eleições e voto no brasil império e república

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Os cidadãos brasileiros irão em outubro às urnas (eletrônicas) para as eleições presidenciais. De acordo com a atual Constituição, promulgada em 1988, devem votar os maiores de 18anos; entre 16 e 18 anos o voto é facultativo, bem como aos maiores de 70 e aos analfabetos. Essa Constituição também inovou ao criar a eleição em dois turnos para os cargos do Executivo (federal, estadual e certas prefeituras). Se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta dos votos, os dois primeiros colocados disputam novo pleito. A participação em eleições foi se ampliando ao longo de nossa história. No Império, o voto era censitário, ou seja, para votar e ser eleito, exigia-se renda mínima dos cidadãos: 100 mil-réis anuais. Esses elegiam outros, com renda de 200 mil-réis, a quem cabia escolher os deputados e senadores (400 e 800 mil-réis, respectivamente). Havia, portanto, eleições indiretas ou em dois graus, sendo o voto aberto. A Constituição de 1824 não fazia referência às mulheres mas, segundo os costumes da época, elas estavam privadas desses direitos. Admitiu-se o voto de analfabetos, pelo menos até 1882, quando se introduziu o censo literário (saber ler e escrever) e eleições diretas. Na primeira Constituição republicana (1891), eliminou-se o critério econômico com o voto universal e direto. Apesar disso, o número de eleitores não cresceu, pois a exigência de alfabetização excluiu a maioria da população. As mulheres continuaram sem direitos políticos e o voto, aberto. A maior importância dada aos municípios reforçou a influência dos “coronéis, latifundiários que comandavam seu “curral eleitoral” por meio da troca de favores e da violência. Como o voto não era secreto, podia ser facilmente controlado – “voto de cabresto”. Pressões e fraudes caracterizaram as eleições na República Velha (1889-1930). Foi o Código Eleitoral de 1932, no governo Vargas, que trouxe importantes alterações. O voto tornou-se obrigatório e secreto, extensivo às mulheres, em pleitos regulados pela justiça eleitoral. No entanto, apenas as mulheres que exercessem atividade pública remunerada tinham o dever de votar. Previu-se a representação profissional de empregadores e empregados, com 40 deputados classistas. Tais inovações foram incorporadas à Carta de 1934, suspensa com a outorga da Constituição da ditadura varguista (Estado Novo, 1937-45). A Constituição de 1946 restabeleceu os princípios democráticos e estipulou a obrigatoriedade do voto aos brasileiros maiores de 18 anos, alfabetizados, de ambos os sexos. Assim, homens e mulheres passaram a exercer igualmente seus direitos políticos. Durante os Governos Militares (1964-85), presidente, governadores e prefeitos de capitais e de algumas cidades foram escolhidos de forma indireta. As eleições voltaram a ser diretas com o processo de redemocratização, respectivamente em 1989, 1982 e 1985. Destacou-se nesse processo o movimento das “Diretas Já”, em 1984. Prof.a Maria Odette Simão Brancatelli 01. O sistema eleitoral adotado no Império brasileiro estabelecia o voto censitário. Esta afirmação significa que a. o sufrágio era indireto no que se referia às eleições gerais. b. para ser eleitor era necessário possuir determinada renda anual. c. as eleições eram efetuadas em dois turnos sucessivos. d. o voto não era extensivo aos analfabetos e às mulheres. 02. Se o voto deixasse de ser obrigatório, o senhor iria votar nas próximas eleições? O Globo, 03/08/98, Conforme a pesquisa do Ibope, atualmente, mais da metade dos eleitores não faz questão de votar. Entretanto, durante o período de Império, de acordo com a Constituição de 1824, no Brasil era o sistema eleitoral que restringia a participação política da maioria, pois a. garantia a vitaliciedade do mandato dos deputados, tornando raras as eleições. b. convocava eleições apenas para o cargo de primeiro-ministro, conforme regulamentação do parlamentarismo. c. concedia o direito de voto somente a quem tivesse certa renda, sendo os votantes selecionados segundo critérios censitários d. promovia eleições em Portugal, com validade para o Brasil. 03. As Constituições são documentos importantes porque definem a natureza do governo, a origem do 05. Uma das grandes surpresas dos republicanos históricos foi a persistência desse sistema (o coronelismo) que acreditaram ter anulado com a modificação do processo eleitoral...” Isto quer dizer que, durante a Primeira República, no Brasil a. as modificações da lei eleitoral foram feitas de acordo com os interesses das oligarquias regionais. b. o domínio das instituições e das diversas leis eleitorais escapava ao controle da Justiça Eleitoral. c. a força das armas garantia, aos coronéis, suas patentes militares, suas fortunas e os votos nas urnas. d. as tentativas de estabelecer o sufrágio universal foram bloqueadas pelos interesses dos partidos políticos. 06. Em relação ao direito de voto, na história política do Brasil, é correto afirmar que a. na Constituição do Império (Carta outorgada de 1824), escravos e analfabetos não podiam votar. b. no regime militar, a Constituição de 1967, instituiu a eleição indireta para os cargos executivos, deu o direito de voto aos analfabetos. c. a 1ª Constituição republicana (1891) eliminou a exigência de renda mínima para definir quem seria eleitor e proibiu o analfabeto de votar. d. a Constituição republicana de 1891 deu o direito de voto à mulher. 07. O Movimento “Diretas Já”, que promoveu em 1984 uma intensa mobilização popular a favor da eleição direta para Presidente da República, teve como resultado imediato a. a eleição de um governo popular democrático

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Page 1: Eleições e voto no brasil império e república

Os cidadãos brasileiros irão em outubro às urnas (eletrônicas) para as eleições presidenciais. De acordo com a atual Constituição, promulgada em 1988, devem votar os maiores de 18anos; entre 16 e 18 anos o voto é facultativo, bem como aos maiores de 70 e aos analfabetos. Essa Constituição também inovou ao criar a eleição em dois turnos para os cargos doExecutivo (federal, estadual e certas prefeituras). Se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta dos votos, os dois primeiros colocados disputam novo pleito. A participação em eleições foi se ampliando ao longo de nossa história. No Império, o voto era censitário, ou seja, para votar e ser eleito, exigia-se renda mínima dos cidadãos: 100 mil-réis anuais. Esses elegiam outros, com renda de 200 mil-réis, a quem cabia escolher os deputados e senadores (400 e 800 mil-réis, respectivamente). Havia, portanto, eleições indiretas ou em dois graus, sendo o voto aberto. A Constituição de 1824 não fazia referência às mulheres mas, segundo os costumes da época, elas estavam privadas desses direitos. Admitiu-se o voto de analfabetos, pelo menos até 1882, quando se introduziu o censo literário (saber ler e escrever) e eleições diretas. Na primeira Constituição republicana (1891), eliminou-se o critério econômico com o voto universal e direto. Apesar disso, o número de eleitores não cresceu, pois a exigência de alfabetização excluiu a maioria da população. As mulheres continuaram sem direitos políticos e o voto, aberto. A maior importância dada aos municípios reforçou a influência dos “coronéis, latifundiários que comandavam seu “curral eleitoral” por meio da troca de favores e da violência. Como o voto não era secreto, podia ser facilmente controlado – “voto de cabresto”. Pressões e fraudes caracterizaram as eleições na República Velha (1889-1930). Foi o Código Eleitoral de 1932, no governo Vargas, que trouxe importantes alterações. O voto tornou-se obrigatório e secreto, extensivo às mulheres, em pleitos regulados pela justiça eleitoral. No entanto, apenas as mulheres que exercessem atividade pública remunerada tinham o dever de votar. Previu-se a representação profissional de empregadores e empregados, com 40 deputados classistas. Tais inovações foram incorporadas à Carta de 1934, suspensa com a outorga da Constituição da ditadura varguista (Estado Novo, 1937-45). A Constituição de 1946 restabeleceu os princípios democráticos e estipulou a obrigatoriedade do voto aos brasileiros maiores de 18 anos, alfabetizados, de ambos os sexos. Assim, homens e mulheres passaram a exercer igualmente seus direitos políticos. Durante os Governos Militares (1964-85), presidente, governadores e prefeitos de capitais e de algumas cidades foram escolhidos de forma indireta. As eleições voltaram a ser diretas com o processo de redemocratização, respectivamente em 1989, 1982 e 1985. Destacou-se nesse processo o movimento das “Diretas Já”, em 1984. Prof.a Maria Odette Simão Brancatelli

01. O sistema eleitoral adotado no Império brasileiro estabelecia o voto censitário. Esta afirmação significa quea. o sufrágio era indireto no que se referia às eleições gerais.b. para ser eleitor era necessário possuir determinada renda anual.c. as eleições eram efetuadas em dois turnos sucessivos.d. o voto não era extensivo aos analfabetos e às mulheres.

02. Se o voto deixasse de ser obrigatório, o senhor iria votar nas próximas eleições? O Globo, 03/08/98, Conforme a pesquisa do Ibope, atualmente, mais da metade dos eleitores não faz questão de votar. Entretanto, durante o período de Império, de acordo com a Constituição de 1824, no Brasil era o sistema eleitoral que restringia a participação política da maioria, poisa. garantia a vitaliciedade do mandato dos deputados, tornando raras as eleições.b. convocava eleições apenas para o cargo de primeiro-ministro, conforme regulamentação do parlamentarismo.c. concedia o direito de voto somente a quem tivesse certa renda, sendo os votantes selecionados segundo critérios censitáriosd. promovia eleições em Portugal, com validade para o Brasil.

03. As Constituições são documentos importantes porque definem a natureza do governo, a origem do poder e a forma de organização. As constituições imperial (1824) e republicana (1891) excluíram a grande maioria da população brasileira do exercício da cidadania. Nas alternativas a seguir indique essas exclusões.( ) Na Constituição imperial, as eleições eram realizadas de forma indireta em dois graus e apenas os proprietários podiam votar.( ) eliminou-se o critério econômico com o voto universal e direto. ( ) Na Constituição republicana de 1891 o presidente, chefe do poder executivo, era eleito pelo voto censitário.

04. Cabo de enxada engrossa as mãos, o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais. (...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa. Mário Palmério, Vila dos Confins.

Partindo do texto, é correto dizer que, na República Velha,a. a campanha eleitoral realizada pelos chefes políticos locais procurava atingir essencialmente os trabalhadores urbanos menos embrutecidos pelo trabalho pesado e já alfabetizados.b. durante o período eleitoral operava-se uma transformação no trabalhador; esta era a marca do sistema político que ia do poder dos grandes proprietários rurais daí, à capital do Estado.c. constantemente os chefes locais se voltavam para seus subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os dos trabalhos que “engrossam as mãos”.d. ocorria o predomínio oligárquico ligado à manipulação do processo eleitoral, no qual uma grande rede de favores e compromissos era estabelecida entre “patrão” e empregados.

05. Uma das grandes surpresas dos republicanos históricos foi a persistência desse sistema (o coronelismo) que acreditaram ter anulado com a modificação do processo eleitoral...” Isto quer dizer que, durante a Primeira República, no Brasila. as modificações da lei eleitoral foram feitas de acordo com os interesses das oligarquias regionais.b. o domínio das instituições e das diversas leis eleitorais escapava ao controle da Justiça Eleitoral.c. a força das armas garantia, aos coronéis, suas patentes militares, suas fortunas e os votos nas urnas.d. as tentativas de estabelecer o sufrágio universal foram bloqueadas pelos interesses dos partidos políticos.

06. Em relação ao direito de voto, na história política do Brasil, é correto afirmar quea. na Constituição do Império (Carta outorgada de 1824), escravos e analfabetos não podiam votar.b. no regime militar, a Constituição de 1967, instituiu a eleição indireta para os cargos executivos, deu o direito de voto aos analfabetos.c. a 1ª Constituição republicana (1891) eliminou a exigência de renda mínima para definir quem seria eleitor e proibiu o analfabeto de votar.d. a Constituição republicana de 1891 deu o direito de voto à mulher.

07. O Movimento “Diretas Já”, que promoveu em 1984 uma intensa mobilização popular a favor da eleição direta para Presidente da República, teve como resultado imediatoa. a eleição de um governo popular democrático chefiado por Sarney.b. a eleição do candidato da oposição, Tancredo Neves, indiretamentec. a primeira eleição direta do Presidente da República, a primeira em quase trinta anos, com a vitória de Fernando Collor. d. a anticandidata de Ulysses Guimarães e a convocação da Assembleia Nacional Constituinte.

08. A campanha eleitoral deste ano é a mais desanimada desde que o país tornou-se democrático. Políticos se assustam com a frieza com que são recebidos na maioria dos lugares. Jairo Nicolau, Jornal do Brasil,

13/09/98 Dentre as alternativas a seguir, referentes às eleições presidenciais no Brasil desde 1945, assinale a incorreta.a. O colégio eleitoral, de 1945 até os dias de hoje, ampliou-se enormemente, não apenas porque houve o crescimento da população, mas também porque a Constituição de 1988 concedeu o poder de voto aos analfabetos e aos jovens entre 16 e 18 anos.b. Ao contrário das eleições deste ano, as realizadas em 1989 vivenciaram uma intensa mobilização popular, pois naquele ano realizava-se a primeira eleição presidencial após a ditadura militar.c. Ao contrário dos dias atuais, em que a televisão predomina como veículo de difusão de ideias, as campanhas eleitorais do período de 1945 a 1964 baseavam-se na relação direta entre os candidatos e os eleitores, quer através de comícios de rua, quer do “corpo-a-corpo”.d. Enquanto no período pré-1964 existiam somente três partidos políticos - a UDN, o PSD e o PTB -, hoje, as dezenas de partidos causam confusão entre os eleitores, desestimulando-os a participar.

Gabarito 01.b. 02.c. 03. V – V – F – 04.d. 05.d. 06.c. 07.b. 08.d.