efeitos de diferentes estratÉgias nutricionais … · variedade de provas que diferenciam-se pelo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
EFEITOS DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS SOBRE VARIÁVEIS DE HIDRATAÇÃO
E DE DESEMPENHO FÍSICO EM CICLISTAS
Amanda Maria de Jesus Ferreira
NATAL/RN
2016
ii
EFEITOS DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS SOBRE VARIÁVEIS DE HIDRATAÇÃO
E DE DESEMPENHO FÍSICO EM CICLISTAS
Amanda Maria de Jesus Ferreira
Dissertação apresentada à Pós-Graduação
em Educação Física da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para a obtenção do grau
de Mestre em Educação Física.
ORIENTADOR (A): Ana Paula Trussardi Fayh
CO-ORIENTADOR (A): Alexandre Hideki Okano
iii
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila
Mamede / Setor de Informação e Referência
Ferreira, Amanda Maria de Jesus.
Efeitos de diferentes estratégias nutricionais sobre variáveis de hidratação e de
desempenho físico em ciclistas / Amanda Maria de Jesus Ferreira. - Natal, RN, 2016.
91 f.: il.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Paula Trussardi Fayh.
Coorientador: Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências
da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Educação Física.
1. Hidratação - Dissertação. 2. Modificações dietéticas - Dissertação. 3. Desempenho físico -
Dissertação. 4. Ciclismo - Dissertação. I. Fayh, Ana Paula Trussardi. II. Okano, Alexandre Hideki.
III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 796.61
iv
AMANDA MARIA DE JESUS FERREIRA
EFEITOS DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS SOBRE
VARIÁVEIS DE HIDRATAÇÃO E DE DESEMPENHO FÍSICO EM
CICLISTAS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Ana Paula Trussardi Fayh
Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano
Prof. Dr. Orlando Laitano Lionello Neto
SUPLENTES
Prof. Dr. Aline Marcadenti de Oliveira
Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por todas as bênçãos que me proporciona na
vida, por me dar forças para prosseguir e por permanecer ao meu lado a todo momento.
Aos meus pais, por priorizarem a minha educação, mesmo diante das
dificuldades da vida. Ao meu pai, Oswaldo, pela dedicação em fazer sempre o melhor
por mim, e à minha mãe, Inácia, pelo carinho diário, por compreender minha ausência e
pelas orações, que só me fortalecem.
Ao meu irmão, Henrique, pelo exemplo de inteligência e determinação que me
inspiraram a ser estudante que sou hoje. Mesmo distante, sempre esteve ao meu lado.
Ao meu amor, Felipe, meu amigo e noivo, que foi companheiro em todas as
fases dessa experiência. Pelo estímulo diário, pelos conselhos dados nos momentos
certos, pela imensa compreensão e pelo amor, acima de tudo.
A minha orientadora querida, Ana Paula, a quem eu tenho imensa admiração.
Almejo ser um dia uma profissional igual a ela. Pelos ensinamentos compartilhados,
pela oportunidade, confiança, apoio e compreensão a mim depositada durante todo o
percurso.
As amizades construídas e fortalecidas durante o mestrado: Samara, Renêe e
Camilinha. Foram muitos ótimos dias de risadas e conhecimentos compartilhados. E
também à todos os amigos do Grupo de pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
(GEPEBIEX), onde fui extremamente bem acolhida, que me ajudaram a amadurecer
como mestranda pelos exemplos de pesquisadores ali presentes, e tornaram, acima de
tudo, esses meus dois anos muito divertidos. Aos professores Hassan e Okano, por abrir
as portas do laboratório para mim e pelas contribuições sempre pertinentes. E em
especial ao doutorando Luiz Fernando, um anjo que cruzou o meu caminho, pelo dom
de orientar e pela total disponibilidade desde os primeiros momentos, eu realmente não
chegaria até aqui sem o seu apoio e ensinamentos.
vi
A todos os voluntários que dedicaram tempo e energia para tornar esse trabalho
possível, sempre muito solícitos e simpáticos. Sem a disposição deles esse trabalho não
existiria. A troca de experiências me ajudou a crescer e amadurecer como nutricionista
na área esportiva. Aprendi muito com todos.
Aos mestrandos e todos os participantes do Grupo de Estudos em Metabolismo,
Exercício e Nutrição (GEMEN), pela troca de experiências, pelo apoio nas coletas e
pelos ótimos momentos extra científicos compartilhados.
À minha equipe do Natal Hospital Center, por “segurar as pontas” todas as vezes
que precisei me ausentar, por compreender os dias em que estive presente apenas
fisicamente, e por ajudar a transformar os meus dias mais difíceis em dias mais leves.
A todos os meus amigos, aqueles que permaneceram ao meu lado sentirão meus
sinceros agradecimentos. Uns por aguentarem diariamente minhas indecisões, angústias
e reclamações, outros por compreenderem minha ausência, e a todos pelos momentos
maravilhosos que me proporcionam. Tenham a certeza que vocês me ajudaram a
encontrar o equilíbrio e seguir em frente. Eu tenho orgulho de estar rodeada de pessoas
tão especiais.
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“A vida começa todos os dias...”.
- Erico Veríssimo.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 1
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 2
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ................................................... 3
RESUMO ......................................................................................................................... 4
ABSTRACT ..................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 8
3. OBJETIVO ................................................................................................................... 9
5. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 10
5.1. Nutrição e hidratação em esportes de alta intensidade ........................................ 10
5.1.1 Metabolismo energético e aspectos nutricionais ............................................ 10
5.1.2. Enxague Bucal com Carboidratos ................................................................. 14
5.1.3 Equilíbrio hídrico e desempenho.................................................................... 18
5.2 Recomendações nutricionais e de líquidos em eventos esportivos ....................... 23
6. MÉTODOS ................................................................................................................. 27
6.1. Delineamento do estudo ....................................................................................... 27
6.2. Caracterização da população e amostra ............................................................... 27
6.3. Logística do estudo .............................................................................................. 28
6.3.1. Anamnese e coleta de dados antropométricos............................................... 28
6.3.2. Determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) ........................ 29
6.3.3. Sessão de familiarização ............................................................................... 29
6.3.4. Dieta e atividade física antes dos experimentos ............................................ 29
6.3.5. Ensaios controlados ....................................................................................... 30
ix
6.4. Oferta de fluidos e nutrientes ............................................................................... 31
6.5. Avaliações ............................................................................................................ 31
6.9.1. Avaliação do desempenho físico ................................................................... 31
6.9.2. Avaliação das variáveis psicobiológicas ....................................................... 32
6.9.3. Avaliação do estado de hidratação ................................................................ 32
6.6. Análise estatística ................................................................................................ 32
7. RESULTADOS .......................................................................................................... 34
8. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 40
9. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 45
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 46
APENDICES .................................................................................................................. 52
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação da intensidade relativa do exercício para aptidão
cardiorrespiratória e exercícios de resistência. ............................................................... 11
Tabela 2. Classificação do estado de hidratação a partir dos indicadores do percentual de
perda de peso, coloração da urina e densidade urinária. ................................................ 20
Tabela 3. Características dos sujeitos (n=11) ................................................................. 34
Tabela 4. Consumo alimentar dos atletas nas diferentes intervenções. .......................... 34
Tabela 5. Valores médios das variáveis relacionadas ao desempenho dos atletas nas
diferentes intervenções. .................................................................................................. 35
Tabela 6. Variáveis de hidratação nas diferentes intervenções. ..................................... 39
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Tempo de desempenho médio entre as intervenções EBC, IHPP e IHAD. .... 35
Figura 2. Comportamento da frequência cardíaca e potência durante cada 12,5% do
contrarrelógio nos tratamentos EBC, IHPP e IHAD. ..................................................... 36
Figura 3. Escala de percepção subjetiva do esforço e escala de valência afetiva durante
cada 25% do contrarrelógio nos tratamentos EBC, IHPP e IHAD.. .............................. 37
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LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
ACSM – AMERICAN COLLEGE ASSOCIATION
ADP – ADENOSINA DIFOSFATO
ANOVA-MR – ANALISE DE VARIANCIAS COM MEDIDAS REPETIDAS
ATP – ADENOSINA TRIFOSFATO
CEP – COMITE DE ETICA EM PESQUISA
CHO – CARBOIDRATOS
DU – DENSIDADE DA URINA
EBC – ENXAGUE BUCAL COM CARBOIDRATOS
FC – FREQUENCIA CARDÍACA
IHAD – INGESTÃO HÍDRICA AD LIBITUM
IHPP – INGESTÃO HÍDRICA PELA PERDA DE PESO
IMC – INDICE DE MASSA CORPORAL
KCAL - QUILOCALORIAS
LIP - LIPIDEOS
PP – PERDA DE PESO
PSE – PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO
PTN - PROTEINAS
SNC – SISTEMA NERVOSO CENTRAL
TCLE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
VA – VALENCIA AFETIVA
VO2 MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO
W - POTÊNCIA
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RESUMO
EFEITOS DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS SOBRE VARIÁVEIS DE HIDRATAÇÃO
E DE DESEMPENHO FÍSICO EM CICLISTAS
AUTOR (A): Amanda Maria de Jesus Ferreira
ORIENTADOR (A): Ana Paula Trussardi Fayh
CO-ORIENTADOR (A): Alexandre Hideki Okano
Introdução: O alto gasto energético e a desidratação são intercorrências nutricionais
comuns em modalidades esportivas de alta intensidade e duração moderada, como o
ciclismo. Entretanto, ainda permanecem lacunas nas recomendações nutricionais para
exercícios com estas características. Objetivo: Determinar o efeito de diferentes
estratégias de ingestão de líquidos e enxague bucal com carboidratos sobre a
desidratação e o desempenho físico em ciclistas durante uma prova de ciclismo
contrarrelógio. Metodologia: Onze ciclistas do sexo masculino, aclimatados ao calor,
completaram uma prova de 30km em cicloergômetro em estado alimentado, e com
carga autorregulada, sob a influência aleatória das seguintes intervenções: EBC =
Enxague bucal com carboidrato ; IHPP = Ingestão hídrica e de eletrólitos de acordo com
peso; IHAD = Ingestão hídrica “Ad Libitum”. Variáveis de tempo, frequência cardíaca
(FC), potência (W), percepção de esforço (PSE), afeto; e alterações na perda de peso
(PP), cor, densidade (DU) e pH da urina, foram avaliadas durante o teste. Para análise
estatística utilizou-se a análise de variância para medidas repetidas (ANOVA MR) e a
Equação de Estimativa Generalizada (GEE) com ajuste de Bonferroni (p<0,05).
Resultados: O desempenho dos atletas, em relação ao tempo de prova, não diferiu entre
os as intervenções, com média de 54,5±2,9, 53,6±3,9 e 54,5±2,5 min em EBC, IHPP E
IHAD, respectivamente (p=0,13). Em todas as intervenções, os participantes
apresentaram perda de peso (PP) durante a prova, diferindo no total de percentual
perdido entre os tratamentos (1,7±0,4%, 0,6±0,6%, 1,4±0,6%, respectivamente), sem
atingir a desidratação. Conclusão: O diferente consumo de líquidos não influenciou o
desempenho (tempo de prova) de ciclistas durante uma disputa em contrarrelógio de 30
km.
Palavras chaves: hidratação, modificações dietéticas, desempenho físico, ciclismo
5
ABSTRACT
EFFECTS OF DIFFERENT STRATEGIES ON
NUTRITION VARIABLE FLUID AND PHYSICAL
PERFORMANCE IN CYCLISTS
AUTHOR (A): Amanda Maria de Jesus Ferreira
ADVISOR (A): Ana Paula Trussardi Fayh
CO-SUPERVISOR (A): Alexandre Hideki Okano
Introduction: The high-energy expenditure and dehydration are common nutritional
complications in sports of high intensity and moderate duration, such as cycling.
However, there are still gaps in nutritional recommendations for exercises with these
characteristics. Objective: To determine the effect of different fluid intake strategies
and oral rinse with carbohydrates on dehydration and physical performance in cyclists
during a race Cycling Time Trial. Methods: Eleven male cyclists, acclimatized to the
heat, completed a 30km ride on a cycle ergometer in the fed state, and self-regulated
charge, under the random influence of the following interventions: EBC = oral rinse
carbohydrate without water intake; IPPH = Intake water and electrolyte according to
weight loss; IHAD = water intake "Ad Libitum". Time variables, heart rate (HR), power
(W), perceived exertion (RPE), affection, and changes in weight loss (PP), color,
density (DU) and urine pH were evaluated during the test . Statistical analysis was
performed using analysis of variance for repeated measures (ANOVA MR) and the
Generalized Estimating Equation (GEE) with Bonferroni adjustment (p <0.05). Results:
The performance of the athletes in relation to the test of time, did not differ between the
intervention, mean 54.5 ± 2.9, 53.6 ± 3.9 and 54.5 ± 2.5 min in EBC , IPPH and IHAD,
respectively (p = 0.13). In all interventions, participants presented weight loss (PP)
during the race, differing in the amount of lost percentage between treatments (1.7 ±
0.4%, 0.6 ± 0.6%, ± 1.4 0.6%, respectively), without reaching dehydration. Conclusion:
Different fluid intake did not influence the performance (time trial) of cyclists during a
dispute in Time Trial 30km.
Key words: hydration, dietary changes, physical performance, cycling
6
1. INTRODUÇÃO
O ciclismo é uma modalidade esportiva bastante estudada devido a sua
variedade de provas que diferenciam-se pelo seu grau de intensidade. As modalidades
de disputa em contrarrelógio, em que cada atleta tenta percorrer uma distância fixa no
menor tempo possível, caracterizam-se pela menor duração das provas, pela alta
intensidade e elevada cadência de pedalada (LUCÍA; HOYOS; CHICHARRO, 2001;
LUCÍA et al., 1999). Em competições, a intensidade do esforço é superior a 70% do
consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e entre ciclistas de elite esses percentuais
podem chegar a 90% (FERNÁNDEZ-GARCÍA et al., 2000; LUCÍA et al., 1999;
NEUMAYR et al., 2002).
O alto gasto energético e a alta demanda cardiorrespiratória durante as provas de
ciclismo causam alterações fisiológicas comuns como desidratação e a depleção dos
estoques de glicogênio muscular (GARBER et al., 2011; LEPERS et al., 2002). A perda
hídrica ocorre porque há a necessidade de dissipar o calor gerado durante o exercício
(JEUKENDRUP, 2011; MAUGHAN; MEYER, 2013). A perda excessiva de líquidos
(> 2% de massa corporal) pode provocar alteração do equilíbrio hidroeletrolítico,
diminuição do volume plasmático, redução da capacidade de redistribuição do fluxo
sanguíneo para a periferia e menor capacidade aeróbica para um determinado débito
cardíaco o que acentua as consequências ao desempenho, principalmente em provas
realizadas em ambientes quentes e quando associadas à reposição hídrica inadequada
(MAUGHAN; MEYER, 2013; MAUGHAN, 2012; SAWKA et al., 2007). Com base
nessas alterações fisiológicas, as sociedades esportivas recomendam que os atletas
bebam líquidos desde o início das provas, em volume suficiente para repor as perdas
pela transpiração ou consumir a quantidade máxima tolerada (ACSM ET AL., 2016;
SAWKA et al., 2007). Adicionalmente, deve se considerar a reposição de eletrólitos
quando o exercício ocasionar altas taxas de sudorese, ultrapassando 900mL/h (ACSM
ET AL., 2016; HERNANDEZ; NAHAS, 2009; SAWKA et al., 2007).
Sob outra perspectiva, pesquisadores defendem que a ingestão de líquidos à
vontade (“ad libitum”) seja suficiente para manter a homeostase corporal (BERKULO
et al., 2015; NOAKES, 2007; WALL et al., 2013). Acredita-se que o sistema nervoso
central é capaz de indicar corretamente o volume de fluido a ser ingerido de acordo com
as informações aferentes, garantindo a regulação dos níveis plasmáticos e da
7
temperatura corporal (DARIES; NOAKES; DENNIS, 2000; GOULET, 2011;
MACHADO-MOREIRA et al., 2006; NOAKES; DANCASTER; MARATHON, 2003;
NOAKES; ST CLAIR GIBSON; LAMBERT, 2005). Tais resultados têm expandido a
utilização da ingestão “ad libitum”, principalmente, em modalidades de ciclismo em
disputa contrarrelógio, pois a alta intensidade da prova aumenta a possibilidade dos
atletas queixarem-se de desconforto gastrintestinais causado pelo excesso de água, além
do risco de hiponatremia para o atleta nestas condições (NOAKES; DANCASTER;
MARATHON, 2003; NOAKES; ST CLAIR GIBSON; LAMBERT, 2005).
Outra estratégia nutricional é o acréscimo de carboidratos nas bebidas. No
entanto, não há consenso da necessidade em atividades com duração inferior a 60
minutos, pois acredita-se que o estoque de glicogênio muscular seja suficiente para
fornecer energia, e a utilização da glicose sanguínea é mínima (KERKSICK et al., 2008;
TORRENS et al., 2016). Além disso, discute-se a mesma probabilidade do atleta
apresentar alterações gastrintestinais que comprometam o seu desempenho (CARTER;
JEUKENDRUP; JONES, 2004; DE OLIVEIRA; BURINI, 2014). O último
posicionamento do Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda o uso da
técnica de Enxague Bucal com Carboidratos (EBC) para modalidades mais curtas (≤ 60
minutos), não sendo necessária a sua ingestão (ACSM ET AL., 2016). A hipótese é que
os carboidratos seriam detectados pelos receptores gustativos e ativariam importantes
regiões cerebrais relacionadas a sensações de motivação e controle motor, sendo
responsáveis pela melhora no desempenho observado, sem necessidade de ingestão do
mesmo (BORTOLOTTI et al., 2011; CARTER; JEUKENDRUP; JONES, 2004;
JEUKENDRUP, 2014). Entretanto, há controversas nos resultados dos estudos (ALI et
al., 2016; BEELEN et al., 2009; KULAKSIZ et al., 2016; KUMAR et al., 2016) e ainda
não é conhecido qual o impacto desta técnica sobre a hidratação e desempenho dos
atletas e de sua efetividade comparada às recomendações tradicionais.
Sendo assim, analisando a necessidade de aprimorar os estudos sobre as
diferentes estratégias nutricionais que possam melhorar o desempenho dos atletas em
modalidades de alta intensidade e duração inferior a 60 minutos, esse trabalho tem como
objetivo determinar os efeitos de diferentes estratégias de hidratação e enxágue bucal
com carboidratos sobre o equilíbrio hídrico e desempenho físico de ciclistas durante
prova contrarrelógio.
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2. JUSTIFICATIVA
Considerando que há diversas condutas profissionais no acompanhamento de
atletas que visam potencializar o seu desempenho, mas poucas com enfoque em
exercícios com duração inferior a 60 minutos, pretende-se com esse estudo contribuir na
elucidação de questionamentos que envolvem diferentes estratégias nutricionais na
condição de hidratação do atleta e seus possíveis efeitos no desempenho do atleta neste
tipo de prova.
A estratégia de EBC, recentemente indicada, ainda carece de estudos que
comprovem seu efeito ergogênico em estado alimentado, além do fato que nenhum
estudo investigou sua relação com variáveis de desidratação. Apesar do curto período de
tempo para a conclusão deste tipo de prova, os atletas podem apresentar uma perda
hídrica através da sudorese e possuir a necessidade de ingerir líquidos, o que pode
influenciar o seu desempenho.
Para isso, optamos por três estratégias nutricionais mais recomendadas na
literatura científica para esse tipo de modalidade, a considerar: as recomendações
tradicionais da ACSM de reposição de fluidos e eletrólitos de acordo com a perda de
peso pela sudorese, a técnica de beber água conforme a sede (“ad libitum”) e a técnica
de EBC, sem ingestão.
Pretendemos, com os resultados deste estudo, esclarecer prioritariamente as
seguintes questões de pesquisa: i) o uso da técnica de EBC pode promover uma
significativa desidratação no atleta e, consequentemente, prejudicar o seu desempenho
físico? ii) A reposição de líquidos de acordo com a quantidade perdida segundo
avaliação prévia pode prejudicar o desempenho físico e diminuir a cadência de
pedalada para a pausa da ingestão hídrica? iii) Estimular a ingestão hídrica à vontade é
suficiente para prevenir a desidratação e manter o desempenho esportivo? Sendo assim,
serão avaliados os efeitos das três estratégias sobre variáveis de hidratação e de
desempenho físico em uma prova de ciclismo de 30 km em disputa contrarrelógio.
9
3. OBJETIVO
Determinar os efeitos de diferentes estratégias de hidratação e enxágue bucal
com carboidratos sobre o equilíbrio hídrico e desempenho físico de ciclistas
durante prova contrarrelógio.
10
5. REVISÃO DA LITERATURA
5.1. Nutrição e hidratação em esportes de alta intensidade
5.1.1 Metabolismo energético e aspectos nutricionais
Exercícios de alta intensidade são caracterizados principalmente pelo uso de
glicose como fonte energética e pelas suas altas taxas de consumo de oxigênio,
frequência cardíaca e percepção de esforço, o que demanda grande exigência física e
estado nutricional adequado (GARBER et al., 2011).
Os esforços próximos ao máximo requerem uma mistura de metabolismo
anaeróbico e aeróbico para produção de energia (DUFFLIELD; DAWSON, 2003;
SILVEIRA; CURI, 2012). Os principais determinantes da utilização do substrato são a
intensidade e a duração do exercício, bem como os estoques prévios de carboidratos e
do estado de treinamento do atleta (JEUKENDRUP; CHAMBERS, 2010). Carboidratos
e gorduras são os dois principais substratos oxidados pelo músculo esquelético. Em
exercícios de maior duração, há principalmente diminuição na disponibilidade de
carboidratos que resulta em reduções significativas de glicogênio e baixos níveis de
glicose no sangue e, como resultado, há elevação nas concentrações de ácidos graxos
livres (SILVEIRA; CURI, 2012); WAGENMAKERS et al., 1991).
Esportes de resistência, como o ciclismo, são atividades que podem variar de 30
min a 5 horas, podendo caracterizar-se como um exercício de intensidade alta a
depender do tipo de prova (Tabela 1). A atividade prolongada do ciclismo tem uma
intensidade média de 75% do VO2max (JEUKENDRUP, 2011). Em provas de
contrarrelógio, a intensidade do esforço pode ser superior a 70% do VO2max em
competições, e em ciclistas de elite esses percentuais podem chegar a 90%
(FERNÁNDEZ-GARCÍA et al., 2000; LUCÍA et al., 1999; NEUMAYR et al., 2002).
Isto corresponde a utilização de 60% e 40% de carboidratos e gorduras para o
metabolismo energético, respectivamente, mostrando, assim, a importância dos
carboidratos neste tipo de exercício (WAGENMAKERS et al., 1991).
A molécula de adenosina trifosfato (ATP) é a fonte imediata de energia química
para a contração muscular. Como os depósitos intramusculares de ATP são pequenos, a
sua regeneração contínua é fundamental para a manutenção da produção de força
11
muscular durante o desempenho sustentável no exercício. Em condições de produção de
muita energia, isso é obtido por meio da produção não oxidativa de ATP (anaeróbica)
seguido de uma quebra de creatinafosfato (PCr) ou da degradação do glicogênio
muscular em lactato (LIMA-SILVA et al., 2007; ØRTENBLAD; WESTERBLAD;
NIELSEN, 2013).
Tabela 1. Classificação da intensidade relativa do exercício para aptidão
cardiorrespiratória e exercícios de resistência.
Intensidade relativa
Intensidade VO2max (%) FCmáx (%) PSE
Muito leve < 20 <35 <10
Leve 20 – 39 35-54 10-11
Moderado 40-59 55-69 12-13
Intenso 60-84 70-89 14-16
Muito intenso >85 >90 17-19
Máximo 100 100 20
Adaptada da American College Sports and Medicine (GARBER et al., 2011). %VO2máx: Percentual de
consumo máximo de oxigênio; %FCmáx: Percentual da frequência cardíaca máxima; PSE: Percepção
Subjetiva do Esforço.
Ao longo do exercício, quando há uma baixa produção de energia, o
metabolismo oxidativo ou aeróbico dos carboidratos (glicogênio muscular e glicose
presente no sangue) e de lipídios (ácidos graxos derivados de depósitos de triglicérides,
nos músculos ou no tecido adiposo) participam da ressíntese de ATP necessária para
processos celulares que dependem de energia dentro do músculo esquelético (COYLE
et al., 1986; SAHLIN; TONKONOGI; SÖDERLUND, 1998).
A depleção de substratos de energia (ATP e outros compostos bioquímicos
utilizados na produção de ATP) e o acúmulo de derivados metabólicos produzidos
nessas vias energéticas (como magnésio (Mg2+), ADP, fosfato inorgânico (Pi), lactato e
íon de hidrogênio (H+), amônia (NH3), espécies reativas de oxigênio e calor), são
mecanismos potenciais de fadiga, responsáveis pelo declínio da força e/ou da produção
de energia pelo músculo esquelético durante o exercício (GANDEVIA, 1998;
ØRTENBLAD; WESTERBLAD; NIELSEN, 2013). As alterações de humor, a
motivação, o processamento da informação somatossensorial, a percepção do esforço e
12
excitabilidade do córtex motor também têm sido propostos para alterar a função do SNC
durante o exercício, influenciando na queda do desempenho do atleta (NYBO, 2003;
WINNICK et al., 2005).
Além dos fatores acima citados, no início da atividade física, os impulsos
nervosos motores desencadeados no cérebro, juntamente com o retorno ao hipotálamo
pelos nervos sensitivos originados nos músculos, estimulam ou inibem a liberação de
muitos hormônios. Ocorrem mudanças rápidas de secreção hormonal em antecipação
das necessidades de ajustes metabólicos e cardiovasculares necessários para que o
organismo possa suportar o aumento da demanda imposta pelo exercício. Essas
modificações hormonais manifestam-se de maneira mais intensa quando a intensidade
dos exercícios aumenta e ocorre a fadiga (NYBO, 2003).
Um dos sinais mais importantes do controle do sistema neuroendócrino é a
diminuição na concentração da glicose sanguínea (WINNICK et al., 2005). Os
exercícios extenuantes e prolongados causam diminuição previsível na glicemia e
aumentos correspondentes na concentração de epinefrina, de cortisol, de glucagon e de
hormônios de crescimento, juntamente com a diminuição da secreção da insulina.
Hormônios que apresentam como função principal a manutenção da glicemia em níveis
estáveis (NYBO, 2003).
A disponibilidade reduzida de glicose no sangue está associada às taxas
reduzidas de oxidação de carboidratos e fadiga, e o aumento dos níveis de glicose por
meio de ingestão de carboidratos aumenta a oxidação desses nutrientes e melhora do
desempenho no endurance (HARGREAVES, 2015). Parte disso pode ocorrer devido a
uma maior captação de glicose no músculo e ao aumento do equilíbrio energético
muscular. Como a glicose é o principal substrato para o cérebro, a glicemia baixa
(hipoglicemia) também pode reduzir a captação de glicose no cérebro e assim contribuir
à fadiga central (NYBO, 2003).
A alimentação saudável e adequada à quantidade de trabalho deve ser entendida
e compreendida pelos atletas de alto rendimento como sendo o ponto de partida para
obter o desempenho máximo e as manipulações nutricionais caracterizam uma
estratégia complementar (HERNANDEZ; NAHAS, 2009). Este tipo de exercício
envolve uma integração complexa de muitas funções fisiológicas. Um princípio
fundamental é que o trabalho aplicado no exercício requer energia e com a duração da
13
atividade essa demanda aumenta causando uma maior dependência da ressíntese de
ATP (BASSETT; HOWLEY, 2000).
A ingestão de 30 a 60g de carboidratos por hora é suficiente para evitar queda na
concentração de glicose no sangue e retardar a instalação da fadiga durante os
exercícios de longa duração (HARGREAVES, 2015). Além disso, a ingestão de
carboidratos imediatamente antes e/ou durante os exercícios de endurance produz
modificações significativas no comportamento dos hormônios glicoreguladores. Alguns
autores sugerem que o efeito ergogênico da ingestão de carboidratos durante os
exercícios prolongados extenuantes também pode ser decorrente de um melhor balanço
energético cerebral e da manutenção do papel do sistema nervoso central (NYBO,
2003).
14
5.1.2. Enxague Bucal com Carboidratos
Apesar do tradicional papel dos carboidratos como substrato energético para o
metabolismo durante o exercício, em especial em durações mais prolongadas
(HERNANDEZ; NAHAS, 2009; ROWLANDS et al., 2012), benefícios também foram
observados sobre o desempenho durante exercícios que duraram aproximadamente 1
hora (ANANTARAMAN et al., 1995; CARTER et al., 2003).
Neste tipo de atividade, a hipoglicemia não se desenvolve, as concentrações de
glicose no sangue não diminuem e a depleção de glicogênio não parece ser um fator
limitante de desempenho. Alguns autores comprovam que a utilização da glicose
sanguínea para o gasto de energia durante esse tipo de exercício é mínima quando
comparada com as altas taxas de oxidação do glicogênio muscular (HAWLEY;
PALMER; NOAKES, 1997; ROMIJN et al., 1993). Assim, durante este tipo de
exercício, os efeitos no desempenho provavelmente não podem ser explicados por
fatores metabólicos.
Alguns pesquisadores (BORTOLOTTI et al., 2014; CARTER; JEUKENDRUP;
JONES, 2004; CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009), sugerem que este efeito
provavelmente envolvam a ativação do SNC a partir da simples presença de
carboidratos na boca, e esta teoria já está sendo inclusa nas novas diretrizes em nutrição
e esportes como uma alternativa para exercícios nessa intensidade e duração (ACSM ET
AL., 2016).
Carter et al. (2004) foram pioneiros em demonstrar que apenas o contato do
carboidrato com receptores gustativos na boca, como em um enxágue (sem necessidade
de ingerir o carboidrato) promoveu benefícios de desempenho semelhantes à ingestão,
em uma prova de contrarrelógio de 1 hora de duração, oferecendo evidências indiretas
de um "efeito central". O mesmo grupo de pesquisadores demonstrou que a infusão
intravenosa de glicose durante esse tipo de exercício (aumentando significativamente
seus níveis na circulação), não afetou o desempenho dos atletas (CARTER et al.,
2004b), descartando a possibilidade de que o possível aumento da glicemia pudesse
favorecer a oxidação dos carboidratos. Outros estudos também demonstram que o
enxague bucal não está associado com mudanças na concentração de glicose sanguínea
(ROLLO; WILLIAMS, 2011; ROLLO et al., 2008, 2010).
15
A técnica consiste em uma distribuição de fluidos carboidratados ao redor da
boca por 5 a 10 segundos com posterior eliminação. Soluções com concentração de
6,0% a 6,4% de glicose ou maltodextrina parcialmente hidrolisadas são as mais
comumente utilizadas. As atividades de ciclismo (~ 1 hora de duração, com intensidade
de ~ 75 % VO2max) e corrida (~1 hora de duração, intensidade entre 60 % e 65%
VO2max), ambos em contrarrelógio, são os protocolos de exercícios mais comuns nos
estudos e que demonstram resultados positivos, como a diminuição do tempo de
conclusão da prova (SILVA et al., 2013). Outros fatores, como tempo em jejum,
número de enxágues realizados durante o exercício e a viscosidade e textura da solução
teste, também influenciam nos resultados (CARTER; JEUKENDRUP; JONES, 2004; E
SILVA et al., 2013).
A proposta é que os carboidratos são detectados pelos receptores da cavidade
oral e que os sinais neurais aferentes enviados diretamente para o cérebro seriam
responsáveis pela melhora no desempenho observado (CARTER; JEUKENDRUP;
JONES, 2004; CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009). Esta ideia concretizou-se
principalmente a partir de estudos que, por análises por imagens de ressonância
magnética funcional, comprovaram que a simples presença de líquidos carboidratados
na boca humana, ativa importantes regiões cerebrais relacionadas a sensações de
motivação e controle motor, incluindo córtex cingulado anterior, ínsula, opérculo
frontal, córtex orbitofrontal e estriado (CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009), áreas
que podem estar relacionadas com a tolerância ao exercício (GIBSON; NOAKES,
2004). Estes fatores também podem estar relacionados a uma menor PSE, considerando
que há estimulação de centros de recompensa / prazer. Há na literatura relatos que a
PSE diminui e a sensação de prazer aumenta (BACKHOUSE et al., 2005; ROLLO et
al., 2008) quando há a manipulação de carboidratos durante esse tipo exercício.
Esse tipo de manipulação torna-se também interessante, devido a comprovação
de que uma alta ingestão de soluções de carboidratos e hiperosmolares aumenta
problemas gastrointestinais (DE OLIVEIRA; BURINI, 2014; PETERS et al., 2000),
podendo prejudicar a performance do atleta em competições. Existem várias causas para
queixas gastrintestinais durante o exercício, incluindo fatores mecânicos, isquêmicos e
nutricionais. Há um possível aumento na pressão intra-abdominal e entre os órgãos, o
sangue é desviado para tecidos ativos e o fluxo esplênico é reduzido, lentificando o
16
esvaziamento gástrico, podendo causar uma absorção incompleta ou lenta dos
carboidratos, aumentando assim as chances de intolerância gastrintestinal. O enxague
bucal sem posterior ingestão da solução utilizada é uma alternativa para descartar
qualquer dessas influências no desempenho do atleta nesse tipo de exercício (DE
OLIVEIRA; BURINI, 2014).
No entanto, alguns estudos não observaram efeitos sobre o desempenho com o
uso de carboidratos nessas condições (BEELEN et al., 2009; WHITHAM et al., 2007).
A maioria dos relatos dos efeitos benéficos envolveram sujeitos que começavam os
exercícios após uma noite de jejum (CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009; ROLLO et
al., 2010) ou em estado pós- absorção (≥ 4 h) (CARTER; JEUKENDRUP; JONES,
2004). Por outro lado, parece que as investigações que não conseguiram mostrar uma
ação ergogênica tendem a ser os estudos em que os sujeitos receberam uma refeição rica
em carboidratos 2-3 horas antes do exercício (BEELEN et al., 2009; ISPOGLOU et al.,
2015).
Também não foram observados efeitos positivos em estudos cujas provas
duravam menos de 30 minutos, como em sprints em cicloergômetro (CHONG;
GUELFI; FOURNIER, 2011; PAINELLI et al., 2011) ou em corridas (DORLING;
EARNEST, 2013). Outros autores sugerem que o ato do enxágue durante exercícios de
alta intensidade também pode ser negativo em função da ruptura da respiração e/ou da
concentração (GAM; GUELFI; FOURNIER, 2012).
Como não há ingestão de líquidos, o aumento da sensação de sede pode ter
impacto no desempenho por estar relacionado a sentimentos de prazer associado ao
exercício (ARAUJO et al., 2003), entretanto esse fator é pouco discutido na literatura.
Um grupo de autores ressaltam a necessidade de monitorizar o estado de hidratação e
seus possíveis efeitos prejudiciais quando atletas utilizam essa estratégia, sobretudo em
exercícios realizados em condições climáticas desfavoráveis, visto que encontraram em
seu estudo aumentos significativos nas taxas de sede com o EBC (ISPOGLOU et al.,
2015).
Diante desses resultados, observa-se que o enxágue bucal com carboidratos
embora possa ser uma técnica promissora, sobretudo, pela fácil aplicabilidade, baixo
custo e provável boa eficácia para a melhoria do desempenho, demonstra controversa
em seus resultados e necessita de mais estudos que contribuam com o esclarecimento
17
dos reais mecanismos envolvidos na sua atuação. Em especial seu impacto na
hidratação dos atletas (considerando que na técnica não há ingestão hídrica), e seu efeito
ergogênico no desempenho frente às recomendações tradicionais de hidratação para
exercícios de alta intensidade e moderada duração.
18
5.1.3 Equilíbrio hídrico e desempenho
Aliadas às recomendações nutricionais energéticas, o equilíbrio hídrico do atleta,
é um fator de impacto positivo no sucesso esportivo, seja durante o treinamento ou
competições. Já que a desidratação pode trazer consequências desagradáveis como a
diminuição da força muscular, o aumento do risco de cãibras e a hipertermia (CASA et
al., 2000).
Na prática de exercícios físicos, a energia química advinda da oxidação dos
nutrientes costuma se transformar em energia mecânica, responsável pelo movimento, e
em energia térmica, que se acumula durante a prática de exercícios e é transformada em
calor, elevando a temperatura corporal. O calor deve ser dissipado, o que ocorre através
de mecanismos termorregulatórios, sem os quais o organismo entraria em colapso
devido ao superaquecimento em questão de poucos minutos de atividade contínua
(CARVALHO; MARA, 2010).
Dentre os mecanismos termorregulatórios, o mais eficaz durante a prática de
exercícios é a evaporação do suor. Diante do aumento de temperatura central,
desencadeia-se uma resposta eferente mediada por receptores adrenérgicos nos vasos
sanguíneos, ocorrendo vasodilatação periférica e, consequentemente, desvio de sangue
para a pele. Concomitantemente, ocorre estímulo dos receptores colinérgicos nas
glândulas sudoríparas, as quais aumentam a taxa de produção do suor. Portanto, o
aumento da temperatura central desencadeia o mecanismo de termorregulação, que
culmina com a formação e evaporação do suor (COYLE; MONTAIN, 1992).
A diminuição do volume sanguíneo é influenciada pelo tipo e pela intensidade
do exercício, assim como pela postura adotada (SAWKA et al., 2007). Dependendo da
intensidade do exercício, condições ambientais, nível de treinamento físico e estado de
aclimatação, a sudorese pode exceder dois litros/hora (CARVALHO; MARA, 2010). Se
houver diminuição do volume plasmático devido à perdas hídricas acentuadas pela
transpiração, o organismo privilegia a manutenção do volume plasmático, em
detrimento da termorregulação, ocorrendo, então, diminuição da vasodilatação
periférica e da produção de suor. A consequência é a gradativa diminuição do
desempenho físico devido ao aumento da temperatura central (HUBERT, SIDONIE;
BRUEL, CÉDRIC; PHILIPPART, 2014; MONTAIN; CHEUVRONT; SAWKA, 2006).
19
Quanto maior a desidratação, menor a capacidade de redistribuição do fluxo
sanguíneo para a periferia, menor a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e menor
a capacidade aeróbica para um dado débito cardíaco (ARMSTRONG et al., 1998).
Observa-se aumento da frequência cardíaca e redução do volume de ejeção, o que pode
estar associado a um maior esforço cardiovascular, além de limitar a capacidade
corporal de transferir calor dos músculos em contração para a superfície da pele, onde
pode ser dissipado para o ambiente (MONTAIN; COYLE, 1992). No entanto, o débito
cardíaco e o volume de ejeção não diminuem quando a taxa de ingestão de líquidos é
suficiente para prevenir a desidratação (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).
As recomendações atuais para reposição de fluidos, defende que a hipovolemia
pode ser compensada pela ingestão de líquidos durante o exercício (SAWKA et al.,
2007). A variação no volume é menor quando a ingestão de líquidos é maior e pode ser
prevenida se a taxa de ingestão de líquidos for igual à taxa de perda de líquidos
(MONTAIN; COYLE, 1992; SAWKA et al., 2007).
Avaliar o estado de hidratação é importante para garantir a reidratação completa
dos atletas que realizam exercícios frequentes e vigorosos em clima quente
(MACHADO-MOREIRA et al., 2006). As técnicas de avaliação de hidratação incluem:
água corporal total estimada pela bioimpedância elétrica; marcadores plasmáticos, tais
como alterações na osmolalidade, sódio, hematócrito e hemoglobina ou as
concentrações de hormônios que ajudam a regular os líquidos corporais; marcadores da
urina, tais como osmolalidade, densidade específica ou cor, mudanças na massa
corporal; e outras variáveis, tais como quantia ou fluxo de saliva, sinais físicos e
sintomas clínicos de desidratação (MONTAIN; CHEUVRONT; SAWKA, 2006).
A osmolalidade plasmática é o principal método de avaliação do estado de
hidratação em situações laboratoriais, em que maior precisão na medida é exigida
(POPOWSKI et al., 2001). A gravidade específica da urina tem sido considerada como
um bom método não-invasivo para a avaliação do estado de hidratação dos indivíduos
(ARMSTRONG et al., 1998).
A variação do peso corporal também pode ser utilizada para a avaliação do
estado de hidratação (Tabela 2). O grau de desidratação pode ser determinado pela
massa corporal verificada imediatamente antes e após a atividade física, sendo a perda
de cada 0,5kg correspondente a aproximadamente 480-500 ml de líquido (MAUGHAN;
20
SHIRREFFS, 2010). Outro método prático para a estimativa da hidratação corporal é a
análise da coloração da urina, utilizando-se a escala proposta por Armstrong et al.
(1994). A escala apresenta uma boa correlação com a densidade e a osmolalidade
urinárias e com a osmolalidade plasmática (ARMSTRONG et al., 1998).
Entretanto, na maioria das situações esportivas, o uso de medidas da massa
corporal, associado à dosagem da concentração urinária na primeira urina da manhã, é
bastante sensível para detectar os desvios diários da hidratação normal (euhidratação).
Os métodos são simples, baratos e diferenciam a euhidratação da desidratação de
maneira precisa; portanto, pode ser usado como único recurso para avaliação
(MONTAIN; CHEUVRONT; SAWKA, 2006).
Tabela 2. Classificação do estado de hidratação a partir dos indicadores do percentual
de perda de peso, coloração da urina e densidade urinária.
Índices de estado de hidratação
Estado de hidratação Perda de peso
corporal (%)
Coloração da
urina (%)
Gravidade
específica da urina
Eu-hidratação +1 a -1 1 ou 2 <1.010
Desidratação mínima -1 a -3 3 ou 4 1.010 – 1.020
Desidratação significativa - 3 a -5 5 ou 6 1.021 – 1.030
Desidratação grave > -5 >6 >1.030
Tabela adaptada da National Athletic Trainers' Association (CASA et al., 2000).
Sendo hipotônico o suor em relação ao plasma, inicialmente a perda de água é
proporcionalmente maior do que a de eletrólitos, em especial do sódio, ocorrendo
desidratação com hipernatremia. Posteriormente, como se costuma oferecer mais água
do que sódio, pela ingestão de água pura ou de bebidas com menor concentração de
sódio do que a do plasma sanguíneo, como decorrência da hidratação, por
hemodiluição, pode ocorrer hiponatremia (MARA et al., 2007). Sendo assim, a
reposição de eletrólitos, em especial o sódio, também precisa ser considerada na
reposição de fluidos, principalmente naqueles exercícios que apresentam perdas
acentuadas de líquidos (ACSM ET AL., 2016; SAWKA et al., 2007).
Em discordância ao exposto, pesquisas atuais contestam as recomendações de
hidratação de acordo com o total de líquido perdido, principalmente devido aos riscos
21
relacionados ao excesso de hidratação. Eles defendem a efetividade da ingestão de
líquidos de acordo com a sede, isto é, ingestão de líquidos voluntária, como estratégia
segura de reposição de fluidos (MACHADO-MOREIRA et al., 2006). Ressalta-se que
essa estratégia é suficiente para a manutenção das respostas termorregulatórias e da
capacidade de realizar exercício, mesmo com a pequena desidratação involuntária que
frequentemente ocorre nesta situação (GIBSON; NOAKES, 2004).
A discussão se dá com base na hipótese de que esportistas que ingerem
importantes quantidades de água e que às vezes, excedem até mesmo as próprias
necessidades, podem desencadear um aumento do volume plasmático, que leva a um
funcionamento deficiente do aparelho excretor, impossibilitando o organismo de
eliminar quantidades suficientes de água, resultando assim, em aumento do plasma
sanguíneo e diluição do seu conteúdo dentre eles o íon sódio (WILMORE et al., 2010).
Desta maneira, a hemodiluição resultante da hipervolemia pode resultar no quadro de
hiponatremia, ou seja, há mais água que o normal para a quantidade de substâncias
dissolvidas no plasma. (PORCEL et al., 2004; ROCHA, 2011).
Existe na literatura evidências que demonstram a relação da hiper-hidratação
com o crescente número de pessoas que são acometidas pela hiponatremia (baixa
concentração de sódio plasmático: valores abaixo de 135mEq) durante exercícios físicos
prolongados (NOAKES, 2003). Durante a maratona de Boston de 2002, um grupo de
pesquisadores (ALMOND et al., 2005) observaram que, 13% dos atletas apresentaram
hiponatremia e três atletas apresentaram concentrações tão baixas de sódio plasmático
que corriam risco de morte. Além disso, observou-se que muitos atletas excederam nas
quantidades ingeridas de líquidos a ponto de ter sido verificado o aumento no seu peso
corporal ao final do percurso da maratona.
Com base nessa discussão, outros autores observaram que atletas não
apresentam déficit no desempenho quando a ingestão de líquido é involuntária e em
situações de hipohidratação. Wall et al. (2013) observaram que a hipohidratação até 3%
de perda de massa corporal, não apresentou diferenças no desempenho, e em variáveis
fisiológicas e perceptivas em uma prova de ciclismo em contrarrelógio em condições de
calor. Goulet et al. (2011), com objetivo de verificar o efeito da desidratação induzida
pelo exercício no desempenho de ciclistas em uma prova de contrarrelógio, observaram
que em comparação com o estado de normohidratação, a perda de massa corporal até
22
4% não alterou a performance dos atletas. O autor ressalta que a intensidade do
exercício e duração têm um impacto muito maior do que o estado de desidratação e
conclui que a hidratação a partir da sensação de sede maximiza esse tipo de exercício.
Carmo et al. (2004) verificaram que a ingestão de água ad libitum foi suficiente
para manter o estado eu-hidratado de indivíduos que se exercitaram por uma hora em
ambiente quente e seco, ao passo que, se eles tivessem ingerido o volume de acordo
com a perda de peso, teriam consumido mais água do que o necessário. No estudo de
Vimieiro-Gomes e Rodrigues (2001), foi observado que a ingestão de água ad libitum
durante sessões de treinamento de voleibol repôs aproximadamente 60% das perdas
hídricas, o que representou menos de 1% de variação de peso corporal. Isto indica que
os jogadores terminaram as sessões de treinamento eu-hidratados.
Daries et al. (2000) observaram que não houve diferença no desempenho de
corredores quando os mesmos se hidratavam seguindo as recomendações de acordo a
perda de peso e quando a ingestão era feita de acordo com a sede. Cheuvront e Haymes
(2001) demonstraram que a temperatura corporal foi mantida ao longo de exercícios
realizados por corredoras que ingeriram água de acordo com a sede (o que repôs 60 a
70% das perdas hídricas pela sudorese, aproximadamente 2% de percentual de
desidratação) em condições ambientais compensáveis.
Com base no que foi exposto, têm-se dois posicionamentos acerca da adequada
reposição de fluidos e eletrólitos: a necessidade de reposição ao máximo das perdas
hídricas que tornou-se estabelecida e difundida nos consensos internacionais a partir das
observações de que a sede não seria eficiente em humanos e de que a desidratação seria
o principal risco para os participantes de atividades físicas no calor; e por outro lado, a
defesa de que a ingestão de acordo com a sede seja suficiente e mais adequada, pois
acredita-se que o sistema nervoso central seja capaz de indicar corretamente o volume
de fluido a ser ingerido, a partir de informações por ele integradas sobre todas as
demandas do organismo. Entretanto, as discussões sobre o volume de líquido a ser
ingerido durante o exercício para se manter um estado de hidratação adequado não
chegaram a um consenso e ainda existem lacunas acerca de qual estratégia poderia ser
mais benéfica a depender de cada tipo de exercício.
23
5.2 Recomendações nutricionais e de líquidos em eventos esportivos
Diversas diretrizes têm buscado estabelecer recomendações relativas ao
consumo nutricional e estratégias dietéticas que possam otimizar o desempenho e
atenuar o impacto negativo do exercício na saúde (ACSM et al., 2016; HERNANDEZ;
NAHAS, 2009; KERKSICK et al., 2008). Junto a isso, nas últimas décadas, várias
pesquisas avaliaram, em diferentes grupos atléticos, o quanto a prática alimentar desses
indivíduos tem refletido os conhecimentos científicos acumulados na área da nutrição
esportiva (JEUKENDRUP, 2011; STELLINGWERFF; MAUGHAN; BURKE, 2011).
O desenvolvimento de estratégias nutricionais tem como objetivo apoiar ou
promover um ótimo desempenho e incluem principalmente fatores como a depleção de
glicogênio, hipoglicemia, desconforto gastrintestinal, desidratação, desequilíbrio
hidroeletrolítico e perturbações no equilíbrio ácido básico (ACSM ET AL., 2016). As
estratégias resumem-se principalmente na ingestão de macronutrientes e substâncias
ergogênicas, para promover a disponibilidade energética e modular aspectos centrais ou
periféricos da fadiga, baseados em comprovações científicas (CLOSE et al., 2016).
A adequação do consumo energético e nutricional é essencial, visto que a baixa
ingestão de energia pode resultar em fornecimento insuficiente de importantes
nutrientes relacionados ao metabolismo energético, à reparação tecidual, ao sistema
antioxidante e à resposta imunológica (HERNANDEZ; NAHAS, 2009).
Atenção especial é dada ao consumo de carboidratos, a quantidade necessária
para recuperar os estoques de glicogênio ou promover a sua síntese depende da duração
e intensidade do exercício. Esses requisitos podem variar de cerca de 5 a 12 g kg/dia
dependendo do atleta e a sua atividade (ACSM ET AL., 2016; JEUKENDRUP, 2011).
Imediatamente antes do exercício, de 30-60minutos, a ingestão de carboidratos pode ser
positiva para alguns atletas, especialmente em esportes de resistência, pela manutenção
dos níveis de glicose sanguíneos, com predomínio no consumo de carboidratos de baixo
a médio índice glicêmico (JEUKENDRUP, 2011).
Em modalidades mais curtas, de até 60 minutos, pesquisas científicas sugerem a
utilização de pequenas quantidades de carboidratos e sob a forma de enxague, não sendo
necessária a sua ingestão (ACSM ET AL., 2016; JEUKENDRUP, 2011). Durante o
exercício, a reposição entre 30 e 60g de glicose por hora de atividade, deve ser
24
considerada para as atividades intensas e contínuas com mais de uma hora de duração,
para prevenção da hipoglicemia, da depleção de glicogênio e da consequente fadiga.
Para provas com duração superior a 90 minutos, discute-se a oferta de diferentes
fontes de carboidratos exógenos, visando o aumento da taxa de oxidação e melhor
aproveitamento dos carboidratos (CURRELL; JEUKENDRUP, 2008; JENTJENS et al.,
2005), visto que durante o exercício o principal fator limitante da sua velocidade de
utilização é a sua absorção no lúmen intestinal (JENTJENS et al., 2005; ROWLANDS
et al., 2012). Após o exercício, recomenda-se a reposição de 50g de glicose nas
primeiras duas horas após a atividade, para que se promova a ressíntese de glicogênio
muscular e hepático (HERNANDEZ; NAHAS, 2009).
A recomendação proteica varia de 1,2 a 1,6g/kg/peso/dia, atingindo o máximo
de 1,8g/kg/peso/dia, mesmo no caso de atletas de força (fisiculturistas, halterofilistas,
etc.), sendo suficiente para fornecer a proteína que permita a necessária síntese proteica,
necessária ao ganho de massa muscular. Estudos de dose e resposta demonstraram que o
consumo de aproximadamente 20g de proteínas de alto valor biológico após exercícios
de resistência foram suficientes para estimular o máximo da síntese proteica (MOORE
et al., 2009; WITARD et al., 2014).
Já quanto às necessidades de lipídios, os atletas necessitam de cerca de 1g de
lipídio/kg, correspondendo a 30% do valor calórico total da dieta, devendo ser mantidas
as proporções normais de ácidos graxos, ou seja, 10% de lipídios saturados, 10% de
monoinsaturados e 10% de poli-insaturados (ACSM ET AL., 2016; HERNANDEZ;
NAHAS, 2009).
Atualmente, têm-se discutido sobre o risco do alto consumo de carboidratos
pelos atletas e o papel da gordura no metabolismo energético, sobretudo em exercícios
prolongados submáximos (NOAKES; VOLEK; PHINNEY, 2014). Sugere-se a
utilização de estratégias nutricionais com dietas de baixo teor de carboidratos e alto teor
de gordura (BURKE; COX, 2013), com objetivo de estimular o organismo do atleta a
adaptar-se a maior contribuição das gorduras como substrato energético e melhorar a
adaptação a níveis elevados de cetonas na circulação (NOAKES; VOLEK; PHINNEY,
2014). Entretanto, mais pesquisas são necessárias para esclarecer se esta estratégica
pode ser benéfica ou pelo menos não prejudicial ao desempenho desportivo (CLOSE et
al., 2016).
25
Quanto a reposição hidroeletrolítica, recomenda-se de forma geral que o
indivíduo inicie a hidratação com 250 a 500ml de água duas horas antes do exercício e
mantenha a ingestão de líquido durante, sendo o volume a ser ingerido dependente da
taxa sudorese, que pode variar de 500 a 2.000ml/h (CASA et al., 2000; HERNANDEZ;
NAHAS, 2009; PEREIRA et al., 2010).
Em exercícios prolongados, que ultrapassam uma hora de duração, recomenda-
se beber líquidos contendo carboidratos, para garantir a homeostase glicêmica, e de 0,5
a 0,7g.l-1 (20 a 30mEq·l-1) de sódio, que corresponde a concentração similar ou mesmo
inferior àquela do suor de um indivíduo adulto. Em atividades de menor duração não é
necessária a adição de carboidratos nas bebidas, mas a recomendação de reposição de
eletrólitos deve ser considerada quando o exercício for de alta intensidade
(HERNANDEZ; NAHAS, 2009; SAWKA et al., 2007), em especial a concentração de
sódio, que necessita ser reposto naqueles atletas com altas taxas de sudorese (ACSM ET
AL., 2016). As diretrizes também orientam para que a ingestão hídrica não exceda a
taxa de sudorese, com o intuito de evitar a condição de hiponatremia (SAWKA et al.,
2007).
Para a reposição das perdas hídricas no período de recuperação, o atleta deve
consumir, pelo menos, 450-675mL de líquidos a cada 0,5kg de peso corporal perdido
durante o exercício. Além disso, destaca-se o cuidado sobre a temperatura e a
palatabilidade do líquido, adição de carboidratos e eletrólitos de acordo com a
intensidade e duração do exercício e estratégias de hidratação para facilitar a
acessibilidade do atleta (ACSM ET AL., 2016; HERNANDEZ; NAHAS, 2009).
No entanto, outros autores questionam o uso da reidratação em volumes
predeterminados e sugerem que a ingestão de líquidos de acordo com a sede seja capaz
de manter a homeostase sem prejudicar o desempenho do atleta (BERKULO et al.,
2015; NOAKES; ST CLAIR GIBSON; LAMBERT, 2005; WALL et al., 2013).
Todas as condutas direcionam-se para auxiliar o atleta a atingir melhores
resultados com garantia da sua saúde. Os benefícios das diferentes modificações
incluem desde o fornecimento de substratos energéticos, à mudanças na composição
corporal, auxílio na recuperação entre os treinos, redução do risco de lesões e reposição
hidroeletrolítica adequada. Sendo assim, estratégias nutricionais são ferramentas
26
fundamentais em todos os programas de treinamento e competição e precisam adequar-
se a cada tipo de modalidade.
As provas em contrarrelógio, em particular com duração média de 60 minutos,
tem suas particularidades quanto as estratégias existentes, mas ainda não há um
consenso de qual seria a mais adequada e se as mais atuais se sobrepõem as
recomendações tradicionais, no que se refere principalmente à hidratação e ao consumo
de carboidratos e sua influência no desempenho.
27
6. MÉTODOS
6.1. Delineamento do estudo
Essa pesquisa caracteriza-se como ensaio clínico randomizado do tipo cruzado
(cross-over) em que os sujeitos foram aleatoriamente submetidos a três sessões
experimentais.
6.2. Caracterização da população e amostra
A população do estudo consiste em ciclistas treinados, do sexo masculino. Os
participantes praticavam ciclismo pelo menos 5h/semana, com uma média de 150 km
rodados e eram aclimatados ao calor, pelo fato de residirem e treinarem em uma cidade
com a temperatura média anual de 28ºC e umidade relativa de 83%. Foram excluídos os
participantes tabagistas, obesos (IMC ≥ 30kg/m²), com doenças crônicas previamente
diagnosticadas e que tinham sofrido lesões musculoesqueléticas que interferiam na sua
rotina de treinamento nos últimos 6 meses. O recrutamento ocorreu por meio da
divulgação do estudo em mídia digital e contato pessoal, no Departamento de Educação
Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e em equipes de
ciclismo de Natal-RN que se reuniam periodicamente em locais distintos da cidade.
O número de participantes foi determinado a partir do estudo de Carter et al.
(2004). Adotando um poder de 90% do teste e um nível de significância de 5%, o
cálculo do tamanho da amostra totalizou dez (10) indivíduos. A amostra foi composta
por onze (11) ciclistas que atenderam os critérios de inclusão e exclusão, e aceitaram
participar, por voluntariedade, do protocolo do estudo, sendo assim a amostra
caracterizada como intencional e por conveniência. O projeto foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(CAAE: 31747714.7.0000.5568). Após serem convenientemente informados sobre a
proposta das intervenções e procedimentos aos quais seriam submetidos e, concordarem
em participar, os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE) em duas vias (Apêndice 1).
28
6.3. Logística do estudo
O protocolo do estudo foi realizado em sua totalidade no Laboratório do Grupo
de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício (GEPEBIEX) do
Departamento de Educação Física da UFRN. Cada indivíduo compareceu ao
Laboratório em cinco ocasiões diferentes: a visita 1 foi destinada à obtenção dos dados
de caracterização da amostra, com preenchimento da ficha de anamnese, coleta de dados
antropométricos e a realização de teste incremental até exaustão. Nas visitas 2 - 5, os
participantes foram orientados a completar uma prova de 30 km em cicloergômetro
(Velotron, Racermate, Inc., Seattle, WA, USA), no menor tempo possível e na sua
cadência preferida. A visita 2 foi uma sessão de familiarização com os procedimentos
experimentais utilizados; e as três visitas seguintes, destinadas aos ensaios controlados.
Nos ensaios os participantes completaram a prova em estado alimentado e com
carga autorregulada, sob a influência aleatória das seguintes intervenções: EBC =
Enxague bucal com carboidrato, sem ingestão hídrica; IHPP = Ingestão hídrica e de
eletrólitos de acordo com a perda de peso; IHAD = Ingestão hídrica “Ad Libitum”. As
três intervenções foram selecionadas de acordo com a literatura disponível sobre
recomendações de nutrientes e eletrólitos para exercícios de alta intensidade e duração
inferir a 60 minutos (ACSM ET AL., 2016; NOAKES, 2007; SAWKA et al., 2007). A
ordem de realização das intervenções foi randomizada por sorteio para cada indivíduo,
com intervalo mínimo de quatro dias entre elas. Os indivíduos só tinham conhecimento
da técnica sorteada ao início do teste, mas mantinham-se cegados quanto a composição
das soluções.
6.3.1. Anamnese e coleta de dados antropométricos
A ficha de anamnese (Apêndice 2) constava de informações acerca de dados
pessoais, história familiar e pessoal de doenças, uso de medicamentos e de suplementos,
atividades físicas realizadas, hábitos alimentares, dados antropométricos e avaliação da
composição corporal.
Foram coletados dados antropométricos de massa corporal, estatura, perímetros
e dobras cutâneas. Para determinação da massa corporal e estatura, foi utilizada balança
digital portátil com estadiômetro acoplado Welmy® (W 110 H, Santa Bárbara d´Oeste,
SP, Brasil), com precisão de 0,1 kg e 0,01 cm, respectivamente. Adicionalmente,
29
calculou-se o Índice de Massa Corporal, considerando os pontos de corte propostos pela
WHO (2000) para classificação do estado nutricional. Para medição das dobras
cutâneas, foi utilizado compasso científico (Cescorf®) com resolução de 0,1mm. O lado
direito do corpo foi padronizado para a averiguação das dobras do tríceps, subescapular,
peitoral, bíceps, crista ilíaca, abdominal, coxa medial e panturrilha. Todas as avaliações
foram padronizadas com base na Sociedade Internacional de Cineantropometria (ISAK).
Os valores foram utilizados para os cálculos da densidade corporal utilizando a equação
generalizada proposta por Jackson e Pollock (1978), e posteriormente convertido para
percentual de gordura, segundo a fórmula proposta por Siri (1961).
6.3.2. Determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx)
Na primeira visita os indivíduos realizaram o teste incremental até exaustão no
cicloergômetro, com a utilização de um analisador de gases estacionário (Quark -
CPET, Cosmed, Roma, Itália). A carga inicial foi de 100W, com acréscimos de 25W a
cada minuto, até a exaustão ou cadência mínima de 80 rpm. As variáveis
ergoespirométricas foram medidas continuamente durante o teste, assim como a
frequência cardíaca (FC) (Polar RS800cx, Kempele, Finlândia). O VO2máx foi
considerado como o valor de VO2 pico atingido durante o teste. A posição adequada do
assento e a altura do guidão foram determinados e replicados para cada visita
subsequente.
6.3.3. Sessão de familiarização
Com a finalidade de familiarizar o indivíduo à situação experimental e à
ergonomia do cicloergômetro utilizado no laboratório, na sessão de familiarização os
participantes foram orientados a completar a prova de ciclismo de 30 km em contra-
relógio simulada, na maior velocidade possível e na sua cadência preferida. Também foi
objetivo dessa sessão a prática da técnica do enxague bucal, para que os participantes se
acostumassem com o uso da solução.
6.3.4. Dieta e atividade física antes dos experimentos
Os participantes foram instruídos a abster-se de álcool, cafeína, tabaco e
exercício físico durante o período de 24 horas que antecedesse cada visita, assim como a
hidratar-se adequadamente, com a ingestão obrigatória de 500 ml de líquidos nas duas
30
horas prévias aos testes (MAUGHAN, 2012), para garantir que os mesmos iniciassem
as provas hidratados, conforme as recomendações das diretrizes esportivas (SAWKA et
al., 2007). As sessões foram todas realizadas em um mesmo turno, no estado alimentado
com intervalo mínimo de duas horas e no máximo de três horas da última refeição. Os
participantes também foram orientados a não modificar o padrão alimentar nos dias
anteriores aos ensaios, principalmente a refeição prévia aos testes, bem como a registrar
toda a comida e bebida ingerida, incluindo o tipo de alimento, a quantidade e o horário
que foram consumidas em um diário (Apêndice 3). Os registros alimentares referente às
24 horas (Apêndice 4) que antecedem cada experimento foram analisados quanto à sua
composição nutricional com auxílio do software DietWin ® (2015).
6.3.5. Ensaios controlados
Todos os testes foram realizados no turno da tarde, em sala climatizada, com a
temperatura média de 22ºC. Ao chegar ao laboratório os indivíduos eram direcionados
inicialmente a coleta da urina, sendo orientados acerca dos procedimentos higiênicos
sanitários necessários a coleta, a desprezar o primeiro jato e posteriormente coletar
aproximadamente 50 mL do fluido, em frascos coletores universais. Em seguida a
massa corporal era aferida, estando os participantes descalços e vestindo roupas leves.
Antes do teste, os participantes foram equipados com o monitor de FC,
familiarizados novamente com as escalas de percepção de esforço e afeto, e orientados a
realizar 30 km planos no cicloergômetro no menor tempo possível e com a cadência
autorregulada, sendo influenciados pelas três diferentes estratégias nutricionais.
O cicloergômetro foi conectado a um computador que exibia aos participantes
uma prova simulada em retroprojetor com valores de distância percorrida (Km),
potência média (W), velocidade média (Km/h) e cadência (rpm). Durante cada ensaio,
não houve interação entre o participante e os investigadores, exceto para aplicação das
escalas e administração das intervenções. Não foi dado aos participantes nenhuma
informação relacionadas ao tempo de prova e a FC. Ao término do teste, os atletas
foram direcionados a nova coleta de urina e, em seguida, nova aferição da massa
corporal.
31
6.4. Oferta de fluidos e nutrientes
As soluções para reposição de fluidos e nutrientes foram preparadas por
Nutricionistas e acadêmicos do Curso de Nutrição, previamente à realização do
protocolo do estudo, seguindo a logística de oferta de cada intervenção:
Intervenção EBC: A solução para o enxague bucal com carboidratos foi composta
por maltodextrina sem sabor, em concentração de 6,4%, conforme recomendações
da literatura (SILVA et al., 2013). Os sujeitos recebiam 25 ml a cada 12,5% da
prova e eram orientados a distribuir o fluido pela boca por cerca de 10 segundos,
replicando protocolos utilizados nesta área de investigação, e por fim, eliminá-la em
um recipiente indicado pelo avaliador, com o intuito de garantir a sua total
eliminação. O volume de líquido expelido foi medido em proveta, para assegurar
que não houve ingestão significativa da solução.
Intervenção IHPP: para reposição hidroeletrolítica segundo as recomendações da
ACSM (SAWKA et al., 2007; ACSM, 2016), foi considerado o peso perdido
durante a sessão de familiarização para contabilizar o total de líquidos a ser reposto,
e utilizado 1 cápsula do suplemento hidroeletrolítico para atletas Repor Salt
(Atlhetica ®), totalizando uma concentração de 321 mg de sódio (14mEq).
Intervenção IHAD: Para a terceira estratégia de reposição de fluidos, foi ofertada
água a vontade durante a prova (“ad libitum”), em copos descartáveis de 150ml,
sendo o volume ingerido anotado em planilha específica.
6.5. Avaliações
6.9.1. Avaliação do desempenho físico
Para avaliação do desempenho físico, foi observado o tempo total que o atleta
completou os 30 km de prova, em cada intervenção. Também foram monitorados
valores de FC, cadência, velocidade e potência dos sujeitos antes, durante e depois da
prova. A FC foi monitorada através de frequencímetro (Polar RS800cx, Kempele,
Finlândia) e as demais variáveis fornecidas pelo software acoplado ao cicloergômetro
(Velotron, Racermate, Seattle, WA, USA).
32
6.9.2. Avaliação das variáveis psicobiológicas
De forma adicional, foram aplicadas, a cada 12,5% do teste, a escala de
Percepção Subjetiva do Esforço (PSE) proposta e validada por Borg (1982), para
verificar o índice de fadiga; a escala de valência afetiva (VA), proposta por Hardy e
Rejeski (1989), para avaliar o nível de prazer ou desprazer durante o teste.
6.9.3. Avaliação do estado de hidratação
A alteração do estado de hidratação durante os testes experimentais foi avaliada
por três técnicas: alteração da massa corporal, coloração da urina e uroanálise. A
alteração do estado de hidratação pela massa corporal foi avaliada por meio do
percentual da perda de peso, calculada pela variação do peso do início para o final da
sessão de treino (peso final (kg)-peso inicial (kg)/100) (CASA et al., 2000). Para
monitorar o estado de hidratação por meio da coloração da urina e uranálise, amostras
de urina foram coletadas pelos voluntários ao início e ao término do exercício, antes da
aferição da massa corporal. A coloração da urina foi avaliada segundo a escala de
Armstrong et al. (1994); e a análise de variáveis como ph e densidade da urina, por meio
de analisador de urina semi-automático, com uso de fita teste (Labtest®, Cobas U, 411).
6.6. Análise estatística
Os dados foram registrados em um banco de dados elaborado no software
Excel® versão 2013. As análises foram efetuadas com o auxílio dos softwares SPSS
versão 22.0, para Windows e STATA versão 1.2, para Windows. As variáveis contínuas
foram descritas como média e desvio padrão (variáveis simétricas); as variáveis
categóricas foram descritas em números absolutos e percentuais. As variáveis
independentes do tratamento e do tempo foram analisadas por comparações entre as
médias utilizando-se o teste ANOVA-MR. As variáveis medidas em mais de um
momento durante a prova foram avaliadas de acordo com o grupo de tratamento e com
o momento, por meio da Equação de Estimativa Generalizada (GEE: General
Estimation Equation) com distribuição de probabilidade normal para variáveis
simétricas e distribuição de probabilidade gama para variáveis assimétricas, ajustadas
pelo teste de Bonferroni. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Todos os dados
são apresentados como média ± desvio padrão, com intervalos de confiança de 95%
quando apropriado.
33
Para garantir que o efeito de um tratamento não influenciou ou modificou o
efeito dos tratamentos subsequentes, a ordem de apresentação dos participantes e efeitos
residuais (“carry-over”) foram balanceados, considerando significativo um valor de
p>0,05.
34
7. RESULTADOS
As características gerais da amostra estão listadas na Tabela 3. Conforme
verificado, os participantes são adultos, encontram-se eutróficos segundo diagnóstico
nutricional, com uma tendência a elevação da massa corporal provavelmente devido ao
desenvolvimento muscular comum em praticantes de atividade física, visto que a média
de percentual de gordura está de acordo com a normalidade. Os dados de consumo
máximo de oxigênio (VO2máx), potência máxima (Wmáx) e frequência cardíaca máxima
(FCmáx), são referentes aos resultados do teste incremental.
Tabela 3. Características dos sujeitos (n=11)
Características gerais da amostra Média + DP
Idade (anos) 30,4 ± 6,2
Massa corporal (kg) 73,6 ± 7,81
Estatura (m) 1,73 ± 0,08
IMC (kg/m²) 24,67 ± 2,22
Gordura corporal (%) 11,2±3,4
VO2máx (ml/kg/min) 55,3 ± 5,6
Wmáx (Watts) 362,5 ± 48,88
FCmáx (bpm) 187,5 ± 19,84
O consumo alimentar nas 24 horas que antecederam as avaliações não diferiu
estatisticamente entre as três intervenções quanto ao consumo energético (Kcal), de
carboidratos (CHO), proteínas (PTN) e lipídeos (LIP), sendo a média de contribuição
energética de 49%, 26% e 25%, respectivamente. Do mesmo modo, não houve
diferenças quanto a distribuição de energia e macronutrientes na refeição que antecedia
os testes (Tabela 4).
Tabela 4. Consumo alimentar dos atletas nas três diferentes intervenções.
Consumo alimentar EBC IHPP IHAD p*
24h prévias ao teste
Consumo energético (Kcal) 2454±753 2280±548 2965±1183 0,121
Consumo de CHO (g) 307,4±109,2 278,3±76,6 359,4±150,9 0,194
% de contribuição 50,1 49,0 49,5
g/kg 4,1 3,8 4,8
Consumo de PTN (g) 144,0±44,8 136,1±33,7 196,6±128,4 0,105
% de contribuição 23,5 23,7 26,5
g/kg 2,0 1,8 2,7
35
Consumo de LIP (g) 72,0±38,1 69,2±27,0 82,3±33,6 0,464
% de contribuição 26,4 27,3 25,0
g/kg 0,98 0,94 1,12
Refeição prévia ao teste
Consumo energético (Kcal) 669±137 642±132 621±93 0,222
Consumo de CHO (g) 74,62±20,1 70,7±17,9 68,2±18,8 0,666
% de contribuição 44,6 43,7 43,9
g/kg 1,01 0,96 0,92
Consumo de PTN (g) 62,9±21,4 61,6±18,7 57,2±16,1 0,736
% de contribuição 37,6 38,4 36,8
g/kg 0,85 0,83 0,77
Consumo de LIP (g) 12,2±4,1 11,8±4,0 12,5±5,7 0,921
% de contribuição 16,4 16,6 18,1
g/kg 0,16 0,16 0,16 Valores expressos em MD±DP. Os dados foram analisados com ANOVA-MR.
*p de Bonferroni: significativo quando p<0,05.
Não foram observadas diferenças estatísticas no tempo de conclusão da prova,
com uma média de 54,45±2,93min, 53,56±3,97min e 54,53±2,47min, nas estratégias
EBC, IHPP e IHAD, respectivamente (Figura 1, p=0,131). Os dados de potência e
frequência cardíaca também não apresentaram diferenças significativas, quando
comparadas em médias (Tabela 5).
Figura 1. Tempo de desempenho médio entre as intervenções EBC, IHPP e IHAD. Valores são
expressos em MD±DP. Os dados foram analisados com ANOVA-MR (p=0,131).
Tabela 5. Valores médios das variáveis relacionadas ao desempenho dos atletas nas
diferentes intervenções.
Variáveis EBC IHPP IHAD p
Potência (W) 198,65±25,92 210,72±41,34 196,92±22,4 0,250
Velocidade (km/h) 33,1±1,74 33,8±2,52 33±1,49 0,228
Cadência (rpm) 126,65±10,05 127,32±11,11 125,95±15,39 0,908
FC (bpm) 153,91±13,03 156,36±17,52 153,73±16,48 0,517
Dados expressos em MD±DP. *p de Bonferroni: diferenças estatísticas quando p<0,05.
36
Entretanto quando as mesmas variáveis são analisadas continuamente, observa-
se que a FC aumentou significativamente durante o tempo de prova apresentando
valores máximos nos últimos estágios do teste (p<0,01), e também apresentou valores
distintos entre os tratamentos (p<0,07), particularmente nos momentos iniciais da prova
(p<0,01), com maiores valores na intervenção IHAD e menores valores na intervenção
EBC (Figura 2 A) A potência variou estatisticamente em momentos distintos da prova
(p<0,01), mas sem diferenças entre os grupos (p=0,72) (Figura 2 B).
Figura 2. Comportamento da frequência cardíaca e potência durante cada 12,5% do
contrarrelógio nos tratamentos EBC, IHPP e IHAD. Os valores são em MD±DP. Os dados
foram analisados segundo a GEE. Interação do TratamentoxTempo, p<0,01, para ambas
variáveis A e B. *diferenças entre os tratamentos estatisticamente significativas.
Valores de PSE aumentaram ao longo do teste (p<0,01), enquanto o afeto
diminuiu (p<0,01) em todas as intervenções (Figura 3), porém sem diferenças
estatísticas entre os tratamentos (p=0,136 e p=0,282, respectivamente). Embora a
37
variável afeto tenha apresentado interação do tempo e do tratamento (p<0,01), essa
associação não foi significativa de acordo com o post-hoc de Bonferroni.
Figura 3. Escala de percepção subjetiva do esforço e escala de valência afetiva durante cada
25% do contrarrelógio nos tratamentos EBC, IHPP e IHAD. Os valores são em MD±DP. Os
dados foram analisados segundo a GEE. Interação do tratamento e do tempo foi de A: p=0,136;
B: p<0,01.
Em todas as intervenções, os participantes apresentaram perda de peso durante a
prova, diferindo no total de percentual perdido entre os tratamentos (1,7±0,4%,
0,6±0,6%, 1,4±0,6%, nas intervenções EBC, IHPP e IHAD, respectivamente), sem
atingir a desidratação, com menores valores na intervenção IHPP, quando comparadas
as demais intervenções (p<0,01). Entretanto, não houve diferenças estatísticas entre a
intervenção EBC e IHAD (p=0,189).
O volume de líquido ingerido durante os testes foi diferente entre todas as
intervenções (p<0,01), sendo o total ingerido na intervenção EBC (10±4 mL), inferior
aos grupos IHAD (433±259 mL) e IHPP (1082±337 mL) (p<0,01). A estratégia IHPP
38
foi a que apresentou uma maior ingestão hídrica quando comparada com as demais
intervenções (p<0,05).
Observou-se uma maior concentração urinária quando comparados os momentos
antes e após o teste, entretanto, sem diferenças entre os tratamentos. A densidade
urinária não apresentou diferenças durante o tempo e entre os tratamentos. Os valores
referentes ao estado de hidratação dos participantes encontram-se na Tabela 6.
O resultado do teste de efeito carryover indicou que não houve diferenças
significativas nas variáveis iniciais de peso, frequência cardíaca, potência, PSE, afeto e
coloração, densidade e pH urinário, de acordo com as intervenções, apresentando todos
os valores de p>0,02, demonstrando que a ordem das intervenções não influenciou nos
resultados.
39
Tabela 6. Variáveis de hidratação nas três diferentes intervenções.
EBC ACSM AD
Pre Pos Pre Pos Pre Pos pa p
b p
c
Peso (Media + DP) 73,0±8,14 71,7±7,93 72,55±7,67 72,11±7,53 72,36±7,53 71,35±7,43 <0,001 0,065 <0,001
Dif. ± EP (IC95%) -1,28±0,12 (-1,50 – 1,05) -0,436±0,12 (-0,68 – 1,20) -1,00±0,13 (-1,27-0,75)
pd <0,001 <0,001 <0,001
Cor da urina (Media + DP) 3,3±1,3 5,3±1,8 2,6±1,5 3,6±1,6 3,1±1,2 4,5±1,5 <0,001 0,072 0,187
Dif. ± EP (IC95%) 2,0±0,56 (0,9-3,1) 1,0±0,13 (0,8-1,3) 1,5±0,3 (0,9±1,9)
pd <0,001 <0,001 <0,001
pH da urina (Media + DP) 6,5±0,5 6,2±0,2 6,4±0,3 6,5±0,3 6,5±0,6 6,4±0,2 0,016 0,525 0,027
Dif. ± EP (IC95%) -0,4±0,11 (-0,6-0,1) 0,6±0,05 (-0,5-0,2) -0,6±0,2 (-0,4-0,3)
pd 0,003 0,289 0,759
Densidade da urina (Media + DP) 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 0,283 0,267 0,633
Dif. ± EP (IC95%) 0,001±0,002 (-0,005-0,002) 0,000±0,002 (-0,003-0,003) 0,001±0,001 (-0,003-0,001)
pd 0,458 1,00 0,210
Dados analisados segundo a GEE. a tempo;
b tratamento;
c interação tempo*tratamento;
d Bonferroni, significativo quando p<0,05.
40
8. DISCUSSÃO
No presente estudo, analisamos o efeito de diferentes estratégias nutricionais no
desempenho de ciclistas em uma prova de alta intensidade com menos de uma hora de
duração. No nosso conhecimento, até o momento, este é o primeiro estudo que
investigou o efeito de diferentes estratégias de hidratação e enxague bucal com
carboidratos, e seu impacto na hidratação e desempenho, com ciclistas aclimatados ao
calor e alimentados, situação prática comum à população e o ambiente estudado. Os
resultados demonstraram que não houve diferenças quanto ao tempo de conclusão de
prova independente do consumo de líquidos do atleta, o que reforçam a discussão
presente atualmente na literatura de que o estado de hidratação nesse tipo de exercício
não é o principal fator que influencia no seu desempenho físico (BERKULO et al.,
2015; CHEUNG et al., 2015; GOULET, 2011; NOAKES; ST CLAIR GIBSON;
LAMBERT, 2005; WALL et al., 2013).
As características da amostra, assim como as condições ambientais as quais
foram expostos, podem contribuir para a explicação dos resultados, considerando que
indivíduos aclimatados ao calor, passam a ter uma menor elevação na temperatura
corporal quando submetido a qualquer sobrecarga de trabalho no calor. A exposição
contínua a um ambiente quente, melhora a transferência do calor corporal central para a
pele devido às alterações fisiológicas ocorridas. Essas alterações incluem elevação no
débito cardíaco, expansão do volume do fluido extracelular, redução na concentração de
sódio no suor e aumento do volume do suor, desse modo, os indivíduos conseguem
perceber um menor estresse, mantendo-se a mesma intensidade do exercício, sem
comprometimento ao desempenho (WINGFIELD et al., 2016; GAMBRELL, 2002).
A avaliação do estado de hidratação do atleta pode ser avaliada a partir da
variação da massa corporal (MC) e, postula-se que a perda superior a 2% influencia
negativamente o desempenho (CASA et al., 2000; SAWKA et al., 2007; PRADO et al.,
2009). Assim como a MC, a cor e a densidade da urina, também, constituem formas de
avaliação do nível de hidratação (SHIRREFFS, 2003; ARMSTRONG et al., 1994). O
presente estudo não verificou perdas significativas de líquidos para atingir a
desidratação, nem observou-se influência das intervenções nas demais variáveis citadas.
Destaca-se que as variáveis usadas podem ser amplamente utilizadas por atletas ou
técnicos por serem baratas e fáceis de serem manuseados, o que aumenta a validade
externa do estudo e reforça a importância prática dos resultados.
41
Apesar de não apresentar diferenças no desempenho, observou-se que o grupo
EBC apresentou menores valores de FC comparado ao grupo IHAD. Quanto a
hidratação, observou-se que o grupo IHPP apresentou a menor perda hídrica, justificada
pelo maior consumo de líquidos durante a prova, mas não houve diferenças
significativas entre o grupo EBC e o grupo IHAD apesar dos mesmos diferirem quanto
a hidratação durante a prova, sendo ausente no primeiro citado.
Goulet et al (2011), sugerem que a intensidade do exercício e duração têm um
impacto muito maior do que o estado de desidratação, visto que em seu estudo a perda
hídrica de até 4% não alterou a performance dos atletas. Wall et al (2013) observaram
que a hipohidratação até 3% de perda de massa corporal, não apresentou diferenças no
desempenho, em variáveis fisiológicas e perceptivas em uma prova de ciclismo em
contrarrelógio em condições de calor. Cheung et al. (2015), reforça esta mesma teoria
ao observar que a perda corporal até 3%, os efeitos fisiológicos e a percepção de sede
não afetou o desempenho de ciclistas em exercício submáximo em condições de calor
em uma população saudável.
Em concordância com esses resultados, Berkulo et al. (2015) observaram
ausência de efeitos negativos no desempenho com a hipohidratação, quando ciclistas
foram expostos a três situações experimentais diferenciadas a partir do estado de
hidratação prévio (normohidratados ou hipohidratados) e oferta hídrica (não ingestão de
líquidos e ingestão ad libitum) durante uma prova de contrarrelógio de 40km em
condições de calor. Variáveis de frequência cardíaca, repostas de temperatura,
percepções térmicas e PSE também não apresentaram diferenças entre as intervenções.
Os autores concluem que o consumo de líquidos e até mesmo a ausência do mesmo não
influenciou o desempenho do exercício em uma prova de contrarrelógio.
Apesar de alguns autores demonstrarem efeito negativo no desempenho quando
os atletas encontram-se desidratados (LOGAN-SPRENGER et al., 2015), estes
resultados não podem ser generalizados, em especial ao que se refere a população do
presente estudo, visto que a perda de peso dos atletas não foi significativa para tal
classificação. No presente estudo, o total de perda de peso demonstrado nas três
estratégias não atinge o percentual de 2%, que de acordo com a literatura compromete o
desempenho em competições pelo efeito da redução do volume de líquidos no
organismo já relatado anteriormente, como a hipertermia e a redução do débito cardíaco
42
(CASA et al., 2000; HERNANDEZ; NAHAS, 2009; MONTAIN SJ, 1992; SAWKA et
al., 2007).
Alguns estudos tem ressaltado que, mesmo com a pequena desidratação
involuntária que frequentemente ocorre em algumas modalidades, a prática de beber
água a vontade pode ser suficiente para a manutenção das respostas termorregulatórias e
da capacidade de realizar exercício (DARIES; NOAKES; DENNIS, 2000; GIBSON;
NOAKES, 2004; GOULET, 2011). Estes resultados vem expandindo a sua utilização,
principalmente em modalidades de ciclismo em contrarrelógio, visto que pela alta
intensidade da prova, há a possibilidade dos atletas queixarem-se do excesso de água
devido o desconforto gastrintestinais causado pelo acúmulo de fluido (NOAKES; ST
CLAIR GIBSON; LAMBERT, 2005). Carmo et al. (2004) verificaram que a ingestão
de água ad libitum foi suficiente para manter o estado eu-hidratado de indivíduos que se
exercitaram por uma hora em ambiente quente e seco, ao passo que, se eles tivessem
ingerido o volume de acordo com a perda de peso, teriam consumido mais água do que
o necessário.
Apesar da técnica de EBC ter sido inclusa nas novas diretrizes em nutrição e
esportes como uma alternativa para exercícios nessa intensidade e duração (ACSM et
al., 2016), no presente artigo não foi observado melhoras no desempenho quando
comparada as recomendações tradicionais. Há na literatura relatos que a PSE diminui e
a sensação de prazer aumenta quando há a manipulação de carboidratos durante esse
tipo exercício (ROLLO et al., 2008). Neste tipo de atividade fatores metabólicos, como
a depleção de glicogênio e a hipoglicemia, parecem não serem limitantes do
desempenho, visto que altas taxas de oxidação do glicogênio muscular mantem-se em
até 60 min de exercício, sendo a utilização da glicose sanguínea mínima para o gasto de
energia (HAWLEY; PALMER; NOAKES, 1997; ROMIJN et al., 1993). Alguns
pesquisadores sugerem que o efeito benéfico no desempenho com a utilização da
técnica provavelmente envolvam o sistema nervoso central (SNC), que é estimulado a
partir da resposta aferente enviada por receptores de carboidratos presentes na boca
(BORTOLOTTI et al., 2011; CARTER; JEUKENDRUP; JONES, 2004; CHAMBERS;
BRIDGE; JONES, 2009).
Também tem sido relatado benefícios no desempenho independente do estado
nutricional do atleta antes do exercício, apesar de que a magnitude da melhoria do
desempenho a partir da técnica do EBC tem sido maior em situações de jejum
43
(CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009; ROLLO et al., 2010) em comparação ao
estado alimentado, sugerindo que após jejum prolongado há maior ativação de regiões
cerebrais que podem associar-se com as sensações positivas observadas com a
utilização da prática (HAASE et al., 2009). O presente estudo seguiu um protocolo mais
condizente com a realidade, estando os indivíduos alimentados, corroborando com
estudos semelhantes que não encontraram mudanças no desempenho (BEELEN et al.,
2009; ISPOGLOU et al., 2015; KUMAR et al., 2016).
A influência do fator psicológico está sendo também atualmente discutida
independente do papel dos carboidratos. Alguns autores observaram que quando
ciclistas estavam cegados quanto ao seu estado de hidratação, não tiveram diferenças no
desempenho (CHEUNG et al., 2015; WALL et al., 2013). Além disso, a hipótese de que
os receptores gustativos e/ou faríngeos estão envolvidos neste processo e podem
desempenhar um papel importante no desempenho também foi discutida por Casa et al.
(2000), ao observar uma tendência de melhora em parâmetros fisiológicos quanto atletas
bebiam uma solução em comparação a sua infusão intravenosa. Outros autores
observaram que a ingestão de uma pequena ingestão de água foi capaz de aumentar o
tempo de exercício em comparação ao enxague com água, sugerindo uma possível
ativação de receptores da faringe com a ingestão hídrica (ARNAOUTIS et al., 2012),
visto que estudos anteriores sugeriram que a ativação destes receptores influenciam
respostas termorreguladoras de sede em indivíduos desidratados (FIGARO; MACK,
1997; TAKAMATA et al., 1995).
Esses dados ressaltam que respeitar a ingestão hídrica ad libitum pode ser uma
alternativa para os atletas, considerando principalmente o possível desconforto
gastrointestinal causado pelo excesso de líquidos em modalidades de duração moderada
mas que demandam grande esforço físico, desde que os mesmos desenvolvam uma
estratégia de hidratação prévia individualizada, que previna possíveis danos a sua saúde
e a desempenho durante o exercício. Além disso, sugere-se que mais estudos sejam
realizados avaliando a possível associação da estratégia de EBC com a IHAD,
considerando seus potenciais efeitos ergogênicos relatados na literatura, podendo
contribuir para a melhoria crescente da performance dos competidores, visto que provas
podem ser decididas com a diferença de poucos segundos.
É importante enfatizar que as interpretações aqui reportadas são limitadas e
necessitam de novas investigações, incluindo outros marcadores mais específicos do
44
estado de hidratação, como hematócrito e osmolalidade plasmática, assim como o
acompanhamento do estresse térmico dos indivíduos através da verificação da
temperatura central e da pele. Esses indicadores são uteis para detectar alterações sutis
que possam comprometer o desempenho quando os atletas são expostos às mesmas
intervenções. Deve-se considerar também que os participantes foram colocados em
exercício em laboratório com condição climática ajustada, diferente do clima aos quais
estão acostumados a se exercitarem. Por estarem habituados a treinarem em temperatura
e umidade mais elevadas, é possível que as perdas hídricas tenham sido menores do que
se estivessem realizando o mesmo esforço físico em ambiente natural. Também destaca-
se o fato dos indivíduos realizarem o teste em situação alimentado e terem recebido
líquidos antes do exercício minimiza os efeitos da oferta de líquidos sobre o
desempenho, uma vez que, possivelmente, eles não estavam desidratados. No entanto, o
fato do experimento ter ocorrido no estado alimentado aproxima-se da situação real da
prova, e maximiza a validade externa dos resultados.
45
9. CONCLUSÃO
Em conclusão, o presente estudo demonstrou que os indivíduos submetidos as
estratégias de EBC e IHAD, apresentaram maior perda hídrica que os indivíduos
submetido a estratégia IHPP, mas sem atingirem desidratação (perda corporal superior a
2%). Entretanto, não houve diferenças no desempenho dos atletas no que se refere ao
tempo de conclusão da prova, frequência cardíaca e potência média independente do
consumo de líquidos dos ciclistas.
Por ser um estudo pioneiro na tentativa de comparar estratégias nutricionais e de
hidratação em provas de curta duração, incluindo o EBC, mais estudos precisam ser
realizados para confirmar os achados e preencher as lacunas na literatura. Com base nos
resultados encontrados, sugerimos que atletas possam escolher qual estratégia
nutricional mais lhe agrada no momento da prova (competição), após testá-las durante o
período de treinos, assim como testar a possibilidade de associar diferentes estratégias
para a melhoria do seu desempenho.
46
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52
APENDICES
53
APENDICE 01: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa Efeitos da estratégia de enxague
bucal com carboidratos sobre variáveis fisiológicas e de desempenho físico durante uma prova
de ciclismo, que tem como pesquisador responsável Ana Paula Trussardi Fayh. Esta pesquisa
pretende esclarecer os efeitos de diferentes estratégias de oferta de líquidos com ou sem
carboidratos durante uma prova de ciclismo, para que se possa criar estratégias mais efetivas de
hidratação e nutrição durante atividades esportivas, com consequente melhoria do desempenho.
Caso você decida participar do estudo, você precisará comparecer ao Departamento de
Educação Física da UFRN (DEF/UFRN) em seis momentos diferentes: as duas primeiras
sessões possuem objetivo de avaliação e familiarização aos testes que serão realizados nas
próximas quatro visitas. Os testes serão realizados em um mesmo turno (tarde), 3h após a
realização de uma refeição padronizada, e consistem em sessões de exercício físico em que você
deverá completar, em cada uma das visitas, uma prova de ciclismo de 30 km em cicloergômetro,
na maior velocidade possível e na sua cadência preferida, sob influência de diferentes
estratégias de oferta de líquidos. Nas 24 horas que antecedem cada visita você terá que abster-se
de álcool, cafeína, tabaco e exercício físico. Você também será orientado a manter uma
alimentação padronizada nos dias anteriores aos testes, bem como registrar toda a comida e
bebida ingerida durante as 24 horas anteriores à prova em um diário alimentar. Amostras de
sangue serão coletadas a cada visita, imediatamente antes, imediatamente após e 30 minutos
após o término do exercício em uma veia do seu braço e, durante o exercício, pequenas amostras
serão coletadas no lóbulo da sua orelha, todos com material descartável. Também serão
coletadas amostras de urina antes e após o exercício para posterior análise. As amostras de
sangue e urina serão armazenadas e analisadas no Laboratório de Farmacologia da UFRN.
Durante o estudo a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é
semelhante àquele produzido em um exame médico ou físico de rotina cardiológica, como dor
durante a punção na coleta de sangue ou desconforto muscular nos dias seguintes ao teste. Estes
serão minimizados através da seleção de coletador treinado e a realização de aquecimento
prévio e alongamento muscular antes e após o exercício. O teste máximo realizado inicialmente
na avaliação pode acarretar riscos às pessoas que tenham predisposição a eventos
cardiovasculares, no entanto você será avaliado previamente quanto estar apto ou não a realiza-
lo. Embora o seu risco seja mínimo o DEF/UFRN tem uma pequena estrutura para primeiros
54
socorros. Como benefícios você receberá todos os resultados dos testes realizados, além de uma
anamnese nutricional completa, avaliação da composição corporal e orientações nutricionais.
Em caso de algum problema de saúde que você possa ter, relacionado e devidamente
comprovado com a pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que será prestada junto ao
Hospital Universitário Onofre Lopes, após avaliação médica e encaminhamento do médico
lotado no Departamento de Educação Física da UFRN.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Ana
Paula Trussardi Fayh - (84) 9426-3363 ou para Amanda Ferreira - (84) 9944-6952.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer
fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você. Os dados que você irá nos fornecer serão
confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo
divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados pelo
pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.
Os custos com deslocamento para o Departamento de Educação Física da UFRN será de
responsabilidade do voluntário. Em casos onde exista a necessidade de visita ao laboratório em
mais de um momento não programado, ou na indisponibilidade do voluntário em arcar com esta
despesa, o pesquisador fornecerá auxílio financeiro para o transporte, no valor de duas
passagens de transporte coletivo por cada visita. Se você tiver algum gasto adicional pela sua
participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se
você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), telefone 3291-2411.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o
pesquisador responsável Ana Paula Trussardi Fayh.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará
para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa
Efeitos da estratégia de enxague bucal com carboidratos sobre variáveis fisiológicas e de
desempenho físico durante uma prova de ciclismo, e autorizo a divulgação das informações por
mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me
identificar.
Natal, ___ de _______ de ____.
Nome do participante:
Assinatura do participante da pesquisa: Impressão datiloscópica do
participante
55
APENDICE 02:FICHA DE ANAMNESE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF
FICHA DE ANAMNESE
1. Dados Pessoais Data da entrevista: ____/____/____
Nome:
Sexo: ( ) M ( ) F Data de nascimento: ____/____/____ Idade:_____ anos
Escolaridade: Profissão:
Endereço: CEP:
Telefones:
E-mail:
2. Histórico Pessoal e Familiar
2.1 Pessoal:
Tabagismo ( ) Não ( ) Sim ( ) Ex – fumante
Etilismo ( ) Não ( ) Sim ( ) Socialmente ( ) Ex – etilista
( ) Diabetes ( ) HAS ( ) Dislipidemia ( ) Nefropatia ( ) CA ( ) DCV
( ) Outros: ____________________________________
2.2 Familiar:
( ) Diabetes ( ) HAS ( ) Dislipidemia ( ) Nefropatia ( ) CA ( ) DCV
( ) Outros: ____________________________________
3. Prática de atividade física
MODALIDADE FREQUÊNCIA DURAÇÃO INTENSIDADE
4. Alimentação
Refeições realizadas habitualmente:
( ) Café da manhã ( ) Lanche1 ( ) Almoço ( ) Lanche2 ( ) Jantar ( ) Ceia
( ) Outra: ____________________
Dieta prescrita por profissional: ( ) Não ( )Sim
Suplementos alimentares: ( ) Não ( )Sim Qual?______________________________
Função Intestinal: ( ) Regular ( ) Constipação ( ) Diarreia
Alergia alimentar: ( ) Não ( )Sim Qual? ____________
5. Medicamentos
Nomes/freq.:
56
6. Antropometria
Peso Atual (kg)
Peso Habitual (kg)
Estatura (m)
IMC (kg/m²)
Dobras Cutâneas M1 M2 M3 MÉDIA
DCT (mm)
DCB (mm)
DCSE (mm)
DCSI (mm)
DC Abdom (mm)
DC Coxa (mm)
DC ax média (mm)
DC peitoral (mm)
Perimetria M1 M2 M3 MÉDIA
C Abdominal (cm)
C Cintura (cm)
C Quadril (cm)
C Braço (cm)
C Ombro (cm)
C Peito (cm)
C Antebraço (cm)
C Punho (cm)
C Coxa P (cm)
C Coxa M (cm)
C Coxa D (cm)
C Panturrilha (cm)
% Gordura Corporal
Massa gorda (kg)
Massa magra (kg)
57
APÊNDICE 03: ORIENTAÇÕES PARA COLETA DE DADOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF
ORIENTAÇÕES PARA COLETA DE DADOS
Orientações para a realização do teste máximo:
- Você deverá realizar uma refeição leve no mínimo duas horas antes do exame. O teste
não deve ser realizado em jejum.
- NÃO tomar café, chá e bebidas alcoólicas no dia do exame;
- EVITAR exercícios intensos e se for possível, procure dormir pelo menos 8 horas à
noite;
- Deverá comparecer ao local com uma roupa confortável, apropriada para a prática de
exercício físico.
- Comparecer no laboratório 30 minutos de antecedência do horário agendado.
Orientações para a realização do teste contrarrelógio de 30 km:
- Refeições: É recomendado seguir uma alimentação padronizada nas 24h que
precedem todos os testes. Nestes dias você será orientado a preencher um registro
alimentar, que consiste na anotação de todos os alimentos consumidos nas 24h que
precedem à prova, registrando o tipo de alimento, a quantidade, o horário e o local em
que foram consumidos, incluindo as refeições ingeridas no dia do teste do teste.
- Consumo hídrico: Você deve estar bem hidratado no dia da prova e nas 2 horas que
antecedem o teste, beber 500 ml de água. Os testes só serão iniciados após a
comprovação dessa última ingestão.
- NÃO tomar café, chá e bebidas alcoólicas durante o período de 24 horas que antecede
cada visita.
- NÃO praticar exercícios físicos intensos durante o período de 24 horas que antecede
cada visita.
- Procure dormir pelo menos 8 horas à noite;
- Você deverá comparecer ao local da prova com uma roupa confortável, apropriada
para a prática de exercício físico, e com a utilização de sunga ou bermuda de lycra para
ciclistas, para aferição do peso antes e depois da prova.
- Comparecer no laboratório 30 minutos de antecedência do horário agendado.
58
APÊNDICE 04: REGISTRO ALIMENTAR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF
REGISTRO ALIMENTAR
Nome: __________________________________ Data de nascimento:___ /___ /___
Dia do registro: ( )1( )2( )3 Data:___/___/___ Dia da semana:__________________
Horário Local Preparação Quantidade
59
APÊNDICE 05: RECORDATÓRIO 24H
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF
RECORDATÓRIO 24H
VISITA ( ) Data: ____/_____/____
Nome:
Refeição Local Alimentos Quantidade
Desjejum
Lanche 1
Almoço
Lanche 2
Jantar
Ceia
60
APÊNDICE 07: ARTIGO
ESTRATÉGIAS DE HIDRATAÇÃO E ENXÁGUE BUCAL COM
CARBOIDRATOS NO DESEMPENHO DE CICLISTAS
Amanda Maria de Jesus Ferreira¹, Luiz Fernando de Farias Junior1, Thaynan Aline de
Araújo1, Alexandre Hideki Okano¹, Telma Maria de Araújo Moura Lemos
2, Aline
Marcadenti de Oliveira², Ana Paula Trussardi Fayh¹
¹ UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil.
² UFCSPA, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto
Alegre/RS, Brasil.
Autor correspondente
Ana Paula Trussardi Fayh
Avenida Senador Salgado Filho, nº 3000
Campus Universitário - Lagoa Nova – Natal/RN- Brazil
Telefone: +55 84 3342-2291
CEP: 59078-970
E-mail: [email protected]
61
RESUMO
Introdução: O alto gasto energético e a desidratação são comuns em modalidades de
ciclismo. Entretanto, há lacunas nas recomendações nutricionais existentes para provas
de maior intensidade e menor duração. Objetivo: Determinar o efeito de diferentes
estratégias de ingestão de líquidos e enxague bucal com carboidratos sobre a
desidratação e o desempenho físico em ciclistas durante uma prova contrarrelógio.
Metodologia: Onze ciclistas do sexo masculino, aclimatados ao calor, completaram
uma prova de 30km em cicloergômetro em estado alimentado e com carga
autorregulada, sob a influência aleatória das seguintes intervenções: EBC = Enxague
bucal com carboidrato, sem ingestão hídrica; IHPP = Ingestão hídrica e de eletrólitos de
acordo com a perda de peso; IHAD = Ingestão hídrica “Ad Libitum”. Variáveis de
tempo, frequência cardíaca (FC), potência (W), percepção de esforço (PSE), afeto; e
alterações na perda de peso (PP), cor, densidade (DU) e pH da urina, foram avaliadas
durante o teste. Para análise estatística utilizou-se a análise de variância para medidas
repetidas (ANOVA MR) e a Equação de Estimativa Generalizada (GEE) com ajuste de
Bonferroni (p<0,05). Resultados: o desempenho dos atletas quanto ao tempo de prova
não diferiu entre os as intervenções, com média de 54,5±2,9, 53,6±3,9 e 54,5±2,5 min
em EBC, IHPP E IHAD, respectivamente (p=0,13). Em todas as intervenções, os
participantes apresentaram perda de peso (PP) durante a prova, diferindo no total de
percentual perdido entre os tratamentos (1,7±0,4%, 0,6±0,6%, 1,4±0,6%,
respectivamente), sem atingir a desidratação. Conclusão: O diferente consumo de
líquidos não influenciou o desempenho (tempo de prova) de ciclistas durante uma
disputa em contrarrelógio de 30 km.
Palavras chaves: hidratação, modificações dietéticas, desempenho físico, ciclismo
INTRODUÇÃO
O ciclismo é uma modalidade esportiva bastante estudada devido a sua
variedade de provas, que se diferencia pelo seu grau de intensidade. As modalidades de
disputa em contrarrelógio caracterizam-se pela menor duração das provas, pela alta
intensidade e elevada cadência de pedalada (LUCÍA; HOYOS; CHICHARRO, 2001;
LUCÍA et al., 1999). Em competições, a intensidade do esforço é superior a 70% do
consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e entre ciclistas de elite esses percentuais
62
podem chegar a 90% (FERNÁNDEZ-GARCÍA et al., 2000; LUCÍA et al., 1999;
NEUMAYR et al., 2002).
O alto gasto energético e a alta demanda cardiorrespiratória durante as provas de
ciclismo causam alterações fisiológicas comuns como desidratação e a depleção dos
estoques de glicogênio muscular (GARBER et al., 2011; LEPERS et al., 2002). A perda
hídrica ocorre porque há a necessidade de dissipar o calor gerado durante o exercício
(JEUKENDRUP, 2011; MAUGHAN; MEYER, 2013), mas uma perda excessiva de
líquidos (> 2% de massa corporal) pode provocar diminuição do volume plasmático,
redução da capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo para a periferia e menor
capacidade aeróbica para um determinado débito cardíaco o que acentua as
consequências ao desempenho, principalmente em provas realizadas em ambientes
quentes (MAUGHAN; MEYER, 2013; MAUGHAN, 2012; SAWKA et al., 2007). Com
base nessas alterações fisiológicas, as Sociedades Esportivas recomendam que os atletas
bebam líquidos desde o início das provas, em volume suficiente para repor as perdas
pela transpiração ou consumir a quantidade máxima tolerada (ACSM ET AL., 2016;
SAWKA et al., 2007). Adicionalmente, deve se considerar a reposição de eletrólitos
quando o exercício ocasionar altas taxas de sudorese, ultrapassando 900ml/h (ACSM
ET AL., 2016; HERNANDEZ, ARNALDO JOSÉ; NAHAS, 2009; SAWKA et al.,
2007).
Sob outra perspectiva, pesquisadores defendem que a ingestão de líquidos à
vontade (“ad libitum”) seja suficiente para manter a homeostase (BERKULO et al.,
2015; NOAKES, 2007; WALL et al., 2013). Acredita-se que o sistema nervoso central é
capaz de indicar corretamente o volume de fluido a ser ingerido de acordo com as
informações aferentes, garantindo a regulação dos níveis plasmáticos e da temperatura
corporal (DARIES; NOAKES; DENNIS, 2000; GOULET, 2011; MACHADO-
MOREIRA et al., 2006; NOAKES; DANCASTER; MARATHON, 2003; NOAKES;
ST CLAIR GIBSON; LAMBERT, 2005). Tais resultados têm expandido a utilização da
ingestão “ad libitum”, principalmente, em provas em contrarrelógio, pois a alta
intensidade aumenta a possibilidade dos atletas queixarem-se de desconforto
gastrintestinal causado pelo excesso de água, além do risco de hiponatremia (NOAKES;
DANCASTER; MARATHON, 2003; NOAKES; ST CLAIR GIBSON; LAMBERT,
2005).
63
O último posicionamento do Colégio Americano de Medicina do Esporte
recomenda o uso da técnica de Enxague Bucal com Carboidratos (EBC) para
modalidades mais curtas (≤ 60 minutos (ACSM ET AL., 2016). A hipótese é que os
carboidratos seriam detectados pelos receptores gustativos e ativariam importantes
regiões cerebrais relacionadas a sensações de motivação e controle motor, sendo
responsáveis pela melhora no desempenho observado, sem necessidade de ingestão
(BORTOLOTTI et al., 2011; CARTER; JEUKENDRUP; JONES, 2004;
JEUKENDRUP, 2014). Entretanto, os resultados sobre os efeitos da técnica sobre o
desempenho ainda são controversos (ALI et al., 2016; BEELEN et al., 2009;
KULAKSIZ et al., 2016; KUMAR et al., 2016) e ainda não é conhecido qual o impacto
desta técnica sobre a hidratação e desempenho dos atletas e de sua efetividade
comparada às recomendações tradicionais.
Sendo assim, analisando a necessidade de aprimorar os estudos sobre as
diferentes estratégias nutricionais que possam melhorar a performance dos atletas em
modalidades de alta intensidade e duração inferior a 60 minutos, esse trabalho tem como
objetivo determinar os efeitos de diferentes estratégias de hidratação e enxágue bucal
com carboidratos sobre o equilíbrio hídrico e desempenho físico de ciclistas durante
prova contrarrelógio.
MÉTODOS
Participantes
Onze ciclistas treinados, do sexo masculino, foram recrutados para o presente
estudo (Idade = 30,4 ± 6,2anos; Estatura = 1,73 ± 0,08m; Massa corporal = 73,6 ±
7,81kg; Índice de massa corporal = 24,67 ± 2,22kg/m²; %GC = 11,2±3,4%, Wmáx=
362,5 ± 48,88W; VO2máx= 55,3 ± 5,6ml/kg/min). Os participantes praticavam ciclismo
pelo menos 5h/semana, com uma média de 150 km rodados e eram aclimatados ao
calor, pelo fato de residirem e treinarem em uma cidade com a temperatura média anual
de 28ºC e umidade relativa de 83%. Foram excluídos os participantes tabagistas, obesos
(IMC ≥ 30kg/m²), com doenças crônicas previamente diagnosticadas e que tinham
sofrido lesões musculoesqueléticas que interferiam na sua rotina de treinamento nos
últimos 6 meses. O protocolo de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (protocolo número:
31747714.7.0000.5568). Todos os participantes foram informados sobre os
64
procedimentos e assinaram o termo de consentimento informado antes de participarem
do estudo. O número de participantes foi determinado a partir do estudo de Carter et al.
(2004). Adotando um poder de 90% do teste e um nível de significância de 5%, o
cálculo do tamanho da amostra totalizou 10 indivíduos.
Logística do estudo
Cada indivíduo compareceu ao Laboratório em cinco ocasiões diferentes: a
primeira visita 1foi destinada à obtenção dos dados de caracterização da amostra, com
preenchimento da ficha de anamnese, coleta de dados antropométricos e a realização de
teste incremental até exaustão. Na segunda visita, foi realizada a sessão de
familiarização ao protocolo da prova de 30 km em cicloergômetro (Velotron,
Racermate, Inc., Seattle, WA, USA), no menor tempo possível e na sua cadência
preferida. As três últimas visitas foram destinadas aos ensaios controlados. Neste
momento, os participantes completaram a prova em estado alimentado e com carga
autorregulada, sob a influência aleatória das seguintes intervenções: EBC = Enxague
bucal com carboidrato, sem ingestão hídrica; IHPP = Ingestão hídrica e de eletrólitos de
acordo com a perda de peso; IHAD = Ingestão hídrica “Ad Libitum”. A ordem de
realização das intervenções foi randomizada por sorteio para cada indivíduo, com
intervalo mínimo de quatro dias entre elas.
a. Coleta de dados antropométricos
Foram coletados dados antropométricos de massa corporal, estatura, perímetros
e dobras cutâneas. Para determinação da massa corporal e estatura, foi utilizada balança
digital portátil com estadiômetro acoplado Welmy® (W 110 H, Santa Bárbara d´Oeste,
SP, Brasil), com precisão de 0,1 kg e 0,01 cm, respectivamente. Adicionalmente,
calculou-se o Índice de Massa Corporal, considerando os pontos de corte propostos pela
WHO (2000) para classificação do estado nutricional. Para medição das dobras
cutâneas, foi utilizado compasso científico (Cescorf®) com resolução de 0,1mm. O lado
direito do corpo foi padronizado para a averiguação das dobras do tríceps, subescapular,
peitoral, bíceps, crista ilíaca, abdominal, coxa medial e panturrilha. Todas as avaliações
foram padronizadas pela técnica ISAK. Os valores foram utilizados para os cálculos da
densidade corporal utilizando a equação generalizada proposta por Jackson e Pollock
(1978), e posteriormente convertido para percentual de gordura, segundo a fórmula
proposta por Siri (1961).
b. Determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx)
65
Na primeira visita os indivíduos realizaram o teste incremental até exaustão no
cicloergômetro, com a utilização de um analisador de gases (Quark - CPET, Cosmed,
Roma, Itália). A carga inicial foi de 100W, com acréscimos de 25W a cada minuto, até a
exaustão ou cadência mínima de 80 rpm. As variáveis ergoespirométricas foram
medidas continuamente durante o teste, assim como a frequência cardíaca (FC) (Polar
RS800cx, Kempele, Finlândia). O VO2máx foi considerado como o valor de VO2 pico
atingido durante o teste. A posição adequada do assento e a altura do guidão foram
determinados e replicados para cada visita subsequente.
e. Ensaios controlados
Todos os testes foram realizados no turno da tarde, em sala climatizada ( média
de temperatura e umidade, respectivamente, 22,1ºC, 72,5%). Ao chegar ao laboratório
os indivíduos faziam a coleta de urina em frascos coletores universais. Em seguida, a
massa corporal era aferida, estando os participantes descalços e vestindo roupas leves.
Os participantes foram instruídos a abster-se de álcool, cafeína, tabaco e
exercício físico durante o período de 24 horas que antecedesse cada visita, assim como a
hidratar-se adequadamente, com a ingestão obrigatória de 500 ml de líquidos nas duas
horas prévias aos testes conforme as recomendações das diretrizes esportivas (SAWKA
et al., 2007). As sessões foram todas realizadas em um mesmo turno, estando os
indivíduos em estado alimentado com intervalo mínimo entre duas e três horas da
última refeição. Os participantes também foram orientados a não modificar o padrão
alimentar nos dias anteriores aos ensaios, principalmente a refeição prévia aos testes,
bem como a registrar toda a comida e bebida ingerida, incluindo o tipo de alimento, a
quantidade e o horário que foram consumidas em um diário, que foram analisados
quanto à sua composição nutricional com auxílio do software DietWin ® (2015).
Antes do teste, os participantes foram equipados com o monitor de FC, e
orientados a realizar 30 km planos no cicloergômetro no menor tempo possível e com a
cadência autorregulada, sendo influenciados pelas três diferentes estratégias
nutricionais. O cicloergômetro foi conectado a um computador que exibia aos
participantes uma prova simulada em retroprojetor com valores de distância percorrida
(Km), potência média (W), velocidade média (Km/h) e cadência (rpm). Ao término do
teste, os atletas foram direcionados a nova coleta de urina e, em seguida, nova aferição
da massa corporal.
66
Para avaliação do desempenho físico, foi observado o tempo total que o atleta
completou os 30 km de prova, em cada intervenção. A FC foi monitorada através de
frequencímetro (Polar RS800cx, Kempele, Finlândia) e as demais variáveis fornecidas
pelo software acoplado ao cicloergômetro (Velotron, Racermate, Seattle, WA, USA).
A alteração do estado de hidratação durante os testes experimentais foi avaliada
por três técnicas: pela alteração da massa corporal, pela coloração da urina e por
uroanálise. A alteração do estado de hidratação pela massa corporal foi avaliada por
meio do percentual da perda de peso, calculada pela variação do peso do início para o
final da sessão de treino (peso final (kg)-peso inicial (kg)/100) (CASA et al., 2000).
Para monitorar o estado de hidratação por meio da coloração da urina e uranálise,
amostras de urina foram coletadas pelos voluntários ao início e ao término do exercício,
antes da aferição da massa corporal. A coloração da urina foi avaliada segundo a escala
de Armstrong et al. (1994); e a análise de variáveis como ph e densidade da urina, por
meio de analisador de urina semi-automático, com uso de fita teste (Labtest®, Cobas U,
411).
Oferta de fluidos e nutrientes
As soluções para reposição de fluidos e nutrientes foram preparadas, seguindo a
logística de oferta de cada intervenção:
• Intervenção EBC: A solução para o enxague bucal com carboidratos foi
composta por maltodextrina sem sabor (Probiótica), em concentração de 6,4%,
conforme recomendações da literatura (21). Os sujeitos recebiam 25 ml a cada
12,5% da prova e eram orientados a distribuir o fluido pela boca por cerca de 10
segundos, replicando protocolos utilizados nesta área de investigação, e por fim,
eliminá-la em um recipiente indicado pelo avaliador, com o intuito de garantir a
sua total eliminação. O volume de líquido expelido foi medido, para assegurar
que não houve ingestão significativa da solução.
• Intervenção IHPP: para reposição hidroeletrolítica segundo as recomendações
da ACSM (ACSM ET AL., 2016; SAWKA et al., 2007), foi considerado o peso
perdido durante a sessão de familiarização para contabilizar o total de líquidos a
ser reposto, e utilizado 1 cápsula do suplemento hidroeletrolítico para atletas
Repor Salt (Atlhetica ®), totalizando uma concentração de 321 mg de sódio
(14mEq).
67
• Intervenção IHAD: Para a terceira estratégia de reposição de fluidos, foi
ofertada água a vontade durante a prova (“ad libitum”), em copos descartáveis
de 150ml, sendo o volume ingerido anotado em planilha específica.
Análise estatística
A normalidade e a homogeneidade das variâncias dos dados foram testadas pelos
testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. Como os dados apresentaram
distribuição normal e homocedascidade, os resultados foram expressos através da média
± desvio padrão. Para comparar os efeitos das intervenções nas variáveis que foram
medidas em um único momento do teste utilizou-se a análise de variância para medidas
repetidas (ANOVA-MR) com post-hoc de Bonferroni. Para comparação entre médias de
acordo com a ordem do tratamento, antes e depois do tratamento, nas variáveis de peso,
cor da urina, pH e densidade; e em intervalos durante o tratamento, nas variáveis de FC,
W, PSE e AF, utilizou-se a Equação de Estimativa Generalizada (GEE; General
Estimation Equation) com ajuste de Bonferroni para medidas repetidas. O nível de
significância adotado foi de p<0,05.
Para garantir que o efeito de um tratamento não influenciou ou modificou o
efeito dos tratamentos subsequentes, a ordem de apresentação dos participantes e efeitos
residuais (“carry-over”) foram balanceados, considerando significativo um valor de
p>0,05. Foram utilizados os softwares SPSS versão 22 e STATA versão 1.2, para
Windows.
RESULTADOS
O consumo alimentar nas 24 horas que antecederam as avaliações não diferiu
estatisticamente entre as três intervenções quanto ao consumo energético (Kcal), de
carboidratos (CHO), proteínas (PTN) e lipídeos (LIP), sendo a média de contribuição
energética de 49%, 26% e 25%, respectivamente. Do mesmo modo, não houve
diferenças quanto a distribuição de energia e macronutrientes na refeição que antecedia
os testes (Tabela 1).
Os dados de potência e frequência cardíaca não apresentaram diferenças
significativas, quando comparadas em médias (Tabela 2). Entretanto quando as mesmas
variáveis são analisadas continuamente, observa-se que a frequência cardíaca aumentou
significativamente durante o tempo de prova apresentando valores máximos nos últimos
estágios do teste (p<0,01), e também apresentou valores distintos entre os tratamentos
68
(p<0,07), particularmente nos momentos iniciais da prova (p<0,01), com maiores
valores na intervenção IHAD e menores valores na intervenção EBC (Figura 2). A
potência variou estatisticamente em momentos distintos da prova (p<0,01), mas sem
diferenças entre os grupos (p=0,72) (Figura 1).
Não foram observadas diferenças estatísticas no tempo de conclusão da prova,
com uma média de 54,45±2,93min, 53,56±3,97min e 54,53±2,47min, nas estratégias
EBC, IHPP e IHAD, respectivamente (Figura 1, p=0,131). Em todas as intervenções, os
participantes apresentaram perda de peso durante a prova, diferindo no total de
percentual perdido entre os tratamentos (1,7±0,4%, 0,6±0,6%, 1,4±0,6%, nas
intervenções EBC, IHPP e IHAD, respectivamente), sem atingir a desidratação, com
menores valores na intervenção IHPP, quando comparadas as demais intervenções
(p<0,01). Entretanto, não houve diferenças estatísticas entre a intervenção EBC e IHAD
(p=0,189).
O volume de líquido ingerido durante os testes foi diferente entre todas as
intervenções (p<0,01), sendo o total ingerido na intervenção EBC (10±4 mL), inferior
aos grupos IHAD (433±259 mL) e IHPP (1082±337 mL) (p<0,01). A estratégia IHPP
foi a que apresentou uma maior ingestão hídrica quando comparada com as demais
intervenções (p<0,05).
Observou-se uma maior concentração urinária quando comparados os momentos
antes e após o teste, entretanto, sem diferenças entre os tratamentos. A densidade
urinária não apresentou diferenças durante o tempo e entre os tratamentos. Os valores
referentes ao estado de hidratação dos participantes encontram-se na Tabela 6.
O resultado do teste de efeito carryover indicou que não houve diferenças
significativas nas variáveis iniciais de peso, frequência cardíaca, potência, PSE, afeto e
coloração, densidade e pH urinário, de acordo com as intervenções, apresentando todos
os valores de p>0,02, demonstrando que a ordem das intervenções não influenciou nos
resultados.
DISCUSSÃO
No presente estudo, analisamos o efeito de diferentes estratégias nutricionais no
desempenho de ciclistas em uma prova de alta intensidade com menos de uma hora de
duração. No nosso conhecimento, até o momento, este é o primeiro estudo que
investigou o efeito de diferentes estratégias de hidratação e enxague bucal com
69
carboidratos, e seu impacto na hidratação e desempenho, com ciclistas aclimatados ao
calor e alimentados, situação prática comum à população e o ambiente estudado. Os
resultados demonstraram que não houve diferenças quanto ao tempo de conclusão de
prova independente do consumo de líquidos do atleta, o que reforçam a discussão
presente atualmente na literatura de que o estado de hidratação nesse tipo de exercício
não é o principal fator que influencia no seu desempenho físico (BERKULO et al.,
2015; CHEUNG et al., 2015; GOULET, 2011; NOAKES, 2007; WALL et al., 2013).
As características da amostra, assim como as condições ambientais as quais
foram expostos, podem contribuir para a explicação dos resultados. Indivíduos
aclimatados ao calor passam a ter uma menor elevação na temperatura corporal quando
submetida a qualquer sobrecarga de trabalho no calor. A exposição contínua a um
ambiente quente melhora a transferência do calor corporal central para a pele devido às
alterações fisiológicas ocorridas. Essas alterações incluem elevação no débito cardíaco,
expansão do volume do fluido extracelular, redução na concentração de sódio no suor e
aumento do volume do suor, desse modo, os indivíduos conseguem perceber um menor
estresse, mantendo-se na mesma intensidade do exercício e sem comprometimento do
desempenho (JEUKENDRUP, 2014; WINGFIELD et al., 2016).
A avaliação do estado de hidratação do atleta pode ser determinada a partir da
variação da massa corporal, e postula-se que a perda superior a 2% influencia
negativamente o desempenho (CASA et al., 2000). Assim como a massa corporal, a cor
e a densidade da urina também podem ser usadas para avaliar o nível de hidratação
(CASA et al., 2000; MAUGHAN; SHIRREFFS, 2010). O presente estudo não verificou
perdas significativas de líquidos para atingir a desidratação, nem observou influência
das intervenções nas demais variáveis citadas. Destaca-se que estas variáveis usadas
podem ser amplamente utilizadas por atletas ou técnicos, reforçando a importância
prática dos resultados.
Goulet et al (GOULET, 2011), sugerem que a intensidade do exercício e a
duração possuem um impacto maior do que o estado de hidratação, visto que em seu
estudo a perda hídrica de até 4% não alterou a performance dos atletas. Wall et al.
(WALL et al., 2013) também não observaram mudanças no desempenho, com uma
hipohidratação de até 3% de perda de massa corporal, em variáveis fisiológicas e
perceptivas em uma prova de ciclismo em contrarrelógio em condições de calor.
Cheung et al. (CHEUNG et al., 2015) reforça esta mesma teoria ao observar que a perda
70
corporal até 3%, os efeitos fisiológicos e a percepção de sede não afetou o desempenho
de ciclistas em exercício submáximo em condições de calor em uma população
saudável.
Em concordância com esses resultados, Berkulo et al. (2005) não observaram
efeitos negativos no desempenho com a hipohidratação. No estudo, ciclistas foram
expostos a três situações experimentais diferenciadas a partir do estado de hidratação
prévio (normohidratados ou hipohidratados) e oferta hídrica (não ingestão de líquidos e
ingestão ad libitum) durante uma prova de contrarrelógio de 40km em condições de
calor. Variáveis de frequência cardíaca, repostas de temperatura, percepções térmicas e
PSE também não apresentaram diferenças entre as intervenções (BERKULO et al.,
2015). Alguns estudos tem ressaltado que, mesmo com a pequena desidratação
involuntária que frequentemente ocorre em algumas modalidades, a prática de beber
água conforme a sede pode ser suficiente para a manutenção das respostas
termorregulatórias e da capacidade de realizar exercício (GOULET, 2011; NOAKES;
DANCASTER; MARATHON, 2003; NOAKES, 2007), assim como evitar que os
atletas se queixem do desconforto gastrintestinal causado pelo acúmulo de fluido
(NOAKES; DANCASTER; MARATHON, 2003). Carmo et al. (27) verificaram que a
ingestão de água ad libitum foi suficiente para manter o estado eu-hidratado de
indivíduos que se exercitaram por uma hora em ambiente quente e seco, ao passo que,
se eles tivessem ingerido o volume de acordo com a perda de peso, teriam consumido
mais água do que o necessário.
Apesar da técnica de EBC ter sido inclusa no Posicionamento Oficial da
Sociedade Americana de Medicina do Esporte como uma alternativa para reposição de
carboidratos em exercícios de curta duração (ACSM ET AL., 2016), no presente artigo
não foi observado melhoras no desempenho. Alguns pesquisadores sugerem que o
efeito benéfico no desempenho com a utilização da técnica provavelmente envolvam o
sistema nervoso central (SNC), que é estimulado a partir da resposta aferente enviada
por receptores de carboidratos presentes na boca (BORTOLOTTI et al., 2011; CARTER
et al., 2004; CHAMBERS; BRIDGE; JONES, 2009).
Também têm sido relatado benefícios no desempenho físico independente do
estado nutricional do atleta antes do exercício, embora a magnitude da melhoria do
desempenho a partir da técnica do EBC ser maior em situações de jejum (CHAMBERS;
BRIDGE; JONES, 2009; ROLLO; WILLIAMS; NEVILL, 2011) em comparação ao
71
estado alimentado. Esta resposta sugere que, após jejum prolongado, há maior ativação
de regiões cerebrais que podem associar-se com as sensações positivas observadas com
a utilização da prática (26). O presente estudo seguiu um protocolo mais condizente
com a realidade, estando os indivíduos alimentados, corroborando com estudos
semelhantes, sem mudanças no desempenho (BEELEN et al., 2009; ISPOGLOU et al.,
2015; KULAKSIZ et al., 2016; KUMAR et al., 2016).
A influência do fator psicológico está sendo também atualmente discutida
independente do papel dos carboidratos. Alguns autores observaram que quando
ciclistas estavam cegados quanto ao seu estado de hidratação, não tiveram diferenças no
desempenho (CHEUNG et al., 2015; WALL et al., 2013). Além disso, a hipótese de que
os receptores gustativos e/ou faríngeos estão envolvidos neste processo e podem
desempenhar um papel importante no desempenho também foi discutida por Casa et al.
(CASA et al., 2000), ao observar uma tendência de melhora em parâmetros fisiológicos
quando atletas bebiam uma solução em comparação a sua infusão intravenosa. Outros
autores observaram que a ingestão de uma pequena ingestão de água foi capaz de
aumentar o tempo de exercício em comparação ao enxague com água, sugerindo uma
possível ativação de receptores da faringe com a ingestão hídrica (ARNAOUTIS et al.,
2012), visto que estudos anteriores sugeriram que a ativação destes receptores
influenciam respostas termorreguladoras de sede em indivíduos desidratados (27,30).
Esses dados enfatizam que respeitar a ingestão hídrica ad libitum pode ser uma
alternativa para os atletas, considerando principalmente o possível desconforto
gastrointestinal causado pelo excesso de líquidos em modalidades de duração moderada
mas que demandam grande esforço físico. Para isso, é necessário que os mesmos
desenvolvam uma estratégia de hidratação prévia individualizada, que previna possíveis
danos a sua saúde e a desempenho durante o exercício. Além disso, sugere-se que mais
estudos sejam realizados avaliando a possível associação da estratégia de EBC com a
IHAD, considerando seus potenciais efeitos ergogênicos relatados na literatura,
podendo contribuir para a melhoria do desempenho dos competidores, visto que provas
podem ser decididas com a diferença de poucos segundos.
É importante enfatizar que as interpretações aqui reportadas são limitadas por
que necessitam de novas investigações, que incluam outros marcadores mais específicos
do estado de hidratação, como hematócrito e osmolalidade plasmática, assim como o
acompanhamento do estresse térmico dos indivíduos através da verificação da
72
temperatura central e da pele. Esses indicadores são uteis para detectar alterações sutis
que possam comprometer o desempenho quando os atletas são expostos às mesmas
intervenções. Deve-se considerar também que os participantes foram colocados em
exercício em laboratório com condição climática ajustada, diferente do clima aos quais
estão acostumados a se exercitarem. Por estarem habituados a treinarem em temperatura
e umidade mais elevadas, é possível que as perdas hídricas tenham sido menores do que
se estivessem realizando o mesmo esforço físico em ambiente natural.
CONCLUSÃO
Em conclusão, o presente estudo demonstrou que os indivíduos submetidos as
estratégias de EBC e IHAD, apresentaram maior perda hídrica que os indivíduos
submetido a estratégia IHPP, mas sem atingirem desidratação (perda corporal superior a
2%). Entretanto, não houve diferenças no desempenho dos atletas no que se refere ao
tempo de conclusão da prova, frequência cardíaca e potência média independente do
consumo de líquidos dos ciclistas. Com base nos resultados encontrados, sugerimos que
atletas possam escolher qual estratégia nutricional mais lhe agrada no momento da
prova (competição), após testá-las durante o período de treinos, assim como testar a
possibilidade de associar diferentes estratégias para a melhoria do seu desempenho.
CONFLITO DE INTERESSES
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses
referente a este artigo.
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78
TABELA 01:
Tabela 1. Consumo alimentar dos atletas nas três diferentes intervenções.
Consumo alimentar EBC IHPP IHAD p*
24h prévias ao teste
Consumo energético (Kcal) 2454±753 2280±548 2965±1183 0,121
Consumo de CHO (g) 307,4±109,2 278,3±76,6 359,4±150,9 0,194
% de contribuição 50,1 49,0 49,5
g/kg 4,1 3,8 4,8
Consumo de PTN (g) 144,0±44,8 136,1±33,7 196,6±128,4 0,105
% de contribuição 23,5 23,7 26,5
g/kg 2,0 1,8 2,7
Consumo de LIP (g) 72,0±38,1 69,2±27,0 82,3±33,6 0,464
% de contribuição 26,4 27,3 25,0
g/kg 0,98 0,94 1,12
Refeição prévia ao teste
Consumo energético (Kcal) 669±137 642±132 621±93 0,222
Consumo de CHO (g) 74,62±20,1 70,7±17,9 68,2±18,8 0,666
% de contribuição 44,6 43,7 43,9
g/kg 1,01 0,96 0,92
Consumo de PTN (g) 62,9±21,4 61,6±18,7 57,2±16,1 0,736
% de contribuição 37,6 38,4 36,8
g/kg 0,85 0,83 0,77
Consumo de LIP (g) 12,2±4,1 11,8±4,0 12,5±5,7 0,921
% de contribuição 16,4 16,6 18,1
g/kg 0,16 0,16 0,16
Valores expressos em Média±DP. Os dados foram analisados com ANOVA-MR. *p de Bonferroni:
diferenças estatísticas quando p<0,05.
79
TABELA 02:
Tabela 2. Variáveis relacionadas ao desempenho dos atletas nas diferentes intervenções.
Variáveis EBC IHPP IHAD p
Potência média (W) 198,65±25,92 210,72±41,34 196,92±22,4 0,250
Velocidade média (km/h) 33,1±1,74 33,8±2,52 33±1,49 0,228
Cadência média (rpm) 126,65±10,05 127,32±11,11 125,95±15,39 0,908
FC média (bpm) 153,91±13,03 156,36±17,52 153,73±16,48 0,517
Dados expressos em MD±DP. *p de Bonferroni: diferenças estatísticas quando p<0,05.
80
TABELA 03:
Tabela 3. Variáveis de hidratação nas três diferentes intervenções.
EBC ACSM AD
Pre Pos Pre Pos Pre Pos pa p
b p
c
Peso (Media + DP) 73,0±8,14 71,7±7,93 72,55±7,67 72,11±7,53 72,36±7,53 71,35±7,43 <0,001 0,065 <0,001
Dif. ± EP (IC95%) -1,28±0,12 (-1,50 – 1,05) -0,436±0,12 (-0,68 – 1,20) -1,00±0,13 (-1,27-0,75)
pd <0,001 <0,001 <0,001
Cor da urina (Media + DP) 3,3±1,3 5,3±1,8 2,6±1,5 3,6±1,6 3,1±1,2 4,5±1,5 <0,001 0,072 0,187
Dif. ± EP (IC95%) 2,0±0,56 (0,9-3,1) 1,0±0,13 (0,8-1,3) 1,5±0,3 (0,9±1,9)
pd <0,001 <0,001 <0,001
pH da urina (Media + DP) 6,5±0,5 6,2±0,2 6,4±0,3 6,5±0,3 6,5±0,6 6,4±0,2 0,016 0,525 0,027
Dif. ± EP (IC95%) -0,4±0,11 (-0,6-0,1) 0,6±0,05 (-0,5-0,2) -0,6±0,2 (-0,4-0,3)
pd 0,003 0,289 0,759
Densidade da urina (Media + DP) 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 1,02±0,0 0,283 0,267 0,633
Dif. ± EP (IC95%) 0,001±0,002 (-0,005-0,002) 0,000±0,002 (-0,003-0,003) 0,001±0,001 (-0,003-0,001)
pd 0,458 1,00 0,210
Dados analisados segundo a GEE. a tempo;
b tratamento;
c interação tempo*tratamento;
d Bonferroni, significativo quando p<0,05.
81
FIGURA 01:
Figura 1. Frequência cardíaca (FC) e Potência (W) durante cada 12,5% do contrarrelógio nos tratamentos
EBC, IHPP e IHAD. Os valores são descritos em MD±DP. Os dados foram analisados segundo a GEE
(Tratamento*tempo). A: Interação do tratamento e do tempo, p<0,01; B: interação do tratamento e do
tempo, p<0,01. *momentos em que as diferenças são estatisticamente significativas.
82
FIGURA 02:
Figura 2. Tempo de desempenho médio entre as intervenções EBC, IHPP e IHAD. Valores são expressos
em MD±DP. Os dados foram analisados com ANOVA-MR (p=0,131).