eleições no império - juan francisco rodríguez

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Eleies no Imprio: A cidade como espao poltico7 de novembro de 2014Categoria:Ideias & DebatesComentar|ImprimirOs discursos eleitorais no insistiam tanto em objetivos polticos, mas sim em qualidades pessoais dos candidatos. Realar os mritos dos que ambicionavam s magistraturas era uma tarefa para parentes, amigos, clientes e demais simpatizantes, que podiam atrair os votos populares.Por Juan Francisco Rodrguez NeilaA cidade como conceito scio-poltico, centro da vida econmica e projeto urbanstico foi uma criao dos gregos. Mas foi Roma que estendeu o modelo por todo seu imprio, dotando ele com fundamentos jurdicos mais slidos e o convertendo em clula bsica do funcionamento de um estado. A Europa das cidades foi uma criao romana, e vinte sculos depois ainda restam abundantes testemunhos disso. Conhecer a vida municipal de ento constitui uma das vias mais interessantes para poder entender diretamente o que foi o verdadeiro ser romano, o protagonismo dos grupos dirigentes, as distintas projees da vida comunitria, a maior ou menor incidncia do que se conhece como romanizao.Cada colnia e cada municpio tinham ento um regulamento oulex, regularmente inscrito em tbuas de bronze expostas publicamente no frum, espao cvico por antonomsia.Hispania, e especialmente o que foi a provncia Btica, nos proporcionam os mais importantes documentos a respeito. Chegaram a ns parcialmente a lex da colnia de Urso (Osuna), da poca de Csar, e as de alguns municpios criados na poca flvia (segunda metade do sculo I d.C.), comoMalaca,SalpensaeIrni. Tambm contamos com numerosas inscries funerrias, religiosas e, especialmente, honorficas, que refletem a atividade das instituies municipais, e nos aportam os nomes e cargos dos que estiveram comprometidos com a poltica local.Nas cidades romanas funcionava um quadro institucional muito simples. O principal rgo de governo era o conselho comunal ou senado, cujos componentes, os decuries, configuravam com suas ricas e prestigiosas famlias uma aristocracia bem relacionada com as altas esferas do estado. Para entrar nesta seleta corporao se exigia reunir estritas condies sociais, jurdicas e econmicas, e contar com a aprovao dos decuries. Estes dominavam a poltica municipal tomando as principais decises, que eram executadas por um colgio de magistrados, constitudo por doisduunviros, que eram os mais importantes, gozando de grande prestigio e autoridade, doisedilse doiscuestores. Seguindo em ordem de importncia, tais cargos civis formavam parte, junto a funes religiosas, da carreira honorfica (cursus honorum) que podia seguir os membros da oligarquia local.Diferentemente dos decuries, que formavam uma corporao endogmica, os magistrados eram elegidos anualmente em comcios abertos (comitia), onde participavam todos os vizinho que desfrutavam da cidadania municipal. Os estatutos municipais de Malaca e Irni nos oferecem a legislao eleitoral das cidades romanas. Esse processo comeava com aprofessio nominisou apresentao das candidaturas, que deviam ser examinadas pelo presidente doscomitia, um dosduunviroscom mandato, para comprovar se elas se ajustavam a determinadas exigncias legais. Seguia ento a exposio pblica da lista de aspirantes no foro (proscriptio), e a fase de campanha eleitoral outrinundinum(aproximadamente 3 semanas). Tudo culminava na jornada comicial, quando o povo votava em suas respectivas sees e mesas eleitorais (curias em Malaca e Irni, tribos em Urso). certo que o Imprio Romano foi uma forte autocracia, onde desapareceu a relativa democracia participativa realizada para a escolha dos magistrados do estado como ocorria nos tempos da Repblica. Mas no nvel municipal se mantiveram algumas vias de expresso da vontade poltica popular. A possibilidade de escolher cada ano os magistrados noscomitiafoi um deles. A paixo com que se podia viver as campanhas polticas locais se percebe muito claramente em uma documentao excepcional, que pode assombrar pelo que h de moderno em seu contedo. Tais documentos foram conservados em Pompeia, cidade localizada na Capania italiana, destruda violentamente por uma erupo do vulco Vezuvio em agosto de 79 d.C., e resgatada arqueologicamente em grande parte. Nas paredes de seus edifcios aparecem numerosos cartazes de propaganda eleitoral a favor dos candidatos edilidade e ao duunvirato, ainda que nenhuma referncia a isso seja feita nos regulamentos municipais hispnicos.Em princpio no se deve estranhar que os romanos recorressem a este sistema publicitrio. O uso dos espaos pblicos para transmitir avisos ou textos importantes, em diferentes tipos de suporte, constitui uma das mais significativas projees culturais desenvolvidas ento, uma vez que no contavam com nossos meios de comunicao atuais. Por exemplo, a publicidade dos documentos de interesse geral era muito cuidada. Eles eram dispostos em tbuas de pedra ou de bronze nos lugares mais frequentados, para realar sua importncia e garantir a sua conservao. Tambm eram utilizados materiais menos caros e estveis, como painis cobertos com uma camada de tinta branca. As leis proibiam severamente a alterao dos documentos oficiais expostos publicamente.Que os romanos valorizavam a eficcia das mensagens publicitrias nos indica igualmente outros tipos de cartazes pintados com diferentes objetivos. Pompeia conservou eloquentes exemplos de anncios de espetculos, vendas, aluguis de casas, etc. Escrever espontaneamente nas paredes era tambm prtica habitual, o que indicam os numerosos graffitis espalhados por toda a cidade. Nessa apreciao geral dos romanos pela comunicao escrita nos lugares pblicos se integram tambm numerosas inscries (honorficas, religiosas, funerrias, etc) que aportam importantes informaes sobre a vida pblica das cidades e da gesto de seus dirigentes. A todos estes so somados os cartazes eleitorais.Entre o dia em que se expunham publicamente as listas de candidatos admitidos para as diferentes magistraturas, e o dia das votaes, corria o perodo de campanha eleitoral. Ainda que, logicamente, os aspirantes j haveriam dado a conhecer desde antes suas intenes entre seus conhecidos mais chegados, eram nestes dias de campanha quando se buscava abertamente o apoio do eleitorado. Os nomes dos candidatos, j conhecidos pelos cidados, correm de boca em boca, idealizavam-se expectativas, era organizada a caa de votos, as clientelas eram mobilizadas, os favores eram lembrados; a vida poltica de Pompeia entrava em seu momento mais decisivo e febril.Nas cidades romanas no existiam partidos polticos que elaboravam um programa e organizavam as campanhas de seus candidatos. Os recursos oratrios e o contato direto do aspirante com o potencial eleitorado para ganh-lo sua causa jogavam um papel muito importante dentro do espao aberto que era uma cidade romana. No faltavam tcnicas de marketing eleitoral para projetar frente o povo a melhor imagem pblica. NoCommentariolum Petitionis, um manual do candidato escrito por Quinto Ccero, irmo de Marco Tulio [Marco Tulio Ccero, o famoso orador romano do sculo I a.C.], se aconselha adaptarfrons, vultus y sermo(semblante, fisionomia e linguagem) forma de pensar e sentir do povo. Como os candidatos provinham das fileiras aristocrticas locais, seu prestgio pessoal e o de sua famlia (gens), sobretudo se haviam prestado fartos servios cidade, eram destacados como temas de propaganda utilizadas para a comparao com os rivais.Os discursos eleitorais no insistiam tanto em objetivos polticos, mas sim em qualidades pessoais dos candidatos. Realar os mritos dos que ambicionavam s magistraturas era uma tarefa para parentes, amigos, clientes e demais simpatizantes, que podiam atrair os votos populares. Tambm era importante contar com o respaldo da aristocracia decurional, com cujas famlias costumavam ter vnculos matrimoniais ou de adoo, de forma que as campanhas se ajudavam mutuamente. A epigrafia eleitoral de pompeia tambm sugere que a luta pela eleio era mais intensa na disputa pela edilidade, eram candidatos mais jovens que necessitavam construir uma imagem pblica, dada a falta de antecedentes polticos. Os aspirantes ao duunvirato chefiavam aoscomitia, e sendo melhor conhecidos, podiam ser julgados por sua trajetria pblica previa como decuries ou ediles. Os candidatos inclusive podiam ser pactuados dentro da prpria classe poltica local, para atender as expectativas de diferentes indivduos.Formato material e localizao dos cartazes eleitoraisForam identificados em Pompeia aproximadamente mil e quinhentos cartazes eleitorais (programmata). Os mais antigos correspondem certamente aos tempos de Augusto (muitos no eram apagados aps haver-se produzido oscomitia), os mais recentes a meses antes da trgica erupo (a cidade realizava suas eleies na primavera), a maioria pertence aos dez ltimos anos de vida da cidade. Com eles foi possvel identificar aproximadamente cento e cinquenta nomes de candidatos de diferentes eleies, uma alta porcentagem dos cartazes se divide entre uns poucos nomes, alguns aparecem em mais de uma centena de recomendaes de voto. Quando ocorreu a catstrofe, os cartazes das ltimas eleies estavam frescos ainda sobre as paredes de seus edifcios, e os novos ediles e duunviros estavam a poucas semanas no cargo (os magistrados tomavam posse no dia um de Julho).

Os pasquins foram pintados a pincel em vermelho ou negro sobre superfcies previamente preparadas com uma capa de estuco [argamassa], em letras maisculas alargadas, as vezes dentro de uma borda quadrada para ressaltar o texto. No eram especialmente chamativos para a nossa tica moderna das tcnicas publicitrias. Tampouco parece que os pompeianos fossem muito hostis a se permitir que as paredes de suas casas se transformassem em painis eleitorais. Ainda que alguns cartazes apagados drasticamente devem ter sido pintados sem permisso de seus moradores (ou sem a complacncia dos prprios candidatos), em geral seus redatores parecem ter atuado com ampla liberdade, possivelmente devido ao fato de que as fachadas tinham uma considerao legal igual a dos demais espaos de uso pblico. Normalmente seriam melhor reconhecidos pelo eleitorado os cartazes correspondentes comitiamais prximas, no apenas por coincidir com os nomes dos candidatos com a lista exposta no frum, rapidamente divulgada, mas tambm pela prpria frescura do estuco e da pintura. Muitos cartazes devem ter desaparecido pela limpeza ou reparao das paredes ou pela colocao de outros novos.Os textos dosprogrammataobedecem a formulas simples e estereotipadas: o nome do aspirante, cargo para o qual se apresente, nome do promotor da candidatura (individuais ou coletivos), frmulas exortativas com verbos que expressavam recomendao de voto (habitualmentefacereourogare) o desejo fervente de que algum fosse eleito, expresses de elogio, etc. As abreviaturas e siglas eram frequentes; as vezes os cartazes se reduziam a uma simples sequncia delas, certo que os pompeianos as entendiam muito bem. O nome do candidato constitua o principal elemento visual, ressaltado em caracteres maiores, para chamar a ateno do leitor, deixando o resto da mensagem em letras menores. Um modelo normal podia ser este: Popidium Secundum II vi(rum) o(ro) v(os) f(aciatis (vos peo que faam Popidio Secundo duunviro).A distribuio topogrfica da propaganda eleitoral pompeiana tambm muito desigual. Em geral as ruas com mais densidade de cartazes eram as mais frequentadas ou eram lugares com mais tabernas (thermopolia, cauponae), ali onde os pasquins podiam ser vistos por mais gente, como a movimentada Via dellAbbondanza. Isso poderia indicar que esse trabalho publicitrio estava bem planificado. Concretamente, os taverneiros (caupones) deviam ter certa influncia sobre seus paroquianos, sendo convocados para fazer campanha (caupones facite, taverneiros, o apoiem!) ontem como hoje em seus estabelecimentos se falaria muito de poltica. Tambm se observa como as casas dos candidatos e seus arredores, ou as dos cidados influentes, parecem ter sido especialmente apreciadas. Quando se tratavam de candidatos aliados, osprogrammataeram colocados tambm onde os colegas tinham sua casa, outro indicio de uma colocao coordenada dos cartazes. Da mesma forma eram colocados em outros pontos estratgicos, como cruzamentos virios, sedes de associaes profissionais, termas, etc.A publicidade eleitoral se estendia inclusive para fora da cidade, aparecendo nas vilas suburbanas e at em cidades vizinhas, onde podiam haver pompeianos temporalmente residentes, que mantinham os direitos cvicos em seu lugar de origem. Isso explicaria a apario em Pompeia de panfletos relativos a candidatos da cidade vizinha deNuceria. A febre eleitoral no respeitava nem sequer os monumentos funerrios ao longo das vias de acesso s cidades. s vezes, junto s epigrafes sepulcrais, o nosso proibido colar cartazes se expressou com avisos especialmente contundentes, ainda que aparentemente ineficazes: aquele candidato cujo nome for inscrito neste monumento seja rejeitado e que jamais chegue a obter alguma honra; se for escrito sobre este monumento o nome de algum candidato, que ele no tenha boa sade!.Identidade e inteno de quem fazia a propaganda nosComitiaUma questo importante diz respeito a se o fenmeno dos pasquins eleitorais de Pompeia eram uma atividade espontnea, que mobilizava indivduos ou grupos em favor de seus candidatos preferidos, mas sem interveno direta dos mesmos. Essa tem sido a opinio tradicional. Mas os estudos recentes tm colocado mostra a implicao pessoal dos candidatos nas campanhas e na difuso da propaganda eleitoral, que eles controlariam bem diretamente ou atravs de seus partidrios. Os que aparecem atuando como promotores das candidaturas (rogatores) no o faziam de forma independente, teriam sido nomeados pelos prprios aspirantes e pelo seu comit de campanha. De modo similar, segundo a lei de Malaca, os candidatos podiam designar interventores para vigiar as mesas eleitorais e as urnas no dia das votaes. Necessitavam ento de gente afeita e bem disposta a ajud-los, que podiam ser seusclienteseamici, quem, subscrevendo recomendaes de votos, demonstravam assim as conexes pessoais e a projeo social de seus favoritos.Tambm temos evidncias claras de que alguns candidatos podiam aliar-se para realizar apoios mtuos no sentido de se imporem sobre seus adversrios. No podemos esquecer que noscomitiaeram eleitas duas pessoas para cada magistratura. Na prtica poltica da Roma republicana estas coalizes (coitiones) foram consideradas ento uma prtica pouco honrosa, que se somava ao suborno e compra de votos. Mas em Pompeia no faltavam exemplos deprogrammataque incentivavam a votar por grupos de dois ou mais indivduos, inclusive para diferentes cargos, indicando cidadania que seriam timos colegas. Nada confirma que houvesse regulao oficial a respeito, e certamente os eleitores municipais romanos tinham plena liberdade para votar em quem desejassem, no sendo forados a votar necessariamente por equipes de candidatos. No obstante, apresentar-se na propaganda como candidatos unidos podia transmitir ao eleitorado mensagens significativas: que os aliados reuniam seus respectivos grupos de presso; que haviam acordado em uma linha poltica a seguir, da qual podia beneficiar-se toda a cidade; que no atrapalhariam as aes de seu colega com o direito de veto (intercessio) que figuram nos estatutos municipais hispnicos. De todas as formas, a evidencia que temos em Pompeia indica que tais coalizes nem sempre triunfavam.Dois componentes dos pasquins eleitorais podiam mobilizar a opinio pblica a favor dos que disputavam as magistraturas: o prestigio e influncia dos promotores de candidaturas, e os elogios que dedicavam aos aspirantes, fatores que podiam influir sobre eleitores indecisos. Boa parte da propaganda eleitoral de Pompeia est subscrita por indivduos que assim manifestavam abertamente sua preferncia. Seu voto, ento, estava decidido de antemo, e o manifestavam sem rodeios. Uma repercusso importante podia ter uma tomada de deciso de cidados especialmente prestigiosos. Inclusive alguns candidatos foram excepcionalmente respaldados por representantes do governo imperial, o que em si constitua uma aberta intromisso centralista na respeitada esfera da autonomia municipal. Assim Marco Epidio Sabino, que buscava o duunvirato, aparece apoiado por Suedio Clemente, um comissrio do imperador Vespasiano que l se encontrava para resolver um litigio de propriedades.Um grupo significativo deprogrammata subscrito por coletivos sociais de condies bastante diversas. O mbito mais imediato de partidrios parece ser que era constitudo deviciniou vizinhos do candidato, habitantes do mesmo bairro (vicus), setor que podia configurar uma das agrupaes eleitorais nos quais se distribuam os cidados. Ccero lembra que em Roma era fundamental para um candidato, por questo de prestigio, sair eleito entre os membros de sua tribo (tribules). Osvicini, que aparecem em diversos pasquins pompeianos, podiam organizar-se durante a campanha como um verdadeiro comit eleitoral, mostrando suas preferncias, mobilizando-se para atrair pessoas influentes (vicini cum Capitone rogant, os vizinhos pedem o voto junto Capitone), ou a determinados grupos de eleitores (pistores rogant et cupiunt com vicinis, os padeiros pedem o voto e o desejam com toda a vizinhana). Inclusive os indecisos eram instados a tomar partido de forma incisiva,vicini surgite et rogate(vizinhos levantai-vos e pedi o voto para!), e para prevenir quanto as manobras dos adversrios,vicine vigilate(vizinhos, vigiai!).Outras vezes a projeo publicitaria dos candidatos tinha como protagonistas os seus clientes, ou bem coletivos de diversas entidades, com os quais talvez os aspirantes tinham alguma relao, por exemplo, associaes juvenis (collegia iuvenum) ou agrupaes de artesos e trabalhadores;pistores(padeiros),tonsores(barbeiros),fullones(lavadeiros),muliones(carreteiros), etc. Alguns panfletos so assinados por sociedades recreativas:pilicrepi, jogadores de bola;latrunculari, aficionados por um jogo parecido com damas ou xadrez. Tampouco faltam os professores de escola com seus discpulos:Valentinus cum discentes suos rogar(Valentino com seus alunos pede o voto para). At os mendigos (pauperes) se consideravam obrigados a expressar suas preferencias em tais momentos.

Noscomitiaparticipavam apenas os homens livres que gozavam da cidadania local. Ficavam excludos, por tanto, os livres sem tais condies, os libertos, os escravos e as mulheres. Mas algumas fminas de Pompeia, como demonstra sua presena nos pasquins eleitorais, faziam poltica sim em tais ocasies, apoiando abertamente os seus candidatos preferidos. Inclusive alguns homens no tinham inconvenientes com que os nomes de suas mulheres precedessem os seus nas recomendaes de votos que compartilhavam. Raramente osprogrammataso subscritos por matronas da alta sociedade local, ainda que algumas podiam ter certa influncia pblica se haviam cumprido com funes sacerdotais femininas prestigiosas. Mas so em geral mulheres de condio humilde ou servil, com ofcios que lhes dava certa ascendncia entre sua clientela masculina, as que aparecem nos cartazes promovendo ativamente alguns candidatos. Assim vemos atuar as mocinhas dothermopoliumadministrado por uma talAsellina, solicitando o voto para o candidato Lolio Fusco, que no deve haver ficado contente com tais simpatizantes. Fusco parece ter eliminado rapidamente seu nome do cartaz, pois podiam comprometer-lhe frente ao eleitorado. Em outra ocasio, e por razes certamente parecidas, vemos como C. Julio Polibio, aspirante ao duunvirato, deve ter ordenado que se apagasse com uma camada de cal o nome de sua espontnea admiradoraCuculla, talvez mulher de m reputao. Mas deixou visvel o resto do cartaz onde aparecia o prprio nome, para aproveitar a oportunidade publicitria.Ainda que a propaganda eleitoral normalmente fosse dirigida comunidade em geral, podia tambm centrar-se em pessoas concretas, como pessoas consideradas muito influente sobre os cidados, com o fim de que eles se comprometessem. A solicitao podia ser genrica: Oh Sirico!, dignifica-te a apoiar.; precisa e motivada, apelando amizade: Oh Prculo!, aplica os deveres (da amizade) em favor de teu (amigo) Fronto; dirigida a algum que no se estimava de muita confiana, ainda que se fingia estar seguro de seu favor ao solicitar o voto: Oh Diadumeno!, sei bem que o fars, Oh Crescente!, sei o que desejas ardentemente. A quem se considerasse morno demais ou indeciso, podiam estimular assim: Dionisio convida a votar como edil Lucio Popidio. Oh Infans!, tu dormes e desejas (que seja eleito).As mensagens eleitoraisDuas mulheres pompeianas,StatiaePetronia, expressaram sua petio de voto em favor de dois aspirantes edilidade com uma frmula muito expressiva e enftica:tales cives in colonia in perpetuo(que sempre existam cidados de tal classe em nossa colnia!). Para elas estes indivduos respondiam de forma tima ao perfil qualitativo que qualquer eleitor deveria esperar de quem aspirava aos cargos municipais. Deviam responder a um cdigo de virtudes, que tambm as vezes aparecem assinaladas em algumas epgrafes expostas nos espaos pblicos em honra dos magistrados. So as mesmas que nosprogrammataeleitorais servem para exaltar os candidatos, projetando ante os cidados sua melhor imagem. Se Sneca escreveu que de todos os candidatos afirmamos que so homens bons, tambm a respeito dos que em Pompeia optavam por se candidatarem se dizia nas recomendaes de votos sobre sua condio de homembonus, egregius, probus, dignissimus, integrus, verecundissimus, benemerens, innocens, etc. So sempre valoraes hiperblicas, mas em um plano tico, no h apreciaes sobre a preparao, conhecimentos ou experincia do candidato para exercer as funes pblicas.Muitos destes adjetivos elogiosos vo associados ao termoiuvenis, tratando-se de jovens que iniciavam sua carreira poltica (cursus honorum) pretendendo a edilidade, ainda que a idade mnima fosse vinte e cinco anos. De algum modo chegou-se mesmo a dizer que erainocuae aetatis(com idade de no ter podido causar mal ainda). No conjunto dosprogrammataeleitorais pompeianos se pode observar que os qualitativos elogiosos costumam estar empregadas mais intensamente para os aspirantes a edil. Estes precisavam fazer-se conhecer mais que os que perseguiam o duunvirato, quem os eleitores j haviam podido avaliar como ediles, e que as vezes eram pactuados dentro da aristocracia. De fato os cartazes sugerem que nos mesmos comcios os aspirantes ao duunvirato costumavam ser menos do que aqueles que ambicionavam a edilidade, a competio pelo cargo mais importante era aparentemente menos intensa. Nesse sentido a presso propagandstica se concentrava mais naqueles que necessitavam ser eleitos ediles para iniciar sua carreira municipal e, dada a sua juventude, ainda no haviam tido oportunidade de mostrar-se como realmente era no cenrio poltico. O que por sua parte tambm obrigava os seus partidrios a atuar de forma mais incisiva.Junto das aclamaes de carter genrico, centradas no compendio de virtudes indicado, a publicidade eleitoral funcionava tambm sobre temas mais concretos, a fim de atrair votantes a um candidato que oferecia expectativas mais interessantes, evocando merecimentos j comprovados. Sobretudo tratando-se de aspirantes ao duunvirato cuja previa atuao como edil havia deixado uma boa impresso. Por exemplo, podiam destacar sua generosidade pessoal. De M. Caselio Marcelo, que desejava ser eleito edil, o melhor que podia dizer-se que seriamunerarius magnus(grande organizador de espetculos), pois tal era uma das responsabilidades de dita magistratura, inclusive com desembolso pessoal do dinheiro, como indica a lei de Urso.Outro tema era a honradez que o candidato ia demonstrar administrando o dinheiro pblico. Assim expresso em um pasquim pompeiano, onde se afirma deBruttius Balbus, que optou pelo duunvirato, o seguinte:hic aerarium conservabit(este no dilapidar o tesouro pblico). De outro aspirante, um cartaz dizia que eranon avidum(sem nsia de dinheiro). Vrias das qualidades morais que osprogrammataatribuem aos candidatos (honestas, iustitia, aequitas, bonitas, probitas) esto diretamente relacionados com a honradez ao gerir ares publica, muito especialmente ao administrar os fundos pblicos. Questo que preocupava muito o governo de Roma, como o indica o amplo tratamento que se dedica a isso nos regulamentos municipais daHispania. At a mesma honestidade demonstrada na profisso podia ser aplicada a uma responsabilidade poltica, se era eleito noscomitia. Assim, o pistor (padeiro) C. Juilo Polibio foi recomendado para a edilidade com o seguinte anuncio:panem bonum fert(produz bom po).Algumas noes ticas utilizadas retoricamente como slogans de propaganda eleitoral se aproximam do contedo dahonestas. Opudor destacado no opsculo ciceroniano citado como uma das qualidades do candidato ao consulado. Alude moderao que devia mostrar aquele que assumia responsabilidades polticas. Foi o que em Pompeia se elogiou deLucretius Fronto, aspirante ao duunvirato:si poder in vita quicquam prodesse putatur, Lucretius hic Fronto dignus honore bene est(se a modstia na vida deve ser estimada em algo, Lucrecio Fronto muito digno de revestir esta honra). Outra qualidade apontada averecundia. Em um cartaz se pede o voto para C. Cuspio, que buscava a edilidade, nestes termos enfticos e poticos:si qua verecunde viventi gloria danda est, huic iuveni debet gloria digna dari(se cabe alguma moderada gloria para algum vivente, deve dar-se uma digna gloria a este jovem). Talvez se lembrem de alguns versos de Catulo.A boa disposio de um candidato em favorecer seus administrados podia ser motivo para um elogio, quando se diz de um deles:multis fecit benigne(fez o bem a muitos). A promessa de ajudar aos outros atravs do cargo conseguido podia atuar como chamada publicitria, gerando compromissos com quem os apoiava na campanha. O que formava parte dos deveres prprios daamicitia, fator que funcionava noscomitiae exigia corresponder aos favores recebidos. Assim podemos comprovar como Epidio Sabino, cujas pretenses ao duunvirato foram apoiadas por diversos pasquins pompeianos, aparece tambm em certos espaos publicitrios apoiando outros candidatos. Em um cartaz se afirma claramente de algum:unus substenet amicos et tenet tutat substenet omni modo(apenas ele ajuda aos amigos, os sustenta e os defende, os ajuda de todas as formas). A um tal Trebio Valente se exortava a votar em Ovidio Veyento para a edilidade, dizendo:et ille te faciet(e ele logo votar em ti). Outro panfleto reza desta forma:Vere fac qui te fecit(oh Vero, vota em quem por sua parte o fez por voc!).Os profissionais da publicidade parietalA confeco dosprogrammataeleitorais era efeituada por alguns competentes redatores denominadosscriptores. No era, a princpio, uma atividade complicada, pois os panfletos, como vimos, se ajustavam a frmulas estereotipadas, com abundante uso de siglas que economizavam espao e tempo, gastos para quem encomendava o cartaz, e o esforo para o trabalhador, que podia assim atender a mais peties. Como osscriptoresassinavam as vezes seus cartazes, orgulhosos de uma atividade apreciada socialmente, conhecemos os nomes de alguns. Ainda que especialistas em sua atividade, no eram estritamente profissionais que viviam apenas desta ocupao, exercida de forma ocasional.De seu trabalho se apreciava especialmente suas habilidades caligrficas, basta comparar muitos de seus cartazes com os abundantes e quase ilegveis graffiti que cobrem as paredes pompeianas. Em um mundo cujo nvel de alfabetizao, ao menos nos setores populares, apenas podemos avaliar relativamente, aqueles que sabiam escrever, e o faziam com uma especial competncia, eram socialmente valorizados. Um exemplo disso eram os escribas a servio dos magistrados locais. Eram responsveis por redigir, organizar e custodiar os documentos do arquivo, e eram os que mais cobravam entre seus auxiliares (apparitores). Mas mesmo assim, para poder viver deviam completar sua renda com outras ocupaes.O mesmo devia ocorrer entre osscriptoresde Pompeia, que habitualmente viveriam de outras atividades, ainda que nesta cidade se pintasse durante todo o ano diversos tipos de cartazes. Quem os encomendava? Seriam os promotores da uma candidatura ou os prprios candidatos. Mas no tinham porque trabalhar apenas para aqueles que gozavam de suas simpatias polticas. Ainda que as vezes um mesmo personagem aparecesse comoscriptorerogatorde uma candidatura, negcios eram negcios, e umscriptorestava disposto a receber todas as encomendas que lhe interessasse, por isso que alguns se anunciavam. provvel que osscriptorestrabalhassem habitualmente de noite, quando a cidade estava tranquila, as ruas sem trnsito e sem curiosos que atrapalhassem ou oponentes que causassem distrbios, como de fato havia. As vezes os vemos atuar organizados como pequenas equipes. Um cartaz eleitoral est assinado assim:scr(ipsit) Infantio cum Floro et Fructo et Sabino hic et ubique(escreveu-o Infancio, com Floro, Fructo e Sabino, aqui e em todas as partes). Cada membro tinha uma funo especfica, pois em outros panfletos se indica a diviso do trabalho:scripsit Secundus dealbante Victore adstante Vesbino(escreveu-o Secundo com a ajuda do caiador Vtor e seu assistente Vesbino). Alm do operrio principal, oscriptor, distinguimos odealbatorou caiador, que estendia uma camada de estuque sobre a parede escolhida como suporte do texto, anulando tambm outros cartazes fixados ali anteriormente, e oadstans, um assistente que possivelmente levava os utenslios. A eles se somava oscalariusou portador da escada, com a qual oscriptorpodia aceder parte alta das fachadas, fora do alcance de possveis competidores ou sabotadores de seu trabalho, e umlanternarius(portador de lanterna), necessrio se o trabalho era feito a noite.Mas havia tambmscriptoresque preferiam fazer seu trabalho sozinhos. Um deles deixou escrito:scr(ipsit) unicus s[in]e reliq(uis) sodalib(us)(escreveu-o sozinho, sem outros colaboradores). Talvez a razo para estesscriptoresindividualistas fosse a avareza de sua potencial clientela, candidatos ou partidrios, no dispostos a pagar uma equipe completa para tarefas que podiam ser feitas por apenas uma pessoa. Mas h outra possibilidade. Que se tratassem de pessoas contratadas rapidamente por aqueles que imediatamente depois de publicada a lista oficial de aspirantes admitidos, e antes de que, em plena campanha, comeassem a organizar as equipes de divulgao, desejassem aparecer em pblico como os primeiros a solicitar o voto para seus candidatos preferidos. o que poderia sugerir este pasquim eleitoral:Marcum Holconium Priscum aedilem primus rogar Proculus(Prculo o primeiro em pedir o voto de edil a favor de Marco Holconio Prisco).No faltou tambm aqueles que aproveitaram a oportunidade de pintar um panfleto para lembrar aos previsveis eleitores qual era seu principal oficio, fazendo assim propaganda de duas vias:Mustius fullo facit et dealbat scr(ipsit) unicus (Mustio, o lavadeiro, apoia e branqueia (a parede), escreveu-o sozinho). Pois os romanos tinham certo sentido demarketingprofissional, e osscriptoresfaziam sua publicidade assinando seus cartazes. Alguns inclusive consideravam que seu primoroso trabalho caligrfico alcanava dimenses artsticas. Desta forma se davam ostensivamente o qualificativo depictores(pintores). Ao potencial cliente se indicava onde podiam encontrar oscriptor:scr(ipsit) Aemilius Celer vic(inus)(escreveu-o Emilio Cler, que habita na vizinhana). Estamos aqui diante deP. Aemilius Celer, ao que parece o mais popular, ou ao menos o melhor conhecido, dosscriptorespompeianos. Em cartazes situados em sua casa ou proximidades oferece seu endereo profissional, ali onde os que necessitassem seus servios poderiam localiz-lo bem:Ae[mili]us Celer hic habitat.Celerparece ter sido outro dos pintores de cartazes que trabalhavam sozinhos. E inclusive caso trabalhasse de noite no precisava de umlanternariuspara iluminar. Como romanticamente deixou escrito em um de seus panfletos, a ele bastava o claro da lua:scripsit Aemilius Celer singulus ad lunam.Alguns comentrios espontneos escritos sobre os muros permitem adivinhar episdios de trabalho dosscriptores, que parecem ter sido gente com humor, que aliviava seu trabalho noturno, no isento de certa tenso ante a possvel apario de perturbadores, com observaes diversas:futui coponam(fiz amor com a taberneira);lanternari tene scalam(lanterneiro, sustente a escada!);descende(baixe!, que seria o que um impaciente ajudante, farto de sustentar a lanterna e a escada, diria aoscriptorengajado acima com sua tarefa);Astyle, dormis(Astilo, tu ests durmindo!);Sei, copo, probe fecisti quod sellam commodasti(taberneiro Seio, fizeste bem ao emprestar-me uma cadeira!, instrumento necessrio para alcanar a parte alta de alguma parede), etc.O trabalho dosscpritoresno parece terminar uma vez celebrada a votao, conhecidos os resultados doscomitiae proclamados os candidatos eleitos. Novos panfletos podiam conter aclamaes a favor dos triunfadores, subscritos por partidrios satisfeitos com o resultado e desejosos por mostrar assim publicamente sua perspiccia poltica ao apoi-los. Assim o vemos em um cartaz que proclama com entusiasmo comoPaquium Proculum duovirum iure dicundo dignum rei publicae univer[si] Pompeiani fecerunt(todos os pompeianos fizeramduunviro iure dicundocom seus votos a Paqui Prculo, um homem verdadeiramente digno da administrao municipal). Outra forma de celebrar a vitria era somando a exclamaofeliciter(felizmente) aos pasquins pintados durante a campanha:Rustium Verum aedilem oro vos faciatis. Feliciter(Vos peo eleger como edil Rustio Vero. Felizmente (foi eleito)!)O que nos sugerem os programmata pompeianosO fenmeno dos pasquins eleitorais em Pompeia nos esclarece algumas coisas interessantes sobre a vida local no Imprio Romano, pois no h razes para se pensar que fosse algo privativo desta cidade. Se os estatutos municipais daHispanianos informam sobre a normativa legal que regulamentava oscomitia, osprogrammataeleitorais nos ilustram uma realidade mais vivencial, demonstrando que a priori os candidatos s magistraturas nem sempre tinham um caminho claro e fcil. Deviam ganhar o apoio de um eleitorado popular em lugares em que j havia, desde antes da campanha, uma opinio decidida, mas onde pululavam tambm muitos indecisos que deveriam ser convencidos. Por isso a campanha eleitoral era de fato disputada, significando um enfrentamento peridico entre os cls mais ambiciosos do estamento dirigente, colocando todas as redes sociais de dependncia em uma comprometida e ativa tenso; as expectativas dos distintos grupos sociais, ou simplesmente as simpatias pessoais elementais, a fim de ganhar votos para um ou outro candidato.Em princpio fica claro que o carter anual e, por tanto, reiterativo doscomitiano os fazia degenerar em monotonia e desinteresse relativa responsabilidade cvica, participando toda a populao de forma direta, inclusive aqueles que no estavam capacitados juridicamente para votar. A luta eleitoral podia alcanar inclusive nveis de tenso, e talvez em ocasies produzisse aes violentas. Basta lembrar das imprecaes que recolhem alguns panfletos contra os eventuais sabotadores que apagavam a propaganda de seus adversrios:invidiose qui deles aegrotes(invejoso que apaga, tomara que adoeas!). Ou admoestaes do tipoimitari decet non invidere(convm imit-lo, no invej-lo). No se duvidava tampouco em recorrer a operaes de contra-propaganda, a base de recomendaes de votos falsas ou irnicas, para desacreditar algum candidato, colocadas em boca de grupos no muito respeitveis:seribibiou bebedores noturnos,furunculiou ladrezinhos,dormientesou dorminhocos, etc.Parece evidente que os pompeianos eram apaixonados pela poltica, como o eram tambm pelos jogos. No ano de 59 a. C. haviam travado uma violenta disputa com seus vizinhos de Nuceria durante algunsludide anfiteatro, e Nero teve que proibi-los por certo tempo. Mas em sua forma de comportar-se na palestra comicial ou ldica talvez no fossem muito diferentes de outras sociedades locais. Basta recordar aquele decreto decurional de Pise que indica que dita cidade estava em 4 d. C. sem magistrados, j que no haviam podido ser eleitos devido s lutas entre candidatos (propter contentiones candidatorum). E o mesmo estatuto municipal deMalacacastigava com multas a todo aquele que alterasse o funcionamento normal doscomitia.Os pasquins de Pompeia nos confirmam at que ponto podia subir a febre eleitoral em uma cidade romana. E como em to decisivas conjunturas os romanos, devotos por natureza, inclusive no duvidavam em misturar religio e poltica, insuflando os votantes indecisos ou volveis com promessas de favor divino se tomavam partido por determinada candidatura:ita vobeis Venus pompeiana sacra sancta propitia sit(assim a santssima Venos pompeiana vos ser propcia). A alta cifra deprogrammata, seu uso durante um longo tempo, sua distribuio por toda a cidade, sua colocao planificada, tambm demostram que eram um meio publicitrio efetivo na hora de gerar correntes de opinio. Tal recurso, pois, funcionava. E os documentos que do testemunhos disso ante nossos olhos nos devolvem assim uma sociedade municipal real, que periodicamente, em ocasio doscomitia, punha a reluzir suas grandezas e misrias, suas inquietudes, esperanas ou desenganos na poltica e na prpria vida. Mais ou menos como ns tambm hoje.Traduzido por Primo Jonasa partir de La escritura y el libro en la antigedad, editado por J. B. Gmez, M. Q. Sagredo e M. C. Gonzlez Rodrguez, 2004, Madrid, pp. 115-130)BibliografiaCastren, P. (1975),Ordo Populusque Pompeianus. Polity and Society in Roman Pompeii, Roma Della Corte, M. (1965),Case e abitanti di Pompei, Npolestienne, R. (1992),La vida cotidiana en Pompeya, MadridFranklin, J. L. (1980),Pompeii: The Electoral Programmata, Campaigns and Politics, A.D 71-79, RomaMouritsen, H. (1988),Elections, Magistrates and Municipal Elite, RomaRodrguez Neila, J. F. (1991) Elecciones municipales en las comunidades romanas, em C. 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