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Efeitos do laser de baixa intensidade para cicatrização de

queimaduras: uma revisão bibliográfica

ROSEMARY MATA DA COSTA1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-Graduação em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós-Operatório - Bio Cursos

Resumo

Desde a pré-história provavelmente muitas lesões por queimaduras têm sido causadas e por

inúmeros modos. São algumas sequelas de queimaduras a incapacidade funcional,

deformidades, as sequelas de ordem psicossocial, e, dependendo da localização, as

queimaduras podem ainda causar danos neurológicos, oftalmológicos e geniturinários. O

paciente queimado se vê condicionado pela exigência da beleza física exterior e pela sua

própria exigência interna, inconformado com a cicatriz na sua pele interferindo em sua

autoimagem e, deste modo, pode-se imaginar o que uma pessoa queimada espera encontrar na

retomada de suas atividades cotidianas. Entre as abordagens terapêuticas encontra-se a

utilização do laser de baixa intensidade (LBI) que, baseado em estudo científicos, tem se

mostrado eficiente no processo de cicatrização, alívio da dor, diminuição da inflamação. Será

apresentado nesse artigo, com embasamento em revisão bibliográfica, a utilização do LBI

como alternativa para o tratamento de pacientes queimados, acelerando assim os resultados

do tratamento e também garantindo melhor qualidade de vida ao paciente.

Palavras chave: Laser de baixa intensidade; Cicatrização; Queimadura

1. Introdução

Aprendendo a produzir e controlar o fogo, a humanidade usou-o e continua usando de inúmeros

modos para seu desenvolvimento incessante, embora ele seja o causador de terríveis

1 Pós graduanda em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós Operatório 2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética

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queimaduras, acidentais ou intencionais, com grande sofrimento e morte, ou deformidades mais

ou menos graves. As queimaduras eram inicialmente tratadas sem nenhuma base científica.1

As queimaduras fazem com que o indivíduo perca sua primeira linha de defesa, a pele íntegra.

Desta forma, o equilíbrio da microbiota é alterado, permitindo o crescimento de bactérias

patogênicas. As respostas sistêmicas às queimaduras extensas trazem repercussão a todos os

sistemas orgânicos, sendo descobertas patológicos frequentes em todos os órgãos. O aumento

da permeabilidade capilar promove uma inundação dos tecidos queimados provocado pela fuga

maciça de um filtrado plasmático.2

Os tipos de lasers usados clinicamente para promover a formação da cicatrização são às vezes

chamados de laser de baixa potência (LBI). As duas maiores utilizações da terapia a laser são

para a cicatrização tecidual e o controle da dor. Dentro dessas duas grandes categorias, a terapia

a laser é usada para promover a cicatrização e no tratamento de diferentes tipos de lesões no

tecido mole.3

A ação biológica do laser no reparo tecidual está bem documentada, sendo atribuída a essa

modalidade energética efeitos como: aumento na tensão de ruptura de cicatrizes, modificação

da motricidade do sistema linfático e no edema, bem como resultados animadores em cicatrizes

eritematosas, hipertróficas e pigmentadas.2

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Queimaduras

O conceito de queimadura é bastante amplo; porém, basicamente a queimadura, segunda a

definição de Serra e Gomes4 é uma lesão causada por agentes térmicos na superfície da pele.

Sendo a pele o maior órgão do corpo humano, sua destruição pode levar a alteração locais e

principalmente sistêmicas, sendo essa última causada pelo comprometimento de outros órgãos

e sistemas do organismo humano após queimadura.

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Pode variar desde uma pequena flictena (bolha) na pele até agressão grave, capaz de

desencadear um grande número de respostas sistêmicas proporcionais à extensão e à

profundidade dessas lesões.1

A lesão térmica é o resultado do contato direto ou da proximidade de uma fonte energética à

superfície corpórea. O grau dessa lesão dependerá das características próprias de cada fator,

tais com intensidade, tempo de exposição, capacidade de transferência energética, agressão à

circulação periférica e presença ou ausência de isolantes térmicos no local.5

Geralmente são causadas pelo contato direto com objetos quentes ou incandescentes, mas

podem também ser provocadas por substâncias químicas como ácidos, soda cáustica e outros.

Emanações radioativas como as radiações infravermelhas e ultravioletas ou mesmo eletricidade

são outros fatores desencadeantes das queimaduras.6

2.1.2 Classificação de queimaduras

As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a extensão da superfície queimada,

calculada em porcentagem total da área queimada. É possível, ainda, classificar queimaduras

quanto à profundidade destas, as quais podem ser de primeiro, segundo, ou terceiro grau7.

Quanto à extensão, o indivíduo pode ser classificado em: pequeno queimado, ou de pequena

gravidade; médio queimado ou de média gravidade e grande queimado ou de grande gravidade7.

E quanto à profundidade, as queimaduras podem ser de primeiro grau, isto é, quando dolorosas,

duram de 48 a 72 horas e não há comprometimento hemodinâmico. Podem ser ainda de segundo

grau, as quais podem ser superficiais ou profundas.8

Já na queimadura de terceiro grau, a pele é geralmente destruída (epiderme e derme), com danos

profundos, levando à alteração hemodinâmica na dependência da porcentagem de necessitando

tratamento com intervenção cirúrgica para aproximação das bordas das feridas ou de enxertia

cutânea9.

Alguns autores ainda classificam as queimaduras até quarto grau. Desse modo, classificam-se

como queimaduras capazes de ultrapassar as camadas da pele e atingir tecido adiposo,

músculos, ossos ou até órgãos internos subjacentes, sendo esta a de maior gravidade10.

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Quando a integridade da pele é alterada, inicia-se a cicatrização, que é um processo complexo,

envolvendo a interação entre células estromais e circulatórias que são ativadas por um conjunto

de mediadores químicos, fragmentos de células e matriz celular, microorganismos e alterações

físico-químicas do microambiente da lesão e áreas circunjacentes. É didaticamente dividido em

três fases, interdependentes e sobrepostas dinamicamente no tempo.11

2.1.4 Sequelas de queimaduras

Ainda que o prognóstico para o tratamento da queimadura tenha melhorado nos últimos anos,

ela ainda configura importante causa de mortalidade, além de resultar em morbidade pelo

desenvolvimento de sequelas como: a incapacidade funcional, principalmente quando atinge os

membros superiores e inferiores; as deformidades, sobretudo da face; as sequelas de ordem

psicossocial; e, dependendo da localização, as queimaduras podem ainda causar danos

neurológicos, oftalmológicos e geniturinários.12

As principais sequelas motoras desenvolvidas durante o atendimento hospitalar são cicatrizes

hipertróficas, queloides, rigidez articular, contraturas de tecidos moles e /ou articulares. 13

As pessoas que sofreram queimaduras consideram que as modificações decorrentes do trauma

resultam em prejuízo à qualidade de vida, devido às desvantagens experimentadas no cotidiano,

como dificuldade para conseguir trabalho, ou adaptar-se a trabalho desenvolvido anteriormente

ou, ainda, porque não está mais em condições para trabalhar.14

2.2 Abordagens terapêuticas

A queimadura promove alterações locais e sistêmicas, com grandes variações na evolução do

processo de reparação, as quais dependem da precocidade da intervenção terapêutica. A

abordagem terapêutica envolve terapias locais e sistêmicas com o objetivo de auxiliar na terapia

sistêmica ou prevenir e/ou tratar as sequelas locais, como a cinesioterapia ou os recursos eletro-

foto-térmicos.2

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A laserterapia em suas diversas modalidades é largamente utilizada em diversos tratamentos.

Nos últimos anos houve grande evolução no conhecimento de seus efeitos em lesões, com

diversas finalidades, tais como alívio da dor, diminuição da inflamação, etc.15

Diante dos sinais e sintomas da primeira fase pós-lesão deve-se definir as metas e os recursos

para a intervenção no processo de reparação, lembrando que quanto mais precoce for a atuação

da equipe que assiste o paciente, melhores serão as respostas teciduais, possibilitando menores

riscos de complicações e consequentemente melhor qualidade de vida.2

2.3 Laser de baixa intensidade

O termo laser é um acrônimo para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

(amplificação da luz através da emissão estimulada de radiação). Embora Albert Einstein

originalmente tenha esboçado os princípios básicos da geração desse tipo de luz na parte inicial

de seu século, foi somente em 1960 que Theodore Maiman produziu o primeiro disparo de luz

laser de rubi no Hughes Laboratories nos EUA.16

O laser é uma emissão de luz coerente, monocromática, com grande concentração de enrgia,

capaz de provocar alterações físicas e biológicas. Os equipamentos mais utilizados na prática

até o momento são os de Hélio-Neônio (HeNe) e Arseneto de Gálio (AsGa). Foram lançados

também os de Alumínio-Gálio-Indio-Fósforo (AlGaInP) e Arseneto-Gálio-Alumínio

(AsGaAl), os quais possuem características específicas.2

A laserterapia de baixa intensidade ou de baixa potência (reativo) é um termo genérico que

define a aplicação terapêutica de lasers e diodos superluminosos monocromáticos com potência

relativamente baixa (< 500 mW) para o tratamento de doenças e lesões utilizando dosagens

(normalmente < 35 J/cm2) consideradas baixas demais para efetuar qualquer aquecimento

detectável nos tecidos irradiados.16

O laser de baixa potência tem sido usado desde o final da década de 1960, sendo a sua potência

de radiação tão baixa (2 a 30 mW) que os efeitos biológicos ocorrem devido aos efeitos diretos

da irradiação e não como resultado do aquecimento.2

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A luz do laser é obtida artificialmente através do acúmulo de energia diferentemente da luz

comum que é obtida espontaneamente. A geração da onda eletromagnética depende da

excitação dos elementos constituintes do material por uma corrente elétrica que irá proporcionar

a emissão de fótons idênticos, cujos amplificam a emissão da radiação.17

A irradiação do laser de baixa intensidade é capaz de estimular a proliferação celular, por reação

fotoquímica que altera a permeabilidade da membrana celular. A laserterapia tem sido muito

utilizada para o estímulo da cicatrização de feridas, a regeneração neuronal e no controle do

quadro álgico de pacientes.18

2.3.2 Perigos e contraindicações

O principal perigo que envolve a terapia a laser de baixa potência é o risco de lesão se o feixe

for aplicado diretamente dentro do olho. Como lasers terapêuticos têm muito pouca potência,

não há normalmente efeito térmico quando é aplicado na pele. Contudo, se ele passar através

da córnea e lente do olho, o feixe pode centralizar-se em uma área muito pequena (tão pequena

como 10 a 20 µm) e causar um intenso aquecimento local e até mesmo perda total de visão

naquele olho.3

A proteção ocular é obrigatória tanto para o terapeuta quanto para o paciente devido à alta

sensibilidade da retina e do globo ocular. A associação do laser com drogas fotossensíveis deve

ser evitada, assim como a irradiação sobre o útero, pois os seus efeitos não estão totalmente

esclarecidos no que se refere à aplicação em humanos.2

Evitar o tratamento sobre os tumores conhecidos ou áreas recentemente irradiadas. O nível de

risco de efeitos de crescimento de células malignas ou metástase é desconhecido.3

3. Metodologia

A metodologia aplicada para a realização desse trabalho foi de uma revisão baseada em

levantamentos bibliográficos com pesquisa de artigos científicos e livros já publicados

anteriormente. Foram consideradas referências dotadas de 2002 a 2013, consultadas no período

de Maio de 2016. Como fonte de informação utilizou-se literaturas impressas, base de dados

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por meio eletrônico, como SciELO (Scientific Electronic Library On-Line), RBQueimaduras

(Revista Brasileira de Queimaduras), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), livros e monografias

em bibliotecas on-line e também em livros disponíveis no acervo da Bio Cursos. O objetivo

deste trabalho é por meio dessa revisão de literatura verificar o efeito terapêutico do laser de

baixa intensidade no tratamento de cicatrização de pacientes queimados.

4. Resultados e Discussão

Destacam Ortiz et al (2011) que este tipo de laser gera efeitos fotoquímicos, fotofísicos e

fotobiológicos, afetando não só a área de aplicação como também as regiões circundantes. O

poder de penetração da luz laser de baixa potência, não vai além de milímetros, sendo que a sua

energia é absorvida nos diferentes estratos da pele.2

Na laserterapia de baixa potência predominam importantes efeitos terapêuticos os quais podem

ser observados clinicamente, em especial a analgesia local, redução de edema, ação anti-

inflamatória e estimulação da cicatrização de feridas de difícil evolução.19

As respostas decorrentes da irradiação laser podem ser classificadas em primárias e secundárias.

Os efeitos primários podem ser definidos como sendo as respostas celulares decorrentes da

absorção da energia e os secundários as alterações fisiológicas que não afetam somente a

unidade celular, mas sim toda a série de tecido.15

Os efeitos primários, desencadeados pela absorção de energia, se limitam no ponto de aplicação,

à profundidade de penetração e ao tempo que dura a aplicação. São basicamente de tipo

fotoquímico estimulando reações celulares, como síntese de ATP, ADN e proteínas. A partir

dos efeitos primários se produzem os efeitos secundários, numa área mais extensa, que

perduram depois da aplicação. O principal é o aumento da microcirculação local com efeitos

tróficos, anti-inflamatórios e de regulação vascular.19

Os efeitos bioquímicos parecem constituir os principais decorrentes da interação da radiação

laser de baixa potência com os tecidos, como o estímulo à liberação de substâncias pré-

formadas como histamina, serotonina e bradicidina; modificação das reações enzimáticas

normais favorecendo a produção de ATP e a síntese de prostaglandinas, além da lise de fibrina;

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aumento do número de leucócitos e da atividade fagocitária; aumento do fluxo hemático por

vasodilatação capilar e arterial e consequente estímulo sobre a produção de tecido de

granulação; ação fibrinolítica e antibacteriana.19

Sabe-se que a sepse ainda é uma das principais causas de óbito no queimado.20 Os

microorganismos predominantes na queimadura são os componentes da microbiologia da pele

normal íntegra: Streptococus sp., Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus,

Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Candida albicans. A infecção da área queimada

poderá ocorrer por vírus, bactérias e fungos. Estudos demonstram que 75% das infecções em

queimaduras ocorrem por autocontaminação.1

A literatura relata que a luz laser pode inibir o crescimento de bactérias em feridas. Para

Desimone21 é necessária a fotossensibilização prévia das bactérias com corantes específicos

para que a iiradiação laser provoque a destruição dos microorganismos. Em seu estudo ao

irradiar culturas de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, não previamente

coradas, não ocorreu a inibição do crescimento dos microorganismos nas zonas irradiadas. Por

outro lado, Bayat22 relata que os mesmos microorganismos cresceram em mais de 50% das

amostras obtidas de seu grupo de controle, enquanto nenhuma das amostras do grupo tratado a

laser apresentou as bactérias.

O laser também aumenta os processos de reparação a nível tissular e orgânico, isto se deve ao

estímulo que exerce sobre a capacidade de cicatrização do tecido conjuntivo e a neoformação

de vasos sanguíneos a partir dos já existentes. Ambas as causa contribuem a reparar perdas de

substância, sobre tudo em úlceras de diversas origens, queimaduras, feridas traumáticas e

operatórias.19

Corazza23 observou que animais irradiados com laser na dosagem de 5 j/cm2 apresentavam

redução das células inflamatórias nos primeiros 3 dias, configurando uma modulação do

processo inflamatório.

Nos vários estudos que analisaram as respostas celulares e teciduais frente à estimulação laser

de baixa potência há referências à proliferação dos fibroblastos e aumento da produção de

colágeno.2 O experimento realizado por Parizotto (1988), apud Guirro2, sobre o processo de

reparação tecidual após irradiação por laser de HeNe, demosntrou que houve aumento na

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quantidade de pontes de hidrogênio formadas na molécula de colágeno, além da melhor

organização da estrutura fibrilar e molecular do colágeno.

Lange24, em seu experimento, testaram os efeitos do laser AlGaInP a 4 j/cm2 no modo

varredura, em queimaduras de terceiro grau, observando na análise histológica, sete dias após

a lesão, a presença de fibrina hemática neutrófica, linfócitos, neutrófilos e fibroblastos jovens,

enquanto no grupo não tratado apresentava fibrina hemática neutrófica em maior quantidade,

secreção purulenta, menor número de capilares e fibroblastos.

Por causa dos resultados animadores obtidos em seus estudos piloto, em 1971, Mester25

começaram a utilizar o laser no tratamento de vários tipos de feridas em humanos. Os estudos

foram iniciados com laser ruby e, mais tarde, HeNe e Argônio a 4j/cm2, 2 vezes por semana.

Dos 53 casos de queimaduras tratados, 40 obtiveram sucesso.

Um estudo realizado por Silva26 avaliou histologicamente a resposta de tecidos epitelial,

conjuntivo e ósseo submetidos à laserterapia de baixa potência em um modelo experimental,

onde foram realizadas aplicações de LBI em quatro grupos de cinco ratos, nos seguintes

parâmetros: 10mW potência única a 660nm – 7,5 J/cm2: 660nm – 15 J/cm2; 780nm – 7,5 J/cm2;

e 780nm – 15 J/cm2. Como resultado, os tecidos epitelial e conjuntivo mostraram renovação

celular atípica e acelerada durante o período de irradiação, o tecido ósseo teve sua neoformação

acelerada, porém igual padrão ao grupo controle. Concluindo que os tecidos epitelial e

conjuntivo reagiram à estimulação de LBI com renovação celular constante.

5. Conclusão

A cicatrização tecidual é um dos objetivos propostos para efeitos clínicos do laser e é foco de

várias pesquisas. Diante dos descritos achados, é possível observar que o laser de baixa

intensidade pode promover um processo cicatricial mais rápido e de melhor qualidade, sendo

assim uma preciosa indicação para tratamento de queimados pela sua capacidade de induzir

cicatrização rápida e organizada.

Verificou-se que o LBI possui efeitos terapêuticos como analgésico, anti-inflamatório,

antiedematório e cicatrizante. Para a maioria dos estudos o efeito cicatrizante é o que mais se

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destaca. A maior produção de ATP proporciona aumento da atividade mitótica e assim tendo o

aumento da regeneração tecidual no processo de reparação, bem como ação de estimulação da

matriz colagenosa. Apesar de diversos autores terem encontrado bons resultados, não foi

observado na literatura um padrão de análise para servirem de guias de tratamento clínico, pois

houve grande variabilidade dos parâmetros de utilização do laser, como por exemplo o

comprimento de onda. A escolha do laser a ser aplicado é fundamental devido a capacidade de

reflexão e absorção da pele para os diferentes comprimentos de onda.

Graças à tecnologia empregada nos equipamentos surgiram novas alternativas de tratamentos

que causam impacto positivo sobre a qualidade de vida das pessoas, influenciando

positivamente na modificação dos aspectos psicossociais dos seres humanos, principalmente de

pacientes que sofreram de queimaduras e necessitam de tratamentos até mesmo para própria

aceitação pós lesão.

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