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7 ABRIL 3

EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

ISSN 0102 - 8464

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Revista de Educação Física (ISSN 0102 – 8464) Rio de Janeiro – p. 3-11, 1. quadrim., 2013

Rev. Educ. Fís. 2009 Jun: 145: 28-36. Rio de Janeiro - RJ - Brasil 28

EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO FÍSICO DE SOLDADOS INTEGRANTES DA TROPA DE CHOQUE

Anthropometric and physical performance of riot control soldiers

Antonio Carlos Contessa Ferreira Junior1, Júlia Dubois Moreira1; Marcelo Coertjens1,2; Luiz Fernando Martins Kruel1

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Educação Física.Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas e Terrestres. Porto Alegre, RS, Brasil.

2Universidade Federal do Piauí. Campus de Parnaíba. Curso de Fisioterapia. Parnaíba, PI, Brasil.

Resumo: A ação da Tropa de Choque caracteriza-se pela rapidez na dispersão do grupamento através da força e potência muscular, entretanto sua preparação caracteriza-se pela especifi cidade aeróbica. O objetivo deste trabalho foi analisar características antropométricas, força muscular e desempenho físico aeróbico e anaeróbico avaliados em soldados da Tropa de Choque do Exército com resultados da literatura obtidos com atletas do futebol americano, rúgbi e cabo de guerra. Foram avaliados 24 soldados quanto às características antropométricas, potência anaeróbi-ca (Teste de Wingate e salto vertical), força de preensão manual, força de membros superiores no supino e membros inferiores no agachamento através de uma Repetição Máxima (1RM) e Teste de corrida de 12 min e força muscular localizada obtidos no Teste de Aptidão Física (TAF). Os valores médios das características antropométricas foram: estatura (178 ± 5 cm), massa corporal total (79,9 ± 7,8 kg), massa magra (68,60 ± 4,9 kg), percentual de massa gorda (13,8 ± 3,6 %). O pico de potência foi de 773,0 ± 124,8 W, potência média de 604,5 ± 69,7 W, trabalho total de 18.136 ± 2.091 J e Índice de Fadiga de 58,4 ± 10,5 %. A distância no salto vertical foi de 55 ± 6 cm. A força de preensão manual foi de 60,8 ± 15, 2 kgf (dominante) e 56,2 ± 14,7 kgf (não-dominante). No supino foi obtido 75,6 ± 20,1 kg e no agachamento 126,4 ± 19,8 kg. Todos os resultados do TAF atingiram os conceitos máximos exigidos. O condicionamento aeróbico e a resistência muscular localizada dos soldados da Tropa de Cho-que estão de acordo com as exigências do TAF, porém possuem características antropométricas, níveis de força muscular e potência anaeróbica inferiores aos atletas dos esportes analisados. Palavras-chave: Atividades militares, desempenho atlético, exercício, força muscular.

Abstract: The action of riot control soldiers are characterized by rapid dispersion of the group through the muscle strength and power, but their preparation is characterized by specifi city aerobics. The objective of this study was to analyze anthropometric characteristics, muscle strength and aerobic and anaerobic exercise performance of riot control soldiers of the Army with the literature results obtained with athletes from football, rugby and tug of war. 24 soldiers were evaluated with regard to anthropometric characteristics, anaerobic power (Wingate Test and vertical jump), handgrip strength, strength of upper and lower limbs in bench press and squat using a repetition maximum (1RM) and 12 min running test and muscular strength obtained in the Physical Fitness Test (PFT). Mean values for anthropometric characteristics: height (178 ± 5 cm), total body mass (79.9 ± 7.8 kg), lean body mass (68.60 ± 4.9 kg), percentage of fat mass (13.8 ± 3.6%). The peak power was 773.0 ± 124.8 W, average power of 604.5 ± 69.7 W, total work 18.136 ± 2.091 J and fatigue index 58.4 ± 10.5%. The distance in the vertical jump was 55 ± 6 cm. The handgrip strength was 60.8 ± 15.2 kg (dominant) and 56.2 ± 14.7 kg (non-dominant). In the bench press was obtained 75.6 ± 20.1 kg and 126.4 ± 19.8 kg in squat. All results of the PFT reached the maximum required concepts. The aerobic conditioning and muscular endurance of riot control soldiers are in accordance with the requirements of the PFT, but have anthropometric characteristics, levels of muscle strength and anaerobic power to lower sports athletes analyzed.Keywords: Military activities, athletic performance, exercise, muscle strength.

INTRODUÇÃO

Uma Tropa de Choque tem como principal ação coagir as pessoas a deixar um determinado local, cessar suas ações ou impedir que as mesmas desloquem-se por determinado caminho impedin-do sua passagem, travando contato físico com um grande número de pessoas quando necessário(1). A ação de choque é o último recurso para o controle

de um distúrbio civil (turba), mas se for necessária deve ser rápida, organizada e vigorosa(2). Para que haja sucesso em tais operações, o elemento sur-presa é fundamental para causar desorganização e confusão no grupo de manifestantes, que em uma situação ideal só perceberiam a presença da tropa no momento em que iniciasse o contato físico en-tre os grupos(3). A Tropa de Choque deve, portanto, formar um grupo coeso fi sicamente, de forma a re-

Aceito em 10/08/12 - Revista de Educação Física 2013 Abr; 157:3-11. Rio de Janeiro - Brasil

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presentar uma verdadeira barreira humana.Ao analisarmos a ação de uma Tropa de Cho-

que podemos observar o envolvimento de gestos explosivos, rápida movimentação para seus deslo-camentos e grande força muscular de membros su-periores e inferiores no momento do contato físico com um grupo de indivíduos. A tropa, geralmente, com menor número de pessoas, deve sobrepujar a resistência oferecida por um grupo maior, em-purrando e golpeando com membros superiores e inferiores e empunhando o material de defesa (es-cudo) e de ataque (cassetete)(4). Para sobrepujar a força combinada de mais de um oponente são ne-cessários grandes níveis de força máxima e grande potência muscular para os deslocamentos rápidos. Neste sentido, a tropa necessita estar fi sicamente preparada e treinada para suportar o estresse físico exigido durante a ação de choque de forma a pro-duzir o resultado esperado.

Alguns esportes como o futebol americano e o rúgbi possuem características semelhantes aquela observada durante a ação de uma Tropa de Cho-que no que diz respeito ao emprego de grande força e potência muscular contra um grupo de in-divíduos(5-7). Este tipo de característica é observado especialmente nos jogadores das linhas de defesa do futebol americano, que se caracterizam por pos-suírem grande quantidade de massa magra, força e potência muscular(8). Além disso, a exemplo do que ocorre no esporte Cabo de Guerra(9), a força de preensão manual é, igualmente, importante, pois os soldados da Tropa de Choque precisam empu-nhar equipamentos de defesa e ataque e utilizá-los com força e potência durante sua ação. A demanda energética tanto para a preparação física como para o empreendimento de todas as atividades citadas são semelhantes, exigindo um rápido fornecimento energético para a execução de esforços físicos de grande intensidade e curta duração. Apesar de não ser caracterizado como um esporte, a ação da Tro-pa de Choque exige, desta forma, uma preparação física adequada e que proporcione condições aos soldados desempenharem suas funções.

Desde o término do último governo militar, a função de Tropa de Choque, originalmente de-sempenhada pelas Forças Armadas, passou a ser atribuição da Polícia Militar(10). Com o advento da

Constituição Federal de 1988, fi cou determinado que em situações de grave perturbação da ordem pública, caso as tropas da Polícia Militar não con-seguissem resolver a situação, então, subsidiaria-mente, seriam acionadas tropas do Exército(11).

O Exército Brasileiro possui tropas com diferen-tes especialidades, mas a preparação física segue um padrão para todas, dando ênfase à capacida-de aeróbica e à resistência muscular localizada que são avaliadas pelo Teste de Aptidão Física (TAF)12). Neste sentido, dadas às características, predominantemente, anaeróbicas das operações de controle de distúrbios civis, este tipo de avalia-ção física nos parece insufi ciente para descrever e avaliar adequadamente a aptidão física da Tropa de Choque para o exercício de suas atribuições. Com exceção dos trabalhos destinados ao estudo de esportes que apresentam características ana-eróbicas como os citados acima, não existe na li-teratura conhecimento relativo à preparação física ou avaliação fi siológica de indivíduos que se dedi-cam especifi camente a ação de choque e controle de distúrbios civis. Apesar de ocorrerem distúrbios em vários países do mundo, provavelmente, o Bra-sil seja um dos poucos países do mundo a possuir tropas no Exército especializadas neste tipo de operação. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi comparar características antropométricas, força muscular e desempenho físico aeróbico e anaeró-bico avaliados em soldados da Tropa de Choque do 3º Batalhão de Polícia do Exército com resultados da literatura obtidos de atletas do futebol america-no, rúgbi e cabo de guerra.

METODOLOGIA

Participaram deste estudo 24 soldados da Tro-pa de Choque do 3º Batalhão de Polícia do Exér-cito de Porto Alegre. Todos os soldados avaliados eram considerados experientes sob o aspecto tem-po de serviço (4,5 ± 1,5 anos), pois para o padrão do Exército Brasileiro os soldados podem servir, no máximo, por seis anos. Além disso, todos os milita-res da amostra possuíam experiência em missão de paz no exterior, como apoio do Brasil à Organi-zação das Nações Unidas (ONU), em Timor Leste. Foram utilizados apenas soldados, porque os indi-

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víduos com este tipo de função permanecem por todo o seu tempo de serviço militar executando as mesmas atribuições, sendo especializados para uma função apenas. A quantidade de indivíduos foi determinada por ser o número de soldados inte-grantes de um pelotão de choque do Exército Bra-sileiro. O pelotão é a célula básica para uma ação de choque e para fi ns operacionais é indivisível(13). Todos os participantes eram voluntários, foram es-clarecidos previamente a respeito dos objetivos e procedimentos deste estudo e assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética local, conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

A coleta dos dados foi realizada para todos os indivíduos desta pesquisa em três dias na seguinte ordem: no primeiro dia foram realizadas as cole-tas de estatura, massa corporal, dobras cutâneas e o TAF para a predição da capacidade aeróbica e resistência muscular localizada. No segundo dia, foram realizados o teste de salto vertical e o Teste de 30 segundos de Wingate e no terceiro dia foram realizados os testes de preensão manual isométri-ca e uma Repetição Máxima (1RM) avaliado para o movimento de supino e 1RM estimada para o aga-chamento a 90º. Todas as coletas foram realizadas com intervalos de sete dias entre cada dia de ava-liação.

A estatura e a massa corporal total foram ava-liadas através de um estadiômetro e de uma balan-ça digital (Filizola). A composição corporal foi predi-ta através da avaliação de dobras cutâneas por um plicômetro (Cescorf). A massa corporal magra e os percentuais de massa gorda foram preditos utilizan-do o protocolo de sete dobras cutâneas (tríceps, su-pra-ilíaca, abdômen, axilar média, peitoral, subes-capular e coxa) propostos por Jackson & Pollock(14), utilizada para o futebol americano(15), para o Cabo de Guerra e o rúgbi(9).

A força de preensão manual isométrica foi ava-liada utilizando-se um dinamômetro de mão (kgf) ajustado individualmente ao tamanho da mão (JA-MAR, Illinois, EUA). Os indivíduos realizaram três tentativas com cada mão (dominante e não domi-nante), com intervalo de, no mínimo, um minuto entre as tentativas, sendo considerados válidos os maiores valores atingidos. A força para membros foi

avaliada utilizando-se 1RM avaliada para membros superiores e estimada para membros inferiores. Os exercícios utilizados foram o Supino para membros superiores e o Agachamento a 90º para membros inferiores. Para os dois exercícios foram utilizados uma carga teste inicial, calculada a partir de um per-centual da massa corporal do indivíduo de acordo o exercício realizado(16). Após a determinação da car-ga teste os indivíduos realizaram o maior número de repetições possível até o máximo de dez. Foram realizadas até cinco tentativas para que fosse atin-gida a carga máxima para uma repetição no Su-pino e uma carga que permitisse entre uma e dez repetições no Agachamento. Para a estimativa da carga de 1RM e das cargas para cada tentativa, foi utilizada a tabela de correção relativa proposta por Lombardi(17). As fases concêntrica e excêntrica da execução dos movimentos duravam dois segun-dos. O intervalo aplicado entre as tentativas foi de cinco minutos(18). Os testes de 1RM foram execu-tados com pesos livres utilizando barras e anilhas (Bitello).

A potência anaeróbica alática de membros infe-riores foi avaliada pelo teste de salto vertical, para o qual foi utilizada uma plataforma com placa de contato para medir o deslocamento vertical (cm). O movimento de salto foi realizado com a técnica de contramovimento. O deslocamento vertical tem sido utilizado para a predição de desempenho de jogadores de futebol americano(7). Para a realização deste teste, o movimento dos braços foi utilizado livremente e o movimento de membros inferiores na forma de salto contra movimento (SCM)(19). An-tes desta avaliação os sujeitos foram familiarizados com a execução do teste.

A potência anaeróbica lática de membros infe-riores foi avaliada pelo Teste de Wingate. Este tes-te caracteriza-se por exigir do avaliado a execução de um esforço físico em intensidade máxima contra uma resistência fi xa na maior cadência possível du-rante 30 segundos em um cicloergômetro (Cybex, EUA). A carga do teste foi determinada como sendo o produto entre a massa corporal e 0,075 kp*kg-1. A resistência no cicloergômetro utilizado foi de fre-nagem mecânica e tanto a cadência de pedalada (rev*min-1) como a frenagem foram monitorados eletronicamente. Uma calibração manual com car-

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ga conhecida (dois kg) foi realizada de acordo com especifi cações do fabricante no início das coletas de dados. Além disso, calibrações automáticas sempre antecederam a realização de cada teste. Este teste possibilita, também, avaliação da potên-cia anaeróbica alática de membros inferiores.

O TAF constituiu-se dos seguintes testes: Tes-te de corrida de 12 min de Cooper, fl exões e ex-tensões na barra fi xa (barra), fl exões e extensões sobre o solo (apoio) e abdominal (remador). Com exceção da corrida, todos os testes do TAF exigem que o militar realize o número máximo de repeti-ções possíveis tendo como carga o peso do próprio corpo(12). No teste de corrida de 12 min, avalia-se a distância máxima que o indivíduo percorreu ao fi -nal de 12 min de corrida, com o objetivo de predizer o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) através da fórmula: VO2máx (ml*kg-1*min-1) = D - 504/45 (D = Distância percorrida em metros). Os resulta-dos obtidos no TAF foram conceituados de acordo com os critérios utilizados pelo Exército para uma população de 18 a 25 anos(12). No teste de barra fi xa, observou-se apenas se o militar atingiu o pa-drão mínimo de sufi ciência.

Os dados coletados foram analisados através da estatística descritiva (média e desvio padrão) e teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (Lillie-fors). Este teste foi realizado com o objetivo avaliar a distribuição dos dados e verifi car a existência de desvios da normalidade e outliers nas variáveis do grupo de soldados. Para a análise estatística foi uti-lizado pacote estatístico SPSS versão 11.0.

RESULTADOS

A estatura média avaliada dos soldados foi de 178 ± 5 cm, a massa corporal total foi de 79,9 ± 7,8 kg, a massa corporal magra 68,6 ± 4,9 kg e a mas-sa corporal gorda de 13,8 ± 3,6 %. A idade média dos soldados avaliados foi de 23,5 ± 1,5 anos.

Os valores médios do resultado do TAF foram: 3150 ± 195,6 m no Teste de Corrida de 12 min; 62 execuções no abdominal; 42,6 ± 13,9 execuções no apoio solo e 11,45 ± 2,9 execuções na barra fi xa. O VO2máx predito pelo Teste de corrida de 12 min foi de 58,7 ± 4,7 ml*kg-1*min-1.

A avaliação de força dos militares apresentou

os seguintes resultados para supino 75,6± 20,1 kg, agachamento 126,4 ± 19,8 kg, força de preensão manual da mão dominante 60,8 ± 15,2 kgf e da mão não-dominante 56, 2 ± 14,7 kgf.

Em relação aos testes de potência anaeróbica de membros inferiores, os militares atingiram a mé-dia de 55 ± 6 cm na máxima altura atingida no salto vertical. No Teste de Wingate, os soldados atingi-ram as médias de pico de potência 773 ± 124,8 W, de potência média 604,5 ± 69,7 W, de trabalho total 18.136 J e de índice de fadiga 58,4 ± 10,5 %.

Todas as variáveis avaliadas apresentaram distribuição normal (p > 0,05). Isso signifi ca que a maior parte dos soldados apresentou característi-cas antropométricas e de desempenho físico em torno da média do grupo. Ou seja, nenhum inte-grante avaliado possuía desvios signifi cativos em relação à média, nem desvios a normalidade. Não foram encontrados dados tipo outliers.

DISCUSSÃO

Através da análise dos resultados do TAF, verificamos que os militares da amostra atingi-ram em média conceito máximo em todos os testes realizados e são considerados aptos fi-sicamente para o cumprimento de suas atribui-ções, de acordo com os critérios exigidos pelo TAF referente a indivíduos com idades de 18 a 25 anos(12). Apesar da tendência do Teste de corrida de 12 min superestimar seus resulta-dos, os valores preditos de VO2máx foram maio-res do que aqueles encontrados em atletas de futebol americano 43 ± 5,5 ml*kg-1*min-1 (20) e rúgbi 51,1 ± 1,4 ml*kg-1*min-1(9). Jogadores de futebol americano, especialmente os de li-nha de defesa, possuem médias mais baixas de VO2máx medido diretamente do que atletas de outros esportes, por exemplo, corredores(21). Além desses atletas possuírem um maior per-centual de gordura corporal, treinam muito me-nos o sistema aeróbico em comparação com as valências anaeróbicas. No rúgbi, a via aeróbica é mais exigida do que no futebol americano e as médias de VO2máx (54 - 60 ml*kg-1*min-1) são semelhantes de outros esportes com pre-dominância anaeróbica como futebol de campo

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(59 - 63 ml*kg-1*min-1) e maiores do que as de jogadores de futebol americano(8).

Podemos verificar que a Tropa de Choque está bem condicionada aerobicamente para suas funções, pois possui médias de VO2máx semelhante a esportes com exigências aeróbi-cas e mais altas do que as médias do rúgbi e do futebol americano, especialmente, em rela-ção aos jogadores de linha defesa. Pincivero e Bompa(8) sugerem que é interessante desenvol-ver uma boa capacidade aeróbica para os joga-dores de futebol americano, pois desta maneira a recuperação dos esforços anaeróbicos seria potencializada. No entanto, apesar desses in-divíduos estarem bem condicionados de acordo com os critérios do TAF, não foram encontra-dos resultados semelhantes no que se refere às características antropométricas e aos testes físicos específicos ao desempenho que devem realizar durante situação de distúrbio de rua, tais como, potência anaeróbica e força muscu-lar, tomando-se como parâmetro atletas de es-portes como futebol americano e rúgbi.

Diversos estudos têm sido realizados com jogadores de futebol americano, entre estes Pincivero e Bompa(8) revisaram extensa litera-tura sobre o assunto e constataram que eles caracterizam-se por possuírem grande massa magra, muita força e potência muscular, agili-dade e velocidade. Nicholas(6) afirma que para o rúgbi as mesmas características são neces-sárias. Em ambos os esportes há os jogadores das linhas de defesa, que são os responsáveis por impedir a progressão dos adversários e por avançar contra eles chocando-se com os mes-mos, semelhante ao que ocorre com a Tropa de Choque quando em contato com a turba. É van-tajoso para executar ações que exigem contato físico, possuir grandes quantidades de massa corporal total e de massa magra. Estas carac-terísticas oferecem dificuldade para o oponen-te, que tem que vencer uma grande resistência representada pela massa corporal total e pela força proveniente da massa muscular. Este tipo de jogador em vários estudos demonstrou pos-suir médias mais altas de massa corporal total, massa magra, massa gorda, de força máxima

de membros inferiores e superiores, além de serem mais altos do que os jogadores de outras funções. Suas médias de VO2máx, entretanto, são menores(5;20;22;23).

Podemos observar que as médias de massa corporal total e de massa magra dos militares (79,9 ± 7,8 kg e 68,6 ± 4,9 kg, respectivamente) foram bem menores do que as médias das mes-mas variáveis nos estudos citados (TABELA 1). Esta tendência se confirmou mesmo quando se tratavam de atletas de nível universitário(22,24-26), semelhante a idade dos soldados que incorpo-ram no Exército e que, provavelmente, iriam desenvolver mais massa corporal e massa ma-gra, seja em função da idade ou em função do treinamento(27).

No que se refere à força muscular, Williford et al.(22) mostraram médias de 1RM de supino e agachamento de 141 ± 35,5 kg e 190 ± 31,9 kg, respectivamente em jogadores de futebol americano. Black e Roundy(28) apresentam médias de 1RM no supino de 167 ± 23,2 kg e no agachamento de 231 ± 8,1 kg, em estudo com jogadores universitários de futebol americano de linha de defesa. Hoffman et al.(26) constataram que ao final de cinco anos o treinamento físico de jogadores universitários de futebol americano proporcionou um aumento médio de 1RM no Supino de 117,4 ± 21 kg para 153,8 ± 21,2 kg e no Agachamento de 152,5 ±

Dados da Literatura Estatura (cm) Massa corporal

total (kg)

Massa magra

(kg)

Massa gorda (%)

Davis et al. (7)* 187 103,5 ___ 10,9

Warrington et al. (9)** 188,2 ± 1,6 104,4 ± 1,8 86,2 ± 1,2 16,3 ± 1,1

Williford et al. (22)* 180,9 ± 2,5 96 ± 4,6 81,1 ± 8,1 15,1 ± 4,6

Molacek et al. (24)* 184,2 ± 5,7 99 ± 13,4 ___ 14,6 ± 7,4

Hetzler et al. (25)* 182,3 ± 7,3 102,3 ± 21,1 ___ 13,9 ± 6,7

Hoffman et al. (26)* 179,7 ± 6,3 93,7 ± 17,1 ___ 17,5 ± 5,3

Estudo atual 178 ± 5 79,9 ± 7,8 68,6 ± 4,9 13,8 ± 3,6

TABELA 1. Média e desvio-padrão das características antropométricas dos soldados da Tropa de Choque e de atletas de futebol americano e rúgbi obtidos a partir da literatura.

* atletas universitários de futebol americano; ** atletas de rúgbi

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27,3 kg para 207,4 ± 35,1 kg. Neste sentido, as médias dos valores de força máxima dinâmica de membros superiores e inferiores dos militares são visivelmente mais baixas do que as médias dos jogadores universitário de futebol americano, principalmente, dos jogadores de linha de defesa, que se caracterizam por serem muito fortes, altos e pesados (TABELA 2). O treinamento destes atletas contempla o desenvolvimento de força e massa magra. Além disso, a própria atividade física durante uma partida exige do jogador o emprego de muita força, contribuindo para o seu aprimoramento(29). No caso dos soldados da Tropa de Choque, seu treinamento físico não enfatiza o aumento da força máxima nem o ganho de massa magra. O treinamento das ações de choque fica limitado ao desenvolvimento técnico, pois o emprego real desta tropa praticamente não acontece. Este tipo de ação é muito menos freqüente para o Exército Brasileiro do que para as forças policiais. Sendo assim, podemos compreender as menores médias encontradas nos valores de força máxima de membros superiores e inferiores dos soldados com relação aos atletas. Com relação à força de preensão manual Warrington et al.(9) avaliaram jogadores de rúgbi da linha de defesa e atletas de Cabo de Guerra, encontrando médias de 60,7 ± 13,2 kgf e 62,2 ± 20,9 kgf para a mão dominante e de 56,8 ± 12,5 kgf e 59,1 ± 4 kgf para a mão não-dominante, respectivamente. Neste caso, parece haver semelhança entre as médias dos atletas de linha de defesa de rúgbi, de Cabo de Guerra e dos militares avaliados. É importante ressaltar, novamente, que não foram feitos testes estatísticos comparativos entre os grupos. No caso dos atletas de Cabo de Guerra sabemos que, durante suas competições, precisam exercer grande força para segurar a corda e puxar a equipe adversária por uma distância determinada. Os jogadores de rúgbi de linha de defesa têm como função empurrar e agarrar os oponentes, o que lhes exige, também, força manual. No caso da Tropa de Choque, os soldados, ainda que não sejam, freqüentemente, empregados em uma situação

de combate real, durante o treinamento passam empunham e sustentam seus materiais básicos de defesa que são o escudo e o cassetete. A essas características do treinamento podemos atribuir, provavelmente, os resultados semelhantes nos testes de força de preensão manual (TABELA 2). TABELA 2. Média e desvio padrão dos níveis de força de membros superiores, inferiores (kg) e de preensão manual (kgf) dominante (D) e não dominante (ND) de soldados da Tropa de Choque e atletas de Futebol Americano, Rúgbi e Cabo de Guerra obtidos a partir da literatura.

A potência anaeróbica foi avaliada pelos testes de salto vertical e de Wingate. Davis et al.(7) apresentam média de 73,9 cm para o salto vertical de jogadores de futebol ame-ricano de todas as funções. Outros estudos, porém, apresentaram para os jogadores de linha de defesa médias menores, tais como 58,7 ± 10,6 cm(23) e 53,6 ± 5,3 cm(22) sendo, também, menores do que as médias de joga-dores de outras funções. As médias dos mili-tares foram semelhantes às dos jogadores de linha de defesa, porém inferiores às médias de jogadores de um time completo. No Teste de Wingate, Bell et al.(30) apresentam valores, obtidos de jogadores de rúgbi de linha de de-fesa, com média de pico de potência de 1388 W e de potência média de 1144 W. Não foram encontrados na literatura dados sobre traba-lho total e índice de fadiga com jogadores de

Dados da Literatura Supino Agachamento Preensão manual D Preensão manual ND

Warrington et al.(9)

rúgbi 60,7 ± 13,2 56,8 ± 12,5

cabo guerra 62,2 ± 20,9 59,1 ± 4

Williford et al. (22) * 141 ± 35,5 190 ± 31,9

Molacek et al. (24)* 130 ± 3,3

Hetzler et al. (25)* 141 ± 26,6

Hoffman et al. (26)* 117,4 ± 21 152,5 ± 27,3

Black e Roundy (28) * 167 ± 23,2 231 ± 8,13

Estudo Atual 75,6 ± 20,1 126,4 ± 19,8 60,8 ± 15,2 56,2 ± 14,7

TABELA 2. Média e desvio padrão dos níveis de força de membros superiores, inferiores (kg) e de preensão ma-nual (kgf) dominante (D) e não dominante (ND) de solda-dos da Tropa de Choque e atletas de Futebol Americano, Rúgbi e Cabo de Guerra obtidos a partir da literatura.

* atletas universitários de futebol americano.

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rúgbi ou de futebol americano. Diversos tra-balhos sustentam que uma potência elevada é um importante atributo para esportes de contato físico(7;31).

Estes valores são, absolutamente, mais altos do que aqueles obtidos por jogadores de outras funções e estariam associados a gran-des volumes de massa corporal e de massa magra. Apesar dos jogadores de linha de de-fesa do rúgbi e, por analogia, os do futebol americano, possuírem maior pico de potên-cia absoluta do que os jogadores de outras funções, estes apresentam menores valores de pico de potência relativa à massa magra(5) e à massa corporal total(30). Estes resultados, possivelmente, explicam os resultados mais baixos no teste de salto vertical encontrados nos jogadores de defesa. Os valores médios de pico de potência e potência média apre-sentada pelos jogadores de rúgbi são mais elevados do que as obtidas pelos militares, apesar dos resultados no teste de salto verti-cal serem semelhantes. Esse aspecto ressal-ta que a potência de membros inferiores dos militares está baixa, pois os atletas mesmo tendo maior massa corporal total tiveram um desempenho semelhante no salto. A altíssi-ma potência dos atletas compensou a grande diferença de massa corporal total que existe entre eles e os militares e proporcionou de-sempenho semelhante no salto. Neste senti-do, os menores valores apresentados pelos militares no Teste de Wingate podem estar re-lacionados não apenas a diferenças na espe-cificidade do treinamento, mas, também, aos seus menores valores de massa corporal total e massa magra.

Este trabalho apresentou pela primeira vez a análise de características antropomé-tricas e de desempenho físico de militares in-tegrantes de uma Tropa de Choque do Exér-cito Brasileiro. Baseado na comparação de dados da literatura relativos a estudos feitos em atletas de futebol americano, rúgbi e cabo de guerra verificou-se que esses militares não apresentaram características antropo-métricas e de desempenho físico adequado

para o tipo de atividade que estão destinados a realizar. Nossa principal limitação está na comparação qualitativa dos dados avaliados dos militares com os da literatura, ao invés da realização de coletas em atletas desses res-pectivos esportes. Essa limitação se justifica, no entanto, em função desses esportes se-rem ainda incipientes no Brasil. Pretende-se, dessa forma, sugerir a realização de uma se-leção mais específica dos militares que irão fazer parte deste tipo de tropa, bem como, orientar adequações na preparação física desses militares.

CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu verificar que os soldados avaliados estão aptos fisicamen-te em níveis excelentes pelos padrões de exi-gência do TAF. Entretanto, enquanto a prepa-ração física dos militares está possibilitando bons resultados no condicionamento aeróbico e resistência muscular, não contempla a es-pecificidade das exigências fisiológicas pre-dominantes na ação do choque. Os valores menores de massa corporal total e de mas-sa magra dos sujeitos avaliados é, provavel-mente, o resultado de uma inadequada espe-cificidade do treinamento físico que não visa a hipertrofia muscular e aumento da força e potência muscular, ou então, um inadequado processo de seleção dos indivíduos que fa-rão parte do pelotão. Além disso, os critérios utilizados para avaliação do condicionamen-to físico, neste caso, o TFM, está incompleto na medida em que não contempla a avaliação de valências essenciais para a realização do trabalho da Tropa de Choque. Provavelmen-te, esses desajustes devem-se a defasagem das técnicas utilizadas pelas Tropas de Cho-que do país, pois com a falta de emprego em ações reais não foram necessárias atualiza-ções técnicas e adaptações às novas situa-ções de emprego que normatizassem tanto a seleção como a avaliação e a preparação físi-ca dos soldados respeitando a especificidade de ação deste tipo de tropa.

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Universidade Federal do Piauí – Campus de ParnaíbaAvenida São Sebastião, 2819 – Reis Velloso – Parnaíba – PI - CEP: 64.202-020Fone: +55 (86) 33235444 - Fax: +55 (86) 33235125 e-mail: [email protected]@hotmail.com

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ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

TREINAMENTO FUNCIONAL: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE OS CONCEITOS E APLICAÇÕES

Functional training: a bibliographical study about the concepts and applications

Diogo Alves de Oliveira1; André Luiz Viard Walsh-Monteiro 2,; Cláudio Joaquim Borba-Pinheiro1,2,3

1Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus XIII de Tucuruí. 2Instituto Federal do Pará (IFPA) Campus de Tucuruí.

3Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Programa de Pós graduação Stricto Sensu em Enfermagem e Biociências (PPGEnfBio).

Resumo: O estudo teve como objetivo analisar os conceitos e aplicações do Treinamento Funcional (TF) por diferentes autores. O método utili-zado foi de revisão sistemática da literatura nas bases de dados Google acadêmico e portal de periódicos “CAPES”, além de bibliotecas públicas. Foram encontradas 26 referências sendo 22 artigos e quatro livros. Com isso, foi realizada uma descrição dos princípios do TF sistematizando suas aplicações. A análise bibliográfi ca possibilitou verifi car que a aplicação do TF tem priorizado três pontos. O primeiro, voltado para a reabilita-ção das capacidades funcionais. O segundo, como aprimoramento dos movimentos esportivos. E fi nalmente, o terceiro, voltada para o equilíbrio funcional, onde se busca uma maior autonomia e qualidade de vida. Assim, as aplicações do TF têm mostrado resultados satisfatórios nas três vertentes observadas, o que permite recomendar este tipo de treinamento como forma de preparação física de atletas e não atletas. Palavras-chave: Atividade Física, Treinamento Funcional, Desempenho Físico.

Abstract: The study had as objective verifi es the concepts and the systematic application of Functional Training (FT) for different authors. The methodology of systematic revision of the literature in bases for research: Academic Google, gate of journals “CAPES” and public libraries were used. It was found 26 references, being: 22 articles and four books. In addition, a description of the beginnings of the FT was accomplished systematizing your applications. The bibliographical analysis made possible to verify that the application of the FT has been prioritizing three points, the fi rst, to the rehabilitation of the functional capacities. The second was for improvement of sports movements. Finally, the third that is returned for the functional balance looking for more autonomy and quality of life. The applications of the FT have been showing satisfactory results in the three points observed that allows to recommend the training in physical preparation of the athletes’ and non-athletes.Keywords: Physical Activity, Functional Training, Physical Performance.

1. INTRODUÇÃO

O TF tem como base os movimentos integrados e multiarticulares de estabilização, aceleração e de-saceleração, com objetivos de desenvolver o movi-mento, a força e efi ciência neuromuscular, para isso sugere movimentos que imitam situações naturais e de posições que poderiam ocorrer em situações reais da vida cotidiana ou competições esportivas, que po-dem ser ajustadas ao longo do chamado treinamento cognitivo (1,2).

A essência do TF está baseada na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade fun-cional do corpo humano, através de exercícios que desafi am os diversos componentes do sistema ner-voso e, por isso, estimulam sua adaptação. Isso re-

sulta em uma melhoria das principais qualidades físi-cas utilizadas tanto nas atividades do dia-a-dia como nos gestos esportivos (3).

Os estudos (4-6) demonstram que TF tem ob-tido bons resultados na melhoria das capacidades funcionais voltados para a reabilitação, desempenho esportivo e qualidade de vida, respectivamente, de pessoas que buscam esse tipo de treinamento.

Com a posse dos conceitos e aplicações do TF pode-se trabalhar movimentos que se assemelham as atividades especifi cas, tanto do cotidiano como para uma modalidade esportiva, com a intenção de transferir os aprimoramentos dos exercícios ao ob-jetivo proposto. Com isso, este trabalho poderá ser utilizado como uma metodologia alternativa de trei-namento, o que pode justifi car a sua importância.

Aceito em 02/04/12 - Revista de Educação Física 2013 Abr; 157:12-21. Rio de Janeiro - Brasil

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Desta forma, O estudo teve como objetivo ana-lisar os conceitos e aplicações do Treinamento Fun-cional (TF) por diferentes autores.

2. METODOLOGIA

Para o presente estudo sobre os conceitos e aplicações do TF realizou-se uma revisão sistemá-tica na literatura, utilizaram-se as palavras treina-mento físico, treinamento funcional, desempenho físico e propriocepção como palavras-chave na busca de artigos nas bases do portal de periódicos da CAPES e Google Acadêmico, além do acervo da biblioteca UEPA/Campus XIII, a fi m de incluir alguns livros para fornecer subsídios a realização desta revisão.

A pesquisa teve como critério de inclusão os ar-tigos que utilizaram o Treinamento Funcional com intervenção prática de cinco a 24 semanas, com ou sem grupo controle e artigos de revisão da litera-tura, o que resultou em 22 artigos referentes aos princípios e fundamentos do treinamento e quatro livros, como mostra a Figura 1.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS DOTREINAMENTO FÌSICO

Partindo dos princípios do treinamento físico e das bases conceituais e de aplicação do Treinamen-to Funcional é possível estruturar um planejamento com uma metodologia que possibilite um aprimora-mento das capacidades e habilidades motoras.

Assim, de acordo com as considerações de Tubino (7), Dantas (8) e Costa (9) o treinamento físico deve respeitar oito princípios metodológicos, quais sejam: da individualidade biológica, adaptação, so-brecarga, continuidade, interdependência volume-intensidade, especifi cidade, variabilidade e o princi-pio da saúde:

• Individualidade biológica - Explica a variabili-dade entre elementos da mesma espécie, fazendo com que não existam indivíduos iguais entre si, con-siderando as características físicas e psíquicas para os processos de condicionamento físico;

• Adaptação - Intimamente ligado ao stress, a qual a estrutura física é submetida levando a home-ostase, isto é, a busca do equilíbrio do organismo humano considerando como estimulo, dentre ou-tros: o exercício físico e as emoções para uma res-posta e posteriormente uma adaptação;

• Sobrecarga - É uma adaptação do organismo com o propósito de superar um stress (estímulo) submetido anteriormente;

• Continuidade - É a não interrupção das condi-cionantes de preparação física para que se atinja a adaptação do organismo;

• Interdependência Volume-Intensidade - Liga-do ao principio da sobrecarga, já que o volume e intensidade das cargas de trabalho e o processo de adaptação melhoram o desempenho do individuo;

• Especifi cidade – É o aprimoramento da habili-dade técnica para a execução de movimentos quan-to possíveis, durante o treinamento, visando a aqui-sição e reforço dos engramas (memória em mente) requeridos pela especifi cidade do esporte;

• Variabilidade – É o mais completo possível, baseado no treinamento total ou global, utiliza-se das mais variadas formas de treinamento, quanto maior for a variabilidade de estímulos, maiores se-rão as possibilidades de atingir melhores resultados;Figura 1. Revisão sistemática da literatura.

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• Princípio da Saúde – Engloba outros setores que estão relacionados a uma melhor adequação das necessidades do individuo que busca uma ati-vidade física, incluindo uma equipe multidisciplinar como apoio.

3.2 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO FUNCIONALTendo por base o Treinamento Físico, Campos

e Coraucci-Neto (3) destacam oito princípios básicos do TF que sustentam sua aplicabilidade, tais como:

• Individualidade biológica – É o primeiro passo para um programa coerente. Um grupo de pessoas pode até ser homogênea com relação à idade, esta-tura etc., porém continuará sendo heterogênea em muitos outros aspectos, e, isso determina que o pro-grama de exercício deve ser adequado a individuali-dade, de acordo com sua atividade funcional.

• Especifi cidade do Treinamento – este princípio tem relação com o princípio da individualidade bio-lógica, as adaptações que o corpo sofre são especi-fi cas das atividades as quais são submetidas, suas contrações, velocidade e ângulo de execução, am-plitude e sinergia entre os músculos, a postura e os sistemas energéticos, todas devem refl etir a ação da atividade do atleta ou não atleta.

• Preparação de músculos intrínsecos – tem contribuição para a estabilização articular com ob-jetivo de fortalecimento destas musculaturas para promover a estabilidade estática e dinâmica das ar-ticulações.

• Variação – a vida sedentária provoca redução na variedade dos movimentos do individuo, o que di-minui a propriocepção. Dessa forma, quanto maior a variedade de estímulos, maiores serão as adequa-ções de condicionamento.

• Equilíbrio muscular - exercícios que exigem equilíbrio estimulam o sistema de controle motor e favorecer ganho de força muscular, melhoria dos mecanismos proprioceptivos, diminuição dos dese-quilíbrios musculares causadores de desvios postu-rais e uma maior sinergia entre os músculos durante um movimento;

• Cadeias cinéticas – a) Fechadas, onde os seg-mentos distais encontram-se fi xos ou com conside-rável resistência, como os exercícios com os pés no chão, como por exemplo, os exercícios de agacha-mento. b) Abertas, são quando os segmentos distais

se encontram livres no espaço, como exemplo a ex-tensão de joelho.

• Progressões – os exercícios podem progredir a partir da velocidade, de baixa para alta; da postura estática para a dinâmica; na resistência empregada baixa para alta; nos movimentos com equilíbrio para os sem equilíbrio; utilização da visão para a não uti-lização; movimentos bilaterais para unilaterais; mo-vimentos simples para os complexos, de um plano para vários planos.

• Estimulação dos proprioceptores – a realiza-ção de exercícios com os olhos fechados estimula a ativação dos proprioceptores situados no sistema musculoesquelético e os receptores táteis.

3.3 CONCEITUAÇÃO DO TREINAMENTO FUNCIONAL

De acordo com os princípios supracitados o TF é conceituado como o conjunto de exercícios com movimentos que imitam situações reais, ou seja, que podem ocorrer nas atividades da vida diária. Partindo de exercícios de estabilização e fortale-cimento da musculatura que sustenta e estabiliza a coluna vertebral em cadeia com os membros, conhecido como musculatura do núcleo “CORE” (1,2,10).

Para Campos e Coraucci Neto (3) a essência do TF está baseada na melhoria dos aspectos neuro-lógicos que afetam a capacidade funcional, atra-vés de exercícios que desafi am os diversos com-ponentes do sistema nervoso central e periférico em seus processos contínuos de feedback e, por isso, estimulam sua adaptação. Isso pode resultar em uma melhoria das capacidades e habilidades físicas utilizadas tanto nas atividades do dia-a-dia como nos gestos esportivos.

O TF tem como base os exercícios contínuos que envolvem o equilíbrio e a propriocepção, re-alizados no solo utilizando o peso corporal, com movimentos integrados, ou seja, combinações de movimentos (11).

3.4 CONSIDERAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE UM PROGRAMA DE

TREINAMENTO FUNCIONAL.O TF pode ser aplicado para diferentes indiví-

duos, o que diferencia é o grau de potência de um

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infl uenciam na fl exibilidade como a hora do dia, temperatura do ambiente, sexo e idade;

• Equilíbrio - infl uencia na qualidade e controle dos movimentos de músculos estabilizadores (esta-bilizam uma articulação aproximando as superfícies articulares) e mobilizadores (responsáveis pelos movimentos articulares).

• Resistência cardiovascular e muscular - Apri-morados com o treinamento, retarda o aparecimen-to da fadiga muscular e aumenta o rendimento do sistema aeróbico e anaeróbico, vitais para manu-tenção ou melhoria das capacidades funcionais;

• Lateralidade – O ser humano tem dois hemis-férios, direito e esquerdo, dos quais um será o do-minante. Dessa forma, os exercícios unilaterais são benéfi cos para a manutenção das agilidades mo-toras, os bilaterais e simétricos são indicados para indivíduos iniciantes e só depois progredir para uni-laterais e assimétricos;

• Potência - É a habilidade de utilizar a força (não necessariamente a força máxima) aliada à ve-locidade;

• Agilidade - É a habilidade de mudar a posição e/ou sentido do corpo sem perda de desempenho.

3.6 EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOSA pliometria é outro termo bastante utilizado

no TF, teve bastante popularidade nos anos 60 e 70. Os exercícios pliométricos são defi nidos como aqueles que ativam o ciclo excêntrico-concêntri-co, com aceleração e desaceleração dos mús-culos esqueléticos, provocando sua potenciação elástica, mecânica e refl exa (13,14). Como exemplo de exercícios pliométricos pode-se citar os saltos verticais, como ilustra a Figura 2:

para o outro. Os exercícios do TF devem enfatizar os movimentos multiarticulares, onde os músculos trabalham em grupos coordenados. Eles também devem ser dinâmicos o sufi ciente para ativar os refl exos que melhoram a estabilidade do sistema com exigências de soluções hábeis, semelhantes aos problemas colocados pelas atividades atleticas ou da vida diária (11).

Outro fator de grande importância para um pro-grama de TF é a propriocepção, que é o senso de consciência corporal, sendo um importante com-ponente para a estabilidade articular, envolvendo estruturas proprioceptivas como os receptores ar-ticulares de Ruffi ni e Pacini, receptores musculares como o Fuso muscular e os localizados nos ten-dões como os órgãos tendinosos de Golgi, além do Sistema vestibular com informações de movimen-tos lineares e angulares (3). Para que esses meca-nismos possam ser ativados pode-se iniciar um trei-namento, tendo como ponto de partida os músculos do “CORE”, mostrados na Tabela 1.

3.5 CAPACIDADES E HABILIDADES MOTORASPara que o planejamento possibilite uma me-

lhora deve-se considerar o desenvolvimento das capacidades e habilidade motoras como: força, fl exibilidade, equilíbrio, resistência, lateralidade, po-tência e agilidade (3). Com isso, cabe considerar o conceito destas:

• Força - É a capacidade física imprescindível para a manutenção ou aprimoramento da capaci-dade funcional do corpo humano;

• Flexibilidade - É a habilidade para mover uma articulação através de uma amplitude de movimen-to normal sem estresse excessivo para a unidade, envolvendo a mobilidade articular e a elasticidade muscular. É importante ressaltar as variáveis que

TABELA 1. Musculatura do núcleo (CORE) responsável pela estabilização da coluna vertebral.

Fonte: Norris (12) adaptado pelos autores.

Estabilizadores da coluna lombar Ação primária

Reto abdominal Flexão da coluna vertebral

Oblíquos Rotação da coluna

Multifidos Estabilização segmentar vertebral

Quadrado lombar Inclinação lateral da coluna

Paravertebrais Extensão da coluna vertebral

Figura 2: Exercício pliométrico. Imagem pública do google image (http://www.google.com/imghp?hl=pt-BR), sem reservas de domínio.

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O treinamento pliométrico é um conjunto de exercícios que objetiva aumentar a capacidade do músculo em armazenar e reutilizar energia elásti-ca e ainda, aumentar sua potencialização refl exa e mecânica, denominado também de ciclo alonga-mento-encurtamento (15). Para Boff e Da Silva (16) o treinamento pliométrico pode obter bons resultados para o salto vertical de atletas escolares.

Para Plisk (11) as estrutudas dos membros infe-riores são projetadas para uma melhor adaptação do sitema de alongamento e encurtamento devido a presenças de tendões muitas vezes mais longos que o ventre dos muscúlos, como por exemplo, os extensores distais como os músculos gastrocnêmio e o sóleo. Isso pode minimizar a massa de parte

inferior da perna, reduzindo as necessidades de energia durante a locomoção.

3.7 APLICAÇÕES DO TREINAMENTOFUNCIONAL

A Tabela 2 apresenta estudos com interven-ção do TF em um período de cinco a 24 semanas. Os estudos que apresentaram resultados efetivos para os objetivos propostos tiveram uma frequên-cia semanal média de três vezes por semana, com exercícios que se assemelham aos movimentos de modalidades esportivas ou da vida diária, tendo como principais os que proporcionam a estabiliza-ção e mobilização do tronco como a fl exão/exten-são, os exercícios isométricos e pliométricos.

Tabela 2. Apresenta estudos sobre a aplicação do TF.

Autores (ano) Titulo Objetivo Amostra Frequência/ duração Exercícios Material Resultado

Cosio-Lima et al. (17) Efeitos dos exercícios com bola na estabilidade do núcleo e no equilíbrio de mulheres

Comparar os efeitos dos exercícios com bola na estabilidade do núcleo e no equilíbrio em mulheres

30 mulheres universitárias. Grupo 1 n=15 exercícios com bola. Grupo 2 n=15 sem bola. 23 anos de idade

5 vezes por semana; durante 5 semanas.

Flexão de tronco. Extensão de tronco. (ambos com progressões gradativas)

Bola Suíça. Colchonete.

O grupo 1 teve melhoras (p<0,05) comparado com o grupo 2, nas variáveis de estabilidade do núcleo e equilíbrio postural.

Michell et al. (18) Treinamento de equilíbrio funcional com tornozelos estáveis e instáveis.

Examinar os efeitos do treinamento de equilíbrio funcional com e sem o uso de sandálias estabilizadoras do tornozelo.

32 indivíduos. 16 com instabilidade do tornozelo. 16 sem histórico de lesão no tornozelo.

3 vezes por semanas durante 8 semanas.

Alongamento do tendão calcâneo/Flexão plantar/Caminhada com elevação do joelho/Deslocamentolateral/Agachamento e exercícios de Arranque.

Sandálias com solado de borracha com meia esfera fixa no centro.

Corrêa et al. (19) Efeito do treinamento muscular periférico na capacidade funcional e qualidade de vida nos pacientes em hemodiálise

Avaliar os efeitos do Treinamento Muscular Periférico (TMP) e na qualidade de vida de pacientes em hemodiálise.

7 voluntários com idade entre 29 e 84.

2 vezes por semana durante 5 meses.

Foram trabalhados todos os grupamentos musculares dos membros inferiores (MI), além dos abdominais e glúteos com exercícios isométricos, isotônicos e livres de carga.

Equipamentos de exercícios resistidos.

Houve aumento estatístico (p<0,05) para a força de MI. Além das funções limite por aspecto físico e vitalidade da QV.

Thompson at al. (20) Treinamento Funcional para o desempenho de idosos praticantes de golfe.

Determinar os efeitos de um programa progressivo de Treinamento funcional sobre o desempenho de velocidade de balaço de idosos golfistas.

18 golfistas do sexo masculino com idade de 60 a 80 anos. Grupo de exercícios n=11. Grupo controle n=7

3 vezes por semana durante 8 semanas;

Exercícios de flexão. Exercícios de estabilidade do núcleo. Exercícios de equilíbrio. Exercícios de resistência. Exercícios de alongamento.

Bola Suíça. Bola medicinal. Faixa elástica.

O grupo exercícios obteve uma melhora 4,9% na velocidade do balanço, enquanto o grupo controle houve uma diminuição.

Oliveira et al. (21) O treinamento funcional na reeducação funcional Após reconstrução de ligamento cruzado anterior.

Este trabalho tem como desígnio aprimorar a capacidade funcional após reconstrução de Ligamento Cruzado Anterior do joelho por meio do treinamento funcional

Foram avaliados 10 pacientes com faixa etária de 22 a 33 anos, submetidos à reconstrução de LCA do joelho.

8 semanas. Freqüência por semana não relatadas.

1ª fase: aumento de amplitude de movimento Flexão/Extensão e exercícios isométricos. 2º fase: fortalecimento muscular com cadeia cinética fechada e treinamento funcional com exercícios estáticos e dinâmicos.

“balance disc”, bola suíça, prancha de equilíbrio e cama elástica

Houve melhora na postura geral, no equilíbrio dinâmico e estático, uma maior estabilidade da coluna vertebral, e ainda, melhora da sinestesia.

Leal et al. (22). Efeitos do treinamento funcional na autonomia, equilíbrio e qualidade de vida de idosas.

verificar os efeitos do treinamento funcional sobre o equilíbrio postural, autonomia funcional e qualidade de vida de idosos ativos.

76 idosas. Grupo treinamento funcional (n=42). Grupo controle (n=28). Média de idade: 66 anos.

2xsemana, durante 12 semanas.

Exercícios de equilíbrio. Exercícios de treinamento funcional resistido. Exercícios de alongamento. Ambos utilizando progressões de carga e repetições.

Não descritos. O grupo treinamento funcional teve melhora (p<0,05) nas três variáveis analisadas, quando comparados ao grupo controle.

Lustosa et al. (6) Efeito de um programa de treinamento funcional no equilíbrio postural de idosas da comunidade

Verificar o efeito de um programa de dois meses de exercícios funcionais em um grupo de idosas da comunidade nas atividades instrumentais de vida diária e no equilíbrio unipodálico

7 idosas da comunidade, sedentárias, sem distinção de raça e/ou classe social.

3xsemana durante 8 semanas. Totalizando 24 sessões.

Exercícios relacionados às tarefas executadas no dia-dia das participantes como: caminha de 10 minutos para aquecimento, exercícios de marcha em flexão plantar, dorsiflexão. Todos os exercícios tiveram progressões com utilização de cargas.

Cones. Bambolê. Colchonete Bolas. Bastões

O resultado não apresentou diferença (p<0,05) para o equilíbrio unipodálico em ambos os membros inferiores, porém, houve melhora significativa (p=0,042) para a capacidade de realizar as AIVD.

Nunciato et al. (4). Treinamento de força e treinamento funcional em adolescente lesado medular

Analisar a influência do treinamento de força associado ao treinamento especifico funcional, sobre a independência funcional de uma paciente com lesão medular.

1 voluntario com lesão medular do sexo masculino, com 12 anos de idade.

3xsemana durante 8 semanas.

Exercícios de fortalecimento dos músculos flexores e extensores do tronco: 3 séries; 20 repet. para cada grupo muscular, com utilização da bola feijão (55x80cm), além de exercícios de avanço, da cadeira de rodas para o piso.

Bola feijão. Colchonete Bola Suíça.

Melhora funcional (p<0,05) na força superior a 15% da medida de independência funcional, proporcionando uma discreta melhora nas qualidades de transferências.

King et al. (23) Confiabilidade e capacidade de respostado desempenho fisicono contexto do Treinamento Funcional

Verificar as medidas de resistência, força e flexibilidade, após intervenção de treinamento funcional destinado a melhorar as AVD depessoas idosas.

37 idosos com idade média de 70 anos.Grupo intervenção (n=18).Grupo controle (n=19).

78% do sexo feminino.

3xsemana durante 12 semanas

Circuito de caminhada de 15 minutos.Sentar e levantar da cadeira.Exercícios de flexão e dorsiflexao.Exercícios de equilíbrio estático e dinâmico.Flexão e extensão de tronco.

Saco de areia e halteres

Cadeira, porta, tapete, paredes e degraus de escada.

Não houve diferença (p<0,05) para a caminhada entre os grupos, já as demais variáveis obtiveram diferenças (p<0,05)quando comparadas entre os grupos.

Yaggie e Campbell (24) Efeitos dotreinamento de balanço sobre habilidades selecionadas

Determinar a influênciade um protocolo de treinamento de equilíbrio, utilizando o BOSU, empostura dinâmica edesempenho funcional em indivíduos saudáveis.

36 voluntários.Grupo experimental (n=17).Grupo controle (n=19).

Período do experimentofoi de 4 semanas, 3 xsemana.

Exercícios utilizando o BOSU.Giros laterais de cabeça.Movimento de cabeça com os olhos vendados.Movimentos de tronco.

Bola Suíça.Bola BOSU.

Melhorou as capacidades proprioceptivas. Porém, autilização do BOSU não obteve melhoras no salto vertical.

(5)

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OLIVEIRA, MONTEIRO, PINHEIRO

A Tabela 2, apresentada o resultado de informa-ções extraídas da literatura científi ca, que represen-tam as vertentes no qual o método de treino tem sido utilizado. Desta forma, dentre outros estudos como os de Corrêa et al. (19), Oliveira et al.(21) e Nunciato et al.(4)

aproximam-se da vertente da reabilitação. Stan-ton et al.(5) e Utsch et al.(15) aproximam-se da vertente do aprimoramento desportivo. E fi nalmente, Lustosa et al. (6) Corrêa et al. (19) e Leal et al. (22) da vertente qualidade de vida.

O estudo realizado por Oliveira et al. (21) com 10 indivíduos de 22 a 33 anos, após cirurgia de re-construção do ligamento cruzado anterior do joelho, com objetivo de aprimorar as capacidades funcio-nais através do TF. Os exercícios foram realizados de forma lenta com cinco a 10 repetições e duração de 25 segundos, sendo realizado o fortalecimento muscular em cadeia cinemática aberta na fase ini-cial e intermediária. Na fase fi nal do treinamento, se utilizou exercícios de instabilidade estática e dinâmi-ca em cadeia cinemática fechada, onde os materiais utilizados foram: “balance disc”, bola suíça, prancha de equilíbrio e cama elástica. Os resultados aponta-ram um aumento na confi ança e na capacidade fun-cional onde: dois pacientes afi rmaram boa, quatro ótima e fi nalmente mais quatro afi rmaram adquirir excelente capacidade funcional (21). Após oito se-manas, concluíram que houve melhora na postura geral, no equilíbrio dinâmico e estático, uma maior

estabilidade da coluna vertebral, e ainda, melhora da consciência sinestésica (21).

Em outro estudo, que analisou os efeitos do treinamento de força associado ao funcional em um adolescente com lesão medular com exercícios de fortalecimento dos músculos fl exores e extensores do tronco: três séries de 20 repetições para cada grupo muscular (reto abdominal, obliquo e paraver-tebrais), utilizando exercícios de fl exão em decúbito ventral; extensão, em decúbito dorsal, com utiliza-ção de uma bola (55x80cm), além de exercícios de avanços, da cadeira de rodas para o piso. Após oito semanas, constatou-se uma melhora signifi cativa na força e melhora superior a 15% da medida de autonomia funcional, proporcionando uma discre-ta melhora nas qualidades de transferências bem como em suas atividades funcionais (4).

Para Stanton et al. (5) que examinou os efeitos de seis semanas de treinamento com objetivo de esta-bilizar a coluna vertebral em 18 atletas de basquete-bol divididos em dois grupos: o grupo experimental (n=8) e o grupo controle (n=10). No periodo de in-tervenção, tanto o grupo controle quanto o experi-mental, continuaram exercendo suas atividades de condicionamento esportivo periodiacamente duas vezes/semana. No TF utilizou-se a bola suíça e es-teiras ergométricas. Após a avaliação, constatou-se que no grupo experimental hove uma melhora signi-

Stanton et al. (5) O efeito de curto prazo de formação na bola suíça sobre estabilidade do core:economia de corrida

Investigar o efeito de um curto prazo noTreinamento com bola suíça sobre a estabilidade do núcleo e economia de corrida

18 jovens atletas do sexo masculino.Grupo experimental (n=8).Grupo controle (n=10).

2xsemana durante 6 semanas.

Exercício de salto vertical.Rolamento lateral supinado.Superman alternado.Flexão de joelho.Extensão de pernas.Movimento de rotação de tronco.

Bola Suíça.ColchoneteEsteiraergométrica.

Houve melhora no grupoexperimental significativa(p<0,05) na estabilide da musculatura do CORE, além de melhorias no desempenho aeróbico específico.

Myer et al. (25) Efeitos dotreinamento pliométrico contra exercícios de estabilidades dinâmicas no equilíbrio e força de mulheres atletas

Comparar os efeitos dotreinamento pliométrico sobre o equilíbrio de atletasrelacionadas com lesão do ligamento anterior do joelho.

19 mulheres ativas, com idade média de 15,5 anos.Grupo Plyo. (n=8)Grupo Ball (n=11).

3 vezes por semanas durante 7 semanas.

Exercícios pliométricos:Saltos.Corrida com barreira.Combinados com abdominais.(entre outros).Exercícios de estabilidade:Exercícios simétricos.Agachamento profundo.Exercícios com BOSU e circuitos.

StepBola SuíçaBola BOSU.

Ambos os treinamento são eficazes para melhorar o desempenho funcional do Ligamento Cruzado Anterior do joelho em mulheres ativas.

Paw et al. (26) Efeitos dotreinamento resistido e treinamento funcional na qualidade de vida de idosos residentes em casas de apoio.

Estudar os efeitos de 3 diferentes protocolos de exercíciossobre a capacidade funcional, qualidade de vida.

173 idosos.Grupo treinam. Resistido (n=41).Grupo treinam. Funcional (n=48).Grupo treinam. Combinado (n=49)Grupo controle (35).

2xsemanas durante 24 semanas.

Exercícios resistidos eExercícios funcionais:Caminhada.Atividades rítmicas.Arremesso de bola.Levantar e sentar na cadeira.Jogos cooperativos.Alongamentos.

Equipamentos de musculação:halteres e

tornozeleiras de 1 a 5 kg.

Ambos os protocolos deobtiveram melhoras nas variáveis estudas, porém, sem diferença (p<0,05).

Utsch et al. (15) Influência do treinamento pliométrico em areia e grama sobre a potência e velocidade em jogadores de futebol juvenis

Analisar os efeitos de umprotocolo sistematizado de treinamento pliométrico realizado na grama e na areia sobre as capacidades físicas de força eVelocidade de Corrida de jogadores juvenis de futebol.

28 atletas de futebol, 22 atletas do grupo experimental (16 -17anos) sendo 10atletas do grupo G1(grama), 12 atletas do grupo G2 (areia) e 6 da categoria infantil do G3, grupo controle (15 anos).

8 semanas.3xsemana nas primeiro 4 semanas.2xsemana nas ultimas 4 semanas.

Exercícios de salto verticais e horizontais, com e sem barreiras, e sprints de até 25 metros: 2 séries, 6 exercícios, intervalos de 1’30’’ entre séries e 45” entre exercícios, exercícios de estabilização do tronco: 2 séries, 10 repetições de flexão/extensão do tronco.

Não descrito. Os resultados sugerem que o TF pliométrico na grama e na areia podem ser utilizados para a melhoria da potência muscular dos membros inferiores dos atletas

Spennewyn (27) Resultados de exercícios resistidos de forma livre contra exercícios resistidos em equipamentos de forma fixa

Comparar as medidas de forçae de equilíbrio entre indivíduos usando forma fixa ou de forma livre de treinamento de resistência

30 voluntários sedentários com idade média de 49 anos.Grupo livre (n=10).Grupo fixo (n=10).Grupo controle (n=10).

2xsemana durante 16 semanas.

De 8 a 12 repetições para cada grupo muscular em maquina fixa.8 a 12 repetições para cada grupo muscular de forma livre com mudança de posição (em pé ou sentado).

Leg-press.Extensa/Flexora .Tração.Rosca.Máquina de abdominal.Halteres.

Os grupos de forma livre e fixaobtiveram melhoras (p<0,05).No entanto o grupo livre teve melhora de força de 115%, e equilíbrio de 245%superiores ao Grupo forma fixa.

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fi cativa (p<0,05) na estabilide da musculatura do nú-cleo (CORE), medido pelo teste de Sahrmann com almofada de pressão infl ável, além de melhorias no desempenho aeróbico específi co da modalidade o que não ocorreu com o grupo controle (5).

Em relação à preparação física de atletas, a dis-cussão toma sentido quando os diferentes meios e métodos que constituem os elementos práticos da preparação desportiva são considerados, quando é necessário entender que quanto maior é o grau de correspondência entre os modelos utilizados (exer-cícios de treinamento) e a competição, maiores e mais efi cazes serão os seus efeitos (28). Dessa forma, no contexto atual do futebol, a forma de organização deve buscar o desempenho dos jogadores em cur-to período de tempo, e com isso, a preparação de futebolistas profi ssionais indica a necessidade de pesquisas envolvendo propostas de sistematização de treinamento para esta realidade (28).

Utsch et al. (15) ao analisarem os efeitos de um protocolo sistematizado de TF pliométrico realizado na grama e na areia sobre as capacidades físicas de força e velocidade da Corrida de 10, 20 e 30 me-tros em 28 jogadores juvenis de futebol, separados em três grupos; grupo grama (G1 n=10); grupo areia (G2 n=12) e grupo controle (G3 n=6), com media de 16 anos, onde os grupos experimentais realizaram as atividades em um mesmo período e horário. Nas primeiras quatro semanas – foram realizadas três sessões/semana com exercícios de salto verticais e horizontais, com e sem barreiras, e sprints de até 25 metros, executando-se duas séries de seis exercí-cios, com intervalos de 1’30’’ entre séries e 45” entre exercícios, além de exercícios de estabilização do tronco com duas séries de 10 repetições na fl exão/extensão do tronco. Nas quatro últimas semanas o número de sessões foi reduzido para 2 sessões semanais (15). Os resultados sugerem que o TF plio-métrico na grama e na areia podem ser utilizados para a melhoria da potência muscular dos membros inferiores dos atletas.

Os estudos com objetivo de manter e/ou me-lhorar a autonomia funcional e qualidade de vida em pessoas idosas vêm ganhando espaço na comuni-dade científi ca. Para Lustosa et al.(6) que verifi cou os efeitos de um programa de dois meses de exercí-cios funcionais em um grupo de idosas com 71±8,1

anos, avaliando o equilíbrio unipodálico e o impacto nas atividades instrumentais de vida diária (AIVD), tais como: capacidade de preparar uma refeição, realizar limpeza doméstica, subir escadas, cami-nhar, fazer compras e utilizar transporte coletivo. O TF consistiu em exercícios relacionados às tarefas executadas no dia-dia das participantes, tais como: caminha de 10 minutos para aquecimento, exercí-cios de marcha em fl exão plantar, dorsifl exão, den-tre outros. Essas atividades tiveram progressão com a utilização de objetos nas mãos, como pequenos cones, além de circuito de exercícios. O resultado não apresentou diferença estatística (p<0,05) para o equilíbrio estático unipodálico em ambos os mem-bros inferiores, porém, houve melhora signifi cativa (p=0,042) para a capacidade de realizar as AIVD (6).

Em um estudo similar ao supracitado, Leal et al. (22) analisou os efeitos de 12 semanas com inter-venção de duas sessões/semana com duração de 50 minutos de TF sobre as variáveis de: equilíbrio postural, autonomia funcional e qualidade de vida em idosas com idades entre 60 e 67 anos, separa-das em dois grupos: o grupo treinamento funcional (GTF; n= 42) e o grupo controle (GC; n=28), sendo que este ultimo realizou durante o período de in-tervenção, atividades esporádicas de recreação e alongamento.

A Tabela 3 apresenta uma sequência de exercí-cios para treinamento funcional.TABELA 3: Apresenta uma sequência de exercícios para TF

Treinamentos Exercícios Ciclo 1 (8 semanas) Ciclo 2 (8 semanas)Carga Repetições Carga Repetição

Equilíbrio Exercícios sem estímulo visual

Nãoespecificado

15 a 20 segundos

3 a 4repetições

Nãoespecificado

15 a 20 segundos

3 a 4repetições

Exercícios com girosExercícios

coordenados (uni ebilaterais)

TF + Resistido Agachamento livre com halteres

55% - 1RM 2 séries de 15 repetições

60 a 70%1RM

2 série de 10 a 12

repetições

Puxada por latíssimoAbdominal

Supino horizontalAgachamento apoiado

na bola suíçaTríceps com faixa

elásticaPanturrilha com peso

LivreRosca direta com

halteresAlongamento Não especificado Nível submáx

amplitude articular.

1 série de 4minutos

Nível submáxamplitude articular.

1 série de 4minutos

Fonte: Leal et al. (22) adaptado pelos autores.

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Os resultados para o equilíbrio, qualidade de vida e autonomia funcional apresentaram uma melhora signifi cativa (p<0,05) quando compara-do ao grupo controle (22).

Outro estudo(19) (Tabela 2) com o objetivo de verifi car efeitos do Treinamento Muscular Peri-férico e na qualidade de vida de pacientes em hemodiálise, com duas sessões semanais e um período de cinco meses constatou melhoras sig-nifi cativas (p<0,05) nos MID e E, além de me-lhorar a vitalidade e o limite por aspectos físicos relacionados à qualidade de vida. Em concordân-cia disto, as propostas de treinamento funcional relacionados ao treinamento com pesos tem de-monstrado efi ciência para autonomia funcional e qualidade de vida em idosos (19, 26, 27).

De outra forma, os estudos (4, 6, 23) mostrados na Tabela 2 que utilizaram outros métodos como o circuito com multicomponente de exercícios também apresentaram resultados satisfatórios, especialmente, para as variáveis de força, equi-líbrio e resistência, que estão relacionadas a au-tonomia e consequentemente as AVDs.

É importante ressaltar, que não é objetivo deste estudo, padronizar uma metodologia de aplicação do TF e nem sistematizar um único método de trabalho, e sim, agrupar de forma sis-temática, metodologias desenvolvidas por dife-rentes autores, a fi m de mostrar o valor de um planejamento voltado às especifi cidades funcio-nais de cada indivíduo.

Contudo, os resultados apresentados na lite-ratura sugerem que o TF pode ser um programa de treinamento alternativo, tanto para adultos, atletas e idosos. Entretanto, mais estudos neces-sitam ser realizados com maior número de volun-tários, com randomização de grupos, incluindo grupo de controle.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O TF tem por base o desenvolvimento da fun-cionalidade do corpo humano, trabalhando os mo-vimentos que se assemelham com as atividades especifi cas, tanto do cotidiano como para uma modalidade esportiva. De acordo com a literatura, essa metodologia pode ser uma alternativa para

treinamento para diferentes modalidades esporti-vas, bem como para o desenvolvimento de variá-veis relacionadas à saúde.

Os estudos encontrados mostram que o TF tem priorizado três vertentes, quais sejam: 1- a re-abilitação das capacidades funcionais, cujo, o ob-jetivo é a reeducação de uma determinada função, 2- o aprimoramento dos movimentos esportivos, com o objetivo de potencializar a performance de uma determinada modalidade e fi nalmente 3- para desenvolver o equilíbrio funcional buscando uma maior autonomia e qualidade de vida. Assim, as aplicações do TF têm mostrado resultados satis-fatórios nas três vertentes. Entretanto, ainda são poucos os estudos de intervenção com grupos de controle relacionados a este método de treinamen-to, o que convém recomendar mais estudos deste tipo de intervenção, a fi m de consolidá-lo como for-ma de preparação física de atletas, também para reabilitação e qualidade de vida de não atletas.

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Cláudio Joaquim Borba-Pinheiro([email protected]) Endereço: Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus XIII de Tucuruí.Rua 4, n°20 – Bairro: Santa Mônica - CEP:68458-100. Tucuruí, PA – Brasil.

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Revista de Educação Física (ISSN 0102 – 8464) Rio de Janeiro – p. 22-29, 1. quadrim., 2013

Rev. Educ. Fís. 2009 Jun: 145: 28-36. Rio de Janeiro - RJ - Brasil 28

EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

BASQUETEBOL BASEADO EM EVIDÊNCIAS

Evidence-Based Basketball Learning Process

Marcos Bezerra de Almeida

Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal de Sergipe

São Cristóvão – Sergipe - Brasil

Resumo: Muitas vezes, adotamos práticas que não são sustentadas pela ciência, apenas para fazer algo diferente. Deste modo, é bastante comum que a prescrição dos exercícios para o ensino dos esportes seja pautado quase que exclusivamente na experiência, criatividade e bom senso dos professores/treinadores. Sendo assim, este trabalho visa à atualização de profi ssionais que trabalham com o ensino dos esportes, em especial, o basquetebol, no tocante aos métodos de ensino e à seleção de exercícios e atividades para este fi m. Analisamos, sob a luz da literatura científi ca, os fatores determinantes para a escolha dos métodos adequados para o ensino do esporte para crianças e jovens e a fundamentação teórico-científi ca que venha a justifi car a utilização dos exercícios. Após a seleção das palavras-chave relativas ao tema em discussão, ou seja, os aspectos relacionados ao processo ensino-aprendizagem e seus métodos de ensino, dominância lateral e lateralidade, e a estabilização do pa-drão de movimento, foram identifi cados os estudos que abordavam o assunto nas bases de dados Scielo e Pubmed, além de artigos e livros con-templados na base de dados Google Acadêmico. Existem diversos fatores inerentes ao processo de ensino-aprendizagem que tornam os alunos/atletas mais ou menos suscetíveis à assimilação da informação, à aquisição de novas habilidades motoras e ao aprimoramento (consolidação) do gesto esportivo já adquirido. A escolha de métodos e exercícios/atividades que o professor/treinador deve fazer precisa ser também calcada nas evidências científi cas e não apenas em sua experiência pessoal ou dependente quase que exclusivamente do bom senso e criatividade vigentes. Palavras-chave: Basquetebol. Prática baseada em evidências. Aprendizagem.

Abstract: As sports teachers or coaches, we often use non-scientifi c sustained practice, just to do something unusual. Thus, it is quite common that exercise prescription for sports learning is almost exclusively teachers/coaches experience, creativity and good judgment based. So, this paper aims to update sports coaches and teachers, especially basketball, regarding learning methods and exercise/activities selection. We analyzed, based on scientifi c literature, the underlying factors for appropriate learning methods, and theoretical-scientifi c background that justifi es its applying. After the selection of keywords related to the topic under discussion, ie, the aspects related to teaching-learning process and teaching methods, handedness and laterality, and stabilization of the movement pattern, we were able to identify the studies that addressed these issues in the following databases PubMed and Scielo as well as articles and books included in Scholar Google database. There are several factors inherent in the teaching and learning process that make the students / athletes more or less susceptible to assimilation of information, acquisition of new motor skills, and improvement (consolidation) of the sports gesture already acquired. The choice of methods and exercises / activities to be used by the teacher / coach also needs to be grounded in scientifi c evidence and not just on personal experience or dependent almost exclusively of common sense and free creativity.Keywords: Basketball. Evidence based practice. Learning.

INTRODUÇÃO

O basquetebol é uma modalidade esportiva bastante difundida ao redor do mundo. Quando se vê a magia encantadora tão presente nos jogos da Liga Profi ssional Americana (National Basketball Association - NBA), os movimentos executados pa-recem quase fáceis de tão espontâneos. Contudo, a verdade repousa em outra direção. Para conse-guirem estes feitos, os atletas profi ssionais preci-sam se dedicar rotineiramente a exercícios que vi-sam ao desenvolvimento tanto do potencial atlético e físico, como técnico e tático. Neste sentido, vale

a pena destacar que todo o treinamento, desde as fases mais iniciais no esporte, deve associar a compreensão teórica do jogo à execução prática dos movimentos e deslocamentos. Tudo isto em conjunto tende a favorecer uma ótima tomada de decisão em cada uma das situações presentes ao longo de uma partida ofi cial.

Desta forma, faz-se necessário compreen-der que quando um professor/treinador propõe um exercício, deve saber o porquê de sua realização, assim como é imprescindível que os alunos/atletas também o saibam. Acreditamos que a compreen-são das razões e a possível visualização, ainda que

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apenas simulada, da aplicação dos movimentos propostos nos exercícios nas aulas/treinos numa situação de jogo, possa resultar num incremento de motivação para a realização dos exercícios e, con-seqüentemente, melhorar o desempenho.

Aliar a criatividade do professor/treinador aos objetivos da aprendizagem é, portanto, tare-fa indispensável na elaboração das aulas/treinos. Neste contexto, a primeira pergunta que o profes-sor/treinador deve fazer a si mesmo é “Por que este exercício é bom para meus alunos/atletas?”. Muito embora essa pergunta possa parecer óbvia, na prática observamos que por vezes a criativida-de exacerbada dos professores/treinadores pode levar a um desvio da proposta da aprendizagem ou assimilação das informações e gestos esportivos. É claro que a ludicidade deve estar presente nas aulas de turmas iniciantes, pois, caso contrário, a monotonia e a formalidade de uma aula meramente tecnicista podem causar queda na motivação dos alunos. Neste momento, cabe comentar que a per-da de motivação tem como conseqüência a cria-ção de uma barreira à aprendizagem, portanto, o professor deve ter em mente que são necessários meios e métodos que viabilizem o aluno a assimilar a informação, aliando a liberdade criativa aos obje-tivos da aula ou exercício no processo de ensino-aprendizagem.

Os métodos didáticos adotados associados à seleção de exercícios e atividades para as aulas/treinos devem ser consonantes com as propostas (objetivos) para o aprendizado. Assim, muito em-bora as opções de variações de exercícios sejam inúmeras, a aplicação correta e coerente de cada atividade deve ser entendida dentro de um con-texto específi co e, idealmente, debruçada sobre uma base teórico-científi ca que permita o melhor aproveitamento desta estratégia. Com base nesta premissa, nosso objetivo nesta revisão é apresen-tar uma fundamentação teórica para uma melhor compreensão e seleção de exercícios/atividades e métodos didáticos comumente aplicados em au-las/treinos de basquetebol, sob a luz da literatura científi ca. Para tanto foram investigados artigos acerca desta temática indexados nas bases de dados Scielo, Pubmed e artigos e livros indexados na base de dados Google Acadêmico, identifi ca-

dos por meio das palavras-chave “basquetebol”, “aprendizagem”, “aprendizagem motora”, “técnica”, “fundamentos”, “gesto motor”, “métodos de ensino”, “pedagogia do esporte”, “jogos reduzidos”, “laterali-dade”, “dominância lateral”, e seus equivalentes na língua inglesa, independentemente de data de pu-blicação.

MÉTODOS DE ENSINO

No meio esportivo, a escolha do método de ensino passa por uma série de critérios que vão desde questões pessoais, até os vieses de forma-ção profi ssional, isso sem contar com eventuais propostas não fundamentadas que são postas em prática inconsequentemente. Neste momento, faz-se necessário compreender que o processo de en-sino-aprendizagem também é dependente do estilo de aprendizagem do indivíduo. Esta temática já foi alvo de investigações no campo da educação, mas começa a fi ncar os pés no campo do treinamento esportivo (1).

Parte-se da premissa de que cada indivíduo adota um processo ideal de aprendizagem, basea-do em seu comportamento. Assim, há os indivíduos ativos que se entusiasmam por novas experiências, os refl exivos que preferem observar e analisar cui-dadosamente antes de chegar a uma conclusão, os teóricos que são lógicos e perfeccionistas e, fi nali-zando, os pragmáticos, que gostam de aplicar suas idéias na prática. González-Haro et al.(1) sugerem que conhecer o estilo preferido de aprendizagem dos alunos/atletas pode facilitar o processo de aquisição de habilidades motoras esportivas. Seus resultados indicam que atletas são do tipo acomo-dador, contemplando simultaneamente os estilos ativo e pragmático. Se formos analisar mais ao fun-do esta informação, parece haver certa lógica neste quadro, visto que seria esperado que atletas prefe-rissem um estilo mais prático. Muito embora a com-preensão teórica do jogo seja uma característica desejável nos atletas por favorecer a resolução de problemas, parece bastante claro que atletas são indivíduos que se atém a um estilo mais prático.

É possível associar o conhecimento teórico à atuação prática nas aulas/treinos. Por exemplo, a utilização de jogos reduzidos tende a recriar situ-

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ações constantemente observadas nas partidas. Considerando que na maior parte do tempo, as ações tanto defensivas como ofensivas do basque-tebol são executadas em situações de 1x1, 2x2, 3x3 e suas variações, este tipo de exercício surge como excelente estratégia de ensino.

Costa (2) conduziu um elegante estudo acerca dos jogos reduzidos e denotou que os exercícios 3x3 criaram um maior número de ações ofensivas e defensivas, caracterizadas pelas estatísticas de jogo próprias do basquetebol, do que nas situações de 4x4 e 5x5. Deste modo, o jogo reduzido apre-senta-se como uma forma de induzir um treino não apenas mais intenso fi sicamente, mas que, além disso, pode conduzir os atletas a um maior número de intervenções e tomadas de decisão.

Quando se pensa em intensidade do jogo, mui-tos professores/treinadores entendem que ao mar-car defesa por zona, os alunos/atletas sofreram um menor desgaste físico, e caso tenham uma equi-pe com alunos/atletas com baixa condição física, fazem deste sistema de jogo o mais prevalente. Contudo, Ben Abdelkrim et al. (3) demonstraram que em atletas de alto nível não existe diferença na de-manda fi siológica entre os sistemas de marcação individual ou por zona. Não encontramos outro es-tudo com este propósito cujo objeto de investigação tenha sido alunos/atletas na faixa dos 10 aos 14 anos, mas podemos especular que nesta faixa etá-ria a demanda fi siológica de uma forma geral seja menor, até por razões de maturação sexual, quan-do a enzima PFK responsável pela via metabólica anaeróbica lática ainda não está adequadamente maturada e pronta para oferecer o máximo de ener-gia durante o exercício (4). Em função disso, ao tra-balhar com essa população, deve-se tomar cuidado com certos tipos de defesa que exijam predominân-cia deste sistema energético para serem executa-das com efi ciência, como por exemplo, as defesas por pressão quadra toda. Podemos considerar que as crianças e adolescentes pré-púberes têm condi-ções de correr em velocidade e com resistência à fadiga por longas durações, mas não têm o mesmo nível de desempenho quando os esforços são de natureza predominantemente glicolítica.

De qualquer forma, para os iniciantes a defesa individual deve ser priorizada para que sejam apren-

didas tanto a postura como as responsabilidades defensivas nas diversas situações de jogo, além de favorecer o desenvolvimento das ações ofensivas. Em adendo, neste tipo de sistema, é possível que competição e cooperação se associem de forma mais harmoniosa, possibilitando um aprendizado contextualizado. A cooperação tem sido utilizada primariamente no âmbito de educação física es-colar (5) e tem apresentado um olhar diferenciado para o processo educacional. Não obstante, ainda não é claro se o ensino do gesto esportivo pode ser alcançado via jogos cooperativos. Diante disso, Tauer e Harackiewicz (6) conduziram uma série de experimentos utilizando os arremessos de basque-tebol como tarefa motora e mostraram que tanto a competição como a cooperação denotaram as-pectos positivos, e que a estrutura organizacional da aula/treino deve incluir ambas as situações de modo a facilitar altos níveis de motivação intrínseca e, consequentemente, de performance.

Outra questão relevante é o tipo de instrução tática passada aos alunos/atletas novatos. Deve-se evitar a confi guração exacerbada de jogadas ensaiadas nesta fase inicial da aprendizagem, pois além de limitar a criatividade dos futuros atletas, a ênfase na movimentação pré-estabelecida e siste-mática pode reduzir não só o repertório motor, como também as possibilidades de tomadas de decisão acertadas. Desta forma, Grecco et al. (7) conduzi-ram um estudo que procurou comparar dois grupos de alunos com idades entre 10 e 12 anos em rela-ção à aplicação adequada de aspectos táticos e a criatividade na resolução de problemas (situações de jogo de basquetebol). Após 18 aulas/treinos de um de dois tipos (formas não estruturadas de jogo versus estrutura tradicional de jogo), os grupos fo-ram comparados e foi constatado que o grupo não estruturado apresentou maior criatividade e melho-res tomadas de decisão na resolução de problemas relativos às situações de jogo.

De acordo com Karni et al. (8), a aprendizagem de novos movimentos ocorre em dois estágios dife-rentes, sendo um estabelecido como aprendizagem rápida ou imediata, que costuma ser observada ao longo da própria sessão de treinamento ou aula. São normalmente tarefas mais simples ou partes de tarefas mais complexas, mas certamente iden-

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é composto por uma série de outros movimentos menores e associados, como o caso do próprio ar-remesso.

Ainda no tocante à forma de orientar os alunos/atletas quanto ao ensino dos fundamentos, Lam et al. (10) compararam três métodos de instruções para o ensino do arremesso a estudantes universitários sem nenhuma experiência no basquetebol. Os in-divíduos foram alocados em três grupos: método tradicional com orientações técnicas explícitas e detalhadas de todos os elementos constituintes do movimento do arremesso, método baseado no uso de metáfora, e um sem instruções, que serviu como grupo controle. Interessantemente, a metáfora ado-tada para o ensino do movimento do arremesso foi “arremesse a bola como se você tentasse colocar biscoitos dentro de um pote numa prateleira alta”.

Em um experimento similar e do mesmo gru-po de pesquisa, Lam et al. (11b) demonstraram que os indivíduos que receberam as orientações por metáforas não tiveram comprometimento da per-formance sob situação de estresse. Com base em seus resultados, os autores afi rmam que o método de aprendizagem por metáforas é efi ciente e pode ser usado como alternativa ao método de instrução explícita convencional no ensino de tarefas motoras do basquetebol.

DOMINÂNCIA LATERALEm função do basquetebol ser um esporte que

prima pela bilateralidade de suas ações, o desen-volvimento motor bilateral torna-se algo imprescin-dível (12). A dominância lateral parece ser defi nida primariamente por características genéticas, embo-ra considerem-se implicações culturais. Esta latera-lidade é referente não apenas ao uso preferencial de mãos e pés, pois incluem também olhos e ou-vidos. Certas pessoas, todavia, podem apresentar uma espécie de lateralidade chamada lateralidade cruzada ou contralateral, ou seja, nem todos os ele-mentos considerados (pés, mãos, olhos e ouvidos) são dominantes no mesmo lado. Essa propriedade causa situações curiosas no ensino das habilidades motoras específi cas do basquetebol.

Atletas de basquetebol com idade média de 12 anos que foram treinados durante três semanas de forma bilateral tenderam a apresentar uma maior

tifi cadas no início das tentativas de aquisição da nova habilidade. O segundo estágio é determinado como uma fase lenta da aprendizagem, cuja evolu-ção na execução dos gestos motores sofre um atra-so. Esta fase, contudo, é considerada como uma fase de consolidação (estabilidade) da execução da tarefa motora. O aprendizado correto é decorrência de uma prática continuada, e não de um momento isolado de exposição ao novo estímulo motor. Isto pode defender em parte, a aplicação de um método parcial em detrimento do método global de ensino dos esportes. Todavia, deve-se ter em mente que os métodos situacionais tendem a gerar maior con-textualização do jogo, conforme visto anteriormente no estudo de Grecco et al. (7).

A forma de ensinar e corrigir os fundamen-tos do jogo passa pela estratégia utilizada para dire-cionar o foco de atenção que o professor/treinador deseja para o aluno/atleta durante a execução do movimento. Neste sentido, podemos observar duas possibilidades de foco de atenção: interna ou ex-terna. A primeira é referente ao movimento em si, ou seja, sugere-se que o executante mantenha seu foco de atenção no movimento e/ou na posição cor-poral adotada para que o ato motor seja feito cor-retamente. Por outro lado, defende-se também a proposta de que o efeito do movimento (alvo) seja o foco da atenção (atenção externa). Exemplifi cando, na primeira situação, durante o ensino do arremes-so, o professor/treinador deve orientar o aluno/atle-ta a preocupar-se com sua postura corporal e toda a combinação de gestos motores que constituem o arremesso à cesta. Na segunda opção, o aluno/atleta deve manter seu foco de atenção na cesta, ou seja, no alvo a ser alcançado.

Weiss et al. (9) recomendam fortemente que os aprendizes sejam orientados no sentido de mante-rem seu foco de atenção externa, afi rmando com base em seus resultados que a atenção interna é contraproducente na execução de ações sensório-motoras. Ainda assim, os autores ressaltam que a preferência pessoal do executante deve ser respei-tada. A impressão que passa é que o foco externo é mais característico de uma forma mais lúdica de realização do movimento, com enfoque no objetivo (fazer a cesta, por exemplo) e não na pura execu-ção do gesto motor, principalmente quando o gesto

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utilização de ambos os membros em tarefas simi-lares às situações de jogo envolvendo dribles em velocidade, passe com uma das mãos e entrada para bandeja (13). A dominância lateral faz com que naturalmente seja desenvolvido apenas um lado do corpo. Se não houver adequado estímulo para que a aprendizagem motora ocorra de forma bilateral, a tendência será observar alunos/atletas com sérias difi culdades para a tomada de decisão durante as situações de jogo. Um aluno/atleta com baixa ha-bilidade motora bilateral tem menos recursos para utilizar durante o jogo. Com isso, pode fi car mais vulnerável às ações defensivas adversárias, per-dendo rendimento e, consequentemente, a motiva-ção para continuar a prática.

Para Aftabi et al. (14), o tipo de lateralidade pode interferir no estilo adotado para o arremesso, por exemplo. Para os autores, a posição preferida do corpo no ato do arremesso é determinada inclu-sive por esta característica. Contudo, não é bem estabelecido se a lateralidade cruzada representa uma vantagem ou desvantagem no aprendizado do esporte. Nesta perspectiva, Grouios (15) explica que um atleta ipsilateral (dominância em um único lado) tem mais facilidade de ajustar olho e mão dominan-tes com a bola e o aro, como se os colocassem numa linha reta. Desta forma, o direcionamento da bola no arremesso seria mais efi ciente.

Por outro lado, Coren (16), em seu estudo, con-cluiu que indivíduos com dominância contralateral são mais profi cientes no basquetebol do que seus pares ipsilaterais. Sua explicação se dá no fato de que o centro de massa do indivíduo contralateral é naturalmente mais próximo da linha média do cor-po, portanto, gerando um melhor equilíbrio e, por conseguinte, sendo desnecessária qualquer com-pensação de giro da parte superior do corpo duran-te o movimento do arremesso.

Em um levantamento bibliográfi co muito inte-ressante, Stockel et al. (12) sugerem que os lados direito e esquerdo do cérebro controlam os movi-mentos de forma diferenciada. De acordo com as evidências apresentadas, o sistema hemisfério esquerdo-mão direita controla mais adequadamen-te a dinâmica da trajetória ao longo do movimen-to, ao passo que o sistema hemisfério direito-mão esquerda tem características mais específi cas do

controle da posição fi nal do movimento. Tudo isto tem implicações diretas não só na execução dos movimentos, como também no acompanhamento do professor/treinador ao observar o rendimento do aluno/atleta na execução dos gestos motores.

Uma questão bastante comum enfrentada por professores/treinadores é se devemos ensinar os movimentos bilaterais iniciando pelo lado dominan-te ou pelo não-dominante. Parece clara a existência de transferência de aprendizagem de um membro treinado para o outro. Esta educação cruzada já foi reportada em outros estudos, não só na aquisição de habilidades motoras (17), mas também no incre-mento da força contralateral (18). Entretanto, de uma forma geral os estudos investigaram a execução de tarefa motoras relativamente simples, não havendo consenso em relação a ações motoras mais com-plexas, como as habilidades típicas do basquetebol.

Teixeira et al. (19) demonstraram que ao treinar a condução da bola no futebol com ênfase no mem-bro não-dominante reduziu de forma signifi cativa a assimetria de performance pré-existente entre os membros nesta habilidade, ao passo que o treina-mento com ênfase na perna dominante não surtiu o mesmo efeito. Não obstante, esta não parece ser uma premissa universal. Stockel e Weigelt (17) ob-servaram que em tarefas tipicamente mais depen-dentes de acurácia (arremesso no basquetebol), é mais vantajoso se iniciar o ensino pelo lado não-dominante. Por outro lado, tarefas em que a força ou potência têm um grau de participação maior, o início da aprendizagem pelo lado dominante foi mais profícuo.

É possível que as diferenças não existam ape-nas no sentido de se comparar lado dominante e não-dominante, mas também se deter ao fato de serem destros ou sinistros. Diante disso, Piper (20) estudo 427 crianças de 9 a 13 anos de idade e soli-citou que realizassem uma tarefa motora que exigia controle acurado do movimento. Seus resultados demonstram que destros desempenharam a tarefa por mais tempo (melhor resultado) quando analisa-do o lado dominante, embora os indivíduos sinis-tros fossem mais efi cientes no lado não-dominante. Além disso, houve discreta, porém signifi cativa, performance aumentada entre meninos em relação às meninas.

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Em outra investigação nesta temática, Rousson et al. (21) obtiveram resultados similares ao consta-tar que crianças e jovens (5 a 18 anos) canhotos tiveram melhor performance contralateral do que os destros. Curiosamente, no meio profi ssional, não é raro nos depararmos com professores/treinadores que acreditam ser mais difícil marcar um atacan-te canhoto do que um destro. Ao que estes dados indicam, parece que indivíduos sinistros têm maior facilidade de desempenhar ações bilaterais do que indivíduos destros. Vale ressaltar, porém, que es-tas tarefas muitas vezes são simplifi cadas para permitir a exequibilidade dos experimentos, o que faz com que a validade externa das investigações perca um pouco da proximidade com a realidade das situações encontradas no jogo de basquetebol. Em adendo, não se pode ignorar que o número de atletas destros supera em muito o de canhotos (22), fazendo com que durante as aulas/treinos e jogos, nossas ações defensivas sejam mais direcionadas para enfrentar adversários igualmente destros.

PADRÃO DE MOVIMENTOOutro aspecto de grande importância no apren-

dizado é a repetição do gesto. O ditado popular de que “a prática leva à perfeição” parece ter sido moldado pensando-se na aprendizagem de habili-dades motoras esportivas. A repetição do gesto, em especial, quando se torna uma habilidade adquiri-da, faz com que o padrão de movimento seja mais consistente. Isto foi verifi cado no estudo de Brode-rick e Newell (23) que analisaram o padrão do drible parado da bola de basquetebol em indivíduos com diversos níveis de habilidade motora específi ca do esporte. Os autores concluíram que os indivídu-os que possuíam menor habilidade executaram a tarefa não só com mais difi culdade, mas também com maior variabilidade do gesto, ou seja, menos padrão de movimento.

Achados similares foram feitos por Katsuhara et al. (24), que solicitaram a atletas de basquetebol muito habilidosos e pouco habilidosos para driblar uma bola a intervalos regulares de 700 ms man-tendo o olhar fi xo a frente. Além da manutenção da cadência de movimento (sem diferenças entre os grupos), foi também analisada a qualidade do dri-ble, ou seja, a reprodutibilidade do ponto de contato

da bola com o chão a cada movimento. Os atletas mais habilidosos tiveram menos desvios de traje-tória do que os demais, além de um maior tempo de contato entre a mão e a bola a cada drible. Des-ta forma, ao ensinar o fundamento drible devemos fi car atentos a este detalhe, visto que ele parece exercer um papel destacado no controle espacial da trajetória do drible.

Bartlett et al. (25) apresentaram uma revisão in-teressante acerca da variabilidade do movimento, considerando os gestos esportivos típicos de algu-mas modalidades, entre as quais, o arremesso do basquetebol. Após as análises, os autores salien-tam que nem mesmo atletas de elite conseguem reproduzir o padrão de movimento dos gestos mo-tores de forma idêntica, apesar da experiência de muitos anos de treinamento. Isto fi ca mais evidente quando analisamos um esporte de ambiente ins-tável, em que as situações para a execução dos gestos mudam constantemente. No basquetebol, a exceção do lance livre, todas as demais situações são cercadas de imprevisibilidade. Mesmo nas au-las/treinos torna-se relativamente difícil induzir a uma repetição exata dos movimentos, independen-temente do nível técnico, idade ou experiência do atleta. Isto não quer dizer que não devemos tentar.

Por outro lado, durante uma aula/treino, não devemos utilizar o mesmo exercício o tempo todo. Aliás, de uma forma geral, o nível de complexidade da atividade deve ser proporcional ao seu tempo de duração (26), visto que uma tarefa de baixo grau de complexidade faz os indivíduos perderem a mo-tivação. Quando se trabalha com crianças e pré-púberes, deve-se evitar ao máximo o tempo ocioso, pois isto favorece comportamentos inadequados que podem levar brigas e acidentes. A criança deve ser desafi ada para algo que ela tenha chances de executar. Nem fácil demais e nem difícil demais, beirando ao impossível. Sugerimos que o mesmo fundamento seja trabalhado em atividades diferen-tes, mantendo-se o nível de motivação pela mudan-ça dos exercícios, mas por outro lado, repetindo o gesto principal.

A variação da forma como os exercícios são executados deve levar em conta o efeito espera-do desta estratégia. Por exemplo, será que variar o modo de treinar o lance livre gera um rendimento

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melhor? Shoenfelt et al. (27) propuseram um expe-rimento com vistas a elucidar parte desta indaga-ção e convidaram 94 estudantes universitários para treinar quatro vezes por semana durante três se-manas, 40 lances livres por dia, em blocos de 10 arremessos consecutivos. A amostra foi dividida em quatro grupos de acordo com a condição de treina-mento, as quais foram: a) lance livre convencional; b) lance livre a dois pés a frente e dois pés atrás da linha de lance livre; c) as duas formas anterio-res combinadas; e d) um método aleatório, de qual-quer ponto da área de lance livre, menos a posição central próxima à linha de lance livre. Os resultados mostraram que não houve diferença signifi cativa entre os protocolos adotados Apesar do protocolo aleatório ter obtido pior avaliação em relação aos demais, todos os protocolos apresentaram evolu-ção no rendimento do lance livre. Estes achados foram similares no estudo de Memmert (28) que com-parou o desempenho de 160 arremessos da linha de lance livre com igual quantidade treinada em diferentes pontos da área restritiva (garrafão). O grupo que treinou na situação convencional apren-deu melhor o gesto, contudo o grupo que treinou de forma variada apresentou melhor retenção da aprendizagem, mesmo um ano após a intervenção. Estes dados sustentam a proposta de uma variação na forma de execução dos exercícios sem que se cause prejuízo no rendimento dos alunos/atletas. Mais uma vez destacamos que o gesto principal (arremesso) não foi alterado, apenas a posição na quadra se alterou.

CONCLUSÃOComo podemos perceber, existem diversos

fatores inerentes ao processo de ensino-apren-dizagem que tornam nos alunos/atletas mais ou menos suscetíveis à assimilação da informação, à aquisição de novas habilidades motoras e ao aprimoramento (consolidação) do gesto esportivo já adquirido. A escolha de métodos e exercícios/atividades que o professor/treinador deve fazer precisa ser também calcada nas evidências cien-tífi cas e não apenas em sua experiência pessoal ou dependente do bom senso e criatividade vi-gentes. Nossa profi ssão, por ser eminentemente prática, por muitas vezes se depara com situa-

ções em que por não se saber as razões pelas quais optamos por um ou outro exercício, por exemplo, permite que nossas ações se tornem pouco fundamentadas. O sucesso e o fracasso caminham lado a lado, mas suas bases teóricas precisam ser conhecidas para que possamos po-tencializar o rendimento e minimizar os riscos e frustrações.

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:e-mail: [email protected]+55 79 8815-2104Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos“Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000São Cristóvão – Sergipe – Brasil

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Rev. Educ. Fís. 2009 Jun: 145: 28-36. Rio de Janeiro - RJ - Brasil 28

EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E MASSA CORPORAL EM ADOLESCENTESDE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DE TAGUATINGA-DF

Level of physical activity and body mass in teens of publicand private schools of Taguatinga-DF

Luciana Santos de Oliveira1, 2, 3

1Pós-graduação Strictu Senso da Universidade Católica de Brasília (UCB-DF).1Faculdade Albert Einstein (FALBE-DF).

3Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC-BA)

Resumo: A composição corporal é um indicador antropométrico fortemente associado à manifestação de doenças crônico-degenerativas, sendo infl uenciado por componentes do estilo de vida, como o nível de atividade física. Fundamentado no exposto, o propósito deste estudo foi analisar o nível de atividade física (NAF) e a massa corporal de adolescentes de escolas públicas e privadas de Taguatinga-DF. A amostra foi constituída por 797 escolares, com idade média de 12,09±0,80 anos. Foram realizadas medidas antropométricas e aplicação do questionário. O modelo esta-tístico utilizado foi o da estatística descritiva e o teste qui-quadrado (x²). Os resultados revelam uma porcentagem alta de jovens com excesso de peso; sobrepeso, 12,3%, e obeso, 3,1%. O NAF mostra que os alunos da escola pública são mais ativos (19,4%) e com a relação do IMC revela que a maioria dos alunos com excesso de peso encontra-se sedentária. A situação dos estudantes sugere ações intervencionistas que venham incentivar a prática de atividade física. Palavras-chave: Atividade física, excesso de peso, sedentarismo.

Abstract: The body composition is a strong anthropometric indicator associated with clinical manifestations of chronic-degenerative diseases. It is infl uenced by components of lifestyle such as levels of physical activity. The purpose of this study was to evaluate the level of physical activity (LFA) and body mass index (BMI) of each individual in a group of teenage students in both public and private schools in Taguatinga-DF. The sample was constituted by 797 with average age of 12,09±0,80 years old. It was accomplished anthropometric measures as well as an application of a questionnaire. The statistical model used was the descriptive statistics besides the qui-square(x²) test. The results show a raising percentage of young people with weight excess; overweight, 12,3%; and obesity, 3,1%. LPA shows that the public school students are more active 19,4% and with BMI relation reveals that most students with overweight is sedentary. The students’ situation suggests interventionist legal actions that come to encourage the practice of physical activity.Keywords: Physical activity - overweight – sedentary.

INTRODUÇÃO

A atividade física regular é entendida como o movimento corporal produzido pela contração do músculo esquelético que aumenta o gasto de ener-gia acima do nível basal (30). É uma área relevante para estudos científi cos, pois apresenta relação in-versa com as doenças crônico-degenerativas, isto é, indivíduos fi sicamente ativos tendem a apresen-tar menor mortalidade e morbidade por essas do-enças (9). Desta forma, é importante enfatizar que apenas 30 minutos do exercício por dia podem aju-dar a impedir e tratar diversas condições crônicas(3). É de suma importância a adoção de atividade física regular, para melhoria dos níveis de saúde e, espe-cialmente, para a prevenção de doenças (20).

A inatividade física é um fator que infl ui no apa-recimento da obesidade (15). Cerca de 70% da po-pulação mundial é inativa, sendo que, só no Brasil, há um índice de 60%. Como na maioria dos paí-ses, no Brasil, há uma tendência crescente de as pessoas tornarem-se cada vez mais sedentárias, esquecendo-se que a atividade física, além de pre-venir o excesso de peso, é também benéfi ca para a saúde mental e emocional (1). A obesidade é um problema mundial e pode ser classifi cada pela aná-lise da massa corporal, conceituada como uma me-dida antropométrica que expressa a dimensão da massa ou volume corporal (26). A mais favorável me-dida de massa corporal tradicionalmente tem sido o peso isolado ou peso ajustado para a altura (IMC). Pesquisas sobre o perfi l do IMC idade e sexo, ob-

Aceito em 19/02/13 - Revista de Educação Física 2013 Abr; 157:30-37. Rio de Janeiro - Brasil

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tidos através de pesquisas, propuseram limites de sobrepeso e obesidade para a faixa etária de 2 a 20 anos para uso internacional (10), o que signifi ca um avanço na assistência à saúde de crianças e adolescentes (28).

No mundo, ocorre o aumento de pessoas obe-sas (20), e, nos últimos 30 anos, aproximadamente 400 milhões de pessoas no mundo tornaram-se obesas, estando o Brasil está entre esses países, com 43% de excesso de peso na população (22), sendo que 13,0% dos adolescentes em Brasília es-tão na mesma situação (16), com excesso de peso e obesidade, defi nidos como excessiva acumulação de gordura que pode danifi car a saúde (31).

Existem estudos mostrando níveis baixos de atividade física e prevalência de excesso de peso, uma delas, com o propósito de analisar os indica-dores de risco para hipertensão arterial em crian-ças e adolescentes da cidade de Fortaleza (CE), que detectou 51,4% da amostra como sedentários, além de uma prevalência de 16,8% de excesso de peso (4). Outro estudo, envolvendo adolescentes da cidade de Pelotas (Brasil), confi rma essa problemá-tica, quando descreve o nível de atividade física e avalia o efeito de variáveis socioculturais sobre o nível de atividade física. O resultado mostra uma grande tendência ao sedentarismo, com 48,7% dos meninos e 67,5% das meninas inativos (13).

Como a atividade física realizada na infân-cia e na adolescência tende a permanecer na vida adulta, são de fundamental importância um melhor conhecimento dos grupos populacionais de risco, a identifi cação dos hábitos não saudáveis e as suas causas, para que políticas e programas de saúde sejam implementados, visando a um melhor con-trole das doenças crônico-degenerativas da vida adulta (18).

Diante desse grave problema, este estudo teve como propósito identifi car e relacionar o nível de ati-vidade física e a massa corporal em adolescentes de escolas públicas e privadas de Taguatinga-DF, através do projeto Estilo de Vida.

MÉTODOSA pesquisa foi realizada em Taguatinga-DF

com a amostra constituída de 797 estudantes, com idades de 11 a 13 anos, 580 adolescentes das es-

colas públicas e 217 das privadas. Para atingir a população estudantil de pontos diversos da cidade, ela foi dividida geografi camente em três regiões: norte, centro e sul. Foram selecionadas seis esco-las, duas de cada região, sendo uma escola pública e a outra privada, para assegurar maior representa-tividade à amostra. A escolha das seis escolas, três públicas e três privadas, pautou-se na receptivida-de e no maior nível de aceitação ao projeto.

Houve três momentos iniciais para apresen-tação do projeto Estilo de Vida. Em primeiro lugar, a pesquisadora entrou em contato com os direto-res de cada escola para explicar os objetivos da pesquisa e a importância do estudo. Após o aceite dos diretores, com o mesmo objetivo, foi feita uma reunião, previamente marcada, com os professo-res de cada escola selecionada. Por fi m, ocorreu um encontro com os alunos de cada escola, para apresentação do projeto, explicando os objetivos, a importância e os procedimentos. Nessa mesma ocasião, foi entregue a cada aluno um termo livre e esclarecido para ser assinado pelos pais.

A coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira, foi feita uma avaliação antropométrica, a qual nos forneceu informações sobre a classifi ca-ção dos adolescentes quanto ao IMC. Os materiais utilizados foram: balança digital da marca Plenna®, (com precisão de 0,01 g) para a massa corporal. O avaliado posicionou-se em pé, no centro da plata-forma da balança, descalço, usando roupas leves, de costas para o visor da balança, permanecendo imóvel durante o exame. Em seguida, realizou-se a medida da estatura, usando-se um estadiômetro da marca Seca®, (com resolução de 0,01 c). O ava-liado foi mensurado descalço, em posição ereta, encostado numa superfície plana vertical, braços pendentes, os calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas, formando um ângulo de 60°, joelhos em contato, cabeça ajustada ao plano de Frankfurt e em inspiração profunda.

Os adolescentes foram classifi cados de acordo com o IMC/idade 10, com pontos de corte para so-brepeso e obesidade em meninas e meninos de 2 a 18 anos, baseado em estudos transversais repre-sentativos de seis países, dentre eles o Brasil, cada um com mais de 10 mil participantes. Os pontos de corte foram ajustados em percentis 85 e 95.

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Na segunda etapa, os estudantes responde-ram um questionário de estilo de vida (6), para classi-fi car o nível de atividade física. A aplicação ocorreu na parte da manhã, em sala de aula, pela própria pesquisadora, com auxílio de dois estagiários. Os alunos foram orientados sobre o conteúdo do ques-tionário, e os alunos respondiam cada questão cal-mamente e só seguiam para a questão seguinte, quando todos tivessem respondido à anterior.

Foram excluídos os escolares que faltaram à segunda etapa do estudo, ou não preencheram o questionário corretamente.

Para o cálculo do nível de atividade física, foram considerados: tipo de atividade física, in-tensidade do esforço físico (leve, moderado, vi-goroso) e a freqüência semanal. Foram feitas a somatória e a multiplicação das atividades físi-cas e freqüência semanal na equação abaixo: [(dança*freqüência semanal) + (futebol*freqüência semanal) + (ciclismo*freqüência semanal) + (tarefas domésticas*freqüência semanal) + (lazer1*freqüência semanal) + (lazer2*freqüência semanal) + (lazer3*freqüência semanal)]. Para conversão das informações obtidas na atividade física em valores estimados de dispêndio energéti-co, recorreu-se ao compêndio de atividades físicas que oferece informações sobre o gasto energético, em unidades do equivalente metabólico de traba-lho para uma atividade particular (MET) para quase quinhentas formas de atividades físicas (2).

Na seqüência, estabeleceu-se ponto de cortes por meio do escore geral, obtido na soma das atividades físicas, usando-se a classifi cação de quartis, sendo consideradas inativas fi sicamente as crianças com escore abaixo do percentil 25; insufi -cientemente ativas (percentil entre 25 e 50), mode-radamente ativas (percentil entre 50 e 75) e ativas para valores acima do percentil 75.

Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universida-de Católica de Brasília sob o número 34 CEP/UCB 2007 e acompanha normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

ÁLISE ESTATÍSTICAOs dados foram apresentados através de esta-

tística descritiva em média, desvio padrão, freqüên-cia e percentual.

Foi utilizada a estatística descritiva para as variáveis, idade, estatura, massa corporal e IMC dos escolares. Para classifi cação do IMC e nível de atividade física e sua relação, entre os grupos, escolas públicas e privadas, foi utilizado o teste qui-quadrado (x²).

Foram utilizados, para os resultados, tabelas, gráfi cos e consideradas signifi cativas diferenças com p<0,05. O software utilizado foi o SPSS, ver-são 15.0.

RESULTADOSOs resultados médios ( ), desvio-padrão (SD)

(tabela 1), das variáveis antropométricas mostram a caracterização dos escolares. A idade dos ado-lescentes foi de 12,09±0,80; estatura, 1,53±0,87; massa corporal, 43,22±10,09 e IMC, 18,17±2,85.

Os dados antropométricos e nível de atividade física estão apresentados na tabela 2 em dois gru-pos: pública e privada. Foi feita uma análise descri-tiva para verifi car se há diferenças signifi cativas do IMC dos escolares das redes pública e privada, e uma correlação entre o IMC e o nível de atividade física. Os resultados da classifi cação do IMC (nor-mal, sobrepesado e obeso) dos escolares mostram que há uma presença no excesso de peso, onde 12,3% são sobrepesados e 3,1% obesos, mostran-do correlação com uma tendência mundial. Não houve diferença signifi cativa entre as redes pública e privada, havendo homogeneidade entre os gru-pos.

Outro aspecto importante a ser estudado foi o nível de atividade física dos adolescentes de es-colas públicas e privadas. Pelo teste qui-quadrado (x²), pode-se constatar que, na variável ativo, os alunos das escolas públicas, (19,4%), são mais ati-

VARIÁVEIS

TOTAL (n=797) x ±SD

IDADE 12,09±0,80 ESTATURA 1,53±0,87

MASSA CORPORAL 43,22±10,09 IMC 18,17±2,85

TABELA 1. Valores médios ( ), desvio-padrão (SD) das variáveis antropométricas dos escolares.

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A fi gura 2 mostra a relação entre o nível de atividade física (NAF) e a classifi cação do IMC em adolescentes de escolas privadas. Os resultados revelam que há mais adolescentes classifi cados como normais, com o nível de atividade física inativo, (25,8%), resultado oposto ao das escolas públicas, analisadas na fi gura 1. Ao ob-servar os estudantes com sobrepeso, verifi cou-se que a maioria possui o nível de atividade física classifi cada como inativo, (4,6%), enquanto que os obesos, tanto ati-vo quanto moderadamente ativo, atingem o percentual de (0,9%), indicando que, independente da classifi cação do IMC, os adolescentes das escolas privadas mostram-se sedentários.

A fi gura 3, por fi m, mostra a relação entre o nível de atividade física (NAF) e a classifi cação do IMC em adolescentes do total das escolas. Os resultados revelam que os adolescentes com a classifi cação normal são, em sua maioria, ativos, (22,0%); os sobrepesados inativos (3,4%) e os in-sufi cientemente ativos (3,4%), enquanto os obesos inativos (0,9%) e os moderadamente ativos (0,9%), verifi cando-se, assim, que os adolescentes com ex-cesso de peso, independentemente de estudarem em escolas públicas ou privadas, são sedentários.

vos que os das escolas privadas, (5,5%). Outro re-sultado relevante mostra que a maioria dos alunos do ensino público, 19,4%, são ativos e os alunos do ensino privado, 8,5%, revelam-se sedentários, verifi cando-se aí um resultado altamente inverso. Analisando-se os estudantes de todas as escolas, foi notado que 25,2% são insufi cientemente ativos, denotando uma tendência ao sedentarismo.

Pode-se observar, na figura 1, a relação entre o nível de atividade física (NAF) e a clas-sificação do IMC em adolescentes de escolas públicas. Os resultados mostram que há mais alunos classificados como normais, com o ní-vel de atividade física ativo, (23,6%). Em insu-ficientemente ativos, os alunos com sobrepeso totalizam (3,4%) e os obesos (1,0%); verifican-do-se, desta forma, que os adolescentes com excesso de peso têm predisposição a serem sedentários.

* Efeito signifi cativo na variável ativo nos grupo Pública e Particular p>0,03.

TABELA 2. Classifi cação do IMC e nível de atividade física dos adolescentes em escolas públicas e privadas.

Classificação do IMC

Pública (n=580)

Privada (n=217)

Total (n=797)

F % f % f % Normal 492 61,7 182 22,8 674 84,6 Sobrepeso 68 8,5 30 3,8 98 12,3 Obeso 20 2,5 5 0,6 25 3,1 Total 580 72,8 217 27,2 797 100,0

Nível de

Atividade Física Pública (n=580)

Privada (n=217)

Total (n=797)

F % f % f % Inativo 130 16,3% 68 8,5% 198 24,8% Insuficientemente Ativo

144 18,1% 57 7,2% 201 25,2%

Moderadamente Ativo

151 18,9% 48 6,0% 199 25,0%

Ativo 155 19,4%* 44 5,5% 199 25,0% Total 580 72,8% 217 27,2% 797 100%

FIGURA 1. NAF e classifi cação do IMC em adolescentes de escolas públicas.

18,6%2,9%

0,9%

20,3%3,4%

1,0%

22,2%2,9%

0,9%

23,6%

2,4%0,7%

84,8%

11,7%

3,4%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Inativo Insuf ativo Moder ativo Ativo Total

Normal Sobrepeso Obeso

FIGURA 2. NAF e classifi cação do IMC em adolescentes de escolas privadas.

25,8%

4,6%0,9%

23,0%3,2%

0,0%

17,5%3,7%

0,9%

17,5%2,3%

0,5%

83,9%

13,8%

2,3%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Inativo Insuf ativo Moder ativo Ativo Total

Normal Sobrepeso Obeso

FIGURA 3. NAF e classifi cação do IMC em adolescentes do total de escolas..

20,6%3,4%

0,9%

21,1%3,4%

0,8%

21,0%3,1%

0,9%

22,0%2,4%

0,6%

84,6%

12,3%

3,1%0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Inativo Insuf ativo Moder ativo Ativo Total

Normal Sobrepeso Obeso

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DISCUSSÃO

O presente estudo mostra uma prevalência de sobrepeso e obesidade, com 12,3% de sobrepesa-dos e 3,1% de obesos, de acordo com a encontrada na literatura, independente do critério de diagnósti-co utilizado, confi rmando a magnitude e gravidade que o problema vem assumindo entre os escolares de todo o Brasil. O estudo com o objetivo de ava-liar o estado nutricional e o consumo alimentar de adolescentes dos sexos masculino e feminino, ma-triculados em um Centro de Juventude da cidade de São Paulo, mostra a prevalência do excesso de peso, com 7,8% de sobrepeso e 11,8% com risco de sobrepeso (11). Em outro estudo, com o propósito de avaliar o estado nutricional e a maturação se-xual de adolescentes de 11 a 15,9 anos, de níveis socioeconômicos diferentes, acharam um valor de 6,6% com sobrepeso e 9,2% obesos (19). O estudo com o objetivo de conhecer os hábitos alimentares e o estado nutricional dos adolescentes de escola privada do município de Viçosa-MG mostrou um ín-dice de 10,3% de excesso de peso nos escolares (17), corroborando com nossos achados.

Os achados referentes ao tipo de escola, pú-blica (8,5% e 2,5%) e privada (3,8% e 0,6%), não mostraram diferenças signifi cativas na prevalência de sobrepeso ou obesidade. Resultado divergente ao estudo que teve como propósito de determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade em adoles-centes escolares do Município de Fortaleza, Brasil, e estimar a diferença entre a prevalência nas esco-las públicas e privadas segundo sexo e faixa etária (adolescência precoce e tardia), onde se observou maior freqüência de sobrepeso/obesidade nas es-colas privadas (587) quando comparadas às públi-cas (571) e a prevalência de sobrepeso/obesidade para toda a amostra foi de 19,5 % (7), valor maior que o dos nossos resultados com sobrepeso e obe-sidade de 12,3% e 3,1%.

Outro estudo também mostrou diferenças signi-fi cativas entre escolas ao avaliar a associação en-tre obesidade e dislipidemias em adolescentes do ensino público e privado de Campina Grande-PB, Brasil, onde o percentual de sobrepeso, na amos-tra, foi de 14,4%, resultado próximo ao do nosso estudo, mas a categoria deste estado nutricional foi

maior na escola pública (15,8%) do que na privada (12,9%) (8).

O nível de atividade física dos adolescentes analisados, considerando-se toda a amostra, 25,2% (n=201) dos adolescentes, foi classifi cado como insufi cientemente ativos, sendo que, nas escolas privadas, os alunos, em sua maioria, eram inativos 8,5% e, nas escolas públicas, ativos 19,4%. Esse resultado foi semelhante à pesquisa realizada na região serrana, em Santa Catarina, onde foi verifi -cado o nível de atividade física de adolescentes de escolas públicas e privadas. Pela análise do nível habitual de atividade física dos adolescentes, por rede de ensino, foram detectadas diferenças esta-tisticamente signifi cativas (p<0,05), demonstrando uma maior proporção de adolescentes da rede pú-blica (estadual 64,3% e municipal 56,5%) no nível ativo quando comparados aos da rede particular, 46,9%. Os adolescentes da rede particular de en-sino também foram classifi cados como muito ina-tivos, 28,1%, quando comparados aos da rede pú-blica (estadual 15,0% e municipal 16,0%) (p<0,05) (5). Outra pesquisa encontrou resultados parecidos com os dos nossos estudos, a que teve como pro-pósito relacionar o nível de atividade física à pre-valência de obesidade e ao perfi l lipídico de ado-lescentes escolares do município de Rio Verde-GO. O resultado mostra que os adolescentes da rede pública de ensino são mais ativos, 81,78%, quan-do comparados com os da rede privada, 71,03% (p=0,0000) (27). Divergente do estudo onde os alu-nos de classes econômicas mais elevadas (25%) tiveram níveis de atividade física maior que os de classe econômica menos elevada (10,6%) (18).

Nossos resultados mostram que, independen-te da escola em que estudam, os adolescentes com sobrepeso e obesidade são, em sua maioria, sedentários. Nas escolas públicas, os sobrepesa-dos (3,4%) e obesos (1,0%) são insufi cientemen-te ativos; nas escolas privadas, os sobrepesados (4,6%) e obesos (0,9%) são inativos e, no total de escolas, os sobrepesados são inativos (3,4%) e in-sufi cientemente ativos (3,4%) e os obesos, inativos (0,9%) e moderadamente ativos (0,9%). Em rela-ção ao total de escolas apenas os estudantes clas-sifi cados como normais das escolas privadas são sedentários. No estudo com o propósito de des-

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crever a prevalência de obesidade em alunos de escolas públicas e particulares, comparando com a infl uência das variáveis sexo, idade, nível socioe-conômico, atividade física e consumo de alimentos; verifi caram que os alunos com obesidade eram em sua maioria sedentários, escolas públicas (57,3%) e particulares (55,3%) (14), resultados semelhantes aos da nossa pesquisa. A pesquisa com o propósito de analisar a relação entre obesidade em escolares e atividade física e horas de sono de estudantes, observaram que cerca de 75% da rotina diária das crianças estão distribuídas entre horas de sono e permanência sentado (12). Foram também consta-tadas que o grupo sobrepesado tem um tempo de permanência sentado maior que o grupo normal (p<0,05) e que há uma tendência da prática des-portiva ser mais freqüente nas crianças normais do que nas com sobrepeso.

No estudo, objetivando avaliar o nível de ativi-dade física, qualidade alimentar do lanche escolar e composição corporal de estudantes do ensino fun-damental e médio, observaram que os estudantes classifi cados como normais (n=156) e sobrepesa-dos (n=83), são em sua maioria insufi cientemente ativos, não apresentando diferenças signifi cativas (p<0,05) entre os grupos (24). Da mesma forma, o estudo que teve como objetivo de determinar a pre-valência de obesidade entre escolares, bem como investigar sua associação com possíveis fatores que possam favorecer o excesso de peso corporal, confi rmaram a associação entre o tempo de con-duta sedentária e a prevalência de sobrepeso ou obesidade (31,4%), mostrando que adolescentes que permanecem em média mais de 4 horas e 30 minutos por dia em conduta sedentária têm maiores chances de apresentar sobrepeso ou obesidade, corroborando com nossos resultados (29).

O sedentarismo é uma das principais causas da obesidade (15). A inatividade causa 1,9 milhão de mortes por ano no mundo e, infelizmente, tem au-mentado substancialmente esta inatividade entre os jovens (21, 23).

Para a prevenção do sobrepeso e obesidade é imprescindível o aumento da atividade física, me-nos tempo de televisão e uma alimentação saudá-vel (23, 25). A inatividade física causa o excesso de peso; portanto, quanto mais cedo existir a mudança

do estilo de vida sedentário para o ativo, mais fá-cil será mudar os hábitos dos jovens, contribuindo para uma vida mais saudável futuramente.

CONCLUSÃO

A vida moderna tem favorecido o desenvolvi-mento de obesidade em jovens na medida em que, pela violência urbana e falta de espaço, os jovens são desestimulados a brincar e praticar esportes nas ruas, praças e espaços públicos; incentivados a desenvolver atividades com jogos eletrônicos e computador, a assistir televisão. Esses fatos vêm contribuindo para o aumento do sedentarismo e, conseqüentemente, elevando os níveis de sobre-peso e obesidade.

Pelo estudo desenvolvido em Taguatinga/DF, conclui-se que os escolares das redes de ensino pública e privada apresentam-se em grande par-te sedentários, sendo que os alunos das escolas particulares destacam-se quanto ao baixo nível de atividade física, caracterizando-se como menos ati-vos que os alunos das escolas públicas. O excesso de peso encontrado nos adolescentes das redes de ensino foi elevado. E, em relação à associação entre a classifi cação do IMC e nível de atividade física, os adolescentes com excesso de peso, in-dependentemente da escola em que estudam, são sedentários. O mesmo acontece com os adoles-centes classifi cados como normais das escolas pri-vadas, que foram considerados sedentários.

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Rua Jonas Vanucci Lins n° 50 – Bloco 1 – Ap 404 – Jar-dim Paquetá – Belo Horizonte –MG. CEP: 31330-640 Fone: (31) 8364-4114 E-mail: [email protected]

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ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

NECESSIDADES DE FORMAÇÃO DOS TREINADORES PARA O VOLEIBOL ATUAL

Training needs of coaches volleyball for the current

Flávio Márcio Marinho1, Alexandre Silva de Oliveira2,; Bruno Pena Couto3; Nádia Fernanda Schmitt Marinho4; Carlos Alberto Serrão dos Santos Januário5

1Mestre. Colégio Militar, Belo Horizonte, MG. 2Especialista. Colégio Santo Agostinho, Belo Horizonte, MG.

3Doutor. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.4Mestre. Universidade Salgado de Oliveira, Belo Horizonte, MG.

5Doutor. Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa, PT.

Resumo: O presente estudo teve como objetivos identifi car as necessidades de formação percebidas pelos treinadores de voleibol, em relação as áreas de formação e suas competências, alem identifi car as ações de formação que os treinadores de voleibol vêm buscando para seu desen-volvimento profi ssional.A amostra foi composta por 38 treinadores de voleibol, sendo 7 das categorias de base das seleções brasileiras e de 31 treinadores que atuam nas regiões Sudeste e Sul do país. A coleta de dados ocorreu em duas fases: a primeira através de questionário sobre as necessidades de formação e a segunda através de entrevista de aprofundamento. Como resultados indentifi camos que todas as áreas de formação são consideradas neces-sárias ou muito necessárias e as competências de Conhecimento do Conteúdo estão relacionadas a rápida evolução do Voleibol.Palavras-chave: Educação Física. Voleibol. Treinadores. Necessidades de Formação.

Abstract: This study aimed to identify the needs perceived by volleyball coaches for the areas of training and skills, besides identifying the actions that the training of volleyball coaches have been searching for their professional development. The sample consisted of 38 volleyball coaches, and 7 of the basic categories of Brazilian teams and 31 coaches who work in Southeast and South. Data collection occurred in two phases: the fi rst through the questionnaire on training needs and the second through-depth interview. As a result we identifi ed all areas of training are considered necessary or very necessary, skills and knowledge of the contents are related to rapid development of Volleyball.Keywords: Physical Education. Volleyball. Coaches. Training Needs.

INTRODUÇÃO

O voleibol se apresenta com complexas varia-ções táticas, exigindo de seus praticantes capaci-dades físicas, habilidades motoras e cognitivas. Nesse sentido, foi criada uma variedade de siste-mas táticos ao longo dos anos, o que modifi cou o jogo, tornando o voleibol um esporte mais compe-titivo e dinâmico. Segundo Durrwachter (1984)(1), o jogo de voleibol apresenta volumosas exigências táticas e técnicas, verifi cadas por rápidas trocas de situação de jogo.

Essa modifi cação do voleibol repercutiu em no-vas necessidades na formação dos treinadores em relação às mudanças e inovações nos campos téc-nico, tático, físico e psicológico. Isso nos remete a

Marcelo (1992)(2), que diz que um bom domínio do conhecimento didático do conteúdo pode facilitar a aprendizagem através de explicações, demonstra-ções e planejamento do conteúdo. Fatores estes que são observados em conjunto ao conhecimento sobre os alunos/ atletas e o contexto a que estão inseridos. Buchmann (s/d, cit. in Marcelo, 1992)(2)

relata que devemos ter um conhecimento do con-teudo com a profundidade que nos permita con-seguir organizá-lo mentalmente, a ponto de poder ensiná-lo.

Essas necessidades são individuais e/ou co-letivas, o que permite dirigir a formação dos treina-dores face às novas demandas da prática profi s-sional. Segundo Ramalho e Nuñez (2001)(3), uma formação sem direção e sem conhecimento das

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suas necessidades reais não se ajusta às mudan-ças, que exigem cada vez mais uma ação criadora na sua preparação, de acordo com a perspectiva do desenvolvimento da profi ssionalidade. As necessi-dades têm sua origem na prática do profi ssional, neste caso, o treinador, o que, como categoria nor-teadora, remete à necessidade de pesquisar seu cotidiano profi ssional e pessoal.

A análise de necessidades de formação, como área de pesquisa, teve o seu aparecimento no fi -nal dos anos 60. Na área educativa este tipo de análise vem sendo utilizada como um instrumento fundamental no planejamento e tomada de deci-são, obedecendo a uma preocupação de raciona-lização dos processos formativos e os desejos de conseguir planos mais estruturados e efi cazes, que respondam adequadamente às exigências sociais, na intenção de encontrar processos mais efi cientes na formação do professor (Rodrigues e Esteves, 1993(4).

A realização de pesquisas que proporcionem elementos para uma identifi cação do comporta-mento real, do comportamento desejado e das necessidades reais é relevante na renovação da graduação em Educação Física e nos cursos de treinadores. Não foram encontradas pesquisas so-bre as necessidades de formação dos treinadores de voleibol. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi identifi car as necessidades de formação percebidas pelos treinadores de voleibol e suas res-pectivas ações de formação para desenvolvimento profi ssional.

METODOLOGIA

A determinação das necessidades constitui uma pesquisa orientada para identifi car junto aos treinadores as competências, as habilidades reais e as desejadas, com o intuito de se construir mode-los de desenvolvimento profi ssional e de melhorar a prestação esportiva. A determinação de necessi-dades é um momento de grande relevância na hora de organizar planos de formação, pois toma como base a caracterização das possibilidades dos trei-nadores e seus saberes, tendo como ponto de par-tida uma refl exão sobre a prática e a defi nição de metas. As necessidades formativas dos treinadores

se constituem num campo necessário e ainda pou-co explorado nos processos de sua formação inicial e continuada.

Os modelos e abordagens de análise de neces-sidades de formação abrangem uma diversidade de técnicas e instrumentos, não havendo técnicas específi cas para a sua análise (Kaufman, 1973)(5), já que as opções dependem dos objetivos preten-didos e dos meios que se dispõe. Para Barbier e Lesne (1977)(6), os processos, as técnicas e os ins-trumentos a utilizar na análise de necessidades de formação não podem se basear, unicamente, em critérios de natureza técnica.

A técnica de análise de necessidades de for-mação mais utilizada tem sido o questionário (Silva, 2000)(7), por abranger, em pouco tempo, um número considerável de pessoas e o tratamento dos dados recolhidos não oferecer grandes difi culdades, ainda que o mesmo não permita o controle das condições em que as respostas são dadas. Os questionários seguem ao encontro do modelo ou perspectivas que se direcionam para uma concepção de neces-sidades de formação como discrepância (Kaufman, 1973(5); Stufl ebeam(8), 1985; Suarez(9), 1985).

Sobre a amostra, participaram do estudo 38 treinadores, distribuídos em dois grupos:

a) 31 treinadores de Voleibol competitivo, atu-ando em clubes ou escolas, da região sul e sudeste do Brasil (14 com especialização em treinamento, 14 com graduação em Educação Física, 2 com mestrado e 1 com doutorado);

b) 7 treinadores das comissões técnicas das categorias de base infanto-juvenil e juvenil da se-leção brasileira de voleibol (3 com especialização em treinamento, 1 com graduação em Educação Física e 3 com mestrado; um dos entrevistados não completou a graduação em Educação Física, mas é graduado em Administração e possui mestrado na área de Finanças).

O estudo apresentou duas fases. Na primeira utilizou-se o questionário, adaptado de Ferro (2005)(10), por estar de acordo com a característica explo-ratória da pesquisa e por facilitar a coleta e a aná-lise dos dados, abrangendo toda a amostra. Neste questionário os voluntários responderam a pergun-tas sobre áreas de formação profi ssional, dentro do conteúdo Voleibol e as Funções/Competências

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do treinador seguindo a seguinte escala: Para as áreas de formação profi ssional dentro do conteúdo voleibol assinalaram como área – (1) Não necessá-ria, (2) Pouco necessária, (3) Necessária, (4) Mui-to necessária. Para as Funções/Competências do treinador assinalaram como - (1) Necessidade não sentida, (2) Necessidade pouco sentida, (3) Ne-cessidade sentida, (4) Necessidade muito sentida. Lembrando que as 47 funções foram codifi cadas de F1 a F47 para facilitar o entendimento.

Na segunda fase realizou-se a entrevista de aprofundamento aos treinadores das categorias de base da seleção brasileira de voleibol, por julgar que estes têm melhores condições de opnar sobre o voleibol nacional, já que para montar as seleções nacionais devem garimpar atletas em várias regi-ões do país conhecendo as várias possibilidades e necessidades do voleibol nacional. As questões foram tratadas por análise de conteúdo pela técnica de análise temática, buscando aprofundar o univer-so das necessidades de formação, tornando possí-vel uma análise crítica e compreensiva. O guião foi elaborado a partir do questionário, com o objetivo de elucidar questões menos claras sobre as ne-cessidades dos treinadores e aprofundar aspectos mais complexos no contexto em que atuam, funda-mentadas nos objetivos do estudo e na revisão de literatura. Para Triviños (1987)(11), a coleta de dados por meio desse tipo de entrevista, parte de certos questionamentos básicos, fundamentados em teo-rias, que interessam à pesquisa e que possibilitam um amplo campo de interrogativas.

ANÁLISE ESTATÍSTICAUtilizou-se a estatística descritiva básica para

descrever e analisar a distribuição de freqüência das variáveis. Para verifi car-se a relação existente entre as variáveis de estudo em questão, foi utiliza-do o teste de qui-quadrado, o qual verifi ca a depen-dência ou associação entre as variáveis categóri-cas. Os testes foram realizados ao nível de 5% de signifi cância.

RESULTADOSOs resultados do questionário foram apresen-

tados em frequência, apontando dados que foram confrontados entre si e, posteriormente, com a aná-

lise das entrevistas. A tabela 1 apresenta a frequência de ações de

formação na área técnica de voleibol. De acordo com a análise dos questionários, 98% das respos-tas mostrou que os treinadores tiveram, no mínimo, uma ação de formação nos últimos três anos na área técnica de Voleibol.

Em relação aos entrevistados, mais de 85% de-les acreditam que apenas a formação inicial não é um pré-requisito para uma boa atuação como trei-nador de voleibol. É possível perceber que a maio-ria dos treinadores buscou ações complementares, a fi m de obterem uma melhora em sua atuação. Na tabela 2 são apresentadas as modalidades que se-gundo os resultados dos questionários apresenta-ram maior aquisição de conhecimento.

Dentre as ações complementares, foi possível destacar as de menor duração como palestras, se-minários e atualizações, além de acompanhamen-tos e estágios com profi ssionais experientes ou de renome na área do Voleibol.

A tabela 3 apresenta as modalidades de forma-ção na área de treinamento não diretamente liga-das ao voleibol.

TABELA 1: MODALIDADES DE AÇÕES DE FORMAÇÃO NA ÁREA TÉCNICA DE VOLEIBOL

Ações de Formação N %

Palestras 26 27%

Seminários 22 23%

Atualização 15 15%

Especialização 10 10%

Oficinas 9 9%

Aperfeiçoamento 9 9%

Outras 6 6%

Total 97 100%

TABELA 2: MODALIDADES QUE FORNECERAM MAIOR AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO E DE COMPETÊNCIAS

Ações de Formação N %

Palestras 6 19%

Seminários 6 19%

Atualização 6 19%

Especialização 5 16%

Aperfeiçoamento 5 16%

Indiferente 3 10%

Total 31 100%

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e de experiências, no desenvolvimento das habili-dades motoras no Voleibol (F6) apresentou-se da seguinte forma: todos os que perceberam a área como “não necessária” também perceberam a competência F6 como “não sentida”; os que per-ceberam a área como “pouco necessária” tiveram uma maior concentração da competência F6 como uma necessidade “pouco sentida”; aqueles que perceberam a área de Conhecimento do Conteúdo como “necessária”/“muito necessária” considera-ram a competência F6 como “sentida”.

A área Comunicação apresentou dependência com a Competência de descrever e implementar estratégias para aumentar a interação de comuni-cação entre os alunos/atletas (F18). As percepções da área de Comunicação tidas como “pouco neces-sária”, “necessária” ou “muito necessária” se rela-cionaram com F18, apresentando maior concentra-ção como necessidade “sentida” ou muito sentida”.

Observou-se que quando a área de Planeja-mento e Instrução é vista como “necessária” ou “muito necessária”, há uma concentração maior em F20 (Planejamento a curto e longo prazo) como ne-cessidade “sentida” ou “muito sentida”. Vale ressal-tar que, mesmo aqueles que têm o Planejamento e Instrução como área “pouco necessária” considera-ram F20 como necessidade sentida.

Vimos também que, 87% daqueles que consi-deraram o Planejamento e Instrução como “neces-sário”, perceberam F21 (Utilização de estratégias de instrução) como necessidade “pouco sentida” ou “sentida”. E 72% daqueles que consideraram o Planejamento e Instrução como “muito necessário” perceberam F21 como necessidade “pouco senti-da” ou “sentida”.

Na área de Planejamento e Instrução, tida como área “necessária”, viu-se uma concentração em re-lação a F26 (Utilização de demonstração e instru-ção que liguem conceitos e efeitos da atividade fí-sica, em experiências de aprendizagem adequadas ao Voleibol), como necessidade “sentida” e “pouco sentida”. No entanto para “muito necessária” ocorre uma maior concentração em necessidade “sentida” e “muito sentida”.

Ainda na área de Planejamento e Instrução, vimos uma maior concentração daqueles que a viram como necessária em F27 (Utilização de um

Foi possível perceber que a maioria dos treina-dores buscou uma formação fora da especifi cidade do Voleibol tais como, psicologia do esporte, nutri-ção, treinamento desportivo e fi siologia do esporte, a fi m de complementar e ampliar sua intervenção, principalmente na iniciação e com jovens.

Cruzamento das áreas de formação profi ssio-nal dentro do conteúdo voleibol e funções do treina-dor/competências profi ssionais

Com relação às Áreas de Formação Profi ssio-nal e às Funções/Competências dos treinadores de voleibol observamos através da estatística do qui-quadrado, que algumas competências neces-sárias ao treinador de Voleibol estão diretamente associadas a áreas de formação. Para facilitar o entendimento essas Funções/Competências foram nomeadas de F1 a F47. Abaixo se encontram os resultados dessas variáveis tomadas como depen-dentes.

Para a relação entre a função profi ssional de Identifi car elementos críticos das habilidades mo-toras e combinar progressões pedagógicas que promovam aprendizagens (F1) e o Conhecimento de Conteúdo se apresentou da seguinte maneira: para aqueles que perceberam essa área como “não necessária”, observou-se uma concentração de F1 como “não sentida”. Para aqueles que perceberam a área como “pouco necessária” ou “necessária” observou-se uma concentração maior de F1 como necessidade sentida; já os que perceberam a área como “muito necessária” sentiram F1 como uma “necessidade sentida” ou “muito sentida”.

A relação entre a área de Conhecimento do Conteúdo com a competência Compreender e in-tegrar os aspectos biológicos, psíquico, sociológico

TABELA 3: MODALIDADES DE AÇÕES DE FORMAÇÃO NA ÁREA DE TREINAMENTO

Ações de Formação N %

Palestras 20 30%

Oficinas 10 15%

Seminários 15 22%

Atualização 8 12%

Aperfeiçoamento 5 7%

Especialização 6 9%

Mestrado 2 3%

Outra 1 1%

Total 67 100%

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repertório diversifi cado de instruções pertinentes, diretas e indiretas, que promovam a aprendizagem do Voleibol) como necessidade “sentida” e “muito sentida”. Já para aqueles que a perceberam como “muito necessária” também há uma maior concen-tração em F27, como necessidade “sentida” ou “muito sentida”.

Em relação à área Avaliação dos Alunos e a competência profi ssional F30 (Interpretar e usar dados da aprendizagem e desempenho, na tomada de decisões durante as aulas, treinos, jogos e pla-nejamento futuro), foi possível observar que aque-les que perceberam a área como “pouco neces-sária” têm maior concentração da necessidade de F30 em “não sentida” ou “pouco sentida”. Já os que consideraram a área como “necessária” ou “muito necessária” houve maior concentração de F30, em necessidade “muito sentida” ou “sentida”.

Foi encontrada uma relação entre Refl exão e a competência F31 (Refl etir sobre as concepções de ensino do voleibol, justifi car e analisar os resul-tados, metas de ensino e implementação de ino-vações). Os treinadores que consideraram a Re-fl exão como “pouco necessária”, a concentração de F31 foi maior em necessidade “pouco sentida”, mas também existiu uma menor concentração em necessidade “muito sentida”. Quando a Refl exão é tida como necessária, F31 apresentou uma con-centração maior em necessidade “sentida”, segui-da de necessidade “pouco sentida”. Já a coluna em que a área Refl exão foi considerada “muito neces-sária” F31 concentra-se em “necessidade sentida” e “muito sentida”.

A área Tecnologia está relacionada com a com-petência F34 (Demonstrar conhecimentos atualiza-dos de aplicações informáticas para o treinamento de Voleibol). Para os treinadores que perceberaram a área como “não necessária” apresentaram-se to-dos considerando tal competência como necessi-dade “muito sentida”. Aqueles que viram essa área como “pouco necessária” não consideraram como necessidade “sentida”. Quando a Tecnologia foi vis-ta como uma área “necessária”/“muito necessária”, a competência F34 apresentou uma concentração em necessidade “sentida” e “muito sentida” para esses treinadores.

Foi encontrada também uma relação de depen-

dência entre a área de formação ligada ao Traba-lho Colaborativo e a competência F38 (Identifi car e procurar recursos na comunidade que aumentem as oportunidades de promoção do voleibol). Os trei-nadores que consideraram o Trabalho Colaborativo “muito necessário” houve uma maior concentra-ção em necessidade “muito sentida”. Para aqueles que consideraram a área de Trabalho Colaborativo “pouco necessária”, dividem suas concentrações em necessidade “pouco sentida” e “muito sentida”. Quando a área foi considerada “necessária”, possui uma concentração bem dividida entre necessidade “pouco sentida”, “sentida” e “muito sentida”.

A partir do conteúdo das entrevistas realizadas aos 7 treinadores das categorias de base das sele-ções brasileiras de Voleibol, se apresenta os dados mais relevantes. As entrevistas foram divididas em temas, sendo estes categorizados para facilitar sua análise e entendimento.

No quadro 1 observamos a forma de ingres-so no voleibol dos entrevistados. Podemos per-ceber que 5 dos 7 entrevistados foram ex-atletas da modalidade, o que, segundo os resultados dos questionários, é uma facilidade para o acesso a treinadores mais experientes nos estágios e acom-panhamentos.

No quadro 2 temos as ações de formação com-plementar procuradas pelos entrevistados, sendo os cursos, acompanhamentos e estágios as mais procuradas.

Para o quadro 3 temos a importância dada a essas ações complementares de formação, com destaque para os acompanhamentos e estágios.

QUADRO 1. INGRESSO NO VOLEIBOL

Categorias Entrevistados

Ex-atletas da modalidade E.2 E.3 E.4 E.6 E.7

Estudantes de Educação Física E.1 E.5

QUADRO 2. COMPLEMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA

Categorias Entrevistados

Acompanhamentos e Estágios E.1 E.2 E.3 E.4

Cursos E.2 E.4 E.5 E.6

Prática E.1

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Assim como no quadro 3, onde a importância dada aos acompanhamentos e estágios foi desta-cada, no quadro 4 estas ações estão evidenciadas como as mais proveitosas.

A relevância do conhecimento dos conteúdos e dos conceitos aplicados ao voleibol com jovens apresentou em destaque duas categorias que são apresentadas no quadro 5.

O planejamento e avaliação foram subdivididos em quatro categorias, não havendo maior destaque para nenhuma delas e sua distribuição está apre-sentada no quadro 6.

Quanto aos aspecos relevantes para o treina-mento com jovens apresentados no quadro 7, sub-dividiu-se em oito categorias com destaque para

conhecimento das habilidades motoras, progres-sões didático-pedagógicas, clareza nas Instruções, estratégias de motivação como ferramenta para melhorar o desempenho e feedback contínuo que foram citadas por três entrevistados

DISCUSSÃO DE RESULTADOSPara Bompa (2002)(12), a teoria e a metodo-

logia do treinamento são áreas extensas, cabendo ao treinador distinguir dentre as informações dispo-níveis em cada ciência, as mais pertinentes à or-ganização do seu trabalho, cujos fundamentos são os princípios do treinamento desportivo. Portanto, para acompanhar a evolução do Voleibol, os trei-nadores buscam formações, além da modalidade específi ca.

Dentre as áreas de formação profi ssional e as funções/competências dos treinadores listadas no questionário, percebeu-se que todas são essen-ciais para o desenvolvimento do treinador. Porém, foram analisadas com maior ênfase aquelas senti-das pelos treinadores como necessárias/muito ne-cessárias, em associação com as categorias apre-sentadas nas entrevistas, para assim se destacar os pontos importantes que poderão ser reforçados nos cursos de formação inicial e continuada.

Na sociedade do conhecimento é necessário que o treinador reformule suas concepções e en-tenda como diz Nóvoa (2002)(13), que ter domínio de seu conteúdo e habilidade para comunicação com seus alunos não é sufi ciente, é preciso desenvol-

Categorias Entrevistados

Acompanhamentos e Estágios E.1 E.2 E.3 E.4 E.7

Estudos E.2 E.3 E.6

Todas as ações E.5

Categorias Entrevistados

Acompanhamentos e Estágios E.3 E.4 E.5 E.6 E.7

Cursos E.2

Autoformação E.1

QUADRO 3. PERCEPÇÃO DA IMPORTÂNCIA DAS AÇÕES COMPLEMENTARES DE FORMAÇÃO

QUADRO 4. AÇÕES COMPLEMENTARES DE FORMAÇÃO DE MAIOR PROVEITO

Categorias Entrevistados

Dosagem das cargas de trabalho de acordo

com as faixas etárias

E.1 E.2 E.3 E.4 E.5 E.6 E.7

Conhecimento técnico, tático e físico, além

de um conhecimento psicológico básico

E.1 E.2 E.3 E.4 E.7

Distribuir funções E.6

QUADRO 5. RELEVÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS CONTEÚDOS E DOS CONCEITOS APLICADOS AO

VOLEIBOL COM JOVENS

QUADRO 6. AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO

Categorias Entrevistados

Avaliação física, técnica e tática E.1 E.2 E.3 E.4 E.6

Periodicidade da avaliação E.2 E.3 E.4 E.5 E.7

Planejamento periódico E.1 E.2 E.5 E.6

Planejar de acordo com a faixa etária E.2 E.3 E.4 E.7

QUADRO 7. ASPECTOS RELEVANTES PARA O TREINAMENTO COM JOVENS

Categorias Entrevistados

Conhecimento das habilidades

motoras

E.1 E.2 E.3

Progressões didático-pedagógicas: do

fácil para o difícil, do simples para o

complexo

E.1 E.2 E.3

Clareza nas Instruções E.1 E.2 E.3

Estratégias de motivação como

ferramenta para melhorar o

desempenho

E.1 E.2 E.3

Feedback contínuo E.1 E.2 E.3

Conhecimento do grupo E.4 E.5

Conhecimento científico atualizado E.6

Temporalidade das intervenções E.7

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Revista de Educação Física (ISSN 0102 – 8464) Rio de Janeiro – p. 38-46, 1. quadrim., 2013

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ver outras competências em favor da melhoria do ensino/aprendizagem dentro de áreas da formação, que vão desde o conhecimento do conteúdo até ao conhecimento tecnológico e ao trabalho colaborati-vo. Com relação a essas ideias, os treinadores en-volvidos na pesquisa, ao refl etirem sobre as ques-tões da inquirição, fi zeram emergir dados a respeito de suas ações e de suas necessidades de forma-ção, que servem de subsídios para que se possa apontar uma trilha para o processo de formação do treinador no trato com o Voleibol.

Com base nos resultados encontrados perce-beu-se que os treinadores de Voleibol estão bus-cando ações de formação (seminários, palestras e especializações, entre outros), procurando um conhecimento específi co atualizado, proporcio-nando mudanças conceituais, novas abordagens e propostas para o ensino do Voleibol. As ações de formação buscadas pelos treinadores se caracteri-zam como de curta duração. Tais ações, geralmen-te, têm um custo mais baixo, sendo mais acessível para a maioria dos treinadores: considerando uma agenda de jogos intensa, a curta duração favorece a participação dos treinadores. Dentre os treinado-res inquiridos, percebeu-se um número baixo de mestres e doutores: estas modalidades de forma-ção ainda não despertam grande interesse.

Segundo Ramalho e Nuñez (2001)(3), de acordo com a perspectiva do desenvolvimento da profi ssio-nalidade, que exigem cada vez mais uma ação cria-dora na sua preparação uma formação sem direção e sem conhecimento das suas necessidades reais não se ajusta às mudanças. Corroborando com es-tes autores, os resultados encontrados apontaram que as competências do Conhecimento do Conte-údo, área de formação percebida como necessá-ria/muito necessária, relacionam-se com a rápida evolução do Voleibol nos últimos anos, dentro do contexto tático, físico e em suas regras. Por isso, os treinadores têm que passar por constantes atua-lizações do conteúdo, principalmente os que estão atuando há mais tempo.

Outra área da formação considerada como necessária ou muito necessária é a de Desenvolvi-mento e Diversidade que se relacionou com identifi -car, selecionar e implementar atividades adaptadas ao desenvolvimento do atleta, instruções adequa-

das à experiência anterior, características pessoais e necessidades específi cas de cada atleta dentro do Voleibol e ainda, a utilização de estratégias e re-cursos adequados a diferentes necessidades que promovam situações de aprendizagem no Voleibol. Percebeu-se também uma preocupação dos treina-dores em relação à dosagem das cargas de traba-lho, relacionando-as com a faixa etária dos atletas. Isso nos remete a Marcelo (1992)(2), que diz que o professor deve possuir um domínio do conhecimen-to didático do conteúdo para facilitar a aprendiza-gem por intermédio de explicações, demonstrações e formulação do conteúdo. Estes fatores devem ser observados, concomitantemente, ao conhecimento acerca dos alunos e do contexto onde estão inse-ridos.

A área de Gestão e Motivação também foi iden-tifi cada como necessária ou muito necessária pelos inquiridos. Utilizar conhecimentos para a motivação individual e de grupo numa interação positiva ca-paz de incitar compromissos e auto-motivação na aprendizagem do Voleibol é algo que se interage com uma busca por formação permanente e am-pliação de conhecimentos.

Segundo Durrwachter (1984)(1), o jogo de volei-bol apresenta volumosas exigências táticas e téc-nicas, verifi cadas por rápidas trocas de situação de jogo. Percebe-se, assim, a necessidade de um bom trabalho de comunicação. Os voluntários do pre-sente trabalho destacaram como necessidade sen-tida ou muito sentida a competência de descrever e implementar estratégias para aumentar a interação de comunicação entre os atletas. Essa competên-cia pode estar em evidência devido às característi-cas coletivas da modalidade.

Planejar e implementar estratégias adaptadas ao desenvolvimento técnico e físico dos atletas no voleibol relacionou-se com o conhecimento do con-teúdo. Destaca-se nessa área a competência de planejar a curto e a longo prazo, tendo em conta as necessidades dos atletas, os programas e as metas a atingir. Buchmann (s/d, cit. in Marcelo, 1992)(2) re-lata que o conhecimento aprofundado do conteúdo nos permite organizá-lo mentalmente, nos prepa-rando para ensiná-lo.

Segundo Fernandes (1997)(14), não podemos entender avaliação como um processo que impeça

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MARINHO, OLIVEIRA, COUTO, MARINHO, JANUÁRIO

o progresso dos alunos ou um entrave das opor-tunidades de aprendizagem. O ideal é constituir um meio privilegiado de promoção e de melhora da aprendizagem. No entanto, a avaliação foi uma área da formação percebida como necessária, mas com menor destaque dentre as restantes.

A Refl exão sobre sua prática pedagógica e a avaliação dos efeitos da sua ação, procurando opor-tunidades para seu desenvolvimento profi ssional, é outra área de formação percebida como necessá-ria/muito necessária. Relacionou-se também com o planejamento e avaliação, proporcionando uma constante construção e reconstrução das situações e propostas, a fi m de alcançar melhores resultados de desenvolvimento dos atletas e do grupo.

A Tecnologia foi outra área da formação per-cebida como necessária/muito necessária pelos inquiridos. Dentro do planejamento percebeu-se a utilização da tecnologia, ao criar planilhas para controle das sessões de treinamento, seu volume e intensidade. Dentro das avaliações percebeu-se o surgimento de novas tecnologias informáticas, permitindo a realização de testes, cada vez mais específi cos e aplicáveis ao Voleibol.

Por fi m, o Trabalho Colaborativo também foi uma área de formação percebida como necessá-ria/muito necessária. Relacionar-se positivamente com colegas, pais e instituições ligadas ao voleibol, no apoio ao desenvolvimento dos atletas, para que estes tenham tranquilidade para a prática do espor-te e, consequentemente, poderem alcançar suas metas individuais e coletivas. Gimeno Sacristán e Pérez Goméz (1998)(15) observam que o professor intervém num meio ecológico complexo, delimitado pela escola/clube/instituição e pela sala de aula/gi-násio.

CONCLUSÕESOs treinadores de Voleibol percebem necessidades de formação para sua atuação, mas nem a gradu-ação em Educação Física, nem os cursos de nive-lamento da CBV são capazes, por si só, de suprir essas necessidades, o que vem realçar o papel e a necessidade de um sistema de formação continua-da ao longo da vida profi ssional.Então, a fi m de suprir tais necessidades, os treina-dores buscam ações complementares de formação

(seminários, palestras, ofi cinas, pós-graduações, estágios, acompanhamentos, entre outras). São preferidas pelos treinadores as ações de curto pra-zo de duração, de menor custo e de maior acessibi-lidade (como os cursos de nivelamento da CBV, as palestras e os seminários).É possível entender que se deva ter o foco em pro-gramas de formação inicial e continuada que possi-bilitem o trabalho da troca de experiências com ou-tros treinadores. As ações relacionadas com a troca de experiência com outros profi ssionais foram mais valorizadas do que aquelas voltadas a conteúdos apenas teóricos. De acordo com os dados dos questionários e das entrevistas, foi possível perceber que a maioria dos treinadores buscou formação fora da especifi cidade do Voleibol, a fi m de complementar e ampliar suas intervenções, principalmente, na iniciação e com jovens.Os treinadores acreditam que o bom conhecimento das áreas de formação dentro do conteúdo Volei-bol, pode ampliar sua capacidade de intervenção no treinamento. Logo, essas áreas de formação podem ser melhor trabalhadas na formação inicial, a fi m de minimizar as lacunas encontradas pelos treinadores na sua atuação. É importante ressaltar que as necessidades senti-das, muitas vezes foram comuns, independente do nível de atuação, não havendo diferença entre os treinadores que atuam na seleção brasileira e os treinadores que atuam na região Sudeste e Sul do Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2- Marcelo, C. Como conocen los profesores la materia que enseñan. Algunas contribuciones de la investigación sobre conocimiento didáctico del contenido. In: Congres-so ‘Las didácticas específi cas en la formación del profe-sorado’, Santiago de Compostela, 6-10 julio, 1992.

3- Ramalho, BL. ; Nuñez, IB. Relatório Consultoria ao Centro Federal de Educação Tecnológica do RN (CE-FET/RN). Mimeo. Natal, 2001.

4- Rodrigues, A. ; Esteves, M.. A análise das necessida-des na formação de professores. Lisboa: Porto Editora, 1993.

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5- Kaufman, RA. Planifi cación de Sistemas Educativos. Ideas básicas concretas. México: Editorial Trillas, 1973.

6- Barbier, JM; Lesne, M. L’analyse des besoins en for-mation. Champigny-sur-Marne: R. Jauze, 1977.

7- Silva, MOE. A Análise de Necessidades de Formação na Formação Contínua de Professores: Um Caminho para a Integração Escolar. 2000. 286 f. Tese (Doutora-do)- Faculdade de Educação, USP. São Paulo, 2000.

8- Stuffl ebeam, D. et al. Conducting Educational Needs Assessment. Boston: Kluwer-Nijhoff Publ, 1985.

9- Suarez, TM. Needs Assessment Studies. In T. Húsen; N. Postlethaite (Eds.), International Encyclopedia of Edu-cation. Oxford: Pergamon Pres, pp. 3496-3498. 1985.

10- Ferro, F. A percepção da importância da formação contínua como factor de desenvolvimento curricular na superação das necessidades de formação dos profes-sores de Educação Física. 2005. 108 f. Dissertação de mestrado. Faculdade de Motricidade Humana, Universi-dade Técnica de Lisboa, 2005.

11- Triviños, A. Introdução à pesquisa em ciências so-ciais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

12- Bompa, T. Periodização: Teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

13- Novoa, A. O espaço público da Educação: imagens, narrativas e dilemas. In: AAVV, Espaços de Educação, tempos de formação. Lisboa. Fundação Calouste Gul-benkian, p.237 – 263, 2002.

14- Fernandes, D. Avaliação na Escola Básica Obriga-tória: Fundamentos para uma Mudança de Práticas. In: Pedro da Cunha (org.), Educação em Debate, pp. 275-294. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 1997.

15- Gimeno Sacristán, J.; Pérez Gómez, A. Compreen-der e Transformar o Ensino. 4ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Flávio Márcio Marinho, [email protected]. Monteiro Lobato, 187/602, b. Ouro Preto Belo Horizon-te Minas Gerais. CEP- 31310-530Prof. Esp. Alexandre Silva de Oliveira,[email protected]. Prof. Dr. Bruno Pena Couto, [email protected]. Ms. Nádia Fernanda Schmitt Marinho, [email protected]. Profº Dr. Carlos Alberto Serrão dos Santos Januário, [email protected].

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EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

ISSN 0102 - 8464

ARTIGO ORIGINAL

TOMADA DE DECISÃO, CONDIÇÃO FÍSICA E IDADE NO DESEMPENHODE EQUIPES DE CORRIDA DE AVENTURA

Decision making, physical condition and age on performance of teams adventure race

Fernanda Dapper Coelho1, Márcio de Avila Palermo1,; Antônio Fernando Araújo Duarte2; Marcelo Coertjens3; Luiz Fernando Martins Kruel1

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Educação Física.Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas e Terrestres. Porto Alegre, RS.

2Instituto de Pesquisa de Capacitação Física do Exército – Rio de Janeiro, RJ.3Universidade Federal do Piauí. Campus Ministro Reis Velloso.Departamento de Ciências da Saúde/Fisioterapia. Parnaíba, PI.

Resumo: O objetivo deste estudo foi o de verifi car a possível associação entre os resultados de um teste psicofi siológico de tomada de decisão (TD), com variáveis fi siológicas e idade de navegadores de Corrida de Aventura (CA), e o desempenho de suas equipes em competição. Oito navegadores foram submetidos a um TD, antes (TD1) e após (TD2) a realização de um teste de esforço progressivo máximo. As médias dos resultados do TD foram comparadas através do Teste t de Student para amostras pareadas e Teste de Wilcoxon. Utilizou-se correlações de Pe-arson e Spearman (p<0,05). Apesar das variáveis fi siológicas e desempenho na competição apresentarem baixa correlação (p>0,05), a idade apresentou bons resultados com TD2 (PONTOS: r= -0,84; ACERTOS: r= -0,86; ERROS: r= -0,77; p<0,01) e com o desempenho das equipes (r= -0,71, p<0,05). Neste sentido, a idade dos navegadores pode ser um fator que infl uencie no desempenho fi nal das equipes de CA, pois parece infl uenciar sua tomada de decisão.Palavras-chave: Condicionamento físico; Psicofi siologia; Corrida; Orientação.

Abstract: The aim of this study was to investigate the possible association between the results of a psychophysiological decision making test (DM), with physiological variables and navigators age of Adventure Race (AR), and the performance of their teams in competition. Eight navigators were subjected to DM, before (DM1) and after (DM2) performance of a maximal graded exercise test. The average results of DM were compared using the Student t test for paired samples and Wilcoxon test. Were used Spearman and Pearson correlations (p<0.05). Despite the physiological and performance variables in the competition were presented low correlation (p>0.05), navigators age had good results with DM2 (POINTS: r= -0.84; SETTING: r= -0.86; ERROR: r= -0.77, p<0.01) and team performance (r= -0.71, p<0.05). In this sense, navigators age may be a factor that infl uences the performance of AR teams because it seems to infl uence their decision-making.Keywords: Physical condition; Psychophysiology; Running; Orienteering.

INTRODUÇÃO

O exercício físico é considerado um dos muitos exemplos de estímulo que desencadeiam estres-se físico e psicológico sobre o organismo humano. Isso se deve porque ele induz consideráveis mu-danças fi siológicas no sistema imune e neuroendó-crino semelhante à resposta comum do estresse(1,2).

Diversos fatores podem infl uenciar a respos-ta imune e neuroendócrina ao estresse durante o exercício físico. Dentre eles, podemos citar a ida-de e o sexo do indivíduo(3), o grau de treinamen-to físico(2), o estado nutricional(4) e a temperatura e umidade local durante o exercício físico(5). O perfi l

psicológico e o estado de humor do atleta têm sido sugeridos, também, como fatores capazes de in-duzir o estresse e determinarem o desempenho de atletas em esportes que exijam, além do aspecto físico, os aspectos cognitivos e psicológicos(4,5-8).

Um exemplo de esporte que submete seus praticantes a diferentes fatores responsáveis pela resposta ao estresse é a Corrida de Aventura (CA)(1,9,10). Este esporte geralmente formado por equipes compostas de quatro competidores é realizado em ambiente natural de forma a submeter os atletas a condições climáticas e de terreno desfavoráveis, como a chuva, umidade, frio, vento, grandes des-níveis de terreno, etc. Ele compreende diferen-

Aceito em 19/02/13 - Revista de Educação Física 2013 Abr; 157:47-57. Rio de Janeiro - Brasil

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tes modalidades esportivas sendo as principais o Trekking, as técnicas verticais de escalada, a Cor-rida de Orientação (CO) e o Mountain Bike, que são realizadas aleatoriamente em um percurso que varia entre 40 e 500 km. Em cada quarteto há um navegador que tem como função orientar o percur-so de sua equipe durante a prova através de carta topográfi ca e bússola. A equipe deve percorrer o trajeto escolhido pelo navegador no menor tempo possível, passando por todos os postos de controle (PCs) estipulados pelos organizadores da prova(11).

Além do desgaste físico sofrido pela equipe para percorrer o trajeto e superar os obstáculos na-turais, a responsabilidade pela tomada de decisão na orientação é um fator a mais que infl uencia a resposta ao estresse e o desempenho físico do in-divíduo responsável pela navegação(7,8,12). A capaci-dade de tomada de decisão a respeito do caminho a seguir torna-se relevante, pois o navegador deve escolher o melhor percurso para passar por todos os PCs o mais rápido possível, com o mínimo de erros e desgaste físico(12).

Diversos estudos têm constatado a interação da aptidão física com as respostas psicofi siológi-cas, demonstrando que os indivíduos que apre-sentam melhor condicionamento aeróbio obtêm menores respostas fi siológicas ao estresse(4-6). A relação dos aspectos psicológicos e emocionais com o condicionamento físico mostra-se, portanto, determinante para o desempenho de toda a equipe, visto que se o navegador não estiver com um bom condicionamento físico, o estresse poderá infl uen-ciar negativamente a sua tomada de decisão, pre-judicando a equipe.

No entanto, estudos de Gorski et al.(13), encon-traram baixa correlação entre o condicionamento físico de navegadores e dos demais membros da equipe de CA com o desempenho em competições. Esta constatação foi obtida a partir de variáveis consideradas preditoras de desempenho tais como o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e variá-veis obtidas no segundo limiar ventilatório (2ºLV): o VO2 correspondente ao segundo limiar ventilatório (VO2_2ºLV), o percentual (%) que este se encon-tra em relação ao VO2máx (%_2ºLV) e o tempo de teste correspondente ao segundo limar ventilatório (Temp_2ºLV)(14-17). O coefi ciente de correlação en-

contrado entre a ordem de classifi cação dessas equipes em uma competição de CA e a idade dos navegadores foi de -0,77. Esse resultado pode su-gerir um melhor preparo psicológico e experiência na prática da orientação nos navegadores mais velhos, visto que o VO2máx e as variáveis do 2ºLV não foram fortes para explicar o desempenho de equipes com nível de condicionamento físico seme-lhantes.

Dessa forma, dentre os navegadores com con-dicionamento físico semelhantes, aqueles mais velhos e, provavelmente, mais experientes teriam mais sucesso na prática da navegação, porque sofreriam menos efeito do estresse físico e mental ou por serem mais bem sucedidos na tomada de decisão. Isso favoreceria um melhor desempenho para sua equipe durante as provas. Neste sentido, este estudo teve como objetivo verifi car a possível associação entre os resultados de parâmetros ava-liados durante um teste psicofi siológico de tomada de decisão realizado antes (TD1) e depois (TD2) de um teste de esforço máximo, e variáveis cardio-pulmonares de desempenho físico, idade dos nave-gadores e desempenho de suas equipes em uma competição de CA.

INTRODUÇÃO

O exercício físico é considerado um dos muitos exemplos de estímulo que desencadeiam estres-se físico e psicológico sobre o organismo humano. Isso se deve porque ele induz consideráveis mu-danças fi siológicas no sistema imune e neuroendó-crino semelhante à resposta comum do estresse(1,2).

Diversos fatores podem infl uenciar a respos-ta imune e neuroendócrina ao estresse durante o exercício físico. Dentre eles, podemos citar a ida-de e o sexo do indivíduo(3), o grau de treinamen-to físico(2), o estado nutricional(4) e a temperatura e umidade local durante o exercício físico(5). O perfi l psicológico e o estado de humor do atleta têm sido sugeridos, também, como fatores capazes de indu-zir o estresse e determinarem o desempenho de atletas em esportes que exijam, além do aspecto físico, os aspectos cognitivos e psicológicos(4,5-8).

Um exemplo de esporte que submete seus praticantes a diferentes fatores responsáveis pela

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resposta ao estresse é a Corrida de Aventura (CA)(1,9,10). Este esporte geralmente formado por equipes compostas de quatro competidores é realizado em ambiente natural de forma a submeter os atletas a condições climáticas e de terreno desfavoráveis, como a chuva, umidade, frio, vento, grandes des-níveis de terreno, etc. Ele compreende diferen-tes modalidades esportivas sendo as principais o Trekking, as técnicas verticais de escalada, a Cor-rida de Orientação (CO) e o Mountain Bike, que são realizadas aleatoriamente em um percurso que varia entre 40 e 500 km. Em cada quarteto há um navegador que tem como função orientar o percur-so de sua equipe durante a prova através de carta topográfi ca e bússola. A equipe deve percorrer o trajeto escolhido pelo navegador no menor tempo possível, passando por todos os postos de controle (PCs) estipulados pelos organizadores da prova(11).

Além do desgaste físico sofrido pela equipe para percorrer o trajeto e superar os obstáculos na-turais, a responsabilidade pela tomada de decisão na orientação é um fator a mais que infl uencia a resposta ao estresse e o desempenho físico do in-divíduo responsável pela navegação(7,8,12). A capaci-dade de tomada de decisão a respeito do caminho a seguir torna-se relevante, pois o navegador deve escolher o melhor percurso para passar por todos os PCs o mais rápido possível, com o mínimo de erros e desgaste físico(12).

Diversos estudos têm constatado a interação da aptidão física com as respostas psicofi siológi-cas, demonstrando que os indivíduos que apre-sentam melhor condicionamento aeróbio obtêm menores respostas fi siológicas ao estresse(4-6). A relação dos aspectos psicológicos e emocionais com o condicionamento físico mostra-se, portanto, determinante para o desempenho de toda a equipe, visto que se o navegador não estiver com um bom condicionamento físico, o estresse poderá infl uen-ciar negativamente a sua tomada de decisão, pre-judicando a equipe.

No entanto, estudos de Gorski et al.(13), encon-traram baixa correlação entre o condicionamento físico de navegadores e dos demais membros da equipe de CA com o desempenho em competições. Esta constatação foi obtida a partir de variáveis consideradas preditoras de desempenho tais como

o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e variá-veis obtidas no segundo limiar ventilatório (2ºLV): o VO2 correspondente ao segundo limiar ventilatório (VO2_2ºLV), o percentual (%) que este se encon-tra em relação ao VO2máx (%_2ºLV) e o tempo de teste correspondente ao segundo limar ventilatório (Temp_2ºLV)(14-17). O coefi ciente de correlação encontrado entre a ordem de classifi cação dessas equipes em uma competição de CA e a idade dos navegadores foi de -0,77. Esse resultado pode su-gerir um melhor preparo psicológico e experiência na prática da orientação nos navegadores mais velhos, visto que o VO2máx e as variáveis do 2ºLV não foram fortes para explicar o desempenho de equipes com nível de condicionamento físico seme-lhantes.

Dessa forma, dentre os navegadores com con-dicionamento físico semelhantes, aqueles mais velhos e, provavelmente, mais experientes teriam mais sucesso na prática da navegação, porque sofreriam menos efeito do estresse físico e mental ou por serem mais bem sucedidos na tomada de decisão. Isso favoreceria um melhor desempenho para sua equipe durante as provas. Neste sentido, este estudo teve como objetivo verifi car a possível associação entre os resultados de parâmetros ava-liados durante um teste psicofi siológico de tomada de decisão realizado antes (TD1) e depois (TD2) de um teste de esforço máximo, e variáveis cardio-pulmonares de desempenho físico, idade dos nave-gadores e desempenho de suas equipes em uma competição de CA.

METODOLOGIAO presente trabalho realizado após um período

de competições de CA é do tipo transversal correla-cional e retrospectivo. Neste estudo, os resultados de um teste psicofi siológico realizado em navega-dores de equipes de CA foram coletados antes e após um teste de esforço progressivo máximo e correlacionados com seus parâmetros fi siológicos, com sua idade e o desempenho de suas equipes em competição.

AmostraA amostra deste estudo foi composta por oito

indivíduos do sexo masculino, navegadores das

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localizada nas laterais da tela através de clicks no mouse. A velocidade com que essas fi guras apare-cem aumenta à medida que os indivíduos acertam. O programa calcula continuamente a difi culdade do teste, adaptando-o de modo a permitir que o in-divíduo alcance uma performance máxima fi nal de cerca de 50%. Dessa forma o indivíduo é subme-tido a um nível de estresse constante permitindo avaliar suas adaptações e reações psicofi siológi-cas, bem como seus erros e acertos sob situações estressantes. Ao fi nal do teste, o programa informa os resultados do teste através de um relatório que consiste em: pontos a serem atingidos, pontos atin-gidos (PONTOS), nível de difi culdade atingida (NÍ-VEL), total de acertos (ACERTOS), total de erros (ERROS) e performance (PERF). O cálculo da per-formance que o indivíduo obteve é feito a partir da divisão dos pontos atingidos pelos pontos a serem atingidos, multiplicando esse resultado por 100. O cálculo dos pontos atingidos é baseado no total de acertos do teste e no nível de difi culdade onde fo-ram feitos esses acertos. Ou seja, cada acerto vale diferentes pontos que são determinados pelo nível de exigência em que o indivíduo está sendo sub-metido. Sendo assim, quanto mais alto o nível de difi culdade atingido, maior é o ponto de um acerto. Para minimizar o efeito da aprendizagem, todos os indivíduos realizaram previamente uma familiariza-ção com o teste de tomada de decisão.

O teste de esforço físico na esteira consistiu de um teste progressivo máximo utilizando um pro-tocolo de rampa com aumentos da velocidade e da inclinação da esteira (IMBRAMED 10200ATL, Porto Alegre). O teste iniciava com velocidade a 6 km*h-1 e nível de inclinação da esteira de 1%. Foram realizados aumentos progressivos na velo-cidade da esteira de 0,5 km*h-1 a cada 30s e na inclinação de 1% a cada 30s a partir da velocidade de 12 km*h-1. A velocidade fi cava constante a par-tir de 17 km*h-1. O término do teste era determina-do por decisão voluntária do executante ou quando eram observados sintomas de limite máximo de esforço e incapacidade de manter a potência de trabalho. Os resultados deste teste foram conside-rados satisfatórios quando os indivíduos atingiam os seguintes critérios: valores de freqüência car-díaca máxima maior ou igual a 90% da freqüência

equipes que participaram de uma etapa de um cir-cuito competitivo de CA, com distância média de 60km, modalidade quarteto misto compostas por 3 homens e 1 mulher. Para cada equipe havia ape-nas um navegador. As modalidades que constitu-íram as provas foram Orientação, Mountain Bike, Corrida, Canoagem e Técnicas Verticais de Escala-da. Todos os participantes eram voluntários, foram esclarecidos previamente a respeito dos objetivos e procedimentos deste estudo e assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética local, conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Todos os indivíduos foram orientados a não in-gerir substâncias que contivesse cafeína ou qual-quer outra bebida que contivesse estimulantes nas últimas 12h antes do teste. Foi orientado, também, que os indivíduos não realizassem nenhum tipo de exercício físico 24h antes do teste e que procuras-sem ter uma noite de sono tranquila. Os testes fo-ram realizados entre 15 a 20 dias após a realização da competição. Os atletas avaliados apresentaram uma estatura média de 178,2 ± 9,2 cm e uma mas-sa corporal média de 74,4 ± 5,9 kg.

PROCEDIMENTOS

Os indivíduos foram submetidos, primeiramen-te, a um teste de diagnóstico psicofi siológico sob condições estressantes durante 5 min (TD1). Este teste foi realizado após os atletas permanecerem em repouso por 15 min (10 min na posição supina e 5 min sentados). Após este teste, os atletas per-maneceram em repouso sentados durante 3 min e, então, realizaram um teste de esforço progressivo máximo em esteira. Finalizado o teste de esforço físico, os indivíduos permaneceram por mais 3 min em repouso sentado e, em seguida, realizaram o TD2.

PROTOCOLOS DE TESTES

Durante o teste psicofi siológico de tomada de decisão (TD) (Biofeedback 2000, Alemanha) o indi-víduo é desafi ado a relacionar as cores e as formas geométricas de fi guras que aparecem no centro da tela do computador com uma lista de possibilidades

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cardíaca máxima prevista pela idade e taxa de tro-ca respiratória maior do que 1.1 (18).

O teste de esforço físico teve como objetivo determinar o VO2_2ºLV, o %_2ºLV, o Temp_2ºLV e o VO2máx dos navegadores. O VO2máx foi deter-minado como sendo o valor de consumo de oxi-gênio (VO2) relativo mais alto encontrado entre as médias de intervalos de 30 s coletado continu-amente utilizando circuito de espirometria aberta (Medical Graphics CPX/D, Arizona, EUA). A análi-se do VO2_2ºLV foi realizada por dois avaliadores experientes a partir do processamento dos dados “breath by breath” pela média de cinco dados a cada sete, excluindo-se os valores mais alto e o mais baixo para VO2, produção de gás carbônico (VCO2), ventilação minuto (VE) e pressão expirató-ria de gás carbônico (PETCO2). Para sua determi-nação, tomava-se como referência o ponto no qual verifi cava-se um aumento exponencial da curva de ventilação minuto (VE), quando ocorresse um au-mento do VE/VCO2 ou quando ocorresse uma que-da na PETCO2 (19). Estudos têm verifi cado que a utilização de métodos combinados para determina-ção dos limiares ventilatórios resulta em maior acu-racidade(20). Antes de cada teste foram realizados os procedimentos básicos de calibração manual do sistema de espirometria através de um êmbolo de 3 litros e do sistema de analise de gases por meio de uma mistura de gases de conteúdo conhecido de acordo com as normas do fabricante.

ANÁLISE ESTATÍSTICAOs dados foram apresentados através da es-

tatística descritiva (média e desvio-padrão). A nor-malidade e dos dados foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk (p > 0,05). Foi utilizado Teste t de Student para amostras dependentes para compa-rar os resultados obtidos no TD realizado antes e depois do teste de esforço físico. As variáveis que não apresentaram normalidade foram comparadas através do Teste de Wilcoxon. Para verifi car a cor-relação entre as variáveis analisadas foi utilizada a Correlação Linear Produto Momento de Pearson, para os dados que apresentaram normalidade, e a Correlação Linear de Spearman, para as variáveis ordinais (classifi cação das equipes na competição de CA) e aquelas que não apresentaram normali-

dade. O nível de signifi cância adotado foi p < 0,05. O pacote estatístico utilizado foi o SPSS v.s. 14.0 for Windows.

RESULTADOSNa Tabela 1, podemos verifi car os resultados

da estatística descritiva dos valores de idade e de condicionamento físico. Na Tabela 2, podemos ve-rifi car os valores médios dos resultados do TD1 e TD2 (p < 0,05). Todas as variáveis verifi cadas apre-sentaram normalidade (p > 0,05), com exceção das variáveis.

ACERTOS_1 e PERF_2.TABELA 1 e TABELA 2

Nossos resultados apresentaram fracos coefi -cientes de correlação (p > 0,05) entre o desempenho das equipes de CA em competição com o VO2máx (r = -0,32) e as variáveis avaliadas durante o 2ºLV

TABELA 1: VALORES INDIVIDUAIS, MÉDIA E DESVIO-PADRÃO DA IDADE E DAS VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS E DESEMPENHO DOS NAVEGADORES E DE SUAS EQUIPES EM COMPETIÇÃO

Indivíduos Idade VO2máx VO2_2oLV %_2ºLV Temp_2ºLV DES

1 30 47,5 39,2 82,5 7:10 1º

2 28 46,3 38,1 82,3 8:30 3º

3 31 52,7 50,0 94,9 9:22 4º

4 36 46,7 42,6 91,2 7:10 5º

5 23 51,0 48,3 94,7 9:05 7º

6 27 51,0 44,9 88,1 9:35 8º

7 25 44,8 42,6 95,1 9:40 12º

8 21 46,3 42,1 90,9 7:51 16º

Média dp 27,6 4,8 48,3 2,9 43,5 4,1 90 5,3 8:32 1:02 ___ 1

VO2máx: consumo máximo de oxigênio (ml*kg*min-1); VO2_2oLV: consumo de oxigênio

correspondente ao segundo limiar ventilatório (ml*kg*min-1); %_2ºLV: percentual do

VO2_2oLV em relação ao VO2máx (%); Temp_2ºLV: tempo de teste correspondente ao

segundo limiar ventilatório (min:seg); DES: desempenho das equipes na competição.

TABELA 2: MÉDIA E DESVIO PADRÃO DAS VARIÁVEIS OBTIDAS DURANTE TESTE DE TOMADA DE DECISÃO REALIZADO ANTES (TD1) E DEPOIS (TD2) DO TESTE DE ESFORÇO FÍSICO DOS NAVEGADORES

Variáveis TD1 TD2

PONTOS (unid) 18974,4 4149,0 22085,3 4699,4 *

NÍVEL (unid) 189,4 1,9 190,0 1,5

ACERTOS (unid) 55,0 9,9 62,0 12,2 *

ERROS (unid) 103,2 14,2 125,3 27,8 *

PERF (%) 32,8 2,7 33,4 4,1 Pontos atingidos (PONTOS); Nível de dificuldade (NÍVEL); Total de acertos

(ACERTOS); Total de erros (ERROS); Performance (PERF). * p < 0,05.

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dos navegadores (VO2_2ºLV: r = 0,25; %_2ºLV: r = 0,45 e Temp_2ºLV: r = 0,44). Resultados semelhan-tes foram encontrados entre as variáveis avaliadas no teste de esforço e os parâmetros dos testes de TD (TABELA 3). Bons coefi cientes foram encontra-dos em relação a idade dos navegadores com os parâmetros obtidos no TD2 e com o desempenho das equipes em competição (p < 0,05) (FIGURA 1).

TABELA 3 e FIGURA 1

DISCUSSÃOO presente estudo teve como objetivo verifi car

se existe relação entre o desempenho de tomada de decisão, avaliado antes e após um teste de es-forço máximo com variáveis cardiopulmonares de desempenho físico, idade dos navegadores e de-sempenho de suas equipes. Nossos achados indi-cam que, apesar da importância de uma prepara-ção física adequada para as exigências das provas de CA, o desempenho fi nal das equipes em uma competição pode sofrer signifi cativa infl uência da experiência e do desempenho do navegador.

De uma forma geral, o VO2máx e o 2ºLV têm sido apontados como importantes marcadores fi sio-lógicos de desempenho em esportes de longa dis-tância(21-23). Em estudos anteriores, foram encontra-das boas correlações entre VO2máx e desempenho em corredores universitários (r = -0,76) (14), atletas de triatlo masculinos (r = -0,84) (24) e femininos (r = -0,88) (17). Em relação ao 2ºLV, a maior parte dos estudos tem encontrado boas correlações com de-sempenho ao analisarem o VO2_2oLV de triatletas

TABELA 3: COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS IDADE, VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS E DE DESEMPENHO DOS NAVEGADORES DURANTE TESTE DE TOMADA DE DECISÃO (TD) REALIZADO ANTES (TD1) E DEPOIS (TD2) DO TESTE FÍSICO E DESEMPENHO DAS EQUIPES EM COMPETIÇÃO

1

Variáveis Idade VO2_2ºLV VO2máx ACERTOS

TD1

ERROS

TD1

ACERTOS

TD2

ERROS

TD2

Idade ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

VO2_2ºLV -0,06 ____ ____ ____ ____ ____ ____

VO2máx 0,07 0,81* ____ ____ ____ ____ ____

ACERTOS_TD1 -0,50 -0,32 0,05 ____ ____ ____ ____

ERROS_TD1 -0,66 -0,25 -0,07 0,89** ____ ____ ____

ACERTOS_TD2 -0,86** 0,20 0,16 0,80* 0,82* ____ ____

ERROS_TD2 -0,77* 0,38 0,17 0,45 0,61 0,92** ____

DES -0,71* 0,25 -0,32 -0,07 0,05 0,15 0,52

VO2_2oLV: consumo de oxigênio correspondente ao segundo limiar ventilatório (ml*kg*min-1); VO2máx: consumo máximo de oxigênio (ml*kg*min-1); Total de acertos (ACERTOS); Total de erros (ERROS); DES: desempenho das equipes na competição. * p<0,05. ** p<0,01

FIGURA 1: CORRELAÇÃO ENTRE IDADE E VARIÁVEIS OBTIDAS DURANTE TESTE DE TOMADA DE DECISÃO (TD) REALIZADO APÓS TESTE DE ESFORÇO FÍSICO (TD2) E DESEMPENHO DAS EQUIPES EM COMPETIÇÃO

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(r = -0,88) (14), o %_2ºLV de maratonistas (r = -0,85) (15) e a Vel_2ºLV tanto de corredores (r = -0,96) (16) e (r = -0,89) (17) como de triatletas (r = -0,81) (14). Isto se deve, principalmente, por permitir ao atleta retardar a intervenção do metabolismo anaeróbio durante o aumento da intensidade de trabalho(15). Esta característica se mostra relevante, quando os atletas competem em provas onde a mudança de intensidade é constante, como é o caso de corre-dores de cross-country(25). No caso das CA, a im-portância de um alto 2oLV se fará presente, tam-bém, em momentos onde os terrenos com grandes desníveis e obstáculos naturais exigirão dos atletas executar curtas explosões de grande intensidade que necessitem de um rápido acesso a um grande volume de energia ou, então, evitar a diminuição do ritmo dos atletas durante a prova(11). Esta afi rmação corrobora, para a importância de um alto 2oLV no desempenho fi nal das equipes nestas competições.

Nossos resultados, entretanto, apresentaram fracos coefi cientes de correlação entre o VO2máx e as variáveis avaliadas durante o 2ºLV dos navega-dores com o desempenho de suas equipes. Resul-tados semelhantes foram encontrados nos estudos de Gorski et al.(13) que avaliaram as seis melhores equipes classifi cadas em um circuito composto por 5 etapas diferentes de CA. Neste estudo, 24 atletas de CA foram submetidos a um teste progressivo até a intensidade máxima em esteira. Os valores en-contrados apresentaram fraca correlação do con-dicionamento físico dos atletas avaliados (VO2máx: r = -0,34; VO2_2ºLV: r = -0,22; %_2ºLV: r = -0,14; Temp_2ºLV: r = -0,18) e dos navegadores (VO2máx: r = -0,31; VO2_2ºLV: r = -0,31; %_2ºLV: r = -0,43; Temp_2ºLV: r = -0,52) com o desempenho das equipes (p > 0,05). Podemos atribuir esses resul-tados a multidisciplinaridade do esporte, pois além da exigência de adequado condicionamento físico em diversas modalidades, a irregularidade da prova em relação ao terreno e à duração exige dos atle-tas uma preparação diferenciada, composta pelo desenvolvimento de diversos tipos de habilidades técnicas, diminuindo o volume do treinamento para uma modalidade específi ca, ao contrário do que acontece com corredores, ciclistas, triatletas e atle-tas de CO(13).

Em outros estudos, o condicionamento físico foi

relacionado, com a resposta psicofi siológica e com a tomada de decisão. Esses estudos demonstram que o condicionamento aeróbio pode interferir favo-ravelmente no desempenho técnico, nos aspectos cognitivos e emocionais, assim como nas respostas fi siológicas ao estresse físico e mental(4,5-8). Segun-do estes autores, os indivíduos com melhor condi-cionamento sofrem menores níveis de estresse e podem apresentar melhor desempenho cognitivo, técnico e fi siológico. A CA tem como uma de suas principais modalidades a orientação, o que torna esses fatores ainda mais infl uentes no desempe-nho da competição.

Duarte et al.(7) compararam a reatividade ao es-tresse através do nível de condutibilidade da pele (NCP) durante a realização de um teste de estresse entre dois grupos de militares com níveis de con-dicionamento aeróbio diferentes, avaliado através dos valores de VO2máx. Eles encontraram que os indivíduos bem condicionados apresentaram uma menor reatividade simpática, avaliada pelo NCP, tanto em repouso quanto durante a apresentação do estímulo estressor. De forma semelhante, Ribas e Ribeiro(8) não encontraram diferenças signifi cati-vas quanto às respostas do TD de pilotos de heli-cópteros militares divididos pelo nível de condicio-namento físico, no entanto, o custo cardíaco relativo de trabalho (CCRelT) obtido por meio da freqüência cardíaca durante vôos de helicóptero, apresentou resposta signifi cativa entre os grupos, sugerindo uma maior reatividade cardíaca ao estresse e um maior desgaste metabólico como resposta anteci-patória à fadiga no grupo de menor preparo físico.

Boutcher et al.(26) avaliaram a resposta cardio-vascular a desafi os mentais em indivíduos idosos aerobicamente treinados e destreinados. Apesar dos resultados do teste psicológico não mostrarem diferenças signifi cativas entre os grupos, foram encontrados valores de freqüência cardíaca mais baixa nos indivíduos treinados e as mudanças na pressão diastólica e na pressão sistólica durante os desafi os mentais foram, signifi cativamente, maio-res nos indivíduos não treinados.

Ando et al.(27) determinaram se o tempo de rea-ção (TR) do campo visual periférico aumentava du-rante exercício intenso acima do limiar ventilatório e verifi caram a relação entre a capacidade aeróbia e

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o aumento do TR durante o exercício exaustivo. O TR do campo visual periférico aumentou, signifi cati-vamente, durante o exercício intenso acima do 2ºLV quando comparado com os valores avaliados em repouso. Além disso, o aumento do TR do campo visual periférico durante o exercício de alta inten-sidade foi inversamente proporcional ao VO2máx, demonstrando que a alta capacidade aeróbia ate-nuaria o aumento do TR do campo visual periféri-co durante o exercício exaustivo. Estes resultados poderiam, de alguma forma, indicar que pessoas melhores treinadas poderão ter mais facilidade e rapidez também na tomada de decisão, visto que sofreriam menor perda de TR, o que poderia estar relacionado com um melhor desempenho competi-tivo. Dessa forma, os níveis de estresse e a percep-ção espacial do indivíduo poderiam ser infl uencia-dos pela capacidade aeróbia do indivíduo.

De acordo com estes estudos, o condiciona-mento físico poderia favorecer um melhor desem-penho na tomada de decisão do navegador, visto ser esta uma condição bastante infl uenciada pela experiência do atleta na orientação durante uma competição, assim como, pelo seu preparo psico-lógico e cognitivo. No entanto, analisando os re-sultados do presente estudo foram encontradas fracas correlações entre todos os resultados dos TD1 e TD2 com o condicionamento físico (TABELA 3). Conforme esses resultados, o desempenho dos navegadores nos TDs e das suas equipes durante a competição parece não ter sido infl uenciada pe-las diferenças existentes no condicionamento físico destes atletas.

Neste sentido, nossos resultados concordam com os estudos de Moyna et al.(28). Eles compa-raram as respostas neuroendócrinas durante um estresse psicológico severo com a capacidade aeróbia de indivíduos treinados aerobicamente, moderadamente ativos e sedentários. Não foram encontradas diferenças entre os grupos no estado pré e após o teste. Isso demonstra que pequenas alterações neuroendócrinas em resposta ao es-tresse psicológico são independentes do nível de capacidade aeróbia. Da mesma forma, Spalding et al.(29), analisaram o período cardíaco e a arritmia sinusal respiratória de indivíduos treinados e des-treinados durante e após três testes psicológicos.

Os resultados mostraram que homens treinados e não treinados não obtiveram diferenças na percep-ção ao estresse, o que indica que alta capacidade aeróbia não trouxe benefícios em termos de redu-ção na sensação subjetiva ao estresse durante e após os testes psicológicos.

Da mesma forma que as relações entre o con-dicionamento físico e os resultados do TD1 e TD2, as correlações destas com o desempenho na com-petição de CA não foram signifi cativas (TABELA 3) (p > 0,05). Sob um ponto de vista, isso pode signi-fi car a baixa contribuição da tomada de decisão no desempenho fi nal das equipes de CA. No entanto, sabemos na prática que uma navegação efi ciente pode representar quilômetros ou horas de prova a menos para os integrantes de uma equipe de CA.

Outra possibilidade é que o TD utilizado neste estudo pode não ser o mais adequado para esse tipo de população. Tanto o tipo de teste como os critérios utilizados em relação ao tempo de duração ou ao grau de difi culdade escolhido podem não ter sido sufi cientes para determinar um comportamen-to semelhante ao vivenciado pelos navegadores durante uma competição. No entanto, este teste foi aplicado, anteriormente, em militares para verifi car a relação dos resultados no TD com seu condicio-namento físico(7,8), podendo ser considerado rele-vante para o tipo de população do presente estudo, devido à semelhança nas atividades realizadas.

Outro fator que pode ter infl uenciado na baixa relação dos resultados no TD com o desempenho nas provas foi o tipo de teste de esforço físico apli-cado entre os TDs, visto que a duração do teste de esforço progressivo máximo em esteira gira em torno de 8 a 12 min. Isso representa um estresse físico diferente para os atletas avaliados em relação à realidade do esporte. Possivelmente, o aumento do tempo do teste físico realizado em intensidade contínua, assemelhando-se mais a pratica do es-porte, pudesse interferir nos resultados do TD2. Por exemplo, Reilly e Smith(30), verifi caram que o efeito da intensidade do exercício sobre a função mental de atletas de CO, avaliada através de pro-blemas aritméticos, pode ser representado por um “U invertido”, onde nas baixas e altas intensidades foram verifi cados os menores números de acertos. Os maiores números de acertos ocorreram durante

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exercícios realizados entre 25 e 70% do VO2máx. Por outro lado, apesar dos navegadores em nosso estudo terem realizado um teste progressivo má-ximo, os TDs foram realizados na situação de re-pouso após 3 min de recuperação. Esta situação assemelha-se, igualmente, as competições, pois em diversos momentos das provas os atletas ne-cessitam parar ou diminuir o ritmo para conferir a navegação. Além disso, o ritmo de prova nas com-petições não é sempre contínuo, em função dos obstáculos a serem transpostos e tarefas a serem realizadas pelos atletas.

Apesar dos resultados de correlação entre con-dicionamento físico e resultados dos TDs terem sido fracos, a associação encontrada entre a idade dos navegadores com o desempenho de suas equipes nas competições de CA foi boa (r = -0,71, p < 0,05). Da mesma forma, Gorski et al.(13) encontraram boa correlação entre o desempenho das equipes de CA em competições e a idade dos navegadores (r = -0,77). Apesar da idade mais elevada não repre-sentar, necessariamente, uma melhor preparação técnica ou experiência, esses resultados reforçam a importância que a navegação e a necessidade de superação de situações adversas têm dentro da competição, podendo ser considerado um fator re-levante em relação à predição do desempenho em CA.

Neste sentido, um navegador mais velho poderia apresentar maior tolerância ao estres-se, devido à maior experiência em navegação ou então a capacidade em administrar confl itos durante a prova. Dessa forma nos detivemos em avaliar a relação da idade dos navegadores com os resultados do TD, pois suas respostas cogniti-vas e emocionais durante situações estressantes e adversas podem infl uenciar o desempenho de toda a equipe. A responsabilidade pela tomada de decisão na orientação é um fator que poderia, também, infl uenciar no desgaste dos navegado-res mais jovens, gerando, possivelmente, maior estresse físico e mental em comparação com os outros competidores.

Em nosso estudo, os valores de idade dos navegadores e as variáveis do TD1, apresenta-ram baixas correlações (TABELA 3), demonstran-do pouca infl uência da idade sobre o TD execu-

tado antes do exercício físico. No entanto, foram encontrados bons valores de correlação entre os valores de idade e as variáveis do TD2, realiza-do depois do exercício físico (PONTOS_TD2: r = -0,84; ACERTOS_TD2: r = -0,86; ERROS_TD2: r = -0,77) (p < 0,01). Esses valores de correla-ção não se confi rmaram em relação a variável PERF_TD2 (r = -0,43). Neste sentido, os resul-tados do TD2, realizado após o teste de esforço físico apresentaram relação com a idade dos na-vegadores.

Apesar da maior quantidade de pontos e de acertos no TD2, os indivíduos jovens obtiveram, também, uma maior quantidade de erros (FIGURA 1). A relação entre PONTOS_TD2 e ACERTOS_TD2 com ERROS_TD2, foi forte e signifi cativa (r = 0,92, p < 0,01), para ambas as correlações. Verifi camos que o maior número de erros obtido no TD2 em comparação com TD1, pode signifi car uma maior quantidade de erros durante competi-ção, como efeito do cansaço físico e psicológico dos testes (p < 0,05) (TABELA 2). Isso signifi ca que, durante uma competição, o estresse cau-sado pelas exigências fi siológicas próprias do exercício, pelo ambiente hostil, pela privação de sono e pela função de navegação, seria melhor administrado pelos navegadores mais velhos, em virtude dos resultados encontrados no TD2.

Esses resultados indicam que os indivíduos mais jovens, apesar de terem acertado mais de-pois do teste físico, erraram mais do que os in-divíduos mais velhos. Em uma situação real, tal como uma competição, esse fato pode ser pre-judicial para o desempenho da equipe, pois um erro de orientação pode representar quilômetros e horas a mais em comparação a outras equipes com navegadores mais experientes, visto que os atletas mais velhos erraram menos perante um estímulo estressor. Portanto, mesmo que a quan-tidade de acertos e pontos dos mais jovens tenha sido melhor e signifi cativa, esse resultado não está sendo favorável em relação aos erros, pois em competições os erros na tomada de decisão, também, interferem no desempenho competiti-vo. No programa utilizado para avaliar o TD, a quantidade de erros não participa do cálculo dos resultados. Provavelmente, por esse motivo, a

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PERF_TD2 não apresentou diferença e nem cor-relação com a idade.

Em estudos realizados por Pesce et al.(31), foi verifi cado que atletas de orientação experientes e mais velhos apresentaram maior velocidade de reação e controle da atenção em comparação aos menos experientes. Eccles et al.(32), verifi caram que atletas de orientação mais experientes possuíam maior habilidade de consultar a carta topográfi ca durante deslocamento, enquanto que os menos ex-perientes precisavam parar mais vezes e por mais tempo. Essa habilidade foi atribuída a maior capaci-dade de concentração e atenção, variável que pode ser treinada e que pode aumentar o desempenho em esportes caracterizados pela multiplicidade e variação dinâmica de elementos. Para Guzmán et al.(33), a competência em realizar técnicas de orien-tação de forma efi ciente foi a variável primordial que diferenciou atletas de orientação de elite daqueles que não são elite.

CONCLUSÃO

Neste sentido, através da análise dos resulta-dos podemos observar que o condicionamento físico não é parâmetro exclusivo para a determinação do desempenho de atletas de CA. Apesar da necessi-dade de preparação fi siológica adequada a fi m de enfrentar o desgaste físico das provas, os aspectos psicológicos e a experiência do navegador parecem infl uenciar de forma signifi cativa no desempenho fi -nal da equipe. Isso pode ser explicado pelo fato da CA ser um esporte multidisciplinar, exigindo dos par-ticipantes um preparo não só fi siológico, mas tam-bém psicológico e cognitivo. Isso nos leva a crer que quanto mais experiente for o navegador, menos er-ros ele terá durante uma prova de CA, proporcionan-do um menor desgaste físico de todos os componen-tes da equipe. Isso pode ser bastante relevante, pois quem erra mais, percorre maiores distâncias e perde tempo em relação às outras equipes. Dessa forma, verifi camos que as equipes devem dar atenção em seu período de preparação não somente ao fator fi -siológico, mas, também, aos fatores envolvidos com a tomada de decisão e a prática da orientação no planejamento do treinamento para um melhor resul-tado nas competições.

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Revista de Educação Física (ISSN 0102 – 8464) Rio de Janeiro – p. 47-57 1. quadrim., 2013

COELHO, PALERMO, DUARTE, COERTJENS, KRUEL

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Universidade Federal do Piauí – Campus de ParnaíbaAvenida São Sebastião, 2819 - Reis VellosoParnaíba - PI - CEP: 64.202-020Fone: +55 (86) 33235209 - Fax: +55 (86) 33235125 e-mail: [email protected]@yahoo.com.br

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NORMAS DE PUBLICAÇÃO

INFORMAÇÕES GERAIS

A Revista de Educação Física é o periódiconacional mais antigo da área, com a sua primeiraedição datando o ano de 1932. Foi publicada,inicialmente, pela Escola de Educação Física doExército e, atualmente, é editada, trimestralmente,pelo Instituto de Pesquisa da Capacitação Física doExército.

Buscando acompanhar o acelerado ritmo dedesenvolvimento do conhecimento, a Revista deEducação Física tem como missão disseminar aprodução científica , por meio da publicação deresultados de pesquisas originais e de outras formasde documentos, que contribuam para o avanço docampo de estudos sobre a atividade física e suarelação com a saúde e o desempenho.

Além de sua versão impressa, distribuídagratuitamente a Bibliotecas de Universidadesde todo Brasil e do exterior, a REF possui versãoon-line, que pode ser acessada pelo sitewww.revistadeeducacaofisica.com.br, onde estãodisponibilizados, gratuitamente, todos os artigos jápublicados por este veículo de informação, desdesua criação.

TRABALHOS PARA PUBLICAÇÃO

Serão consideradas para publicação as seguintescategorias de trabalhos:

Artigos originais: relacionados à temáticacentral da revista, apresentados sob a forma deensaios ou relatórios resultantes de pesquisacientífica, mostrando dados originais de descobertasexperimentais ou observacionais.Devem conter umaanálise descritiva e dados próprios. Cada ediçãodeverá ter, no mínimo, 50% de artigos originais.

Artigos de revisão: artigos que delineiam oestado atual de conhecimento em uma áreaespecífica e oferecem uma análise crítica atualizadado tópico abordado. Resumem, analisam, avaliam esintetizam artigos originais já publicados.Apresentam uma síntese e uma análise crítica daliteratura analisada.

Artigos de atualização: relatam informaçõesatuais sobre o tema, uma nova técnica ou método,sem apresentar análise crítica da literatura.

Relatos de caso: apresentam dados descritivos,explorando um método ou problema, através de umexemplo. Devem conter as características doindivíduo analisado, tais como sexo e idade, ediscutir os resultados encontrados.

Resumos: serão publicados, na última edição doano, os resumos dos trabalhos apresentados noSimpósio Internacional de Atividades Físicas do Riode Janeiro.

NORMAS DE SUBMISSÃO

A Revista de Educação Física (REF) adota asregras da “Uniform Requirements for ManuscriptsSubmitted to Biomedical Journals (InternationalCommittee of Medical Journal Editors)”, disponívelna internet, no endereço http://www.icmje.org.

Os artigos submetidos à REF só serãoconsiderados para publicação caso não tenham sidopublicados e não estejam em processo de avaliaçãopara publicação em outro periódico.

Os artigos que contiverem figuras ou tabelas, jápublicadas em outro local, deverão seracompanhados de cópia do material original e dapermissão por escrito para reprodução do material.

A aceitação dos artigos está condicionada à suaavaliação pelos corpos editorial e consultivo darevista. Os trabalhos serão avaliados por doisrevisores, com experiência e competênciaprofissional na respectiva área do trabalho, os quaisemitirão parecer fundamentado, que serão utilizadospelos editores para decidir sobre a aceitação domesmo.

Os trabalhos serão analisados em sistema blindreview, seguindo o processo descrito abaixo:

1. Análise da forma, da linguagem e daaderência às normas de publicação definidas pelocorpo editorial;

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2. Análise do conteúdo pelo corpo consultivo,quando serão julgadas a originalidade, arelevância, a validade e a qualidade do trabalho;

3. Caso necessário, retorno do artigo ao autor,com sugestões de modificações;

4. Reenvio à REF;

5. Aprovação, ou não, para publicação;

6. Publicação. A responsabilidade pelasafirmações e opiniões contidas nos trabalhoscaberá inteiramente aos autores.

A REF deterá o direito de publicação dostrabalhos aceitos, com exclusividade. A REFreserva-se o direito de recusar qualquer artigo quejulgue não adequado para publicação. Caberessaltar, ainda, que os artigos serão publicadosgratuitamente, não havendo nenhuma forma deressarcimento e que o primeiro autor de cadatrabalho publicado receberá três exemplaresgratuitos da revista, no endereço constante dotrabalho.

INSTRUÇÕES PARA ENVIO

Os artigos deverão ser enviados por e-mail,anexados a uma carta de apresentação,para [email protected] naseguinte forma:

• digitados em processador de texto compatívelcom o programa Microsoft Word (6.0 ou superior);

• anexados a uma mensagem eletrônicacontendo carta de encaminhamento.

A carta de encaminhamento, de conhecimento detodos os autores, deverá:

• informar o tipo de trabalho (artigo original, artigode revisão, artigo de atualização, relato de casoou resumo);

• conter uma declaração (termo deresponsabilidade) de que o trabalho foi lido eaprovado por todos os co-autores, de que oscritérios necessários para a declaração de autoria(http:/www.icmje.org) foram atendidos e que osdados do trabalho são verdadeiros;

• declarar a existência, ou não, de qualquerrelacionamento financeiro, ou outro, que possaprovocar conflito de interesse, explicitando omesmo, caso haja potencial conflito. Além disso,deve declarar, ao final do artigo, a existência doconflito de interesse;

• conter nome, endereço e/ou telefone, fax ee-mail do primeiro autor para correspondência.

Artigos que excedam a capacidade de envio pore-mail (contendo fotos e figuras, por exemplo)deverão ser enviados pelo correio, em CD para:

Instituto de Pesquisa da Capacitação Física doExército (IPCFEx)Revista de Educação FísicaAv João Luís Alves, s/nºFortaleza de São João - UrcaCEP 22291-090 - Rio de Janeiro - RJ

FORMA DOTEXTO

1. Configuração da página: formato A4, espaçoduplo, fonte Arial tamanho 12, todas as margens 2,5cm. O título com os dados dos autores, resumo eabstract devem estar em folhas independentes,nessa ordem. As páginas devem ser numeradas nocanto superior direito, a partir da folha de resumo,iniciando pelo número 2.

2. Número de laudas: até 20, incluindo asreferências bibliográficas e não compreendendo apágina título, nem as folhas de resumo e abstract.

3. Página título: deverá conter o título dotrabalho, em fonte Arial tamanho 14, em negrito,seguido dos nomes, por extenso, dos autores, semqualificação ou titulação, nomes das instituições edepartamentos de vínculo dos autores, com cidade eestado. Caso sejam instituições diversas, devem serapresentadas referências numeradas e sobrescritas,após o nome de cada autor, indicando-se asinstituições abaixo do nome de todos os autores. Napágina de título, deve constar, ainda, endereço,telefone/fax (opcional) e e-mail dos autores, em fonteArial 12.

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Tomar como exemplo:

Nome Completo do 1º autor1

Nome Completo do 2º autor 2

1 - Instituição do 1º autor - Cidade - Estado - País.

2 - Instituição do 2º autor - Cidade - Estado - País.

O título não deve exceder 15 palavras, contendoinformação suficiente para que o leitor tenha boanoção sobre o que será abordado.

4. Resumo e Abstract: deverão serapresentados em laudas independentes.O resumo eo título do artigo consistem na apresentação inicialdo material escrito ao leitor e, portanto, devem serredigidos elegantemente, sendo um convite à leitura.Devem ser claros, não economizando informações.O resumo deverá respeitar o limite de 300 palavras.Em um único parágrafo, o resumo deve relatar umbreve histórico da situação problema, especificar oobjetivo do trabalho, a metodologia, os principaisachados e a conclusão. Ao final, devem serapontadas entre três a seis palavras-chave quefacilitem a identificação do artigo em um indexadorde periódicos, de acordo com a área de interesse,utilizando-se o vocabulário controlado Decs –Descritores em Ciências da Saúde (Bireme),acrescidos de outros termos, quando necessário. Apágina de abstract deverá conter a versão do títulodo trabalho, do resumo, bem como daspalavras-chave, em inglês.

5. Corpo do trabalho

Os títulos deverão figurar em caracteresmaiúsculos, centralizados e em negrito, enquanto ossubtítulos deverão figurar apenas com iniciaismaiúsculas, alinhados à esquerda e em negrito.

O trabalho deve conter a seguinte estrutura:Introdução, Metodologia, Resultados, Discussão,Conclusão e Referências Bibliográficas. Em caso denecessidade de agradecimentos, estes devemaparecer antes das Referências Bibliográficas.

As notas de rodapé deverão ser evitadas.

As abreviaturas e símbolos deverão ser definidosno momento da primeira aparição no texto.

As unidades de medida utilizadas devem estar deacordo com o Sistema Internacional de Medidas.

No texto, números menores que 10 são escritospor extenso, enquanto que números de 10 em diantesão expressos em algarismos arábicos.

As referências a autores, ao longo do texto, devemser numeradas em ordem crescente, a partir daprimeira citação, em algarismo arábico e entreparênteses, correspondendo ao número do autor eobra relacionado na listagem das referênciasbibliográficas, conforme as Normas de Vancouver(International Committee of Medical Journal Editors).

Introdução: deve conter (1) justificativa objetivapara o estudo, com referências pertinentes aoassunto, sem realizar uma revisão extensa; (2)objetivo do artigo.

Metodologia: deve conter (1) descrição clara daamostra utilizada; (2) declaração, em artigosoriginais que envolvam experimentação, do uso dotermo de consentimento para estudos envolvendohumanos e de que houve aprovação prévia peloComitê de Ética; (3) identificação dos métodos,instrumentos (fabricantes, ano de fabricação entreparênteses) e procedimentos utilizados, de modosuficientemente detalhado, de forma a permitir areprodução dos resultados pelos leitores; (4)descrição breve e referências de métodospublicados, mas não amplamente conhecidos; (5)descrição de métodos novos ou modificados; (6)quando pertinente, incluir a análise estatísticautilizada, bem como os programas utilizados.

Resultados: devem conter (1) apresentação dosresultados em seqüência lógica, em forma de texto,tabelas e figuras, evitando repetição excessiva dedados; (2) enfatizar somente observaçõesimportantes.

Discussão: deve conter ênfase nos aspectosoriginais e importantes do estudo, evitando repetirem detalhes dados já apresentados na Introdução enos Resultados, confrontando-os com os dados daliteratura.

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Conclusão: deve conter (1) conclusões quepodem ser tiradas a partir do estudo e dos objetivospropostos; (2) recomendações e implicações parafuturos estudos, quando relevantes.

Agradecimentos: devem conter (1) contribuiçõesque justifiquem agradecimentos, mas não autoria; (2)fontes de financiamento e apoio de uma forma geral.

Referências bibliográficas: Devem ser listadosapenas os autores mencionados no texto,obedecendo às normas recomendadas peloInternational Comittee of MedicalJournals(http:/www.icmje.org). As referências devemser numeradas em algarismos arábicos,sucessivamente, pela ordem em que sãomencionadas pela primeira vez no texto. Asreferências devem ser identificadas, no texto, nosquadros e nas legendas, por algarismos arábicos,entre parênteses, conforme preconiza a Norma deVancouver. Referências citadas apenas em quadrosou em legendas de figuras devem ser numeradas deacordo com a seqüência estabelecida pela primeiraidentificação no texto de cada tabela ou figura. Deveser evitado o uso de resumos, “comunicaçõespessoais” ou “observações não publicadas” comoreferência.

Os títulos dos periódicos devem ser abreviados deacordo com o Index Medicus (List of JournalsIndexed: http://www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html).Se o periódico não constar dessa lista, colocar onome por extenso.

O estilo das referências bibliográficas deve seguiras regras do Uniform Requirements for ManuscriptsSubmitted to Biomedical Journals (InternationalCommittee of Medical Journal Editors.Uniformrequirements for manuscripts submitted tobiomedical journals. Ann Intern Med 1997; 126:36-47; http://www.icmje.org). Alguns exemplos maiscomuns são mostrados abaixo:

1) Artigo padrão em periódico (listar os autores,explicitando o último nome de cada autor, seguidodas iniciais dos nomes restantes, sem utilização depontos nas abreviaturas; se o número ultrapassarseis, colocar os seis primeiros, seguidos por et al.):

You CH, Lee KY, Chey RY, Mrnguy R.Electrocardiographic study of patients withunexplained nausea, bloating and vomiting.Gastroenterology 1980;79:311-4.

Goate AM, Haynes AR, Owen MJ, Farrall M,James LA, Lai LY, et al. Predisposing locus forAlzheimer’s disease on chromosome 21. Lancet1989;1:352-5.

2) Autor institucional:

The Royal Marsden Hospital Bone-MarrowTransplantation Team. Failure of syngeneicbone-marrow graft without preconditioning inpost-hepatitis marrow aplasia. Lancet 1977;2:742-4.

3) Livro com autores responsáveis por todo oconteúdo:

Colson JH, Armour WJ. Sports injuries and theirtreatment. 2nd rev ed. London: S. Paul; 1986.

4) Livro com editor(es) como autor(es):

Diener HC, Wilkinson M, editors. Drug-inducedheadache. NewYork: Springer-Verlag; 1988.

5) Capítulo de livro:

Weinstein L, Swartz MN. Pathologic properties ofinvading microorganisms. In: Sodeman WA Jr,Sodeman WA, editors. Pathologic physiology:mechanisms of disease. Philadelphia: Saunders;1974. p. 457-72.

6) Internet:

Newell R, Clarke M. Evaluation of a self-helpleaflet in treatment of social difficulties followingfacial disfigurement. Int J Nurs Stud [serial online]2000; 37:381-8. Disponível em:http://www.elsevier.com/locate/ijnurstu (19 mar.2001)

Tabelas e Figuras: devem ter uma boa qualidadede impressão. Deverão ser impressos em laudasseparadas e apresentados apenas com linhashorizontais simples.

No texto, recomenda-se a marcação em letrasmaiúsculas do local onde deverão ser inseridos.

TABELAS: deverão ser numeradas comalgarismos arábicos na seqüência da apresentação

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(TABELA 1,TABELA 2).Sempre que citadas no texto,devem aparecer em letras maiúsculas. A utilizaçãode tabelas de outros autores deve ter a fonte citada.Cada tabela deve possuir um título sucinto,apresentado na parte superior, centralizado e emmaiúsculas, em fonte Arial, corpo 12. Deve conterlegendas explicativas, apresentadas abaixo databela, centralizadas, em fonte Arial, corpo 10. Astabelas devem ser elaboradas em espaço 1,5,devendo ser planejadas para ter como largura uma(8,7cm) ou duas colunas (18cm). Não deverão serutilizadas linhas verticais. Se necessário, poderá serutilizado espaço entre as colunas, ao invés de linhasverticais. Anotações nas tabelas deverão serindicadas por asteriscos. A tabela deve contermedidas centrais e medidas de dispersão(DP, EPM, etc.), não apresentando casas decimaisirrelevantes. As abreviaturas utilizadas nas tabelasdevem estar de acordo com as utilizadas no texto.Oscódigos de identificação de itens da tabela devemestar listados na ordem de surgimento no sentidohorizontal e devem ser identificados pelos símbolospadrão.

FIGURAS E GRÁFICOS: as figuras constituemilustrações, fotografias, etc. Tanto as FIGURAS,quanto os GRÁFICOS, serão numerados comalgarismos arábicos, na seqüência da apresentação(FIGURA 1, FIGURA 2, GRÁFICO 1, GRÁFICO 2).Sempre que citados no texto, devem aparecer em

letras maiúsculas. A utilização de figuras ou gráficosde outros autores deve ter a fonte citada. Devempossuir um título sucinto, apresentado na partesuperior, centralizado e em maiúsculas, em fonteArial, corpo 12. Devem conter legendas explicativas,centralizadas abaixo da figura ou do gráfico, em fonteArial, corpo 10.Serão aceitas fotos, figuras e gráficosem preto-e-branco. Figuras ou gráficos coloridospoderão ser publicados quando forem essenciaispara o conteúdo científico do artigo. Figuras egráficos coloridos poderão ser incluídos na versãoeletrônica do artigo. Os desenhos das figuras devemser consistentes e tão simples quanto possível. Nãoutilizar tons de cinza. Todas as linhas devem sersólidas. Para gráficos de barra, por exemplo, utilizarbarras brancas, pretas, com linhas diagonais nasduas direções, linhas em xadrez, linhas horizontais everticais. As figuras e os gráficos devem serimpressos com bom contraste e largura de umacoluna (8,7cm) no total. Utilizar fontes de no mínimo10 pontos para letras, números e símbolos, comespaçamento e alinhamento adequados. Asabreviaturas utilizadas devem estar de acordo comas apresentadas no texto. Quando a figurarepresentar uma radiografia ou fotografia, sugerimosincluir a escala de tamanho quando pertinente. Paraatender às necessidades de diagramação oupaginação, as ilustrações poderão ser reduzidas.

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