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Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados com demência leve Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do curso de 2º ciclo em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março. Orientador: Professora Doutora Joana Carvalho Mestranda: Marta Patrícia Mano Cartucho Setembro, 2013

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Efeito de um programa de exercício físico

multicomponente sobre a condição física e

mental de idosos institucionalizados com

demência leve

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,

com vista à obtenção do curso de 2º ciclo em Atividade Física para a Terceira

Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março.

Orientador: Professora Doutora Joana Carvalho

Mestranda: Marta Patrícia Mano Cartucho

Setembro, 2013

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II

Cartucho, M. (2013). Efeito de um programa de exercício físico

multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

com demência leve. Porto: Cartucho, M. Dissertação de Mestrado apresentada

à Faculdade de Desporto e Educação Fisica da Universidade do Porto.

Palavras-chave: IDOSOS; ATIVIDADE FISICA; COGNITIVO/MENTAL;

INSTITUCIONALIZAÇÃO

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III

Agradecimentos

Este espaço é dedicado a todos aqueles que direta ou indiretamente me

ajudaram, dando o seu contributo para que esta dissertação de mestrado fosse

concluída. A todos eles deixo aqui os meus sinceros agradecimentos.

À Professora Doutora Maria Joana Carvalho, minha orientadora, pela

confiança, incentivo, apoio e imprescindíveis sugestões na realização deste

trabalho.

À minha responsável do lar de idosos, Enfermeira Mas, pela

possibilidade de realização deste projeto e todo o seu apoio.

Aos funcionários da instituição, pela sua amabilidade e disponibilidade,

na recolha de dados e no apoio direto ao desenvolvimento da intervenção.

A todos os idosos, do lar de idosos de Pézenas (França), pela preciosa

colaboração, paciencia e empenho na realização deste trabalho, sem os quais

a concretização deste estudo não seria possível.

A todos os colegas do Mestrado, pela troca de experiencias.

A todos os professores do Mestrado, da Faculdade de Desporto – UP

pelos ensinamentos e oportunidades na concretização dos objetivos.

Ao meu primo Vasco pela ajuda no tratamento estatístico dos dados.

Aos meus pais e ao João que me foram ajudando dentro do que lhes era

possível. Por todo o amor, carinho e toda a confiança em mim depositada.

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IV

.

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V

Indice Geral

Agradecimentos ................................................................................................ III

Índice de Quadros ............................................................................................. IX

Índice de Gráficos ............................................................................................. XI

Índice de Anexos ............................................................................................. XIII

RESUMO ......................................................................................................... XV

ABSTRACT ....................................................................................................XVII

RESUMÉ ........................................................................................................ XIX

SIGLAS MAIS UTILIZADAS ........................................................................... XXI

I – Introdução ................................................................................................... 23

II- Revisão de Literatura ................................................................................... 27

1– O envelhecimento humano ...................................................................... 27

1.1 – Dados demográficos a nível mundial ............................................ 27

1.2- Conceito de Idoso ............................................................................... 28

1.3- Processo de Envelhecimento ............................................................. 29

2- Institucionalização ..................................................................................... 32

3 - Importância da AF/EF na vida do idoso ................................................... 35

4- Alterações associadas ao envelhecimento e Benefícios da AF/EF .......... 37

4.1 - Alterações Físicas e Fisiológicas ...................................................... 37

4.2 – Alterações psicossociais ................................................................... 48

4.3 – Alterações da função cognitiva e demência ...................................... 49

5 - Treino Multicomponente – Efeitos ao nível físico e cognitivo ................... 53

6 - Justificação do tema, Objetivos e Hipóteses............................................ 54

6.1 – Justificação do Tema ........................................................................ 55

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VI

7 – Objetivos ................................................................................................. 56

7.1-Objetivo Geral ...................................................................................... 56

7.2- Objetivos Específicos ......................................................................... 56

8 – Hipóteses ................................................................................................ 56

III – Metodologia ............................................................................................... 59

1 - Desenho do Estudo ................................................................................. 59

1.1 - Seleção e Caracterização da Amostra .............................................. 59

1.2 -Procedimentos de Recolha da Informação ......................................... 61

2 – Estratégias Metodológicas ...................................................................... 62

2.1 - Instrumentos de avaliação utilizados ............................................ 62

3 – Procedimentos Estatisticos ..................................................................... 66

IV – Apresentação dos Resultdos .................................................................... 69

1 – Amostra ................................................................................................... 69

2 - Aptidão Fisica e Funcional ....................................................................... 75

3 – Estado cognitivo/Mental .......................................................................... 79

V – Discussão .................................................................................................. 81

1 - Aptidão Física e Funcional ....................................................................... 81

2 – Estado Cognitivo/Mental ......................................................................... 84

VI – Conclusão ................................................................................................. 89

VII – Bibliografia ............................................................................................... 91

VIII - Anexos ................................................................................................... CXI

Anexo 1 – .................................................................................................... CXI

Anexo 2 ..................................................................................................... CXIII

Anexo 3 ...................................................................................................... CXV

Anexo 4 ................................................................................................... CXXIII

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VII

Anexo 5 – Mini Mental State Examination ................................................CXXV

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VIII

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IX

Índice de Quadros

Quadro 1 – Descrição dos três parâmetros a avaliar da bateria “Functional

Fitness Test” (adaptado de Rikli & Jones, 1998)

Quadro 2 – Distribuíção da amostra em função do sexo

Quadro 3 – Distribuição da amostra em função do estado civil

Quadro 4 – Distribuição da amostra em função habilitações académicas

Quadro 5 – Distribuição da amostra em função das patologias

Quadro 6 – Análise comparativa da idade, peso, altura, IMC do grupo de

intervenção e do grupo de controlo

Quadro 7 – Análise descritiva e comparativa dos itens da aptidão física e

funcional do grupo de intervenção e do grupo de controlo nos dois momentos

avaliados

Quadro 8 – Análise descritiva e comparativa dos itens da aptidão física e

funcional antes e após a intervenção nos dois grupos avaliados

Quadro 9 – Análise descritiva e comparativa dos valores médios dos itens MMS

(Mini Mental State) do grupo de intervenção e do grupo de controlo nos dois

momentos avaliados

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X

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XI

Índice de Gráficos

Grafico 1 – Comparação entre a distribuição do estado civil pelos grupos

Grafico 2 – Comparação entre a distribuição das habilitações académicas pelos

grupos

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XII

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XIII

Índice de Anexos

Anexo 1 - Consentimento Informado

Anexo 2 – Caracteristicas socio-demográficas da população

Anexo 3 – Bateria de Testes “Functional Fitness Test”

Anexo 4 – Protocolo de Avaliação

Anexo 5 – Mini Mental State Examination

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XIV

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XV

RESUMO

Este estudo pretendeu investigar os efeitos de um programa de exercício físico

(EF) sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados com demência

leve.

A amostra foi composta por 34 idosos distribuídos por dois grupos: o grupo de

intervenção (GI; n=20 idade média = 75,7±4,6 anos) submetido a um programa

bissemanal de EF multicomponente; o grupo de controlo (GC; n= 14;idade média =

78,8±5,8 anos) que não realizou qualquer tipo de EF formal estruturado durante o

período experimental.

Para analisar a aptidão física e funcional foram aplicados 3 dos 6 parâmetros

da bateria de testes “Functional Fitness Test” de Rikli e Jones, (1999): levantar e

sentar na cadeira (força e resistência dos membros inferiores); 6 minutos de marcha

(resistência aeróbia); sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar (agilidade/equilíbrio

dinâmico).

O instrumento utilizado para analisar o estado cognitivo/mental dos idosos foi o

“Mini Mental State Examination” (MMSE; Folstein et al, 1975), traduzido para a

população francesa em “Mini Mental Score” (GRECO).

Os resultados da investigação indicaram que: 1) o GI melhorou

significativamente após treino a força dos membros inferiores, a resistência aeróbia e

a agilidade/equilíbrio dinâmico; 2) pelo contrário, o GC não apresentou alterações

significativas no momento final de avaliação comparativamente ao momento inicial; 3)

foram observadas diferenças significativas entre os grupos GI e GC na percentagem

de alteração após intervenção; 4) os scores do teste MMSE não revelaram melhorias

significativas apos intervenção.

Os resultados sugerem uma influência positiva do programa de EF

multicomponente no desempenho físico dos idosos institucionalizados com demência

leve. Relativamente ao desempenho cognitivo/mental não foram encontrados

resultados significativos.

PALAVRAS-CHAVE: IDOSOS; ATIVIDADE FISICA; COGNITIVO/MENTAL;

INSTITUCIONALIZAÇÃO

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XVII

ABSTRACT

This study aims to investigate the effects of an exercise (PE) program on

physical and mental condition of institutionalized elderly people with mild dementia.

The total sample included 34 individuals divided into two groups: the

intervention group (GI, n = 20, mean age = 75.7 ± 4.6 years) that were submitted to a

multicomponent exercice program; the control group (GC, n = 14, mean age = 78.8 ±

5.8 years) who did not undergo in any formal structured exercise during the

experimental period. To analyze the physical and functional fitness 3 of the 6

parameters of the battery of tests "Functional Fitness Test" of Rikli and Jones (1999)

were applied: chair stand (lower body strength), 6-minute walking (aerobic endurance),

8-Foot Up and Go Test (agility/dynamic balance). The instrument used to analyze the

cognitive state / mental health of the elderly was the "Mini Mental State Examination"

(MMSE, Folstein et al, 1975), translated into French population "Mini Mental Score"

(GRECO).

Research results showed that: 1) after training GI significantly improved lower

body strength, aerobic endurance and agility/ dynamique balance, 2) In contrast, the

GC did not change significantly in the final moment compared to the initial moment, 3)

significant differences were observed between GI and GC in the percentage change

after intervention; 4) the MMSE test scores revealed no significant improvements after

intervention.

The results suggest a positive influence of the multicomponent exercise

program on the physical function of institutionalized elderly with mild dementia. With

regard to cognitive / mental no significant results were found.

KEY-WORDS: ELDERLY; PHYSICAL ACTIVITY; COGNITIVE / MENTAL;

INSTITUTIONALIZATION

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XIX

RESUMÉ

Cette étude visait à étudier les effets d'un programme d'exercice physique (EF)

sur la condition physique et mentale des personnes âgées institutionnalisées.

L'échantillon était composé de 34 personnes agées répartis en deux groupes:

le groupe intervention (GI, n = 20 âge moyen = 75,7 ± 4,6 ans) qu’ont suivi un

programme de deux semaines d’exercice physique multicomposant, le groupe de

contrôle (GC, n = 14, âge moyen = 78,8 ± 5,8 ans) qui ne subit aucune exercice

physique formel et structuré au cours de la période d'essai.

Pour analyser la condition physique et fonctionnelle ont été appliquées 3 des 6

paramètres de la batterie de tests «Functional Fitness Test» de Rikli et Jones (1999):

se lever et s'asseoir dans le fauteuil (force et l'endurance des membres inférieurs), la

marche pendant 6 minutes (endurance aérobie), assis, aller-retour 2,44m (mobilité

physique).

L'instrument utilisé pour analyser l'état de la sante mentale/ cognitive des

personnes âgées était le '"Mini Mental State Examination" (MMSE, Folstein et al,

1975), traduit pour la population française en "Mini Mental Score" (GRECO).

Les résultats des recherches indiquent que : 1) le GI s’est nettement améliorée

la force des membres inferieurs après l’entraînement I, l’endurance aérobie et

l’agilité/équilibre dynamique, 2) toutefois, le GC n’a pas changé de façon significative

lorsque l’evaluation finale par rapport au moment initial, 3) ont été observées des

différences significatives entre les groupes dans le percentage de changement après

l’intervention, 4) les résultats des tests MMSE n’ont révélé aucune amélioration

significative après l'intervention.

Les résultats suggèrent une influence positive du programme d’exercice

physique multicomposant sur les personnes âgées institutionnalisées avec une

démence légère. En ce qui concerne cognitive / mentale aucun résultat significatif n'a

été trouvé.

MOTS-CLES : PERSONNES ÂGÉES; ACTIVITE PHYSIQUE, COGNITIF /

MENTAL; INSTITUTIONALISATION

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XXI

SIGLAS MAIS UTILIZADAS

OMS – Organização Mundial de Saúde

QV – Qualidade de Vida

AF – Atividade Física

ACSM – American College of Sports Medecine

EF – Exercício Físico

ApF - Aptidão Física

MC- Massa Corporal

MG – Massa Gorda

CID – Classificação Internacional de Doença

MS – Membros Superiores

MI – Membros Inferiores

GI – Grupo Intervenção

GC – Grupo Controlo

IMC – Indice de Massa Corporal

FFT - Functional Fitness Test

MMS – Mini Mental Score

MMSE – Mini Mental State Examination

SPSS – Statistical Package of the Social Science

AVD – Atividades Vida Diária

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23

I – Introdução

O envelhecimento demográfico é atualmente um fenómeno mundial

crescente tanto nas sociedades desenvolvidas como nas em vias de

desenvolvimento (OMS, 2010). No início do seculo XX, a população com mais

de 65 anos de idade era inferior a 5,0 %, porém, atualmente, representa 11,0%

da população mundial (OMS,2010).

O aumento crescente da expectativa de vida em todo mundo e em

particular nos países desenvolvidos levou a um aumento da longevidade. Esta

tendência demográfica em conjunto com a diminuição da taxa de natalidade

tem provocado um exponencial aumento da população idosa relativamente à

população mais jovem (Eurostat 2012).

Contudo, apesar do aumento da esperança média de vida ser um aspeto

positivo, o fato é que esta tendência se baseia mais em fatores de natureza

quantitativa e não tanto qualitativa. Ou seja, apesar de todos os esforços

médicos e científicos para prolongar os anos de vida dos sujeitos idosos, este

aumento da longevidade nem sempre se faz acompanhar por uma vida salutar,

autónoma e com qualidade (Carvalho, 2006). Neste sentido, interessa

encontrar formas que de algum modo possam reverter esta situação.

O envelhecimento é um processo, ou conjunto de processos que ocorre

nos organismos vivos que, com o passar do tempo, os leva à perda de

adaptabilidade, diminuição da capacidade funcional, associado a alterações

físicas e fisiológicas e, por fim à morte (Spirduso et al, 2005). Ou seja, o

envelhecimento é caracterizado pelo declínio das funções orgânicas e, em

decorrência, acarreta maior suscetibilidade de doenças e maiores índices de

incapacidade.

O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial sendo por isso

difícil de estabelecer uma definição clara. Contudo, apesar da disparidade entre

as definições apresentadas pelos diferentes investigadores, é consensual que

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24

o processo de envelhecimento envolve fatores físicos, psicológicos e sociais

que se repercutem na autonomia, saúde e qualidade de vida do sujeito.

Neste sentido, existe uma preocupação crescente com a população

idosa e em particular com aquela que se encontra institucionalizada. Entre os

diversos transtornos que afetam os idosos institucionalizados, a saúde mental

merece especial atenção. Estados depressivos e demência são situações mais

ou menos comuns nestes idosos assumindo repercussões fortes na perda de

independência e na qualidade de vida (QV).

Por outro lado, para além das alterações mentais, as alterações na

condição física associadas ao processo de envelhecimento, sendo mais

evidentes quando olhamos para os idosos que se encontram

institucionalizados, é outra dimensão que afeta sobremaneira a QV desta

população. Entre outros, a QV para o idoso é percecionada pelo grau de

funcionalidade e de capacidade em permanecer independente (Guralnik et al.,

1989), sendo igualmente importantes a saúde física, o bem-estar psicológico e

a satisfação social e espiritual (Chodzko-Zajko, 1999).

O American College Sport of Medicine – ACSM (1998 a), mostra que,

entre outros, a prática de exercício físico (EF) regular está associada a uma

maior longevidade, redução do risco de desenvolvimento de doenças cxronoco-

degenerativas típicas do envelhecimento, sendo um excelente meio de atenuar

a degeneração provocada pelo processo de envelhecimento, dentro dos

diferentes domínios que o caracterizam (físico, psicológico e social). Apesar

das evidências científicas acerca dos potenciais efeitos do EF, a maioria da

população mundial idosa adota um estilo de vida sedentária. Este sedentarismo

característico deste escalão etário e francamente notório nas instituições de

acolhimento afeta negativamente a QV do idoso.

Desta forma, a promoção da prática de EF regular nos escalões etários

mais velhos e em particular naqueles que se encontram institucionalizados

revela-se como uma necessidade urgente e um grande desafio para as

sociedades ocidentais.

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25

Atendendo às características globais do idoso, os programas de EF

multicomponentes têm sido aqueles mais frequentemente oferecidos revelando

uma boa taxa de adesão. Todavia, ainda não é totalmente clara a relação

dose-resposta deste tipo de programas de EF mais generalizados sobre a

funcionalidade e condição mental.

Tendo por base os pressupostos anteriores, pretendemos com este

trabalho avaliar quais os efeitos de um programa de EF multicomponente sobre

a condição física e mental de idosos residentes em instituições.

Para que fosse possível dar uma justificativa à parte de investigação

realizada foi elaborado todo um suporte teórico que foi organizado na seguinte

maneira:

No capítulo I é realizada uma Introdução geral ao tema a ser

desenvolvido e a problemática pela qual nos debruçamos.

No capítulo II é apresentada a Revisão da Literatura, onde abordamos o

estado de conhecimento acerca do tema tratado, procurando privilegiar a

literatura mais atual e consensual.

O capítulo III é referente aos objetivos que este estudo pretende

alcançar, bem como as hipóteses que o sustentam. Apresentaremos os

objetivos gerais e específicos do nosso trabalho, acompanhados das respetivas

hipóteses, os quais surgem como uma decorrência direta dos problemas

apresentados na revisão de literatura.

O Capitulo IV é dedicado ao Material e Métodos empregues para este

estudo. Inicialmente é realizada uma caracterização da amostra, depois

passamos aos procedimentos de medida e por fim, são referidos os

procedimentos estatísticos utilizados.

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26

O capítulo V diz respeito à Apresentação dos Resultados, no qual iremos

mostrar os resultados por nós obtidos nas diferentes variáveis sob a forma de

quadros ou figuras.

O capítulo VI corresponde à Discussão dos Resultados, neste capítulo

será feita uma análise aprofundada aos resultados obtidos e procuraremos

justificar possíveis dependências e relações entre eles tendo por base a

literatura nacional e internacional.

No capítulo VII são apresentadas as Conclusões do estudo, ao mesmo

tempo que se procura dar resposta aos objetivos e às hipóteses formuladas no

início do estudo.

O capítulo VII é referente a toda a Bibliografia consultada para a

elaboração do presente estudo. A sua listagem será feita por ordem alfabética,

sob o sistema autor/data.

Por fim, no capítulo VIII, são apresentados todos os Anexos que nos

auxiliaram na realização deste estudo, onde irão figurar os dados que, por uma

questão de organização e clareza, não constam em nenhuma das partes

anteriores, tendo sido devidamente indicados ao longo do trabalho.

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27

II- Revisão de Literatura

1– O envelhecimento humano

1.1 – Dados demográficos a nível mundial

É um fato inegável que a população mundial está a envelhecer a níveis

nunca até agora vistos (OMS, 2010). Embora se possa considerar que o

processo de envelhecimento se inicia a partir do momento em que nascemos,

enquanto fenómeno demográfico começou a assumir uma importância

significativa a partir da segunda metade do séc. XX, em particular a nível dos

países desenvolvidos (Nazareth, 1988).

A população mundial apresenta-se atualmente num envelhecimento

acelerado. Em 1950 os idosos de 65 anos ou mais representavam 5,2% da

população mundial, 6,9% em 2000 e estima-se que representarão 15,6 % em

2050. Estes dados permitem-nos constatar que, a este ritmo, os indivíduos com

idade acima dos 65 anos aumentarão aproximadamente 3,5 vezes mais

rapidamente que a população total (Renault et al 2005; Bento, 1999).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhecendo a importância

desta problemática, decidiu atribuir ao ano de 1999 o título de Ano

Internacional da Pessoa Idosa, dando assim razão ao que já vinha sendo

constatado por vários especialistas em demografia: a população mundial está a

envelhecer de uma forma que não tem precedentes.

Durante muito tempo, a explicação para este envelhecimento

demográfico, foi encontrada no desenvolvimento técnico e científico e na sua

influência sobre o aumento da esperança de vida. Contudo, vários autores

(Nazareth, 1988; Wong e Moreira, 2000; Kinsella e Velkoff, 2001) referem que,

para além da razão anteriormente apresentada, outra justificação reside no fato

de se verificar uma diminuição, que tem sido constante, da fecundidade. Esta

diminuição traduz-se na impossibilidade de as gerações se irem substituindo,

tendo como consequência o aumento relativo no número de idosos.

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28

De acordo com Nazareth (1988), poderemos falar em dois tipos de

envelhecimento: da base e do topo. O envelhecimento da base caracteriza-se

pela diminuição da percentagem de jovens, reduzindo-se assim a base da

pirâmide de idades. No segundo caso, verifica-se um aumento da percentagem

dos idosos, conduzindo a que o topo da pirâmide etária aumente.

Contudo, não podemos desprezar também, o conceito de nicho

ecológico humano. Quer isto dizer que pelo fato de o homem, em busca de

melhores condições de vida, ter migrado para outros lugares, desempenha um

aspeto a ter em conta no envelhecimento populacional (Nazareth, 1988).

1.2- Conceito de Idoso

O conceito de velhice e de idoso tem assumido diversos significados ao

longo dos séculos, desde a Grécia e Roma antigas até aos nossos dias,

dependendo das características culturais e históricas das sociedades vigentes

em cada época. Como pode ser facilmente entendível, com o passar dos

séculos, a esperança de vida do ser humano tem vindo a aumentar o que leva

a que, se há séculos atrás se considerava como velho uma pessoa que

atingisse a idade de 30-40 anos, hoje em dia isso já não se verifica.

Atualmente, segundo a OMS (1999), os 65 anos são o limite inicial desta fase,

mas outras instituições referem outras idades. Todavia, qualquer que seja o

limite cronológico utilizado para definir a pessoa idosa é sempre arbitrário e

dificilmente traduz a dimensão biológica, física e psicológica das mudanças que

ocorrem no ser humano. Há muito que os 65 anos deixaram de ser um

indicador rigoroso para sinalizar o início da velhice, optando-se por considerar

a existência de processos de envelhecimento individuais e diferenciados de

pessoa para pessoa, tendo em conta as trajetórias de vida a que cada um

esteve sujeito (Fonseca, 2006).

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De acordo com Birrem e Cunningham (1985), cada pessoa não tem só

uma idade, mas três: a idade biológica, a idade social e a idade psicológica que

se caracterizam da seguinte forma:

- A idade biológica – está ligada ao envelhecimento orgânico, assistindo-

se a uma redução da capacidade de funcionamento dos órgãos e a uma menor

eficácia da sua autorregulação. No entanto, os órgãos não envelhecem todos

ao mesmo tempo;

- A idade social – encontra-se relacionada com o seu papel social e com

os seus hábitos em relação às outras pessoas, sendo fortemente influenciada

pela cultura do meio onde a pessoa se encontra inserida. Um exemplo é o

modo como a reforma é encarada, se para uns é um prémio, para outros pode

ser uma morte social;

- A idade psicológica – tem a ver com o comportamento da pessoa em

relação às mudanças de ambiente, onde estão englobadas a memória, a

inteligência e as motivações empreendedoras.

Independentemente do estabelecimento de um limite temporal para

designarmos uma pessoa de velha ou idosa, interessa-nos entender todo o

processo a que chamamos de envelhecimento.

1.3- Processo de Envelhecimento

Tal como referido anteriormente, a população idosa cresce a cada ano

devido ao aumento da esperança de vida. Hoje, uma em cada dez pessoas tem

mais de 60 anos e estima-se que em 2050 essa proporção aumente para uma

em cada cinco pessoas numa média mundial e uma em cada três em países

desenvolvidos.

Esta realidade levanta questões importantes ao nível da saúde pública e

no domínio social, tais como o aumento da mortalidade por doenças crónicas, a

redução do nível funcional, a perda de independência e a necessidade de

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30

cuidados médicos e de saúde continuados (Schneider e Gundenik, 1990 cit.

por Bokovoy e Blair, 1994).

O interesse por parte dos investigadores relativamente às questões

relacionadas com a velhice tem sido cada vez maior. Envelhecer é um

processo lento, progressivo e inevitável, que promove diversas alterações

fisiológicas e psicossociais dependentes de vários fatores, não apenas do

tempo cronológico. Estas alterações refletem a diminuição da capacidade de

manutenção da homeostasia, de adaptação ao stress ambiental e de

readaptação a novos níveis de funcionamento (Dantas, 2003; Matsudo, 2001).

Ninguém escapa a este fenómeno progressivo, altamente complexo e

variável, comum a todos os seres vivos. Spirduso et al (2005) referem que o

processo de envelhecimento é inerente ao ciclo “normal” de vida. Das poucas,

para não dizer a única certeza que todos e cada um de nós temos após o

nascimento é que iremos naturalmente envelhecer, “toda a gente” atingirá esse

estado, contudo também é certo que envelhecemos de forma diferenciada uns

dos outros.

O envelhecimento pode ser definido como um processo dinâmico e

progressivo, no qual existem modificações tanto morfológicas, funcionais,

bioquímicas, psicológicas e sociais que determinam a perda progressiva da

capacidade de adaptação do individuo ao meio, o que ocasiona maior

vulnerabilidade e incidência de processos patológicos (Filho e Alencar, 2000).

Associam-se ainda, reduções na capacidade fisiológica que contribuem para

declínios na performance funcional, conduzem à fragilidade e

consequentemente à dependência (Pu e Nelson, 2001).

No decorrer dos anos tem-se tentado explicar o fenómeno

multidimensional do envelhecimento, através de inúmeras hipóteses. No

entanto, julga-se que o envelhecimento é, cada vez mais, resultante da ação de

vários mecanismos (Mailloux-Poirier e Berger, 1995). A procura por uma causa

única do envelhecimento, como um gene responsável, ou o declínio de um

órgão-chave do sistema, tem sido substituída pela ideia do envelhecimento

Page 31: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

31

como um processo multifatorial e extremamente complexo. Vários processos

podem intervir em simultâneo, operando a diferentes níveis da organização

funcional (Weinert e Timiras, 2003).

As teorias que têm sido formuladas, de forma a poderem servir de base

explicativa para o processo do envelhecimento podem ser agrupadas em dois

grandes grupos, as teorias evolucionistas ou deterministas, e as teorias

mecanicistas ou estocásticas. As teorias evolucionistas defendem que o

envelhecimento resulta do declínio na força da seleção natural. Como a

evolução atua basicamente no sentido de maximizar a capacidade reprodutiva

do indivíduo, a longevidade do mesmo só é aumentada se tal for benéfico para

essa mesma capacidade de reprodução (Hughes e Reynolds, 2005). As teorias

mecanicistas admitem uma resistência limitada dos tecidos do organismo ao

desgaste fisiológico, conduzindo ao envelhecimento (Robert, 1994). Dentro

deste grupo de teorias, contam-se inúmeras teorias explicativas do

envelhecimento, sendo das mais importantes a teoria do erro na síntese

proteica e a teoria dos radicais livres.

A teoria do erro na síntese proteica admite que as roturas da cadeia da

molécula de ADN, ou as mudanças de posição dos compostos químicos dessa

cadeia falseiam a informação genética, impedindo consequentemente a célula

de produzir as proteínas essenciais à sobrevivência celular. Os erros

verificados ao nível das inúmeras etapas da síntese proteica levariam á

formação de proteínas incapazes de desempenhar as suas funções. Estes

erros seriam responsáveis pelo processo de envelhecimento. Segundo a teoria

dos radicais livres, estes podem provocar o envelhecimento por vários

mecanismos, como a peroxidação dos lípidos não saturados, levando à

formação de substâncias tóxicas para as células, das quais não se podem

libertar. Através do mecanismo de ligação às fibras reticulares do tecido

conjuntivo, os radicais livres constituem também um obstáculo á difusão das

substâncias nutritivas, diminuindo assim a vitalidade dos indivíduos (Mailloux-

Poirier, 1995).

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32

Fica então claro que as causas do envelhecimento podem ser primárias

ou secundárias. Já em 1988, Holloszy se referiu a dois tipos de

envelhecimento: o primário, que representa as mudanças provocadas pela

idade independentemente das doenças ou influências ambientais, e o

secundário, que se refere à aceleração deste processo como resultado da

influência da doença e dos fatores ambientais. E embora as causas do

envelhecimento primário e secundário sejam distintas, eles não atuam

independentemente, pelo contrário, eles interagem entre si. A doença e o

stress ambiental podem acelerar os processos básicos do envelhecimento, e

estes também aumentar uma vulnerabilidade perante a doença e o stress

ambiental.

2- Institucionalização

Uma das principais consequências do processo de envelhecimento

inserido nas atuais sociedades ocidentais é a admissão do individuo idoso

numa instituição. A institucionalização surge como uma resposta às alterações

da estrutura da sociedade, sendo atualmente uma tendência crescente a nível

mundial em particular dos países desenvolvidos. É inquestionável, de fato, que

o aumento das taxas de institucionalização reflete não apenas o crescente

envelhecimento demográfico, mas também a crescente dificuldade das famílias

para dar apoio aos seus idosos.

Se nas sociedades tradicionais existia um pacto entre as gerações,

segundo o qual os adultos investiam nos seus filhos, na expectativa de que

estes os apoiassem quando de tal precisassem, nas sociedades

industrializadas esse pacto, apesar de não desaparecer, passa por um

processo de despersonalização. Através do financiamento indireto das

instituições e dos serviços, o pacto mantém-se, uma vez que os que pagam e

os que usufruem provêm de gerações diferentes. A prestação de serviços não

é feita diretamente, mas sim através da delegação de responsabilidades em

instituições que são financiadas pelas gerações mais jovens (Pimentel, 2001).

Page 33: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

33

A institucionalização surge normalmente, para a família ou para os

idosos sem família, como a última alternativa, quando todas as outras são

inviáveis (Pimentel, 2001). De acordo com o Conselho Económico e Social, é

verdadeiramente raro que o internamento seja encarado como um projeto de

vida; raramente escolhido, mas aceite como último recurso, ele é

frequentemente o último elo de um encadeamento de fracassos sociais

(Fernandes, 2002).

Para além disso, segundo Richardson et al (2001), apesar deste tipo de

instituições ter a responsabilidade de providenciar as condições que permitam

ao utente melhorar ou, no mínimo, manter as suas capacidades funcionais, a

maioria dos residentes que participaram no seu estudo mostraram um

decréscimo nas suas capacidades funcionais. Lee e Choi (2003) vão mais

longe ao afirmar que a grande prevalência de incapacidade entre os indivíduos

institucionalizados, levanta questões acerca da limitada capacidade destas

instituições em providenciar o apoio necessário aos seus utentes.

Henry et al. (2001) referem que viver na comunidade ou em instituições

são dois estilos de vida bastante diferentes. A situação dos idosos a viverem

em instituições torna-se mais grave em comparação com os idosos a viverem

na comunidade, visto os níveis de AF diária, indispensável para a sua saúde,

cognição, funcionalidade e QV, serem mais baixos nos primeiros. Paul (1997)

evoca que os idosos nos lares, passam por imensas perdas, integradas no

meio que é limitativo e assume o controlo de muitos aspetos da sua vida,

deprimem-se e ficam desanimados, o que, até certo ponto, pode ser

responsável pelas deficiências cognitivas e motoras, frequentemente

instaladas.

Fernandes (2002) destaca alguns fatores que podem intervir de forma

negativa no processo de institucionalização, como a despersonalização do

idoso, a desinserção familiar e comunitária, o tratamento massificado e a vida

monótona e rotineira a que a maioria dos idosos está submetida. Todos estes

fatores podem estar relacionados com um sistema pouco flexível, que pode

conduzir a uma carência de liberdade do idoso. Este autor acrescenta ainda

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34

que o idoso deve ser sensibilizado a realizar tarefas que aumentem a sua

atividade física e mental, de forma a evitar uma atitude passiva. A

institucionalização deverá cada vez mais significar uma oportunidade de

interação e papéis sociais adequados ao idoso, ajudando assim na autoestima

de alguns idosos.

Vários estudos têm confirmado que os problemas de saúde e as

consequentes perdas de autonomia não surgem como os principais fatores

apontados pelos idosos para a decisão de internamento. O motivo mais

frequente é o isolamento, isto é, a inexistência de uma rede de interações que

facilite a integração social e familiar do idoso e que garanta um apoio efetivo

em caso de maior necessidade. Assim, a solidão e o isolamento, juntamente

com a precariedade de condições económicas e habitacionais, surgem a par

com a dependência física, nos motivos da institucionalização da pessoa idosa

(Pimentel, 2001).

Na realidade, são vários os motivos que levam à institucionalização,

sendo que os sintomas psiquiátricos, nomeadamente as demências,

constituem sozinhos a metade de todos os motivos de institucionalização (55%)

(Dagneaux et al, 2008). Heyn et al (2004) realizaram um estudo onde

verificaram que indivíduos com disfunções cognitivas, originadas por um

declínio nesta função, necessitam frequentemente de cuidados prolongados, o

que pode conduzir à institucionalização. Todavia, segundo os autores,

infelizmente a maioria dos lares e instituições de apoio não fornece nem as

devidas condições ambientais, nem o estímulo adequado para a prática de

atividade física e mental que estes indivíduos necessitam.

Segundo Paul (1997) os idosos nos lares, passam por imensas perdas,

integrados num meio que é limitativo que assumem o controlo de muitos

aspetos da sua vida, deprimem-se e ficam desanimados. Pode-se dizer que,

até certo ponto, isto pode ser responsável pelas deficiências cognitivas e

motoras, frequentemente instaladas nos idosos institucionalizados.

Page 35: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

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Para muitos idosos passar a residir numa instituição torna-se muito

doloroso a nível psicológico, uma vez que têm de abandonar o seu lar e as

suas rotinas. A mudança de um ambiente para o outro, a partilha do mesmo

espaço residencial com outras pessoas e o enfrentar pessoas em estados mais

degradados são todos desafios colocados à pessoa idosa. Esta então

consegue ou não confrontar e ultrapassar estas situações de stress. As

adaptações podem ser positivas, mas na sua maioria são árduas, pois podem

originar um impacto psicológico prejudicial que, por sua vez, poderá conduzir a

depressões graves (Zimmerman, 2000).

Assim e tendo por base as alterações funcionais, psicológicas e

cognitivas associadas à institucionalização e reconhecendo o potencial valor do

EF sobre estas alterações torna-se urgente a implementação de programas EF

com particular enfase para os lares e centros de dia (Schroeder et al,

1998).Todavia, apesar das evidências no que se refere aos benefícios da

prática de AF/EF não existem muitas recomendações para a elaboração de

estruturas e programas específicos para idosos institucionalizados, em especial

para aqueles que apresentam demencias (Deschamps, 2009).

3 - Importância da AF/EF na vida do idoso

A AF/EF regular é entendida como um meio importante de promoção da

saúde, do bem-estar e da QV dos idosos.

Segundo a OMS (2011), define-se por AF qualquer movimento corporal

produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia. A mesma

pode prevenir as mudanças decorrentes do processo de envelhecimento

(Freitas et al.,2002), promove a melhoria geral da aptidão física (ApF) dos

idosos (Puggard et al., 1994), nomeadamente no desenvolvimento da força

muscular (Fiatarone et al., 1990; Charette et al, 1991; Carvalho, 2002), na

melhoria da flexibilidade (Farinatti et al., 1995), da coordenação (Williams et al.,

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1998), do equilíbrio (Li et al., 2001), e da resistência aeróbia (Falconio et al.,

1994).

Ao melhorar as componentes da ApF, a AF/EF tem o potencial de

reduzir o risco de patologias crónicas como a hipertensão arterial, o acidente

vascular cerebral, a disfunção cognitiva, o cancro, a diabetes mellitus tipo 2, a

patologia cardiovascular (OMS, 2011), a depressão (ACSM, 2009) e a

obesidade (Warburton et al, 2006) e desta forma melhorar a QV (Landi et al.,

2003).Em oposição, a inatividade física é considerada um problema de saúde

pública e um fator de risco independente para doenças cronicas que causa 1,9

milhões de mortes a nível mundial (OMS, 2011), estando fortemente

relacionada com o declínio funcional e mental (Brache et al, 2004).

O movimento é essencial para que o idoso mantenha o equilíbrio

fisiológico e psicológico, que lhe permita gozar uma velhice plena e manter-se

autónomo, ativo e criativo. A importância da AF/EF no processo de

envelhecimento é, hoje, inquestionável, esta permite ao idoso envelhecer

ativamente, atenuando os efeitos deletérios do envelhecimento, seja na

vertente da saúde, como nas capacidades funcionais (Mazzeo et al., 1998).

Deste modo, da AF/EF, torna-se um dos objetivos da saúde pública,

devendo ser promovido durante toda as fases de vida de cada individuo, e com

particular importância, nos escalões de idades mais avançadas (Spirduso,

2005). Atualmente considera-se como indivíduo ativo, o sujeito que realiza

atividade física moderada, preferencialmente todos os dias, com a duração de

pelo menos 30 minutos, podendo ser de forma cumulativa durante todo o dia a

dia (Nahas, 1999; ACSM, 2000; Matsudo, 2001). Todavia, torna-se cada vez

mais relevante associar a forma, o modo, a frequência, a intensidade e a

duração dessa mesma atividade (Bouchard et al., 1993). Ou seja, torna-se

pertinente distinguir a AF do EF. Enquanto a AF abrange qualquer tipo de

movimento que ocorre durante as atividades da vida diária, como as atividades

profissionais, de recreação e lazer, e inclusive o EF, este, é uma forma de

exercitação padronizada e sistematizada realizada com o propósito de

melhorar a ApF, quer pela melhoria da condição geral de saúde, quer da

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37

própria performance física (USDHHS, 1996). Ou seja, o EF trata-se de uma

subcategoria da AF, sendo este planeado, estruturado e sistemático, no qual os

movimentos são realizados com o intuito de manter ou melhorar as

componentes da ApF (resistência aeróbia, a força muscular, a flexibilidade, o

equilíbrio, a coordenação e a composição corporal) (Paterson e Stathokostas,

2002).

4- Alterações associadas ao envelhecimento e Benefícios da

AF/EF

O envelhecimento é um processo inerente a todos os seres vivos e

como tal também à condição humana. Este influi de forma significativa no perfil

normal do ser humano, trazendo alterações e consequências que iram mudá-lo

tanto ao nível físico, fisiológico, psicológico, social como cognitivo.

4.1 - Alterações Físicas e Fisiológicas

Entre as várias as alterações físicas e fisiológicas associadas ao

envelhecimento e/ou desuso, as alterações antropométricas, sobre o sistema

cardiovasculares e muscular esquelético com reflexos na resistência aeróbia,

força, equilíbrio, coordenação e flexibilidade, assumem-se de especial

relevância sendo aqueles mais frequentemente estudados na literatura.

4.1.1 - Alterações antropométricas

À medida que envelhecemos vão ocorrendo mudanças na estatura, no

peso e na composição corporal (Fiatarone, 1998; Matsudo e Netto, 2000).

Segundo Matsudo (1999), há uma diminuição progressiva e gradual de cerca

de 0,15mm na estatura que se inicia por volta dos 30 anos, estando, entre

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38

outros fatores, relacionado com uma compressão nos discos intervertebrais e

achatamento dos corpos vertebrais.

De acordo com a OMS (1999), o peso tende a diminuir a partir dos 65

anos nos homens e dos 75 anos nas mulheres.

No que diz respeito à composição corporal, ocorre uma perda de massa

muscular e um aumento da massa gorda (MG), de tal forma que por volta dos

70 anos de idade, os idosos possuem mais 25 a 40% de MG e menos de 30 a

40 % de massa muscular. Estas alterações induzem a uma perda de força,

resistência e potência muscular bem como a uma diminuição da capacidade

aeróbia (Leite et al, 2012).

Para além disso, de acordo com Okuma (2002), o aumento significativo

da quantidade de gordura está intimamente relacionado com o aumento de

doenças crónico-degenerativas como a diabetes mellitus tipo II, hipertensão,

dislipidemias, entre outras. Para além disso, a diminuição da massa magra e

aumento da gordura neste escalão etário induzem a declínios na taxa

metabólica de repouso de aproximadamente 10% por década (Foss e Keteyian,

2000).

Com o envelhecimento, existe não apenas um aumento da quantidade

total de gordura como a sua redistribuição ao nível da região central do corpo,

com acumulação de gordura visceral (Fiatarone, 1998; Matsudo e Netto, 2000).

Este acumular de gordura central, tem sido frequentemente associado a um

aumento da prevalência de muitas doenças crónicas degenerativas, como as

doenças cardiovasculares (Okuma, 2002).

Em suma, com o passar dos anos a estatura, o peso e a composição

corporal vão sofrendo alterações com consequências sobre a saúde e

funcionalidade dos idosos.

Por oposição à inatividade característica deste escalão etário que parece

ser favorecedora de um perfil de composição corporal desfavorável, o

incremento da exercitação, particularmente através da inclusão de programas

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de EF, é fundamental no controle do peso e da gordura corporal durante o

processo de envelhecimento, podendo também contribuir na prevenção e no

controle de algumas condições clínicas associadas a esses fatores, como

doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral,

artrite, apneia do sono, prejuízo da mobilidade e aumento da mortalidade

(Fiatarone,1998).

As adaptações decorrentes da prática de EF regular podem ter um papel

relevante na manutenção de níveis adequados de massa gorda, assim como

da massa livre de gordura, especialmente na massa óssea e muscular,

traduzindo-se este estado em melhor saúde e a funcionalidade dos idosos

(Matsudo et al, 2001).

4.1.2 Alterações na aptidão aeróbia

O sistema cardiovascular é afetado com o envelhecimento ao nível

estrutural e funcional, ocorrendo hipertrofia do miocárdio (entre 30 e 90 anos de

idade), diminuição da potência ventricular, da frequência cardíaca máxima e do

volume ejeção (por aumento da resistência vascular periférica) com redução do

volume sistólico e redução na capilarização muscular (Okuma, 2002).

Por outro lado, as artérias e vasos sanguíneos tornam-se mais rígidos e

perdem elasticidade, o que vai levar a um aumento significativo da pressão

arterial sanguínea durante o esforço e mesmo em repouso.

Segundo Matsudo (1999), com o processo de envelhecimento, há uma

redução do tónus vagal cardíaco, diminuição das repostas β-adrenérgicas,

levando a um menor cronotropismo (tempo entre contrações), e vasodilatação

arterial.

As alterações na estrutura e na função do sistema cardiovascular

resultam no decréscimo do consumo máximo de oxigénio (VO2max), que é o

melhor indicador da capacidade aeróbia. Estima-se que o VO2max diminui

aproximadamente 0.5% por ano a partir dos 25-30 anos sendo esta redução

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mais acentuada a partir dos 65 anos (Spirduso et al., 2005). A redução pode

ser de tal modo que a capacidade de realização das atividades instrumentais e

básicas do dia-a-dia podem ficar comprometidas (Spirduso et al., 2005).Uma

boa capacidade aeróbia é assim importante para uma vida independente. O

impacto das diferenças entre indivíduos com boa ou má condição física torna-

se mais evidente em idades avançadas, podendo o esforço relativo imposto por

tarefas como subir escadas, transportar pesos ou caminhar longas distâncias,

aproximar-se perigosamente da capacidade máxima de trabalho (Farinatti et al,

2008).

Segundo Blair e Jackson (2001), a capacidade aeróbia além de ser um

importante indicador de funcionalidade é também considerado como um fator

de risco cardiovascular independente, pelo que o seu declínio com a idade

pode contribuir para a morte prematura em adultos de meia-idade ou idosos.

Assim, torna-se essencial a manutenção da capacidade aeróbia como

promotora da manutenção da independência, saúde e QV dos idosos (Fleg et

al, 2005; Stathokostas et al., 2004).

Porém, grande parte deste declínio é devido à inatividade física e pode

ser atenuado com a adoção de um estilo de vida mais ativo (Foss e Keteyian,

2000).

Vários estudos sugerem que o declínio da capacidade de trabalho

associada à idade pode ser minimizado pela prática regular de AF/EF em

particular pelo treino regular de resistência aeróbia (Poulin et al, 1992; Pollook

et al, 1992).

Por exemplo, Pollook et al (1992) demonstraram no seu estudo que

indivíduos que se mantêm ativos apresentam menor declínio na capacidade

aeróbia e que, mesmo os sujeitos que se tornam ativos em idade madura,

conseguem apresentar melhor aptidão aeróbia de que os seus pares

sedentários. De igual modo, Vaitekevicius et al. (2002) na sua pesquisa

encontraram benefícios na capacidade aeróbia e na pressão sanguínea em

idosos que tinham começado a praticar EF após os 80 anos de idade.

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41

Spirduso et al (2005) afirmam que um sujeito idoso com 60 anos que

pratique EF regular pode evidenciar níveis mais elevados de VO2máx do que

muitos indivíduos sedentários de 20 anos. Idosos que se iniciem num programa

de treino aeróbio podem esperar melhorias no VO2máx entre os 10% e os

30%, dependendo da intensidade e duração do treino (ACSM, 1998).

Apesar do treino aeróbio ser aquele mais frequentemente recomendado

e estudado com vista a melhorar a aptidão cardiovascular, outros estudos

usando outros tipos de treinos têm igualmente encontrado resultados positivos.

No seu estudo, Toraman et al (2004) observaram um aumento significativo na

capacidade aeróbia (teste caminhar 6 minutos) no grupo de intervenção

comparativamente com o grupo de controlo, após 3 treinos semanais durante 9

semanas. Este protocolo de treino incluía exercícios aeróbios (caminhada),

exercícios de força e flexibilidade.

De igual modo, Worm et al. (2001) verificaram no seu estudo melhorias

significativas na capacidade aeróbia com aumento considerável do VO2máx de

idosos débeis, após 12 semanas de treino multicomponente.

Em suma, se por um lado o envelhecimento degrada os sistemas que

suportam a capacidade aeróbia, por outro lado, o exercício sistemático parece

compensar o declínio da capacidade aeróbia decorrente do processo de

envelhecimento e /ou desuso. Assim, o EF seja de natureza aeróbia ou

multicomponente, torna-se uma componente essencial ao estilo de vida do

idoso.

4.1.3 - Alterações na aptidão muscular

Com o envelhecimento observa-se uma redução da força, potência e

resistência muscular, traduzindo-se numa diminuição da aptidão muscular.

A aptidão muscular é um dos componentes mais importantes da aptidão

física para o idoso pois está relacionada com a capacidade deste desenvolver

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as suas atividades diárias de forma autónoma (Rikli e Jones, 2001; Spirduso,

2005).

O declínio da aptidão muscular com o envelhecimento está relacionado

com inúmeros fatores desde a atrofia muscular, alterações morfológicas e

metabólicas e alterações neurais (Rolland et al., 2009).

Um conjunto de fatores contribuem para a sarcopenia, entendida como a

diminuição da quantidade e qualidade muscular: (i) alterações na contratilidade

(tempo para alcançar pico máximo, semi-tempo de relaxamento, velocidade

máxima de encurtamento, torque máximo); (ii) alterações morfológicas, no que

diz respeito à área das fibras e número de fibras (porção dos tipos de fibras

constantes; perda seletiva de fibras rápidas; transformação das unidades

motoras rápidas em lentas); (iii) alterações neurais: redução da capacidade de

recrutamento neural; as alterações quantitativas e qualitativas de unidades

motoras: a reduzida capacidade de ativar completamente os grupos

musculares e os ciclos de desnervação/reinervação com consequências

morfológicas e funcionais evidentes; (iv) alterações bioquímicas com

diminuição da atividade de diferentes enzimas com o avançar dos anos; (v)

alterações da capilarização com diminuição da capilarização muscular com a

idade (Carvalho e Mota, 2002).

Este declínio gradual da capacidade de desempenho muscular é uma

das principais causas da perda de autonomia dos idosos. De acordo com

vários autores como Rantanen et al. (1994) e Giampaoli (1999), existe uma

forte associação entre a força muscular e o nível de mobilidade e de

independência. De facto, a reserva funcional de força pode tornar-se tão

reduzida nos idosos que, mesmo perdas à primeira vista sem importância,

podem representar a diferença entre uma vida independente ou não, sendo

deste modo atribuída à função muscular particular importância para a execução

de um grande número de atividades do dia-a-dia (Harris, 1997; Rantanen,

2003).

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43

Embora o declínio da aptidão muscular possa ser atribuído a múltiplos

fatores como a genética, a doença e a nutrição, a variável mais importante

relacionada com a perda muscular em idosos é a inatividade física e o desuso.

Assim, e porque a sarcopenia está, entre outros fatores, associada a

uma redução dos níveis de AF, levando à inatividade e posterior declínio da

aptidão muscular e aeróbia, o treino desta capacidade torna-se de especial

importância (Skelton e Beyer, 2003).

Diferentes estudos têm mostrado que o EF/AF é capaz de atenuar os

efeitos deletérios do envelhecimento sobre o sistema muscular-esquelético. Um

elevado nível de EF pode induzir, dependendo do seu tipo, aumentos da

massa, força, potência e resistência musculares, e consequentemente, a

aumentos da capacidade física e metabólica dos músculos, influenciando o

equilíbrio energético e o metabolismo dos hidratos de carbono e dos lípidos,

atuando sobre determinados parâmetros de saúde (Vuori, 2004).

Diferentes pesquisas mostram que através do aumento da exercitação, e

em particular do treino de força, é possível voltar a recuperar grande parte da

perda de força e massa muscular, tendo como consequência, o aumento da

mobilidade funcional (Evans, 1995; McCartney et al., 1996).

Apesar da especificidade do treino, o treino multicomponente parece ter

igualmente efeitos positivos sobre o sistema muscular-esquelético. Por

exemplo, Geraldes (2008), no seu estudo, utilizando o treino multicomponente

em idosas durante 12 semanas, duas vezes por semana, verificou que este

pode promover ganhos significativos para a força muscular dinâmica dos

membros inferiores (MI) e no desempenho funcional.

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44

4.1.4- Alterações na flexibilidade

Nahas (2003) classifica a flexibilidade como a característica que

determina a amplitude dos movimentos das articulações do corpo. Haywood e

Getchell (2010) definem a flexibilidade como a capacidade de mover as

articulações na total amplitude de movimento, sendo que esta amplitude

depende do conjunto formado pela estrutura óssea da articulação e da

resistência ao movimento oferecida por cápsula articular, músculos, tendões,

ligamentos e pele (tecidos moles).

Com o envelhecimento ocorre uma perda entre os 20 e os 30% da

flexibilidade (Carlson et al., 1999).

Segundo Heyward (1998), a redução da flexibilidade com a idade está

dependente, principalmente, de dois fatores: alterações da capacidade de

alongamento dos tecidos moles envolventes da articulação e a diminuição dos

níveis de AF. Assim, para além do envelhecimento, o desuso tem também aqui

um papel determinante sendo que a vida sedentária e o menor uso articular

estão na origem da perda dos índices de flexibilidade dos idosos (Holland et al.,

2002).

A flexibilidade torna-se importante, segundo Kruchelski e Rauchbach

(2005), pois indivíduos com maior amplitude de movimento movimentam-se de

maneira facilitada além de sofrerem menos com dores e lesões musculares e

articulares principalmente na região lombar. Pelo contrário, baixos níveis de

amplitude articular têm sido associados ao aparecimento de lesões,

particularmente na coluna vertebral, e à maior dificuldade de caminhar e de

realizar tarefas quotidianas de forma autónoma (WHO, 2003). Assim, um

aumento nos níveis de flexibilidade para esta população além de permitir uma

melhoria na autonomia, funcionalidade e qualidade de vida, pode evitar lesões

da coluna vertebral, incrementar o equilíbrio e tónus muscular ajudando a

prevenir quedas, uma das principais causas de incapacidade entre idosos

(Bouchard et al., 1993).

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45

Neste sentido, torna-se evidente que a flexibilidade deve ser treinada

visto que a ausência de solicitações regulares afeta negativamente as

articulações perdendo desta forma a amplitude necessária para as atividades

do dia-a-dia (Marques, 1996).

Mazo et al (2001) afirmam que a prática de alongamentos é capaz de

melhorar a amplitude dos movimentos, sendo a mobilidade articular muito

importante para o desenvolvimento das atividades da vida diária. Shephard

(2003) afirma que tanto programas de atividade física geral quanto exercícios

físicos específicos para flexibilidade induzem melhorias nos níveis desta

componente da ApF.

4.1.5 – Alterações no equilíbrio/agilidade/coordenação

A coordenação é a capacidade que o individuo tem de organizar e ativar

grupos musculares, com a quantidade de energia e a sequência muscular

adequada e adaptada à tarefa a realizar (Spirduso et al., 2005). À medida que

envelhecemos, a capacidade para receber, processar e transmitir mensagens

diminui, resultando num abrandamento do tempo de reação a essas

mensagens.

Assim, tal como todas as outras componentes da ApF, a coordenação

também sofre declínio com o avançar da idade. A partir dos 40-45 anos,

através da deterioração da representação motora, das alterações do sistema

neuromuscular, da diminuição da capacidade visual, do equilíbrio e do aumento

da rigidez articular a coordenação sofre alterações (Appel e Mota, 1992).

Esta capacidade é essencial para as tarefas do dia-a-dia, uma vez que

movimentos simples como apertar o botão de um casaco ou acender um fogão

estão dependentes desta componente.

Para além disso, esta perda de coordenação afeta a velocidade de

reação, a velocidade de movimento e a eficácia do mesmo. Todos estes fatores

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estão associados ao maior risco de queda e consequentes fraturas ósseas no

idoso (Rebelatto e Morelli, 2004).

Outra alteração associada ao envelhecimento é a perda do equilíbrio.

Sucintamente, o equilíbrio é a habilidade de manter o controlo do corpo sobre

uma base de apoio, de modo a evitar a queda. Melhorias ao nível da força

muscular e resistência aeróbia podem trazer benefícios ao equilíbrio, e por sua

vez as atividades específicas de equilíbrio podem trazer benefícios adicionais

(Cress et al., 2006).

Mann et al. (2008) explicam que para que o equilíbrio corporal ser

mantido é necessária a interação entre três sistemas, sendo eles o vestibular, o

somatossensorial e o visual. Simoceli et al. (2008) confirmam a ideia, revelando

que o equilíbrio é um processo complexo, pois depende dos comandos centrais

e respostas neuromusculares, da sensação vestibular e periférica, da

integração da visão, e vai ainda mais longe afirmando que fazem parte

importante deste conjunto a força muscular e o tempo de reação.

Por outro lado, a frequência e a amplitude da oscilação corporal são

maiores nos idosos comparativamente com indivíduos jovens. Para além disso,

a correção da estabilidade corporal, perante uma perturbação, torna-se

também mais lenta neste grupo etário (Spirduso et al, 2005). A perda do

equilíbrio no idoso está relacionado com alterações nos órgãos sensoriais, nos

mecanismos centrais e na integridade do sistema músculo-articular.

Por sua vez, a agilidade é definida como a capacidade que o individuo

tem de realizar movimentos rápidos com mudança de direção e sentido.

Possuir agilidade combinada (velocidade e coordenação) e equilíbrio

dinâmico (capacidade de manter estabilidade postural durante o movimento) é

essencial para a realização de todo o tipo de tarefas que requerem mobilidade

rápida, como são exemplo: desviar-se para evitar embater num objeto, entrar e

sair do autocarro, levantar-se rápido para atender telefone, entre outras.

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A perda de agilidade e equilíbrio é multifatorial até porque são

capacidades físicas que se relacionam intimamente com outras capacidades,

como é o caso da velocidade, da força, da flexibilidade e coordenação (Rikli e

Jones, 2001).

A agilidade e o equilíbrio dinâmico diminuem com envelhecimento,

porém, a partir da sexta década, esse decrescimento é mais acentuado.

Alguns autores consideram-nos dois parâmetros distintos, contudo, Rikli

e Jones (2001) entendem que os dois necessitam de ser trabalhados

conjuntamente no sentido de garantir o sucesso na performance das atividades

diárias.

Segundo Rikli e Jones (2001) o EF apresenta-se como um fator

importante na manutenção da agilidade/equilíbrio.

Desta forma, e como prevenção da perda de autonomia, para além do

treino da flexibilidade, da força e da resistência aeróbia, também, os exercícios

de agilidade/equilíbrio devem ser incluídos num programa de EF,

particularmente naqueles indivíduos considerados como possuindo elevado

risco de queda como o caso da maioria dos idosos institucionalizados

(Carvalho e Mota, 2002).

O ACSM recomenda por exemplo a inclusão de atividades que

gradualmente reduzam a base de apoio, bem como movimentos dinâmicos que

perturbem o centro de gravidade (Nelson et al, 2007).

Face ao anteriormente referido, é difícil de estabelecer uma hierarquia

em termos do trabalho das diferentes capacidades físicas, sendo pelo contrário

e no caso específico de idosos institucionalizados que apresentam inúmeras

debilidades em termos de aptidão física e saúde mental, importante direcionar

os programas de EF para a melhoria da aptidão física e funcional global, não

descurando também os aspetos psicológicos e sociais. Para além disso e

tendo por base a especificidade do treino bem como o objetivo primordial do EF

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neste escalão etário, os programas devem incluir exercícios que sejam focados

nas atividades básicas e instrumentais do dia-a-dia.

4.2 – Alterações psicossociais

Durante a velhice, os idosos experimentam várias mudanças no seu dia-

a-dia que os obrigam a desempenhar papeis, bem como a enfrentar novos

problemas provocando-lhes alterações psicológicas e sociais (Zimerman,

2000). Algumas das consequências sociais da deterioração do estado de

saúde e da funcionalidade, dos estados depressivos e da baixa de autoestima

dos idosos são o isolamento, a inatividade e a atitude regressiva perante a

sociedade (Llano,2004), ao que se associa o sentimento de depauperação e

passividade, com a diminuição da autoestima e autoeficácia dos idosos

(Teixeira, 2005).

Para Spirduso et al (2005), o bem-estar psicológico é fundamental para

a qualidade de vida do idoso porque mantém o desejo de ser produtivo,

independente e de desenvolver uma interação ativa com a sociedade. Deste

modo, as alterações psicológicas ligadas ao envelhecimento devem ser

combatidas com uma vida saudável, privilegiando atividades que levem os

idosos a sair do seu isolamento e a relacionarem-se com outras pessoas,

encontrando novos papéis na sociedade (Filho e Neto, 2006).

O EF quando praticado regularmente tem um lado social extremamente

positivo, podendo maximizar o contato social dos sujeitos praticantes levando-

os a maior convivência e ao sentimento de integração. Para além disso, o EF

permite ao idoso valorizar-se a si próprio, a ter sentimento de pertença a um

grupo, reduzindo assim muitos dos problemas psicológicos caracteristicos

deste estrato etário, como a ansiedade e depressão (Zajko, 1997; OMS, 1997).

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4.3 – Alterações da função cognitiva e demência

Adicionalmente, diversos estudos apontam que o envelhecimento pode

ser acompanhado pelo declínio das capacidades cognitivas, nomeadamente a

lentificação do processo cognitivo, redução da atenção, dificuldade na retenção

das informações aprendidas, diminuição da memória perspetiva e da memória

contextual (Moraes et al, 2009).

Dentro das complicações cognitivas, as dificuldades de memória são

tradicionalmente consideradas características intrínsecas do processo de

envelhecimento. Da mesma forma, alguns declínios em domínios cognitivos

específicos, como flexibilidade e rapidez no raciocínio, coordenação de tarefas

simultâneas e tempo de reação são evidentes com o avanço da idade

(Falkenstein e Sommer, 2006).

De um modo geral, no momento em que as dificuldades progridem e se

tornam graves o suficiente para prejudicar o desempenho quotidiano, o

funcionamento social e a qualidade de vida, elas deixam de ser aceitáveis e

passam a ser indicadores de possível demência (Cohen e Weller, 2005).

A demência pode ser definida como uma síndrome caracterizada pelo

declínio progressivo e global da memória, associado ao deficit de uma ou mais

funções cognitivas (linguagem, agnosia, apraxias, funções executivas), com

uma intensidade que interfira no desempenho social diário ou ocupacional do

individuo (Machado et al, 2006).

As síndromes demenciais podem ser divididas em duas categorias:

degenerativas e não degenerativas. As demências não degenerativas são

ocasionadas por acidentes vasculares, processos infeciosos, traumatismos,

deficiências nutricionais, tumores e outras patologias. Já as demências

degenerativas têm origem predominantemente cortical, como a doença de

Alzheimer (DA); ou subcortical, como a Doença de Huntington (DH). Esta

divisão entre demência cortical e subcortical é baseada na localização da lesão

da enfermidade (Gorzoni e Pires, 2006).

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O desenvolvimento dos sintomas decorrentes destas síndromes traz

diversas limitações importantes na vida diária do seu portador, no entanto não

são apenas dificuldades cognitivas que afetam estes indivíduos. Distúrbios

emocionais e de comportamento, incluindo alteração de humor (depressão,

euforia), delírios, alucinações, apatia, irritabilidade, desinibição, ansiedade,

agressividade verbal e física, entre outras (Caramelli e Barbosa, 2002).

A prevalência das demências aumenta entre os 65 e 75 anos. As taxas

variam de 1,5% aos 65 anos, 4,1% aos 70-74 anos, 18,7% aos 75-84 anos e

32-47,2% para aqueles acima dos 85 anos (Pittella, 2002).Assim, para além da

história familiar, a idade é um fator de risco importante para demência.

De acordo com os critérios da Classificação Internacional de Doença,

10ª edição (CID-10) e do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders,

IV edição (DSM-IV) APA (1994), a demência caracteriza-se por declínio intenso

da memória e de outras funções corticais superiores, como linguagem, praxia,

capacidade de reconhecer e identificar objetos, abstração, organização e

capacidade de realizar planos (Herrera et al, 2002; OMS, 1997)

Doença de Alzheimer, demência vascular, demência como a de Lewy e

demência frontotemporal são as quatro causas mais frequentes de demência

na prática clínica. Cada um desses quadros tem as suas próprias

características e relaciona- se com fatores biológicos, sociais e patológicos.

Contudo as apraxias estão presentes nas diversas formas de demência.

Estas prejudicam a execução de diversos atos motores e consequentemente

as atividades diárias, como tomar banho e vestir-se (Elble, 2007).

Além disso, a deambulação fica mais lenta, instável, com passos curtos

e arrastados, o que acaba por induzir outros riscos como as quedas. O deficit

de equilíbrio é percetível na fase inicial e contribui para a instabilidade da

marcha (Allan, 2005). Com a evolução da demência esta dificuldade acentua-

se e verifica-se no individuo uma posição de flexão dos joelhos, ausência da

elevação dos pés e falta de força para sustentar o corpo.

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51

Esta perda de independência e autonomia vai levar a uma consequente

perda da QV do idoso, este deixa de ser capaz de cuidar de si mesmo,

executar tarefas que lhe permitam a adaptação psicossocial e ser responsável

pelos seus atos (Abreu et al, 2005; Dourado et al, 2005). Assim o idoso com

demência torna-se dependente de terceiros, ficando por vezes acamado e/ou

dependente de cadeira de rodas.

Segundo Antunes (2001) a AF/EF regular pode levar à melhoria de

funções cognitivas nomeadamente: memória, atenção e raciocínio.

Dados epidemiológicos sugerem que pessoas moderadamente ativas

têm menor risco de ser acometidas por desordens físicas e mentais do que as

sedentárias. Autores como Cotman et al (2007) e Lee et al (2009) consideram

que a AF/EF é vantajosa para os processos de funcionamento do sistema

cognitivo, visto que, beneficia os processos de codificação, consolidação,

armazenamento, recuperação e memória de trabalho, que são processos

fundamentais da aprendizagem e memoria humanas.

Heyn et al. (2004) também encontraram um significativo aumento do

desempenho físico e cognitivo e alteração positiva no comportamento de

pessoas idosas com deficit cognitivo e demência após serem submetidas a um

programa de EF, confirmando assim que a prática de EF pode ser um

importante atenuador contra o declínio cognitivo e demência em indivíduos

idosos.

Van Boxtel et al. (1997) após submeterem 132 indivíduos com idade

entre os 24 e 76 anos a sessões de exercício submáximo em cicloergómetro

evidenciaram melhorias nos testes de velocidade de processamento cognitivo,

avaliados por uma extensa bateria neuropsicológica, incluindo testes de

inteligência, memória verbal e velocidade no processamento de informações.

Assim, os estudos atrás referenciados mostram que a participação em

programas de EF exerce benefícios na esfera física e psicológica e que

indivíduos fisicamente ativos provavelmente possuem um processamento

cognitivo mais rápido (Laurin et al, 2001).

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Embora sejam mais descritos na literatura os efeitos do treino nos

estágios iniciais de demência, uma vez que problemas de atenção, lentificação

ao nível psicomotor e perda de interesse do individuo se intensificam à medida

que a doença evolui tornando a prática de EF mais difícil (Van Uffelen, 2009),

existem alguns estudos que revelam efeitos positivos em pacientes com nível

moderado (Kwak, 2008) e grave (Rolland et al., 2007), o que indica que o EF

pode ser benéfico em todos os estágios de demência.

De um modo geral, apesar das perdas de memória frequentes que

podem levar a desistência do individuo do programa de EF, nos casos de

estados iniciais de demências a maioria dos indivíduos pode e deve participar

em programas de EF (Teri, 2003; Stevens, 2006). Nos casos de idosos com

níveis de demência leve, os programas devem ter uma duração de pelo menos

12 semanas, com uma frequência de 2 a 3 vezes por semana, durante 45-60

minutos por sessão (Santana-Sosa, 2008).

Embora não esteja claramente definido qual o tipo de EF mais benéfico

para a melhoria da função cognitiva, tudo sugere que as atividades aeróbias

parecem ser mais favorecedoras. Mesmo uma atividade de intensidade baixa

como por exemplo 30 minutos de caminhada, três vezes por semana revela-se

positiva e poderá evitar ou reduzir o risco de declínio cognitivo e de demência

(Alzheimer’s Australia, 2008).

Nos estudos por nós consultados, as intervenções duraram na maior

parte dos casos entre 3 a 6 meses, sendo mais escassos os estudos com

durações superiores. Ou seja, a questão que se levanta é se a partir dos 6

meses os efeitos sobre a cognição continuam a ser benéficos e se perduram

ou eventualmente se acentuam ao longo do tempo (Santana-Sosa et al, 2008;

Kemon et al, 2010)

Para além do fator intensidade, duração e volume de treino, é

particularmente importante nos idosos com demência, o fator motivação que

garanta a continuidade da prática. Para tal e no sentido de ultrapassar o

problema da adesão e motivação para prática de EF, é importante criar

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programas caracterizados pela consistência, paciência e prazer em realizar as

sessões de exercício (Matsudo et al, 2000), englobando atividades simples. A

maioria dos estudos sobre os efeitos do EF na função cognitiva e demência

utiliza como protocolo de treino, o treino de resistência aeróbia e/ou o treino de

força, sendo ainda escassos os protocolos que evocam o treino

multicomponente como sendo o mais eficaz para este tipo de população.

Contudo, e atendendo ao grau de incapacidade dos idosos, à motivação para a

prática, alguns estudos mais recentes recomendam o combinar do trabalho

aeróbio, de força muscular, flexibilidade e equilíbrio (ACSM, 2006; Carvalho et

al., 2009; Nelson et al., 2007; Salem et al., 2009).

5 - Treino Multicomponente – Efeitos ao nível físico e cognitivo

O treino multicomponente é a combinação de três ou mais componentes

de treino envolvendo exercícios de força, aeróbios, equilíbrio e de flexibilidade.

Este tipo de prática é cada vez mais aconselhado por diversos investigadores e

organizações (ACSM, 2009b; Carvalho et al, 2009; Cress et al., 2006; Nelson

et al, 2007).

Os programas de treino multicomponente têm demostrado diversos

benefícios nos diferentes parâmetros funcionais. Por exemplo, Carvalho et al

(2009) investigaram o efeito de oito meses de treino multicomponente sobre a

ApF de 57 mulheres aleatoriamente distribuídas por um grupo de exercício (n=

32; 68,4 ± 2,93 anos) e outro de controlo (n= 25; 69,6 ± 4,20 anos). Neste

estudo embora não tenham sido observadas alterações significativas no índice

de massa corporal e resistência cardiovascular como resultado do treino

multicomponente, foram encontrados resultados significativos (p <0,05) na

força dos membros superiores (27,3%) e inferiores (17,4%), na flexibilidade

superior (14,5%) e inferior (17,4%) e agilidade e equilíbrio dinâmico (11%).

Faria e Marinho (2004) num programa de EF multicomponente

desenvolvido em idosos entre os 65 e os 81 anos de idade, residentes num lar

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de terceira idade, com o objetivo de promover a atividade motora quotidiana e o

seu bem-estar geral, verificaram uma melhoria de comportamentos motores

relacionados com as componentes físicas de força, flexibilidade, equilíbrio e

coordenação.

Também, Worm et al. (2001) procuraram determinar no seu estudo quais

os efeitos de um programa de treino multicomponente em funções básicas

diárias e força muscular em 48 idosos institucionalizados (acima de 74 anos de

idade e com dificuldades de mobilidade). O protocolo de treino teve a duração

de 12 semanas no grupo de intervenção (n=22) com sessões bissemanais.

Este grupo apresentou ganhos significativos em relação à força muscular,

equilíbrio e capacidade funcional comparativamente ao grupo de controlo. Este

estudo é mais um bom exemplo de como o exercício multicomponente parece

ter efeitos positivos significativos sobre as atividades de vida diária em idosos

frágeis promovendo a sua independência funcional por mais tempo.

Não apenas em termos de funcionalidade e melhoria de capacidades

físicas importantes para a realização das tarefas do dia-a-dia com autonomia,

também ao nível cognitivo, estudos recentes, realizados em idosos com deficits

cognitivos, usando o treino multicomponente como base, revelam resultados

interessantes que nos permitem deduzir que este pode ter efeitos positivos

sobre idosos que apresentam demências. Por exemplo, Tanaka et al (2009)

verificaram que 6 meses de um programa multicomponente de exercício físico

podem beneficiar diferentes funções executivas de elevada relevância na

independência, autonomia e QV em idosos com doença de Parkinson.

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6 - Justificação do tema, Objetivos e Hipóteses

6.1 – Justificação do Tema

Ao longo das últimas décadas tem sido observado uma preocupação

crescente com os deficits cognitivos e demências da população idosa.

Segundo a OMS (2011) o número de pessoas com demências deve

dobrar até 2030 e o custo total dos tratamentos destes pacientes será de 604

milhões de dólares por ano. Segundo a mesma organização, somente 8 países

no mundo possuem programas eficazes de cuidados dirigidos especificamente

a este tipo de população.

Sendo a demência, atualmente considerada um problema de saúde

pública, tornam-se pertinentes novos estudos na área para que se consigam

atenuar os efeitos deletérios desta patologia sobre a QV e independência dos

indivíduos. A demência é uma patologia que para além das consequências

evidentes sobre a cognição, afeta a capacidade funcional, autonomia e QV do

sujeito.

Diferentes estudos têm mostrado o potencial efeito positivo do EF,

nomeadamente do treino aeróbio e/ou de reforço muscular sobre a

funcionalidade, função cognitiva e QV desta população. Todavia, para além de

escassos, os estudos que investiguem a influência do EF, em particular

daquele que parece apresentar uma maior adesão por parte dos idosos, ou

seja, do treino multicomponente, existem ainda muitas dúvidas e incertezas na

medida em que não existem informações objetivas e claras sobre o tipo de

treino, intensidade e duração do mesmo.

Neste sentido, a pergunta de partida é: Será que um programa de EF

multicomponente com a duração de 12 semanas é capaz de revelar efeitos

positivos sobre o declínio físico e cognitivo dos idosos institucionalizados com

demência?

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7 – Objetivos

7.1-Objetivo Geral

Investigar os efeitos de um programa multicomponente de EF na aptidão

física e função cognitiva de idosos institucionalizados com demência.

7.2- Objetivos Específicos

- Avaliar o efeito de um programa de EF multicomponente na força

muscular, resistência aeróbia, flexibilidade, agilidade e equilíbrio dinâmico de

idosos institucionalizados com demência leve.

- Avaliar o efeito de um programa de EF multicomponente no estado

cognitivo de idosos institucionalizados com demência leve.

8 – Hipóteses

De acordo com o problema apresentado e com os objetivos pretendidos

procurar-se-á verificar as seguintes hipóteses:

H1 Um programa de EF multicomponente influencia positivamente a

aptidão física dos idosos institucionalizados com demência leve.

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H2 Um programa de EF multicomponente influencia positivamente o

estado cognitivo dos idosos institucionalizados com demência leve.

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III – Metodologia

1 - Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo clínico, prospetivo, não padronizado, no qual as

variáveis estabelecidas foram comparadas antes e após o período de 12

semanas entre o grupo sujeito a intervenção (GI – Grupo Intervenção) e o

grupo comparativo (GC – Grupo Controlo).

A prática de EF realizada pelo GI diz respeito à variável independente.

As variáveis dependentes foram a força e resistência muscular dos membros

inferiores, a resistência aeróbia, a mobilidade física (velocidade, agilidade e

equilíbrio) avaliados nos testes físicos e o nível cognitivo avaliado no “Mini

mental state examination”.

1.1 - Seleção e Caracterização da Amostra

A amostra deste estudo foi selecionada duma população de 180 idosos

a residir no lar de Idosos do Hospital de Pézenas (Languedoc-Roussillon –

França).

Participaram neste estudo 34 idosos, com idade igual ou superior a 65

anos dos quais 23 mulheres com idades compreendidas entre os 65 e 86 anos

e 11 homens com idades compreendidas entre os 70 e 86 anos.

Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: 1) idade igual ou

superior a 65 anos; 2) serem institucionalizados mas apresentarem um nível de

autonomia que permita a realização das tarefas da vida diária; 3) terem um

comprometimento de demência de nível leve; 4) não possuirem fatores

limitantes para a prática de EF.

Como critérios de exclusão foram considerados: 1) problemas de visão

e auditivos severos; 2) incapacidade de ficar de pé sem suporte; 3)

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incapacidade em compreender instruções verbais; 3) não comparecimento em

algum dos momentos de avaliação, 4) no caso do grupo experimental,

ausência superior a 20% do total das sessões de EF.

Durante o processo de selecção, os indivíduos foram separados por

conveniência em dois grupos: grupo de intervenção (GI) com 20 indivíduos que

responderam estar com motivação alta para a prática de EF; um grupo de

controlo (GC) com 14 individuos que manifestaram estar com motivação baixa

para a prática de EF, mas que concordaram em participar no estudo.

O GI participou num programa de 12 semanas de EF multicomponente,

com uma frequência de 2 vezes por semana e duração de aproximadamente 1

hora por sessão. O GC manteve-se na rotina da instituição, sem participar, de

qualquer forma, em EF dirigido e estruturado.

O grupo intervenção foi sujeito a um programa de treino

multicomponente supervisionado, 2 vezes por semana. As sessões de

aproximadamente 50 minutos foram constituídas por: a) um período de

aquecimento de cerca de 10 minutos onde se incluí o caminhar, exercícios

calisténicos, exercícios de mobilização articular/flexibilidade; b) um período de

atividades aeróbias, durante 10 a 15 minutos sem pausas, que envolvam

movimento contínuo de intensidade moderada e a participação de grandes

grupos musculares; c) um período de aproximadamente 10 minutos de trabalho

muscular localizado de intensidade moderada com objetivo de aumentar a

resistência muscular, sendo realizadas 2 séries de 15 repetições por grupo

muscular; d) um período de exercícios de coordenação/equilíbrio através de

exercícios direcionados para a velocidade de reação, equilíbrio estático e

dinâmico; e) no final um período de relaxamento/alongamento englobando

exercícios respiratórios e de flexibilidade, sendo usados exercícios estáticos

mantendo a posição durante 10 a 20 segundos.

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1.2 -Procedimentos de Recolha da Informação

Foi realizada junto da instituição uma sessão de esclarecimento onde

informámos os participantes acerca dos objetivos do estudo, manutenção da

sua confidencialidade e anonimato. Todos os sujeitos pertencentes à amostra

deram o seu consentimento na participação (Anexo 1). Além disso, foi

esclarecido que os participantes poderiam abandonar a pesquisa por qualquer

motivo caso o desejassem.

O procedimento da recolha de dados realizou-se com a deslocação do

pesquisador ao respetivo estabelecimento.

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2 – Estratégias Metodológicas

2.1 - Instrumentos de avaliação utilizados

2.1.1 -Questionário Identificação Sócio Demográfico

Este questionário foi elaborado com o intuito de recolha de informação

para melhor caracterizar a amostra.

O questionário foi constituído por 3 grupos distintos de questões. O

primeiro grupo de questões relativo as informações pessoais, o segundo grupo

de questões permite estabelecer um historial de doenças, identificando as mais

prevalentes, o terceiro grupo é relativo à mobilidade e o quarto e ultimo grupo

de questões avalia o histórico e desportivo do idoso bem como a motivação do

mesmo para a prática de atividade física (Anexo 2).

2.1.2 – Avaliação Antropométrica

Para determinação da massa corporal e estatura foi utilizada a balança

digital portátil marca SECA® com estadiómetro acoplado. O peso foi avaliado

com roupa leve e sem calçado, e a foi medida entre o vértex e o plano de

referência do solo.

O IMC, expresso em kg/m2 foi calculado através da fórmula standard

[peso (kg) dividido pela altura2 (m)]. Foram utilizados os valores de referência

da Organização Mundial de Saúde (OMS) (OMS, 2001) para o IMC (peso

normal entre 18,50 e 24,99 kg/m2; pré obeso entre 25 e 29,99 kg/m2; Obeso

classe I entre 30 e 34,99 kg/m2; Obeso classe II entre 35 e 39,99 kg/m2).

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2.1.3- Avaliação da Aptidão Física e Funcional

Para avaliação da aptidão física e funcional dos idosos foi aplicado a

bateria de testes «Senior Fitness Test» de Rikli e Jones (1999a), que foi

validada para a população francesa pelo Ministério da Saúde e do Desporto em

colaboração com a Escola de Saúde Publica de Nancy (Anexo 3).

Optou-se por utilizar três dos seis parâmetros da bateria de testes

“Funcional Fitness Test” (FFT) pois entendemos serem os três parâmetros

fundamentais para um bom nível de execução das tarefas de vida diária e

bastante condicionadas nos idosos institucionalizados com demência.

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64

Quadro 1 – Descrição dos três parâmetros a avaliar da bateria “Funcional Fitness Test”

(adaptado de Rikli & Jones, 1998)

Esta bateria permite avaliar os principais parâmetros físicos associados

à mobilidade funcional (força dos membros superiores e inferiores, resistência

aeróbia, flexibilidade superior e inferior, agilidade e equilíbrio dinâmico) de

idosos desde os 60 até aos 90 anos de idade tendo o cuidado de abranger uma

larga diversidade de idosos, desde os que se encontram no limiar da fragilidade

até aos que apresentam uma boa condição física. A base teórica está bem

descrita, o processo de aplicação é pormenorizado e de simples execução e a

sua validade e reprodutibilidade estão suficientemente documentadas (Rikli e

Jones, 1999a).

Antes do início dos testes todos os indivíduos fizeram exercícios de

aquecimento durante 10 minutos. Os testes de mobilidade física e de força

muscular foram realizados no mesmo período do dia (parte da tarde) e numa

Parâmetros a Avaliar Testes Critérios de Avaliação

Força e resistência dos

membros inferiores

Levantar e sentar

na cadeira

Nº de execuções em 30

segundos sem utilizar os

braços

Resistência aeróbia 6 Minutos a andar

Nº total de metros percorridos

nos 6 minutos

Mobilidade Física

(velocidade, agilidade, e

equilíbrio dinâmico)

Sentado, caminhar

2,44 metros e

voltar a sentar

Tempo necessário para

levantar de uma cadeira,

caminhar 2,44 metros e

retornar à cadeira.

Page 65: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

65

só sessão com um intervalo de recuperação de aproximadamente 2 minutos,

efetuando-se o teste de andar 6 minutos na sessão seguinte, de acordo com a

orientação das autoras (Rikli e Jones, 1999). Para familiarização com os testes

os sujeitos da amostra tiveram um período de explicação e experimentação.

Assim, após uma demonstração realizada pelo avaliador, um ou dois ensaios

foram efetuados pelo participante visando uma correta execução, tendo sido

escolhido o melhor resultado. A descrição detalhada dos testes por nós

utilizados da bateria FFT pode ser conferida no anexo 3.

2.1.4 – Avaliação do estado cognitivo/mental

Para avaliar o estado cognitivo dos idosos foi utilizado o “Mini Mental

State Examination” (MMSE, Folstein et al,1975) traduzido para francês em Mini

Mental Score (MMS) e validado para a população francesa em 1998 por

GRECO (grupo de pesquisa das avaliações cognitivas) (Anexo 4).

O MMSE é um instrumento de avaliação global breve do estado

mental, elaborado em 1975 por Folstein, inicialmente com o objetivo de facilitar

o diagnóstico diferencial de doentes psiquiátricos hospitalizados (transtornos

funcionais vs. orgânicos). É atualmente muito frequentemente usado para

triagem de demência e avaliação da função cognitiva em estudos

epidemiológicos e em ensaios clínicos na área da demência.

É provavelmente o teste mais utilizado mundialmente, para avaliar a

função cognitiva por ser rápido (em torno de 10 minutos), de fácil aplicação,

não requerendo material específico. Fornece informações sobre diferentes

parâmetros cognitivos, contendo questões agrupadas em sete categorias, cada

uma delas definida com o objetivo de avaliar "funções" cognitivas específicas.

O score do MMSE pode variar de um mínimo de 0 pontos, o qual indica

o maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até um total

máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde a melhor capacidade

cognitiva. Pode ser usado como teste de rastreio para perda cognitiva.

Page 66: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

66

Foi denominado “mini” porque concentra apenas os aspetos cognitivos

da função mental e exclui humor e funções mentais anormais que são

cobertas, por exemplo, pela Escala de Demência de Blessed. Pode ser

aplicado por clínico, profissionais de outras áreas. Todas as questões são

realizadas pela ordem que estão colocadas no papel e podem receber

pontuação imediata somando os pontos atribuídos a cada tarefa completada

com sucesso. O score máximo é 30 pontos.

3 – Procedimentos Estatisticos

Para a análise de dados estatísticos, foi utilizado o programa SPSS,

versão 20. O nível de significância utilizado em toda a análise foi de α=0,05.

Através deste foi possível efectuar a estatística descritiva dos dados e a

estatística inferencial, por forma a dar resposta às hipóteses formuladas no

presente trabalho.

A primeira etapa da exploração dos dados consiste no estudo

explotatório e descritivo das variáveis dependentes da investigação e da

análise da normalidade e da homogeneidade da amostra. Para cada um dos

grupos (Grupo Intervenção (GI) e Grupo Controlo (GC)) realizou-se a análise

descritiva de todas as variáveis, expressas através da média ± desvio padrão,

sendo os valores de mudança absoluta (pós- teste – pré-teste) e a % de

alteração calculada através da fórmula [ (pós-teste – pré-teste)/ pré-teste] x

100.

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67

Para confirmar as semelhanças entre os grupos recorremos ao teste de

independência do Qui-Quadrado para verificar que pertencer a um grupo ou a

outro não é independente do sexo, habilitações literárias, estado civil e as

variáveis que avaliam o estado de saúde.

Nos casos em que foi assumida uma distribuição normal, a igualdade

das médias das amostras emparelhadas foi inferida para cada um dos grupos

através do teste t (pré vs pós intervenção). De igual modo, para comparação

dos grupos no que se refere à percentagem de alteração após treino

recorremos ao teste t para amostras independentes.

Por forma a verificar a existência de diferenças estatísticamente

significativas entre os elementos do Grupo de Intervenção e os elementos do

Grupo de Controlo em ambos os momentos de avaliação, uma vez que não foi

verificada a normalidade e visto estarmos perante uma pequena amostra

(n=34), recorreu-se ao teste de Mann Whitney (alternativo ao teste t para

amostras independentes).

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68

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69

IV – Apresentação dos Resultdos

1 – Amostra

Com o objetivo de averiguar se o fato de se pertencer a um grupo ou

outro é independente do sexo, estado civil, habilitações literárias e as variáveis

indicativas do estado de saúde, procedeu-se ao teste de independência do qui-

quadrado.

Relativamente ao sexo, constatamos que existe uma prevalência do sexo

feminino em ambos os grupos, 70% no GI e 64,3% no GC, tal como se pode

observar na Quadro 2.

Quadro 2- Distribuição da amostra em função do sexo

GI GC

Sexo N % N %

Masculino 6 30% 5 35,7%

Feminino 14 70% 9 64,3%

Total 20 100% 14 100%

De acordo com o teste de independência do qui-quadrado, estas

diferenças não têm um significado estatístico. Com efeito, para um nível de

significância de 0,05 e 1 grau de liberdade, o teste do qui-quadrado produziu

um valor de 0,123 e um valor p de 0,726. Como o valor p é superior ao nível de

significância, aceita-se a hipótese nula do teste, isto é, que as variáveis

"Grupo" e "Sexo" são independentes.

A Quadro 3 apresenta uma síntese dos dados recolhidos sobre o estado

civil dos elementos dos dois grupos GI e GC.

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Quadro 3 - Distribuição da amostra em função do e estado civil

GI GC

Estado

Civil N % N %

Casado 6 30,0% 0 0,0%

Solteiro 5 25,0% 3 21,4%

Viúvo 8 40,0% 10 71,4%

Divorciado 1 5,0% 1 7,1%

Total 20 100,0% 14 100,0%

Observando os dados recolhidos na Quadro 3, podemos concluir que o estado

civil dominante, em ambos os grupos, é o de "Viúvo", com percentagens de

40% e de 71,4% em GI e GC, respetivamente. Podemos observar de forma

mais imediata estas conclusões através do Gráfico 1.

Gráfico 1 - Comparação entre a distribuição do estado civil pelos grupos

0 2 4 6 8 10

Casado

Solteiro

Viúvo

Divorciado

Estado Civil

GC

GI

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A aplicação do teste do qui-quadrado, com um nível de significância de

0,05 e 3 graus de liberdade, produziu um valor de 5,845 e um valor p de 0,119.

Como o valor p é superior ao nível de significância, aceita-se a hipótese nula

do teste, isto é, que as variáveis "Grupo" e "Estado Civil" são independentes.

Quanto às habilitações académicas, os dados recolhidos foram

organizados na Quadro 4, que se apresenta em seguida.

Quadro 4 - Distribuição da amostra em função das habilitações académicas

GI

GC

Habilitações

(X2=8,192; p=0,619) N % N %

Não responde 0 0,0% 0 0,0%

Sem diploma 5 25,0% 3 21,4%

Primária 5 25,0% 5 35,7%

Profissional 8 40,0% 6 42,9%

Secundário

Completo 2 10,0% 0 0,0%

Antiga licenciatura 0 0,0% 0 0,0%

> Licenciatura 0 0,0% 0 0,0%

Total 20 100,0% 14 100,0%

Através da análise do referido quadro e tendo por base o Gráfico 2,

podemos constatar que, em ambos os grupos, o ensino profissional prevalece

como a mais elevada habilitação académica dos indivíduos. Apesar de

existirem diferenças percentuais entre os grupos estas não são

estatisticamente significativas, logo podemos concluir que os grupos são

comparáveis.

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72

Em suma, podemos concluir que quanto ao sexo, habilitações literárias e

estado civil, os dois grupos são comparáveis, isto é, quaisquer diferenças que

surjam não poderão ser imputadas às diferenças nestas variáveis.

Gráfico 2 - Comparação entre a distribuição das habilitações académicas pelos grupos

No Quadro 5, podemos constatar que é na classe de patologias do foro

Osteoarticular que se verificam maiores desníveis de valores percentuais. O

Grupo de Controlo recolhe o dobro da percentagem dos elementos do Grupo

de Intervenção (33,3 versus 16,7).

Apesar dos desníveis percentuais não existem diferenças significativas

entre os grupos p> 0,05.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Habilitações Académicas

GI

GC

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Quadro 5: Distribuição da amostra em função da patologia

Grupo intervenção

Grupo Controlo

Patologia (Foro…) nº % nº %

Não responde

0 0,0 0 0,0

Cardíaco e circulatório

(X2= 0,596; p=0,44)

4 20,0 4 28,6

Oftalmológico

(X2= 0,311; p=0,577)

4 20,0 2 14,3

Osteoarticulares

(X2= 2,25; p=0,133)

3 16,7 5 33,3

Respiratório

(X2= 0,054; p=0,816)

3 16,7 2 19,0

Mentais

(X2= 1,489; p=0,298)

2 6,7 0 0,0

Outros

(X2= 1,085; p=0,298)

3 13,2 1 4,8

Nenhuma

(X2= 1,489; p=0,223)

1 6,7 0 0,0

Total 20 100,0 14 100,0

O Quadro 6 permite verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos no que diz repeito às variáveis idade, peso, altura e

IMC. Para tal análise, usou-se o teste de Mann-Whitney.

Page 74: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

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Quadro 6 - Análise comparativa da idade, peso, altura e IMC do Grupo de intervenção e do Grupo

de Controlo

Grupo

Intervenção

(n = 20)

Grupo

Controlo

(n = 14)

Variáveis M±Dp

M/Dp U P

Idade (anos) 75,7±4,6

78,8±5,8 81,500 0,039*

Peso (Kg) 66,8±12,3

67,2±11,5 128,000 0,592

Altura (m) 1,60±0,1

1,60±0,1 124,500 0,691

IMC (kg/m2) 25,5±3,8

25,1±3,8 134,000 0,849

Da observação do referido quadro, podemos observar que existem

diferenças estatisticamente significativas, na variável idade, sendo que em termos

médios os elementos do Grupo de Controlo apresentam uma média superior aos

do Grupo de Intervenção (78,8 vs 75,7 anos). Como o valor de p é de 0,039 logo a

variável idade deve ser tida em conta. Em relação aos outros parâmetros, não se

evidenciam resultados estatisticamente significativos pois p> 0,05.

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75

2 - Aptidão Fisica e Funcional

Utilizou-se o teste não paramétrico de Mann Whitney para averiguar a

existência de diferenças estatisticamente significativas entre o GI e GC nos

momentos inicial e final (Quadro 7)

Quadro 7: Análise descritiva e comparativa da aptidão física e funcional do grupo de intervenção e

do grupo de controlo nos dois momentos avaliados

Antes da Intervenção Após a Intervenção

GI (n=20)

GC (n=14)

Mann-Whitney

U

Sig P

GI (n=20)

GC (n=14)

Mann-

Whitney U

Sig P

Levantar e sentar (repetiçõ

es)

Média 7,20 5,14

84,00 0,049

9,70 5,21

54,500

0,002 Desvio Padrão

3,068 2,983 4,281 3,215

Mínimo 0 0 2 0

Máximo 12 10 18 10

Caminhar 6 min (m)

Média 425,25 337,86

74,000 0,020

470,75 329,29

43,000

0,000 Desvio Padrão

69,462 103,26

8 96,686 97,050

Mínimo 310 200 300 200

Máximo 520 510 660 500

Agilidade/ Equilíbrio

(seg)

Média 9,25 12,93

62,500 0,006

8,45 13,50

40,000

0,000 Desvio Padrão

3,110 4,028 2,842 3,893

Mínimo 7 7 5 7

Máximo 17 19 15 22

p≤0,05

Podemos verificar da análise do Quadro 7 que o valor de p é significativo

antes de iniciar a intervenção em todos os itens: Levantar e sentar (p=0,049),

teste caminhar 6 minutos (p=0,002) e no teste agilidade e equilíbrio (p=0,006).

Ou seja, os grupos apresentaram diferenças iniciais entre si em todos os itens

estudados.

Verificamos também no momento pós intervenção que as diferenças entre

grupos se mantiveram estatisticamente diferentes (levantar sentar (p= 0,002);

caminhar 6 minutos (p=0,000); agilidade/equilíbrio (p= 0,000).

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76

Neste sentido e atendendo às diferenças iniciais, analizamos as

percentagens de alteração de ambos os grupos entre o momento final e o inicial

(Quadro 8).

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Quadro 8: Análise descritiva e comparativa dos itens da aptidão física e funcional antes e após a intervenção nos dois

grupos avaliados

p≤0,05

Grupo Intervenção (n=20) Grupo Controlo (n=14)

Pré-treino

M±DP

Pós-treino

M±DP

Mudança

M S1

2 P

%

Alteração

1ªavaliação

M±DP

2ªavaliação

M±DP

Mudança

M S2

2 P

%

Alteração Teste t

Teste t

PGIvsGC

Levantar e sentar

7,20 ± 3,068

9,70 ± 4,281

2,5 4,01 0,000 34,72% 5,14 ± 2,983

5,21 ± 3,215

0,07 1,148 0,807 1,34% 4,21 0,001

Caminhar 6 minutos

425,25 ± 69,462

470,75 ± 96,686

45,5 2873,42

0,001 9,7% 337,86 ± 103,26

329,29 ± 97,050

-8,57 1086,26

0,348 -2,6% 3,64 0,0028

Agilidade e equilíbrio

9,25 ± 3,110

8,45 ± 2,842

-0,8 0,98 0,002 -9,5% 12,93 ± 4,028

13,50 ± 3,893

0,57 2,03 0,158 4,2% -3,11 0,008

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Da análise do Quadro 8, podemos verificar que os idosos do GI

apresentaram melhorias estatisticamente significativas de performance física em

todos os testes no segundo momento de avaliação comparativamente ao primero

momento. Pelo contrário o GC apresentou ligeiros decréscimos na sua

performance não sendo estas estatisticamente significativas.

Como podemos verificar o GI melhorou os seus scores no teste levantar e

sentar, conseguindo em média realizar o pretendido 2,5 vezes mais que em relação

ao pré-treino, ou seja, melhoram 34,7 % a sua performance, sendo este valor

significativo (p=0,000).Para o mesmo teste, o GC piorou os seus scores da

1ªavaliação para a 2ª avaliação, conseguindo em média realizar o pretendido

menos 0,07 vezes, contudo este declínio não foi estatisticamente significativo

(p=0,807).

Em relação ao teste caminhar 6 minutos, o GI melhorou também os seus

níveis, tendo conseguido caminhar em média mais 45,5 metros em relação ao

primeiro momento de avaliação, ou seja melhoraram 9,7% a sua performance,

estes valores verificaram-se estatisticamente signigicativos (p=0,001).O GC neste

mesmo teste não conseguiu melhorar os seus scores tendo percorrido menos

metros no mesmo tempo (8,57 metros), no entanto estes resultados não se

verificaram estatisticamente significativos (p=0,348).

Relativamente ao teste Agilidade/equilibrio dinamico, o GI melhorou

significativamente (p=0,002) a sua prestação, tendo realizado o teste em menor

tempo comparativamente ao pré-treino. O GC, contrariamente ao GI, piorou o seu

tempo (na 2ª avaliação), necessitando de mais tempo para realizar o mesmo

percurso (0,57 segundos). No entanto, e como já se verificou nos testes anteriores,

este valor também não foi estatisticamente significativo (p=0,158).

Por último e atendendo às diferenças iniciais entre os grupos, decidimos

verificar se a diferença na variação entre o primeiro momento de avaliação e o

segundo momento entre os grupos era significativa. Para isso, recorremos ao teste

t para variáveis independentes e verificamos que para o teste levantar e sentar, as

diferenças são de facto significativas, pois 4,01> 2,160 (p=0,001) (2,160

corresponde ao valor t critico consultado na tabela da distribuição t) logo rejeitamos

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a hipótese nula, ou seja, as diferenças entre GI e GC são significativas

(considerando um nível de confiança de 95% e 13 graus de liberdade).

Relativamente aos valores obtidos no teste caminhar 6 minutos, e após

cálculo do teste t (variáveis independentes), concluímos, tal como no teste anterior,

que as diferenças encontradas são significativas, 3,64> 2,160 e p=0,0028, logo

rejeitamos a hipótese nula, assim sendo existem de facto diferenças significativas

entre os grupos (p <0,05).

Por fim, relativamente ao teste agilidade e equilíbrio, após análise do quadro

8, verificamos que 3,11> 2,160, logo rejeitamos a hipótese nula, e como p=0,008

podemos afirmar que existem diferenças significativas entre o GI e o GC.

3 – Estado cognitivo/Mental

O Quadro 9 apresenta a análise conjunta dos valores médios obtidos

nos itens do MMS em ambos os grupos de estudo e em ambos os momentos

de avaliação.

Quadro 9: Análise descritiva e comparativa dos valores médios dos valores médios dos itens

do MMS (Mini Mental State)

Antes da Intervenção Após a Intervenção

GI

(n=20)

GC

(n=14)

Mann-

Whitney

U

Sig

P

GI

(n=20)

GC

(n=14)

Man

n-

Whit

ney

U

Sig

P

MMS

(Mini

Mental

State)

Média 22,20 22,86

112,000 0,319

22,80 22,64

139,

000 0,972

Desvio

Padrão 1,824 1,956 1,881 2,678

Mínimo 20 20 20 18

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Máximo 25 25 26 26

P ≤ 0,05

Analisando o respetivo quadro verificamos que não encontramos

diferenças significativas nos scores do teste MMS entre os grupos, nem no

momento inicial (p=0,319), nem no momento final (p=0,972).

Page 81: Efeito de um programa de exercício físico multicomponente … · Efeito de um programa de exercício físico multicomponente sobre a condição física e mental de idosos institucionalizados

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V – Discussão

1 - Aptidão Física e Funcional

O envelhecimento caracteriza-se por um processo natural, levando

progressivamente à perda das capacidades funcionais e motoras que levam a

uma diminuição dos níveis de força, resistência aeróbia, flexibilidade e

equilíbrio, sendo estes essenciais para a execução das tarefas de vida diária

(Dantas e Jacó, 2003). Por outro lado, o envelhecimento e/ou desuso tem sido

igualmente associado a perturbações mentais e cognitivas com reflexos

importantes sobre a QV do idoso.

Neste sentido e atendendo à potencial influência do EF, o objetivo desta

investigação foi estudar o efeito de um programa de EF na aptidão física e

condição mental de idosos institucionalizados, na medida em que estes são

aqueles cujo efeito da inatividade é mais evidente.

Para tal submetemos um grupo de idosos a um programa de EF

multicomponente e outro de características idênticas serviu de grupo controlo.

Para estudar os efeitos sobre a aptidão física, usamos 3 dos testes das bateria

de FFT na medida em que consideramos serem as capacidades mais afetadas

na nossa população alvo e por serem testes frequentemente utilizados e

considerados como bons preditores independentes de alterações do estado de

saúde, declínio funcional, incapacidade e dependência, hospitalização e morte

em idosos (Guralnik et al, 2000; Newman et al, 2006). Por exemplo, no seu

estudo, Wilson (2004) concluiu que os testes de resistência aeróbia (caminhar

6 minutos), de força MI (levantar e sentar da cadeira durante 30 segundos) e

equilíbrio dinâmico/agilidade (2,44 metros), podem predizer a probabilidade de

hospitalização e de declínio da saúde e do estado funcional, permitindo assim

alertar os médicos para a importância do diagnóstico precoce da fragilidade.

Os resultados do nosso estudo mostraram melhorias significativas nos

diferentes índices de aptidão física por nós estudados (força MI, resistência

aeróbia e agilidade/equilíbrio dinâmico), sendo que as diferenças no momento

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final entre os grupos GI e GC foram evidentes e estatisticamente significativas.

Pelo contrário, o GC que não foi submetido a qualquer protocolo de EF

estruturado, apresentou ligeiros decréscimos na sua performance física, não

sendo estes estatisticamente significativos.

Assim e apesar das diferenças iniciais observadas entre os grupos,

provavelmente relacionados com a motivação para a prática de EF, podemos

sugerir que este tipo de práticas é determinante para a aptidão física destes

idosos institucionalizados com demência, na medida em que foram observadas

diferenças significativas na percentagem de alteração após intervenção entre o

GC e GI. Estas diferenças são devidas às melhorias significativas observadas

após treino no GI com manutenção ou inclusivamente com diminuição da

performance dos indivíduos do GC no momento final comparativamente ao

momento inicial.

Em concordância com os nossos resultados, Fiatarone et al (1994) no

seu trabalho com idosos institucionalizados registaram alterações significativas

a nível da força e melhoria na mobilidade após treino. Também, um estudo

realizado por Carvalho, Pinto e Mota (2007) constituído por 56 idosos

institucionalizados (65 a 95 anos), divididos em função do padrão da prática de

EF, verificaram que os praticantes de EF apresentaram melhores resultados na

mobilidade e equilíbrio quando comparados com aqueles que não praticam EF.

Este é mais um estudo que vem reforçar a veracidade dos resultados obtidos

por nós neste estudo, assim como a importância do EF na melhoria da aptidão

física e funcional em idosos institucionalizados

De igual modo, outras investigações concluiram que idosos fisicamente

debilitados que foram sujeitos a um programa de intervenção com EF

registaram efeito positivo em vários dos parâmetros físicos e funcionais

(Fiatarone et al, 1994; Mulvrow et al, 1994; Wilson,2004). O nosso estudo apoia

esta mesma ideia, na medida em que foi observado um aumento

estatisticamente significativo entre o pré-teste e pós-teste, nos parâmetros da

bateria de testes FFT avaliados nos idosos pertencentes ao GI, sendo que

estas melhorias se refletiram em diferenças na percentagem de alteração entre

grupos.

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83

O estudo de Gill et al (2002) vai neste mesmo sentido, registando uma

diminuição do declínio funcional nos idosos sujeitos a intervenção em relação

aos do GC. No estudo destes autores, com avaliações nos 6 e 12 meses após

treino, os idosos do GI (treino incluia: exercícios equilíbrio, força muscular,

mobilidade) conseguiram atenuar o declínio funcional e melhorar o seu nível de

AF, comparativamente aos idosos do GC que mantiveram a sua rotina diária.

Os nossos resultados são de extrema importância para estes idosos

institucionalizados em termos da manutenção da independencia funcional. Por

exemplo, correlações significativas entre a força de extensão dos joelhos e a

velocidade da marcha e entre a força dos MI e a mobilidade têm sido relatadas

na literatura (Avlund et al,1994). Para além disso, de acordo com a literatura

consultada, a resistência aeróbia correlaciona-se com a força dos MI. A

capacidade aeróbia dos idosos é condicionada por fatores centrais

relacionados com o débito cardíaco e por fatores periféricos relacionados com

a musculatura esquelética (Hollman et al, 2007). Por sua vez, quanto maior a

massa muscular, maior a força muscular (Carvalhais 2004). Neste sentido, os

resultados obtidos por nós ganham outra dimensão, pois o teste dos 6 minutos

que avaliamos parece ser condicionado por fatores periféricos e pela

resistência muscular, logo se a força muscular dos MI melhorou, é normal que

o GI também tenha melhorado o seu teste dos 6 minutos a caminhar.

Assim, poderemos especular que o GI ao melhorar a sua força dos MI,

fundamental para a qualidade da marcha e equilíbrio (Daley & Spinks, 2000;

Roger set al, 2003), a sua resistência aeróbia, considerada como uma

capacidade determinante para a funcionalidade diária com menor fadiga e para

o menor risco de doenças cardiovasculares (Hawkins & Wiswell, 2003) e ao

melhorar o equilíbrio e agilidade, fator determinante para a prevenção de

quedas, parece ter melhorado o seu grau de autonomia, saúde e menor

probabilidade de quedas. Neste sentido e atendendo à população em análise,

idosos institucionalizados, a recomendação para este tipo de práticas

envolvendo diferentes componentes da aptidão física parece-nos de extrema

importância.

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84

Todavia, e apesar dos resultados positivos que o GI obteve, não nos

podemos alhear do facto deste grupo ser um grupo de conveniência com niveis

de motivação bastante superiores (80% idosos motivados) comparativamente

ao GC (20% idosos motivados – dados não apresentados).

Se por um lado, esta motivação se traduziu numa excelente adesão ao

programa de EF (somente 5% de faltas - dados não apresentados), por outro

lado pode ter condicionado os resultados dos testes da bateria FFT.

2 – Estado Cognitivo/Mental

Estudos relativos ao desempenho cognitivo/mental demostraram que as

funções cognitivas como a memória, linguagem, atenção e alerta, podem

declinar com o avanço da idade afetando 5% a 11% das pessoas com idades

acima dos 60 anos e quase 50% daquelas com cerca de 80 anos, com uma

maior prevalência em mulheres (Advinsory Panel on Alzheimer Disease, 1988).

É de referir que os idosos que participaram no nosso estudo tinham

médias de idades bastante próximas dos 80 anos (GI= 75,7±4,6 anos;

GC=78,8±5,8 anos) idade na qual, segundo a literatura, as capacidades

cognitivas sofrem uma queda acentuada.

Por oposição ao nosso estudo, outros estudos têm demonstrado a

importância da AF/EF na função cognitiva. Por exemplo, Yaffe et al. (2001)

desenvolveram um estudo com uma amostra constituída por 5925 idosas com

idade superior a 65 anos. O objetivo do estudo era, após um período de 6-8

anos, verificar a função cognitiva em função dos níveis de atividade física

mediante a utilização do teste MMS. Uma das principais conclusões foi a de

que as idosas que tinham, no início, maiores níveis de atividade física foram as

que demonstraram um menor declínio das funções cognitivas.

De igual modo e utilizando metodologia semelhante ao nosso estudo,

Baunet et al (2003) realizaram um estudo no qual pretendiam verificar se um

grupo sujeito a um programa de EF multicomponente, comparativamente ao

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85

grupo de atividades recreativas (grupo controlo), teria melhorias cognitivas

avaliadas através da aplicação do MMS. Estes autores observaram valores

superiores da função cognitiva no grupo submetido ao treino comparativamente

ao GC, sujeito apenas a atividades recreativas, como pintar, entre outras.

Apesar de serem observadas melhorias no grupo recreacional

comparativamente ao grupo de treino, estas foram muito parcas (Baunet al.,

2003). Este estudo reforça a nossa hipótese de partida onde seria expectável

que o treino multicomponente por se constituir como momento lúdico e

recreativo e por outro lado, por ser uma prática corporal (EF), induzisse

melhorias cognitivas. Todavia, esta hipótese, na nossa reduzida amostra por

conveniência e com características muito particulares apresentando demência

leve, foi rejeitada.

No seu estudo, Clarkson-Smith et Harley (1989) compararam as

performances físicas de idosos ativos vs idosos sedentários com idades entre

os 55 e 91 anos e verificaram que os idosos fisicamente ativos respondiam de

maneira mais eficaz e mais rapidamente a simples tarefas. Este estudo vem, tal

como os anteriores, realçar a importância do EF na manutenção de um bom

nível cognitvo.

No seu estudo Hernandez et al (2010) procuraram verificar se o

exercício aportava efeitos positivos sobre as funções cognitivas e equibrio em

idosos com doença de Alzheimer. Para isso, constituiu dois grupos, um GI que

realizou EF multicomponente (supervisionado, 3 x por semana, em dias não

consecutivos, duração de 60 minutos, tendo em conta avaliação da frequência

cardíaca dos participantes) e o GC que seguiu a sua rotina diária. Os

resultados obtidos mostraram uma influência positiva do programa de EF sobre

as funções cognitivas, agilidade e equilíbrio em pacientes com doença de

Alzheimer. Este estudo, tal como os anteriores apresenta resultados diferentes

da nossa investigação pois verifica melhorias cognitivas após intervenção.

No seu estudo Borges et al (2008) com o objetivo de estudar a importância do

EF no declínio cognitivo de idosos, submereram um grupo de 265 idosos a um

programa de EF multicomponente (3x/semana, sessões de 60 minutos durante

24 meses). Para avaliação cognitiva usaram, tal como nós, o MMS. Perante os

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seus resultados, concluíram que o EF teve influencia positiva tanto ao nível

cognitivo como sobre aptidão física e funcional. Olhando para os resultados do

estudo destes autores, podemos dizer que o mesmo está em parte, em

concordância com o nosso estudo, na medida em que nós também obtivemos

melhorias nas componentes da aptidão física e funcional, contudo,

contrariamente a nós os autores deste estudo obtiveram valores superiores nos

scores dos testes MMS permitindo-lhes afirmar a influencia positiva do EF

multicomponente sobre o declínio cognitivo. Também, Heyn et al. (2004) no

seu estudo de metanálise encontraram um aumento significativo no

desempenho físico e cognitivo e alteração positiva no comportamento de

pessoas idosas com déficit cognitivo e demência.

Ou seja, contrariamente ao nosso estudo, os estudos anteriormente

reportados sugerem que a prática de AF/EF pode ser um importante protetor

contra o declínio cognitivo e demência em indivíduos idosos.

Todavia e embora muitos estudos tenham mostrado que o EF pode

melhorar e proteger a função cerebral existe ainda uma certa controvérsia. Por

exemplo, Eggermont et al (2006) numa revisão apontam que o EF não é

necessariamente benéfico para todos os idosos que sofrem de demência.

Segundo este estudo, por exemplo, os efeitos positivos do EF podem estar

relacionados com o aumento da perfusão cerebral dependente da condição

cardíaca do paciente. Assim e apesar de termos tido o cuidado de verificar as

principais patologias destes idosos, não podemos dizer com precisão quais as

suas condições cardíacas.

Também Banhato et al (2009) não encontraram correlações positivas

entre desempenho cognitivo e atividade física após avaliarem 394 idosos de

ambos os sexos. Segundo os autores, apesar das evidências realçarem a

importância da AF/EF na melhoria da qualidade de vida do idoso e na

manutenção de um melhor desempenho cognitivo, existem outras variáveis,

como o sexo, a idade e o estatuto socioeconómico, cuja relevância pode ser

superior. Ou seja, outros fatores podem influenciar os resultados nos testes

cognitivos. Segundo Lima (2005), a afafabetização influencia positivamente o

desempenho mental, isto é, idosos analfabetos tem desempenho

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significativamente pior que os idosos com educação primária. No nosso estudo,

em ambos os grupos, os sujeitos possuem baixas habilitações literárias, ou

seja, é possível que este facto possa ter influenciado os nossos resultados.

Para além das características da amostra, podemos também especular

que a duração e o número de sessões propostas no nosso programa de EF

foram insuficientes para provocarem efeitos maiores. A magnitude do efeito do

EF na cognição é bastante dependente da natureza e complexidade da tarefa

cognitiva e do tipo de exercício físico que foi aplicado (Weingarten, 1973).

Possivelmente não apenas o nosso programa não incidiu muito na

estimulação cognitiva, como também o próprio instrumento por nós utilizado

poderá justificar, pelo menos em parte, os nossos resultados. É importante

referir que Mota et al (2008) afirmam que a simples mensuração do

desempenho cognitivo por meio do MMS, apresenta limitações, especialmente

no caso da identificação precoce do declínio cognitivo. É necessário utilizar

outros testes complementares para que se possa investigar a dimensão

cognitiva do individuo. Esta teoria é bastante interessante visto que na nossa

investigação não obtivemos qualquer tipo de resultados significativos, nem no

GI nem no GC.

Etnier et al (1997) utilizando metanálise, em função da discordância

observada nos estudos realizados até à data, incluiu além de ensaios

controlados e aleatórios, vários estudos transversais sobre os efeitos agudos

do exercício (força e flexibilidade). Como resultado desta pesquisa (134 artigos)

concluiu que o EF tinha um pequeno efeito positivo sobre a cognição, no

entanto isso dependeria do tipo de exercício escolhido, dos intervenientes e

dos testes cognitivos usados. Tendo em conta estes dados, e o facto de na

nossa investigação não termos obtido resultados significativos, podemos

pensar, que o tipo de exercício implementado, ou o teste cognitivo usado, não

tenham sido os mais adequados para a nossa amostra.

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VI – Conclusão

Tendo em conta os objetivos do nosso estudo, e após a análise e

discussão dos resultados obtidos, chegamos às seguintes conclusões:

A hipótese 1 do nosso estudo “O programa de EF multicomponente

influência positivamente a aptidão física dos idodos institucionalizados com

demência leve” foi totalmente confirmada, pois registaram-se melhorias

estatisticamente significativas após a intervenção em todos os itens da aptidão

física e funcional por nós avaliados com base na bateria de testes “Functional

Fitness Test” (p <0,05).

A hipótese 2 “O programa de EF multicomponente influencia

positivamente o estado cognitivo de idosos institucionalizados com demência”

foi rejeitada, pois apesar dos valores obtidos revelarem pequenas melhorias

percentuais do primeiro momento de avaliação em relação ao segundo

momento de avaliação, no teste MMS do GI em relação ao GC, os valores

encontrados não foram estatisticamente significativos, logo a hipótese 2 foi

rejeitada.

Os resultados obtidos no nosso estudo sugerem assim que este tipo de

programas de EF multicomponente tem um papel essencial na aptidão física e

funcional dos idosos institucionalizados com demência leve. Logo, torna-se

evidente a importância de mais intervenções deste estilo junto desta

população, com o objetivo de manter e/ou melhorar a sua aptidão física, de

modo a promover a funcionalidade e a autonomia.

No que diz respeito à outra componente avaliada neste estudo, nível

cognitivo, através do MMS, os resultados obtidos sugerem que o programa não

foi suficiente para induzir alterações significativas pelo menos nestes idosos

institucionalizados e com demência leve.

Este estudo apresentou como principais limitações a natureza da

amostra e a sua dimensão, ou seja, o facto de a amostra ser de conveniência e

de ser uma amostra pequena (n=34) não nos permite tirar ilações para a

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população em geral. No futuro, seria interessante realizar um estudo com uma

amostra aleatória representativa da população.

Atendendo às limitações do nosso estudo, parece-nos essencial alargar

as investigações sobre esta temática, dado que ainda são escassos os estudos

que permitam melhor compreender as relações e efeitos entre as componentes

físicas e cognitivas/mentais.

Por fim, seria igualmente relevante, por forma a obter uma resposta mais

clara em relação à dose/resposta deste tipo de programas de EF

multicomponente, verificar os benefícios deste em função de outros tipos de

prática, intensidade, duração e frequência das sessões.

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CX

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CXI

VIII - Anexos

Anexo 1 – Consentimento Informado

À madame le Cadre Superieur de Santé du CH Pézenas

Dans le cadre de mon travail de fin d’etudes du master dont le theme

valide par le formateur de l’université de sports Porto (Portugal), est “ Les

effects d’un programme d’activité physique, au niveau physique et mental, des

personnes âgées vivant dans une maison de retraite”.

Je solicite de votre bienveillance l’autorisation de realisé une programme

d’activité physique pendant 12 semaines dans la maison de retraite de l’hôpital.

Je vous demande aussi l’autorisation de diffuser un questionnaire (joint),

de realiser des séances d’exercices deux fois par semaine et de realiser des

observations.

J’envisage réaliser mon recueil de donnee dans le mois de juin 2013.

Je vous remercie de l’attention que vous voudrez bien porter à ma

demande et vous prie de croire, madame la cadre superieur, l’expression de

mes respectueuses salutations

Marta Cartucho (Kinésithérapeute)

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CXIII

Anexo 2

Caracteristiques Socio-demographiques de la Population

Nom: Prenom:

Age: Sexe:

Date:

I - Identification

1. Quelle est votre situation matrimoniale?

Non reponse □

Célibataire □

En concubinage □

Marié(e) □

Divorcé(e) □

Veuf (ve) □

2. Quelle est votre niveau d’etude? Indique le diplome obtenu:

Non reponse □

Sans diplôme □

CEP, BEPC □

CAP, BEP □

Baccalauréat □

Bac+2 □

>Bac+2 □

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II- Santé:

1. Quelles sont les pathologies dont vous souffrez?

Non reponse □

Maladies de l’appareil circulatoire (coeur, etc) □

Maladies oftalmologiques □

Maladies osteo-articulaires □

Maladies de l’appareil respiratoire □

Troubles mentaux (depression, deménce, etc) □

Autres □

Aucune □

III – Mobilité

1. Utilisez-vous une aide technique?

Oui □

Non □

IV – Activité Physique

1 - Etes-vous motivé à pratique une activité physique?

Oui □

Non □

Merci pour votre participation

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Anexo 3

Batterie “Functional Fitness Test”

30-Secondes Assis/Debout

1) Titre : 30-Secondes Assis/Debout

2) Objectif : Evaluer la force musculaire des membres inférieurs,

3) Activités de la vie quotidienne : nécessaire pour de nombreuses tâches telles

que monter des escaliers, marcher, se lever d’une chaise, sortir du bus. la force

musculaire des membres inférieurs est impliquée également dans les chutes.

4) Description : Nombre de levers réalisés en 30 secondes, avec les bras

croisés sur la poitrine

5) Equipement :

• Chronomètre

• Chaise avec dossier (sans accoudoir) : 43 cm de hauteur

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• Pour des raisons de sécurité, il est préférable de placer la chaise contre un

mur ou de façon à la maintenir immobile.

6) Protocole : Le test débute lorsque le participant est assis au milieu de la

chaise, le dos droit, les pieds à plat sur le sol. Les bras sont croisés au niveau

des poignets et les mains posées sur la poitrine.

Au signal, le participant se lève complètement avant de se rassoir dans la

position initiale. Il est invite à réaliser le maximum de levers pendant 30

secondes. Après une démonstration réalisée par l’évaluateur, un à trois essais

sont effectués pour s’assurer de la compréhension de l’exercice. Alors débute

le test d’une durée de 30 secondes.

7) Résultat : Le résultat correspond au nombre total de levers réalisés

correctement au cours des 30 secondes. Si le participant a réalisé plus d’un

demi-lever à la trentième seconde, ce lever doit être comptabilisé.

8) Sécurité

• Chaise contre le mur

• Vérifier si problème d’équilibre chez le participant

• Arrêter le test si le participant ressent des douleurs, notamment à la poitrine

• Rappeler de respirer pendant tout le test

• Pour les personnes de petites tailles, surélever le sol avec les tapis de gym ou

tatami

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6- Minutes Marche

NB : un rectangle de 15m x 10m est aussi possible si la salle n’est pas assez

longue (l’examinateur responsable doit le préciser dans son rapport)

1) Titre : 6-Minutes Marche

2) Objectif : Evaluer l’endurance aérobie

3) Activités de la vie quotidienne : nécessaire pour marcher longtemps, monter

des escaliers, faire ses courses, faire des visites

4) Description : Nombre de mètres parcourus durant 6 minutes sur un circuit de

50 mètres

5) Equipement :

• Chronomètre

• Mètre à mesurer

• Corde de 20m

• 4 Plots

• Bâtons de sucettes (témoins)

• Ruban adhésif bien visible

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• Pour des raisons de sécurité, quelques chaises devront être positionnées à

côté du parcours

Préparation : Le parcours de 50 mètres doit être matérialisé par 4 plots comme

indiqué sur le schéma. A l’aide de la craie ou du ruban adhésif, une indication

doit être matérialisée tous les 5 mètres. La surface, qui peut être en salle ou à

l’extérieur, doit être plane et non glissante.

6) Protocole : Pour évaluer la distance parcourue des bâtons de sucettes

peuvent être donnés au participant à chaque plot, ou alors un partenaire peut

comptabiliser le nombre de tour sur la carte de résultat. Deux à huit participants

peuvent être testés durant la même période, mais en respectant un départ

échelonné toutes les 10 secondes afin de limiter la réalisation du test en

groupe. Lorsque plusieurs personnes sont testées simultanément, des numéros

doivent leur être donnés pour repérer l’ordre des départs et des arrivées. Au

signal, les participants sont invités à marcher (et ne pas courir) le plus

rapidement possible afin de parcourir le maximum de distance durant les 6

minutes. Si nécessaire, ils peuvent s’arrêter un moment sur les chaises prévues

à cet effet avant de reprendre la course. L’évaluateur se place au centre du

parcours une fois l’épreuve débutée. Afin de réguler l’allure, le temps est

annoncé au terme de la troisième minute, de la quatrième et de la

cinquième.Des encouragements tels que « continuez ainsi… » ou encore «

c’est bien… » doivent être prononcés toutes les 30 secondes. Au terme des 6

minutes, les participants doivent sortir à droite du parcours ou un assistant

donnera leurs résultats. Pour s’exercer à la régulation de l’allure et pour

s’assurer des résultats, un test doit être réalisé quelques jours avant l’épreuve.

7) Résultat: Le résultat correspond au nombre de mètres (5m près) parcourus

au terme des 6 minutes, L’évaluateur enregistre la marque la plus proche du

participant.

8) Sécurité

• S’assurer d’un parcours non glissant et non encombré

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• Rappeler de respirer pendant tout le test

• Assurer un retour au calme sur 2 ou 3 minutes

• Chaises ou bancs autour du parcours pour repos si besoin

• Le test doit être interrompu à tout moment si le participant montre des signes

de vertiges, de douleur, de nausée ou de fatigue anormale.

• A la fin du test, le participant est invité à marcher lentement afin d’abaisser sa

température corporelle et sa fréquence cardiaque.

Aller-retour en marchant

1) Titre : Aller-retour en marchant

2) Objectif : Evaluer l’agilité et l’équilibre dynamique

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3) Activités de la vie quotidienne : nécessaire pour réaliser des tâches de

rapidité, telles que descendre d’un bus à temps, se lever pour prendre quelque

chose dans la cuisine, aller à la salle de bain ou répondre au téléphone.

4) Description : Nombre de secondes pour se lever d’une position assise,

marcher 2,5 mètres, faire demi-tour et retourner s’asseoir.

5) Equipement :

• Chronomètre

• Mètre à mesurer

• 1 Plot

• Chaise avec dossier ou chaise pliante (sans accoudoir) : 43cm de hauteur

Préparation : La chaise doit être placée contre un mur ou de telle sorte qu’elle

ne puisse pas bouger durant le test. Le terrain doit être plat et non accidenté.

Un plot doit être précisément placé à 2,44 m de la chaise (distance entre le

rebord avant de la chaise et le bout arrière du plot). Il doit y avoir plus d’1 m

d’espace minimum derrière le plot pour permettre de tourner autour. Au départ,

mains sur les cuisses.

6) Protocole : Le test débute avec le participant en position assise sur la chaise,

dans une posture droite, les mains sur les cuisses, les pieds à plat sur le sol

(avec un pied légèrement avancé par rapport à l’autre). Au signal, le participant

se lève de la chaise (pousser sur la chaise pour se relever est autorisé),

marche aussi vite que possible autour du plot (peut importe le côté), et retourne

s’asseoir. Le participant doit être informé que le parcours est chronométré et

que le but est de le réaliser le plus rapidement possible (sans courir).

Positionné entre la chaise et le plot, l’évaluateur veille à la sécurité et se tient

prêt à intervenir en cas de perte d’équilibre. Pour des raisons de précision de la

mesure, l’évaluateur doit déclencher le chronomètre au signal, que le

participant se soit levé ou non de sa chaise, et stopper le chrono dès que le

participant se rassoit sur la chaise. Après une démonstration réalisée par

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CXXI

l’évaluateur, le participant dispose d’un essai avant d’être invité à accomplir les

deux tentatives comptant pour le test. Il doit être rappelé au participant que le

chronomètre ne sera arrêté que lorsqu’il sera à nouveau assis sur la chaise.

7) Résultat: Le résultat correspond au temps entre le signal de départ et le

retour à une position assise sur la chaise. Les deux essais doivent être indiqués

au dixième de seconde près, et le meilleur résultat entouré (temps le plus

faible). C’est le meilleur essai (attention entre essai et tentative !! cela risque de

prêter à confusion, c’est pour ça que je voulais enlever tentatives ou alors il faut

être plus clair dès le début sur la notion d’essai avant le test et le nombre

d’essai au test) qui est retenu pour l’évaluation de l’épreuve.

8) Sécurité

• Être particulièrement vigilant et près du participant à 3 moments : quand la

personne se lève, au passage autour du plot et quand la personne se rassoit.

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Anexo 4

Protocolo de Avaliação

Nome:

Sexo:

Data de avaliação: 1ª 2ª

Avaliação Fisica e Funcional

Testes 1ª Avaliação 2ª Avaliação Observações

Levantar e

sentar (30seg)

- 30 secondes

Assis-debout

Sentado

caminhar 2,

44 m e voltar

a sentar –

Aller-retour en

marchant

Andar 6

minutos- 6

minutes marche

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Anexo 5 – Mini Mental State Examination

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CXXVII

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CXXVIII