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Page 1: EFEITOS DE PERSPECTIVA FORÇADA NA CRIAÇÃO DE … · diferença de planos fotográficos com o uso de materiais cotidianos e interação em grupo. ... experimento/cena e finalmente

EFEITOS DE PERSPECTIVA FORÇADA NA CRIAÇÃO DE

CENAS PARA INTERAÇÃO TEATRAL

Marcos Roberto Morali Marin

[email protected]

Marcio Fernandes Vilela Rodrigues

[email protected]

Giovanna Xavier Lavagnoli

[email protected]

Resumo:

Este relato explana um trabalho desenvolvido através do recurso de captação fotográfica

e em vídeo de efeitos de perspectiva baseados em conceitos renascentistas frisando a

diferença de planos fotográficos com o uso de materiais cotidianos e interação em

grupo. Projeto desenvolvido pelos alunos do PIBID de Artes Cênicas da Universidade

Federal da Grande Dourados (UFGD), mostra importância da multidisciplinaridade

presente na educação e entoa a troca de informações entre conteúdos das artes plásticas,

artes visuais, artes cênicas e história. Tendo em vista uma gama de assuntos que podem

ser abordados para o desenvolvimento de interesse a pesquisa pelos alunos e seu

vislumbre pelo conhecimento a fim de torna-lo um cidadão com aptidões e

discernimento.

Palavras-chave: Fotografia; Perspectiva; Artes Cênicas; Artes Visuais; Educação.

1. Introdução

A perspectiva forçada é uma técnica de captação de imagens que emprega a

ilusão de ótica de planos para distorcer o tamanho real dos objetos e/ou pessoas. Esta

técnica é usada muito no cinema e na fotografia e muda a escala dos objetos dando

impressão surreal.

A perspectiva auxilia a indicação da profundidade e da forma, uma

vez que cria a ilusão de espaço tridimensional. Ela se determina a

partir de um ponto de convergência que centraliza a linha, ou as linhas

principais da fotografia (CLAUDIO FEIJÓ).

Seminário de Avaliação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência UFGD/UEMS/PIBID

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O trabalho foi desenvolvido com alunos do 7º ano da turma C do ensino

fundamental de 2017 da Escola Estadual Floriano Viegas Machado baseado na teoria da

Arte no Renascimento, período da história em que houve uma busca por geometria

harmoniosa e utilização de planos distintos na pintura, destacando a obra “A Ultima

Ceia” de Leonardo da Vinci.

A intenção foi frisar o conceito de perspectiva aprendido, dando impressões

distorcidas das dimensões dos objetos, criando efeitos visuais e acrescentar o objetivo

de interagir cenicamente na criação de imagens e vídeo clipes curtos. Foi proposto aos

alunos o uso de materiais cotidianos como calçados, copos, miniaturas, bonés e seus

próprios corpos para a criação das imagens e vídeos.

Um trabalho fotográfico possui vida própria. [...] Cabe a nós

adequarmos a fotografia aos nossos sentimentos, sensibilidade e

criatividade. [...] O fotógrafo deve utilizar o plano visual com

elementos precisos, como se fosse uma "mala de viagem", cuja

ocupação requer racionalidade e utilidade dos componentes. É a

elaboração criativa destes elementos dentro do quadro visual, que

permite a sintetização da ideia na retratação da realidade (CLAUDIO

FEIJÓ).

2. Desenvolvimento do projeto

Foram formadas equipes com ideias distintas e ensaios para produção. Tudo

começa através da brincadeira, pois é através do lúdico que nasce a criatividade!

(LIMA, 2015)

A captação foi feita em duas etapas:

a. ETAPA 1 – Fotografia

Usando a distância relativa entre objetos e posicionamento adequado,

obtivemos resultados satisfatórios, onde o conceito de perspectiva forçada

foi firmemente frisado.

b. ETAPA 2 – Vídeo

Esta etapa exigiu mais empenho dos integrantes, necessitando de ensaios

para a realização dos efeitos que variavam desde profundidade a

desnivelamento de planos.

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O trabalho cenográfico permite o desenvolvimento do pensamento

reflexivo sobre a obra, possibilita a pesquisa de uma paleta de cores, o

conhecimento da engenharia teatral e de todo o seu vocabulário

cênico, por exemplo: ao criar o cenário que representa o lugar onde

acontece a cena, cria o lugar social e geográfico, ao mesmo tempo. O

cenário também pode significar tempo: época, história, estações do

ano, hora do dia. Assim, a função do cenário é a de determinar a ação,

no espaço e no tempo, para que o espectador possa entender os

acontecimentos. Este envolvimento faz com que o aluno possa ampliar

sua forma de ver o processo criativo, assumindo uma função de

responsabilidade diante do próprio amadurecimento no cuidado com

os materiais de uso cênico (LIMA 2015).

ETAPA 1 – Fotografia

o Houve um briefing no começo dos trabalhos mostrando exemplos de

produções de fotografias com perspectiva distorcida, onde os alunos

começaram a discutir o projeto e expor suas ideias para a produção.

Analisamos as possibilidades e exploramos lugares nas dependências da

escola para podermos dar continuidade a criação das imagens. Foram

separados grupos com quantidades diferentes de alunos de acordo com a

composição sugerida de cada grupo.

o No segundo encontro foram divididos as tarefas de cada integrante do

grupo, alguns faziam parte da cena em si e seriam fotografados (atores,

modelos ou objetos), outros seriam responsáveis pela parte técnica, a

cenografia e posicionamento de objetos e luz (direção, iluminação e

técnica).

o O próximo passo foi a criação das imagens, onde de forma organizada

cada grupo preparou seu experimento/cena e pôde-se conferir os

resultados. A marcação de cena/posicionamento foi muito importante

para se atingir o efeito desejado nas composições fotográficas. Alguns

grupos precisaram de alguns ajustes para a obtenção com sucesso da

fotografia ideal.

ETAPA 2 – Vídeo

o Foi feito de forma semelhante à produção fotográfica, um briefing inicial

com exemplos de produções cinematográficas clássicas: Georges Méliès

Page 4: EFEITOS DE PERSPECTIVA FORÇADA NA CRIAÇÃO DE … · diferença de planos fotográficos com o uso de materiais cotidianos e interação em grupo. ... experimento/cena e finalmente

com a “Viagem à lua” de 1902, Charlie Chaplin com “Tempos

modernos” de 1936 e King Kong de 1933 com efeitos de Willis O’Brien,

mostrando o uso da perspectiva distorcida e verticalização de planos,

onde surgiram novas ideias de produção. Foram estudadas as

possibilidades nas dependências da escola e demos continuidade. Foram

separados outros grupos distintos de alunos de acordo com a composição

sugerida de cada grupo.

o Houve a divisão das tarefas de cada integrante do grupo novamente, mas

desta vez a maioria seria formada por atrizes/atores da cena e um ou dois

integrantes de cada grupo seriam responsáveis pela parte técnica, o

movimento ou manipulação de objetos na cena e apoio de

direcionamento de atrizes e atores. Passamos também pelo passo de

ensaio da cena, onde cada grupo preparou um roteiro curto de seu

experimento/cena e finalmente foram feitas as tomadas de filmagem.

Houve a necessidade de marcação de cena/posicionamento com mais

precisão desta vez, pois havia movimento para criação das composições

de efeito visual. Como na experiência fotográfica, alguns grupos

precisaram de alguns ajustes para a obtenção com sucesso das imagens e

foram feitas varias tomadas criando um material bruto para ser depurado.

o No passo seguinte houve a triagem do material, as tomadas satisfatórias e

foi feito uma edição separando os grupos em videoclipes curtos com

títulos dos efeitos apresentados.

o Na finalização foi inserido sonoplastia com músicas e efeitos sonoros

para aprimorar a experiência audiovisual. O resultado pode ser conferido

no endereço eletrônico: https://youtu.be/5-b8j203vqA.

3. Conclusões

O sucesso da experiência só foi possível pelo empenho, dedicação, união e

interesse de cada aluno participante do projeto, que aprendeu o conceito, fixou-o e ainda

possibilitou um registro de seu trabalho que será eternizado.

Uma das formas mais interessantes de agregar valores ao dia a dia de

uma criança é a vivência em grupo que há no teatro; teatro só se faz

em grupo e nesse contato todas as diferenças são demonstradas, o que

faz um grupo crescer, pois todas as crianças passam a aprender a

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precisar do outro e com o outro criar as suas histórias e cenas, já que a

brincadeira só acontece com a participação de todos (LIMA, 2015).

O Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID de Artes Cênicas

contribui de forma fundamental na formação do professor, criando uma experiência

única desde os primeiros anos de graduação, fazendo o contato direto do aluno como os

novos profissionais da educação. As trocas de experiências proporcionadas entre os

integrantes fortalece o elo para a busca de novos formatos didáticos e para a criação de

uma escola moderna, onde o professor precisa, a cada dia aprimorar-se em busca das

respostas às mudanças que o mundo nos proporciona a cada instante.

O intuito do teatro na escola não é de formar atores, mas sim de dar uma visão

social as crianças e aos jovens, onde a interpretação traz realidades a serem exploradas e

refletidas do cotidiano. Nosso objetivo na escola não é ter um aluno-ator, um aluno-

pintor ou um aluno compositor, mas sim dar oportunidades a cada um de descobrir o

mundo, a si próprio e à importância da arte na vida (REVERBEL, 1989).

O teatro tem que se comprometer com a realidade, porque só assim será possível

e será licito produzir imagens eficazes da realidade (BERTOLD BRECHT, 1948).

4. Considerações gerais

Hoje, a dificuldade do trabalho diário dos professores de Arte é trabalhar com as

quatro linguagens artísticas específicas: música, teatro, dança e artes visuais, destacadas

pela disciplina de Arte na educação básica de acordo com a Lei de Diretrizes de Bases

(Lei n.9.394/96), juntamente com o documento de Parâmetros Curriculares Nacional

(Neves e Santiago, 2009). No entanto, o professor licenciado, geralmente, possui

formação em apenas uma das linguagens onde é direcionado o fluxo de seu conteúdo

lecionado. Por esse motivo torna-se muito importante a interação dos professores com

os estudantes em formação de áreas diferentes, como acontece na maioria das escolas

onde o PIBID atua. Isso faz com que haja uma ampla gama de possibilidades e

diferentes materiais didáticos para se investir na busca e troca conhecimentos que vão

além da sua formação acadêmica. Para que assim, ele consiga ministrar aulas que

apresentem o conteúdo das quatro grandes áreas da arte (Junior, 2013).

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5. Agradecimentos

A Professora Juliana Canuto Costa Ribeiro nossa supervisora e a toda equipe da

Escola Estadual Floriano Viegas Machado. As nossas professoras Coordenadoras do

PIBID Ariane Guerra e Flávia Janiaski. Agradecimento especial a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES que contribuiu para o

financiamento do trabalho.

6. Referências

FEIJÓ, Claudio. Linguagem Fotográfica. In: http://www.uel.br/pos/fotografia/wp-

content/uploads/downs-uteis-linguagem-fotografica.pdf. Acessado em 04 de outubro de

2017, às 16h20min.

LIMA, Luciano Charles Freire de. Teatro na Escola: um elo na educação, um passo

para a cidadania. In: Cadernos do GIPE-CIT: Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e

Extensão em Contemporaneidade, Imaginário e Teatralidade / Universidade

Federal da Bahia. Escola de Teatro / Escola de Dança. Programa de Pós-Graduação em

Artes Cênicas - Nº35, novembro, 2015.2. Salvador (BA): UFBA/PPGAC.

BRECHT, Bertolt. Estudos sobre teatro. Tradução por Fiama Pais Brandão. Editora

Nova Fronteira. 1978. Rio de Janeiro (RJ)

JUNIOR, J. S. A. Reflexões acerca do estágio curricular na formação do professor

licenciado em teatro. Educação e revista. Belo horizonte. V.09, n. 02. P. 43-64. 2013.

BRASIL. Diretrizes e bases da educação nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro

de 1996.