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Bianca Carvalho de Abreu Leira

AMBIENTE E SAÚDE

INTRODUÇÃO À PROFISSÃO EM ENFERMAGEM

AutoraBianca Carvalho de Abreu LeiraPós-graduanda em Enfermagem Neonatal e Pediátrica. Graduada em Enfermagem. Graduada em Fonoaudiologia. Servidora pública no âmbito municipal e estadual no Rio de Janeiro, atuando na área de assistência de Enfermagem em Emergência e Sala de Parto. Recentemente atuante em transferência inter-hospitalar de pacientes neonatais e pediátricos em unidade móvel avançada.

RevisãoBruno Batista de Paiva

IlustraçãoRodrigo Souza

Projeto GráficoNT Editora

Editoração EletrônicaNT Editora e Figuramundo

CapaFiguramundo

NT Editora, uma empresa do Grupo NTSCS Q. 2 – Bl. D – Salas 307 e 308 – Ed. Oscar NiemeyerCEP 70316-900 – Brasília – DFFone: (61) [email protected] e www.grupont.com.br

Introdução à Profissão em Enfermagem. / NT Educação.

-- Brasília: 2014. 115p. : il. ; 21,0 X 29,7 cm.

ISBN - 978-85-68004-67-8

1. Enfermagem. Necessidades Humanas Básicas. Saúde x Doença. Exercício Profissional. Conselhos da Classe.

Copyright © 2014 por NT Editora.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por

qualquer modo ou meio, seja eletrônico, fotográfico, mecânico ou outros, sem autorização prévia e escrita da NT Editora.

3Introdução à Profissão em Enfermagem

LEGENDA

ÍCONES

Prezado(a) aluno(a),Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material didático. A presença desses ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor-dado e também como fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:

Saiba MaisEste ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.

ImportanteO conteúdo indicado com este ícone tem bastante importância para seus es-tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.

DicasEste ícone apresenta dicas de estudo.

Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.

Exercícios Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.

Bons estudos!

4 NT Editora

Sumário

1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM .................................................................................... 7MÓDULO I – CONCEITOS HISTÓRICOS EM ENFERMAGEM ............................................................. 71.1 Surgimento e Institucionalização da Enfermagem como profissão ................................... 71.2 Características e teorias da Enfermagem ...................................................................................13

2. CONCEITOS NORTEADORES PARA O PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM .......... 24MÓDULO I – CONCEITOS HISTÓRICOS EM ENFERMAGEM ...........................................................242.1 Saúde x Doença ...................................................................................................................................242.2 Ser Humano ...........................................................................................................................................282.3 Meio ambiente .....................................................................................................................................30

3. CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ................................................... 35MÓDULO II – BASE FILOSÓFICA EM ENFERMAGEM .......................................................................353.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Enfermagem .........................................35

4. ÉTICA EM SAÚDE ...................................................................................................... 49MÓDULO II – BASE FILOSÓFICA EM ENFERMAGEM .......................................................................494.1 Bioética em Enfermagem .................................................................................................................494.2 Sigilo Profissional ................................................................................................................................55

5. CÓDIGO DE ÉTICA DA PROFISSÃO ENFERMAGEM ............................................... 65MÓDULO III – DIREITOS E DEVERES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM .......................655.1 Principais Direitos e Deveres do Profissional .............................................................................655.2 Aborto .....................................................................................................................................................745.3 Eutanásia ................................................................................................................................................76

6. HUMANIZAÇÃO ........................................................................................................ 80MÓDULO III – DIREITOS E DEVERES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM .......................806.1 Cuidado Humanizado em Enfermagem .....................................................................................806.2 HumanizaSUS .......................................................................................................................................82

7. CONSELHOS DE ENFERMAGEM .............................................................................. 89MÓDULO III – DIREITOS E DEVERES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM .......................897.1 Categorias Profissionais ....................................................................................................................897.2 Entidades de Classe ............................................................................................................................94

8. ENFERMAGEM E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO ....................................................... 100MÓDULO IV – MERCADO DE TRABALHO E NOVAS PERSPECTIVAS DA PROFISSÃO ........ 1008.1 Enfermagem e suas Áreas de Atuação ..................................................................................... 100

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 112

REFERÊNCIAS DAS ILUSTRAÇÕES ............................................................................ 113

APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Bem-vindo(a) ao curso de Introdução à Profissão Enfermagem!

A Enfermagem estuda e se dedica à arte do cuidar. É a ciência que tem como enfoque a assis-tência e o cuidado ao ser humano, tanto no âmbito individual como no comunitário e familiar, de forma integral e holística. Ou seja, um olhar no homem como ser indivisível. Pode ser desenvolvida em equipe ou de forma autônoma, em atividades que englobam promoção, proteção, prevenção e reabilitação da saúde. É necessário, para a aplicação da Enfermagem, o conhecimento científico que norteará o profissional, o qual deve ser fundamentado em questões tecnológicas e éticas.

É muito comum que as pessoas façam confusão entre os profissionais da área de Enfermagem. Talvez você não saiba, mas existem algumas diferenças. Dentro da profissão, encontramos categorias, como a do auxiliar de Enfermagem, de nível fundamental, do técnico de Enfermagem, de nível médio e do Enfermeiro, de nível superior, cada uma delas com funções distintas e qualificações específicas. A profissão Enfermagem vem sendo cada vez mais reconhecida e os formandos se deparam com ótimas expectativas para as diversas oportunidades de trabalho. Se você tem habilidades como iniciativa, compreensão, respeito ao indivíduo, gosta de trabalhar em equipe e ajudar o próximo, bem-vindo(a) à Enfermagem!

Ótimo estudo!

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1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

MÓDULO I – CONCEITOS HISTÓRICOS EM ENFERMAGEM

Objetivos:

Ao finalizar esta lição, você deverá ser capaz de:

• Conhecer a história da Enfermagem.

• Entender como foi seu início no Brasil.

• Compreender as teorias que norteiam o cuidar na assistência em Enfermagem.

1.1 Surgimento e Institucionalização da Enfermagem como profissão

Neste módulo, você conhecerá o surgimento da Enfermagem no Brasil e no mundo, e como e de que maneira a arte do cuidar se estabeleceu como profissão. Estudaremos que personagens fize-ram o amor e o cuidado ao próximo se tornarem uma ciência tão valorizada e estudada até os dias de hoje. É fundamental que o profissional saiba como se deu a evolução histórica da sua profissão. Você está pronto(a) para essa viagem no tempo?

A profissão Enfermagem surgiu com a evolução e o desenvolvimento das práticas de saúde no decorrer do tempo. A saúde de forma instintiva foi o primeiro método de assistência, garantindo ao homem a manutenção da sobrevivência. Com relação à Enfermagem, fatos que remetiam à época eram questões que envolviam a prática de partos domiciliares por pessoas sem conhecimento téc-nico. Muitas vezes esses partos eram realizados por mulheres, que dividiam as atividades com sacer-dotes em templos. Essas ações se desenvolveram por muito tempo e serviram para que conceitos de saúde fossem ensinados dentro desses templos. Posteriormente, foram desenvolvidas escolas para o ensino da arte do curar na Itália e na Sicilia. A prática de saúde mística e sacerdotal, no século V a.C., passa a ser baseada no conhecimento da natureza, na experiência e no raciocínio, estabelecendo um relação de causa e efeito para doenças, porém, isenta de qualquer conhecimento anatomofisiológico.

Certamente você já ouviu falar em Hipócrates. Foi ele quem propôs uma nova concepção em saúde, separando a arte de curar dos sacerdotes por meio do misticismo, passando a utilizar a inspe-ção e a observação. Este período foi chamado pela medicina grega de período hipocrático. Hipócrates é considerado o Pai da Medicina e reconheceu doenças como tuberculose, malária e até luxações e fraturas. Utilizava em seu tratamento massagens, banhos, sangrias, ventosas, purgativos e ervas. Tinha como princípio fundamental na terapêutica não contrariar a natureza, mas sim auxiliá-la a reagir.

Há, ainda, um período histórico em que a Enfermagem foi uma prática leiga. Trata-se do perío-do medieval, onde a assistência era desenvolvida por religiosos, e que ocorreu do século V ao XIII. Esse período serviu para que fossem aceitos pela sociedade conceitos inerentes à profissão, como obedi-ência, abnegação e espírito de serviço, que dão à Enfermagem perfil de sacerdócio, e não de profissão.

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Em hospitais religiosos, enclausurada, a Enfermagem permaneceu desorganizada por muito tempo, o que se agravou após a Santa Inquisição e a Reforma Religiosa. Os hospitais passam a ser local de aglomeração de pessoas de todos os tipos, onde doentes dividem o mesmo espaço em leitos coletivos.

Mas as dificuldades não param por aí...

Você sabia que houve um período que a Enfermagem era considerada um serviço doméstico, indigno e nada atrativo para mulheres de classe social mais elevada? Somente a partir da Revolução Capitalista e de alguns movimentos reformadores de iniciativa religiosa e social é que se inicia a me-lhora das condições de serviço e dos hospitais. Surge, então, a institucionalização da Enfermagem como atividade profissional, fato este paralelo à Revolução Industrial no século XVI, e que tem seu ápice com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra no século XIX.

Vamos falar um pouco da Enfermagem Moderna...

O avanço da Medicina e o papel do médico como responsável pela reorganização dos hospi-tais têm seus reflexos na Enfermagem. A época era de doenças infectocontagiosas e falta de pessoal preparado para cuidar dos doentes. A classe mais favorecida era tratada em suas casas, enquanto os mais pobres eram objeto de experiência que trariam maior conhecimento sobre as questões que envolviam as doenças e seus tratamentos. O cenário era perfeito para a atuação da Enfermagem, e o Ministro da Guerra da Inglaterra convida Florence Nightingale para atuar junto aos feridos em comba-te na guerra da Crimeia.

Figura 1. Florence Nightingale – Guerra da Crimeia.

Florence Nightingale teve papel fundamental na história da Enfermagem e para a construção de conceitos que são utilizados até os dias atuais. Filha de ingleses, nascida em 12 de maio de 1820, em Florença, na Itália, tinha firmeza em seus propósitos e dominava o inglês, o francês, o italiano, o grego e o latim, o que lhe dava grande habilidade para conversar e negociar com políticos e oficiais do Exército.

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Estudou as atividades das Irmandades Católicas em Roma, com o desejo de ser enfermeira. Sempre envolvida em atividades religio-

sas que a levavam a obter maior conhecimento acerca da profissão, se preparava para sua maior e mais importante jornada. Em 1854, Inglaterra, França e Turquia declaram guerra à Rússia: a Guerra da Crimeia. O cenário era de completo caos, os soldados estavam em total abandono e a mortalidade entre os hospitalizados chegava a 40%. Florence e mais 38 voluntárias, entre leigas e religiosas de

diversos hospitais, partiram para Scutari. Algumas dessas mulheres não se adaptaram ou eram indisciplinadas e foram despedidas; mes-

mo assim, a mortalidade caiu de 40% para 2%.

Figura 2: Retrato de Florence Nightingale.

Curiosidade

Você sabe por que o símbolo da Enfermagem é uma lamparina?

Durante sua ronda noturna, nos cuidados aos feridos da guerra, Florence car-regava consigo uma lanterna para iluminar o caminho até as enfermarias. Os soldados passaram a tê-la com um anjo da guarda e a partir daí a chamaram de “Dama da Lâmpada”, devido a toda atenção e cuidado oferecido a eles.

Figura 3. Florence – Dama da Lâmpada.

Exercitando o conhecimento...

Quando se deu o início da institucionalização da Enfermagem como profissão?

a) Após a Revolução Capitalista e reformas religiosas.

b) Após a Revolta da Vacina.

c) Após a morte de Florence Nightingale.

d) Após a Guerra da Crimeia.

Comentário

Se você respondeu a letra A, parabéns!

Somente após a Revolução Capitalista e os movimentos religiosos e sociais é que foram providenciadas melhorias das condições de serviço e dos hospitais. Assim, há a institucio-nalização da Enfermagem como atividade profissional, paralelamente à Revolução Indus-trial no século XVI, e que tem seu ápice com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra no século XIX.

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Durante a guerra, Florence contrai tifo e retorna da Crimeia em 1856, passando a ter uma vida inválida. Passa a dedicar-se a trabalhos intelectuais e recebe um prêmio do governo inglês pelos trabalhos desenvolvidos. Graças a esse prêmio, consegue iniciar a Escola de Enfermagem, em 1959, que certamente mudou o destino da Enfermagem. Com disciplina rigorosa, a escola funda-da no Hospital Saint Thomas serviu de modelo para escolas fundadas posteriormente. Com aulas minitradas por médicos, o curso tinha duração de um ano e o regime militar era característica da escola nightingaleana. Em 13 de agosto de 1910, Florence morre, mantendo o acesso ao ensino da Enfermagem, que deixa de ser tratado como atividade empírica e passa à ocupação assalariada, passando a atender a necessidade da mão de obra nos hospitais e se estabelecendo como prática social específica e institucionalizada.

Você já parou pra pensar como eram as escolas de Enfermagem antigamente?

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as escolas se expandiram começando pela Inglaterra.

As escolas deviam seguir as filosofias nightingaleanas:

• O ensino das enfermeiras deveria ser mantido com dinheiro público;

• As escolas deveriam manter sua independência administrativa e financeira, mas manter asso-ciação com os hospitais;

• O ensino deveria ser ministrado por enfermeiras profissionais;

• Enquanto estudavam, as enfermeiras deveriam ter acomodação à disposição perto dos hospitais.

Enquanto isso aqui no Brasil...

A Enfermagem se organiza a partir do período colonial e termina no século XIX. Desenvolvida por um grupo praticamente de escravos, a profissão surge como mera prestação de cuidados aos do-entes e geralmente era realizada nos domicílios. No que diz respeito à saúde dos brasileiros, vale ressaltar a importância do padre José de Anchieta, que foi além dos ensinamentos de catequese e atendia aos necessitados, atuando em atividades de médico e enfermeiro. Foram registrados pelo padre escritos sobre clima, doenças e ervas. Suspeita-se que, nessa época, os jesuítas super-visionavam o trabalho de pessoas treinadas por eles.

Em 1832, criou-se a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e a escola de parteiras da Faculda-de de Medicina diplomou, em 1833, a ilustre Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil. No início do século XX, têm início as teses médicas sobre Higiene Escolar e Infantil, abrin-do novos olhares diante dos resultados positivos que foram obtidos. Porém, esses estudos não refletiram na Enfermagem, e no tempo do império raros nomes se destacaram, mas o de Anna Nery merece menção especial.

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Figura 4. Anna Nery. 1814 – 1880.

Anna Justina Ferreira nasceu em 13 de dezembro de 1814, na cidade de Cachoeira, no estado da Bahia. Enviuvou de Isidoro Antonio Nery aos 30 anos. Teve dois filhos, um, médico militar e o outro, oficial do Exército, que foram convocados pelo serviço militar para atuarem na Guerra do Paraguai, em 1864. Anna Nery não suporta a separação dos filhos e escreve ao presidente, colocando-se à disposi-ção da nação. Autorizada, parte para os campos de batalha onde mais dois de seus irmãos também lutavam. Não mede esforços para ajudar os feridos e improvisa hospitais para realizar os atendimen-tos. Volta ao Brasil após cinco anos e é recebida com condecorações, e tem uma imagem pintada e colocada no Paço Municipal. Morreu no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1880.

No Brasil, ao final do século XIX, já eram notórias as áreas de maior urbanização e comércio; eram elas Rio de Janeiro e São Paulo. Trazidas por europeus e escravos africanos, as doenças infectoconta-giosas se propagam, constituindo, assim, um problema social e econômico, ameaçando a expansão comercial brasileira. Sofrendo com as pressões externas, o governo brasileiro assume a assistência à saúde por meio da criação de serviços públicos de controle e vigilância mais efetivos sob os portos. Foi estabelecida, em 1904, mediante a Reforma Oswaldo Cruz, a quarentena, incorporando à estrutura sanitária novos elementos, como a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela e o Instituto Soroterápico Federal, que se transformou no Instituto Oswaldo Cruz.

Durante anos, o Departamento Nacional de Saúde Pública, criado pela Reforma Carlos Chagas (1920), executa ações nas atividades de Saúde Pública no Brasil. Foi criada a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras no Rio de Janeiro, que serviu para a formação de pessoal na área de Enfer-magem, visando atender às atividades de saúde pública e aos hospitais militares e civis. De fato, esta escola de Enfermagem foi a primeira escola de Enfermagem brasileira, criada pelo Decreto Federal nº 791, de 27 de setembro de 1890, e que hoje se denomina Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, per-tencente à Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO).

Você já ouviu falar na Cruz Vermelha?

É muito comum a sua participação em grandes catástrofes que envolvem os cuidados e a assis-tência em saúde da população necessitada.

Em fins de 1908, foi instalada e organizada no Brasil a Cruz Vermelha Brasileira, tendo o médico Oswaldo Cruz como primeiro presidente. Sua atuação na Primeira Grande Guerra Mundial lhe rendeu destaque com a colaboração na estruturação dos postos de atendimento durante a epidemia de gripe espanhola, enviando a diversas instituições e domicílios socorristas profissionais. Sua participação foi de suma importância também durante as secas do nordeste e as inundações nos estados da Bahia e Sergipe. Até os dias atuais dedica-se à formação de voluntários.

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Agora você irá estudar sobre as primeiras escolas de Enfermagem no Brasil, que inicialmente servi-ram de modelo e que até hoje continuam suas atividades, formando profissionais na área da Enfermagem:

• Escola de Enfermagem Alfredo Pinto: Fundada em 1890, é a mais antiga do Brasil. Dirigida por enfermeiras diplomadas, foi reorganizada por uma das pioneiras da Escola Anna Nery, Maria Panphiro;

• Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro: foi criada para atender as necessidades da po-pulação que sofreu com a Primeira Guerra Mundial. Iniciou suas atividades em 1916 com o curso de socorrista. Uma curiosidade é que seus diplomas eram oficializados pelo Ministério da Guerra e não por uma instituição educacional;

• Escola Anna Nery: iniciou sua primeira turma, composta por 14 alunas, nas dependências de um internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, que serviria de campo de estágio. Um surto de varíola acometeu a cidade do Rio de Janeiro em 1923, onde alunas enfermeiras dedicaram-se voluntariamente ao combate à doença. Logo foi possível observar uma redução do índice de mortalidade quando comparado a epidemias anteriores. Raquel Haddock Lobo foi primeira diretora brasileira da Escola Anna Nery. Pioneira da Enfermagem moderna no Brasil, participou da Primeira Grande Guerra na Europa e integrou-se à Cruz Vermelha Francesa, preparando-se, assim, para os primeiros trabalhos;

• Escola de Enfermagem Carlos Chagas: dirigida por Laís Netto dos Reys, foi inaugurada em julho de 1933 a primeira escola a funcionar fora da capital da república e a diplomar religiosas no Bra-sil. Foi criada pelo Estado por meio do decreto 10.925 de 07 de junho do mesmo ano, por iniciativa do doutor Ernani Agrícola, diretor da saúde pública de Minas Gerais;

• Escola de Enfermagem Luisa de Marillac: a mais antiga escola religiosa do Brasil, fundada e dirigida pela Irmã Matilde Nina. Essa escola representou uma evolução da Enfermagem nacional por possibilitar não somente a formação de religiosas de todas as congregações, mas também de jovens estudantes;

• Escola Paulista de Enfermagem: quando, em 1939, as Franciscanas Missionárias de Maria fundaram-na, levaram não somente o pioneirismo da renovação da Enfermagem à capital paulista, mas também ao início do curso de pós-graduação em Enfermagem obstétrica, que, por sua vez, origi-nou tantos outros que ainda hoje são ministrados por todo o país;

• Escola de Enfermagem da USP: pertencente à Universidade de São Paulo e fundada em 1944, com a participação da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), a Escola de Enfermagem da USP teve sua primeira turma formada em 1946 sob a direção da Sra. Edith Franckel, que era supe-rintendente do serviço de enfermeiras do Departamento de Saúde do Estado de São Paulo.

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1.2 Características e teorias da EnfermagemAgora que você conhece um pouco da história da Enfermagem, vamos conhecer quais teorias

servem de base para a prática da assistência em todos os segmentos da profissão.

Os modelos teóricos da Enfermagem têm o objetivo de proporcionar conhecimento e melho-rar a administração, a pesquisa e a prática profissional, validando as intervenções de Enfermagem e identificando seus instrumentos. Devem ser compatíveis com teorias já existentes, leis e princípios já confirmados. Os modelos teóricos têm como componentes o domínio referente ao conceito, ao obje-to, às crenças, aos valores e aos problemas da disciplina, bem como o paradigma, que é a ligação da ciência, da filosofia e das teorias da disciplina.

Tratando especificamente da Enfermagem, temos como componentes os modelos teóricos:

• Pessoa: quem recebe o cuidado, podendo ser a família, o indivíduo ou a própria comunidade.

• Saúde: é o objetivo do cuidado da Enfermagem, mas só iremos estudar esse conceito nos próximos capítulos...

• Ambiente e Situação: trata de quais condições afetam o indivíduo e em que ambiente se dá a necessidade do cuidado.

Veremos algumas teorias da Enfermagem numa linha do tempo e quais eram seus focos de atenção.

Teoria Ambientalista – Desenvolvida por Florence Nightingale, tem como conceito principal o meio ambiente, considerando as condições externas que interferem no desenvolvimento do indiví-duo, podendo contribuir ou prevenir doença ou morte. Nossa teórica pretere os ambientes psicológi-co e social ao ambiente físico, ao qual dedica maior ênfase, já que o contexto no qual se deu seu início na Enfermagem envolvia o período da industrialização inglesa e os campos da Guerra da Crimeia, onde a promiscuidade em que se encontravam os pacientes e as condições de saneamento ambiental precárias contribuíam parta taxas de mortalidade altíssimas, conforme estudamos anteriormente.

Segundo Nightingale, fatores externos contribuíam diretamente para saúde e para o processo de cura do paciente.

Reflita...

Para você quais fatores do meio ambiente podem interferir no processo de cura?

Para Florence, é necessário que o ambiente seja:

1. Ventilado – ambiente ventilado, mas, sem corrente de ar.

2. Iluminado – além do ar puro, há a necessidade de iluminação com luz solar direta.

3. Aquecido – é fundamental à recuperação prevenir a perda de calor vital, daí a preo-cupação com as correntes de ar.

4. Limpo – ambientes limpos são fundamentais para prevenção de infecções. Além do ambiente, o profissional deve estar sempre limpo e lavando as mãos frequen-temente durante o dia.

5. Silencioso – é preciso estar sempre atento para prevenir ruídos, pois nem a boa assis-tência será benéfica para o doente sem o silêncio necessário

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6. Livre de odores – o cheiro exalado dos ferimentos deve ser evitado com a frequente troca dos curativos. A ventilação não deve ser proveniente de esgoto.

7. Alimentação – a reposição de nutrientes através de uma alimentação saudável é es-sencial para o processo de cura.

Embora o ambiente físico, no qual se encontra o paciente, recebesse maior atenção de Florence, o ambiente psicológico não passou despercebido ao olhar de nossa teórica. Um ambiente negativo resulta em estresse físico e afeta emocionalmente o paciente. A fim de evitá-lo, é recomendável uma variedade de atividades, com o objetivo de estimular a mente, ressaltando a necessidade de comuni-cação, oferecendo-lhe atenção e trazendo assuntos agradáveis.

Não menos importante, o ambiente social também contribui para a prevenção de doenças e refere-se à coleta de dados inerentes a ela. Nesse momento, o profissional deve apostar em toda sua capacidade de observação.

O paciente tem a capacidade de se cuidar, e isso não é descartado por Florence, mesmo sendo a enfermeira a figura que representa esse cuidado, auxiliando o doente na manutenção das forças vitais, prevenindo a doença resistindo ou recuperando-se dela. A Enfermagem contribui para o processo natural de cura, encarregando-se de promover um ambiente em que o paciente seja capaz de cuidar de si próprio.

Teoria do Autocuidado – Segundo a visão de Dorothéia Orem, a prática de atividades que o indivíduo executa em benefício próprio, na manutenção da saúde, da vida e do bem-estar, é a base de sua teoria.

Existem 03 (três) requisitos de autocuidado citados por Orem:

1. Universais – relacionados aos processos de vida e à manutenção da estrutura e do funcio-namento humano. Podemos citar, como exemplo, as atividades do dia a dia comuns a todos os indivíduos.

2. Desenvolvimento – são processos Universais desenvolvidos de maneira particular, indivi-dual, isto é, a capacidade que o indivíduo desenvolve de adaptar-se a uma nova condição. Como exemplo, podemos citar o desempenho de uma nova atividade laboral ou a adapta-ção a uma limitação física.

3. Desvio de saúde – em condições de ferimento, doença ou moléstia, este requisito é exigi-do, podendo ainda ser em consequência de medidas médicas para correção, ou ainda no diagnóstico de uma condição. O indivíduo deve desenvolver a capacidade de lidar com a condição reversa à saúde.

O modelo desenvolvido por Orem busca, assim, ajudar pessoas a satisfazerem suas próprias exi-gências terapêuticas de autocuidado, adotando, como princípio, a ideia de que o ser humano possui habilidades naturais para promover seu próprio cuidado, porém, com a possibilidade de beneficiar-se do cuidado promovido pela equipe de Enfermagem, quando da falta de autocuidado proporcionado pela debilidade de saúde.

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Dessa forma, Dorothéia Orem, desenvolveu cinco métodos de ajuda:

1. Agir ou fazer para o outro;

2. Guiar o outro;

3. Apoiar o outro (física ou psicologicamente);

4. Proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal tanto quanto tornar-se capaz de satisfazer demandas atuais ou futuras de ação;

5. Ensinar o outro.

Justificando tais métodos na deficiência de autocuidado, quando a Enfermagem passa a ser exigida a partir das necessidades do paciente, e quando este encontra-se impossibilitado de prover um autocuidado eficiente, o processo de Enfermagem desenvolvido por Orem define-se como um método de identificação das deficiências de autocuidado e a subsequente definição das ações do enfermeiro para supri-las, compreendendo os seguintes passos:

Passo 1 – Fase de diagnóstico e prescrição, em que as necessidades ou não de cuidados de En-fermagem são determinadas. Além da coleta dos dados pertinentes às habilidades, ao conhecimento, à orientação e à motivação da pessoa, ocorre também a reunião de dados específicos nas áreas da necessidade de autocuidado, de desvio de saúde e de desenvolvimento do indivíduo, tal como o seu inter-relacionamento;

Passo 2 – é a fase na qual se planejam os sistemas de Enfermagem e a execução dos atos de Enfermagem. É desenvolvido pelo enfermeiro um sistema totalmente compensatório, parcialmente compensatório ou simplesmente de apoio-educação. São duas as ações envolvidas no planejamento dos sistemas de Enfermagem:

a) organização dos componentes das exigências terapêuticas de autocuidado do doente;

b) combinação de métodos de auxílio que, simultaneamente, sejam efetivos e eficazes, no in-tuito de suprir as deficiências de autocuidado dos pacientes.

Com os métodos desenvolvidos por Orem, a compatibilização do diagnóstico de Enfermagem com as metas desejadas tende a capacitar o paciente, tornando-o um verdadeiro agente de autocuidados.

Passo 3 – inclui o processo de evolução, onde enfermeiro e paciente avaliam juntos, de modo contínuo, quaisquer modificações dos dados que afetariam o sistema de Enfermagem e o agente de autocuidado.

O uso da teoria do autocuidado desenvolvida por Dorothéia Orem é válido, pois permite estrei-tar a comunicação entre enfermeiro e paciente, promovendo um melhor planejamento da assistência de Enfermagem.

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Exercitando o conhecimento...

Para Florence Nightingale, são alguns fatores importantes na recuperação do indivíduo:

a) Técnica, assistência e cuidado.

b) Formação acadêmica e conhecimento técnico.

c) Iluminação, ventilação e limpeza.

d) Saber escutar e dedicar-se integralmente.

Comentário

Se você optou pela letra C, muito bem...

Se marcou outra alternativa, não está de todo errado. Todos os fatores descritos na questão podem, sim, contribuir para a melhora do indivíduo doente. Porém, Florence, em suas observações iniciais, destacou situações práticas que comprovadamente auxiliam na recuperação do doente. São algumas delas: ambiente arejado, iluminado, limpo, com odor agradável e aquecido.

Teoria das Necessidades Humanas Básicas – Ao longo de vários séculos, desenvolveram-se inúmeras formas de cuidados aos doentes, com vistas ao bem-estar e a um ciclo de recuperação. Ao enfatizar a cooperação e a correlação Enfermagem-ciência com foco no ser humano, Wanda de Aguiar Horta, uma pessoa com visão privilegiada da Enfermagem, tratou-a não somente como um atendi-mento, mas sim como uma forma mais humana de observar, tratar e cuidar, desenhando, assim, o pa-drão de Enfermagem aplicado. Nascida em 11 de agosto de 1926, a doutora em Enfermagem Wanda Horta tem um trabalho memorável no desenvolvimento da teoria das Necessidades Humanas Básicas do Cuidado.

Observamos, então, que o processo de Enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, com foco na assistência do ser humano, e as necessidades são motivadas pelo fator psicológico, psicossocial e psicoespiritual do indivíduo doente. Quando se manifesta, a necessidade se dá por sinais e sintomas denominados de Problemas de Enfermagem. A partir desses problemas, esta teoria sugere que alguns passos sejam adotados, como: Histórico de Enfermagem, onde queixas do paciente são levantadas juntamente com o exame físico; é fundamental uma escuta qualificada, com o objetivo de entender quais as carências daquele indivíduo. A identificação das necessidades do paciente e do seu grau de dependência de um cuidador possibilita a definição do Diagnóstico de Enfer-magem. Ao criar o planejamento dos cuidados, o enfermeiro define o Plano Assistencial, caracterizado como um plano personalizado, de acordo com o levantamento e o caso clínico de cada indivíduo, a fim de ajudar, orientar, supervisionar e encaminhar o doente, garantindo a qualidade dos cuidados. Ao exercer o controle sobre a qualidade dos cuidados, tratamos da Evolução de Enfermagem, onde encontramos também a possibilidade de mudarmos algum cuidado, incluindo ou acrescentando al-gum cuidado mais específico, de acordo com o quadro evolutivo do paciente. Podemos citar, como exemplo, o paciente que está se alimentando por sonda nasoentérica. O tipo de cuidado prestado será modificado após a retirada do cateter, quando o paciente passará a se alimentar por via oral, ne-cessitando de atenção e novos cuidados por parte da equipe de Enfermagem.

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Como quinto e último passo desta teoria, temos o Prognóstico de Enfermagem, em que se estima a capacidade do ser humano em atender suas necessidades básicas e sua competência em se auto-cuidar, dispensando quase que completamente a equipe de Enfermagem. Um paciente que consegue cuidar da sua higiene corporal, alimentar-se sem auxílio e deambular sem necessidade de acompa-nhantes ou de materiais de apoio é um paciente que apresenta um bom prognóstico de Enfermagem.

Todos esses passos compõem a Sistematização da Assistência de Enfermagem, que estabelece um direcionamento de como o indivíduo deve ser avaliado, observando suas necessidades reais, que podem sofrer alterações no decorrer da internação.

Podemos ilustrar as necessidades humanas básicas, por meio da Pirâmide desenvolvida por Maslow, exemplificada abaixo:

Figura 5. Pirâmide de Maslow.

Teoria da Adaptação – Criada por Sister Callista Roy, enfermeira formada em 1963, com Dou-torado em Sociologia em 1977. Assim como outros teóricos, acredita que os estímulos ambientais afetam diretamente o homem como ser social, espiritual, mental e físico. A individualidade compõe um ser unificado e as pessoas sempre estão interagindo com o ambiente, com constante troca de informações, estímulos e respostas, formando um sistema constituído por entradas (na forma de es-tímulos e nível de adaptação), saídas (com respostas comportamentais), controles (mecanismos de enfrentamento) e retroalimentação. A adaptação aos estímulos ambientais constitui a resposta do indivíduo e promove o equilíbrio e a integridade do sistema e, consequentemente, da própria pessoa. As respostas do indivíduo na forma de controle do processo constituem-se no mecanismo de enfren-tamento defendido por Roy, que podem ter natureza genética ou de herança (sistema imunológico), ou de aprendizagem (por exemplo, uso de antissépticos para ferimentos).

Cabe, assim, à Enfermagem, como arte humanitária e ciência em constante expansão, modificar tais estímulos, favorecendo a capacidade do homem em se adaptar.

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Teoria das Relações Interpessoais em Enfermagem – Tendo como teórica Hildegard Peplau, seu foco está nas relações entre paciente e cuidador, em que este deve ser capaz de reconhecer a necessidade de ajudar o paciente a reagir à doença. O processo interpessoal terapêutico, mediante a relação enfermeiro-paciente, ajuda a atingir a maturidade e facilita uma vida criativa, construtiva e produtiva. Deste modo, este processo de relação interpessoal passa por quatro fases: orientação, identificação, exploração e resolução, cada uma delas caracterizada por um conjunto de funções, re-lacionadas aos problemas de saúde, que se desenvolvem à medida em que o cuidador e o paciente trabalham conjuntamente com intuito de sanar as dificuldades.

• Fase da Orientação: É necessário compreender, para que se obtenha sucesso nessa fase, que pessoas diferentes reagem de formas diferentes diante da doença. Ainda faz-se necessária a percep-ção de que, após a identificação de um problema de saúde, o paciente deve imediatamente buscar ajuda especializada, constituindo, assim, o primeiro passo de uma experiência dinâmica de aprendiza-gem. O profissional deve compreender quais necessidades educativas o paciente possui e como pode auxiliá-lo a entender o que está por acontecer no processo da doença e de recuperação.

Reflita sobre como você pode ajudar um paciente que se encontra diante de uma situação em que recebe a notícia de um diagnóstico de uma doença grave.

É comum neste momento, ou durante o período de internação, que o paciente faça perguntas sobre o seu caso, por exemplo: O que está acontecendo comigo? O que causou essa doença? Eu sairei dessa situação? Tais indagações são pistas do que o paciente necessita saber para se preparar para o que irá enfrentar. Nesta fase, é fundamental que o profissional de Enfermagem estimule o paciente a participar das etapas de diagnóstico e avaliação do seu problema, para que adquira conhecimentos que serão aplicados em um momento futuro. Todas essas informações dadas ao indivíduo e o escla-recimento das dúvidas que surgirem no decorrer do processo são fundamentais para que o paciente não se torne inseguro e/ou ansioso. Você pode encorajar o paciente a expor seus receios, medos e suas ansiedades, isso é importante para que não se acumule inquietações que irão refletir negativa-mente na recuperação da saúde, podendo prolongar o período de internação. Assim, o paciente se sentirá mais forte e menos impotente no enfrentamento da doença.

Porém, nem todos os pacientes lidam bem com a difícil situação da doença, que por muitas vezes envolve o afastamento da família, incluindo os filhos. Esses pacientes podem, ainda, trazer expe-riências traumáticas de relações interpessoais, recusando qualquer tipo de ajuda, mesmo a da equipe de Enfermagem. Cabe à equipe e ao profissional cuidador promover novas experiências ao paciente, a fim de desmistificar os medos e as dúvidas existentes.

Segundo a Teoria Interpessoal, o paciente pode experimentar um sentimento muito próximo entre o amor e o ódio. O paciente aceita a ajuda do profissional de Enfermagem, mas por alguma ve-zes o rejeita, sentindo-se diminuído por não poder se autocuidar.

• Fase de Exploração: Depois de toda identificação entre o paciente e o profissional cuidador, é possível que o indivíduo usufrua de todos os serviços oferecidos pela equipe de Enfermagem. Se o paciente se sente confortável e bem cuidado, ele sente que é possível modificar sua situação. Normal-mente costuma fazer mais pedidos do que os pacientes mais graves nesta fase. Esta fase se caracteriza por uma posição de recuo e avanço por parte do paciente e se sobrepõe sobre as fases que estudamos anteriormente. Podemos comparar a fase de exploração como o comportamento de um adolescente, que muda rapidamente de opinião e muitas vezes não sabe que direção seguir.

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• Fase de Resolução: Quando o paciente tem suas necessidades satisfeitas, é comum que ele passe a estabelecer novas metas para sua vida, como por exemplo: como retornará para casa e para o tra-balho, que novas atividades passará a realizar, fará alguma atividade física, modificará sua alimentação?

Na tentativa de resolver o antigo problema, rompe com os laços de afinidade e de dependên-cia e se prepara para retornar ao lar. Nesse momento, os profissionais de Enfermagem que atuam em Estratégia de Saúde da Família são fundamentais para estabelecer ações educativas, fazendo com que o paciente se mantenha saudável e não regresse ao estado de doença. É muito provável que a Fase de Resolução coincida com a Fase de Resolução do processo de doença. Por exemplo: se o paciente realizou uma cirurgia, provavelmente ele estará no momento de revisão médica e retirada dos pontos, recebendo alta médica definitiva. Mas, para que isso aconteça, é preciso que o paciente esteja saudável psicologicamente e deseje a resolutividade do problema e da doença, estabelecendo metas, conforme dissemos anteriormente. É importante que o profissional de Enfermagem que irá acompanhar o caso observe se o paciente se mantém interessado em se autocuidar, dando prosseguimento na conduta médica, garantindo que não haja abandono do tratamento estabelecido. Caso o profissional note que o paciente se encontra nessas condições e que suas orientações e estratégias de estímulos não estão sendo suficientes, é preciso que seja realizado um encaminhamento para o profissional adequado.

Sabia que você, o(a) profissional de Enfermagem, pode auxiliar nesse processo?

Perguntar ao paciente sobre suas expectativas a partir da alta, ajudá-lo na organização de suas tarefas futuras e estimulá-lo para que alcance suas metas são ações fundamentais para o suces-so da terapia e garantem a continuidade do autocuidado.

Teoria Holística – O modelo desenvolvido por Myra Estrin Levine é direcionado ao paciente que procura por assistência em um estabelecimento de saúde, sofrendo algum tipo de alteração do seu estado normal de saúde. Concentrado na intervenção da Enfermagem, na adaptação e na reação dos pacientes à doença, o modelo Levine utiliza-se de quatro princípios, entendendo que a Enfer-magem tem como meta manter ou recuperar uma pessoa para um estado de saúde, por meio dos princípios de conservação:

1. Conservação da energia – é o primeiro princípio da Teoria Holística. Refere-se ao fato de que a habilidade que o corpo humano possui de se recuperar depende do seu balanço de energia, isto é, do equilíbrio entre a energia de saída e a energia de entrada, utilizando o repouso, os exercícios adequados e a nutrição com o objetivo de evitar cansaço excessivo, já que, durante o processo de cura, as alterações fisiológicas sofridas pelo indivíduo levam a uma exigência adicional de energia.

2. Conservação da integridade estrutural – de acordo com relatos de Levine, diante de fato-res ameaçadores do meio ambiente, o corpo humano, através de seus sistemas de defesa, se protege da introdução de microrganismos, da perda de fluidos, das variações bruscas de temperaturas externas e de outros fatores. Assim sendo, este segundo princípio trata da prevenção do colapso físico e da promoção da cura.

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3. Conservação da integridade pessoal – com foco na autoestima do paciente, este terceiro processo refere-se à manutenção ou recuperação da identidade e autoestima do paciente, já que, para a autora, há um sacrifício da integridade pessoal do indivíduo toda vez em que ele dá entrada em uma unidade de saúde, pois, a partir desse momento, decisões que anteriormente eram tomadas por ele passam a ser definidas por outras pessoas, afetando, assim, sua privacidade.

4. Conservação da integridade social – finalizando os princípios desenhados por Levine, te-mos o reconhecimento do paciente como um ser social, estimulando a interação humana, principalmente as que são importantes ao paciente, tendo em vista que a doença muitas vezes é solitária, e nessas horas de estresse é que as forças das relações humanas são neces-sárias para manutenção do equilíbrio, com propósito da cura.

Teoria do Modelo Conceitual do Homem: Martha Rogers, nascida em Dallas, Texas, deixou a faculdade de medicina por pressão da sociedade, que na ocasião acreditava ser uma carreira inapro-priada para uma mulher. Passou, então, a especializar-se em Enfermagem na saúde pública, traba-lhando em diversos estados americanos e continuando sua educação, onde, em 1945, recebeu um mestrado pela Universidade de Columbia.

Sua Teoria de Enfermagem foi apresentada em 1970, embasada no conceito de que o conheci-mento pregresso é fundamental para a compreensão presente da Enfermagem, para a atualização dos princípios e das teorias que devem orientar sua prática.

Tem como base a Teoria Geral dos Sistemas, que tem como pressupostos:

• O ambiente influencia o indivíduo por meio das suas trocas de energia.

• O ser humano manifesta suas características individuais, mas possui uma integralidade, tor-nando-se um todo unificado.

• A vida tem processos que evoluem irreversivelmente ao longo do tempo.

• A abstração, a linguagem, a sensação, a criação e o pensamento caracterizam o ser humano.

Baseando-se nesses pressupostos, a teoria estabelece os seguintes blocos:

• Campo de energia;

• Abertura;

• Padrão;

• Pandimensionalidade.

Sendo assim, a teoria de Rogers sugere que o indivíduo seja visto pela Enfermagem como um processo de interação com o ambiente, e não como um ser isolado.

Teoria Alcance dos Objetivos: desenvolvida por Imogenes King, em 1981, que possui grande conhecimento experimental e cognitivo. Formou-se em Enfermagem, em 1946, na Escola de Enferma-gem do Hospital St. Johns, em Missouri. Menciona que o ser humano deve ser visto em três esferas interatuantes: pessoal, interpessoal e social, onde a interação entre o profissional de Enfermagem e o paciente é necessária para alcançar positivamente as metas de estratégias de saúde.

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Parabéns, você fina-lizou esta lição!

Agora responda às questões ao lado.

As propostas da teoria são apresentadas de forma bastante clara quando King afirma que, se a percepção for assegurada nas interações entre profissional e indivíduo, ocorrerão as transações. Pode-mos citar, como exemplo, uma situação onde o profissional de Enfermagem negocia algo do interesse do paciente para que os objetivos do tratamento sejam alcançados. Você pode utilizar como estraté-gia para negociação algo que deixe o paciente mais confortável: uma visita de alguém desejado ou um livro podem ser bem-vindos!

Resumindo...Nesta lição, você conheceu melhor como se deu o início da Enfermagem no mundo

com Florence Nightingale e, especificamente no Brasil, com a importante participação de Anna Nery. Compreendeu como funcionavam as escolas de Enfermagem daquela época e quais os conceitos utilizados até os dias de hoje para a formação do profissional de Enfermagem.

Agora verifique se você está apto(a) a:

• Discorrer acerca da história da Enfermagem.

• Apontar como foi seu início no Brasil.

• Citar as teorias que norteiam o cuidar na assistência em Enfermagem.

Exercícios

Questão 01 – Acerca das teorias de Enfermagem, assinale a opção correta:

a) Virgínia Henderson introduziu a dimensão cultural do cuidado de Enfermagem em sua teoria e criou a metodologia denominada modelo do sol nascente.

b) Hildegard Peplau criou a teoria do modelo conceitual do homem.

c) De acordo com a Teoria Humanística de Enfermagem, o cuidado de Enfermagem pro-move as respostas adaptativas do paciente mediante o fortalecimento dos mecanismos de enfrentamento regulador e cognitivo.

d) A teoria geral de Enfermagem de Dorothea Orem permite estreitar a comunicação entre enfermeiro e paciente, promovendo um melhor planejamento da assistência de Enfermagem.

Questão 02 – Com base na teoria de Wanda Horta e a pirâmide proposta por Maslow, considere as proposições:

I) “Meu corpo não aceita comida porque meu intestino não quer funcionar”. Necessi-dade: fisiológica.

II) “As rondas policiais estão mais ostensivas, agora há vigilância no local, ficou mais seguro”. Necessidade: autoestima.

III) “Estou feliz, agora me sinto pleno”. Necessidade: autorrealização.

IV) “Que falta eu sinto do meu amor”. Necessidade: afeto, amor e relacionamento.

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A coerência entre os relatos e a necessidade humana básica, associada pelo técnico de Enfermagem, está correta em:

a) I e II apenas

b) I, III e IV apenas

c) II, III e IV apenas

d) I, II, III e IV

Questão 03 – Conforme estudamos anteriormente, segundo Wanda Horta, o processo de Sistematização de Enfermagem possui algumas etapas para o sucesso da assistência. São eles, respectivamente:

a) Diagnóstico de Enfermagem, Histórico de Enfermagem, Evolução de Enfermagem, Plano Assistencial e Cuidados de Enfermagem.

b) Tratamento de Enfermagem, Plano de Cuidados, Entrevista de Enfermagem, Consul-ta de Enfermagem e Assistência de Enfermagem.

c) Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Plano Assistencial, Evolução de Enfermagem e Prognóstico de Enfermagem.

d) Registro de Enfermagem, Assistência ao paciente, Escuta qualificada, Plano de Trata-mento e Diagnóstico de Enfermagem.

Questão 04 – Na construção da história da Enfermagem no Brasil e no mundo, destaca-ram-se dois(duas) personagens importantes, são eles(as):

a) Florence Nightingale e Anna Nery.

b) Hipócrates e Padre José de Anchieta.

c) Anna Nery e Wanda Horta.

d) Florence Nightingale e Maslow.

Questão 05 – Com a ida de Florence Nightingale à Guerra da Crimeia, foi possível notar algumas modificações no cenário de guerra no que diz respeito aos feridos. A respeito disso, marque a alternativa correta:

a) Redução do número de curativos realizados.

b) Piora das feridas infectadas.

c) Diminuição dos casos de tuberculose.

d) Queda do índice de mortalidade dos soldados, que decresceu de 40% para 2%.

Questão 06 – Marque a alternativa incorreta a respeito de Florence Nightingale:

a) Tinha dois filhos, um, médico militar e o outro, um oficial do exército, motivo pelo qual participou como voluntária na Guerra da Crimeia.

b) Nasceu no dia 12 de maio de 1820, na Inglaterra, onde estudou Enfermagem.

c) Participou da Guerra da Crimeia como voluntária, onde ficou conhecida como a “Dama da lâmpada”.

d) Trabalhou na prática da Enfermagem durante toda a vida, falecendo aos 59 anos por conta de uma doença que contraiu na Guerra da Crimeia.

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Questão 07 – Qual alternativa corresponde ao Decreto que iniciou oficialmente o ensi-no de Enfermagem no Brasil ?

a) Decreto de nº 15.799/22.

b) Decreto de nº 791/1890.

c) Decreto de nº 12.268.

d) Decreto de nº 17.268.

Questão 08 – Em qual ano a Cruz Vermelha foi instalada no Brasil?

a) 1809.

b) 1908.

c) 1920.

d) 1814.

Questão 09 – O sistema desenvolvido por Florence Nigthingale, considerada precurso-ra da Enfermagem, tinha como pressupostos:

a) Ensino ocasional, seleção de candidatos sob aspectos morais, éticos e religiosos.

b) Direção da escola por enfermeira, seleção de candidatos sob aspectos morais, éti-cos e religiosos.

c) Ensino ocasional, seleção de candidatos sob aspectos cognitivo-afetivos, morais e religiosos.

d) Ensino metódico, seleção de candidatos sob aspectos intelectuais, morais e aptidões.

Questão 10 – A primeira escola oficial de Enfermagem de alto padrão no Brasil foi fun-dada por Carlos Chagas em 1923, e em homenagem à primeira enfermeira brasileira que serviu como voluntária na guerra do Paraguai, recebeu, em 1926, o nome daquela que é considerada a Matriarca da Enfermagem no Brasil. Assinale a opção correta:

a) Florence Nightgale.

b) Anna Nery.

c) Wanda Horta.

d) Dorothéia Orem.