efeitos do dossel de sargassum vulgare...

158
ESCOLA NACIONAL DE BOTÂNICA TROPICAL INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA DIVERSIDADE VEGETAL: CONHECER PARA CONSERVAR EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS COMUNIDADES NA BAÍA DA ILHA GRANDE, RJ. Raquel de Azeredo Muniz Orientação: Dr a . Márcia A. de O. Figueiredo & Dr. Gary Andrew Kendrick ENBT- JBRJ Rio de Janeiro 2008

Upload: ngodang

Post on 02-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

ESCOLA NACIONAL DE BOTÂNICA TROPICAL

INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

DIVERSIDADE VEGETAL: CONHECER PARA CONSERVAR

EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE

(OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS COMUNIDADES NA BAÍA DA ILHA GRANDE, RJ.

Raquel de Azeredo Muniz Orientação: Dra. Márcia A. de O. Figueiredo

& Dr. Gary Andrew Kendrick

ENBT- JBRJ

Rio de Janeiro

2008

Page 2: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

2

ESCOLA NACIONAL DE BOTÂNICA TROPICAL

INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

DIVERSIDADE VEGETAL: CONHECER PARA CONSERVAR

EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE

(OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS COMUNIDADES NA BAÍA DA ILHA GRANDE, RJ.

Raquel de Azeredo Muniz

Orientadores: Dra. Márcia A. de O. Figueiredo & Dr. Gary A. Kendrick

Rio de Janeiro 2008

EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS COMUNIDADES NA BAÍA DA ILHA

GRANDE, RJ.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Diversidade Vegetal Conhecer para Conservar, como requisito necessário para a obtenção do grau de Doutor em Botânica.

Page 3: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

3

Raquel de Azeredo Muniz

Orientadora: Márcia A. de O. Figueiredo

Co-orientador: Gary A. Kendrick

BANCA EXAMINADORA

Dra Marcia Figueiredo Creed (Orientadora) Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Presidente da Banca

Dra Maria Teresa Menezes de Széchy Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dr Ricardo Coutinho Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira

Dra Renata Perpétuo Reis Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Dr. Carlos Eduardo L. Ferreira Universidade Federal Fluminense

Rio de Janeiro

Agosto de 2008

Page 4: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

4

Muniz, Raquel de Azeredo.

M966e Efeitos do dossel de Sargassum vulgare (Ochrophyta - Fucales) em duas comunidades na Baía da Ilha Grande, RJ / Raquel de Azeredo Muniz. – Rio de Janeiro, 2008.

xvii, 158 f. : il. Tese (doutorado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do

Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2008. Orientadora: Marcia Figueiredo Creed. Bibliografia. 1. Alga. 2. Sargassum vulgare. 3. Herbivoria. 4. Baía da Ilha

Grande (RJ). 5. Rio de Janeiro (Estado). I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical.

CDD 589.3098153

Page 5: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

5

RESUMO

Algas formadoras de dossel influenciam direta ou indiretamente a estrutura da

comunidade de algas do estrato inferior. Em duas comunidades bentônicas, sujeitas à

diferentes graus de exposição às ondas, o efeito da remoção do dossel de Sargassum

vulgare foi testado no inverno e verão. Indivíduos aleatórios foram removidos ou

mantidos intactos como controles (n=8), e a composição e abundância dos grupo

morfo-funcionais das algas do estrato inferior foram analisadas mensalmente. O efeito

do dossel na comunidade em início de sucessão também foi testado, raspando-se o

substrato em áreas com e sem dossel. Em geral, o dossel de S. vulgare influenciou a

composição e abundância das algas efêmeras nas comunidades maduras. A remoção do

dossel favoreceu a abundância de algas efêmeras no verão, porém, no inverno, o efeito

foi mascarado na Ilha Comprida, provavelmente pelo sombreamento da mata no costão

rochoso. Na comunidade em início de sucessão, o efeito do dossel não foi detectado,

provavelmente pela maior disponibilidade de espaço. As populações de S. vulgare

foram ainda estudadas quanto à fenologia e ao recrutamento. A densidade de talos

recrutas, juvenis e adultos em quadrados aleatórios (n=10), e o investimento em ramos

com estruturas de reprodução e vegetativos (n=30) foram estimados mensalmente por

um ano. Placas de epóxi (n= 10) foram colocadas no substrato para contagem mensal e

bimestral de recrutas. Fases de vida de Sargassum foram testadas quanto à herbívoria

por Lytechinus variegatus e Charibdys hellerii, inclusos em gaiolas (n=4-5), contendo

Padina como controle. Talos adultos dominaram com produção constante de ramos

reprodutivos em ambas populações, porém o recrutamento nas placas foi baixo e

sazonal, sendo maior em intervalos bimestrais. L. variegatus preferiu recrutas e C.

hellerii os talos adultos de S. vulgare. Sugere-se que o recrutamento seja limitado

nessas populações, a despeito do investimento em estruturas de reprodução devido ao

Page 6: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

6

distúrbio de herbivoria e que a coalescência dos talos seja uma estratégia para reduzir

potenciais distúrbios. O efeito do dossel também foi avaliado quanto à varredura e

diminuição da irradiância, além da associação à herbivoria para talos juvenis de

Sargassum e Padina. O sombreamento, ao invés da varredura, limitou a abundância das

algas no estrato inferior, principalmente de Padina. Não houve efeito do dossel

associado ao aumento da pressão de herbivoria, apesar da alta densidade de

invertebrados na meso-fauna sob os dosséis.

Palavras-chave: costões rochosos, efeito do dossel, fenologia, herbivoria, recrutamento,

Sargassum vulgare, sombreamento, varredura.

Page 7: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

7

ABSTRACT

Canopy algae influence directly or indirectly the structure of understorey algae

communities. In two benthic communities, subject to different degrees of wave

exposure, the effect of Sargassum vulgare canopy removal was tested in winter and

summer. Random individuals were removed or kept intact as controls (n=8) and the

composition and abundance of the functional form groups of understorey algae were

analyzed monthly. The canopy effect on early sucessional community was also tested,

scrapping the substrata in areas with and without the canopy. In general, the canopy of

S. vulgare influenced the composition and abundance of ephemeral algae in mature

communities. Removal of canopy algae favored the abundance of ephemeral algae in

summer, but, in winter, this effect was masked in Comprida Island, probably by forest

shading on the rocky shore. In early sucessional community, the canopy effect was not

detected, probably due to more space available. The populations of S. vulgare were also

studied regarding phenology and recruitment. The density of recruit, juvenile and adult

thalli was accessed in random square areas (n=10) and the investment in branches with

reproductive structures or vegetative (n=30) were monthly estimated during one year.

Epoxi plates (n= 10) were placed on the substratum at monthly and bimonthly intervals

to count recruits. Life phases of Sargassum were exposed to herbivores, Lytechinus

variegatus or Charibdys hellerii, included into the cages (n=4-5), containing Padina as

control. Adult thallus dominated with constant production of reproductive branches in

both populations; however, the recruitment on plates was low and seasonal, being

higher in bimonthly intervals. L. variegatus preferred recruits, and C. hellerii the adult

thallus of S. vulgare. It is suggested that recruitment is limited in these populations,

despite the investiment in reproductive structures due to disturbance by herbivore and

Page 8: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

8

that coalescent thallus is one strategy to reduce potential disturbances. The canopy

effect was also evaluated in relation to sweeping and irradiance decrease, besides the

association with herbivory on juveniles thallus of Sargassum and Padina. Shading,

instead of sweeping, limited the abundance of understorey algae, mainly Padina. The

canopy effect was not associated with an increase of herbivore pressure, despite the

high density of meso-fauna invertebrates under the canopies.

Palavras-chave: canopy effect, herbivory, phenology, recruitment, rocky shores,

Sargassum vulgare, shading, sweeping.

Page 9: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

9

Sumário Folha de aprovação........................................................................................................ 3 Resumo............................................................................................................................ 5 Abstract........................................................................................................................... 7 Dedicatória...................................................................................................................... 12 Agradecimentos.............................................................................................................. 14 Lista de Tabelas............................................................................................................. 15 Lista de Figuras.............................................................................................................. 16 Introdução Geral............................................................................................................ 18 Objetivo geral................................................................................................................. 20 Objetivos específicos...................................................................................................... 20 Capítulo 1 Efeito do dossel de Sargassum vulgare C. Agardh (Ochrophyta – Fucales) em diferentes estádios sucessionais de algas do estrato inferior, em dois costões rochosos do sudeste do Brasil.........................................................................................................

22

Resumo............................................................................................................................ 23 Abstract............................................................................................................................ 25 1) Introdução................................................................................................................... 27 2) Materiais e métodos.................................................................................................... 30 2.1)Área de estudo........................................................................................................... 30 2.2) Parâmetros abióticos................................................................................................. 31 2.3) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare na comunidade madura.......... 32 2.4) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare no recrutamento em áreas raspadas...........................................................................................................................

33

2.5) Tratamento estatístico.............................................................................................. 33 3)Resultados.................................................................................................................... 35 3.1) Parâmetros abióticos................................................................................................. 35 3.2) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare nas algas da comunidade madura...

36

3.3) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare nas algas em fase de recrutamento

38

Discussão 40 1- Efeito do dossel de Sargassum vulgare nas algas da comunidade madura...

40 2- Efeito do dossel de Sargassum vulgare nas algas em fase de recrutamento 45 5)Referências bibliográficas............................................................................................. 48 Tabelas.............................................................................................................................. 58 Figuras.............................................................................................................................. 63 Capítulo 2 Existe limitação no recrutamento de populações de Sargassum vulgare C. Agardh (Ochrophyta – Fucales) no sudeste do estado do Rio de Janeiro, Brasil?...............................

73

Resumo............................................................................................................................. 74 Abstract............................................................................................................................. 75 1) Introdução..................................................................................................................... 76 2)Materiais e Métodos...................................................................................................... 78 2.1)Área de estudo............................................................................................................ 78 2.2) Parâmetros abióticos................................................................................................. 80

Page 10: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

10

2.3) Fenologia.................................................................................................................. 80 2.4) Recrutamento em placas de colonização.................................................................. 82 2.5) Herbivoria nas diferentes fases de S. vulgare............................................................ 82 2.6) Tratamento estatístico................................................................................................ 84 3)Resultados...................................................................................................................... 85 3.1) Parâmetros abióticos.................................................................................................. 85 3.2) Estudo da fenologia................................................................................................... 86 3.3) Recrutamento em placas de colonização................................................................... 87 3.4) Herbivoria................................................................................................................. 88 4) Discussão ..................................................................................................................... 88 5)Referências bibliográficas............................................................................................. 96 Tabelas............................................................................................................................. 105 Figuras.............................................................................................................................. 107 Capítulo 3 Efeitos do dossel de Sargassum vulgare C. Agardh (Ochrophyta – Fucales) associados à herbivoria, varredura e sombreamento nas algas do estrato inferior da comunidade bentônica...........................................................................................................................

110

Resumo............................................................................................................................. 111 Abstract............................................................................................................................. 112 1) Introdução.................................................................................................................... 113 2) Materiais e métodos..................................................................................................... 116 2.1)Área de estudo........................................................................................................... 116 2.2) Pressão de herbivoria nos locais de estudo................................................................ 117 2.3) Efeito da presença de dossel na herbivoria .............................................................. 118 2.4)Preferência alimentar pelos herbívoros...................................................................... 118 2.5)Efeito da irradiância na produtividade....................................................................... 119 2.6) Efeito da varredura do dossel.................................................................................... 120 2.7) Tratamento estatístico............................................................................................... 121 3) Resultados.................................................................................................................... 122 3.1)Pressão de herbivoria nos locais de estudo................................................................ 122 3.2)Efeito da presença de dossel na herbivoria .............................................................. 123 3.3) Preferência alimentar pelos herbívoros..................................................................... 123 3.4) Efeito da irradiância na produtividade...................................................................... 124 3.5) Efeito da varredura do dossel................................................................................... 124 4) Discussão..................................................................................................................... 125 5) Referências bibliográficas............................................................................................ 132 Tabelas.............................................................................................................................. 142 Figuras.............................................................................................................................. 143 Considerações finais........................................................................................................ 147 Referências bibliográficas................................................................................................ 149

Page 11: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

11

Ao meu filho e marido muito amados

Page 12: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

12

“Faça como o velho marinheiro

Que em dia de nevoeiro leva o barco devagar”

Paulinho da Viola

Page 13: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

13

“Mas eu não sou relógio nem tão pouco parafuso, meu nome é ventania

pra esse mundo revirar.”

Nó Cego

Agradecimentos

À minha orientadora Márcia Figueiredo Creed, e ao meu co-orientador Gary

Kendrick, por toda ajuda. Ao professor Joel Creed, pela ajuda e paciência com os

sensores de temperatura;

Page 14: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

14

Aos amigos queridos do PZCost: Daniel Abrantes, Frederico Tapajós,

Alexandre Villas-Boas, Sulamita, Raquel Meihoub, Maria Carolina, Rodrigo Mariath

(“Bolinho”), Bianca Marins, Poliana Brasileiro, Rita Manso, Bia, etc;

As meninas “super-poderosas” da minha turma de doutorado: Ana Angélica

Monteiro Barros, Micheline Leite M. Ferreira, Dulce G. Mantuano, Micheline C. Silva,

Inês M. Silva;

A todos os meus amigos pela ajuda e paciência de escutar todas as minhas

reclamações, principalmente aos meus queridos Luciene e Lars;

As estimadas Maria Teresa M. Széchy, Ana Paula Veloso, Gisa Eneida, Cristina

Nassar, Mariângela Menezes, Simone Oigman, que muito me ajudaram nesta etapa

sofrida.

Aos professores: Bernardo Gama; Gilberto Filho, Denise Costa e Renata Reis,

Leandro Freitas e Verônica Calado por todos os auxílios e dicas essenciais no meu

desenvolvimento como profissional.

Aos amigos de Bracuí, fundamentais para a realização deste trabalho,

principalmente: João Bosco Ferreira e família e Julio César Martins.

A todo pessoal das operadoras de mergulho: Projeto Mergulhar e Frade Diver

pelo apoio fundamental.

A toda equipe da secretaria da Pós ao longo do tempo: Abílio, Marcia Demby,

Catarina, Janúzia, Nilsão, Isabel, Diego, etc, minha gratidão sincera.

A DEUS por e dar uma força que eu nem sabia que teria para vencer tantos

obstáculos neste momento difícil, e.....

Ao MAR!

Page 15: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

15

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1 Tabela 1: Análise de variância trifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida- IC e das Flechas- IF), época do ano (inverno e verão) e dossel (presença ou ausência) de S. vulgare, em relação às diferenças de massa seca de sedimentos. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste; P= nível de significância

58

Tabela 2: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas Comprida- IC e das Flechas- IF) e dossel (presença ou ausência) de S.

vulgare, em relação a abundância de algas efêmeras (filamentosas e foliáceas), nas porções centrais (A) e de borda (B), no inverno. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste; P= nível de significância.................................

59-60

Tabela 3: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas Comprida - IC e das Flechas- IF) e (dossel presença ou ausência) de S. vulgare, em relação a abundância de algas efêmeras (filamentosas e foliáceas), nas porções centrais, no verão. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste; P= nível de significância..........................................

61

Tabela 4: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas Comprida - IC e das Flechas- IF) e (dossel presença ou ausência) de S. vulgare, em relação a abundância de algas efêmeras (cilíndrico-corticadas), nas porções centrais, no verão. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste ; P= nível de significância....

62

Capítulo 2 Tabela 1: Análise de variância bifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida- IC e das Flechas- IF), e tempo (entre outubro de 2006 e outubro de 2007), em relação a abundância de talos recrutas na população de S. vulgare. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados, F= estatística de teste, P= nível de significância.............................................................

105

Tabela 2: Análise de variância trifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida e das Flechas), tempo (meses entre outubro de 2006 e outubro de 2007), e ramo (ramos com estruturas reprodutivas e ramos vegetativos) de S. vulgare. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados, F= estatística de teste , P= nível de significância.............................................

106

Capítulo 3 Tabela 1: Análise de variância bifatorial entre os fatores fixos: local (Ilhas Comprida e das Flechas), e grupo de alga (Padina e Sargassum), em relação à porcentagem de volume consumido. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados, F= estatística de teste, P= nível de significância. ...............................................

142

Tabela 2: Análise de variância bifatorial entre os fatores fixos: dossel (presença e ausência), e grupo de alga (Padina e Sargassum), em relação à porcentagem de volume consumido. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados, F= estatística de teste, P= nível de significância............................................................................

142

LISTA DE FIGURAS

Page 16: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

16

Capítulo 1 Figura 1: Mapa da área de estudo. Estrelas apontam os locais estudados...

63

Figura 2: Fotos dos locais de estudo, (A) Ilha Comprida e (B) Ilha das Flechas, na superfície; e (C) e (D) na zona infralitoral

64

Figura 3:Esquema mostrando os tratamentos empregados nos experimentos que testam o efeito da presença do dossel em comunidades maduras e comunidade primária, em início de sucessão, nos locais de estudo onde o dossel foi removido ou mantido intacto em dois locais de estudo. IF = Ilha das Flechas e IC= Ilha Comprida...

65

Figura 4: Abundância de sedimentos depositados no substrato, na Ilha das Flechas (IF) e Ilha Comprida (IC), no inverno e verão, nas áreas com e sem dossel de Sargassum

vulgare. (*) Dados significativos.

65

Figura 5: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), no inverno, ao longo de dois meses após o início do experimento (T0 - maio, T1- junho, T2- agosto). (Média + Erro padrão, n=8)

66

Figura 6: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção de borda) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) das Flechas (B), no inverno, ao longo dois meses após o início do experimento (T0 - maio, T1- junho, T2- agosto). (Média + Erro padrão, n=8).

67

Figura 7: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) das Flechas (B), no verão, um mês após o início do experimento (T0- outubro, T1- novembro). (Média + Erro padrão, n= 8-5)

68

Figura 8: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum vulgare em áreas com o dossel intacto (controle) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade madura, nas Ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), ao longo de dois meses no inverno (T0- maio, T1- junho, T2- agosto). (Médias ± Desvio padrão, n=8).

69

Figura 9: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum em áreas com o dossel intacto (controle) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade madura, nas Ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), ao longo de dois meses no verão (T0- outubro, T1- novembro). (Médias ± Desvio padrão, n=8-5). (*)Dados ausentes por perda das réplicas.

70

Figura 10: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade em início de sucessão (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, na Ilha das Flechas, no inverno (A) e no verão (B), em até três mêses após o início do experimento (T1, T2, T3). (Média + Erro padrão, n= 4).

71

Figura 11: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum vulgare em áreas com o dossel intacto (controles) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade em início de sucessão, na Ilha das Flechas, ao longo de três meses no inverno (A) e verão (B). (*) Dados ausentes por perda das réplicas. (Médias ± Desvio padrão, n= 4).

72

Capítulo 2 Figura 1: Variação da temperatura da água do mar, nos mêses entre os mêses de outubro de 2006 a outubro de 2007, na Ilha das Flechas (IF) e Ilha Comprida (I C). Média ± desvio.padrão...........................................................................................

107

Figura 2: Variação na densidade (n°. /0,2em-2) de recrutas, bases e talos adultos de Sargassum vulgare nas ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), entre os meses de outubro

Page 17: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

17

2006 a outubro de 2007. Média + erro padrão (n = 10). As letras acima das colunas de ‘a-d’ se referem às diferenças significativas entre médias no teste de Fisher para juvenis; ‘e-n’ se referem às diferenças entre médias de adultos e (?) significa meses com dados ausentes................................................................................................

107

Figura 3: Investimento percentual (% por 0.25m-2) nos ramos com estruturas reprodutivas dos talos adultos de S. vulgare nas ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), nos mêses entre outubro de 2006 a abril de 2007. Média ± desvio padrão, (n = 10). Os dados referentes aos meses de março, maio e agosto não estão presentes.......................

108

Figura 4: Densidade de recrutas de S. vulgare em placas (191cm2) colocadas no sublitoral e retiradas em intervalos de um mês (A) e dois meses na Ilha das Flechas (B). Média + erro padrão (n= 6). Letras distintas acima das colunas indicam médias significativamente diferentes pelo teste de Fisher............................................................

108

Figura 5: Porcentagem de volume (ml) consumido de talos recrutas, juvenis e adultos de S. vulgare por ouriços (A) e siris (B). Média + erro padrão (n= 5). Foi incluído um herbívoro por gaiola........................

109

Capítulo 3 Figura 1: Volume consumido (ml) de Padina e S. vulgare, em termos de porcentagem, por herbívoros em geral, na Ilha Comprida (IC) e na Ilha das Flechas (IF). Média +erro padrão..........................................................................

143

Figura 2: Proporção (%) da densidade de grupos da mesofauna em áreas amostradas de 225 cm2, presentes nas algas do estrato inferior das comunidades nas Ilha Comprida e Ilha das Flechas. Média, +erro.padrão

143

Figura 3: Porcentagem de consumo das algas Padina e Sargassum por herbívoros, em geral, na Ilha das Flechas, em maio de 2007. DH: (presença de dossel e de herbívoros); SDH: (ausência de dossel e presença de herbívoros). Médias + erro padrão).........

144

Figura 4: Densidade de invertebrados, em geral, da mesofauna nas áreas sob ausência e presença do dossel de S. vulgare. Média + erro padrão.

144

Figura 5: Porcentagem de consumo por herbívoros, em geral, de grupos morfo-funcionais de macroalgas: alga filamentosa (Ceramium spp.), alga foliácea (Padina

gymnospora) e alga coriácea (talos juvenis de S. vulgare) no campo. As letras acima das colunas denotam diferenças entre médias segundo o teste de Fisher.........................

145

Figura 6: Produção de oxigênio por P. gymnospora em frascos simulando áreas não sombreadas pelo dossel de S. vulgare, com sombreamento pelo dossel e em áreas totalmente no escuro que simulam respiração, durante um período de duas horas de incubação no campo. Média +erro padrão...................................................

145

Figura 7: Porcentagem de cobertura dos grupos de algas, invertebrados e substrato disponível em áreas abaixo do dossel de S. vulgare (A), áreas sem o dossel (B) e áreas abaixo de mímicas plásticas de S. vulgare (C), na Ilha das Flechas. Médias + erro padrão

146

Page 18: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

18

INTRODUÇÃO GERAL

As macroalgas são componentes importantes nos ambientes marinhos, exibindo

variações morfológicas e tipos estruturais que caracterizam estes habitats. Nos

substratos consolidados, as macroalgas podem apresentar uma variação de formas de

talo, dentre estas: as filamentosas, foliáceas, cilíndrico-corticadas, calcárias articuladas,

e coriáceas formadoras de dossel, todas de porte ereto; e as crostosas com talos

prostrados aderentes ao substrato. Estas diferentes formas de macroalgas diferem entre

si, mediante diferenças nas taxas de crescimento, habilidades competitivas e estratégias

contra a herbivoria (Littler & Littler, 1980, 1984; Steneck, 1988; Norton, 1991 e

Steneck & Dethier, 1994).

Nos ecossistemas marinhos, geralmente, as algas formadoras de dossel são

representadas por algas pardas (Ochrophyta, Fucales) que dominam em algumas

regiões temperadas e tropicais (Lüning, 1990, Santelices, 2007). Algumas espécies

destas algas são consideradas espécies engenheiras (Thibaut et al., 2005), pois

modificam o ambiente, permitindo assim a facilitação ou inibição de determinados

organismos ocuparem determinado ecossistema (Jones et al., 1994, 1997). Sendo

assim, estas macroalgas podem influenciar, positivamente ou negativamente, outros

organismos das comunidades bentônicas, mediante fatores diretos ou indiretos, como: a

varredura do talo, quando em sinergia com a turbulência das águas, derivada de ondas e

correntes (Kennelly, 1989; Kiirikki, 1996; Cheroske et al., 2000; Eckman, 2003); a

herbivoria, quando o talo atua como abrigo para espécies de herbívoros (Edgar &

Klumpp, 2003; Tanaka & Leite, 2003, Thompsen & McGlathery, 2005) ou repele estes

(Edgar, et al., 2003; Gagnon, et al., 2003); o sombreamento do substrato por suas

frondes (Figueiredo et al., 1997, 2000; Connell, 2003; Clark et al., 2004; Toohey et al.,

Page 19: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

19

2007) e aumento da complexidade do habitat, pela adição de componentes estruturais

(Beck, 2000).

Desse modo, os efeitos do dossel irão influenciar a dinâmica e distribuição não

só de outras espécies de macroalgas, mas também da própria espécie de alga formadora

do dossel, mediante o efeito da alga adulta sobre seus recrutas (Chapman, 1990;

Benedetti-Cecchi & Cinelli, 1992; Toohey & Kendrick, 2007). As algas associadas às

formadoras de dossel, geralmente estão presentes como epífitas, ou ocupam o estrato

inferior da comunidade, podendo formar dois estratos: ‘tapetes’ quando densamente

emaranhadas no substrato (Airoldi & Cinelli, 1995, MacManus & Polsenberg, 2004) ou

serem representadas pelo grupo morfo-funcional crostoso (Dethier, 1994). As algas do

estrato inferior podem por sua vez suprimir ou facilitar o recrutamento de outras algas,

inclusive as formadoras de dossel (Kennely, 1987; Stewart, 1989, Brawley & Johnson,

1991; Britton-Simmons, 2006).

Dentre os efeitos do dossel, aqueles associados à herbivoria são de extrema

importância para as comunidades bentônicas marinhas, pois, podem influenciar direta

ou indiretamente a abundância, composição e distribuição, tanto das algas formadoras

de dossel, quanto às do estrato inferior (Worm & Chapman, 1998; Tuya et al., 2005;

Steneck et al., 2004). Ao controlar a abundância das macroalgas, os herbivoros podem

mediar processos de competição, mitigar efeitos de impactos ambientais e interferir no

processo de resiliência das comunidades (Mumby et al., 2006). Outros fatores, que

podem ou não estar associados ao efeito do dossel, também influenciam o crescimento

e abundância das algas do estrato inferior nas comunidades marinhas de substrato

consolidado, como: sedimentação (Kendrick, 1991; Airoldi & Cinelli, 1997; Irving &

Connel, 2002; Connel, 2003; Balata et al., 2007), disponibilidade de nutrientes (Cronin

& Hay, 1996; Schaffelke, 1999; Pulido & McCook, 2003), irradiância (Algarra & Niell,

Page 20: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

20

1991; Falkowski & LaRoche, 1991) e movimentação da água (Hurd, 2000; Lindegarth

& Gamfeldt, 2005) ou ainda competição entre espécies (Olson & Lubchenco, 1990).

No Brasil, a principal alga formadora de dossel pertence ao gênero Sargassum.

Este gênero é considerado o mais importante em termos de abundância em costões

rochosos do litoral sudeste (Paula & Eston, 1987; Széchy & Paula, 2000; Amado Filho

et al., 2003). Esta alga já foi bastante estudada em termos descritivos quanto a sua

participação na estrutura de comunidades no litoral brasileiro (Mansilla & Pereira,

1998; Széchy & Paula, 2000; Muniz et al., 2003; Reis et al., 2003; Figueiredo et al.,

2004; Széchy et al, 2000, 2006; Figueiredo, 2006; Figueiredo & Tâmega, 2007).

Contudo, o menor investimento em inventários e estudos ecológicos sobre a dinâmica

de comunidades de macroalgas bentônicas, especialmente em ambientes de substrato

consolidado no infra-litoral (Horta, 2000), torna ainda defasado o conhecimento sobre o

seu papel na composição e estrutura das comunidades de costão rochoso. Entretanto, os

estudos experimentais, com enfoque nas interações entre espécies são menos comuns,

como os realizados por Paula & Eston (1989) e Eston & Bussab (1990).

Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi:

Avaliar o efeito do dossel de Sargassum vulgare C. Agardh na comunidade de

organismos bentônicos do estrato inferior, principalmente na associação de

macroalgas, em duas comunidades de costão rochoso na região sudeste do Rio de

Janeiro.

E os objetivos específicos foram:

• Verificar se existe efeito do dossel de Sargassum vulgare (Ochrophyta -

Fucales), em escala individual, na composição e dinâmica das comunidades de

algas do estrato inferior, em diferentes estádios sucessionais, em dois costões

Page 21: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

21

rochosos, depende dos diferentes graus de exposição às ondas, e da época do

ano;

• Verificar se existe limitação no recrutamento de populações de S. vulgare em

comunidades dominadas pelos dosséis de Sargassum adultos, em resposta ao

investimento em estruturas de reprodução dos talos, e também em relação à

herbivoria, e

• Verificar se o efeito do dossel de S. vulgare sobre a composição e abundância

das algas do estrato inferior está associado à herbivoria pela agregação de

invertebrados herbívoros, maior varredura pelos talos, ou redução da irradiância

sobre a comunidade de algas do seu estrato inferior.

Page 22: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

22

CAPÍTULO 1

EFEITO DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE C. AGARDH

EM COMUNIDADES COM DIFERENTES ESTÁDIOS

SUCESSIONAIS, EM DOIS COSTÕES ROCHOSOS DO SUDESTE

DO BRASIL.

Muniz, R de A.1*; Kendrick, G. A.3 & Figueiredo, M. A. de O.2

1- Escola Nacional de Botânica Tropical, [email protected],

2-Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, [email protected]

3- University of Western Australia, [email protected]

Artigo a ser submetido ao

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology

Page 23: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

23

Resumo

Bancos de macroalgas tropicais geralmente são formados por espécies formadoras de

dossel. Estas algas influenciam direta ou indiretamente a estrutura da comunidade de

algas do estrato inferior. Abaixo do dossel, as algas calcárias articuladas tendem ser

mais abundantes em costões rochosos no sudeste do Brasil. Todavia, as algas efêmeras

formadoras de tapete parecem ser mais sensíveis à remoção do dossel. Este estudo

testou a significância da presença do dossel, em duas comunidades dominadas por

Sargassum vulgare, em duas ilhas com diferentes graus de exposição às ondas. O efeito

da remoção do dossel foi medido em cada talo de S. vulgare, em duas comunidades

maduras e uma e início de sucessão. Em duas estações (inverno e verão), indivíduos de

S. vulgare foram aleatoriamente escolhidos, alguns intactos como controles e outros

foram removidos (n=8). A composição e abundância das algas do estrato inferior foram

analisadas mensalmente com uma unidade amostral de 962 cm2, com 30 pontos

aleatórios, dividida em porção central e de borda. A cobertura das algas foi quantificada

para cada grupo morfo-funcional, e as diferenças entre estas foram testadas com uma

ANOVA repetitiva. Para testar o efeito do dossel na comunidade em início de sucessão,

o substrato foi raspado em áreas com e sem dossel. No inverno, o efeito da remoção do

dossel foi significativo somente na Ilha das Flechas, onde algas foliáceas prolifereram

sobre as calcárias articuladas. No verão, o efeito do dossel foi significativo em ambas

as ilhas, com a dominância de algas foliáceas e cilíndrico corticadas na Ilha das

Flechas, e de algas filamentosas na Ilha Comprida. As porções de borda não se

alteraram pela remoção do dossel. Sendo assim, existiu efeito do dossel de S. vulgare

na estrutura das comunidades maduras, dependendo do local e época do ano. Apesar do

grau de exposição às ondas diferir entre os locais de estudo, a remoção do dossel

favoreceu à abundância de algas efêmeras no verão, porém, no inverno, foi mascarada

Page 24: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

24

na Ilha Comprida, provavelmente pelo sombreamento da floresta que limitou ainda

mais a luz no costão rochoso adjacente. Na comunidade em início de sucessão, o efeito

do dossel não foi significativo, devido a menor competição por luz e maior

disponibilidade de espaço.

Palavras chave: Dossel Sargassum vulgare; sucessão; algas efêmeras; costão rochoso,

algas do estrato inferior; exposição às ondas.

Page 25: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

25

Abstract

Tropical macroalgae beds are generally formed by large size canopy-forming species.

These algae influence directly or indirectly the community structure of understorey

algae. Below the canopy, articulated calcareous algae tend to be more abundant on

rocky shores in the southeastern of Brazil. Ephemeral turf algae, however, seems to be

more sensible to canopy removal. This study tested the significance of canopy effects

on two communities dominated by Sargassum vulgare, in two islands under different

exposure wave: The canopy removal effect measured for each thallus of S. vulgare, in

two mature communities and one early successional community. In two seasons (winter

and summer), S. vulgare individuals were randomly chosen, somewhere intact as

controls and others had canopies removed (n=8). The algae composition and abundance

of undestorey algae were analysed at the month intervals within a experimental unit of

962 cm2, using 30 random points marked, divided in central and edge portions. The

algae cover was quantified for each algae form-functional groups, and the differences

between these were tested with repeated mesures ANOVA. In order to test the canopy

effect on early successional community, the substratum was scraped in areas with and

without canopy. In winter, canopy removal effect was significant only in Flechas

Island, where foliose algae prolifered upon articulated calcareous algae. In summer, the

canopy effect was significant in both islands, dominating foliose and corticated algae in

Flechas island, and filamentous algae in Comprida island. The edge portions not alter

by canopy removal. So, S. vulgare canopy influenced algae structure of mature

communities, depending of the site and season. Although the degree of exposure to

waves differ between the two study sites, canopy removal enhanced ephemeral algae

effect this abundance in some way in summer was masked in Comprida Island

probably, by forest shade that limit even more the light in winter, on rocky shore

Page 26: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

26

beneath. In the early successional stadio community, the canopy effect was not

significant, due to less competition for light or more space availability.

Key words: Canopy; ephemeral algae; rocky shore; Sargassum vulgare; succession;

understorey algae; wave exposure.

Page 27: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

27

Introdução

No ambiente marinho bentônico, o espaço físico é freqüentemente um recurso

limitado (Sebens, 1986). A coexistência das diferentes espécies de algas nas

comunidades bentônicas se torna possível através de determinados fatores como:

competição, predação e distúrbios ambientais (Airoldi, 2000). O distúrbio ambiental

pode ser definido como o processo que remove grande parte da biomassa viva em

comunidades (Farrel, 1991). Sendo assim, a coexistência de determinadas espécies,

menos competitivas, em habitats onde o espaço é limitado, ocorre como resultado de

danos causados pelas espécies competitivamente superiores e dominantes, e pelo

aumento da heterogeneidade do habitat (formando um mosaico com diferentes estádios

sucessionais), decorrentes de distúrbios físicos ou biológicos (Johnson & Mann, 1993;

Keddy, 2005).

Os bancos de macroalgas, em diferentes regiões do mundo geralmente, são

constituídos por algas dominantes formadoras de dossel, ou seja, formam um estrato

superior, que na maioria das vezes são de algas pardas (Ochrophyta). As algas

formadoras de dossel são caracterizadas por possuírem comprimento maior que 30cm,

o que permite cobrir outras algas no estrato inferior (Goldberg & Kendrick, 2004;

Santelices, 2007). Estas algas, ao formarem dosséis, exercem forte influência no

restante da comunidade bentônica (Kendrick et al., 1999, 2003; Toohey et al., 2004;

Wernberg et al., 2005), suprimindo ou facilitando (Kastendiek, 1982; Irving et al.,

2004) determinados táxons associados. Tais macroalgas formadoras de dossel podem

ser consideradas espécies “engenheiras”, pois a presença dominante destas algas regula

os recursos disponíveis no ecossistema e, consequentemente, altera as condições

Page 28: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

28

ambientais, facilitando, ou suprimindo o crescimento e sobrevivência de outras

espécies (Jones et al., 1994, 1997).

As algas associadas, localizadas no estrato inferior ao dossel podem ser espécies

formadoras de tapete (‘turfs’). Espécies que crescem emaranhadas, formando

almofadas (MacManus, et al., 2004). Estas associações de algas de diferentes espécies,

com talos curtos, eretos e que cobrem substancialmente o substrato são muito comuns

em costões rochosos e recifes do mundo todo (Stewart, 1989; Benedetti-Cecchi &

Cinelli, 1994; Akioka, 1999). Algas de diferentes grupos morfo-funcionais possuem

esta característica de formar tapetes, como por exemplo, algas calcárias articuladas,

filamentosas, foliáceas e algumas espécies de cilíndrico corticadas.

A principal alga formadora de dossel no Brasil pertence ao gênero Sargassum.

Esta alga é considerada a mais importante em termos de abundância em costões

rochosos do litoral sudeste (Paula & Eston, 1987; Széchy & Paula, 2000a; Amado Filho

et al., 2003). Estudos descritivos sobre estrutura e dinâmica de comunidades bentônicas

dominadas por Sargassum são relativamente comuns no litoral brasileiro (Mansilla &

Pereira, 1998; Godoy & Coutinho, 2002; Reis et al., 2003; Széchy et al., 2005; Széchy

et al, 2006). Alguns destes estudos citam a presença marcante de algas calcárias

articuladas associadas aos bancos de Sargassum (Széchy & Paula, 2000a; Széchy &

Paula, 2000b; Figueiredo et al., 2004). Contudo, os estudos com enfoque nas interações

entre espécies através de experimentos de remoção de Sargassum e sucessão são menos

comuns, como os realizados por Paula & Eston (1989) e Eston & Bussab (1990). Tais

estudos detectaram a proliferação de algas efêmeras, principalmente foliáceas, após a

remoção do dossel.

As relações entre algas formadoras de dossel e algas do estrato inferior foram

amplamente estudadas em ecossistemas de clima temperado, através de experimentos

Page 29: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

29

de remoção de dossel (algas kelps), principalmente em grandes escalas, ou seja, em

metros (Kastendiek, 1982; Hawkins & Hartnoll, 1985; Figueiredo et al., 1996,

Goldberg & Kendrick, 2004; Irving et al., 2004; Millazo et al., 2004, entre outros).

Contudo, as algas formadoras de tapetes, encontradas com frequência abaixo do dossel,

podem ter sua composição e abundância influenciadas principalmente por processos

que operam em pequena escala espacial (Coleman, 2002).

O objetivo deste estudo foi avaliar experimentalmente o efeito do dossel de

Sargassum, em escala individual, na estrutura de comunidades maduras e no

recrutamento das algas do estrato inferior na fase inicial de sucessão, em dois locais

com diferentes graus de exposição às ondas e em duas épocas do ano (inverno e verão).

As hipóteses enunciadas abaixo foram testadas considerando como áreas de

influência as porção central e borda ao redor dos apressórios de Sargassum e a

possibilidade de regeneração do seu dossel ao longo de um curto período (medidas

repetitivas de até 3 meses).

(1) O dossel de S. vulgare interfere na estrutura da associação de algas do

estrato inferior da comunidade madura; (2) A abundância das algas do estrato inferior

das comunidades maduras varia entre locais com diferentes graus de exposição às

ondas, com maior proliferação na área mais exposta; (3) O efeito do dossel de S.

vulgare sobre as algas do estrato inferior das comunidades maduras varia entre os

locais de estudo, dependendo da época do ano; (4) O dossel de S. vulgare interfere na

abundância das algas do estrato inferior da comunidade em início de sucessão; (5) O

efeito do dossel de S. vulgare na deposição de sedimentos no substrato é maior para

locais abrigados, dependendo da época do ano;

Page 30: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

30

Materiais e métodos

Área de estudo

Este estudo foi realizado em duas ilhas localizadas na Baía da Ilha Grande,

região sudeste do Brasil. A Ilha das Flechas situa-se nas coordenadas 22○ 57` S, 44○ 21`

O e a Ilha Comprida em 22○ 57` S, 44○ 22` O (Fig. 1). O primeiro local é exposto à

ação de fortes ondulações e correntes, e o substrato compõe-se de um platô de granito

extenso (Fig. 2a,c). Este local possui um denso banco de Sargassum vulgare com

indivíduos de tamanho médio, aproximadamente 40 cm de altura, ao longo de uma

faixa contínua. O segundo local é mais abrigado das ondulações, e o substrato é

formado por matacões de granito dispostos irregularmente, cobertos também por S.

vulgare, onde os indivíduos de maior porte estão dispostos de modo esparso e, em

alguns pontos podem ultrapassar 1 m de comprimento. Neste local, grande parte do

costão rochoso é sombreado pela vegetação terrestre da Mata Atlântica, que em alguns

pontos encontra-se muito próxima a linha d’água (Fig.2b,d).

Em ambas as ilhas, o estudo foi realizado na região infralitoral rasa (2-3 m de

profundidade). Nos dois locais, o estrato inferior é dominado por uma densa cobertura

de algas calcárias articuladas como: Amphiroa beauvoisii (J.V. Lamouroux) e Jania

spp. Estas algas formadoras de tapete geralmente são cobertas por algas filamentosas

epífitas na Ilha Comprida, (principalmente Ceramium Roth) e foliáceas na Ilha das

Flechas (principalmente Padina Anderson e Dictyota J. V. Lamouroux). Outras algas

menos abundantes são as coriáceas (recrutas e talos juvenis de Sargassum), crostas

calcárias e algas cilíndrico corticadas, principalmente Laurencia spp. Lamouroux e

Asparagopsis taxiformis. (Delile) Trevisan de Saint-Léon e Dichotomaria marginata J.

Page 31: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

31

V. Lamouroux. A fauna séssil é composta em grande parte por zoantídeos, anêmonas,

poríferos e cirripédios.

1) Parâmetros abióticos

Parâmetros abióticos foram medidos, como a temperatura da água do mar,

registrada através de sensores (DS1921G Thermochron iButton) colocados a 3m de

profundidade em ambas as Ilhas, com medições a cada 1:30h, durante o período de

estudo, entre 2005 e 2006. A deposição de sedimentos no substrato foi avaliada em

áreas cobertas por dossel e em clareiras naturais (n=10). Seringas plásticas de 20ml

foram usadas para aspirar os sedimentos no substrato em amostras de 25 cm2. As

amostras foram colocadas em sacos plásticos individuais e posteriormente secas em

estufa a 60º C por um período de 24 h e posteriormente pesadas em balança de

precisão.

A intensidade luminosa (irradiância) foi medida previamente, na Ilha Comprida

em cada um dos estratos da comunidade. Um fotômetro acoplado a um sensor

submerso e outro terrestre (Licor LI-1000) foi utilizado para estimar a redução da

irradiância na coluna d’água. Medidas alternadas entre áreas cobertas ou não pelo

dossel de Sargassum (n=10) foram utilizadas para estimar a redução da irradiância pela

cobertura do dossel.

O grau de exposição às ondas foi calculado seguindo o método de Thomas

(1985), aplicando-se uma fórmula que indica o grau de exposição relativo ao arco da

exposição, energia do vento e topografia do fundo (EI = Σ log W x [1 + log F/(CS + 0.1

DS)]), onde EI é o índice de exposição, W é a energia do vento [(porcentagem do

tempo em que o vento sopra / 100) x (velocidade do vento2)], F é a extensão da pista

Page 32: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

32

onde corre o vento em milhas náuticas (máximo de 100 milhas), CS é a distância em

milhas náuticas de água com profundidade menor que 6 m próximo à costa, DS é a

distância em milhas náuticas de água com profundidade de menor que 6 m dentro da

pista, em relação ao continente mais próximo.

2) Efeito do dossel de Sargassum vulgare na comunidade madura

O efeito da remoção de dossel de S. vulgare foi testado através de experimentos

realizados com exemplares marcados aleatoriamente (n=8), ao longo de um transecto

de 50m nos dois locais de estudo. Parte dos exemplares foi mantida intacta, como

controle, e a outra foi removida através de corte na base do talo. A porcentagem de

cobertura das algas no estrato inferior dos exemplares marcados foi avaliada

mensalmente, durante um período mínimo de dois meses após a implantação do

experimento, e máximo de quatro, porém, somente períodos de um ou dois meses

foram expostos neste trabalho, em função das rápidas respostas da comunidades, em

função da remoção do dossel. Em uma unidade amostral circular de 35 cm de diâmetro

(962 cm2) de plástico translúcido foram marcados 30 pontos aleatórios na área total

(Fig. 3), delimitando-se porção central e periférica. Para cada um dos pontos marcados,

a presença dos grupos morfo-funcionais de algas, segundo a classificação de Steneck &

Dethier (1994) foi registrada. Uma margem de 20 cm ao redor da área amostrada foi

aberta como uma “zona de amortecimento”, para evitar uma possível interferência de

outros talos de Sargassum na unidade amostral.

O comprimento e o diâmetro dos exemplares foram medidos mensalmente, ao

longo do período de cada experimento, para verificar a variação temporal destes

parâmetros na população de S. vulgare (controles e talos cortados). A recuperação do

Page 33: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

33

tamanho do dossel foi avaliada comparando-se controles aos exemplares cortados. Este

experimento foi realizado numa profundidade aproximada de 2 m, em dois períodos:

entre maio e início de agosto de 2005 (inverno), e entre outubro e novembro de 2005

(verão). A duração de cada experimento diferiu devido à perda de réplicas marcadas,

entre um e dois meses.

3) Efeito do dossel de Sargassum vulgare no recrutamento em áreas raspadas.

O efeito de S. vulgare no recrutamento de algas foi avaliado somente na Ilha das

Flechas, onde o banco de macroalgas é mais denso. O procedimento foi semelhante ao

relatado no experimento anterior, sendo que neste caso, a área amostrada total

(aproximadamente 0,25 m2) ao redor das réplicas, teve o substrato raspado por meio de

espátula e escova de aço. A porcentagem de cobertura do estrato inferior sob os

exemplares marcados também foi avaliada mensalmente com a mesma unidade

amostral circular (Fig. 3). Este experimento foi realizado de agosto a novembro de

2005 e de fevereiro a maio de 2006. Os meses do ano foram escolhidos em função da

maior freqüência de talos reprodutivos na primavera, em áreas próximas ao local de

estudo (Széchy et al., 2006). Estas épocas foram denominadas de inverno e verão.

4) Tratamento estatístico

Para a análise da quantidade de sedimentos depositados no substrato, os

seguintes fatores fixos foram testados com ANOVA trifatorial (Modelo 1): local (Ilha

Comprida e das Flechas), dossel (presença ou ausência) e época do ano (inverno e

verão).

Page 34: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

34

Para as análises dos experimentos com as comunidades maduras e em início de

sucessão, os fatores fixos testados foram: local (Ilha Comprida e das Flechas) e dossel

(presença ou ausência). Foram realizados testes de ANOVA repetitiva, pois, as mesmas

réplicas foram quantificadas ao longo do tempo de duração de cada experimento

(Crowder & Hand, 1990). As épocas do ano não foram consideradas para ANOVA

trifatorial porque as medidas repetitivas foram feitas ao longo de 2 meses após a

manipulação do dossel no inverno, e somente após um mês no verão, devido a perda de

réplicas nas áreas tratadas (corte dos talos).

As diferenças das coberturas das algas do estrato inferior, no experimento

realizado na comunidade madura, foram analisadas com ANOVA bifatorial (Modelo 1)

repetitiva. No experimento realizado com a comunidade em início de sucessão foi

utilizada ANOVA unifatorial repetitiva, somente para testar o efeito do dossel, e em

ambos os experimentos, as coberturas das algas oportunistas foram analisadas de uma

forma geral, ou seja, com o somatório da cobertura de filamentosas e foliáceas,

enquanto que a cobertura das algas cilíndrico-corticadas foi analisada separadamente,

devido a maior complexidade do talo. Os dados de porcentagem de cobertura foram

transformados para arco seno da raiz quadrada da proporção para garantir a

homogeneidade das variâncias, que foi testada pelo teste de Cochran utilizado em todas

as análises citadas, segundo (Zar, 1984). Os programas estatísticos utilizados foram

SPSS e Statística.

Para analisar as diferenças entre os comprimentos e diâmetros dos talos de S.

vulgare, em ambos os experimentos, foram utilizados testes de ANOVA unifatorial,

para os fatores fixos: presença ou ausência de Sargassum, no último tempo de análise, e

a homogeneidade foi assumida. E finalmente, para a observação de possíveis relações

Page 35: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

35

competitivas entre os grupos morfo-funcionais de algas foram realizados testes de

correlação de Pearson.

Resultados

Os resultados dos experimentos demonstraram que o efeito do dossel de S.

vulgare foi significativo, reduzindo a abundância das macroalgas oportunistas nas

comunidades maduras, dependendo do local, no inverno. Enquanto que, no verão, o

efeito do dossel foi percebido em ambas as ilhas. A abundância de sedimentos

depositados no substrato não dependeu da presença do dossel, mas sim do local em

função da época do ano. Na comunidade em início de sucessão, o efeito do dossel não

foi observado.

1) Parâmetros abióticos

A temperatura da água do fundo variou entre 23,0° C (julho) e 28,6º C (março),

em ambas as Ilhas, no período de estudo. E a salinidade oscilou entre 34 a 35 entre as

duas ilhas. A irradiância variou entre 292 e 413 µmol.m-2 s-1, no períodos de maior

insolação, nas áreas abertas, enquanto que, abaixo do dossel registrou-se somente 16 -

27% da irradiância incidente, isto é, (65,8 a 77,9 µmol.m-2 s-1).

A presença do dossel de S. vulgare não interferiu na abundância de sedimentos

depositados no substrato em ambas as ilhas, porém a interação entre local e época do

ano foi significativa, apontando a abundância de sedimentos significativamente maior

na Ilha Comprida, no inverno (Tabela 1; Fig. 4). Na Ilha das Flechas, houve tendência

para maior deposição de sedimentos no verão, porém esta não foi significativa.

Page 36: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

36

O índice de exposição às ondas verificado foi de 9 e 11, para Ilha Comprida e

Ilha das Flechas, respectivamente. É importante ressaltar que este índice apenas leva

em consideração a ocorrência de ondas originadas por ventos, ou seja, pode haver

falhas neste índice, uma vez que também há incidência de ondas na região que não são

originadas por ventos locais (Creed et al., 2007), como por exemplo, àquelas geradas

pelo regime de correntes locais. Baseando-se em resultados obtidos por Oigman-

Pszczol (2004), ambos os índices se enquadram num tipo de ambiente com exposição

intermediária às ondas.

2) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare nas algas da comunidade

madura

Para a melhor compreensão dos dados, um enfoque principal foi dado às

porções centrais das réplicas, menos sucetíveis aos possíveis efeitos de borda. Sendo

assim, o efeito da remoção do dossel de S. vulgare nas algas efêmeras, em ambos os

locais, foi significativo somente em uma época do ano, pois, no inverno, a abundância

de algas efêmeras foi influenciada pelo dossel, dependendo do local (Fig.5a, b; Tabela

2a). Na Ilha Comprida, a cobertura de efêmeras não diferiu entre controles e áreas

tratadas, havendo somente uma tendência à proliferação de algas filamentosas

(principalmente Ceramium), porém na Ilha das Flechas houve um aumento

significativo da cobertura de efêmeras, representadas principalmente por algas foliáceas

(principalmente Padina e Dictyota). Na Ilha Comprida, as algas tenderam a

restabelecer a fisionomia inicial ao longo do tempo, havendo uma diminuição da

abundância das algas filamentosas no estrato inferior. Contudo, na Ilha das Flechas, a

fisionomia resultante do distúrbio tendeu a permanecer. Nas porções de borda, o efeito

Page 37: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

37

do dossel foi marcante e não houve o restabelecimento da fisionomia inicial, ou este foi

tardio, com a permanência da dominância das algas efêmeras (Fig. 6a, b, Tabela 2b).

Na outra época do ano, verão, o efeito do dossel foi marcante em ambas as

ilhas, com o maior desenvolvimento de algas efêmeras nas áreas onde o dossel foi

removido (Fig. 7 a; Tabela 3). As efêmeras influenciadas pelo dossel foram algas

filamentosas na Ilha Comprida e algas foliáceas na Ilha das Flechas. As algas

cilíndrico-corticadas também proliferaram nesta época, porém a cobertura destas foi

significativamente maior nas áreas onde o dossel foi removido, somente na Ilha das

Flechas (Fig. 7b, Tabela 4). De um modo geral, nas porções de borda o efeito do dossel

não foi significativo para a abundância de nenhuma alga do estrato inferior.

Os indivíduos de S. vulgare apresentaram portes distintos nas populações,

estudadas, sendo maior na Ilha Comprida do que na Ilha das Flechas. Talos de S.

vulgare apresentaram uma diminuição natural em tamanho, em ambas as ilhas, no

inverno. Porém, a regeneração do dossel cortado não foi suficiente para se equiparar ao

tamanho dos talos controles, na Ilha Comprida (ANOVA, F= 28,6, P<0,001 e ANOVA,

F= 22,1, P<0,001, para comprimento e diâmetro respectivamente). Contudo, na Ilha

das Flechas, o tamanho dos talos cortados se equiparou ao dos controles dois meses

após a implantação do experimento (Fig. 8 a,b), (ANOVA, F= 0,16, P= 0,70 e

ANOVA, F= 3,81, P= 0,07, para comprimento e diâmetro respectivamente). No verão,

houve crescimento mais acelerado de S. vulgare. Na Ilha Comprida, os exemplares

cortados não alcançaram as medidas dos controles (ANOVA, F= 52,1, P<0,001;

ANOVA, F= 17,5, P= 0,002, para comprimento e diâmetro respectivamente), enquanto

que na Ilha das Flechas, houve uma tendência para que estes recuperaram o tamanho

em apenas um mês, porém as diferenças entre talos controles e em regeneração ainda

Page 38: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

38

foram significativamente diferentes (ANOVA, F= 7,81, P= 0,02; ANOVA, F=7,77, P=

0,02, para comprimento e diâmetro respectivamente) (Fig. 9 a,b).

2) Efeito da remoção do dossel de Sargassum vulgare nas algas em fase de

recrutamento

No inverno, as algas calcárias incrustantes e articuladas, dominaram a cobertura

do estrato inferior, logo no primeiro mês após a raspagem, tanto em áreas controles

como naquelas onde o dossel foi removido,. Posteriormente, houve proliferação de

algas foliáceas, também em quantidades semelhantes em ambas às áreas (Fig. 10 a).

No verão, observou-se uma proliferação inicial de algas cilíndrico corticadas,

principalmente Laurencia spp. e A. taxiformis, em ambas as áreas. No mês seguinte,

ocorreu uma tendência ao maior desenvolvimento algas foliáceas e calcárias

articuladas, nas áreas sem dossel, porém suas abundâncias não diferiram em relação às

áreas controle (Fig. 10 b). De fato, houve uma correlação negativa entre algas cilindrico

corticadas e calcárias articuladas (r= -0,68, n=34, p<0,001), e também entre as

cilindrico corticadas e foliáceas (r= -0,58, n=34, p<0,001) foram observadas, enquanto

que foi observada uma correlação positiva entre algas calcárias articuladas e foliáceas.

Os talos de S. vulgare, nas duas épocas do ano mantiveram um tamanho estável

ao longo do tempo, porém o diâmetro do dossel, no inverno, teve tendência a ser maior

no primeiro mês. Quanto à regeneração dos talos cortados, o tamanho dos indivíduos

em regeneração aproximou-se do dos controles no terceiro mês, porém as diferenças

ainda foram significativamente diferentes no inverno (ANOVA, F= 4,82, P= 0,06;

ANOVA, F= 4,29, P= 0,07, para comprimento e diâmetro respectivamente). No verão

o tamanho dos talos cortados também não foi recuperado no período estudado

Page 39: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

39

(ANOVA, F= 49,6; P<0,001; ANOVA, F= 21,8, P<0,001, para comprimento e

diâmetro respectivamente). (Fig. 10 a,b).

Page 40: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

40

Discussão

1) Efeito do dossel de Sargassum vulgare nas algas da comunidade madura

As alterações na estrutura da comunidade, quanto à composição e abundância

das algas no estrato inferior do dossel de S. vulgare foram verificadas, diferindo

conforme o local, época do ano e os estádios sucessionais. Considerando a pequena

escala espacial das unidades experimentais, que neste estudo reproduzem a área sob

influência de um único indivíduo, foram verificadas respostas, principalmente para

algas oportunistas abaixo do dossel. Outros estudos demonstraram o efeito das algas

formadoras de dossel em escalas maiores (por exemplo: áreas de 16 m2, em Figueiredo

et al., (1996), e 314m2, em Toohey, et al., 2007). Segundo Coleman (2002), as

variações na dinâmica da composição, abundância e distribuição de algas formadoras

de ‘tapete’ são mais efetivas em pequena escala espacial, do que em escalas maiores.

Na comunidade madura, de um modo geral, houve proliferação de algas

oportunistas efêmeras, filamentosas e foliáceas, e de algas sazonais cilíndrico

corticadas no estrato inferior, onde o dossel foi removido. Efeitos semelhantes,

oriundos da remoção de espécies formadoras de dossel, na composição e abundância de

algas deste estrato, foram demonstrados em vários estudos realizados, tanto nas algas

da comunidade madura quanto em fases iniciais de recrutamento (Hawkins & Harkin,

1985; Kennelly, 1987, 1989; Eston & Bussab, 1990; Benedetti-Cecchi & Cinelli, 1992;

Figueiredo et al. 1996, 1997; 2000 Bulleri et al., 2002; Cervin, et al. 2004; Toohey et

al., 2004; Patrício et al., 2006; Eriksson et al., 2007; Kraufvelin, 2007; Schiel & Lilley,

2007; Toohey et al., 2007; Wikström & Kautsky, 2007).

Page 41: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

41

No inverno, não houve efeito do dossel nas algas do estrato inferior, e a

regeneração dos talos cortados de S. vulgare foi lenta, na Ilha Comprida. Neste local, o

efeito do dossel provavelmente foi mascarado pelo sombreamento da Mata Atlântica

adjacente ao costão rochoso, que diminui consideravelmente a irradiância incidente no

substrato. A condição de sombreamento pela mata, é comum nesta região do litoral

sudeste do Brasil (Creed et al., 2007; Oliveira et al., 2008), e a irradiância em

determinadas faixas do costão rochoso pode ser inferior a 20 µmol.m-2 s-1 (A. E.

Oliveira & M.A. O. Figueiredo, dados não publicados). Os talos de grande porte de S.

vulgare, nesta ilha, possibilitam a penetração lateral da irradiação solar no estrato

inferior, contudo, o menor movimento dos talos limita os níveis de luminosidade, ao

menos nas áreas centrais sob o dossel.

Na Ilha das Flechas, o efeito da presença do dossel foi marcante nas algas

oportunistas, principalmente foliáceas no estrato inferior, apesar da rápida regeneração

do tamanho dos talos cortados no inverno. Neste local, o menor porte aproxima os talos

de S. vulgare ao substrato, diminuindo os níveis de luz logo abaixo do dossel. Contudo,

existe a possibilidade do sombreamento ter sido atenuado pela entrada de pulsos de luz

sob o dossel, em função da constante movimentação dos talos em águas com maior

turbulência. De fato, a irradiância pode penetrar sob grande parte das algas formadoras

de dossel. Tratando-se de algas efêmeras, espera-se que a taxa de crescimento seja

prontamente influenciada por pequenos pulsos de luz (Gerard, 1984; Lüning,1992). O

efeito da varredura do dossel também é bastante provável em locais expostos ás ondas.

A limitação de determinados grupos de algas no substrato, pelo batimento das frondes

da alga formadora de dossel, já foi demonstrado em função do grau de exposição às

ondas (Kiirikki, 1996). O distúrbio físico decorrente não só da ação de ondas, mas

também do intenso fluxo hidrodinâmico, como movimento de marés e correntes, pode

Page 42: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

42

determinar a abundância e composição especifica da associação de algas, além de afetar

a morfologia e dinâmica populacional das algas formadoras de dossel (Eckman et al.,

2003).

No verão, a remoção do dossel de S. vulgare promoveu a proliferação de algas

oportunistas (foliáceas e filamentosas) nas duas ilhas possivelmente, pelos níveis mais

altos de irradiância, e em função do fotoperíodo mais longo. O fotoperíodo é um fator

sazonal de suma importância para várias espécies de algas que podem responder

fisiologicamente à variações mínimas de irradiância, como constatado por Lüning

(1990), que detectou respostas de Scytosiphon lomentaria, com alterações de apenas 15

minutos no regime de irradiância.

A proliferação sazonal de outras algas oportunistas de talos mais complexos,

como as algas cilíndrico-corticadas (Laurencia e Asparagopsis), foi observada apenas

na Ilha das Flechas. O domínio deste grupo morfo-funcional pode estar relacionado não

somente a maior disponibilidade de luz, mas também à sua maior resistência ao

distúrbio físico (Steneck & Dethier, 1994). O aumento da temperatura da água também

é um importante fator, que pode ter favorecido à proliferação destas algas cilíndrico

corticadas, na área estudada. Porém, para a confirmação desta possibilidade, a

averiguação através de estudos experimentais em laboratório se faz necessária. A

exemplo, estudos realizados no campo e no laboratório, por Tsai e colaboradores

(2005) corroboram com os resultados do presente estudo, pois confirmaram a

proliferação de Laurencia papillosa em função do aumento de temperatura no verão.

Padilla-Gamiño & Carpenter (2007) verificaram melhor performance fotossintética de

Laurencia pacifica durante o verão (com temperatura média de 21º C), em relação ao

inverno (temperatura media de 14º C).

Page 43: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

43

Outro fator a ser considerado é a interferência da herbivoria nos resultados

observados, principalmente em período de águas mais quentes. Brosnan (1992), sugere

que a atividade dos herbívoros pode ser reduzida pela baixa tolerância a decréscimos na

temperatura, mesmo em ambientes tropicais. No local de estudo, a redução de 5º C no

inverno em relação ao verão, analisada ao longo do período de estudo reforça esta

possibilidade.

O maior desenvolvimento de algas filamentosas em áreas onde o dossel foi

removido deve ser esperado somente na ausência de herbívoros conforme demonstrado

por Figueiredo et al., (1996). O consumo por herbívoros pode ainda estar associado ao

efeito do dossel nas algas do estrato inferior, devido à agregação destes sob o dossel

(Wikström & Kautsky, 2007). Portanto, a menor abundância destes invertebrados em

áreas abertas pode favorecer o desenvolvimento de algas oportunistas em áreas sem

dossel. Na Ilha das Flechas, foi constatado, de um modo geral, a maior abundância de

algas efêmeras e oportunistas em relação à Ilha Comprida. Este resultado pode ser

explicado pelo fato das oportunistas, na Ilha das Flechas, serem representadas por algas

foliáceas, principalmente Padina, que possui impregnação por carbonato de cálcio, o

que dificulta o seu consumo por herbívoros (Duffy & Paul, 1992).

O distúrbio resultante da varredura das algas formadoras de dossel é esperado

na Ilha das Flechas e pode repelir os herbívoros abaixo do dossel e nas áreas abertas,

indiretamente influenciadas pela extensa e contínua cobertura de Sargassum. Tal efeito

do dossel em herbívoros foi observado por Gagnon et al., (2003), que constatou a

menor densidade de ouriços abaixo do dossel da alga parda Desmarestia viridis, cujo

talo varre o substrato repelindo os herbívoros.

A diferença entre as espécies de algas oportunistas que dominaram em ambas as

ilhas, pode ainda estar relacionada à quantidade relativa de sedimentos depositados. Os

Page 44: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

44

resultados relacionados à sedimentação, neste estudo, indicam uma maior deposição de

sedimentos na Ilha Comprida, dependendo da época do ano, não dependendo da

presença do dossel. Outros estudos sugerem, contudo, uma situação onde há maior

deposição de sedimentos em áreas sem dossel (Connell, 2003; Isaeus et al., 2004;

Toohey, et al., 2004). As algas filamentosas são resistentes à sedimentação (Como?), e

crescem como epífitas das calcárias articuladas, dominantes somente na Ilha Comprida.

Estas algas são consideradas as mais adaptadas à deposição de sedimentos (Kendrick,

1991; Stewart, 1989), pois apresentam como característica a retenção de sedimentos,

podendo acumular, no espaço entre os talos, uma quantidade dez vezes maior que a

própria biomassa (Airoldi et al., 1995). O soterramento e a abrasão que representam

uma fonte de estresse e distúrbio para comunidades bentônicas, pode tornar-se um

agente seletivo na sobrevivência de determinadas espécies de algas, pela redução de luz

e oxigênio (D´Antonio, 1986) e, também pode prejudicar o processo de fixação dos

recrutas no substrato (Eriksson & Johansson, 2003).

A tendência ao restabelecimento da fisionomia inicial (resiliência) da cobertura

de algas do estrato inferior foi verificada, principalmente na Ilha Comprida. Na Ilha das

Flechas pôde ser observada a permanência de algas foliáceas, sem uma tendência à

recuperação da fisionomia da cobertura após a remoção do dossel de S. vulgare. Eston

& Bussab (1990), também observaram que algas foliáceas, principalmente Dictyopteris

spp, permanecem dominando o substrato, mesmo com o crescimento da cobertura de

Sargassum stenophyllum, após sua remoção no litoral sudeste do Brasil. A persistência

de algas foliáceas, abaixo do dossel regenerado também foi observada por Toohey et al.

(2007), para Ecklonia radiata na Austrália, podendo ser considerado como um efeito de

fotoaclimatação desse grupo de algas no estrato inferior (Toohey et al., 2004). Nas

Page 45: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

45

bordas não foi constatado essa resiliência, provavelmente pela recuperação mais lenta

do tamanho dos talos de Sargassum.

2) Efeito do dossel de Sargassum vulgare nas algas em fase de recrutamento

Na sucessão primária do substrato, as algas que recrutaram de modo semelhante nas

áreas manipuladas e controles, portanto, não sofreram influência significativa do

dossel. Este resultado foi semelhante ao observado por Goodsell & Connell (2005), na

Austrália, onde ocorreu um aumento significativo da riqueza específica do estrato

inferior, somente em áreas onde existia o sinergismo do distúrbio de remoção do dossel

de Ecklonia radiata com a diminuição da densidade de apressórios desta alga,

disponibilizando substrato, ou seja, aumento da disponibilidade de espaço associado à

remoção do dossel. O predomínio primário de algas calcárias incrustantes e algas

calcárias articuladas no período do inverno pode ser explicado, devido estas algas

apresentarem a capacidade de ocupar rapidamente o substrato a partir da base crostosa

remanescente, após a raspagem do substrato. As algas calcárias articuladas produzem

eixos eretos a partir de uma base crostosa (Konar & Foster, 1992) e esta característica

lhes confere uma alta capacidade de competir por espaço (Steneck & Dethier, 1994). A

permanência das bases incrustadas nas vilosidades do substrato rochoso permite que

estas algas recolonizem rapidamente áreas adjacentes. A rapidez na regeneração das

algas nas áreas raspadas também pode estar relacionada à pequena escala espacial,

como observado por Dye (1993) que observou a velocidade de regeneração de algas

formadoras de tapete entre áreas de diferentes tamanhos.

A coexistência das algas calcárias com outras algas que recrutaram, principalmente

como epífitas, como no caso das algas foliáceas neste estudo, também foram

Page 46: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

46

demonstradas em estudos anteriores, visto que estas algas são capazes de crescer ou até

mesmo se reproduzir quando cobertas por outras algas (Figueiredo et al 2000; Airoldi,

2000). De fato, a correlação positiva entre foliáceas e calcárias articuladas observada

neste estudo, sugere, portanto, uma interação de facilitação entre estes grupos. Porém, a

correlação negativa entre foliáceas e cilíndrico corticadas sugere uma possível

interação de competição entre estes grupos de algas, o que pode ter causado o

desaparecimento das algas cilíndrico corticadas neste caso.

Fatores ambientais, que causam a mortalidade na fase inicial do pós-recrutamento

(Vadas et al, 1992), também podem ter influenciado o padrão encontrado. Estas

diferenças ocorrem, ainda, devido à reprodução ser freqüentemente sazonal e porque

espécies podem sobreviver por um curto período de tempo em épocas específicas

(Coleman, 2002). A proliferação de algas foliáceas nas áreas sem o dossel era esperada,

assim como observado em outros estudos de sucessão próximos à região de estudo

(Eston & Bussab, 1990).

De um modo geral, as algas calcárias articuladas foram dominantes no estrato

inferior das comunidades estudadas, tanto na sucessão primária quanto na secundária,

apesar de sua abundância ter sido mascarada pela cobertura de algas oportunistas, em

diferentes épocas. Estas algas, ao formarem ‘tapetes’ com seus ramos calcificados e

densamente emaranhados, podem inibir o recrutamento de outras algas epilíticas

(Britton-Simmons, 2006), ou ainda permanecer no ambiente numa interação de

tolerância com outras espécies, principalmente algas epífitas (Oates, 1989). Sendo

assim, a permanência das algas calcárias articuladas ao longo do período de estudo,

demonstrou ser este um grupo de algas fundamental na resiliência das comunidades

após o distúrbio simulado. A resiliência é a habilidade de um sistema de se regenerar à

Page 47: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

47

sua fisionomia original após um distúrbio, ou a velocidade de “recuperação” após uma

perturbação temporária (MacManus & Polsenberg, 2004; Creed, 2006).

Para concluir, o efeito do dossel de S. vulgare na abundância da comunidade

madura variou dependendo do local, e da época do ano, principalmente nas porções

mais próximas ao apressório de Sargassum, potencialmente menos afetadas pelos

efeitos de borda. Contudo, o dossel de S.vulgare não interferiu no recrutamento das

algas no início de sucessão. Isso provavelmente por não haver limitação de espaço. A

abundância de sedimentos foi mais abundante na Ilha Comprida, independente do

dossel de S. vulgare, e pode estar afetando as algas do estrato inferior nesta

comunidade, de um modo geral. A proliferação das algas cilíndrico-corticadas em

função da teperatura é um fato marcante, e que pode ser confirmado mediante

experimentos futuros, a sere realizados em laboratório de cultivo. Fatores como: o

sombreamento do dossel, a varredura dos talos de S. vulgare e o consumo por

herbívoros, devem ser avaliados posteriormente com maiores detalhes.

Agradecimentos

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelo apoio financeiro, à Escola Nacional de Botânica Tropical - Instituto de Pesquisas

do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT-JBRJ) e à Dra. Verônica Calado da

Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Page 48: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

48

Referências bibliográficas

Airoldi, L.; Rind, F. & Cinelli, F., 1995. Structure, seasonal dynamics and reproductive

phenology of a filamentous turf assemblage on a sediment influenced, rocky

subtidal shore. Botanica Marina 38, 227-237.

Airoldi, L., 2000. Responses of algae with different life histories to temporal and

spatial variability in disturbance in subtidal reefs. Marine Ecology Progress Series .

195, 81-92.

Akioka, H.; Baba, M.; Masaki, T.; Johansen, H. W., 1999. Rocky shore turfs dominated

by Corallina (Corallinales, Rhodophyta) in northern Japan. Phycological Research

47, 199-206.

Amado-Filho, G. M.; Barreto, M. B. B. B.; Marins, B.V.; Felix, C. & Reis, R.P., 2003.

Estrutura das comunidades fitobentônicas do infralitoral da Baía de Sepetiba, RJ,

Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26, 329-342.

Benedetti-Cecchi, L. & Cinelli, F., 1992. Effects of canopy cover, herbivores and

substratum type on patterns of Cystoseira spp. Settlement and recruitment in littoral

rockpools. Marine Ecology Progress Series 90, 183-191.

Benedetti-Cecchi, L. & Cinelli, F., 1994. Recovery of patches in an assemblage of

geniculate coralline algae: variability at diferent sucessional stages. Marine Ecology

Progress Series 110, 9-18.

Brawley, S. H., 1992. Mesoherbivores. Plant-Animal interactions in the marine

benthos. (ed. D.M. John, S.J. Hawkins and J.H. Price). Clarendon Press, Oxford

Page 49: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

49

Brosnan, D. M., 1992. Ecology of tropical rocky shores: plant-animal interactions in

tropical and temperate latitudes. Plant-animal interactions in the marine benthos.

(ed. D.M. John, S.J. Hawkins and J.H. Price). Clarendon Press, Oxford

Bulleri, F; Benedetti-Cecchi, L.; Acunto, S.; Cinelli, F. & Hawkins, S. J., 2002. The

influence of canopy algae on vertical patterns of distribution of low-shore

assemblages on rocky coasts in the northwest Mediterranean. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 267, 89-106.

Cervin, G., Lindegarth M.; Viejo, R. M. & Aberg, P., 2004. Effects of small-scale

disturbances of canopy and grazing on intertidal assemblages on the Swedish west

coast. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 302, 35-49.

Coleman, M.A., 2002. Small-scale spatial variability in intertidal and subtidal turfing

algal assemblages and temporal generality of these patterns. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 267, 53-74.

Coleman, M.A., 2003. Effects of ephemeral algae on coraline recruits in intertidal and

subtidal habitats. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 282, 67-84.

Connell, S. D., 2003. The monopolization of understorey habitat by subtidal encrusting

coralline alga: a test of the combined effects of canopy-mediated ligtht and

sedimentation. Marine Biology 142, 1065-1071.

Creed, J. C., 2006. Perturbações em comunidades biológicas. In: Rocha, C.F.D.;

Bergallo, H.G.; Sluys, M.V. & Alves, M.A.S., (Eds), Biologia da Conservação.

Essências. Editora Rima. 183-210.

Creed, J. C.; Pires, D. O. & Figueiredo, M. A. de O., 2007. Biodiversidade marinha da

baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente - Secretaria Nacional de

Biodiversidade e Florestas – Departamento de Conservação da Biodiversidade.

Biodiversidade 23. Brasília. 416p.

Page 50: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

50

Crowder, M.J. & Hand, D.J., 1991. Analysis of repeated measures. Chapmam & Hall,

London.

D`Antonio, C. M., 1986. The role of sand in domination of hard substrata by the

intertidal alga Rhodomela larix. Marine Ecology Progress Series 27, 263-275.

Duffy, J.E. & Paul, V.J., 1992. Prey nutritional quality and the effectiveness of

chemical defenses against tropical reef fishes. Oecologia 90, 333-339.

Dye, A.H., 1993. Recolonization of intertidal macroalgae in relation to gap size and

molluscan herbivory on a rocky shore on the east coast of southern Africa. Marine

Ecoloy Progress Series 95, 263-271.

Eckman, J.E., Duggins, D. O. & Siddon, C. E, 2003. Current and wave dynamics in the

shallow subtidal: implications to the ecology of understory and surface-canopy

kelps. Marine Ecology Progress Series 265, 45-56.

Eriksson, B. K. & Johansson, G., 2003. Sedimentation reduces recruitment success of

Fucus vesiculosus (Phaeophyceae) in Baltic Sea. European Journal Phycology 38,

217-222.

Eriksson, B. K.; Rubach, A. & Hillebrand, H., 2007. Dominance by canopy forming a

seaweed modifies resource and consumer control of bloom-forming macroalgae.

Oikos 116, 1211-1219.

Eston, V. R. & Bussab, W. O., 1990. An experimental analysis of ecological

dominance in a rocky subtidal macroalgal community. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 136, 170-195.

Farrel, T. M., 1991. Models and mechanisms of sucession: an example from a rocky

intertidal community. Ecological Monographs 61, 95-113.

Page 51: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

51

Figueiredo, M. A. de O.; Kain (Jones), J. M. & Norton, T. A., 1996. Biotic interactions

in the colonization of crustose coralline algae by epiphytes. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 199, 303-318.

Figueiredo, M. A. de O.; Kain (Jones), J. M. & Norton, T. A., 1997. Settlement and

survival of epiphytes on two intertidal crustose coralline algae. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 213, 247-260.

Figueiredo, M. A. de O.; Kain (Jones), J. M. & Norton, T. A., 2000. Responses of

crustose corallines to epiphyte and canopy cover. Journal of Phycology 36, 17-24.

Figueiredo, M. A. de O. Barreto, M. B. B. & Reis, R.P., 2004. Caracterização das

macroalgas nas comunidades marinhas da área de proteção ambiental de Cairuçú,

Parati, RJ – subsídios para futuros monitoramentos. Revista Brasileira de Botânica

27, 11-17.

Gagnon, P.; Himmelman, J. H. & Johnson, L. E., 2003. Algal colonization in urchin

barrens: defense by association during recruitment of the brown alga Agarum

cribrosum. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 290, 179-196.

Gerard, V. A., 1984. The light enviroment in a giant kelp forest: influence of

Macrocystis pyrifera on spatial and temporal variability. Marine Biology 84, 189-

195.

Goodsell, P. J. & Connell, S. D., 2005. Disturbance initiates diversity in recruitment of

canopy-forming algae: interactive effects of canopy-thinning and substratum

availability. Phycologia 44, 632-639.

Godoy, E. A. S. & Coutinho, R., 2002. Can artificial beds of plastic mimics

compensate for seasonal absence of natural beds of Sargassum furcatum? ICES

Journal of Marine Science 59, 111-115.

Page 52: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

52

Goldberg, N. A. & Kendrick, G. A., 2004. Effects of island groups, depth, and

exposure to ocean waves on subtidal macroalgal assemblages in the Recherche

Archipelago, Western Australia. Journal of Phycology 40, 631-641.

Hawkins, S. J. & Harkins E., 1985. Preliminary canopy removal experiments in algal

dominated communities low on the shore and in the shallow subtidal on the Isle of

Man. Botanica Marina 28, 223-230.

Hawkins, S. J. & Hartnoll, R. G., 1985. Factors determining the uper limits of intertidal

canopy-forming algae. Marine Ecology 20, 265-271.

Irving, A. D.; Connell, S. D. & Elsdon, T.S., 2004. Effects of kelp canopies on

bleaching and photosynthetic activity of encrusting coralline algae. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 310, 1-12.

Isaeus, M.; Maltam, T.; Pearsson, S. & Svensson, A., 2004. Effects of filamentous

algae and sedimento on recruitment and survival of Fucus serratus (Phaeophyceae)

juveniles in the eutrophic Baltic Sea. European Journal of Phycology 39, 301-307.

Johnson, C. R. & Mann, K. H., 1993. Rapid sucession in subtidal understorey seaweeds

during recovery from overgrazing by sea urchins in Eastern Canada. Botânica

Marina 36, 63-77.

Jones, C. G.; Lawton, J. H. & Shachak, M. 1994. Organisms as ecosystem engineers.

Oikos, 69: 373-386.

Jones, C. G.; Lawton, J. H. & Shachak, M., 1997. Positive and negative effects of

organisms as physical ecosystem engineers. Ecology 78, 1946-1957.

Kastendiek, J. 1982. Competitor-mediated coexistence: interactions among three

species of benthic macroalgae. Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology 62: 201-210.

Page 53: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

53

Kendrick, G. A., 1991. Recruitment of coralline crusts and filamentous turf algae in the

Galapagos archipelago: effect of simulated scour, erosion and accretion. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 147, 47-63.

Kendrick, G. A.; Lavery, P. S. & Phillips, J. C., 1999. Influence of Ecklonia radiata

kelp canopy on structure of macro-algal assemblages in Marmion lagoon, Western

Australia. Hydrobiologia 399, 275 – 283.

Keddy, P., 2005. Putting the plants back into plant ecology: six pragmatic models for

understanding and conserving plant diversity. Annals of Botany 96, 177-189.

Kennelly, S. J., 1987. Physical disturbances in an Australian kelp community. I.

Temporal effects. Marine Ecology Progress Series 40, 145-153.

Kennelly, S. J., 1989. Effects of kelp canopies on understotey species due to shade and

scour. Marine Ecology Progress Series 50, 215-224.

Kiirikki, M., 1996. Experimental evidence that Fucus vesiculosus (Phaeophyta)

controls filamentous algae by means of the whiplash effect. European Journal of

Phycology 31, 61-66.

Konar, B. & Foster, M.S., 1992. Distribution and recruitment of subtidal geniculate

coralline algae. Journal of Phycology 28, 273-280.

Kraufvelin, P., 2007. Responses to nutrient enrichment, wave action and disturbance in

rocky shore communities. Aquatic Botany 87, 262-274.

Lüning, K, 1990. Seaweeds. Their environment, biogeography and ecophysiology.

Wiley Interscience, 527pp.

Lüning, K, 1992. Day and night kinetics of growth rate in green, brown, and red

seaweeds. Journal of Phycology 28, 794-803.

MacManus, J. W. & Polsenberg, J. F., 2004. Coral-algal phase shifts on coral reefs:

ecological and environmental aspects. Progress in Oceanography 60, 263-279.

Page 54: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

54

Millazo, M.; Badalamenti, F.; Riggio, S & Chemello, R., 2004. Patterns of algal

recovery and small-scale effects of canopy removal as a result of human trampling

on a Mediterranean rocky shallow community. Biological Conservation 117, 191-

202.

Oates, B.R., 1989. Articulated coralline algae as a refuge for the saccate species,

Colpomenia peregrina and Leathesia difformis in southern California. Botanica

Marina 32:475-478.

Oigman- Pszczol, S. S., 2004. Distribution of benthic communities on the tropical

rocky subtidal of Armação dos Búzios, Southeastern Brazil. Marine Ecology. 23,

173-190.

Oliveira, A.E.S.; Kurtz, B.C. & Creed, J.C., 2008. Fitossociologia e produção se

serrapilheira em um trecho de Mata Atlântica, no município de Angra dos Reis, RJ.

Revista de Biologia e Farmácia. 1: ISNN 1983-1409.

Padilla-Gamiño, J. L. & Carpenter, R. C., 2007. Thermal ecophysiology of Laurencia

pacifica and Laurencia nidifica (Ceramiales, Rodhophyta) from tropical and warm-

temperate regions. Journal of Phycology 43, 686-692.

Patrício, J; Salas, F; Pardal, M. A.; Jǿrgensen, S. E. & Marques, J.C., 2006. Ecological

indicators performance during a re-colonisation field experiment and its compliance

with ecossistems theories. Ecological Indicators 6, 43-57.

Paula, E. J. & Eston V. R., 1987. Are there other Sargassum species potentially as

invasive as S. muticum? Botanica Marina 30, 405-410.

Paula, E. J. & Eston V. R., 1989. Secondary succession on an exposed rocky intertidal

algal community of the state of São Paulo (Brazil) Boletim de Botânica da

Universidade de São Paulo 11, 1-9.

Page 55: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

55

REIS, Renata Perpetuo ; Yoneshigue-Valentin, Y., 1998. Variação espaço-temporal de

populações de Hypnea musciformis (Rhodophyta, Gigartinales) na baía de Sepetiba

e Armação dos Búzios, Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 12, 465-483.

Santelices, B., 2007.The discovery of kelps forest in deep-water habitats of tropical

regions. Proceedings of the Nacional Academy of Sciences of the United States of

America. 49(104), 19163-19164.

Schiel, D. R. & Lilley, S. A., 2007. Gradients of disturbance to an algae canopy and the

modification of an intertidal community. Marine Ecology Progress Series 339, 1-11

Sebens, K. P., 1986. Spatial relationships among encrusting marine organisms in the

New England subtidal zone. Ecological Monographs 56, 73-96.

Stewart, J. G., 1989. Establishment, persistence and dominance of Corallina

(Rhodophyta) in algal turf. Journal of Phycology 25, 436-446.

Széchy, M. T. M. & Paula, E. J., 2000a. Padrões estruturais quantitativos de bancos de

Sargassum (Phaeophyta, Fucales) do litoral dos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 23, 121-132.

Széchy, M. T. M. & Paula, E. J., 2000b. Macroalgas associadas a bancos de Sargassum

C. Agardh (Phaeophyta , Fucales) do litoral dos Estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, Brasil. Hoehnea 27, 235-257

Széchy, M. T. M.; Amado Filho, G. M.; Cassano, V.; De Paula, J. C.; Barreto, M.B.B.;

Reis, R. P.; Marins, B. V. & Moreira, F. M., 2005. Levantamento florístico das

macroalgas da baía de Sepetiba e adjacências, RJ: ponto de partida para o programa

GloBallast no Brasil. Acta Botânica Brasílica 19(3), 587-596.

Széchy, M. T. M.; Galliez, M. & Marconi, M. I., 2006. Quantitative variables applied

to phenological studies of Sargassum vulgare C. Agardh (Phaeophyceae – Fucales)

Page 56: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

56

from Ilha Grande Bay, State of Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Botânica 29,

27-37

Steneck, R.S. & Dethier, M.N., 1994. A functional group approach to the structure of

algal-doinated communities. Oikos 69, 476-498.

Toohey, B.; Kendrick, G. A.; Wernberg, T.; Phillips J. C.; Malkin, S. & Prince, J.,

2004. The effects of light and thallus scour from canopy on an associated foliose

algal assemblage: the importance of photoacclimation. Marine Biology 144, 1019-

1027 .

Toohey, B.; Kendrick, G.A. & Harvey, E.S., 2007. Disturbance and reef topography

maintain high local diversity in Ecklonia radiata kelp forests. Oikos 116, 1618-

1630.

Tsai, C. C; Chang, J. S; Sheu, F.; Shyu, Y.T; Yu, A. Y. C.; Wong, S. L, Dai, C. F. &

Lee, T. S., 2005. Seasonal growth dynamics of Laurencia papillosa and Gracilaria

coronopilia from a highly eutrophic reef in southern Taiwan: temperature limitation

and nutrient availability. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 315,

49-69.

Vadas, R. L.; Johnson, S. & Norton, T. A., 1992. Recruitment and mortality of early

post-settlement stages of benthic algae. Britsh Phycological Journal 27, 331-351.

Wernberg, T; Kendrick, G. A. & Toohey, B. D., 2005. Modification of the physical

enviroment by an Ecklonia radiata (Laminariales) canopy and implications for

associated foliose algae. Aquatic Ecology 39, 419-430.

Wikström, S. A. & Kautsky, L. 2007. Structure and diversity of invertebrate

communities in the presence and absence of canopy-forming Fucus vesiculosus in

the Baltic Sea. Estuarine Coastal and Shelf Science 72, 168-176.

Page 57: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

57

Zar, J. H. 1984. Bioestatistical analysis. 2nd ed. Prentice-Hall International, London,

718pp.

Page 58: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

58

Tabelas

Tabela 1: Análise de variância trifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida- IC e das

Flechas- IF), época do ano (inverno e verão) e dossel (presença ou ausência) de S. vulgare, em

relação às diferenças de massa seca de sedimentos. GL= grau de liberdade; MQ= média dos

quadrados; F= estatística de teste; P= nível de significância.

GL MQ F P Local 1 1373653,12 9,05 0,04 Época 1 686987,33 4,53 0,04 Dossel 1 382666,68 2,52 0,12 Local * Época 1 896237,35 5,90 0,02 Local * Dossel 1 277885,12 1,83 0,18 Época * Dossel 1 214840,15 1,41 0,24 Local * Época * Dossel 1 82756,68 0,54 0,46 Erro 64 151794,75

Page 59: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

59

Tabela 2: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas

Comprida- IC e das Flechas- IF) e dossel (presença ou ausência) de S. vulgare, em relação a

abundância de algas efêmeras (filamentosas e foliáceas), nas porções centrais (A) e de borda

(B), no inverno. GL= grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste, P=

nível de significância (n= 8).

A- Porção central GL MQ F P

Entre fatores

Local 1 4.82 x 10-17 7.18 0.01

Dossel 1 9.03 x10-17 13.45 0.001

Local * Dossel 1 2.79 x 10-17 4.16 0.05

Erro 28 6.71 x 10-16

Dentro dos fatores

Tempo 1 1.5 x 10-18 41.7 <0.001

Tempo * Local 1 1.1 x 10-16 0.30 0.58

Time * Canopy 1 5.4 x 10-17 14.72 0.001

Tempo * Dossel * Local 1 6.9 x 10-16 1.89 0.18

Erro 28 3.7 x 10-16

Page 60: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

60

B- Porção de borda GL QM F P

Entre fatores

Local 1 6.67 x 10-13 0.001 0.97

Dossel 1 1.01 x 10-18 20.0 <0.001

Local * Dossel 1 3.65 x 10-16 0.721 0.4

Erro 28 5.07 x 10-16

Dentro dos fatores

Tempo 1 2.41 x 10-18 45.59 <0.001

Tempo * Local 1 1.63x 10-16 0.31 0.58

Tempo * Dossel 1 4.06 x 10-17 7.67 0.01

Tempo * Dossel * Local 1 5.05 x 10-15 0.09 0.76

Erro 28 5.3 x 10-16

Page 61: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

61

Tabela 3: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas

Comprida - IC e das Flechas- IF) e (dossel presença ou ausência) de S. vulgare, em relação a

abundância de algas efêmeras (filamentosas e foliáceas), nas porções centrais, no verão. GL=

grau de liberdade; MQ= média dos quadrados; F= estatística de teste; P= nível de significância.

GL QM F P

Entre fatores

Local 1 3.24 x 10-17 5.89 0.02

Dossel 1 3.18 x 10-17 5.78 0.02

Local * Dossel 1 4.28 x 10-16 0.779 0.39

Erro 16 5.50 x 10-16

Dentro dos fatores

Tempo 1 5.78 x 10-16 1.29 0.27

Tempo * Local 1 3.04x 10-15 0.06 0.79

Tempo * Dossel 1 3.68 x 10-15 0.08 0.78

Tempo * Dossel * Local 1 1.23 x10-16 0.27 0.61

Erro 16 4.48 x 10-16

Page 62: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

62

Tabela 4: Análise de variância bifatorial repetitiva no tempo, entre os fatores: locais (Ilhas

Comprida - IC e das Flechas- IF) e (dossel presença ou ausência) de S. vulgare, em relação a

abundância de algas efêmeras (cilíndrico-corticadas), nas porções centrais, no verão. GL= grau

de liberdade; QM= média dos quadrados; F= estatística de teste, P= nível de significância.

GL QM F P

Entre fatores

Local 1 4.09 x 10-17 5.69 0.03

Dossel 1 3.49 x 10-17 4.86 0.04

Local * Dossel 1 5.36 x 10-17 7.47 0.01

Erro 16 7.18 x 10-16

Dentro dos fatores

Tempo 1 4.54 x 10-16 1.85 0.19

Tempo * Local 1 5.89 x 10-16 2.41 0.14

Tempo * Dossel 1 8.49 x 10-16 3.47 0.08

Tempo * Dossel * Local 1 2.57 x10-16 10.45 0.005

Erro 16 2.45 x10-16

Page 63: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

63

Figuras

Figura 1: Mapa da área de estudo. Estrelas apontam os locais estudados.

44º 22´

23º 58´

Page 64: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

64

Figura 2: Fotos dos locais de estudo, (A) Ilha Comprida e (B) Ilha das Flechas, na

superfície; e (C) e (D) na zona infralitoral.

BA

C D

Page 65: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

65

Figura 3: Esquema mostrando os tratamentos empregados nos experimentos que testam o efeito

da presença do dossel em comunidades maduras e comunidade primária, em início de sucessão,

nos locais de estudo onde o dossel foi removido ou mantido intacto em dois locais de estudo.

IF = Ilha das Flechas e IC= Ilha Comprida

0

0,04

0,08

0,12

0,16

0,2

IC IF IC IF

verão inverno

Peso s

eco (

g) Com dossel

Sem dossel

*

Figura 4: Abundância de sedimentos depositados no substrato, na Ilha das Flechas (IF) e Ilha

Comprida (IC), no inverno e verão, nas áreas com e sem dossel de Sargassum vulgare. (*)

Dados significativos.

Substrato intocado

Substrato raspado

IF e IC

IF

Comunidade madura

Comunidade primária

Page 66: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

66

Figura 5: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), no inverno, ao longo de dois meses após o início do experimento (T0 - maio, T1- junho, T2- agosto). (Média + Erro padrão, n=8)

(A) Ilha Comprida – inverno (porção central)

(B) Ilha das Flechas

Sargassum presente

(maio)

0

20

40

60

80

100

Cobert

ura

(%

)

filamentosas foliaceas corticadascoriáceas articuladas crostasesponjas zoantídeos cracasrocha

(junho)

0

20

40

60

80

100

(agosto)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Sargassum presente

(maio)

0

20

40

60

80

100

Co

bert

ura

(%

)

(junho)

0

20

40

60

80

100

(agosto)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Page 67: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

67

Figura 6: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção de borda) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) das Flechas (B), no inverno, ao longo dois meses após o início do experimento (T0 - maio, T1- junho, T2- agosto). (Média + Erro padrão, n=8).

(A) Ilha Comprida – inverno (porção de borda)

(B) Ilha das Flechas

Sargassum presente

(maio)

0

20

40

60

80

100

Cobert

ura

(%

)

filamentosas foliáceas corticadascoriáceas articuladas crostasesponjas zoantídeos cracasrocha

(junho)

0

20

40

60

80

100

(agosto)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

S argassum presente

(maio)

0

20

40

60

80

100

Co

bert

ura

(%

)

(junho)

0

20

40

60

80

100

(agosto)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Page 68: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

68

Figura 7: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade madura (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, nas Ilhas Comprida (A) das Flechas (B), no verão, um mês após o início do experimento (T0- outubro, T1- novembro). (Média + Erro padrão, n= 8-5)

(B) Ilha das Flechas

(A) Ilha Comprida – verão (porção central)

Sargassum presente

(outubro)

0

20

40

60

80

100

Co

be

rtu

ra (

%)

filamentosas foliáceas corticadascoriáceas articuladas crostasesponjas zoantídeos cracasrocha

(novembro)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Sargassum presente

(outubro)

0

20

40

60

80

100

Co

be

rtu

ra (

%)

(novembro)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Page 69: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

69

Figura 8: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum vulgare em áreas com o dossel intacto

(controle) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade madura, nas Ilhas Comprida (A) e

das Flechas (B), ao longo de dois meses no inverno (T0- maio, T1- junho, T2- agosto). (Médias

± Desvio padrão, n=8).

(A) Ilha Comprida - inverno

(B) Ilha das Flechas

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Co

mpri

men

to (

cm

)

Dossel

Sem dossel

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Diâ

metr

o (

cm

)

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Co

mp

rim

en

to (

cm

)

Dossel

Sem dossel

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Diâ

me

tro

(c

m)

Page 70: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

70

Figura 9: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum em áreas com o dossel intacto

(controle) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade madura, nas Ilhas Comprida (A) e

das Flechas (B), ao longo de dois meses no verão (T0- outubro, T1- novembro). (Médias ±

Desvio padrão, n=8-5). (*)Dados ausentes por perda das réplicas.

(A) Ilha Comprida - verão

(B) Ilha das Flechas

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Co

mp

rim

en

to (

cm

)

Dossel

Sem dossel

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Diâ

me

tro

(c

m)

0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Co

mp

rim

en

to (

cm

)

Dossel

Sem dossel

*0

20

40

60

80

100

T0 T1 T2

Diâ

me

tro

(cm

)

*

Page 71: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

71

Figura 10: Cobertura (%) dos grupos morfo-funcionais de algas e invertebrados sésseis do estrato inferior da comunidade em início de sucessão (porção central) na presença e ausência do dossel de Sargassum vulgare, na Ilha das Flechas, no inverno (A) e no verão (B), em até três mêses após o início do experimento (T1, T2, T3). (Média + Erro padrão, n= 4).

(A) Ilha das Flechas - inverno

(B) Ilha das Flechas - verão

Sargassum presente

(setembro)

0

20

40

60

80

100

Cob

ert

ura

(%

)

filamentosas foliáceas corticatedcoriácea articulada crostasesponjas zoantídeos cracasrocha

(outubro)

0

20

40

60

80

100

(novembro)

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

Sargassum presente

(março)

0

20

40

60

80

100

Cobertura

(%

)

(abril)

0

20

40

60

80

100

(maio)

0

20

40

60

80

100

Sargassum ausente

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Page 72: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

72

Figura 11: Comprimento e diâmetro do talo de Sargassum vulgare em áreas com o dossel

intacto (controles) e com dossel cortado (tratamento), na comunidade em início de sucessão, na

Ilha das Flechas, ao longo de três meses no inverno (A) e verão (B). (*) Dados ausentes por

perda das réplicas. (Médias ± Desvio padrão, n= 4).

A

B

0

10

20

30

40

50

60

T0 T1 T2

Com

prim

ento

(cm

)

Dossel

Sem dossel

0

10

20

30

40

50

60

T0 T1 T2

Diâ

metr

o (

cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

T0 T1 T2

Com

prim

ento

(cm

)

Dossel

Sem dossel

0

10

20

30

40

50

60

70

T0 T1 T2

Diâ

metr

o (

cm

)

Page 73: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

73

CAPÍTULO 2

EXISTE LIMITAÇÃO NO RECRUTAMENTO DE POPULAÇÕES

DE SARGASSUM VULGARE C. AGARDH (OCRHOPHYTA –

FUCALES) NO SUDESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL?

Muniz, R. de A.1; Figueiredo, M. A.de O2 & Kendrick, G. A.3

1-Escola Nacional de Botânica Tropical, [email protected],

2-Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, [email protected]

3- University of Western Australia, [email protected]

Artigo a ser submetido para publicação na

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology ou Aquatic Botany

Page 74: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

74

Resumo

Duas populações de Sargassum vulgare foram estudadas durante um ano no sul do

Estado do Rio de Janeiro. A densidade de talos recrutas, juvenis e adultos de S. vulgare

foi analisada em dez quadrados (0,25m2) aleatórios e o investimento em ramos

vegetativos e reprodutivos foi estimado para 30 talos adultos, mensalmente durante um

ano. Dez placas de epóxi foram colocadas no substrato e a densidade dos recrutas

quantificada em intervalos mensais e bimestrais. A preferência alimentar de recrutas,

juvenis e adultos de Sargassum foi testada para dois potenciais consumidores: o ouriço-

do-mar Lytechinus variegatus e o siri Charibdys hellerii. Foi incluído um consumidor

por gaiola (n= 4-5) contendo uma fase de desenvolvimento de Sargassum junto com

Padina (controle). Adultos reprodutivos dominaram na população de S. vulgare. Houve

produção constante de ramos reprodutivos, nas duas populações, com produção

máxima no inverno (junho), contudo, o recrutamento nas placas foi sazonal em

intervalos bimestrais, com as maiores densidades no verão (novembro-dezembro) e

inverno (junho). Ouriços preferiram os recrutas e siris consumiram preferencialmente

os adultos de S. vulgare. Sugere-se que o recrutamento seja limitado nessas populações,

a despeito do investimento na reprodução pelos talos adultos, devido ao possível

aumento da competição intra-específica entre recrutas-juvenis e adultos de Sargassum,

ou devido ao distúrbio de herbivoria. De alguma forma, a coalescência dos talos

aparenta reduzir os impactos do distúrbio.

Palavras-chave: Sargassum vulgare, fenologia, herbivoria, coalescência, costões

rochosos

Page 75: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

75

Abstract

Two populations of Sargassum vulgare were studied during one year in southern Rio

de Janeiro State. The recruits, juveniles and adult thalli densities were analysed in ten

random quadrats (0.25m2) and the investment in vegetative and reproductive branches

was estimated from 30 randon adult thallii, monthly, along one year. Ten epoxi plates

were fixed on the substrata and recruit densities were quantified monthly and

bimonthly. Feeding preference of recruits, juveniles and adult thallii of S. vulgare was

tested for two potential consumers: the urchin Lytechinus variegatus and the crab

Charibdys hellerii. One consumer was placed into each cage (n= 4-5) with one

development phase of Sargassum and Padina (control). Reproductive adults were

dominants in the S. vulgare. population structure. There was a constant production of

reproductive branches in both populations, with the maximal production in winter

(June), however the recruitment showed a seasonal variation and in bimonthly

intervals, with maximum in density in summer (November-December) and in winter

(June). Sea urchins preferred recruits and crabs consumed mainly adult thallii of S.

vulgare. It is suggested that recruitment is limited in these populations, despite of the

investment in reproduction by adult thallus, probably due to an increase in intra-

specific competition between development phases of Sargassum, or by a limitation in

recruitment associated to disturbance from herbivory. Somehow, coalescence seems to

reduce the impacts of disturbance.

Key words: Sargassum vulgare, phenology, herbivory, coalescence, rocky shores.

Page 76: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

76

1- Introdução

O gênero Sargassum C. Agardh é freqüentemente encontrado na região

infralitoral de regiões temperadas e tropicais do mundo (Lüning, 1990). Este tem

grande importância ecológica, por fornecer recursos variados a outros organismos

marinhos, como abrigo, substrato e alimento, de forma direta ou indireta (Széchy &

Paula, 2000, Muniz et al., 2003, Tanaka & Leite, 2003). Pode inclusive ser

caracterizado como uma espécie engenheira, que por definição, é aquela cuja presença

dominante regula os recursos disponíveis no ecossistema e, conseqüentemente, altera as

condições ambientais, facilitando, ou suprimindo o crescimento e sobrevivência de

outras espécies (Jones et al, 1994, 1997).

Este gênero tem como característica um ciclo de vida sazonal com fases

distintas, a saber: assentamento, crescimento vegetativo, reprodução, senescência e

regeneração (Ang Jr., 1985a; Gillespie & Critchley, 1999). Neste ciclo de vida sazonal,

os ramos reprodutivos se tornam senescentes, disponibilizando o substrato e

amenizando a intensa competição intra-específica de recrutas com adultos (Kendrick,

1994). Na fase de senescência a perda dos ramos pode ser total (Godoy & Coutinho

2002; Muniz et al., 2003), restando apenas os apressórios aderidos ao substrato para

posterior regeneração. Contudo, existem populações de Sargassum onde os indivíduos

não entram em total senescência, mantendo constante a produção de ramos vegetativos

e férteis, ao longo do ano, sendo denominadas perenes (De Wreede, 1976; Széchy et

al., 2006).

Devido a esta característica de desenvolvimento sazonal de ramos vegetativos e

reprodutivos, espera-se que o recrutamento também seja sazonal. Observa-se tal

tendência em populações de Sargassum de águas tropicais e temperadas (exemplos em

Page 77: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

77

Paula & Eston, 1987; Kendrick & Walker 1994; Hwang et al., 2004; Yoshida et al.,

2004). Esta variação sazonal pode ser atribuída a variações na temperatura da água (De

Wreed, 1976; Prince & O´Neal, 1979; Aguilar-Rosas & Galindo, 1990; Hwang et al.,

2004) e na concentração de nutrientes (Hwang et al., 2004), entre outros fatores.

Todavia, a dinâmica populacional não deve ser avaliada somente em estudos realizados

com parâmetros relacionados aos talos adultos, pois os processos que envolvem o

recrutamento são de suma importância para o entendimento da dinâmica desta

população (Chapman, 1990; Brawley & Johnson, 1991). Nesta fase, existe maior

vulnerabilidade aos distúrbios como: herbivoria, sombreamento, dessecação,

soterramento por sedimentos, varredura por talos formadores de dossel e grande

movimentação da água (Vadas et al., 1992).

Sargassum é um dos mais importantes gêneros em termos de abundância, dentre

as macroalgas da região sublitorânea rasa, no sudeste do Brasil (Paula & Eston, 1987;

Paula, 1989; Széchy & Paula, 2000; Amado Filho et al., 2003; Figueiredo et al., 2004;

Figueiredo & Tâmega, 2007). Sete espécies deste gênero já foram registradas, para os

estados de São Paulo e Rio de Janeiro (Széchy & Cordeiro Marino, 1991), sendo seis

somente na Baía da Ilha Grande (Figueiredo & Tâmega, 2007). No entanto, os estudos

ora existentes no Brasil sobre fenologia e recrutamento ainda são escassos, tornando o

melhor entendimento sobre a dinâmica das populações destes bancos de algas

fundamental para futuras medidas de monitoramento e conservação, visto os potenciais

impactos antrópicos em algumas regiões, como a Baía da Ilha Grande (Tommasi, 1990;

Creed & Oliveira, 2007a).

Sendo assim, este estudo teve como objetivo descrever a fenologia de duas

populações de S. vulgare C. Agardh, com diferentes fisionomias, em Angra dos Reis,

incluindo uma avaliação do investimento potencial na reprodução e recrutamento. As

Page 78: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

78

hipóteses testadas foram: (1) Existe dominância da fase adulta em relação às outras

fases de desenvolvimento do talo nas duas populações de S. vulgare; (2) O

recrutamento nas duas populações de S. vulgare varia em função do tempo apesar do

esforço reprodutivo ser constante; (3) Os consumidores apresentam preferência

alimentar por determinadas fases de desenvolvimento de S. vulgare.

2- Materiais e métodos

2.1- Área de estudo

Este estudo foi realizado em duas ilhas, localizadas na região da Baía da Ilha

Grande, no sul do Estado do Rio de Janeiro, região sudeste do Brasil. A Ilha das

Flechas situa-se nas coordenadas 22○57’S e 44○21’O e Ilha Comprida em 22○57’S e

44○22’O. Na região, o sublitoral é raso com 3 m de profundidade, na interface do

costão rochoso com o fundo arenoso, e a visibilidade varia em torno de 5 m (Creed &

Oliveira, 2007b). O sedimento próximo ao substrato consolidado é composto por areia

grossa com baixo teor de matéria orgânica e alto teor de carbonato de cálcio (Creed et

al., 2007a). Experimentos prévios realizados nos locais de estudo demonstraram que o

depósito de sedimentos no substrato foi significativamente maior na Ilha Comprida do

que na Ilha das Flechas, somente no inverno, porém a abundância de sedimentos não

apresentou relação significativa com a presença do dossel (Capítulo 1).

A região da Baía da Ilha Grande apresenta temperatura da água na superfície

variando entre 24-28°C no verão e 24-26°C no inverno, enquanto que a temperatura da

água na superfície foi em média 2°C mais quentes que as do fundo no verão. A

salinidade da água na superfície varia entre 27-37 e entre 32-38 no fundo (Creed et al.,

Page 79: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

79

2007b). Nesta região, a massa d`água no fundo é caracterizada por baixa temperatura e

alta salinidade, conseqüente da entrada da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na

baía, no verão (Creed, et al., 2007b).

Na Ilha das Flechas, o costão rochoso compõe-se de um platô de granito extenso

exposto à ação de fortes ondulações e correntes. Este local possui um denso banco de S.

vulgare ao longo de uma faixa contínua, com tamanho médio dos talos adultos

variando sazonalmente. Na Ilha Comprida, abrigada das ondulações mais freqüentes, o

substrato é formado por matacões de granito dispostos irregularmente. Os talos de S.

vulgare têm maior porte e estão dispostos de modo esparso com variação sazonal

semelhante à observada na outra ilha (Capítulo 1). Grande parte do costão rochoso na

região é sombreado por árvores e arbustos da Mata Atlântica, que em alguns pontos

encontra-se muito próxima à linha d’água, havendo depósito de serrapilheira (Creed &

Oliveira, 2007b). Talos de S. vulgare se mostraram perenes em ambos os locais, com

maior comprimento no outono decaindo no inverno (Capítulo 1).

Abaixo do dossel de Sargassum existe uma grande cobertura de algas calcárias

articuladas (Figueiredo & Tâmega, 2007), geralmente epifitadas por algas filamentosas

e foliáceas. Os ouriços-do-mar Echinometra lucunter (Lamarck, 1816) e Lytechinus

variegatus (Lamarck, 1816), e a estrela-do-mar Echinaster brasiliensis Muller &

Troschel são freqüentemente encontrados na região. Gastrópodes Bittiolum varium

(Pfeiffer, 1840) e siris Cronius ruber (Lamarck, 1818) e Charibdys hellerii (A. Milne-

Edwards, 1867) também são freqüentes.

Page 80: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

80

2.2- Parâmetros abióticos

Parâmetros abióticos foram medidos, como a temperatura da água do mar,

registrada através de sensores (DS1921G Thermochron iButton) colocados a 3 m de

profundidade em ambas as Ilhas, com medições a cada 1 h e 30 min., durante o período

de estudo. O grau de exposição às ondas foi calculado seguindo o método de Thomas

(1985) com base nos dados meteorológicos locais (www.marinabracuhy.com.br),

aplicando uma fórmula que indica o grau de exposição relativo ao arco da exposição,

energia do vento e topografia do fundo (EI = Σ log W x [1 + log F/(CS + 0.1 DS)]),

onde EI é o índice de exposição, W é a energia do vento [(porcentagem do tempo em

que o vento sopra / 100) x (velocidade do vento2)], F é a extensão da pista onde corre o

vento em milhas náuticas (máximo de 100 milhas), CS é a distância e milhas náuticas

de água com profundidade menor que 6 m próximo à costa, DS é a distância em milhas

náuticas de água com profundidade de menor que 6 m dentro da pista, em relação ao

continente mais próximo.

2.3- Fenologia

O talo de Sargassum consiste em um apressório aderido ao substrato que surge

de um eixo isolado (Yoshida, 1983). Este eixo principal se ramifica em vários eixos

secundários com múltiplos filóides, aerocistos, além de receptáculos (estruturas

reprodutivas), formando uma entidade genética individual. Algumas vezes, porém,

talos de Sargassum geneticamente diferentes podem apresentar coalescência pelo

apressório, contendo seus próprios sistemas de eixos (Arenas & Fernandez, 2000).

Page 81: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

81

Nesse estudo, talo e indivíduo genético foram considerados como uma única entidade

para a avaliação da estrutura populacional. Na avaliação do esforço reprodutivo foi

realizada a porcentagem de ramos que apresentavam receptáculos, considerados como

férteis, em relação aos ramos estéreis. Neste caso, a coalescência de talos foi levada em

consideração. Com o propósito de investigar o número de eixos principais coalescentes

nos apressórios dos talos adultos, trinta talos de S. vulgare foram coletados, raspando o

substrato com uma espátula, em ambas as ilhas em setembro de 2007.

A fenologia foi estudada quantificando-se a abundância das diferentes fases de

vida nas duas populações de S. vulgare. Quadrados de 0,25 m2 (n=10) foram

aleatoriamente distribuídos ao longo de um transecto de 20 m de comprimento, em

cada ilha, a uma profundidade aproximada de 2-3 m. Os quadrados foram dispostos

mensalmente, entre outubro de 2006 a outubro de 2007, em ambos os locais de estudo,

onde o número de talos de S. vulgare foi quantificado para cada fase de vida. A

definição das fases seguiu Kendrick & Walker (1994), onde: (1) recrutas são talos com

um ou dois filóides; (2) juvenis apresentam talos medindo entre 1 e 10 cm de

comprimento, apresentando um apressório bem definido. Neste caso, os recrutas

propriamente ditos e ‘recrutas’ derivados de talos em regeneração não foram

diferenciados; (3) adultos são talos maiores que 10cm de comprimento, com eixos

laterais secundários partindo do(s) eixo(s) primário(s). No acompanhamento do esforço

reprodutivo de S. vulgare entre ilhas, o número de ramos vegetativos e ramos com

estruturas reprodutivas (receptáculos) de cada talo adulto também foi quantificado em

cada um destes quadrados.

Page 82: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

82

2.4- Recrutamento em placas de colonização

Placas de colonização foram confeccionadas com massa epóxi (Tubolit MEM),

na forma circular e com uma área de 191 cm2. As placas foram aderidas ao substrato

rochoso mensalmente, sob o dossel de talos adultos de S. vulgare, a uma profundidade

aproximada de 3 m. As placas foram coletadas em intervalos de um mês inicialmente

em uma metade do ano e em intervalos de dois meses durante o ano completo (n=10), a

fim de verificar em qual intervalo de tempo haveria uma otimização no recrutamento.

Algumas vezes houve perda de placas, provavelmente pela ação das ondas, que pode

removê-las durante o processo de adesão, e o número de réplicas ficou reduzido para

cinco ou seis. Os recrutas de S. vulgare foram contados om o auxílio de uma lupa

(aumento de 12 x) e o número total registrado por placa.

2.5- Herbivoria nas diferentes fases de S. vulgare

Os potenciais consumidores de Sargassum na região da Baía da Ilha Grande são

ouriços e siris, observados com numerosos indivíduos nos locais de estudo. O ouriço

Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) tem ampla distribuição na costa brasileira

(Pereira et al., 2004) e apresenta uma dieta alimentar baseada em gramas marinhas,

algas e pequenos crustáceos (Lowe & Lawrence, 1976). O siri Charibdys hellerii (A.

Milne-Edwards, 1867) é uma espécie indo-pacífica provavelmente introduzida no

Atlântico Oeste (Campos & Turkay, 1989; Gomez, & Martinez-Iglesias, 1990;

Lemaitre, 1995; Tavares & Amouroux, 2003), este é um onívora (Cristina Ostrovisc,

comunicação pessoal), e foi observado consumindo macroalgas em mergulhos noturnos

(Raquel Muniz, observação pessoal). O consumo de talos de Sargassum por estes dois

Page 83: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

83

organismos foi previamente observado em mergulhos diurnos e noturnos nas duas

ilhas. O desenho experimental para o teste de preferência alimentar, portanto, foi

idealizado para incluir prováveis consumidores generalistas, seguindo-se a

recomendação de Vadas (1980).

O experimento para testar ouriços foi realizado em novembro de 2006 e com

siris em dezembro de 2006. No teste de preferência alimentar foram coletados, na Ilha

das Flechas, indivíduos de ouriços (8 cm de diâmetro médio) e siris (tamanho médio de

10 cm), estes foram deixados em inanição durante aproximadamente 24 h, antes do

início do experimento. Talos de S. vulgare de cada fase de vida (recrutas, juvenis e

adultos) foram coletados. No caso dos adultos de S. vulgare, somente a porção apical

foi selecionada (cerca de 5 cm de comprimento a partir do ápice do eixo secundário).

As porções apicais dos talos adultos estavam disponíveis aos herbívoros,

principalmente se tratando dos ouriços, na fase de brotamento a partir do apressório, ou

quando muito pesadas, devido a grande quantidade de sedimentos depositada sobre as

frondes, principalmente na Ilha Comprida. Talos adultos de Padina gymnospora

(Kutz.) Sond. foram coletados para serem oferecidos como opção alimentar (controle).

A utilização desta alga como controle foi baseada em experimento prévio, realizado em

laboratório, para a observação da preferência alimentar de indivíduos juvenis de L.

variegatus, em relação a diferentes grupos morfo-funcionais de algas. Apesar da

impregnação por carbonato de cálcio potencialmente dificultar a herbivoria, esta alga

foi consumida pelos ouriços, no período do experimento. O consumo de Padina por

ouriço também foi observado indiretamente no campo, através da observação de talos

comidos (Raquel de A. Muniz, observação pessoal).

Todos os talos foram avaliados quanto ao volume inicial, removendo-se

previamente os organismos epífitos visíveis. Gaiolas cobertas por tela plástica com 1

Page 84: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

84

cm de diâmetro de malha, medindo 40 x 30 x 20 cm, foram usadas para o teste. Em

cada gaiola, foram incluídos um exemplar de cada gênero de algas e um consumidor

(n= 5). As algas foram amarradas separadamente com arame de aço inoxidável no

fundo das gaiolas (n= 4) e fixadas por cabos no substrato. Após um período de 24 h, os

consumidores foram liberados e os volumes finais das algas foram medidos. A análise

da porcentagem do talo consumido baseou-se na diferença entre volumes final e inicial

dos indivíduos de cada grupo de alga.

2.6- Tratamento estatístico

Para verificar as diferenças de temperatura da água do mar ao longo do ano, um

teste de ANOVA unifatorial foi realizado, tendo como fator fixo o tempo, e níveis os

meses do ano entre outubro de 2006 e outubro de 2007. As diferenças entre as fases de

vida de S. vulgare foram testadas através de ANOVA bifatorial (modelo 1), para os

fatores fixos: local (Ilha Comprida e Ilha das Flechas) e tempo (meses entre outubro de

2006 e outubro de 2007), para cada fase: recrutas, juvenis e adultos. Os dados foram

transformados para raiz (x + 0,5) para garantir a homogeneidade e normalidade (Zar,

1984), que foi confirmada com o teste de Cochran, após as análises. Não foi utilizada

ANOVA trifatorial neste caso, pois os talos de diferentes fases de vida foram

quantificados na mesma unidade amostral (quadrados), portanto, não existia uma

independência nos dados.

Na avaliação da produção de ramos com estruturas reprodutivas foi utilizada

ANOVA trifatorial (modelo 1), para testar a influência do local, tempo e dossel. S.

vulgare apresentava ramos férteis e vegetativos no mesmo talo em ambos locais. Neste

caso, como a possível coalescência de talos pode ter dificultado distinguir indivíduos,

Page 85: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

85

esta análise foi feita separadamente dos ramos vegetativos. As diferenças na

abundância dos recrutas de S. vulgare ao longo do tempo foi testada para as placas de

recrutamento coletadas em intervalos de um e dois meses, utilizando-se ANOVA

unifatorial (modelo 1). As possíveis diferenças de abundância entre os meses de estudo

foram detectadas através do teste para comparações múltiplas de médias de Fisher

(LSD), e o teste de Cochran foi utilizado para verificar a homogeneidade dos dados.

Para testar as diferenças de consumo entre as diferentes fases de Sargassum e Padina

por diferentes herbívoros, foram empregadas ANOVA unifatorial para cada

experimento, isto é, testando-se ouriços e siris separadamente. Para testar a

homogeneidade dos dados, mais uma vez, o teste de Cochran foi empregado. Os

programas empregados nas análises foram Exel, SPSS e Statistica.

3- Resultados

3.1- Parâmetros abióticos

A temperatura média da água variou de modo semelhante em ambas as ilhas, ao

longo do período de estudo. O valor médio máximo foi de 29,2 ºC em fevereiro de

2007, mantendo-se acima de 25ºC no verão, e o valor mínimo foi de 22ºC em agosto,

mantendo-se abaixo de 25ºC no inverno, e esses valores foram significativamente

diferentes entre os meses do ano (ANOVA, F= 1897,53; P<0,001) (Fig. 1).

O índice de exposição às ondas calculado foi de 9 para Ilha Comprida, e 11 para

a Ilha das Flechas, que correspondem ao encontrado para ambientes rasos e expostos e

considerados adequados para o desenvolvimento de algas, segundo Oigman-Pszczol et

al., (2004). Além da ocorrência de ondas originadas por ventos pode haver incidência

Page 86: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

86

de ondas na região que não são originadas por ventos locais (Creed et al., 2007). A

turbulência das águas também foi observada em relação ao regime de correntes de

marés nos locais deste estudo, principalmente na Ilha das Flechas, onde notou-se um

freqüente movimento das frondes de Sargassum.

3.2- Estudo da fenologia

A estrutura populacional foi distinta entre os dois locais de estudo, porém, a

densidade de recrutas foi relativamente baixa em ambas as ilhas, quando comparado

com outras fases de vida de S. vulgare. Na Ilha das Flechas, onde a abundância de

recrutas foi significativamente maior que na Ilha Comprida, com uma tendência a

maior densidade desta fase nos meses de verão, porém esta sazonalidade não foi

significativa (Fig. 2a, b; Tabela 1a). Em relação aos talos juvenis, existiu uma interação

significativa entre tempo e local (Fig. 2a, b; Tabela 1b), isto é, houve uma variação em

termos de abundância, ao longo do tempo na Ilha das Flechas, enquanto que os juvenis

sempre foram raros ou ausentes somente na Ilha Comprida. Houve aumento

significativo (teste de Fisher) de juvenis no mês de fevereiro, na Ilha das Flechas.

Quanto aos talos adultos, de um modo geral foi constatada diferença significativa entre

locais, com maior abundância de S. vulgare na Ilha das Flechas. Também houve uma

diferença significativa em relação ao tempo (Fig. 2a, b; Tabela 1c). O teste de Fisher

mostrou que em ambas as ilhas houve maior abundância de talos adultos em dezembro.

O estudo da fenologia de Sargassum vulgare documentou um baixo número de

recrutas na população, apesar da continua produção de ramos com estruturas

reprodutivas pelos talos adultos na Ilha das Flechas e Ilha Comprida ao longo do ano.

Os resultados de ANOVA apresentaram uma interação significativa entre os fatores

Page 87: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

87

local, tempo e ramos (Tabela 2). De um modo geral, o percentual de ramos vegetativos

foi significativamente maior em todos os meses de estudo, com exceção do mês de

junho, quando a porcentagem de ramos férteis foi significativamente maior na Ilha

Comprida (Fig. 3a, b; ANOVA, F= 4,64; P= 0,04) e igual aos ramos vegetativos na Ilha

das Flechas. O teste de diferença entre médias de Fisher demonstrou que, na Ilha

Comprida, houve um aumento na porcentagem de ramos férteis em junho de 2007 e o

menor valor foi observado em janeiro. Na Ilha das Flechas, o aumento da produção de

ramos férteis foi observado para junho e julho.

Não havendo diferenças significativas entre ilhas, e o número máximo de eixos

principais por apressório (coalescentes) foram cinco, na Ilha das Flechas e quatro na

Ilha Comprida.

3.3- Recrutamento em placas de colonização

A taxa de recrutamento foi maior nas placas coletadas em intervalos de dois

meses. Nas placas coletadas em intervalos de um mês houve uma variação do

recrutamento com o tempo (ANOVA, F= 11,11; P<0,001), havendo maior abundância

em novembro (Fig 4 a). Nas placas expostas por dois meses, também houve variação

significativa em função do tempo (ANOVA, F= 6,54; P<0,001), sendo os meses de

novembro, dezembro de 2006 e junho de 2007 os que apresentaram as médias maiores

(Fig. 4 b).

Page 88: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

88

3.4- Herbivoria

Os experimentos de preferência alimentar por ouriços realizados no campo

revelaram a preferência significativa destes pelo consumo de talos recrutas de S.

vulgare, em relação às outras fases de vida desta alga (ANOVA, F= 19,24; P< 0,001).

Também foi observada a preferência por recrutas de Sargassum em relação à outra alga

Padina (ANOVA, F= 7,74; P= 0,03).

No experimento realizado com siris, houve consumo preferencial significativo

de talos adultos de S. vulgare em relação às suas outras fases (ANOVA, F= 4,13; P<

0,001) e em relação à Padina (ANOVA, F= 54,82; P< 0,001) (Fig. 5).

4- Discussão

1- Fenologia

A estrutura populacional de S. vulgare variou entre os locais estudados, e

apresentou uma relação clara quanto ao investimento em reprodução, baseado nos

dados obtidos sobre a porcentagem de ramos com estruturas reprodutivas e vegetativos

em ambas as populações estudadas. Na Ilha Comprida, a diminuta abundância de talos

recrutas e juvenis não condiz com o investimento na produção de ramos com estruturas

reprodutivas, ao longo do tempo. Esta fisionomia pode estar relacionada a uma alta

mortalidade na fase de assentamento, em função do alto grau de sedimentos

depositados no substrato neste local, principalmente no inverno (Capítulo 1). Os

sedimentos podem afetar negativamente a fixação de recrutas, principalmente na fase

de pós-assentamento, quando as algas são mais vulneráveis a este processo (Vadas et

Page 89: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

89

al., 1992; Amsler et al, 1992, Schiel et al., 2006). Os efeitos deletérios da sedimentação

podem estar relacionados ao soterramento, abrasão e diminuição da irradiância (Vadas

et al., 1992; Eriksson & Johansson, 2003).

A baixa irradiância também pode explicar a alta mortalidade de recrutas. A alta

concentração de sedimentos na Ilha Comprida pode ter gerado uma diminuição da

irradiância, como constatado por Schiel et al. (2006), através da correlação positiva

entre a abundância de sedimentos depositados no substrato e daqueles em suspensão.

Além disso, a baixa irradiância no local também pode ter sido agravada pelo

sombreamento da vegetação terrestre próximo a linha d`água, como observado em

muitos pontos do costão rochoso na região da Baía da Ilha Grande (Creed et al.,

2007c). A alta irradiância, em função da maior distância da vegetação terrestre

(aproximadamente 5 metros da linha d`água) e menor abundância de sedimentos

depositados no substrato são fatores que podem contribuir como aumento destas fases

de vida nesta população. Conseqüentemente, a reduzida densidade de recrutas e juvenis

e a menor abundância relativa de talos adultos eram esperadas para a Ilha Comprida. A

alta mortalidade de recrutas, por si, é um fato natural, como observado em estudos

sobre recrutamento de Sargassum realizados anteriormente em outros locais (De

Wreed, 1983; Ang & De Wreed, 1990; Kendrick, 1991a,b; Kendrick & Walker, 1994,

Ang, 1985b), assim como para outras Fucales como Fucus (Mc Cook and Chapman,

1992), Ascophyllum (Vadas et al., 1990; Viejo et al., 1999) e Turbinaria (Styger &

Payri, 2005).

Inclusive no Brasil, em área próxima à região de estudo, Paula & Eston (1987),

observaram uma redução drástica na densidade de recrutas de S. stenophyllum Martius.

Na Ilha das Flechas, a abundância de recrutas e juvenis foi relativamente maior, mas,

ainda assim, foi bastante reduzida se comparada a outros estudos sobre recrutamento de

Page 90: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

90

Sargassum, como por exemplo: 102 indivíduos.m-2 no oeste da Austrália (Kendrick &

Walker, 1994) e >200 indivíduos.m-2 no sudeste do Brasil (Paula & Eston, 1987).

O moderado grau de exposição às ondas e o fluxo de correntes, na Ilha das

Flechas, pode ser um fator positivo nesta população de S. vulgare, onde foi observada

uma maior densidade nas placas expostas e coletadas em intervalos de dois meses ao

invés de um mês. Vadas (1992) comenta a possibilidade dos recrutas serem viáveis por

muitos dias após a sua liberação e com isso terem sua dispersão favorecida em águas

turbulentas. A movimentação das águas quando moderada pode ser tolerada ou até

favorável competitivamente, conforme demonstrado por Norton (1983), que observou

uma maior resistência de recrutas de S. muticum ao deslocamento pela movimentação

das águas, devido à sua fixação através da liberação de mucilagem que permite uma

maior aderência ao substrato. A turbulência também pode diminuir o efeito deletério da

deposição de sedimentos (Scheil et al., 2006), que pode causar danos ao recrutamento e

ainda levar a um aumento na produtividade pelo aumento na disponibilidade de

nutrientes (Hurd, 2000). Contudo, em maiores proporções, o alto grau de turbulência

das águas pode levar ao deslocamento até mesmo dos talos maiores pelo aumento

proporcional da força de dragagem (Pratt & Johnson, 2002). Estes fatos podem ser

vinculados à variação temporal de talos juvenis e adultos, que tendem a apresentar

maiores abundâncias nos meses de verão, quando há menor incidência dos ventos fortes

do quadrante sul, principalmente na Ilha das Flechas que se encontra mais exposta.

A pressão de herbivoria é outro fator que pode ter levado a uma baixa densidade

de recrutas, juvenis e adultos. A maior abundância de potenciais herbívoros (ouriços e

siris) foi observada na Ilha Comprida a este estudo (Muniz, dados não publicados).

Neste caso, a influência dos herbívoros pode ter sido mais marcante no final do verão

(março), quando é esperada uma maior atividade, em função da alta temperatura da

Page 91: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

91

água do mar. Apesar do consumo por herbívoros a atividade destes pode ser reduzida

pela baixa tolerância a decréscimos na temperatura, mesmo em ambientes tropicais

(Brosnan, 1992). A herbivoria também pode estar exercendo um forte impacto sobre o

recrutamento principalmente pelo ouriço L. variegatus que mostrou preferência

alimentar sobre recrutas e talos juvenis do que por talos adultos. Os siris C. hellerii

demonstraram preferência por talos adultos, porém estes apresentaram uma variação

sazonal discreta. A preferência alimentar dos ouriços sobre S. vulgare foi determinado

em estudo preliminar no laboratório e confirmado no campo, logo, acredita-se que o

recrutamento pode ter sido baixo pela pressão de herbivoria. Como os ouriços eram

indivíduos pequenos e jovens, a quantificação de sua densidade no campo foi

imprecisa, devido à dificuldade de serem encontrados em pequenas fendas e entre

macroalgas. Na Ilha Comprida, esse fato é agravado pelo maior número de matacões

que aumentam a complexidade do habitat. Himmelman et al. (1983), também se

surpreenderam com os efeitos causados por pequenos ouriços (< 4mm) de

Strongylocentrotus droebachiensis (O.F. Muller, 1776) em seus experimentos de

campo, onde só foram eliminados indivíduos a partir de 10mm de diâmetro. De fato, a

densidade de ouriços pode ser associada à distribuição e biomassa de macrófitas, como

constatado por Palacín et al. (1998) para o ouriço Paracentrotus lividus (Lamarck,

1816).

A sazonalidade do recrutamento nas placas foi maior no período de verão

(novembro/dezembro) e inverno (junho), contudo somente no segundo período houve

maior investimento na produção de ramos reprodutivos. A grande porcentagem de

ramos com receptáculo presentes nem sempre representa necessariamente o esforço

reprodutivo, pois este pode ser compensado pelo número de receptáculos que cada talo

produz (Mathieson & Guo, 1992; Széchy, et al. 2006). A variação sazonal da

Page 92: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

92

abundância das fases de desenvolvimento de Sargassum, no entanto, pode ser

compensada pela regeneração de talos senescentes, a partir dos apressórios de talos

juvenis. Kendrick & Walker (1994), em um banco de Sargassum na Austrália,

verificaram que a regeneração deste era resultado não só da entrada de recrutas

provenientes de reprodução sexuada, mas também de regeneração de talos antigos a

partir de seus apressórios. Por outro lado, a variação sazonal na abundância de talos

adultos, em ambas as ilhas pode estar vinculada à alta mortalidade, relacionada à

senescência (Gillespie & Critchley, 1999). O acompanhamento do comprimento médio,

correlacionado positivamente com a biomassa (r= 0,59, n= 55, p<0,001 ), denota uma

queda natural das populações de S. vulgare durante os meses de inverno, logo após o

aumento no crescimento vegetativo no outono, e posterior tendência à regeneração no

verão. Portanto, a variação sazonal na densidade de talos de diferentes fases de vida e o

investimento em reprodução e recrutamento ainda podem estar relacionados à variação

na temperatura, como abordado em vários estudos em ambientes tropicais (De Wreed,

1976; Kimura et al., 1987; Glenn, et al., 1990; Martin-Smith, 1993; Vuki, et al., 1994;

Hwang, et al., 2004).

A fenologia das populações de S. vulgare neste estudo, contrastou com

resultados de outros trabalhos realizados no Brasil. Paula & Oliveira Filho (1980)

constataram queda na massa seca e no comprimento, no verão e outono, e aumento de

ramos reprodutivos no final da primavera, numa população de S. cymosum C. Agardh,

no litoral norte do Estado de São Paulo. Em populações de S. furcatum Kützing, no

litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, houve um aumento vegetativo no verão e

perda total das frondes no inverno (Godoy e Coutinho, 2002). Amado-Filho et al.

(2003) encontrou diferentes padrões sazonais quanto aos maiores valores de biomassa

entre populações de Sargassum spp., dentro de cinco localidades na Baía de Sepetiba.

Page 93: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

93

Széchy et al. (2006) encontrou padrões fenológicos semelhantes aos observados neste

estudo para outras populações de S. vulgare na Baía da Ilha Grande. Sendo assim, a

grande variação de padrões fenológicos, pode não só estar ligada a fatores intrínsecos

da população, como também depender de vários fatores ambientais.

A coalescência dos apressórios foi aparentemente comum, na área de estudo,

sugerindo ser vantajosa esta forma de recrutamento sobre os apressórios. A

coalescência pode ocorrer, inclusive, entre indivíduos com diferentes fases de

desenvolvimento, com a fixação de esporos em bases adultas, mesmo em condições de

sombreamento e varredura proveniente da fronde adulta (Santelices, 2004). Desse

modo, a coalescência entre indivíduos pode sim ser um reflexo de uma estratégia

adaptativa a distúrbios ambientais freqüentes, como por exemplo, o soterramento e a

herbivoria (Maggs & Cheney, 1990; Muñoz & Santelices, 1994, Styger & Payri, 2005).

Indivíduos coalescentes podem ainda emitir eixos eretos maiores e mais rapidamente

do que os indivíduos não coalescentes. (Santelices, 2004). De fato, a coalescência pode

ser um caso comum em Sargassum, visto que, no processo de dispersão os

embrioesporos são maiores e mais pesados, afundando rapidamente (Vadas, 1992).

Deysher & Norton (1982) observaram que S. muticum, tende a ter uma maior fixação

de recrutas próximo à alga parental. O mesmo padrão foi observado por Kendrick &

Walker (1991), num estudo sobre dispersão de propágulos de S. spinuligerum, na

Austrália. Em Sargassum, a coalescência é comumente observada entre indivíduos por

meio dos apressórios (Arenas & Fernandez, 2000). Sendo assim, os estudos fenológicos

e principalmente aqueles que enfocam a densidade populacional (auto-desbaste ou

´self-thinning`) de Sargassum, carecem de maior atenção quanto a este aspecto.

Portanto, sem um estudo genético detalhado não se pode determinar a taxa de

coalescência nem o montante do investimento parental.

Page 94: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

94

Para concluir, o grande investimento em ramos vegetativos explica a

manutenção da população. Contudo, o investimento nos ramos reprodutivos de S.

vulgare, em ambos locais estudados, não refletem o recrutamento na região, que

aparentemente é limitado em ambas populações estudadas. Entretanto, a regeneração de

talos remanescentes pelos seus apressórios pode ser uma forte estratégia para a

manutenção da estrutura populacional nesta região, o que não foi devidamente avaliada

neste estudo, pela não discriminação entre talos juvenis propriamente ditos e talos em

fase de regeneração. Ainda, a competição entre diferentes fases de vida de Sargassum

através da varredura dos talos adultos sobre recrutas e juvenis é outro fator que merece

posterior atenção, principalmente na Ilha das Flechas, local cuja movimentação das

águas é maior. A coalescência dos talos de Sargassum, por outro lado, deve ser uma

forma de estratégia importante na manutenção da estrutura destas populações,

entretanto, este fator merece uma avaliação genética.

A colonização de S. vulgare no substrato naturalmente coberto por algas

formadoras de denso tapete, representadas pelas algas calcárias articuladas, deve ser

particularmene observada em trabalhos posteriores. Estas algas com crescimento

emaranhado podem favorecer o recrutamento (Benedetti-Cecchi & Cinelli, 1992) ou ao

reterem sedimentos, podem inibir o recrutamento de outras algas (Schonbeck &

Norton, 1980). O soterramento por sedimentos finos pode interferir no recrutamento na

Ilha Comprida, porém a herbivoria é um outro fator que pode estar atuando em ambas

as ilhas, como observado neste trabalho, principalmente pelo ouriço L. variegatus.

Porém, a pressão de herbivoria é um fator que deve ser observado com mais atenção,

devido à presença de herbívoros de menor porte que podem influenciar na estrutura da

população.

Page 95: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

95

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (Capes), aos colegas de laboratório, principalmente pela

colaboração nos trabalhos de campo. Ao Projeto Mergulhar e à operadora de mergulho

Frade Diver. Ao amigo João Bosco Ferreira e sua família, pelo apoio logístico no

campo. E à Escola Nacional de Botânica Tropical – Instituto de Pesquisas do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro.

Page 96: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

96

Referências bibliográficas

Aguilar-Rosas, R. & Galindo, A.M., 1990. Ecological aspects of Sargassum muticum

(Fucales – Phaeophyta) in Baja Califórnia, México: reproductive phenology and

epiphytes. Hydrobiologia 204/205, 185-190.

Amado Filho, G.M.; Barreto, M.B.B.B.; Marins, B.V.; Felix, C & Reis, R.P., 2003.

Estrutura das comunidades fitobentônicas do infralitoral da Baía de Sepetiba, RJ,

Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26, 329-342.

Amsler, C.D., Reed, D.C. Neushul, M., 1992. The microclimate inhabited by

macroalgal propagules. Bristsh Phycological Journal 27, 253-270.

Ang Junior, P.O., 1985a. Phenology of Sargassum siliquosum J. Ag. And S.

paniculatum J. Ag. (Sargassaceae, Phaeophyta) in the reef flat of Balibago

(Calatagan, Philippines). In Proceedings of V International Coral Reef Congress

(V.M. Harmelin. & B. Salvat, eds.) Antenne Museum – EPHE, Moorea, v.5, p.51-

57.

Ang Junior, P.O., 1985b. Studies of the recruitment of Sargassum spp. (Sargassaceae,

Phaeophyta) in Balibago, Calatagan, Philippines. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 91, 293-301.

Ang Junior, P.O. & De Wreed, R.E., 1990. Matrix models for algallife history stages.

Marine Ecology Progress Series 59, 171-181.

Arenas, F. & Fernández, C., 2000. Size structure and dinamics in a population of

Sargassum muticum (Phaeophyta). Journal of Phycology 36, 1012-1020.

Benedetti-Cecchi, L. & Cinelli, F., 1992. Effects of canopy cover, herbivores and

substratum type on patterns of Cystoseira spp. Settlement and recruitment in littoral

rockpools. Marine Ecology Progress Series 90, 183-191.

Page 97: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

97

Brawley, S.H. & Johnson, L.E. 1991. Survival of fucoid embryos in the intertidal zone

dependes upon developmental stage and microhabitat. Journal of Phycology. 27:

179-186.

Brosnan, D.M., 1992. Ecology of tropical rocky shores: plant-animal interactions in

tropical and temperate latitudes. Plant-Animal interactions in the marine benthos.

(ed. D.M. John, S.J. Hawkins and J.H. Price). Clarendon Press, Oxford.

Campos, N. H. & Turkay, M., 1989. On a record of Charybdis helleri from the

Caribbean coast of Colombia. Senckenbergiana. Maritima 20, 119-123.

Chapman, A.R.O., 1990. Effects of grazing canopy cover and substratum type on the

abundances of common species of seaweeds inhabiting littoral fringe tide pools.

Botânica Marina. 33, 319-326.

Creed, J.C. & Oliveira, A.E.S., 2007a. Uma metodologia e análise de impactos

ambientais. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.),

Biodiversidade marinha da baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente -

Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de Conservação

da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 349-377 pp.

Creed, J.C. & Oliveira, A.E.S., 2007b. Índice geográfico e descrição dos locais de

estudo. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.), Biodiversidade

marinha da baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente - Secretaria

Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de Conservação da

Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 75-107 pp.

Creed, J.C.; Ramos, R.A.; Casares, F.A. & Oliveira, A.E.S., 2007c. Características

ambientais: substrato da orla costeira. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo,

M.A.O. (Eds.), Biodiversidade marinha da baía da Ilha Grande. Ministério do Meio

Page 98: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

98

Ambiente - Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de

Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 133-151 pp.

De Wreed, R.E., 1976. Phenology of three species of Sargassum (Sargassaceae,

Phaeophyta) in Hawaii. Phycologia 15, 175-183.

De Wreed, R.E., 1983. Sargassum muticum (Fucales, Phaeophyta): regrowth and

interactions with Rodomela larix (Ceramiales, Rhodophyta). Phycologia 22: 153-

160.

Deysher, L. & Norton, T. A., 1982. Dispersal and colonization in Sargassum muticum

(Yendo) Fensholl. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 50, 179-

195.

Eriksson, B.K. & Johansson, G., 2003. Sedimentation reduces success of Fucus

vesiculosus (Phaeophyceae) in Baltic Sea. European Journal of Phycology 38, 217-

222.

Figueiredo, M.A.O.; Barreto. M.B. & Reis, R.P., 2004. Caracterização das macroalgas

nas comunidades marinhas da área de Proteção Ambiental de Cairuçú, Parati, RJ –

subsídios para futuros monitoramentos. Revista Brasileira de Botânica 27(1), 11-17

Figueiredo, M.A.O. & Tâmega, F.T.S., 2007. Macroalgas Marinhas. In: Creed, J.C.;

Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.), Biodiversidade marinha da baía da Ilha

Grande. Ministério do Meio Ambiente - Secretaria Nacional de Biodiversidade e

Florestas - Departamento de Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade 23.

Brasília. 153-180 pp.

Fletcher, R.L. & Callow, M. E., 1992. The Settlement, attachment and establishment of

marine algal spores. British Phycological Journal. 27, 303-329.

Page 99: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

99

Gillespie, R.D. & Critchley, A.T., 1999. Phenology of Sargassum spp. (Sargassaceae,

Phaeophyta) from Reunion Rocks, Kwazulu, Natal, South Africa. Hydrobiologia

399, 201-210.

Glenn, E.P; Smith, C.M. & Doty, M.S., 1990. Influence of antecedent water

temperatures on standing crop of a Sargassum spp. Dominated reef flat in Hawaii.

Marine Biology 105, 323-328.

Godoy, E.A.S. & Coutinho, R. 2002. Can artificial beds of plastic mimics compensate

for seasonal absence of natural beds of Sargassum furcatum? ICES Journal of

Marine Science 59: 111-115.

Gomez, O. & Martinez-Iglesias. J. C. 1990. Reciente hallazgo de la especie

Indopacifica Charybdis helleri (A. Milne Edwards, 1867) (Crustacea: Decapoda:

Portunidae) en aguas Cubanas. Caribbean Journal of Science 26: 70-72.

Himmelman, J.H.; Cardinal, A. & Bourget, E. 1983. Community development

following removal of urchins, Strongylocentrotus droebachiensis, from the rochy

subtidal zone of the St. Lawrence Estuary, Eastern Canada. Oecologia 59: 27-39.

Hurd, C.L. 2000. Water motion, marine macroalgal physiology, and production.

Journal Phycology 36: 453-472.

Hwang, R.L.; Tsai C.C. & Lee, T.M. 2004. Assessment of temperature and nutrient

limitation on seasonal dynamics among species of Sargassum from a coral reef in

southern Taiwan. Journal of Phycology 40: 463-473.

Jones, C.G.; Lawton, J. H. & Shachak, M., 1994. Organisms as ecosystem engineers.

Oikos. 69, 373-386.

Jones, C.G.; Lawton, J. H. & Shachak, M., 1997. Positive and negative effects of

organisms as physical ecosystem engineers. Ecology 78(7), 1946-1957.

Page 100: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

100

Kendrick, G.A., 1991. Dispersal distances for propagules of Sargassum spinuligerum

(Sargassaceae, Phaeophyta) measured directly by vital staining and venture suction

sampling. Marine Ecology Progress Series 79: 133-138.

Kendrick, G.A. & Walker, D.I., 1991. Role of recruitment in structuring beds of

Sargassum spp. (Phaeophyta) at rottenest island, Western Australia. Journal of

Phycology 30, 200-208.

Kendrick, G.A., 1994a. Effects of propagule settlement density and adult canopy on

survival of recruits of Sargassum spp. (Sargassaceae: Phaeophyta). Marine Ecology

Progress Series 103, 129-140, 1994.

Kendrick, G.A., 1994b. Role of recruitment in structuring beds of Sargassum spp.

(Phaeophyta) at Rottnest Island, western Australia. Journal of Phycology 30, 200-

208.

Kimura, T.; Orosco, C.A. & Ohno, M., 1987. Ecological study of Sargassum okamurae

Yoshida et T. Konno in Tosa Bay, Japan. Report Usa Marine Biology Institute

Kochi University 9: 149-167.

Lemaitre, R., 1995. Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867), A nonindigenous

portunid crab (Crustacea: Decapoda: Brachyura) discovered in the Indian River

Lagoon System in Florida. Proceedings of the Biolical Society of Washington 108,

643-648.

Lowe, E.F. & Lawrence, J.M, 1976. Absortion efficiencies of Lytechinus variegatus

(Lamarck) (Echinodermata, Echinoidea) for selected marine plants. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 21, 223-234.

Lüning, K., 1990. Seaweeds: their environment, biogeography, and ecophysiology.

John Wiley & Sons, New York.

Page 101: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

101

MacCook, L. & Chapman, 1992. Vegetative regeneration of Fucus rockweed canopy as

a mechanism of secondary succession on an exposed rocky shore. Botanica Marina

35, 35-46.

Maggs, C.A. & Cheney, D.P., 1990. Copetition studies of marine macroalgae in

laboratory culture. Journal of Phycology 26, 18-24.

Martin-Smith, K.M., 1993. The phenology of four species of Sargassum at Magnetic

Island, Australia. Botanica Marina 36, 327-334.

Mathieson, A.C. & Guo, Z., 2006. Patterns of fucoid reproductive biomass allocation.

Britsh Phycological Journal. 27:271-292.

Muniz, R.A; Gonçalves, J.E.A. & Széchy, M.T.M., 2003. Variação temporal de

macroalgas epífitas em Sargassum vulgare C. Agardh (Phaeophyta, Fucales) da

Praiha, Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, Brasil. Iheringia 58, 13-24.

Muñoz, A.A. & Santelices, B., 1994. Quantification of the effects of sporeling

coalescence on the early development of Gracilaria chilensis (Rhodophyta) Journal

of Phycology 30, 387-392.

Norton, T. A., 1983. The resistance to dislodgement of Sargassum muticum germlings

under defined hydrodynamic conditions. Journal of the Marine Biological

Association of the United Kingdom 61, 929-940.

Palacín, C.; Giribet, G.; Carner, S.; Dantart, L. & Turon, X., 1998. Low densities of sea

urchins influence the structure of algal assemblages in western Mediterranean.

Journal of Sea Research 39, 281-290.

Paula, E. J. & Eston, V.R. 1987. Are there other Sargassum species potentially as

invasive S. muticum? Botanica Marina 30: 405-410.

Page 102: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

102

Paula, E. J., 1989. Secondary succession on an exposed rocky intertidal algal

community of the State of São Paulo (Brazil). Boletim de Botânica da Universidade

de São Paulo 11, 1-9.

Pereira, R.C.; Soares, A.R.; Teixeira, V.L.; Vilaça, R. & Gama, B.A.P., 2004. Variation

in chemical defenses against herbivory in southwestern Atlantic Stypopodium

zonale (Phaeophyta). Botanica Marina 47, 202-208.

Pratt, M.C. & Johnson, A.S., 2002. Strength, drag, and disalodgment of two competing

intertidal algae from two competing intertidal algae from two wave exposures and

four seasons. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 272, 71-101.

Prince, J.S. & O´Neal, S.W., 1979. The ecology of Sargassum pteropleuron Grunow

(Phaeophyta, Fucales) in the waters off South Florida. Phycologia 18(2), 109-114.

Schiel, D.R.; Wood, S.A.; Dunmore, R.A. & Taylor, D.I., 2006. Sediment on rocky

intertidal reefs: Effects on early post-settlement stages of habitat-forming seaweeds.

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 331,158-172.

Shonbeck, M.W. & Norton, T.A., 1980. Factors controlling the lower limits of fucoid

algae on the shore. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 43, 131-

150.

Styger, V. & Payri, C., 2005. Natural settlement dynamics of a yang population of

Turbinaria ornata and phenological comparisons with older populations. Aquatic

Botany 81, 225-243.

Széchy, M.T.M. & Cordeiro Marino, M. 1991. Feofíceas do litoral norte do estado do

Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 18: 205-241.

Széchy, M.T.M. & Paula, E.J., 2000. Macroalgas associadas a bancos de Sargassum C.

Agardh (Phaeophyta, Fucales) do litoral dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo,

Brasil. Hoehnea 27, 235-257.

Page 103: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

103

Széchy, M.T.M.; Galliez, M. & Marconi, M.I., 2006. Quantitative variables applied to

phenological studies of Sargassum vulgare C. Agardh (Phaeophyceae – Fucales)

from Ilha Grande Bay, State of Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Botânica 29,

27-37.

Tavares, M. & Amouroux, J.M., 2003. First record of the non-indigenous crab

Charybdis hellerii (A. Milne Edwards, 1867) from French Guyana (Decapoda,

Brachyura) Portunidae). Crustaceana, Leiden, 76 (3), 625-630.

Tommasi, L.R., 1990. Efeitos antrópicos sobre o ecossistema marinho das regiões

sudeste-sul do Brasil. In Anais do II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e

Sudeste Brasileira: estrutura, função e manejo (S. Watanabe, coord.). Academia de

Ciências do Estado de São Paulo, São Paulo, v.1, p.53-54.

Vadas, R. L., 1980. Herbivory. In: Littler, M.M. & Littler, D.S. (eds) Phycological

Methods. Ecological field methods: Macroalgae. Cambridges University Press.

Cap: 26. p.532-536.

Vadas, R. L.; Whight, W.A. & Miller, S.L., 1990. Recruitment of Ascophylum

nodosum: wave action as a source of mortality. Marine Ecology Progress Series 61,

623-272.

Vadas, R. L., 1992. Recruitment and mortality of early post-settlement stages of

benthic algae. Bristish Phycologcal Journal 27, 331-351.

Viejo, R.M.; Aberg, P.; Crevin, G.Lindergarth, M., 1999. The interactive effects of

adult canopy, germling density and grazing on germiling survival of the rockweed

Ascophyllum nodosum. Marine Ecology Progress Series 187: 113-120.

Page 104: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

104

Vuki, V.C. & Price, I. R., 1994. Seasonal changes in the Sargassum populations on a

fringing coral reef, Magnetic Island, Great Barrier Reef region, Australia. Aquatic

Botany 48, 153-166.

Yoshida, T., 1983. Japanes species of Sargassum subgenus Bactrophycus (Phaeophyta

– Fucales). Journal of the Faculty Science Hokkaido University Serie V. Botany 13,

99-246.

Yoshida, G.; Murase, N.; Arai, S. & Terawaki, T., 2004. Ecotypic differentiation in

maturation seasonality among Sargassum horneri (Fucales – Phaeophyta)

populations in Hiroshima Bay, seto Inland Sea, Japan. Phycologia 43(6), 703-710.

Zar, J.H. 1984. Bioestatistical analysis. 2nd ed. Prentice-Hall International, London,

718pp.

Page 105: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

105

Tabelas

Tabela 1: Análise de variância bifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida- IC e das

Flechas- IF), e tempo (entre outubro de 2006 e outubro de 2007), em relação a abundância de

talos recrutas na população de Sargassum vulgare. GL= grau de liberdade; MQ= média dos

quadrados, F= valor calculado, P= nível de significância.

A- Recrutas Gl MQ F P

Local 1 2,84 x10-18 11,34 0,001

Tempo 8 2,703 x 10-17 1,08 0,38

Local x Tempo 8 1,802 x 10-17 0,72 0,68

Erro 161 2,51 x 10-17

B- Juvenis

Local 1 120, 05 60,57 <0,001

Tempo 8 3,13 1,58 0,13

Local x Tempo 8 4,75 2,39 0,02

Erro 162 1,98

C- Adultos

Local 1 688,20 104,63 <0,001

Tempo 9 49,05 7,48 <0,001

Local x tempo 9 10,8 1,63 0,11

Erro 180 6,58

Page 106: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

106

Tabela 2: Análise de variância trifatorial entre os fatores: local (Ilhas Comprida e das Flechas),

tempo (meses entre outubro de 2006 e outubro de 2007), e ramo (ramos com estruturas

reprodutivas e ramos vegetativos) de Sargassum vulgare. GL= grau de liberdade; QM= média

dos quadrados, F= valor calculado, P= nível de significância

Gl MQ F P

Local 1 1,1 x 10-15 0,01 0,92

Ramo 1 9,02 x 10-19 796,3 < 0,001

Tempo 9 4,14 x 10-16 0,36 0,95

Local x Ramo 1 1,36 x 10-16 1,20 0,27

Local x Tempo 9 1,06 x 10-17 0,94 0,49

Ramo x Tempo 9 1,85 x 10-18 16,3 < 0,001

Local x Ramo x Tempo 9 3,98 x 10-17 3,51 < 0,001

Erro 1000 1,13 x 10-17

Page 107: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

107

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

O N D J F M A M J J A S O

Tem

pera

tura

(C

)

IC

IF

Figura 1: Variação da temperatura da água do mar, entre os meses de outubro de 2006 e

outubro de 2007, na Ilha das Flechas (IF) e Ilha Comprida (IC). (Média ± desvio

padrão, n= 225).

Figura 2: Variação na densidade (n°. /0,25m-2) de recrutas, bases e talos adultos de Sargassum

vulgare nas ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), entre os meses de outubro 2006 a outubro de

2007. (Média + erro padrão, n = 10). As letras acima das colunas de ‘a-d’ se referem às

diferenças significativas entre médias no teste de Fisher para juvenis; ‘e-n’ se referem às

diferenças entre médias de adultos e (?) significa meses com dados ausentes.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

O N D J F M A M J J A S O

Densid

ade (

0,2

5m

2)

recrutas

juvenis

adultos

A- Ilha Comprida

? ? ?

e fg

ij

kl m

n n

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

O N D J F M A M J J A S O

Densid

ade (

0,2

5m

2)

B- Ilha das Flechas

? ? ?

aa

ab

c d d d d

e ee

ef

g

hi

j k

Page 108: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

108

Figure 3: Investimento percentual (% por 0.25m-2) nos ramos com estruturas reprodutivas dos

talos adultos de S. vulgare nas ilhas Comprida (A) e das Flechas (B), nos mêses entre outubro

de 2006 e abril de 2007. Média ± desvio padrão, (n = 10). Os dados referentes aos meses de

março, maio e agosto não estão presentes.

Figura 4: Densidade de recrutas de S. vulgare em placas (191 cm2) colocadas no sublitoral e

retiradas em intervalos de um mês (A) e dois meses na Ilha das Flechas (B). Média + erro

padrão (n= 6). Letras distintas acima das colunas indicam médias significativamente diferentes

pelo teste de Fisher.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

N D J F A J A O

De

ns

ida

de

de

re

cru

tas

(1

91

cm

)

a

a

a

B - 2 meses

b b b

b b

0

20

40

60

80

100

O N D J F

De

ns

ida

de

de

re

cru

tas

(1

91

cm

)

b

A - 1 mês

aa a a

0

20

40

60

80

100

O N D J F A J J S O

Ra

mo

s(%

)

A - Ilha Comprida

e

a a bc

dd

e ee

0

20

40

60

80

100

O N D J F A J J S O

Ra

mo

s (

%)

B- Ilha das Flechas

ab

b bc c

d

e e e

Page 109: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

109

Figura 5: Porcentagem de volume (ml) consumido de talos recrutas, juvenis e adultos de S.

vulgare por ouriços (A) e siris (B). (Média + erro padrão, n= 5). Foi incluído um herbívoro por

gaiola.

0

20

40

60

80

R J A

% v

olu

me

co

ns

um

ido

(m

l) Sargassum

PadinaA - ouriço

0

20

40

60

80

R J A% v

olu

me

co

ns

um

ido

(m

l)

B - Siri

Page 110: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

110

CAPÍTULO 3

EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE C. AGARDH

(FUCALES - OCHROPHYTA) ASSOCIADOS À HERBIVORIA,

VARREDURA E SOMBREAMENTO NAS ALGAS DO ESTRATO

INFERIOR DA COMUNIDADE BENTÔNICA.

Muniz, R. de A.1;. Kendrick, G. A.2 & Figueiredo, M. A.de O3

1- Escola Nacional de Botânica Tropical, [email protected],

2-Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, [email protected]

3- University of Western Australia, [email protected]

Artigo a ser submetido ao

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology

Page 111: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

111

Resumo

A herbivoria assim como a presença de algas formadoras de dosséis são fatores

importantes, que influenciam direta ou indiretamente a estrutura de muitas

comunidades marinhas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi testar o efeito do

dossel de Sargassum vulgare em relação à varredura, sombreamento e herbivoria,

considerando a densidade da meso-fauna associada e a preferência alimentar. A

herbivoria foi testada medindo-se o consumo de talos juvenis de S. vulgare e Padina

gymnospora, em áreas com e sem dossel e em dois locais de estudo. O efeito do dossel

nestas algas do estrato inferior foi ainda avaliado quanto à varredura e ao

sombreamento, usando-se mímicas plásticas e simulando níveis de irradiância. A

pressão de herbivoria foi maior na Ilha Comprida, onde o costão rochoso é mais

heterogêneo do que na Ilha das Flechas. O grupo morfo-funcional de algas

preferencialmente consumido foi o das filamentosas. Apesar da alta densidade de

invertebrados na meso-fauna sob os dosséis, não houve relação entre estes e o consumo

das algas do estrato inferior. O sombreamento pelo dossel de Sargassum limitou a

produtividade e deve ter interferido na abundância relativa das algas do estrato inferior,

ao invés da varredura ou da herbivoria associada, principalmente da alga foliácea P.

gymnospora.

Palavras chaves: Costão rochoso, herbivoria, mesofauna, Sargassum vulgare,

sombreamento, varredura.

Page 112: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

112

Abstract

The herbivory as well as the presence of canopy algae are very important factors

influencing directly or indirectly the structure of many marine communities. Therefore,

the aim of this study was to test canopy effects of Sargassum vulgare related to

sweeping, shading and herbivory, considering associated meso-fauna and feeding-

preference. Herbivory was tested measuring consumption of young Sargassum thallus

and Padina gymnospora thalli in areas with and without canopy in two studied sites.

Canopy effect on these understorey algae was also tested in relation to sweeping and

shade, using plastic mimics and simulating irradiance levels. Herbivore pressure was

higher in Comprida island, where the rocky shore is more heterogenous than in Flechas

island, and filamentous algae were preferencially consumed was the filamentous.

Despite of a high density of invertebrates in the meso-fauna under the canopies, there

was no relationship between their presence and the consumption of understorey algae.

Shading by the Sargassum canopy limited the productivity and might have interfered in

the relative abundance of understorey algae, and not sweeping or associated herbivory,

mainly of the foliose algae P. gymnospora.

Key words: Rocky shores, mesofauna, herbivory, Sargassum vulgare, shading,

sweeping,

Page 113: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

113

1- Introdução

A herbivoria é um importante fator que influencia direta ou indiretamente a

abundância e estrutura de muitas comunidades de macroalgas marinhas (Hay, 1986;

Hay, 1997; Brawley, 1992; Vadas & Elner, 1992). O efeito da herbivoria na

associação de algas depende de muitos fatores, como a natureza e densidade dos

herbívoros, a suscetibilidade das algas ao herbívoro e a taxa de crescimento da alga

(Brosnan, 1992). A preferência alimentar do herbívoro e as habilidades competitivas

dos diferentes grupos de algas da comunidade também são determinantes

(Lubchenco, 1978; Shunula & Ndibalema, 1986). Entretanto, a preferência alimentar

destes é determinada não somente pelos atributos intrínsecos à planta e pela biologia

do herbívoro em si, mas também pelo contexto ambiental (Pérez-Harguindeguy, et

al., 2003).

A herbivoria pode ainda ser um fator determinante na resistência dos

ecossistemas marinhos frente ao crescente impacto global da poluição orgânica,

contendo a proliferação excessiva de algas efêmeras, levando à alteração nas

fisionomias das respectivas comunidades (Worm & Lotze, 2006). O sombreamento

exercido pelos dosséis de algas dominantes nos bancos de macroalgas também pode

exercer esta função nos ecossistemas marinhos (Connell, 2003). As frondes destas

algas também podem modificar variáveis biológicas pela varredura do substrato

(Kennelly, 1989; Kiirikki, 1996). Sendo assim, o dossel destas algas pode

influenciar direta ou indiretamente a intensidade de herbivoria nas algas associadas

pela atração ou repulsão de herbívoros (Vadas & Elner, 1992; Gagnon, et al., 2003;

Taylor & Schiel, 2005). As macroalgas formadoras de dossel podem afetar a meso-

fauna encontrada nas algas do estrato inferior pela modificação de fatores físicos,

Page 114: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

114

tais como: espaço habitado (Jones et al., 1997), quantidade e qualidade de

irradiância (Lüning & Dring, 1985; Kennelly, 1989; Clark et al., 2004) e fluxo de

água (Duggins et al., 1990). Estes três fatores, portanto, podem atuar em sinergia na

estrutura da comunidade de macroalgas associadas (Cervin, et al., 2004; Eriksson, et

al., 2007).

Em ambientes tropicais peixes e ouriços são os herbívoros dominantes, enquanto

que, em ambientes temperados, moluscos e ouriços são os mais representativos

(Brosnan, 1992). Os ouriços são particularmente notados por causarem grande

influência sobre as populações de algas (Paine & Vadas, 1969; Hughes et al., 1987;

Dean et al., 1989; Oliveira, 1991). Os siris também são forrageadores eficientes,

causando efeitos em geral nas algas foliáceas (Brosnan, 1992) nos ambientes tropicais.

Os mesoherbívoros, definidos como invertebrados maiores que os copépodos e com

tamanho máximo de 2,5cm (como por exemplo: pequenos siris, camarões, anfípodas,

isópodes, larvas de dípteras, moluscos e poliquetas), quando alcançam densidades

muito altas, podem também causar efeitos marcantes na associação de algas (Brawley,

1992).

De um modo geral, a alta densidade de herbívoros e o alto consumo das macroalgas

pode levar à formação de áreas nuas (Hay, 1981; Hay et al., 1983; Hagen, 1995), onde

somente as algas calcárias incrustantes conseguem sobreviver. Enquanto que, a baixa

densidade de herbívoros, e conseqüentemente a diminuição ou até ausência de

consumo, pode levar à uma proliferação excessiva de algas efêmerase oportunistas, que

podem causar efeitos negativos nas comunidades marinhas bentônicas (Eriksson et al.,

2007). A preferência alimentar de herbívoros por algas palatáveis e rejeição de algas

com defesas químicas, a exemplo de Sargassum, foram relativamente bem explorados

(revisão em Fenical, 1992).

Page 115: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

115

No Brasil, foram realizados alguns estudos sobre densidade e distribuição da fauna

associada às populações de Sargassum (Széchy et al. 2001; Ferreira et al., 2001; Godoy

& Coutinho, 2002; Tanaka & Leite, 2003), assim como estudos sobre preferência

alimentar (Oliveira, 1991; Ferreira, 1998) e aqueles relacionados às defesas químicas

anti-herbivoria (Pereira & Yoneshigue-Valentin, 1999; Pereira, et al., 2000; Pereira et

al., 2002; Pereira et al., 2004). Contudo, trabalhos sobre herbivoria associada aos

efeitos de varredura ou sombreamento do dossel na estrutura das comunidades

bentônicas brasileiras ainda são de suma importância para o melhor entendimento sobre

a dinâmica das comunidades bentônicas dominadas por Sargassum. Visto que, este

gênero de macroalga é considerado o mais importante em termos de abundância em

costões rochosos do litoral sudeste (Paula & Eston, 1987; Széchy & Paula, 2000a;

Amado Filho et al., 2003). Neste sentido, os objetivos deste trabalho foram avaliar os

efeitos diretos (luz e varredura) ou indiretos do dossel na pressão de herbivoria nas

associações de algas em duas comunidades. Para tal, formularam-se hipóteses, baseadas

em resultados anteriores (Capítulo 1), a saber: (1) a presença do dossel de Sargassum

influencia positivamente no consumo das macroalgas no seu estrato inferior, através da

maior concentração da meso-fauna sob este dossel; (2) macroalgas oportunistas do

estrato inferior aumentam sua produtividade em função do aumento no nível de

irradiância pela remoção do dossel; (3) A varredura das frondes de S. vulgare reduz a

abundância das macroalgas oportunistas do estrato inferior.

Page 116: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

116

2- Materiais e métodos

2.1- Área de estudo

Este estudo foi realizado no sublitoral raso das Ilhas das Flechas (22○ 57` S, 44○

21` O) e Ilha Comprida (22○ 57` S, 44○ 22` O) na região de Bracuí, localizada na Baía

da Ilha Grande, Estado do Rio de Janeiro. O primeiro local é exposto à ação de

moderadas ondulações e correntes, o substrato duro compõe-se de granito e se extende

até 5m de profundidade. Neste, um denso banco de Sargassum vulgare C. Agardh com

talos de tamanho médio, aproximadamente 40cm de comprimento, cobre uma faixa

contínua. O segundo local é mais abrigado e apresenta substrato mais heterogêneo,

formado por matacões de granito, dispostos irregularmente e cobertos também por S.

vulgare, com talos dispostos de modo esparso e, em alguns pontos ultrapassando 1m de

comprimento. A temperatura do fundo alcança valores médios máximos nos meses de

verão (29ºC em fevereiro de 2007), e mínimos no inverno (22ºC em agosto). O

acúmulo de sedimentos finos, depositado no substrato é maior na Ilha Comprida,

principalmente no inverno. A salinidade oscila entre 34 a 35, respectivamente nas

águas superficiais e de fundo, nas duas ilhas. A irradiância máxima medida na presença

e ausência do dossel de S. vulgare, varia respectivamente, entre 292 e 413 µmol.m-2.s-1.

Abaixo do dossel apenas de 18 - 23% da irradiância incidente foi medida.

No estrato inferior da população de S. vulgare, dominam as algas calcárias

articuladas, cobertas geralmente por epífitas filamentosas e foliáceas. Na Ilha

Comprida, espécies de Ceramium são os principais componentes dentre as algas

filamentosas, e na Ilha das Flechas, Padina e Dictyota, são as principais algas foliáceas.

De um modo geral, outras algas são menos abundantes no estrato inferior da

Page 117: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

117

comunidade, como as algas coriáceas (Sargassum em fase juvenil), crostas calcárias e

as algas cilíndrico corticadas, representadas principalmente pela espécie Asparagopsis

taxiformis (Delile) Trevisan de Saint-Léon, Dichotomaria marginata (J.Ellis & Sol.)

J.V. Lamour. e Laurencia obtusa (Huds) J.V. Lamour.

A fauna séssil incrustante é composta principalmente por zoantídeos, poríferos e

cirripédios. A fauna vágil é composta principalmente por gastrópodes, anfípodas e

pequenos ouriços (meso-fauna), além do ouriço Lytechinus variegatus (Lamarck,

1816), os siris Charibdys hellerii (A. Milne-Edwards, 1867) e Cronius ruber (Lamarck,

1818). Os seguintes peixes herbívoros foram, particularmente, os mais observados no

presente estudo (D. S. Abrantes observação pessoal): Kyphosus sectatrix (Linnaeus,

1758); K. incisor (Curvier, 1831); Stegastes fuscus (Curvier, 1830); Scartella cristata

(Linnaeus, 1758) e Mugil curema Valenciennes, 1836. Contudo, estudos sobre a

densidade destas populações na região da Baía da Ilha Grande são necessários, para

avaliar a pressão de herbivoria, em função do impacto da atividade pesqueira, que é

acentuado, como demonstrado em estudo realizado por Creed & Oliveira (2007).

2.2- Pressão de herbivoria nos locais de estudo

De modo a selecionar o local para realizar os experimentos, testou-se a pressão

de herbivoria em duas ilhas, em experimento implantado em profundidades entre 2 e 3

m, em junho de 2007. Talos juvenis de Padina e Sargassum foram fixos

separadamente, às bases dos talos adultos de Sargassum, sob os dosséis, de forma

aleatória (n = 6), com seus volumes padronizados previamente em 3ml. Após um

período de 24 h, as réplicas foram recolhidas e seus volumes finais foram medidos,

para a avaliação do consumo. Uma amostra do substrato (225 cm2) foi retirada do ponto

Page 118: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

118

com maior abundância de algas sob o dossel e levada ao laboratório, para quantificação

dos invertebrados associados às macroalgas.

2.3- Efeito da presença de dossel de S. vulgare na herbivoria

O efeito da presença do dossel de S. vulgare sobre as macroalgas do estrato

inferior, foi testado em um experimento com desenho em bloco. Este foi implantado em

maio de 2007, na Ilha das Flechas, a uma profundidade entre 2 e 3 m. Talos adultos de

S. vulgare permaneceram intocados, como controles, outros talos tiveram seu dossel

removido por corte na base (n= 12). Talos juvenis de Padina e Sargassum, com

volumes previamente padronizados em 4 ml, foram fixados, aos pares, à base dos talos

adultos de S. vulgare. Os exemplares das algas foram fixos e expostos aos herbívoros, e

outros foram fixos e envolvidos separadamente por uma malha (tecido Murim), para

excluir os potenciais macro e meso herbívoros (n = 12). O experimento permaneceu por

um período aproximado de 18 horas, quando o volume final de cada talo foi medido

para a verificação do consumo. Amostras de 962 cm2 abaixo do dossel foram raspadas

para acontagem do total de invertebrados, de modo a estimar a densidade de

invertebrados associados às algas formadoras de tapetes.

2.4- Preferência alimentar pelos herbívoros

A preferência alimentar por herbívoros em geral, foi testada em outro

experimento implantado no campo, a uma profundidade entre 2 e 3 m, em setembro de

2007, usando três grupos de complexidade de talo diferentes. Talos com volumes

previamente padronizados em 2 ml de Padina (alga foliácea), juvenis de S. vulgare

Page 119: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

119

(alga coriácea), e Ceramium (alga filamentosa) (n=10) foram amarrados em um cabo de

nylon, separadamente e de modo aleatório sob o dossel dos talos adultos de Sargassum,

somente na Ilha das Flechas. O experimento foi visitado dois dias depois, para observar

o consumo, e 4 dias após a implantação do experimento, este foi removido do campo,

pois algumas amostras já haviam sido completamente consumidas, e os volumes finais

foram medidos, para avaliar o consumo.

2.5- Efeito da irradiância na produtividade

O efeito dos níveis de irradiância e conseqüente produtividade das macroalgas

foi testada com a alga foliácea Padina, visto ser a alga efêmera beneficiada pela

remoção do dossel (capítulo 1). No campo, um experimento com desenho em bloco, foi

realizado em maio de 2007, somente na Ilha das Flechas, no qual cinco cestas plásticas

foram fixas com amostras incubadas por duas horas, em uma profundidade aproximada

de 3 m. Em cada cesta foram colocadas três garrafas (“DBO”) com 300 ml cada: uma

clara (controle), uma envolta em sombrite (com corte de 50% de luz, simulando o

dossel de S. vulgare) e uma envolta em papel alumínio (para medir a respiração). O

volume de Padina foi padronizado em 4 ml para cada garrafa e a temperatura da água

era de 26ºC. A água do mar para incubação das amostras foi previamente filtrada e

fervida até o ponto de ebulição, para eliminar eventuais microorganismos que

pudessem causar interferência neste experimento. Antes da incubação no campo, foi

medida a quantidade de oxigênio dissolvido como referência nas medidas de

produtividade, em uma garrafa contendo apenas água do mar. Para a realização das

leituras de produção de oxigênio foi utilizado um sensor, com misturador acoplado ao

oxímetro (YSI 5000). Após a leitura, as algas foram retiradas das garrafas e secas em

Page 120: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

120

estufa (60º C) para estimar a massa, a fim de que a leitura da produção de cada frasco

pudesse ser ajustada para cada amostra. No cálculo da fotossíntese e da respiração, foi

utilizada a fórmula modificada de Thomas (1998):

Respiração = [(garrafa inicial - garrafa escura)]/ tempo de incubação

Produtividade = [(garrafa clara - garrafa inicial)]/ tempo de incubação

O fator de conversão 0,3 foi utilizado para ajustar as leituras ao volume dos

frascos.

2.6- Efeito da varredura do dossel

De modo a distinguir entre o efeito da irradiância e da varredura do dossel, um

experimento foi implantado na Ilha das Flechas, em setembro de 2007. Os seguintes

tratamentos foram usados: mímicas plásticas de S. vulgare (modelo Papiro simples

médio, Trema Indústria e Comércio de Equipamentos para Aquário Ltda) aderidas ao

substrato com o auxílio de massa epóxi (Tubolit MEM); talos adultos de S. vulgare

intocados, como controles, e talos cortados na base para a remoção do dossel (n=10).

Os blocos foram colocados aleatoriamente, ao longo de um transecto de 20m, e em uma

profundidade aproximada entre 2 e 3 m. A porcentagem de cobertura das algas do

estrato inferior de cada tratamento foi avaliada após um mês, através de uma unidade

amostral circular de 35cm de diâmetro onde foram marcados 30 pontos aleatórios.

Page 121: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

121

2.7- Tratamento estatístico

Análise de variância bifatorial (ANOVA, modelo 1) foi utilizada para testar as

diferenças no consumo de macroalgas entre os locais de estudo, para os seguintes

fatores fixos: locais (Ilha Comprida e Ilha das Flechas) e tipo de alga (Padina e

Sargassum). Na análise da diferença no total de invertebrados presentes nas amostras

raspadas foi usada ANOVA unifatorial.

As diferenças no consumo de macroalgas foram testadas em função do dossel

de S. vulgare, através de ANOVA bifatorial, com os fatores fixos: dossel (presença e

ausência) e tipo de alga (Padina e Sargassum). ANOVA trifatorial com a adição do

fator herbivoria (exclusão de herbívoros e exposição aos herbívoros) não foi utilizada,

pois nas amostras cujos herbívoros foram excluídos, o consumo foi nulo. Os valores

percentuais dos volumes finais das amostras foram convertidos para arco-seno da raiz

quadrada da proporção, com a finalidade de garantir a normalidade e a homogeneidade

dos dados (Zar, 1984). As diferenças na quantidade total de invertebrados nas algas do

estrato inferior, em áreas dentro e fora do dossel de Sargassum, foi analisada com

ANOVA unifatorial.

As diferenças gerais no consumo de algas de grupos morfo-funcionais, no

experimento de preferência alimentar foram analisadas pelo teste de ANOVA

unifatorial, onde os volumes finais dos três grupos de algas foram transformados em

(x +1), para garantir a normalidade e homogeneidade dos dados.

Em relação ao efeito de sombreamento, os resultados de produtividade em

níveis que correspodem à áreas com e sem dossel foram testados através de ANOVA

unifatorial (modelo 1), comparando-se frascos claros com os envoltos com tela escura,

e entre estes últimos e os de respiração.

Page 122: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

122

No experimento de varredura do dossel de S. vulgare, o teste de ANOVA

unifatorial repetitiva no tempo foi realizado para o fator dossel (dossel presente, dossel

ausente e mímicas) e a variável dependente da porcentagem de cobertura de algas

efêmeras (com a soma da cobertura das algas filamentosas, foliáceas e cilíndrico-

corticadas), considerando o tempo entre a implantação do experimento e um mês após.

Os dados foram transformados para arco seno da raiz quadrada da cobertura, para

assegurar a normalidade e homogeneidade dos dados para o teste (Zar, 1984).

Após as respectivas transformações, o teste de Conchran foi aplicado em todos

os resultados, de modo a testar a homogeneidade foi atingida, premissa básica para a

realização dos testes. Quando os resultados da ANOVA foram significativos, foi feita a

análise da diferença entre mais que duas médias utilizando-se o teste de Fisher.

3- Resultados

3.1- Pressão de herbivoria entre os locais de estudo

O resultado do experimento sobre pressão de herbivoria entre ilhas demonstrou

que o porcentual do volume de algas consumidas foi significativamente maior na Ilha

Comprida do que na Ilha das Flechas, não havendo diferença no consumo entre Padina

e Sargassum (Fig. 1, Tabela 1). Apesar disso, a Ilha das Flechas apresentou uma

abundância significativamente maior da mesofauna nas algas do estrato inferior em

relação à Ilha Comprida (totais de 187 e 85, respectivamente, ANOVA, F = 6,18; P =

0,02). Dentre os invertebrados encontrados, gastrópodes e bivalves foram os mais

representativos em ambas as ilhas, sendo que na Ilha Comprida houve uma tendência a

maior proporção de gastrópodes em relação ao total de invertebrados encontrados (Fig.

Page 123: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

123

2). Em virtude deste resultado preliminar, os demais experimentos deste trabalho foram

realizados na Ilha das Flechas, de modo que a alta pressão de herbivoria na Ilha

Comprida não pudesse mascarar os resultados obtidos em relação à presença do dossel.

3.2- Efeito da presença de dossel na herbivoria

A ANOVA bifatorial não demonstrou interação significativa entre a presença do

dossel e o consumo do grupo de macroalga do estrato inferior, nem tampouco para

estes fatores isoladamente. Houve uma tendência ao maior consumo de talos juvenis de

Sargassum em relação à Padina nas áreas sem o dossel, porém esta diferença não foi

significativa (Fig. 3, Tabela 2).

A densidade de invertebrados em geral foi significativamente maior abaixo do

dossel de S. vulgare (Fig. 4; ANOVA, F = 73,27; P< 0,001) em relação às áreas sem

dossel, e representada principalmente pela família Columbellidae, espécie Bittiolum

varium (Pfeiffer, 1840).

3.3- Preferência alimentar pelos herbívoros

Em relação à preferência alimentar testada no campo, houve uma diferença

altamente significativa no consumo de macroalgas em função do grupo morfo-

funcional, (Fig. 5; ANOVA, F = 16,17; P<0,001). As algas filamentosas (Ceramium

spp.) foram as mais rapidamente consumidas. A alga foliácea Padina gymnospora e a

alga coriácea S. vulgare foram os grupos relativamente menos consumidos, e de modo

semelhante.

Page 124: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

124

3.4- Efeito da irradiância na produtividade

A macroalga P. gymnospora apresentou valores significativamente maiores de

produtividade bruta nos frascos claros, simulando as áreas sem dossel de S. vulgare, em

relação aos frascos envoltos com sombrite, simulando as áreas sombreadas pelo dossel

(Fig. 6, ANOVA, F= 15, 28; P= 0,004). Os frascos envoltos em sombrite apresentaram

uma concentração de oxigênio dissolvido significativamente maior que nos frascos

escuros relativos à respiração (ANOVA, F= 10,48; P= 0,01), indicando que apesar do

sombreamento a alga não se encontrava em um estresse maior que pudesse interferir

nas leituras.

3.5 - Efeito da varredura do dossel

O total de algas efêmeras, representadas principalmente pela soma das algas

foliáceas e cilíndrico-corticadas, P. gymnospora e A. taxiformis, respectivamente,

foram significativamente diferentes entre as áreas testadas (Fig. 7; ANOVA, F=

12,14; P< 0,001), com menor abundância nas áreas onde o dossel não foi removido. As

áreas sem dossel e com mímicas não tiveram diferenças significativas em relação à

cobertura total de efêmeras, segundo o teste de Fisher.

Page 125: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

125

Discussão

De um modo geral, a presença do dossel de Sargassum não interagiu no

consumo direto das algas por herbívoros no estrato inferior da comunidade. Contudo, a

densidade da mesofauna foi significativamente mais alta nas áreas sob os dosséis. Este

resultado foi inesperado, pois a maior parte destes invertebrados era representada pelo

gastrópodo Bittiolum varium, amplamente distribuído na região da Baía da Ilha Grande

(Santos et al., 2007), que é um mesoherbívoro (Cote, et al., 2001) e poderia estar

acentuando o efeito do dossel ao consumir as algas abaixo deste. O efeito do dossel de

macroalgas foi anteriormente constatado, na composição das algas do estrato inferior,

como independente da diversidade de invertebrados vágeis (Schmidt & Scheibling,

2007). O consumo por herbívoros pode também estar associado ao efeito do dossel nas

algas do estrato inferior, devido à agregação destes sob o dossel (Wikström & Kautsky,

2007). Em outros casos pode ainda ser mais representativo em áreas livres do dossel,

como observado principalmente por ouriços (Edgar et al., 2004; Gagnon et al., 2003).

A presença de invertebrados associados a determinadas algas não

necessariamente representa atividade de consumo das macroalgas hospedeiras, podendo

estar relacionada ao consumo das epífitas que geralmente são mais palatáveis (Hay,

1986). A presença de epífitas influencia diretamente a densidade de espécies associadas

às macroalgas (Martin-Smith, 1993; Pavia, et al., 1999), devido ao aumento da

complexidade estrutural além da disponibilidade de alimento. Também pode ocorrer

maior assentamento de invertebrados resultante da atração de larvas por substâncias

liberadas pelos talos das algas hospedeiras (Williams & Seed, 1992). A abundância da

fauna sob dossel poderia ainda estar relacionada àquela que procura refúgio contra

predadores (Brawley, 1992) ou a algum outro fator ambiental. A exemplo, Széchy, et

al. (2001) observaram uma maior abundância de crustáceos na mesofauna (Decapoda –

Page 126: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

126

Brachyura) abaixo de Sargassum e a relacionaram ao refúgio quando há exposição

direta às ondas.

A maior abundância da mesofauna associada às algas do estrato inferior na ilha

das Flechas pode estar relacionada às características físicas do local, e não diretamente

ao tipo de hospedeiro. De forma semelhante, Schreider et al. (2003), observou uma

maior abundância da epifauna relacionada à posição das algas hospedeiras no recife, e

não em relação aos hospedeiros especificamente. Apesar da maior abundância de

invertebrados ter sido observada na Ilha das Flechas, a proporção do gastrópodo

herbívoro B. varium associado à presença do dossel de Sargassum foi maior na Ilha

Comprida, onde se deu o maior consumo das algas. Neste local, o maior número de

matacões dispostos irregularmente no substrato também propicia um aumento da

heterogeneidade. A maior disponibilidade de componentes estruturais do habitat

disponibilizaria maior oferta de refúgios para os mesoherbívoros (Brawley, 1992; Beck

2000).

A heterogeneidade do habitat é ainda aumentada pelo ´tapete` formado por algas

calcárias articuladas que cobrem o substrato de modo denso e espesso, na Ilha

Comprida em relação à Ilha das Flechas. A forma emaranhada dos talos destas algas

deve contribuir para abrigar uma grande quantidade de invertebrados, como observada

por Akikoka et al. (1999). Os efeitos positivos da complexidade do habitat oferecido

pelas algas calcárias articuladas se dão, portanto, pela redução do risco de predação, da

severidade do habitat e da ação das ondas, e pelo aumento da disponibilidade de

recursos como espaço e de alimento (Kelaher, et al. 2001; Kelaher & Castilla, 2005).

Estas algas, comumente denominadas como algas formadoras de ´tapetes`, têm uma

grande capacidade de reter sedimentos entre seus talos, retendo algumas vezes, uma

quantidade até dez vezes maior que a própria biomassa (Airoldi et al., 1995). Esse fato

Page 127: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

127

também pode ser positivo para o aumento da riqueza da fauna associada,

principalmente, poliquetas, bivalvos e gastrópodos (Kelaher, 2001; Olabarría, et al.,

2002; Schmidt & Scheibling, 2007).

A heterogeneidade topográfica do habitat também pode favorecer o aumento da

pressão de herbivoria por peixes e ouriços (Hay et al., 1983). Como potenciais

macroherbívoros, o ouriço Lytechinus variegatus (Echinodermata) (Creed & Oliveira,

2007; Ventura et al., 2007) e peixes herbívoros (Ferreira et al, 2007) são observados na

região. L. variegatus potencialmente regula a população de S. vulgare, pelo consumo

preferencial dos recrutas desta espécie, nos locais estudados (Capítulo 2). Apesar de ser

um animal onívoro, mais de 80% da sua dieta é composta por algas, como observado

por Oliveira (1991). A partir de observações do conteúdo estomacal deste ouriço, esta

autora ainda observou que 24% destas algas eram do gênero Sargassum. O consumo

por peixes também pode interferir na comunidade, pois 10% dos peixes observados na

região da Baía da Ilha Grande são herbívoros (Ferreira et al., 2007). De fato, uma maior

associação de peixes pode ser esperada na presença de um banco natural de Sargassum

como observado por Godoy & Coutinho (2002) ao comparar S. furcatum às suas

mímicas.

A fauna associada ao habitat formado pelos bancos de Sargassum apresentou

uma preferência alimentar nos resultados deste trabalho. Demonstrou-se um consumo

preferencial das algas efêmeras, geralmente algas epífitas filamentosas representadas

por espécies de Ceramium, quando comparado a algas de talos mais complexos de

Padina e Sargassum. Este resultado era o esperado, pois esta alga apresenta talo

filamentoso e delicado, mais suscetível ao consumo por herbívoros do que algas

foliáceas e coriáceas (Steneck & Dethier, 1994). Esta alga tende a ser mais palatável ao

consumo por peixes (Klumpp & Polunin, 1989; Ferreira et al., 1998). De fato,

Page 128: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

128

Ceramium só foi observado em maior abundância, na franja do meso-litoral do costão

rochoso na Ilha das Flechas, local onde escapa da ação dos herbívoros durante os

períodos da baixamar. Metabólitos secundários que podem ser produzidos por

Sargassum (Pereira & Yoneshigue-Valentin, 1999) e a calcificação presente na

superfície das lâminas de Padina (Schneider & Searles, 1991) podem tornar estas algas

menos palatáveis. Mesmo assim, o consumo de Sargassum e Padina, ainda que baixo,

foi observado neste trabalho, o que sugere que estas substâncias potencialmente

repelentes não inviabilizam totalmente o consumo destas algas por herbívoros.

Algumas espécies podem ser suscetíveis aos herbívoros pela baixa produção

destes metabólitos secundários, como foi observado por Pereira & Yoneshigue-

Valentin (1999), em relação ao consumo de Sargassum furcatum por anfípodas e P.

gymnospora e Sargassum filipendula consumidas por peixes e poliquetas (Hay, 1984;

Hay, et al., 1988) O carbonato de cálcio pode diminuir a palatabilidade pelo

endurecimento do talo e pelo aumento do pH do trato digestivo dos herbívoros,

diminuindo o seu desempenho digestivo (Littler & Littler, 1980, Duffy & Paul, 1992;

Pennings & Paul, 1992). No entanto, o consumo de algas impregnadas por carbonato de

cálcio pode ser priorizado, dependendendo se a relação custo-benefício entre a

calcificação e a concentração de matéria orgânica disponível no talo for favorável. Esta

relação foi observada por Hay et al., (1994) no consumo pelo ouriço Diadema

antillarum. Da mesma forma, Duffy & Hay (1991) observaram que extratos de

Dictyota e Sargassum foram preferencialmene consumidos por anfípodas, sendo que a

sua sobrevivência explicada pelos valores protéicos encontrados nos extratos das algas.

Quanto à varredura do dossel de S. vulgare, esta não influenciou na abundância

das algas do estrato inferior, pois não houve diferença significativa na abundância das

algas do estrato inferior da comunidade entre áreas sob os talos controles e mímicas de

Page 129: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

129

Sargassum na área testada. O efeito relacionado ao distúrbio proveniente da ação das

ondas nas frondes nem sempre foi detectado em outros trabalhos. Kraufvelin (2007)

observou modificações na estrutura de comunidade de algas de costão rochoso

indiferente à varredura, mas associadas à eutroficação do habitat e a herbivoria. Por

outro lado, na ausência do efeito da varredura, o efeito do dossel de S. vulgare pode ser

atribuído ao sombreamento, que deve limitar a proliferação de algas foliáceas,

representadas principalmente por P. gymnospora em áreas sob dossel. De fato, esta alga

teve uma redução na produtividade, indicando ser esta a principal razão para a

limitação à sobrevivência das algas efêmeras sob o dossel de S. vulgare.

No presente estudo, a produtividade maior de P. gymnospora nos frascos

simulando o dossel de Sargassum, em relação aos frascos de respiração, sugere que esta

alga foliácea tem capacidade de sobreviver, mesmo que em abundância reduzida sob o

dossel. O efeito ligado ao sombreamento de alga formadora de dossel foi comprovado

experimentalmente por Kennely (1989) que, contudo, não observou efeito de varredura

por Ecklonia radiata (C. Agardh) nas algas do estrato inferior. Wernberg et al. (2005)

também observaram o efeito exercido pelo sombreamento do dossel de E. radiata, em

detrimento do efeito de ondas e deposição de sedimentos, sobre o grupo de algas

foliáceas do estrato inferior. No presente estudo, em experimento de maior duração

realizado anteriormente, observamos uma proliferação de algas foliáceas nas áreas onde

o dossel foi removido e que foi mantida à medida que a cobertura de S. vulgare foi

regenerando, sugerindo uma fotoaclimatação (Capítulo 1). Uma provável foto-

aclimatação é esperada após a regeneração dos dosséis, como constatado por Toohey et

al., (2004) para as algas Pterocladia lucida (R. Brown ex Turner) J. Agardh,

Rhodymenia sonderi P.C. Silva e Chauviniella corifolia (Havey) Papenfuss, abaixo do

dossel de Ecklonia radiata.

Page 130: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

130

O eefeito do dossel de Sargassum vulgare associado ao aumento da pressão de

herbivoria não foi detectado nas algas do estrato inferior, apesar do dossel ter a

capacidade de agregar invertebrados da mesofauna nas áreas abaixo de suas frondes.

Contudo, a diversidade de componentes estruturais do substrato deve ser analisada,

mediante medidas mais precisas recomendadas por Beck (2000), para verificar se

houve outra influência na complexidade do habitat sobre a oferta de refúgios à

mesoafauna.

As algas filamentosas foram preferencialmente consumidas em relação à Padina

e Sargassum, contudo estas apresentaram seus talos consumidos, respectivamente em

30 a 40%, independente da presença do dossel. Como a abundância destas algas pode

estar relacionada à outros fatores ambientais, como a concentração de nutrientes

disponíveis na água, estudos posteriores são necessários para explicar a proliferação de

algas filamentosas na Ilha Comprida ao invés de foliáceas dominantes na.Ilha das

Flechas, apesar do consumo diferenciado.

O efeito da varredura do dossel de S. vulgare nas algas do estrato inferior não

foi comprovado para a comunidade madura na Ilha das Flechas. Porém, a varredura

pode ser mais importante em relação às comunidades em início de sucessão. Por outro

lado, o efeito do sombreamento do dossel foi constatado para as algas foliáceas do

estrato inferior da comunidade, representadas por P. gymnospora, que como o esperado

foi mais produtiva em situação simulada de maior irradiância, o que deve interferir na

abundância relativa destas algas a longo prazo.

Page 131: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

131

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio financeiro da Coordenação de aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (Capes), aos colegas de laboratório, principalmente pela

colaboração nos trabalhos de campo à Gisa Eneida, Rodrigo Mariath e Sulamita O.

Barbosa, pelo apoio técnico no campo. Ao Projeto Mergulhar e à operadora de

mergulho Frade Diver.

Page 132: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

132

Referências bibliográficas

Airoldi, L.; Rind, F. & Cinelli, F., 1995. Structure, seasonal dynamics and reproductive

phenology of a filamentous turf assemblage on a sediment influenced, rocky

subtidal shore. Botânica Marina 38, 227-237.

Akioka, H.; Baba, M., Masaki, T. & Johanses, H.W., 1999. Rocky shore turfs

dominated by Corallina (Corallinales, Rhodophyta) in northern Japan. Phycological

Research. 47, 199-206.

Amado Filho, G.M.; Barreto, M.B.B.B.; Marins, B.V.; Felix, C & Reis, R.P., 2003.

Estrutura das comunidades fitobentônicas do infralitoral da Baía de Sepetiba, RJ,

Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26, 329-342.

Beck, M.W., 2000. Separating the elements of habitat structure: independent effects of

habitat complexity and structural components on rocky intertidal gastropods.

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 249: 29-49.

Brawley, S.H., 1992. Mesoherbivores. In John, D.M., Hawkins, S.J. & Price, J.H.

(Eds.) Plant-animal Interactions in the Marine Benthos. The Systematics

Association Special Volume No. 46, Clarendon Press, Oxford, 253-263.

Brosnan, D.H.M., 1992. Ecology of tropical rocky shores: plant-animal interactions in

tropical and temperate latitudes. In John, D.M., Hawkins, S.J. & Price, J.H. (Eds.)

Plant-animal Interactions in the Marine Benthos. The Systematics Association

Special Volume No. 46, Clarendon Press, Oxford, 101-131.

Cervin, G.; Lindegarth, M.; Viejo, R.M. & Aberg, P., 2004. Effects of small-scale

disturbances of canopy and grazing on intertidal assemblages on the Swedish west

coast. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 302, 35-49.

Page 133: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

133

Clark, R.P.; Edwards, M.S. & Foster, M.S., 2004. Effects of shade from multiple kelp

canopies on an understory algal assemblage. Marine Ecology Progress Series 267,

107-119.

Connell, S. D., 2003. The monopolization of understorey habitat by subtidal encusting

coralline alga: a test of the combined effects of canopy-mediated light and

sedimentation. Marine Biology 142, 1065-1071.

Cote, J.; Rackocinski, C.F; Randall, T.A., 2001. Feeding efficiency by juvenile blue

crab on two common species of micrograzer snails. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 264, 189-208.

Creed, J.C. & Oliveira, A.E.S., 2007. Uma metodologia e análise de impactos

ambientais. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.),

Biodiversidade marinha da Baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente -

Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de Conservação

da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 351-377.

Dean, T.A., Thies, K. & Lagos, S.L., 1989. Survival of juvenile giant kelp: the effects

of demographic factors, competitors and grazers. Ecology 70, 483-495.

Duffy, J.E. & Hay, M.E., 1991. Food and shelter is determinants of food choice by an

herbivorous marine amphipod. Ecology 74, 1286-1298.

Duffy, J.E. & Paul, V.J.. 1992. Prey nutritional quality and the effectiveness of

chemical defenses against tropical reef fishes. Oecologia 90. 333-339.

Duggins, D.O.; Eckman, J.E. & Sewell, A.T., 1990. Ecology of understory kelp

environments II. Effects of kelp on recruitment of benthic invertebrates. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 143, 27-45.

Page 134: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

134

Edgar, G.J.; Barret, N.S.; Morton, A.J. & Samson, C.R., 2003. Effects of agal canopy

clearance on plant, fish and macroinvertebrate communities on eastern Tasmanian

reefs. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 312, 67-87.

Eriksson, B.K.; Rubach, A. & Hillebrand, H., 2007. Dominance by canopy forming

seaweed modifies resource and consumer control of bloom-forming macroalgae.

Oikos.116,1211-1219.

Ferreira, C.E.L; Gonçalves, J.E.A.; Coutinho, R. & Peret, A.C., 1998. Herbivory by the

damselfish Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) in a tropical rocky shore: effects on the

benthic community. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 229,

241-264.

Ferreira, C.E.L; Gonçalves, J.E.A. & Coutinho, R., 2001. Community structure of

fishes and habitat complexity on a tropical rocky shore. Environmental Biology of

Fishes 61, 353-369.

Ferreira, C.E.L.; Ferreira, C.G.W.; Rangel, J.P.; Mendonça, J.P.; Gerhardinger, L.C.;

Filho, A.C.; Godoy, E.A.; Luiz Jr., O. & Gasparini, J.L., 2007. Peixes recifais. In:

Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.), Biodiversidade marinha da

Baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente - Secretaria Nacional de

Biodiversidade e Florestas - Departamento de Conservação da Biodiversidade.

Biodiversidade 23. Brasília. 291-322.

Gagnon, P.; Himmelman, J. H. & Johnson, L. E., 2003. Algal colonization in urchin

barrens: defense by association during recruitment of the brown alga Agarum

cribrosum. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 290, 179-196.

Godoy, E.A.S. & Coutinho, R., 2002. Can artificial beds of plastic mimics compensate

for seasonal absence of natural beds of Sargassum furcatum? ICES Journal of

Marine Science 59, S111-S115.

Page 135: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

135

Hagen, N.T., 1995. Recurrent destructive grazing of successionally immature kelp

forests by green sea urchin in Vestfjorden, northem Norway. Marine Ecology

Progress Series 123, 95-106.

Hay, M.E., 1981. Herbivory, algal distribution, and the maintenance of between-habitat

diversity on o tropical fringing reef. The American Naturalist 118, 520-540.

Hay, M.E.; Colburn, T. & Downing, D., 1983. Spatial and temporal patterns in

herbivory on Caribbean fringing reef: the effects on plant distribution.

Oecologia.58, 299-308.

Hay, M.E, 1984. Predictable spatial scapes from herbivory: how do these afect the

evolution of herbvore resistance en tropical marine communities. Oecologia 64,

396-407.

Hay, M.E, 1986. Associational plant defenses and the maintenance of species diversity:

turning competitors into accomplices. The American Naturalist 128, 617-641.

Hay, M.E, 1994. Synergisms in plant defenses against herbivores: interactions of

chemistry, calcification, and plant quality. Ecology 75, 1714-1726.

Hay, M.E, 1997. The ecology and evolution of seaweed-herbivore interactions on coral

reefs. Coral Reefs.16, S67-S76.

Hughes, T.P., Reed, D.C. & Mary-Jo, B., 1987. Herbivory on coral reefs: community

structure following mass mortalities of sea urchins. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 113, 39-59.

Jones, C.G., 1997. Positive and negative effects of organisms as physical ecosystem

engineers. Ecology 78, 1946-1957.

Kelaher, B.P., Chapman, M.G. & Underwood, A.J., 2001. Spatial patterns of diverse

macrofaunal assemblages in coralline turf and their association with environmental

Page 136: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

136

variables. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 81,

1-14.

Kelaher, B.P., & Castilla, J.C., 2005. Habitat characteristics influence macrofaunal

communities in coralline turf more than mesoscale coastal upwelling on the coast of

Northern Chile. Estuarine Coastal and Shelf Science 63, 155-165.

Kennelly, S.J., 1989. Effects of kelp canopies on understorey species due to shade and

scour. Marine Ecology Progress Series 50, 215-224.

Kiirikki, M., 1996. Experimental evidence that Fucus vesiculosus (Phaeophyta)

controls filamentous algae by mean of the whiplash effect. European Journal of

Phycology 31, 61-66.

Klumpp, D.W. & Polunin, N.V.C., 1989. Partitioning among grazers of food resources

within damselfisf territories on a coral reef. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 125, 145-169.

Kraufvelin, P., 2007. Responses to nutrient enrichment, wave action and disturbance in

rocky shore communities. Aquatic Botany 87, 262-274.

Little, M.M. & Littler, D.S., 1980. The evolution of thallus form and survival strategies

in benthic marine macroalgae: field and laboratory tests of a functional form model.

The American Naturalist 116, 25-44.

Lubchenco, J., 1978. Plant species diversity in a marine intertidal community:

importance of herbivore food preferences and algal competitive abilities. The

American Naturalist 112, 23-39.

Lüning, L. & Dring, M. J., 1985. Action spectra and spectral quantum yield of

photosynthesis in marine macroalgae with thin and thick thalli. Marine Biology 87,

119-129.

Page 137: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

137

Martin-Smith, K. M., 1993. Abundance of mobile epifauna: the role of habitat

complexity and predation by fishes. Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology 174, 243-260.

McConnell, O.J., Hughes, P.A., Targett, N.M. & Dale, J., 1982. Effects of secondary

metabolites on feeding by sea urchin Lytechinus variegatus. Journal of Chemical

Ecology 8, 1427-1453.

Olabarría, C.; Underwood, A.J. & Chapman, M.G., 2002. Appropriate experimental

design to evaluate preferences for microhabitat: an example of preferences by

species of microgastropods. Oecologia 132, 159-166.

Oliveira, M.C., 1991. Survival of seaweeds ingested by three especies of tropical sea

urchins from Brazil. Hydrobiologia 222, 13-17.

Paine, R.T. & Vadas, R.L., 1969. The effects of grazing by sea urchins,

Strongylocentrotus spp., on benthic algal populations. Limnology and

Oceanography 14, 710-719.

Pavia, H.; Carr, H. Aberg, P., 1999 Habitat and feeding preferences of crustaceans

mesoherbivores inhabiting the brown seaweed Ascophyllum nodosum (L.) Le Jol.

and its epiphytic macroalgae. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology

236, 15-32.

Pennings, S.C. & Paul, V.J., 1992. Effects of plant toughness, calcification and

chemistry on herbivory by Dolabella auricularia. Ecology 73, 1606-1619.

Pennings, S.C. & Svedberg, J., 1993. Does CaCO3 in food deter feeding by sea

urchins? Marine Ecology Progress Series 101, 163-167.

Pereira, R.C. & Yoneshigue-Valentin, Y., 1999. The role of polyphenols from the

tropical brown alga Sargassum furcatum on the feeding by amphipod herbivores.

Botanica Marina 42, 441-44.

Page 138: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

138

Pereira, R.C.; Cavalcanti, D.N. & Teixeira, V.L., 2000. Effect of secundary metabolites

from the tropical brazilian brown alga Dictyota menstrualis on the amphipod

Parhyale hawaiensis. Marine Ecology Progress Series 205, 95-100.

Pereira, R.C.; Pinheiro, M.D.; Teixeira, V.L. & da Gama, B.A.P., 2002. Feeding

preferences of the endemic gastropod Astraea latispina in relation to chemical

defenses of Brazilian tropical seaweeds. Brazilian Journal of Biology 62, 33-40.

Pereira, R.C.; Soares, A.R.; Teixeira, V.L.; Villaça, R. & da Gama, B.A. P., 2004.

Variation in chemical defenses against herbivory in southwestern Atlantic

Stypopodium zonale (Phaeophyta). Botanica Marina 47, 202-208.

Pérez-Harguindeguy, N.; Díaz, S.; Vendramini, F.; Cornelissen, J. H.C.; Gurvich, D.E.

& Cabido, M., 2003. Leaf traits and herbivore selection in the field and cafeteria

experiments. Austral Ecology 28, 642-650.

Santos, F. N.; Caetano, C.H.S., Absalão, R.S. & Paula, T.S., 2007. Mollusca de

Substrato não consolidado. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O.

(Eds.), Biodiversidade marinha da Baía da Ilha Grande. Ministério do Meio

Ambiente - Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de

Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 207-236

Schneider, C. W. & Searles, R. B., 1991. Seaweeds of the southeastern United States.

Cape Hatteras to Cape Canaveral. Duke University Press, Duke, 553 pp.

Schmidt, A.L & Scheibling, R.E., 2007. Effects of native and invasive macroalgal

canopies on composition and abundance of móbile benthic macrofauna and turf-

forming algae. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 341, 110-130.

Shunula, J.P. & Ndibalema, V., 1986. Grazing preferences of Diadema setosum and

Heliocidaris erythrogramma (Echinoderms) on an assortment of marine algae.

Aquatic Botany 25, 91-95.

Page 139: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

139

Steneck, R.S. 1988. Herbivory on coral reefs: a synthesis. In Proceeding of the Sixth

International Coral Reef Symposium. (J.H. Choat, D. Barnes, M.A. Borowitzka,

J.C. Coll, O.J. Davies, P. Flood, B.G. Hatcher, D. Hopley, P.A. Hutchings, D.

Kinsey, G.R. Orme, M. Pichon, P.F. Sale, P. Sammarco, C.C. Wallace, C.

Wilkinson, E. Wolanski & O. Bellwood, eds.). 6th International Coral Reef

Symposium Executive Committee, Towsville, v.1, p.37-49.

Steneck, R.S. & Dethier, M.N., 1994. A functional group approach to the structure of

algal-dominated communities. Oikos 69, 476-498.

Széchy, M. T. M. & Paula, E. J., 2000. Padrões estruturais quantitativos de bancos de

Sargassum (Phaeophyta, Fucales) do litoral dos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 23, 121-132.

Széchy, M.T.M.; Veloso, V.G. & Paula, E.J., 2001. Brachyura (Decapoda, Crustácea)

of phytobenthic communities of the sublittoral region of rocky shores of Rio de

Janeiro and São Paulo, Brasil. Tropical Ecology 42, 231-242.

Tanaka, M.O. & Leite, F.P.P., 2003. Spatial scaling in the distribuition of macrofauna

associated with Sargassum stenophyllum (Mertens) Martius: analyses of faunal

groups, gamarid life habitats, and assemblage structure. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 293, 1-22.

Taylor, D.I. & Schiel, D.R., 2005. Self-replacement and community modification by

southern bull kelp Durvillaea antartica. Marine Ecology Progress Series 288, 87-

102.

Thomas, M. L. H. 1998. Photosynthesis and respiration of aquatic macroflora using the

light and dark bottle oxygen method and dissolved oxygen analyzer. In Lobban, C.

S.; Chapman, D.J. & Kremer, B.P (eds.), Experimental phycology: a laboratory

manual. Cambridge University Press, Cambridge, 64-77.

Page 140: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

140

Toohey, B.; Kendrick, G.A.; Wernberg, T.; Phillips, J.C.; Malkin, S. & Prince, J., 2004.

The effects of light and thallus scour from Ecklonia radiata canopy on an

associated foliose algae assemblage: the importance of photoacclimation. Marine

Biology 144, 1019-1027.

Vadas, R. L. & Elner, R.W., 1992. Plant-animal interactions in the north-west Atlantic.

In John,D.M., Hawkins, S.J. & Price, J.H. (Eds.) Plant-Animal Interactions in the

Marine Benthos. The Systematics Association Special Volume No. 46, Clarendon

Press, Oxford, 33-36.

Ventura, C.R.R; Veríssimo, I.; Lima, R.N.P.; Barcellos, C.F. & Oigman-Pszczol, S.S.

2007. Echinodermata. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O. (Eds.),

Biodiversidade marinha da Baía da Ilha Grande. Ministério do Meio Ambiente -

Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de Conservação

da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 271-290.

Wernberg, T.; Kendrick, G.A. & Toohey, B.D., 2005. Modification of the physical

enviroment by Ecklonia radiata (Laminariales) canopy and implications for

associated foliose algae. Aquatic Ecology 39, 419-430.

Williams, G.A & Seed, 1992. Interactions between macrofaunal epiphytes and their

host algae In: John,D.M., Hawkins, S.J. & Price, J.H. (Eds.) Plant-Animal

Interactions in the Marine Benthos . The Systematics Association Special Volume

No. 46, Clarendon Press, Oxford, 189-211.

Wikström, S. A. & Kautsky, L. 2007. Structure and diversity of invertebrate

communities in the presence and absence of canopy-forming Fucus vesiculosus in

the Baltic Sea. Estuarine Coastal and Shelf Science 72, 168-176.

Page 141: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

141

Worm, B. & Lotze, H. K., 2006. Efects of eutrophication grazing, and algal blooms on

rocky shores. Limnology and Oceanography 51, 569-579.

Zar, J. H. 1984. Bioestatistical analysis. 2nd ed. Prentice-Hall International, London,

718pp.

Page 142: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

142

Tabelas

Tabela 1: Análise de variância bifatorial entre os fatores fixos: local (Ilhas Comprida e

das Flechas), e grupo de alga (Padina e Sargassum), em relação à porcentagem de

volume consumido. GL = grau de liberdade; QM = média dos quadrados, F = estatística

de teste, = nível de significância.

Gl MQ F P

Local 1 0,34 4,31 ≤ 0,05

Grupo de alga 1 0,38 0,48 0,49

Local x Alga 1 0,09 1,19 0,29

Erro 20 0,08

Tabela 2: Análise de variância bifatorial entre os fatores fixos: dossel (presença e

ausência), e grupo de alga (Padina e Sargassum), em relação à porcentagem de volume

consumido. GL = grau de liberdade; QM = média dos quadrados, F = estatística de

teste, P= nível de significância.

Gl MQ F P

Dossel 1 0,02 0,27 0,61

Grupo de alga 1 0,08 1,29 0,27

Dossel x Alga 1 0,12 1,88 0,18

Erro 20 0,06

Page 143: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

143

Figuras

0

10

20

30

40

50

60

IC IF

Consum

o (

%)

Sargassum

Padina

Figura 1: Volume consumido (ml) de Padina e S. vulgare, em termos de porcentagem,

por herbívoros em geral, na Ilha Comprida (IC) e na Ilha das Flechas (IF).

(Média +erro padrão, n= 6).

Figura 2: Proporção (%) da densidade de grupos da mesofauna em áreas amostradas de

225 cm2, presentes nas algas do estrato inferior das comunidades nas Ilha Comprida e

Ilha das Flechas. (Média, +erro padrão, n= 6).

A- Ilha Comprida

0

20

40

60

80

100

Densid

ade (

225cm

2)

gastrópode bivalve anêmona aplisia

ouriço poliqueta camarão afípoda

ofiuróide siri

B- Ilha das Flechas

0

20

40

60

80

100

Densid

ade (

225 c

m2)

Page 144: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

144

0

10

20

30

40

50

60

DH SDH

Consum

o (

%)

Padina

Sargassum

Figura 3: Porcentagem de consumo das algas Padina e Sargassum por herbívoros, em

geral, na Ilha das Flechas, em maio de 2007. DH: (presença de dossel e de herbívoros);

SDH: (ausência de dossel e presença de herbívoros). (Médias + erro padrão, n= 12).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Sem dossel Com dossel

Den

sid

ade (

No/9

62cm

2)

Figura 4: Densidade de invertebrados, em geral, da mesofauna nas áreas sob ausência e

presença do dossel de S. vulgare. (Média + erro padrão, n= 12).

Page 145: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

145

0

20

40

60

80

100

Foliácea Coriácea Filamentosa

Co

ns

um

o (

%)

b

a a

Figura 5: Porcentagem de consumo por herbívoros, em geral, de grupos morfo-

funcionais de macroalgas: alga filamentosa (Ceramium spp.), alga foliácea (Padina

gymnospora) e alga coriácea (talos juvenis de S. vulgare) no campo. As letras acima

das colunas denotam diferenças entre médias segundo o teste de Fisher (Média + erro

padrão, n= 10).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Pro

dutivid

ade (

mgO

2.p

s-1

.h-1

(10

-2)

Sem sombra

Com sombra

Respiração

Figura 6: Produção de oxigênio por P. gymnospora em frascos simulando áreas não

sombreadas pelo dossel de S. vulgare, com sombreamento pelo dossel e em áreas

totalmente no escuro que simulam respiração, durante um período de duas horas de

incubação no campo. (Média +erro, n= 5).

Page 146: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

146

Figura 7: Porcentagem de cobertura dos grupos de algas, invertebrados e substrato

disponível em áreas abaixo do dossel de S. vulgare (A), áreas sem o dossel (B) e áreas

abaixo de mímicas plásticas de S. vulgare (C), na Ilha das Flechas. (Médias + erro

padrão, n=10).

A- Dossel

0

20

40

60

80

100

T0 T1

Cobert

ura

(%

)

coriácea articuladas filamentosas foliáceas

corticadas crostas esponja pedra

craca zoantideo

B- Sem dossel

0

20

40

60

80

100

T0 T1

Cobert

ura

(%

)

C- Mímicas

0

20

40

60

80

100

T0 T1

Cobert

ura

(%

)

Page 147: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

147

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O efeito do dossel de S. vulgare nas algas do estrato inferior da comunidade

madura depende da época do ano e local, enquanto que nas comunidades em início

de sucessão este efeito não se mostrou significativo. De um modo geral, sugere-se

que as interações competitivas entre o dossel de S. vulgare e as algas do estrato

inferior foram atenuadas. No caso da comunidade madura, o distúrbio de

sombreamento, acentuado pela proximidade da vegetação terrestre adjacente ao

costão rochoso da Ilha Comprida, mascarou o efeito do dossel de Sargassum no

inverno. Na comunidade em início de sucessão, o distúrbio mecânico por raspagem

do substrato aumentou a disponibilidade de espaço, diminuindo assim a

competição, o que deve ter contribuído para a não detecção do efeito do dossel.

As algas efêmeras do estrato inferior da comunidade são sensíveis à remoção do

dossel de Sargassum, em contraste às algas perenes representadas pelo grupo das

calcárias articuladas. As populações de S. vulgare são limitadas no recrutamento,

apesar do investimento reprodutivo, o que explica a sua baixa cobertura no estrato

inferior da comunidade. Esta limitação é dada muito possivelmente pela pressão de

herbivoria, exercida principalmente por ouriços nos recrutas e juvenis. Observações

feitas no campo sugerem que estas populações são mantidas, provavelmente, pela

regeneração e coalescência dos talos nas bases perenes dos talos de S. vulgare. A

coalescência é um fenômeno que deve ser estudado posteriormente, pois pode ser

uma estratégia de sobrevivência destas populações aos distúrbios ambientais

presentes.

Page 148: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

148

O efeito do dossel sobre as algas do estrato inferior, representadas

principalmente pelas algas foliáceas na Ilha das Flechas, se deve principalmente ao

sombreamento e não à varredura ou pressão por herbívoros associados à presença

do dossel. As algas filamentosas, apresentam uma proliferação sazonal

principalmente na Ilha Comprida e aparentemente não são representativas na Ilha

das Flechas, pelo consumo preferencial por herbívoros na região do infralitoral.

Distúrbios antrópicos, provenientes principalmente da poluição orgânica em

alguns pontos da Baía da Ilha Grande levam ao aumento da turbidez das águas, além do

aumento de nutrientes (Creed & Oliveira, 2007), o que pode interferir nas relações

competitivas entre os estratos das comunidades. Os distúrbios naturais provenientes de

varredura do dossel de S. vulgare em estágios iniciais de sucessão da comunidade, e do

aporte de efluentes dos cursos de água que levam ao aumento da sedimentação

merecem maiores detalhamentos em estudos posteriores, para o melhor entendimento

das comunidades estudadas, e elaboração de modelos ecológicos que possam servir de

base para ações de conservação nestas áreas de grande importância ecológica e

econômica.

Page 149: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

149

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Airoldi, L.; Rind, F. & Cinelli, F. 1995. Structure, seasonal dynamics and reproductive

phenology of a filamentous turf assemblage on a sediment influenced, rocky

subtidal shore. Botanica Marina 38, 227-237.

_____ & _____ 1997. Effects of sedimentation on subtidal macroalgal assemblages na

experimental study from a mediterranean rocky shore. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 215: 269-288.

Algarra, P. & Niell, J. 1991. Effects of light quality and irradiance level interactions on

short-term pigment response of the red algae Corallina elongata. Marine Ecology

74: 27-32.

Amado-Filho, G. M.; Barreto, M. B. B. B.; Marins, B.V.; Felix, C. & Reis, R.P. 2003.

Estrutura das comunidades fitobentônicas do infralitoral da Baia de Sepetiba, RJ,

Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 329-342.

Balata, D.; Piazzi, L. & Benedetti-Cecchi, L. 2007. Sediment disturbance and loss of

beta diversity on subtidal rocky reefs. Ecology 88(10): 2455-2461.

Beck, M.W. 2000. Separating the elements of habitat structure: independent effects of

habitat complexity and structural components on rocky intertidal gastropods.

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 249: 29-49.

Page 150: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

150

Benedetti-Cecchi, L. & Cinelli, F. 1992. Effects of canopy cover, herbivores and

substratum type on patterns of Cystoseira spp. Settlement and recruitment in littoral

rockpools. Marine Ecology Progress Series 90: 183-191.

Brawley, S.H. & Johnson, L.E. 1991. Survival of fucoid embryos in the intertidal zone

dependes upon developmental stage and microhabitat. Journal of Phycology. 27:

179-186.

Britton-Simmons, K.H. 2006. Functional group diversity, resource preemption and the

genesis of invasion rsistance in a community of arine algae. Oikos 113: 395-401.

Chapman, A.R.O. 1990. Effects of grazing, canopy cover and substratum type on the

abundances of common species of substratum type on the abundances of common

species of seaweeds inhabiting littoral fringe tide pools. Botanica Marina 33: 319-

326.

Cheroske, A.G.; Williams, S.L.; Carpenters, R.C 2000. Effects of physical and

biological disturbances on algal turfs in Kaneohe Bay, Hawaii. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology.248: 1-34.

Clark, R.P.; Edwards, M.S. & Foster, M.S. 2004. Effects of shade from multiple kelp

canopies on an understory algal assemblage. Marine Ecology Progress Series 267:

107 – 119.

Page 151: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

151

Connell, S.D. 2003. The monopolization of understorey habitat by subtidal encrusting

coralline algae: a test of the combined effects of canopy-mediated light and

sedimentation. Marine Biology 142: 1065-1071.

Creed, J.C. & Oliveira, A.E.S., 2007. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. & Figueiredo, M.A.O.

(Eds.), Biodiversidade marinha da baía da Ilha Grande. Ministério do Meio

Ambiente - Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas - Departamento de

Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 349-378 pp.

Cronin, G. & Hay, M.E. 1996. Effect of light and nutrient availability on the growth,

secondary chemistry, and resistance to herbivory of two brown seaweeds. Oikos 77:

93-106.

Dethier, M.N. 1994. The ecology of intertidal algal crusts: variation within a functional

group. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 177: 37-71.

Eckman, J.E., Duggins, D. O. & Siddon, C. E. 2003. Current and wave dynamics in the

shallow subtidal: implications to the ecology of understory and surface-canopy

kelps. Marine Ecology Progress Series 265: 45-56.

Edgar, G.J.; Barret, N.S.; Morton, A.J. & Samson, C.R., 2003. Effects of agal canopy

clearance on plant, fish and macroinvertebrate communities on eastern Tasmanian

reefs. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 312: 67-87.

Page 152: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

152

_____. & Klumpp, D. W. 2003. Consistencies over regional scales in assemblages of

mobile epifauna associated with natural and artificial plants of differente shape.

Aquatic Botany 75: 275-291.

Eston, V. R. & Bussab, W. O. 1990. An experimental analysis of ecological dominance

in a rocky subtidal macroalgal community. Journal of Experimental Marine Biology

and Ecology 136: 170-195.

Falkowsk, P.G. & LaRoche, J., 1991. Acclimation to spectral irradiance in algae.

Journal of Phycology, 27: 8-14.

Figueiredo, M. A. de O.; Kain (Jones), J. M. & Norton, T. A. 1997. Biotic interactions

in the colonization of crustose coralline alga. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 213: 247-260.

_____; Kain (Jones), J. M. & Norton, T. A., 2000. Responses of crustose corallines to

epiphyte and canopy cover. Journal of Phycology 36: 17-24.

_____; Barreto, M. B. B. & Reis, R.P. 2004. Caracterização das macroalgas nas

comunidades marinhas da área de proteção ambiental de Cairuçú, Parati, RJ –

subsídios para futuros monitoramentos. Revista Brasileira de Botânica 27: 11-17.

_____. & Tâmega, F.T.S. 2007. Macroalgas Marinhas. In: Creed, J.C.; Pires, D.O. &

Figueiredo, M.A.O. (Eds.), Biodiversidade marinha da baía da Ilha Grande.

Ministério do Meio Ambiente - Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas -

Page 153: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

153

Departamento de Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade 23. Brasília. 153-

180 pp.

Gagnon, P.; Himmelman, J. H. & Johnson, L. E. 2003. Algal colonization in urchin

barrens: defense by association during recruitment of the brown alga Agarum

cribrosum. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 290:179-196.

Godoy, E.A.S. & Coutinho, R. 2002. Can artificial beds of plastic mimics compensate

for seasonal absence of natural beds of Sargassum furcatum? ICES Journal of

Marine Science 59: S111-S115.

Horta, P.A. 2000. Macroalgas do infralitoral do sul e sudeste do Brasil: taxonomia e

biogeografia. Universidade de São Paulo. (Tese de Doutorado)

Hurd, C.L. 2000. Water motion, marine macroalgal physiology, and production.

Journal of Phycology 36: 453-472.

Irving, A.D. & Connel, S.D. 2002. Interactive effects of sedimentation and

microtopography on the abundance of subtidal turf-forming algae. Phycologia

41(5): 517-522.

Jones, C. G.; Lawton, J. H. & Shachak, M. 1994. Organisms as ecosystem engineers.

Oikos 69: 373-386.

Page 154: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

154

_____. Lawton, J. H. & Shachak, M. 1997. Positive and negative effects of organisms

as physical ecosystem engineers. Ecology 78(7): 1946-1957.

Kendrick, G.A. 1991. Recruitment of coralline crusts and filamentous turf algae in the

Galapagos archipelago: effects of simulated scour, erosion and accretion. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 147: 47-63.

Kennelly, S. J. 1987. Physical disturbances in an Australian kelp community. I.

Temporal effects. Marine Ecology Progress Series 40: 145-153.

_____ 1989. Effects of kelp canopies on understorey species due to shade and scour.

Marine Ecology Progress Series 50 215-224.

Kiirikki, M. 1996. Experimental evidence that Fucus vesiculosus (Phaeophyta) controls

filamentous algae by means of the whiplash effect. European Journal Phycology 31:

61-66.

Lindegarth, M. & Gamfeldt, L. 2005. Comparing categorical and continuous ecological

analyses: effects of “wave exposure” on rocky shores. Ecology 86(5): 1346-1357.

Littler, M.M. & Littler, D.S. 1980. The evolution of thallus form and survival strategies

in benthic narine macroalgae: field and laboratory tests of functional form models.

The American Naturalist 116: 25-44.

Page 155: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

155

_____ & _____ 1984, Relationships between macroalgae functional form groups and

substrata stability in a subtropical rocky intertidal system. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 74: 13-34.

Lüning, K. 1990. Seaweeds: their Environment, biogeography, and

ecophysiology.(Yahish, C. & Kirkman, H. eds.). John Willey & Sons, N. York.

527p.

MacManus, J.W. & Polsenberg, J.F. 2004. Coral-algalphase shiftson coral reefs:

ecological and environmental aspects. Progress in Oceanography 60: 263-279.

Mansilla, M.A.O. & Pereira, S.M.B. 1998. Variação temporal da abundância e

composição específica da macroflora associada a uma população de Sargassum

(Fucophyceae) do Litoral sul de Pernambuco, Brasil. Boletim de Botânica 17: 271-

276.

Mumby, P.J.; Hedley, J.D.; Zychaluk, K.; Harborne, A.R. & Blackwell, P.G. 2006.

Revisiting the catastrophic die-off of the urchin Diadema antillarum on Caribbean

coral reefs: fresh insights on resilience from a simulation model. Ecological

Modeling 196 (1): 131-148.

Norton, T.A. 1991. Conflicting constraints on the form of intertidal algae. Britsh

Phycological Journal. 26: 203-218.

Page 156: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

156

Olson, A.M. & Lubchenco 1990. Competition in seaweeds: linking plant traits to

competitive outcomes. Journal of Phycology 26: 1-6.

Paula, E. J. & Eston V. R. 1987. Are there other Sargassum species potentially as

invasive as S. muticum? Botanica Marina 30(5): 405-410.

Paula, E. J. & Eston V. R. 1989. Secondary succession on an exposed rocky intertidal

algal community of the state of São Paulo (Brazil) Boletim de Botânica da

Universidade de São Paulo 11: 1-9.

Pulido, G.D. & McCook, L.J. 2003. Relative roles of herbivory and nutrients in the

recruitment of coral reef seaweeds. Ecology 84(8): 2026-2033.

Reis, R. P; Yoneshigue-Valentin, Y. & Belluco, F. 2003. Efeito de fatores bióticos no

crescimento de Hypnea musciformis (Rodhophyta – Gigartinales). Acta Botânica

Brasílica 17: 279-286.

Santelices, B. 2007.The discovery of kelps forest in deep-water habitats of tropical

regions. Proceedings of the Nacional Academy of Sciences of the United States of

America. 49(104): 19163-19164.

Schaffelke, B. 1999. Particulate organic matter as an alternative nutrient source for

tropical Sargassum species (Fucales, Phaeophyceae). Journal of Phycology 35:

1150-1157.

Page 157: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

157

Steneck, R. S., 1988. Herbivory on coral reefs: a synthesis. Proceeding of the 6th

International Coral Reef Symposium, Australia. 1: 37-49.

_____ & Dethier, M. N 1994. A functional group approach to the structure of algal-

dominance communities. Oikos 69:476-498.

_____; Vavrinec, J. & Leland, A. 2004. Accelerating trophic-level dysfunction in kelp

forest ecosystems of the western north Atlantic. Ecosystems, 7: 323-332.

Stewart, J.G. 1989. Stablishment, persistence and dominance of Corallina

(Rodhophyta) in algal turf. Journal of Phycology. 25: 436-446.

Széchy, M.T.M. & Paula, E.J. 2000. Macroalgas associadas a bancos de Sargassum C.

Agardh (Phaeophyta, Fucales) do litoral dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo,

Brasil. Hoehnea 27: 235-257.

_____; Galliez, M. & Marconi, M.I. 2006. Quantitative variables applied to

phenological studies of Sargassum vulgare C. Agardh (Phaeophyceae – Fucales)

from Ilha Grande Bay, State of Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Botânica 29:

27-37.

Tanaka, M.O. & Leite, F.P.P. 2003. Spatial scaling in the distribuition of macrofauna

associated with Sargassum stenophyllum (Mertens) Martius: analyses of faunal

groups, gamarid life habitats, and assemblage structure. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology. 293:1-22.

Page 158: EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE …vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Raquel_Muniz.pdf · EFEITOS DO DOSSEL DE SARGASSUM VULGARE (OCHROPHYTA - FUCALES) EM DUAS

158

Thibault, T.; Pinedo, S. Torras, X. & Ballesteros, E. 2005. Long term decline of the

populations of Fucales (Cystoseira spp. and Sargassum spp.) in the Albères coast

(France, North-western Mediterranean). Marine Pollution Bulletin 50(12): 1472-

1489.

Thompsen, M.S. & McGlathery, K. 2005. Facilitation of macroalgae by sedimentary

tube forming polychaete Diopatra cuprea. Estuarine Coastal and Shelf Science 62:

63-73

Toohey, B.D. & Kendrick, G.A. 2007. Survival of juvenile Ecklonia radiata

sporophytes after canopy loss. Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology 349: 170-182.

_____; Kendrick, G.A. & Harvey, E.S. 2007. Disturbance and reef topography

maintain high local diversity in Ecklonia radiata kelp forests. Oikos 116: 1618-

1630.

Tuya, F.; Haroun, R.J.; Boyra, A. & Sanchez-Jerez, P. 2005. Sea urchin Diadema

antillarum: different function: in the structure and dynamics of reefs on both side of

the Atlantic. Marine Ecology Progress Series 302: 307-310.

Worm, B.& Chapman, A.R.O. 1998. Relative effects of elevated grazing pressure and

competition from a red algal turf on two post-settlement stages of Fucus evanescens

C.Ag. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 220: 247-268.