eixo de simetria 3
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Eixo de Simetria 3TRANSCRIPT
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HELIANE MARIZA GRZYBOWSKI RIPPLINGER
A SIMETRIA NAS PRTICAS ESCOLARES
CURITIBA
2006
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HELIANE MARIZA GRZYBOWSKI RIPPLINGER
A SIMETRIA NAS PRTICAS ESCOLARES
Dissertao apresentada ao Curso de PsGraduao em Educao - Linha de Pesquisa em Educao Matemtica como requisito parcial obteno do Grau de Mestre em Educao, do Setor de Educao da Universidade Federal do Paran.
Orientadora: Prof.a Dr.a Ana Maria Petraitis Liblik.
CURITIBA
2006
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Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo
total ou parcial desta dissertao por processos de fotocopiadoras ou eletrnicos.
_____________________Curitiba, maro de 2006.
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AGRADECIMENTOS
Universidade Federal do Paran, por fazer parte
da minha histria.
Aos professores da linha de pesquisa em Educao
Matemtica, obrigado
orientadora, Dr. Ana Maria Petraitis Liblik, pelo
acompanhamento dedicado, objetividade e
competncia.
Rui, meu marido, Silvia, minha querida professora,
Estanislau, meu pai amado, onde estiverem sempre
os terei na lembrana.
Cristiane e Rui Jnior, meus queridos filhos, pela
pacincia e perdo pelas horas de ausncia.
minha me, que sempre me incentivou.
Aos alunos e professores e direo do Colgio E. J.
B., meus agradecimentos.
Aos meus companheiros de turma, obrigado pelas
contribuies.
A todos os que direta ou indiretamente contriburam
para a realizao desta pesquisa.
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Ns vos pedimos com insistncia No digam nunca:
Isso natural! Diante dos acontecimentos de cada dia
Numa poca em que reina a confuso Em que corre o sangue
Em que o arbtrio tem fora de lei Em que a humanidade se desumaniza
No diga nunca: Isso natural!
A fim de que nada passe por imutvel!
Bertold Brecht
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RESUMO
Trata-se de uma pesquisa para verificar se os contedos de simetria so trabalhados de 5 a 8 srie na disciplina de Matemtica do Ensino Fundamental, em uma escola da rede pblica estadual, da regio Oeste do Paran, em 2004. O objetivo do trabalho fazer uma anlise documental dos registros escritos de alunos e professores, olhando para cadernos de alunos e para dirios de classe dos professores, verificando quais contedos de simetria esto presentes. Os dirios de classe da totalidade dos professores de Matemtica do Colgio Estadual Jos Bonifcio do ano de 2004 foram analisados, bem como alguns cadernos, somente dos alunos que ainda o tinham consigo. Tambm utilizamos a tcnica do grupo focal, com estes professores de Matemtica da escola investigada. O que consta que esse contedo aparece nos cadernos de alunos e dirios de classe apenas na quinta srie e sexta srie do Ensino Fundamental e de forma incipiente.
Palavras-chave: Educao Matemtica - Simetria - Cadernos de alunos - Dirios de classe - Sries Finais do Ensino Fundamental.
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ABSTRACT
This is a research to verify if the symmetry contents are taught in the Mathematics course from the 5th to the 8th grade of the elementary school, in a state public school from the western of Paran. This research aims to accomplish a documental analysis of the written registers of students and teachers, observing students' notebooks and teachers' diaries, checking which symmetry contents are present. All the Colgio Estadual Jos Bonifcio, math teachers' class diaries from 2004 were analyzed, as well as the notebooks whose students still had them. It was also used the focal group technique with this teachers the Math on School investigated. What verify is that this content is present only in 5th and 6th grade class notebooks and diaries of elementary school and in an incipient way.
Key words: Mathematical Education Symmetry Students notebooks Class diaries Final Grades of Elementary School.
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LISTA DE ILUSTRAES
Fig. 01 A letra R. ............................................................................................... 24 Fig. 02 Translao............................................................................................. 24 Fig. 03 ngulo. .................................................................................................. 24 Fig. 04 Usina elica de Palmas PR ................................................................ 26 Fig. 05 Rotao do nmero 3. ........................................................................... 28 Fig. 06 Rosa-dos-ventos. .................................................................................. 28 Fig. 07 Rotao do tringulo eqiltero............................................................. 29 Fig. 08 Circunferncia. ...................................................................................... 30 Fig. 09 Folha da Catharanthus roseus ............................................................ 31 Fig. 10 Trapzio ................................................................................................ 31 Fig. 11 Tringulo eqiltero............................................................................... 31 Fig. 12 Reflexo em E....................................................................................... 32 Fig. 13 Paralelogramo. ...................................................................................... 32 Fig. 14 Pegadas na areia. ................................................................................. 33 Fig. 15 Exemplos simples da arte grega ........................................................... 34 Fig. 16 Trabalhos de croch.............................................................................. 35 Fig. 17 Bordados manuais................................................................................. 35 Fig. 18 Diagrama do bordado............................................................................ 36 Fig. 19 Imagens produzidas no caleidoscpio................................................... 42 Fig. 20 Imagens produzidas no caleidoscpio II................................................ 43 Fig. 21 Desenhos em peas de cermica ......................................................... 45 Fig. 22 Cisnes ................................................................................................... 46 Fig. 23 Homem Vitruviano ................................................................................. 47 Fig. 24 Estrela-do-mar....................................................................................... 48 Fig. 25 Violeta. .................................................................................................. 48 Fig. 26 Trevo. .................................................................................................... 49 Fig. 27 Primavera. ............................................................................................. 49 Fig. 28 Bandeirinhas. ........................................................................................ 52 Fig. 29 - Questo 02 da Olimpada Brasileira de Matemtica- I ........................... 61 Fig. 30 Questo 14 da Olimpada Brasileira de Matemtica II .......................... 62 Fig. 31 Ptio do Col. Est. Jos Bonifcio. ......................................................... 66 Fig. 32 Faixa decorativa I .................................................................................. 71 Fig. 33 Faixa decorativa II ................................................................................. 72 Fig. 34 Faixa decorativa III ................................................................................ 72 Fig. 35 Recorte do caderno do aluno I ........................................................... 75 Fig. 36 Recorte do caderno do aluno II .......................................................... 76 Fig. 37 Recorte do caderno do aluno III ............................................................ 77 Fig. 38 Exerccio do livro didtico, utilizado pela escola em 2004..................... 84
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SUMRIO
INTRODUO..................................................................................................... 11
1. ENSINO DE MATEMTICA, DE GEOMETRIA E DE SIMETRIA................... 15
1.1 INTRODUO ....................................................................................................................................... 15
1.2 CONSIDERAES SOBRE O ENSINO DE MATEMTICA ......................................................... 15
1.3 SOBRE O ENSINO DE GEOMETRIA................................................................................................ 16
1.4 DISCUSSES SOBRE O ENSINO DE SIMETRIA.......................................................................... 19
1.5 POR QUE ENSINAR SIMETRIA? ...................................................................................................... 20
1.6 SIMETRIA: MOVIMENTOS BSICOS .............................................................................................. 22 1.6.1 O MOVIMENTO DE ROTAO .................................................................................................... 26 1.6.2 O MOVIMENTO DE REFLEXO................................................................................................... 30 1.6.3 O MOVIMENTO DE TRANSLAO............................................................................................. 33
2. CONSIDERAES SOBRE SIMETRIA.......................................................... 37
2.2. A SIMETRIA PRESENTE NOS CURRCULOS ESCOLARES..................................................... 37 2.2.1 DO ESTADO DO PARAN............................................................................................................. 37 2.2.2 NO BRASIL ...................................................................................................................................... 38
2.3 REGULARIDADES PARA COMPOR O BELO ................................................................................ 40
2.4 A SIMETRIA E ALGUMAS RELAES COM AS REAS DO CONHECIMENTO: ................. 44
2.5 A SIMETRIA E SUAS POSSILIDADES............................................................................................. 50 2.5.1 USANDO A ARTE ........................................................................................................................... 50 2.5.3 USANDO OS RECURSOS TECNOLGICOS................................................................................ 54
3. OPES METODOLGICAS E RESULTADOS ............................................ 56
3.1 CARACTERIZAO DA ESCOLA .................................................................................................... 64
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DA PESQUISA .............................................................. 56
3.3 A ANLISE DOCUMENTAL DOS DIRIOS DE CLASSE E DOS CADERNOS DE ALUNOS66
3.4 CADERNOS DOS ALUNOS ................................................................................................................ 67 3.4.1 OS REGISTROS NOS CADERNOS DOS ALUNOS E OS CONTEDOS.................................... 69 3.4.1.1 FAIXAS DECORATIVAS............................................................................................................. 70
3.5 OS DIRIOS DE CLASSE DOS PROFESSORES .......................................................................... 78 3.5.1 NOSSAS OBSERVAES COM RELAO AOS DIRIOS DE CLASSE ................................ 78
3.6 A SIMETRIA NO LIVRO DIDTICO DE MATEMTICA ................................................................ 80 3.6.1 UM BREVE HISTRICO................................................................................................................. 81 3.6.2 LIVROS DIDTICOS UTILIZADOS PELA ESCOLA EM 2004................................................... 82
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3.6.3 OS CONTEDOS DE SIMETRIA NO LIVRO DIDTICO........................................................... 83
CONSIDERAES FINAIS................................................................................. 87
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................... 92
ANEXOS .............................................................................................................. 97
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INTRODUO
O presente estudo intitulado A Simetria nas prticas escolares, insere-se
na linha de Pesquisa de Educao Matemtica do Mestrado em Educao da
Universidade Federal do Paran.
Fazendo parte de nossa experincia profissional, em muitos momentos,
concentramos especial ateno nos contedos e no processo de
ensino/aprendizagem da Geometria. Priorizando nossas participaes em eventos
sobre este assunto, decidimos procurar a Universidade Federal do Paran para
cursar o Mestrado em Educao, rea de concentrao Educao.Cultura e
tecnologia, na linha de pesquisa da Educao Matemtica.
Decorrente de nossa formao profissional superior, no curso de Cincias
com Habilitao em Matemtica (FECIVEL-1986), e tambm pelo nosso gosto
pessoal, pelo prazer que temos ao estudar os contedos de Geometria, decidimos
neste trabalho, contemplar questes relacionadas ao estudo da Simetria.
Quando da realizao de um curso de especializao no Ensino de
Cincias Exatas: Matemtica, Fsica e Qumica (UNIOESTE-1998),
desenvolvemos uma pesquisa bibliogrfica sobre o tema em questo.
Conjuntamente desenvolvi atividades em classes de stima srie do Ensino
Fundamental, concluindo com uma monografia cujo ttulo O estudo da simetria
e sua aplicabilidade no Ensino Fundamental.
Apoiamos e orientamos a formao continuada de professores na rea de
Matemtica, da qual fazemos parte na regio Oeste do Paran, pelo
Departamento de Educao da AMOP (Associao dos municpios do oeste do
Paran), onde ns, trabalhadores da rede pblica do ensino, adquirimos
experincia e aprendizado.
Esse percurso que fizemos e o estudo, abordando a problemtica dos
contedos e encaminhamentos metodolgicos no ensino da simetria nas sries do
Ensino Fundamental contriburam de forma significativa para nossa prtica
pedaggica e tambm para nossos alunos.
Como integrantes do curso de Mestrado, como pesquisadores da Educao
Matemtica, pensamos que investigar, buscar, realimentar alternativas
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metodolgicas seja no ensino da simetria ou de outros contedos (saberes
escolares), faz-se necessrio, pois vimos relevncia do estudo frente aos
desafios da cincia:
Estamos na entrada do novo milnio, de posse de novas vises do cosmos, do planeta e do homem. Se considerarmos que a matemtica acadmica e a educao matemtica se fundaram em vises do cosmos [medidas de tempo e movimentos celestes, astronomia] da natureza [medidas de terra, reconhecimento e delimitao do espao, cartografia, movimento e velocidade], da sociedade [mercantilismo, estatstica e probabilidade] e do homem [cognio, aprendizagem] bvio perguntar como a matemtica reage s profundas modificaes de suas bases, isto , s novas vises do cosmos, da natureza, da sociedade e do homem (DAMBRSIO, 2001 p.16).
E nesta perspectiva de mudana temos o ensino da Simetria, que nos
possibilita refletir sobre questes relacionadas sua aprendizagem. No h como
ser conservadores nos estudos tericos que buscam alternativas metodolgicas e
possveis inovaes, reflexes em torno do assunto. na expectativa de repensar
e melhorar a nossa prtica pedaggica, enquanto professores/pesquisadores
atuando na sala de aula, que nos propomos a este trabalho de pesquisa.
H formas distintas de ensinar. Mas elas devem ter como objetivo motivar o
aluno, despertar o gosto, o envolvimento. Um dos aspectos importantes da funo
da escola e principalmente o papel do professor, mediar efetiva aprendizagem
dos alunos.
A partir disso, elaboramos as seguintes perguntas de pesquisa:
1) Os contedos de simetria esto presentes em documentos como dirios
de classe e cadernos de alunos?
2) Se esto presentes, como esses contedos esto sendo abordados?
3) Se esto presentes nos currculos escolares, mas se no esto sendo
ensinados, investigar quais os determinantes de sua excluso no ensino?
Pretendemos com essa busca, observarmos o que ensinado de Simetria
nas sries finais do Ensino Fundamental, por professores, na escola, atravs da
anlise dos registros escritos de alunos e de professores do Ensino Fundamental,
em uma escola da rede pblica de ensino, analisando documentos como
anotaes de alunos em seus cadernos e dirios de classe dos professores,
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coletados ao longo do ano letivo de 2004, e ainda realizando um grupo focal, com
os professores.
Pensando assim, necessria uma base terico-metodolgica que
fortalea e que possa dar suporte para o saber/fazer em sala de aula, atravs
tambm da pesquisa bibliogrfica. Assim, outras indagaes vo se colocando: O
estudo da Simetria importante? Qual a justificativa para a sua importncia?
Os documentos oficiais nacionais e estaduais e os livros didticos mais usados
trazem o porqu, os fundamentos para o estudo da Simetria, justificando sua
importncia e necessidade?
Usando como opo metodolgica o grupo focal, realizado com os
professores de Matemtica de quinta a oitava srie do ano 2004, e tambm a
anlise documental, na qual reportamos nosso trabalho a verificar os documentos
escritos de alunos (cadernos) e professores (dirios de classe), o que est
presente sobre o contedo Simetria e, simultaneamente a isso, nos propomos a
discutir o que aparece, fazendo, portanto, uma abordagem qualitativa.
O desenvolvimento do projeto de pesquisa iniciou-se com uma anlise
documental dos cadernos de alunos e dirios de classe dos professores, a partir
dos quais foi obtida uma pequena amostra do Ensino Fundamental da rede
pblica do Paran da regio Oeste do Estado, o Colgio Estadual Jos Bonifcio,
do Municpio de Campo Bonito - Ensino Fundamental e Mdio.
O objetivo desta pesquisa verificar o que o professor desenvolve sobre o
contedo simetria, em sala de aula.
Essa amostra foi coletada no Colgio, com alunos e professores que
aceitaram disponibilizar para o pesquisador os registros documentais acima
apontados.
Cientes de que as mais diferentes pesquisas que vm sendo levantadas no
campo especfico do Ensino de Matemtica, eles tm parte na contribuio de
melhorias no ensino/aprendizagem da Matemtica e de forma muito particular, no
ensino aprendizagem da Simetria, lanamo-nos ao processo de reviso
bibliogrfica e tambm ao campo de nossa pesquisa.
Inicialmente delimitamos o problema e desenvolvemos uma reviso
bibliogrfica com os autores que trabalham com Simetria de forma ampla, para
depois fazermos um estudo que trouxesse referncia faixa de escolaridade que
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estamos investigando (Ensino Fundamental 5 a 8 srie) e com o devido
recorte feito neste campo: A simetria nas prticas escolares.
No primeiro captulo, como resultado da pesquisa bibliogrfica,
apresentamos algumas consideraes sobre o ensino da Matemtica, da
Geometria e da Simetria. Ainda uma preocupao presente a de justificar o
ensino da Simetria presente em nossas aulas de Matemtica, tratando ainda de
algumas idias de nosso interesse, sobre a temtica. Os movimentos bsicos de
rotao, translao e reflexo tambm so tratados neste captulo.
No segundo captulo, por meio de pesquisa bibliogrfica, fazemos uma
anlise de como o assunto Simetria proposto em documentos oficiais,
Parmetros Curriculares Nacionais e Currculo Bsico para a Escola Pblica do
Paran. Consideraes sobre o belo, trazendo um aspecto da Matemtica, que
ainda necessita ser conhecido para que possa ser desenvolvido. E ainda,
mostrando a relao da Matemtica com as outras reas do conhecimento, como
a Arqueologia, a Fsica, a Biologia, a Arte, e a Antropologia. Trazemos tambm
contribuies sobre o uso dos recursos tecnolgicos nas aulas de Matemtica.
No terceiro captulo, por meio da anlise documental e dos depoimentos
obtidos no grupo focal realizado, apresentamos a anlise dos dados fornecidos
por esses procedimentos metodolgicos. Apresentamos um histrico sobre a
Escola onde ocorreu a pesquisa, os depoimentos obtidos na realizao do grupo
focal com os professores e um olhar para registros dos cadernos dos alunos e dos
dirios de classe dos professores, do ano 2004,da disciplina de Matemtica.
Juntamente com a descrio do caminho metodolgico, as observaes e
constataes realizadas no decorrer do trabalho, um olhar breve sobre os livros
didticos utilizados pela escola, no ano de 2004.
Traamos para complementar nosso trabalho de pesquisa, as
consideraes finais, onde buscamos responder problemtica levantada
inicialmente, e apresentarmos ainda alguns indcios de futuras pesquisas que
podero dar continuidade pesquisa iniciada nesta investigao.
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CAPTULO I
1. ENSINO DE MATEMTICA, DE GEOMETRIA E DE SIMETRIA.
1.1 INTRODUO
Descreveremos, aqui, algumas idias sobre Ensino da Educao
Matemtica e, mais sucintamente, sobre o ensino da Geometria e, de forma
particular, sobre a Simetria, abordando os movimentos de rotao, reflexo e
translao, chamados bsicos, que nos interessam de maneira especial, neste
momento, e ainda aspectos que possibilitem justificar a insero do contedo
simetria nos currculos escolares.
1.2 CONSIDERAES SOBRE O ENSINO DE MATEMTICA
Trabalhando h muito tempo na formao de professores e tambm
atuando junto a alunos do Ensino Fundamental da rede pblica, constatamos
algumas dificuldades dos mesmos no ensino/aprendizagem da Matemtica, de
uma forma geral, e mais especificamente no ensino/aprendizagem da Geometria.
Reclamaes constantes da comunidade escolar professores/alunos sobre a
aprendizagem e o encaminhamento de situaes vivenciadas em sala de aula,
alm de outras dificuldades por ns encontradas como as relacionadas aos
contedos especficos de Geometria, a falta desses contedos na sua formao
superior, os recursos bibliogrficos no disponveis ou insuficientes, entre outros.
Ouvimos, no nosso dia a dia de trabalho, comentrios constantes como:
Eles no sabem ouvir....
Eu explico, explico e eles no entendem....
Meu filho no aprende essa parte, no sei por que....
Eu no sei, a professora fica explicando coisas que eu no sei onde vou
usar....
Questionamos alunos, sobre o que eles estavam estudando e aprendendo
na disciplina de Matemtica. Em geral, obtivemos as mesmas respostas:
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Ah! um negcio... Como mesmo o nome? No lembro....
uma coisa assim....
Essas respostas colocadas desta forma nos levam a refletir sobre a nossa
prtica pedaggica. Possivelmente se os alunos nem mesmo sabem o assunto
que esto estudando, o que poderemos dizer ento de seu aprendizado? No
estar este seriamente comprometido? So dvidas que temos e que certamente
demandariam pesquisas, pois esta uma pergunta para a qual to rapidamente
no obteremos resposta.
na tentativa de buscar caminhos para responder ou atenuar possveis
dificuldades do ensino da simetria que realizamos esta pesquisa. Faremos uma
tentativa de aproximao da resposta no desenrolar de nossa pesquisa, a
exemplo de outras tantas questes colocadas no decorrer deste trabalho, no que
tange ao ensino da Geometria.
1.3 SOBRE O ENSINO DE GEOMETRIA
Historicamente, encontramos na Grcia a grande sistematizao do
conhecimento geomtrico. Segundo Machado (1999 p.48): apenas na Grcia, por
volta do sculo III aC., com os trabalhos de Euclides, a Geometria logrou uma
notvel sistematizao, tornando-se modelo de organizao do conhecimento em
quase todas as reas.
A Geometria uma parte da cincia Matemtica que poderia ser mais
explorada no Ensino Fundamental. A Geometria oportuniza que trabalhemos de
maneira mais dinmica, em movimento. Uma dos aspectos do trabalho
pedaggico pode ser o uso do material manipulativo, possibilitando estimular
assim o desenvolvimento do pensamento geomtrico. Quando nos propomos a
trabalhar, neste nvel de ensino, com alguns conceitos, enfocando a Simetria, o
leque de possibilidades se abre.
No Brasil, a educao comea a sofrer mudanas apenas em 1930,
quando foi criado o Ministrio de Educao e Sade Pblica. E em 1931, o
governo provisrio sanciona decretos que organizam o ensino no nvel secundrio
e em algumas universidades brasileiras existentes, como exemplo a UFPR criada
em 1912. Na histria da educao brasileira estes decretos so chamados de
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Reforma Francisco Campos. E neste mesmo ano, a Portaria Ministerial n.
19.890 de 30 de junho, apresentava programas do curso fundamental do ensino
secundrio.
pertinente a lembrana das idias do professor Euclides Roxo, do Colgio
D. Pedro II, professor catedrtico de Matemtica nesse Colgio e maior
responsvel pela elaborao da proposta modernizadora brasileira, baseado em
argumentos utilizados por nomes de valor indiscutvel, especialmente Felix Klein
(Miorim, 1998). E as preocupaes de Euclides Roxo, entre as quais unificao
do curso em uma disciplina nica sob a denominao de matemtica (Miorim,
1998), constaram da Reforma:
As preocupaes demonstradas pelo ministro Campos, especialmente com relao modernizao dos contedos e mtodos do ensino secundrio, compatibilizavam-se com a proposta de modernizao do ensino de Matemtica apresentada por Euclides Roxo, adotada integralmente pela Reforma (MIORIM, 1998, p. 94).
Os programas traziam tambm as consideraes pedaggicas, alm do
que a proposta consistia numa nova concepo, mais moderna, dos contedos de
Matemtica, preocupando-se com aspectos metodolgicos do seu ensino, trazia
ainda uma lista de conceitos a serem trabalhados nas sries e mais uma
possibilidade de articular vrios campos. O ensino da lgebra, da aritmtica, da
geometria era feito separadamente, passando com a reforma, a compor uma
disciplina nica, chamada de matemtica.
Depois, de acordo com Miorim (1998):
Na parte relativa Geometria, percebe-se uma clara preocupao em introduzir os raciocnios lgicos apenas aps um trabalho inicial que familiarize o aluno com as noes bsicas presentes nas figuras geomtricas, quer em sua posio fixa, quer atravs de seus movimentos. Com respeito a este ltimo aspecto, enfatizava-se a importncia de serem examinadas as noes de simetria axial central, de rotao e de translao (p. 97).
Tendo isso em vista, propomos um trabalho de pesquisa que busque
atenuar algumas inquietaes e angstias que, com certeza, foram e ainda so as
mesmas de muitos, em diferentes pocas. Como diz Klein, A modernizao do
ensino da geometria, isto liberao do rgido mtodo de Euclides, comeou na
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Frana muito cedo, cerca de 1550 (Miorim, 1998, p. 40). Longo o caminho a ser
percorrido at que se concretize uma proposta pedaggica efetiva no ensino da
Geometria. necessrio que a Geometria avance no espao pedaggico da sala
de aula, derrubando uma muralha invisvel que separa, impossibilitando s vezes,
que o processo ensino/aprendizagem ocorra.
Mas apesar da reforma, temos que mais tarde, nas dcadas de 60 a 80, o
ensino da Geometria de forma geral foi deixado de lado. Segundo Lorenzato, Por
que no ensinar Geometria? A Educao Matemtica em Revista. SBEM-n 04-1 semestre de 1995, que trata da omisso geomtrica, confirma o fato acima citado:
No Brasil, j fomos mais alm: a Geometria est ausente ou quase ausente da sala de aula. Vrios trabalhos de pesquisadores brasileiros, entre eles Peres (1991) e Pavanelo (1993), confirmam essa lamentvel realidade educacional. E por que essa omisso? So inmeras as causas, porm, duas delas esto atuando forte e diretamente em sala de aula: a primeira que muitos professores no detm os conhecimentos geomtricos necessrios para a realizao de suas prticas pedaggicas. ... A segunda causa da omisso geomtrica deve-se exagerada importncia que, entre ns, desempenha o livro didtico, quer devido m formao de nossos professores, quer devido estafante jornada de trabalho a que esto submetidos (LORENZATO, 1995, p.3-4).
O que pode ser ainda um dos motivos pelos qual a Geometria no era
ensinada que ficava na parte final do livro texto (Lorenzato, 1993), logo a falta
de tempo dentro do perodo letivo era um dos empecilhos, tambm.
Hoje, propostas curriculares estaduais e nacionais vm sendo construdas,
de diferentes formas, trazendo tona a discusso de contedos escolares que
devem ser trabalhados, como esse rol de contedos deve constar nas propostas,
e trazendo ainda discusses sobre a utilidade dos mesmos.
No interior das escolas, as discusses acerca de o qu trabalhar, fazem-
se presentes, s vezes causando discusso e gerando certa lacuna nas nossas
prticas pedaggicas.
O ensino da Geometria um dos temas que vm sendo muito discutidos
pelos educadores matemticos. Buscando alternativas e tentando contribuir com
seu ensino de forma significativa, pensando na formao continuada de
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professores, temos muitas publicaes em peridicos e livros resultados de
pesquisas que vm se destacando de forma singular na Educao Matemtica. medida que surgem propostas no sentido de contribuir para superar
lacunas existentes no ensino da Geometria observamos os avanos no ensino da
mesma e, no seu interior, a valorizao do assunto Simetria.
1.4 DISCUSSES SOBRE O ENSINO DE SIMETRIA
A Simetria no um nmero ou uma frmula, uma propriedade das
figuras, uma transformao. Ou seja, o resultado de uma regra, de um
movimento de acordo com esta regra. A simetria preserva a forma. Conserva
caractersticas tais como ngulos, comprimento dos lados, distncias, tipos e
tamanhos, mas altera a posio do objeto desenhado.
Segundo Weyl (1997), em relao aos conhecimentos especficos de
Simetria, podemos dizer que os sumrios, povo que viveu na antigidade, 4000
aC., parecem ter sido os que de forma particular se interessaram pela simetria
bilateral. Esta a simetria do corpo da maioria dos animais. Ainda destaca-se a
simetria na Botnica, nas folhas, nos galhos de rvores, flores entre outros.
Complementando com o que diz Weyl (1997): O sentido da simetria a
idia pela qual o homem tem tentado compreender e criar a ordem, a beleza, e a
perfeio atravs dos tempos (p.17). Podemos considerar a simetria como
sinnimo de proporo, beleza e perfeio, pelo efeito visual que ela oferece e
mais pelas criaes artsticas do homem, a observao atenta da natureza e
aliada a isso como resultado das suas necessidades ao longo de sua histria.
A regularidade o resultado do trabalho criativo do Homem e no o seu pressuposto. So vantagens prticas, realmente existentes, da forma regular descoberta que conduzem a conscincia crescente dessa ordem e regularidade. As mesmas vantagens estimulam comparao com outros resultados de trabalho e com fenmenos naturais. A regularidade do produto de trabalho simplifica a sua reproduo e assim se refora a conscincia da sua forma e o interesse por ela. Com a crescente conscincia e interesse forma-se, simultaneamente, uma valorizao positiva da forma descoberta: a forma tambm aplicada onde ela no necessria; ela sentida e apreciada como bela (GERDES, 1992, p.100).
Fica o questionamento:
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O que estamos fazendo com o ensino da Simetria mais especificamente? O
que seu ensino/aprendizado possibilita? O que de Simetria vem sendo ensinado
em nossas escolas?
A problemtica que envolve o processo de ensino da Simetria, de forma
geral, mostra-nos que ainda temos questes de reflexo e pesquisa como:
Quando comear seu ensino? Que concepo adotar? Qual a forma mais
significativa e adequada? Quais sero nesse processo, as dificuldades a serem
consideradas? Essas so questes prementes frente aos desafios que o trabalho
pedaggico nos coloca no momento.
Deparando-nos com o ensino da Simetria nas sries do Ensino
Fundamental, podemos considerar que no ensino da Matemtica de forma geral,
tratamos da regularidade, ou seja, de pesquisar e conhecer aquilo que sempre
acontece e se repete, atravs de um giro, um deslocamento ou uma troca.
Faremos, a seguir, uma tentativa de justificar a insero da Simetria nos currculos
escolares.
1.5 POR QUE ENSINAR SIMETRIA?
Mas, por que ensinar simetria em nossas aulas de Matemtica?
Elaborar uma justificativa para assuntos que ensinamos em nossas salas
de aula, e mais ainda, de contedos de Matemtica, no um exerccio simples.
Mas, ousaremos assim mesmo. Est uma tentativa de justificar o objeto da
pesquisa.
Este exerccio exige que repensemos entre outros assuntos, sobre a nossa
prtica pedaggica. Depende muito, e isso prprio de cada pesquisador, como
ele ensina e como concebe a sua prpria rea do conhecimento. Este um
exerccio necessrio para a atuao em sala de aula.
A elaborao de um por que ao estudar Simetria nos remete ao que est
acontecendo nas salas de aula do Ensino Fundamental. A justificativa do processo
traz tona discusses mais amplas, pois no s a justificativa que garantir o
processo ensino/aprendizagem.
A aprendizagem acontece s vezes independente das intervenes
pedaggicas do professor, sobre o assunto.
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Um importante caminho a ser traado de que a escola oferea aos
nossos educandos um programa no esttico, tomando a cincia, e neste
contexto as cincias Matemticas, voltadas aos problemas da atualidade, e
tambm que seja de interesse dos alunos, entre outros.
Sobre o porqu justificar o ensino de determinado contedo, DAMBRSIO
(1996) nos diz que:
Um bom exerccio para o docente preparar uma justificativa para cada um dos tpicos do programa - mas no vale dar justificativas internalistas, isto , do tipo progresses so importantes para entender logaritmos. Pede - se justificativas contextualizadas ao mundo de hoje e do futuro (p. 32).
O que nos propomos elaborar um enfoque relacionado com o momento
atual, mas no apenas com o que til e aplicvel.
Completamos com:
O estudo da Geometria ajuda os alunos a representar e a dar significado ao mundo. A simetria, por exemplo, proporciona oportunidades para os alunos visualizarem a geometria no mundo da arte ou na natureza. Neste domnio, a explorao de conceitos e padres geomtricos pode criar situaes muito interessantes para os alunos (ESTUDOS COMPLEMENTARES-AVA 2000: anlise da resoluo de questes de matemtica. p. 44).
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa, em Educao Matemtica,
com o tema Simetria, olhando para anotaes de alunos e professores de
Matemtica do Ensino Fundamental, justifica-se por:
1) uma razo Matemtica: a busca da regularidade, os padres que se
repetem a essncia do conhecimento matemtico;
2) Estar presente no SAEB (Sistema Nacional de Avaliao da Educao
Bsica), com questes a serem verificadas no aprendizado dos alunos, relativas
ao tema;
3) Faz-se presente em outras reas do conhecimento como Biologia,
Arqueologia, Artes, Fsica, estabelecendo inter-relaes dessas reas com a
Matemtica;
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22
4) Dentro da prpria disciplina, existem conexes entre os contedos e
poderamos citar muitos exemplos, um deles nas retas numeradas, os nmeros
inteiros;
5) Constar nos Documentos Oficiais, propostas curriculares, do Brasil e do
Estado do Paran, como parte integrante do currculo, o contedo de simetria, a
ser desenvolvido nas sries Finais do Ensino Fundamental;
6) uma das partes da Geometria, onde o belo, a harmonia na Matemtica
pode ser facilmente trabalhada;
7) Faz parte dos trabalhos, e conseqentemente da cultura de alguns
povos, como, por exemplo, os povos indgenas, mais especificamente atravs de
seu artesanato;
8) Podemos ter contato, virtualmente inclusive, em publicaes de livros e
peridicos, trabalhos de exposies permanentes, entre outros;
9) Ainda alguns livros didticos, que na sua maioria significam o apoio ao
trabalho dos professores, contemplam em seus contedos a Simetria.
Mais especificamente tratando do ensino da Simetria, temos distintas
possibilidades de um encaminhamento metodolgico para conduzir nossas
atividades de sala de aula com aprendizagem mais efetiva. Traaremos um
panorama dos conceitos sobre os movimentos bsicos em simetria: rotao,
reflexo e translao.
1.6 SIMETRIA: MOVIMENTOS BSICOS
Preocupa-nos o fato de que os contedos de Geometria, enfocando a
simetria, so trabalhados s vezes de forma muito superficial, mostrando no
ensino da simetria apenas um de seus movimentos, que a simetria reflexional,
sendo deixados de lado os movimentos, como translao e rotao e a
combinao dos mesmos, de uma forma geral.
Weyl (1997) em seu livro, publicado originariamente em 1952 sob o ttulo
Symmetry, nas pginas iniciais discute o uso da palavra simetria, na linguagem
coloquial, com dois significados diferentes. A beleza envolta pela simetria e a idia
de que simetria denota aquele tipo de concordncia em que vrias partes de algo
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23
se integram em uma unidade. E em segundo lugar a idia de que a palavra
simetria pode nos conduzir imagem de uma balana: simetria bilateral.
A simetria, como comumente chamada, vem sendo denominada
recentemente de Geometria das Transformaes e, segundo Crowe e Thompson
(1994), seria o estudo da translao, rotao e reflexo, que so movimentos
rgidos, que fazem as figuras apenas mudarem de posio.
Em sua dissertao de mestrado em Educao Matemtica, Mabuchi
(2000) tambm usa o termo Geometria das Transformaes e inclui alm dos
movimentos rgidos, a homotetia.
Carvalho (1992) classifica as transformaes em transformaes
isomtricas, transformaes topolgicas e transformaes projetivas. As
transformaes isomtricas se dividem em translaes e simetrias (reflexo e
rotao) e as ampliaes e redues se incluem como transformaes projetivas e
nas transformaes topolgicas no tm divises.
Rohde (1982) considera a reflexo:
Simetria de reflexo a simetria bilateral obtida colocando-se um objeto diante de um espelho e considerando-se a forma e sua imagem [...]. Um objeto, ente ou forma que possui simetria de reflexo tem um plano imaginrio que o divide em duas partes idnticas, de natureza especular (enantiomorfas). p.20
Rohde chama de operaes de simetria os movimentos e os classifica
como operaes simples e combinadas. Uma operao combinada a que possui
as propriedades reunidas de duas ou mais operaes simples (p.16). Sendo
operaes simples: translao, dilatao, inverso, rotao reflexo. E operaes
combinadas: inverso rotatria, reflexo rotatria, rotao deslizante, reflexo
deslizante, dilatao deslizante, dilatao rotatria, reflexo dilatatria, rotao
deslizante dilatatria, reflexo dilatatria deslizante e reflexo rotatria dilatatria.
Lopes e Nasser (1996) chamam isometrias de reflexo, rotao e
translao, e a homotetia como podendo ser usada no ensino da semelhana, e
definem os movimentos de reflexo, translao e rotao dessa forma:
reflexo: Uma figura uma reflexo de outra se:
(I) a linha que une cada par de pontos correspondentes perpendicular ao eixo de simetria.
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24
(II) dois pontos correspondentes esto mesma distncia (perpendicular) do eixo de simetria, em lados opostos (LOPES; NASSER, 1996, p.102).
Fig. 01 A letra R.
Conceituam o movimento de translao como sendo: uma transformao
em que a figura se desloca paralelamente a uma reta. Isto , todos os pontos da
figura so deslocados numa mesma direo (retilnea) com a mesma distncia.
Fig. 02 Translao. http://www.prof2000.pt/users/edveloso/paginas/chat/matdez10figu/frisos01b.gif
O movimento de rotao assim tratado por eles: rotao: Uma rotao de centro O e um ngulo uma transformao em que a imagem obtida girando-se cada ponto da figura segundo um arco de circunferncia de centro O, percorrendo um ngulo (no sentido horrio ou anti-horrio (LOPES; NASSER, 1996. p.115).
Fig. 03 ngulo. http://www.atractor.pt/simetria/matematica/caixas/jpg/rotacao.jpg
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25
Em Mega (2001): temos que a palavra (transformao), em sua acepo popular, refere-se a algo que muda suas caractersticas, mas que permanece
intrinsecamente a mesma coisa ou que conserva o seu substrato (p.10).
Mega (2001) diz que temos quatro, aos quais ele denomina bsicos, de
transformaes isomtricas, que so: a translao, a reflexo, a reflexo com
deslizamento e a rotao. Na sua dissertao de mestrado, cujo ttulo
Ensino/Aprendizagem da rotao na 5 srie: um estudo comparativo em relao
ao material utilizado, o autor pesquisa somente a rotao, e faz um estudo
comparativo entre dois grupos, usando diferentes materiais alternativos,
desenvolvendo atividades sobre rotao. Realizando ainda um pr e um ps
teste, conclui que analisando os resultados obtidos nas atividades e no ps-teste
existe forte influncia do material utilizado no desempenho dos alunos, varivel de
acordo com a natureza da atividade; e que os materiais utilizados pelos dois
grupos de testagem serviram para ampliar as experincias dos alunos, e ainda
auxiliaram na compreenso do conceito de rotao.
O autor acima citado, em sua pesquisa, considera que o movimento de
rotao deve ser o primeiro dos movimentos apresentados s crianas, pela
familiaridade que as crianas tm com o mesmo na sua vida diria, nas
brincadeiras, sendo o giro j vivenciado por eles.
Ainda, em Mega 2001, encontramos a indicao ao leitor que esteja
querendo compreender as transformaes isomtricas que Flix Klein, um dos
mais importantes matemticos do final do sculo XIX, que deu grande impulso
matemtica em seu Erlangen Programm (1872), cujo trabalho amplo e se
constitui num princpio unificador de quase todas as geometrias.
Miorim (1998) destaca:
o seu famoso Programa de Erlangen, de 1872, em que apresentou toda a geometria como o estudo das propriedades das figuras que permanecem invariantes sob um particular grupo de transformaes serviu como fonte de inspirao no apenas para os seus futuros trabalhos, mas tambm para futuras pesquisas de muitos outros matemticos(p.65).
Cada um dos movimentos produz um tipo diferente de transformao que
conhecemos com o nome de rotao, reflexo e translao, que comumente
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26
podemos associar s respectivas denominaes como giros, trocas,
deslizamentos.
1.6.1 O MOVIMENTO DE ROTAO
Parques de diverses possuem alguns brinquedos que nos do idia do
movimento de rotao. Por exemplo, a roda gigante, o chapu mexicano, mesmo
manobras radicais de skate. A explorao do seu prprio corpo das crianas,
fazendo uso de brincadeiras de roda entre outros, mostrando tambm o aspecto
ldico, como uma possibilidade didtica. Nas mais simples brincadeiras de roda,
as crianas perfazem um movimento, um giro, conhecido como rotao. Outros
exemplos como os ventiladores, os ponteiros do relgio que seguem uma rotao
contnua e uniforme e ainda o movimento da Terra ao redor do Sol e em torno de
si mesma, ajudam a dar a idia do movimento. Para melhor visualizao trazemos
uma foto das hlices da usina elica de Palmas - PR:
Fig. 04 Usina elica de Palmas PR
Foto da autora.
Desde a Educao Infantil, na escola, deve-se desenvolver um trabalho
que possibilite as crianas alimentar a idia do giro, ou do movimento da
rotao. Comea tambm o trabalho exploratrio sobre ngulos, fazendo
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27
experincias, movimentos, giros de uma volta, meia volta, trajetrias que
possibilitem a elaborao de conceitos menos estticos e abrangentes no
aprendizado das noes iniciais e fundamentais sobre ngulos.
Ainda a percepo espacial nas atividades exploratrias com as letras do
alfabeto, como as abaixo listadas, mostrando o seu movimento.
Inicialmente, mostrando a simetria reflexional. Observando que a imagem
do objeto, neste caso a letra, refletida em um espelho plano, que forma a outra
letra. esse nosso objetivo: que as crianas compreendam que duas figuras so
iguais, ou seja, so congruentes, se uma for a imagem da outra. Sendo que essa
imagem pode ser por deslizamento, giro ou troca, melhor explicitando, por
translao, rotao ou reflexo. E a contradio acontece, pois mostramos para a
criana na alfabetizao que b, p, q, d so diferentes.
No momento em que escrevemos essas letras nesse texto, traamos
somente o b, e usando os comandos existentes na tela do computador como girar
para a direita, girar para a esquerda, ou mesmo girar livremente, traamos as
outras letras, como p, q, d.
Tratando dos movimentos, podemos pensar na rotao dos smbolos
numricos, ou seja, dos movimentos que podemos apresentar com esses
algarismos e como conseqncia o que se originam a partir desses movimentos.
Ao fazermos o giro ou a troca, como temos no quadro a seguir, podemos compor
desenhos ou outros smbolos muito diferentes.
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28
possvel explorar os smbolos numricos e com isso podemos mostrar a rotao dos smbolos, como o caso do algarismo trs:
Fig. 0
A rotao um moviment nto chamado centro
de rotao. Na figura abaixo, ao
figura no se altera.
Fig 5 Rotao do nmero 3.
o, um giro em torno de um po realizarmos uma rotao de 90, por exemplo, a
. 06 Rosa-dos-ventos.
-
29
A medida do giro o ngulo de rotao. O nmero de graus que o objeto
girou determina o tamanho da rotao.
O movimento de rotao de algumas figuras geomtricas planas possibilita
a construo de polgonos regulares. Com a rotao de tringulos eqilteros
possvel construir polgonos regulares. Tomemos um tringulo eqiltero ABC, e
fixemos um de seus vrtices. No primeiro movimento, o segmento AB coincidir
com AC, e assim por diante, fazendo assim uma rotao, com contornos
sucessivos,
O
A B
Fig. 07 Rotao do tringulo eqiltero.
Realizando todas as rotaes em torno do eixo O, obteremos um polgono
denominado hexgono, e observamos que a rotao foi de 60 graus. Essa uma
das possibilidades para construirmos um hexgono dito regular, com os seus
lados congruentes.
Seria possvel construir um polgono de 18 lados, usando a rotao de um
tringulo? Se a resposta for positiva, qual medida ter cada um dos ngulos
internos do tringulo? So perguntas que podem originar trocas de idias e
debates para a soluo dos problemas.
Os polgonos, de forma geral, possuem estruturas rotacionais que esto
relacionadas com o nmero de lados que possuem.
Na maioria dos carros, as rodas tm cinco furos que so encaixados com
pinos. A roda tem simetria rotacional de 72, o que na troca de pneus ajuda
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30
bastante. Em Mega (2001), temos um bom exemplo nos parafusos chamados
sextavados, ou seja, que tm a base em forma de um hexgono, usado em peas
de mecnicas de automveis e outros. Ele mais confortvel de ser apertado ou
desapertado, pois exige apenas giros de 60, ou seja, movimentos mais curtos do
brao, Esta uma boa aplicao do aproveitamento rotacional do hexgono,
auxiliando assim, as pessoas que trabalham neste servio.
Do giro de uma semi-reta obtemos pontos eqidistantes que determinam
uma circunferncia de raio r e que segundo Weyl (p.17), foi considerada pelos
pitagricos como a mais perfeita figura geomtrica plana.
r
Fig. 08 Circunferncia.
Com o movimento de rotao de algumas figuras planas em torno de um
eixo, obteremos a formao de alguns slidos geomtricos no espao. Por
exemplo, com a rotao de um retngulo em torno de seu eixo, obteremos o
cilindro. E da rotao de um tringulo, o cone.
E buscando definir o movimento de rotao citamos:
rotao de um certo ngulo em torno de um eixo perpendicular, digamos 30, que leva cada ponto p do espao a um ponto p, definindo assim o mapeamento. Uma figura tem simetria rotacional em torno do eixo I se trouxer em si mesma todas as rotaes em torno de I (WEYL, 1997, p.17).
1.6.2 O MOVIMENTO DE REFLEXO
Ao dobrarmos uma figura sobre uma linha, e esta coincidir com outra parte
da figura, as peas tm simetria bilateral, tambm chamada axial ou reflexional.
-
31
Uma das peas o reflexo da outra, como se usssemos o espelho. Podemos
observar nas folhas.
Fig. 09 Folha da Catharanthus roseus
http://s92141478.onlinehome.us/porcaseparafusos/imagem/folha.jpg A reflexo ocorre atravs de uma reta que denominamos eixo de simetria.
Eixo de simetria Fig. 10 Trapzio
Na figura 10, o trapzio tem um eixo de simetria, se traamos a reta no
sentido vertical. Se a reta for traada no sentido horizontal, no obteremos
nenhum eixo de simetria.
Uma figura pode ter vrios eixos de simetria, ou nenhum. No segundo caso,
dizemos que ela no possui simetria reflexional.
Vejamos o exemplo que segue: B A C
Fig. 11 Tringulo eqiltero
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32
Tomando um tringulo eqiltero qualquer ABC e traando a sua altura,
segmento perpendicular base, obteremos uma linha. Ao dobrarmos exatamente
nesta linha, parte da figura se sobrepor outra. A essa linha damos o nome de
eixo de simetria ou simetria de reflexo, pois Weyl (1997) considera que:
um corpo ou uma configurao espacial simtrica com relao a um dado plano E,se possuir em si tambm sua prpria reflexo E. Tome, por exemplo, qualquer ponto p pertencente a uma reta l perpendicular ao plano E:deve existir ento um,e somente um,ponto p tambm em l que possui a mesma distncia de E, mas que est do outro lado do espao. O ponto p` somente coincide com p, se p estiver no plano E(p.16).
P P
E
Fig. 12 Reflexo em E
A reflexo em E o mapeamento do espao sobre si prprio, S:p p` que
leva um ponto arbitrrio p a sua imagem especular p com respeito a E.
Um contra exemplo seria o paralelogramo abaixo que no possui um
mapeamento do espao sobre si prprio, como nos diz o autor acima (p.16).
Podemos dizer que esse paralelogramo tem outros movimentos como rotao e
a translao, mas no possui eixos de simetria.
Fig. 13 Paralelogramo.
Explicando de forma simples para as crianas podemos dizer que ao
desenharmos sobre o papel transparente esse paralelogramo e depois dobrarmos,
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33
as partes no se sobrepem. Usando o papel vegetal ou mesmo transparncias,
podemos desenhar figuras e partindo dessas observaes, possvel fazer
algumas discusses interessantes com as crianas.
Podemos classificar as figuras geomtricas planas de acordo com os eixos
de simetria. Algumas figuras geomtricas possuem mais de um eixo de simetria.
Outras no possuem nenhum eixo de simetria. Porm, todos os polgonos
regulares apresentam estrutura simtrica, portanto so figuras simtricas, sempre
apresentam o nmero de eixos de simetria igual ao nmero de lados. Lembrando
que a classificao dos polgonos se d normalmente pela medida dos lados e
dos ngulos, dificilmente pelo eixo de simetria.
1.6.3 O MOVIMENTO DE TRANSLAO
As formas mais simples de congruncias so as translaes (WEYL, 1997,
p.54).
As translaes so transformaes que fazem as figuras deslizarem ao
longo de uma direo, a uma distncia d. De acordo com Rodhe (1980, p.16), nesta simetria surgem dois elementos: o comprimento de translao e a repetio
da forma.
Um exemplo simples de translao podem ser as pegadas na areia, aonde
as pegadas vo formando como que um carimbo e se repetindo ao longo da
faixa,mantendo entre si uma distncia constante.
Fig. 14 Pegadas na areia. http://www.hawaiiparadise.us/images/footsteps.jpg
-
34
Tambm podemos observar a faixa de ornamentos, exemplos simples de
arte grega a seguir que nos mostram o deslocamento do chamado mdulo ou
motivo, em sua extenso.
Fig. 15 Exemplos simples da arte grega Weyl, 1997, p.59.
Segundo Weyl (1997):
as faixas de ornamentos consistem realmente em uma tira bidimensional em torno de uma linha central e assim tem uma segunda dimenso transversal. Desse modo pode ter simetrias adicionais. O padro pode ser levado a si mesmo pela reflexo na linha central l ; vamos distingui-la como reflexo longitudinal da reflexo transversal em uma linha perpendicular a l. Ou o padro pode ser levado a si mesmo por uma reflexo longitudinal combinada com a translao de a (reflexo desliza longitudinal) (p. 60-61).
Esse autor (1997) considera que nos vegetais, o aparecimento da simetria
translacional tanto freqente quanto a simetria bilateral dos animais. Na msica,
o princpio musical do ritmo a repetio unidimensional do tempo em intervalos
iguais (p.62).
Em muitos trabalhos manuais e artesanais o movimento de translao se
faz presente, como por exemplo, nas amostras/trabalhos de croch (fig.16), e nos
-
35
bordados (fig.17 e fig.18), entre outros, em que os motivos se repetem ao longo do
trabalho, mostrando o movimento de translao.
Fig. 16 Trabalhos de croch Fonte: Revista Croch dos Aores p.5
Fig. 17 Bordados manuais Fonte: Revista Agulha de Ouro. p. 46
-
36
Fig. 18 Diagrama do bordado Fonte: Revista Agulha de Ouro p. 49
Neste diagrama do bordado (fig.18) temos um molde, destacado na figura,
onde seu principal movimento a rotao, em torno de um ponto. Por
deslizamento, formando um motivo que se repete ao longo do desenho, num
movimento de translao, temos o diagrama de todo bordado.
Esses so os movimentos bsicos na simetria: a rotao, a reflexo e a
translao. Como parte dos contedos escolares, eles constam nos documentos
oficiais do Estado e do Pas, e esto presentes nas discusses sobre os
contedos no ensino da Matemtica.
Os movimentos de reflexo, rotao e translao podem ser amplamente
desenvolvidos em sala de aula. Esto presentes nosso cotidiano e nos ajudam a
entender melhor a Geometria.
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37
CAPTULO II
2. CONSIDERAES SOBRE SIMETRIA
Melhorias vm sendo incorporadas no ensino da Matemtica, em distintos
espaos geogrficos e de variadas formas. Em nosso Pas, e em nosso Estado de
forma particular, surgiram propostas. Propostas estas que trazem em torno de si
novas idias e outras ainda vm incrementando o que j vem sendo realizado.
Com isso, algumas propostas curriculares vm sendo construdas, e
paulatinamente incorporadas pela comunidade escolar.
O objetivo deste captulo abordar, de forma sucinta, algumas propostas
curriculares que no Estado do Paran e no Brasil, nas ltimas duas dcadas,
foram elaboradas, e que no seu interior contemplam, entre outros, o contedo de
simetria.
2.1A SIMETRIA PRESENTE NOS CURRCULOS ESCOLARES 2.1.1 DO ESTADO DO PARAN
Na dcada de 80, no Estado do Paran, houve a preocupao de
elaborao de uma proposta curricular, que culminou na elaborao de um
documento intitulado: Currculo Bsico para a Escola Pblica do Estado do
Paran.
Pesquisando neste documento, observamos que na disciplina de
Matemtica (p. 63-80), o assunto simetria no se faz presente, com nenhum dos
termos citados no captulo anterior.
Encontramos na disciplina de Educao Artstica, na 8 srie, a proposio
de um breve trabalho para o ensino da simetria, com os seguintes destaques:
A. LEITURA DAS QUALIDADES PLSTICAS DOS OBJETOS E DA REALIDADE 1. Anlise do modo de relao dos homens com os objetos e a realidade. Qualidades Plsticas da Forma e do Espao em relao posio:
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38
- simetria, - assimetria (p. 157).
Passados quase 20 anos, h ressurgimento de uma proposta que vem
sendo discutida no Estado do Paran, e, que foi recentemente publicada como
verso preliminar das Diretrizes Curriculares para a Escola Pblica do Paran -
Ensino Fundamental. No corpo deste texto no constam os contedos
programticos das disciplinas nas referidas sries ficando assim implcito no texto
que os contedos programticos devero fazer parte da proposta pedaggica de
cada escola. Mas no mbito da rede estadual esses documentos preliminares
ainda esto sendo discutidos.
2.1.2 NO BRASIL
No Brasil, na dcada de 90, teve incio a escrita e a divulgao dos
Parmetros Curriculares Nacionais.
Os PCNs, documentos que como o prprio nome j diz so apenas
parmetros, nos apresentam princpios norteadores de um trabalho pedaggico
para o Brasil.
Como conseqncia da discusso na construo dos parmetros, os
contedos propostos neste documento trouxeram algumas inovaes.
As mudanas comeam com a denominao do documento de parmetros.
O estudo da Geometria ficou no bloco denominado de Espao e Forma.
Os PCNs, neste bloco, tratam a simetria como transformao (reflexo,
translao e rotao) e a congruncia de figuras planas (isometrias), tratando a
noo de semelhana das figuras planas, chamando-as de homotetias (p. 86).
Pesquisando os PCN's, encontramos que Simetria um dos contedos a
serem trabalhados no Ensino Fundamental. Consta nos Contedos de Matemtica
para o Primeiro Ciclo, e para o bloco Espao e Forma no volume trs:
observao de formas geomtricas presentes em elementos naturais e nos objetos criados pelo homem e de suas caractersticas: arredondadas ou no, simtricas ou no, etc., (p.73).
Para o segundo ciclo, os contedos de Matemtica em Espao e Forma
so: Identificao da simetria em figuras tridimensionais. [...]. Identificao de
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39
semelhanas e diferenas entre polgonos, usando critrios como nmero de
lados, nmero de ngulos, eixos de simetria, etc. (p.128).
Nos PCNs, o volume que trata das sries finais destaca o estudo do bloco
Espao e Forma e ressalta que: deve-se destacar tambm neste trabalho a
importncia das transformaes geomtricas (isometrias, homotetias), de modo
que permitam o desenvolvimento de habilidades de percepo espacial e como
recurso para induzir de forma experimental descoberta (p. 51).
Fazendo parte dos objetivos de Matemtica para o terceiro ciclo, diz o
documento oficial Nacional que o ensino da Matemtica deve procurar
desenvolver:
O pensamento geomtrico, por meio da explorao de situaes de aprendizagem que levem o aluno a: - resolver situaes-problema que envolva figuras geomtricas planas, utilizando procedimentos de decomposio/composio e, transformao, ampliao e reduo. (p. 65)
Quando trata dos contedos e procedimentos, o documento oficial do pas
para o 3 ciclo (5 a 6 srie) em que trata sobre conceitos e procedimentos, na
seco Espao e Forma, tem como contedos propostos: Transformao de uma
figura no plano por meio de reflexes, translaes e rotaes e identificao de
medidas que permanecem invariantes nessas transformaes (medidas dos
lados, dos ngulos, da superfcie) (p. 73).
E para o 4 ciclo (7 e 8 sries), os Parmetros Curriculares Nacionais
propem: Desenvolvimento do conceito de congruncia de figuras planas a partir
de transformaes (reflexes em retas, translaes, rotaes e composio
destas) identificando as medidas invariantes (dos lados, dos ngulos, da
superfcie) (p.89).
Ainda no quarto ciclo ou sries finais do Ensino Fundamental, o estudo das
transformaes como invariantes, aparece junto ao estudo da congruncia e
semelhana, mostrando tambm elementos variantes. Ainda no estudo dos
contedos do Bloco Espao e Forma, ressaltada a importncia da anlise de
figuras pela observao e manuseio, e ainda da sua construo, o que permite
aos alunos, no processo de ensino/aprendizagem atingir objetivos mais amplos,
-
40
como levantar conjecturas e identificar propriedades acerca do que est sendo
ensinado.
Mega (2001, p.34), infere que a abordagem sugerida nos PCNs seria a
utilizao das transformaes como ferramentas para o estudo das propriedades
das figuras geomtricas planas. O autor considera que parece ser dado
isometria um tratamento intuitivo e menos formal.
Cifuentes (no prelo) destaca dois tipos de contextualizao, necessrios
para a transposio didtica dos assuntos ou temas a serem desenvolvidos no
processo pedaggico, que so:
- a contextualizao dos conceitos matemticos no cotidiano do aluno, com a finalidade de aplic-los a situao ditas concretas, e - a contextualizao dos objetos matemticos num contexto espao-temporal, com a finalidade de apreci-los esteticamente, ou melhor, de pr em evidncia suas qualidades estticas.
Cifuentes considera que os PCNs, destacam o primeiro tipo de
contextualizao e no levam em conta o outro, porm no justifica esse seu
argumento.
Acreditamos que o estudo da simetria nos remete para apreciao da
beleza, valorizando assim um outro aspecto da Matemtica.
2.2 REGULARIDADES PARA COMPOR O BELO
Freqentemente nos deparamos com o conhecimento matemtico, sendo
tratados numa viso platnico-formalista, de acordo com o que diz o Currculo
Bsico para Escola Publica do Paran (p. 64). Encontramos ainda o
conhecimento matemtico, unicamente ligado razo.
Porm, juntamente com a razo temos a emoo, que uma fonte de
conhecimento, chamado conhecimento sensvel, de acordo com Cifuentes (2003).
E nesta discusso, tratamos a Simetria com uma abordagem esttica, uma
linguagem que admite outros valores que no apenas a exatido e o rigor.
Madsen (2002) nos traz um olhar que no muito comum no ensino da
Matemtica, nem nos professores da rea:
-
41
entretanto, algumas reas da matemtica, como a Geometria, possibilitam o surgimento de prazer e gozo que merecem ser explorados pelos educadores. Assim so as situaes de contemplao de aspectos harmoniosos ou de contrastes na arte, na pintura ou arquitetura, ou na prpria natureza. A visualizao de simetrias, por exemplo, um fator poderoso para sentir o belo. A simetria um conceito muito importante na Filosofia da Arte e na Esttica, um fator determinante de emoes, tanto que pensadores, talvez exorbitando um pouco, consideram-na a ordem de beleza estvel ou o ritmo esttico. Ela individualiza um objeto belo e lhe fornece carter e expresso. Essas emoes produzidas pelos objetos ou situaes de beleza coincidem com o estado consciente do sujeito e a representao (p.13. ver e sentir o belo e apresentar um senso esttico talvez propriedade inerente a alguns poucos temas da matemtica; entre outros, muitos so ridos ou desinteressantes. O despertar e desenvolver do senso esttico pode muito bem ser cuidado e aproveitado com o tema fractais, quer apreciando o belo irradiante, quer observando regularidades harmoniosa nas suas prprias irregularidades (p.14).
Levantando consideraes sobre o conhecimento sensvel, a emoo, o
autor j citado, Cifuentes, em seu artigo intitulado A Linguagem Visual da
Matemtica, convida-nos a contemplar e a mostrar para nossos alunos, com
exemplos claros e bem explcitos os valores estticos da Matemtica, o que nos
possibilita fazer com que isso possa acontecer de forma simples, em nosso
trabalho pedaggico:
o esttico no apenas um olhar sobre a matemtica, de fato existe um contedo esttico na matemtica, e esse contedo est ligado ao que pode ser apercebido pelo intelecto. So valores estticos da matemtica, por exemplo, a perfeio, a simetria, a forma, o contexto, o contraste, a ordem, o equilbrio, a simplicidade e a abstrao, tambm a liberdade (no prelo).
O despertar de cada um de ns professores, sobre tpicos relacionados
discusso do belo na Matemtica, acreditamos ser um desafio. Um caminho que
est ainda por ser trilhado. Gostamos desse enfoque. Pensamos que todos os
professores que atuam no Ensino Fundamental deveriam apropriar-se de
discusses e serem colocados em contato com leituras inerentes ao assunto, e
refletir sobre trabalhos com esse tema. Pois essa forma de olhar a Matemtica,
conduz-nos para distintas possibilidades de ver e ensinar na Geometria, e para
formar alunos alfabetizados geometricamente.
Estudando e lendo Murari (2004), vemos projeto sobre simetria, espelhos,
caleidoscpios, jogos e softwares educacionais no ensino e aprendizagem de
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geometria. Levando em conta a construo de caleidoscpios, por exemplo, e o
posterior estudo dos mesmos atravs da simetria. E sobre caleidoscpios e
espelhos ele traz a seguinte considerao estudando a utilizao de espelhos e
caleidoscpios como instrumentos facilitadores na explorao de idias
geomtricas.
Com o uso dos espelhos podem ser trabalhados e contemplados os valores
da ordem, do equilbrio, do contraste, da perfeio e da abstrao na Matemtica.
Mas, pavimentaes do plano, ampliao dos espaos fsicos, composio e
decomposio de figuras so algumas possibilidades de trabalho com o auxlio de
espelhos planos ou angulares.
Fig. 19 Imagens produzidas no caleidoscpio http://www.sesisp.org.br/home/sociocultural/imagens/caleidoscopio.jpg
Murari constri caleidoscpios, novos tipos de caleidoscpios que se
prestaro para a visualizao de pavimentaes esfricas e hiperblicas, e
tambm de poliedros (Murari,2004). Ele explica sobre sua linha de investigao:
O nosso projeto, em toda a sua extenso, envolve o estudo de espelhos,
caleidoscpios, simetrias, jogos e softwares educacionais (relacionados ao ensino de geometria). Os objetos de nosso estudo se inter-relacionam, pois por meio dos espelhos que construmos os caleidoscpios, e atravs dos espelhos e caleidoscpios podem-se visualizar isometrias de figuras geomtricas, que tenham estrutura simtrica (linhas de simetria) sem retir-los do plano e faz-las coincidirem com sua imagem, obtendo-se reflexes e/ou rotaes atravs de imagens virtuais, que so operaes relacionadas simetria, no que concerne ao seu conceito geomtrico (MURARI, 2004 p. 201).
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Lembramos a grande poetisa paranaense, Helena Kolody, que nos conta
em seu livro que, quando criana, gostava de brincar com caleidoscpios, e nunca
conseguiu repetir um desenho que lhe encantara. E em Caleidoscpio (1970), ela
escreve:
A cada giro de espelhos, Muda o vitral da vivncia. No permanece a figura.
Nem um desenho regressa (p.39).
Fig. 20 Imagens produzidas no caleidoscpio II. http://www.quiltsandpatchwork.com/imatges/Copia%20de%20stack%20detall.jpg
O caleidoscpio possibilita a viso do belo que pode ser observado, mas
no repetido, sempre inovado pelas sucessivas reflexes.
Ela, a Geometria, um dos recursos que possibilitam ao educando muitas
oportunidades e:
para isso considera-se imprescindvel que ele tenha oportunidade de fazer exploraes, representaes, construes, discusses, que ele possa investigar, descobrir, descrever e perceber propriedades. A geometria excepcionalmente rica em oportunidades para que essas metas sejam alcanadas (OCHI, 1997, p.9).
No s no contexto da prpria disciplina que a simetria pode ser aplicada,
estudada e contemplada em sua beleza e em seus padres que se repetem.
Temos diferentes reas onde inter-relao da Matemtica e os outros ramos do
conhecimento se tornam possveis.
A Simetria pode apresentar-se como padres e regularidades no interior da
Matemtica. Mas a relao da Matemtica com as outras reas do conhecimento
muito estreita e faz do conhecimento matemtico umas pontes para ligao da
Matemtica com as outras reas do conhecimento, entre elas podemos citar a
Fsica, a Biologia, a Arqueologia e as Artes.
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2.3 A SIMETRIA E ALGUMAS RELAES COM AS REAS DO CONHECIMENTO:
Ao desenvolver a nossa reviso bibliogrfica, constatamos que o processo
de carter evolutivo da Matemtica esteve fortemente presente nos mais diversos
fazeres da humanidade, e vai desde as Artes at a Msica, passando pela
Arqueologia, a Fsica, a Biologia, a Cristalografia, a Antropologia, entre outros.
inegvel seu valor, pelo contexto e pelas diferentes culturas em que
aparecem, e devem ser respeitadas e estudadas.
Essa possibilidade de inter-relao entre a simetria e outras reas do
conhecimento se estende. E faz sua beleza maior justamente neste contexto,
deixando assim um desafio para os pesquisadores da Educao Matemtica de
buscar respostas, num futuro bem prximo, a algumas questes do ensino, que no
momento permanecem em aberto e esto inter-relacionadas inclusive com outras
reas do conhecimento. Temos a Simetria como um tema que atende ao que
descreve, pois:
o estudo da simetria amplo por duas razes: pela sua prpria extenso
e por possuir implicaes diretas e indiretas em todas as reas das
cincias e das artes. Nas cincias (fsicas, qumicas e biolgicas), a
simetria caracteriza a organizao do universo animado e inanimado,
macro ou microscopicamente considerado. Nas artes, o conceito de
simetria igualmente indispensvel, revelando propores, espaos e
formas (ROHDE, 1982, p. 09).
Nas reas do conhecimento como na Fsica, a idia de simetria
freqentemente lembrada. O que compreendemos sobre o assunto, est ancorado
pelos princpios de simetria. Como exemplo, temos as leis de conservao de
energia.
Weyl (1997):
os dois grandes eventos de Fsica do sculo XX so o surgimento da teoria da relatividade e da mecnica quntica. Ser que existe alguma conexo entre a mecnica quntica e simetria? Verdadeiramente, sim. A simetria tem um grande papel na ordenao do espectro atmico e
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molecular, cuja chave para o entendimento dada pela fsica quntica (p.139).
Na Arqueologia, destacamos no livro Aprendendo e Ensinando Geometria, o artigo que tem como ttulo Alguns usos modernos da Geometria, em que
relatam a anlise completa dos padres usados por alguns povos na confeco de
seus objetos.
ilustraremos o valor dessa abordagem alternativa da Geometria por
meio de desenvolvimentos recentes em arqueologia. Em certos stios arqueolgicos, encontram-se vasos de cermica decorados (ou fragmentos dessa cermica), e tradicionalmente tem-se usado uma espcie de geometria rudimentar para estud-los (CROWE; THOMPSON, 1994, p.13).
Fig. 21 Desenhos em peas de cermica CROWE; THOMPSON, 1994, p. 134
Nesse artigo, aparecem estudos sobre a maior semelhana quanto
estrutura das simetrias dos objetos de arte, o que permitiu aos arquelogos fazer
um mapa da localizao dos 21 stios arqueolgicos do Noroeste do Novo Mxico
e sudoeste do Colorado, por um processo estatstico de graduao em escala
multidimensional, baseado no que o autor chama hiptese das distncias, de
acordo com a qual as populaes vizinhas devam produzir desenhos com maior
semelhana quanto estrutura da simetria (p.136).
Na Arte, a simetria percebida nas mais distintas manifestaes arttisticas. Podemos destacar os trabalhos do artista holands M. C. Escher que,
em 1954, teve seus trabalhos expostos no Congresso Internacional de
Matemtica, em Amsterd. Escher estudou arquitetura e arte decorativa, era um
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grande observador da natureza. Nos seus trabalhos, depois de 1937, suas obras
retratam sua prpria imaginao e viso detalhista, mas sempre buscando a
regularidade, fazendo assim composies geomtricas de vrias geometrias
(Madsen, 1993).
Hoje, Escher um nome de referncia nos estudos de Geometria, sendo
suas obras de rara composio, alm dos padres geomtricos de pavimentao
do plano, com suas simetrias, Escher tem vrias obras usando reflexes em
espelhos.
Fig. 22 Cisnes Escher. Entalhe em madeira, 20 x 32 cm,1956.
http://www.pen.k12.va.us/Div/Winchester/jhhs/math/escher/angels.jpg
Na Arqueologia, encontramos em diferentes povos e culturas um vasto legado de esculturas, pinturas, entalhes, molduras de quadros, desenhos ao redor
de vasilhas, jarros, potes de cermica, adereos.
Os povos indgenas brasileiros tm na confeco de utenslios necessrios
sua sobrevivncia, suas manifestaes artsticas. Os chapus, cestos, peneiras
mostram-nos diferentes tranados e figuras geomtricas, indcios de conceitos
matemticos.
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Os ndios Yanoama, que vivem na selva entre dois rios, o Orinoco
Superior e o Rio Negro, na regio fronteiria da Venezuela e Brasil, tm seus
objetos de trabalho:
como o seu banco de trepar, obrigatoriamente simtricos, quer dizer, na interao entre a reconhecida necessidade social, as possibilidades materiais e a experimentao, a forma simtrica mostrou-se a melhor: pontas de seta, redes de descanso, aliavas, arcos, recipientes alongados para sopa de banana, cestos redondos entrelaados hexagonalmente, taas para beber e gamelas de casca de frutos cortados ao meio (GERDES, 1992, p. 65).
Modelando, tranando,esculpindo, bordando, no importa, os artesos,
sejam eles de qualquer raa, transmitem de gerao em gerao, suas tcnicas,
garantindo assim a continuidade de uma prtica que nasceu muitas vezes com
seus ancestrais.
Nas mais diferentes culturas tm o aparecimento de peas de valor
artesanal ou trabalhos manuais como bordado, croch, tric, entre outros, so
peas de beleza e valor artstico que com seus motivos ou padres que se
repetem, nos do a idia de Simetria.
Na Biologia, cujo maior objeto de estudo a natureza, podemos observar que a maioria dos animais possui simetria bilateral que, para Weyl, a simetria
da esquerda e da direita, especialmente notvel na estrutura do ser humano e dos
animais superiores (p. 16).
Fig. 23 Homem Vitruviano Leonardo Da Vinci 1492- Desenho
http://www.carbuyersnotebook.com/archives/Da-Vinci-Man.jpg
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Para exemplificar um pouco mais podemos citar os vrus de forma
icosadrica, a concha espiralada de Nautilus, os chifres helicoidas das gazelas e
as notveis simetrias rotacionais das estrelas-do-mar (fig. 24), das medusas e das
flores como a violeta (fig. 25), o trevo (fig.26), primavera (fig. 27), que tm
respectivamente 3, 4, 5 ptalas igualmente dispostas. So inmeros os exemplos
que podemos citar na Biologia,quando enfocamos simetria.
Fig. 24 Estrela-do-mar.
http://www.frigoletto.com.br/GeoAlagoas/Estrelas/astrop.jpg
Fig. 25 Violeta. http://www.mma.es/parques/lared/caldera/imagenes/violeta.gif
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Fig. 26 Trevo. http://www.ideotario.com/blog500_zzz_trevo.jpg
Fig. 27 Primavera. http://www.pasarlascanutas.com/paisajes_pirineo/panticosa/panticosa_2887.JPG
Tm, portanto, estrutura rotacional idntica dos tringulos eqilteros,
quadrados e pentgonos regulares. Mas, e como ficam as outras flores? a
pergunta que nos faz Barboza (1993 p. 46).
A simetria pentagonal aparece com freqncia, no mundo orgnico. Mas,
no a encontramos nos cristais, que segundo Weyl so as mais perfeitas criaes
da natureza inorgnica. E foi no estudo dos cristais, denominado de
Cristalografia que:
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a teoria dos grupos de Weyl permitiu classificar de forma sucinta os
vrios tipos de estruturas atmicas, assim como entender a simetria de suas propriedades. Permitiu tambm o clculo das estruturas de bandas nos cristais, que so fundamentais para a fsica de semicondutores e suas aplicaes como a microeletrnica e a optoeletrnica (WEYL, 1997, p. 11-12).
Mais especificamente tratando do ensino da Simetria, temos distintas
possibilidades de um encaminhamento metodolgico, que percebemos pelo
descrito sobre a conexo existente entre a Matemtica e as outras reas do
conhecimento. Ainda temos a beleza na e da Matemtica que pode compor um
quadro, dentro desta perspectiva, o que nos remete possibilidade de trabalho no
ensino da simetria, mais diretamente ligada ao Ensino fundamental. E temos a
arte tambm como oportunidade de trabalhar com a geometria de forma mais
ampla.
2.5 A SIMETRIA E SUAS POSSILIDADES
No ensino da Simetria, temos algumas possibilidades de trabalho muito
interessantes, como o uso da arte e ainda o uso dos recursos tecnolgicos como
um encaminhamento metodolgico importante, entre outros.
2.5.1 USANDO A ARTE
No trabalho pedaggico com crianas do Ensino Fundamental, podemos
lanar mo de ferramentas, enquanto instrumentais que nos do suporte
pedaggico, no processo ensino/aprendizagem de alguns conceitos matemticos.
Podemos fazer uso de espelhos planos ou angulares, como material
manipulativo para ensinar conceitos de simetria. Caleidoscpios, dobraduras e
recortes, logotipos ou logomarcas, embalagens, rtulos poderam ser usados ou
explorados para desenvolver de forma mais efetiva uma aprendizagem no ensino
da simetria. So atividades simples que possibilitam concordar com o que diz o
Currculo Bsico para a Escola Pblica do Paran (1992 p.66):
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aprender matemtica muito mais que manejar frmulas, saber fazer contas ou marcar x na resposta correta: interpretar, criar significados, construir seus prprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver o raciocnio lgico, a capacidade de conceber, projetar e transcender o imediatamente sensvel.
Temos as obras de arte que poderiam ser mais bem exploradas por ns
professores no trabalho pedaggico. Lembrando Liblik (2001) que tem como
objeto de estudo a imagem: o conhecimento produzido ao longo dos sculos
chegou at ns, principalmente pela imagem. So desenhos, textos, traados dos
mais diversos que nos contam sua histria. A perspectiva de termos em mos
essa linguagem, nem to nova assim, para a utilizarmos como ponte, como
passagem entre as diferentes cincias, entre as diferentes reas do conhecimento
pode nos deixar atnitos (p.79).
E podemos citar ainda Liblik (2001), que nos apresenta:
mediante um desenho, um traado, uma leitura, produzimos imagens que
nos remetem e nos revelam - por analogias, metforas - a outras verdades, outros pensamentos, outras idias, que ao se entrelaar, formam o tecido do conhecimento. esta caracterstica que nos torna seres humanos: a utilizao de palavras ou smbolos, no apenas para nos comunicar com nossos semelhantes, mas para manipularmos nossas prprias idias (p. 78).
As obras de arte podem ser leituras interessantes para o trabalho no
ensino da simetria. Trabalhando com elas, fazendo uso das obras de arte de
artistas famosos como Escher, Volpi, Mondrian, Mir entre outros, possvel obter
bons resultados.
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Fig. 28 Bandeirinhas. Alfredo Volpi - 102x68cm tmpera sobre tela - dcada de 80
http://www.pinturabrasileira.com/artistas_det.asp?cod=1063&in=1&cod_a=5
Observando as telhas das casas, os desenhos das grades nas janelas,
muros, portes, a composio dos paraleleppedos nas caladas, as telas de
arames e suas composies, os desenhos dos tecidos, os trabalhos manuais,
como bordado entre outros, percebe-se como o conhecimento matemtico
permeia nossa vida. Na natureza, os desenhos da casca de abacaxi, e no casco
de uma tartaruga, os hexaedros dispostos nos favos de mel, a distribuio dos
gros de milho numa espiga, tambm esto presentes a regularidade, os padres
que se repetem.
E aliado a isso, o mais importante a necessidade dos homens. Pela
produo, pelo seu trabalho objetivando a sua sobrevivncia, possibilitou que
Gerdes (1992) argumentasse:
as primeiras fases do fabrico de ferramentas mostram que a escolha de
uma forma simtrica no foi uma imitao de padres simtricos na natureza, mas sim o resultado de tradies de produo de milhares de geraes. Essa formao do conceito de simetria foi dialtica.
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Aconteceu uma reviravolta: a forma mais racional passou a ser considerada bela; a figura simtrica passou a ser objetivo em si; a forma adquire uma crescente importncia independente, tcnica e esttica (p.18).
Faz-se necessrio concordar com o fato de que a Simetria, com seus
movimentos, giros, deslocamentos e trocas, aparece em diferentes situaes.
Contemplando um outro aspecto no menos importante, temos a afinidade com a
beleza, a perfeio, a ordem. Sendo maneiras distintas de ver, de conceber a
simetria, que vem desde os gregos at os nossos dias.
talo Calvino (1999), um grande escritor, cubano de nascimento, mas que
gostava de ser citado como italiano, em seu livro Seis propostas para o prximo
milnio, no captulo em que discute exatido trabalhando na literatura, ele declara
seu gosto pela Matemtica, e lembra entre tantos, da simetria: Queria lhes falar
sobre minha predileo pelas formas geomtricas, pelas simetrias, pelas sries,
pela anlise combinatria, pelas propores numricas (CALVINO, 1999, p.82).
Sua obra literria metaforicamente nos conduz a caminhos matemticos, pela
regularidade, pelas analogias, pelas simetrias e assimetrias.
O trabalho pedaggico na sala de aula do Ensino Fundamental contempla a possibilidade de desenvolver novas atitudes em relao ao professor e ao aluno
no tratamento dos contedos escolares. Consideramos o trabalho investigativo
como parte integrante das aulas de Matemtica, um encaminhamento
metodolgico importante.
Este trabalho usando diferentes recursos exige tambm dos professores
que as atividades escolares sejam organizadas, pois necessitam de certo
gerenciamento das aulas como todas as outras atividades. Para incorporar essa
tendncia em seu cotidiano, o professor dever repensar a sua concepo do
ensino de Matemtica, revendo seu referencial terico e aprofundando seus
conhecimentos, incorporando algumas mudanas em seu trabalho pedaggico
dirio, tentando a aproximao entre teoria e prtica.
Frente s novas tecnologias, o professor necessita incorporar na sua
prtica pedaggica o uso de novas ferramentas. E os recursos de que dispomos
hoje so fontes excelentes como apoio pedaggico para o processo
ensino/aprendizagem. No que ele, o recurso tecnolgico, por si s garanta a
efetividade do processo, mas como destacada ferramenta de apoio.
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2.5.3 USANDO OS RECURSOS TECNOLGICOS
Devemos chamar a ateno para o uso das ferramentas advindas das
novas tecnologias, e suas implicaes no ensino, sendo que seu uso deve ser
parte integrante do ensino da Geometria, o que constitui um desafio. Pois isso
demanda formao e aprendizado contnuo dos professores.
O ensino da Geometria nas escolas deve contemplar o uso dos
movimentos e das diferentes linguagens, entre elas a imagem, na sua proposta de
trabalho, tendo como pressuposto o avano tecnolgico, entre outros. E a
referncia no apenas com relao ao uso de computadores, mas pensando na
realidade em que vivem nossas crianas e pr-adolescentes, na sua experincia,
nesta gerao que no trato com botes, j vem sendo mantida, desde seus
primeiros anos de vida.
Os recursos tecnolgicos so uma forma nova de comunicao, com uma
linguagem diferente, e adquirindo informaes sempre atualizadas; e eles vm,
atravs de softwares direcionados, desenvolver e oportunizar o processo ensino
aprendizagem.
Por outro lado:
de que vale a organizao curricular de Matemtica nas escolas em vista das novas oportunidades de trabalho? No sabemos que oportunidades de emprego tero. O que podemos fazer dar s novas geraes instrumentos comunicativos, analticos e materiais para que possam enfrentar um mundo que desconhecemos (DAMBRSIO, 2001, p.17).
Temos grupos de trabalho no exterior e no Brasil, preocupados com o uso
das tecnologias, que desenvolvem estudos juntamente com softwares para serem
usados no ensino da Geometria. O Geometriks um deles. Foi desenvolvido pela
Royal Danish of Educacional Studies, em Copenhagen, na Dinamarca, e traduzido
no Brasil por Mirian G. Penteado e Marcelo C. Borba, da Unesp de So Paulo. Ele
possibilita a construo, a movimentao e que se arrastem objetos geomtricos
e, alm da Geometria Euclidiana, traz recursos para a introduo da Geometria de
Fractais, mostrando as transformaes. Para maiores informaes sobre o
Geometriks, podemos acessar www.editora.unesp.br .
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Alm do que temos um grupo de professores da UEM Maring/PR que
tambm desenvolveu um software intitulado Simetria, que pode ser acessado
www.dma.uem.br/simetrias, que muito fcil e simples, podendo ser usado com os alunos do Ensino Fundamental.
Temos ainda em www.matematica.br, o Programa de vero do IME-USP, Programa de Geometria Dinmica, usando iGeom. Este mesmo programa tem
ainda Cursos de Laboratrio do Ensino de Matemtica (LEM), compostos por
mdulos, destinados exclusivamente aos professores que atuam no Ensino
Fundamental e Mdio e que queiram fazer uso do computador em sala de aula.
Consta com o cdigo B 12.4 o mdulo que trata da construo de mosaicos
atravs da geometria dinmica, neste software os alunos/professores podem
trabalhar, entre outros a rotao, a translao e reflexo.
Com o levantamento bibliogrfico desenvolvido no decorrer da pesquisa,
tecemos as consideraes deste captulo, passando para o relato, no seguinte
captulo, dos trabalhos realizados com os cadernos dos alunos e dirios de classe
e ainda a realizao do grupo focal com os professores do colgio, componentes
do caminho metodolgico utilizado para o desenvolvimento dessa pesquisa.
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CAPTULO III
3. OPES METOD