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Page 1: EDUCADORES PAULISTAS E SUAS MEMÓRIAS SOBRE A REVOLUÇÃO DE … · 1 EDUCADORES PAULISTAS E SUAS MEMÓRIAS SOBRE A REVOLUÇÃO DE 1932 Zeila de Brito Fabri Demartini UMESP – CERU

1 EDUCADORES PAULISTAS E SUAS MEMÓRIAS SOBRE A REVOLUÇÃO DE

1932

Zeila de Brito Fabri Demartini UMESP – CERU – CNPq

Essa comunicação busca analisar como, nas décadas de 1920 e 1930, paralelamente à estruturação da carreira do magistério primário paulista, os profissionais da educação desse período se posicionaram e atuaram em diferentes segmentos do sistema educacional e sua inserção nos movimentos políticos que caracterizaram essas duas décadas.

Por tratar-se de período em que no contexto paulista (especialmente na metrópole de São Paulo) ocorreram intensos movimentos revolucionários que permearam o campo educacional, pode-se investigar quais foram as vivências dos educadores que atuaram nesse período. Focalizamos nossa atenção especialmente no período da Revolução Constitucionalista de 1932, um dos mais importantes e dramáticos acontecimentos da história republicana brasileira. (REVOLUÇÃO, 2004).

Não se trata de um evento qualquer, mas de movimento político que até hoje é comemorado com pompa no Estado de São Paulo, principalmente no dia 9 de julho, que marca o início da “Revolução Constitucionalista de 1932”. Das comemorações, que inclui uma parada militar, participam veteranos e autoridades atuais dos governos estadual e municipal. Além de ser decretado ponto facultativo nas instituições públicas do estado de São Paulo, o evento também é lembrado pelos jornais. A Folha de São Paulo, em 9 de julho de 2005, explicava aos leitores:

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento do Estado de São Paulo contra o governo Getúlio Vargas (1930-1945), pleiteando que o presidente convocasse uma Assembléia Constituinte.

O movimento, conhecido como MMDC pela morte dos estudantes Martins, Miragaia, Drausio e Camargo em maio do mesmo ano, teve impulso a partir do dia 9 de julho, quando os revolucionários decidiram pegar em armas e convocar voluntários.

Em três meses de combate, 830 soldados foram mortos e a revolução, que tinha apenas cerca de um terço das tropas federais (35 mil contra 100 mil soldados), acabou derrotada.

Seus ideais, no entanto, não foram esquecidos e, em maio de 1933, Vargas convocou uma Assembléia Constituinte. Em 16 de julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição, que durou até 1937, quando Vargas deu início ao Estado Novo, que duraria até sua deposição em 1945. (REVOLUÇÃO, 2005, p. A 17).

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2 Sem entrar na discussão sobre os significados da comemoração dessa revolução no

estado de São Paulo, suas marcas no imaginário paulista (quando pergunto, em outros estados, o que conhecem sobre a Revolução de 1932, os professores, em geral, parece que estão ouvindo falar do assunto pela primeira vez), é preciso considerar que ela representou um movimento importante na política nacional

Expressão da insatisfação dos paulistas com a Revolução de 1930, o movimento serviu, essencialmente, para convencer o Governo Provisório de Getúlio Vargas da necessidade de por fim ao caráter discricionário do regime sob o qual vivia o país, o que só aconteceria quando a constituição de 1890, tornada sem efeito, fosse substituída por outra. A 9 de julho de 1932 eclodiu na capital paulista a Revolução Constitucionalista, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, o mesmo do levante de 1924. (CPDOC, 2004).

Alguns autores que estudaram mais detidamente esse período, consideram que há ainda muito a ser esclarecido sobre o mesmo. Assim, Borges (1997) assinala:

(...) Todos os cursos de história que fiz terminavam com a proclamação da República, com a decoração de sua lista de presidentes; até minha graduação, os professores ensinavam a história do Brasil somente até 1930. O período da história política brasileira e paulista de que aqui tratamos situa-se ainda hoje numa “zona de penumbra”, essa “terra-de-ninguém no tempo”, entre a história e a memória, como fala o historiador inglês Eric Hobsbawm. Cada indivíduo tem em sua mente – não de modo formal, é claro – uma história de sua própria vida consciente; desse passado histórico próximo, muitos participantes estão entre nós, testemunhos vivos dos fatos que nos interessa pesquisar, e com os quais por vezes cruzamos deliberada ou ocasionalmente. (p. 66, grifo nosso).

Também Jeziel de Paula (1998), em importante estudo sobre o movimento de 1932,

em que coletou e analisou fotografias a ele referentes, também chama a atenção para o fato de que a bibliografia sobre o mesmo foi produzida muito mais por memorialistas do que historiadores e literatos (o que também indica o ensaio bibliográfico que compõem seu estudo). Há nessas obras, segundo os autores, tentativas diferentes de retratar os acontecimentos: a memória histórica dos vencedores, e que, segundo De Decca (1998, p. 17) acabaram se transformando na única verdade histórica sobre um passado não muito distante. E a dos vencidos, muitos deles veteranos da revolução. Como bem assinalou De Paula (1998):

Paradoxalmente, a Revolução Constitucionalista de 1932 – interpretada por muitos como um marco de nossa história republicana – permanece como um dos episódios menos conhecidos da história recente do Brasil. Tanto a análise das causas que levaram à guerra como o entendimento de suas conseqüências da sociedade continuam polêmicos e controvertidos, independente de críticas e revisões historiográficas. (p. 29-30, grifo nosso).

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3 O que nos interessa aqui são as implicações dos acontecimentos para o campo

educacional paulista e para os que dele participavam, especialmente os educadores. A revolução de 1932 contou com o apoio dos mais diversos setores da população

paulista, incluindo trabalhadores de diferentes atividades e etnias. Apenas para entender melhor, relembramos com um pouco mais de detalhes o que o movimento implicou para os paulistas; para tanto, transcreveremos aqui a síntese de De Paula (1998), que de alguma maneira está presente em outros autores (DONATTO, 1982; CAPELATO, 1981; CARNEIRO, 1965):

Felizmente alguns dados explicativos sobre o acontecimento podem ser considerados consensuais. Em grande parte, o movimento de 1932 foi gerado pelos inevitáveis desdobramentos do amálgama de interesses que fundia momentaneamente os múltiplos e contraditórios projetos da revolução liberal de outubro de 1930. A cisão militar no interior das Forças Armadas, a dissidência política no seio da Aliança Liberal, que detinha o poder no país, e a grande adesão social, com os voluntários civis e o suporte logístico fornecido pela população, bem como o fundamental apoio econômico dos setores produtivos (industriais e operariado), forneceriam aos trágicos eventos que se seguiram todas as características de uma guerra civil, terminologia, a meu ver, mais apropriada para denominar o episódio do que “revolução”.

Tais acontecimentos tiveram a duração de 85 dias (de 09 de julho a 02 de outubro de 1932). Geograficamente se desenvolveram, sobretudo, nos Estados de São Paulo e Mato Grosso (hoje dividido em Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Também ocorreram alguns episódios isolados no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Amazonas.

A guerra civil de 1932 assumiu em muitas ocasiões o aspecto de uma luta encarniçada e selvagem. Ódios, paixões e ideais inspiravam os dois lados a lançarem mão de quaisquer recursos para abater o adversário. O número de mortos em combate, somente do lado constitucionalista, somou cerca de 830 soldados, quase o dobro dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira que perderam a vida nos campos da Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

Se estabelecido um período de pouco mais de quatro décadas de nossa história abrangendo de 5 de julho de 1922 a 31 de março de 1964, e considerados seus incontáveis golpes, motins, revoltas, marchas, quarteladas, revoluções e intentonas, a guerra civil de 1932 traz como singularidade ser o único movimento que teve como bandeira uma luta armada a favor de um poder constituinte, ao contrário de todos os outros que, apesar de também terem como objetivo maior a “redenção” do Brasil, foram dirigidos contra um poder constituído. (p. 30-31).

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4 Também Borges (1997) apresentou uma interpretação desse período:

Depois de tanta leitura dos jornais da época, dos memorialistas e dos estudiosos do período, está bem claro para mim que, depois de outubro de 30, todos os políticos paulistas ficaram sem o poder e suas benesses, sem empregos, sem posições, sem imunidades e, sobretudo, ameaçados de não recuperar isso tudo. Estavam em meio a uma conjuntura de grave instabilidade política e a uma campanha de desvalorização dos políticos profissionais (cujo auge talvez vivamos em nossos dias) e imersos em séria crise econômica (pois é preciso ter sempre em mente a crise capitalista iniciada em 1929. (...) É preciso pensar esses políticos também como um grupo profissional, que defendia os interesses das auto-intituladas “classes conservadora”; naquele exato momento, estas se sentiam contrariadas e ameaçadas pela perda dos privilégios e do controle de decisões que exerciam antes de 1930. As elites paulistas procuraram até essa data, por meio da república federativa, garantir sua autonomia para a defesa de seus interesses. A posição de privilégio de São Paulo na desde então intitulada “República Velha” era algo incontestável; mas a perda da autonomia foi-se efetivando concretamente, pois o Governo provisório retirou do estado as receitas e o controle direto da economia cafeeira, embora tenha respondido a seus interesses mais diretos de proteger o produto. Outras isenções e taxas foram alteradas, e as manifestações contra a centralização eram constantes e muito fortes na imprensa; repetia-se quotidianamente: “São Paulo para os paulistas”. (p. 68-69).

O interessante material apresentado por De Paula (1998) em seu estudo explicitam o

teor das reivindicações dos paulistas, veiculadas sob a forma de propaganda política através dos principais jornais paulistas (principalmente A Gazeta, mas também Folha da Noite, Diário da Noite e outros). Assim: “De São Paulo partiu o brado de Independencia; de São Paulo também parte, agora, o brado pela Constituição” (A Gazeta, 11 de julho de 1932); “São Paulo dá ao Brasil o mais bello exemplo de civismo, levantando-se, uno, fremente de amor patrio, pela constitucionalização immedista do país”. (A Notícia, 11 de julho de 1932) (DE PAULA, 1998, p. 102-103).

Ao apoio dado pelos paulistas ao movimento, correspondeu uma rápida e violenta repressão pelo governo federal:

A guerra de posição, de trincheira, aliada à carência de soldados treinados e de armas e munições, deu tempo ao Govêrno para providenciar a repressão. Saber-se-ia depois que algumas fôrças sediadas no Rio de Janeiro só esperavam que os paulistas avançassem um pouco, de seu Estado, para ajudá-las atacando a retaguarda dos legalistas que

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5 tivessem sido enviados para combatê-los. Mas São Paulo não se julgou bastante forte para tentar a aventura de ir até o Rio. O mêdo de ter a retaguarda cortada pelo Exército e Polícia de Minas, falou mais alto. Góes e o próprio Getúlio não deixaram de assinalar o êrro que representou êsse não avanço, essa decisão, pois deu ao Govêrno Provisório o que êle mais precisava: tempo!

O Govêrno Provisório deslocou, assim, para o Vale do Paraíba, fôrças poderosas que ali fixaram os revolucionários. A situação estratégica ganhou um aspecto que recordava a guerra de trincheira da primeira grande conflagração mundial. Disputada palmo a palmo, a frente não possibilitava vitórias decisivas. A campanha seria resolvida na fronteira de Minas (altura da Mantiqueira) e nos limites com o Paraná (Itararé e Ribeira).

De todos os pontos do país, tropas foram mandadas contra são Paulo, pretextando os interventores que seus Estados ‘lutariam contra os italianos residentes na terra bandeirante que pretendiam fundar ali uma colônia fascista às ordens de Mussolini... (CARNEIRO, 1965, p. 403).

(...) Diziam os legalistas, principalmente os enviados do Norte, que a

sigla MMDC dos paulistas queria dizer ‘Mata Mineiro, Degola Carioca’. (CARNEIRO, 1965, p. 410).

As observações mais freqüentes sobre as implicações das revoluções de 1930 e

1932 para o campo educacional paulista referem-se às mudanças mais amplas nele provocadas. Assim, o fracasso com a hegemonia política perdida em 1930 e desperdiçada em 1932, teria resultado no florescimento da experiência universitária paulista (como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1934 e a Escola Livre de Sociologia e Política criada em 1933) (CARDOSO, 1982; MICELLI, 1987). Reproduzimos as importantes observações de Antonio Cândido (1958) a esse respeito:

A decepção e a amargura deixadas pelo malogro do movimento constitucionalista provocaram certa mobilização intelectual das classes dominantes possuídas então pela idéia de formar líderes, verdadeiros técnicos das coisas públicas, com formação intelectual capaz de os colocar à frente da economia e da política do Estado e da Nação. Esta disposição de espírito presidiu diretamente à fundação, em 1933, da Escola Livre de Sociologia e Política, onde se estabeleceu de modo duradouro o primeiro centro organizado de estudos sociológicos no país. A mesma ordem de idéias e sentimentos influiu na organização da Universidade de S. Paulo e na fundação em 1934, da sua Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Aqui, porém, de envolta com objetivos menos imediatos, e concepção educacional e científica mais ampla. Na escola de sociologia, as ciências humanas adquiriram realce de disciplinas predominantes e se focalizaram

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6 na formação de técnicos, com interesse concreto pela investigação da realidade, reforçado pelo mecenato que lhe dispensavam as grandes organizações do patronato industrial. Na faculdade de filosofia, as ciências humanas eram uma peça de conjunto vasto nele se entrosando, e derivando dessa inter-relação, ao lado de um sentido integrativo acentuado, acentuado pendor pela teoria, incentivado pelo caráter filosófico do ensino, de inspiração francesa. No mesmo sentido funcionou o Instituto de Educação, onde se inaugurou entre nós o ensino superior da sociologia educacional, e veio a fundir-se na Faculdade de Filosofia em 1938. (CANDIDO, 1958, p. 514, In: SECRETARIA Municipal de Cultura).

Pouco se trata, entretanto, dos demais segmentos do campo educacional,

especialmente de sua participação nesses movimentos. As questões que nos colocamos são: por que teriam os educadores (professores e diretores) dos níveis elementares do ensino participado? De que forma? Como visualizaram essa participação, anos mais tarde?

Para responder a essas questões, seriam necessárias consultas a vários arquivos e fontes; aqui, pretendemos apenas anotar algumas pistas que nos foram sugeridas em estudos anteriores (DEMARTINI, 1984; 1988; 1991). Nesses estudos, ao analisarmos as trajetórias de vida de educadores e educadoras que atuaram no campo educacional paulista nas décadas de 1920 e 1930, verificamos sua inserção nos movimentos políticos que caracterizaram essas duas décadas tão importantes na estruturação do campo educacional em São Paulo. Consideramos que ainda foi pouco explorada a questão da autonomia profissional do professor nesse período de regulamentação da profissão docente, assim como a “rebeldia” ao se oporem, enquanto profissionais, ao lado dos constitucionalistas paulistas, às determinações do governo federal. Essa questão foi fruto de reflexões sobre as memórias de educadores desse período, que nos alertaram para essa “especificidade” na estruturação do campo educacional e da profissão docente em São Paulo.

Com relação às memórias da educação sobre as questões pesquisadas, nossa discussão incorporou o conceito mais amplo de educação, isso é, abordamos as memórias sobre situações ocorridas nas escolas e em outros contextos não-escolares, pois se trabalha na intersecção do campo educacional com o campo político. (DEMARTINI, 2005).

Selecionamos alguns relatos para ilustrar essa participação, que aparece no processo de entrevistas como um acontecimento “natural”, isto é, do qual todos participaram naquele momento. Alguns foram convocados pelos órgãos superiores, outros se alistaram voluntariamente para participar da luta.

Um dos professores entrevistados, que se inscreveu como voluntário, lembra que: - Tomei parte na revolução. Ali está, não sei se está ali o retrato do meu... aquele é o meu diploma... - Eu fui no batalhão Floriano Peixoto com mais dois irmãos. Teve um... tive um irmão que perdeu um braço lá em Vila Queimada do lado do Rio

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7 de janeiro. Ele tinha 16 anos. Perdeu o braço lá, uma coisa... E hoje ele está no Ibirapuera, aí, nesse Monumento. - Eu estive preso numa porção de lugares. Eu estive 60 dias na Ilha... na Ilha Grande. No chão. Deitado numa esteira. Estou aqui ainda... - De modo que aquilo foi um movimento que nunca se repetirá mais na história de São Paulo. - Foi como voluntário? - Como voluntário do Batalhão Floriano Peixoto. E... interessante que agora pouco eu estava vendo... (procura alguma coisa) um rapaz que esteve lá... e que é muito amigo de um... Ele esteve lá... esse rapaz já morreu. Cardoso... mostrando alguma gravura... - Nelson Cardoso... - Esse aqui era da Livraria Saraiva, esse aqui é Almeida Prado, de Jaú... - e eles que desenhavam isso? - Esse ele desenhou. - então eu tenho essa experiência da revolução. Eu tenho medalha. Tenho medalha, tenho uma porção de... medalha, eu estou cheio aí de medalhas. E... então, o problema que me parece interessante é o seguinte: que alteraram completamente a filosofia do ensino, a maneira de ensinar. (AD).

Segundo esse professor, as mudanças decorrentes das revoluções de 1930 e 1932

para a educação paulista foram muito grandes: Este período de 30, até 32, aí, interferiu muito no ensino em São Paulo, professor? Qual é a opinião do senhor? - Bom, É... logo depois da revolução de 30, eu resolvi deixar, lá, o lugar que eu tinha, na Escola Normal de Santa Cruz do Rio Pardo, e vim para São Paulo, e era diretor do ensino o meu antigo professor de 1920, o professor Lourenço Filho. Na direção do ensino ele fez uma verdadeira revolução. Com biblioteca, cinema educativo, é... uma infinidade de coisas. Aqueles testes é... ABC, aquele livro que publicou – “Introdução ao Estudo da Escola Nova” etc. Então, até nós viemos para... quando eu vim para São Paulo nós nos reunimos dez anos depois do nosso, do tempo que ele foi nosso professor, nós fomos visitá-lo na rua Bahia, onde ele morava, e ele nos recebeu muito bem lá e nos deu, a cada um de nós, um livro dele chamado “Juazeiro do Padre Cícero”, que é um livro muito bonito, muito interessante. Então houve, com a revolução, houve aquela mudança muito grande de tudo quanto se fazia na escola. Primeiro, ele mudou o nome da revista que era “Educação”, passou a ser “Escola Nova”. Cada número era dedicado a uma coisa. Houve uma preocupação muito grande com a preparação profissional, orientação profissional. Depois houve uma revista sobre

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8 programas. Depois houve uma revista especialmente... sobre testes. E... assim por diante. Eu me lembro como estava presente em todas essas coisas, porque eu fiz o concurso em 31 e... (AD).

O que os relatos parecem evidenciar é a ligação muito estreita entre o campo

educacional e o campo político. É o que também se observa nos relatos de outro educador:

Agora, em 30 eu peguei em armas, 32 também. Em 30, exercício e policiamento e a gente nossa, foi o tempo... e eu: comandante, não vou para o front? e... “seu serviço é muito útil por aqui. E é tão perigoso como no front”. E de fato, assalto, ladrões... Na revolução de 30 eu já estava aqui em São Paulo. 32 também... Eu fui convocado, fui chamado... pela Secretaria da Educação... ah! Valentim vai... Semanalmente eu ia lá no grupo ver como é que ia. P. Ah! O senhor continuava então indo no grupo. Não era desligado então do cargo... Continuava, Não, não era desligado. Ia lá, passava um dia, voltava; já ia fardado, porque punha farda a semana toda... ... a semana toda fardado. E o senhor trabalhou quanto tempo nessa Revolução? Na de 30. Na revolução? 3 meses. Em 30 e em 32 também três meses. Três meses. 32 o senhor ficou aqui também na capital ou... Na capital também. Eu era diretor de Ribeirão Pires nas duas revoluções. (VC).

Nos relatos de outro professor, que também fez carreira no magistério primário,

como os dois anteriores, estão expressos os ideais que os impulsionaram a participar do movimento de 1932, e, também, a representação que dele carregam após tantos anos:

- Agora que eu fui para lá (Presidente Alves). Mudaram-se as coisas. Os políticos já não mandavam muito no ensino. Já não faziam as suas entradas em Palácio para torcer a seu favor para seus apaniquados. - Em 1932. E eu no campo de futebol do local, eu disse no meu discurso, mais ou menos, oito, seis, ou oito de maio que “os que fossem patriotas que me acompanhassem, dando um passo à frente”. E qual não foi minha surpresa maior quando cento e cinqüenta pessoas deram um passo à frente propugnando pela democratização do Brasil, nós que queríamos uma constituição. São Paulo inteiro se levantou, homens, mulheres e até crianças se preparam para a grande jornada de 1932! A Revolução Constitucionalista! Eu vim para São Paulo com a minha turma, em trem especial e daqui parti para Cunha, com um frio horroroso e entrara para as trincheiras...

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9 - Esse discurso que o senhor fez no campo de futebol, foi lá no interior? - Foi lá em Presidente Alves. - Nessa ocasião o senhor ainda era diretor? - Era diretor do Presidente Alves, nessa época e sinto o prazer que tenho, em minha casa com oitenta anos, naquela época dando toda minha alma, todo o meu civismo, deixando minha família com cinco filhos e indo para um lugar do Vale do Paraíba, esperando uma vitória de São Paulo. Quando foi a nossa derrota, nós viemos para São Paulo, cabisbaixos, mas vencemos pelo amor a São Paulo. E São Paulo não queria a divisão, não queria se separar do Brasil! São Paulo queria Constituição! Que mais tarde Getúlio Vargas, que não quis dar no começo, deu para o Brasil! - E o senhor chegou a pegar em armas? Como é que foi? - Nós todos fomos para a trincheira. Eu tenho um grau dado pelo comando, de sargento, ...eu não sei como chama... (JGB).

O mesmo pode ser também constatado nos relatos de outro professor, que observa

ainda como o retorno dos educadores que foram para frente de batalha ocorreu “normalmente”, sem punições, mesmo para aqueles que haviam sido presos pelo governo federal durante a revolução:

- Eu gostava de escrever, e eu gostava também da parte de educação. E de maneira que sem interesse nenhum eu escrevi sobre, isso eu vi no grupo escolar, na administração deles e não concordei. Com muita coisa. Então eu escrevi o que eu sentia sobre caixas escolares. E o Lourenço... o jornal de Pirassununga publicou e foi parar na Secretaria da Educação e o Lourenço leu e telefonou para o diretor de escola (Normal) me mandando para São Paulo que ele queria conversar comigo. E eu fui para lá. É exato, por volta de 30. Mais ou menos isso. Logo depois de 30. Então ele me nomeou assistente da Seção de Educação que ele criou naquela época. Que ainda não estava em funcionamento. Ele criou e nomeou e logo depois passou a funcionar. E nessa época começou a história da revolução de 32. Eu comecei a trabalhar lá em Pirassununga, na Seção de Educação. E lá eu estava dando aulas, quando criou-se, quando o Getúlio criou aquela situação em relação à São Paulo. São Paulo pedia, suplicava a Constituição do país, o Getúlio não dava. Então São Paulo começou a exigir e o Getúlio a hostilizava. E nós começamos a pregar a Revolução dentro da escola. Eu fui um deles. E outros professores, o Melo Aires, por exemplo o professor de... professor poeta também, muito bom de Piracicaba, mas era professor de Biologia, saiu em praça pública. Também falava muito bem. Saiu em praça pública pregando a Revolução. E nós saímos em praça pública com os alunos que... primeiro dentro da escola, depois em praça pública. E quando houve mesmo, quando a revolução desandou, aí nós fomos com os alunos para a revolução. Eu fui preso no

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10 sul de São Paulo, ...na divisa, pelas forças do Rio Grande do Sul. E fomos lá para a Ilha, a Ilha Grande. Fui preso lá uma porção de tempo. - Quer dizer então que o senhor chegou a ir para a frente? - Ah, mas é claro. Nós chegamos a ir para a Frente. Para a frente! DE maneira que fui à Frente. Fomos presos, fomos para a Ilha, a Ilha Grande. E saímos depois, saímos quando a revolução terminou. Soltaram todos e viemos embora. E houve a entrada dos nortistas, do exército lá do Getúlio, ficou lá em Pirassununga. Tomou conta lá do 2º Regimento. Naquele tempo não havia Aeronáutica. Quando Fernando foi nomeado ministro da Agricultura e depois veio para a intervenção, aí o Fernando comprou e deu para a Aeronáutica para a instalação da Aeronáutica, o Fernando deu, 4, 5 mil alqueires, de terra. E está lá, que eles tem lá. Tem lá uma fazenda muito boa, a fazenda da Barra que a Aeronáutica explora para a manutenção da Aeronáutica. Muito boa, as terras, excelentes. - (...) Ficamos presos em Ilha Grande uns três meses, por aí, dois meses, três meses, pó aí. - E a volta para a escola depois da prisão? - Nós fomos para a escola, nós já éramos professores e antigos. Então nós fomos para a escola e assumimos e declaramos que estivemos na revolução, e não aconteceu nada. E continuamos a dar as nossas aulas, não abriaram nem inquérito, de forma que reassumimos e continuamos o nosso trabalho. Essa aí foi a história da revolução de 32. Depois então a cadeira se desdobrou e eu fiquei então com Pedagogia primeiro e logo em seguida eu fiquei com Metodologia de Ensino. E depois quando o Fernando foi designado pelo Getúlio para ser interventor em São Paulo e criou as escolas práticas de agricultura, eu entrei para preparar professores para escolas práticas de agricultura, agrônomas e veterinárias. Eram escolas práticas de agricultura. Estive com eles, dei aulas de Metodologia e Prática de Ensino, sessenta dias lá no Instituto de Educação. (AC).

Os educadores que participaram da revolução de 1932 foram agraciados depois,

pelo Governo de São Paulo, com uma pensão, que muitos deles ainda não haviam recebido, em 1983!

Dela fariam jus não só os que participaram dos batalhões, mas também os que de alguma forma colaboraram, como é o caso das professoras, envolvidas nas atividades de preparação de roupas e material, assim como na alimentação das tropas e atendimento aos feridos.

A carta de uma professora, a nós endereçada durante o processo de pesquisa, indica sua participação ativa e o prêmio prometido:

Eis o motivo que me faz tomar liberdade de indagar se lhe for possível dizer, como poderei fazer jus ao prêmio de certa quantia mensal

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11 pelo trabalho que teve a professora trabalhando em prol da Revolução Paulista de 1932.

Perderam-se no tempo meus comprovantes da minha atuação de esforços pelo idealismo paulista. Eu cheguei a confeccionar o estandarte para o pelotão Borba Gato de cujos elogios perderam-se as pistas.

Imagine a sra. como a quantia que desejo receber me faria grande auxílio! (PPM, 16/11/1983).

Documentos outros indicam que algumas professoras alistaram-se nos batalhões e

foram para as frentes de luta. De Paula (1998) fala sobre uma professora que pegou em armas, apresentando inclusive uma foto da mesma quando atuava no setor de Vargem Grande, na Coluna Romão Gomes:

A cooperação da mulher de São Paulo na Revolução de 32 chegou a atingir níveis de excentricidade para a época. Em pelo menos três casos confirmou-se sua participação como mulheres soldados. O episódio mais documentado foi o da professora Maria Esther Isguassabia, de São João da Boa Vista. Esther combateu como voluntária na Coluna Romão Gomes em companhia de seu irmão Antônio, no setor de Vargem Grande. Durante um dos combates, fez prisioneiro o tenente Arthur Nocce, da Força Pública de Minas Gerais. Afirmam as testemunhas do ocorrido que o oficial ditatorial lamentou muito mais a humilhação sofrida por ter sido capturado por uma mulher que propriamente o fato de ter caído prisioneiro dos constitucionalistas. (p. 153-154).

O que interessa destacar é que houve no período da revolução o deslocamento das

atividades propriamente pedagógicas dos educadores para as militares: usar granadas, espingardas, canhões, no lugar de livros, canetas, lousas; as trincheiras e as armadilhas do inimigo, ao invés das artimanhas da língua, da escrita e da leitura; o confinamento em quartéis e prisões, e não o espaço definido das escolas; a aprendizagem e a cultura para a guerra, no lugar da cultura escolar, para a vida.

O que estas experiências representaram para educadores e alunos? Quais as influências no imaginário social?

Seria interessante ainda analisar mais detidamente a inserção dos educadores na revolução por meio da adesão voluntária ou por convocação. Também a participação das entidades de classe; assim, sabemos que o CPP (Centro do Professorado Paulista) apoiou o movimento, coordenando a atuação do professorado paulista. (DE PAULA, 1998, p. 160).

A participação de educadores e alunos não implicou apenas no auxílio às tropas (preparação de materiais bélicos, confecção de uniformes, arrecadação de dinheiro, preparo de comida, cuidado dos feridos, etc.) e na participação nos batalhões – muitos morreram durante os poucos três meses de combate. Segundo levantamentos realizados entre os anos de 1935 e 1936, teriam morrido entre os 199 voluntários civis sobre os quais havia

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12 declaração anterior sobre suas profissões, cerca de dezesseis estudantes e seis professores (12 outros funcionários públicos). (DE PAULA, 1998, p. 186).

Esta comunicação tratou, em parte, de uma questão que nos intriga na produção do conhecimento histórico e aqui, especificamente, sobre o conhecimento produzido em História da Educação (GONDRA, 1995); explicitando: por que alguns temas, relacionados a fatos que marcaram profundamente o campo educacional paulista e até o nacional não são levados em conta ou o são muito rapidamente, como é o caso da Revolução Constitucionalista de 1932? Certamente não tivemos a pretensão de responder a estas questões, que demandariam levantamentos, revisões e análises cuidadosas, mas chamar a atenção para as implicações deste fato político para o campo educacional. Este é o empreendimento que nos instiga.

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13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REVOLUÇÃO de 32 será comemorada em SP. Folha de S. Paulo, São Paulo, 09 jul. 2005. p. A 17.