efeito antioxidante do Óleo essencial de rosa …
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EFEITO ANTIOXIDANTE DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSA DAMASCENA:
UMA REVISÃO DE LITERATURA¹
Beatriz Perotti²
Carolayne de Borba³
Aline Emer4
Resumo: O OE de Rosa damascena tem sido foco de estudos, devido à sua
capacidade de neutralizar os radicais livres produzidos no organismo. A presença de
compostos fenólicos no OE de Rosa damascena foi mostrada por alguns autores
como possuindo atividade antioxidante. Este estudo caracteriza-se como uma revisão
narrativa de literatura. As buscas foram realizadas em bases de dados bibliográficas
como Pubmed, Scielo, Periódicos Capes e Google Acadêmico. A busca nas bases de
dados foi realizada utilizando os descritores “antioxidante” e “óleo essencial de Rosa
damascena”, onde após a leitura de todos os títulos, foram selecionados 5 artigos para
este trabalho de revisão. Os constituintes majoritários do OE de rosa foram apontados
como citronelol, geraniol, nerol, álcool fenil etílico e nonadecano. O OE de Rosa
damascena pode ser utilizado com segurança na área estética, sendo um antioxidante
natural que neutraliza os radicais livres formados no organismo, podendo retardar o
processo de envelhecimento. No entanto, sugere-se a realização de novos estudos
clínicos que avaliem a atividade antioxidante do OE de Rosa damascena, com o fim
de evidenciar um efeito antioxidante mais preciso para o uso na estética.
Palavras-chave: Antioxidante. Óleo essencial de Rosa damascena. Aromaterapia.
_____________________
¹ Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Tecnólogo em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. Orientador: Prof. Aline Emer, Dra.
² Acadêmica do curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: [email protected]
³ Acadêmica do curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: [email protected]
4 Docente do curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: [email protected]
THE ANTIOXIDANT EFFECT OF THE DAMASCENA ROSE ESSENTIAL OIL:
A LITERATURE REVIEW
Abstract: The essential oil of Rosa damascena has been focus of studies due to its
ability to neutralize the free radicals produced in the body. The presence of phenolic
compounds in the essential oil of Rosa damascena was shown by some authors as
having antioxidant activity. This study is being shown as a narrative literature review.
The searches were made having the basis bibliographic data as Pubmed, Scielo,
Periódicos Capes and the Google Acadêmico. The search in the basis of the data was
done using the descriptors “antioxidant” and “essential oil of Damascena Rose”, in
which, after reading all the titles, 5 articles were selected for this review work. The
essential oil of Rosa Damascena can be used safely in the aesthetic área, being itself
a natural antioxidant that neutralizes the free radicals formed in the body, being able
to delay the process of ageing. The major constituents of the essential oils of the rose
were pointed out as citronellol, geraniol, nerol, phenyl ethyl alcohol and nonadecane.
However, it is suggested the realization of new clinical studies that evaluate the
antioxidant activity of the essential oil of Damascena Rose in order to substantiatea
more precise antioxidant effect to the aesthetic use.
Keywords: Antioxidant. Essential oil of Rosa damascena. Aromatherapy.
3
1 INTRODUÇÃO
Antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da oxidação,
por meio de um ou mais mecanismos, como inibição de radicais livres. Os radicais
livres são átomos ou moléculas com elétrons desemparelhados que roubam os
elétrons de outras moléculas, danificando-as. São “superoxidantes”, ou seja, não
apenas causam uma oxidação como produzem um novo radical livre neste processo,
ocasionando uma reação em cadeia, diferentemente da oxidação normal (GERSON
et al., 2011).
Pesquisas científicas apontam que produtos naturais com base em plantas
medicinais e óleos essenciais produzem potente ação antioxidante (BAKKALI et al.,
2008). A busca pela beleza abre um amplo mercado de produtos cosméticos, incluindo
a fitocosmética, que tem como finalidade formular cosméticos com princípios ativos
extraídos dos vegetais, beneficiando a estética, por ter ação como outros cosméticos
de correção e manutenção de um estado normal e sadio da pele (ROCHA; COSTA,
2012).
A aromaterapia é considerada uma medicina natural, integrativa,
complementar, preventiva e também curativa. Os óleos essenciais são substâncias
orgânicas voláteis e extraídas de diversas partes das plantas (ANDREI; DEL
COMUNE, 2005). Possuem ação antioxidante, desempenhada pelos terpenos e
terpenoides, apresentam capacidade de intervir na eliminação de radicais livres, o que
justifica também as suas ações antimutagênica e anticarcinogênica (ABURJAI;
NATSHEH, 2003; BAKKALI et al., 2008).
A aromaterapia é uma forma natural de cuidados com a pele, trabalha a
autoestima, melhora o humor, diminui ansiedade, depressão e alivia o estresse,
promovendo saúde e bem-estar. É utilizada na estética em diferentes procedimentos,
destacando o potencial relaxante, anti-inflamatório, bactericida e antioxidante dos
óleos essenciais (CORAZZA, 2014).
Alguns óleos essenciais destacam-se por seu efeito antioxidante, dentre
eles a Rosa damascena, que tem sido foco de estudos durante as últimas décadas.
Popularmente chamada de Rosa, a Rosa damascena pertence à família botânica
Rosaceae, caracteriza-se como uma planta com flor aromática, de cor rosa claro, que
floresce na primavera. Atualmente, a Rosa damascena é a principal espécie cultivada
não só na Bulgária, mas também no Irã e na Índia (NUNES, 2016).
4
Estudos farmacológicos mostraram os diferentes efeitos da Rosa
damascena, que podem ser principalmente atribuídos à sua grande quantidade de
componentes polifenólicos. Uma ampla gama de fitoquímicos incluindo flavonóides,
glicosídeos, terpenos e antocianinas foram isolados de diferentes partes da planta
(NAYEBI et al., 2017).
Seu efeito antioxidante é destacado devido à capacidade de neutralizar os
radicais livres, suprimindo os seus efeitos destrutivos nas células humanas. A
presença de compostos fenólicos no OE de Rosa damascena foi mostrada por alguns
autores como possuindo potente atividade antioxidante (YASSA et al., 2009).
Produtos produzidos a partir do OE de rosa são economicamente
importantes para a produção de perfumes, cosméticos e na indústria farmacêutica
(MILEVA et al., 2014). Sendo considerado o mais delicado de todos os adstringentes,
os produtos à base de rosas são frequentemente utilizados como tônico para pele, em
sabonetes ou como produtos antienvelhecimento em cremes faciais (MAHBOUBI,
2015).
Um estudo analisou a atividade antioxidante de um grande número de óleos
essenciais, incluindo o de Rosa damascena, e verificou que possui atividade
antioxidante por ser capaz de captar o radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH)
(SALEH et al., 2010). Outro estudo semelhante analisou a atividade antioxidante do
OE de rosa por três ensaios diferentes: DPPH, aldeído/ácido carboxílico e
malondialdeído, verificando que o citronelol, um dos constituintes majoritários do OE
de rosa, possui atividade antioxidante (WEI; SHIBAMOTO, 2007).
Yassa et al. (2009) compararam ainda a atividade antioxidante do OE e do
extrato metanólico de rosas. Os resultados sugerem que ambos podem ser utilizados
com sucesso como antioxidantes. Assim, o OE de rosa pode ser utilizado em produtos
de perfumaria e cosméticos.
Deste modo, o objetivo deste estudo foi resumir as evidências atuais sobre
a eficácia do OE de Rosa damascena com uma visão geral sobre suas propriedades
antioxidantes.
5
2 METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como uma revisão narrativa de literatura.
As buscas foram realizadas em bases de dados bibliográficas como Pubmed, Scielo,
Periódicos Capes e no Google Acadêmico. Foram selecionados artigos escritos em
português e inglês, publicados entre 2005 e 2019.
A busca nas bases de dados foi realizada utilizando os descritores
“antioxidante” e “óleo essencial de Rosa damascena”, assim como seus
correspondentes na língua inglesa [“antioxidant” and “essential oil of Rosa
Damascena”].
Foram excluídos editoriais, cartas, comentários e resumos expandidos de
trabalhos, além de estudos duplicados ou com diferente proposta temática.
Para seleção dos estudos, primeiramente foi realizada a avaliação dos
títulos e dos resumos identificados na busca inicial, obedecendo aos critérios de
inclusão e exclusão definidos.
3 RESULTADOS
Utilizando os descritores “óleo essencial de Rosa damascena” e
“antioxidante”, foram encontrados 9 artigos no Pubmed, 385 artigos no Periódicos
Capes e 5.571 artigos no Google Acadêmico, totalizando 5.965 artigos. Não foi
encontrado nenhum artigo na base de dados Scielo.
Destes artigos encontrados, alguns foram excluídos por se tratarem de
revisão bibliográfica, outros por serem referentes ao extrato de Rosa damascena ou
não abordarem o efeito antioxidante do OE de Rosa damascena. Após a leitura de
todos os títulos, foram selecionados somente 5 artigos para este trabalho de revisão.
6
Quadro 1 – Características dos artigos incluídos na revisão
AUTOR, TÍTULO, ANO ÓLEO ESSENCIAL
COMPLETO OU COMPONENTES
CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL
DOSES UTILIZADAS
METODOLOGIA UTILIZADA AMOSTRA RESULTADOS CONCLUSÃO
YASSA et al., 2009. Chemical
composition and antioxidant activity
of the extract and essential oil of
Rosa damascena from Iran,
population of Guilan.
Componentes do
extrato e O.E. de
Rosa damascena
Linalol (3,68%), nerol
(3,05%), geraniol (15,5%),
1-nonadecano (18,56%),
n-tricosano (16,68%),
n-pentacosano (5,11%),
n-hexatriacontano (24,6%)
10, 5, 1 μl/mL (i) Análise de GC/MS;
(ii) Inibição da peroxidação
lipídica;
(iii) Atividade sequestradora de
radicais livres (DPPH).
Estudo in vitro
Óleo essencial
Extrato
hidroalcoólico
Forte capacidade de eliminar
radicais livres;
Diminuiu a peroxidação lipídica.
Antioxidante
SENOL et al., 2013. A mechanistic
investigation on anticholinesterase
and antioxidant
effects of rose (Rosa damascena
Mill).
O.E. de Rosa
damascena
e componentes
do óleo essencial
isolados
(−)-β-citronelol,
(+)-β-citronelol,
geraniol, nerol, e
álcool feniletílico
Citronelol (30,6%);
geraniol (27,9);
nerol (12,3%) e álcool fenil
etílico (1,9%).
100, 200, 500
e 1000 μg/mL
(i) Análise de GC/MS;
(ii) Inibição da enzima
colinesterase;
(iii) Atividade de eliminação de
radicais DPPH;
(iv) Efeito quelante de metais;
(v) Efeito antioxidante de FRAP.
In vitro e in
silico
Componentes do O.E. de rosa
mostraram inibição da AChE e
BChE;
O.E. de rosa aumentou
atividade nos testes de
eliminação de radicais livres
DPPH e FRAP.
Notável
inibição da
colinesterase
e efeito
antioxidante
NIKOLOVA et al., 2016. Protective
effect of two essential oils isolated
from Rosa damascena Mill. and
Lavandula angustifolia Mill, and two
classic antioxidants against L-dopa
oxidative toxicity induced in healthy
mice.
O.E. de Rosa
damascena
Não consta 400mg/kg
(i.p.)
Os animais
foram pré-
tratados 1h
antes do
tratamento
com L-dopa
(i) Quantificação de proteína
carbonilada por espectrometria
DPPH;
(ii) Avaliação dos níveis de MDA;
(iii) Avaliação dos níveis de
peroxidação lipídica e TBARS;
(iv) EPR;
(v) Avaliação dos níveis de
radicais livres.
in vivo
(camundongos)
Análises de
sangue e
cérebro.
Os grupos de animais tratados
em combinação de L-dopa + O.E.
de rosa apresentaram:
- Redução de proteína
carbonilada no plasma e no
tecido cerebral*;
- Redução de níveis de MDA no
plasma e tecido cerebral*;
Efeito
antioxidante
contra a
toxicidade
oxidativa
aguda da
administraçã
o de L-dopa
7
100mg/kg
(i.p.)
- Redução de níveis de radicais
livres no plasma e tecido
cerebral*.
* Resultados estatisticamente
significativos quando comparados
com grupo controle L-dopa.
em animais
saudáveis.
GEESI, M. H., 2018. The effect of
extraction apparatus on the
Chemical composition of essential
oil from the
Endemic damask rose (Rosa
damascena Mill) with an antioxidant
evaluation.
O.E. de Rosa
damascena
Isobutirato de citronelil
(22,44%) e citronelol
(38,57%)
2,5 à 200
μg/mL
- Análise por GC/MS
- Análise de eliminação de
radicais DPPH
.
In vitro Capacidade de eliminar DPPH Antioxidante
KAZEMI et al., 2018. Antioxidant and
Physio-chemical Activities of
Iranian Rosa damascena and Myrtus
communis
L. Essential Oils: A High
Effectiveness Against
Senescence.
O.E. de Rosa
damascena
Não consta 10, 15 e 20
mg/L-1
e
100, 150 e
200 mg/L-1
(i) Murchamento das pétalas;
(ii) Peso;
(iii) Teor de clorofila;
(iv) Níveis de proteínas MDA,
SOD, CAT e POD;
(v) Peroxidação lipídica.
Estudo in vitro
Pétalas de rosa
imersas em
óleo essencial
de rosa
Aumentou sobrevida das pétalas;
Preveniu a redução do peso das
pétalas;
Atrasou a degradação da
clorofila;
Diminuiu níveis de MDA;
Diminuiu a degradação da
proteína;
Aumentou a eliminação de EROs;
Diminuiu a peroxidação lipídica.
Antioxidante
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019. Legenda: GC/MS: Cromatografia gasosa por espectrometria de massa;
8
DPPH: 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl; FRAP: Ferric Reducing Antioxidant Power; O.E.: óleo essencial; MDA: malondialdeído; SOD: superóxido dismutase; CAT: catalase; POD: Guaiacol peroxidase; EROs: espécies reativas de oxigênio; TBARS: reatividade ao ácido tiobarbitúrico; EPR: Espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica; AChE: acetilcolinesterase; BChE: butirilcolinesterase; (i.p.): via intraperitoneal.
9
4 DISCUSSÃO
4.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA
O OE de Rosa damascena é rico em hidrocarbonetos não terpenoides,
compreendendo 73,38% do OE. Linalol (3,68%), nerol (3,05%), geraniol (15,5%), 1-
nonadecano (18,56%), n-tricosano (16,68%), n-pentacosano (5,11%), n-
hexatriacontano (24,6%) e monoterpeno oxigenado (22,87%) foram apontados como
os principais componentes do OE de rosa do Irã (YASSA et al., 2009).
Um estudo de revisão comparou a composição química do OE de Rosa
damascena em diferentes partes do mundo, afirmando que a composição química do
OE de rosa da Turquia e do Irã são semelhantes. Senol et al. (2013) afirmam que os
componentes majoritários do OE de Rosa damascena da Turquia são o citronelol
(30,6%), geraniol (27,9%), nerol (12,3%) e nonadecano (7,3%). Citronelol, geraniol,
nerol, álcool fenil etílico, nonadecano, eicosano, heneicosano, tricosano, a-guaiene,
acetato de geraniol e eugenol foram relatados como os principais componentes de
diferentes partes do mundo. O álcool fenil etílico (71%) foi relatado como componente
principal do OE de rosa do Paquistão. Citronelol, nonadecano e geraniol foram os
principais componentes do OE de rosa da região central do Irã, enquanto a
composição química do OE de rosa foi alterada para triacosano (24,6%), 1-
nonadecano (18,6%), n-tricosano (16,7%) e geraniol (15,5%) do norte do Irã.
Citronelol, geraniol, nonadecano e nerol foram relatados pelos autores búlgaros como
os principais componentes. Em um estudo foi relatado citronelol, geraniol e
nonadecano como os principais componentes do OE de rosa indiano. Citronelol
(35,2%), geraniol (22,2%), nonadecano (13,8%) e nerol (10,3%) foram relatados como
os principais componentes do OE de rosa da Turquia (MAHBOUBI, 2015).
De acordo com a Organização Internacional para Padronização, os
principais componentes do OE de Rosa damascena obtido por destilação a vapor são:
citronelol (20-34%), nerol (5-12%), geraniol (15-22%), parafinas C17 (1,0-2,5%),
parafinas C19 (8,0-15,0%) e parafinas C21 (3,0-5,5%) (NUNES; MIGUEL, 2017).
Os artigos descrevem informações semelhantes com relação à composição
química do OE de Rosa damascena. Existem diversos fatores que podem alterar esta
composição, como clima, região, práticas agronômicas, método de propagação, data
de cultivo e procedimentos de colheita, tempo e nível de poda, armazenamento de
10
material vegetal e método de destilação (UCAR et al., 2017). Além disso, os tipos de
aparelhos e métodos de extração utilizados há algumas décadas e aqueles que são
utilizados atualmente também podem ter um papel importante nas diferenças
quantitativas encontradas pelos autores (NUNES; MIGUEL, 2017).
4.2 ESTUDO IN VIVO
Nesta pesquisa, em relação aos estudos encontrados in vivo, um estudo
avaliou o efeito protetor do OE de Rosa damascena e dois antioxidantes clássicos
contra a toxicidade oxidativa da L-dopa induzida em camundongos saudáveis
(NIKOLOVA et al., 2016).
A Levodopa ou L-dopa, um precursor da dopamina, é um agente de
substituição da dopamina eficaz e bem tolerado, utilizado no tratamento da doença de
Parkinson, geralmente associado a inibidores periféricos da enzima dopa-
descarboxilase (DDCI), como a carbidopa ou benserazida (SALAT; TOLOSA, 2013).
Neste estudo, a avaliação foi realizada através da medição dos níveis dos
três biomarcadores de substâncias reativas de oxigênio (EROs), malondialdeído
(MDA), proteína carbonilada e radicais óxido nítrico (NO) em homogenato de cérebro
e sangue. Os camundongos foram divididos em seis grupos, recebendo duas injeções
intraperitoneal (i.p.) de L-dopa (100mg/kg) e 45 minutos após uma injeção de
benzerazida (10 mg/kg). Além disso, foram pré-tratados após uma hora com doses de
400 mg/kg; i. p. de ácido ascórbico (vitamina C), Trolox (vitamina E) ou OE de Rosa
damascena (NIKOLOVA et al., 2016).
Os grupos de animais tratados em combinação de L-dopa e óleo essencial
de rosa apresentaram resultados estatisticamente significativos quando comparados
com o grupo controle. Houve redução de proteína carbonilada, níveis de MDA e
também de níveis de radicais livres no plasma e tecido cerebral (NIKOLOVA et al.,
2016). O OE de Rosa damascena manifestou propriedade antioxidante contra a
toxicidade oxidativa aguda da L-dopa em camundongos saudáveis, além da
eliminação de radicais livres. Podendo, então, proteger as células da toxicidade
oxidativa induzida pelo fármaco L-dopa e também desempenhar um papel
fundamental no desarmamento de EROs e espécies reativas de nitrogênio (ERNs)
(NIKOLOVA et al., 2016). Este foi o único estudo in vivo encontrado na literatura com
11
os critérios de inclusão e descritores definidos. Sendo assim, não há outros estudos
para comparação dos resultados.
4.3 ESTUDOS IN VITRO
Com relação aos estudos in vitro encontrados na literatura, um destes
avaliou as atividades antioxidantes e físico-químicas do OE de Rosa damascena. O
efeito da exposição contínua e aplicação do OE de rosa em flores de rosa pós-colheita
foi avaliado. Para este propósito, dois experimentos foram conduzidos utilizando um
delineamento inteiramente casualizado com três repetições. As flores foram colocadas
em soluções contendo OE de Rosa damascena (100, 150 e 200 mg/L-1) por 24 horas
e, em seguida, transferidas para água destilada ou colocadas em exposição contínua
ao OE de rosa (10, 15 e 20 mg/L-1). A aplicação do OE de Rosa damascena aumentou
a estabilidade da membrana e diminuiu as propriedades de peroxidação lipídica. As
concentrações de 15 e 20 mg/L-1 (em exposição contínua) aumentaram a vida dos
vasos e atrasaram a degradação da clorofila em comparação às flores mantidas em
água destilada, além de indicar uma diminuição significativa na perda de peso e no
conteúdo de MDA, retardando a degradação das flores (KAZEMI et al., 2018). Assim,
o OE de rosa causou um aumento na atividade antioxidante quando comparado ao
grupo controle em todos os níveis. Além disso, inibiu a peroxidação lipídica e exibiu
um potente efeito de eliminação de EROs (KAZEMI et al., 2018).
Outro estudo realizado in vitro avaliou o efeito antioxidante do OE de Rosa
damascena utilizando a atividade sequestradora de radicais livres com os métodos de
captura do radical DPPH e peroxidação lipídica, na qual as doses utilizadas foram 10,
5, e 1 μl/mL (YASSA et al., 2009).
O processo de peroxidação lipídica pode ser definido como uma cascata de
eventos bioquímicos resultante da ação dos radicais livres sobre os lípides
insaturados das membranas celulares, levando à destruição de sua estrutura, falência
dos mecanismos de troca de metabólitos e, numa condição extrema, à lise celular
(BENZIE, 1996).
No processo de respiração celular, a redução tetravalente do oxigênio pode
gerar espécies reativas ao oxigênio (EROs). Em situações de equilíbrio as EROs são
neutralizadas pelos antioxidantes, porém, quando há um desequilíbrio entre formas
oxidantes e antioxidantes, está ocorrendo um estresse oxidativo (FERREIRA;
12
MATSUBARA, 1997). O estresse oxidativo provoca danos permanentes no material
genético, podendo representar o primeiro passo em situações de mutagênese,
carcinogênese e envelhecimento precoce (VALKO et al., 2007).
De acordo com os resultados apresentados na pesquisa, o OE de Rosa
damascena possui um forte efeito antioxidante, podendo eliminar radicais livres e
diminuir a peroxidação lipídica (YASSA et al., 2009).
Senol et al. (2013) utilizaram o OE de Rosa damascena e componentes do
óleo essencial isolados (−)-β-citronelol, (+)-β-citronelol, geraniol, nerol, e álcool
feniletílico para o estudo. As doses utilizadas foram 100, 200, 500 e 1000 μg/mL. As
amostras foram testadas quanto à sua atividade inibitória contra acetilcolinesterase
(AChE) e butirilcolinesterase (BChE).
A AChE é a enzima responsável por hidrolisar o neurotransmissor
acetilcolina (ACh) nas sinapses colinérgicas. Nestas sinapses a ACh atua transmitindo
a mensagem de um neurônio a outro. As sinapses colinérgicas estão amplamente
distribuídas no sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP), sendo importantes
para a manutenção de inúmeras funções fisiológicas humanas (ARAÚJO et al., 2016).
A AChE encontra-se mais abundantemente no sistema nervoso central, nos
músculos esqueléticos e na membrana dos eritrócitos, enquanto a BChE encontra-se,
em sua maioria, no plasma sanguíneo, sendo por este motivo conhecida também
como colinesterase plasmática (ARAÚJO et al., 2016).
Uma vez que o dano oxidativo está associado à neurodegeneração, a
atividade antioxidante das amostras foi determinada por ensaios de varredura de
radical DPPH, quelação de metais e poder antioxidante de redução férrica (FRAP)
(SENOL et al., 2013).
O método de inibição de radicais DPPH baseia-se na transferência de
elétrons de um composto antioxidante para um radical livre, o DPPH, que ao reduzir
perde sua coloração púrpura (HUANG et al., 2005).
Um quelado é um composto químico formado por um íon metálico, unido
por várias ligações covalentes a uma estrutura heterocíclica de compostos orgânicos,
peptídeos ou polissacarídeos. Segundo Leeson e Summer (2001 apud PUJOL, 2011),
minerais quelados são uma mistura de elementos minerais ligados a algum tipo de
carreador, que pode ser um aminoácido ou um polissacarídeo.
O ensaio antioxidante de determinação do poder de redução do íon ferro,
FRAP (do inglês, Ferric Reducing Antioxidant Power), está baseado na produção do
13
íon Fe2+ (forma ferrosa) a partir da redução do íon Fe3+ (forma férrica). Quando a
redução ocorre, há uma alteração na tonalidade da mistura de reação (ANTOLOVICH
et al., 2002). Quanto maior a absorbância ou intensidade da coloração, maior será o
potencial antioxidante.
Também foram examinados os efeitos anticolinesterásicos dos principais
componentes (citronelol, geraniol, nerol e álcool feniletílico). O OE de rosa mostrou
uma notável inibição da AChE (60,86 ± 1,99%) e BChE (51,08 ± 1,70%) a 1000 μg/mL
e aumentou a atividade nos testes de eliminação de radicais livres DPPH e FRAP,
concluindo, então, uma notável inibição da colinesterase e efeito antioxidante (SENOL
et al., 2013).
Um outro estudo avaliou a atividade antioxidante do OE de Rosa
damascena e este apresentou capacidade de eliminar os radicais DPPH, confirmando
seu efeito antioxidante (GEESI, 2018).
Através de diferentes formas de avaliação e metodologias, todos os estudos
utilizados nesta revisão bibliográfica apresentaram um efeito positivo com relação à
atividade antioxidante do OE de Rosa damascena e sua capacidade de neutralizar os
radicais livres.
14
5 CONCLUSÃO
O OE de Rosa damascena é um importante produto que pode ser utilizado
com segurança na área estética em diversos procedimentos, sendo um antioxidante
natural que neutraliza os radicais livres formados no organismo, podendo retardar o
processo de envelhecimento.
Citronelol, geraniol, nerol, álcool fenil etílico e nonadecano foram apontados
como os constituintes majoritários do OE de Rosa damascena. Existem alguns fatores
que podem alterar sua composição química, como condições ecológicas, geográficas
e ambientais, composição do solo, condição de colheita e armazenamento, data da
colheita e métodos de destilação.
Embora muitos estudos sobre o OE de Rosa damascena demonstrem seu
efeito antioxidante in vitro e em modelos animais, sugere-se a realização de novos
estudos clínicos que avaliem esta atividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos critérios de inclusão e descritores definidos, foram utilizados
somente 5 artigos nesta revisão. Destes artigos, alguns não possuíam uma
metodologia clara, dificultando o entendimento. Além disso, não foram encontrados
estudos clínicos e a maior parte dos estudos encontrados eram referentes aos
hidrolatos ou extrato de Rosa damascena, ou não abordavam o efeito antioxidante do
OE de Rosa damascena. Apesar destas limitações, as buscas foram realizadas em
importantes bases de dados como Pubmed, Scielo e Periódicos Capes.
15
REFERÊNCIAS
ABURJAI, T.; NATSHEH, F. M. Plants used in cosmetics. Phytotherapy Research: An International Journal Devoted to Pharmacological and Toxicological Evaluation of Natural Product Derivatives, v. 17, n. 9, p. 987-1000, 2003. ANDREI, P.; DEL COMUNE, A. P. Aromaterapia e suas aplicações. Cadernos Centro Universitário S. Camilo, São Paulo, v. 11, n. 4, p. 57-68, 2005.
ANTOLOVICH, M. et al. Methods for testing antioxidant activity. Analyst, v. 127, n. 1,
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