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Trabalho de Conclusão de Curso EFEITO DE PARTÍCULAS METÁLICAS LIBERADAS DOS IMPLANTES DENTÁRIOS SOBRE OS TECIDOS PERI-IMPLANTARES Wagner Von Helden Schunemann Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Odontologia

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Trabalho de Conclusão de Curso

EFEITO DE PARTÍCULAS METÁLICAS

LIBERADAS DOS IMPLANTES DENTÁRIOS

SOBRE OS TECIDOS PERI-IMPLANTARES

Wagner Von Helden Schunemann

Universidade Federal de Santa Catarina

Curso de Graduação em Odontologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

Wagner Von Helden Schunemannn

EFEITO DE PARTÍCULAS METÁLICAS LIBERADAS DOS IMPLANTES

DENTÁRIOS SOBRE OS TECIDOS PERI-IMPLANTARES

Florianópolis

2015

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Ricardo de

Souza Magini

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Dedico este trabalho aos meus pais Werner e Rubia, pelo imutável e inesgotável amor; à minha esposa Fernanda, teu amor e tua companhia me fazem querer viver por mais mil anos; aos meus irmãos pelo apoio, compreensão e dedicação para que a minha formação tornasse realidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela misericórdia que se renova a cada manhã, pelo sustento e

auxílio para completarmos mais um etapa.

A meu pai, Werner, pela sua luta diária e grande dedicação para que a

formação minha e de meus irmãos fosse possível. Você é o meu exemplo!

A minha mãe (em memória), Rubia, mesmo sendo impossível estar

presente eu levo parte de você, seus ensinamentos fazem parte de que sou.

A minha esposa, por me presentear a cada dia com seu amor, sua

companhia, sua dedicação e beleza. Eu amo você!

Aos meus irmãos, por mais difícil que fosse a situação, ainda que

tivessem fraquejado, não se deixaram abalar, tiveram paciência, confiança e

amor.

Ao meu orientador Ricardo Magini de Souza, por permitir que a realização

desse trabalho fosse realidade.

Ao meu co-orientador Miguel Noronha, por estar sempre disposto a ajudar

e dedicar parte do seu tempo à realização desse trabalho.

Ao Prof. Dr. Julio C. M. Souza, pelas incontáveis e criteriosas correções,

que qualificaram e acrescentaram valores a este trabalho.

E a todos que de alguma forma fizeram parte da minha formação, muito

obrigado!

Deem-me flores enquanto elas podem ser apreciadas.

(Pregador Luo)

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“Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”

(Paulo de Tarso)

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RESUMO

Atualmente o uso de implantes dentários é uma alternativa terapêutica de

grande relevância para o tratamento de ausências dentárias e a tendência é que

esse tratamento se torne cada vez mais frequente, devido ao aumento da

previsibilidade, segurança e taxa de sobrevida dos implantes nos últimos anos.

O material mais utilizado para a produção de implantes dentários é o titânio

comercialmente puro, devido à sua alta resistência mecânica, alta resistência à

corrosão e ótima biocompatibilidade, que confere grande chance de

osseointegração. Entretanto partículas metálicas liberadas a partir dos implantes

após contato com substâncias terapêuticas e/ou orais corrosivas tem potencial

de causar danos aos tecidos peri-implantares.

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura a respeito

dos efeitos das partículas metálicas liberadas sobre os tecidos periimplantares

como consequência do uso de técnicas terapêuticas empregadas no tratamento

de doenças peri-implantares e/ou pela degradação do implante.

Para a elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento

bibliográfico, por meio de pesquisas em livros textos e pesquisas nas bases de

dados Scielo e Pubmed. Foram selecionados 91 artigos científicos publicados

entre os anos de 1977 e 2015.

Os principais resultados encontrados nos estudos foram: a liberação de

citocinas pró-inflamatórias, infiltrado de células de resposta inflamatória e

ativação da atividade de osteoclastos nos tecidos periimplantares em contato

com partículas e íons metálicos; alterações degenerativas em macrófagos e

neutrófilos que fagocitaram micropartículas de titânio; mutações em células

humanas em cultura contendo nanopartículas de TiO2.

Conclui-se a partir dos dados encontrados na literatura que as partículas

metálicas liberadas a partir do sistema de implantes têm potencial citotóxico e

genotóxico e são capazes de induzir resposta inflamatória nos tecidos

periimplantares.

Palavras-chave: Desgaste; Corrosão; Partículas de Titânio; Íons de Titânio; Peri-implantite; Biotribocorrosão.

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ABSTRACT

Currently the use of dental implants is a highly relevant therapeutic

alternative for the treatment of missing teeth. That treatment is increasing due to

the long-term success the implant-supported rehabilitation. Commercially pure

titaninum is the first choice material for dental implants due to its high mechanical

strength, high corrosion resistance and excellent biocompatibility. However,

metallic ions and particles released from the implants resulting from wer and

corrosion have the potential to cause damage to the peri-implant tissues.

The main aim of this study was to perfom a literature review regarding the

effects of metalic particles released from implants on the peri-implant tissues as

a consequence of therapeutic treatmen and wear-corrosion of titanium.

For the elaboration of this work, it performed a literature review, through

research in Scielo and Pubmed databases and textbooks. We selected 102

scientific articles published between 1977 and 2015.

The main results in the studies were: the release of pro-inflammatory

cytokines, infiltration of inflammatory response of cells and activation of

osteoclast activity in the peri-implant tissues in contact with particles and metal

ions; Degenerative changes in phagocytic macrophages and neutrophils titanium

microparticles; mutations in human cells in culture containing TiO2 nanoparticles.

We concluded from the data in the literature that the metal particles

released from the implant system have cytotoxic and genotoxic potential and they

are capable of inducing inflammatory response in the peri-implant tissues.

Keywords: Wear; Corrosion; Titanium particles; Titanium Ions; Periimplantitis;

Biotribocorrosion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema do periodonto e tecidos peri-implantares............................26

Figura 2: Esquema de forças mastigatórias aplicadas no implante....................31

Figura 3(a e b): Exposição do implante dentário antes e depois realização da

implantoplastia...................................................................................................40

Figura 4: Esquema de processo de degradação de titânio e liberação de íons....................................................................................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Módulo de Elasticidade dos Materiais Metálicos e Cerâmicos para

Implantes...........................................................................................................28

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ABREVIATURAS E SIGLAS

SCIELO - Scientific Eletronic Library Online

ASTM - American Society for Testing and Materials

Ti - Titânio

Al - Alumínio

V - Vanádio

Ti-cp - Titânio comercialmente puro

Ti6Al4V - Liga titânio alumínio vanádio (titânio grau V)

TiO2 - Dióxido de titânio

TiO - Óxido de titânio

Ti2O3 - Trióxido de titânio

TiOH – Hidróxido de titânio

RANKL - Receptor ativador do fator-kB ligante

OPG – Osteoprotegerina

CCL2 - Citocina ligante 2

P. gingivalis - Porphyromonas gingivalis

LPS - Lipopolysaccharide

TNF- α – Fator de Necrose Tumoral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 20

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 22

3 METODOLOGIA ....................................................................................... 24

4 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 26

4.1 MATERIAS PARA IMPLANTES DENTÁRIOS .................................... 26

4.2 DEGRADAÇÃO DOS IMPLANTES DENTÁRIOS ............................... 28

4.3 TECIDOS PERIIMPLANTARES E DOENÇA PERIIMPLANTAR ........ 32

4.3.1 Tecido Periimplantar......................................................................32

4.3.2 Mucosite Periimplantar e Periimplantite.......................................33

4.4 TRATAMENTO CLÍNICO DAS DOENÇAS PERI-IMPLANTARES ..... 35

4.4.1 Terapia periimplantar não cirúrgica...............................................36

4.4.2 Terapia cirúrgica............................................................................38

4.5 PARTÍCULAS METÁLICAS E A INFLUÊNCIA NOS TECIDOS

BIOLÓGICOS.................................................................................................40

5 DISCUSSÃO..............................................................................................44

6 CONCLUSÕES..........................................................................................48

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................50

19

20

1. INTRODUÇÃO

A origem dos implantes dentários remonta há alguns milhares de anos,

quando antigas civilizações empregavam diversos materiais com vista a

substituir dentes perdidos. Dos vestígios encontrados podem-se destacar,

cavilhas de bambu feitos por civilizações Chinesas, conchas utilizadas pelos

Maias e os Egípcios, que chegavam a utilizar também marfim e metais preciosos.

Inúmeras foram as tentativas e os materiais testados até chegar à era da

implantodontia moderna. (ANUSAVICE et al., 2013). Pode-se afirmar que o

estabelecimento da implantodontia moderna se deve em grande parte aos

trabalhos realizados pelo médico ortopedista sueco Per-Ingvar Bränemark

(BRÄNEMARK et al., 1977). No ano de 1969, este médico marcou a história da

implantodontia ao divulgar diversos estudos comprovando a osseointegração de

cilindros confeccionados em titânio puro, implantados em tíbias de coelhos e

cães. Contrariamente aos seus antepassados, Bränemark estudou todos os

aspectos relacionados ao implante, nos quais incluem os dados biológicos,

mecânicos, fenômenos fisiológicos e funcionais. Assim, em 1977, desenvolveu

e idealizou o primeiro sistema de implantes, o Sistema de implantes Bränemark

(BRÄNEMARK et al., 1977; ANUSAVICE et al., 2013).

A utilização de implantes para o tratamento de ausências dentárias, tem

se tornado cada vez mais frequente, previsível e segura. Esses aspectos

positivos associados a alta taxa de sobrevida de implantes, fazem com que a

projeção do número de tratamentos com implantes dentários seja ainda maior

nos próximos anos (CRUZ et al., 2011). Porém após a instalação dos implantes,

algumas complicações podem se desenvolver. Entre elas estão as doenças

conhecidas como mucosite peri-implantar e peri-implantite. Ambas têm etiologia

multifatorial e são de natureza inflamatória, porém a peri-implantite além de

afetar a mucosa peri-implantar, como a mucosite, afeta também os tecidos de

suporte e tem caráter irreversível (HERMANN et al., 2001; LINDHE; MEYLE,

2008).

Alguns estudos têm relacionado a presença de partículas constituintes do

implante dentário nos tecidos peri-implantares com o desencadeamento de

respostas inflamatórias. Essas partículas são liberadas a partir dos implantes

dentários por diversos fenômenos, como por exemplo: O desgaste durante

21

micro-movimentos entre conexões de implantes e próteses (CRUZ et al, 2011);

contato com substâncias corrosivas utilizadas na Odontologia, como por

exemplo o uso de agentes clareadores dentais e fluoretos (SOUZA et al, 2015b;

JUANITO et al, 2015); procedimentos terapêutico, como polimento e

acabamento da superfície dos implantes dentários (SCHWARZ et al, 2011b).

Pesquisas in vitro apontam para um aumento da expressão de citocinas

inflamatórias, ativação de osteoclastos e alterações morfológicas em células

como neutrófilos e macrófagos, na presença de íons Ti. Enquanto pesquisas in

vivo comprovaram o potencial citotóxico de partículas de titânio, causando

alterações morfológicas em células inflamatórias, aumentando a liberação do

Fator de Necrose Tumoral (TNF- α). Além do mais foi observado a disseminação

dessas partículas de forma sistêmica, que foram encontradas em linfonodos,

baço, pulmão e fígado (GOODMAN, 2007; WACHI et al., 2015; KUMAZAWA et

al, 2002; TAKAMURA et al, 2002; URBAN et al, 2000).

O atual estudo teve por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o

tema, verificando na literatura quais são as atuais evidências quanto à indução

de reações inflamatórias em tecidos adjacentes ao implante em decorrência de

partículas liberadas dos implantes por meio do seu desgaste natural e/ou após

exposição a substâncias corrosivas e/ou procedimentos de acabamento e

polimento.

Para melhor compreensão e entendimento do leitor, esse trabalho está

dividido didaticamente em cinco capítulos. O primeiro capítulo se refere aos

materiais utilizados para a fabricação de implantes e pilares protéticos, bem

como suas principais características químicas e mecânicas. O segundo capítulo

inclui conhecimentos a respeito do desgaste dos implantes dentários. O terceiro

capítulo compreende as estruturas que compõe os tecidos peri-implantares e a

doença peri-implantar. O quarto capítulo contém a temática sobre o tratamento

clínico não cirúrgico e cirúrgico das doenças peri-implantares. O conteúdo do

último capítulo abrange as influências exercidas pelas partículas metálicas sobre

o tecido peri-implantar.

22

2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura do

tipo narrativa abordando as influências causadas por partículas metálicas

liberadas pela degradação do implante e/ou pelo uso de modalidades

terapêuticas em tecidos peri-implantares.

Os seguintes objetivos específicos foram delineados para este trabalho:

• Identificar na literatura as principais doenças peri-implantares.

• Identificar as principais modalidades terapêuticas para o tratamento

doenças peri-implantares.

• Identificar quais são as influencias causadas pelas partículas metálicas

liberadas dos sistemas de implantes dentários sobre os tecidos peri-

implantares.

23

24

3. METODOLOGIA

Esse trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico

contendo 102 artigos científicos, do período de 1977 – 2015, indexados pelas

bases de dados Scielo, Pubmed e Google Acadêmico. O estudo também inclui

livros textos consolidados na Odontologia onde foi abordado o tema em suas

partes. A pesquisa englobou artigos publicados em revistas odontológicas, na

língua Inglesa e Portuguesa. As palavras-chave para a pesquisa foram: “titanium

wear e dental implant”, “titanium corrosion e dental implant”, “bio-tribocorrosion”,

“peri-implantitis”, “treatment of peri-implantitis”, “titanium particles release e

dental implant”, “titanium ion release e dental implant”, “tratamento da

periimplantite”. Para a seleção dos artigos não houveram critérios de exclusão,

entre os artigos selecionados para a revisão da literatura incluíam-se ensaios

clínicos, revisões bibliográficas, relatos de caso e estudos retrospectivos.

25

26

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. MATERIAIS PARA IMPLANTES DENTÁRIOS

Os biomateriais que compõem os sistemas de implantes dentários podem

ser classificados de acordo com as suas propriedades físicas, mecânicas,

químicas e biológicas. Atualmente os materiais mais utilizados na fabricação de

sistemas de implantes dentários são o titânio comercialmente puro (Ti-cp) para

o implante propriamente dito (Figura 1), e a liga titânio-alumínio-vanádio

(Ti6Al4V) para os pilares protéticos (SMITH, 1993; ANUSAVICE et al., 2013).

Figura 1. Esquema do periodonto e tecidos peri-implantares (adaptado de

http://www.glidewelldental.com/images/dentist/education/implant-

considerations.jpg)

O implante propriamente dito (Figura 1) é uma estrutura posicionada

cirurgicamente nos ossos maxilares, que por meio da osseointegração

estabelece íntimo contato com o osso. Já o pilar protético (Figura 1) é um

componente conectado ao implante sobre o qual as próteses dentárias são

cimentadas ou parafusadas. (SMITH 1993; ANUSAVICE et al., 2013).

As propriedades que fazem do titânio o material de larga escala para a

fabricação dos sistemas de implantes são: a alta resistência à corrosão em

27

soluções fisiológicas; a biocompatibilidade resultando em osseointegração; a

baixa condutividade termoelétrica; e a alta resistência mecânica (HAN et al.,

2005). Vale lembrar que a biocompatibilidade consiste na habilidade que o

material possui de promover uma resposta biológica positiva em contato com

osso e os tecidos moles (ANUSAVICE et al, 2013). Sendo que a

biocompatibilidade, resistência a corrosão e osseointegração são consequente

da película compacta e protetora de óxidos de titânio (TiO2, TiO, TiOH, Ti2O3)

que se formam quando o implante entra em contato com o ambiente circundante

(LAUSMAA et al, 1988). Atualmente a osseointegração é definida como um

contato direto e estrutural entre osso vivo e a superfície de um implante

recebendo carga funcional, sem a interposição de tecido conjuntivo fibroso

(DAVIES,1996).

Entre as ligas disponíveis para a confecção de pilares, a mais usada é a

liga Ti6Al4V. A adição do elemento químico Al possibilita maior resistência

mecânica e menor massa. O elemento químico V estabiliza a fase mantendo a

resistência à corrosão da liga metálica. Como é possível observar na Tabela 1,

o Ti-cp e o Ti6Al4V são os materiais que possuem o módulo de elasticidade mais

próximos ao do osso. Os valores de módulo de elasticidade promovem uma

distribuição de tensões mais uniforme através dos materiais do sistema de

implantes até o osso (ANUSAVICE et al, 2013; LEMONS et al, 1986; SMITH et

al, 1993).

O Ti-cp é classificado em quatro graus (I-IV) conforme a pureza, sendo o

grau I o material com maior grau de pureza (99,8% de Ti). Cada grau possui

pequenos percentuais de outros elementos (impurezas) permitidos, conforme

especificado por uma norma estabelecida pela American Society for Testing and

Materials (ASTM). O Ti-cp é um metal leve com alta resistência à corrosão e

possui uma boa relação entre resistência mecânica e resistência à fratura

quando sujeita a cargas semelhantes às forças oclusais. Porém, quando

comparado ao Ti6Al4V, possui menor resistência mecânica e um módulo de

elasticidade ligeiramente menor (TRIPLETT et al., 2003; ANUSAVICE et al.,

2013).

O módulo de elasticidade dos materiais metálicos e cerâmicos utilizados

em implantes, podem ser observadas de forma resumida na Tabela a seguir

(ANUSAVICE; SHEN; RAWLS, 2013).

28

Tabela 1: Módulo de Elasticidade dos Materiais Metálicos e Cerâmicos

para Implantes. Adaptado de ANUSAVICE, J. K., SHEN, C., RAWLS, H. R., Phillips

Materiais Dentários, 12ed, pag 720, 2013; SANTOS e ELIAS, 2007.

Material Grau ou Condição Módulo de

Elasticidade (GPa)

Titânio CP

1 102

2 102

3 102

4 104

Ti-6Al-4V 113

Ti-6Al-4V ELI 113

Co-Cr-Mo Fundido 240

Aço inoxidável

Recozido 200

Trabalhado mecanica-mente a frio

200

Zircônia Y-TZP 205

Osso cortical 18

Dentina 18,3

Esmalte 84

4.2. DEGRADAÇÃO DOS IMPLANTES DENTÁRIOS

A cavidade oral é um ambiente dinâmico, por vezes hostil, que apresenta

várias substâncias e microrganismos que afetam o desempenho das próteses e

implantes dentais. Por exemplo, substâncias corrosivas que podem ser

encontradas na saliva (fluoretos, cloretos, hidrônio ou hidroxônio), no biofilme

oral (substâncias ácidas produzidas por bactérias) ou até provindas da dieta

(sucos cítricos, refrigerante, etc). Tais substâncias podem entrar em contato com

implantes e/ou próteses dentárias, promover a corrosão das superfícies dos

mesmos e consequentemente influenciar o desempenho biomecânico e estético

dos sistemas reabilitadores (SOUZA et al, 2013, 2015b, JUANITO et al, 2015).

Cargas mastigatórias são distribuídas através dos materiais protéticos e

implantares o que promove micro-movimentos em conexões entre implantes e

29

próteses, ocasionando o seu desgaste pela abrasão entre as superfícies

(BROGGINI et al., 2003; MISCHLER et al, 2001; SOUZA et al, 2012). O resultado

disso são danos irreversíveis aos materiais, que se tornam explícitos em

próteses desadaptadas, implantes e próteses com mobilidade, aumento de

micro-fendas (microgaps) além do acumulo de partículas e íons metálicos nos

tecidos, os quais podem se tornar tóxicos ao organismo (BROGGINI et al., 2003;

TSARYK et al., 2007; HEY et al., 2014; SOUZA et al., 2015a).

Ao fenômeno de degradação por corrosão e desgaste simultâneo dá-se o

nome de tribocorrosão. Este fenômeno é resultante da interação dos processos

físico e químico (desgaste e corrosão) de duas superfícies em contato. Quando

este ocorre em um ambiente biológico, como é o caso dos implantes dentários

instalados na cavidade bucal, utiliza-se a terminologia biotribocorrosão (CELIS

et al., 2006; SOUZA et al., 2015a).

O fenômeno da biotribocorrosão de um material depende tanto do meio

em que ele está inserido, bem como das propriedades químicas e mecânicas do

material. No caso do titânio por exemplo, a camada de filme passivo (camada

protetora de óxidos de titânio) formada em sua superfície pode ser destruída pelo

desgaste mecânico. Dessa forma, o metal fica exposto ao fenômeno no qual a

corrosão do material o torna mais vulnerável ao desgaste mecânico, bem como

o desgaste mecânico facilita a sua corrosão (LANDOLT, 2006; SOUZA et al.,

2012, 2015a).

A degradação da camada de óxidos de titânio pode ocorrer também

devido sua corrosão na presença de algumas substâncias comumente usadas

na prática odontológica, como por exemplo: os fluoretos (presentes em diversos

cosméticos para a higiene oral, na comida e na água encanada de diversas

cidades); o peróxido de carbamida e o peróxido de hidrogênio (ambos agentes

de clareamento dental); o ácido cítrico, utilizado para descontaminação da

superfície de implantes dentários acometidos por periimplantite (OSHIDA et al.,

2005; MABILEAU et al., 2006; SOUZA et al., 2015a, 2015b; JUANITO et al, 2015;

KEDICI et al., 1998).

O aumento do uso de produtos contendo flúor para a higiene dental

traduz-se num aumento da quantidade de fluoretos na cavidade bucal, o que

poderá afetar o comportamento dos materiais utilizados na prática odontológica.

Objetivando saber o efeito originado pelos fluoretos no Ti-cp e Ti6Al4V, um

30

estudo realizado por Souza e colaboradores (2015b) mostrou que a resistência

à corrosão do Ti-cp e o Ti6Al4V diminui quando em contato com saliva artificial

contendo fluoretos em mesmas concentrações encontradas na cavidade oral. Os

autores também observaram que a forma como a corrosão procede em um

material era diferente do outro. Enquanto a corrosão no Ti-cp ocorre em

pequenas áreas ou puntiforme, fenômeno conhecido como “pitting corrosion”, no

Ti6Al4V corrosão foi observada de forma generalizada e posteriormente

apresentou microfissuras na camada de óxidos. Além do mais, a rugosidade da

superfície de ambos os materiais aumentou e também uma grande quantidade

de íons foi liberada para as soluções utilizadas conforme detectados por análises

químicas.

Outro estudo in vitro contraindicou o uso de agentes clareadores e

aplicações tópicas de flúor em pacientes com estruturas metálicos como Ti-cp e

Ti6Al4V, devido as interações negativas na resistência à corrosão e no processo

de desgaste sofrido pelos materiais quando estão em contato com as

substâncias citadas (OSHIDA et al., 2005). O que resulta na liberação de

partículas e íons metálicos, os quais possuem potencial estimular uma reação

inflamatória. Entretanto sabe-se que a alterações sofridas por esses materiais

dependem do tempo de exposição, pH e concentração das substâncias

corrosivas (JUANITO et al, 2015).

No caso da mastigação, os implantes e próteses são mais ou menos

afetados dependendo do vetor da força recebida e da adaptação entre os

componentes protéticos. Forças axiais, isto é, ao longo do eixo do dente, são

transmitidas da prótese e do implante para o tecido ósseo, conforme ilustrado na

Figura 2. Por outro lado, forças oblíquas geram cargas elevadas ao sistema

(sobrecarga) que podem acarretar em falhas no sistema reabilitador por fraturas

e pelo desgaste nas superfícies das conexões implante-pilar. Da mesma forma,

uma prótese sobre o implante bem adaptada distribui melhor as forças

mastigatórias, enquanto uma prótese mal adaptada pode acarretar o

deslocamento das peças causando consequentemente cargas oblíquas e a

degradação ou fratura do sistema (GRATTON, et al., 2001; MANDA et al., 2009a,

2009b; CRUZ et al., 2011; SOUZA et al., 2015a).

31

Figura 2. Esquema de forças mastigatórias aplicadas no implante. (CRUZ, et

al. Tribocorrosion and Bio-Tribocorrosion in the Oral Environment: The Case of

Dental Implants, 2011).

Outro fator que pode influenciar na biotribocorrosão é a presença de

biofilme. Sabe-se que após a instalação do implante e prótese existe a formação

de biofilme sobre a sua superfície, e posteriormente acumulo em áreas

retentivas, como nos mircrogaps entre o pilar e implante. É de conhecimento

também que implantes com superfícies rugosas são mais susceptíveis ao

acumulo de biofilme quando comparados com os de superfície lisa (RENVERT

et al, 2011; BERGLUNDH et al, 2011). A formação do biofilme oral depende da

concentração de nutrientes, nível de pH do meio e pela disponibilidade de

oxigênio no local de sua instalação. No caso dos implantes dentários, áreas

abaixo da margem gengival não possuem disponibilidade de oxigênio, ou

possuem uma concentração muito baixa, o que acarreta em uma seleção de

bactérias anaeróbias ou anaeróbias facultativas. Porphyromonas gingivalis,

Actinomyces actinomycetemcomitans, Prevotela intermedia são exemplos de

bactérias anaeróbias relacionadas as doenças periodontais e periimplantares

(SISSONS, et al., 1998; LI et al., 2004; OSHIDA et al., 2005; BARBOUR et al.,

2007; CRUZ et al., 2011).

Buscando saber o que biofilme poderia influenciar no desgaste e corrosão

do titânio, foi realizado um estudo utilizando biofilme composto por

Streptococcus mutans e Candida albicans (SOUZA et al., 2010). Tal pesquisa

32

relatou que devido à presença do biofilme foi observada uma diminuição do pH,

pela produção de metabólitos dos microrganismos (por exemplo o ácido lático

produzido por S. mutans na presença de sacarose), isso levou a corrosão do

titânio, que consequentemente poderia causar a falha dos sistemas de implante

dentários (SOUZA et al., 2010).

4.3. TECIDOS PERIIMPLANTARES E DOENÇA PERIIMPLANTAR

4.3.1. Tecido Periimplantar

Os tecidos de recobrimento e sustentação dos implantes (tecidos peri-

implantares) e dos dentes (tecidos periodontais) são diferentes, como é possível

observar na Figura 1. Do ponto de vista anatômico, o periodonto pode ser

dividido em dois tipos: os tecidos de sustentação que envolvem o dente são

chamados de periodonto de sustentação; e os tecidos que o recobrem

constituem o periodonto de proteção. Na região periimplantares, os tecidos que

sustentam o implante são designados de tecidos periimplantares, sendo que os

tecidos que o recobrem o implante constituem a mucosa periimplantar (LANG,

et al., 2011).

Nos tecidos que recobrem dentes e implantes, possuem os mesmos

tecidos, epitélio e tecido conjuntivo. A vedação feita pelo epitélio juncional é

considerada idêntica entre dentes e implantes, uma vez que não existem

evidências de diversidade estrutural ou funcional (LANG et al, 2011). Entretanto,

ambos apresentam diferenças em seu desenvolvimento, sendo o sulco gengival

formado a partir do epitélio reduzido do órgão do esmalte e o sulco periimplantar

é resultado da proliferação das células do epitélio oral (SCHOROEDER;

LISTGRTEN, 1977; LANG et al, 2011). As diferenças estruturais presentes entre

o periodonto de proteção e a mucosa peri-implantar estão principalmente no

aumento da proporção de fibroblastos e colágeno e na diminuição da

vascularização no tecido conjuntivo da mucosa periimplantar. Além disso, a

organização das fibras do tecido conjuntivo ocorre de forma diferente. Na

mucosa peri-implantar essas se apresentam de forma circular e paralelas ao

longo eixo do implante. Já no periodonto de proteção, as fibras, além de se

33

inserirem de forma circular e paralela ao eixo do dente, também se inserem ao

cemento, perpendicularmente ao eixo do dente, o que confere ao periodonto

maior proteção à invasão microrganismos patogênicos quando comparado ao

tecido periimplantar (BERGLUNDH et al., 1991; LANG et al., 2011).

Os tecidos de sustentação, por sua vez, possuem diferenças de maior

evidência e implicação. No dente o cemento recobre toda a raiz dental e serve

de ligação da superfície radicular ao processo alveolar através do ligamento

periodontal. No caso do implante, este está ancorado diretamente ao osso

(osseointegrado), sem a presença de cemento e de ligamento periodontal

(BERGLUNDH et al., 1994). A presença do ligamento periodontal concede ao

dente distribuição homogênea das forças aplicadas ao longo da superfície

radicular. Diferente do caso de implantes onde as cargas sofridas pelo implante

são transmitidas diretamente ao osso (ROMEO; VOGEL, 2007). Além disso a

existência de terminações nervosas no ligamento periodontal protege os dentes

por meio da propriocepção mediante a forças excessivas (KIM et al., 2005).

Assim, pacientes que necessitam de reabilitação envolvendo sistema de

implantes dentários estarão susceptíveis a algumas alterações nos tecidos peri-

implantares. As principais alterações são a mucosite peri-implantar e a peri-

implantite, conforme classificado pelo VI Workshop Europeu de Periodontia,

realizado em 2008.

4.3.2. Mucosite Periimplantar e Periimplantite

Em estudo realizado por Ziztmann e Berglundh (2008) observou-se

prevalência de mucosite peri-implantar em 80% dos indivíduos e em 50% dos

sítios de implantes. Já a prevalência de peri-implantite relatada no mesmo artigo

pelo autor, foi de 28-56% dos indivíduos e 12-43% dos sítios. Porém outro estudo

aponta taxa de sucesso de cerca de 95% dos implantes após 10 anos, quando

esses são colocados de acordo com os protocolos atuais estabelecidos, nessas

condições a incidência de peri-implantite é menor que 5%, demonstrando a

importância do estudo e controle destas patologias (ALBREKTSSON et al,

2012b). Enquanto isso um terceiro pesquisador apresenta uma taxa de

prevalência de periimplantite em 10% dos sítios e 20% dos pacientes, de um

34

controle entre 5 a 10 anos após a instalação do sistema de implantes

(MOMBELLI; CIONCA, 2013).

Conforme o VI Workshop Europeu de Periodontia (2008), a mucosite

periimplantar é uma doença reversível de natureza inflamatória, que se

caracteriza pela lesão da mucosa peri-implantar sem apresentar perda óssea

associada. (MOMBELLI et al., 1987; ALBREKTSSON, et al 2012a, 2012b).

Clinicamente, a mucosite peri-implantar se apresenta com vermelhidão e edema

no tecido mole na região do implante, sendo o sangramento à sondagem uma

característica de grande relevância para identificar a lesão (LINDHE; MEYLE,

2008).

A peri-implantite caracteriza-se por lesões inflamatórias nos tecidos peri-

implantares, com supuração e perda de osso de suporte associada, após a fase

adaptativa, sendo de caráter irreversível. Assim como a lesão citada

anteriormente também é uma doença de natureza inflamatória (MOMBELLI et

al., 1987; HERMANN et al., 2001; ALBREKTSSON et al, 2012a 2012b).

Ainda que não existam evidências quanto à existência de patógenos

específicos na peri-implantite, porém há relatos de números elevados de

peptostreptococci (i.e.P. micra), staphylococci (i.e. S. aureus e S. epidermidis),

Porphyromonas gingivalis, Actinomyces actinomycetemcomitans, Prevotela

intermedia nestas lesões (BARBOUR et al., 2007; LI et al., 2004; MOMBELLI;

DE’CAILLET, 2011; WACHI, et al., 2015).

A peri-implantite apresenta semelhanças com a periodontite no que diz

respeito a sua etiologia e características clínicas. No entanto, existem diferenças

histopatológicas entre as duas lesões. Como o processo ”auto-limitante”

existente nos tecidos ao redor do dente, que resultam em uma cápsula de tecido

conjuntivo, separando a lesão do osso alveolar, o mesmo não ocorre nos tecidos

peri-implantares. Assim, as lesões de peri-implantite são mais pronunciadas em

extensão apical e de evolução mais rápida, do que as lesões periodontais

(BERGLUNDH, et al., 2011).

Além disso, na peri-implantite são encontradas frequentemente

supuração e bolsas profundas, acompanhadas de perda do suporte ósseo

marginal ao redor dos implantes. Para o auxílio no diagnóstico de peri-implantite

recomenda-se a sondagem, usando uma força de 0,25N, para não danificar os

35

tecidos peri-implantares, embora a precisão para fazer este exame utilizando

uma força nesse valor seja difícil de ser obtida (LINDHE; MEYLE, 2008).

A ocorrência de peri-implantite pressupõe a existência de sangramento à

sondagem e aumento da profundidade da sondagem, perda óssea peri-

implantar, podendo ou não haver supuração. A sondagem é um método

comumente utilizado para acompanhar a evolução destas lesões. Para o auxílio

no diagnóstico, radiografias devem ser requeridas também, para verificar ao

longo do tempo, a variação do nível de suporte ósseo periimplantar (HEITZ-

MAYFIELD, 2008).

São diversos os indicadores de risco para o desenvolvimento da

periimplantite que fazem desta uma doença com etiologia multifatorial, como a

periodontite. Tais indicadores podem ser classificados como locais ou

sistêmicos. Dos fatores com alto grau de associação a doença, podem-se

destacar a higiene oral deficiente, a história prévia de periodontite e o fumo. Nos

fatores com um menor grau de associação estão incluídos pacientes diabéticos

não controlados, o consumo de álcool, traços genéticos e a superfície do

implante utilizado, outros pesquisadores também consideram reações a corpos

estranho como um fator associado a doença (ALBREKTSSON et al, 2012b; HEITZ-

MAYFIELD, 2008).

Estudos defendem que as superfícies rugosas aumentam o risco para o

desenvolvimento de lesões peri-implantares pelo maior acumulo de

microorganismos, o que consequentemente podem estimular reações

inflamatórias que contribuem para a perda óssea periimplantar. O mesmo ocorre

com produtos da corrosão e partículas oriundas do desgaste dos implantes

dentários, que atuam como corpo estranho e provocam a perda de suporte ósseo

(TEUGHELS et al., 2006; HAUSLICHET et al., 2011; ALBREKTSSON et al, 2012b).

4.4. TRATAMENTO CLÍNICO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES

No tratamento para a peri-implantite a palavra-chave é descontaminação.

Com a finalidade de descontaminar a superfície do implante, diversas técnicas,

(como o uso de antibióticos sistêmicos, tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos,

utilização de lasers e ainda a associação de técnicas) foram desenvolvidas e

estão descritas na literatura. Segundo Zimerman, o tratamento da peri-implantite

36

passa pela remoção do biofilme e tecido de granulação ao redor da superfície

do implante a partir do debridamento e do uso de antibioticoterapias (ZIMERMAN

et al., 2002). Ou seja, consiste no combate a infecção, por meio da diminuição

da densidade do biofilme e do número de bactérias presentes, podendo ser

realizado com o uso de terapias cirúrgicas e não cirúrgicas (LEONHARDT et al.,

2003). Então, para que se obtenha sucesso no tratamento, é necessária uma

resolução da reação inflamatória e consequente preservação de osso de suporte

(LINDHE; MEYLE, 2008).

4.4.1. Terapia periimplantar não cirúrgica

A terapia não cirúrgica consiste na descontaminação da superfície do

implante, sem realizar um acesso cirúrgico, a partir do debridamento mecânico

dos implantes com curetas ou ultrassom, aplicação de agentes químicos

irrigadores (por exemplo, digluconato de clorexidina a 0,12%), utilização de

antibióticos locais e sistêmicos (terapia antimicrobiana), jato de bicarbonato,

laserterapia e terapia fotodinâmica (FRANCIO et al, 2008; ROOS-JANSAKER et

al, 2003). Estudos em humanos e animais não apontam superioridade de uma

destas técnicas de descontaminação da superfície em relação a outra. Porém

terapias não cirúrgicas quando utilizadas isoladamente, não se mostraram

efetivas na completa resolução da doença (CLAFFEY et al., 2008; RENVERT, et

al., 2008). Isso pode ser explicado pela dificuldade que existe no acesso ao

implante e consequentemente uma descontaminação deficiente, fazendo deste

local um nicho propício ao seguimento de acúmulo de biofilmes (LINDHE &

MEYLE, 2008; SCHWARZ et al., 2010; CHARALAMPAKIS, et al., 2011).

Os antibióticos locais e sistêmicos têm sido utilizados como coadjuvantes

neste tratamento, mostrando uma redução no sangramento e na profundidade à

sondagem com sua utilização (RENVERT, et al., 2008; SCHWARZ, et al.,

2011a). No entanto, esta abordagem é colocada em questão em uma revisão

sistemática da literatura realizada por Klinge e colaboradores (2002) onde eles

analisaram o efeito da terapia antibiótica no tratamento da peri-implantite e

devido à grande variabilidade na forma de utilização dos antibióticos, concluíram

37

que a relevância clínica desta estratégia de tratamento é questionável (KLINGE,

et al., 2002; ROOS-JANSAKER, et al., 2003).

Estudos utilizando o laser-diodo e a terapia fotodinâmica para o

tratamento de peri-implantite têm demonstrado que estes possuem boa

capacidade de descontaminação pela redução bacteriana na superfície do

implante. A terapia fotodinâmica tem se mostrado um método promissor para o

tratamento da peri-implantite, uma vez que não é invasiva e não desenvolve

resistência bacteriana, podendo ser repetida quanto for necessário (BACH et al.,

2000; PAIVA, 2007).

O uso de agentes químicos como o digluconato de clorexidina a 0,12% e

o ácido cítrico 3%, a remoção mecânica com curetas plásticas ou ultrassom e a

utilização de jatos abrasivos, apesar de apresentaram uma boa efetividade, não

conseguiram eliminar de forma total os microrganismos patógenos dos sítios

acometidos pela peri-implantite (DÖRTBUDAK et al., 2001). Entretanto são

dispositivos terapêuticos para o sucesso do tratamento, pois o uso isolado do

antibiótico não é suficiente (PARENTE et al., 2007).

Existem muitos estudos a respeito das técnicas não cirúrgicas para o

tratamento de peri-implantite, mas pela divergência de condutas e diferentes

protocolos de tratamento, pesquisadores reportam que a associação dos

métodos se faz necessário. Porém, para que se obtenha uma conclusão mais

precisa, é imprescindível que mais estudos em humanos sejam realizados para

esclarecer as dúvidas que ainda existem sobre esse assunto (FRANCIO et al.,

2008; ESPOSITO et al., 2006).

Como mencionado anteriormente, o difícil acesso ao implante, associado

à presença de roscas (quando expostas devido à perda óssea) e também a

rugosidade da superfície do implante são fatores que tornam a descontaminação

do implante um desafio árduo a ser realizado (LINDHE & MEYLE, 2008;

SCHWARZ et al., 2010; CHARALAMPAKIS, et al., 2011). Resultados dos

tratamentos não cirúrgicos apontam para a redução de supuração e do

sangramento a sondagem, porém, a profundidade de sondagem não é

recuperada, o que contribui para a reinfecção. Com isso em vista, tem-se

procurado buscar uma opção de tratamento em que seja possível obter um

melhor acesso para a descontaminação, para desta forma, restituir a

38

profundidade de sondagem fisiológica e estimular a neoformação óssea.

Almejando melhores resultados pode-se, assim, associar as técnicas cirúrgicas

com as não cirúrgicas (SAHM et al., 2011; VAN-WINKELHOLFF, 2012).

4.4.2. Terapia cirúrgica

As técnicas cirúrgicas são divididas em duas modalidades de tratamento:

técnicas ressectivas e técnicas regenerativas. As técnicas ressectivas buscam a

eliminação da bolsa periodontal e manutenção do contorno ósseo. Essa

modalidade tem se mostrado mais efetiva quando a doença é diagnosticada

precocemente e quando são associadas à remoção das roscas do implante

(implantoplastia), porém uma maior incidência de recessão é identificada

(ROMEO et al., 2005; FRANCIO et al., 2008; SERINO; TURRI, 2011).

As técnicas regenerativas, utilizadas com o objetivo de preencher os

defeitos ósseos, pressupõem o uso de enxertos autógenos, alógenos,

xenógenos ou sintéticos, com ou sem o uso de membranas associadas. Esse

tratamento tem mostrado bons índices de sucesso, mas o tipo de defeito ósseo

deve ser levado em consideração, uma vez que o preenchimento de defeitos

circunferenciais é mais promissor quando comparado a defeitos

semicircunferenciais e deiscências bucais (SCHWARZ et al., 2006; 2010).

Alguns estudos têm questionado o uso da membrana devido ao aparecimento

de algumas complicações na sua utilização e ao fato de o preenchimento ósseo

poder ser obtido mesmo na sua ausência (KHOURY; BUCHMANN, 2001; ROSS-

JANSAKER et al., 2011).

A terapia cirúrgica é considerada o tratamento de eleição para resolver

infecções peri-implantares. Desta forma, fica facilitada a remoção do tecido de

granulação presente na área do defeito ósseo, permitindo o acesso à superfície

do implante, para que esta seja completamente debridada e descontaminada

(LINDHE; MEYLE, 2008; RENVERT et al., 2008; SCHWARZ et al., 2011a).

Além disso, à terapia cirúrgica pode-se associar a implantoplastia, que

consiste na remoção das roscas do imolante dentário por desgaste e polimento,

transformando a superfície do implante em uma superfície lisa e polida

(SCHWARZ et al., 2011a). Para a execução da técnica recomenda-se o uso de

pontas diamantadas (ZR Diamonds,Gebr. Brasseler GmbH & Co. KG, Lemgo,

39

Alemanha) e para o polimento da superfície utiliza-se pedras de Arkansas. Tanto

o desgaste quanto o polimento são realizados sob irrigação abundante com

solução salina estéril (SCHWARZ et al., 2011a). A remoção das roscas e o

polimento da superfície do implante têm mostrado diminuir a rugosidade da

superfície resultando em menor acúmulo de biofilme (CHARALAMPAKIS et al.,

2011; HAUSLICHET et al., 2011). Entretanto, este procedimento promove a

liberação de partículas metálicas proveniente do desgaste do implante. Além

disso, a geometria do implante é modificada o que pode afetar na biomecânica

e a distribuição de tensões através dos materiais, levando a uma maior

concentração de tensões para a região desgastada do implante (FU et al, 2013;

SCHWARZ et al, 2011b).

Uma pesquisa realizada por Schwarz e colaboradores (2011b) comprovou

a presença de partículas metálicas nos tecidos peri-implantares após a

implantoplastia. O pesquisador fez análises histológicas dos tecidos peri-

implantares de cães após o tratamento cirúrgico em defeitos críticos de peri-

implantite induzida. Os sítios que durante o tratamento foram submetidos à

implantoplastia apresentaram ligeira a moderada deposição de partículas de

titânio no tecido conjuntivo subepitelial. Tais áreas foram histologicamente

caracterizadas por inflamação crônica, contendo linfócitos e células plasmáticas.

Sendo que durante a realização da implantoplastia foram tomadas medidas

buscando evitar esse acontecimento, como por exemplo, o uso de irrigação

abundante para eliminar as partículas metálicas e o que o autor chama de

“cuidados especiais para remover completamente qualquer depósito de metais

nos tecidos circundantes”. Porém, estas manobras não foram suficientes para

evitar a presença de partículas metálicas nos tecidos adjacentes, como

evidenciou a análise histológica. Tal fato é de grande relevância, pois diversos

estudos têm demonstrado a grande influência que estas partículas têm em

células e tecidos.

40

Figura 3 (a e b). Exposição do implante dentário antes (a) e após (b) realização

da implantoplastia. (SCHWARZ, F., SAHM, N., BECKER, J. Combined surgical

therapy of advanced peri-implantitis lesions with concomitant softtissue volume

augmentation. A case series. Clin. Oral Impl, Res. 25, 134, 2014).

4.5. PARTÍCULAS METÁLICAS E A INFLUÊNCIA NOS TECIDOS

BIOLÓGICOS

As partículas e íons metálicos liberados do sistema de implantes dentários,

seja por desgaste mecânico ou corrosão, agem como corpos estranhos ao

sistema imune estimulando a ativação de uma série de mediadores associados

a reabsorção óssea e a doenças periimplantares. Esses mediadores são

citocinas que por sua vez desencadeiam uma resposta inflamatória nos tecidos

peri-implantares verificada em análises histológicas pela presença de

macrófagos e linfócitos T (MARTINI et al., 2003; MANARANCHE;

HORNBERGER, 2007; RENVERT; PERSSON, 2009; CRUZ et al., 2011,

JUANITO et al, 2015). Este processo é representado pela ilustração na Figura 4.

41

Figura 4. Esquema de processo de degradação de titânio e liberação de íons.

(JUANITO, G. M. P., et al. Effect of fluoride and bleaching agents on the degradation of titanium: Literature review. Dentistry 5: 273).

Os íons metálicos e partículas micro- e manométricas podem acumular-

se nos tecidos vizinhos ou até se espalhar de forma sistêmica conforme

repostado em estudos prévios na literatura (LUGOWSKI et al., 1991). Partículas

de titânio provindas de próteses foram detectadas em vesículas de macrófagos

citoplasmáticos, baço, pulmão, linfonodos e no fígado (URBAN et al., 2000;

TRIPLETT et al., 2003).

Atualmente, observa-se um crescente número de discussões e pesquisas

em torno da corrosão e do desgaste dos implantes e sua relação com o

desenvolvimento de alterações nos tecidos peri-implantares. Alguns estudos

relatam a relação de reações inflamatórias devido a presença de detritos e íons

liberados devido a biotribocorrosão e os danos causados por essas partículas

aos tecidos adjacentes (BROGGINI et al., 2003; 2006; CRUZ et al., 2011).

Pesquisas in vitro mostraram que a presença de íons de Ti exercem

efeitos sobre a expressão do receptor ativador do fator-kB ligante (RANKL), e na

osteoprotegerina (OPG) em células osteoblásticas, os quais contribuem para a

atividade osteoclástica na remodelação óssea patológica. Em células do epitélio

contendo Porphyromonas gingivalis-lipopolysaccharide (P. gingivalis-LPS), foi

observado também o aumento da citocina ligante 2 (CCL2) responsável pela

42

ativação da infiltração de monócitos (WACHI, et al., 2015). Um estudo realizado

por Takanori Wachi (2015) mostrou que uma concentração de 9 ppm de íons Ti

atuou de forma sinérgica com a P. gingivalis-LPS para o aumento da expressão

de CCL2, RANKL e OPG nos tecidos gengivais. Isto sugere que a presença de

íons de Ti, contribui para o desenvolvimento de inflamações teciduais e

reabsorções ósseas (WACHI, et al., 2015). Já concentrações maiores que 13

ppm de íons Ti são capazes de induzir a necrose de células epiteliais, porém

mecanismo envolvido ainda não é claro (MAKIHIRA et al, 2010).

Está comprovado tanto in vivo quanto in vitro, que partículas de Ti

estimulam neutrófilos e aumentam a quantidade de ânions superóxido liberados.

Partículas de Ti menores de 10µm são consideradas citotóxicas e induzem

respostas inflamatórias enquanto partículas de 1-3µm são fagocitadas por

neutrófilos (que possuem cerca de 5µm), o que está associado ao aumento de

ânions superóxidos e pode estimular ainda mais o processo inflamatório

(KUMAZAWA, R., et al, 2002). Outro estudo in vivo, realizado em ratos,

constatou que partículas de Ti de 2µm fagocitadas por neutrófilos e macrófagos

provocam um grande recrutamento de células inflamatórias para as suas

imediações. Também foram observadas mudanças morfológicas degenerativas

nesses neutrófilos e macrófagos e um notável aumento na liberação do Fator de

Necrose Tumoral (TNF-α), citocina de função pró-inflamatória capaz de causar

morte celular (TAKAMURA et al, 2002). Taira (2006) comprovou que macrófagos

cultivados em meio contendo 1 ppm de Ti durante 48 horas secretam 170% TNF-

α a mais do que células em meio de cultura livre de íons Ti, mostraram um

acumulo de 7,3 ppm intracelular e apenas 60% de viabilidade celular.

Sabe-se que, em altas concentrações, as partículas metálicas são tóxicas

para fibroblastos, alterando sua proliferação e viabilidade. Estudos in Vitro

comprovaram que partículas de titânio em uma concentração de até 0,001% em

uma solução salina estéril são capazes de aumentar a proliferação de

fibroblastos, sendo que maiores concentrações provocam a diminuição da

proliferação dessas células (MALONEY, W. J., et al., 1993). Estudos recentes

também comprovaram o potencial genotóxico e citotóxico de partículas

nanométricas de TiO2 (<100nm), também produzidas durante a biotribocorrosão

dos implantes dentários. Em meio de cultura celular contendo essas partículas

na escala nanométrica, foi observado a redução viabilidade celular e um

43

aumento da frequência de mutações, originando células binucleadas e

micronucleadas (WANG; SANDERSON; WANG, H., 2007; SOUZA et al, 2015a).

A ação cito- genotóxica de nanopartículas de TiO2 foi comprovada também por

meio da análise de macrófagos de alvéolos pulmonares de ratos expostos às

partículas, que identificou estresse oxidativo nas células. Esse processo por sua

vez está ligado a morte celular (AFAQ et al, 1998). Outro estudo comparou a

resposta inflamatória na via do Receptor Toll-Like 4 induzida por LPS e por

nanopartículas de TiO2, o estudo concluiu que diferente do LPS as

nanopartículas não necessitam de proteínas de ligação para se ligarem aos

Receptores Toll-Like 4 e induzir resposta inflamatória (MANO et al, 2013).

Além das partículas e íons de Ti, os íons de V e Al também mostraram

possuir potencial citotóxico. Um estudo in vitro realizado por Okazaki (2001)

verificou que meios de crescimento contendo esses íons possuíam menor

crescimento celular quando comparados com meios livres desses íons. Sendo

que o íon V além de citotóxico também tem potencial genotóxico

(MANARANCHE; HORNBERGER, 2007).

44

5. DISCUSSÃO

Após a contextualização, levantamento bibliográfico sobre o assunto e

baseado nas evidências disponíveis na literatura, é possível afirmar que as

partículas metálicas liberadas pela degradação do implante e/ou pelo uso de

modalidades terapêuticas em tecidos peri-implantares possuem potencial

citotóxico, genotóxico, além de induzir de processos inflamatórios nos tecidos

periimplantares.

A degradação dos implantes dentaríos é um processo dinâmico e pode

ser influenciado por uma série de fatores (LANDOLT, 2006; SOUZA et al., 2012,

2015a). Isso fica perceptível ao estudarmos trabalhos publicados por Oshida

(2001), Mabileau (et al, 2006), Juanito (et al, 2015) Souza (et al, 2012, 2015a,

2015b), que buscaram evidenciar a ação de substâncias corrosivas que

frequentemente entram em contato com implantes dentários e relacionarmos

com estudos de Gratton (et al, 2001), Manda (et al, 2009a, 2009b) e Cruz (et al,

2011) que mostram o desgaste mecânico causado pelo movimento entre a

prótese e implante. O que vai ao encontro do que Sissons (et al, 1998), Barbour

(et al, 2007) e Souza (et al 2010, 2013), que publicaram sobre a atuação dos

metabólitos do biofilme como adjuvantes na corrosão dos implantes dentários.

Sendo que durante o processo de degradação do implante ocorre a liberação de

íons e partículas metálicas, os quais atuam como corpos estranhos e possuem

o potencial de indução inflamatória aos tecidos periimplantares (ALBREKTSSON

et al, 2012b; KUMAZAWA et al, 2002; TAKAMURA et al, 2002; WACHI et al,

2015).

As doenças peri-implantares são notoriamente um problema para a

implantodontia, considerando sua magnitude para os tratamentos de

reabilitação. Nesse sentido, diversas técnicas têm sido propostas para o

tratamento destas condições patológicas. Quando se fala em terapêutica e

tratamento de doenças peri-implantares Francio (2008) e Esposito (et al, 2006)

chegaram à conclusão de que independentemente do método de

descontaminação utilizados a associação deles é necessária, pois de forma

isolada não são suficientes para a resolução das lesões. Sendo que dentre os

métodos utilizados para descontaminação dos implantes a terapia fotodinâmica

aparece como um tratamento com resultados muito promissores (BACH et al.,

45

2000; PAIVA, 2007). Todavia como mencionado por Lindhe (2008), Meyle

(2008), Schwarz (2010), entre outros estudiosos, a descontaminação da

superfície do implante é um grande desafio devido a presença de roscas, o difícil

acesso e rugosidade do implante, que tornam associação da terapia cirúrgica

uma modalidade significativa. Porém devemos levar em consideração que a

utilização de algumas substâncias terapêuticas corrosivas também leva a

liberação de íons metálicos que possuem potencial citotóxico e genotóxico

comprovado (AFAQ et al, 1998; MAKIHIRA et al, 2010; MANO et al, 2013; TAIRA

et al, 2006).

Os efeitos da liberação de partículas e íons após os procedimentos de

desgaste e polimento da superfície do implante, é um desafio que vem sendo

ultrapassado como demostrado em estudos recentes. Sendo assim, há a

necessidade de abordagens que envolvam a questão física da liberação de

partículas a partir da implantoplastia, como estudos da concentração dessas

partículas presentes nos tecidos adjacentes após a realização da técnica e

também questões biológicas do efeito destas partículas sobre esses tecidos e

outros órgãos do corpo humano.

Apesar da notável importância do tema, até o momento ainda são poucos

os estudos que abordem diretamente a liberação de partículas e íons pela

técnica da implantoplastia e que concluam que estes tenham influência nos

tecidos peri-implantares. Entretanto, podemos observar que alguns autores

como Celis (et al, 2006), Goodman (2007), Souza (et al, 2015a, 2015b), Maloney

(et al, 1993), Wachi (et al, 2015), entre outros, já demonstraram que partículas

metálicas induzem alterações danosas a células e tecidos vivos.

A presença de partículas metálicas tem o potencial de induzir uma

resposta inflamatória nos tecidos, como é observado e relatado nos casos

degradação do titânio. Os produtos de degradação (partículas e íons) são

detectado por células do sistema imune inato, sendo reconhecido como corpo

estranho. Uma vez instalada a inflamação, se não controlada, ela pode evoluir

até atingir o tecido de suporte e provocar a perda óssea (MARTINI et al., 2003;

CRUZ et al., 2011). É válido destacar também que alguns estudos in vitro já

demostraram que tecidos contendo partículas provindas de desgastes naturais

dos materiais de ligas de titânio, possuem diminuição na proliferação celular

(OZAKAKI, 2001).

46

Isto vem ao encontro do que demonstraram Tamura (et al 2002) e

Kumazawa (et al, 2002), sobre a diminuição da proliferação de neutrófilos e o

recrutamento de células inflamatórias em tecidos onde as partículas metálicas

estavam presentes. Este fato vem dar ainda mais força à teoria de Manaranche

(2007) e Hornberger (2007), que defendem que as partículas metálicas têm

potencial citotóxico e genotóxico. Embora o potencial de indução inflamatória

resultante de partículas metálicas seja melhor compreendido atualmente, ainda

são necessários mais estudos para que se esclareça os mecanismos envolvidos

na citotoxicidade e genotoxicidade das partículas envolvidas. Todavia, sabe-se

de sobremaneira que o material que compõe o implante pode gerar partículas e

íons que são tóxicas aos tecidos. (ANUSAVICE et al., 2013; TSARYK et al.,

2007; SCHWARZ et al., 2011a, 2011b; SOUZA et al., 2015a, 2015b; WANG et

al, 2007).

47

48

6. CONCLUSÕES

Considerando os estudos selecionados para esta revisão bibliográfica sobre

efeito de partículas metálicas liberadas dos implantes dentários sobre os tecidos

peri-implantares, pode-se concluir que:

A degradação dos implantes dentários por desgaste mecânico e corrosão

em contato com substancias terapêuticas corrosivas e/ou biofilmes é um

processo dinâmico, que ocasiona a liberação de partículas micro-

/nanométricas e íons metálicos;

Partículas e íons de Ti liberadas a partir da degradação de sistemas de

implantes dentários possuem potencial citotóxico, capazes de

desencadear processos inflamatórios e reabsorções ósseas;

Partículas nanométricas de TiO2 e partículas e íons de V possuem

potencial genotóxico;

Pesquisas laboratoriais devem ser realizadas visando analisar a

concentração de partículas metálicas liberadas após procedimentos de

desgaste e polimento das superfícies do implante.

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