif

icad

os

os

pres

supo

stos

def

inid

os n

o ar

t.° 2

4.°,

aplic

ar-s

e-á

o di

spos

to n

este

arti

go

mes

mo

quan

do e

stão

pre

vist

as d

ispo

siçõ

es e

spec

iais

na

RE.

do

Cód

igo

para

cer

tos

tipos

de

crim

e. I

sso

mes

mo

vem

exp

ress

amen

te d

ito,

por

exem

plo,

nos

art.

°s 1

39.°,

291

.°, n

.° 5,

327

.° ou

347

.°, n

uma

solu

ção

dife

rent

e da

con

stan

te d

o C

ódig

o Po

rtugu

ês e

que

, po

r si

nal,

cheg

ou a

m

erec

er c

rític

as d

e al

guns

sec

tore

s do

utrin

ário

s ou

exi

gir

a ap

licaç

ão d

e an

alog

ia in

bon

am p

arte

m.

Leitu

ra p

artic

ular

men

te re

com

enda

da p

ara

a m

atér

ia e

xpos

ta e

m 6

. - J

OR

GE

CA

RLO

S FO

NSE

CA

, Cri

mes

de

empr

eend

imen

to...

, 92

a 11

0 e

147

a 16

1;

- FIG

UEI

RED

O D

IAS,

For

mas

esp

ecia

is...

, 10

a 41

; - E

DU

AR

DO

CO

RR

EIA

, «E

lem

ento

s pa

ra o

est

udo

da t

enta

tiva»

, in

Dir

eito

C

rim

inal

- I

- Te

ntat

iva

e Fr

ustr

ação

. II-

Com

part

icip

ação

cri

min

osa.

III

- P

ena

conj

unta

epe

na u

nitá

ria,

Col

ecçã

o St

udiu

m,

Arm

énio

Am

ado-

Edito

r, C

oim

bra,

19

53;

- JES

CH

ECK

, Tra

tado

..., 2

.° V

olum

e, 6

97 a

755

.

15

0 16

0.

Page 39: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

77

7. A

obe

diên

cia

devi

da (a

rt.°

39.°

do C

ódig

o Pe

nal):

alg

uns

prob

lem

as

de in

terp

reta

ção

Entre

as c

ausa

s de

excl

usão

da

ilici

tude

exp

ress

amen

te p

revi

stas

no

Cód

igo

Pena

l est

á a

«obe

diên

cia

devi

da»

(art.

° 39

.°). D

iz-s

e, n

o n.

° 1,

que

não

é

ilíci

to o

fac

to p

ratic

ado

em v

irtud

e de

obe

diên

cia

lega

lmen

te d

evid

a,

acre

scen

tand

o-se

, no

n.°

2 -

o qu

e co

nsub

stan

cia

prat

icam

ente

um

a re

petiç

ão d

e pr

ecei

to c

ontid

o na

Con

stitu

ição

(ar

t.° 2

39.°)

- q

ue «

o de

ver

de o

bedi

ênci

a hi

erár

quic

a ce

ssa

quan

do c

ondu

zir à

prá

tica

de u

m c

rime»

. 7.

1. T

rata

-se

de u

ma

caus

a de

jus

tific

ação

tra

dici

onal

men

te p

revi

sta

nos

Cód

igos

Pen

ais

e qu

e ta

mbé

m o

vin

ha n

o C

ódig

o de

188

6, n

o ar

t.° 4

4.°,

3-°,

um p

rece

ito, a

liás,

que

albe

rgav

a si

tuaç

ões

mui

to d

istin

tas

- de

ausê

ncia

de

acç

ão (1

.°) a

cau

sas

de e

xclu

são

da c

ulpa

(2.°

e 7.

°, in

fine

) e c

ausa

s de

ju

stifi

caçã

o (3

.°, 4

° e

5.°)

151 . A

s di

scus

sões

que

est

e pr

ecei

to s

usci

tava

-

nom

eada

men

te s

obre

o q

ue s

e co

nsid

erav

a se

r ou

não

uma

orde

m le

gítim

a,

a qu

e se

ria d

evid

a ob

ediê

ncia

, ou

aind

a so

bre

a di

stin

ção

entre

legi

timid

ade

form

al e

sub

stan

cial

da

orde

m d

a au

torid

ade

- pa

rece

m,

pois

, ho

je

clar

amen

te s

uper

adas

face

ao

cita

do d

ispo

sitiv

o co

nstit

ucio

nal,

reaf

irmad

o no

Cód

igo

Pena

l. N

a ve

rdad

e, s

e nã

o é

devi

da o

bedi

ênci

a a

orde

m d

e au

torid

ade

quan

do e

la im

pliq

ue a

prá

tica

de u

m c

rime,

ent

ão p

arec

e qu

e a

«obe

diên

cia

devi

da»

deix

ou d

e fu

ncio

nar

com

o ca

usa

de e

xclu

são

da

ilici

tude

em

mat

éria

crim

inal

. O fu

ncio

nário

púb

lico

que,

no

cum

prim

ento

de

um

a or

dem

de

seu

supe

rior h

ierá

rqui

co, p

ratic

asse

um

fact

o qu

e, p

or le

i, se

ja c

onsi

dera

do p

unív

el, r

ealiz

aria

um

fact

o ilí

cito

, não

just

ifica

do, p

ois.

Tant

o su

rgia

com

o re

squí

cio

do p

assa

do o

u fr

uto

de i

nérc

ia l

egis

lativ

a a

norm

a so

bre

a «o

bedi

ênci

a de

vida

», e

nqua

nto

norm

a so

bre

caus

a de

ju

stifi

caçã

o em

mat

éria

crim

inal

, qu

e, p

or e

xem

plo,

CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A,

dizi

a,

com

o

apar

ecim

ento

, em

Po

rtuga

l, de

no

rma

cons

tituc

iona

l rel

ativ

a à

cess

ação

do

deve

r de

obe

diên

cia

hier

árqu

ica

que

cond

uzis

se à

prá

tica

de u

m c

rime:

«...

Est

e pr

ecei

to c

onst

ituci

onal

pod

e

151

Nes

te

sent

ido,

JO

RGE

CARL

OS

FON

SECA

, Re

form

as

Pena

is...,

62;

TE

RESA

PI

ZARR

O

BEL

EZA

, Dire

ito P

enal

, 2° v

olum

e, 2

35.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

78

cond

uzir

à in

utili

zaçã

o ou

rev

ogaç

ão d

a ca

usa

de ju

stifi

caçã

o pr

evis

ta n

o n.

° 3

do a

rt.°

44.°

do C

ódig

o Pe

nal,

pois

que

se

o fa

cto

prev

isto

com

o cr

ime

pela

lei p

enal

é c

omet

ido

no c

umpr

imen

to d

e um

a or

dem

do

supe

rior

hier

árqu

ico.

.. em

fac

e do

pre

ceito

con

stitu

cion

al p

arec

e qu

e em

nen

hum

ca

so s

ubsi

ste

o de

ver

de o

bedi

ênci

a ou

de

cum

prim

ento

da

orde

m d

e qu

e po

ssa

resu

ltar u

m c

rime.

..»15

2 . 7.

2. E

fect

ivam

ente

, no

âm

bito

do

Cód

igo

Pena

l de

188

6, a

pesa

r de

se

cons

ider

ar a

que

stão

«um

Cab

o da

s To

rmen

tas

na d

outri

na ju

rídic

a e

que,

qu

ando

de

ficie

ntem

ente

re

gula

men

tado

na

le

i, or

igin

a co

nfus

ões

ou

dúvi

das»

153 ,

parti

ndo-

se

da

dist

inçã

o en

tre

legi

timid

ade

form

al

da

legi

timid

ade

subs

tanc

ial

das

orde

ns

da

auto

ridad

e,

ente

ndia

m

algu

ns

auto

res

que,

em

ce

rtos

caso

s, a

obed

iênc

ia

era

devi

da

e,

porta

nto,

ju

stifi

cava

o f

acto

, «m

esm

o qu

e se

não

com

prov

asse

m o

s pr

essu

post

os

subs

tanc

iais

da

legi

timid

ade

da o

rdem

sup

erio

r».

Ass

im,

em t

ais

caso

s se

ria p

roib

ido

ao su

bord

inad

o si

ndic

ar a

legi

timid

ade

subs

tanc

ial d

a or

dem

, fic

ando

jus

tific

ados

os

fact

os p

unív

eis

prat

icad

os p

or e

le n

o âm

bito

da

refe

rida

orde

m. P

ara

o au

tor c

itado

, a q

uest

ão si

tuav

a-se

, poi

s, no

«do

mín

io

daqu

eles

act

os d

a fu

nção

púb

lica

na m

atér

ia e

m q

ue o

dad

or d

a or

dem

tin

ha a

com

petê

ncia

lega

l par

a de

cidi

r no

cas

o co

ncre

to s

obre

o e

xerc

ício

da

funç

ão p

úblic

a pe

los

seus

sub

ordi

nado

s», c

aben

do-lh

e a

ele

o po

der e

o

deve

r de

apre

ciar

a m

atér

ia d

e fa

cto

em ra

zão

da q

ual h

á lu

gar a

o ex

ercí

cio

da s

ua f

unçã

o ou

pod

er.

A c

ausa

de

excl

usão

da

ilici

tude

(ob

ediê

ncia

de

vida

) só

se

refe

ria,

pois

, «a

os c

rimes

com

etid

os p

elos

fun

cion

ário

s pú

blic

os m

edia

nte

o ab

uso

da fu

nção

púb

lica»

154 .

7.3.

E e

sta

inte

rpre

taçã

o (p

arec

e) p

rete

ndia

CA

VA

LEIR

O F

ERR

EIR

A

com

patib

iliza

r com

o d

ispo

sitiv

o co

nstit

ucio

nal p

ortu

guês

que

diz

ces

sar a

ob

ediê

ncia

«se

mpr

e qu

e o

cum

prim

ento

das

ord

ens

ou in

stru

ções

impl

ique

a

prát

ica

de u

m c

rime»

(ar

t.° 2

71.°,

n.°

3, d

a C

RP

de 1

976)

, cuj

o te

or f

oi

15

2 D

ireito

Pen

ai P

ortu

guês

, 1, 1

981,

286

. 15

3 A

ssim

, CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A, L

içõe

s...,

130

154

Liçõ

es...

, 131

.

Page 40: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

79

trans

post

o pa

ra o

act

ual

n.°2

do

art.°

36.

° do

Cód

igo

Pena

l, ai

nda

que

reve

lass

e a

dific

ulda

de d

o em

pree

ndim

ento

. À p

ergu

nta

sobr

e se

, no

caso

de

se

trata

r de

abus

o de

aut

orid

ade

ou e

xces

so n

o ex

ercí

cio

de fu

nção

que

ca

be

ao

supe

rior

hier

árqu

ico,

a

resp

onsa

bilid

ade

crim

inal

re

cairá

ex

clus

ivam

ente

sob

re e

le,

send

o ju

stifi

cado

pel

o se

u de

ver

func

iona

l de

ob

ediê

ncia

a s

ua e

xecu

ção

pelo

s su

bord

inad

os, r

emat

a: «

... A

difi

culd

ade

resi

de e

m g

rand

e pa

rte n

a ci

rcun

stân

cia

de n

ão s

e en

cont

rar

expr

essa

no

novo

Cód

igo

fórm

ula

sim

ilar o

u eq

uiva

lent

e à

que

cons

ta d

o pa

cto

final

do

n.°

4 do

art.

44.

° do

Cód

. Pe

nal

de 1

886:

o e

xerc

ício

de

um d

ireito

ou

cum

prim

ento

de

uma

obrig

ação

just

ifica

m o

fac

to s

e o

agen

te t

iver

pr

oced

ido

com

a

"dev

ida

dilig

ênci

a"

ou

o "f

acto

fo

r um

re

sulta

do

mer

amen

te c

asua

l"»15

5 . 7.

4. O

que

pen

sar

de u

ma

argu

men

taçã

o co

mo

esta

, pe

rant

e um

qua

dro

com

o o

noss

o (n

ão d

ifere

nte,

no

esse

ncia

l, do

por

tugu

ês a

ctua

l), e

m q

ue

vigo

ra a

nor

ma

cons

tituc

iona

l co

nsta

nte

do c

itado

art.

0 239

.°, r

eafir

mad

a no

art.

° 39.

°, n.

° 2, d

o C

P.?!

Pe

rant

e o

cond

icio

nalis

mo

refe

rido

por

CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A,

para

que

se

mos

tre ju

stifi

cado

o f

acto

pun

ível

pra

ticad

o pe

lo s

ubor

dina

do

hier

arqu

icam

ente

(tiv

er p

roce

dido

com

a d

evid

a di

ligên

cia

e/ou

o re

sulta

do

ter

sido

«m

eram

ente

cas

ual»

), nã

o te

ríam

os d

úvid

as e

m,

sing

elam

ente

, di

zer

que,

ent

ão,

não

tem

apl

icaç

ão o

dis

post

o no

cita

do p

rece

ito d

o C

ódig

o Pe

nal.

Naq

uele

s ca

sos,

não

have

ndo

sequ

er u

m n

exo

subj

ectiv

o en

tre o

age

nte

do fa

cto

e o

resu

ltado

(pel

o m

enos

, neg

ligên

cia)

ou,

até

, de

impu

taçã

o ob

ject

iva

(res

ulta

do c

asua

l), n

ão h

á...

crim

e qu

e re

sulte

ou

seja

«i

mpl

icad

o pe

lo c

umpr

imen

to d

a or

dem

». E

star

íam

os,

assi

m,

fora

do

âmbi

to p

ossí

vel d

e ap

licaç

ão d

o n.

° 2 d

o ar

t.° 3

9.°.

Tam

bém

fac

e a

algu

ns e

xem

plos

dad

os -

o j

uiz

que

orde

na u

ma

capt

ura

que,

em

recu

rso,

se m

ostra

ileg

al; u

ma

inte

rven

ção

da p

olíc

ia p

ara

man

ter a

se

gura

nça

públ

ica,

hav

endo

, de

pois

, ex

cess

o na

act

uaçã

o da

s fo

rças

de

inte

rven

ção

- nã

o no

s pa

rece

pod

er d

izer

-se

esta

rmos

per

ante

crim

e im

plic

ado

pela

exe

cuçã

o de

ord

em d

e su

perio

r hi

erár

quic

o. A

ord

em te

15

5 Li

ções

..., 1

33.

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

80

que

ser

de ta

l for

ma

e te

or q

ue d

ela

deco

rra,

pel

a su

a ex

ecuç

ão, u

m f

acto

pu

níve

l. En

fim, a

obe

diên

cia

hier

árqu

ica

este

nde-

se q

uer

às o

rden

s le

gais

, qu

er à

s ile

gais

, des

de q

ue o

seu

cum

prim

ento

não

con

duza

à p

rátic

a de

um

cr

ime15

6 . 7.

5- E

rro

sobr

e os

pre

ssup

osto

s de

caus

a de

just

ifica

ção

e de

err

o so

bre

a ili

citu

de: r

espo

nsab

ilida

de d

o su

peri

or h

ierá

rqui

co

Cas

os d

ifere

ntes

pod

erão

ser

aqu

eles

em

que

o s

ubor

dina

do-e

xecu

tor

não

repr

esen

ta, o

u re

pres

enta

err

onea

men

te, a

situ

ação

fác

tica

que

envo

lve

e or

igin

a ou

mot

iva

a or

dem

ileg

ítim

a, o

u, a

inda

, aqu

eles

em

que

o a

gent

e hi

erar

quic

amen

te i

nfer

ior

exec

uta

a or

dem

sem

con

hece

r qu

e el

a le

va à

pr

átic

a de

um

crim

e. N

essa

s situ

açõe

s de

erro

- nu

m c

aso,

um

err

o so

bre

os

pres

supo

stos

(ou

req

uisi

tos)

de

caus

a ju

stifi

cativ

a, q

ue e

xclu

i o d

olo,

nos

te

rmos

do

n.°

1, 2

.a par

te,

do a

rt.°

15.°;

nou

tro c

aso,

um

err

o so

bre

a ili

citu

de, q

ue p

oder

á ex

clui

r a c

ulpa

, em

cas

o de

não

cen

sura

bilid

ade

- não

se

pod

erá

igua

lmen

te f

alar

, em

rig

or,

de j

ustif

icaç

ão d

e um

fac

to e

m

virtu

de d

e ob

ediê

ncia

hie

rárq

uica

. O fa

cto

cont

inua

a se

r ilíc

ito; r

espo

nder

á po

r el

e o

supe

rior

hier

árqu

ico

(eve

ntua

lmen

te p

or a

utor

ia m

edia

ta)

e o

agen

te

exec

utor

o re

spon

derá

po

r fa

ltar

um

títul

o de

im

puta

ção

subj

ectiv

a ao

act

o po

r el

e re

aliz

ado15

7 . Te

nden

cial

men

te s

erão

tam

bém

ca

sos

dest

es a

quel

es q

ue, n

orm

alm

ente

, são

sug

erid

os c

omo

exce

pcio

nais

em

que

o a

gent

e é

obrig

ado

a se

guir

orde

ns il

egíti

mas

(ord

ens

urge

ntes

em

si

tuaç

ões

de e

mer

gênc

ia,

catá

stro

fes,

grav

es a

tent

ados

à o

rdem

púb

lica,

et

c).

156

Exac

tam

ente

nes

te s

entid

o, G

OM

ES C

AN

OTI

LHO

MTA

L M

ORE

IRA

, ob.

cit.

, ano

taçã

o ao

art.

° 27

1.°,

953;

cfc

, ain

da, F

IGU

EIRE

DO

DIA

S, a

utor

que

salie

ntav

a o

fact

o de

, num

qua

dro

que

não

é o

da a

ctua

l CR

P, n

ão h

aver

um

a co

ntra

diçã

o in

adj

ecto

a e

xistê

ncia

de

uma

orde

m il

ícita

e, a

o m

esm

o te

mpo

, de

obed

iênc

ia d

evid

a. C

ontra

diçã

o «q

ue p

ode

não

exis

tir d

esde

que

a te

oria

dos

ac

tos

esta

duai

s m

ostro

u a

exis

tênc

ia d

e ac

tos

vici

ados

que

nem

por

iss

o de

ixam

de

ser

obrig

atór

ios

(v.g

., a

exec

ução

de

uma

sent

ença

inju

sta tr

ansit

ada

em ju

lgad

o)...

» - D

ireito

Pen

al,

Adita

men

tos,

41.

157

De

algu

ma

form

a no

sen

tido

da a

rgum

enta

ção

cont

ida

no t

exto

, G

ERM

AN

O M

ARQ

UES

D

A S

ILV

A, D

ireito

Pen

ai...,

II, 2

18; i

gualm

ente

a de

ED

UA

RDO

CO

RREI

A, m

esm

o nu

m q

uadr

o co

nstit

ucio

nal d

ifere

nte,

isto

é, a

nter

ior a

197

6 - c

fr. D

ireito

Crim

inal

, II,

124.

Page 41: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

81

7.6.

For

a de

sses

cas

os (

é si

gnifi

cativ

o qu

e al

guns

aut

ores

fal

em d

e ca

sos

em q

ue «

.. no

sea

evi

dent

emen

te a

ntiju

rídic

a ou

nul

a...»

158 ),

have

ndo

prát

ica

de u

m f

acto

que

pre

ench

e um

tip

o de

crim

e qu

e de

corr

a da

ex

ecuç

ão

da

orde

m,

não

pode

have

r ju

stifi

caçã

o po

r ob

ediê

ncia

hi

erár

quic

a, p

reci

sam

ente

por

que

não

have

rá d

ever

de

obed

iênc

ia.

É in

disc

utív

el, n

o qu

adro

con

stitu

cion

al v

igen

te (

e no

def

inid

o no

n.°

2 do

ar

t.° 3

9.°

do C

R),

que,

em

tai

s si

tuaç

ões,

cabe

sem

pre

a si

ndic

ânci

a da

le

gitim

idad

e da

ord

em d

ada

pelo

supe

rior.

Se a

ord

em n

ão é

legí

tima,

o se

u cu

mpr

imen

to n

ão p

ode

cons

titui

r ca

usa

de e

xclu

são

da il

icitu

de, p

elo

que

aque

le q

ue re

cebe

r a o

rdem

pod

e e

deve

impu

gnar

a su

a le

gitim

idad

e159 .

7.7.

Cum

prim

ento

de

orde

m q

ue le

va à

prá

tica

de in

frac

ção

pena

l não

-cr

imin

al e

cas

os d

e ob

ediê

ncia

dev

ida

fora

das

rel

açõe

s hie

rárq

uica

s Pe

rgun

ta-s

e, e

ntão

- d

úvid

a qu

e at

rave

ssou

um

a da

s se

ssõe

s do

Cur

so -

pa

ra q

uê o

art.

° 39

.°, s

e, e

m m

atér

ia c

rimin

al...

nun

ca s

e da

rá u

ma

situ

ação

em

que

a o

bedi

ênci

a hi

erár

quic

a po

derá

func

iona

r com

o ca

usa

de e

xclu

são

da i

licitu

de?

Sem

min

imiz

ar o

fac

to d

e qu

e o

prec

eito

se

insc

reve

num

a ló

gica

tra

dici

onal

, se

mpr

e se

pod

erá

dize

r qu

e: e

m p

rimei

ro l

ugar

, se

es

clar

ece

que,

em

cas

o de

con

flito

ent

re o

dev

er d

e ob

ediê

ncia

hie

rárq

uica

158

Ass

im,

CERE

ZO M

IR ,

Cur

so d

e D

erec

ho P

enal

Esp

anol

, Pa

rte g

ener

al I

I, Te

oria

jur

ídic

a de

i del

ito, T

ecno

s, M

adrid

, 199

2, 7

8, a

utor

que

apr

esen

ta u

m p

orm

enor

izad

o es

quem

a so

bre

o qu

e de

vem

ser

os

requ

isito

s da

efic

ácia

da

obed

iênc

ia d

evid

a en

quan

to c

ausa

de

justi

ficaç

ão.

Tam

bém

MU

NO

Z CO

ND

E, T

eoria

Ger

al...

, 112

(«...

infra

ção

man

ifesta

, cla

ra e

dete

rmin

ante

...»)

. 15

9 Cl

aram

ente

neste

sen

tido,

GER

MA

NO

MA

RQU

ES D

A S

ILV

A,

Dire

ito P

enal.

.., II,

120

-121

; cf

r., a

inda

, Act

as...

, 1, 2

42-2

43 («

... N

a ve

rdad

e, e

em fa

ce d

o §

únic

o do

arti

go 3

8.°,

não

só se

dev

e en

tend

er q

ue o

func

ioná

rio q

ue n

ão c

umpr

e um

a or

dem

do

supe

rior q

ue c

ondu

z a

um c

rime

não

com

ete

o cr

ime

de d

esob

ediê

ncia

, com

o ta

mbé

m q

ue, s

e el

e cu

mpr

e a

orde

m, o

crim

e pr

atic

ado

não

fica

just

ifica

do,

som

ente

sen

do p

ossí

vel

excl

uir

a cu

lpa,

nos

ter

mos

do

artig

o 44

.°»);

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Dire

ito P

enal

, Adi

tam

ento

s, 41

(«...

per

ante

um

a no

rma

com

o a

do §

ún.

do

art.°

38.

° do

Pro

ject

o o

prob

lem

a fic

a re

solv

ido:

o d

ever

de

obed

iênc

ia h

ierá

rqui

ca c

essa

qua

ndo

cond

uz à

prá

tica

de u

m c

rime,

pel

o qu

e o

func

ioná

rio q

ue a

cum

pre

nunc

a se

enc

ontra

justi

ficad

o e

só p

oder

á qu

ando

mui

to v

er a

sua

cul

pa a

fasta

da -

expo

ndo-

se d

este

mod

o à

legí

tima

defe

sa d

os p

artic

ular

es»;

TER

ESA

PIZ

ARR

O B

ELEZ

A, D

ireito

Pen

al, 2

° vo

lum

e, 23

6; G

OM

ES

CAN

OTI

LHO

ATT

AL

MO

REIR

A, o

b. c

it., a

notaç

ão a

o ar

t.° 2

71.°,

953

(«...

A C

onsti

tuiçã

o ac

olhe

u,

assim

, em

mat

éria

crim

inal

, a m

elho

r dou

trina

, que

já n

a or

dem

con

stitu

cion

al d

e 19

33 d

efen

dia

a pr

eval

ênci

a do

prin

cípi

o da

lega

lidad

e so

bre

o pr

incí

pio

hier

árqu

ico»

).

FUN

AD

AO

DIR

EITO

E JU

STIÇ

A

82

e o

de s

e ab

ster

da

prát

ica

de c

rimes

, pre

vale

ce e

ste

últim

o; e

m s

egun

do

luga

r, se

mpr

e ha

verá

situ

açõe

s em

que

a o

bedi

ênci

a de

vida

fun

cion

ará

com

o ju

stifi

caçã

o. P

ense

mos

na

hipó

tese

de

o cu

mpr

imen

to d

a or

dem

, ju

stam

ente

em

nom

e da

obe

diên

cia

hier

árqu

ica,

leva

r à p

rátic

a de

infr

acçã

o ou

tra q

ue n

ão a

crim

inal

, v.g

r., u

ma

cont

rave

nção

(pen

al).

Para

alé

m d

isso

, se

mpr

e po

derã

o da

r-se

cas

os d

e ju

stifi

caçã

o po

r ob

ediê

ncia

leg

alm

ente

de

vida

... f

ora

do â

mbi

to d

as re

laçõ

es d

e hi

erar

quia

. O d

ever

de

obed

iênc

ia

hier

árqu

ica

é ap

enas

um

a fo

rma

de o

bedi

ênci

a a

orde

ns l

egíti

mas

da

auto

ridad

e160 .

Isso

pod

e pa

ssar

-se,

par

a us

ar a

s si

ngel

as p

alav

ras

de

TER

ESA

BEL

EZA

, em

situ

açõe

s «e

m q

ue q

ualq

uer

pess

oa c

omum

dev

a ob

edec

er a

um

a or

dem

leg

ítim

a de

aut

orid

ade»

. A

ssim

, e

tom

ando

de

empr

éstim

o ex

empl

os d

ados

pel

a au

tora

por

tugu

esa:

«...

caso

s qu

e m

e pa

rece

m e

vide

nte:

se

um a

gent

e da

Pol

ícia

de

Segu

ranç

a Pú

blic

a m

e en

trega

r um

a pi

stol

a e

diss

er "

mat

e aq

uele

sen

hor"

, ist

o se

rá n

atur

alm

ente

um

a or

dem

ileg

ítim

a". M

as s

e po

r ex

empl

o nu

ma

situ

ação

de

emer

gênc

ia

ou d

e co

nfus

ão d

e trá

fego

um

age

nte.

.. m

e m

anda

r ent

rar p

or u

ma

rua

em

sent

ido

proi

bido

, na

tura

lmen

te

que

eu

não

esto

u a

com

eter

um

a co

ntra

venç

ão...

se

em v

ez d

isso

me

man

dar

por

exem

plo

pass

ar p

or u

m

cam

po e

est

raga

r qu

alqu

er c

oisa

que

este

ja,

por

uma

nece

ssid

ade

impe

riosa

de

reso

lver

um

a si

tuaç

ão d

e em

ergê

ncia

, ou

de c

atás

trofe

... o

u se

m

e m

anda

r arr

anca

r um

mar

co d

e pr

oprie

dade

... s

e es

sa o

rdem

for l

egíti

ma

e nã

o fo

r ape

nas

um a

buso

das

funç

ões

que

não

faça

sen

tido

em re

laçã

o à

situ

ação

obj

ectiv

a, n

esse

cas

o, e

u po

dere

i es

tar

a cu

mpr

ir um

a or

dem

le

gítim

a da

au

torid

ade,

e

a fa

zer

qual

quer

co

isa

que

em

prin

cípi

o co

rres

pond

eria

a u

m ti

po d

e cr

ime.

.. e

ness

es c

asos

tam

bém

a il

icitu

de q

ue

esta

va in

dici

ada

... é

afa

stad

a po

r ess

a ca

usa

de ju

stifi

caçã

o...»

161 .

7.8.

Afa

stad

a es

tará

a h

ipót

ese

- su

gerid

a du

rant

e os

deb

ates

hav

idos

, a

prop

ósito

do

tem

a, n

uma

das

sess

ões

do C

urso

- de

se

dar j

ustif

icaç

ão p

or

obed

iênc

ia n

o âm

bito

de

rela

ções

de

dire

ito p

rivad

o. N

unca

hav

erá

orde

m

de d

ireito

priv

ado

que

deva

ser

obe

deci

da q

uand

o a

sua

exec

ução

con

duza

160

Ass

im, G

ERM

AN

O M

ARQ

UES

DA

SIL

VA

, Dire

ito P

enal

..., II

, 121

-122

. 16

1 D

ireito

Pen

al, 2

° vol

ume,

237

-238

.

Page 42: Elementos para o estudo do Código Penal de Cabo Verde

ELEM

ENTO

PA

RA

O E

STU

DO

DE

DIG

O P

ENA

L D

E C

AB

O V

ERD

E - 2

83

à pr

átic

a de

um

crim

e. N

atur

alm

ente

que

, em

fun

ção

das

circ

unst

ânci

as

conc

reta

s do

cas

o, p

oder

á ac

onte

cer

have

r er

ro q

ue e

xclu

a o

dolo

ou

a cu

lpa16

2 . N

o qu

e nã

o po

dem

os e

star

de

acor

do,

tend

o em

con

ta o

nos

so

quad

ro c

onst

ituci

onal

e l

egal

, com

a p

osiç

ão a

ssum

ida,

em

Esp

anha

, por

C

EREZ

O M

IR, e

m o

posi

ção

à ju

rispr

udên

cia

do T

ribun

al S

upre

mo16

3 . Le

itura

par

ticul

arm

ente

reco

men

dada

par

a a

mat

éria

exp

osta

em

7.

- ED

UA

RD

O C

OR

REI

A, D

irei

to C

rim

inai

... II

, 116

-137

. -

CA

VA

LEIR

O D

E FE

RR

EIR

A, D

irei

to P

enal

Por

tugu

ês, 1

,198

1,28

3-29

7;

- C

AV

ALE

IRO

DE

FER

REI

RA

, Liç

ões..

., 13

0-13

3;

- TE

RES

A P

IZA

RR

O B

ELEZ

A, D

ireito

Pen

al, 2

° vol

ume,

235

-238

; -

FIG

UEI

RED

O D

IAS,

Dire

ito P

enal

, Adi

tam

ento

s, 40

-42;

-

GER

MA

NO

MA

RQ

UES

DA

SIL

VA

, Dire

ito P

enal

.., II

, 118

-122

e 2

17-2

19;

- C

EREZ

O M

IR, C

urso

de

Der

echo

Pen

al E

span

ol, 6

9-79

.

16

2 Ex

pres

sam

ente

nes

te s

entid

o, G

ERM

AN

O M

ARQ

UES

DA

SIL

VA

, D

ireito

Pen

al...,

II,

122,

au

tor q

ue, n

a no

ta 3

, nos

cont

a de

um

cur

ioso

Acó

rdão

do

STJ p

ortu

guês

sobr

e a

mat

éria

. 16

3 O

b. c

it.,

69 s

s.. C

om p

osiç

ão d

ifere

nte,

cfr.

MU

NO

Z CO

ND

E, T

eoria

Ger

al...

, 11

2 («

... n

ão

cabe

apr

ecia

r ess

a ex

imen

te n

o âm

bito

fam

iliar

ou

labo

ral»

).