efeito da adiÇÃo de proteÍnas de soja e da substituiÇÃo ... · e o das amostras com creme de...

80
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA TAÍS CRISTINA CAPRA EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO TOTAL E PARCIAL DE GORDURA POR INULINA EM RICOTA CREMOSA Goiânia 2014

Upload: others

Post on 21-May-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA

TAÍS CRISTINA CAPRA

EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA

SUBSTITUIÇÃO TOTAL E PARCIAL DE GORDURA POR

INULINA EM RICOTA CREMOSA

Goiânia

2014

Page 2: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

TAÍS CRISTINA CAPRA

EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA

SUBSTITUIÇÃO TOTAL E PARCIAL DE GORDURA POR

INULINA EM RICOTA CREMOSA

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa

de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos da Escola de Agronomia da Universidade

Federal de Goiás, como exigência para obtenção do

título de Mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Orientadora:

Professora Dra. Katiuchia Pereira Takeuchi

Co-orientadores:

Professor Dr. Celso José de Moura

Professora Dra. Maria Célia Lopes Torres

Goiânia

2014

Page 3: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

3

Page 4: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

TAÍS CRISTINA CAPRA

EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA

SUBSTITUIÇÃO TOTAL E PARCIAL DE GORDURA POR

INULINA EM RICOTA CREMOSA

Dissertação DEFENDIDA e APROVADA em 16 de junho de 2014,

pela banca examinadora constituída pelos membros:

Page 5: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

5

Sou uma pessoa muito grata...

Primeiramente a Deus, sem pragmatismo, pois sem o que Ele representa na minha

vida, eu poderia até ter chegado aqui, mas de forma muito menos gloriosa.

Aos meus pais, os quais tenho certeza que torceram por este momento, muitas

vezes, até mais que eu mesma. Obrigada Rudimar e Rosa por “escolherem” ser a minha família,

o meu coração, o meu alicerce, a minha luz. Sei que sem os conselhos, sabedoria e

direcionamentos de pai e sem a ajuda, o ombro, o colo e os carinhos de mãe haveriam muito

mais pedras e espinhos por este caminho.

Aos amigos e colegas, verdadeiros anjos, alguns antigos, outros conquistados

recentemente, alguns companheiros de laboratório, de sala de aula, outros companheiros de

vida. A vocês que me ajudaram, em todas as semânticas desta palavra tão simples, tão

importante e tão doce, retribuo com a mesma solicitude, muita admiração e muita gratidão.

Alguns vararam madrugadas em laboratório ou em casa, suando, lutando, aprendendo, se

desesperando... Outros se preocuparam em prestar auxílio à minha pessoa, ao meu projeto, aos

meus amigos. Sou muito feliz por ter estado ao lado de pessoas tão especiais e distintas. Vocês

aqui da UFG, Vandressa França, Ana Paula Siqueira, Lismaíra Garcia, Rayanne Marinho,

Fernanda Amaral, Karla Cardoso, Deivis Carvalho e Anna Paula Santos, Joema Rodrigues,

Drauton Danilo, Divino Júnior e Ana Stort, obrigada!

Agradeço em especial ao meu “amor” Henricson, ser humano excepcional, que

superou, excedeu, ultrapassou o significado de amizade, fez tudo e mais um pouco para eu

concluir este trabalho da melhor forma possível, aguentou meus rompantes de mau humor,

minhas crises de ser e estar, descascou todos os “pepinos” e “abacaxis” ao meu lado, sem

pestanejar em momento algum, me aconselhou, me acalmou, me amparou. Algumas vezes foi

meu braço direito, mas em muitas outras foi meus braços e pernas. Só espero poder retribuir

tudo o que fez e significa pra mim, por toda esta vida.

À minha orientadora Katiuchia Takeuchi, que tão bem desempenhou seu papel de

orientar, não só no projeto, mas na vida. Tenho orgulho de ter tido uma pessoa tão exemplar

me guiando e espero que nos cruzemos muito mais vezes por nossos caminhos. Parabéns pela

sua competência e obrigada pela sua dedicação, empenho, proteção e carinho.

Ao meu co-orientador Celso José de Moura, pela presteza e agilidade com as quais

sempre me atendeu, pelas tantas dicas e sugestões fundamentais no meu projeto, por dividir

tudo de maneira tão simples, sua sala, seus contatos, seu tempo, sua sabedoria e conhecimento,

por facilitar, não só a trajetória para um título, mas o início de um novo caminho da minha vida.

Agradeço também à minha co-orientadora Maria Célia Lopes Torres, pessoa digna

Page 6: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

da admiração de muitos, que me recebeu de braços abertos com sua doçura, educação,

competência e agilidade. Obrigada pela presteza para com o meu projeto e para com a minha

pessoa.

Agradeço aos meus amigos pessoais, Maysa, Giselle, Silvana, Roanny, Daniela,

Juliana, Jordana, Cristian, Mariana, Taís, Malone, que me escutaram, me apoiaram, se

revoltaram, se alegraram, e mesmo sem saberem muito bem o que se passava dentro de um

círculo tão restrito, compadeceram de todos meus sentimentos e com sua atenção, carinho e

amizade diminuíram minhas angústias e intensificaram minhas alegrias.

À Professora Dra. Maria Margareth Veloso Naves, de quem fui aluna e tive a

oportunidade de conhecer de perto a capacidade profissional. A propriedade com que trata os

assuntos e a experiência como docente me encantaram e desde então soube que meu trabalho

teria muito a ganhar com sua revisão e correções.

À Professora Dra. Thaís Hernandes, por se deslocar de tão longe, dispensando seu

precioso tempo e atenção contribuindo grandemente para o aperfeiçoamento do meu trabalho.

Agradeço aos fornecedores de material utilizado no meu projeto, Sr. Gleibson

(Itacolomy, Trindade-GO), que cedeu gentilmente mais de 1 tonelada de soro de leite, além de

creme de leite e Sr. Dante (Leite & Cia) que cedeu gentilmente as fibras solúveis.

Ao Laboratório Multiusuário de Análises de Textura, Reologia e HPLC-

LABMULTI da Escola de Agronomia da UFG.

Ao apoio financeiro por meio do Edital Chamada Pública N° 06/2009 – Programa

de Apoio à Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – (PPP/FAPEG/CNPq) - Desenvolvimento

e Otimização de formulação de Produtos lácteos: Funcionalidades e Agregação de valor.

Page 7: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

“Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que, quanto mais duro eu trabalho,

mais sorte eu tenho”

Thomas Jefferson

Page 8: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

RESUMO

O efeito da adição de proteínas de soja e da substituição total e parcial de gordura por inulina

nas propriedades físicas, químicas, reológicas e sensoriais de ricota cremosa foram avaliados.

Ricotas cremosas padrão e ricotas cremosas mistas (adicionadas de proteínas de soja), com e

sem inulina em solução e com e sem creme de leite foram elaboradas e as propriedades

supracitadas foram comparadas. O teor de lipídeos das amostras sem creme de leite foi ~2,6 %

e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram

rendimento, intensidade da cor, firmeza, consistência, sinerese e aceitação sensorial de sabor

das ricotas cremosas. A substituição total de creme de leite por inulina em 3 %, reduziu

luminosidade, intensidade da cor e aceitação sensorial de todos os atributos avaliados e

aumentou sinerese, adesividade, consistência e firmeza das ricotas cremosas. A substituição

total de creme de leite por inulina em 6 %, reduziu luminosidade, intensidade da cor e aumentou

o trabalho de adesão e adesividade das ricotas cremosas. A substituição parcial de gordura por

inulina (3 e 6 %) não influenciou na luminosidade, intensidade e tonalidade da cor, tampouco

na firmeza, consistência, adesividade, trabalho de adesão, mas aumentou a sinerese das ricotas

cremosas. A adição de proteínas de soja e substituição total e parcial de gordura por inulina não

alteraram expressivamente o comportamento reológico a baixas deformações das amostras. A

aceitação sensorial do atributo espalhabilidade foi inversamente proporcional à adesividade e

ao trabalho de adesão instrumental. A consistência sensorial foi diretamente relacionada à

consistência e à firmeza instrumental. Todas as ricotas cremosas foram caracterizadas como gel

fraco a partir da análise de espectro mecânico. Em temperatura ambiente (30 °C) e em

temperatura de refrigeração (10 °C) as amostras apresentaram boa estabilidade microestrutural

e houve tendência ao aumento do caráter elástico com o tempo. A substituição parcial de

gordura por inulina (3 %) foi a mais indicada por interferir menos nas propriedades analisadas,

além de possuir proteínas de soja e baixo teor de lipídeos, caracterizando um produto com bom

apelo nutricional.

Palavras-chave: queijo espalhável; extrato hidrossolúvel de soja; fibra alimentar solúvel;

reologia.

Page 9: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

EFFECT OF SOY PROTEIN ADDITION AND TOTAL AND PARTIAL FAT

REPLACEMENT BY INULIN IN CREAMY RICOTTA

ABSTRACT

The effect of soy protein addition and partial and total fat replacement by inulin on physic,

chemical, rheological and sensory properties of creamy ricotta was evaluated. Control sample

and mixed creamy ricotta (with soy protein) with addition or not of inulin and with addition or

not of cream were manufactured and abovementioned properties were contrasted. Samples

without cream had fat content about 2,6 % and samples with cream had fat content between 9

and 12 %. Soy proteins increased yield, color intensity, firmness, consistency, syneresis and

taste sensorial acceptation of creamy ricotta. Total fat replacement by inulin (3 %), decreased

color luminosity and intensity, and all sensory attributes analyzed and increased syneresis,

adhesiveness, consistency and firmness of creamy ricottas. Total fat replacement by inulin (6

%), decreased color luminosity and intensity, and increased work of adhesion and adhesiveness

of creamy ricotta. Partial fat replacement by inulin (3 and 6 %) did not affect on color

luminosity, intensity and hue, nor on firmness, consistency, adhesiveness, work of adhesion,

however increased syneresis of creamy ricotta. Soy proteins addition and total and partial fat

replacement by inulin did not affect substantially on rheological behavior at linear viscoelastic

region among samples of creamy ricottas. Spreadability sensory acceptance was inversely

related with adhesiveness and work of adhesion while sensorial consistency was directly related

with instrumental consistency and firmness. All samples presented rheological behavior as

weak gel, as observed from mechanical spectra. Both at room temperature (30 °C) and in cold

temperature (10 °C) samples showed microstructural stability and it was noted tendency to

increase elastic behavior over time. Partial fat replacement by inulin (3 %) was the most

indicated formulation, because this sample showed good properties, besides soy proteins and

low fat content, promising a great nutritional appeal.

Key words: spreadable cheese; soy milk; soluble dietary fiber; rheology.

Page 10: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura tridimensional da α-lactoalbumina (a) e β-lactoglobulina (b). ................ 16

Figura 2. Processo de obtenção do extrato hidrossolúvel de soja. ......................................... 35 Figura 3. Processo elaboração de ricota tradicional padrão e ricota tradicional mista. .......... 35 Figura 4. Processo de produção de ricotas cremosas ............................................................. 37 Figura 5. Gráfico da análise de textura para calcular parâmetros de firmeza, consistência,

adesividade e trabalho de adesão. .......................................................................... 39

Figura 6. Comparação entre a luminosidade (L*), intensidade da cor (C*) e tonalidade (h°) das

ricotas cremosas. ..................................................................................................... 47

Figura 7. Comparação entre a firmeza (I), consistência (II), adesividade (III) e trabalho de

adesão (IV) das ricotas cremosas. .......................................................................... 50 Figura 8. Varredura isotérmica a 10 °C das ricotas cremosas (I), Varredura isotérmica a 30 °C

das ricotas cremosas (II). ........................................................................................ 52 Figura 9. Espectros mecânicos das ricotas cremosas nas temperaturas de 10 °C (I), Espectros

mecânicos das ricotas cremosas nas temperaturas de 30 °C (II). ........................... 55 Figura 10. Comportamento viscoelástico das ricotas cremosas durante a varredura de

aquecimento de 10 a 30 °C. .................................................................................. 56 Figura 11. Comparação entre a sinerese das ricotas cremosas. .............................................. 57

Figura 12. Atributos análise sensorial antes da degustação da amostra. ................................ 59

Figura 13. Atributos análise sensorial após degustação da amostra. ...................................... 60 Figura 14. Rejeição, indiferença e aceitação do atributo impressão global. .......................... 61

Page 11: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Teor de gorduras totais em diferentes tipos de queijos cremosos........................... 20

Tabela 2. Composição química média do extrato hidrossolúvel de soja e do leite integral. .. 24 Tabela 3. Formulações das ricotas cremosas padrão e mistas ................................................ 36 Tabela 4. Atributos químicos e rendimento de ricotas cremosas. .......................................... 44 Tabela 5. Relação entre as análises: sensorial para o atributo cor e parâmetros de cor

instrumental. ........................................................................................................... 62

Tabela 6. Relação entre as análises: sensorial para o atributo aroma e análises do teor de

lipídeos e de acidez titulável. .................................................................................. 63

Tabela 7. Relação entre as análises: sensorial para o atributo espalhabilidade e parâmetros de

textura instrumental. ............................................................................................... 64 Tabela 8. Relação entre as análises: sensorial para o atributo consistência e parâmetros de

textura instrumental. .............................................................................................. 65 Tabela 9. Tabela resumo dos resultados obtidos através das análises deste trabalho............. 66

Page 12: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 14

2.1 SORO DO LEITE BOVINO ..................................................................................... 14 2.1.1 Caracterização geral e composição ........................................................................ 14 2.1.2 Proteínas do soro de leite ........................................................................................ 15 2.1.3 Ricota ........................................................................................................................ 18

2.1.4 Queijos cremosos ..................................................................................................... 19 2.2 EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA ............................................................. 22 2.3 FIBRA ALIMENTAR ............................................................................................... 25

2.3.1 Definição, classificação e propriedades ................................................................. 25 2.3.2 Inulina....................................................................................................................... 27 2.4 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ................................................ 29

3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 32

3.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................. 32 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 32

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 33

4.1 MATERIAL .............................................................................................................. 33

4.2 MÉTODOS ................................................................................................................ 33 4.2.1 Testes preliminares.................................................................................................. 33

4.2.2 Elaboração do extrato hidrossolúvel de soja ........................................................ 35 4.2.3 Produção de ricota tradicional padrão e mista..................................................... 35 4.2.4 Produção de ricota cremosa padrão e mista ......................................................... 36

4.2.5 Atributos químicos e Rendimento de ricotas cremosas ....................................... 38 4.2.6 Coloração de ricotas cremosas ............................................................................... 38

4.2.7 Análises reológicas de ricotas cremosas em alta deformação.............................. 39

4.2.8 Análises reológicas de ricotas cremosas em baixa deformação ........................... 40 4.2.9 Sinerese de ricotas cremosas .................................................................................. 40

4.2.10 Análise sensorial de ricotas cremosas .................................................................... 41 4.2.11 Análise estatística .................................................................................................... 42

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 43 5.1 ATRIBUTOS QUÍMICOS E RENDIMENTO DE RICOTAS CREMOSAS .......... 43 5.2 COLORAÇÃO DE RICOTAS CREMOSAS ........................................................... 46

5.3 REOLOGIA DE RICOTAS CREMOSAS EM ALTA DEFORMAÇÃO ................ 48 5.4 REOLOGIA DE RICOTAS CREMOSAS EM BAIXA DEFORMAÇÃO .............. 51

5.5 SINERESE DE RICOTAS CREMOSAS ................................................................. 57 5.6 ATRIBUTOS SENSORIAIS DE RICOTAS CREMOSAS ..................................... 58

5.6.1 Relação entre atributos sensoriais e outros parâmetros ...................................... 62

6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS........................................................................................................69

Page 13: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

12

1 INTRODUÇÃO

A conscientização dos consumidores sobre os benefícios e malefícios relacionados

à saúde, causados pela ingestão de alimentos, tem provocado mudanças no padrão alimentar e

aumentado a demanda de produtos com características funcionais e com menor teor de lipídeos.

No mercado de queijos já há uma evidente tendência à produção e ao consumo de produtos com

teor de lipídeos reduzido (GIRI; KANAWJIA; RAJORIAL, 2014; MEZA; VERDINI;

RIBIOLO, 2012).

A produção mundial de leite de vaca em 2013 foi de aproximadamente 784 bilhões

de litros (FAO, 2013b), o Brasil foi o quinto maior produtor de leite e, segundo Brasil (2013),

a projeção para a produção brasileira em 2014 é de mais de 35 bilhões de litros. Cerca de 30 %

do volume de leite produzido no Brasil é destinado à fabricação de queijo. Nesse processo

produtivo, 85 % do leite utilizado torna-se soro de leite, juntamente com 50 a 55% de seus

nutrientes (CAMPIO; CARVALHO, 2009; PANESAR et al., 2007; TEIXEIRA; FONSECA,

2008).

O soro de leite já vem sendo amplamente utilizado pela indústria na elaboração de

produtos alimentícios por possuir baixo custo, alto valor nutricional (proteínas com alto teor de

aminoácidos essenciais), baixo teor de lipídeos e diversas propriedades tecnológicas

(hidratação, solubilidade, estabilidade coloidal, gelificação, emulsificação, formação de

espuma, adesão/coesão) (SPEICIENE et al., 2007; YUAN et al., 2011).

Entre os alimentos produzidos a partir do soro de leite, destaca-se o queijo de ricota,

cujo apelo de consumo baseia-se em suas propriedades nutricionais atraentes, como baixo teor

de lipídeos e proteínas de alta digestibilidade (CHULZ-COLLINS; SENGE, 2004). Mas este

queijo ainda sofre resistência ao consumo por possuir sabor pouco marcante e textura não

atrativa. Como alternativa, a indústria já diversifica a produção do queijo de ricota com as

opções de ricota condimentada, ricota defumada, ricota doce e ricota cremosa. A ricota cremosa

fabricada a partir da ricota tradicional, geralmente, é elaborada com adição de creme de leite, o

que a caracteriza como um produto de melhor textura e sabor, porém, com maior teor lipídico.

O extrato hidrossolúvel de soja é composto por proteínas de alta qualidade, além de

ser considerado um alimento com propriedades nutracêuticas por possuir isoflavonas, que

atuam como antioxidante e reguladoras de hormônios, diminuindo o risco de doenças

cardiovasculares e alguns tipos de cânceres (CHUNG et al., 2011). Além disso, as proteínas da

soja possuem alto potencial tecnológico em alimentos, destacando-se como gelificante e

Page 14: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

13

emulsificante e aumentando o rendimento quando adicionada na elaboração de queijos (LIU;

CHANG, 2004; MUJOO; TRINH; NG, 2003).

A inulina é uma fibra alimentar solúvel e tem sido altamente empregada na

formulação de alimentos por seu caráter prebiótico, além de atuar como mimético de gordura

em diversos produtos lácteos, aumentando a viscosidade e gelificação dos mesmos (ELLEUCH

et al., 2011, MANN; CUMMINGS, 2009).

Produzir uma ricota cremosa com substituição total ou parcial de creme de leite por

inulina, que tem atividade prebiótica, caráter mimético de gordura com baixo conteúdo calórico

é, sem dúvida, uma alternativa atraente, seja para indústria ou para o consumidor. A adição de

proteínas de soja agrega valor nutricional, tecnológico e características nutracêuticas à um

alimento. Portanto, a elaboração de uma ricota cremosa com proteínas de soja e substituição

total ou parcial de creme de leite por inulina resultaria em um produto com melhores

características nutricionais, nutracêuticas e tecnológicas.

Page 15: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SORO DO LEITE BOVINO

2.1.1 Caracterização geral e composição

Do total de leite bovino produzido no Brasil, em média, 34 % se destina à

elaboração de queijo (CAMPIO; CARVALHO, 2009) e 85 % do leite utilizado para fabricação

de queijo resulta em soro de leite (PANESAR et al., 2007). Com isso, cerca de 10 bilhões de

litros/ano de soro de leite são produzidos no Brasil (BRASIL, 2013).

O soro de leite é considerado um subproduto da indústria leiteira e, quando não é

aproveitado no processamento de produtos secundários, é normalmente descartado sem

tratamento nos mananciais de água, representando o mais sério problema de poluição causado

pelos laticínios (100 kg de soro têm potencial de poluição equivalente aos despejos produzidos

por 45 pessoas/dia) (SILVA; BOLINI; ANTUNES, 2004; TUNICK, 2008).

A extração do soro de leite pode ocorrer em laboratório ou na indústria

(SGARBIERI, 2004). Destes processos podem ser obtidos dois tipos de soro de leite. O

primeiro é o soro ácido, obtido da produção do queijo tipo Petit Suisse e Camembert, i. e., após

coagulação ácida do leite, seguido de aquecimento do coalho (PANESAR et al., 2007). O leite

desnatado inicialmente tem pH ajustado para 4,6, seja pela adição de ácido, glucona-delta-

lactona ou pela adição de cultura de bactéria lática, levando à coagulação da caseína, que após

corte e aquecimento seguido de drenagem, permite a separação do soro ácido. O segundo é o

soro doce que provém da coagulação enzimática do leite, em pH 6,2-6,4, com renina (e. g,

manufatura dos queijos minas frescal, Cheddar e Emmental) (ANTUNES, 2003).

O soro de leite é um ingrediente com benefícios nutricionais, pois possui proteínas

de alta digestibilidade, além de possuir propriedades tecnológicas relacionadas a estas

proteínas, tais como, emulsificante, gelificante, espessante, estabilizante de espuma, gordura e

sabor, que vem sendo amplamente estudadas (ADJONU et al., 2014; ALTING et al., 2002;

JAMBRAK et al., 2010; PETIT et al., 2013; ROGINSKI; FUQUAY; FOX, 2003; SILVA;

BOLINI; ANTUNES, 2004).

As proteínas do soro de leite representam 20 % das proteínas totais do leite. Depois

da água, os componentes presentes em maiores quantidades no soro do leite são lactose (70-72

% dos sólidos), proteínas (8-10 %) e minerais (12-15 %).

Page 16: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

15

2.1.2 Proteínas do soro de leite

As proteínas do soro de leite têm efeitos nutricionais benéficos sobre alguns

sintomas de síndrome metabólica, atuam como antioxidantes e reduzem o risco de doenças

cardiovasculares (KERASIOTI et al., 2014; PAL et al., 2014). Elas são estáveis aos ácidos do

estômago e a enzimas proteolíticas e são fonte de cisteína (ácido essencial). Algumas são

semelhantes à principal proteína do leite materno humano, sendo usadas em formulações de

produtos infantis. Os muitos aminoácidos de cadeia ramificada presentes no soro de leite são

utilizados pelos músculos do corpo humano para a produção de energia e síntese de proteínas,

por isso as proteínas de soro de leite (whey proteins) são tão populares como suplemento

alimentar (TUNICK, 2008).

As proteínas do soro de leite são um conjunto de substâncias nitrogenadas que não

precipitam quando o pH do leite se eleva a 4,6, que corresponde ao ponto isoelétrico (pI) da

caseína bruta, por isso são denominadas também como proteínas solúveis. Elas apresentam uma

estrutura globular contendo algumas ligações dissulfeto, que conferem certo grau de

estabilidade estrutural (PANESAR et al., 2007).

As proteínas do soro do leite são classificadas em β-lactoglobulina (55-65 %), α-

lactalbumina (15-25 %), proteose-peptona (10-20 %), imunoglobulinas (10-15 %), albumina do

soro bovino (5-6 %), caseínas solúveis (1-2 %), e outras (<0,5 %) como lactoferrina, lactolina,

glicoproteína, transferrina de sangue e enzimas (ADJONU et al., 2014; MARQUES et al., 2005;

SILVA; BOLINI; ANTUNES, 2004). As que mais se destacam são a beta-lactoglobulina (β-

LG) e a alfa-lactoalbumina (α-LA) (HINRICHS, 2004; SGARBIERI, 2004).

A β-lactoglobulina (β-lg) representa 10 % das proteínas totais do leite. Suas

moléculas são globulares e possuem 162 resíduos de aminoácidos, peso molecular de 18 kDa,

2 ligações dissulfeto e um grupo tiol livre (YANG et al., 2001). Sua estrutura é demonstrada na

Figura 1 (a), contendo 15 % de α-hélices (formato helicoidal), 43 % de estrutura folhas β-

pregueada (formato de fita achatada), 50 % de estrutura não organizada (formato de fios

desorganizados) e são sensíveis a mudanças de pH, temperatura e pressão (ANTUNES, 2003).

O ponto isoelétrico (pI) da β-LG é em pH 5,2 e são conhecidas quatro variantes

genéticas desta proteína (A, B, C e D). Sua conformação espacial tem segmentos em folha β

antiparalelas (variam de A até I) que se arranjam e são capazes de ligar pequenas moléculas

hidrofóbicas no seu interior, conferindo estabilidade quando em solução. Esta estrutura é

relacionada à família das lipocalinas, que têm função de transporte, caracterizando as β-LG

como emulsificantes, formadoras de espuma, gelificantes e ligantes de aroma e sabor

(SGARBIERI, 2004).

Page 17: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

16

(a) (b)

Figura 1. Estrutura tridimensional da β-lactoglobulina (a) e α-lactoalbumina (b). Fonte: Agudelo et al. (2012).

A alteração do pH pode conferir mudanças conformacionais na estrutura das β-LG,

sendo escaladas em cinco transições induzidas. Destas cinco transições, que variam de pH 1 a

12,5, a única de caráter irreversível é a desnaturação alcalina que ocorre de pH 9 a 12,5. Já em

relação à temperatura, a β-LG é termossensível, perdendo sua solubilidade e expondo regiões

para reagirem com diferentes compostos, sob elevação de temperatura. Em temperaturas

crescentes próximas a 50 °C ocorrem reações reversíveis e entre 65-70 °C, irreversíveis

(ANTUNES, 2003; PETIT et al., 2013).

Em pH neutro e aquecimento ocorre monomerização dos dímeros das β-LG, e esta

perde sua estrutura globular, ganhando flexibilidade e aumentando o volume de estruturas

terciárias com mais grupos hidrofóbicos expostos, seguida de associação intermolecular de

estruturas em folhas β por ligações dissulfeto e interações hidrofóbicas (PALAZOLO et al.,

2000; UNTERHASLBERGER et al., 2006). Sob aplicação de pressão, as moléculas de β-LG

reagem analogamente à aplicação de calor (YANG et al., 2001).

As alterações conformacionais sofridas pelas β-LG por modificação no pH,

temperatura e pressão são ocasionadas quando sua estrutura quaternária é desdobrada e seu

grupo tiol livre é exposto, podendo formar ligações dissulfeto com outras proteínas que contém

cisteína (outras β-LG, ou albumina sérica bovina) ou com proteínas que contenham ligações

dissulfeto (α-lactalbumina, κ-caseína ou αs2-caseína). Quando ocorrem estas reagregações o

peso molecular aumenta e isso pode contribuir durante a gelificação das proteínas. Além das

ligações covalentes, as várias outras não covalentes, como ligações de hidrogênio, van der

Waals e ligações hidrofóbicas, características destas proteínas, são responsáveis pela formação

de gel (ALTING et al., 2002; PETIT et al., 2013).

A característica anfipática destas proteínas contribui também para a formação de

espuma e propriedades emulsificantes. Uma película viscoelástica é formada pelas interações

hidrofóbicas intermoleculares na interface das proteínas e esta película age como um importante

Page 18: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

17

estabilizante na formação de espuma e emulsões (YANG et al., 2001). Além disso, elas podem

atuar como estabilizantes de oxidação em emulsões, pois possuem capacidade de formar cargas

catiônicas nas gotículas da superfície da emulsão que repelem os metais de transição, formando

filmes de proteção que envolvem as gotículas e impedem a formação de peróxidos, quelam pró-

oxidantes e inativam radicais livres através do enxofre dos aminoácidos e peptídeos (ADJONU

et al., 2014).

A alfa-lactoalbumina (α-LA) é a segunda proteína mais abundante do soro de leite

e representa cerca de 2 % das proteínas totais do leite. Possui duas variantes (A e B) sendo que

a variante B é encontrada em leite bovino de raças orientais. Essa proteína de peso molecular

14 kDa tem sua única cadeia peptídica constituída por 123 resíduos de aminoácidos com 4

ligações dissulfeto. Sua estrutura é comparada à da lisozima (clara de ovo) porque ambas as

proteínas têm a mesma especificidade (ANTUNES, 2003).

A α-LA tem estrutura secundária, com 26 % de α-hélice (formato helicoidal), 14 %

de folhas β-pregueada (formato de fita achatada) e 60 % de estruturas não-organizadas (formato

de fios desorganizados) (Figura 1 (b)), o que lhe confere boa flexibilidade. Contudo, ela tem

afinidade por Ca++e outros íons metálicos como Zn++, Mn++, Cd++, Cu++ e Al3+ e isso somado

às suas 4 ligações dissulfeto mantém sua estrutura globular mais estável à desnaturação térmica

(LITWIŃCZUK et al., 2014; PÉREZ-GAGO; KROCHTA, 2002).

As ligações com Ca++ estabilizam a forma nativa da estrutura e a temperatura de

desnaturação sobe de 20 °C para 70 °C quando ligada ao íon. Ela é relativamente sensível ao

calor por possuir estrutura secundária desorganizada e mesmo quando aquecida a 95 °C por 15

minutos somente 60 % de suas proteínas são desnaturadas. Apesar da resistência relativa à

temperatura, esta proteína tem tendência a formar associações em pH abaixo de seu ponto

isoelétrico (4,8). Em pH entre 4 e 5 ela apresenta-se em duas formas com diferentes

estabilidades térmicas e em pH próximo de 6,5 a 62 °C ela começa a se desdobrar, mas a

desnaturação só ocorre quando a ligação dissulfeto nativa é perdida, como quando há reações

de intercâmbio de dissulfeto-tiol induzidas por calor, entre ela e a β-LG. Em pH menor do que

4,0 e maior do que 5,5 suas moléculas tendem à associação e formação de polímeros

(ANTUNES, 2003; RELKIN; LAUNAY; EYNARD, 1993; STANCIUC et al., 2012). Em sua

forma nativa, na presença de Ca++ e na presença de alta concentração de íons Zn++, a α-LA tem

sua estabilidade térmica reduzida (PERMYAKOV; BERLINER, 2000).

Quando há desdobramento ou desnaturação da α-LA, ela passa a exibir suas

propriedades tecnológicas. Com aplicação de ultrassom, Jambrak et al. (2010) constataram que

a capacidade espumante desta proteína foi melhorada, pois este tratamento promove

Page 19: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

18

homogeneização mecânica e pode desdobrar a estrutura da proteína. A homogeneização

geralmente dispersa as partículas de proteína e gordura de forma mais uniforme e o

desdobramento parcial da estrutura da proteína está associado ao aumento do poder de formação

de espuma (LITWIŃCZUK et al., 2014). A α-LA isolada tem baixa capacidade gelificante e

emulsificante, mas associada a outras proteínas, como a β-LG, a formação de gel e

emulsificação são facilitadas (HE et al., 2013; SHARMA; ZAKORA; QVIST, 2002).

2.1.3 Ricota

O queijo de ricota é de origem italiana, tradicionalmente produzido a partir do soro

do leite de cabra, mas se popularizou quando passou a ser fabricado com soro do leite bovino

(CHULZ-COLLINS; SENGE, 2004; MAUBOIS; KOSIKOWSKI, 1978). Também é

conhecido como queijo de albumina, por possui elevado teor desta proteína (RIBEIRO et al.,

2005). É um queijo caracterizado por sabor levemente ácido e adocicado, alto teor de umidade

e está classificado como queijo fresco não maturado, com subclassificação em queijo branco

(BRASIL, 1996; MARTINS et al., 2010).

O queijo de ricota pode ser defumado, condimentado ou prensado. Na produção

industrial do queijo de ricota pelo método tradicional, o soro do leite pode ser aquecido puro

ou adicionado de até 20 % de seu volume de leite integral (BRASIL, 2014). O aquecimento

segue até o soro ou a mistura atingir 80-90 °C. Neste momento é adicionado algum tipo de

ácido, geralmente o ácido lático, mas também são utilizados o ácido cítrico e o ácido acético.

O ácido faz com que as proteínas, já desestabilizadas pelo calor, coagulem formando o queijo

de ricota. Em seguida o aglomerado é colocado em formas para drenagem e é embalado

(LUCEY; JOHNSON; HORNE, 2003; MODLER; EMMONSB, 2001).

O tratamento térmico aplicado na produção do queijo de ricota inativa apenas uma

pequena quantidade de microrganismos. O produto final possui alto teor de umidade e seu pH

é maior do que 6,0, podendo haver contaminação pós-processamento, tratando-se de um

alimento altamente perecível e susceptível a contaminação microbiológica (MARTINS et al.,

2010), por isso a higiene durante o processo é de fundamental importância.

O teor médio da composição centesimal da ricota é 76,3 g.100 g-1 de umidade, 12,6

g.100 g-1 de proteínas, 8,1 g.100 g-1 de lipídeos, 3,8 g.100 g-1 de carboidratos e 1,9 g.100 g-1 de

cinzas (NEPA, 2006). O teor de lipídeos pode ser alterado em até 2 g.100 g-1, pela permissão

de adição de até 20 g.100 g-1 de leite em relação ao volume do soro (SILVA; FERREIRA,

2010).

Page 20: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

19

O queijo de ricota possui alto teor proteico com proteínas de alta digestibilidade,

pouco ou nenhum sal, baixo teor de lipídeos (CHULZ-COLLINS; SENGE, 2004; RIBEIRO et

al., 2005) e isso é muito atrativo para os consumidores que priorizam saudabilidade em produtos

sem excesso de sódio e gorduras, por isso, é um produto altamente recomendado para pessoas

com problemas de níveis de colesterol alto e de hipertensão. Ademais, o processo de produção

é rápido, simples e barato, quando comparado a muitos outros tipos de queijo, como os queijos

maturados. Na produção de queijo de ricota são necessários poucos ingredientes, o tempo de

processamento é curto e a matéria-prima, o soro de leite, é muito mais barata que o leite,

utilizado na fabricação dos outros tipos de queijos.

Em contrapartida, este queijo tem textura granulosa e gosto pouco marcante

(insosso), o que ainda causa resistência de alguns consumidores, os quais optam por outros

queijos mais saborosos e macios.

Como alternativa, já existem no mercado alguns cremes de ricota ou ricotas

cremosas. Estes produtos são produzidos a partir do queijo de ricota e adicionados, na grande

maioria das vezes, de creme de leite e cloreto de sódio, além de aditivos, como espessantes,

estabilizantes, corretores de acidez, conservadores, entre outros. Estes queijos cremosos

mantêm as características nutricionais positivas das proteínas de alta digestibilidade, mas têm

o enfoque da saudabilidade reduzido pela adição de creme de leite e elevação do teor de lipídeos

(CHULZ-COLLINS; SENGE, 2004; RIBEIRO et al., 2005).

2.1.4 Queijos cremosos

Queijos cremosos são caracterizados como queijos que sejam untáveis ou

espalháveis (spreadable). Em geral, estes tipos de queijos não são consumidos como

ingrediente individual, mas sim adicionados em produtos, como pão, biscoito, bolacha, ou como

ingredientes de culinária, em massas, molhos, entre outros.

A grande maioria das variedades de queijos cremosos, como requeijão cremoso,

cream cheese, creme de ricota, creme de queijo minas frescal, entre vários outros, utiliza creme

de leite em sua formulação. O creme de leite é um ingrediente que confere características

sensoriais desejáveis relacionadas ao flavor e textura. Estas características estão relacionadas

aos lipídeos presentes no creme de leite.

O teor de gordura da maioria destes queijos cremosos não é limitado por legislação

específica no Brasil, mas estes queijos são classificados, segundo Brasil (1996), quanto ao

conteúdo de matéria gorda no extrato seco, em percentagem, como extra gordo ou duplo creme:

quando contenham o mínimo de 60 %; gordos: quando contenham entre 45,0 e 59,9 %;

Page 21: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

20

semigordo: quando contenham entre 25,0 e 44,9 %; magros: quando contenham entre 10,0 e

24,9 %; e desnatados: quando contenham menos de 10,0 %.

Por não haver legislação que limite o teor de lipídeos adicionados na formulação da

maioria dos queijos cremosos, são encontradas no mercado várias marcas comerciais do mesmo

produto com diferentes concentrações de lipídeos. Alguns exemplos do teor de lipídeos em

diferentes queijos cremosos são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Teor de gorduras totais em diferentes tipos de queijos cremosos.

Tipos de queijos cremosos Marca® Gorduras totais

(g. 30 g-1)

Gorduras totais

(g. 100 g-1)

Cream cheese Philadelphia 8,1 27,0

Cream cheese Danubio 7,0 23,3

Cream cheese light Philadelphia 5,5 18,3

Cream cheese light Danubio 4,5 15,0

*Requeijão cremoso tradicional Danubio 6,8 22,7

*Requeijão cremoso tradicional Selita 8,0 26,7

*Requeijão cremoso light Danubio 3,7 12,3

*Requeijão cremoso light Selita 4,8 16,0

Creme de ricota Tirolez 5,3 17,7

Creme de ricota Balkis 3,6 12,0

Creme de ricota light Tirolez 2,7 9,0

**Creme de ricota light Balkis 1,3 4,3 *Existe legislação para o teor mínimo de lipídeos em requeijão **Produto isento de creme de leite.

Fonte: Balkis (2014), Danubio (2014), Philadelphia (2014), Selita (2014) e Tirolez (2014).

O teor de lipídeo varia muito entre os diferentes tipos de queijos cremosos. Além

disto, pode-se notar que diferentes marcas do mesmo produto possuem diferentes teores de

lipídeos.

Mesmo que a legislação não limite o teor de lipídeos para a formulação de queijos

cremosos, já é evidente a busca, pelas indústrias, de desenvolvimento de novos produtos com

características mais saudáveis, como um reduzido teor de gorduras.

Os consumidores estão ficando, a cada dia, mais conscientes dos benefícios de

alimentos funcionais e dos prejuízos causados à saúde pela ingestão excessiva de gorduras. A

maioria das marcas de queijos cremosos já possui uma segunda opção de produtos, com a linha

de produtos light (GIRI; KANAWJIA; RAJORIAL, 2014).

No caso específico de queijos cremosos, para dimiuir o teor de gorduras, as

indústrias priorizam a redução da quantidade de creme de leite nas formulações e adicionam

aditivos, como fibras solúveis, capazes de substituir em parte a função dos lipídeos.

Page 22: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

21

A hidrólise dos lipídeos (lipólise) é um evento bioquímico importante na maturação

e uma via de geração de flavor em queijos. Durante o processo de degradação e oxidação, ácidos

graxos livres produzem compostos voláteis responsáveis pelas características do flavor em

queijos (OLMEDO; NEPOTE; GROSSO, 2013). As gorduras consistem em uma mistura de

cristais de gordura dispersos em uma matriz de óleo líquido, e a reologia destas depende da

concentração, morfologia, interações e organização dos cristais de gordura do sistema. Em

geral, estas gorduras conferem característica de plasticidade e têm diferentes comportamentos

dependentes da tensão e temperatura (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).

Por possuírem características tão específicas, os lipídeos dificilmente são

substituídos por outros ingredientes que mantenham as mesmas propriedades sensoriais de

textura e aroma. Por este motivo, vários estudos estão sendo realizado com o intuito de

encontrar compostos miméticos aos lipídeos com reduzido valor calórico (CRISPÍN-ISIDRO

et al., 2014; GONZALEZ-TOMÁS; COLL-MARQUES; COSTELL, 2008; HENNELLY et al.,

2006).

Pela análise do teor de gorduras totais da Tabela 1, é possível perceber que o creme

de ricota, também chamado de ricota cremosa, mesmo possuindo creme de leite em sua

formulação, ainda é um queijo cremoso com menor teor de lipídeos. Isto está relacionado aos

ingredientes utilizados na sua elaboração. A ricota tradicional é um queijo a base de soro de

leite, e pode ser acrescido, de apenas 20 % de seu volume, de leite (BRASIL, 1952). Já os

demais queijos são elaborados a partir do leite, que possui maior teor de lipídeos quando

comparado ao soro de leite.

Apesar de o creme de ricota possuir menor teor de lipídeos quando comparado a

outros queijos cremosos, o queijo tipo ricota fresco tradicional possui teor de lipídeos ainda

menor do que o creme de ricota, cerca de 8 g. 100 g-1. O consumo do creme de ricota é, muitas

vezes, atribuído à ideia de uma alternativa de consumo mais agradável do que a ricota

tradicional, por esta última ser considerada insossa. Nesse sentido, o consumidor se confunde

com a ideia de estar consumindo um queijo cremoso com teor de lipídeos análogo ao da ricota

tradicional.

Estudos realizados com o intuito de encontrar compostos que possam substituir

parcialmente ou totalmente o creme de leite como ingrediente em ricota cremosa, obtendo um

produto com quantidade de lipídeos ainda menor do que a dos cremes de ricota light já

existentes no mercado, são muito pertinentes e com certeza trariam uma excelente alternativa

de consumo para queijos cremosos.

Page 23: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

22

2.2 EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA

O grão de soja contém cerca de 40 % de proteínas, 20 % de lipídeos, 17 % de

celulose e hemicelulose, 7 % de açúcares, 5 % de fibras, 6 % de cinza e 5 % de água (FAO,

1992).

As proteínas da soja apresentam propriedades tecnológicas de capacidade de

absorção de água, retenção de gordura, emulsificação, gelificação, espumante, ligante,

coesão/adesão, elasticidade, viscosidade, solubilidade, controle de cor e retenção de flavor

(FUKUSHIMA, 2004; GU; CAMPBELL; EUSTON, 2009; KEERATI-U-RAI; CORREDIG,

2009; MARTÍNEZ et al., 2009; MEDEIROS et al., 2004; RAY; ROUSSEAU, 2013;

RENKEMA; KNABBEN; van VLIET, 2001).

Em 1999, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a alegação de

contribuição à saúde da proteína da soja, reconhecendo que o seu consumo auxilia na redução

do colesterol ruim e no teor de colesterol total, atuando na prevenção de doenças

cardiovasculares.

As proteínas da soja (globulinas) são responsáveis pelas propriedades tecnológicas

aplicadas em formulações alimentícias. As características tecnológicas das proteínas da soja

são intrínsecas de sua conformação molecular. As frações 7S e 11S são as mais importantes,

pois representam cerca de 70 % das proteínas contidas no grão de soja (LIU, 2004).

A globulina 11S, conhecida como glicinina, representa cerca de 37 % das proteínas

da soja. A fração 11S apresenta estrutura hexamérica com massa molar de 360 kDa. As

subunidades monoméricas apresentam estrutura A-S-S-B (A representa polipeptídeo ácido de

33-44 kDa; B polipeptídeo básico de 20 kDa; e S-S, ligações dissulfídicas que unem os

polipeptídeos A e B). Existem cinco subunidades identificadas como A1aB1b (53,6 kDa),

A2B1a (52,4 kDa), A1bB2 (52,2 kDa), A5A4B3 (61,2 kDa) e A3B4 (55,4 kDa), que estão

classificadas em grupo I (A1aB1b, A2B1a, A1bB2) e grupo II (A5A4B3, A3B4) pela extensão

da homologia. A estrutura quaternária é estabilizada por interações eletrostáticas e hidrofóbicas.

Em geral, a fração 11S contém 3 ou 4 vezes mais metionina e cisteína por unidade de proteína

do que a fração 7S (LIU, 2004).

A fração 7S é composta por enzimas β-amilase, lipoxigenase e pela β-conglicinina.

Esta última é uma glicoproteína trimérica com peso molecular médio de 180 kDa que representa

91 % da fração 7S e é constituída de três subunidades: a’ (57-83 kDa), a (57-76 kDa) e b (42-

53 kDa), que interagem para formar seis isômeros de estruturas definidas (designados B1 a B6)

(LIU, 2004).

Page 24: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

23

Algumas variedades de soja apresentam a subunidade b’. As subunidades a, a’ e b-

são ricas em asparginina, glutamina, leucina e arginina, sendo que as subunidades a- e a’ são

ricas também em cisteína, mas pobres em metionina (SGARBIERI, 1996). Os trímeros de β-

conglicinina causam associação ou dissociação dependendo do pH e da força iônica da solução

(FUKUSHIMA, 2004).

A fração 2S representa cerca de 20 % das proteínas da soja e é composta por

proteínas biologicamente ativas, inibidores de tripsina e globulinas. A fração 15S representa 10

% do total de proteínas. A fração 2S é praticamente destruída pelo tratamento térmico industrial

do farelo de soja destinado à alimentação animal, assim como as hemaglutininas. De maneira

geral, 90 % das proteínas em farelos de soja comerciais são globulinas: glicinina (11S) e β-

conglicinina (7S). O restante são proteínas da fração 15S, de estrutura ainda não totalmente

elucidada (RENKEMA; van VLIET, 2002).

A glicinina e a β-conglicinina sofrem desnaturação a temperatura de 85-95 °C e 65-

75 °C, respectivamente. As sequências de aminoácidos dos principais componentes da proteína

de soja, incluindo a β-conglicinina (a, a’, b), a glicinina (G1, G2, G3, G4, G5), os inibidores de

tripsina de Kunitz (A/C, KTI1, KTI2) e de Bowman-Birk (BBI, C-II, D-II), podem ser obtidas

a partir de bases de dados e estão sendo utilizadas para pesquisas sobre potenciais peptídeos

bioativos em soja. A literatura científica aponta a atividade antitrombótica, antioxidante e anti-

hipertensiva de peptídeos de soja. As frações 7S e 11S são duas fontes potenciais de peptídeos

bioativos (LIU, 2004).

Em geral, as proteínas da soja têm alta capacidade de formação de gel, o que pode

interferir na viscosidade, capacidade de retenção de água e solubilidade dos produtos que

contém estas proteínas (RENKEMA, 2001).

A caracterização da textura relacionada às proteínas da soja é considerada uma

consequência direta de suas microestruturas, determinadas pela composição química e forças

físicas. As frações 11S e 7S formam géis sob aquecimento e/ou alteração de pH. Interações

eletrostáticas e ligações dissulfeto são importantes na formação de redes tridimensionais do gel

nas proteínas 11S e as interações de ligações de hidrogênio e hidrofóbicas são importantes para

a formação da rede de gel com as proteínas 7S. O aquecimento provoca a dissociação das

proteínas 7S e 11S, permitindo-lhes interagir entre si com associação preferencial das

subunidades básicas da fração 11S com β-subunidades ácidas da fração 7S para formar

macrocomplexos solúveis e isolar os géis (MUJOO; TRINH; NG, 2003; REN et al., 2009a).

A concentração proteica também interfere na formação de gel das proteínas da soja.

A glicina forma gel em concentrações mínimas de 2,5 %, com pH de 7,6 e força iônica de 0,5.

Page 25: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

24

Na formação de gel envolvendo a β-conglicinina é necessária concentração mínima de 7,5 %

nas mesmas condições de pH e força iônica (RENKEMA, 2001).

Os mecanismos sobre a formação de gel a 100 °C em glicinina resulta em um gel

turvo, rígido e pouco elástico e na β-conglicinina há formação de um gel transparente, macio e

elástico. Isto está diretamente relacionado às características de predominância de interações

eletrostáticas e ligações dissulfeto nos géis das proteínas 11S e das interações de ligações de

hidrogênio e hidrofóbicas nos géis das proteínas 7S (FUKUSHIMA, 2004).

A quantidade e tipo de proteínas do grão de soja é muito relativa, visto que variam

com o cultivar e com o produto obtido do grão, e. g., extrato hidrossolúvel, proteínas

concentradas, isolado proteico e farelo de soja (SORGENTINI; WAGNER, 2002). Um dos

principais meios de utilização da soja como alimento é a extração de sua fração hidrossolúvel,

que mantém cerca de 80 % das proteínas, parte dos lipídeos, carboidratos, minerais, além de

suas propriedades tecnológicas já mencionadas (REN et al., 2009b; ZHANG et al., 2005).

É importante ressaltar que as partículas de proteínas originais do grão de soja não

são fragmentadas no processo de moagem do grão para obtenção do extrato hidrossolúvel de

soja (EHS), portanto, a extração de aproximadamente 80 % das proteínas no EHS está mais

relacionada a solubilidade destas proteínas. A fração básica das proteínas 7S e 11S tendem a

formar partículas e a fração ácida tende a solubilizar. O teor de proteínas diminui, relativamente,

para o EHS, pois na elaboração deste é necessária a adição de água (BRASIL, 2014; REN et

al., 2009b).

A composição média do EHS pode ser vista na Tabela 2. O EHS é uma opção viável

para a substituição do leite de origem animal na alimentação humana, pois além de ser ótima

fonte de proteína, apresenta baixo custo de produção e teor de gordura bem menor que o leite

de origem bovina (MUJOO; TRINH; NG, 2003).

Tabela 2. Composição química média do extrato hidrossolúvel de soja e do leite integral.

Propriedades Valores (g.100 g-1)

EHS Leite Integral

Carboidratos 0,4-2,0 4,7

Proteínas 2,0-3,5 3,3

Lipídeos 0,3-1,9 3,3

Minerais 0,5 0,7 Fonte: Adaptado de Chauhan; Singh; Tomar (1998) e FAO (2013a).

Page 26: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

25

O processo de coagulação das proteínas do EHS pode sofrer interferência de quatro

fatores básicos: características do grão de soja (cultivar, meio de crescimento, condições de

estocagem), variações na obtenção do extrato hidrossolúvel de soja (tempo de maceração,

quantidade de água, tipo de grão), variações no processo de coagulação (temperatura, agitação

e quantidade de coagulante) e coagulante (tipo e concentração). Independendo do processo de

coagulação das proteínas do EHS, são mantidas as isoflavonas, classificadas como fitoquímicos

que dão ao produto a qualidade de alimento funcional por possuir propriedades benéficas à

saúde humana. O valor nutricional das proteínas da soja é relevante, pois elas são ricas em

aminoácidos essenciais (isoleucina, leucina, lisina, metionina e cisteína, fenilalanina e tirosina,

treonina, triptofano, valina e histidina) (CHUNG et al., 2011; LIU; CHANG, 2004).

As proteínas de soja vêm sendo exaustivamente estudadas e cada vez mais aplicadas

em diferentes produtos alimentícios. Pesquisas comprovam que elas aumentam o rendimento

quando utilizadas com outras proteínas, como as lácteas; melhoram a estabilidade de espuma e

atuam como tensoativo em sistemas óleo-água e ar-água; evitam a sinerese, principalmente se

acompanhadas de fibras solúveis; e melhoram características reológicas e de textura em

diversos tipos de queijos (GU; CAMPBELL; EUSTON, 2009; KEERATI-U-RAI.;

CORREDIG, 2009; MUJOO; TRINH; NG, 2002; RAY; ROUSSEAU, 2013; REN et al.,

2009b; RENKEMA; KNABBEN; van VLIET, 2001; SORGENTINI; WAGNER, 2002;

WANG; FERNANDES; CABRAL, 2000; ZHANG et al., 2005).

2.3 FIBRA ALIMENTAR

2.3.1 Definição, classificação e propriedades

Segundo Brasil (2003), fibra alimentar é qualquer material comestível que não seja

hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano. A fibra alimentar é uma classe

de compostos que inclui uma mistura de polímeros de carboidratos vegetais, de

oligossacarídeos e polissacarídeos. Alguns exemplos de fibras alimentares são a celulose,

hemicelulose, substâncias pécticas, gomas, amido resistente, inulina, que pode estar associada

com a lignina, e outros componentes que não são carboidratos (por exemplo, polifenóis, ceras,

saponinas, fitatos, cutina, proteína resistente) (ELLEUCH et al., 2011).

Os alimentos podem ser classificados quanto ao teor de fibras alimentares como

fonte, alto teor ou teor aumentado. Para que o alimento seja fonte de fibras, ele deve possuir no

mínimo 3 g de fibras /100 g (sólidos) ou no mínimo 1,5 g de fibras /100 mL (líquidos). Para

Page 27: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

26

que seja considerado um alimento com alto teor de fibras alimentares deve possuir no mínimo

6 g de fibras /100 g (sólidos) ou no mínimo 3 g de fibras /100 mL (líquidos). O alimento é

considerado aumentado em fibras quando há aumento mínimo de 25 % do teor de fibras

alimentares e diferença maior que 3 g /100 g para sólidos ou 1,5 g /100 mL para líquidos

(BRASIL, 1998).

As fibras alimentares são classificadas, quanto à solubilidade, em solúveis (em

água) e insolúveis. As fibras solúveis são algumas pectinas, gomas, mucilagens e certas

hemiceluloses. As fibras insolúveis são outros tipos de hemiceluloses e pectinas, celuloses e

ligninas. A solubilidade está relacionada com a estrutura dos polissacarídeos. As fibras

insolúveis têm cadeias de polissacarídeos ajustadas regularmente e a proximidade entre as

cadeias organizadas dificulta a penetração de água nas moléculas. Já as fibras solúveis têm a

estrutura das cadeias de polissacarídeos irregular, o que facilita a penetração de água nas

moléculas de polissacarídeos. A solubilidade também pode ser afetada pela presença de grupos

de substituição, como COOH ou SO42−, além de fatores como temperatura e força iônica

(BORDERÍAS; SÁNCHEZ-ALONSO; PÉREZ-MATEOS, 2005; MAÑAS; BRAVO;

SAURA-CALIXTO, 1994).

Pesquisas publicadas indicam inúmeros benefícios à saúde associados com a

ingestão de fibra alimentar, como a diminuição de risco doença cardíaca, de obesidade e de

alguns tipos de câncer. A maioria dos nutricionistas e especialistas em dieta sugere que cerca

de 20-30 % da ingestão diária de fibras seja de fibra solúvel. Subprodutos ricos em fibras e

compostos bioativos são requisitados por indústrias alimentícias, especialmente porque os

consumidores preferem os suplementos naturais, temendo que os ingredientes sintéticos possam

ter alguma toxicidade (CHAWLA; PATIL, 2010; MANN; CUMMINGS, 2009; VIUDA-

MARTOS et al., 2010).

A fibra alimentar também pode conferir algumas propriedades tecnológicas para os

alimentos como o aumento da capacidade de retenção de água, da capacidade de detenção de

óleo, e a emulsificação e/ou a formação de gel e, com isso, pode modificar as propriedades de

textura, evitar a sinerese, estabilizar alimentos ricos em gordura e emulsões e melhorar a vida

de prateleira (ARANGO; TRUJILLO; CASTILLO, 2013; CHOE et al., 2013; ELLEUCH et

al., 2011; KTARI et al., 2014).

A natureza das fibras alimentares (solúvel ou insolúvel) envolve diferenças em sua

funcionalidade tecnológica e em seus efeitos fisiológicos. As fibras solúveis são caracterizadas

pela sua capacidade de aumentar a viscosidade, reduzir a resposta glicêmica e o colesterol do

plasma. As fibras insolúveis são caracterizadas por sua porosidade, sua baixa densidade e pela

Page 28: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

27

sua capacidade para aumentar o bolo fecal e o trânsito intestinal (BROWNLEE, 2011;

CHAWLA; PATIL, 2010; FABEK et al., 2014; KRISTENSEN; JENSEN, 2011).

Em comparação com a fibra alimentar insolúvel no processamento de alimentos, a

fração solúvel demonstra maior capacidade em conferir viscosidade, formar géis e/ou atuar

como agente emulsificante, além de ter textura e sabor aceitáveis e ser facilmente incorporada

aos produtos (ARANGO; TRUJILLO; CASTILLO, 2013; CHOE et al., 2013; ELLEUCH et

al., 2011; KTARI et al., 2014).

As propriedades de hidratação de fibras alimentares estão relacionadas com a

estrutura química dos polissacarídeos, porosidade, dimensão das partículas, forma iônica, pH,

temperatura, força iônica, tipo de íons em solução, além da fonte de fibra alimentar. Juntamente

com suas propriedades de hidratação, as fibras possuem capacidade de retenção de óleo, que é

a quantidade de óleo retido pelas fibras após a mistura, a incubação com o óleo e a

centrifugação. Esta capacidade se relaciona com as propriedades de superfície das moléculas,

densidade de carga global e à natureza hidrofílica dos constituintes (ELLEUCH et al., 2011).

Fibras com alta capacidade de retenção de óleo permitem a estabilização de

alimentos ricos em gordura e de emulsões. Fibras alimentares com capacidade de retenção de

água podem ser utilizadas como ingredientes tecnológicos para evitar a sinerese e modificar a

viscosidade e textura de alguns alimentos formulados (ARANGO; TRUJILLO; CASTILLO,

2013; RAMASWAMY et al., 2013; RAMIREZ-SANTIAGO et al., 2010).

Fibras alimentares também têm elevada capacidade antioxidante, permitindo a

estabilização de produtos alimentares com alto teor de gordura, melhorando assim a sua

estabilidade oxidativa e prolongando a sua vida de prateleira (GUO; BETA, 2013; RAGAEE

et al., 2011).

As fibras solúveis são aplicadas em produtos lácteos, como sorvetes, bebidas lácteas

e queijos cremosos, com função tecnológica de aumentar a viscosidade, entre outras

características, podendo ser utilizadas como substitutas de gorduras (GONZALEZ-TOMÁS;

COLL-MARQUES; COSTELL, 2008).

2.3.2 Inulina

A inulina é uma fibra solúvel, caracterizada como carboidrato de reserva

encontrado em plantas como banana, cebola, alho, alho-poró, alcachofra e chicória, sendo que

a última é a mais utilizada para extração em escala industrial deste carboidrato (HENNELLY

et al., 2006). Ela pertence à família dos frutanos e é formada por unidades de frutose que se

unem por ligações β (1-2). Suas cadeias são frequentemente terminadas, em sua extremidade

Page 29: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

28

redutora, com uma unidade de sacarose (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). As

ligações do tipo β caracterizam a inulina como um frutano resistente à hidrólise por enzimas do

trato gastrointestinal humano, que são do tipo α, por isso a inulina é classificada como fibra

dietética. A inulina atua como prebiótico, pois chega intacta até o intestino grosso, servindo de

substrato para bifidobactérias (bactéria benéficas) (APOLINÁRIO et al., 2014). Estas

bifidobactérias inibem a atividades de outras bactérias putrefativas, evitando a formação de

substâncias tóxicas (BLECKER et al., 2001). Além disso, a inulina aumenta a absorção do

cálcio com efeito positivo no fortalecimento dos ossos, reduz a quantidade de lipídeos séricos,

auxilia na manutenção do peso pelo efeito de saciedade, aumenta resistência a infecções e

estimula o sistema imunológico (MEYER et al., 2011).

Por ser um carboidrato de reserva, a inulina pode sofrer hidrólise natural ou

sintética. A sua clivagem parcial ou total tem como objetivo a geração de energia para as células

vegetais. Já a hidrólise sintética é realizada para a obtenção de frutoligossacarídeos, os quais

possuem menor grau de polimerização (Degree of Polimerization - DP) e por isso podem ser

aplicados em diferentes processos tecnológicos (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA,

2010).

O DP global da inulina varia de 2 a 60, sendo que as inulinas de cadeia longa

possuem DP maior que 10 (long-chain inulin) e os frutanos tipo inulina denominados FOS

(frutoligossacarídeos) e oligossacarídeos possuem DP menor que 10 (short-chain inulin). A

obtenção de inulina com grau de pureza elevado é realizada pelo isolamento das cadeias longas

das cadeias menores, em processos específicos. O DP é muito importante para a aplicação

tecnológica da inulina em produtos alimentícios (MEYER et al., 2011).

A inulina é frequentemente utilizada como mimético de açúcar em produtos diet,

por possuir poder edulcorante e mimético de gordura em produtos light, por aumentar a

viscosidade. Diversos estudos estão sendo realizados para avaliar o comportamento reológico

da adição de inulina como substituto de gordura em produtos lácteos (CRISPÍN-ISIDRO et al.,

2014; EL-NAGAR et al., 2002; GONZALEZ-TOMÁS; COLL-MARQUES; COSTELL, 2008;

HENNELLY et al., 2006; MEYER et al., 2011; TÁRREGA; TORRES; COSTELL, 2011).

Os efeitos reológicos positivos da adição de inulina em produtos lácteos são

atribuídos às interações intra e interestruturais. As cadeias longas de inulina podem formar

cristais não esféricos primários (0,5 - 3 mm) que se agregam incluindo quantidade significativa

da fase aquosa da solução e em seguida estes agregados interagem entre si formando uma rede

de gel. Já as cadeias de inulina com DP inferior à 10 não formam estes cristais, pois ficam

dissolvidas na parte aquosa da solução, sem que haja agregação (CHIAVARO; VITTADINI;

Page 30: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

29

CORRADINI, 2007). O DP e a concentração da inulina, o tratamento térmico a qual ela é

submetida, a taxa de cisalhamento aplicada e a presença de cristais-semente interferem

diretamente na taxa de cristalização, no tamanho dos cristais e na firmeza do gel e isso explica

as variadas características de produtos adicionados de inulina. Além disso, outros ingredientes

adicionados juntamente com a inulina para a elaboração de um produto podem interferir no

comportamento do gel de inulina de diferentes formas, sendo que outros hidrocolóides

adicionados concomitantemente à inulina são os que mais interferem negativamente na sua

capacidade de formar gel, pois também têm afinidade com moléculas de água e competem entre

si.

Estudos sobre as características de diversos géis, em sua maioria, são realizados em

pequena escala, com materiais purificados e condições controladas. O controle do processo é

importante para que o experimento tenha reprodutibilidade, mas na indústria, muitas vezes, é

impossível controlar minuciosamente os fatores externos e a pureza da matéria-prima. Por isso,

fazem-se necessários estudos das propriedades reológicas de produtos lácteos em escala

industrial para esclarecer, na prática, qual a resposta do fenômeno de cristalização e gelificação

de diversos polissacarídeos (MEYER et al., 2011).

2.4 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS

O desenvolvimento de novos produtos (DNP) nas economias de mercado dinâmico

é essencial para a sobrevivência das empresas. Isso é de extrema importância para o ramo

alimentício, que frequentemente necessita lançar novos produtos no mercado para se manter a

frente da concorrência (WILLE et al., 2004).

Já é de popular conhecimento que os consumidores aumentam cada vez mais as

expectativas e exigências quanto à inovação de produtos, e com a grande variedade destes, a

fidelidade as marcas está diminuindo consideravelmente. Com isso, o ciclo de vida dos produtos

lançados tende a diminuir e as indústrias precisam desenvolver produtos cada vez mais atrativos

em um tempo menor, ou seja, aumentar a eficiência e eficácia (COLAURO; BEUREN;

ROCHA, 2004).

Pesquisas indicam que existem três tendências principais que influenciarão o

mercado de alimentos nos próximos anos: conveniência, saudabilidade e indulgência. A

indústria de alimentos já investe nessas características citadas. A possibilidade de sucesso no

desenvolvimento de novos produtos é relacionada à combinação de ao menos duas destas

Page 31: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

30

tendências num só produto (IKEDA; MORAES; MESQUITA, 2010). Entretanto, para garantir

o sucesso de um novo produto no mercado, não basta que ele tenha propriedades funcionais

atrativas. Além disso, o produto precisa ter aceitação sensorial dos consumidores e precisa

também ter boa capacidade de industrialização, podendo ser elaborado em larga escala para

atender a demanda do consumo.

Os alimentos funcionais têm sido incorporados cada vez mais como produtos na

indústria alimentícia. Novos produtos com apelo nutricional lançados no mercado atraem a

atenção do consumidor e têm a venda facilitada. Os alimentos que contêm fibras e fitoquímicos

são alguns dos mais requisitados pelos consumidores por seus benefícios fisiológicos, além

disso, estes alimentos atraem a indústria por suas características tecnológicas (CHANG, 2001).

O processo de DNP é visto como um conjunto de fases: fase de oportunidade, fase

de projeto, fase de testes e fase de introdução. Normalmente estas fases são desenvolvidas em

paralelo e não sequencialmente, visto que o prazo de DNP é quase sempre curto. De forma

geral, na fase de oportunidade são avaliadas as ideias globais e o fluxo de mercado e então uma

triagem é realizada. Na fase de projeto é fundamental avaliar com que tipo de produto a empresa

vai lidar, realizando estudos sobre matérias-primas, ingredientes, preços, viabilidade de

compra, capacidade de fornecimento, perecibilidade dos produtos, locais de distribuição, frete,

entre outros (JACOBSEN et al, 2014).

A qualidade tecnológica do produto deve ser avaliada na fase de projetos e testes.

Nesta etapa, profissionais devem dimensionar equipamentos, fazer orçamentos de plantas e

equipamentos, estudar o processamento dos produtos e testá-los para verificar características

como maquinabilidade, rendimentos, vida de prateleira, embalagens, entre outras. A aceitação

dos consumidores está relacionada a elaboração de um produto com qualidade superior,

portanto, este produto precisa de um diferencial. Várias pesquisas já enfatizaram a necessidade

de integrar a opinião do consumidor, focando na comunicação externa entre consumidores e

empresas. A opinião do consumidor não deve apenas ser adquirida, mas também divulgada e

aplicada dentro da empresa, e neste caso, é necessária uma boa comunicação interna da

empresa. Partindo do pressuposto que as comunicações externas e internas funcionem

perfeitamente, os meios de adquirir estas informações são altamente relevantes, pois não basta

que os resultados sejam comunicados, e sim que estes resultados sejam representativos,

confiáveis e úteis (JACOBSEN et al, 2014).

Existem profissionais e empresas especialistas em pesquisa de mercado, que em

geral, avaliam as preferências dos consumidores e estimam o potencial que determinado

produto tem de sucesso. Uma das ferramentas utilizadas nas fases finais ou fases de teste do

Page 32: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

31

desenvolvimento de novos produtos é a análise sensorial.

O mercado de produtos funcionais é muito promissor, mas apesar disto ainda

existem barreiras no desenvolvimento destes produtos. Os principais obstáculos estão em lançar

produtos radicalmente inovadores. Ao lançar um produto totalmente novo, geralmente ocorre

uma descontinuidade na linha de processamento tecnológico e na linha de marketing. Além

disso, fatores importantes para o sucesso do DNP de produtos funcionais são a relação

interindustrial e redes de pesquisa colaborativa orientada (KHAN et al., 2013).

Pesquisas são a base para o DNP e a fusão de agentes como indústrias,

universidades e centros de pesquisa privados e públicos podem agilizar o processo de DNP,

assim como simular resultados práticos, diminuindo o risco de insucesso, inviabilidade

financeira e tecnológica e resistência à aceitação pelos consumidores.

Quando pesquisas são fomentadas por órgãos públicos, o retorno esperado é que

estas tragam benefícios reais e aplicáveis à sociedade como um todo. No setor de produtos

alimentícios é fundamental que as pesquisas resultem em produtos com aplicabilidade

tecnológica. Portanto, estudar produtos inovadores com qualidades funcionais, analisar a

aceitação sensorial e testar a capacidade tecnológica de processamento é fundamental para gerir

adequadamente os recursos destinados à pesquisa e obter resultados úteis e aplicáveis.

Page 33: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

32

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar ricota cremosa enriquecida com proteínas de soja, com menor teor de

lipídeos e boa aceitação sensorial.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Elaborar ricota tradicional à base de proteínas de soro de leite e ricota tradicional mista

à base de proteínas de soro de leite com adição de proteínas de soja para atuarem como

base de formulação de ricota cremosa padrão e ricota cremosa mista.

Elaborar, a partir das ricotas tradicionais:

o Ricota cremosa padrão à base de proteínas de soro de leite (adicionada de creme

de leite em concentração padrão comercial);

o Ricota cremosa mista à base de proteínas do soro de leite e adição de proteínas

de soja, adicionada de creme de leite em concentração padrão comercial, para

comparar o efeito exclusivo da adição de soja;

o Ricotas cremosas mistas à base de proteínas do soro de leite e adição de proteínas

de soja, adicionada de 3 e 6 % de inulina, sem creme de leite, para avaliar os

efeitos da inulina versus os efeitos do creme de leite;

o Ricotas cremosas mistas à base de proteínas do soro de leite e adição de proteínas

de soja, adicionada de 3 e 6 % de inulina, com teor reduzido de creme de leite,

para avaliar os efeitos da inulina sinergicamente aos efeitos do creme de leite

em baixa concentração lipídica;

Avaliar, comparar e relacionar nas ricotas cremosas: atributos químicos, rendimento,

coloração, sinerese, propriedades reológicas e propriedades sensoriais.

Indicar formulações de ricota cremosa adicionadas de proteínas de soja e inulina que

apresentem boas propriedades físicas, químicas e sensoriais, possibilitando a

transferência de tecnologia para o setor industrial.

Page 34: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

33

4 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados nos laboratórios do setor de Engenharia de

Alimentos da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia,

Goiânia, Goiás.

4.1 MATERIAL

Para a produção das ricotas tradicionais padrão e mista e ricotas cremosas padrão e

mista foram utilizados soro de leite pasteurizado (proveniente da produção de queijo minas

frescal ou muçarela) e creme de leite (Itacolomy®, Goiás, Brasil), gentilmente cedidos pelo

laticínio Oscar Salgado; ácido lático 85 % (Vetec®, Rio de Janeiro, Brasil); grão de soja in

natura (Jasmine®, Paraná, Brasil); e inulina (Orafti® GR, Orafti, Tienen, Bélgica) com grau

de polimerização (DP) ≥ 10 e pureza de 90 %, gentilmente cedida pela Leite & Cia.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Testes preliminares

Para determinação da formulação ideal das ricotas cremosas foram realizados os

seguintes testes:

Determinação da quantidade de EHS a ser adicionado ao soro de leite para elaboração

de ricota tradicional mista:

Para o cálculo das quantidades de soro de leite e extrato hidrossolúvel de soja a

serem utilizadas na fabricação da ricota tradicional mista, foi analisado o nível proteico

(g.100 g-1) estimado pela determinação do nível de nitrogênio total (N x 6,38), segundo

Kjeldahl, método 991.20 (AOAC, 2006). O teor de proteínas do soro de leite foi de 0,8

g. 100 g-1 e do extrato hidrossolúvel de soja foi de 2,4 g.100 g-1.

O extrato hidrossolúvel de soja foi adicionado ao soro de leite para elaboração

das ricotas mistas. Os volumes utilizados como teste respeitaram as proporções

proteicas do extrato hidrossolúvel de soja e soro de leite, respectivamente, em 25:75

(g/g), 50:50 (g/g) e 75:25 (g/g). A proporção de 25:75 (g/g) (proteínas EHS/soro) foi

Page 35: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

34

selecionada por apresentar flavor característico de soja menos pronunciado. Ricotas

tradicionais, sem adição de extrato hidrossolúvel de soja, também foram produzidas

para formulação de ricota cremosa, utilizada como formulação padrão.

Determinação da quantidade de inulina a ser adicionada em ricota cremosas mista:

Para preparar o gel de inulina foram realizados testes com soluções de inulina em

água nas proporções de 1:1 (m/v), 1:2 (m/v) e 1:4 (m/v). Na primeira proporção, a

solução obtida foi muito viscosa e a inulina não se dissolveu por completo. Na segunda

proporção a inulina se dissolveu bem, mas ao formar o gel houve separação de fases.

Na terceira proporção a inulina também se dissolveu bem e também ocorreu separação

de fase. Optou-se então por utilizar solução de inulina antes da formação de gel, segundo

metodologia de Hennelly et al. (2006).

A proporção da solução de inulina escolhida foi 1:2 (m/v). Nesta proporção a

inulina se dissolveu bem e a quantidade de água foi menor se comparada à proporção

de 1:4 (m/v). O intuito da aplicação de inulina é que ela atue formando gel com a água

livre da ricota, substituindo algumas propriedades de textura do creme de leite, portanto,

quanto menor quantidade de água na solução, maior deve ser a efetividade da inulina na

formação de gel.

Para o preparo da solução, a inulina foi pesada e adicionada lentamente à água

destilada pré-aquecida a 60 °C, sob agitação constante em agitador magnético com

chapa aquecedora (Marconi, MA 085L, São Paulo, Brasil), por 5 minutos.

Determinação da quantidade de creme de leite a ser adicionado à ricota tradicional

padrão e mista para a elaboração das ricotas cremosas padrão e mista:

O teor de lipídeos do creme de leite foi determinado segundo metodologia de Bligh

e Dyer (1959), para possibilitar o cálculo da proporção do creme a ser adicionado nas

formulações das ricotas cremosas padrão e mistas. O teor encontrado foi de

aproximadamente 0,70 g. 100 g-1, e o creme de leite foi adicionado nas proporções

conforme Tabela 3.

Como não há legislação específica para o teor de lipídeos em ricota cremosa, as

proporções escolhidas foram baseadas no teor de lipídeos das ricotas cremosas e cremes

de ricota comerciais das marcas: Tirolez®, Canto de Minas®, Santa Clara®, Balkis®,

Quatá®, Regina®, Vittalati®, Polenghi®, Bella Vita® e Mondai®.

Page 36: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

35

4.2.2 Elaboração do extrato hidrossolúvel de soja

O extrato hidrossolúvel de soja (EHS) foi processado conforme Figura 2. A

metodologia de obtenção do EHS foi adaptada de Liu e Chang (2004).

Maceração dos grãos em água (14 h);

± 25 °C; 1:4 (p/v)

Drenagem e Enxágue

*Trituração dos grãos (3 min)

1:8 (p/v)

Filtração

Aquecimento 92 °C/10 min

Figura 2. Processo de obtenção do extrato hidrossolúvel de soja. *Triturador (Siemsen, L9825, Santa Catarina, Brasil).

4.2.3 Produção de ricota tradicional padrão e mista

A produção das ricotas tradicionais mista e padrão foi adaptada de Oliveira (2012),

conforme Figura 3.

*Soro de leite + EHS (11,3 % do

volume de soro de leite) a 25 °C

Aquecimento até

90 °C

Adição de ácido lático (1 mL/L)

Homogeneização da solução +

Repouso de 15 min

Coleta dos flocos/Enformagem

Viragem após 4 h

Dessora por 24 h a 4 °C

Figura 3. Processo elaboração de ricota tradicional padrão e ricota tradicional mista. *Na elaboração da ricota padrão foi utilizado somente soro de leite.

Page 37: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

36

4.2.4 Produção de ricota cremosa padrão e mista

As ricotas cremosas mistas (com proteínas de soro de leite e proteínas de soja) e

padrão (com proteínas de soro de leite) foram produzidas utilizando as ricotas tradicionais mista

e padrão, respectivamente, conforme proporções apresentadas na Tabela 3, adaptado de

Rinaldoni et al. (2014).

Tabela 3. Formulações das ricotas cremosas padrão e mistas

AMOSTRA INGREDIENTES PROPORÇÃO (g. 100 g-1)

P (Padrão) Queijo de ricota tradicional 90

Creme de leite (CL) 10

SJCL10 Queijo de ricota mista (SJ) 90

Creme de leite (CL) 10

SJIN3* Queijo de ricota mista (SJ) 91

Solução de Inulina (IN) 9*

SJIN6** Queijo de ricota mista (SJ) 82

Solução de Inulina (IN) 18

SJCL7IN3*

Queijo de ricota mista (SJ) 84

Creme de leite (CL) 7

Solução de Inulina (IN) 9

SJCL4IN6**

Queijo de ricota mista (SJ) 78

Creme de leite (CL) 4

Solução de Inulina (IN) 18 *3 refere-se à concentração de inulina pura no produto. **6 refere-se à concentração de inulina pura no produto.

Page 38: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

37

As etapas de produção das ricotas cremosas estão descritas na Figura 4.

P e SJCL10 SJIN3 e SJIN6 SJCL7IN3 e SJCL4IN6

Ricota tradicional padrão e

mista Ricota tradicional mista Ricota tradicional mista

↓ ↓ ↓

Adição de creme de leite Homogeneização em

processador* por 2 min Adição de creme de leite

↓ ↓ ↓

Homogeneização em

processador* por 2 min

Aquecimento a 60 °C em

banho-maria

Homogeneização em

processador* por 2 min

↓ ↓ ↓

Acondicionamento em

vidro estéril

Adição de solução de

inulina a 60°C

Aquecimento a 60 °C em

banho-maria

↓ ↓ ↓

Embalagem a vácuo*** Homogeneização em

liquidificador** por 2 min

Adição de solução de

inulina a 60°C

↓ ↓ ↓

Armazenamento a 4 °C Arrefecimento até ± 25 °C Homogeneização em

liquidificador** por 2 min

↓ ↓

Acondicionamento em vidro

estéril Arrefecimento até ± 25 °C

↓ ↓

Embalagem a vácuo*** Acondicionamento em

vidro estéril

↓ ↓

Armazenamento a 4 °C Embalagem a vácuo***

Armazenamento a 4 °C

Figura 4. Processo de produção de ricotas cremosas *Processador (Robot Coupe®, R 602 VV, Mississippi, EUA); **Liquidificador (Walita® Liqfaz

RI1764, Brasil); ***Embalado hermeticamente em sacos plásticos laminados, lacrados com selagem

a vácuo (SELOVAC, 200 B, São Paulo, Brasil).

P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e de soja com creme de

leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e de soja com inulina (3 %); SJIN6: Proteínas de soro e de soja

com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (7 %) e inulina (3 %);

SJCL4IN6: Proteínas de soro e soja com creme de leite (4 %) e inulina (6 %).

Page 39: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

38

4.2.5 Atributos químicos e Rendimento de ricotas cremosas

As análises dos atributos químicos e de rendimento foram realizadas em triplicata.

O teor de umidade (g.100 g-1) das ricotas cremosas padrão e mista foi analisado por gravimetria,

segundo método 926.08, AOAC (2006). As cinzas foram quantificadas após queima em mufla

a 550 °C/5h segundo método 935.42 da AOAC (2006). O teor de lipídeos (g.100 g-1) foi

determinado segundo metodologia de Bligh e Dyer (1959). O nível proteico (g.100 g-1) foi

estimado pela determinação do nível de nitrogênio total (N x 6,38), segundo Kjeldahl, método

991.20 (AOAC, 2006).

A análise do potencial hidrogeniônico (pH) foi realizada em potenciômetro de

bancada (Orion, 3-Star, Massachusetts, EUA) previamente calibrado com soluções tampão 4,0,

7,0 e 10,0 (Vetec®, Rio de Janeiro, Brasil). A Acidez titulável foi determinada por 0,1 M de

NaOH, expressos em ácido lático, segundo método 920.124 (AOAC, 2006).

O rendimento das ricotas cremosas foi calculado pela massa total da ricota cremosa

(RC) em relação ao volume de soro de leite ou mistura (soro de leite com extrato hidrossolúvel

de soja) (SR), adaptado de Heino, Uusi-Rauva e Outinen (2010) e Rinaldoni et al. (2014),

conforme Equação 1:

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑘𝑔. 100 𝐿−1) =𝑅𝐶 (𝑘𝑔)

𝑆𝑅 (𝐿) 𝑥 100 (𝐸𝑄𝑈𝐴ÇÃ𝑂 1)

4.2.6 Coloração de ricotas cremosas

A coloração dos queijos foi medida em colorímetro de bancada (HunterLab,

ColorQuest II, Virginia, EUA), fornecido com software Universal v 3.6 (Hunter Lab, EUA). O

equipamento foi calibrado com padrões preto, branco e cinza. Todas as amostras foram

analisadas em triplicata. Utilizou-se o sistema CIE (L*, a* e b*), no qual o valor L* é a variável

luminosidade com valor 100 para branco e 0 para preto e a* e b* são valores de cromaticidade

avermelhado (+) / esverdeado (-) e amarelado (+) / azulado (-), respectivamente. Os parâmetros

a* e b* combinados fornecem uma melhor indicação de coloração do que quando analisados

individualmente. O ângulo de hue (°h) indica a tonalidade e o índice de saturação Chroma (C*)

indica a intensidade. Ambos relacionam os valores de a* e b* e foram calculados segundo

Equação 2 e 3, respectivamente (WADHWANI; MCMAHON, 2012).

° ℎ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛𝑏∗

𝑎∗ (EQUAÇÃO 2)

𝐶∗ = √𝑎∗2 + 𝑏∗2 (EQUAÇÃO 3)

Page 40: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

39

4.2.7 Análises reológicas de ricotas cremosas em alta deformação

A textura das ricotas cremosas foi realizada por meio de um texturômetro (Stable

MicroSystems, Texture Analyser TA XTPlus, Surrey, Reino Unido). O texturômetro foi

calibrado com uma célula de carga de 5 kg. As amostras foram acondicionadas em potes de

acrílico com 50 mm de diâmetro numa altura de 30 mm com 1 dia de antecedência à análise de

textura. As amostras foram comprimidas por processo de extrusão com placa de alumínio (SMS

P/36R) de 36 mm de diâmetro, previamente lubrificada com vaselina líquida P.A. (Synth,

Brasil). A velocidade de pré-teste, teste e pós-teste foram, respectivamente, 2, 1 e 10 mm.s-1 e

a deformação final foi de 50 % em relação à altura inicial da amostra. Todas as análises foram

realizadas em quintuplicata.

Com intuito de eliminar o efeito da irregularidade da superfície de contato da

amostra com a sonda, mediu-se a força e a distância a partir de 0,05 N (trigger force). O gráfico

obtido da análise dos parâmetros de firmeza, consistência, adesividade e trabalho de adesão é

de formato senoidal, e tem na abscissa os valores de distância (m) e na ordenada os valores de

força (N), conforme figura 5. Os pontos do gráfico localizados na parte superior da abscissa são

referentes aos valores de firmeza e consistência. O maior ponto positivo entre a ordenada e

abscissa indica a força máxima que representa diretamente a firmeza da amostra. O resultado

da integral da área do início da curva até o ponto máximo positivo expressa o valor de

consistência da amostra. Analogamente, embora situados na parte inferior da abscissa, são

identificados a adesividade e o trabalho de adesão, sendo que a adesividade é o ponto máximo

da força negativa e o trabalho de adesão é o resultado do cálculo da integral da área do início

da curva até a força máxima negativa (RODRIGUES, 2011).

Figura 5. Gráfico da análise de textura para calcular parâmetros de firmeza, consistência,

adesividade e trabalho de adesão.

FIRMEZA

ADESIVIDADE-10

-5

0

5

10

15

20

-0.01 0.04 0.09 0.14Forç

a (

N)

Distância (m)

Page 41: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

40

4.2.8 Análises reológicas de ricotas cremosas em baixa deformação

As propriedades reológicas de baixa deformação foram realizadas em reômetro

(Physica, MCR 101, Ostfildern, Alemanha) utilizando força tangencial (cisalhamento) com

caráter oscilatório e foi utilizada uma geometria cone-placa (CP 50), com altura da amostra

(gap) de 1 mm. As análises foram realizadas em quintuplicata. A varredura de deformação foi

aplicada para estabelecer o intervalo linear, estimado entre 0,01 e 50 %. Em seguida foi

realizada varredura de tempo por 30 min, com deformação de 0,5 % e frequência de 1 Hz, numa

temperatura de 10 °C, escolhida para avaliar o comportamento estrutural da amostra que será

consumida sob refrigeração (armazenamento em geladeira).

Foi realizada varredura de frequência, variando de 0,1 a 100 Hz, por 20 minutos,

com deformação de 0,5 %, também a 10 °C. Em seguida, foi realizada varredura de temperatura

variando entre 10 e 30 °C para analisar o comportamento da amostra simulando o trânsito do

produto entre geladeira e mesa do consumidor (temperatura ambiente), utilizando frequência

de 1 Hz, deformação de 0,5 % por 40 minutos. Outra varredura de tempo foi realizada, fixado

em 30 minutos, com deformação de 0,5 % e frequência de 1 Hz a 30 °C, simulando a

permanência do produto em temperatura ambiente. Por fim, varredura de frequência (espetro

mecânico) foi realizada entre 0,1 e 100 Hz, com deformação de 0,5 %, por 20 minutos a 30 °C.

Os parâmetros utilizados obtidos da análise foram o módulo de armazenamento

(storage modulus) ou módulo elástico (G’); módulo de perda (loss modulus) ou módulo viscoso

(G”); temperatura (°C); tempo (s), frequência (Hz); e tangente de perda (tan δ) ou tangente de

Delta, que avalia a medida de amortecimento do material (G”/G’).

4.2.9 Sinerese de ricotas cremosas

A sinerese mede a quantidade de água exsudada pelo produto. As amostras foram

preparadas segundo método 33.7.02 da AOAC (2006). Foram centrifugadas por 20 min em

3300 rpm em centrífuga (Fanem Excelsa II, 206BL, São Paulo, Brasil) a 25 ± 3 °C, segundo

metodologia de Aichinger et al. (2003). As análises foram realizadas em triplicata. A Sinerese

(g.100 g-1) foi quantificada pela massa total da ricota cremosa ou ricota cremosa mista (RC) em

relação à massa do soro de leite ou mistura (soro de leite com extrato hidrossolúvel de soja)

liberada pela centrifugação (SR).

𝑆𝑖𝑛e𝑟𝑒𝑠𝑒 (𝑔. 100 𝑔−1) =𝑆𝑅 (𝑘𝑔)

𝑅𝐶 (𝑘𝑔) 𝑥 100 (EQUAÇÃO 4)

Page 42: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

41

4.2.10 Análise sensorial de ricotas cremosas

O projeto de análise sensorial foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa (CEP)

da Universidade Federal de Goiás, protocolo n° 132/13.

A seleção das amostras de ricota cremosa para a avaliação sensorial foi feita a partir

de dados estatísticos preliminares. Das seis formulações (P, SJCL10, SJIN3, SJIN6, SJCL7IN3

e SJCL4IN6) quatro foram selecionadas (P, SJCL10, SJIN3 e SJCL7IN3). As amostras SJIN6

e SJCL4IN6 foram excluídas porque não apresentaram diferença significativa (p > 0,05) em

nenhum parâmetro relacionado às características sensoriais (cor e textura) se comparadas às

amostras SJIN3 e SJCL7IN3, respectivamente. Utilizando o critério de custo de produção, as

amostras com menor teor de inulina foram escolhidas.

As ricotas cremosas foram elaboradas, refrigeradas e servidas no mesmo dia. A

análise sensorial foi realizada com amostras à temperatura de 10 ± 2 °C, em laboratório de

análise sensorial com iluminação uniforme, por um painel de 45 provadores, não treinados,

constituído de estudantes e colaboradores da Escola de Agronomia da Universidade Federal de

Goiás.

Os atributos avaliados na análise sensorial foram cor, aroma, espalhabilidade,

sabor, consistência e impressão global, respectivamente. Os termos relacionados à textura,

frequentemente geram dúvidas quanto as suas definições. As definições de espalhabilidade e

consistência foram previamente informadas aos provadores para eliminar possíveis erros de

interpretação. Espalhabilidade foi definida como a facilidade com que a amostra foi aplicada

ao longo de uma área. Pode-se dizer que a maior firmeza e elasticidade desfavorecem a

espalhabilidade e que a maior maciez e viscosidade a favorecem. Consistência foi definida

como a força aplicada entre a língua e o céu da boca, necessária para desintegrar a amostra.

Quanto maior a força, maior a consistência.

O objetivo foi avaliar o quanto o provador gostou ou desgostou das amostras

individualmente, por isso, o teste de aceitação sequencial foi aplicado. Para eliminar o erro do

efeito carryover (comparação com a última amostra avaliada) a apresentação sequencial foi

aleatorizada. É importante ressaltar que, em nenhum momento, os provadores foram

informados dos benefícios nutricionais associados à adição de proteínas de soja e isenção ou

redução de gordura com adição de carboidratos com efeito prebiótico, pois estas informações

poderiam influenciar na aceitação dos provadores.

As amostras foram acondicionadas em copos plásticos codificados com três dígitos

aleatórios. Elas foram servidas acompanhadas de bolacha “cream cracker”, espátula (para

espalhar a amostra na bolacha), fatia de maçã e um copo com água para limpar as papilas

Page 43: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

42

gustativas. No primeiro momento, o provador avaliou os atributos de cor, aroma e

espalhabilidade, sem provar cada amostra. Em sequência, os provadores provaram cada amostra

e avaliaram os atributos de sabor, consistência e impressão global. Todos os atributos foram

avaliados segundo a escala apresentada, escala hedônica de 7 pontos (7 = Gostei extremamente

até 1 = desgostei extremamente).

4.2.11 Análise estatística

Os tratamentos experimentais consistiram em delineamento inteiramente

casualizado (D.I.C.). O software ASSISTAT 7.7 foi utilizado no cálculo da análise de variância

(ANOVA), para determinar diferença significativa (p < 0,05) entre os parâmetros estudados e

para calcular a diferença entre as médias foi utilizado o teste de Tukey também ao nível de 95

% de confiança.

Page 44: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

43

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ATRIBUTOS QUÍMICOS E RENDIMENTO DE RICOTAS CREMOSAS

Os resultados da caracterização físico-química e de rendimento das ricotas

cremosas mistas e padrão são mostrados na Tabela 4. Em relação à umidade, nota-se que há

diferença significativa (p < 0,05) entre a amostra SJIN3 (sem creme de leite) e as demais

amostras que contém creme de leite (P, SJCL10, SJCL7IN3 e SJCL4IN6).

O teor de umidade na amostra SJIN3 foi maior (p < 0,05) que o das amostras

adicionadas de creme de leite. Isso, provavelmente, ocorreu porque nesta amostra foi necessária

a adição de água para elaborar a solução de inulina. Já a amostra SJIN6 não se diferenciou de

nenhuma amostra (p > 0,05) quanto ao teor de umidade. A umidade é a quantidade de água

presente ou disponível no alimento, sendo assim, a água parcialmente ligada aos polissacarídeos

por ligações de hidrogênio ou van der Waals pode não ser quantificada no teor de umidade

(DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).

As cadeias longas de inulina possivelmente formaram cristais que se agregaram

retendo parte da água e estes agregados interagiram entre si formando uma rede de gel. A

concentração da inulina é um dos principais fatores que interferem diretamente na taxa de

cristalização, no tamanho dos cristais e na firmeza do gel (CHIAVARO; VITTADINI;

CORRADINI, 2007). Portanto, é provável que a amostra SJIN3, que tem menor concentração

de inulina, tenha formado um gel mais fraco ou menor densidade da rede de gel, com isso, a

quantidade de água disponível foi maior e pôde ser detectada no teor de umidade. Já na amostra

SJIN6, com maior concentração de inulina, possivelmente houve maior formação de cristais o

que caracteriza um gel mais denso, portanto, o teor de umidade da mesma não se diferenciou

significativamente (p > 0,05) das demais amostras.

Fritzen-Freire et al. (2013) elaboraram ricota cremosa com 90 g.100 g-1 de manteiga

(com teor de lipídeos 80 g.100 g-1) e relataram teor de umidade de aproximadamente 77 g. 100

g -1, próximo aos valores do teor de umidade encontrados para as amostras P, SJIN3, SJCLIN6

e SJCL4IN6.

O teor de umidade não é limitado por legislação, no entanto, segundo Brasil (1996),

queijos com umidade não inferior a 55 % são classificados como queijos de muito alta umidade,

sendo assim, todas as amostras de ricota cremosa são classificadas como tal.

Page 45: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

44

Tabela 4. Atributos químicos e rendimento de ricotas cremosas.

Atributos P SJCL10 SJIN3 SJIN6 SJCL7IN3 SJCL4IN6

*Umidade 75,94 ± 1,14a 75,61 ± 1,27a 78,75 ± 1,19b 77,28 ± 0,06ab 75,66 ± 1,56a 75,51 ± 1,35a

*Cinzas 0,49 ± 0,07a 0,55 ± 0,05a 0,58 ± 0,02a 0,55 ± 0,00a 0,56 ± 0,01a 0,51 ± 0,02a

*Lipídeos 11,18 ± 3,79a 11,20 ± 3,40a 2,57 ± 1,03b 2,68 ± 0,87b 9,06 ± 1,36a 9,34 ± 2,92a

*Proteínas 11,29 ± 0,93a 11,40 ± 0,89a 11,47 ± 0,85a 10,29 ± 0,88a 10,51 ± 0,70a 9,78 ± 0,78a **Carboidratos 1,1 1,24 6,63 9,20 4,21 4,86

Acidez titulável 1,07 ± 0,01a 0,98 ± 0,02ab 0,76 ± 0,03 c 0,76 ± 0,05 c 0,99 ± 0,02a 0,89 ± 0,04b

pH 4,62 ± 0,09b 4,53 ± 0,12b 5,16 ± 0,27a 5,04 ± 0,62ab 4,76 ± 0,05ab 4,80 ± 0,21ab ***Rendimento 3,72 ± 0,63a 5,73 ± 0,26b 5,71 ± 0,23b 5,73 ± 0,27b 5,83 ± 0,41b 5,77 ± 0,31b

*Unidade: g.100 g-1; ** Carboidratos totais por diferença. *** Unidade: kg. 100 L-1.

P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e de soja com inulina (3 %); SJIN6:

Proteínas de soro e de soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (7 %) e inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e soja com creme

de leite (4 %) e inulina (6 %). Letras iguais na mesma linha correspondem à diferença não significativa (p > 0,05).

Page 46: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

45

Segundo Brasil (1998), produtos com teor de gorduras totais com até 3 g.100 g-1

(sólidos) são classificados como produtos com baixo teor de gorduras totais, portanto, as

amostras SJIN3 e SJIN6 podem ser assim classificadas.

Rinaldoni et al. (2014) e Fritzen-Freire et al. (2013) encontraram, respectivamente,

em queijo cremoso adicionado de proteínas de soja e creme de ricota com inulina, valores de

lipídeos (aproximadamente 12,5 g.100 g-1) próximos aos das amostras P, SJCL10, SJCLIN3 e

SJCLIN6 (aproximadamente 10 g.100 g-1). A diferença no teor de lipídeos se torna mais visível

quando as ricotas cremosas mistas são comparadas a outros tipos de queijos cremosos como

queijos de soja cremosos (entre 18 a 28 g. 100 g-1) (LI et al.,2013), cream cheese light (17 g.

100 g-1) e cream cheese (26 g. 100 g-1) (WESTERMANN et al., 2009).

O teor de proteínas foi constante em todas as amostras (p > 0,05), como era

esperado. Isso comprova que os cálculos prévios para o balanceamento do teor de proteínas do

soro de leite e do extrato hidrossolúvel de soja foram realizados com êxito. Segundo NEPA

(2006), o teor de proteínas médio de queijo de ricota comercial é 12,6 g. 100 g-1. Como as

formulações utilizaram como base a ricota tradicional e mista variando de 78 a 90 g. 100 g-1 de

proteína, era esperado que as ricotas cremosas padrão e mistas tivessem o teor de proteínas

ligeiramente menores do que a ricota tradicional, pois os ingredientes utilizados na formulação

(creme de leite e inulina) não são fonte de proteínas.

A adição de proteínas de soja não influenciou na acidez titulável das ricotas

cremosas P e SJCL10, provavelmente porque o creme de leite foi utilizado na mesma

concentração em ambos os casos. O creme de leite possui aproximadamente 1,7 g.100 g-1 de

ácido lático, portanto, era esperado que as amostras que contêm este ingrediente apresentassem

acidez titulável mais elevada do que as amostras isentas. Isto se confirma nas amostras SJIN3

e SJIN6, as quais apresentaram menor acidez titulável (p < 0,05) por não possuírem creme de

leite em suas formulações. A amostra SJCL7IN3 apresentou maior acidez quando comparada

às amostras formuladas sem creme de leite (SJIN3 e SJIN6) e à amostra SJCL4IN6 (com 4 %

de creme de leite), provavelmente, porque possui maior concentração de creme de leite em sua

formulação.

O ácido majoritário na ricota é o ácido lático e esse é um ácido fraco (pKa= 3,08),

por isso se encontrará pouco protonado em solução (ATKINS; JONES, 2012), o que se pode

observar pelo intervalo de pH ácido 5,16 a 4,53, mas não tão pronunciado quando observada a

alta concentração de ácido, de até 1 g por 100 g, no produto. Por ser um ácido fraco não é

possível fazer uma correlação direta entre o pH e a acidez titulável, portanto, o creme de leite

que provavelmente influenciou na acidez titulável da amostra, não interferiu no mesmo sentido

Page 47: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

46

nos valores do pH. Observou-se que o pH da amostra SJIN3 foi maior (p < 0,05) que o pH das

amostras P e SJCL10 (Tabela 4). Os ácidos fracos apresentam baixa dissociação e quando

dissociados dão origem a bases conjugadas, formando assim um sistema tampão. Existem

vários ingredientes nas formulações das ricotas cremosas estudadas e pode ser que no caso da

amostra SJIN3, por motivos relativos à sua formulação, o ácido lático tenha demorado mais

para se dissociar e menores quantidades de íons H3O+ tenham sido identificadas pelo

potenciômetro, o que não ocorreu nas demais amostras, pois não apresentaram diferença

significativa de valores de pH (p > 0,05).

O rendimento da amostra P foi menor que o das demais amostras (p < 0,05). Apesar

de a proporção das proteínas ser mantida em todas as formulações, a amostra P contém somente

proteínas do soro de leite, ao passo que todas as outras amostras contêm proteínas de soja. O

ponto isoelétrico das proteínas solúveis de soja é de aproximadamente 4,5 e o das proteínas do

soro de leite, que em sua maioria são β-lactoglobulinas é aproximadamente 5,2 (SGARBIERI,

2004; SORGENTINI; WAGNER, 2002). O pH final do soro da produção da ricota foi

quantificado em 4,8, então as proteínas da soja estavam mais próximas de seu ponto isoelétrico

do que as proteínas do soro de leite. Desta forma, a baixa repulsão eletrostática possibilitou

maior interação entre as proteínas, podendo formar ligações covalentes, principalmente nas

proteínas da soja, que apresentam sete e onze possibilidades de formação de ligações dissulfeto

e demais interações fracas de curto alcance, justificando sua maior agregação e, portanto, maior

rendimento (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).

5.2 COLORAÇÃO DE RICOTAS CREMOSAS

De maneira geral, todas as amostras tiveram resultados de luminosidade maiores

que 65, indicando tendência à coloração branca, natural de ricotas (Figura 6 - L*). Era esperado

que a adição de proteínas de soja diminuísse a luminosidade na amostra SJCL10 (Figura 6 -

L*(a)), pois a luminosidade em tofu, elaborado exclusivamente à base de proteínas de soja é,

geralmente, menor do que a luminosidade em queijos a base de proteína do leite e do soro de

leite (JURIC et al., 2003; LI et al., 2013). No entanto, a adição de proteínas de soja não alterou

a luminosidade da ricota cremosa (p > 0,05). O creme de leite, que foi adicionado na mesma

quantidade nas amostras P e SJCL10, provavelmente, teve maior influência no valor da

luminosidade, indicando que as proteínas de soja não interferiram no valor deste parâmetro.

Page 48: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

47

aa a

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

aa

a

SJCL10 SJIN3 SJIN6

b

a

70

74

78

82

86

P SJCL10

a a a

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

a

b b

SJCL10 SJIN3 SJIN6

b

a

5

6

7

8

P SJCL10

ab

ab

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

a

b b

SJCL10 SJIN3 SJIN6

aa

60

65

70

P SJCL10

Figura 6. Comparação entre a luminosidade (L*), intensidade da cor (C*) e tonalidade (h°) das

ricotas cremosas. (a) Efeito adição de proteínas de soja; (b) Efeito substituição total de gordura por inulina; (c) Efeito

substituição parcial de gordura por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10:

Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %);

SJIN6: Proteínas de soro e soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de

leite (7 %) e inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e soja com creme de leite (4 %) e inulina (6

%). Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

Com a substituição parcial e total de gordura por inulina pode-se observar uma

tendência de menor valor de luminosidade (p < 0,05) (Figura 6 - L*(b) e L*(c)). Isso ocorreu,

possivelmente, pela maior quantidade de água presente nestas amostras, uma vez que para

elaborar a solução de inulina, foi necessária a adição de água, portanto, a frequência do meio

pode ter sofrido alteração, com consequente mudança no índice de refração.

(a) (b) (c)

L*

C*

Page 49: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

48

Os valores de intensidade da cor, também conhecido por índice de saturação

Chroma, em geral, foram baixos, indicando uma intensidade de cor esmaecida (Figura 6 - C*).

Comparando as amostras P e SJCL10 (Figura 6 - C*(a)) nota-se que a adição de proteínas de

soja aumentou a intensidade da cor (p < 0,05). Rinaldoni et al. (2014) também encontraram

valores de C* maiores para a amostra com proteínas de soja (13,33 ±0,2) e menores para

amostras sem proteínas de soja (média de 12,9 ± 0,14). A substituição total do creme de leite

por inulina (SJIN3 e SJIN6) resultou em amostra com intensidade da cor reduzida (p < 0,05),

provavelmente pela maior presença de água e maior translucidez do gel de inulina (Figura 6 -

C*(b)). Já ao substituir parcialmente o creme de leite por inulina, a amostra SJCL7IN3

apresentou intensidade inferior que a SJCL10, pois formou rede de gel mais fraca, que não

aprisionou a água tanto quanto a amostra com SJCL4IN3, que não se diferenciou da amostra

SJCL10 (p > 0,05) (Figura 6 - C*(c)).

A adição de proteínas de soja causou variação da tonalidade da cor entre as amostras

(p < 0,05) (Figura 6 - h°). O valor de tonalidade da amostra P foi em torno de 73 ° (Figura 6 -

h°(a)), indicando tonalidade amarelo-alaranjada e das demais amostras osvalores médios foram

em torno de 82 °, indicando uma tonalidade amarelada. A substituição total e parcial de creme

de leite por inulina não influenciou na tonalidade da cor das amostras (p > 0,05) (Figura 6 -

h°(b) e h°(c)).

5.3 REOLOGIA DE RICOTAS CREMOSAS EM ALTA DEFORMAÇÃO

Análises reológicas em alta deformação determinam as propriedades reológicas de

produtos, que acontecem fora do intervalo linear, sendo assim, caracterizam a região não linear

e as propriedades de ruptura dos materiais (alterações irreversíveis) (BROWN et al., 2003).

Maiores valores de firmeza implicam em uma maior força necessária para a sonda

extrusar a amostra, nesse sentido, um fluido com maior densidade de ligações (forte rede de

gel) apresenta maior resistência à deformação causada pela sonda. A diferença significativa

entre os parâmetros de firmeza pode ser explicada pelas diferentes interações entre os

polímeros, variando a intensidade das interações para formação da rede do gel.

Comparando a amostra P com SJCL10 observa-se que a adição de proteínas de soja

aumentou a firmeza (Figura 7 – I (a)), provavelmente, porque as proteínas da soja formam

ligações químicas entre elas, originando uma rede de gel mais rígida (FUKUSHIMA, 2004).

Ao substituir totalmente o creme de leite por 3 % de inulina observou-se que a

Page 50: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

49

firmeza aumentou com a ausência de gordura (p < 0,05) (Figura 7 – I (b)). Queijos com gordura

adicionada têm menor firmeza, pois a gordura enfraquece a rede tridimensional das proteínas.

Kaminarides, Nestoratos e Massouras (2013) observaram que a adição de creme acarreta

queijos com firmeza reduzida. Comparando a amostra SJCL10 com a amostra SJIN3, observa-

se que a firmeza aumentou, o que não ocorreu comparando as amostras SJCL10 e SJIN6 e

SJIN3 e SJIN6 (Figura 7 – I (b)). A Maior concentração de inulina pode ter enfraquecido a rede

do gel, ou pela saturação dos sítios de interação ou pela formação de regiões ricas em géis de

inulina, mas separadas, que ocasionam a heterogeneidade da rede do gel.

Comparando a amostra SJCL10 com as amostras SJCL7IN3 e SJCL4IN6 (Figura 7

– I (c)), não foi observada variação no comportamento da firmeza, sendo assim, o creme de

leite, mesmo com a adição de inulina, manteve a tendência de maciez nas amostras SJCL7IN3

e SJCL4IN6. Além disso, pode-se inferir que a diversidade de biopolímeros (proteínas com

polissacarídeos e lipídeos) pode ocasionar uma competição de interações ou, até mesmo,

incompatibilidade termodinâmica entre eles, enfraquecendo a rede do gel.

A consistência é calculada pelo resultado da integral da área do gráfico de textura

do início da curva de aplicação de força (distância 0 m) até o ponto máximo positivo da área

(distância de força máxima), conforme apresentado no item 4.2.7 de Material e Métodos.

A consistência é um indicativo de interações mais elásticas, desse modo, quanto

maior a consistência, maior a força e a deformação necessárias para a extrusão da amostra

durante a penetração da sonda. O comportamento da consistência das amostras foi muito

próximo ao da firmeza (Figura 7 - I e II). Este resultado era esperado, pois ambos os parâmetros,

firmeza e consistência, estão relacionados com a rigidez ou maciez da amostra.

A adesividade é obtida a partir da região negativa do gráfico de textura e é avaliada

durante o retorno da sonda, após a penetração da amostra. Ela pode ser relacionada com análise

sensorial como a força necessária para desprender a amostra dos dentes ou desprender a amostra

de um espátula, por exemplo.

A adesividade indica a capacidade de adesão da amostra à sonda, tanto pelo peso

da amostra aderida à sonda durante seu retorno, quanto pela consistência/resistência ao

descolamento da sonda. Já o trabalho de adesão, além da força de adesão, relaciona a capacidade

de deformação da amostra até que ocorra o descolamento da sonda. Na figura 7 – IIIa e c e IVa

e c, observa-se que a adição de proteínas de soja, assim como a substitituição de creme de leite

por inulina, não infuenciaram na adesividade e trabalho de adesão. Já na Figura IIIb e IVb, as

amostras que sofreram substituição total de creme de leite por inulina (SJIN3 e SJIN6)

evidenciaram tendência clara de aumento no valor medio destes dois parâmentros.

Page 51: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

50

b

a

0

5

10

15

20

P SJCL10

b

aab

SJCL10 SJIN3 SJIN6

aa a

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

b

a

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

P SJCL10

b

a

b

SJCL10 SJIN3 SJIN6

a

aa

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

a

a

-10

-5

0

P SJCL10

b

a a

SJCL10 SJIN3 SJIN6

a

a a

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

a

a

-0.10

-0.05

0.00

P SJCL10

b

ab a

SJCL10 SJIN3 SJIN6

a

aa

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

Figura 7. Comparação entre a firmeza (I), consistência (II), adesividade (III) e trabalho de

adesão (IV) das ricotas cremosas. (a) Efeito adição de proteínas de soja; (b) Efeito substituição total de gordura por inulina; (c) Efeito

substituição parcial de gordura por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10:

Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3

%); SJIN6: Proteínas de soro e soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com

creme de leite (7 %) e inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e soja com creme de leite (4 %)

e inulina (6 %). Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

(a) (b) (c) F

irm

eza (

N)

I C

on

sist

ênci

a (

J)

II

Ad

esiv

idad

e (N

)

III

T

rab

alh

o d

e ad

esão (

J) IV

Page 52: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

51

A inulina é um biopolímero com característica higroscópica o que influencia na

formação de sua rede do gel. Segundo El-Nagar et al. (2002), a inulina age como um

estabilizante por possuir capacidade de ligar água, promovendo a formação de uma rede mais

coesa e um gel mais estável. O aumento da adesividade pode ser relacionado à formação de um

gel mais viscoso.

O comportamento do trabalho de adesão para as amostras de ricota foi análogo ao

comportamento da adesividade (Figura 7 – IV (a, c)), com excessão da avaliação da substiuição

total do creme de leite por inulina (Figura 7 – IV (b)). A amostra SJIN6 apresentou maior

trabalho de adesão se comparada à amostra SJCL10 (p < 0,05).

5.4 REOLOGIA DE RICOTAS CREMOSAS EM BAIXA DEFORMAÇÃO

As análises dinâmicas de reologia em baixa deformação não utilizam métodos

destrutivos, são conduzidas no intervalo linear viscoelástico (no qual ocorrem alterações

reversíveis) e determinam a natureza viscosa e elástica de produtos (BROWN et al., 2003).

Os parâmentros analisados G’ (módulo elástico), G” (módulo viscoso) e a relação

entre eles (tanδ = G”/G’) determinam o comportamento viscoso e elástico dos produtos

(RINALDONI et al., 2014). Estas análises foram efetuadas para avaliação do comportamento

de estabilidade e caracterização microestrutural das amostras sob variação de temperatura.

De modo geral, todas as amostras apresentaram valores de tanδ inferiores a 1

(Figura 8 - I, II e Figura 10). Como tanδ é a razão de G” (módulo viscoso) por G’ (módulo

elástico), valores menores do que 1 podem ser interpretados como a tendência a um

comportamento elástico e, neste caso, a redução de tanδ pode ser interpretada como aumento

do comportamento elástico.

A varredura de tempo realizada a temperatura de 10 °C possibilitou a obtenção dos

dados do produto simulando a temperatura de refrigeração (amostras na geladeira). Analisando

a Figura 8 – I, pode-se observar que ocorreu uma leve diminuição no valor de tanδ ao longo do

tempo, em todas as amostras, e portanto, aumento do comportamento elástico.

A adição proteínas de soja (SJCL10) resultou em uma amostra menos elástica, se

comparada a amostra com proteínas exclusivas de soro de leite (P) (Figura 8 – I (a)).

Era esperado que a amostra SJCL10 formasse uma rede de gel mais elástica por

possuir proteínas de soja, e por conseguinte tivesse um tanδ menor que o da amostra P. As

frações 11S e 7S das proteínas da soja, sob aquecimento, tendem a interagir entre si, formando

Page 53: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

52

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

SJCL10 SJIN3 SJIN6

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

uma rede de gel, e este gel é caracterizado como elástico e relativamente forte. A intensidade

na formação da rede de gel é possibilitada pela presença de ligações dissulfeto (covalentes)

entre as proteínas da soja. O comportamento observado antagônico ao esperado pode estar

relacionado com a presença das proteínas do soro de leite na amostra SJCL10. As proteínas do

soro podem ter influenciado na alteração das preferências das ligações dissulfeto e podem ter

favorecido interações por ligações físicas, como eletrostáticas, hidrofóbicas e de hidrogênio,

que são ligações mais fracas que as covalentes, o que resultou na formação de um gel misto

menos elástico.

(a) (b) (c)

I

ta

(G

"/G

')

ta

(G

"/G

')

II

Figura 8. Varredura isotérmica a 10 °C das ricotas cremosas (I), Varredura isotérmica a 30 °C

das ricotas cremosas (II). (a) Adição de proteínas de soja; (b) Substituição total de creme de leite por inulina; e (c) Substituição

parcial de creme de leite por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite; SJCL10: Proteínas de soro

e de soja com creme de leite (10%); SJIN3: Proteínas de soro e de soja com inulina (3 %); SJIN6: Proteínas

de soro e de soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (7 %) e

inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (4 %) e inulina (6 %).

Analisando a substituição total de gordura por inulina (Figura 8 – I (b)) pode-se

observar que a amostra SJCL10, que contém creme de leite, apresentou comportamento menos

elástico do que as amostras SJIN3, SJIN6, isentas de creme de leite e adicionadas de inulina. A

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

P SJCL10

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

SJCL10 SJIN3 SJIN6

0.18

0.20

0.22

0.24

0 1000 2000

tempo (s)

P SJCL10

Page 54: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

53

inulina é um carboidrato solúvel e possui característica de formação de gel, nesse sentido, pode

ser que a maior elasticidade notada nas amostras que contém inulina tenha sido em virtude da

formação de uma rede de gel mais estável. Além disso, a interação da inulina com a água,

diminui a disponibilidade desta para a hidratação das proteínas, o que poderia induzir a maior

intensidade de interações intra e intermoleculares entre as proteínas presente no produto. G’ é

uma medida de elasticidade e pode ser relacionada com a força do gel (AICHINGER, 2003). A

maior firmeza instrumental apresentada pelas amostras SJIN3 e SJIN6 (Figura 7 – I(b)), pode

estar relacionada a maior elasticidade (G’) das amostras supracitadas, pois elasticidade elevada

evidencia uma estrutura molecular mais densa e solidificação na matriz estrutural dos queijos,

seja em função da matriz proteica, quantidade de água retida, presença e quantidade de

hidrocolóides ou gordura (BURITI; CASTRO; SAAD, 2010; HENNELLY et al. 2006;

KEALY, 2006; KOCA; METING, 2004; LI et al., 2013; ROMEIH et al., 2002; RUDAN et

al.1999; TÁRREGA; COSTELL, 2006).

O comportamento da substituição parcial de creme de leite por inulina pode ser

observado na Figura 8 – I (c). Maior teor de creme de leite (SJCL10) resulta em menor

elasticidade. Os lipídeos presentes em queijos enfraquecem a estrutura das proteínas,

ocasionando maior maciez. Estes lipídeos podem ter interferido na rede de géis da proteínas,

tornando-os menos elásticos (KAMINARIDES; NESTORATOS; MASSOURAS, 2013). Este

comportamento é confirmado comparando a substituição total (SJIN3 e SJIN6) com a

substituição parcial de creme de leite por inulina (SJCL7IN3 e SJCL4IN6), quando a

elasticidade é menor na presença de creme de leite.

Nas Figuras 8 – II (a-c) estão demonstrados os valores de tanδ na temperatura de

30 °C, simulando o comportamento da estabilidade da amostra em temperatura próxima a

ambiente, ou seja, na mesa do consumidor. Em relação ao comportamento da elasticidade entre

as amostras quanto à adição parcial de proteínas de soja e substituição parcial e total de gordura

por inulina, os resultados analisados em temperatura de 30 °C foram análogos aos valores

encontrados para tanδ, a 10 °C. As diferenças notadas comparando as duas varreduras de tempo

foram os valores de tanδ levemente menores e a maior constância de tanδ ao longo do tempo

para a varredura de tempo a 30 °C para todas as amostras (Figura 8 – II (a-c)). Com a aplicação

de tensão cisalhante em deformação reversível ocorre uma tendência de organização da

microestrutura em virtude do favorecimento de novas interações entre as moléculas, com isso,

as amostras tendem à reordenação da rede de gel em busca de estabilidade e isso explica a leve

diminuição nos valores de tanδ e a maior constância de tanδ ao longo do tempo.

A varredura de frequência realizada sob temperatura de 10 °C foi realizada com

Page 55: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

54

o objetivo de avaliar o espectro mecânico das amostras sob refrigeração. Este tipo de varredura

pode ser utilizada para caracterizar uma dispersão (Figura 9 - I). Segundo Chamberlain e Rao

(2000) e Steffe (1996), uma solução diluída apresenta G” (módulo viscoso) sempre maior que

G’ (módulo elástico) em todo intervalo de frequência, com aproximação dos módulos em

frequências mais altas e em soluções concentradas existe o cruzamento das curvas de G’ e de

G”, indicando clara tendência ao comportamento sólido em altas frequências. Géis fracos ou

físicos são dependentes da frequência e apresentam-se paralelos ao longo da frequência e a

razão entre G’ e G” é menor que 10. Nestes géis predominam ligações fracas ou físicas como

as de van der Waals, dipolo-dipolo, hidrofóbicas, hidrofílicas e de hidrogênio. Já em géis fortes

ou covalentes, os módulos dinâmicos são independentes da frequência e a razão G’/G” é

superior a 10. Assim como os resultados encontrados por Takeuchi (2008) para géis de

proteínas do soro e κ-carragena a 10 ºC, todas as amostras analisada tiveram G’ maior que G”,

a razão G’/G” sempre menor que 10 e G’ e G” variaram levemente com a frequência

caracterizando todas as amostras como géis fracos.

O comportamento do espectro mecânico (varredura de frequência) realizado na

temperatura de 10 °C (Figura 9 - I) foi análogo ao observado a 30 °C (Figura 9 - II). Todavia,

a 30 °C observou-se uma menor viscoelasticidade em todas as amostras, ou seja, menores

valores de G’ e G” que os observados a 10 °C. Este comportamento era esperado, pois o

aumento da temperatura aumenta a energia interna das moléculas e enfraquece as interações

entre os componentes resultando em um gel mais amolecido (soften). Ainda comparando o

espectro mecânico das amostras entre 10 e 30 °C, com a adição de proteínas de soja a 10 °C

(Figura 9 - I (a)), nota-se que a amostra P apresentou G’ e G” sutilmente menores do que na

amostra SJCL10 e esta situação se inverte a 30 °C (Figura 9 – II (a)). Sendo assim, pode ser

que o aumento da temperatura diminua menos o caráter elástico na presença de proteínas

exclusivas do soro quando comparado ao comportamento elástico destas proteínas em conjunto

com as proteínas da soja.

Em relação à varredura de frequência a 10 °C, analisando o efeito da substituição

total de creme de leite por inulina (Figura 9 – I (b)), nota-se que os valores de G’ e G” foram

praticamente os mesmos para as amostras SJCL10 e SJIN3 e menores para a amostra SJIN6.

Com o aumento da temperatura para 30 °C (Figura 9 – II (b)) observou-se que os valores de G’

e G” da amostra SJIN6 foram maiores que o das demais, e isso pode estar relacionado com a

tendência da amostra com maior concentração de inulina se manter mais estável que as demais

com aumento de temperatura.

Page 56: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

55

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

P - G' P - G"

SJCL10 - G' SJCL10 - G"

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

SJCL10 - G' SJCL10 - G"SJIN3 - G' SJIN3 - G"SJIN6 - G' SJIN6 - G"

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

SJCL10 - G' SJCL10 - G"SLCL7IN3 G' SJCL7IN3 G"SJCL4IN6 G' SJCL4IN6 G"

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

P - G' P - G"

SJCL10 - G' SJCL10 - G"

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

SJCL10 - G' SJCL10 - G"SJIN3 - G' SJIN3 - G"SLIN6 - G' SJIN6 - G"

1

10

100

0.1 1 10 100 (Hz)

SJCL10 - G' SJCL10 - G"SJCL7IN3 - G' SJCL7IN3 - G"SJCL4IN6 - G' SJCL4IN6 - G"

(a) (b) (c)

G';

G"

(k

Pa)

I

G';

G"

(k

Pa)

II

Figura 9. Espectros mecânicos das ricotas cremosas nas temperaturas de 10 °C (I), Espectros

mecânicos das ricotas cremosas nas temperaturas de 30 °C (II). (a) Adição de proteínas de soja; (b) Substituição total de creme de leite por inulina; e (c) Substituição

parcial de creme de leite por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite; SJCL10: Proteínas de soro

e de soja com creme de leite (10%); SJIN3: Proteínas de soro e de soja com inulina (3 %); SJIN6: Proteínas

de soro e de soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (7 %) e

inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (4 %) e inulina (6 %).

Na substituição parcial de creme de leite por inulina, para a varredura de frequência

a 10 °C (Figura 9 – I (c)), foram encontrados maiores valores de G’ (caráter elástico) e G”

(caráter viscoso) para a amostra com maior concentração de creme de leite (SJCL10) quando

comparados aos valores encontrados nas demais amostras. No entanto, na varredura de

frequência a 30 °C os valores de G’ e G” encontrados na amostra SJCL10 foram semelhantes

aos encontrados nas demais amostras (Figura 9 – II (c)), isso pode estar relacionado ao ponto

de fusão das gorduras presentes no creme de leite. Em temperaturas mais baixas, o creme de

leite, com alta concentração de lipídeos, tem característica de semissólido e, presente em maior

quantidade na amostra SJCL10, pode influenciar mais nas características físicas. Já em

temperaturas mais elevadas ele tende a fluir, o que explica a semelhança no comportamento

viscoelástico entre as amostras SJCL10, SJCL7IN3 e SJCL4IN6 a 30 °C.

A varredura de temperatura com aquecimento de 10 a 30 °C objetivou simular o

comportamento das amostras na transição entre a temperatura de refrigeração (produto na

Page 57: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

56

0.18

0.20

0.22

0.24

10 20 30

temperatura (ºC)

P SJCL10

0.18

0.20

0.22

0.24

10 20 30

temperatura (°C)

SJCL10 SJIN3 SJIN6

0.18

0.20

0.22

0.24

10 20 30

temperatura (°C)

SJCL10 SJCL7IN3 SJCL4IN6

geladeira) e temperatura ambiente (30 °C – produto na mesa do consumidor), como a separação

de fase (sinerese) e consequente redução da estabilidade microestrutural das amostras.

(a) (b) (c)

tan

δ (

G"

/G')

Figura 10. Comportamento viscoelástico das ricotas cremosas durante a varredura de

aquecimento de 10 a 30 °C. (a) Adição de proteínas de soja; (b) Substituição total de creme de leite por inulina; e (c) Substituição

parcial de creme de leite por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite; SJCL10: Proteínas de soro

e de soja com creme de leite (10%); SJIN3: Proteínas de soro e de soja com inulina (3 %); SJIN6: Proteínas

de soro e de soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (7 %) e

inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e de soja com creme de leite (4 %) e inulina (6 %).

Na varredura de temperatura de 10 a 30 °C pode-se observar que o tanδ sofreu leve

aumento em todas as amostras (Figura 10). O aumento de tanδ com a elevação da temperatura

pode estar relacionado com o aumento da energia interna das partículas das amostras, o que

favorece um comportamento viscoso ou desfavorece um comportamento elástico.

Quanto ao efeito das proteínas de soja (Figura 10 (a)), nota-se que a amostra

SJCL10 apresenta menor comportamento elástico do que a amostra P, provavelmente pela

interferência das proteínas de soro de leite na formação da rede elástica das proteínas da soja.

Na substituição total de creme de leite por inulina (Figura 10 (b)), a amostra com maior teor de

inulina (SJIN6) demonstrou maior comportamento elástico, seguida da amostra SJIN3 e

SJCL10. A inulina em maiores concentrações diminui a disponibilidade de água (hidratação)

das proteínas, podendo induzir a maior intensidade de interações intra e intermoleculares entre

as proteínas presentes, reduzindo a elasticidade do produto. Comportamento semelhante ocorre

na substituição parcial de creme de leite por inulina (Figura 10 (c)). Assim, o creme de leite

interfere na estabilidade das amostras sob variação de tempertaura de 10 a 30 °C.

Page 58: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

57

b

a

0

5

10

15

20

P SJCL10

b

a b

SJCL10 SJIN3 SJIN6

c

a

b

SJCL10 SJCL7IN3

5.5 SINERESE DE RICOTAS CREMOSAS

A sinerese foi basicamente mensurada pela quantidade de água que se desprendeu

do complexo de macromoléculas sob aplicação de força centrífuga. Esta quantidade de água

pode ser relacionada com o gel proteico, ou seja, quanto maior a força do gel, menor a

quantidade de água dele desprendida. Além de estar relacionada também com a quantidade de

água contida nas amostras. Se for fixada a quantidade de compostos da formulação capazes de

formar redes de gel, é esperado que quanto maior a quantidade de água presente na amostra,

maior a quantidade de água exsudada sob força centrífuga, considerando que a rede de gel tem

um limite máximo de capacidade de reter água.

Analisando o efeito da substituição parcial de proteínas de soro de leite por

proteínas de soja (Figura 11 (a)) pode-se observar que a amostra SJCL10, com proteínas de

soro de leite e proteínas de soja, apresentou maior sinerese (p < 0,05) do que a amostra P, com

proteínas exclusivas de soro.

Figura 11. Comparação entre a sinerese das ricotas cremosas. (a) Efeito adição de proteínas de soja; (b) Efeito substituição total de gordura por inulina; (c) Efeito

substituição parcial de gordura por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10:

Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3

%); SJIN6: Proteínas de soro e soja com inulina (6 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com

creme de leite (7 %) e inulina (3 %); SJCL4IN6: Proteínas de soro e soja com creme de leite (4 %)

e inulina (6 %). Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

As frações 11S e 7S das proteínas da soja, sob aquecimento, tendem a interagirem

entre si, formando uma rede de gel, que é caracterizado como um gel elástico e relativamente

forte. Com o aquecimento, as cadeias polipeptídicas das moléculas de proteína são desdobradas

e com isso, seus resíduos de aminoácidos laterais, que estavam isolados, são expostos na

superfície. Isso ocasiona as interações interproteicas por meio de ligações dissulfeto,

eletrostáticas e de hidrogênio (FUKUSHIMA, 2004; REN et.al, 2009b).

(a) (b) (c)

Sin

eres

e (%

)

Page 59: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

58

Era esperado, portanto, que a adição de proteínas de soja aumentasse a força do gel

proteico na amostra SJCL10 e a sinerese fosse menor do que na amostra P (Figura 11 (a)).

A maior sinerese observada na amostra SJCL10 leva a crer que houve uma alteração

nas ligações entre as proteínas de soja. Esta alteração nas ligações pode estar relacionada com

a presença de outros tipos de proteínas, neste caso, as proteínas do soro de leite. É possível que

um menor número de interações dissulfeto (covalentes) tenha se formado entre as proteínas e

como consequência obteve-se um gel mais fraco e menos estável na amostra SJCL10, e assim

uma maior sinerese. Os resultados obtidos na análise reológica em baixa deformação (Figura 8

(I e II) corroboram com este resultado, pois a amostra P foi caracterizada com a tendência de

comportamento mais elástico do que a amostra SJCL10.

Analisando o efeito da substituição total de creme de leite por inulina, observa-se

que a amostra SJIN3 teve maior sinerese (Figura 11 (b)). No momento do preparo da solução

de inulina, foi necessária a adição de água. Na amostra SJIN3, a concentração de inulina pode

ter sido insuficiente para desenvolver propriedades gelificantes, o que, provavelmente não

ocorreu na amostra SJIN6 com maior concentração de inulina e maior capacidade de formação

de gel, então no momento da centrifugação, a água excedente (não ligada) exsudou.

Na substituição parcial de creme de leite por inulina ocorreu comportamento

semelhante (Figura 11 (c)). Comparando as amostras SJCL7IN3 e SJCL4IN6, a primeira teve

maior sinerese (p < 0,05), possivelmente, porque a concentração de inulina não foi suficiente

para formar uma rede de gel estável. Na segunda amostra (SJCL4IN6) a sinerese foi menor (p

< 0,05) por conter maior concentração de inulina. Comparando as amostras SJCL7IN3 e

SJCL4IN6 com a SJCL10, nota-se que as amostras com inulina apresentaram maior sinerese (p

< 0,05) e este comportamento pode ser em virtude da adição de maior quantidade de água

necessária para elaboração do gel de inulina e maior umidade (Tabela 4).

É importante ressaltar que a análise de sinerese foi realizada em centrifugação a alta

rotação, e que em situações convencionais de manipulação e transporte de produtos

industrializados normalmente não ocorrem interferências mecânicas com tamanha intensidade.

5.6 ATRIBUTOS SENSORIAIS DE RICOTAS CREMOSAS

De maneira geral, a média de aceitação de todos os atributos foi em torno de 5

(gostei ligeiramente), numa escala de 7 pontos, o que indica que as amostras tiveram aceitação.

Dos 45 provadores, 5 % tinham menos de 18 anos, 27 % tinham entre 18 e 25 anos,

Page 60: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

59

a a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

ab

SJCL10 SJIN3

a a

SJCL10 SJCL7IN3

a a

SJCL10 SJCL7IN3

ab

SJCL10 SJIN3

a a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

a a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

ab

SJCL10 SJIN3

b a

SJCL10 SJCL7IN3

20 % tinham entre 26 e 35 anos, 24% tinham entre 36 e 50 anos e 24 % tinham mais de 51 anos.

Analisando o efeito da adição de proteínas de soja na ricota cremosa (Figuras 12 e

13 (a)) observou-se que não houve diferença entre as médias de aceitação sensorial (p > 0,05)

quanto aos atributos de cor, aroma, espalhabilidade, consistência e impressão global. A

aceitação do atributo sabor da amostra SJCL10 foi maior que o da amostra P (p < 0,05). Nesse

sentido, o sabor relacionado à adição de proteínas de soja foi bem aceito pelos provadores.

Esp

alh

ab

ilid

ad

e

Figura 12. Atributos análise sensorial antes da degustação da amostra. (a) Efeito adição de proteínas de soja; (b) Efeito substituição total de gordura por inulina; (c) Efeito

substituição parcial de gordura por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite (10%); SJCL10:

Proteínas de soro e soja com creme de leite (10%); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3

%); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %) e inulina (3 %).

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (P < 0,05).

(a) (b) (c)

Cor

Aro

ma

Page 61: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

60

b a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

a

b

SJCL10 SJIN3

ab

SJCL10 SJCL7IN3

a a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

ab

SJCL10 SJIN3

a a

SJCL10 SJCL7IN3

a a

SJCL10 SJCL7IN3

ab

SJCL10 SJIN3

a a

1

2

3

4

5

6

7

P SJCL10

(a) (b) (c) S

ab

or

C

on

sist

ênci

a

Imp

ress

ão

Glo

ba

l

Figura 13. Atributos análise sensorial após degustação da amostra. (a) Efeito adição de proteínas de soja; (b) Efeito substituição total de gordura por inulina; (c) Efeito

substituição parcial de gordura por inulina. P: Proteínas de soro com creme de leite (10%); SJCL10:

Proteínas de soro e soja com creme de leite (10%); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3

%); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %) e inulina (3 %).

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (P < 0,05).

Quanto ao efeito da substituição total do creme de leite por inulina (Figura 12 e 13

(b)), percebe-se que a amostra SJIN3 foi menos aceita em relação a todos os atributos, quando

comparada à amostra SJCL10. Isso, provavelmente, se deve a dois fatos: (1) a adição de baixa

concentração de inulina foi insuficiente para manter uma rede de géis estável, interferindo

negativamente na textura (consistência e espalhabilidade) da amostra e (2) a isenção de creme

de leite fez com que os atributos de cor, sabor e aroma fossem menos agradáveis aos sentidos

humanos.

Em relação à substituição parcial de creme de leite por inulina (Figura 12 e 13 (c))

Page 62: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

61

nota-se que só houve diferença entre as médias de aceitação dos provadores (p < 0,05) para os

atributos espalhabilidade e sabor, sendo que espalhabilidade foi mais aceita na amostra

SJCL7IN3 e o sabor foi mais aceito na a amostra SJCL10. Portanto, é provável que a

substituição parcial de inulina em baixas concentrações melhore a espalhabilidade e reduza a

aceitação do sabor.

Esperava-se que o efeito da substituição parcial de creme de leite por inulina (Figura

7 (c)) afetasse algum parâmetro analisado na reologia em alta deformação para ser associado

ao atributo sensorial espalhabilidade, mas isto não ocorreu. Nas análises reológicas de baixa

deformação (Figura 8 Ic e 8 II) notou-se, em geral, que a substituição parcial de creme de leite

por inulina aumentou sutilmente o caráter elástico das amostras. Sendo assim, esta maior

elasticidade microestrutural pode estar associada com a melhoria da espalhabilidade.

A média de aceitação do atributo impressão global foi de 5,2 para a amostra P, 5,2

para a amostra SJCL10, 4,6 para a amostra SJIN3 e 5,0 para a amostra SJCL7IN3. Em relação

à impressão global (Figura 13), a adição de proteínas de soja não influenciou na média de

aceitação entre as amostras P e SJCL10 (p > 0,05). Na substituição total de creme de leite por

inulina, houve maior aceitação na impressão global para a amostra SJCL10 do que para a

amostra SJIN3 (p < 0,05). E ao substituir parcialmente o creme de leite por inulina, a média de

aceitação se manteve constante (p > 0,05) entre as amostras SJCL10 e SJCL7IN3. Portanto,

somente a substituição total de creme de leite por inulina interferiu negativamente na média de

aceitação da impressão global.

A impressão global evidencia a aceitação geral das amostras. Na Figura 14 pode-se

observar que a amostra P teve maior tendência de aceitação e menor de rejeição, seguida das

amostras SJCL10, SJCL7IN3 e SJIN3, porém, só a última teve menor média de aceitação (p <

0,05).

Figura 14. Rejeição, indiferença e aceitação do atributo impressão global. P: Proteínas de soro com creme de leite (10%); SJCL10: Proteínas de soro e soja com creme de leite

(10%); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com

creme de leite (7 %) e inulina (3 %).

19

5

77

21

9

70

2619

56

21

9

70

0

20

40

60

80

REJEIÇÃO (%) INDIFERENÇA (%) ACEITAÇÃO (%)

P SJCL10 SJIN3 SJCL7IN3

Page 63: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

62

A intenção de compra foi de 64 % para a amostra SJCL10, 60 % para a amostra P,

58 % para a amostra SJCL7IN3 e 44 % para a amostra SJIN3.

5.6.1 Relação entre atributos sensoriais e outros parâmetros

O atributo cor da análise sensorial foi comparado com os parâmetros L*

(luminosidade), C* (intensidade) e h° (tonalidade) da análise de coloração instrumental (Tabela

5).

Quanto à adição de proteínas de soja, em relação à cor, não houve diferença (p >

0,05) entre a aceitação sensorial das amostras P e SJCL10, pelos provadores.

Na análise instrumental de cor, houve diferença (p < 0,05) nos parâmetros de

intensidade (C*) e tonalidade (h °). Comparando os resultados de análise sensorial e

instrumental, pode-se inferir duas possibilidades: (1) o instrumento é capaz de quantificar

minuciosamente os parâmetros C* e h° e o olho humano não possui tal precisão; (2) como o

teste sensorial realizado foi afetivo, a diferença entre estes parâmetros não causou maior

aceitação ou rejeição quanto a cor das amostras.

Ainda quanto à análise sensorial de cor, agora em relação à substituição total de

creme de leite por inulina (Tabela 5), a aceitação da amostra SJIN3 foi menor do que a aceitação

da amostra SJCL10 (p < 0,05). Na análise instrumental de cor a luminosidade (L*) e intensidade

(C*) foram menores do que os mesmos parâmetros na amostra SJCL10. Isso leva a crer que

maiores valores de luminosidade e intensidade induziram a maior aceitação.

Tabela 5. Relação entre as análises: sensorial para o atributo cor e parâmetros de

cor instrumental.

Efeito Ricota

cremosa

Sensorial Instrumental

Atributo

Cor L* C* h º

Adição de soja P 5,29 a 68,78 ± 0,25 a 6,32 ± 0,04 b 73,35 ± 0,27 b

SJCL10 5,16 a 67,89 ± 0,09 a 6,85 ± 0,33 a 81,77 ± 1,25 a

*Substituição

total

SJCL10 5,16 a 67,89 ± 0,09 a 6,85 ± 0,33 a 81,77 ± 1,25 a

SJIN3 4,80 b 66,11 ± 0,27 b 6,34 ± 0,17 b 82,00 ± 2,21 a

*Substituição

parcial

SJCL10 5,16 a 67,89 ± 0,09 a 6,85 ± 0,33 a 81,77 ± 1,25 a

SJCL7IN3 5,07 a 66,22 ± 0,95 b 6,65 ± 0,16 a 80,80 ± 1,27 a P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %);

SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %)

e inulina (3 %).

*Substituição de creme de leite por inulina.

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

Page 64: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

63

Analisando a substituição parcial de gordura por inulina na análise sensorial da cor

(Tabela 5), observa-se que os provadores tiveram a mesma aceitação das amostras SJCL10 e

SJCL7IN3 (p >0,05). Na análise de cor instrumental, comparando as mesmas amostras,

observou-se que a primeira teve maior luminosidade (p < 0,05), mas esta diferença não foi

notada pelos provadores ou não interferiu na aceitação dos mesmos.

A aceitação sensorial do aroma das amostras analisadas pode estar relacionada com

o teor de lipídeos e com a acidez titulável (Tabela 6). Quanto à adição de proteínas de soja, não

houve diferença na aceitação do aroma pelos provadores (p > 0,05), nem no teor de lipídeos e

de acidez titulável entre as amostras P e SJCL10. A soja possui aroma característico e era

esperado que houvesse diferença na aceitação sensorial quanto ao aroma (LI et al., 2013;

RINALDONI et al. 2014). A aceitação deve ter sido semelhante pela quantidade do creme de

leite, presente em ambas as amostras na mesma concentração. Provavelmente, o aroma do

creme de leite não permitiu evidenciar o aroma característico da soja.

A substituição total de creme de leite por inulina (Tabela 6) reduziu o valor médio

de aceitação do atributo aroma na amostra SJIN3, quando comparada à amostra SJCL10 e este

mesmo comportamento foi observado nos valores de teor de lipídeos e acidez titulável (p <

0,05). Nesse sentido, o creme de leite pode ter contribuído para a maior aceitação do atributo

aroma. Já a substituição parcial de creme de leite por inulina não influenciou na aceitação do

atributo aroma, nem no teor de lipídeos e acidez titulável (p > 0,05), ambas as amostras (SJCL10

e SJCL7IN3) possuem concentrações de creme de leite semelhantes, o que reforça a ideia de

que o creme de leite está relacionado com a aceitação deste atributo.

Tabela 6. Relação entre as análises: sensorial para o atributo aroma e análises do teor de

lipídeos e de acidez titulável.

Efeito Ricota

cremosa

Sensorial Analítico

Atributo

Aroma Lipídeos (%)

Acidez titulável (%

ácido lático. 100 g-1)

Adição de soja P 5,28 a 11,18 ± 3,79 a 1,07 ± 0,01 a

SJCL10 5,26 a 11,80 ± 3,40 a 0,98 ± 0,02 a

*Substituição

total

SJCL10 5,26 a 11,80 ± 3,40 a 0,98 ± 0,02 a

SJIN3 4,72 b 2,57 ± 1,03 b 0,76 ± 0,03 b

*Substituição

parcial

SJCL10 5,26 a 11,80 ± 3,40 a 0,98 ± 0,02 a

SJCL7IN3 5,07 a 9,06 ± 1,36 a 0,99 ± 0,02 a P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %);

SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %)

e inulina (3 %).

*Substituição de creme de leite por inulina.

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

Page 65: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

64

A adesividade e trabalho de adesão instrumental podem ser comparados com a

aceitação sensorial do atributo espalhabilidade (Tabela 7). A adição de proteínas de soja não

alterou a média de aceitação sensorial de espalhabilidade entre as amostras P e SJCL10 (p >

0,05) e também não foi observada diferença (p > 0,05) no valor de adesividade e trabalho de

adesão na análise instrumental em altas deformações quando comparadas as amostras P e

SJCL10. Provavelmente, a adição das proteínas de soja não altera estas características.

Ainda em relação ao atributo espalhabilidade, analisando a substituição total do

creme de leite por inulina, nota-se que a amostra isenta de creme de leite SJIN3 teve menor

média de aceitação do que a amostra SJCL10 (p < 0,05). Já o valor de adesividade foi maior

para a amostra SJIN3 do que para a amostra SJCL10 (p < 0,05). Com isto pode-se presumir que

a adesividade é antagônica à espalhabilidade, ou seja, quanto maiores os valores de adesividade,

menor a aceitação sensorial do atributo espalhabilidade. Este comportamento era esperado, pois

quanto maior força necessária para desprender a amostra (adesividade) mais dificilmente ela

será distribuída (espalhada) em uma superfície.

Analisando a substituição parcial de creme de leite por inulina (Tabela 7), nota-se

que o a média de aceitação sensorial do atributo espalhabilidade foi maior para a amostra

SJCL7IN3 do que para a amostra SJCL10 (p < 0,05). Já na avaliação instrumental, não foi

notada diferença entre os valores de adesividade e trabalho de adesão destas amostras (p > 0,05).

Tabela 7. Relação entre as análises: sensorial para o atributo espalhabilidade e parâmetros de

textura instrumental.

Efeito Ricota

cremosa

Sensorial Instrumental

Atributo

Espalhabilidade Adesividade (N) Trabalho de adesão (J)

Adição de soja P 5,51 a -6,02 ± 1,97 a -0,04 ± 0,02 a

SJCL10 5,35 a -5,84 ± 0,63 a -0,04 ± 0,01 a

*Substituição

total

SJCL10 5,35 a -5,84 ± 0,63 b -0,04 ± 0,01 a

SJIN3 4,77 b -8,32 ± 0,42 a -0,05 ± 0,03 a

*Substituição

parcial

SJCL10 5,35 b -5,84 ± 0,63 a -0,04 ± 0,01 a

SJCL7IN3 5,56 a -7,06 ± 1,42 a -0,05 ± 0,01 a P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %);

SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %)

e inulina (3 %).

*Substituição de creme de leite por inulina.

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (P < 0,05).

Page 66: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

65

Comparando o atributo consistência na análise sensorial e consistência e firmeza

instrumentais (Tabela 8) pode se observar que a adição de proteínas de soja não alterou a média

de aceitação entre a amostra P e SJCL10 (p > 0,05) e que o instrumento (texturômetro) detectou

diferença entre as mesmas, com resultados indicando maior consistência e firmeza para a

amostra SJCL10. Portanto, as alterações das características físicas do gel formado por estas

proteínas não foram percebidas sensorialmente pelos provadores ou não influenciaram na média

de aceitação dos mesmos.

A amostra SJIN3 teve menor média aceitação no atributo sensorial consistência do

que a amostra SJCL10 (p < 0,05) (Tabela 8). Já na análise instrumental da consistência e firmeza

foram encontrados maiores valores para a amostra SJIN3 do que para a amostra SJCL10. Na

análise sensorial foi avaliada a aceitação, em contrapartida, na instrumental foi calculado um

valor quantitativo. Isto pode inferir que, quanto maior a consistência e firmeza em valores

quantitativos, ou seja, quanto maior a resistência ou dureza da amostra, menor a aceitação

qualitativa no atributo sensorial consistência.

Não foi observada diferença na média de aceitação do atributo consistência entre as

amostras SJCL10 e SJCL7IN3 (Tabela 8) e este mesmo comportamento pôde ser observado na

avaliação instrumental de consistência, portanto, pode-se inferir que a substituição parcial de

creme de leite por inulina não alterou a consistência destas amostras (p > 0,05).

Tabela 8. Relação entre as análises: sensorial para o atributo consistência e parâmetros de

textura instrumental.

Efeito Ricota

cremosa

Sensorial Instrumental

Atributo

Consistência Consistência (J) Firmeza (N)

Adição de soja P 5,56 a 0,07 ± 0,02 b 8,99 ± 1,03 b

SJCL10 5,58 a 0,11 ± 0,02 a 12,60 ± 3,84 a

*Substituição

total

SJCL10 5,58 a 0,11 ± 0,02 b 12,60 ± 3,84 b

SJIN3 4,91 b 0,18 ± 0,02 a 17,03 ± 2,64 a

*Substituição

parcial

SJCL10 5,58 a 0,11 ± 0,02 a 12,60 ± 3,84 a

SJCL7IN3 5,44 a 0,11 ± 0,01 a 10,92 ± 2,94 a P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e soja com creme de leite (10 %);

SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro e soja com creme de leite (7 %)

e inulina (3 %).

*Substituição de creme de leite por inulina.

Letras diferentes no mesmo efeito equivalem a diferença significativa (p < 0,05).

Page 67: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

66

Para facilitar a análise e comparação dos resultados relevantes desta pesquisa, foi

elaborada uma tabela resumo (Tabela 9).

Tabela 9. Tabela resumo dos resultados obtidos através das análises deste trabalho.

Efeitos da

adição de

proteínas de

soja

Substituição

total de

creme de

leite por

inulina 3 %

Substituição

total de

creme de

leite por

inulina 6 %

Substituição

parcial de

creme de

leite por 3

% inulina

Substituição

parcial de

creme de

leite por 6

% de inulina

P

x

SJCL10

SJCL10

x

SJIN3

SJCL10

x

SJIN6

SJCL10

x

SJCL7IN3

SJCL10

x

SJCL4IN6

Atributos químicos e Rendimento

Umidade Não altera Aumenta Não altera Não altera Não altera

Cinzas Não altera Não altera Não altera Não altera Não altera

Lipídeos Não altera Reduz Reduz Não altera Não altera

Proteínas Não altera Não altera Não altera Não altera Não altera

pH Não altera Aumenta Não altera Não altera Não altera

Acidez Não altera Reduz Reduz Não altera Não altera

Rendimento Aumenta Não altera Não altera Não altera Não altera

Cor instrumental

Luminosidade Não altera Reduz Reduz Reduz Não altera

Intensidade Aumenta Reduz Reduz Não altera Não altera

Tonalidade Aumenta Não altera Não altera Não altera Não altera

Textura

Consistência Aumenta Aumenta Não altera Não altera Não altera

Firmeza Aumenta Aumenta Não altera Não altera Não altera

Adesividade Não altera Aumenta Aumenta Não altera Não altera

Trabalho de

adesão

Não altera Não altera Aumenta Não altera Não altera

Reologia

Estabilidade Estável Estável Estável Estável Estável

Comportamento

elástico

Reduz Aumenta Aumenta Aumenta Aumenta

Caracterização Gel fraco Gel fraco Gel fraco Gel fraco Gel fraco

Sinerese Aumenta Aumenta Não altera Aumenta Aumenta

Aceitação dos atributos sensoriais

Cor Não altera Reduz - Não altera -

Aroma Não altera Reduz - Não altera -

Espalhabilidade Não altera Reduz - Aumenta -

Sabor Aumenta Reduz - Reduz -

Consistência Não altera Reduz - Não altera -

Impressão

global

Não altera Reduz - Não altera -

Aceitação 77 x 70 % 70 x 56 % - 70 x 70 % - - Análises que não foram realizadas. P: Proteínas de soro com creme de leite (10 %); SJCL10: Proteínas de soro e

soja com creme de leite (10 %); SJIN3: Proteínas de soro e soja com inulina (3 %); SJCL7IN3: Proteínas de soro

e soja com creme de leite (7 %) e inulina (3 %).

Page 68: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

67

6 CONCLUSÃO

A adição de proteínas de soja aumenta o rendimento em ricotas cremosas mistas.

Este é um resultado relevante, levando em consideração que uma das principais desvantagens

industriais de produção de ricota é o baixo rendimento quando comparado ao de queijos

elaborados a partir do leite. Além disto, mantendo a proporção de proteínas do soro de leite e

do extrato hidrossolúvel de soja, este último necessita de volume consideravelmente menor para

a produção de queijo com peso equivalente. A legislação informa que a denominação “queijo”

está reservada aos produtos em que a base láctea não contenha gordura e/ou proteínas de origem

não láctea, portanto, a ricota mista elaborada com proteínas de soja não pode ser denominada

como queijo.

O comportamento reológico das ricotas cremosas elaboradas com proteínas de soja

e substituição total e parcial de gordura por inulina demonstra que elas possuem boa

estabilidade microestrutural em temperatura ambiente e sob refrigeração, o que evidencia que

o consumidor pode retirar o produto da geladeira e a manipulá-lo sob temperatura ambiente

sem que ocorram alterações na estabilidade dos produtos.

A ricota cremosa mista elaborada com a mesma concentração de creme de leite da

ricota cremosa padrão (10 %) apresenta os mesmos atributos químicos e maior rendimento.

Apresenta também maior consistência e firmeza instrumentais, maior sinerese e menor

elasticidade reológica em baixa deformação, mas sensorialmente, estas propriedades não

interferem na aceitação. O único atributo sensorial que apresentou diferença significativa na

aceitação foi o sabor, sendo que a ricota acrescida de proteínas de soja teve maior aceitação. A

aceitação global pelos provadores foi boa e estes são resultados muito positivos, pois a dieta a

base de soja tem origem oriental e inicialmente apresentou alta resistência ao consumo pelo

sabor marcante do grão e derivados, no entanto, alimentos contendo soja vêm sendo cada vez

mais difundidos e aceitos no ocidente.

Comparando a ricota cremosa mista elaborada com 10 % de creme de leite e a ricota

mista elaborada com adição de 3 % de inulina, isenta de creme de leite, constata-se que a última

teve menor aceitação sensorial em todos atributos analisados. O creme de leite proporciona

maciez e tem flavor agradável característico, enquanto a inulina, nesta concentração, aumenta

a consistência e firmeza do produto e tem flavor imperceptível. Contudo, a aceitação do atributo

impressão global para a ricota cremosa mista adicionada de 3 % de inulina, isenta de creme de

leite foi, de 56 %, e levando em consideração a estabilidade microestrutural, o reduzido teor de

Page 69: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

68

lipídios (produto light) e os benefícios nutricionais e nutracêuticos da soja e da inulina, o

produto apresenta potencial tecnológico, mercadológico e aceitação sensorial para

comercialização.

A ricota cremosa mista elaborada com 7 % de gordura e 3 % de inulina manteve

características semelhantes às da ricota cremosa mista elaborada com 10 % de creme de leite.

Apresentou maior elasticidade e sinerese, mas isto não influenciou negativamente nos atributos

sensoriais de textura. O sabor teve menor aceitação sensorial, mas o atributo impressão global

apresentou a mesma aceitação. Portanto, este produto com bom rendimento, boas propriedades

reológicas, excelentes propriedades nutricionais e nutracêuticas também é uma opção para a

produção industrial e comercialização.

Page 70: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

69

REFERÊNCIAS

ADJONU, R.; DORAN, G.; TORLEY, P.; AGBOOLA, S. Whey protein peptides as

components of nanoemulsions: A review of emulsifying and biological functionalities. Journal

of Food Engineering, London, v. 122, n. 1, p. 15-27, 2014.

AGUDELO, D.; BEAUREGARD, M.; BÉRUBÉ, G.; TAJMIR-RIAHI, H-A. Antibiotic

doxorubicin and its derivative bind milk β-lactoglobulin. Journal of Photochemistry and

Photobiology B: Biology, Lausanne, v. 117, p. 185-192, 2012.

AICHINGER, P-A.; MICHEL, M.; SERVAIS, C.; DILLMANN, M-L.; ROUVET, M.;

D’AMICO, N.; ZINK, R.; KLOSTERMEYER, H.; HORNE, D. S. Fermentation of a skim milk

concentrate with Streptococcus thermophilus and chymosin: structure, viscoelasticity and

syneresis of gels. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, Amsterdam, v. 31, n. 1-4, p. 243-

255, 2003.

ALTING, A. C.; JONGH, H. H. J.; VISSCHERS, R. W.; SIMONS, J-W. F. A. Physical and

chemical interactions in cold gelation of food proteins. Journal of Agricultural and Food

Chemistry, Washington, v. 50, n. 16, p. 4682-4689, 2002.

ANTUNES, A. J. Proteínas do leite. In: ANTUNES, A. J. Funcionalidade de proteínas do

soro de leite bovino. São Paulo: Manole, 2003, cap. 1, p.17-35.

AOAC. Association of Official Agricultural Chemists. Official methods of analysis. 18a ed.

Washington D.C., 2006.

APOLINÁRIO, A. C.; DAMASCENO, B. P. G. L.; BELTRÃO, N. E. M.; PESSOA, A.;

CONVERTID, A.; SILVA, J. A. Inulin-type fructans: A review on different aspects of

biochemical and pharmaceutical technology. Carbohydrate Polymers, Barking, v. 101, n. 3,

p. 368- 378, 2014.

ARANGO, O.; TRUJILLO, A. J.; CASTILLO, M. Influence of fat replacement by inulin on

rheological properties, kinetics of rennet milk coagulation, and syneresis of milk gels. Journal

of Dairy Science, Champaign, v. 96, n. 4, p. 1984-1996, 2013.

ATKINS, P.; JONES, L.; Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio

ambiente. 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. p. 435-436.

BALKIS. Ricota. Disponível em: < http://www.balkis.com.br/>. Acesso em: maio 2014.

BLECKER, C.; CHEVALIER, J. P.; van HERCK, J. C.; FOUGNIES, C.; DEROANE, C.;

PAQUOT, M. Inulin: Its physiochemical properties and technological functionality. Recent

Research Development in Agricultural and Food Chemistry, Trivandrum, v. 5, n.7, p. 125-

131, 2001.

BLIGH, E. G., DYER, W. J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian

Journal of Biochemistry and Physiology, Ottawa, v. 37, n. 8, p. 911-917, 1959.

Page 71: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

70

BORDERÍAS, A. J.; SÁNCHEZ-ALONSO, I.; PÉREZ-MATEOS, M. New applications of

fibres in foods: Addition to fishery products. Trends in Food Science & Technology,

Cambridge, v. 16, n. 10, p. 458-465, 2005.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n º 27, de 13 de janeiro de

1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados.

Brasília, DF: ANVISA, 1998. Disponível em:

<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/9180ca00474581008d31dd3fbc4c6735/PORT

ARIA_27_1998.pdf?MOD=AJPERES >. Acesso em: abr. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC nº 360, de 23 de

dezembro de 2003. Aprova o Regulamento Técnico referente à Informação Nutricional

Complementar. Brasília, DF: ANVISA, 2003. Disponível em: <

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ec3966804ac02cf1962abfa337abae9d/Resolucao

_RDC_n_360de_23_de_dezembro_de_2003.pdf?MOD=AJPERES >. Acesso em: abr. 2013.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Composição Química e

Propriedades. Grão de soja. Disponível em: <

http://www.cnpso.embrapa.br/soja_alimentacao/index.php?pagina=7>. Acesso em: abr. 2014.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 146 de 7 de março

de 1996. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade dos produtos lácteos.

Brasília, DF: MAPA, 1996. Disponível em: < http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-

consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=4344>. Acesso em: abr. 2014.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio.

Brasil 2012/13 a 2022/23. Projeções de Longo Prazo. Assessoria de Gestão Estratégica.

Brasília, DF: MAPA, jun. 2013. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/projecoes%20-%20versao%20atualizada.pdf>.

Acesso em: nov. 2013.

BRASIL. Presidente (Vargas). Decreto n° 30691 de 29 de março de 1952. Aprova novo

Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Título VIII:

Inspeção industrial e sanitária do leite e derivados, cap. VI: Queijos, Art. 610. Brasília, DF:

Presidência da República, 1952. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D30691.htm>. Acesso em: fev. 2015.

BROWN, J. A.; FOEGEDING, E. A.; DAUBERT, C. R.; DRAKE, M. A.; GUMPERTZ, M.

Relationships among rheological and sensorial properties of young cheeses. Journal of Dairy

Science, Champaign, v. 86, n. 10, p. 3054-3067, 2003.

BROWNLEE, I. A. The physiological roles of dietary fibre. Food Hydrocolloids, Oxford, v.

25, n. 2, p. 238-250, 2011.

BURITI, F. C. A.; CASTRO, I. A.; SAAD, S. M. I. Effects of refrigeration, freezing and

replacement of milk fat by inulin and whey protein concentrate on texture profile and sensory

acceptance of synbiotic guava mousses. Food Chemistry, Barking, v. 123, n. 4, p. 1190-1197,

2010.

CAMPIO, L.; CARVALHO, G. Cenário para leite e derivados: visão da FAO. Panorama do

leite, Centro de Inteligência do Leite, Embrapa Gado de Leite, Ed. 37, 2009. Disponível em: <

http://www.cileite.com.br/panorama/edicao37.html>. Acesso em: out. 2013.

Page 72: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

71

CHAMBERLAIN, E. K.; RAO, M. A. Effects of concentration on rheological properties of

acid-hydrolyzed amylopectin solutions. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 14, n. 2, p. 163-171,

2000.

CHANG, Y, K. Alimentos funcionais e aplicação tecnológica: Padaria da Saúde e Centro de

Pesquisas em Tecnologia de Extrusão. In: Simpósio Brasileiro sobre os Benefícios da Soja para

a Saúde Humana, 1, 2001, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa, 2001, p. 41-45.

CHAUHAN, G. S.; SINGH, J. D.; TOMAR, N. S. Nutritional changes in soymilk subjected to

different physical and chemical treatments. Journal of Food Science and Technology,

Mysore, v. 35, n. 3, p. 271-273, 1998.

CHAWLA, R.; PATIL, G. R. Soluble dietary fiber. Comprehensive reviews in food science

and food safety, Chicago, v. 9, n. 2, p. 178-196, 2010.

CHIAVARO, E.; VITTADINI, E.; CORRADINI, C. Physicochemical characterization. and

stability of inulin gels. European Food Research and Technology, Berlin, v. 225, n. 6, p. 85-

94, 2007.

CHOE, J-H.; KIM, H-Y.; LEE, J-M.; KIM, Y-J.; KIM, C-J. Quality of frankfurter-type

sausages with added pig skin and wheat fiber mixture as fat replacers. Meat Science,

Champaign, v. 93, n. 4, p. 849-854, 2013.

CHULZ-COLLINS, D; SENGE, B. Acid- and acid/rennet-curd cheeses Part C: Acid-heat

coagulated cheeses. In: FARKYE, N. Y. Cheese: Chemistry, Physics and Microbiology, 3 ed.

Berlin, 2004. chap. part C, p. 343-348.

CHUNG, I. -M.; SEO, S. -H.; AHN, J. -K.; KIM, S. -H. Effect of processing, fermentation, and

aging treatment to content and profile of phenolic compounds in soybean seed, soy curd and

soy paste. Food Chemistry, Barking, v. 127, n. 3, p. 960-967, 2011.

COLAURO, R. D.; BEUREN, I. M.; ROCHA, W. O custeio variável e o custeio-alvo como

suportes às decisões de investimentos no desenvolvimento de novos produtos. Revista de

Administração e Contabilidade da Unisinos, São Leopoldo, v. 1, n. 2, p. 33-42, 2004.

CRISPÍN-ISIDRO, G.; LOBATO-CALLEROS, C.; ESPINOSA-ANDREWS, H.; ALVAREZ-

RAMIREZ, J.; VERNON-CARTER, E. J. Effect of inulin and agave fructans addition on the

rheological, microstructural and sensory properties of reduced-fat stirred yogurt. Food Science

and Technology – LWT, London, doi: 10.1016/j.lwt.2014.06.042, 2014.

DAMODARAN, S.; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O. R. Química de Alimentos de Fennema.

4a ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 900 p.

DANUBIO. Produtos – Cream cheese, Cream cheese light, Requeijão cremoso tradicional

e Requeijão cremoso light. Disponível em: < http://www.danubio.com.br/>. Acesso em: maio

2014.

ELLEUCH, M.; BEDIGIAN, D.; ROISEUX, O.; BESBES, S.; BLECKER, C.; ATTIA, H.

Dietary fibre and fibre-rich by-products of food processing: Characterization, technological

functionality and commercial applications: A review. Food Chemistry, Barking, v. 124, n. 2,

p. 411-421, 2011.

Page 73: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

72

EL-NAGAR, G.; CLOWES, G.; TUDORICA, C. M.; KURI, V.; BRENNAN, C. S.

Rheological quality and stability of yog-ice cream with added inulin. International Journal of

Dairy Technology, Huntingdon, v. 55, n. 2, p. 89-93, 2002.

FABEK, H.; MESSERSCHMIDT, S.; BRULPORT, V.; GOFF, H.D. The effect of in vitro

digestive processes on the viscosity of dietary fibers and their influence on glucose diffusion.

Food Hydrocolloids, Oxford, v. 35, p. 718-726, 2014.

FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Milk

and dairy products in human nutrition. Rome, 2013a. Disponível em: <

http://www.fao.org/docrep/018/i3396e/i3396e.pdf>. Acesso em: abr. 2014.

FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.

Perspectivas Alimentarias. Jun. 2013b. Disponível em:

<http://www.fao.org/docrep/018/al999s/al999s.pdf>. p.8. Acesso em: abr. 2014.

FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.

Technology of production of edible flours and protein products from soybeans. chap. 4,

1992. Disponível em: < http://www.fao.org/docrep/t0532e/t0532e05.htm>. Acesso em: abr.

2014.

FDA. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Food labeling, health claims, soy protein,

and coronary heart disease. Fed Reg. n.57, p. 699-733, 1999.

FRITZEN-FREIRE, C. B.; PRUDÊNCIO, E. S.; PINTO, S. S.; MUÑOZ, I. B.; MÜLLER, C.

M. O.; VIEIRA, C. R. W.; AMBONI, R. D. M. C. Effect of the application of Bifidobacterium

BB-12 microencapsulated by spray drying with prebiotics on the properties of ricotta cream.

Food Research International, Essex, v. 52, n. 1, p. 50-55, 2013.

FUKUSHIMA, D. Soy proteins. In: YADA, R. Y. Proteins in food processing, Boca Raton:

CRC Press, 2004, chap. 6, p. 123-142.

GIRI, A.; KANAWJIA, S. K.; RAJORIA, A. Effect of phytosterols on textural and melting

characteristics of cheese spread. Food Chemistry, Washington, v. 157, n. 15, p. 240-245, 2014.

GONZALEZ-TOMÁS, L; COLL-MARQUES; J. COSTELL, E. Viscoelasticity of inulin–

starch-based dairy systems. Influence of inulin average chain length. Food Hydrocolloids,

Oxford, v. 22, n. 7, p. 1372-1380, 2008.

GU, X.; CAMPBELL, L. J.; EUSTON, S. R. Effects of different oils on the properties of soy

protein isolate emulsions and gels. Food Research International, Essex, v. 42, n, 8, p. 925-

932, 2009.

GUO, W.; BETA, T. Phenolic acid composition and antioxidant potential of insoluble and

soluble dietary fibre extracts derived from select whole-grain cereals. Food Research

International, Essex, v. 51, n. 2, p. 518-525, 2013.

HE, J-S.; MU, T-H.; GUO, X.; ZHU, S.; AZUMA, N.; KANNO, C. Comparison of the gel-

forming ability and gel properties of α-lactalbumin, lysozyme and myoglobin in the presence

of β-lactoglobulin under high pressure. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 33, n. 2, p. 415-424,

2013.

Page 74: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

73

HEINO, A.; UUSI-RAUVA, J.; OUTINEN, M. Pre-treatment methods of Edam cheese milk.

Effect on cheese yield and quality. Food Science and Technology – LWT, London, v. 43, n.

4, p. 640-646, 2010.

HENNELLY, P. J.; DUNNE, P. G.; SULLIVAN, M. O.; O’RIORDAN, E. D. Textural,

rheological and microstructural properties of imitation cheese containing inulin. Journal of

Food Engineering, London, v. 75, n. 3, p. 388-395, 2006.

HINRICHS, J. Mediterranean milk and milk products: Incorporation of whey proteins in

cheese. European Journal of Nutrition, Darmstadt, v. 43. suppl. 1. p. I/12-/17, 2004.

IKEDA, A.A; MORAES, A.; MESQUITA, G. Considerações sobre tendências e oportunidades

dos alimentos funcionais. Revista P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 2, p.

40-56, 2010.

JACOBSEN, L. F.; GRUNERT, K. G. SONDERGAARD, H. A. STEENBEKKERS, B.;

DEKKER, M.; LEAHTEENMEAKI, L. Improving internal communication between marketing

and technology functions for successful new food product development. Trends in Food

Science & Technology, Cambrige, In Press, Corrected Proof, Available online 26 March 2014.

JAMBRAK, A. R.; MASON, T. J.; LELAS, V.; KRESIC, G. Ultrasonic effect on

physicochemical and functional properties of α-lactalbumin. Food Science and Technology -

LWT, London, v. 43, n. 2, p. 254-262, 2010.

JURIC, M.; BERTELSEN, G.; MORTENSEN, G.; PETERSEN, M. A. Light-induced colour

and aroma changes in sliced, modified atmosphere packaged semi-hard cheeses. International

Dairy Journal, Barking, v. 13, n. 2-3, p. 239-249, 2003.

KAMINARIDES, S.; NESTORATOS, K; MASSOURAS, T. Effect of added milk and cream

on the physicochemical, rheological and volatile compounds of Greek whey cheeses. Small

Ruminant Research, v. 113, n. 2-3, p. 446-453, 2013.

KEALY, T. Application of liquid and solid rheological technologies to the textural

characterization of semi-solid foods. Food Research International, Essex, v. 39, n. 3, p. 265-

276, 2006.

KEERATI-U-RAI, M.; CORREDIG, M. Heat-induced changes in oil-in-water emulsions

stabilized with soy protein isolate. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 23, n. 8, p. 2141-2148,

2009.

KERASIOTI, E.; STAGOS, D.; PRIFTIS, A.; AIVAZIDIS, S.; TSATSAKIS, A. M.; HAYES,

A. W.; KOURETAS, D. Antioxidant effects of whey protein on muscle C2C12 cells. Food

Chemistry, Barking, v. 155, p. 271-278, 2014.

KHAN, R.S.; GRIGORA, J.; WINGER, R.; WIN, A. Functional food product development e

Opportunities and challenges for food manufacturers. Trends in Food Science & Technology,

Cambrige, v. 30, n.1, p. 27-37, 2013.

KOCA, N.; METIN, M. Textural, melting and sensory properties of low-fat fresh kashar

cheeses produced by using fat replacers. International Dairy Journal, Barking, v. 14, n. 4, p.

365-373, 2004.

Page 75: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

74

KRISTENSEN, M.; JENSEN, M. G. Dietary fibres in the regulation of appetite and food intake.

Importance of viscosity. Appetite, London, v. 56, n. 1, p. 65-70, 2011.

KTARI, N.; SMAOUI, S.; TRABELSI, I.; NASRI, M.; SALAH, R. B. Chemical composition,

techno-functional and sensory properties and effects of three dietary fibers on the quality

characteristics of Tunisian beef sausage. Meat Science, Champaign, v. 96, n. 1, p. 521-525,

2014.

LI, Q.; XIA, Y.; ZHOU, L.; XIE, J. Evaluation of the rheological, textural, microstructural and

sensory properties of soy cheese spreads. Food and Bioproducts Processing, v. 91, n. 4, p.

429-439, 2013.

LITWIŃCZUK, A.; RYU, S. R.; NAFIE, L. A.; LEE, J. W.; KIM, H. I.; JUNG, Y. M.;

CZARNIK-MATUSEWICZ, B. The transition from the native to the acid-state characterized

by multi-spectroscopy approach: Study for the holo-form of bovine α-lactalbumin. Biochimica

et Biophysica Acta, Amsterdam, v. 1844, n. 3, p. 593-606, 2014.

LIU, K. Soybeans as a powerhouse of nutrients and phytochemicals. In: LIU, K. Soybeans

Functional Foods and Ingredients. Champaign: AOCS, 2004. cap. I, p. 12-33.

LIU, Z. –S.; CHANG, S. K. –C. Effect of soy milk characteristics and cooking conditions on

coagulant requirements for making filled tofu. Journal of Agricultural and Food Chemistry,

Washington, v. 52, n. 11, p. 3405-3411, 2004.

LUCEY, J. A.; JOHNSON, M. E.; HORNE, D. S. Invited Review: Perspectives on the basis of

the rheology and texture properties of cheese. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 86, n.

9, p. 2725-2743, 2003.

MAÑAS, E.; BRAVO, L.; SAURA-CALIXTO, F. Sources of error in dietary fibre analysis.

Food Chemistry, Barking, v. 50, n. 4, p. 331-342, 1994.

MANN, J. I.; CUMMINGS, J. H. Possible implications for health of the different definitions of

dietary fibre. Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases, Milano, v. 19, p. 226-

229, 2009.

MARQUES, D. P.; CUSTÓDIO, M. F.; GOULART, A. J.; GIORDANO, R. C.; GIORDANO,

R. L. C.; MONTI, R. Separação das proteínas do soro do leite por deae-trisacryl. Alimentos e

Nutrição, Araraquara, v. 16, n. 1, p. 17-20, 2005.

MARTÍNEZ, K. D.; SÁNCHEZ, C. C.; PATINO, J. M. R.; PILOSOF, A. M. R. Interfacial and

foaming properties of soy protein and their hydrolysates. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 23,

n. 8, p. 2149-2157, 2009.

MARTINS, J. T.; CERQUEIRA M. A.; SOUZA, B. W. S.; AVIDES, M. C.; VICENTE, A. N.

A. Shelf life extension of ricotta cheese using coatings of galactomannans from

nonconventional sources incorporating nisin against Listeria monocytogenes. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 58, n. 3, p. 1884-1891, 2010.

MAUBOIS J.-L.; KOSIKOWSKI, F. V. Making ricotta cheese by ultrafiltration. Journal of

Dairy Science, Champaign, v. 61, n. 7, p. 881-884, 1978.

Page 76: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

75

MEDEIROS, L. C. S.; SPERIDIÃO, P. G. L.; SDEPANIAN, V. L.; FAGUNDES NETO, U.;

MORAIS, M. B. Ingestão de nutrientes e estado nutricional de crianças em dieta isenta de leite

de vaca e derivados. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n. 5, p. 363-370, 2004.

MEYER, D.; BAYARRI, S.; TÁRREGA, A.; COSTELL, E. Inulin as texture modifier in dairy

products. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 25, n. 8, p. 1881-1890, 2011.

MEZA, B. E.; VERDINI, R. A.; RUBIOLO, A. C. Temperature dependency of linear

viscoelastic properties of a commercial low-fat soft cheese after frozen storage. Journal of

Food Engineering, London, v. 109, n. 3, p. 475-481, 2012.

MODLER, H. W.; EMMONSB, D. B. The use of continuous ricotta processing to reduce

ingredient cost in ‘further processed’ cheese products. International Dairy Journal, Barking,

v. 11, n. 4-7, p. 517-523, 2001.

MUJOO, R.; TRINH, D. T.; NG, P. K. W. Characterization of storage proteins in different

soybean varieties and their relationship to tofu yield and texture. Food Chemistry, Barking, v.

82, n. 2, p. 265-273, 2003.

NEPA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Tabela brasileira de composição

de alimentos. 2. ed. Campinas, SP: NEPA-UNICAMP, 2006. 113p. Disponível em: <

http://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf?arquivo=ta

co_4_versao_ampliada_e_revisada.pdf >. Acesso em: abr. 2014.

OLIVEIRA, M. B. Processamento e avaliação de queijos ricota com diferentes

concentrações de leite, e de queijos mistos adicionados de proteínas de soja e cálcio. 2012.

105 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Escola de Agronomia

e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2012.

OLMEDO, R. H.; NEPOTE, V.; GROSSO, N. R. Preservation of sensory and chemical

properties in flavoured cheese prepared with cream cheese base using oregano and rosemary

essential oils. Food Science and Technology-LWT, London, v. 53, n. 2, p. 409-417, 2013.

PAL, S.; RADAVELLI-BAGATINI, S.; HO, S.; MCKAY, J-L.; HAGGER, M.; JANE, M.

Dairy Whey proteins and obesity. In: WATSON, R. R. Nutrition in the prevention and

treatment of abdominal obesity. Tucson: Academic Press, 2014, p. 351-361.

PALAZOLO, G.; RODRIGUEZ, F.; FARRUGIA, B.; PICO, G.; DELORENZI, N. Heat

treatment of β-lactoglobulin: structural changes studies by partitioning and fluorescence,

Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 48, n. 9, p. 3817-3822, 2000.

PANESAR, P. S.; KENNEDY, J. F.; GANDHI, D. N.; BUNKO, K. Bioutilisation of whey for

lactic acid production. Food Chemistry, Barking, v. 105, n. 1, p. 1-14, 2007.

PÉREZ-GAGO, M. B.; KROCHTA, J. M. Formation and properties of whey protein films and

coatings. In: GENNADIOS, A. Protein-based films and coatings. Massachusetts: CRC, 2002.

cap. 6. p. 159-177.

PERMYAKOV, E. A.; BERLINER, L. J. α-Lactalbumin: structure and function. Federation

of European Biochemical Societies - FEBS Letters, Amsterdam, v. 473, n. 3, p. 269-274,

2000.

Page 77: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

76

PETIT, J.; SIX, T.; MOREAU, A.; RONSE, G.; DELAPLACE, G. β-lactoglobulin

denaturation, aggregation, and fouling in a plate heat exchanger: Pilot-scale experiments and

dimensional analysis. Chemical Engineering Science, New York, v. 101, p. 432-450, 2013.

PHILADELPHIA. Produtos – Philadelphia original e Philadelphia light. Disponível em: <

https://www.philadelphia.com.br. Acesso em: maio 2014.

RAGAEE, S.; GUZAR, I.; DHULL, N.; SEETHARAMAN, K. Effects of fiber addition on

antioxidant capacity and nutritional quality of wheat bread. Food Science and Technology -

LWT, London, v. 44, n. 10, p. 2147-2153, 2011.

RAMASWAMY, U.R.; KABEL, M. A.; SCHOLS, H. A.; GRUPPEN, H. Structural features

and water holding capacities of pressed potato fibre polysaccharides. Carbohydrate Polymers,

Barking, v. 93, n. 2, p. 589- 596, 2013.

RAMIREZ-SANTIAGO, C.; RAMOS-SOLIS, L.; LOBATO-CALLEROS, C.; PEÑA-

VALDIVIA, C.; VERNON-CARTER, E. J.; ALVAREZ-RAMÍREZ, J. Enrichment of stirred

yogurt with soluble dietary fiber from Pachyrhizus erosus L. Urban: Effect on syneresis,

microstructure and rheological properties. Journal of Food Engineering, London, v. 101, n.

3, p. 229-235, 2010.

RAY, M.; ROUSSEAU, D. Stabilization of oil-in-water emulsions using mixtures of denatured

soy whey proteins and soluble soybean polysaccharides. Food Research International, Essex,

v. 52. n. 1, p. 298-307, 2013.

RELKIN, P.; LAUNAY, B.; EYNARD, L. effect of sodium and calcium addition on thermal

denaturation of apo-α-lactalbumin: a differential scanning calorimetric study. Journal of Dairy

Science, Champaign, v. 76, n. 1, p. 36-47, 1993.

REN, C.; TANG, L.; ZHANG, M.; GUO, S. Interactions between whey soybean protein (WSP)

and beta-conglycinin (7S) during the formation of protein particles at elevated temperatures.

Food Hydrocolloids, Oxford, v. 23, n. 3, p. 936-941, 2009a.

REN, C.; TANG, L.; ZHANG, M; GUO, S. Structural characterization of heat-induced protein

particles in soy milk. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 57, n. 5,

p. 1921-1926, 2009b.

RENKEMA, J. M. S. Formation, structure and rheological properties of soy protein gels.

2001. 137f. Tese (Ph. D.). Wageningen University, The Netherlands, 2001.

RENKEMA, J. M. S.; van VLIET, T. V. Heat-induced gel formation by soy proteins at neutral

pH. Journal of Agricultural and Food Chemisty, Washington, v. 50, n. 6, p. 1569-1573,

2002.

RENKEMA, J. M.S.; KNABBEN, J. H. M.; van VLIET, T. V. Gel formation by β-conglycinin

and glycinin and their mixtures. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 15, n. 4-6, p. 407-414, 2001.

RIBEIRO, A. C.; MARQUES, S. C.; SODRÉ, A. F.; ABREU, L. R.; PICCOLI, R. H. Controle

microbiológico da vida de prateleira de ricota cremosa. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.

29, n. 1, p. 113-117, 2005.

Page 78: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

77

RINALDONI, A. N.;PALATNIK, D. R.; ZARITZKY, N.; CAMPDERRÓS, M. E. Soft cheese-

like product development enriched with soy protein concentrates. Food Science and

Technology-LWT, London, v. 55, n. 1, p. 139-147, 2014.

RODRIGUES, M. L. Azeite de pequi: efeito do aquecimento na temperatura de fritura e

utilização como ingrediente na formulação de maionese. 2011. 94 f. Dissertação (Mestrado

em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos,

Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.

ROGINSKI, H.; FUQUAY, J. W.; FOX, P. F. Utilization and products. In: JELEN, P. Whey

processing. London: Academic Press, 2003, p. 2739-2751.

ROMEIH, E. A.; MICHAELIDOU, A.; BILIADERIS, C. G.; ZERFIRIDIS, G. K. Low-fat

white-brined cheese made from bovine milk and two commercial fat mimetics: chemical,

physical and sensory attributes. International Dairy Journal, Barking, v. 12, n. 6, p. 525-540,

2002.

RUDAN, M. A.; BARBANO, D. M.; YUN, J. J.; KINDSTEDT, P. S. Effect of fat reduction

on chemical composition, proteolysis, functionality, and yield of mozzarella cheese. Journal

of Dairy Science, Champaign, v. 82, n. 4, p. 661-672, 1999.

SELITA. Produtos – Requeijão cremoso tradicional e Requeijão cremoso light. Disponível

em: < http://www.selita.com.br/site/index.asp>. Acesso em maio 2014.

SGARBIERI, V. C. Fontes de proteínas na alimentação. In: SGARBIERI, V. C. Proteínas em

Alimentos Proteicos: Propriedades, Degradações e Modificações. São Paulo: Varela Ltda.,

1996, p. 139-257.

SGARBIERI, V. C. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro de leite. Revista

de Nutrição, Campinas, v. 17, n. 4, p. 397-409, 2004.

SHARMA, R.; ZAKORA, M.; QVIST, K. B. Characteristics of oil–water emulsions stabilized

by an industrial α-lactalbumin concentrate, cross-linked before and after emulsification, by a

microbial transglutaminase. Food Chemistry, Barking, v. 79, n. 4, p. 493-500, 2002.

SILVA, K.; BOLINI, H. M. A.; ANTUNES, A. J. Soro de leite bovino em sorvete. Alimentos

e Nutrição, Araraquara, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2004.

SILVA, L. F. M.; FERREIRA, K. S. Avaliação de rotulagem nutricional, composição química

e valor energético de queijo minas frescal, queijo minas frescal “light” e ricota. Alimentos e

Nutrição, Araraquara, v. 21, n. 3, p. 1437-1441, 2010.

SORGENTINI, D. A.; WAGNER, J. R. Comparative study of foaming properties of whey and

isolate soybean proteins. Food Research International, Essex, v. 35, n. 8, p.721-729, 2002.

SPEICIENE, V.; GUILMINEAU, F.; KULOZIK, U.; LESKAUSKAITE, D. The effect of

chitosan on the properties of emulsions stabilized by whey proteins. Food Chemistry, Barking,

v. 102, n. 4, p. 1048-1054, 2007.

STANCIUC, N.; RÂPEANU, G.; BAHRIM, G.; APRODU, I. pH and heat-induced structural

changes of bovine apo-α -lactalbumin. Food Chemistry, Barking, v. 131, n. 3, p. 956-963,

2012.

Page 79: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

78

STEFFE, J. F. Rheological methods in food process engineering. Journal of Food

Engineering, London, v. 23, n. 2, p. 249-250, 1996.

TAKEUCHI, K. P. Propriedades macro- e microscópicas de géis de proteínas do leite e κ-

carragena. 2008. 230 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos) – Departamento de

Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

TÁRREGA, A.; COSTELL, E. Effect of inulin addition on rheological and sensory properties

of fat-free starch-based dairy desserts. International Dairy Journal, Barking, v. 16, n. 9,

p.1104-1112, 2006.

TÁRREGA, A.; TORRES, J. D.; COSTELL, E. Influence of the chain-length distribution of

inulin on the rheology and microstructure of prebiotic dairy desserts. Journal of Food

Engineering, London, v. 104, n. 3, p. 356-363, 2011.

TEIXEIRA, L. V.; FONSECA, L. M. Perfil físico-químico do soro de queijos mozarela e

minas-padrão produzidos em várias regiões do estado de Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de

Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 60, n. 1, p. 243-250, 2008.

TIROLEZ. Produtos – Creme de ricota e Creme de ricota light. Disponível em <

http://www.tirolez.com/novo/default.asp>. Acesso em: maio 2014.

TUNICK, N. H. Whey Protein Production and Utilization: A Brief History. In: ONUWALATA,

C. I.; HUTH, P. J. Whey Processing, Functionality and Health Benefits. Ames: IFT press,

2008, p. 1-13.

UNTERHASLBERGER, G.; SCHMITTA, C.; SANCHEZ, C.; APPOLONIA-NOUZILLEA,

C.; RAEMY, A. Heat denaturation and aggregation of β-lactoglobulin enriched WPI in the

presence of arginine HCl, NaCl and guanidinium HCl at pH 4.0 and 7.0. Food Hydrocolloids,

Oxford, v. 20, n. 7, p. 1006-1019, 2006.

VIUDA-MARTOS, M.; LÓPEZ-MARCOS, M. C.; FERNÁNDEZ-LÓPEZ, J.; SENDRA, E.;

LÓPEZ-VARGAS, J. H.; PÉREZ-ÁLVAREZ, J. A. Role of fiber in cardiovascular diseases: a

review. Comprehensive reviews in food science and food safety, Chicago, v. 9, n. 2, p. 240-

258, 2010.

WADHWANI, R.; MCMAHON, D. J. Color of low-fat cheese influences flavor perception and

consumer liking. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 95, n. 5, p. 2336-2346, 2012.

WANG, S. H.; FERNANDES, S. M.; CABRAL, L. C. Solubilidade de nitrogênio,

dispersibilidade de proteína e propriedades emulsificantes dos extratos hidrossolúveis

desidratados de arroz e soja. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 20, n. 1, p. 12-

17, 2000.

WESTERMANN, S.; BRÜGGEMANN, D. A.; OLSEN, K.; SKIBSTED, L.H. Light-induced

formation of free radicals in cream cheese. Food Chemistry, Barking, v. 116, n. 4, p. 974-981,

2009.

WILLE, G. F. C.; WILLE S. A. C.; KOEHLER, H. S.; FREITAS, R. J. S.; HARACEMIV, S.

N. Práticas de desenvolvimento de novos produtos alimentícios na indústria paranaense.

Revista FAE, Curitiba, v. 7, n. 2, p. 33-45, 2004.

Page 80: EFEITO DA ADIÇÃO DE PROTEÍNAS DE SOJA E DA SUBSTITUIÇÃO ... · e o das amostras com creme de leite ficou entre 9 e 12 %. As proteínas da soja aumentaram rendimento, intensidade

79

YANG, J.; DUNKER, AK.; POWERS, JR.; CLARK, S.; SWANSON, B. G. Betalactoglobulin

molten globule induced by high pressure. Journal of agricultural and Food Chemistry,

Washington, v. 49, n. 7, p. 3236-3243, 2001.

YUAN, F.; XU, D.; QI, X.; ZHAO, J.; GAO, E. Y. Impact of high hydrostatic pressure on the

emulsifying properties of whey protein isolate–chitosan mixtures. Food Bioprocess

Technology, New York, v. 6, n. 4, p. 1024-1031, 2011.

ZHANG, H.; LIB, L.; TATSUMIC, E.; ISOBE, S. High-pressure treatment effects on proteins

in soy milk. Lebensmittel-Wissenschaft und -Technologie – LWT, London, v. 38, n. 1, p. 7-

14, 2005.