eixo temÁtico: tÉcnica e mÉtodos de cartografia ... · eixo temÁtico: tÉcnica e mÉtodos de...
TRANSCRIPT
EIXO TEMÁTICO: TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS
UTILIZAÇÃO DE UM SIG PARA O ESTUDO DE SUSCEPTIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO NA
MESORREGIÃO NORTE DE MINAS Kelly de Oliveira Barros1 (Universidade Federal de Viçosa, [email protected]); Fábio Soares de Oliveira2 (CEFET de Ouro Preto, [email protected]); Arlicélio de Queiroz Paiva3
(Universidade Estadual de Santa Cruz, [email protected]); André Luiz Lopes de Faria1 (Universidade Federal de Viçosa, [email protected]).
UTILIZAÇÃO DE UM SIG PARA O ESTUDO DE SUSCEPTIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO NA MESORREGIÃO NORTE DE MINAS
Kelly de Oliveira Barros1 (Universidade Federal de Viçosa, [email protected]); Fábio Soares de
Oliveira2 (CEFET de Ouro Preto, [email protected]); Arlicélio de Queiroz Paiva3 (Universidade Estadual de Santa Cruz, [email protected]); André Luiz Lopes de Faria1 (Universidade Federal de Viçosa, [email protected]).
Resumo A mesorregião Norte de Minas apresenta características físicas muito semelhantes às da região Nordeste do país. A seca que assola a região proporciona péssimas condições de sobrevivência à população, refletindo em situação crítica de pobreza. Tal fato acaba por ser favorável ao processo da desertificação, que está relacionado com a degradação do solo em regiões áridas, semiáridas ou sub-úmidas secas. Dados indicam um aumento da região considerada como semiárida em Minas Gerais, e a mesorregião Norte de Minas contribui expressivamente para este número. Torna-se de extrema necessidade a realização de um estudo nesta área que possa identificar tanto as áreas que já ocorrem a desertificação, assim como aquelas que apresentam susceptibilidade ao fenômeno. Julga-se de caráter fundamental no entendimento do processo, a discussão sobre as questões metodológicas da desertificação, assim como dos indicadores utilizados na sua identificação. Este trabalho pretende colaborar com elementos que possam auxiliar na tomada de medidas no que diz respeito ao planejamento e gestão destas áreas com presença ou susceptibilidade à desertificação. Aponta-se como possíveis fatores que colaboram para a susceptibilidade à desertificação no Norte de Minas, a predisposição natural da região, o rigor climático e as ações antrópicas, como o desmatamento, aliados às péssimas condições de vida da população local. Referente às questões metodológicas e de indicadores do fenômeno, ressalta-se a ausência de um sistema eficaz e aplicável que englobe seu caráter multidisciplinar. Para tanto, está sendo realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a temática, além da utilização do software ArcGis 9.2 para elaboração de mapas que possibilitem uma análise de características físicas e a construção de um mapa final, a partir das informações de solo, uso da terra, geologia, declividade e escoamento acumulado, incluindo dados populacionais e do Índice de Aridez da mesorregião, que represente o grau de susceptibilidade à desertificação no Norte de Minas.
Palavras-chave: Semiárido, Norte de Minas, Geoprocessamento. Introdução
A mesorregião Norte de Minas, delimitada pelas coordenadas 46°40’ W 14° 0’ N e 41°20’
E e 18°0’ S, apresenta características físicas muito semelhantes às da região Nordeste do país.
Tamanha semelhança é que a própria Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) a
engloba em sua área de atuação.
Os baixos índices pluviométricos aliados a elevadas temperaturas e a pré-disposição
natural, acabam por proporcionar péssimas condições de sobrevivência à população desta região,
refletindo em situação crítica de pobreza, como afirma Simão (2004). Tais características favorecem à
desertificação, definida pela Organização das Nações Unidas (ONU, 1997) como “a degradação da
terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as
variações climáticas e as atividades humanas”, sendo que a “degradação da terra” é devido à
deterioração dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da redução da qualidade de vida das
populações afetadas.
O Ministério da Integração Nacional (2005) propôs uma nova delimitação do semi-árido no
Brasil. Em função do clima, conseqüentemente estas áreas estão propícias a ocorrência da
desertificação. Nesta nova classificação, Minas Gerais foi o estado que obteve um maior número de
cidades incluídas, totalizando oitenta e cinco municípios. Deste número, cinqüenta e três estão
localizados na mesorregião Norte de Minas.
Estes dados indicam um aumento da região considerada como semiárida em Minas Gerais,
e apontam que a mesorregião Norte de Minas contribui consideravelmente para tal fato. Diante disto,
torna-se de extrema necessidade a realização de um estudo nesta área que possa identificar tanto as
áreas que já ocorrem a desertificação, assim como aquelas que apresentam susceptibilidade a este
fenômeno. A discussão sobre as questões metodológicas da desertificação, assim como dos indicadores
utilizados na sua identificação, julga-se de caráter fundamental no entendimento do processo.
Este trabalho tem por objetivo colaborar com elementos que possam auxiliar na tomada de
medidas no que diz respeito ao planejamento e gestão destas áreas com ocorrência ou susceptíveis à
desertificação, que prejudicam tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida da população.
Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho foi realizado inicialmente o levantamento de
referencial teórico sobre a temática desertificação.
Estão sendo elaborados mapas referentes à vegetação, geologia e solos da mesorregião
Norte de Minas, todos com a utilização do programa ArcGis 9.2. A partir da premissa que a
desertificação também envolve a atividade antrópica, dados populacionais referentes à ocupação
urbana/rural para os municípios do Norte de Minas serão analisados, pertencentes ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Os dados relacionados à geologia serão aqueles disponibilizados pela Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), assim como dados também secundários relativos aos solos da
região, disponibilizados pela Fundação de Meio Ambiente (FEAM). Já os dados da cobertura vegetal
da área, serão aqueles disponibilizados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Sabe-se que a utilização das geotecnologias atualmente disponíveis vem sendo considerada
de grande importância a partir do momento em que se trabalha com variados temas e em grandes
extensões do território (SÁ, 2006).
O Modelo Digital de Elevação - MDE foi gerado a partir da interpolação de curvas de nível
pelo método TIN no modulo 3D Analyst. A partir do MDE, gerou-se a drenagem numérica, e em
seguida a obtenção do escoamento acumulado e posterior confecção do Modelo Digital de Elevação
Hidrologicamente Consistente – MDEHC.
Para Chaves (2002, p. 43), “o MDEHC pode ser definido como a melhor representação
digital do relevo no formato matricial ou TIN capaz de reproduzir, com a máxima exatidão, o caminho
preferencial do escoamento da água superficial observado no mundo real”.
Já no que se refere ao índice de aridez, que possibilita o estabelecimento de uma relação
entre a quantidade de chuvas em determinada área e sua evapotranspiração, será determinado para a
área em estudo, utilizando dados disponíveis do Sistema de Monitoramento Agrometeorológico -
AGRITEMPO, num período de cinco anos, de 2004 a 2009.
Para efetivar as análises diante dos dados do tipo de solo, geologia, vegetação, declividade
e escoamento acumulado, realizou-se uma subdivisão dos temas para cada variável considerada, em
classes distintas, através da adoção de critérios subjetivos. Partindo da operação matemática de soma,
com a ferramenta Raster Calculator, mapas serão obtidos a partir do cruzamento dos dados de
escoamento acumulado e declividade do terreno, geologia e solos, solos e vegetação.
A partir destas informações obtidas, além de dados populacionais juntamente com o índice de
aridez, será possível a geração de um mapa, processado em ambiente Arc Gis 9.2, que representa o
grau de susceptibilidade à desertificação na mesorregião Norte de Minas.
Resultado e Discussão
De acordo com o mapa obtido pelo cruzamento do fluxo acumulado e declividade (Figura
01), percebe-se que a área em estudo, de maneira geral, apresenta baixo grau de risco de erosão.
Entende-se por tanto que a susceptibilidade à erosão, no caso da mesorregião Norte de Minas, é muito
pequena e que a desertificação desta forma recebe pouquíssimas interferências quando se trata deste
processo. Ressalta-se para tal fato o relevo predominantemente plano, como pode ser percebido no
Modelo Digital de Elevação gerado (Figura 02), o que de certa forma favorece a não ocorrência de
processos erosivos, uma vez que estes são mais favoráveis em relevos declivosos e regiões com índices
pluviométricos mais elevados.
Figura 01 - Mapa de classes de susceptibilidade à erosão determinadas pelo fluxo de escoamento
acumulado e pela declividade para a mesorregião Norte de Minas.
Figura 02 – Modelo Digital de Elevação, mesorregião Norte de Minas.
Conclusão
Contando apenas com o mapa de susceptibilidade a erosão, a partir da declividade e
escoamento acumulado, pôde-se perceber a baixa interferência de processos erosivos na determinação
da susceptibilidade à desertificação na mesorregião Norte de Minas.
Referências CHAVES, M.A. Modelos digitais de elevação para a bacia amazônica. Universidade Federal de Viçosa, 2002. p. 115 (Tese de Doutorado). Disponível em: http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/28544718.html. Acesso em: 21/ABRIL/2009. MATALLO, H. Indicadores de Desertificação: histórico e perspectivas. – Brasília: UNESCO, 2001. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001298/129871POR.pdf. Acesso em 11/SET/2008 NACIONAL, M.I. Nova Delimitação do Semi-Árido Brasileiro. Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional, 2005. SÁ, I. B. ; SA, I. I. S. ; SILVA, A. S. . DESERTIFICAÇÃO NA REGIÃO DE CABROBÓ-PE: A REALIDADE VISTA DO ESPAÇO. In: 3º Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, 2006, Aracaju-SE. Anais do 3º Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros. v. 1.