eixo: tecnologias de produÇÃo · a ud fossa de evapotranspiração foi implantada em escala real,...
TRANSCRIPT
1
UD - UNIDADE DEMONSTRATIVA DE FOSSA EVAPOTRANSPIRAÇÃO PARA
TRATAMENTO DE ESGOTO DOMESTICO EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA
AGRÁRIA
EIXO: TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
Wesley Júnio de Andrade1 Tatiana M.de Castro Agostinho2
Resumo
Os assentamentos e acampamentos de reforma agrária em sua maioria não possuem
sistemas de tratamento de esgotos eficazes, provocando impactos ao meio ambiente e à saúde
humana. A reutilização da água através da segregação das águas negras (provenientes do vaso
sanitário) e das águas chamadas cinzas (não contaminadas com fezes) permite o tratamento
descentralizado dos diferentes tipos de efluentes domésticos. A fossa de evapotranspiração é uma
tecnologia de baixo custo e ecológica sendo utilizada para tratamento e reuso domiciliar de águas
negras. O artigo apresenta critérios para o dimensionamento e construção da fossa de
evapotranspiração nos assentamentos e acampamentos de reforma agrária, tendo como parâmetro
de referência e avaliação do funcionamento de uma UD – Unidade demonstrativa.
Palavras-chave: Agroecologia, Saneamento ecológico, reuso da água, fossa de
evapotranspiração.
Nome do GT: Tecnologia de produção
1 Geografo Pós graduando Residência agraria UNB – Universidade nacional de Brasília FUP –faculdade de Planaltina [email protected] 2 Eng. Agrônoma, Pós graduando Residência agraria UNB – Universidade nacional de Brasília FUP – faculdade de Planaltina. [email protected] ,
2
TECNOLOGIA AGROECOLÓGICA DE BAIXO CUSTO PARA O TRATAMENTO DE
ESGOTO SANITÁRIO RURAL
“O saneamento básico é um dos mais importantes aspectos da saúde pública mundial.
Estima que 80% das doenças e mais de 1/3 da taxa de mortalidade em todo o mundo decorram
da má qualidade da água utilizada pela população ou da falta de esgoto sanitário adequado”
(BARROSO, 2007).
A Escola Itinerante de Formação (EIF) Zé Porfírio3, buscando contribuir com o
desenvolvimento das famílias assentadas, utilizando-se da matriz tecnológica agroecológica,
desenvolveu junto aos assentados e assentadas do Assentamento Bom Sucesso, em Flores de
Goiás – GO, uma Unidade Demonstrativa (UD) de tratamento e coleta de esgoto doméstico,
Fossa de Evapotranspiração.
O objetivo da UD – Fossa de evapotranspiração é analisar a eficácia do tratamento de
esgoto doméstico rural de forma sustentável, evitando a contaminação do solo, das águas do rio,
logos e lençóis freáticos, prevenindo o ambiente de passivos patogênicos que causam danos a
saúde humana. “ São patologias como hepatite A, dengue, cólera, diarreia, leptospirose, febre
tifoide e paratifoide, esquistossomose, infecções intestinais, dentre outras, que afetam
particularmente crianças de até 5 anos. São conhecida no meio medico como “doença de pobre”
ou doença do subdesenvolvimento” (BARROSO. 2007).
A UD – Fossa de vaporização contribui para a troca de saberes científicos e
conhecimentos populares, contribuindo para a disseminação de tecnologias agroecológicas de
baixo custo e de fácil instalação, podendo o camponês utilizar de mais de 80% dos insumos para
a construção do próprio lote, pois, “a natureza experimental do conhecimento tradicional. A
vantagem do conhecimento popular rural é que ele é baseado não apenas em observações
precisas mas, também, em conhecimento experimental” (ALTIERI. 2004).
O local e escolha da instalação da UD – Fossa de evapotranspiração em assentamento de
reforma agrária, foi determinada pelo fato de Flores de Goiás (GO), ser uma cidade com um dos
maiores números de assentamentos da região do Nordeste Goiano, possuindo cerca de mais de
3000 mil famílias assentadas e acampadas (INCRA – SR 28. 2015), tendo predominância da
3 Escola Itinerante de Formação é um instrumento organizativo criado pelo Residência Agrária da UnB com o intuito de potencializar as ações de formação dos núcleos territoriais (nts). Mais informações podem ser obtidas no blog www.matrizesprodutivasdavidanocampo.wordpress.com
3
população moradores em zona rural e não possuírem um destino correto e eficaz dos dejetos de
esgotos domésticos.
Metodologia
Um levantamento de dados “in loco” foi realizado através de reuniões e visitas em 10
assentamentos com aplicação de diagnostico para análise e qualificação dos dados, além de um
levantamento bibliográfico para estudos e aplicação das técnicas de construção de tecnologia de
saneamento ecológico de baixo custo a fim de adaptá-la da melhor forma possível as condições
locais, além de um medidor de precipitação pluviômetro.
A UD fossa de evapotranspiração foi implantada em escala real, em uma residência com
dois moradores adultos e uma criança. O resíduos destinado a fossa de evapotranspiração é o
esgoto do vaso sanitário – água negra, água de chuveiro e uma pia de banheiro. A fossa de
evapotranspiração foi construída em cima de uma lona de 200 micra, sobre um buraco feito no
solo, no meio do buraco foi feito uma trincheira de 20 cm profundidade por 30 cm de largura,
com fundo nivelado com declive de 5º.
As dimensões foram: 1, 2 metro de profundidade, (contendo uma trincheira de 20 cm
profundidade por 30 cm largura) e 2 metros de largura e 2,3 metros de comprimento. A borda
do tanque se estendeu a cerca de 10 cm acima da superfície do solo, de modo a evitar o
escoamento superficial de água da chuva para dentro do sistema, evitando causar a saturação do
solo por alagamento.
Uma câmara formada pelo alinhamento de pneus usados foi posicionada
longitudinalmente ao fundo do tanque, sem nenhum tipo de rejunte, de forma que o efluente
pudesse sair da câmara, passando por entre os pneus. A tubulação de entrada de esgoto de 100
mm foi posicionada para dentro dessa câmara. Ao redor da mesma, foi colocada uma camada de
aproximadamente 45 cm de entulho cerâmico, cobrindo todo o fundo do tanque. Acima, foram
colocadas camadas das seguintes espessuras: brita, 10 cm, areia, 10 cm e solo e cobertura morta
(madeira e folhas) 35 cm.
Antes da sobreposição dos materiais no tanque foi adicionado um cano de 50 mm para
saída de gases de 1,15 cm, perfurado ao longo do comprimento para que os furos atingissem
todas as camadas da estrutura. Os materiais para o preenchimento da fossa de evapotranspiração
foram obtidas no próprio lote. Os pneus usados foram doação, os materiais comprados foram
tubos de 100 mm, tubo de 50 mm, joelhos de 100 mm, 4 metros de lona, cola PVC.
4
Na superfície, foram plantadas quatro mudas de bananeiras (Musa cavendishii),
distribuídas nas laterais do tanque. Depois do plantio, o tanque foi cheio completamente com
água, para acomodação dos substratos e verificação da capacidade líquida do tanque. (Ver fotos
em anexos).
Desenvolvimento
ALTERNATIVA AGROECOLÓGICA DE PARA O TRATAMENTO DE ESGOTO
SANITÁRIO NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA
“A urgente necessidade de combater a miséria rural e regenerar a base de recursos das
pequenas propriedades tem estimulado diversas Organizações Não-Governamentais (ONGs), nos
países em desenvolvimento, a buscar ativamente novas estratégias de desenvolvimento e manejo
de recursos na agricultura.” (ALTIERI: 2004. p 41)
A população rural brasileira é marcada por uma diversidade cultural e características
próprias regionais, culturais e econômicas que demandam uma estratégia quase particular de
saneamento para cada comunidade. (FUNASA: 2011.p 5)
A falta de condições de recursos, moradias precárias e conhecimento em alternativas
para resolver problemas como saneamento básico, resultante da falta de estrutura nos
assentamentos e acampamentos provocam danos a saúde humana, contaminação do solo, águas
subterrâneas, oriundo das descargas de esgotos domésticos nos rios, córregos, precárias práticas
de “tratamento”, fossas negras, má instalações ou localizadas, ou mesmo na superfície dos
quintais das casas são problemas comuns nos assentamentos e acampamentos de reforma agrária
de Flores de Goiás.
A população rural de Flores de Goiás é de 73,73%, é significantemente muito maior que a
urbana, que é de 26,27% (IBGE. 2010), mesmo com está diferença entre a população rural e
urbana o município não possui ou executa plano e ou programa de saneamento básico rural
(Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, 2015), sendo atendida pela entidade: “ A Funasa,
entidade vinculada ao MS, o PPA reserva o atendimento a municípios com menos de 50 mil
habitantes, áreas rurais, quilombolas e sujeitas a endemias” (PLANSAB. 2013).
Desta forma a necessidade de desenvolver estratégias de desenvolvimento que priorize os
camponeses, que por falta da efetivação das políticas públicas existentes para o campo, buscam
soluções independentes e tecnologias que vem ao encontro das necessidades básicas, como por
5
exemplo, coleta, armazenamento, distribuição de água, moradia, energia e saneamento básico,
mesmo este último sendo prioridade para a saúde humana.
“Diversas de suas definições e determinações, o saneamento básico assume papel central
na política de saúde pública. Ou seja, o SUS reconhece explicitamente a importância do
saneamento básico para a melhoria das condições de saúde da população”.(PLANSAB. 2013).
A cidade de Flores de Goiás, possui 23 assentamentos e 3 acampamentos de reforma
agrária, (INCRA, 2014), e não possuem tratamentos eficientes de esgotos domésticos, utilizando-
se as fossas negras ou mesmo a superfície do solo para as descargas de esgotos domésticos;
“O esgoto doméstico é composto essencialmente por água de banho,
excretas, papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas
de lavagem, oriundos das águas servidas de residências, instituições,
estabelecimentos comerciais ou quaisquer edificações que disponham de
instalações de banheiros, lavanderias e cozinhas”.(MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1999).
Classificamos os efluentes do esgoto domésticos basicamente em dois níveis, aguas
cinzas e agua negra. “As águas cinza, provenientes das pias, chuveiros, banheiras e lavanderia,
somam o maior volume do esgoto doméstico” (GALBIATI, 2009). O tratamento da água cinza é
relativamente simples, dependendo do objetivo do reuso, “podendo ser feito nas próprias
residências, inclusive com aplicação direta no solo, para irrigação de árvores e jardins, desde que
sejam seguidos alguns critérios de ordem sanitária” (GALBIATI, 2004).
Já o “efluente do vaso sanitário, contendo fezes e urina, é chamado de água negra e necessita de
sistemas de tratamento mais complexos para reduzir sua carga de patógenos” (Esrey et al., 1998).
Em diagnostico realizado em 10 assentamentos sendo 12 famílias aleatórias em cada
assentamento no total 120 famílias o resultado de destinação do esgoto doméstico (água negra) é
apresentado no gráfico 1.
A Lei nº 8.080/1990, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), trouxe
como obrigação desse sistema promover, proteger e recuperar a saúde,
englobando a promoção de ações de saneamento básico e de vigilância
sanitária. A noção de saúde contemplada na Lei considera como seus
6
fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente...” (PLANSAB, 2013).
Muitos assentados e assentadas desconhecem métodos e tecnologias agroecológicas
(alternativas) de baixo custo que sirvam para contribuir com o bem estar humano e ambiental
que priorize o desenvolvimento rural sustentável.
“Essa abordagem distingue-se daquela da Revolução Verde não apenas tecnicamente, ao
reforçar o emprego de tecnologias de baixo uso de insumos, mas também por critérios
socioeconômicos, no que tange às culturas afetadas, beneficiários, necessidades de pesquisa e
participação local...” ( ALTIERI, 2004)
A erradicação de doenças causadas por falta de tratamento de esgotos domésticos “ além
de estar ligado diretamente as três dos oitos objetivos do desenvolvimento incluindo as metas do
Milênio das nações Unidas, a serem cumpridas até 2015, que são: erradicar a extrema pobreza, e
a fome, reduzir a mortalidade infantil, e garantir a sustentabilidade ambiental (SIWI, 2005).
Buscando o desenvolvimento rural sustentável com práticas agroecológicas a Escola
Itinerante de Formação Zé Porfírio, desenvolveu uma oficina com os assentados para a
construção de uma UD – unidade demonstrativa da fossa de evapotranspiração, (ver quadros de
Gráfico. 1 – Resultado do diagnóstico de saneamento básico rural, aplicado em 10 assentamentos para 120 famílias. Fonte. COOPERAR/INCRA – SR28. ATER/ATES – Assessoria Técnica Social e Ambiental. 2012.
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM]
Destinação de esgoto domestico nos assentamento de reforma agrária de Flores de Goiás - GO
Numero de assentamento visitado
Familias diagnos8cada
U8lizam fossa negra
U8lizam fossa sep8ca
Esgoto a céu aberto
Tratamento ecologico
Outros
7
fotos: 1 ,2, 3,4.), construída no Assentamento Bom Sucesso, Sitio Mamangava em Flores de
Goiás - GO, para uma família de dois adultos e uma criança, sendo utilizada esporadicamente
por mais pessoas em cursos e oficinas de agroecologia que são oferecidos no lote.
Sabe-se que o plano nacional de saneamento básico no programa destinado a zona rural é
claro ao dizer que alternativas devem ser desenvolvidas de forma distinta das convencionais que
são utilizadas nas zonas urbanas;
“o programa visará atender, por ações de saneamento básico, a
população rural e as comunidades tradicionais, como as indígenas e
quilombolas e as reservas extrativistas. Suas justificativas são o
significativo passivo que o País acumula no saneamento para as áreas
objeto do Programa e as especificidades desses territórios, que requerem
abordagem própria e distinta da convencionalmente adotada nas áreas
urbanas, tanto na dimensão tecnológica, quanto na da gestão e da
relação com as comunidades (PLANAB, 2013).
Figura. 1. Modelo do corte em perspectiva da Fossa de evapotranspiração.
8
Desta forma buscando soluções endógenas, foi desenvolvida uma UD de tratamento de
esgoto doméstico fossa de evapotranspiração, realizada no dia 26 de março de 2014, desde então
um monitoramento está sendo realizado para análise de viabilidade econômica e ambiental,
avaliando manutenção, custos, produção e desenvolvimento de alimentos. Utilizando o reuso da
água e o esgoto doméstico como matéria prima para manutenção das espécies vegetais plantadas
em cima da fossa de evapotranspiração, produzindo alimentos saudáveis livres de agrotóxicos
nos quintais produtivos e contribuindo para eliminar passivos ambientais e patogênese que
comprometem a saúde humana.
O tratamento do esgoto doméstico realizado pela fossa de evapotranspiração possui;
“o potencial de utilização das águas negras para dar suporte ao
crescimento de plantas, com diversos fins. A reciclagem de nutrientes,
através do reaproveitamento das excretas, previne a contaminação
direta causada pela descarga de águas negras nos mananciais e demais
ecossistemas” (GALBIATI: 2009, pg 16).
Desta maneira evitando a contaminação e reestruturando o solo com matéria orgânica
assim “os nutrientes ao solo e às plantas, reduzindo-se com isso a necessidade de fertilizantes
industriais (ESREY et al., 1998).
O Saneamento Ecológico tem como enfoque principal o aumento da disponibilidade
hídrica pela economia de água, a proteção dos recursos hídricos pelo não lançamento de esgoto -
tratado ou não - nos cursos de água, possibilitando a reutilização racional de todos os nutrientes
presentes nas excretas (WINBLAD & SIMPSON-HÉRBERT, 2004).
A agroecologia emerge como um elo entre as tecnologias menos agressivas e soluções
simples de baixo custo, a partir do momento que ela passa a ser compreendida e conhecida entre
os trabalhadores do campo, não somente como matriz produtiva agrícola, para a produção de
alimentos saudáveis livres de agrotóxicos, mas em sua toda totalidade harmonizando e ciclando
todos os nutrientes do agroecossistema contrapondo os modelos convencionais do capital.
Acreditando em um processo de evolução dos saberes populares, técnicas e tecnologias
que atendam as demandas do homem e natureza que interaja com o agroecossistema, assim a
agroecologia emerge com matriz produtiva (entende-se aqui produção de alimentos, produção
cultural, tecnológica, saberes populares e científicos e identitário), contrapondo o processo
9
erosivo do capitalismo, que não respeita as relações humanas, homem/homem, homem/natureza,
natureza/tecnologia e homem/tecnologias (populares e cientificas), sabendo que:
“o patrimônio mais importante de um pais é a sua população. Se este se
mantem saudável e com vigor, tudo o mais virá por si só; se permitem –
na cair em decadência, nada nem mesmo as maiores riqueza, pode
salvar o país do futuro ruim, já que o mais forte e solido suporte do
capital deve sempre ser uma população rural satisfeita” (HOWARD:
2012, p, 35).
“As inovações tecnológicas não se tornaram disponíveis aos agricultores pequenos ou
pobres em recursos em termos favoráveis, nem se adequaram às suas condições agroecológicas e
socioeconômicas” (ALTIERI, 2014).
Assim a EIF – Zé Porfírio através da UD – de fossa de evapotranspiração buscou juntos
aos assentados e assentadas desenvolver alternativas que venham sanar problemas comuns entre
as famílias que é a destinação eficaz dos dejetos humanos, (esgoto domestico), evitando a
contaminação do solo, água, e dos seres humanos, contribuindo com a qualidade de vida da
população rural e o desenvolvimento rural sustentável.
Conclusão
A UD – Fossa de Evapotranspiração apresenta-se é uma alternativa viável e importante para o tratamento de esgotos domestico rurais, podendo ser aplicado tanto em pequenos quintais, quanto em áreas maiores.
O uso da fossa de evapotranspiração nos assentamentos e acampamentos de reforma agrária para tratamento local de águas negras pode evitar a contaminação dos ser humano por patogênese, diminuir a carga poluidora lançada no solo, rios e córregos pelo tratamento parcial de esgotos rural.
A fossa de evapotranspiração pode substituir as fossas sépticas, e fossa negra das residenciais rurais, com vantagens ambientais e econômicas.
É necessário atenção aos cuidados sanitários adicionais na manutenção do fossa de evapotranspiração, em relação a manipulação de partes das plantas que tenham contato com o solo do interior, que pode conter alto índice de coliformes.
Os frutos e folhas comestíveis produzidos na fossa de evapotranspiração podem ser consumidos por humanos, após sua correta higienização.
10
A fossa de evapotranspiração ajuda a integrar o agroecossistema compondo o paisagismo dos quintais, escolhendo-se espécies de plantas com potencial ornamental e frutíferas.
O dimensionamento adotado para uma família média de ( 4 a 5 pessoas) pode ser de 10 a 12 m³, considerando-se que haverá uma destinação adequada para os eventuais efluentes finais, e dependendo das características climáticas (precipitação) deve-se acrescentar um excesso de 20%.
As técnicas construtivas podem variar de acordo com os recursos disponíveis, devendo sempre garantir a completa impermeabilização do tanque buscando utilizar o máximo de insumos externos. A viabilidade econômica é muito grande devido ao baixo custo de implantação.
Deve-se ter um cuidado com os períodos de maior de precipitação, para evitar o transbordamento da fossa de evapotranspiração, pois nota-se que nos meses em que não ocorreu precipitação da chuva, dezembro com a ocorrência de 245 mm de precipitação concentrada no período de 17 dias (é realizada a medição diária) ocorreu uma sobrecarga, não ocorrendo transbordamento, mas são necessários ao calcular a carga máxima de fossa.
As pesquisas informais realizadas por agroecólogos, permacultores, agricultores e ambientalistas que desenvolvem alternativas de tratamento sanitário rural devem ser consideradas no desenvolvimento de novas pesquisas acadêmicas, aproveitando o conhecimento acumulado na prática, além dos conhecimentos acadêmicos já produzidos.
Anexos:
11
Quadro de foto 1. Escavação e cobertura da fossa (buraco) com lona e pneus, (câmara anaeróbica). Foto: Tatiana M. de castro Agostinho. Março, 2014.
13
Referencial teórico.
ALTIERI, Miguel. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável / Miguel Altieri. – 4.ed. – Porto Alegre : Editora da UFRGS, 2004.
Quadro. 3 Fossa de evapotranspiração em sua fase de construção de conclusão e em uso. Fotos: Tatiana M. Castro Agostinho. Março, 2014/ Wesley Júnio de Andrade. Janeiro, 2015.
14
BARROSO. Luiz Roberto. REDAE – Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico. Nº 11 – agosto/setembro/outubro – 2007 – Salvador – Bahia – Brasil – ISSN – 1981 – 1961. COOPERAR – Cooperativa de Trabalho em Assessoria à empresas Sociais de Assentamentos de Reforma Agrária /INCRA – SR28. ATER/ATES – Assessoria Técnica Social e Ambiental. 2012. ESREY SA, GOUGH J, RAPAPORT D, SAWYER R, SIMPSON-HÉBERT M, VARGAS J & WINBLAD U (1998) Saneamiento Ecológico, tr. da edicão em inglês Ecological Sanitation. Agencia Sueca de Cooperación para el desarrollo Internacional - SIDA, Estocolmo. FUNASA – Fundação nacional d saúde 10º ed. Dezembro 2011.
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/blt_san_rural.pdf acesso em 21/01/2014.
GALBIATI. Adriana Farina.G148t Tratamento domiciliar de águas negras através de tanque de
evapotranspiração / Adriana Farina Galbiati. – Campo Grande, MS, 2009.38 f. ; 30 cm.
HOWARD, Albert. Um testamento agrícola / Sir Albert Howard; tradução Prof. Eli Lino de
Jesus. 2º ed. São Paulo: Expressão Popular. 2012. 360 p.
INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Superintendência regional SR –
28. 2014.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1999) Manual de Saneamento. Fundação Nacional da Saúde,
Brasília.
SECRETARIA DE AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE. Prefeitura municipal de Flores de Goiás. 2015.
SIWI (2005) UN Millennium Project Task Force on Water and Sanitation Final Report.
Health,Dignity, and Development: What Will It Take? Key Recommendations. Final
report.Swedish International Water Institute.
WINBLAD U & SIMPSON-HÉBERT M (2004) Ecological Sanitation - revised and nlarged edition. Stockholm Environment Institute - SEI, Stockholm.