efeitos na impulsao vertical

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154 Efeitos na impulsão vertical de um grupo de meninas participantes de uma equipe de voleibol escolar, submetidas a um treinamento pliométrico de 8 semanas Elder Paulo Pazzelli Francelino Mestre em Performance Humana - Universidade Metodista de Piracicaba Coordenador do curso de Educação Física do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Leme e-mail: [email protected] Cristina Passarinho Graduada em Licenciatura Plena em Educacação Física - Universidade Metodista de Piracicaba Professora do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Leme e-mail: [email protected] Resumo O voleibol apresenta movimentos em seus fundamentos básicos, que envolvem como fator importante de sucesso ou fracasso a impulsão vertical. O trabalho pliométrico é um potencializador do trabalho de força explosiva para membros inferiores responsáveis pela melhora na impulsão vertical. Este trabalho teve como objetivo, estimar as mudanças do desempenho da força explosiva dos membros inferiores, por meio da impulsão vertical, após um programa de treinamento de saltos pliométricos de 8 semanas e uma freqüência de três vezes por semana. O trabalho foi realizados por meninas participantes de uma turma de treinamento, com faixa etária de 15 anos ± 2 anos, estudantes do ensino médio. As atletas participaram de um treinamento de 8 (oito) semanas de um programa de pliometria intensiva e foram avaliadas na impulsão vertical sem auxílio dos membros superiores e com o auxílio dos membros pré e pós programa. No final deste período, o teste-t de medidas repetidas apresentou aumentos estatisticamente significativos em todos os indicadores na impulsão vertical (p< 0,05), utilizando-se o programa descrito, demonstrando o acréscimo dessa valência física. Palavras-chave: impulsão vertical, voleibol, pliométrico. Introdução Em 1994, a Federação Internacional de Voleibol divulgou que 200 milhões de pessoas praticam o voleibol. Esses dados confirmam a popularidade mundial dessa modalidade (AAGAARD et al, 1997). O jogo de voleibol é realizado através de saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa (EOM & SCHUTZ, 1992), por um tempo indeterminado. Esse desporto coletivo é praticado pela oposição de duas equipes, em ações alternadas dos oponentes, sendo o objetivo marcar o ponto. No voleibol, o bloqueio, o salto vertical, o passe e a cortada são movimentos essenciais para se obter a vitória. A melhoria da força muscular e potência dos membros inferiores e do corpo todo de um atleta aumenta sua capacidade de salto vertical. Um dos meios para se potencializar a força explosiva é através do treino de pliometria. A pliometria é um método de treinamento baseado no uso do ciclo alongamento-encurtamento (CAE) cujo componente elástico de um determinado grupo muscular ao ser precedido por uma ação excêntrica (pré-alongamento) na ação concêntrica resultante geraria uma força maior (acúmulo de energia potencial elástica) (ZATSIORSKY, 1999). O presente estudo teve como objetivo verificar os aumentos do trabalho pliométrico sobre a impulsão vertical de jovens atletas.

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Page 1: Efeitos Na Impulsao Vertical

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Efeitos na impulsão vertical de um grupo demeninas participantes de uma equipede voleibol escolar, submetidas a umtreinamento pliométrico de 8 semanas

Elder Paulo Pazzelli FrancelinoMestre em Performance Humana - Universidade Metodista de PiracicabaCoordenador do curso de Educação Física do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Lemee-mail: [email protected]

Cristina PassarinhoGraduada em Licenciatura Plena em Educacação Física - Universidade Metodista de Piracicaba Professora do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Lemee-mail: [email protected]

Resumo

O voleibol apresenta movimentos em seus fundamentos básicos, que envolvem como fator importante de sucesso oufracasso a impulsão vertical. O trabalho pliométrico é um potencializador do trabalho de força explosiva para membros inferioresresponsáveis pela melhora na impulsão vertical. Este trabalho teve como objetivo, estimar as mudanças do desempenho da forçaexplosiva dos membros inferiores, por meio da impulsão vertical, após um programa de treinamento de saltos pliométricos de 8semanas e uma freqüência de três vezes por semana. O trabalho foi realizados por meninas participantes de uma turma detreinamento, com faixa etária de 15 anos ± 2 anos, estudantes do ensino médio. As atletas participaram de um treinamento de 8(oito) semanas de um programa de pliometria intensiva e foram avaliadas na impulsão vertical sem auxílio dos membros superiorese com o auxílio dos membros pré e pós programa. No final deste período, o teste-t de medidas repetidas apresentou aumentosestatisticamente significativos em todos os indicadores na impulsão vertical (p< 0,05), utilizando-se o programa descrito,demonstrando o acréscimo dessa valência física.

Palavras-chave: impulsão vertical, voleibol, pliométrico.

Introdução

Em 1994, a Federação Internacional de Voleiboldivulgou que 200 milhões de pessoas praticam o voleibol.Esses dados confirmam a popularidade mundial dessamodalidade (AAGAARD et al, 1997). O jogo devoleibol é realizado através de saque, recepção,levantamento, ataque, bloqueio e defesa (EOM &SCHUTZ, 1992), por um tempo indeterminado. Essedesporto coletivo é praticado pela oposição de duasequipes, em ações alternadas dos oponentes, sendo oobjetivo marcar o ponto.

No voleibol, o bloqueio, o salto vertical, o passee a cortada são movimentos essenciais para se obter a

vitória. A melhoria da força muscular e potência dosmembros inferiores e do corpo todo de um atleta aumentasua capacidade de salto vertical. Um dos meios para sepotencializar a força explosiva é através do treino depliometria. A pliometria é um método de treinamentobaseado no uso do ciclo alongamento-encurtamento(CAE) cujo componente elástico de um determinadogrupo muscular ao ser precedido por uma açãoexcêntrica (pré-alongamento) na ação concêntricaresultante geraria uma força maior (acúmulo de energiapotencial elástica) (ZATSIORSKY, 1999). O presenteestudo teve como objetivo verificar os aumentos dotrabalho pliométrico sobre a impulsão vertical de jovensatletas.

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Materiais e métodos

As participantes do estudo foram 21 meninas comidades 15 anos ± 2 anos, peso 54,27 kg ± 6,68 kg ealtura 166 cm ± 2,12cm, participantes de uma equipede treinamento escolar, sendo que todas apresentavamausência de doenças. Todas as participantes eramsaudáveis, sem histórico de problemas físicos e seencontravam, no ponto de vista maturacional, nosestágios 3 e 4 das tabelas de referências dos caracteressecundários de Tunner (1962) . Foram autorizadas pelospais ou responsáveis a participarem do estudo, os quaisassinaram um Termo de Consentimento Livre eEsclarecedor.

As atletas foram submetidas a um programa deoito semanas de pliometria intensiva (saltos em diferentespadrões de altura e deslocamentos com graus deexigência elevadas) (WEINECK, 1999). Em conjuntocom o trabalho pliométrico as alunas participaramativamente dos treinos técnicos/táticos. Todos ostrabalhos foram executados em uma quadra poliesportiva,utilizando dois plintos com 02 e 03 gavetasrespectivamente, 04 barreiras (altura adaptável), fitaadesiva, trena métrica.

Avaliação da impulsão vertical (SargentTest) (CARNAVAL, 2004)

Para medir o desempenho do salto vertical, obtidoatravés do desempenho em se impulsionar verticalmente,utilizou-se dois protocolos:

Impulsão vertical sem ajuda dos membrossuperiores: a avaliada colocou-se em pé, oscalcanhares ao solo, corpo lateralmente a parede,membros superiores elevados verticalmente.Considerou-se o ponto mais alto a mão dominantecomparada à fita métrica. Após a determinação do pontode referência a avaliada se afastou com relação a paredepara realizar uma série de dois saltos, mantendo osmembros superiores elevados verticalmente,obedecendo a voz de comando “Atenção!, Já!”, elaexecutou o salto tentando com as polpas distais da mãodominante com pó de giz ou magnésio tocar o pontomais alto da fita métrica. O braço tem que se manterelevado. Apresentado na figura 1.

Impulsão vertical com a ajuda dos membrossuperiores: foi efetuado o mesmo procedimento paradeterminação do ponto de referência, porém só o braçodominante foi elevado verticalmente. Após isso, aavaliada se afastou no sentido lateral, para poder realizaruma série de dois saltos sendo permitido o movimentode braços e tronco, ficando o restante do movimento

idêntico ao anterior. Foram registradas as marcasatingidas pela aluna avaliada a cada série de saltos.Apresentado na figura 2.

Foram tomadas precauções nas propostas nametodologia, tais como:

1. Invadir o salto se for procedido de marcha,corrida ou outro e olhar o movimento dos braços se nãofor permitido;

2. Verificar se o braço estava efetivamenteelevado, e sem flexão do quadril, joelho e tornozelo nomomento de determinação do ponto de referência.

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Análise estatística

Os resultados obtidos, através dasvariáveis mensuradas, foram tratadosestatisticamente, aferindo-se valores de média edesvio padrão para cada um deles e para oconjunto de dados, conforme o grupo deestudado: jovens praticantes de voleibol.

A análise estatística foi desenvolvida pormeio do Teste t de Student para amostras nãopareadas. Em todas as metodologias estatísticadeste estudo foram adotados valores para pmenor que 0,05 (p<0,05) como resultadoestatisticamente significante. Os dados são apresentadoscomo média ± desvio-padrão. Utilizou-se para cálculodesses parâmetros o software Excel.

Resultados

Na tabela 01 são mostrados aspectos quepoderiam influenciar nos resultados dos treinamentosem função de características como a idade e o tempode treinamento.

Para os valores da variável de impulsão vertical(em cm) sem auxílio dos membros superiores pré e póstreinamento, foram encontrados valores de 17,80 ± 4,89,valores com diferença significante (p<0,05). Resultadosapresentados no gráfico 1.

Para os valores da variável de impulsão vertical(em cm) com auxílio dos membros superiores, foramencontrados valores de 23,40, ± 4,54 , valores comdiferença significante (p<0,05). Resultados apresentadosno gráfico 2.

Discussão

O rendimento Físico, dos recordes nas diversasdisciplinas esportivas ao rendimento médio de qualquercidadão, tem sido objeto de estudos em várias disciplinascientíficas.

A tentativa é de determinar suas bases e seuscomponentes, para permitir seu aumento, eficácia,determinação e os melhores meios de seudesenvolvimento (BARBANTI, 2001).

A habilidade motora das meninas geralmenteaumenta com a idade nos primeiros 17 anos de vida,embora as meninas tendem a apresentar uma estabilidadena puberdade e melhores resultados, essas melhoras sãoresultantes sobretudo do desenvolvimento dos sistemasneuromuscular e endócrino, e secundariamente peloaumento da atividade da criança. (WILMORE, 2001).

A impulsão vertical sofre uma correlação com avalência física velocidade (BADILLO & AYESTARÁN,2001; WEINECK, 1999). Para averiguação deste

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aspecto, seria necessário submeter os atletas a umabateria de testes de velocidade, o que não ocorreu nesteestudo.

Devemos levar em consideração o aspecto dosdiferentes estágios de maturação biológica, os quaispodem influenciar na performance de cada atleta e oqual não foi avaliado( MALINA, 1994).

Muitos são os trabalhos que evidenciam aimportância da força e potencia muscular. Ostreinamentos destas variáveis tem-se demonstradoefetivos na melhoria de várias capacidades físicas, bemcomo o aumento da massa muscular (SIMÃO, 2001).

Todas as participantes tiveram um aumento nosvalores da impulsão vertical em relação à comparaçãopré e pós-treinamento. Devido a falta de outros estudossobre o trabalho pliométrico envolvendo meninasjovens, torna-se difícil levantar maiores discussões.

Conclusão

O estudo demonstrou que o trabalho pliométricoapresenta eficácia na melhoria da impulsão verticaltambém para as jovens atletas, como já evidenciado emestudos anteriores com atletas da categoria adulta. Parao voleibol a valência física do salto vertical é fundamentalpara a performance dos praticantes desse esporte. Valedestacar que assim como em vários esportes, no voleibolo trabalho pliométrico deve ser incorporado ás rotinasde treinamentos, mas devendo-se ter o cuidado, pormeio de estudos mais profundos, analisar possíveis lesõesarticulares e musculares causadas pela sobrecarga dotrabalho de saltos, haja vista que essa sobrecarga develevar em consideração principalmente o trabalho de baseesportiva e a maturação em que o atleta se encontra.

Todas as atletas participantes desse estudoobtiveram melhoras na altura do salto vertical (impulsãovertical), devido ao trabalho realizado.

Referências Bibliográficas

AAGAARD, H.; SCAVENIUS, M., JØRGENSEN, U.An epidemiological analysis of the injury pattern in indoorand in beach volleyball. International Journal of SportsMedicine, v. 18, n. 3, p. 217-221. 1997BADILLO, J.J.G.; YESTARÁN, E.G. Fundamentos dotreinamento de força. 2ª edição, Rio de Janeiro: Ed.Shape, 2001, 284.BARBANTI, V. J. Treinamento Físico: basescientíficas. 3ª edição, São Paulo: Ed. CLR. Balieiro, 2001,74.CARNAVAL, P.E.. Medidas e Avaliação em Ciênciasdo esporte. 6ª edição, Rio de Janeiro:Ed.Sprint, 2004, 76.

EOM, H. J.; SCHUTZ, R. W. Statistical analyses ofvolleyball team performance. Research Quarterly forExercise and Sport. 63 (1): 11-17. 1992.MALINA. R. M. Physical growth and biologicalmaturation of young athletes. Exercise Sport Sci. Rev. v22, p.759-66, 1994.SIMÃO, R.. Avaliação da Medida Simples da PotenciaMuscular Máxima pelo Fitrodyne. Revista Brasileira deAtividade Física e Saúde. Londrina, 6 (3). 2001.TANNER, J.M. Growth at adolescence. Oxford,Blackwell Scientific, 1962.WEINECK, J.. Treinamento ideal. São Paulo: Ed.Manole, 1999.WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia doEsporte e do Exercício. 2ªed. Barueri: Manole, 2001.ZATSIORSKY, V. M. Ciência e Prática doTreinamento de Força. São Paulo: Phorte, 1999.

Recebido em 01 de outubro de 2007 e aprovado em12 de novembro de 2007.